CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIACONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO

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ILUSTRÍSSIMA PRESIDENTE DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO DO CONSELHOREGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO E DISTRITO ESTADUAL DEFERNANDO DE NORONHA.

Parecer DJ - CRF/PE 012/2016

ASSUNTO: Dispensa de licitação em serviços terceirizados para o CRFIPE.Processo n.? 003 - Dispensa de Licitação 00112016.

Ementa: Administrativo. Processo de dispensa de licitação. Serviços Terceirizados.Confrontação com a CF/88 e Lei Federal 8.666/93. Quebra do Processo licitatório.Aplicação da prorrogação do contrato anterior. Continuidade do Processo licitatório.Pelo cancelamento do processo n." 003/2016. Dispensa de Licitação 00112016.

Solicita a Presidência da CPL do CRF/PE, parecer jurídico acerca da contratação de empresa deserviços terceirizados por dispensa de licitação, justificando, em síntese apertada, que apesar dos esforços daadministração do CRF/PE em concluir no prazo estipulado para processo licitatório, não foi possível a suaconcretização em tempo hábil, em vista que encontra-se ainda em fase de conclusão o respectivo termo dereferência.

Justificou ainda que levando em consideração a essencial idade da prestação de serviços e que nãopoderia haver descontinuidade evitando-se transtornos e prejuízos ao funcionamento das atividades do órgão, acontratação por dispensa seria em caráter emergencial, vigorando apenas pelo período necessário a conclusãodo processo licitatório principal.

É o que se tem a relatar, passo a opinar.

Mesmo não ser aplicável ao caso ora em análise, é importante alertamos que manuseio indevido dadispensa de licitação representa, em muitos casos, uma fuga ao devido processo licitatório, uma mácula, eis quenão se procederá com à regra maior Constitucional da obrigatoriedade da licitação no âmbito da AdministraçãoPública.

Ademais, dependendo da intenção do administrador público tomador da decisão, pode haver umainterpretação equivocada, no sentido de querer atingir frontalmente os Princípios Constitucionais daImpessoalidade, Moralidade e Igualdade.

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É oportuno destacar, mesmo sabendo não aplicar-se ao processo ora em análise, mas à titulo deampliação de conhecimentos, que a realização indevida da dispensa ou da inexigibilidade poderá dar ensanchasàs responsabilizações criminal, civil e administrativa.

Pois bem, diferentemente dos particulares que, salvo os casos de incapacidade civil, possuem amplaautonomia para celebrar contratos para execução de serviços ou aquisição de bens, ao Poder Público, para tanto,impõe-se, em regra, a adoção de um procedimento administrativo disciplinado na legislação e denominado,pelo art. 37, XXI, da Carta Magna, de licitação pública, "in verbis":

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Art.37( ..)

Inciso XXI- Ressalvados os casos especificados na legislação, asobras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processode licitação pública que assegure igualdade de condições a todos osconcorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qualsomente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômicaindispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Demonstrando à submissão dos agentes públicos ao ordenamento jurídico, como a que impõe comoregra a licitação pública, Luiz Alberto Blanchet ensina que:

"Na administração pública, os parâmetros encontram-se nas normasconstitucionais, legais, infralegais e também nos aspectos juridicamenterelevantes da situação concreta. Além disso, o interesse a ser atendido aquié público e não privado".

A regra do procedimento licitatório objetiva assegurar que a Administração Pública contrate aproposta mais vantajosa sem que haja qualquer tipo de privilégios dentre os interessados na contratação,

No caso em tela, verifico que apesar de cumprida parcialmente as formalidades para dispensa delicitação, e a mesma sendo por curto período, porém não descrito no termo de referência, vislumbro anecessidade desta administração pública em prosseguir com o processo licitatório em sua íntegra, nos moldesconstitucionais, visto ser mais adequado legalmente à aplicação da prorrogação do prazo com a empresa quedetém o contrato atual.

Entendo ainda que a continuidade do contrato é prerrogativa legal esculpida n art. 57 inc. 11da lei8.666/93, sendo menos traumático para administração a sua continuidade à encerra o Contrato e iniciar umadispensa de licitação, sem motivações adequadas frente a Lei Federal de licitações e a Constituição Federal.

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Cumpri-nos também chamar a atenção sobre a continuidade dos serviços, posto que a lei 8.666/93,aponta para terceirização como serviços contínuos, conforme conceitua doutrinadores como sendo aquelesserviços auxiliares, necessários à Administração para o desempenho de suas atribuições, cuja interrupção possacomprometer a continuidade de suas atividades.

Estabelece o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), bem como o Tribunal deContas da União (TCU) que os serviços continuados são aqueles que apoiam a realização das atividadesessenciais ao cumprimento da missão institucional do órgão ou entidade, conforme dispõe o Decreto n°2.271/97.

A respeito do assunto, o art. 57, inciso lI, da Lei n." 8.666/19931, autoriza que Administração, emsituações normais, prorrogue a duração dos contratos de prestação de serviços de execução continuada por até60 (sessenta) meses, com a finalidade de obtenção de preços e condições mais vantajosas.

Lei Federal 8.666/93

Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normaspara licitações e contratos da Administração Pública e dá outrasprovidências.

Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita àvigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aosrelativos:

(..)

II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, quedeverão ter a sua duração dimensionada com vistas à obtenção de preços econdições mais vantajosas para a administração, limitada a duração asessenta meses. (Redação dada pela Lei n" 8.883, de 1994)

II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, quepoderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos comvistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para aadministração, limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei n° 9.648,de 1998)

(...)

§ 40 Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorizaçãoda autoridade superior, o prazo de que trata o inciso 11do caput deste artigopoderá ser prorrogado por até doze meses. (Incluído pela Lei n° 9.648, de1998)

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Nesse particular, no que se trata o §4° do artigo acima transcrito, Marçal Justen Filho, ao abordar aquestão da previsão da prorrogação no ato convocatório, afirma que:

"Mas a hipótese de prorrogação prevista no §4° independe de previsão no ato convocatório.É que, nesse caso, a prorrogação depende de evento extraordinário. Ora, aextraordinariedade do evento, que autoriza a prorrogação, impede sua previsão antecipadano ato convocatário. "

Pelo exposto, mesmo sendo a dispensa de licitação por curto período, não informado nos autos doprocesso, vislumbro a necessidade desta administração pública em dá andamento ao processo licitatório nacontratação de empresa especializada em terceirização, respeitando os comandos Constitucionais e Legaisatribuídos a lei 8.666/93. Entendo ainda ser mais benéfico e satisfatório em termos legalmente abrangidos, aaplicação da prorrogação do prazo do contrato com a empresa anteriormente vencedora da licitação deterceirização desta Autarquia Federal no ano de 2014, nos moldes do art. 57 da lei de regência das licitações.Nestes termos, OPINO pelo cancelamento do processo 003/2016 dispensa de licitação n." 00112016.

É o parecer e minha convicção, S.M.J.

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