iiº temporada thg - together

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Sinopse: Juntos eles já enfrentaram muita coisa. Pelo amor, pela filha, por eles. E vão continuar porque são uma família, e uma família permanece unida. Sempre. Prologue: Poderia ser tudo muito diferente, a partir do momento em que eu e o Peeta resolvemos comer as frutinhas ao invés de escolher um dos dois para morrer, havíamos nos sentenciado a uma vida repleta de escolhas que poderiam nos matar ou nos fazer viver em paz. Um erro nosso e provavelmente morreríamos, um acerto e a Capitol nos esquecia para sempre. Infelizmente nós erramos novamente, não por querer, nem como uma afronta, mas por saber que nada nessa sociedade era correto. Uma palavra do Peeta, que trouxe paz e ânimo para uma família que havia perdido a principal das suas crianças, acabou trazendo um medo constante e certo na nossa vida.

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Page 1: IIº Temporada THG - Together

Sinopse:

Juntos eles já enfrentaram muita coisa.

Pelo amor, pela filha, por eles. E vão continuar porque são uma família, e uma família permanece unida.

Sempre.

Prologue:

Poderia ser tudo muito diferente, a partir do momento em que eu e o Peeta resolvemos comer as frutinhas ao invés de escolher um dos dois para morrer, havíamos nos sentenciado a uma vida repleta de escolhas que poderiam nos matar ou nos fazer viver em paz.

Um erro nosso e provavelmente morreríamos, um acerto e a Capitol nos esquecia para sempre. Infelizmente nós erramos novamente, não por querer, nem como uma afronta, mas por saber que nada nessa sociedade era correto. Uma palavra do Peeta, que trouxe paz e ânimo para uma família que havia perdido a principal das suas crianças, acabou trazendo um medo constante e certo na nossa vida.

Não imaginaríamos algo tão cruel e calculista assim, mas com certeza algo com efeito. Mas Snow se provou mais uma vez pior do que pensávamos, e ele nos colocou de volta no lugar em que ele queria que nunca tivéssemos saído. A arena.

Eu e o Peeta juntos novamente, naquele lugar que só trazia más recordações, eu perdi pessoas importantes lá e por mais que a arena não fosse igual, a sensação era a mesma. E pior agora.

Só que dessa vez – infelizmente – eu levaria alguém comigo. Que não podia ser separado de mim, que eu tinha a obrigação de

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proteger. Nós poderíamos tentar me trazer de volta para casa, mas eu sabia que a Capitol faria de tudo para nos matar, e consequentemente o nosso filho.

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- Não Pearl! – o Peeta quase gritou.

- Na? – foi à resposta dela, ela ainda não falava, mas nós dizíamos tanto não a ela que era a única palavra que ela chegava meramente perto de dizer.

- Katniss? – o Peeta me chamou e eu segui ao encontro deles, ele estava pintando o quarto da Prim de amarelo.

A Pearl agora engatinhava então ela ficava indo e vindo dentro da casa, no andar de baixo claro, e o Peeta resolveu fazer do escritório quarto da Prim e o quarto que seria da Prim ficou sendo o da Pearl, já que o berço dela não cabia no nosso quarto. A Pearl tinha ficado um bom tempo procurando o Peeta pela casa e quando ela o achou, com certeza fez alguma arte.

Quando eu entro no quarto, eu encontro uma Pearl com os dois braços amarelos e o Peeta a segurando pela cintura para não se sujar. Eu tive que rir e ele me olhou de cara feia.

- Não me olhe assim, foi você quem não fechou a porta. - eu falo pegando ela com cuidado e saindo do quarto. Ela iria começar a chorar, mas eu tinha uma técnica. – Vamos tomar banho mocinha?

Ele me olhou e abriu um sorriso, a palavra banho parecia mágica para deixar a Pearl quieta e feliz. Depois de algum tempo eu tinha uma bebê limpa, com fome e sonolenta nos braços.

- Ei, você não pode dormir, não antes de comer. – eu sussurro para ela descendo as escadas e encontrando o Peeta. – Já acabou?

- Sim. – ele fala brincando com a Pearl no meu colo. – Agora eu vou tomar um banho e já volto para fazê-la dormir.

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Foi só o Peeta voltar que ela se acostumou novamente a dormir só com ele, eu dou a comida da Pearl e logo depois o Peeta aparece, ela estica os braços e ele a pega. Parece que eles se moldam um ao outro, sua cabeça se encaixa no pescoço dele e ela dorme, é muito lindo. Ele sobe para coloca-la no quarto e volta.

- Você está com fome? – pergunto a ele.

- Não, eu estou um pouco cansado, então eu já vou. – ele fala.

- Eu já subo. – ele concorda, me dá um selinho e sai.

Antes de subir, eu falo com a minha mãe e Prim que estavam na sala, a minha relação com a minha mãe estava bem melhor, desde que eu voltei dos jogos e nós tivemos uma conversa.

“Todos já estavámos indo dormir, então eu resolvi passar no quarto da minha mãe, eu queria agradecê-la por tudo o que ela fez pela Pearl.

- Mãe? – bato na porta.

- Pode entrar. – eu a encontro deitada. – Oi filha, algum problema?

- Não, - sento na borda da cama – na verdade eu queria falar com a senhora.

- Ok. – ela fala se sentando.

- Eu só queria agradecer por tudo. – falo meio sem jeito. – Pela Pearl, a senhora cuidou dela tão bem. Nós nunca nos demos muito bem, não é? E por mais que eu não demonstre, o que a senhora está fazendo é muito importante para mim.

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- Eu sei que eu não estive presente por muito tempo. – ela suspirou – E sei também que nada do que eu faça vá mudar o que se passou. Mas eu fico feliz em saber que pelo menos um pouco da sua confiança eu estou retomando.

Antes que eu perdesse a coragem eu a abraço, ela retribui sem jeito também.

- Boa noite mãe. – falo

- Boa noite filha.”

Eu não deixava transparecer e por um tempo até eu acreditei que ela não me fazia falta, mas fazia sim, agora com ela tudo parece melhor, uma família completa. Eu a vejo cantar as músicas que cantava para mim, para a Pearl, a mesma mulher que amava meu pai e que era feliz com ele eu enxergo em seus olhos. E isso tira um grande peso das minhas costas.

O Peeta estava deitado e de olhos fechado, mas eu sabia que ele não dormia. Quando eu chego perto da cama, ele abre espaço para mim e assim que eu deito, ele me puxa para seus braços.

- Boa noite Peeta. – sussurro – Eu te amo.

- Eu também te amo Kat. – ele me beija, só que – infelizmente – para.

Isso já vinha acontecendo há algum tempo, quer dizer, desde que chegamos dos Jogos, eu queria muito o Peeta, só que eu não tinha coragem de colocar em palavras e todas as vezes que as coisas caminhavam para algo a mais, ele parava. Eu só não entendia por que.

Eu não falaria com ele hoje, mas isso já vinha me incomodando e eu não deixaria as coisas desse jeito por muito tempo. Dormir

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não era muito fácil depois dos jogos, só que com o Peeta as coisas eram um pouco melhores, ele tinha poucos pesadelos e quando os tinha eu quase não percebia, quem incomodava era eu, meus pesadelos normalmente me faziam gritar e acordar chorando. Se não fosse o Peeta eu com certeza nunca mais dormiria na vida.

Eu estava na floresta, sozinha, o que não era normal, mas o mais estranho era que não era a floresta que eu conhecia. Parecia mais com a floresta da arena.

Minha certeza ficou ainda maior quando todos aqueles cães apareceram novamente. Eu comecei a correr em outra direção, mas eles eram mais rápidos com suas patas fortes de mutantes. Eu acabei trombando com uma árvore e cai, sem chances de levantar, um dos cães me prendeu no chão eu o olhei incapaz de fazer qualquer outra coisa.

Só que eu não podia ter feito escolha pior, seus olhos eram os olhos azuis tão conhecidos. Os olhos do Peeta, a sua coleira tinha o número 12. Ele rosnou bem próximo a mim e arreganhou os seus dentes pronto para me morder.

- Katniss! – o Peeta grita para me acordar.

- Peeta? – eu o olho assustada, buscando em seus olhos algo daquela criatura que me deu tanto medo, felizmente eu não encontro.

- Ei, meu bem, você quer me contar? – eu aceno negativamente, com medo de magoa-lo. – Você tem que se acalmar, você nunca gritou tanto, quer água?

- Sim, - ele se levanta para pegar – eu vou com você.

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- Tudo bem. – ele me abraça pelos ombros. – Vá andando que eu vou dar uma olhada na Pearl.

Eu aceno, por mais que eu quisesse, eu não conseguia me controlar e muitas vezes acabava acordando a Pearl, no começo ela acordava chorando, agora nem tanto. Quando eu pego a água ele aparece na cozinha com a Pearl no colo.

- O que foi? – pergunto.

- Nada, ela só estava acordada no berço, então eu a trouxe. – ele fala.

- Você não está com sono? – pergunto.

- Na verdade, não. – ele fala, brincando com a Pearl.

Eu fico em silêncio, a cozinha se enche com os sons da risada da Pearl, mas eu nem presto atenção, a minha mente está cheia com as imagens do pesadelo. O Peeta parece perceber.

- O que foi? – ele pergunta – Você tem certeza de que não quer me contar?

Eu suspiro, eu não sabia como dizer, era um sonho estranho que eu não entendia. O Peeta querendo me matar? O que isso significa?

- Um sonho estranho. – falo – Eu não entendi, era com você. Você parecia querer me machucar.

Ele me olha. Não parece magoado, só intrigado.

- O que eu fazia? – ele pergunta.

- Você era um daqueles cães da Capitol, e conseguia me prender no chão. - eu sussurro.

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- Ah, bem, você podia ter me perdido não é? – eu não entendo e ele continua – Um sonho como se eu estivesse morto, os cães não eram as pessoas eram só os olhos, mas uma arte do Capitol para nos deixar atordoados e sem muito tempo para pensar. Talvez no seu sonho fosse como se o Capitol tivesse me matado e mesmo depois de morto conseguisse me usar para te machucar.

Ele não parece feliz com a sua conclusão, a nossa situação com a Capitol não é boa, para eles seria melhor se tivéssemos morrido, então qualquer coisa que fizéssemos seria o nosso fim.

- Amanhã nós vamos falar com o Haymitch, - eu digo – saber o que é melhor a se fazer daqui em diante.

- Sobre o que? – ele pergunta.

- A Capitol não está muito feliz conosco e de agora em diante qualquer deslize poderia nos machucar, eu acho que ele deve ter alguns conselhos a nós dar. – respondo.

- Ok, eu acho que nós só devíamos agir com cautela, porque nada do que a gente fez foi de proposito, não é? – ele fala – Eles deviam ter um melhor julgamento, a Capitol ficou como boazinha no final. E nós demos tanto sucesso a eles, que eu acho que eles deviam nos esquecer.

Eu concordava, nós éramos inesquecíveis na Capitol e se eles queriam que continuasse assim teriam que investir na gente, não nos ameaçar. Mas desde os Dias Negros, com os Jogos Vorazes a Capitol nos controla pelo medo.

- Vamos voltar para cama, a Pearl já dormiu. – o Peeta fala e eu o acompanho.

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Ele coloca a Pearl no berço e nos seguimos para o nosso quarto. Eu me aconchego a ele.

- Vai ficar tudo bem. – ele fala.

- Como você sabe? – questiono.

- Porque nos vamos estar juntos. – a frase traz lágrimas aos meus olhos.

- Sempre. – eu falo e ele me beija.

Depois que eu durmo, eu não tenho mais sonhos, e quando eu acordo o Peeta não está mais comigo. Ele acorda cedo e faz os pães para a casa e depois normalmente vai para a padaria, mas hoje provavelmente ele deve estar me esperando para irmos falar com o Haymitch.

- Bom dia. – eu falo entrando na cozinha.

- Oi Katniss. – a Prim fala.

- Bom dia filha. – a minha mãe diz.

Do Peeta eu recebo um sorriso e um beijo, e a Pearl pula para o meu colo.

- Tome o café e depois nos saímos, que eu ainda tenho que ir à padaria mais tarde. – o Peeta fala – Senhora Everdeen, será que a senhora pode ficar com a Pearl um tempinho?

A minha mãe concorda e pega ela, a Prim vai para a escola. Eu acabo o meu café e vamos andando até a casa do Haymitch que é ao lado da nossa.

Eu bato na porta já me preparando para o mal-estar que eu iria sentir ao entrar na casa do Haymitch, apesar da insistência do

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Peeta e minha para ele se cuidar mais e beber menos, mas não adiantava. Ele não atende, então nos entramos e o encontramos desacordado no sofá da sala, o Peeta tenta acordá-lo.

- Vamos Haymitch, acorde nós precisamos falar com você. – ele grunhe algumas coisas até abrir os olhos e o Peeta o ajuda a levantar – Será que você pode colocar um café forte para fazer enquanto eu o arrasto até a cozinha Kat?

Eu sigo até lá e a quantidade de lixo que eu encontro me faz juntar algumas coisas enquanto a água ferve. O Peeta consegue coloca-lo na mesa, e eu o sirvo. Ele bebe tudo e parece um pouco melhor.

- Haymitch nós temos que conversar. – o Peeta começa.

- Sobre o que garoto? – sua voz ainda sai arrastada, mas ele parece sóbrio.

- Não falta muito tempo para o Tour da Vitória. – eu falo, um pouco mais de três meses. – E a Capitol não está satisfeita com a gente, nós queremos saber o que fazer.

- Bem, nós temos duas opções. – ele fala bebendo um pouco do seu café. – A primeira é você se manterem como estão, nós sabemos que o que vocês fizeram não foi proposital, mas a Capitol não gosta de nenhuma ameaça, mesmo a mais pequena. E querem manter vocês em controle, o amor de vocês é um grande sucesso, mas eu não sei se manter isso também, é a melhor opção.

- O que você quer dizer com isso? – o Peeta pergunta.

- A Capitol deve estar se questionando, vocês fizeram isso por amor, certo? – nós acenamos – Então quer dizer que qualquer

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pessoa pode mudar as regras se tiver um bom motivo? Não, é isso que eles querem mostrar, vocês foram uma exceção, e eles não querem que isso vire regra, se não tudo sai do controle.

Eu entendia o seu pensamento, eles nos viam como ameaça porque nós não ficamos com emdo e preferimos a morte, não nos dobramos as vontades deles.

- Então o que você sugere? – pergunto

- Não sei, talvez eles fiquem felizes em ver que o amor de vocês esfriou, as pessoas da Capitol não ficariam satisfeitas, mas as pessoas dos Distritos pensariam de forma diferente, achariam que tudo era um jogo e que vocês ganharam, - faz uma pausa – eles achariam interessante só que qualquer esperança que tivessem iria se esgotar. Acalmaria as coisas.

- Então você quer dizer... – o Peeta engole em seco, como se as palavras não quisessem sair. – Que a gente devia se separar?

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No capítulo anterior...

- Então você quer dizer... – o Peeta engole em seco, como se as palavras não quisessem sair – Que a gente devia se separar?

Ficou um silêncio estranho durante um tempo, enquanto o Haymitch pensava.

- Bem, não de verdade... Eu só penso que talvez essa seja a melhor chance de vocês. – ele começa, mas o Peeta logo o interrompe.

- Não, de jeito nenhum. – ele fala com tanta certeza e eu o olho – O que?

- Eu não sei, eu só acho que a gente devia tentar. – eu falo e ele me olha incrédulo. – Nós temos que pensar Peeta, talvez dê certo e eles nos deixem em paz.

Ele parece meio magoado com tudo isso, mas assente. Eu me viro para o Haymitch.

- Como você acha que devemos fazer isso? – eu pergunto e ele continua olhando para o Peeta.

- Vocês podem fazer outra coisa, isso é só uma ideia minha. – ele fala e eu sei que ele está fazendo isso para amenizar o clima com o Peeta.

- Não, tudo bem pode continuar. – ele fala decidido, talvez com um pouco de raiva e eu não sei por quê.

- Primeiro o Peeta tem que ligar para a Capitol e pedir a casa dele, isso é fácil, eles vão tirar as conclusões deles e as coisas vão andando conforme o Tour da Vitória se aproxima. – ele olha para o Peeta – Como eu falei não é de verdade, você pede a casa e

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eles não vão vim checar. Então a vida continua, e quando chegar o Tour vocês fazem a encenação toda e depois podem inventar alguma coisa, sobre o amor ter voltado, ou qualquer outra coisa.

O Peeta suspira, eu não sei o que o incomoda tanto. Ele continua em silêncio, mesmo quando saímos.

- Tudo bem? – pergunto e ele assente – Você já vai para a padaria?

- Sim, nos vemos mais tarde Katniss. – e ele me dá um beijo na testa. E sei que fiz alguma coisa errada.

POV Peeta

Eu não sei se eu tinha o direito de me sentir tão irritado com a Katniss por aceitar a ideia do Haymitch, mas eu me sentia.

Eu havia dito a ela que independente de qualquer coisa, tudo ficaria bem porque estaríamos juntos. Eu acreditava nisso, mas parecia que ela não. Para mim essa ideia do Haymitch mais nos atrapalharia do que nos ajudaria. Se a Capitol queria que todos acreditassem que a gente fez tudo por amor, nos separar não tinha fundamento.

Mas a Katniss não ouviria, para ela qualquer ideia era melhor do que nenhuma, e ela acreditou no Haymitch desde o começo, eu agora também acredito nele. Depois de ele ter nos salvado era o mínimo que eu poderia fazer, mas não deixava de ser duvidoso.

Eu segui para a padaria querendo pensar um pouco mais, lá eu teria o meu pai que sempre tinha algo para me dizer. Eu vou direto para os fundos da padaria onde sempre tem um bolo ou dois para eu confeitar.

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Eu estou quase acabando com um bolo quando o meu pai aparece.

- Ei filho. – eu o abraço – Você chegou mais tarde hoje.

- Sim, eu fui com a Katniss na casa do Haymitch – eu começo a explicar – Ela teve um pesadelo, está um pouco assustada com a pressão da Capitol e queria saber se o Haymitch tinha alguma ideia, para nos ajudar e faze-los nos deixar em paz.

Ele me avalia.

- Pela sua cara a ideia não foi muito boa. – ele fala.

- Não, ele sugeriu que a gente se separasse. – ele faz uma cara espantada – Não de verdade, claro, mas para ver se acalma a população.

- E funcionaria? – questiona

- Talvez sim, talvez não. Eu penso que se a Capitol quer que todos pensem que o que a gente fez foi por amor, isso só vai nos complicar. – explico

- E porque você está tão chateado? – ele não espera a minha resposta – A Katniss achou a ideia boa. E você não falou nada.

- Não ainda, eu fiquei tão chocada com ela aceitar a ideia sem nem parar para conversar comigo, que eu nem pensei direito. – suspiro – Mas eu converso com ela mais tarde.

Se ela me escutar, penso.

POV Katniss

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Eu vou para casa, já que está tarde de mais para que eu possa caçar. E encontro a minha mãe brincando com a Pearl na cozinha.

- Oi. – eu falo.

- Oi, - ele me avalia – tudo bem?

- Ah... – sento e suspiro antes de falar – Eu não sei, o Peeta parece chateado com alguma coisa, e eu nem sei o que é.

Ela ri da minha frustração e eu a olho indignada.

- Desculpe, - ela fala ficando séria – é que é interessante ver o quanto ele te mudou.

- Como? – pergunto

- Não sei, você nunca ligou muito para o que as pessoas pensavam, ou estavam sentindo e agora você se importa tanto com ele. – ela fala

Eu fico pensando se eu realmente não me importava com o que os outros sentiam e percebo que sim. Eu não ligava para o Gale, tanto que nunca percebi que ele gostava de mim. Não ligava para o que a minha mãe sentia quando meu pai morreu, e agora sei que ela não era capaz de viver sem ele. Como eu também não sou capaz de viver sem o Peeta.

Eu passo o resto do dia ajudando a minha mãe em casa, não há nada realmente para fazer e eu fico entediada rápido, a Pearl dorme a tarde e o Peeta chega.

- Ei Kat. – eu suspiro de alivio quando eu ouço o meu apelido.

- Oi Peeta. – nós estamos no quarto e ele se senta ao meu lado na cama. – Você está chateado com alguma coisa?

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Ele suspira e balança a cabeça.

- Não chateado, só... – ele pensa um pouco – Você não quis saber o que eu pensava, nem me perguntou, tomou a decisão sozinha e deveria estar tudo bem?

Ele parece muito indignado.

- Eu só pensei que era uma boa ideia. – falo sussurrando.

- Boa ideia para quem? – sua voz sai um pouco mais branda – Eu não acho uma boa ideia.

Fico um pouco espantada por meu mau julgamento, eu sabia que ele não havia gostado, mas achei que fosse só porque ele não queria nos ver separados, mesmo que de mentira.

- Por quê? – questiono

- Você não vê que não tem sentido. Se eles querem mostrar que tudo isso foi por amor que motivo nós temos para nos separar? – pergunta

- Mas isso também não nos ajuda. O nosso amor é o causador de tudo isso, que melhor forma de mostrar que nós estávamos errados do que acabando com ele. – eu percebo o que eu falei quando escuto o Peeta arfar do meu lado.

- O problema é que eu falei para você que tudo daria certo. – ele fala bem baixinho, quase que para si mesmo – Mas só daria certo se estivéssemos juntos.

É quase como um soco suas palavras e a noite de ontem vem com tudo para mim, eu concordei, disse “sempre”. Eu havia dito a ele que independente de qualquer coisa nós estaríamos juntos

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e agora praticamente falava que era para matarmos o que sentíamos um pelo outro.

- Peeta... – sussurro

- Não... Não fale nada. – ele me impede – Você está certa sobre o que quer, eu só pensei que... Éramos um casal, que passaríamos por tudo juntos. Como sempre foi. Mas nós vamos fazer o que o Haymitch pediu, eu só não quero saber o que vai acontecer se tudo der errado.

- Não era isso... – mas ele não me deixa falar, saindo do quarto. – Burra, burra, burra. Por que você consegue sempre falar alguma besteira Katniss?

Eu sei por que, a minha mãe falou, eu não me importo com o que as pessoas pensam nem o que sentem, não por querer, claro. Só que é mais forte que eu, mesmo com o Peeta que me ensinou tanto a ser paciente e respeitar o que as pessoas pensavam, eu conseguia fazer algo que acabava com todo o meu progresso.

POV Peeta

Eu saio do quarto realmente me sentindo um lixo, eu venho querendo convencê-la a desistir da ideia e tudo o que eu consigo é uma briga.

Não que a culpa tenha sido toda minha, só que me custa a ouvir falar com tanto descaso sobre nós. Como se fosse a coisa mais fácil, fingir e me separar dela. Fingir até poderia ser.

Eu ainda não aceitava a ideia do Haymitch, mas aceitava menos ainda ver a Katniss a acatar com tanto vigor. E novamente ela não me escutou direito.

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“O nosso amor é o causador de tudo isso, que melhor forma de mostrar que nós estávamos errados do que acabando com ele.”

Nós não estávamos errados, se agora ela se arrependia do que tinha feito, eu não. Eu estava disposto a morrer por ela, e ela por mim. Por amor. Eu sei que ela está com medo do que a Capitol pode fazer conosco, ou com a nossa família.

Porém eu esperava qualquer resposta, menos essa.

Eu sei que mais para frente, talvez amanhã, talvez depois nós vamos conversar e eu vou conseguir dizer tudo o que eu penso. Só que hoje a única coisa que eu posso fazer é sair e deixar os ânimos se aquietarem.

POV Katniss

Ele foi embora, não sei para onde, provavelmente para a casa do pai. Não sei se foi por ele estar com raiva de mim ou sem querer me ver, eu acho que foi mais para pensarmos e nos resolvermos quando estivéssemos mais calmos.

Eu sabia que ele tinha razão ao dizer sobre sempre estarmos juntos. E eu não me atentei para isso, juntos nós passamos por uma gravidez, uma casamento quase arranjado, um Hunger Games e estamos aqui e na primeira oportunidade eu aceito que nos separem.

Era isso que o meu sonho queria dizer, o Peeta também tinha razão. Meu sonho mostrava o Peeta contra mim depois do Capitol tê-lo matado.

O Peeta não estava contra mim, mas a Capitol tinha conseguido nos separar um pouco, com a minha ajuda claro.

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Como eu não iria ter o Peeta aqui comigo hoje, eu dormir com a Pearl. Quer dizer, tentei dormir. Na maioria do tempo, eu fiquei pensando onde o Peeta estaria.

Eu cochilo quase quando está amanhecendo e acordo com a Pearl chorando. Eu limpo ela e a levo para a cozinha, eu me entristeço ao não sentir o cheiro do pão do Peeta.

- Bom dia mãe, Prim. – digo.

- Bom dia Kat. – a Prim fala dando um beijo na minha bochecha.

- Bom dia. – minha mãe fala simplesmente.

A porta da cozinha que dá pros fundos da casa se abre e o Peeta entra, o sorriso que se abre em meu rosto é reluzente.

- Bom dia, - ele fala, a Pearl dá um gritinho e se estica na direção dele, que a pega rapidamente. – Eu vim trazer o pão.

Meu sorriso morre um pouco, porque mesmo nessa nossa pequena briga, ele consegue se preocupar e nos ajudar.

- Oi Peeta, - eu falo e ele sorri para mim – obrigada.

- Eu faço isso todos os dias. – ele dar de ombros – Vocês já estão indo para a floresta?

- Eu nem pensei em sair com ela hoje. – eu falei.

Era verdade, agora nós não íamos todos os dias com a Pearl para a floresta, na maioria era só eu.

- Ok, então eu posso leva-la para ver o meu pai? – ele pergunta

- Claro. – eu falo mantendo o sorriso no rosto.

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Ele a pega e se despede de nós. Meu sorriso desmorona assim que ele sai. Frio, não foi nada do que eu estou acostumada a fazer com o Peeta de manhã.

- O que foi que aconteceu? – a minha mãe pergunta quando a Prim sai.

- Eu só falei o que não devia. – respondo

- E doí tanto pedir desculpas? – ele questiona

- Não sei se o erro foi só meu. – digo.

- Não importa, se você tem conhecimento do seu erro, você pode começar pedindo desculpas. – insiste.

- Não sei se é o suficiente.

- Argh, - se irrita – eu desisto, você é muito difícil Katniss. Eu nem sei como isso deu certo até aqui.

- O que? – fico curiosa.

- Você e o Peeta, ele se importa com as coisas mais simples e as resolve rápido, você só faz complicar as coisas, mesmo quando é muito fácil. – ela fala e sai.

Novamente me deixando surpresa, ela realmente me conhecia, eu complico as coisas. Era tão fácil chegar e falar com o Peeta, mas não, eu deixo tudo para ele, ele tem que resolver, tem que nos reaproximar. E transformo as coisas mais bestas em grandes acontecimentos.

Saio de casa decidida a resolver nosso problema.

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POV Peeta

Passar a noite sem a Kat foi uma eternidade. Eu não dormir e de manhã eu acordei mais cedo do que nunca e fui fazer a única coisa que realmente me acalmava. Pão.

Eu devo ter feito umas três fornadas quando o meu pai apareceu e me dispensou dizendo que esse não era mais o meu trabalho. Eu fiquei conversando com ele e deixou escapar que estava com saudades da Pearl e aí eu me lembrei de que sem mim elas não teriam pão. Coloquei uma quantidade suficiente para o café e fui.

Entrar naquela casa e agir como se eu não estivesse sofrendo por estar longe da Katniss foi horrível, mas eu fui recompensado com o sorriso da Pearl que se animou ao me ver. A Katniss não levava a Pearl mais ao caçar, nem eu ia com ela, só que eu quis checar antes de pedir para levá-la para ver o meu pai. Foi estranho e imaginar que de agora em diante eu teria que pedir para ver ou fazer algo com a minha filha me entristecia.

Mesmo assim eu segui, eu estava me fazendo de difícil, às vezes eu me sentia meio mal por ceder tanto às vontades da Katniss. Não que não me alegrasse vê-la feliz, é que parecia que só eu fazia isso.

- Pai? – chamo assim que entro na padaria.

- Oi filho, aqui no fundo. – eu sigo para os fundos da padaria.

- Olhe ela aqui. – eu falo mostrando a Pearl, que sorri animada ao ver o avô.

- Como você está grande, - ele a pega – também já vai fazer um ano, não é?

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Realmente faltava pouco mais de um mês para o aniversário dela, eu teria que pensar no que fazer para ela. Como seria o bolo?

Meu pai continua brincando com ela, enquanto eu tomo o seu lugar no que ele estava fazendo.

- Se resolveu com a Katniss? – pergunta ao me ver calado.

- Não. – falo simplesmente.

- Por quê? – eu dou de ombros – Vocês são muito complicados, os dois estão ai morrendo de vontade de falar com outro e ficam inventando problema onde não existe.

- Existe sim pai, - eu suspiro – às vezes me parece que a Katniss não quer dividir os problemas comigo. Ela simplesmente sofre e quer carregar tudo nos próprios ombros, nós somos dois, eu jurei ajuda-la e protege-la, mas ela não quer a minha ajuda.

Havia sido um alivio finalmente conseguir colocar em palavras o que eu realmente sentia, e meu pai permaneceu em silêncio por um tempo.

- Eu te entendo, só que ela nunca vai saber o que você sente se você não falar. – ele me olha – Você reclama dela não dividir o que sente com você, mas você não se propõe a contar que isso te importa e te machuca.

Eu assinto, realmente ele tinha um pouco de razão e dessa vez ele me deixa ficar em silêncio, pensando.

POV Katniss

Eu sigo direto para a padaria e encontro – infelizmente – a mãe do Peeta.

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- Bom dia Sra. Mellark. – falo e nem espero ela me responder – Onde está o Peeta?

Ele indica com as mãos o fundo da padaria e eu sigo para lá. Quando eu chego à porta eu só escuto os gritinhos da Pearl e bato na porta.

- Pode entrar. – quem fala é o Sr. Mellark.

Eu coloco a minha cabeça numa fresta da porta e o Sr. Mellark sorri para mim. O Peeta não me vê, porque está de costas.

- Oi. – ele se vira assim que ouve a minha voz e franze o cenho.

- Oi, aconteceu alguma coisa? – ele pergunta preocupado.

- É... Sim, será que eu posso falar com você? – ele fica mais intrigado.

- Sim. – ele olha para o pai – O senhor pode ficar com ela?

- Claro, vai ser um prazer. – ele fala sorrindo para a Pearl.

Ele me guia até o lugar onde ele faz os bolos e fecha a porta.

- OI? – se vira para mim curioso.

Eu havia pensado tanto em vir aqui e falar com ele, que nem pensei no que diria. Eu podia pedir desculpas, mas eu não sabia como começar. Eu faço a única coisa que me vem em mente. O beijo. Para a minha felicidade ele não recua, passa os seus braços em volta da minha cintura e me puxa para mais perto dele. A minha mão segue direto para os seus cabelos, beijar o Peeta era a melhor coisa do mundo.

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Eu havia feito um bom começo, só que eu ainda não sabia o que falar, e quando ele me afasta e me olha com os seus olhos azuis interrogativos, eu fico perdida.

- Katniss? – questiona.

- Desculpe. – falo e ele me abraça.

- Me desculpe também. - ele fala – Só não decida as coisas por mim. Somos dois, e principalmente porque envolvia os dois, não tome a frente.

- Ok, eu percebe o meu erro. – o olho – E também peço desculpas pelas minhas palavras, eu não acho que nós estávamos errados, nem que tudo que está acontecendo é porque nós estamos juntos.

- Eu sei disso. – ele fala – Você tem o dom de falar sem pensar quando está com raiva.

Eu o olho indignada e ele ri.

- Isso pode ser bom, quer dizer quando não sai uma besteira. – ele continua rindo e eu não consigo não o acompanhar.

- Ah e nunca mais saia sem me dizer para onde você vai. – eu falo.

- Como? Nós tínhamos acabado de nos desentender você queria que eu voltasse e dissesse: A proposito eu vou dormir na casa do meu pai até você perceber que o que disse foi uma grande besteira e me pedir desculpas. – ela fala mudando um pouco o tom de voz e me faz rir.

- Vamos. – eu falo e nós voltamos para onde o seu pai está com a Pearl.

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- Pai, eu acho que agora você tem que deixar a Pearl senão o senhor não fará nada aqui. – o Peeta diz e o senhor Mellark dá risada.

- Sim, depois nós vamos nos divertir melhor não é garota? – ela ri e ele me entrega ela.

- Tchau Sr. Mellark, tchau Peeta. – eu falo e saio.

Eu passo por um dos irmãos do Peeta que brincam um pouco com a Pearl e eu vou para casa, hoje novamente não daria tempo para caçar, então eu passaria mais um dia chato em casa.

O resto da manhã eu passo com a Pearl brincando com ela e tentando fazê-la falar, ou andar, mas o máximo que consigo é deixa-la em pé e fazê-la dar uns passos e cair. O que arranca risadas dela mesma, parecendo feliz com o seu feito.

- Você tem que aprender a andar pequena. – eu converso com ela – Tem que receber todo mundo em pé no seu aniversário.

Ela fica me olhando só que não faz nada, a Prim chega da escola e eu a deixo com a Pearl enquanto ajudo a minha mãe colocar a mesa do almoço.

- Pode colocar o prato do Peeta. – falo.

- Se acertaram? – pergunta

- Sim mãe e não doeu. – respondo me referindo à conversa que nós tivemos mais cedo.

Ela ri e continua a colocar a mesa, eu escuto um grito da Pearl e a porta batendo e chego na sala a tempo de ver a Pearl cair nos braços do Peeta.

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- Não, não, não. – grito, só que eu estou rindo então ninguém se importa – Eu tentei a manhã toda fazê-la andar, aí você chega e ela corre para você.

Ele ri e se levanta com ela em seus braços.

- Eu já te disse que ninguém resiste ao meu charme. – ele diz rindo mais ainda.

- Vamos comer. – volto para a cozinha e todos comemos em silêncio.

A tarde nenhum de nós tem o que fazer, a minha mãe hoje conseguiu um paciente, então eu me refugio no quarto com o Peeta e a Pearl enquanto ela e a Prim cuidam dele.

O Peeta pega um quadro e as suas tintas e começa a nos pintar. A Pearl gosta da ideia e o Peeta consegue um papel para ela não partir para cima do seu quadro, então ficamos os três no chão. O Peeta pintando e eu ajudando a Pearl a fazer mãozinhas no papel, o que a deixava extremamente feliz.

No final o Peeta tem um esboço de nós três no chão do quarto em preto e branco e a Pearl, suas mãos de várias cores no papel.

- Não tem nem comparação. – eu falo.

- Para uma criança de 11 meses até que está muito bom. – o Peeta fala e eu rio.

Eu dou um banho na Pearl e ela dorme. No final o resto da tarde passa bem rápido e nós vamos dormir.

- Você faz muita falta aqui. – eu digo.

- Eu posso dizer que também não consigo dormir sem você. – ele fala.

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Eu rio e o beijo, apesar de estar com o Peeta há algum tempo, eu ainda mantenho o meu receio sobre ver pessoas nuas, mesmo sendo o Peeta, e fazer o que eu tenho em mente ainda é extremamente vergonhoso.

Enfio as minhas mãos por dentro da sua blusa nas suas costas, e puxo-a para cima. Quando estão prestes a passar por sua cabeça o Peeta segura as minhas mãos.

- Peeta... – falo frustrada.

- Me desculpe Kat, mas eu não consigo. – ele se afasta e eu consigo ver os seus olhos.

- Mas por quê? Você não... – eu não consigo colocar em palavras a minha duvida.

A única coisa que eu conseguia imaginar era que ele não me queria mais, não sei se por ainda estra irritado comigo pela briga, ou se por algumas das minhas novas cicatrizes.

- Não, não é você... – ele suspira. – É só que eu ainda não me acostumei com a minha “nova perna”.

Eu havia parado de me preocupar com isso, porque se o preço para ele estar vivo era perder a perna, eu não me importava. Só que eu me esqueci de questioná-lo sobre como ele se sentia com ela. Eu me lembro de que no começo ele tinha algumas dificuldades para andar, só que com o tempo ela passou a ser parte dele. Tirando o fato de que ele se tornou muito barulhento, o que o irritou profundamente. Foi uma das poucas vezes em que o Peeta parecia realmente triste consigo mesmo.

Esse foi um dos motivos para ele deixar de ir à floresta.

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- Você sabe que eu não me importo. – eu falo me aproximando e me aconchegando a ele – Isso faz parte de você Peeta, se eu me importasse com isso eu seria hipócrita, já que eu também tenho as minhas. Nós somos duas pessoas com marcas, que só provam o quanto nós nos amamos.

- Eu sei, só que me dê um tempo, ok? – eu assinto e ele me abraça. – Eu te amo mais por isso.

- Eu também te amo. – falo e ele me dá um selinho. – Só me prometa que você vai falar comigo quando tiver qualquer problema, você mesmo me disse que nós somos dois e que coisas que envolvem os dois, um não deve resolver sozinho.

- Você tem razão. - ele fala.

Dormir depois do meu pesadelo estava fora de cogitação então eu só fiquei observando o Peeta dormir, eu me detive umas duas vezes entes de ceder e começar a fazer um carinho no seu cabelo. Eu tomo um susto quando ele começa a tremer e me prende com uma força exagerada em seus braços.

- Peeta... Peeta. – falo o sacudindo. – Peeta!

Quando eu quase grito, ele acorda. Parecendo atordoado, ele me puxa mais para si e esconde a sua cabeça no meu pescoço, e eu consigo sentir o quanto a sua respiração está arfante. Eu começo um carinho nas suas costas para que ele se acalme.

- O que foi Peeta? – eu falo - Você quer me contar?

- Foi só mais um dos pesadelos sobre perder você. – ele diz – Quando eu acordo e vejo que você está aqui, passa.

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Fico aliviada pelos sonhos dele serem tão fáceis de esquecer e emocionada por saber que eu faço parte de sua vida até nos sonhos, mesmo que de uma forma tão ruim.

- Você consegue voltar a dormir? – pergunto

- Não, vou ficar te fazendo companhia. – ele responde.

E nós passamos o resto da noite conversando.

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O Peeta estava estranho, muito estranho.

Eu não deixei ele perceber, mas eu havia percebido que ele quase não havia dormido hoje, e que essa semana ele havia chegado especialmente tarde da padaria.

O mais estranho foi hoje, ele acordou mais do que cedo e saiu, eu estava fingindo dormir e ele não me viu. Eu ouvi seu barulho na cozinha e pensei que ele tinha acordado para fazer algo especial hoje, provavelmente para a Prim que sempre pedia alguma coisa a ele, mas não, quando eu levantei, ele já tinha ido e não tinha nada de novo na cozinha. E o mais impressionante a minha mãe me perguntou por ele, o que quer dizer que ele tinha saído antes mesmo dela levantar, o que era muito cedo para ele sair de casa.

Então eu fui caçar, como sempre. Aquele lugar me trazia grandes lembranças, tanto com o Peeta e com a Pearl e tanto com o Gale.

Gale, meu grande amigo. E eu ainda o considerava assim, apesar de ele quase nem me olhar direito, o que era uma injustiça, já que o Peeta havia me contado que ele estava começando a gostar da Delly, coisa que ele soube pela própria. Eu esperava um pouco mais de consideração da parte dela, eu achei que quando as coisas esfriassem ele viria e nós conversaríamos, só que nada aconteceu. Nem da minha parte, eu acho que grande parte por causa do orgulho ferido, afinal ele não esperou meio segundo para me ofender quando descobriu que eu estava grávida.

Tiro essas coisas da minha mente e consigo uma boa caça, no caminho eu vendo metade no Prego e a outra metade eu entrego escondido para Hazelle – a mãe do Gale – mesmo que

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ele já não fosse grande parte da minha vida, ele era importante e eu sabia que ele precisava de ajuda.

Depois eu sigo para a padaria, e eu encontro o Senhor Mellark, que abre um sorriso nervoso ao me ver, me deixando mais desconfiada.

- Oi Sr. Mellark, o Peeta está aí? – pergunto.

- Ahh... Não, ele saiu faz pouco tempo. – ele fala se enrolando um pouco.

- Ok. – falo e saio.

Pelo sol já era quase meio dia, então eu esperava encontra-lo em casa para comer com a gente, como sempre fez. Qual a minha surpresa quando eu chego em casa e não o encontro.

- Não sei, ele comeu rápido e depois saiu dizendo que tinha o que fazer na padaria. – a Prim fala quando eu a questiono.

- Mas como eu não o encontrei no caminho? – pergunto.

- Sei lá, você passou na casa do Haymitch? – questiona.

Eu como intrigada e depois pego a Pearl e nós vamos à casa do Haymitch. Eu bato a porta e surpreendentemente ele a atende.

- Oi docinho. – eu me arrependo de ter ido assim que sinto o cheiro do seu hálito.

- Oi Haymitch, você viu o Peeta? – pergunto, recusando a sua oferta de entrar na casa.

- Sim, vi e não faz muito tempo. – ele fala coçando sua barba por fazer – Ele me parecia muito estranho, aquele menino está planejando alguma coisa.

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- Me fale algo que eu não sei. – resmungo para ele, que ri da minha frustração.

- Não se preocupe docinho, o garoto nunca faria nada de que se arrependeria depois. – ele fala e eu sorrio assentindo.

Ele tinha razão o Peeta não faria nada de errado. Volto para casa, pensando em esquecer tudo isso e aproveitar a minha tarde com a Pearl que parece cada vez mais disposta a andar sozinha.

POV Peeta

Não estava sendo nada fácil esconder as coisas da Katniss, mas até agora eu parecia estar conseguindo. Eu havia combinado tudo com a Senhora Everdeen e ele me ajudaria quando chegasse a hora, até o Haymitch entrou na história para plantar uma desconfiança na Katniss.

Eu havia acordado cedo e ido a padaria, eu escolhi uma dúzia de coisas gostosas para nós que eu sabia que a Kat gostava. Havia pegado uma dúzia de travesseiros e cobertores em casa, mais algumas velas, que eram essenciais.

Meu pai já tinha me dito que a Katniss havia procurado por mim, o Haymitch também e eu soube que tudo estava saindo como eu queria. Eu sabia que ela se distrairia com a Pearl, então fui e voltei da floresta uma dúzia de vezes, até ter tudo certo. No fim fui até a casa do meu pai e me arrumei já estava quase escurecendo e eu me apressei, eu não faria a Kat ir à floresta sozinha muito tarde, mesmo que ela conhecesse aquele lugar como ninguém.

Antes de ir dei uma batida discreta na janela da cozinha o sinal para a senhora Everdeen, ele teria que dar o meu bilhete a Katniss que a faria vir direto para a floresta, era simples, uma

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sugestão do seu lugar favorito e ela logo adivinharia. Eu segui calmamente, provavelmente a Kat chegaria no momento em que o sol estaria quase sendo engolido pelo lago. O que tornaria tudo mais lindo. Depois de escorregar umas duas vezes eu finalmente chego ao nosso lugar.

Eu havia ficado realmente satisfeito com o meu resultado, não ficou nada de mais, afinal falávamos de mim e de Katniss e se fosse pomposo não seria verdadeiro. O meu principal medo ao ter essa ideia era que alguém percebesse que eu estava entrando e saindo da floresta, mas eu havia deixado tudo próximo à cerca o que facilitou as coisas. Eu não quis acender a lareira para não chamar muita atenção, então trouxe cobertas extras.

As comidas ficaram espalhadas pelo chão próximo a cama improvisada, eu não sabia o que estava pensando quando tinha tomado a decisão de fazer essa surpresa para a Kat.

Eu só sabia que nada parecido tinha acontecido conosco, apesar do nosso Distrito ser pobre as pessoas aqui namoram e passeiam muito juntas quando tem alguma força para isso. Nós não tivemos essa oportunidade e eu quis criar um momento especial para Kat, só nosso.

Sem medo, sem ninguém por perto, nós dois, no lugar que ela mais ama. Eu quero que ela sempre tenha memorias boas, independente do que aconteça eu quero sempre estar na sua mente como alguém que deixou a sua vida mais feliz, mesmo nos momentos ruins.

Meu coração dá um salto assim que eu escuto seus passos cautelosos, e eu suspiro esperando que ela finalmente apareça.

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POV Katniss

Eu havia realmente começado a ficar preocupada com o Peeta quando eu vi o sol sumindo. A minha mãe já tinha ido à cozinha umas sete vezes, quando eu a vejo aparecer com um sorriso do tamanho do mundo e me entregar um bilhete.

- Leia. Eu acho que você devia mudar essa roupa. – falou olhando para as minhas roupas com um olhar reprovador.

Eu a olho intrigada, e ela me indica o bilhete. Eu o abro e encontro um recado com a letra do Peeta.

Vá ao lugar que você acha mais especial do mundo, quando chegar lá saberá o que fazer.

P.S.: Se estiver muito difícil lembre-se dos momentos bons.

Com todo o meu amor, Peeta Mellark.

Não foi preciso muito tempo para que eu conseguisse desvendar o recado, a primeira pista me deixou no ar, mas a segunda me indicava o lugar em que eu tinha mais lembranças boas. E era o lago.

Eu subi correndo as escadas procurando em meio a tantas novas roupas uma adequada, eu achei uma calça quente e linda preta, uma blusa que puxava para o laranja de mangas, um casaco marrom e um cachecol com listras douradas. Coloquei as minhas velhas botas e gostei do resultado. Desci novamente correndo e dei um beijo na Pearl me despedindo e pedi para a minha mãe cuidar dela, que revirou os olhos e disse que eu estava linda, o que me fez corar, a Prim sorriu em aprovação e eu saí dali com medo de não aguentar passar tanta vergonha.

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O caminho foi fácil já que eu o conhecia, só que a minha mente a toda hora imaginava cem possibilidades do que o Peeta havia feito, desde uma surpresa, até alguma emboscada da Capitol, que logo descartei ao lembrar do envolvimento da minha mãe. Sinto-me extremamente ansiosa assim que avisto a superfície do lago com o por do sol refletido, e vejo o quanto o Peeta sabe fazer as coisas, já que ele me disse certa vez que amava essa cor e que se pudesse parava todos os dias para observar o sol indo embora.

Eu esquadrinho a área em sua busca, mas não encontro nada, é com total surpresa que eu vejo a casa que tem na beira do lago com a sua porta aberta. Eu já havia entrado ali com o meu pai, mas nada mais do que poucos minutos para descansar ou comer uma caça e eu relutei em seguir adiante, mas eu me lembrei de que era o Peeta lá e que nada do que viesse dele poderia ser ruim.

Quando eu passei pela porta e olhei tudo que o Peeta havia feito para nós eu só pude sorrir para ele e chorar, de felicidade, claro. Já que em nenhum minuto da minha vida e em todos os momentos que esteve ao meu lado ele deixou de mostrar o quanto era apaixonado por mim, o quanto não mediria esforços para me agradar.

Eu acho que o Peeta já estava meio impaciente por me ver parada no mesmo lugar, sem esboçar nenhuma reação além de um sorriso, seu cenho já estava franzido e ele parecia prestes a se xingar por ter feito algo tão lindo achando que eu um dia gostaria. Então eu simplesmente o abracei.

- Você gostou? – ele perguntou ainda meio desconfiado.

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- Claro, está tudo lindo Sr. Mellark. – ele pareceu soltar um suspiro de alivio.

Eu o beijo e não sei o que me leva realmente a fazer isso, talvez para afirmar totalmente que eu havia gostado de tudo, ou então porque eu precisava disso. Na maioria das vezes quem errava era eu e quem se esforçava para consertar era o Peeta, não dizendo que ele não erra, mas não com a mesma frequência que eu e seus erros não causavam tanta magoa. E mesmo assim agora ele vinha e fazia isso tudo, para nós. E isso me deixava encantada com ele e com raiva de mim.

Assim que eu o solto, inspeciono melhor o ambiente, havia várias comidas o que fez a minha barriga se manifestar, e haviam cobertores e travesseiros arrumados à frente da comida. Ele não havia sido exagerado, ficou simples e lindo.

Eu seguro a sua mão e me sento em cima de um dos cobertores e puxo o outro para cobrir as nossas pernas.

- Então vamos comer? – ele pergunta assim que se ajeita melhor ao meu lado, passando um dos seus braços pela minha cintura.

- Sim. – falo simplesmente e nós atacamos.

Estava tudo delicioso como sempre, e nós havíamos passado a maior parte do tempo em silêncio, pensando talvez, pelo menos eu pensava em como o agradecê-lo por tudo. Depois que eu acabei de comer o Peeta me puxou inesperadamente para o se peito, se deitando e me deixando quase me cima dele.

- Quando você teve essa ideia? – pergunto

- Não sei, ela simplesmente surgiu. – ele fala – Mas eu creio que ela veio em grande parte por causa da nossa conversa sobre a

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“nova perna”. Sobre nós dois sabe e apesar de tudo que já aconteceu com a gente, e eu sei que todos os momentos foram especiais, nós nunca tivemos nada só nosso. Sabe do tipo casal?

- Realmente, mas eu nunca havia me importado com isso. – digo. – Quer dizer, nada na nossa vida é do tipo normal, e nós não estaríamos juntos se fosse.

Ele assente por que sabe claramente a que eu me refiro.

- Sim, só que eu queria fazer isso com você, ter esse momento. – ele suspira – Eu acho que se o Peeta de dez anos atrás soubesse que havia uma mínima possibilidade dos seus sonhos se realizarem, ele teria falado com você há muito tempo.

- Pode crer que a Katniss de dez anos atrás não daria nenhuma chance a ele. – eu falo e ele ri.

- É verdade, então essa é a nossa vida. – suspira – As coisas ruins que aconteceram só foram uma preparação, nenhum dos dois estava disposto a ficar com o outro, e a vida se encarregou de mudar e nós fazer crescer e ser fortes o suficiente para nos mantermos juntos. Sempre.

- Sempre. – eu sussurro com a voz embargada antes de puxá-lo para um beijo.

Eu fiquei realmente surpresa quando o Peeta nos girou e me fez ficar embaixo dele. Eu tento parar o beijo umas duas vezes, até que ele me deixe falar.

- Peeta você não precisa fazer nada se não estiver preparado para isso, ok? – indago e a única coisa que ele faz é voltar a me beijar.

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Dessa vez eu o acompanho e guio as minhas mãos para as suas costas as infiltrando por debaixo da camisa e o arranhando. Ele por sua vez retira o meu casaco, também agora enfiando as suas mãos pela minha blusa e apertando a minha cintura. Eu puxo a sua blusa para cima ele termina de tirá-la por mim, começando o mesmo processo com a minha, interrompendo a série de carinhos que eu fazia nas suas costas.

Quando ele conseguiu, sua boca seguiu para o meu pescoço me dando vários beijos por ali e me fazendo ficar arrepiada, suas mãos seguiram para o fecho do sutiã rapidamente me livrando dele. Eu me senti tremer quando o meu tronco foi de encontro ao de Peeta, sua boca havia voltado para a minha e eu o havia puxado para mais perto. Eu não sei em que momento nós havíamos perdido os sapatos, mas isso realmente não importava, não quando o Peeta descia os seus beijos para o meu colo e esbarravam em um dos meus seios, fazendo com que um gemido vergonhosamente alto escapasse.

Eu volto a minha mão para as suas costas e o arranho, e ele também geme, só que baixinho no pé do meu ouvido, o que me enlouquece. Eu levo as minhas mãos a barra da sua calça e faço menção de descê-la, só que há um cinto, um botão e um zíper que me impedem. Eu me apresso em me livrar deles e rapidamente empurro a sua calça para baixo. Ele também se livra da minha, só que com um pouco mais de dificuldade pela posição em que nos encontrávamos.

Não restava quase nenhuma peça de roupa nos separando e eu conseguia sentir cada pedacinho do corpo do Peeta contra o meu e nesse momento eu não conseguia pensar em mais nada

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que não fosse o quanto ele é perfeito para mim. Ele retira o restante das nossas roupas.

- Eu te amo Kat. – ele fala antes se guiar lentamente para dentro de mim, fazendo com que a minha resposta fosse só um grunhido de satisfação.

Eu ainda me surpreendia com a forma que eu me desligava de tudo quando estava com o Peeta, quer dizer nem de tudo, em algum momento o Peeta segurou o meu queixo e prendeu o seu olhar nos meus. E todas as vezes que eu fechava minimamente os olhos ele pedia que eu abrisse novamente, então eu me perdia duas vezes, nas sensações que ele me passava e no seu olhar, que um dia já fora de um azul cristalino e se transformara num completamente escurecido.

Eu deixei que seu olhar me passasse todo o amor que ele sentia por mim, e esperava que o meu passasse isso tudo também.

- Eu também te amo. – disse por fim, quando todas as sensações haviam passado e meu coração havia parado de sambar no meu peito.

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Eu acordo pela primeira vez em muito tempo antes do Peeta, mas provavelmente é porque ele passou a noite toda fazendo doces e o bolo para o aniversário da Pearl. Ele estava de costas para mim e a luz do sol que entrava pela janela caia diretamente nele e eu percebi que havia alguns sinais por ali. E seu cabelo parecia mais loiro do que nunca, inconscientemente as minhas mãos seguem para lá e eu começo a fazer um carinho por ali, ele se remexe e vira na minha direção.

- Desculpe, eu não queria te acordar. – falo e ele sorri para mim.

- Não tem problema, só não pare. – diz e eu coloco a minha mão no seu cabelo.

Ele coloca as suas mãos em volta da minha cintura e me puxa para mais próximo a ele.

- Nós temos que levantar. – falo.

A Pearl já, já acordaria e hoje era o dia dela. Eu não faria nada, mas o Peeta insistiu dizendo que ela merecia – eu falei que ela nem iria lembrar - e que era uma boa lembrança para todos nós. Então eu concordei e ele chamou a família dele toda e o Haymitch, a Prim só faltou começar a pular e falou que no próximo aniversário dela também teria que ter festa.

Eu me levanto e deixo-o na cama, tomo banho e me arrumo, quando eu saio ele já está de pé.

- Bom dia Kat. – ele me abraça e me dá um beijo.

- Bom dia.

Eu ficava pensando no quanto esses gestos fofos e simples do Peeta me encantavam, pode parecer meio banal, mas eu amava. Eu sempre fui uma pessoa que não demonstra seus sentimentos

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e mesmo sem perceber eu peguei algumas das manias fofas do Peeta, e surpreendentemente, eu não me importava. Nunca me importei, e ficava feliz em saber que eu fui capaz de mudar por ele.

Ele segue para o banheiro e eu para o quarto da Pearl que já está em pé no berço me esperando, quando me vê abre o seu sorriso de quatro dentinhos e estica seus braços para que eu a carregue. A levo para a cozinha e preparo o seu café, a minha mãe já estava acordada e a Prim também.

- Cadê o bolo Kat? – a Prim me pergunta.

- É surpresa. – o Peeta fala.

Ela parece meio decepcionada e eu rio, ele tinha colocado isso na cabeça, dizendo que o bolo iria ficar lindo e que iria me surpreender. Do Peeta eu não duvidava já que ele era mestre na arte de me fazer surpresas.

Ele toma café e logo sai, falando que ele ainda tinha que ajudar o pai a fazer pães e eu fiquei em casa ajudando a minha mãe a arrumar algumas coisas na casa para receber a todos. Eu nunca havia feito uma festa e a nossa não seria muito grande, era mais uma reunião de família e amigos, mas nada impedia de deixar a casa impecável para causar uma boa impressão – principalmente para a mãe do Peeta – e um exemplo pro Haymitch também.

O Peeta havia falado que combinou de tudo acontecer depois do almoço. Ele não veio almoçar em casa e eu fiquei preocupada, mas não iria atrás dele e acabar com sua surpresa. Então eu comecei a arrumar a Pearl, a minha mãe havia feito um vestido amarelo, quase laranja. Ela havia ficado linda eu a deixei com a minha mãe que usava um vestido vermelho lindo, quando eu a

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elogiei o seu rosto ficou da cor do vestido, foi hilário. Eu fui me arrumar e escolhi um vestido verde de alças simples. Bem a tempo porque o Peeta tinha acabado de chegar com a sua família quando eu entrei na sala.

Ele ainda estava com o bolo nas mãos e ele era maravilhoso. Ele era todo branco só que o Peeta havia enchido ele de bolinhas que imitavam pérolas e tinham laços na base, havia ficado fofo que nem a Pearl e simples também.

Ele colocou em cima da mesa que já estava com um pano branco perolado também. Envolta havia um doces que ele fazia e que ela amava.

- Oi Sr. Mellark. – falei e dei um abraço nele.

- Oi Katniss, como vai querida? Nunca mais você foi nos fazer uma visita? – me pergunta.

- Eu vou muito bem, me desculpe, eu sei que o senhor tem sentido a falta da Pearl. – respondo.

- E de você também. – ele fala me deixando corada.

O Peeta se aproxima e tira a Pearl de mim a colocando no chão, quando ela começou a andar o pai do Peeta só faltou chorar e correu para abraça-la. Eu fiquei emocionada, era bom ver que independente de qualquer coisa a nossa filha teria sempre alguém que a protegesse e fizesse feliz.

Antes que eu conseguisse falar com os outros convidados alguém bate na porta, eu olho o Peeta o questionando e ele ai até a porta pedindo que eu o acompanhe. A minha surpresa não poderia ser maior.

A Delly e o... Gale.

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Eu não esbocei reação alguma e o Peeta sorriu, eu devia imaginar que isso era arte dele. Afinal a Delly ainda era sua amiga e por mais que ela me irritasse às vezes – ela era muito doce, não doce que nem o Peeta era aquele tipo sorrisinhos e abraços em todo o mundo – ela era uma boa amiga tanto para mim quanto para o Peeta e sempre apoiou o seu amor por mim, desde quando eram crianças, pelo menos era o que ele me disse.

Agora o Gale... Bom eu sabia que eles estavam tendo alguma coisa, só não sabia que o Peeta havia o convidado.

Eu teria que ser uma boa anfitriã.

- Olá, que bom vê-los aqui. – falei fingindo que sabia que eles viriam.

Percebi que o Gale havia soltado um ar preso, parecendo aliviado. Eu não o perdoaria e achava muita ousadia da sua parte vir aqui, mesmo que tenha sido convidado.

- Oi Delly, Gale, vamos entrem. – o Peeta falou saindo de frente da porta e me puxando com ele, já que não tinha me movido. – A Pearl está com todo mundo lá na sala.

- Oi Kat, - a Delly falou se aproximando e me abraçando – é simples, mas foi de coração, a minha mãe que fez. É para Pearl.

Apesar de tudo o seu gesto me tocou e eu sorri verdadeiramente e agradecendo.

- Vamos você tem que entregar na mão da aniversariante. – eu falo e a puxo em direção a Pearl.

Ela entrega a Pearl que sorri, mas estranha ela no começo já que a viu poucas vezes, no fim rasga a embalagem do presente e nos

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descobrimos que é um vestido azul, simples e lindo. Eu agradeço novamente e ela sorri para mim.

Quando eu vejo uma chance sigo para a cozinha, beber um copo de água e pensar um pouco, só que o Peeta me segue.

- Ei Kat, me desculpe por isso, - ele fala – eu convidei a Delly e disse que ela podia trazer alguém, eu só não imaginei que fosse o Gale.

- Tudo bem, eu só estou surpresa. – ele se aproxima e me abraça.

- Já está na hora, não é? – questiona e eu o olho intrigada – De você falar com ele, ele era o seu amigo, ainda é importante para você. Isso não faz bem a nenhum dos dois.

- Eu sei, é só que ainda doí um pouco. – eu me agarro mais a ele – E eu fiquei esperando um primeiro passo dele por muito tempo e não veio, eu meio que me acostumei com a ideia de que ele era orgulhoso demais para se importar com o que me disse e se isso me afetou em alguma coisa.

- Eu nunca perguntei o que ele falou, mas eu devo imaginar e eu espero sinceramente que ele te peça desculpas. – diz – Porque se arrepender, eu sei que se arrependeu.

Eu o questiono com os meus olhos e ele só faz sorrir para mim e me dar um selinho, eu não ia o deixar encerrar o assunto assim, mas fomos interrompidos por um pigarreio. Quando eu olho vejo o Gale parecendo envergonhado.

- Desculpa, mas estão esperando vocês na sala. – ele fala.

- Ok, eu já vou indo. – o Peeta sorri novamente e me dá outro selinho.

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Quando ele passa pelo Gale, dá dois tapinhas nas suas costas em sinal de que está tudo bem.

- Oi Catnip, - o som do meu apelido me parecia tão estranho agora.

- Oi Gale. – eu não sabia se devia começar falando alguma coisa então me manteve em silêncio.

- Eu queria me desculpar com você, por tudo. Nós passamos quase a nossa adolescência toda juntos e eu meio que criei um sentimento de posse por você, eu gostava de você, nós pensávamos da mesma forma, agíamos como complemento um do outro durante a caça e isso me fez pensar que você era perfeita para mim. – ele parou um pouco e suspirou – E eu só fui descobrir que você não sentia o mesmo por mim, quando já estava grávida da Pearl e eu nem imaginava que você gostava do Peeta e que estava com ele.

“Não justifica a forma como eu te tratei e nem ter te ignorado por tanto tempo. A Delly me fez ver que nada do que eu pensei sentir por você era verdade, o que eu sinto por ela é verdadeiro. Eu entendi o que você viu no Peeta, eles são a paz para toda essa raiva que sentimos um dia, um pouco da doçura que nos foi tirada quando nossos pais morreram. Desculpe-me de verdade.”

- Tudo bem Gale, a muito que toda a minha raiva já passou, eu só queria o meu amigo de volta. – falo sorrindo para ele.

Eu estava feliz, eu não esqueceria as palavras, mas ele foi mais que um irmão para mim durante parte da minha vida, ele importava de verdade e com ele aqui a vida ficava mais feliz.

- Agora vamos comer bolo. – digo mas ele me impede antes que eu possa sair.

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- Eu posso receber um abraço? – indaga.

- Ok. – eu o abraço.

Não era como o do Peeta que me esquentava e me trazia paz, eu só ficava feliz em ter o meu amigo novamente.

- Ah Catnip, eu queria agradecer pela caça. – ele parecia meio envergonhado.

- Tudo bem, nós temos demais aqui. – respondo e saio.

O Peeta me olha e eu sorrio para ele. Ele parece entender e sorri de volta.

Obrigada.

Agradeço em silêncio e ele só faz balançar a cabeça.

Aproximo-me da Pearl que continua andando graciosa pela sala, brincando com um e com outro, parando de vez em quando para enfiar a mão num dos doces na mesa. O que fazia todos rirem. Menos a mim é claro, eles se encantavam com tudo o que ela fazia mesmo que fosse muito errado.

- Peeta - falei me aproximando dele – acho que já está na hora de você cortar o bolo.

- Claro, vamos. – ele segura a minha mão e segue para a mesa.

- Alguém quer bolo? – pergunta

- Finalmente, eu já estava quase morrendo de fome. – esse comentário tinha que sair do Haymitch.

- Esperem, - a minha mãe interrompe o que é muito fora do comum – é um costume antigo, ela tinha que fazer um desejo

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antes de partir o bolo, mas é muito pequena. Então vocês pais desejem algo a ela.

- Eu quero que ela tenha uma vida tranquila e feliz. – eu falo.

- Ao nosso lado. – o Peeta acrescenta, e eu sorrio concordando.

O Peeta parte o bolo e distribui a todos, pega mais dois pedaços e coloca em um prato e me entrega pegando três colheres em seguida e nós sentamos. Eu começo a dar a Pearl enquanto ele come e depois eu provo, eu sabia que estava bom, mas os bolos que o Peeta fazia eram maravilhosos e eu comi outro pedaço.

Já estava ficando tarde e o Haymitch foi o primeiro a ir embora alegando que precisava de uma bebida. A Delly e o Gale o seguiram e foi diferente a hora de se despedir, a Pearl gostava da Delly, mas o Gale ela só tinha visto uma vez e mesmo assim ela gostou dele. Então quando o Gale foi falar com ela colocou suas duas mãozinhas no rosto dele, o que mostrava que ela gostava da pessoa, ela fazia muito isso comigo e com o Peeta, olhava nos nossos olhos como se entendesse, eu amava já que seus olhos eram iguaizinhos aos do Peeta, mas o Gale se assustou.

- Ela é tão linda, a sua cara, mas ela é tão Peeta. – eu ri com a sua descrição.

- Sim, ela é tão Peeta. – concordei.

- O que você quer dizer com tão Peeta? – o Peeta perguntou.

- A Katniss não é tranquila e carinhosa com pessoas que não conhece. Fora que esses olhos mostram exatamente a mesma coisa que os seus, gentileza. – o Gale falou.

Eu sentia a mesma coisa quando os olhava, desde sempre mesmo quando eu ainda não o amava. Eu ficava feliz que a

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minha filha cresceria igual ao Peeta, ele sofreu muito tanto com a mãe, com os Jogos, e continuava igual ao mesmo menino que me ajudou com o pão.

O sol desaparecia e a casa já estava vazia, a família do Peeta tinha sido a última a ir embora, e o senhor Mellark estava radiante, eu não esperava mais nada e estava morrendo de vontade de dormir.

Só que bateram na porta novamente, eu olho para a sala para ver se alguém tinha esquecido algo, mas não percebi nada. Fui abrir a porta e eu preferia não ter feito isso.

Era ele.

Eu devia ter começado a tremer ou as minhas lágrimas ficaram evidentes porque o Peeta já estava do meu lado, quando ele viu quem era me abraçou e me puxou para trás de si.

- O que você está fazendo aqui? – ele perguntou.

- Eu só vim trazer uma correspondência da Capitol para vocês.

Eu não sabia o que era pior, se o Pacificador Chefe na minha casa ou se uma correspondência da Capitol.

- Pode me dar, e se você puder nunca mais apareça aqui. – o Peeta recebe uma caixa que estava na mão dele.

Ele bateu a porta com uma força exagerada e me levou para a cozinha. Ele falou algo para minha mãe, mas parecia um zumbido.

Eu nunca mais tinha visto ele, eu fugia de qualquer pessoa que usasse farda de Pacificador, ver os outros me trazia uma má

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lembrança, agora vê-lo. Eu me sentia da mesma forma que aquele dia, impotente, me sentia um lixo.

- Bebe essa água Kat. – minha mão tremia e eu quase não consigo segurar o copo.

Ele vê que eu não vou conseguir, então larga em cima da mesa e me abraça, passando as mãos pelas minhas costas tentando me acalmar, nos seus braços eu me permito chorar.

- Se lembre de nós Kat, você tem a nós. Eu, a Pearl, a sua mãe, a Prim, ninguém vai te machucar. – ele continua murmurando coisas assim no meu ouvido e eu vou me acalmando.

Ele me carrega e nos leva para o quarto. Antes que eu possa dormir eu me lembro do presente da Capitol e pergunto ao Peeta sobre ele.

- Não se preocupe. – ele fala. – Eu estou aqui.

Sempre, ele sempre estaria aqui.

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O meu medo havia aumentado gradativamente igual à neve que agora tomava conta do Distrito 12.

Eu não estava tranquila antes do aniversário da Pearl, mas depois do presente da Capitol meu medo havia triplicado.

Era um pequeno tordo, não em broche, mas algo para enfeitar a casa, especificamente o quarto da Pearl. Não deixava de ser linda, uma escultura em um pedaço de mármore branco, o mesmo desenho do meu broche. Eu não dava tanta importância para o tordo, até saber que as pessoas me reconheciam por ele.

Eu havia feito à diferença usando algo que era considerado um erro na Capitol. Mas o presente em si não era o choque, o recado que ele trazia sim.

Um presente especial para a filha do nosso Tordo, dos nossos vencedores, que nunca dever ser esquecida.

Nunca deve ser esquecida.

Um recado implícito da Capitol, vocês estão em nossas mãos, conhecemos a sua família, sabemos que o ponto fraco é a sua filha e não temos medo de feri-la.

O Peeta havia tentado me acalmar dizendo que eles nunca seriam capazes de machuca-la, não enquanto nós fossemos um sucesso na Capitol e ele com certeza se complicariam se algo a acontecesse. Minhas últimas noites haviam sido péssimas, mas o Peeta sempre estava ali, a Pearl também estava muito maior, ela gostava de ficar andando pela casa e sair com a Prim pelo Distrito, seu destino era a padaria, normalmente elas iam buscar o Peeta que voltava cada vez mais alegre.

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Ela não ia mais a floresta comigo, sem o Peeta ficava muito complicado caçar e tomar conta dela, e eu não quero que a minha filha me veja caçando, não quero que ela goste nem que aprenda. O Peeta havia me falado uma vez que se eu tinha medo dela ser escolhida como tributo poderia treinar ela, não que uma criança de um ano vá aprender alguma coisa, mas eu não faria isso nem que ela tivesse dez. Imaginar que a minha filha seria capaz de fazer as mesmas coisas que eu fiz, me assustava.

Eu voltava para casa depois de ir à floresta, teria que passar na casa do Haymitch para chama-lo. Hoje era o começo do Tour da Vitória, a minha equipe estava chegando e eu me transformaria na bonequinha perfeita novamente. Preparava meus ouvidos para ouvi-los reclamando da forma como eu deixei os meus cabelos, ou sobre as minhas unhas. Eu devia seguir direto para casa do Haymitch, mas como eu sabia que o Peeta também teria que ir para casa, eu passei na padaria primeiro.

- Oi Sr. Mellark. – falei quando o encontrei vendendo uns pães.

- Oi Katniss, o Peeta está lá no fundo. – me disse mesmo antes que eu perguntasse.

Eu entrei na sala sem bater, só para vê-lo com sua tão conhecida cara de concentração, o biquinho e o cenho franzido, e eu não quis interrompê-lo já que estava quase no final. O bolo era lindo, era vermelho, e ele parecia fazer umas flores brancas em cima.

- Eu já vi você aí. – ele falou e eu ri.

- Como? – perguntei chegando mais perto.

- Eu aprendi algumas coisas com você. – ele me olhou e sorriu – Você não é tão silenciosa quanto pensa.

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Ele riu da minha careta indignada e me deu um selinho.

- Está pronta para o Tour? – ele me pergunta e tenho certeza de que já sabe a resposta.

- Não, mas não posso fazer nada. – respondo

- Pode sim. – o questiono com os meus olhos – Me ajudar a terminar esse bolo.

Dessa vez eu ri com gosto.

- Isso é impossível. – eu falo.

- Não é, vamos eu te ensino. – ele coloca a minha mão no saco com o glacê branco.

Eu deixei que ele guiasse a minha mão e no fim o resultado foi muito bom, as flores não estavam exatamente iguais às dele, mas era o suficiente para não estragar o seu bolo.

- Está vendo Sra. Mellark, tudo é questão de técnica. – fala

- Nada disso, eu nunca seria capaz de fazer aqueles bolos desenhados que você faz. – digo – E isso é questão de talento, como com os seus quadros.

- Certo, mas vamos ainda temos que dar um jeito no Haymitch antes que todos cheguem. – ele diz pegando o bolo.

Eu abro a porta para que ele passe e seguimos para frente da padaria, onde ele coloca o bolo na vitrine e nós vamos embora. Ele segura a minha mão e nós vamos andando calmamente em direção a Vila.

Entrar na casa do Haymitch era um desafio, se você não passasse mal com o cheiro da casa dele, você parava no lixo acumulado

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pela casa. O Peeta era insistente e uma vez por semana vinha e tirava o lixo, eu já havia desistido há tempos. Eu bato na porta antes de entrar e como sempre ele não abre e nós entramos mesmo assim. A situação é deplorável. Ele está jogado na escada com uma garrafa na mão e suas roupas estão muito sujas, o cheiro esta cada vez pior.

- Vá para a cozinha e prepare um café forte Kat. – o Peeta fala vendo o meu rosto e como eu me esforçava para não sair já dali – Muito forte.

Então eu sigo direto sem nem pensar duas vezes, me embolando para passar pelas garrafas que se acumulam no chão coloco água no fogo, e começo a minha pequena faxina. Primeiro eu pego todas as garrafas que vejo pela frente e coloco num canto e depois eu procuro nos armários algo limpo para colocar na mesa, acho algo satisfatório. Encontro também pão que o Peeta havia deixado para ele mais cedo e o queijo da cabra de Prim e coloco na mesa junto com o café muito forte.

Bem a tempo de o Peeta voltar com um Haymitch ainda meio cambaleante mais com um cheiro e uma aparência muito melhor.

- Olá Haymitch. – o saúdo assim que se senta.

- Oi Docinho, obrigado por me acordarem. – eu fico um pouco surpresa por essa demonstração de afeto, mas esqueço rápido pois ainda deve ser o efeito da bebida.

O Peeta senta a mesa e eu o acompanho, ele rapidamente captura a minha mão e entrelaça os nossos dedos. Uma das outras coisas que eu admiro em Peeta, o que ele puder fazer para estar perto de mim, ele fará.

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- Vocês já me acordaram, o que estão fazendo aqui ainda? – questiona com a boca cheia.

- Só checando se você vai mesmo comer. – o Peeta responde.

Nós ficamos mais preocupados com ele ainda quando percebemos que ele não come quase nada e coloca a bebida no lugar, minha mãe já teve que fazer alguns chás para ele porque o sue fígado desse jeito irá parar um dia, ele não nos escuta e continua. Mas o Peeta sabe ser insistente quando quer e aos poucos ele vai estabelecendo uma rotina com o Haymitch o fazia comer pelo menos uma vez ao dia, no café normalmente quando ele trazia o pão.

- Já estou comendo, agora vão, porque aquele ser rosa daqui a pouco está por aí, e eu não quero ter que ouvi-la tão cedo.

Eu rio da forma com que ele se refere à Effie e me levanto seguida do Peeta, seguimos rapidamente para casa, porque nós ainda tínhamos que tomar banho e esperar as equipes.

- Pode ir na frente. – o Peeta fala quando chegamos em casa – Eles vão demorar mais em você do que em mim.

Eu sigo para o banheiro pensando em como em uma hora a minha vida vai mudar totalmente de novo, eu havia levado meses para voltar a minha rotina de caçar, de ser só eu, Katniss, e agora quando eles chegassem em menos de um minuto eu seria a vitoriosa novamente, a futura mentora do terceiro Quarter Quell. Isso era um grande acontecimento aqui, a cada 25 anos a Capitol faz algo diferente durante os jogos, como por exemplo, o segundo Quarter Quell foram levados o dobro de tributos de cada Distrito e foi o que o Haymitch ganhou.

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Eu não estava viva para vê-lo, claro, e nem me lembro de algo ser dito na escola sobre a forma com que ele ganhou, mas eu tenho certeza de que ele foi muito mais do que os outros, não só na força, também na inteligência.

Meu banho é o suficiente para que todos eles possam chegar e eu sou rodeada pelo colorido do cabelo azul de Venia, a pele verde de Octavia, o batom roxo de Flavius, de alguma forma eu senti falta deles. Rapidamente sou ocupada por seus sermões, carregados de desgosto perguntam por que eu não fiz o que me pediram. O que eu esqueci completamente.

Sentam-me numa cadeira e cada um deles começa o seu trabalho, o silêncio rapidamente preenchido por noticias da Capitol que não me apetecem, como que tipo de sapato está na moda e como é um erro pedir que todos usem penas em sua festa de aniversário. Eles me maquiam de uma forma simples, para que fique feminina e jovem, quase como a verdadeira Katniss e pedem para que eu faça a minha habitual trança.

Depois de pronto, eu sigo até Cinna que me espera para me apresentar o meu talento. Como tributo todos tem que ter um, é uma atividade que você tem que fazer já que não vai à escola nem trabalha, para o Peeta foi fácil ele teve até escolhas, ou confeitar ou pintar. Ele preferiu pintar e fez umas dúzias de quadros para apresentar na Capitol, eu me refugiei em Cinna que criou uma série de modelos lindo para parecer que eu era uma fã de moda. Eu fiquei tentada a perguntar se eu não poderia colecionar arcos e flechas, mas eu já sabia a resposta. E cantar estava fora de questão.

Olhando seus desenhos, eu posso dizer que sou uma ótima estilista. Eu o abraço novamente agradecendo por tudo que ele

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fez por mim e ele me entrega as minhas roupas. A roupa que ele havia feito para mim realmente parecia com a verdadeira Katniss, calça, botas, uma blusa branca e um casaco com fios de lã verde, azul e cinza.

A Effie finalmente aparece com sua atual peruca cor de abóbora para nos apressar, como sempre.

- Cadê o Peeta? – pergunto a ela.

- Aqui. – ele aparece e eu vejo que eles não desistiram da ideia dos gêmeos.

Nós temos que apresentar nossos talentos para as câmeras então cada um tem a sua vez, eu falo tudo que eu escutei do Cinna como se realmente gostasse disso, e eu vejo o quanto o Peeta está orgulhoso pelos seus quadros, ele fez questão de incluir o quadro que ele fez para mim quando estava grávida da Pearl. O que fez alguns repórteres soltarem “awnss” fofos.

E enfim estava na hora de ir, o Cinna ainda me dá luvas e um cachecol vermelho liso e acrescenta o broche do tordo. Há mais câmeras lá fora e como somos o único Distrito que tem dois vencedores que se amam e estão juntos eles querem algo a mais. Eu espero que o Peeta esteja criativo hoje.

Por um momento eu não vejo nada, tanto pelos flashes quanto pela neve, mas ai o Peeta me puxa para ele e por algum motivo – eu acho que foi a sua “nova perna” – ele escorrega e eu vou junto com ele, acabo em cima dele e rindo com gosto esquecendo por uns minutos em que situação estávamos. Vendo seu rosto tão perto e seus olhos azuis tão lindos pela luz eu o beijo e proporciono a Capitol uma primeira cena emocionante.

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Despedir-me da Pearl foi horrível novamente só que dessa vez eu tinha certeza que voltaria, e que ela estaria bem. A minha mãe estava cada vez mais forte e a Prim muito maior, ainda tinha o pai do Peeta, nada a atingiria agora. E eu podia ir tranquila.

Quando a noite finalmente chega, nós já estamos no trem e eu já estou pronta para dormir.

- Você sabe que o primeiro Distrito é o da Rue, não é? – o Peeta fala

- Sei. – falo e instintivamente me aproximo mais a ele.

- E você sabe o que vai fazer quando ver a família dela? – pergunta

- Não, eu estou contando com ser racional e não estragar tudo. – sussurro

- Nós vamos conseguir, sabemos que não há forma de consolá-los, mas eu espero que eles não nos culpem. – diz

- Eu tenho certeza que não, se a família for tão corajosa quanto Rue foi, tenho certeza que eles entenderão. – falar dela como alguém no passado doía muito.

- Independente do que acontecer, eu sempre vou estar aqui. – ele me vira e nós ficamos frente a frente.

- Eu sei, e você sabe que o mesmo pode ser dito sobre mim. – digo.

Ele assente e me beija.

- Eu te amo. – digo.

- Também te amo, muito. – responde.

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Eu sou acordada cedo para que eles possam me preparar de verdade para o passeio no Distrito 11, o Peeta tem sorte e pode continuar dormindo já que ele não precisa de tantos cuidados. A minha equipe parece prestes a desmaiar de tanto sono e por incrível que pareça eles permanecem em silêncio enquanto me enchem de cremes, me depilam, me esfoliam, massageiam e no final eu saio com a minha pele completamente lisa e macia.

Ainda há algum tipo de conversa em que me colocam como potencial aberração do Capitol, em que falam como eu ficaria maravilhosa se eles pudessem mexer em mim. Eu fico realmente horrorizada e minha paciência com eles se esgota um pouco mais.

Suas conversas normais sobre como a vida da Capitol é, já são ruins o suficiente de se aguentar, eles não percebem que tudo o que possuem vêm de Distritos onde pessoas nem comem direito e para eles é normal gastar quantias exorbitantes em festas e mudanças no corpo para se tornarem parecidos com bichos de cores diferentes e outras coisas. Se isso não importa para eles, pelo menos deviam pensar em como isso nos afeta, em como para a gente eles são ridículos.

Eu encontro com os outros no jantar um pouco pior do que me sentia quando entrei nesse trem, o primeiro a perceber que não estou bem é o Peeta que automaticamente junta as nossas mãos e se mantem sem questionar, sabendo que nesse momento eu prefiro o silêncio. Alguns outros tentam, mas como não conseguem me deixam em paz. E eu nem consigo comer.

Parece que sabendo como eu me sentia, um funcionário da Capitol informa que teremos que parar para substituir uma parte do trem que não está funcionando. E aproveitando a deixa o

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Peeta nos arrasta para fora do trem, como a parada deve ser de mais ou menos uma hora, nós andamos sem nos preocupar por uns dez minutos, até que o Peeta para e se senta, eu copio o seu gesto.

- O que houve? – pergunta juntando as nossas mãos novamente.

- Só tudo isso – suspiro – eu não esperava que fosse tudo tão igual aos jogos, como se a gente nunca tivesse saído de lá. Nós somos os vencedores, eu sei, mas toda essa preparação só me lembra do começo de tudo.

- Entendo, só que você sabe que nada disso vai mudar. A partir do momento em que vencemos e desafiamos a Capitol nós nos submetemos aos seus caprichos e tudo isso faz parte deles. – ele aperta a minha mão suavemente – Todos os anos nós vamos ser mentores até que alguém vença depois, todos os anos nós vamos passar pelas mesmas coisas e sofrer do mesmo jeito, um pouco menos ou um pouco mais, depende de quanto nós gostarmos dos tributos. Mas será assim.

“E eu acho que doerá mais Kat, porque já sabemos como tudo é.”

Nesse momento a única vontade que eu tive foi de chorar, mas eu não podia então me agarrei ao Peeta, o abracei com todas as minhas forças, pois da mesma forma que ele era a minha fraqueza*, ele era a minha fortaleza. Na mesma medida em que ele me protegia ele mostrava para mim que o mundo não faria o mesmo, como agora. Ele sabia que tudo que eu queria e precisava era que ele me dissesse que daqui a alguns dias estaríamos em casa novamente, mas não era só isso, realmente voltaríamos para casa, para depois voltar a mais uma rodada de choque na Capitol e seria assim pelo resto da minha vida.

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Temporadas em casa em que tudo era alegria, vendo a minha irmã e a minha filha crescerem, o meu amor por Peeta só aumentar e a minha mãe se tornar cada dia mais forte, para logo depois voltar para a Capitol, para os Jogos, para tudo que me fazia mal e que eu detestava. Então era melhor colocar já na cabeça que seria assim e que isso não mudaria nunca.

Quando ele levanta e diz que temos que voltar, eu tenho certeza de que estarei preparada para tudo o que vier.

...

Nós estávamos chegando ao Distrito 11, o trem tinha uma janela no fundo que dava para ver tudo, quase como se você estivesse do lado de fora.

E eu encarava a imensidão de gados pastando em lugares abertos, e quando o trem começa a desacelerar eu penso que chegamos, mas não. Estamos em uma barreira, muitos metros de concreto protegido por fios de arame, que nem chegam perto de parecer com a nossa cerca no 12, também há guardas, vários deles aninhados em bases entre os campos.

- Eu não imaginava que era assim. – sussurro para o Peeta – Como não vimos isso na primeira vez em que estivemos no trem?

- Não sei. – ele diz simplesmente.

De repente eu estou vendo o lugar em que a Rue trabalhava, colheitas, vejo crianças, homens e mulheres e em cada uma delas eu vejo um pouco da Rue, o olhar esperto, mas mesmo assim cansado. De quem já fez mais do que deveria na vida.

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E não consigo mais ficar olhando, não quando me traz tantas lembranças, e fico feliz quando Effie nos chama para nos arrumar.

Somos separados novamente e eu tenho que ficar com a minha equipe enquanto me arrumam, e Cinna me veste com um lindo vestido laranja estampado com folhas de outono.

A Effie começa o seu discurso sobre o que iremos fazer hoje, no Distrito 11 ao invés de passearmos pela cidade, como normalmente acontece, nós nos apresentamos na praça, em frente ao Edifício da Justiça, o Distrito 11 não tem muito de uma cidade, e tudo que um dia foi bonito aqui, agora era velho e precário.

A apresentação ocorre numa varanda, nós vamos ser chamados, o Prefeito falará algo em nossa homenagem e vamos falar um texto fornecido pela Capitol, como nós tínhamos ligações especiais com a Rue eu poderia acrescentar algo pessoal para falar a família dela. Só que eu não tinha, eu pensei muito e sabia que se eu tentasse escrever algo sairia muito ruim, então deixei para falar o que eu sentisse na hora. No final nós saímos e somos levados a um jantar de comemoração.

Quando o trem para na plataforma somos levados por 8 pacificadores – que me fazem tremer – e colocados num carro blindado, o que faz Effie franzir o rosto. Entramos pela parte do fundo do Edifício e rapidamente levados para frente, sem que possamos realmente pensar em algo e somos empurrados para fora.

Assim que consigo ver algo meus olhos se prendem nas duas famílias que estão num palco especial, ao fundo. Primeiro o de Tresh, uma senhora e uma menina com aparência forte que creio

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ser sua irmã. Mas a de Rue tem os seus pais e seus cinco irmãos, todos muito parecidos que me fazem lembrar muito de como ela era e do quanto eu a amei.

Meu ouvido continuava com um zumbido insistente, até que percebo que são os aplausos. O Peeta parece perceber como eu me sinto aflita e me abraça de lado, me dando um beijo na testa.

Percebo a multidão e sei que eles não são satisfeitos conosco como as pessoas da Capitol, eles só nos aplaudem nada de assobios, de gritos, nada. Eles estão ali por obrigação, como eu, quando isso acontecia no meu Distrito, não podia deixar de me sentir parte de sua tristeza.

O Prefeito fala em nossa homenagem e logo depois é a nossa vez, deixo que o Peeta fale primeiro a sua parte gravada e eu falo a minha.

- A Rue fez algo por mim que eu nunca vou poder retribuir, - o Peeta começa – ela salvou a Katniss, e de alguma forma me salvou também. Ela era tão corajosa e ao mesmo tempo tão doce, ela me lembra muito a Pearl. Aquela menininha tem palavra, eu pedi a ela que cuidasse da Katniss por mim e ela fez muito mais do que eu imaginaria, e eu tenho muito orgulho dela por isso, e acredito que vocês também. Eu espero que a Pearl um dia seja tão leal quanto ela.

O discurso do Peeta traz um pequeno sorriso ao rosto da mãe da Rue, eu vejo seu pai acenar em confirmação, sim eles com certeza sentem orgulho da filha que tem.

- Isso não pode, de nenhum modo substituir suas perdas, mas como um símbolo de nosso agradecimento nós gostaríamos que cada uma das famílias dos tributos do Distrito Onze recebesse

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um mês de nossos lucros todos os anos durante o período de nossas vidas. – eu estava surpresa, a população do Distrito 11 estava surpresa.

Eu sei que ele pode ter cometido o pior erro de nossas vidas, eu nem sei se isso é legal, ou se eles receberão isso de verdade, mas a minha única reação é beijá-lo, porque a sua ideia é maravilhosa.

- Eu tenho que agradecer a Rue por muita coisa, e ao Distrito 11 também. – suspiro – Obrigada pelo pão, foi realmente especial. Eu queria dizer que admiro muito o Tresh por ele ser tão fiel a si mesmo, e por sua força, ele jogou nas suas regras e eu o respeitava por isso. Eu não tenho o que falar da Rue, ela foi mais do que especial para mim, quase uma filha. Ela me lembrava tanto a Prim e me fazia querer tanto que a Pearl fosse assim um dia.

“Mas independente de qualquer coisa ela sempre estará comigo, eu sei porque tudo que é admirável me lembra ela, e eu a vejo em tudo. Nas flores, no canto dos pássaros, e eu queria agradecer a vocês pela filha.”

Então eu termino e um longo silêncio se segue, até que de algum lugar o assobio mockinjay de quatro notas de Rue surge, eu percebo quem foi, um senhor de blusa vermelha. E mais uma vez, todos um por um do Distrito, pressionam os três dedos do meio na boca e estendem para mim, o sinal de respeito do nosso Distrito, o último adeus a alguém especial.

Mais rápido do que eu possa entender o Prefeito nos dá umas placas, e somos dispensados com uma rodada final de aplausos. Só que antes que nós possamos estar seguros dentro do Edificio, eu dou meia volta e lembro que esquecia algo.

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E eu o vejo, o senhor sendo arrastado e colocado de joelhos na escadaria, e eles o matando. Sinceramente eu não sei quando eu comecei a gritar e correr em sua direção, só que felizmente o Peeta é mais rápido e me para, senão a próxima a morrer seria eu.

Pacificadores armados barram a nossa visão e o caminho e somos forçados para trás.

- Vamos Kat. – o Peeta sussurra no meu ouvido e sou tirada da minha paralisia.

Quando entramos somos envolvidos por Effie, Cinna, Portia e Haymitch.

A Effie parece confusa e prestes a perguntar o que houve, mas o Haymitch a interrompe nos puxando para o lado.

- Venham comigo. – fala sério, como raramente eu o vejo.

Enquanto nós o seguimos, eu pego e aperto a mão do Peeta, eu sei que por mais que a nossa intenção tenha sido boa, nós acabamos com tudo. No fim, iriamos morrer na praia.

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Ele nos guia por varias escadas e corredores, até chegar à cúpula do Edifício que parece abandonada há muito tempo. Bom o suficiente para que possamos conversar sem sermos vigiados pela Capitol.

- Haymitch o que é tudo isso? – o Peeta o questiona.

- O que houve lá? Eu não vi. – ele não responde ao Peeta querendo saber de tudo o que aconteceu primeiro.

E eu comecei a falar, como o Peeta começou o discurso e ajuda que ele quis dar as famílias dos outros tributos, do meu agradecimento ao distrito e o sinal que eles fizeram para nós em respeito. Depois que eu conto tudo ao Haymitch ele parece realmente irritado.

- Eu falei a vocês que o Capitol estava de insatisfeito com a forma que os Distritos reagiam ao que vocês fazem, - ele suspira – parece que só pioraram a situação. Peeta, eu sei que você não queria piorar nada, mas acha mesmo que essas pessoas receberiam algo deles de qualquer forma.

- Não sei, o que eu queria era mostrar que me importava. Eu não sou indiferente à situação deles, já que poderia ser meu pai chorando agora também.

- Eu também não devo ter melhorada nada, não é? – pergunto – Falando daquele jeito com aquelas pessoas. A Capitol quer que nenhum Distrito seja solidário ao outro e eles me ajudaram na arena, e eu resolvi agradecer logo agora. A reação deles veio através do que eu disse.

- Não importa Katniss, nós tomamos decisões erradas que eu não sei se seremos capazes de consertar. – ele faz uma pausa – Seremos Haymitch?

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- Não sei garoto. Eu acho que ainda dá tempo de consertar, esse é o primeiro Distrito, se você agirem certo nos outros, penso eu que a Capitol conseguirá controlar essa pequena revolta.

Eles já conseguiram, mataram três pessoas, se a população do Distrito 13 não tomou isso como um aviso, elas gostam do perigo.

- Vamos, o jantar espera por nós. – o Haymitch nos guia de volta.

A minha equipe está toda animada com a possibilidade de participar de uma festa. Eu não estou nada bem, e se em dias normais não presto atenção ao que falam, hoje eu só vejo as suas bocas mexendo. A todo o momento eu escuto novamente o barulho dos tiros, o senhor sendo morto e eu sinto por essas pessoas. E sinto por mim, raiva de mim, culpa. Tudo isso e mais medo, muito medo do que ira acontecer daqui para frente. Daqui a alguns dias nós estaríamos na Capitol, o que nos aconteceria? Agora nós estávamos nas mãos dele, lá eles não teriam problema nenhum em nos machucar. Ou algo muito pior.

O Cinna aparece e só aí eu presto atenção em como me encontro. Eu estou com um vestido rosa longo, e com o meu cabelo preso, formando cachos caindo nas minhas costas.

Quando eu encontro o Peeta só faço me prender a ele que parece satisfeito em me ver, junta as nossas mãos de uma forma forte.

- Tudo bem Effie? – o Peeta questiona, ela estava perceptivelmente inquieta.

- É só a forma com que somos tratados. Um desses Pacificadores até apontou a arma para mim. – ela parece inconsolável.

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- Isso é lamentável Effie. – a Portia se pronuncia

Ela parece satisfeita em ver que alguém se importa, e rapidamente nos arruma em formação para a nossa entrada. Durante todo esse tempo nem eu, nem o Peeta havíamos nos falado, e isso não me incomoda, não quando eu não sei se conseguirei me segurar e não chorar quando ele começar a falar comigo. E me sentirei péssima por piorar toda a situação.

Nós começamos a andar, e tenho que me lembrar de por um sorriso no rosto. Eu não sei se foi à forma como eu estava mal hoje, mas o jantar todo se passa como um borrão, e nos já estamos no trem novamente.

Nessa noite não conseguimos dormir e ainda estamos mudos, o Peeta também parecia visivelmente preocupado com tudo o que aconteceu e nós não sabemos o que dizer um para outro porque não há forma de mudar o que aconteceu e nenhuma certeza de que tudo ficaria bem. Eu não sei o que ele viu nos meus olhos, ou se ele nem precisou disso para ter certeza de que eu enlouqueceria se continuasse em silêncio.

- Vamos. – ele levantou e segurou a minha mão.

- Aonde? – falei enquanto ele procurava uma camisa, já que ele estava dormindo sem uma hoje.

- Andar pelo trem, nenhum de nós conseguirá dormir mesmo. – nós saímos.

Pelo caminho não encontramos ninguém além de um Avox que fica no vagão de comida do trem, e o Peeta continua a me puxar para o fundo. Acabamos na janela no final do trem que nos dá uma visão do caminho, mas é de noite e não há nada além de escuridão e florestas.

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Ele me abraça e eu enfio as minhas mãos por dentro da sua blusa fazendo um carinho em suas costas. Ele me aperta mais e não sei se movida por isso digo o que está comigo o dia todo.

- Eu estou com medo. – sussurro com medo de que possam escutar.

- Eu sei. – e não diz mais nada só me beija.

Eu sabia que ele sentia um pouco de medo também, mas ele não iria me falar nada agora. E eu não gostava disso, o Peeta sempre tinha algo para me dizer e se ele não conseguia me consolar é porque a situação não tem volta.

- Você acha que poderia ser diferente? – indago

- O quê? – pergunta confuso

- Tudo isso, eu não sei, mesmo que eu soubesse tudo que aconteceu hoje, se eu faria diferente. E se fizesse se seria o suficiente para nada disso estar acontecendo. – respondo

- Nada está acontecendo ainda Kat, e mesmo que aconteça, não sei se nada que eles façam possa ser pior do que o que a gente passou. – ele suspira.

Aceno concordando, e satisfeita por finalmente ter uma certeza em que me prender nada seria pior, se eles não podiam mexer na nossa família, nada seria pior do que o inferno que nós passamos na arena.

E depois são mais jantares, mais discursos, mais multidões. Mas nós não fazemos nada fora do combinado e isso não impede que eles se mostrem furiosos. Só agora eu acho que entendo o que traz tanto medo ao Presidente Snow, as pessoas veem em nós algo que as faz pensar numa vida melhor, em esperança. E eu

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não sei se me sentia mal por isso, nem se mudaria isso se pudesse.

Eu acho que nós passamos o resto do Tour dormindo um dia sim outro não, minhas roupas folgaram, nós tínhamos olheiras sob os olhos que foram difíceis de esconder, e a Effie ainda tentou nos dar remédios, o que só fez com que dormir ficasse mais insuportável. Eu preferia passar a vida toda acordada a rever os meus pesadelos, que eram cada vez piores.

É um alivio chegar à Capitol, onde nós só temos que sorrir e mostrar amor, eles não são que nem os Distritos, não têm familiares que imaginam a perda a cada ano que se passa. Mas há o Presidente Snow.

Temos uma entrevista com Caesar e pensamos em algo que talvez vá deixar a Capitol feliz, ou imaginem um futuro para nós. Eu dou algumas sugestões, mas o Peeta parece que tem algo em mente.

Encontramos o Caesar e ele está quase discreto com seu terno azul bem escuro, se não fosse seus cabelos, pálpebras e lábios azuis também. Nós sentamos no nosso conhecido sofá vermelho e ele começa a entrevista.

- Como vocês estão? – pergunta.

- Bem. – o Peeta fala.

- Só com um pouco de saudade de casa. – completo.

- Oh sim, e como vai a nossa querida Pearl? – eu reluto um pouco em falar sobre ela e o Peeta toma a frente.

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- Muito grande, ela já está andando e nós esperamos voltar para casa e conseguir fazê-la falar logo. – ele diz muito orgulhoso e eu acabo sorrindo.

Ele continua sua seção de perguntas, até que tem uma que me deixa incomodada.

- Animados para o Quarter Quell? – indaga

- Com certeza vai ser uma experiência muito diferente e eu não sei o que esperar disso tudo. Aliás, eu sei, quero que um dos meus tributos volte vivo. – o Peeta fala. – Ia ser um ótimo começo.

- Certo, - o Caesar parece satisfeito – e os planos de vocês para o futuro?

- Eu quero ver a minha filha crescer bem. – digo – E quero estar com o Peeta por muito mais tempo.

- Todos nós queremos isso querida. – o Caesar fala – E você Peeta, algo a acrescentar?

- Quem sabe nós não aumentamos a família, hm? – o Peeta fala com um sorriso gigante no rosto e Caesar grita de animação, enquanto eu solto um guincho e coro.

- Isso é uma ótima noticia, e quando pretendem fazer isso? – questiona Caesar

- É só uma ideia por enquanto. – o Peeta fala, mas eu sei que o Peeta só plantou a semente e que eles não vão esquecer-se disso.

O Caesar acaba a entrevista, e somos levados diretamente para a festa realizada na cobertura da mansão do Presidente, o teto

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tinha se transformado no céu estrelado, havia músicos flutuando em nuvens, vários sofás e cadeira espalhados por todos os lugares e muitas flores, e comida demais, dava para alimentar um dois distritos por dois dias com a comida que havia ali. Enfim era tudo um grande exagero. E que não me impede de comer tudo o que posso.

Talvez pela ideia do Peeta, talvez por estar cansada de sofrer para fazer tudo que a Capitol quer, eu sei que acabo querendo experimentar tudo, e consigo por um tempo até achar algo que em interesse e volta ao ritmo novamente.

Eu também conheço muita gente, gente que eu nem vou me lembrar amanhã, e percebo que quase todos usam um tordo, seja em cintos, em pulseiras e etc. Somos uma sensação, e em nenhum desses momentos eu me separei do Peeta. Com meu ímpeto de provar de tudo um pouco, acabo fazendo o Peeta comer coisas que eu já não quero mais e não acabar desperdiçando comida.

Até que a minha equipe aparece, e questiona ao Peeta porque ele não está mais comendo.

- Eu estou cheio. – ele diz

- Não tem problema. – Flavius fala e nos guia até uma mesa com vários copos com um liquido claro. – Beba isto!

O Peeta pega um deles e leva até a boca, só que eles não deixam.

- Não, só lá dentro, senão você suja tudo. – Venia diz apontando para o banheiro.

Ele parece incrédulo por um momento e eu questiono em seu lugar.

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- Isso o fará vomitar?

- Claro que sim, como você acha que nós provaríamos tudo isso? – Octavia responde

O Peeta devolve o copo rapidamente e me puxa para longe deles, há uma sacada e nós vamos para lá. O vento e a música mais baixa são bem vindos. Eu o abraço e pela tensão sei que ele se lembra de mim.

- É só que quando parece que tudo não pode piorar, eles descem um pouco em meu conceito. – ele sussurra.

- Eu só me lembro de casa. – digo também sussurrando

- Amanhã estaremos lá. – ele sorri um pouco. – Nem acredito que faz tanto tempo que eu não há vejo.

Eu estou prestes a responder, mas somos interrompidos por Portia que aparece com um homem familiar. Plutarch Havensbee, o novo Gamemaker Chefe, o outro morreu depois de nos deixar vivos na arena.

- Será que eu posso dançar com a Sra. Everdeen? – ele pergunta.

- Na verdade é Sra. Mellark, e... – eu olho para o Peeta que não parece incomodado – Claro que posso.

- Eu vou estar à mesa de bolos Kat. – ele me deu um beijo e saiu.

- Vamos Sra. Mellark. – falou me oferecendo o braço.

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Eu não era acostumada a ficar tão próxima de outras pessoas, sem ser o Peeta ou a minha família, e a equipe de preparação. Ele pareceu notar e se manteve o mais distante possível e que nos deixasse dançar. Ele comentava sobre a festa, falava sobre comida, até que me fez lembrar que foi ele que caiu no ponche depois de eu ter acertado a flecha na maçã do porco.

- Bem, não foi a minha intenção. – desconversei – Mas, você é o novo Gamemaker Chefe, deve ser muita honra.

- Não há muita gente que se ofereça para o cargo, a responsabilidade é grande. – diz

- Hm, e como vão as coisas para o Quarter Quell? – digo só para manter a conversa

- A muita coisa feita, já que uma arena não é feita em meses, mas a coisas ainda em discussão. – seu olhar vaga um pouco – Inclusive decidirão algumas coisas hoje, acredite ou não.

Ele para de dançar e saca um relógio do bolso, e checa as horas.

- Eu sairei daqui a pouco, começa a meia noite. – eu me surpreendo com a hora, mas não comento nada.

Na verdade o que me prende é o relógio, por um momento a imagem de um tordo aparece, e da mesma forma some. Ele fecha o relógio.

- Bonito relógio. – comento ainda surpresa com a imagem.

- E único, bem, se perguntarem por mim, eu já fui embora. E mantenha segredo, a nossa reunião não deveria ser informada a ninguém. – eu afirmo com a cabeça – Nós vemos nos Jogos, e espero que logo um novo Mellark complete a família.

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Seu comentário me faz corar e acabo não dizendo nada, somente vejo o se afastar, e quando some de vista vou atrás do Peeta na mesa de bolos.

- Você parece uma criança. – sussurro quando reparo na forma como seus olhos brilham a cada bolo que lhe é apresentado.

Ele me olha e seu sorriso, se possível, aumenta, ele passa um dos seus braços pela minha cintura.

- Todos são ótimos, eu pedi que eles me dessem uma amostra para levar para casa. – me diz – Aposto que a Prim vai ficar feliz em provar esses bolos comigo.

- Com certeza, você a deixou mal acostumada com tanto doce. – digo

A Effie nos chama está na hora de ir, e eu acho que o meu sorriso está rasgando o meu rosto. Casa, nós vamos para casa.

- Nós não devíamos falar com o Presidente? – o Peeta indaga

- Não, ele não tem tempo, os presentes e bilhetes vão ser entregues depois. – eu quase agradeço em voz alta, tudo que eu menos queria era ver ele.

Nós demoramos uma hora para chegar ao trem, e imediatamente depois ele parte, me deixando cada vez mais feliz e tranquila, eu veria a minha filha, a minha família novamente.

- Kat, o que o Plutarch queria com você? – pergunta

- Na verdade o encontro foi bem estranho, eu tinha derrubado ele no teste dos Gamemakers quando eu acertei o porco, ele caiu no ponche. – o Peeta riu um pouco com isso – Mas o estranho mesmo é que ele tinha um relógio com um tordo, era

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holográfico, ele desaparecia depois de alguns instantes, e deixou escapar que tinha uma reunião para decidir sobre a arena, meia-noite, um horário estranho.

- Não há nada que seja realmente normal na Capitol, o estranho é ele ter de contado. – disse

- Ele avisou que era um segredo, e não era para comentar com ninguém. – falei – Mas não é como se eu fosse esconder algo assim para você.

- Obrigada. – ele sorri e me dá um selinho.

- Peeta, - chamo – o que você disse na entrevista é verdade?

- Que parte? – questiona

- A parte em que você disse sobre aumentar a família.

- Não, quer dizer, mais ou menos. – ele suspira – Não seria certo, ter outra criança agora e coloca-la no meio disso tudo. Quem sabe se depois do Quarter Quell, se a Capitol desistir da gente, talvez seja certo.

- Peeta você quer outro filho? – questiono.

O seu sorriso já me dá uma resposta.

- Bem, sim, claro que eu iria querer, principalmente se fosse um menino. – ele divaga um pouco

- Por quê?

- Nós já temos uma menina, seria legal ser pai de um menino. – ele me olha com um sorriso travesso na boca – Já que a Pearl parece que puxou o talento da cozinha da mãe, quem sabe o filho não puxa o pai.

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- Peeta – me preparo para fazer uma pergunta que apareceu na minha cabeça de repente – eu não quero que você fique chateado, mas você sente a necessidade de ter um filho comigo porque a Pearl não é...

- Kat, ela é a minha filha. – ele fala com tanta certeza que me trás lágrimas aos olhos. – Independente de qualquer coisa ela sempre vai ser nossa filha, minha filha. E nada vai mudar isso ok?

- Sim, eu só acho que quem tem mais medo sou eu. – uma lágrima cai escorregando pela minha bochecha – Eu não sei se... Eu teria outro filho, mesmo depois de tudo isso passar, eu já sinto muito medo pela Pearl, eu não quero sentir mais.

- Ei, não chore, não tem problema Kat. Eu não me importo.

- Obrigada, eu não sei o que eu seria sem você. – sussurro

- Seria a Katniss, só que bem mais rabugenta. – ele fala e logo após ri.

- Você é tão engraçado Peeta. – digo séria e ele ri de mim novamente.

- Vamos dormir Sra. Mellark, amanhã estaremos em casa. – ele me puxa para seus braços.

...

Nós não a vimos em momento nenhum desde que chegamos ao Distrito 12, eles não deixaram fomos levados diretamente para a casa do Prefeito, é bom porque lá eu tenho a Madge, nós somos meio que amigas, ela gosta da Pearl e nos visita às vezes, nas poucas vezes em que fui à sua ela tocou piano para a Pearl que adorou, a Effie quase não me deixa falar com a Madge nem me despedir do Peeta, e me arrasta para o terceiro andar.

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Depois de pronta eu posso sair atrás do Peeta e falar com a Madge direito, eu não acho o Peeta no terceiro andar e então desço em direção ao segundo encontrando o Prefeito no caminho que me informa que a Madge está no quarto dela.

- Você está linda. – digo assim que a vejo, com um vestido branco e penteando seus cabelos.

- Obrigada, mas olhe para você parece que veio direto das ruas da Capitol. – eu faço uma careta já que eu não havia gostado muito desse vestido espalhafatoso.

- Você não acreditaria na quantidade de tordos que se tem por lá, agora. Em quase todos os tipos de acessório. – digo para ela, já que foi quem me deu o tordo.

- Isso é bom. – eu aceno – E você já teve a chance de ver alguém da sua família?

- Não. – suspiro

- Que pena, eu queria ver a Pearl. – fala – Eu a visitei algumas vezes enquanto vocês estiveram fora, ela está cada vez mais linda.

- Eu imagino. – digo – Eu vou atrás do Peeta, eu acho que ele já deve estar lá embaixo. Até mais tarde Madge, vou deixar você acabar de se arrumar.

- Ok Kat, até. – ela me abraça e eu saio.

Eu poderia seguir meu caminho facilmente até o andar abaixo, se os barulhos no escritório do prefeito não tivessem me feito parar, havia uma fresta na porta e eu podia vê-lo concentrado na imagem que passava na tela da tevê. A uma praça, acho que a do Distrito 8, várias pessoas com máscaras e tijolos nas mãos,

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edifício queimando e os pacificadores atirando e matando sem nem olhar a quem. Isso definitivamente não é bom, antes que eu possa ser pega, eu continuo meu caminho e encontro o Peeta.

Eu não presto muita atenção em como o jantar transcorre fora a parte em que eu encontro com as nossas famílias, e a Pearl não sai mais dos meus braços a não ser que vá para os do Peeta, e quando felizmente nós somos liberados para voltar para casa. Eu me despeço de Effie, Cinna e Portia, da minha equipe também, e vamos andando com o Peeta segurando a minha mão e segurando a Pearl.

- O que houve? – pergunta de repente

- Hã? – digo meio confusa.

- Exatamente isso, porque você está assim, alheia a tudo? – questiona

- Nós conversamos em casa. – digo somente e ele me encara entendendo o quanto o assunto é sério e assente.

Quando chegamos em casa, a Pearl já dormia, então só a colocamos na cama e seguimos para o nosso quarto.

- Então? – pergunta quando já estamos acomodados na cama.

- Eles se rebelaram Peeta, o Distrito 8 está em guerra. – sussurro

Ele parece meio em choque com as minhas palavras.

- Você viu isso aonde? – questiona

- No escritório do Prefeito, ele assistia a tevê concentrado, e passava as imagens do Distrito, as pessoas lutando e sendo mortas e prédio queimando. É horrível Peeta, eles nem tem como lutar com igualdade, é quase um massacre, a cada um

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Pacificador caído três ou quatro pessoas morrem. – continuo sussurrando, como se alguém pudesse me escutar e me aperto contra o Peeta, à única coisa que me impede de chorar.

- Então quer dizer que não adiantou nada, tudo que nós tentamos fazer não ajudou, ou só piorou. – ele suspira – nós não podemos fazer mais nada Kat, eu só sinto pelas pessoas que estão morrendo.

- Eu também. – digo.

- Você vai conseguir dormir? – pergunta

- Acho que sim, só espero que nenhum dos meus pesadelos apareça. – respondo

- Ok, eu vou estar aqui. – diz e eu lhe dou um selinho

Eu não sei se estava escuro ou se eu não conseguia enxergar direito, parecia que eu estava presa, e bom, eu conseguia ouvir barulhos de alguém gemendo de dor perto de mim.

Eu não sei em que momento eu o identifiquei, se foi o vislumbre de olhos azuis, ou o brilho de seus cabelos, ou até mesmo reconhecendo a sua voz durante o grito. Mas era ele, era o Peeta. Depois disso eu não me lembro de quando eu comecei a gritar por ele, e meu reconhecimento só fez as coisas piorarem, porque eles acenderam a luz e tudo que eu não queria ver era o Peeta sofrendo.

Machucado, era eufemismo para a sua situação atual, parecia um pouco queimado, com os olhos transtornados um pouco arregalados depois que me viu, ou ouviu porque eu continuei gritando e mais forte agora. Amarrado e sendo machucado pelas

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cordas que o prendiam, eu não conseguia ver o rosto de quem nos torturava.

Eu me sentia cada vez pior e eu só queria que a luz se apagasse novamente. Meus gritos eram tão altos que me doía ouvir imagine para ele, mas parecia música para o torturador.

Impulsionado pelo meu desespero ele começou a bater em Peeta, até que eu o vi desmaiar.

- Peeta! – meu grito nunca foi tão desesperado quanto hoje, e doeu mais não ter achado ele do meu lado.

Ele quase derrubou a porta e quando me viu, correu para mim e me abraçou. Eu vi pelo canto do olho a minha mãe e Prim com um olhar meio assustado, não liguei.

- Você está bem? – pergunto entre soluços e começo a correr a minha mão pelo rosto e pelo corpo dele.

- Se eu estou bem? Quem devia fazer essa pergunta não era eu? – ele parecia meio angustiado

- Me desculpe é que... – pauso para tentar retomar o controle. – Você estava tão machucado que... Eu pensei que fosse real.

- Hei, não era. Eu estou aqui. – sussurra

- Agora, porque antes não estava. – falo, meio que parecendo uma criança e ele abre um sorriso por isso.

- É verdade, eu fui dar uma olhada na Pearl, eu escutei ela chorar. – informa

- Já está tudo bem? Será que eu não a acordei novamente? – questiono e sigo o meu olhar para porta vendo que a minha mãe continuava ali.

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- Será que a senhora poderia dar outra olhada nela Sra. Everdeen? – o Peeta pergunta

- Sim, boa noite. – ela vira e puxa a porta com ela.

- Vem, deite-se aqui. – fala me puxando e me colocando sobre o seu peito.

A minha mão escapa novamente para dentro da sua blusa, e nós ficamos em silêncio, até eu me virar e beijá-lo.

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Inicialmente eu queria só beijá-lo mesmo, só que nem eu nem ele pararíamos isso. Não quando nós estávamos em casa, tendo nossos últimos momentos de segurança. Talvez por isso a mão dele também tenha entrado na minha blusa e a tirado, e eu tenha arranhado as suas costas.

Disso para que nós estivéssemos sem roupa foi um pulo, eu estava concentrada na forma em como a boca dele se encaixava na minha e o quanto isso era bom, até que ele estivesse se movendo contra mim, esses momentos eram os únicos em que eu não mantinha uma linha de pensamento coerente e nem me esforçava para isso. Tudo parecia muito bom do jeito que estava.

Mas podia melhorar e eu só vim descobrir o quanto, quando eu me movi contra ele também, o gemido que escapou da boca do Peeta foi muito bom de ouvir e eu repeti o ato. Suas mãos seguiram para a minha cintura como se quisesse que eu continuasse com isso e eu fiz. Seus gemidos vinham seguidos em meu ouvido e eu não me importava menos, os meus também eram seguidos, mas tudo sempre baixo, nós não gostamos de plateia e seria extremamente vergonhoso.

- Eu te amo. – ele sussurrou no meu ouvido e eu me desfiz em seus braços, assim como ele.

- Eu também te amo. – sussurrei, quando eu havia conseguido juntar a minha voz e falar.

...

Ainda há muita neve e eu acompanho o Peeta até a padaria somente por não ter o que fazer, eu não quis ir caçar hoje. A Pearl ainda estava dormindo e eu a deixei com a minha mãe. Sua mão estava junto a minha e ele tentava me aquecer ainda mais,

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enquanto falava sobre algum bolo que tinha que fazer e não tinha ideia de como confeitaria. Até que ele para de repente.

- Você está ouvindo? – aceno que não e observo.

Nós continuamos indo em direção à praça e eu paro quando vejo a multidão que parece observar algo relacionado ao barulho. Sem saber de muita coisa o Peeta começa a abrir caminho e eu o sigo, quando eu vejo o que é só posso dizer que a minha vida é sempre cheia de surpresas, e nunca das mais agradáveis.

Eu vejo o Gale preso pelas mãos a um poste, há um peru pendurado sobre ele, ele está inconsciente e atrás dele está um Pacificador – se eu os temia antes, imagine agora – que eu nunca havia visto o açoitava, as costas do Gale não era mais nada que um pedaço de carne, sangrenta e esfolada.

Eu não tomo nenhuma atitude até ver a Delly correr na direção dele, como se fosse forte o suficiente para conter o novo Pacificador, que claramente não parecia querer para de bater no Gale. Eu acho que o Peeta também percebeu, pois correu na direção dela antes que se ela se machucasse também, como eu nunca fui muito esperta, corri atrás dele.

Antes mesmo de chegar lá eu sabia que não daria certo. A Delly se antecipou para cima do Pacificador que a empurrou e estava prestes a açoitá-la se o braço do Peeta não tivesse chegado antes, sendo atingido em cheio pelo chicote, só pelo grito dele eu sabia o quanto doeu.

- Peeta! – eu não sabia o que iria fazer e felizmente o Haymitch apareceu na hora.

- Meu deus garoto, o que você pensa que está fazendo? – o Haymitch pergunta e o Peeta não tem condições nenhuma de

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responder – O que eu vou fazer com essa marca, eu preciso de você inteiro para os Jogos!

Aproveitando o momento de distração do Pacificador a Delly vai até o Gale e tenta reerguê-lo, mas claramente ela não tem força para isso. Eu vou até o Peeta.

- Vocês estão interrompendo a punição de um réu confessado. – esbraveja o novo Pacificador.

- Não me importa, - grita também Haymitch – eu quero só ver o que farão com você quando eu ligar para Capitol e disser que você acabou de destruir o braço do mentor do Quarter Quell esse ano.

- Porque ele se meteu na frente da menina? – ele parecia mais tolerante agora que o Haymitch havia colocado as coisas dessa forma.

- Porque ela é minha amiga, e por mais que você ache que mande aqui, não se bate numa mulher. – eu juro que eu pensei que o Peeta queria tomar outro açoite. – E se quiser continuar com isso terá que passar por cima de mim.

Agora eu tinha certeza. Só que o Pacificador não esboçou reação alguma, quer dizer, não bateu no Peeta, ele olhou para o esquadrão dele, e Purnia uma mulher que comia quase todos os dias na Greasy, se prontificou a falar.

- Aqui senhor, a quantidade de chicotadas dada a um réu primário é dispensada, a não ser que a sentença seja morte. – diz

- É o protocolo padrão daqui? – eles assentem – O tirem daqui e da próxima vez que eu o achar caçando, ninguém me impedirá de mata-lo.

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Eu vejo a Delly estremecer com as palavras do Pacificador, e o Peeta ignorando a dor a ajuda a levantar e desamarra o Gale. Nós conseguimos uma prancha com a senhora da loja de roupas e dois mineiros se juntam a Peeta e Haymitch para levar o Gale para a minha casa. A Delly não desgruda dele, e eu fico cada vez mais preocupada com a quantidade de sangue que sai do braço do Peeta, eu procuro alguém que possa chamar a mãe do Gale para mim e encontro Leavy.

- Você pode chamar a Hazelle para mim? E não a deixe trazer as crianças, ok? – pergunto, eu sei que ela me faria qualquer coisa por mim, depois que a minha mãe salvou seu irmão ano passado.

- Pode deixar que eu fico com eles. – eu lhe dou um beijo na bochecha e agradeço.

Eu os sigo escutando a história do porque o Gale passou por tudo isso, segundo os mineiros, ele foi até a casa de Cray para lhe vender o peru, só que no lugar dele encontrou o novo Pacificador Chefe, o tal do Thread, que o prendeu e o forçou a confessar em praça publica o “crime”, ele havia levado por volta de quarenta chicotadas na hora em que chegamos.

A Delly aparentemente foi chamada por alguém, ela não conseguiu falar. Quando chegamos o Haymitch só faz lhe informar que há um novo chefe e parece que não precisa de mais nada, e eu tremo só de imaginar como poderia ter sido uma época em que isso acontecia diariamente, com certeza eu morreria de fome.

Por um momento, eu preferia o antigo Pacificador, até me lembrar do que ele me fez.

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Em, eu não ficaria perto de todo esse processo de cura do Gale, se o Peeta também não estivesse ferido, ele não é prioridade, mas enquanto a minha mãe limpa a as costas de Gale, a Prim se aproxima e faz o mesmo com o Peeta e diz que ele deve colocar gelo. O ferimento limpo é bem pior.

Eu o acompanho para buscar gelo, e enquanto saímos a Hazelle chega meio desesperada.

- Ele está na cozinha. – informo e ele assente sumindo rapidamente da minha vista.

Eu pego um punhado de neve e aplico delicadamente por sobre a ferida do Peeta, que geme em desgosto e seus olhos lacrimejam um pouco, eu mantenho pressionado por um tempo e ele relaxa.

- Você foi muito corajoso hoje, e eu não sei se essa é a palavra exatamente, já que eu pensei que ele não hesitaria em te matar. – falo

- Eu sei, mas ele não podia continuar senão o Gale que morreria e a Delly que se meteu no meio. – fala e eu aceno, concordando.

- Vem, vamos entrar. Eu quero ver a Pearl. – havia começado a nevar novamente

O dia havia passado bem rápido até, talvez pela adrenalina de tudo que tinha ocorrido. Mas a noite a Hazelle teve que voltar para casa, já a Delly se recusou a aceitar dormir no quarto da Prim e ficou na cadeira com o Gale, eu não sei até quando ela aguentaria.

Eu estava na cama e esperava o Peeta, a Prim fazia um curativo na sua ferida na cozinha e eu ainda ouvia um pouco dos barulhos

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que o Gale fazia quando conseguia sair da nuvem de remédios que ele tinha tomado. Meus olhos estão fechados e sei que ele pode pensar que eu estou dormindo, mas quase estou mesmo, o dia de hoje havia sido muito cansativo, física e psicologicamente.

Eu acho que tinha cochilado um pouco, mas acordei quando ele se deitou na cama.

- Desculpe. – sussurra

- Não tem problema, - eu reparo na forma desajeitada com que ele tem que deitar – você não quer deitar do lado de cá?

- O quê? – diz confuso e sei que a Prim deve ter lhe dado algo para dor também.

- Venha para esse lado, assim você consegue se apoiar no braço bom Peeta. – falo me levantando e dando espaço para que ele mude de lugar.

- Boa noite Kat. – murmura e antes que eu possa responder ele já está dormindo.

- Boa noite. – sussurro e dou um selinho no bico que ele faz enquanto dorme.

Eu fico o observando, lembrando de tudo que ele fez hoje, pelo Gale e pela Delly, há muita gente no Distrito que não terá como se defender de Thread, eu sei disso, e essa certeza me faz pensar na guerra do Distrito 8, eles passaram muito mais anos do que nós sofrendo isso, sem ter a chance – como eu tive – de se salvar de alguma forma, e eu entendo um pouco a dor deles. Talvez hoje a coisa mais certa a se fazer seja lutar, por essas pessoas que não tem chance de defesa.

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Um barulho mais alto que eu sei que veio da cozinha me assusta um pouco e eu vou checar, era o Gale, ele parecia um pouco atormentado.

- O efeito do remédio já está passando? – pergunto a Delly, que permanece sentada ao lado dele.

- Sim, mas a sua mãe já deu outro a ele, é só o espaço de tempo que faça efeito. – diz simplesmente

- Eu não conseguiria me manter tão firme quanto você. – digo, puxando uma cadeira para me sentar ao lado dela.

- Acredite, eu não estou, mas eu não tenho como, de forma nenhuma sair do lado dele. – algumas outras lágrimas caem dos seus olhos já tão vermelhos.

- Eu entendo, - eu pego a sua mão – se fosse o Peeta eu faria o mesmo. Mas você precisa dormir, ele vai dormir por horas ainda por causa dos remédios. Pode deixar que eu fico de olho.

- Não, eu só sei que não consigo. – suspira – Se eu for deitar, eu vou ficar me remexendo e... Mesmo assim obrigada.

- Eu aposto que você faria o mesmo por mim. – e eu nunca imaginei que ganharia uma boa amiga num momento tão difícil.

Pela primeira vez, eu vi a Delly de uma forma diferente, não era aquela menina que via o mundo de uma forma rosa choque – o que era uma ironia, vivendo onde vivemos – eu via uma mulher, muita parecida comigo até, que estava se mantendo firme e amadurecendo para proteger alguém que ama, ou só para ficar ali nos momentos difíceis. Se antes eu tinha alguma dúvida do amor dos dois, agora eu não tinha mais.

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Eu dei uma passada no quarto da Pearl e achei o Peeta lá, ele estava a olhando.

- Você não tinha apagado? – pergunto preocupada

- Pois é, mas esses remédios sempre fazem com o sono seja o pior possível. – sussurra

- Entendo, e você veio aqui ver se me achava? – pergunto

- Na verdade não, eu ouvi você falando com a Delly e não quis interromper então vim dar uma olhada na Pearl, mas ela sempre parece tão calma e com tanta coisa acontecendo eu quase não a vejo. – fala

- Ela está muito grande. Só falta começar a falar. – sorrio

- O que será que virá primeiro? – questiona

- Do jeito que ela é com você, com certeza vai ser o papai. – o sorriso no seu rosto triplica

- Você acha?

- Eu tenho certeza. – ele me abraça com o seu braço bom e me dá um selinho. – Vamos dormir.

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E quando você acha que as coisas não podem piorar...

A neve não tinha parado de cair e por umas duas semanas, foi impossível sair de casa e quando para, as surpresas desagradáveis parecem só aumentar. A praça do nosso Distrito foi transformada em um centro de punição para qualquer um que for encontrado fazendo coisas que nem sabe mais que é ilegal.

Há uma forca, uma bandeira de Panem, o tronco de açoite e a tantos Pacificadores que eu não chego mais perto da praça sem quase ter um ataque, aquela farda ainda me enoja, e os novos Pacificadores me dão medo, a mistura não é boa para a minha sanidade. As minas ficaram uns tempos fechados, as pessoas passam cada vez mais fome – e com a segurança reforçada, eu não tenho mais como dar comida a alguns deles – há mais crianças se registrando pro tesserae, inclusive o irmão do Gale que não consegue aceitar a noticia, mas nenhum deles recebe nada. O número de pacientes que a minha mãe atende quase dobre e ela quase não tem mais remédio para cuidar deles.

Mas há noticias boas sim, o Gale vai para casa, e nós forçamos o Haymitch a contratar a Hazelle para cuidar da sua casa, o que é muito bom já que agora eu consigo entrar lá, sem querer me matar por isso. Ele não está muito bem, desde que o Prego foi destruído, nós tentamos mantê-lo com o pouco estoque que temos de Licor, mas já esta quase acabando e não temos ideia de como vamos repor. Eu tenho mais momentos com a Pearl que agora anda pela casa toda só, e pelo Distrito também se deixássemos, mas ela é ainda pequena demais para falar alguma coisa legível, então continua com seus murmúrios de bebê.

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Uma coisa que me frustra é a impossibilidade de ir à floresta, eu sei que a cerca continua desativada, mas mesmo assim é quase impossível chagar lá sem ser pego, e eu não passei por tanta coisa para morrer por isso.

...

Talvez a mais desagradável das surpresas esteja aqui na minha frente hoje.

O Presidente Snow, na minha casa.

É difícil se manter impassível quando tudo que você quer é bater a porta na cara dele, mas não há forma de fazer isso, então eu tento manter uma pose de “que surpresa agradável”.

- Que surpresa Presidente, a que devo a honra da sua visita? – questiono dando um passo atrás fazendo com que ele e seus seguranças entrem na minha casa.

- Kat, quem fo... – o Peeta chagava da cozinha estranhando a minha demora.

- Oh que bom, assim eu falo diretamente com os dois. – o Presidente se pronuncia

- E o que seria? – pergunto indo ficar ao lado do Peeta.

- Que tal se falássemos num lugar mais reservado, como o seu escritório? – seus olhos de cobra se mantinham fixos em mim

- O escritório não existe mais, que tal se for no nosso quarto? – o Peeta pergunta e nem espera a resposta indicando o local que deve seguir

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- Vejo que vocês deram um toque próprio na casa, isso é interessante. – exclama – Não é de vocês deixarem as coisas como são, não é? Gostam de mudar as regras.

Seu tom ia mudando a cada degrau que subíamos, ainda bem, pois seu tom amigável me assustava. Eu entendia o verdadeiro Snow, não o que ele queria mostrar lá embaixo.

- Não quando as regras nos desagradam. – o Peeta alfineta também e eu suspiro.

- E vocês se acham no direito de muda-las? Depois que tanto foi feito para que fossem aceitas e compreendidas? – eu quase rio com o que ele fala

- Aceitas e compreendidas por quem? – questiono irônica

- Que bom que não estamos mentindo não é? – fala depois de ter se acomodado no sofá que há em nosso quarto – Só nos faria gastar tempo.

- Sim. – concordo

- Nós tínhamos um problema, que havia começado quando vocês resolveram comer aquelas bagas. – começa seu monologo – E, mesmo depois que o aviso foi dado, vocês mudaram a regra novamente a favor de um Distrito. Porque vocês acham que um Distrito não conhece o outro? Para que não haja solidariedade, sempre haja disputa, medo do desconhecido Sr. e Sra. Mellark, e vocês mudaram tudo isso.

Eu estava espantada com a forma sincera que ele nós falava das coisas, não havia nada lá que eu já não tivesse pensado, mas mesmo assim era surpreendente.

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- Por mim pouco importava se tivesse um vencedor ou não nos Jogos, mas o Seneca se deixou levar pelo sentimentalismo de vocês, igual a muita gente na Capitol. Não vou negar que a imagem de vocês favoreceu muito a Capitol, mas na mesma medida desestabilizou os Distritos. Se vocês desafiaram a Capitol o que os impede de fazer o mesmo, não é?

- Me espanta a fragilidade desse sistema, já que umas bagas acabam com ele facilmente. – digo ferina

Por incrível que pareça, ele ri.

- Sim, mais frágil do que você imagina. – diz simplesmente

- E o que você quer que nós façamos? – o Peeta pergunta

- Agora? Creio que não há mais nada que vocês possam fazer. – fala

- Então qual é o motivo de tudo isso? – questiona o Peeta novamente

- Pode ser tomado como um alerta, - sua voz me dá medo – isso começou com vocês desafiando a Capitol e isso só pode ser revertido mostrando que nem os amantes desafortunados escapam das regras. Agora se me dão licença.

Eu o vejo sair, deixando um rastro do seu cheiro de rosas enjoativo, depois que a porta se fecha, o Peeta levanta e, bom, eu acho que ele vai ter uma sincope.

- Isso foi uma ameaça, não foi? – sussurro, mas não me deixo derrubar nenhuma lágrima, não mais, não por ele.

- Sim. – responde

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Eu me levanto e saio, eu escuto alguns gritos do Peeta e seus passos atrás de mim.

- Kat, você vai para onde? – ele segura um dos meus braços

- Na floresta, eu só preciso... Eu não posso ficar aqui, só um pouco, por favor. – sussurro

- Mas pode ser perigoso, com todos esses... – ele para com meu olhar – Ok, só tome cuidado e não volte tarde.

Eu aceno e ele me beija me viro e quase corro em direção à floresta. Quando eu passo pela cerca, eu começo a andar mais devagar, aqui não há nada que me faça sentir medo.

Eu chego a casa no lago e consigo rapidamente acender a fogueira, eu me enrolo nos cobertores que eu fiz o Peeta deixar aqui, depois da surpresa que ele me fez, nesse momento eu me arrependo de não ter pedido para ele vir comigo.

POV Peeta

Eu até pensei em discordar da Katniss e não deixa-la ir para a floresta, mas eu sabia que ela ficaria péssima se não fosse. E eu aproveitei esse tempo para ir à casa do Haymitch. Eu bato na porta e dessa vez me atendem, a Hazelle que agora fazia faxina na casa dele, me indica que ele está no quarto.

- Haymitch? – chamo colocando metade do corpo pela porta e o encontro na cama.

- Oi garoto, o que te traz aqui? – questiona

- Nos recebemos uma visita muito estranha hoje. – suas sobrancelhas se franzem em confusão – O Presidente.

- Não muito agradável. – irônico como sempre.

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- Sim e ele nos fez uma ameaça. – suspiro – Parece que as coisas nos Distritos estão muito ruins e aparentemente a culpa é nossa, a intenção dele é mostrar que nós não saímos imunes por descumprir regras, como eles imaginam.

- Garoto, - ele me olha parecendo mais sério do que nunca o vi – as coisas nesses Distritos estão ruins a muito mais tempo do que você imagina, vocês devem só ter dado um pouco de motivação a eles, nada mais. Você visitou todos eles e viu que nada lá é tão fácil quanto por aqui, enquanto nos tínhamos o Cray*, eles não aguentariam por muito tempo.

Eu sei que ele visitou esses distritos do que eu podia imaginar, mas tinha algo mais, ele não podia saber de tanta coisa só observando.

- E o que você acha que ele pode fazer? – pergunto

- Muita coisa, ele está punindo todo o Distrito já, mas vocês ainda estão bem. – ele parece pensar – Ele pode querer mostrar que vocês não ligam para o que acontece nos Distritos, eu não sei se todos acreditariam. Só mantenha em mente que esse ano tem o Quarter Quell, ele pode fazer o que quiser com as regras.

- Mas os envelopes não estão prontos? – questiono

- Você acredita mesmo nisso? – diz com cinismo

- Não, - suspiro – mas seja o que for, você sabe mais do que está demonstrando e faça qualquer coisa para tirá-la de lá ok? Independente de qualquer coisa, não importa o que ele escolha fazer conosco, se você tiver a mínima chance de salva-la, não tema em escolher.

- Eu sei garoto, eu sei. – eu aceno e saio do quarto.

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Dou tchau a Hazelle e vou andando.

Eu estava decidido a não dizer nada a Katniss, poupá-la por enquanto das suspeitas do Haymitch, e fazê-la dormir bem por mais alguns dias. O sol já estava quase indo embora e eu decido ir atrás da Kat na floresta, eu esperava encontra-la no meio do caminho.

A cerca está ligada.

Eu tenho essa certeza antes mesmo de encostar meu dedo nela, ainda bem, e eu não sei o que fazer. Claramente a Katniss ainda estava dentro da floresta e eu não podia fazer nada a não ser esperar e avisá-la.

POV Katniss

Eu avisto Peeta quando me aproximo da cerca, e antes que possa perguntar do por que dele não ter passado, ele fala.

- A cerca está ligada. – ele me avisa

- Mas Peeta, eles sabem que eu estou aqui? – questiono, meus olhos estão claramente arregalados pela surpresa.

- Eu não sei, eles estão tomando as devidas providencias para nos manter oprimidos. – ele me parece meio estranho mais triste – Como você vai sair daí?

Dou de ombros e começo a olhar em volta, achar uma saída, esquadrinho as árvores até achar uma grande e com galhos grossos o suficiente, eu escorrego algumas vezes.

- Katniss. – o Peeta me repreende

- Você tem uma ideia melhor? – eu dou um jeito de olhá-lo, ele acena negativamente.

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- Como você vai pular daí? – eu estava a uns oito metros do chão, alto o suficiente para fugir da cerca.

- Você vai me segurar? – digo

- O quê? – se espanta – Nós vamos cair, você pode se machucar, eu posso me machucar!

Eu rio e me preparo para cair, me seguro pelas mãos e junto coragem, largando o galho. Eu poderia cair direito no colo do Peeta e ele me segurar facilmente, ele é forte para isso, mas tem a perna artificial e ela escorrega muito fácil, então ele caiu e eu fui por cima.

Eu havia começado a rir, até o Peeta gemer de dor.

- Machucou? – ele assente – Aonde?

- Acho que o meu cóccix. – diz e geme de novo – Você poderia sair de cima de mim?

- Oh claro, desculpe. – digo e me levanto – Acha que quebrou?

- Não, só está doendo muito. Vamos me ajude a levantar.

Ele consegue levantar e se apoia em mim, andar parece doer um pouco.

Quando chegamos em casa, eu esperava encontrar a minha mãe preocupada, não dois Pacificadores – que me fizeram tremer – e o Haymitch também. Os pacificadores parecem surpresos em nos ver, eu devia imaginar que tudo era um plano para me deixar presa do lado de fora, e eles estavam aqui para checar.

Eu coloco Peeta sentado numa cadeira e ele parece claramente feliz com isso.

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- O que houve? – minha mãe pergunta e a Pearl corre até mim.

- Oi meu amor. – sussurro para ela – Ele escorregou na neve, sabe, por causa de perna e tudo.

- Oh, e onde doí Peeta? – a Pearl agora se encontrava no colo dele

- O meu cóccix, e a minha perna um pouco também. – fala

- O que vocês desejam? – questiono os Pacificadores

- O Chefe Thread mandou uma mensagem para vocês. – a mulher diz

- E o que seria? – digo

- Ele pediu para avisar que a cerca que rodeia o 12, estará ligada 24 horas por dia de agora em diante. – não me diga.

- E já não era? – o Peeta questiona com inocência, o que me faz prender um sorriso.

- Ele queria que você avisasse ao seu amigo. – sei que ela se referiu ao Gale.

- Pode deixar que nós avisamos. – digo, eles acenam e se retiram.

- O que houve? – o Haymitch questiona

- Eu fiquei presa do lado de fora da cerca, e tive que pular de uma árvore. – explico

- E porque o Peeta que está machucado? - pergunta

- Porque ela me usou para amortecer a queda. – fala o Peeta meio irônico e eu rio.

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- Ah, eu tenho noticias, - nós esperamos que ele continue – parece que o Distrito 4 e 3 se rebelaram também.

Uma guerra havia se iniciado.

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- Como você sabe disso? – questiona o Peeta

- A Effie, sabe como é aquele ser cor de rosa, ela sempre liga para falar de como vocês são famosos na Capitol e tudo mais, e deixou escapar que está faltando frutos do mar, chips de musica, ou outro negocio assim, e telas. – explica – Os frutos do mar, são do 4, dispositivos eletrônicos do 3, e as telas são do 8.

- É verdade, que outro motivo teria para eles pararem de produzir. – digo

- Parece que o buraco que vocês cavaram está cada vez mais fundo. - ironiza

Mandei-lhe um olhar enviesado e ele encolheu os ombros.

- Vamos Haymitch nós te levamos em casa. – digo e ele assente

- Eu não vou, vou ficar aqui com a Pearl, ok? – o Peeta diz

- Tudo bem. – eu dou um beijo na Pearl e no Peeta.

- Haymitch você acha que isso pode acontecer no Distrito 12? – questiono depois que saímos de casa

- O que? – ele não entendeu.

- Uma rebelião, você acha que poderia acontecer aqui também? – ele ri amargurado

- Nunca, Katniss, a metade das pessoas desse Distrito pode estar indignada o suficiente para isso, mas até elas tem medo. Fora que nós somos um Distrito pequeno, nem todos comprariam a briga, e nós ficaríamos em desvantagem. – suspira – Aqui somos todos nós ou nada.

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- Eu tenho medo por eles, nós pelo menos temos a imagem, não é? – começo – Se fizerem algo conosco claramente haverá reclamações na Capitol, mas ninguém se importa com eles, as pessoas da Capitol nem sabem de nada.

- Agora não há mais nada a se fazer, ou eles são controlados e tudo volta ao normal, ou eles ganham e isso tudo acaba. Eu acho difícil mais seria muito bom. – diz

- Você acredita mesmo nisso? – questiono

- Eu quero acreditar. – ele fala e entra em casa.

Eu também quero acreditar, mas o meu maior medo é que um desses Distritos seja destruído que nem o D13. Em casa eu encontro o Peeta com a Pearl pintando, ele não lhe dava tintas agora, dava lápis de cor, às vezes ele fazia desenhos e ela pintava. Não era uma grande arte, ele tentava ensiná-la a se manter dentro da linha, não adiantava muito, afinal ela não tinha nem dois anos, só saia uns rabiscos.

- Como vão os meus grandes artistas? – faço graça entrando no quarto e a Pearl sorri para mim, me mostrando seu novo desenho.

Dava para ver umas árvores por trás, dos riscos verdes e marrons.

- Bem, ela tem um grande futuro não é? – falou o Peeta rindo

- Quem sabe daqui a uns dez anos, - digo e me sento ao seu lado – se nós tivermos a chance.

Para o meu desespero ele não retrucou.

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- Daqui a alguns dias vai acontecer à leitura dos cartões do Quarter Quell, você espera alguma coisa? – me pergunta

- Como? – indago

- Eles têm que fazer algo para intimidar os Distritos, o que você acha que ele fará? – repeti.

- Eu não tenho muita experiência, eu só sei que no do Haymitch havia o dobro de tributos. – peso isso um pouco, em como deve ter sido difícil para ele – É impressionante imaginar ele ganhando isso.

- Não é, apesar de se encher de bebidas, quando está sóbrio ele é mais do que inteligente. – afirma

Nesse momento a Pearl se aproxima coçando os olhos, eu acho muito fofa essa forma das crianças de mostrar que estão com sono.

- Vamos tomar banho e já, já você dorme. – eu a carrego.

- Eu faço algo para nós comermos. – ele diz saindo.

A festa na banheira tinha me deixado completamente molhada, então eu a entrego ao Peeta e troco de roupa. Nós comemos e eu quase grito com o Peeta para ele não deixar a Pearl se sujar, ela dorme e nós subimos.

- Você ainda vai tomar banho não é? – ele pergunta

- Sim. – estranho a pergunta, mas espero ele mesmo explicar.

Ele me abraça e, estranhamente, me beija, eu correspondo, claro, quando eu não faria isso. E continuo esperando a explicação.

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- Será que eu poderia – sua boca está quase colada no meu ouvido, que me arrepia. Ele parece pesar as suas palavras, e o que me espanta, ele cora, o Peeta nunca coraria – ir com você?

Eu engasgo, e coro fervorosamente.

- Ir... Comigo?! – eu gaguejo

- Sim... Mas se você não se sentir bem, eu te espero aqui. – ele fala e me solta, eu não deixo.

- Não... É tudo bem, - suspiro – só que vá à frente. E não ria, se não eu posso mudar de ideia.

Ele não ri, mas o seu sorriso me dizia que ele ainda achava engraçado. A culpa não era minha se a vergonha ainda era muito grande, eu tinha sim um problema em ver pessoas nuas, mesmo que essa pessoa fosse o Peeta. Quando eu tenho certeza de que ele já entrou na banheira eu vou, tirar a minha roupa na sua frente também não era fácil.

Entro na banheira e ele me abraça, a água quente junto com o Peeta é capaz de me fazer esquecer o quanto os tempos estão difíceis. Eu acho que ele também pensa assim, porque ele me aperta contra si. Eu havia prendido sua mão a minha, e mexia em seu cabelo com a outra.

Seus olhos estavam presos em mim, àqueles lindos olhos azuis, que me faziam suspirar. No fim, o Peeta era mais lindo do que eu deixava transparecer, não uma beleza chata, que cansa, mas uma beleza simples tanto por dentro quanto por fora. E eu não me deixava levar por isso, porque a pessoa que ele era tinha muito mais do que só os olhos azuis.

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Seu nariz passeava pelo meu rosto, a minha clavícula, fazia cosquinha, mas me deixava arrepiada.

- Eu te amo. – sussurrou no meu ouvido, arranhei as suas costas.

- Eu também te amo. – falei

Seu nariz continuou o caminho pela minha bochecha, chegando ao meu nariz também, encostando um no outro, até enfim sua boca encostar-se à minha.

Minhas pernas cruzaram na sua cintura, e um gemido escapou da boca dele, eu sorri involuntariamente. As mãos dele migraram para minhas coxas e as apertou, talvez fosse ficar marcas, não que eu me importasse. Eu o arranhei novamente, sua boca seguiu para o meu pescoço, sua respiração me arrepiando.

Eu quase pulo quando uma das mãos do Peeta pousa na minha bunda, mas ele só faz isso para me levantar, em pouco tempo estamos unidos, e ele me guia num balanço com a mão na minha cintura. Sua cabeça tomba para trás e minhas unhas cravam nas suas costas.

Quando ele abre os olhos eles se fixam nos meus seios, e eu coro claro. Com o balanço eles ficaram claramente mais convidativos, suas mãos me apertam um pouco mais e sua boca migra para lá, distribuindo beijos que me fazem suspirar. Eu fecho os meus olhos quando o prazer aumenta e o Peeta me aperta ao seu peito, eu me movimento mais rápido e sou levada a um lugar onde tudo o que importa é a sensação do corpo do Peeta colado ao meu, e ele também.

- Eu acho que nós devíamos sair. – digo quando percebo que a água já está fria.

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- Ok. – ele está prestes a levantar.

- Não, - quase grito – me deixa sair primeiro.

Ele não se priva de dar risada dessa vez, eu me enrolo na toalha e ele vem logo atrás. Eu segui para o guarda-roupa, mas ele me impediu.

- O que... – ele não me deixa continuar, pois me beija.

Ele me empurra até a cama, e bem, rapidamente os dois já estavam sem a toalha.

...

No vigésimo quinto aniversário dos Hunger Games, como um lembrete para os rebeldes que seus filhos estavam morrendo por causa de sua escolha para dar início à violência, cada Distrito deve de realizar uma eleição e votar nos tributos que os representariam.

Era o dia da escolha dos cartões e o Presidente Snow falava sobre cada edição de Quarter Quell, e eu imaginava o quanto havia sido difícil cada Distrito escolher um representante.

No cinquentenário, como lembrete de que dois rebeldes morreram para cada cidadão do Capitol, cada Distrito foi obrigado a enviar duas vezes mais tributos.

O ano que o Haymitch havia ganhado, eu ainda tinha duvidas sobre como ele havia ganhado. Agora era a nossa vez, eu quase roía as unhas de ansiedade.

E honrando o nosso terceiro Quarter Quell. No aniversário de septuagésimo quinto Hunger Games, como um lembrete aos rebeldes, que mesmo o mais forte entre eles não pode vencer a

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Capitol, os tributos masculinos e femininos serão escolhidos a partir dos vencedores dos antigos Games.

Eu escuto um grito, os braços do Peeta me soltam e a Pearl é colocada rapidamente no chão. As lagrimas caem e eu nem sinto, o significado das palavras do Presidente zumbem no meu ouvido, eu não quero entender, eu não quero ter que ir. Não há mais nada que eu possa fazer.

Eu aperto meus braços a minha volta, e sigo quase correndo para o meu quarto, eu queria ficar um pouco sozinha e sei que fui atendida quando não escuto ninguém me seguindo, me enrolo em forma de feto na cama e me deixo chorar.

POV Peeta

O Haymitch não estava errado, as intenções do Presidente eram sombrias e envolviam o Quarter Quell, nos matar resolveria o seu problema? Acho que não, mas a sua apresentação continha um aviso muito claro sobre poder. Ele era o forte, ele mandava e nada iria mudar isso.

A cada vez que ele fazia alguma coisa para oprimir os Distritos eu me sentia mais a favor das revoltas, e eu sabia que o Haymitch tinha mais informações do que eu. Por isso mais uma vez eu fui atrás dele. Bato na porta e ele mesmo abre a porta, eu sinto o cheiro de bebida de longe, mas mesmo assim eu sei que ele vai me entender.

- O que foi garoto? Veio pedir para eu ir no seu lugar e dar a chance de ela voltar para você sem dores no coração? – o tom da sua voz é cruel e me faz parar por um momento.

- Você sabe que eu nunca te pediria isso. – falo

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- Eu sei garoto. – e entendo isso como a forma dele de se desculpar

- Eu só quero te lembrar da conversa que nós tivemos, você parecia já esperar algo assim, e isso me leva a pensar que... – suspiro – Você sabe mais do que isso não é Haymitch?

- Sim garoto, eu sei mais do que isso. – sai quase como um sussurro.

- Eu não quero saber de nada, só... Você tem uma chance de tirá-la de lá não tem? – ele assente – É só isso, independente de qualquer coisa Haymitch, não importa só a tire de lá.

Eu saio de sua casa cheio de certezas, eu tinha um plano e a Katniss não precisava saber disso, eu só precisava fazê-la treinar e ela ganharia com a ajuda do Haymitch, o resto não importava.

POV Katniss

Em meio ao choro o sono havia me pegado, e agora umas mãozinhas pequenas me acordavam, dois pares idênticos de olhos azuis estavam virados para mim, e os dois sorriam. De repente a lembrança de tudo me abate, e meus olhos enchem de lágrimas só que o Peeta não me deixa chorar.

- Shii, não, nós não vamos chorar. – ele diz – Vai ficar tudo bem.

- Como vai ficar tudo bem Peeta? – sussurro

- Porque vamos estar juntos, não é Pearl? – e parecendo que entende ela se joga em cima de mim e ri.

- Assim fica difícil não ser convencida. – digo

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- Vamos que tem um bolo muito bom esperando para ser devorado. – ele parece lembrar-se de algo – Quer dizer, se a Prim esperou por você.

- Ela não faria isso. – digo rindo

Quando eu desço, eu acho que esperava um pouco de chororô, mas não acontece, eu consigo ver a dor e a surpresa nos rostos de minha mãe e Prim, só que elas não me dizem nada.

Acho que o Peeta deve ter ouvido um pouco sobre isso, ele não me disse nada, mas depois eu sei que poderei questioná-lo. Em algum momento eu sei que a Prim vai vir atrás de mim, só que agora ela está tão adulta que provavelmente ela quem vai me animar não ao contrário como normalmente acontecia. A minha mãe não é mais a mesma pessoa, de alguma forma a Pearl não só me ajudou, mas trouxe a minha mãe de volta a vida.

Eu sei que devo guardar esses poucos momentos para mim, eles que vão me animar quando nada mais for suficiente, eu os amo muito e deixa-los dói mais do que qualquer outra coisa que eu já passei na minha vida. Então, eu aproveito e me deixo ser feliz por esses últimos dias.

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Eu ainda não sabia qual era a ideia do Peeta sobre o Quarter Quell, mas eu tinha a minha.

Eu poderia muito bem admitir que aceitaria facilmente a ideia de voltar sozinha novamente, o que não deu certo na primeira vez, e exatamente por isso, eu sei que não aconteceria. Então porque não admitir que a minha ideia era suicida, sim, eu preferia morrer a ter que voltar sozinha. E se nós já fizemos isso uma vez porque não fazer novamente. Eu só não sabia como contar isso ao Peeta, eu falei com o Haymitch, mas eu acho que ele já tinha alguma coisa armada com o Peeta, pelo menos segundo a sua resposta.

Como primeira providência, e ele quase enlouqueceu o Haymitch no caminho, foi acabar com todas as bebidas do Haymitch. E depois nós começamos a treinar, por uns dias eu achei a ditadura do Peeta ridícula, e ele não me dizia as suas ideias – eu fingia que não sabia que ele queria me levar para casa – então acho que fiquei um bom tempo sem olhá-lo direito, só que a nossa chance era essa, se não de sairmos vivos pelo menos de morrermos lutando. Percebi também que não conhecia nem metade de todos os vitoriosos, e o Peeta logo tratou de mudar isso pedindo a Effie vídeos de todos os vencedores, o que nos fazia conhecê-los melhor e nos preparava um pouco mais. Fora que chegando pelo menos ao final do Quarter Quell, eu tinha o prazer de frustrar os planos do Presidente.

Já que se nós chamássemos atenção, não iria abrandar nada nos Distrito, talvez até piorasse tudo, e eu não via coisa melhor do que o feitiço virar contra o feiticeiro.

Então nos treinávamos quase todos os dias até cansar, até o Gale nos ajudou, o Peeta estava meio que obcecado com a ideia de

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que nós devíamos estar em perfeitas condições, o que incluía o Haymitch, ele era forte e tinha algumas coisas que ele fazia mais facilmente do que eu, mas a bebida atrapalhou grande parte da sua coordenação e seu físico, então ele não conseguia correr muito e não tinha estabilidade com as mãos.

Mas as coisas começaram a ficar difíceis para o meu lado.

Eu acordei um dia, quer dizer não acordei, eu pulei da cama e corri para o banheiro colocando para fora o que eu não havia comido. O Peeta continuava dormindo, então ele nem soube. Só que ele descobriu quando isso se tornou meio que repetitivo, eu pensei que fosse por causa dos jogos, e de todo o estresse. Mas aí eu já não conseguia mais correr sem ficar cansada, nem subir numa árvore sem ficar tonta, o Haymitch nem bebia mais, só que o cheiro dele me incomodava de uma forma que nós treinávamos separados agora, e foi isso que chamou a atenção da minha mãe.

- Katniss você está bem? – questiona depois de mais uma hora trancada no banheiro vomitando.

- Não, mas isso não é surpresa. – tento fazer graça – Isso vai passar, acho, depois da Colheita.

- Eu não sei, - pensa um pouco – o que você está sentindo?

- Eu fico tonta ás vezes, e o fedor das bebidas do Haymitch me irrita. – explico

- Mas o Peeta não tinha o feito parar de beber? – pergunta

- Sim. – falo

- Isso é estranho, parece mais outra coisa. – o seu olhar me alerta

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- O que mãe? – eu quase grito com a ansiedade de saber o motivo de tanto mal estar.

- Você tem certeza de que não está grávida? – assim na cara, ela nem fez uma cerimônia antes.

Eu estava pronta para dizer que não, mas como não seria isso, se os sinais batiam exatamente com o que eu havia sentido quando eu fiquei grávida da Pearl, só não podia acontecer isso comigo agora.

Naquele momento passou muita coisa na minha cabeça. A minha vida tinha dado uma volta quando eu descobri que voltaria para a arena e isso já era difícil o suficiente, mas um filho era inimaginável. Eu sei que falei para minha mãe não contar nada ao Peeta, e a cada dia ele fica mais desconfiado. Ele já me pegou duas vezes chorando e eu sei que ele percebe como eu fujo dele, e também eu não treinava mais. Por um tempo eu tentei fingir que estava tudo bem, mas tinha dias que eu nem saia da cama e não falava com ninguém, e hoje era um deles.

Daqui a dois dias é a colheita e eu não sei o que fazer.

POV Peeta

Eu não sabia o que estava acontecendo com a Kat, e não aguentava mais vê-la desse jeito. No começo eu até engolia a história dela, de que ele passava mal por causa dos Jogos se aproximando, só que não era para tanto, tinha dias que ela ficava trancada no quarto sem falar com ninguém, e isso me preocupava. Eu havia percebido que a mãe dela sabia o motivo, mas por mais que eu insistisse, ela não me contaria.

Então teria que ser do meu jeito.

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- Kat? – chamei e me deitei ao seu lado, a puxando para mim. – Você não vai me dizer mesmo o que está acontecendo?

Seus olhos estavam cheios de lágrimas e algumas começaram a cair.

- Não, não chore – sussurro – eu estou aqui.

As lágrimas começam a cair mais rapidamente, e eu beijo todo o seu rosto, limpando elas no caminho.

- Peeta... – ela parece meio desesperada para começar a falar o que quer que vem a atormentando, só que eu a interrompo.

- Fique calma, ok? – ela assente e respira fundo, e eu lhe dou um beijo – Pode falar.

- Eu não sei o que fazer, há muito medo aqui. Em mim. Eu tinha começado aceitar que eu iria para essa arena, correr o risco de te perder de novo, nunca mais ver a minha irmã, a minha mãe, a Pearl, mas agora... – ela tenta continuar e uma nova onde de choro a toma.

- Elas vão ficar bem, quer dizer da forma que se consegue ficar bem no nosso Distrito. – começo a dizer só que ela não para de mexer a cabeça negativamente.

- Você não está entendendo, isso não é sobre elas, pelo menos não agora. Isso é sobre ele. – e ela coloca a minha mão em sua barriga.

Por um momento eu não entendo nada, mas depois a forma meio arredondada que a sua barriga se encontra, me alerta sobre o que ela fala.

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- Você está... – lágrimas caem do meu rosto e um sorriso desponta em meus lábios.

Mas aí eu lembro em que situação nós estamos. O primeiro sentimento é raiva, de tudo que nos acontece e não nos deixa ter uma vida normal. Só que depois vem a culpa, eu entendo o motivo de tanto choro e angustia da Kat, e isso também enche a minha mente. Impotência também faz parte dos meus sentimentos nesse momento, eu não podia tirá-los dessa.

- O que nós faremos? – questiona e eu volto a abraça-la

- Nada, nós não podemos fazer nada. – digo e percebo que lágrimas também caem dos meus olhos.

- Não, não pode ser assim. – ela diz sussurrando – Por favor Peeta, me diga que eu não vou ter que entrar naquele lugar e não dar a chance do meu filho nascer. Isso não pode estar acontecendo, não pode.

O meu coração é destruído quando ouço o tom desesperado da Kat, ela não tem saída, eu também não. Nós estamos condenados e nosso filho está indo junto. A sorte nunca vai estar a nosso favor.

- Eu queria poder te deixar fora disso tudo Kat, mas eu não posso. – sussurro – Por que você não me disse antes?

- Eu não ia conseguir, eu estou com medo. – diz

- Eu também estou, você está de quantos meses? – pergunto enquanto a minha mão passeia pela sua barriga.

- Quase quatro. – fala

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Eu levanto a sua blusa, fazendo com sua barriga que está um pouco maior e com um formato arredondado apareça. Não contenho a vontade de beijar a sua barriga e apoiar a minha cabeça nela. Era o meu filho com a Kat, eu me permiti ficar um pouco feliz por ele estar aqui, sem preocupações, sem medo de Jogos, nem de morte. Eu me permiti ser pai do pequeno serzinho que estava crescendo.

- Olha só pequeno, eu quero muito que você cresça, e quero dizer que sinto por tudo que você vai ter que passar mesmo antes de nascer. Eu amo muito a sua mãe, e amo muito você também, por isso se quando você nascer eu não estiver aqui foi porque eu escolhi salvá-los ok? E não se importe, não se sinta culpado, nem triste por nunca ter conhecido o seu pai, você tem uma irmã linda, que vai te dizer o quanto eu os amei e a mamãe vai ajudar. – nessa hora eu já chorava – E não pense que eu fiz isso porque quis, eu fiz isso porque é necessário. Eu quero que você viva, que tenha a chance de crescer e ser feliz, mesmo que sem mim.

- Peeta... Você sabe que isso nunca vai funcionar, eles nós querem mortos. – a Katniss diz

- Não, o Haymitch... – eu me lembro da nossa conversa e de como ele parecia saber de algo a mais – Vamos nós temos que conversar com ele.

POV Katniss

Eu ainda chorava enquanto o Peeta me arrastava até o Haymitch, mesmo dividindo tudo com ele eu me sentia pior, eu sabia que ele não descansaria enquanto não achasse uma forma de me tirar da arena. E isso me preocupava, qual o preço que ele pagaria por isso?

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- Vamos Haymitch abra essa porta. – o Peeta dizia enquanto batia quase que desesperadamente nela.

- O que é garoto? – o Haymitch parece muito irritado, mas quando vê as nossas expressões ele se desarma – Quem foi que morreu?

- Quem vai morrer? É a pergunta certa a ser feita. – o Peeta fala enquanto me puxa e entramos na casa.

- Como assim? É sobre a arena de novo, eu achei que as coisas estivessem se ajeitando com vocês treinando e tudo mais. – o Haymitch diz.

- Sim, é sobre a arena. E nada está resolvido por que... – o Peeta suspira, mais lágrimas caindo dos seus olhos – A Kat está grávida.

O Haymitch está em choque, é o que eu acho já que ele não faz nada por pelo menos um minuto.

- Que droga garoto. – ele joga a garrafa que segurava na parede – O que vocês têm na cabeça? Não é o suficiente deixarem uma criança aqui fora, correndo o risco de ficar sem um, ou sem os dois pais. Agora levam uma para dentro da arena.

O seu grito e suas palavras verdadeiras, me fazem chorar ainda mais, não há nenhuma esperança para nós, nenhuma chance de sair dessa. Nós ficamos calados e o Peeta chora em silêncio também, não há como retrucar. Ele parece arrependido quando vê as nossas expressões.

- Me desculpe, devo imaginar que é cem vezes pior para vocês. – ele diz

- Haymitch, não há nada que você possa fazer. – o Peeta começa – Você prometeu não foi? Disse-me que independente de

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qualquer coisa a tiraria de lá. Só que agora você tem que salvá-los os dois, por favor, me diga que você tem uma chance.

A voz do Peeta é tão suplicante que até eu faria o que ele estava pedindo se não me envolvesse. O Haymitch pareceu desarmado com suas palavras, e suspirou.

- Eu vou tentar garoto, prometo que vou tentar. – o Peeta quase sorri e levanta.

Ele abraça o Haymicth com tanta força que parece que vai quebra-lo.

- Obrigada Haymitch. – o Peeta diz.

Duas últimas lágrimas caem dos meus olhos e eu não me sinto bem, a minha mão vai para minha barriga. Eu amo esse bebê, e a pior coisa que eu vou ter que fazer na vida é entrar naquela arena.

The odds are never in my favor.

A sorte nunca está a meu favor.

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Se na colheita do ano passado a atmosfera estava extremamente gélida, hoje, apesar de o dia estar quente e abafado, era dez vezes pior. Não havia um som sequer enquanto éramos colocados nos nossos lugares, eu estava sozinha e o Peeta com o Haymitch. Eu não queria olhar para ninguém, mas eu encontrei olhos conhecidos, a Madge, Gale e Delly, eu havia falado com eles, e não havia sido fácil. Estavam todos tentando parecer confiantes, só tentando.

A minha mãe e a Prim não haviam chorado, eu agradecia, era estranho perceber que eu não precisava mais ser a forte, elas me ajudavam agora, tinham forças próprias, e ao mesmo tempo que eu gostava eu sentia medo, porque se isso aconteceu foi por causa dos Jogos, da nossa vida e da minha decisão de passar por cima do Capitol, junto com o Peeta. O Peeta foi falar com o Sr. Mellark sozinho, eu sabia que eles precisavam conversar, ele voltou com os olhos vermelhos, mas com um sorriso verdadeiro e eu soube que foi o certo. Depois eu levei a Pearl ao Sr. Mellark e falei com ele, eu o agradeci pelo Peeta, e ele me disse que eu fui a melhor coisa que aconteceu na vida do seu filho. Eu também voltei com os olhos vermelhos, mas o sorriso era muito maior.

Nós estávamos aqui, na situação que eu pensei que nunca mais teria que passar só como mentora, e nem por vontade própria. Eu não queria ouvir o meu nome ser chamado novamente, o do Peeta também não, mas independente de qualquer coisa nunca o nome do Haymitch, não por motivos nobres, se ele fosse chamado o Peeta iria se voluntariar, mas e se fosse o Peeta, será que o Haymitch se colocaria no lugar dele. Eu acho que o Peeta o odiaria por isso, acho que também não é justo eu querer isso.

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Não com o Haymitch, ele tem mais chance de nos salvar do lado de fora, do que dentro.

Effie Trinket, agora com uma peruca dourada, se arrasta até o globo das meninas relutando em pegar o único papel que tem ali. Eu sei que uma lágrima cai dos meus olhos, e dessa vez eu não me importo nem um pouco.

Katniss Everdeen.

Eu vou para o meu lugar e espero ele caminhar e tirar o outro nome.

Haymitch Abernathy.

Ele nem pisca e o Peeta já se voluntariou, eu estou em seus braços assim que ele sobe no palco.

Não há despedidas, eles simplesmente nos leva direto para o trem, não se vê fotógrafos, nenhuma pessoa, só Effie e Haymitch que aparecem escoltados por Pacificadores. É diferente, não posso dizer que ruim, eu não gosto de todas aquelas pessoas estranhas, mas eu queria falar com a minha filha novamente, um beijo, um último abraço. Nós havíamos passado a noite juntos, eu, o Peeta e ela, eu não consegui dormir, eu a olhei a noite toda. Eu sentiria saudades dos seus cabelos tão parecidos comigo, com seus olhos azuis, que escureciam com o tempo. Sentiria saudades dela.

- Eles dizem que devemos escrever cartas. – o Peeta diz

- Cartas? – sussurro – Eles tiraram o último momento que eu tinha com a minha filha e querem que eu escreva uma carta?

- Eles a entregarão se for preciso ser entregue. – suspira – É como se fosse uma lembrança nossa.

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- Isso não deixa mais fácil. – digo

- Eu sei. – ele diz e eu vou para o quarto.

Não há mais lágrimas, eu não vou me permitir chorar mais por eles, por causa da Capitol, talvez pelo meu filho, pelo Peeta, mas nunca pelo Capitol. O Peeta não aparece no quarto por um tempo longo, e quando aparece ele me chama para comer, e eu não sei se quer fazer isso com todos.

- Será que eu poderia comer aqui? – questiono

- Claro que pode, mas você sabe o que a Effie acharia. – ele diz parecendo se divertir.

Sim, ela ficaria horrorizada com os meus modos grosseiros, eu percebi que isso também me divertia.

- Bom, então não vamos irritá-la. – digo me levantando – Vamos lá.

Ele segura a minha mão, e me olha longamente.

- Você esteve aonde? – pergunto.

- Eu imaginei que você queria ficar sozinha. – diz

Suspiro, era bom ficar sozinha, principalmente nesse momento, mas tinha passado a hora de sofrer, de chorar, amanhã nós estaríamos na Capitol e nada mais importava, eu seria forte e se fosse para morrer, morreria lutando. E levaria o Presidente Snow junto.

O jantar estava sendo silencioso, o que era estranho já que tínhamos o Peeta e a Effie na mesa, eles até tentaram mas o Haymitch estava com um humor negro demais para falar, e eu era normalmente silenciosa.

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- Eu estava pensando, a Katniss tem o seu tordo, eu agora tenho esse belo cabelo dourado. Então eu acho que consigo uma pulseira para o Haymitch e uma tornozeleira para o Peeta. O que acham? – diz Effie

Isso seria até engraçado se o tordo não fosse o símbolo da revolução, se ele não fosse tão mal visto pelo Presidente e se o Capitol já não estivesse cheio deles. Era uma ideia que eu certamente esperaria da Effie e não veria com maus olhos, porque ela sempre é assim, tão centrada em tudo que acredita e sem enxergar nada mais que sua vida perfeita na Capitol, sem se afetar por tanto tempo com o que acontecia nos jogos até nós chegarmos. Nós erámos seus queridos e só por isso talvez sua concepção de perfeição da Capitol tenha ruído um pouco, mas não o suficiente.

- Seria legal Effie. – digo simplesmente.

- Tanto faz. – o Haymitch solta, ele tem estado mais mal humorado com todos porque não pode mais beber.

Depois disso, a conversa foi totalmente abolida, ainda tinha todo o processo de assistir as colheitas, mas eu não sabia se queria realmente ver com quem eu teria que lutar, só que o Peeta se decidiu por mim e me arrastou dizendo que quanto antes nos conhecêssemos eles, melhor. Ele pegou aquele seu caderno para fazer as anotações e a cada candidato a mais que era escolhido eu me perguntava como venceríamos.

A não ser por Effie ninguém realmente comenta nada sobre os Tributos escolhidos, e poucos deles ficam na minha mente. Tem aqueles dois irmãos do Distrito 1, Brutus do 2, que se voluntariou. Havia o que parecia um modelo, Finnick Odair, bonito demais para matar tão facilmente. Há uma menina

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chamada para fazer par com ele, mas uma senhora, Mags eu acho, se voluntaria por ela. A pior com certeza é Johanna Mason, com toda a sua carinha de inocente, que se transformou e matou todos com um machado. A uma mulher morena, Effie disse ser Cecelia, ela tem três crianças presas a ela, e eu não me esqueço de Prim e Pearl, um do 11, que eu conheço por ser amigo do Haymitch.

Depois somos nós, eu sou chamada depois Haymitch, e o Peeta se voluntaria, a toda a cena de nós abraçados e como os apresentadores quase choram com a nossa volta para a arena, e aparentemente nós nunca teremos sorte. É tudo muito ridículo para mim.

O Haymitch ainda não parece pronto para um dialogo e vai embora, a Effie vai logo depois de algumas palavras e então ficamos só nós. Eu sei que provavelmente tentar dormir é a pior coisa que poderíamos fazer, e o Peeta também sabe disso, por isso ele só me abraça forte e ficamos ali.

- Eu escrevi. – ele diz do nada.

- Escreveu o que? – indago

- A carta, provavelmente não vai mudar nada mais, é um pedaço de mim sabe. Algo que não vai poder ser tirado de você depois de tudo. – sussurra – Igual às lembranças.

Eu queria gritar com ele, de verdade, por ele ainda ter alguma esperança de que eu sairia de lá, depois que eu vi os tributos escolhidos, eu sei que esse Quarter Quell foi criado para matar. Os dois. E quem mais viesse com a gente. Mas eu fiquei quieta, essa carta podia ser dada a Pearl, e eu sei que ela consideraria

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como minha também, eu não sou nem de falar, nem de escrever, ela entenderia.

Somos interrompidos por um criado do trem que nos traz leite quente com mel, ele parece meio perdido ao nos olhar, desconcertado até, mas sai sem dizer mais nada. Eu creio que não são todas as pessoas que pensam nesses jogos como algo incrível. Eu pego uma das xicaras e começo a beber, agradecendo por algo quente que talvez me traga um sono de verdade. Nós desistimos de ficar na sala e vamos para o quarto.

Não é como se eu quisesse dormir, mas o Peeta está ali, se eu tivesse um pesadelo ele me acordaria e vice-versa, então me deixei levar pelo sono. Eu sabia que não havia passado muito tempo e que eu já estava acordada novamente, o Peeta também, nem sei se ele realmente havia dormido, não é como se nós tivéssemos escolha.

- Eu queria deixar de pensar o quanto tudo isso é horrível, e em como tudo isso acaba, mas é quase impossível. – digo – Não é como se desse para aproveitar os últimos momentos aqui, em casa era mais fácil.

- Parece que mesmo quando nós ainda estamos no trem nós já estamos nos Jogos, qualquer erro e as coisas parecem que podem piorar. – era verdade.

E podiam. Não era como se eu não gostasse deles, mas eles choraram tanto durante toda a manhã, que eu meio que quis expulsá-los algumas vezes, Flavius, Venia e Octavia, eles não facilitaram a minha vida. E é horrível ter que confortá-los quando quem teria que estar desolada era eu. Enfim o Cinna aparece e não nem vestígios de água, eu acho que me afogaria se continuasse da mesma forma.

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- Eu espero que você não esteja querendo chora, se estiver, por favor, saia. – digo antes que ele possa abrir a boca.

- Não vai precisar, eu normalmente canalizo as minhas emoções para o meu trabalho. – ele diz e me abraça.

Nós almoçamos e eu me esqueço da minha manhã úmida, eu estou curiosa sobre a minha roupa.

- O que será dessa vez? – questiono – Fogo?

- Quase isso.

Chega a hora em que eu tenho que me vestir e o Cinna faz isso sozinho, meu cabelo é trançado como normalmente, ele usa uma maquiagem mais marcada do que normalmente, com tons mais escuros, a roupa é uma macacão preto que me cobre inteira e novamente ele me deixa no escuro sobre o que ele faz.

- Quando estiver pronta, aperte isso. – indica um botão no meu pulso – Nada de sorrisos, acenos, nem nada do tipo, só olhe para frente e finja que ele não existem.

Isso era ótimo, eu não teria mais que fingir que amava estar ali.

Eu sigo para o Centro de Treinamento e eu não encontro nem o Haymitch nem o Peeta, então eu só fico ali, olhando o cavalo e o alisando às vezes.

- Oi, Katniss. – eu me viro e vejo Finnick Odair, seus olhos verdes e um mastigar ruidoso.

- Finnick?! – exclamo, eu estava quase corando, ele está praticamente nu.

- Quer um cubo de açúcar? Era para os cavalos, mas quem se importa. – pergunta.

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Muitas garotas desmaiariam por estar ao lado dele, depois que ele ganhou os jogos com 14 anos, ele vivia cercado de privilégios do Capitol, um pouco parecido comigo e com Peeta, só que ele gostava, nós não.

- Não, mas mesmo assim obrigada. – digo – Sua roupa está espetacular, entretanto.

- E você mudou muito, cadê as roupinhas de menina? – diz

- Oh bom, eu resolvi mudar um pouco. – falo simplesmente e lhe dou o meu melhor sorriso mistério.

- Sim, essa coisa com o Quell, você e o Peeta com certeza teria se dado muito bem na Capitol. – não se a gente não quisesse.

- Eu tenho mais dinheiro do que preciso. – digo

- Mas quem está falando de dinheiro? – exclama

- Não? – indago

- Eu falo de segredos, todo temos segredos, - ele chega perigosamente perto - até a garota em chamas, não?

- A minha vida é um livro aberto. – apesar disso, eu coro.

- Creio que seja verdade. – eu acho que ele não se afastaria se o Peeta não tivesse chegado.

- Finnick Odair? – questiona

- Ah olá Peeta, bem eu já vou indo. – ele diz e vai saindo.

- O que ele queria? – seus olhos cintilam com algo parecido com raiva.

- Algo como descobrir os meus segredos. – os olhos do Peeta cerram – O que foi?

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- Nada só... Foi só isso mesmo? – questiona olhando o Finnick de longe.

- Bem, e o que mais seria? – olho para ele em busca de alguma dica do porque de tanta desconfiança.

- Não sei, ele usa sempre tão pouca roupa? – sua voz dessa vez sai malvada e eu rio – Qual foi a graça?

- Você está mesmo com ciúmes? De Finnick Odair? – olho para ele divertida.

- Ok, é meio idiota. – ele sorri e seu olhar volta ao normal – Eu já te disse o quanto você é bonita Kat, e com toda essa coisa da Capitol fica mais ainda, de um jeito diferente. Finnick Odair é bem conhecido pelo seu charme.

- Sim, mas ele não me interessa, você bem sabe. Na realidade eu o acho bem ridículo. – digo – Agora vamos, eu quero saber o que essa roupa faz.

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Eu posso dizer o quanto me sinto superior a todos eles nesse momento, o quanto eles nos acham fantásticos, o quanto a Portia e o Cinna surpreenderam, mas eu acho que ninguém entenderia. Primeiro que para entender eles teriam que estar nos Jogos e ninguém quer isso, e depois ninguém sabe como é estar nessa roupa, ninguém sabe o que ele realmente significa para as pessoas que estão nos Distritos, eu sou a garota em chamas, nós somos os amantes desafortunados, nós representamos a esperança para eles, e isso é tudo.

Enfim, a roupa que o Cinna criou é fogo, puro fogo, nós somos como carvões queimando na lareira. E isso deixa todos admirados, e o melhor eu não preciso acenar, nem sorrir, nem gritar para eles, eu sou melhor que isso tudo. Eles não me importam, somos nós que vamos morrer, tivemos a chance de sairmos vivos e voltamos para a arena, era isso que a roupa mostrava. Nós cansamos de ser bons e agora vamos acabar com o Capitol, e o melhor era que o único que sentia medo disso era o Presidente.

Eu consigo sentir o seu olhar de raiva mesmo de tão longe, ele esperava nos fazer sentir medo, mas o que aconteceu foi o contrário, pelo menos agora eu estava decidida a me sentir, não feliz, mas conformada. E eu não podia me sentir melhor por isso.

Quando voltamos ao Centro de Treinamento, o Cinna e a Portia sorriam felizes, e o Haymitch estava com a casal do 11, ele havia desfilado com eles. Ele agora se aproximava sendo seguido pelo casal. O Peeta me ajudou a descer.

Eles são Chaff e Seeder, ele não tinha uma das mãos, ela assim que se aproxima me abraça. Eu não me surpreendo, ela é do 11, do mesmo Distrito de Rue, a minha pequena Rue.

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- Eles estão bem? – sussurro

- Sim. – eu sei que ele quis dizer que estão vivos, mas eu não tenho a chance de saber se eles estão recebendo os mantimentos que prometemos.

Assim que ela me solta o Chaff coloca o seu braço sobre mim, e me beija, não na bochecha, nem na testa, mas na boca. Eu fico chocada demais para reagir, mas o Peeta não, ele o puxa para longe de mim e quase o soca, só que o Haymitch não deixa. O Chaff não parece abalado já que começa a rir e o Haymitch também, felizmente os atendentes da Capitol nos guiam até o elevador, porque eu acho que o Peeta estava disposto a dar o soco no Haymitch. Eu agarro a mão do Peeta e penso em abraça-lo para diminuir a sua raiva, só que um cocar quase me atinge e eu me viro para ver o que acontece.

Johanna Mason, do 7, distribuidor de madeira e papel, por isso ela está vestida de árvore. Ela não parece feliz com a sua roupa.

- Não é ridículo, eu creio que há 30 anos nós somos árvores. Eu queria ter pegado o Cinna, você está fantástica. – diz desgostosa.

- Oh, obrigada. Ele recentemente tem me ajudado com a minha linha. – minto, já que a linha é totalmente dele. Eu sou péssima e continuarei sendo, em moda.

- Eu tenho alguns de seus vestidos. – eu estou prestes a mudar a minha concepção sobre ela – Aquele vestido que você usou no Distrito 2, tão maravilhoso que eu queria rasga-lo das suas costas.

Isso me faz continuar a achando louca, isso e o fato de que ela começa a tirar a roupa. Exceto as sandálias, ela fica

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absolutamente nua. E isso me irrita profundamente, eu olho o Peeta e ele parece chocado, se a situação não fosse incomoda eu até riria da expressão dele, mas tinha uma mulher nua na frente do meu marido, isso não era legal.

Então ele me olha e cora, e enquanto nós subimos, ele não tira os olhos dos meus e eu acho isso ótimo, porque eu também não consigo encará-la sem corar, isso é vergonhoso. Ela tenta puxar uma conversa com ele, mas ele a responde rapidamente e tenta fazer isso sem olhá-la. Quando todos saem, eu o sinto suspirar de alivio.

- Eu achei que ela nunca fosse embora. – ele diz e eu solto um risinho. – Isso não é engraçado.

- Realmente não é, mas eu prefiro pensar que sim. – digo e ele assente.

A porta do elevador se abre e o Haymitch está com uma carranca, e eu imagino que ele não deva estar feliz pelo Peeta quase ter batido no amigo dele. Mas ele está olhando para trás de nós. E eu me viro, curiosa.

Há a garota avox ruiva só que ela está com um garoto, também ruivo, mas eu o conheço. Darius. Ele que tentou ajudar o Gale, e por isso havia virado avox, condenado a passar o resto da vida sem falar, mas ele não parecia realmente triste, não enquanto eu o via com a mão colada na da avox. E eu não podia fazer mais nada por ele, se o Gale o visse... A minha concepção do Capitol ficava cada vez pior.

Eu sinto a mão do Peeta apertando a minha, com medo de que eu faça algo, mas o que eu faria, lutar sim, com certeza eu lutaria para isso não continuar acontecendo, eu sabia o porque de ele

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estar ali, e isso me dava mais raiva, ele nunca fez nada, não de errado. E o que eu faria, se eu fosse falar com ele o que ele me diria, nada, ele estava sem língua, não podia mais falar. Fora que com certeza ele seria punido por isso, então eu me solto do Peeta e vou para o meu quarto.

Eu fico no escuro e o Peeta se junta a mim, ele não fala nada só fica ao meu lado, eu me viro e o abraço, a Effie nos chama para jantar e eu continuo em silêncio, eu me troco e ele também, e eu passo o jantar inteiro voando, quer dizer, há um momento em que eu prendo meus olhos aos seus e tento passar tudo o que não posso dizer, ele assente. Eu não consigo me obrigar a ficar e assistir os desfiles, então simplesmente desejo boa noite a todos e vou para o quarto. Eu me enfio no banheiro e tento ficar o máximo de tempo embaixo da água quente, e quando saio o Peeta está lá.

- Oi.- digo a ele e me sento ao seu lado.

- Olá. – ele agarra a minha mão. – Venha, eu consegue um lugar para pintarmos.

Eu sorrio para ele.

- Aonde? – questiono

- Meu antigo quarto. – ele fala em frente à porta.

Lá dentro tem várias telas, algumas já prontas outras em andamento e algumas brancas. Havia sobre a campina, o pôr do sol lá do Distrito, tinha uma da Rue com a flor que eu colhi para ela, a mais bonita era a da Pearl dormindo, seu cabelinho preto caia livre no travesseiro, sua boca formava um bico lindo, ela estava serena, como eu amaria estar com ela agora.

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- Ohh... – exclamo quando vejo uma pintura nova do Peeta, ele estava meio pintada, mas dava para ver o que era.

Eu, grávida, não da Pearl, do nosso filho que ainda está na minha barriga, a Pearl está do meu lado com sua mãozinha na minha barriga e uma lágrima cai do meu rosto, não sei se de tristeza ou alegria.

- Bom, é assim que eu te imagino daqui a alguns meses, eu gosto de pensar que você estará bem. – ele me abraça e uma das suas mãos está na minha barriga, assim como a minha.

- Está lindo Peeta. – tento não chorar – É essa que você quer que pinte?

- Não, me desculpe Kat, mas você acabaria estragando ela. – eu nem fico mais tão chocada, ele já me disse algo assim antes. – Vamos fazer algo novo, mais fácil.

- O que então? – pergunto

- Escolha. – diz

- Que tal uma flor, parece fácil. – digo

- É, boa escolha. – eu sorrio por ter acertado e ele prepara uma tela, não muito grande, para mim. – Vamos, primeiro nós vamos usar o verde.

Ele diz e me dá, eu percebo que tem outro tela ao lado da minha para ele.

- Eu faço o que primeiro? – pergunto

- Primeiro você desenha o que quer pintar, para quem não sabe é mais fácil. Hoje em dia eu posso pintar direto, mas no começo não. – fala.

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Então eu tento, e por algumas horas eu não penso em nada que não seja, como meus traços são desastrosos e como eu consigo tremer tanto a minha mão borrando um pouco a pintura. No final eu tenho um projeto de flor vermelha, presa na grama verde que foi o mais fácil de fazer. E o Peeta... Ele fez quase um jardim, há várias flores de prímulas, e eu me lembro da minha irmã e da sua alegria.

- Por que você me chama para pintar se na primeira oportunidade vai fazer algo dez vezes melhor? – falo e ele ri.

- Me desculpe, é força do hábito, quer fazer outro? – questiono e eu digo que não. – Quer dormir?

- Não, porque você não termina de pintar o outro quadro. – sugiro e ele aceita.

Eu continuo sentada num dos bancos, e quando vejo estou bocejando, pintar realmente cansa, e eu estou parecendo a Pearl coçando os olhos os forçando a ficar abertos. O Peeta percebe.

- Vamos, eu acho que ainda dá para você descansar um pouco. – diz e eu não discuto.

Na cama, me abraço a ele, e durmo rapidamente.

Sou acordada por um Haymitch irritado batendo na porta, nos gritando e dizendo que temos cinco minutos para aparecer no café.

- Não me importa se vocês passaram a noite namorando e não conseguem acordar cedo, nós temos coisas a fazer aqui. – é claro que eu coro.

Eu reparo que ele está com a pulseira que a Effie sugeriu. Apesar de ele parecer irritado com ela, não parava de mexer nela.

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- Nós estamos aqui agora Haymitch, o que você quer? – o Peeta questionou.

- Eu quero que vocês, hoje no treinamento, tentem fazer amigos. – ele diz

- Como? – indago

- Aliados, eles todos se conhecem, nem que seja um pouco, os primeiros alvos serão vocês. O melhor a se fazer é se junta com alguns deles. – explica

- Haymitch alguns minutos de conversa não os farão nossos amigos. – digo

- Eu sei, mas vocês são os queridos agora, e são fortes, muitos deles admiram vocês por terem enganado a Capitol e terem ganhado os jogos juntos. – diz – Você tem chance para eles.

- E o que faríamos? Juntar-nos-íamos aos Profissionais? – pergunta o Peeta

- Poderia ser, e eles são escolhidos antes dos Jogos, por isso que vocês tem que se mostrarem amigáveis. – diz

- Você quer que eu me junte ao Finnick? Ao Chaff? É isso que você está me dizendo? – o Peeta não está feliz.

- Bom, qualquer um seria uma boa opção, mas eu não descartaria o Finnick. – ele diz parecendo não se importar com as desavenças pessoais do Peeta – Só escolham alguém que tenha algo a oferecer a vocês, que o ajudem a passar pelos primeiros dias dos Games, depois você seguem sozinhos.

Nós dizemos a ele que tentaremos, mas não é realmente a verdade.

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Nós tentamos nos manter juntos e sempre conversar com alguém, mas eu evito a Johanna – depois que ela ficou nua novamente - e o Peeta não suporta a ideia de falar com o Finnick – não depois de ele claramente fazer algumas coisas para chamar a atenção - ele consegue falar com o Chaff – que não me beija novamente e parece até ser legal sóbrio - depois que o Haymitch insiste muito. Eu gosto da Mags, a senhora que se candidatou no lugar da menina do Distrito 4, há Beetee e Wiress – eles me ensinaram algumas coisas interessantes - também, que são apelidados pela Johanna por porca e parafuso.

Eu conheço também os tributos do 8, Cecelia – a mulher dos três filhos – e Woof ele é um homem realmente velho, também falo com os irmão do 1, eles são educados, mas eu lembro como eu matei a Glimmer e o Marvel, e não consigo levar isso em frente. Enobaria me dá medo e eu nem me aproximo. Entra tudo isso eu me divirto treinando arco e flecha e o Peeta luta com alguns dos tributos masculinos, derrubando alguns deles com facilidade, é engraçado por que eu fico torcendo por ele, e os outros tributos femininos torcem contra, eu acho que é o único momento em que parecemos meio unidos. No fim, quando eu digo ao Haymitch que os únicos que eu realmente aceitaria são Mags e o casal do 3, ele quase tem uma sincope e desiste de nós.

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Só sobramos nós na sala de jantar agora, esperando para sermos chamados e nos apresentarmos aos Gamemakers. Cada um que foi chamado não parecia realmente indeciso sobre o que fazer, todos com muita determinação até os que claramente não tem chance nenhuma de viver, eles não têm mais medo, o que mais de ruim pode acontecer com eles, nada. O Capitol já destruiu as suas vidas o suficiente, mesmo os que não deixam isso aparecer.

- Nós realmente temos alguma chance de mata-los? – questiono ao Peeta.

- Eu não sei. – diz

- E como o Haymitch pode pensar em nos fazer de aliados? – suspiro – Eu não consigo me imaginar matando eles sem os conhecer, imagina conhecendo. Isso não dará certo como da última vez, com a Rue, eu nunca conseguiria mata-la.

- Todas essas mortes são tão... – começa o Peeta.

- Desprezíveis. – ele assente.

Ele é chamado e eu fico só, imaginando o que eu realmente posso fazer, não algo como no ano passado, já que eles colocaram uma proteção a frente dos Gamemakers. E então o que me sobra, talvez eu só faça algo como Mags, tire um cochilo. Só que se passa muito tempo e eu começo a ficar preocupada, o que será que o Peeta está fazendo?

Quando me chamam, a atmosfera está estranha, parece que o local foi recentemente limpo e há algo coberto no meio da sala, algo que o Peeta fez, mas nós não podemos saber então claramente eles estão escondendo.

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E claramente o Peeta conseguiu aborrecê-los, e como eu faria a mesma coisa, porque seria interessante mostrar que nós não somos os únicos atingidos pelo poder do Capitol, faça algo de errado e você também estará na mira.

Como Katniss?

Eu reparo numa pessoa que claramente me ignora, Plutarch, a quanto tempo ele sabia, desde quando ele imaginava que eu seria arrastada para cá novamente, há muito tempo, desde a nossa dança, da sua forma simpática de me tratar e se mostrar admirado. Claro que sim, porque outro motivo ele me falaria da sua reunião. O que tiraria o seu poder, o que o assustaria, do que ele tem medo?

Eu sei exatamente o que fazer rapidamente eu pego uma corda e me esforço para lembrar como se faz um nó, pego uma dos manequins e o penduro, com o pescoço envolto pela corda, numa posição de enforcamento. As tintas que o Peeta usou ainda estão aqui, eu pego a mais vermelha de todas e escrevo.

SENECA CRANE.

E os deixo ver, eu quase rio, alguns caem, outros gritam, taças se quebram, e Plutarch está com uma fruta amassada na mão.

- Pode sair Senhorita Mellark. – eu lhe dou um sorriso inocente e saio.

Antes jogo os resto da tinta pelo ombro e sei que ele caiu diretamente no boneco, quando mais taças quebram. No elevador não resisto a uma gargalhada.

Encontro o Peeta no quarto, ele havia acabado de sair do banho, mas as suas mãos ainda estavam sujas.

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- O que você fez? – pergunto

- Eu pintei... A Rue. – diz – Depois que morreu sabe, eu me lembro de você ter dito que colheu umas flores para ela e que ela estava serena.

- Peeta, e por que você fez isso? – exclamo

- A nossa conversa antes sobre as mortes desprezíveis, eu me lembrei dela também e como ela não devia ter morrido daquela forma, eu quis responsabiliza-los, sabe? – explica e eu o abraço.

- Isso foi lindo, mas eu não acho que o Haymitch vá gostar. – digo

- Eu sei e você fez o que? - pergunta

- Eu fiz algo pior que você, bem pior na verdade. – sussurro – Eu pendurei Seneca Crane.

Ele arfa.

- Kat, você... – ele ri e eu suspiro de alivio.

- Eu fiquei com raiva do Plutarch sabe? Na festa ele agiu como se a minha vida seguiria como mentora e claramente já sabia de tudo, então eu não pensei. – digo

- Bom, mas eu acho que você devia poupar a Effie, ela vai morrer se souber o que fizemos. – diz e eu concordo.

- Eu vou tomar banho e vamos jantar. – digo e agora ele que concorda.

...

- Você não vão falar nada? – o Haymitch pergunta depois de alguns pratos.

Eu espio a Effie e penso numa desculpa.

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- Eu não tinha nada realmente para fazer, então eu só fiz algo com camuflagem. – o Peeta diz e se sai muito bem, já que as sua mãos estão sujas de tinta.

- E eu... Bom não tinha realmente nada para fazer, então atirei algumas flechas, mas nada impressionante. – tento mentir, mas eu creio que o Haymitch não acreditou.

A Effie tinha saído antes das notas serem mostradas e o Haymitch me encarou.

- Pode falar o que você fez agora? – diz.

- Eu pendurei o Seneca Crane. – ele se engasga.

- Você... – ele não tem tempo de falar nada.

- E eu pintei a Rue. – o Peeta diz.

- Vocês dois se merecem, dois idiotas. – ele diz e a Effie chega interrompendo a bronca.

Os tributos dos Distritos Profissionais tiram notas altas, os outros na média.

- Eles já deram zero? – pergunto quando chega à vez do Peeta.

- Não, mas eles sempre surpreendem. – o Haymitch diz com um tom amargo.

Eu acho que seria melhor se fosse um zero.

- Doze? – a Effie grita.

- O que? – o Peeta exclama.

- Eles realmente querem você mortos. – o Haymitch diz – Eu vou pro quarto, não consigo olhá-los nem por mais um minuto.

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- Ele está irritado. – não é uma pergunta.

- É... Bom, pelo menos a Effie não descobriu tudo. – o Peeta diz – Seria trágico.

- E o que nos faremos? – pergunto

- Sobre o que? – indaga

- Ele está irritado. – digo como se fosse obvio.

- Isso vai passar, ele não pode ficar com raiva por muito tempo, aliás, nós não temos tempo. – eu o olho.

- E o que faremos com o nosso pouco tempo? – pergunto

- Eu gostaria de dormir, de verdade. – ele diz e eu dou risada.

- Então vamos Sr. Mellark.

...

Hoje é o último dia, e já começou úmido, a Octavia nos viu juntos e desandou a chorar, Venia felizmente a expulsou do quarto. O Peeta tem que ir, e eu fico com a minha equipe num silêncio sepulcral. Nada de conversas sobre a última festa em que foram ou a nova moda do Capitol, agora eu até preferia toda essa besteira. Depois de um tempo o Flavius também começa a chorar, e eu fico só com a Venia. Mais silêncio.

Ela se esforça para ser rápida, por estar sozinha, e o Cinna aparece, e então ela fala comigo.

- Nós gostaríamos que você soubesse que foi ótimo fazer com que você ficasse linda. – ela diz e sai correndo.

Isso doí, mais do que deveria, porque eu sei que eu não vou voltar e pelo visto, todos os outros também.

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- O que temos para hoje? – pergunto, eu não posso me deixar abalar mais.

- Bem, eu tive que fazer alguns ajustes, porque alguém aqui parece que engordou. – ele diz e eu coro.

Eu deveria saber que o Haymitch contaria a ele.

- Fora isso nós vamos seguir com a ideia da outra roupa. – diz

- Fogo? – questiono.

- Não, não fogo. A nossa garota cresceu, ela não é mais a menina doce e feliz que ganhou os Jogos com o amor da vida dela. Ela está com raiva, ela vai ter que voltar para o lugar que mais odeia, com a pessoa que ama e talvez morrer. Ela está de luto. – ele me mostra o vestido.

Nada de vermelho, mas preto e cinza, o vestido é obscuro e ainda há algo haver com chamas. Eu pareço com fumaça. Eu estou sombria.

- É fantástico Cinna. Vou precisar girar dessa vez? – pergunto

- Não, o resto do show é com você. – diz

Eu me visto e para minha surpresa a minha barriga não é escondida, mas só veria quem prestasse atenção ou já soubesse, afinal eu estava de 4 meses, não era como se minha barriga fosse muito grande.

Encontro-me com os outros e o Peeta está esplendido, com seu smoking preto, destaca seus olhos e os cabelos loiros.

- Hei, olha o que temos aqui. – ele diz e apoia a sua mão na minha barriga, claro que ele não deixaria de perceber.

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Eu acho que a Effie já sabe, porque ela não desmaia.

- Não diga nada sobre isso, eu acho que o Caesar não vai perguntar por que todos estão muito inflamados. Então os deixe mais curiosos. O resto você sabe Peeta. – o Haymitch avisa.

Nós seguimos e nos juntamos aos outros, eles nos dão uma segunda olhada, mas creio que seja por sermos os únicos tão claramente contra tudo isso.

- Vocês estão sombrios. – quem diz é Finnick e eu sorrio para ele.

Era isso o que queríamos.

Enquanto nos alinhamos, alguns vinham e nos davam tapinhas nas costas, como se pudessem nos consolar de alguma forma e – surpresa – Johanna se aproximou.

- Faça-o pagar, ok? – e ela não falava sobre os jogos.

Johanna Mason, a única que percebeu, logo ela.

Caesar Flickerman, estava de lavanda esse ano, parecia como sempre. Agora... Os tributos, estavam ou como nós ou pior, era claro como todos eles tinham raiva, e em todas as entrevistas falavam ou deixavam nas entrelinhas sua vontade de acabar com esses Jogos.

Cashmere, apesar de tudo, usa o próprio Capitol contra eles, dizendo que eles não aguentariam viver sem os vencedores que iriam morrer. Beetee questiona se o Quell é realmente legal, o Finick – ridículo – declara o seu amor através de um poema para uma mulher desconhecida, e algumas da plateia desmaiam. A cara que o Peeta faz é hilária.

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Seeder fala sobre o poder do Presidente Snow e como ele poderia facilmente reverter esse Jogos, e Chaff que vem logo depois, insiste nisso, mas conclui que o Presidente não deve achar isso realmente importante para alguém.

É a minha vez e depois de tudo isso, eu me questiono se eu posso explodir essa bomba que os outros vencedores construíram. Quando eu entro, eu sei que sim.

...

Há um silêncio, as pessoas me encaram abismadas, não é como se eles realmente visse a minha barriga, mas a minha roupa sim. Eu demonstro tudo o que estou sentindo em um vestido e eles sentem também. Não há mais uma família, amantes desafortunados, nada disso. O Capitol está destruindo tudo e eles sabem disso, tanto que um minuto depois começa o inferno.

Não a forma de falar, Caesar abre e fecha a boca umas cinco vezes e a minha entrevista está quase acabando quando ele tem a chance de me fazer uma pergunta.

- É claro que essa noite é emocionante, não podia ser diferente. – começa – O que você tem a dizer sobre isso?

- Eu queria dizer que foi bom você poderem ter participado da minha vida por um tempo. – tento parecer decepcionada, triste até, e busco alguma lágrima – E pedir desculpas por vocês não poderem ver a minha família aumentar.

Eles focam em mim e eu enxugo duas lágrimas que haviam caído. Depois disso, eu acendi o pavio da bomba. O Peeta só podia estourá-la de vez. Eles aplaudem tanto, a muitos que choram, outras que bradam com raiva, mas meus três minutos acabaram.

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O Caesar leva uns minutos para acalmá-los e chamar o Peeta, ele passa por mim e me abraça, a mais alguns gritos, só que acabam rápido.

- Você foi maravilhosa. – sorri para mim e eu o beijo.

O Caesar tem que acalmá-los novamente. Dessa vez não há realmente nenhuma graça, o Peeta não faz piadas e o Caesar vai para o que interessa.

- Não deve ter ido fácil saber do Quell? – pergunta

- Claro que não, é pior do que tudo que eu passei na vida. Passar todos esses meses vivendo bem e com a Kat, para depois saber que nós vamos ter que voltar para a arena. – ele está tenso

- Eu imagino. – o Caesar fala o que claramente não podia.

- Não, não imagina. Nós temos uma filha e você não deve saber como é sair de casa sem saber se vai voltar para ela. Se um de nós morrermos já é ruim o suficiente, imagine os dois, não vai sobrar nada para ela. Que é tão pequena que não vai poder lembrar os momentos que passamos juntos. – eu tenho que me segurar para não chorar.

- Wow, bom sim, você tem razão, eu não faço ideia. – ele parece abalado também – Mas pelo menos existiram esses momentos felizes, não?

- Sim, em parte, mas nenhum deles apaga o que nós trazemos para aqui. – eu quero saber aonde ele quer chegar.

- Como assim? – nem o Caesar segue o seu raciocínio.

- Há alguns meses atrás eu estava aqui e falei dos planos que tínhamos para o futuro. – o Peeta diz – Não esperávamos que

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tivéssemos que voltar para o Capitol para participar do Quell como tributos, não mentores. E seguimos com os planos e... Eu não posso acreditar em como tudo vai acabar agora.

Não é preciso realmente completar algo, mas...

- O que isso quer dizer? – instiga Caesar.

- Há um bebê Caesar. – ele diz.

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Eles gritam, jogam coisas, é impossível fazê-los parar.

Eu estou chorando, e quando o Peeta volta, eu me abraço a ele, escondendo o meu rosto em seu peito. Eu sei que ele também chora, e de repente todas as luzes se apagam e o Peeta me guia pela escuridão até o elevador, a Johanna tenta se juntar a nós, mas não consegue.

- Me desculpe ok? Eu não sabia se você queria que eu falasse isso, mas eu pensei que talvez eles pudessem desistir. – suspira

- Não tem problema, não é como se eles não fossem descobrir nos Jogos. – digo

Nós encontramos o Haymitch quando saímos do elevador.

- Bom trabalho garoto. Você criou uma grande confusão lá fora. – diz – Mas não é como se Snow fosse escutá-los.

- Nós sabemos Haymitch. – fica um silêncio enquanto assimilamos que será a última vez que o veremos.

- Obrigada Haymitch, por tudo. E agradeça a Effie também. – eu o abraço.

- Não há de quê docinho. – fala meio constrangido.

- Obrigado Haymitch, você fez muito pela gente. – o Peeta também o abraça.

- De nada garoto, - ele faz uma pausa – eu prometo tentar tirá-la da arena.

- Eu sei Haymitch, confio em você. – o Peeta diz e o Haymitch começa a piscar afugentando as lágrimas.

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- Fiquem vivos. – ele diz – Agora vão dormir, amanhã é um dia de emoções.

Nós já estamos indo para o quarto. Mas o Haymitch nos faz voltar.

- Na arena, lembrem-se quem é o inimigo. – ele diz e vai embora.

Nós passamos a noite completamente agarrados, eu não quero falar, ele também não fala. E o que nós diríamos que foram bons os momentos que passamos juntos, que eu o amava, que ele me amava, que nos lembraríamos para sempre um do outro. Não eu não quero ouvir isso. Não quero falar isso.

Assim nós vemos o dia amanhecendo, eu sabia que a qualquer momento o Cinna chegaria e o Peeta teria que ir embora e eu só o encontraria na Arena.

- Kat, eu... – suspira – Te amo mais do que eu pensei que um dia amaria alguém, e amo a nossa família também. Eu vou estar lá. E mesmo depois de... Bom, eu vou estar com você. Sempre.

Eu não queria chorar, não iria chorar mais, não por culpa do Capitol.

- Eu também te amo, e eu não vou te esquecer, nem que eu quisesse. – digo.

Cinna e Portia aparecem e eu não tenho a chance de dizer mais nada a ele, o Cinna me acompanha até o telhado, quando piso na escada a corrente elétrica me congela, e colocam o rastreador no meu antebraço. Cinna pede para que eu coma, mas eu só posso fazer isso pensando no bebê.

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Quando chegamos, eu tomo um banho e faço uma trança no meu cabelo, a roupa desse ano é um macacão azul, com zíper na frente, um cinto grosso e roxo.

- O que você acha? – pergunto a Cinna

- Diferente, provavelmente para um lugar que não é frio. – diz – Não vamos esquecer isso.

Ele pega o broche de tordo e coloca no meu macacão.

- Obrigada. – eu me sento e ele também, até que a mulher comece a contar.

Eu me encaminho até a placa.

- Obrigada Cinna, eu me sinto lisonjeada por você ter sido meu estilista, você me deixou fantástica ontem. – digo e ele me abraça.

- Não tem de quê garota em chamas, lembre-se eu ainda aposto em você. – eu sorrio e subo na placa.

Mantenho a cabeça erguida como Cinna sempre insistia, eles começam a me levantar, no primeiro momento eu não consigo focar a minha visão, é tudo muito claro, depois eu percebo que é por causa da água.

- Senhoras e Senhores, que o septuagésimo quinto Hunger Games comece. – a voz de Claudius soa, e o gongo logo após.

Eu não tenho tempo de pensar, por onde eu vou andar? Cadê o Peeta?

O céu é rosa, o sol é branco, e a cornucópia está numa ilha que tem linhas de terra entre uma placa de tributo e outra, nós temos que nadar para chegar até ela e percebo que tem alguns

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tributos que já está há caminho. Tento achar o Peeta, mas ele deve estar do outro lado da cornucópia.

Eu inspeciono a água e descubro que é salgada, eu já estava atrás o suficiente então me lanço na água e começo a nadar, agradecendo por meu pai ter me ensinado um pouco e eu ter tido tempo de mostrar ao Peeta como se faz. Quando eu subo pingando na ilha corro em direção a entrada da cornucópia onde todos os suprimentos estão empilhados. Acho rapidamente um arco e me armo com ele.

Ouço um barulho atrás de mim e me viro com a flecha pronta, mas só era o Peeta.

- Você chegou rápido. – digo e me aproximo.

- Eu tive uma boa professora. – ele me beija e vai atrás de uma faca.

Por trás dele aparece Finnick Odair e eu armo a flecha novamente.

- Onde vocês aprenderam isso, no Distrito Doze? – ele carrega um sorriso, mas a sua postura não esta relaxada, e ele tem um tridente.

- Temos uma grande banheira. – ironizo.

- Deve ser, gostam da arena? – questiona.

- Não muito, mas você sim, diria até que especialmente para você. – o Peeta falou já do meu lado.

Não há uma grande quantidade de vencedores com a chance de aprender a nadar, se tiverem sorte como eu, o que nasceram no Distrito 4 como Finnick.

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- Sorte que somos aliados, não é? – ele está com a pulseira do Haymitch, e eu posso sentir que o Peeta está prestes a xingá-lo de todos os nomes.

Eu ouço que tem alguém se aproximando então eu paro o Peeta.

- Sim, é. – digo

- Abaixem. – o Finnick solta e eu puxo o Peeta para baixo.

Ele mata o tributo do 5. Enobaria e Gloss estão chegando a terra. Eu tento atirar nela, mas ela mergulha novamente.

- Tem algo útil aqui? – o Peeta aponta para a pilha.

- Nada além de armas. – digo

- Mesmo assim, pegue algo que você queira e vamos. – ele diz – Você também Finnick.

Eu atiro em Gloss e consigo acertar a sua panturrilha. Eu pego o outro arco e a aljava de flechas. Brutus se aproxima, eu sei que Cashmere também, mas não consigo vê-la. Tento atinge-lo mas ele se protege com o cinto, que solta algo roxo toda vez que uma flecha o fura. Eu vejo Mags nadando em direção à cornucópia se mantendo a tona de uma forma que eu não entendo.

- Vá busca-la. – digo a Finnick

Ele mergulha e chega a ela, enquanto o cobrimos, e a reboca sem esforço. Quando chega a terra ela comenta algo, que creio que tem a ver com “Bob”.

- Você tem razão Mags. – ele diz e eu arqueio as sobrancelhas em questionamento. – Os cintos, são como dispositivos de flutuação.

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Eu queria esperar e levar Beetee e Wirees comigo, mas Beetee ainda está longe e nem consigo ver a Wirees, então só digo para seguirmos em frente. O Peeta me faz dar arco e aljava que eu não estou usando para ele carregar e o Finnick dá uma arma a Mags, depois carrega ela e nós saímos da cornucópia.

A areia acaba e começa uma selva, palavra que devo ter aprendido com o meu pai, é diferente da floresta – que eu estou familiarizada – não conheço a maioria das árvores, a terra é coberta de cipós com flores coloridas. E faz muito calor, ao mesmo tempo em que há muita umidade, o que nunca permitira que eu ficasse seca. Depois de um tempo o Finnick deixou a Mags andar a sua frente, eu ia atrás e o Peeta ficava no fundo. Quer dizer do meu lado, já que eu não soltava a sua mão.

Depois de andarmos um pouco a Mags pede um descanso e eu penso em subir numa árvore, mas tenho certeza que o Peeta não deixaria, e nem queria provavelmente o que eu veria seriam só os corpos, o que me faria vacilar e não é isso que precisamos agora.

- Vamos, nós precisamos de água. – avisa Peeta.

- É melhor que ela apareça logo, é perigoso ficar por aí a noite. – diz o Finnick.

Nós continuamos subindo, e eu começo a ficar com sede, e o caminho de árvores parece estar acabando, assim eu percebo uma ondulação no ar, como uma parede de vidro deformada. E eu me lembro de algo.

- Olhe, no canto da mesa. – diz Wirees

Há um espaço no canto da mesa que parece estar vibrando, distorcendo as bordas de uma taça que alguém colocou ali.

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- Um campo de força, entre nós e os Gamemakers, eu me pergunto o por quê? – fala Beetee.

- Cuidado. – só que é tarde, meu grito só sai quando a Mags já se chocou com o campo.

Ela é arremessada para trás e derruba o Finnick no chão. Há um cheiro de cabelo queimado. O Finnick se despera.

- Mags? – o Finnick começa a tentar reanima-la.

Eu me aperto a Peeta, a Mags é uma senhora gentil e muito boa, ela se voluntariou no lugar de uma garota mesmo com a idade que tem, se eu tivesse percebido antes com certeza ela estaria bem. Minutos se passam e eu estou prestes a pedir que o Finnick pare quando ela tosse. E o Finnick suspira.

Sinto algumas lágrimas nos meus olhos e o Peeta me olha diferente quando elas começam a cair.

- Você está bem? – pergunta e eu aceno – Vamos Finnick nós temos que continuar, quer que eu a carregue um pouco.

Eu estranho essa nova simpatia do Peeta pelo Finnick, mas deve ser por ele ter visto que o Finnick se importa realmente com alguém, sem ser ele mesmo.

- Não precisa. – ele a carrega nos braços agora e nós continuamos mais devagar dessa vez.

- Como você sabia? – o Peeta pergunta.

- Do quê? – questiono

- O campo de força. – diz

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- Bem, eu percebi algo de estranho no ultimo minuto, era como se o ar se mexesse, então eu quis avisar. – eu era péssima mentindo para o Peeta, mas isso pareceu convencê-lo.

Eu fiz isso porque se os Gamemakers souberem que eu sei podem querer mudar o campo de lugar, para nos confundir e isso não é bom.

- Então tome a frente. – o Peeta diz então o Finnick caminha no nosso meio.

Eu recolho umas nozes e começo a jogar no lugar que creio estar o campo, melhor não correr o risco. Depois de um tempo a Mags insiste em pegar as nozes queimadas e começar a comer, eu não consigo para-la então observo para ver se há algum problema, mas nada acontece. Estamos andando há muito tempo e parece que o campo está curvando, e eu quero checar para ver se estou certa.

- Eu vou ter que subir. – aviso

- Kat não... – eu sabia que o Peeta falaria.

- Eu preciso saber onde estamos e há não ser que você consiga ir até o topo, quem vai sou eu. – ele não questiona, mas fica emburrado.

Quando eu estou alto o suficiente, sei que as minhas suspeitas estão confirmadas, a arena é uma redoma com a cornucópia no centro. O céu também tem um campo de força, eu enxergo um ou dois pedaços no céu que tremulam.

- A arena é uma redoma, perfeita. Há em cima também, e eu não sei se é muito alto. – digo quando desço.

- E água? – o Finnick questiona

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- Só a salgada. – digo

- Tem que haver água. – diz o Peeta – Provavelmente entre o campo de força e a cornucópia.

Então nós voltamos alguns metros, eu continuo na frente e dessa forma o sol nos atinge com tudo, pelo meio da tarde ninguém mais consegue continuar. Nós ficamos há dez metros do campo, já que podemos usá-lo como arma, e a Mags e o Finnick começam a fazer um tapete com as folhas o Peeta pega as nozes que a Mags vinha comendo e as joga no campo, torrando as e descascando e as empilhando numa folha, eu fico de guarda e inquieta.

Eu estou com sede e quando a fome atacar as nozes não serão suficientes, então eu tenho que sair.

- Peeta, fique se guarda enquanto eu vou procurar água. – ele está prestes a reclamar então acrescento – E caçar também, prometo que não irei longe.

- Tudo bem, tome cuidado. – ele me beija e passa a mão pela minha barriga.

Ando pouco pela floresta quando os canhões começam a soar.

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito.

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Eu consigo algum tipo de roedor, e o Peeta o joga contra o campo de força, fritando ele, nós o comemos junto com as nozes, mas não há água.

Eu estou encostada em Peeta com sua mão grudada na minha, a qualquer momento os tributos mortos apareceriam e eu sabia que seria muito pior que no ano passado, já que dessa vez eu conhecia a maioria deles. O selo do Capitol aparece e o hino começa a tocar.

O homem do Distrito 5 que Finnick matou, o morfináceo do 6, Cecelia – a mulher que tem três filhos em casa – e Woof do 8, os dois do 9, a mulher do 10, e Seeder do 11 – que me falou sobre a família da Rue –, eu não conhecia realmente nenhum deles, mas eu sinto pelos filhos de Cecelia, e pelo morfináceo que pintava com o Peeta.

Ninguém fala absolutamente nada até algo cair entre as folhas, um paraquedas.

- De quem será? – pergunta Peeta

- Bom, não sei. – digo – Mas vamos dar a Mags.

O Finnick entrega a ela, mas não sabemos o que tem dentro dele, é algum tipo de tubo que se estreita numa das pontas e na outra a algum tipo de bico curvado. Eu o rolo entre minhas mãos e me questiono, ele é familiar, mas de onde? A sede não me deixa pensar realmente e eu começo a me lembrar da floresta de casa, com o rio, como era bom passar o meu tempo com o Peeta e a Pearl lá nas manhãs, e com meu pai... Meu pai.

- É uma goteira. – exclamo - Colocada na árvore certa sai seiva.

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- Sim, mas deve ter algo a mais nessas árvores. – diz o Peeta e logo já está de pé.

Ele e o Finnick se revezam em abrir um buraco na árvore e colocam a goteira, não acontece nada por uns instantes, mas um jorro fino começa a sair, nós bebemos um pouco e a Mags trás uma cesta que enchemos de água, e assim conseguimos beber uma grande quantidade de água. Sem a sede nos preparamos para dormir, decidindo quem vai ficar com a guarda.

- Durma Kat. – o Peeta diz e eu me escoro nele, sem tentar retrucar.

Sou acordada com um barulho insistente, parecido com um sino só que mais grave, o Peeta e o Finnick parecem atentos, só a Mags continua dormindo.

- São doze. – diz Finnick e eu aceno.

- Mas o que significa? – pergunto.

- Não faço ideia. – diz Finnick

Não há mais nenhum sinal, até que começa uma tempestade de raios. Estranho, eu nunca vi nada parecido em outros jogos.

- Durma Finnick, eu fico de guarda. – Peeta diz – Você também Kat.

Só vejo o Finnik se ajeitando com seu tridente na mão e volto a dormir.

...

Há um som de canhão, que me assusta e percebo a chuva, ele não se aproxima, mas a fumaça sim. O Peeta já está de pé, ele me puxa para ficar de pé também.

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- Vamos Finnick acorde, - o Finnick salta – Pega a Mags rápido e corra.

A fumaça tem um cheiro doce e enjoativo e quando se aproxima parece queimar, o Peeta me coloca a frente dele e nós corremos. Eu sinto Peeta tropeçar vez ou outra, mas ele se mantém me impulsionando para frente, eu poderia subir numa árvore só que não há tempo. A névoa continua próxima, queimando nos nossos calcanhares e eu começo a ofegar, cansada demais para manter o mesmo ritmo.

- Kat vamos, continue. – ele continua atrás de mim e me empurra gentilmente.

O Finnick corre a nossa frente, e para quando vê que eu não tenha mais fôlego, eu estou prestes a tropeçar só que o Peeta me segura. Percebo que o Finnick voltou e me arrasta junto com o Peeta.

- Finnick carregue a Kat, eu levo Mags. – Peeta diz

Finnick me carrega em seus braços e o Peeta leva Mags, dessa forma nós avançamos um pouco, só que por pouco tempo, eu vejo o Peeta tentar se manter firme, só que ele cai duas vezes. E os braços do Finnick começam a tremer, eu me ponho de pé.

- Finnick leve as duas, eu sigo atrás. – o Peeta diz

- Não consigo, os meus braços não funcionam. – ele diz

Então Mags se levanta, ela beija o Finnick e se lança no nevoeiro, eu a vejo se contorcer e cair no chão, meio segundo depois o canhão soa. Eu fico parada e o Peeta também, mas o Finnick se adianta e me coloca em suas costas e recomeçamos a correr, o Peeta nós segue da forma que consegue.

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Eu fico tentada a incentivá-lo, mas eu fiquei com medo de inalar mais dessa fumaça e piorar a situação. E ainda a imagem da Mags morrendo voltava à mente, eu não queria vê-la morrer de todas as pessoas dessa arena depois do Peeta, ela era a que eu me importava mais, não sei se meu sentido de proteção também servia para pessoas mais velhas, mas a Mags por ter salvado aquela menina fez crescer algo em mim, talvez por eu de alguma forma estar aqui para salvar a minha filha.

Com um impulso para frente eu me vejo caindo e por pouco o Finnick não cai por cima de mim, o Peeta ainda vem cambaleando atrás, e depois de nos ver caídos se joga de qualquer jeito no chão. Eu sou a única que ainda se preocupa em ver se a nevoa ainda nos segue, e ela parece cada vez mais perto, eu estou prestes a me abraçar a Peeta e esperar a morte, quando ela para como se um vidro a tivesse contido e é sugada do nada. Lentamente eu vou descendo até a água, não sei como, mas de alguma forma ela deve me ajudar. Eu vejo o Peeta me seguir.

Manter a mão na água é um sacrifício, mas que no fim vale a pena, porque o veneno é levado embora, e no fim eu estou conseguindo me mover normalmente, eu começo a jogar água no Finnick que está danificado demais para ser levado para dentro do mar e o Peeta me ajuda. Quando ele está bem o suficiente para ser colocado na água, nós o arrastamos.

Em pouco tempo ele começa a se lavar sozinho e o Peeta ruma para uma árvore pegar água, eu não queria ter que ficar sozinha com o Finnick, pois a imagem da Mags rumando por vontade própria para o nevoeiro. Porque ela faria isso, será que ela tinha

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se sensibilizado comigo e com o Peeta tanto assim para se arriscar por nós, ou então tinha algo muito maior por trás?

Enfim, por mais que eu quisesse saber disso tudo não era o momento, o Finnick se mantinha quieto, com um olhar distante e por mais que ele achasse que ela fosse morrer, com certeza não seria dessa forma, nem tão cedo.

Ficamos por um longo tempo dentro da água, só ouvindo o barulho que o Peeta faz na árvore, até que o Finnick começa a se movimentar de forma satisfatória dentro da água e decidimos ajudar o Peeta, mas antes de entrar na floresta, escuto algo acima e quando eu olho há vários macacos nos observando, automaticamente armo o meu arco e tento chamar o Peeta.

- Peeta, você pode vir aqui, por favor? – falo quase um sussurro.

- Espere, estou quase acabando, você ainda está com a goteira? – diz ainda concentrado.

- Sim, mas eu acho que você devia vim aqui, tem algo que eu quero que você veja? – digo – Mas venha com calma, andando devagar.

Ele se vira e me olha preocupado, felizmente ele começa a andar.

- Você está sentindo alguma coisa? – se preocupa e eu sorrio.

- Não. – eu vejo o seu esforço para fazer o mínimo de barulho possível, e não é tão fácil.

Ele começa a esquadrinhar em volta, querendo saber o que nos causou tanto receio, eu abro a minha boca para impedi-lo, mas é tarde assim que ele avista os macacos, eles se rebelam e partem para o ataque. Eles vem em nossa direção também e eu atinjo

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todos os macacos com as minhas flechas, só que elas acabam e eu sei que tem mais na mão do Peeta que fere alguns com a sua faca.

- Peeta, as flechas! – exclamo

Ele se vira para me ajudar imediatamente, e um macaco se precipita em sua direção, não há como defendê-lo e o Finnick acaba de ferir um com seu tridente, eu tento acertá-lo lançando minha faca em sua direção, mas como ele se mantem em movimento a faca escapa, eu sei que ele não me perdoaria se eu fosse em sua direção e a única chance é tentar avisá-lo.

- Peeta! – grito

Só que um dos morfináceos aparece do nada, aparentemente machucado, gritando e se põe entre Peeta e o macaco que o atinge com suas presas no peito. Alerta o Peeta atinge o macaco repetidas vezes até que ele a solte . Inesperadamente eles vão embora, como se alguém estivesse satisfeito com uma morte e achasse que já era o suficiente. Peeta leva o corpo dela para a praia, eu fico ao seu lado e abrimos a sua roupa para ver a profundidade do ferimento.

Sai muito sangue e não há realmente nenhuma chance de salvá-la, então eu aperto a sua mão na minha e ficamos eu e ele, compartilhando esse último momento com ela, vendo-a morrer.

Eu não sei realmente o que fazer, penso em Rue em como ela pediu para que eu cantasse, mas me dou conta de quem nem sabia o seu nome, quanto mais do que ela gostava. Então o Peeta começa a falar.

- Eu consigo fazer muitas cores em casa, verde, rosa, azul, mas uma vez eu passei três dias misturando tintas até encontrar um

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tom que representa a luz sobre a pele branca, eu imaginava que era uma simples cor amarela, mas era mais do que isso, várias cores uma por cima da outra. – ela parece mais calma e desenha algo com o sangue em seu peito – Não, eles são muito difíceis de desenhar, da mesma forma que aparecem, eles somem quando eu tento pintá-los.

Ela levanta a mão e desenha o que deveria ser uma flor, em sua bochecha, depois sua mão cai e o canhão soa, ela tem uma sombra de um sorriso no rosto. Peeta a leva para água, volta se senta ao meu lado, eu me prendo a ele e ficamos ali por um momento só vendo o corpo dela boiar e até ser levado pelo aerobarco.

O Finnick aparece e em suas mãos estão algumas das minhas flechas, entro na água para lavá-los e a mim também. Só que as feridas deixadas pela névoa começaram a coçar e eu vejo o Peeta e o Finnick se arranhando. Mas digo para pararem.

- Vamos pegar um pouco de água. – digo e voltamos a árvore que o Peeta tinha feito um buraco.

Nós bebemos uma boa quantidade de água e jogamos um pouco na nossa pele irritada, guardamos um pouco em conchas e voltamos à praia.

- Vão dormir, eu fico de vigia. – olho bem para ele e sei que precisa de um tempo para processar a morte de Mags.

Então eu empurro o corpo do Peeta para que ele não possa reclamar e me deito ao seu lado, ele me puxa para si e eu fico satisfeita em ter perto de mim algo que eu sei que nunca vai mudar, o meu amor por ele e o seu amor por mim, são imutáveis, mesmo com tudo o que acontece ao nosso redor.

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- Eu te amo. – sussurra em meu ouvido.

- Eu também. – respondo e logo após durmo.

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Quando acordo o Peeta ajuda Finnick - eles estão abrindo algum tipo de marisco – que aparentemente passou a noite inteira tecendo uma rede que protegia o meu rosto do sol, enquanto dormia. Percebo que as minhas unhas estão sujas de sangue e vou em direção à água para lavá-las, e eu não fui a única que passei a noite inteira me coçando.

- Olá. – digo quando volto em direção aos dois e me sirvo com os mariscos.

- Não era você que dizia que não devemos coçar. – Peeta fez graça.

- Sabe, pode causar infecção. – completa o Finnick.

- Seria mais fácil se mandassem uma ajudinha. – digo – Haymitch bem que você poderia nós dar uma mãozinha, não?

Assim que eu acabei de falar um paraquedas caiu.

- Faça as honras. – diz o Peeta e eu o pego.

- Obrigada Haymitch. – digo enquanto abro.

Há uma pomada com uma cor e um cheiro fortes e espalho pelo meu corpo e depois dou para o Peeta, que passa ao Finnick, ele parece relutante em espalhar o creme pelo corpo e eu entendo, pois a aparência com que ficamos não é a mais agradável de todos.

- Vamos lá Finnick, eu sei que para você não deve ser fácil. – o Peeta diz numa falsa solidariedade e eu sorrio.

- Coitado, como é se sentir igual às outras pessoas? – questiono.

- Horrível. – responde rindo.

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Nós o acompanhamos, esse momento de descontração é a primeira vez em que mantenho perto do Finnick sem me perguntar por quanto tempo nos manteremos juntos, por quanto tempo ele vai nos ajudar e não nos matar, como recompensa, recebemos outro paraquedas dessa vez com um pão.

- É do quatro, é seu Finnick. – o Peeta diz.

Ele roda o pão por um tempo, o contemplando, provavelmente pensando em casa e em como esse pedaço de pão aqui dentro da arena parece um tesouro inestimável.

- Isso vai bem com marisco – o que ele escolhe falar e não questionamos.

Realmente o pão vai muito bem com marisco.

...

Pelo sol devem ser umas dez horas, e a selva atrás de nós se mantem até silenciosa por um momento, mas uma onda aparece do outro lado e somos obrigados a recolher tudo o mais rápido possível enquanto ela se aproxima, ela ainda corre pelos nossos joelhos por um tempo e quando volta o canhão soa, agora somos só doze.

Quando conseguimos reorganizar as nossas coisas três corpos saem da água, nos escondemos na selva e eu os observo, um está sendo carregado e outro anda vagando por eles. Todos eles estão com uma cor de tijolos vermelhos, então não há chance de distingui-los. A primeira coisa em que penso é em mutações, mas um deles cai desmaiado, o que o carregava parece frustrado e começa a bater o pé no chão.

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- Johanna! – o Finnick grita e sai correndo atrás deles, eu gemo de frustração.

- Tinha que ser ela, não é? – olho para o Peeta.

- Nós não podemos deixa-lo, não é? – pergunta

- Não, vamos lá. – ele segura a minha mão, acho que com medo de eu atacá-la.

Quando estamos próximos reconheço Beetee e Wiress e me pergunto o porquê de ela tentar salvá-los.

- Eu achei que fosse chuva por causa do raio, e estávamos com sede, mas quando caiu era sangue, espesso e quente, não se podia falar sem que enchesse a boca, então só andamos tentando escapar. E Blight ainda bateu no campo de força. – explica Johanna.

- Sinto muito Johanna. – o Finnick fala.

- Bom, e ainda têm eles. O Beetee foi ferido na cornucópia, e ela... – aponta para Wiress.

- Tick, tock. – fala Wiress.

- Não para de dizer isso. – fala Johanna exasperada.

- Vamos para lá, você tem que ficar limpos. – digo enquanto puxo Wiress pelo braço, Peeta carrega Beetee.

O Peeta me ajuda a limpar o Beetee, que tem a sua roupa colada ao corpo, nós temos que tirá-la para deixa-lo limpo, o que já não me importa tanto, o colocamos de costas na esteira. O corte nas suas costas não é profundo, mas ainda sai muito sangue. Mas essa não é a minha floresta, as plantas que tem aqui não são as que eu conheço. Só que a Mags havia me oferecido um tipo de

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musgo, que parecia absorvente, então corro atrás de um pedaço e felizmente encontro rápido.

Eu o fixo em cima do corte com uma trepadeira, e o colocamos na sombra.

- Acho que é só. – olho para o Peeta.

- Não diga que é só, foi assim que você me manteve vivo, esqueceu? – dou um sorriso de agradecimento, e vou em direção a Wiress.

Pego um pedaço de musgo e começo a limpa-la, ela não resiste, tiro a sua roupa e lavo, e como não tem nenhum dano o coloco novamente junto com o cinto, lavo as roupas de Beetee e coloco para enxugar. Me junto a Peeta, que escuta Finnick explicar a Johanna sobre o nevoeiro e os macacos. Até ela perguntar por Mags e como o Finnick não responde, eu falo.

- Foi no nevoeiro, o Peeta não conseguia mais me carregar e o Finnick não aguentaria a nós duas, então ela... – não completo, não seria justo o Finncik ter que ouvir isso novamente.

- Sinto muito Finnick. – ele não diz nada.

Eu queria muito ajudar e ficar de vigia, mas eu não conseguia, então a Johanna ficou com o Peeta, eu me deitei ao lado dele e dormi.

Quando acordo o sol está quase no alto, Johanna me lança um olhar de desprezo e cai ao lado do Finnick para dormir.

- O que houve? – pergunto ao Peeta.

- Ela estava me dizendo que os manteve para você, que só assim você a aceitaria como aliada. – responde

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- Haymitch. – digo como se fosse uma praga.

- Sim, foi ele. – diz e acaba bocejando.

- Vamos durma. – o empurro.

- Espere. – ele me beija. – Eu te amo.

- Eu também te amo. – sorrio e ele se deita.

Depois de um tempo escuto Wiress murmurando, e ela não para de se mexer.

- Tick, tock, sim. Você tem que dormir. – digo com suavidade, e começo a mexer em seu cabelo. Isso parece acalmá-la.

Os raios caem na árvore, indicando que é meio-dia, igual a ontem à noite, em que os raios caíram logo após as doze badaladas. Eu me levanto e rodeo a arena, com uma coisa na mente. Numa seção relâmpago, na outra chuva de sangue, na terceira seção o nevoeiro e logo após seria os macacos. Há pouco tempo atrás à onda saiu da segunda seção em direção ao raio. O raio que cai ao meio-dia e a meia-noite.

Como que seguindo o meu pensamento Wiress diz “tick, tock”, e eu percebo que sim, a arena é um relógio.

...

Repetidamente a imagem do gamemaker chefe, Plutarch, que me mostrou durante a festa na Capitol o se relógio com o tordo, agora eu entendo o seu motivo de me contar a reunião, a sua falsa gentileza, mas porque ele me contaria isso. Eu não consigo ver o porquê.

Só que eu tenho outras preocupações e enquanto eu não souber a ordem do que acontece na floresta, eu não quero ficar próxima

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a ela. Então acordo todos e explico a eles. Todos menos Johanna parecem satisfeitos com a minha explicação, mas mesmo ela não vê motivo para se manter próxima a floresta. Aproximo-me de Wiress e a acordo.

- Você está certa, a arena é um relógio. – ela parece aliviada e sorri.

- Meia-noite. – diz

- Começa a meia-noite. – e novamente Plutarch aparece na minha mente.

Peeta levanta o Beetee só que ele parece meio transtornado, agora repetindo algo como “Wire”.

- Ela está ali. – Peeta diz – Ela está bem, Wiress está ali.

Só que ele não sai do lugar, e continua repetindo.

- Eu sei o que ele quer. – diz Johanna e pega o rolo que ele carregava e que tiramos dele para limpa-lo. – É algum tipo de arame, ele correu para cornucópia pegar isso e acabou com esse corte, realmente eu não sei para quê isso serve.

- Foi como ele ganhou os jogos, construiu uma armadilha elétrica com o arame. – fala o Peeta.

- É meio estranho você não saber não é? Já que você o apelidou de parafuso? – digo

- Sim, que estupidez a minha não? Mantendo os seus amiguinhos vivos enquanto você deixava Mags ser morta? – fico chocada com a mudança repentina e com seu ataque.

O Finnick entrega o arame para Beetee, enquanto eu ainda encaro Johanna ferozmente.

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- Para onde? – o Peeta questiona.

- Que tal para a cornucópia, só para ter certeza sobre o relógio. – Finnick dá a sugestão.

Não está muito longe e nós começamos a andar tomando cuidado, os profissionais podem estar perto. O Peeta deita Beetee e pede para Wiress limpar o arame que ele tanto gosta, que começa a cantar uma música infantil.

- Duas. – ela aponta para floresta onde o nevoeiro tinha começado.

- Sim, isso foi muito inteligente Wiress. – Peeta diz e ela sorri.

Para o meu desespero Johanna começa a procurar ao redor da cornucópia até achar um par de machados, e começa a atirar, um deles fica preso na cornucópia. Ela é do 7, dos lenhadores, provavelmente aprendeu a fazer isso desde criança, o que traz um gosto amargo na boca. O que seria de mim se eu não tivesse aprendido a caçar com meu pai, se não tivesse Peeta, seria morta de primeira. A imagem de Prim, minha irmã tão doce e frágil me vem à cabeça, se fosse ela e não eu seria impossível ter a mesma sorte. A Pearl, a minha pequena Pearl, eu evitava pensar nela enquanto eu estivesse aqui, já era peso suficiente trazer uma criança comigo, se eu começasse a pensar nela ficaria inerte com a minha dor.

Vejo que o Peeta parou para me observar e lhe dou um sorriso, que eu sei que não convence, e me aproximo para ver o que ele faz. Ele desenhou um mapa da Arena, com todas as seções, percebo que ele começou a contar a partir da ponta da cornucópia, onde cai o raio às doze horas. Ele havia esquecido a

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onda e então eu o lembro de acrescentar, Johanna e Beetee não sabiam de nada a mais.

Por um momento o silêncio me parece estranho, a Wiress não havia parado de cantar nenhum minuto e agora estava cala, eu me armo e viro em sua direção. Wiress tinha a garganta cortada por Gloss.

Ela estava morta.

Minha flecha acerta Gloss na têmpora e Johanna acerta seu machado no peito de Cashmere, Finnick ataca Brutus de longe com seu tridente e Enobaria enfia a faca na sua coxa. O canhão soa três vezes, Gloss e Cashmere e Wiress, mortos. Brutus e Enobaria se escondem atrás da cornucópia, e por isso ainda não morreram.

Mas a cornucópia de alguma forma começa a girar, eu uso toda a minha força para me segurar na areia, escuto uma ou duas vezes o Peeta me gritar, mas eu estou enjoada demais para responder. Até que ela para subitamente e com a boca cheia de areia, me debruço na borda da cornucópia e começo a vomitar na água. Ouço Johanna murmura algo e as mãos de Peeta me amparando para não cair na água. Quando o vomito cessa, eu tento falar mais tenho que buscar fôlego.

- Vamos Kat, respire. – eu puxo o ar bruscamente.

- O fio, o fio de Beetee está com a Wiress, temos que pegar antes que levem o corpo dela. – digo e o aerodeslizador aparece.

- Finnick, o fio. – Peeta grita.

Ele demora um pouco para entender, mas se joga na água, ele tem alguma dificuldade com a água toda suja de sangue, e

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quando se aproxima tem que forçar as mãos dela para soltar o arame, mas logo está de volta e o corpo é levado.

- Você está bem? – ele coloca a mão na minha barriga proeminente – Vocês estão bem?

- Acho... Acho que sim, foi só esse gira, gira, que me deixou enjoada. – ele solta um suspiro e me aperta contra si, quando eu volto a olha-lo seus olhos estão úmidos.

- Eu não posso perder vocês, não posso. – sussurra no meu ouvido

- Você não vai. – uma lágrima solitária cai pelo meu olho e me apresso em limpá-la, eu não vou dar esse prazer ao Capitol.

Nós decidimos sair daqui, só que agora há uma questão: Quando a cornucópia girou ela mudou de direção, então onde é o ponto de doze horas?

- Bom, eles estão tentando nos atrapalhar, como nós vamos sair daqui agora? – questiono

- Isso é temporário, quando derem dez horas a onda vai surgir e nós vamos nos situar novamente. – o Beetee falou.

- E o que faremos vamos ficar aqui? – eu iria acrescentar que queria água, mas achei que ia parecer um capricho.

- Não, vamos continuar. – Johanna fala.

Nós escolhemos um caminho aleatório, e próximo à selva cada um de nós olha em volta procurando algum sinal de perigo.

- Essa é a hora do macaco, não? E eu não vejo nenhum deles. – diz Peeta – Eu vou procurar água.

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- Não, pode deixar que eu vou. – fala o Finnick

- De qualquer forma, eu vou para vigiar a volta. – Peeta insiste.

- Não, você tem que desenhar outro mapa, e a Katniss pode ir no seu lugar. – Johanna diz, e o Peeta me olha preocupado.

- Você acha que... – eu me aproximo.

- Eu não estou invalida ok? Vai ficar tudo bem. – digo

Na realidade a minha preocupação é outra, porque eles querem nos manter separados? Não para nos matar, porque eu ainda posso com o Finnick e o Peeta é maior que a Johanna, será que eles esperam algum ataque da nossa parte ou uma deserção e querem evitar. De alguma forma eu acharia um tempo para falar com o Peeta, eles não poderiam evitar isso por muito tempo.

- Ok, mas... Volte logo. – ele me dá um selinho e eu me afasto com o Finnick

O silêncio total me deixava preocupada, então eu recebia bem o barulho do trabalho do Finnick na árvore. Minha mão estava apoiada na barriga – uma mania que eu adquiri desde Pearl – ele era quieto, quanto eu estava com a Pearl na barriga ela mexia muito e o meu pequeno ainda não havia se mexido, isso me deixava com medo, a todo o momento indagações, se ele estaria bem e o porquê dele nunca ter se mexido, enchiam a minha mente.

- Você esta com a goteira? – o Finnick interrompe os meus pensamentos.

Eu estava no meio do processo de entregar a goteira a ele, quando um grito me interrompe, um grito extremamente

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familiar, um grito que me corta de uma forma que eu largo a goteira no chão e vou atrás dela. Atrás da Prim.

Cipós e galhos cortam os meus braços, mas realmente isso não importa, ela estava ferida, ela está chorando, me chamando, ela precisa de mim.

- Prim, Prim! – gritos também me escapam, mas onde ela está?

Eu sinto que estou cada vez mais perto, só que o som da sua voz angustiada não me deixa pensar em como exatamente eles a tinham colocado na arena, e no quanto isso é impensado. Numa clareira, o som parece estar exatamente acima de mim.

- Prim? – minha voz sai quase inaudível e meus olhos seguem o som.

Um pássaro, com uma crista negra solta os gritos agudos da Prim, um jabberjay. Os pais do meu tordo, uma mutação do Capitol – que era para estar extinta – que solta os sons horríveis de gritos. Mais uma brincadeira do Capitol, mais um motivo para eu odiá-los, brincam com a gente como se nós não fossemos mais do que bichos.

Puxo uma das minhas flechas e o faço cair da árvore e calar a boca. Quando eu estou limpando a minha flecha o Finnick aparece.

- Katniss o quê... – mais sua voz se perde com outro grito que não me diz nada, mas apaga as feições do Finnick e o faz sair correndo sem chance de explicações.

Eu não conseguiria sair correndo atrás dele, então me mantenho na trilha de passos que ele deixa na floresta. E eu ainda posso ouvi-lo gritar o nome de uma mulher “Annie”, só que o jabberjay

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que solta os gritos está escondido, e mesmo sabendo o risco que corro a angustia do Finnick é maior, eu subo numa árvore e o mato.

- Calma Finnick, não é a sua Annie. – digo tentando acalmá-lo.

- Não é a Annie, mas é a voz dela, e eles podem... – ele não completa, mas eu sei o sentido da sua frase.

- Eles não podem ter feito isso. – eu grito e sei que eu estou chorando.

Se eles pegaram a Prim, será que eles pegaram a minha mãe, a Pearl?

- Podem, podem sim. – ele diz, eu afundo meu rosto nas mãos e a única coisa que eu queria era o Peeta.

Mas tem mais, eles não cansam de me ver sofrer, a Pearl, dessa vez o grito é da Pearl e por mais que uma parcela de mim diga que não é ela, eu não consigo me impedir de correr atrás dela. O Finnick me grita, mas a minha filha em algum lugar está sofrendo por mim e eu estou presa aqui dentro à única coisa que eu posso fazer é sofrer por ela e parar esse som.

Só que o Finnick me alcança e eu não posso fazer nada além de me debater e gritar, chega um momento em que eu não tenho mais voz, então eu o deixo me arrastar. Só que é como lutar contra corrente, quanto mais você quer fugir mais ela te leva e é impossível ignorar os gritos infantis da minha filha. De longe eu vejo os cabelos loiros do Peeta e me pergunto por que ele está tão longe, me vendo desesperada e não vir me ajudar.

Só que ele parecia assustado, mantinha as mãos no ar como se tivesse algo o impedindo de continuar, e eu fui direto para os

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seus braços só que ele começou a acenar em negativo, eu desacelerei. Era uma parede de vidro, eu me arrasto até o chão e me encolho contra o vidro, o Peeta desce comigo e encosta a sua mão onda a minha se encontra, ele tenta falar, mas eu não o escuto, eu foco meus olhos nele e tento esquecer o som que agora está mais distante.

Só que os pássaros se aproximam, um a um, e cada um solta a voz de alguém que realmente importa. A minha mãe, o pai do Peeta, Gale, a Prim e a Pearl. Finnick mantém as mãos junto à cabeça, como se isso impedisse ele de ouvi-los. Eu me enrosco no chão e tento gritar, mas eu nem tenho mais voz para deixar a dor sair. Alguns baques me dizem que o Peeta tenta quebrar o vidro, ou então chamar a minha atenção, só que eu estou cada vez mais perdida na minha dor.

Uma sala branca, a minha pequena Pearl, presa a uma cama seguram a sua mão e aparentemente a marcam com algum símbolo que eu não consigo enxergar, eu estou imóvel – alguma parte de mim me diz que não adianta se mexer – depois a minha mãe, ela parece resistir só que há vários deles, e assim segue cada um deles. O Gale e pai do Peeta derrubam alguns, mas eles continuam em número maior...

- Kat? Kat?! – eu sinto os braços dele em minha volta, mas eu ainda estou entorpecida – O que houve? O que aconteceu?

Ele segura o meu rosto para que ele possa me olhar nos olhos, e o que eu vejo-nos dele me acorda – ele está assustado por mim – e eu me prendo a ele.

- Eles a pegaram Peeta, todos eles. Estão os machucando. – digo enquanto ele me carrega e me tira da floresta – Eles pegaram a Pearl.

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- Eu ouvi a Prim, mas era um pássaro, está tudo bem com elas meu amor. – ele não entende

- Jabberjays gravam vozes Peeta, para nós ouvirmos a voz dela aqui, eles teriam que pegar de algum lugar. Eles estão com elas. – digo fungando.

- Eles não podem Kat, daqui a pouco só restará oito de nós eles precisam delas, de todos eles para as entrevistas. – ele falava devagar e calmamente.

- E como eles pegaram a voz da Pearl? – questiono

- Eles provavelmente foram à nossa casa. – diz com convicção, mas...

- Isso não explica os gritos Peeta. – eu falo mais alto.

- Kat, eles provavelmente modificaram a voz deles, o que eles fariam nas entrevistas se todas as pessoas da nossa família estivessem machucadas? – questiona como se fosse obvia.

Vejo o Finnick fixo em Peeta e suas palavras, e procuro uma confirmação.

- Isso é possível? – pergunto.

- Sim, no Distrito 3 as crianças aprendem algo assim. – diz Beetee.

- Eles não seriam loucos de machucar a filha de vocês, vocês dois aqui dentro já deu muita briga. Se eles a machucassem a Capitol iria ruir. E eles não querem isso. – falou Johanna – Imagine uma rebelião, eles não querem nada disso.

Essa frase de Johanna me deixa chocada, ninguém diz isso nos jogos, não se tiver alguém com quem se importar.

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- Eu vou pegar água. – diz Johanna

- Os pássaros. – a impeço.

- Não importa, eles não podem me ferir, não há mais ninguém que eu ame. – ela diz e se solta bruscamente de mim.

O Peeta volta a me abraçar, coloca uma mão sobre a minha barriga.

- Eles estão bem, e nós também... – só que ele deixa velada a palavra por enquanto. Até quando nós estaríamos bem?

Escolhendo um ótimo momento para se mostrar presente, o meu pequeno – como eu comecei a chama-lo – se mexe. Ele dá um chute onde exatamente esta a mão do Peeta, ele e eu arfamos.

- Está vendo, nós ainda temos esperança. – ele diz com a voz embargada – Aqui dentro e lá fora.

Sim, os nossos dois tesouros, as nossas pequenas e tão importantes esperanças. O nosso motivo de viver e continuar lutando.

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Cashmere. Gloss. Wiress. Mags. A mulher do Distrito 5. A usuária de morfina que deu sua vida para Peeta. Blight. O homem do 10.

São dezesseis de nós mortos agora, e eu sei que é perigoso nos mantermos juntos, então eu tenho que conseguir ficar sozinha com o Peeta. O que não se mostra muito difícil já que todos eles estão tão cansados que não recusam a nos deixar juntos de vigia. Nós sentamos lado a lado, cada um cobrindo sua parte, minha mão colada na sua.

- Kat, eu não sei se eu vou ter a chance novamente, então eu queria te entregar... – ele tira a corrente que a Effie fez para ele do pescoço – Isso.

É como um medalhão, ele abre e dentro havia fotos nossas, uma minha e dele com a Pearl, de um lado e do outro, uma da minha mãe com a Prim. Meus olhos enchem de lágrimas.

- Não faça isso Peeta. – digo enxugando as lágrimas – Por favor, não...

- Calma Kat, nós sabemos que isso vai acontecer uma hora ou outra e eu espero que você saia daqui. – ele coloca a mão na minha barriga – Nós sabemos que você tem que sair daqui.

- Eu te amo, obrigada por isso. – falo – Por me amar tanto assim, eu não sabia que podia ser tão feliz, por tanto tempo.

Eu acabo no seu colo, mantendo minha cabeça no seu peito.

- Eu também te agradeço pelas mesmas coisas, por ter me amado quando isso era impensável – ele ri um pouco – você me deu a família que eu sempre quis Kat, e eu te amo mais por isso.

Eu o beijo, como eu viveria sem ele depois, isso é impensável me manter sem o Peeta...

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A tempestade de relâmpagos começa e eu me assusto, o Finnick acorda gritando, enterra as mãos na areia e parece prestes a brigar com alguém, só que ele percebe que qualquer que seja o pesadelo não é real.

- Eu não consigo mais dormir, eu posso ficar no lugar de um de vocês. – mas ele percebe como estamos e parece constrangido – Ou dos dois se preferirem.

Para o meu espanto o Peeta sorri para o Finnick, me coloca ao seu lado e me ajuda a levantar.

- Vá dormir Kat, eu vou ficar aqui com o Finnick. – ele coloca a corrente no meu pescoço e me beija novamente.

Até pegar no sono eu fico olhando a foto da Pearl.

...

Com toda a conversa com o Peeta ontem, eu não consegui falar sobre a hora de nos separarmos e eu aproveito o momento depois de termos recebido os pães – mais uma vez do Distrito 3 – para me afastar com o Peeta, eu me aproximo da água para retirar as crostas que sobraram do ataque da névoa, eu mostro a ele com um pretexto para ele se manter perto e consigo falar.

- Não Katniss, eu não vou sair daqui enquanto eu não tiver certeza que Brutus e Enobaria estão mortos, nós não vamos nos separar e colocar você em risco com duas equipes atrás de nós. E eu acho que Beetee já sabe o que vai fazer. – não há como discordar quando ele fala assim.

E ele tinha razão, logo após o Beetee chamou todos nós para falar do seu plano.

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- Todos concordamos que nós precisamos matar o Brutus e a Enobaria, eles não vão nos atacar e caçar eles seria muito cansativo. – diz

- Eles já descobriram sobre o relógio? – pergunto

- Se não, eles vão descobrir logo. – responde Beetee – E acho que a nossa melhor chance é preparar alguma armadilha.

- E o que você sugere? – pergunta Peeta

- Espere, eu vou chamar Johanna. – diz Finnick.

Quando ela se aproxima, Beetee nos faz ir mais para trás e dá-lo espaço na areia, ele desenha a arena.

- Se vocês fossem Beetee e Enobaria onde ficariam, agora que sabem que a selva é um perigo? – pergunta

- Na praia, é o lugar mais seguro. – diz Peeta.

- E porque eles não estão aqui? – pergunta Beetee

- Porque nós estamos aqui, não é obvio. – Johanna fala.

- Isso, e já que estamos aqui, no lugar deles, qual seria sua segunda opção? – questiona Beetee

- Eu ficaria na borda da selva, eu poderia escapar e poderia espiar também. – digo

- E também para comer, nos espiando eles sabem o que é seguro para comer. – fala o Finnick.

- Exatamente, agora o que acontece ao meio-dia e à meia-noite? – esse joguinho já estava ficando chato.

- O raio cai na árvore. – responde

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- Certo, o que eu quero é que depois do raio do meio-dia, levaremos o meu fio da árvore até a água, quando o raio atingir a árvore a eletricidade vai viajar através do fio, e como a praia vai estar molhada da onda das dez horas e temos a água também. Enfim, qualquer pessoa que estiver próxima vai ser eletrocutada. – explica Beetee.

Parece complicado, mas não seria diferente já que é o Beetee. Poderia funcionar? Como vamos perguntar a ele, questioná-lo se não fazemos ideia de como essa ciência funciona?

- Beetee, você tem certeza de que o fio vai aguentar a eletricidade? – o Peeta pergunta.

- Sim, até que a corrente passe por ele, vai funcionar como um condutor. – responde Beetee.

- E para onde nós iriamos? – questiona o Finnick

- Na selva, longe o suficiente e seguros. – diz Beetee

- Nós perderemos os frutos do mar. – fala o Peeta

- É verdade, mas nos temos outras fontes, isso não me preocupa. Eu vou precisar da ajuda de todos vocês e quero saber se todos vocês concordam?

- Sim, se não der certo, não vai haver nenhum grande dano, e se funcionar há uma boa chance deles morrerem. – falo

- Eu estou com a Kat. – diz o Peeta.

Finnick só concorda se a Johanna concordar e ela aceita finalmente. Beetee quer ver a árvore do relâmpago, e como nós teremos que deixar a praia mesmo, juntamos todas as nossas coisas e vamos para a selva. Como o Beete ainda não consegue

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andar direito, Finnick e Peeta o ajudam, eu fico atrás e a Johanna vai guiando. Até que o Finnick diz que eu devia ir à frente.

- Ela consegue ver o campo de força. – explica ele

- É como se o ar se mexesse onde ele está e as nozes ajudaram também. – explico.

Ele deve se lembrar de que me ensinou isso no Capitol e assente.

- Então vá à frente. – diz

Eu acho a árvore e mesmo antes de jogar as nozes eu acho o campo de força, como uma parede invisível que ondula, eu jogo uma noz e o barulho é a confirmação.

- Está logo atrás da árvore. – digo.

Finnick vigia Beetee e Johanna busca água o Peeta procura nozes um pouco atrás de mim, e eu caço, eu pego três ratos de árvore e volto para perto antes que o Peeta se preocupe. Eu limpo os bichos e nos o fritamos junto com as castanhas no campo de força. Beetee faz algo com a casca da árvore que mostra algo a ele, e o barulho que indica que são onze horas começa. O que nos indica que é hora de sair dali, vamos até a seção da chuva de sangue e depois de alguma discussão o Peeta me deixa subir na árvore, eu analiso a chuva de raios para o Beetee e depois relato o que eu vi, ele parece satisfeito.

Nós voltamos para a praia de dez horas e ele fica resto da tarde mexendo no seu fio. Então resolvemos fazer alguma coisa, primeiro dormimos e depois buscamos frutos do mar, já que daqu a pouco não teremos mais deles. É realmente lindo lá embaixo, na água, com todos aqueles cardumes e como parece que nós estamos em outro lugar, não na arena.

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E quando começamos a limpar os frutos do mar, o Peeta abre uma ostra e me dá um sorriso triste. Ele tira de dentro uma pérola brilhante e perfeita nas mãos.

- Mais uma coisa para lembrar-se de casa, não? – diz - É perfeita como ela.

Ele limpa a pérola na água e me entrega.

- Obrigada. – seus olhos azuis me inspecionam e eu me lembro dos olhos dela, uma lágrima me escapa e eu me afundo nas ostras novamente.

- É o nome dela, não? Pearl? – questiona Finnick

- Sim. – o Peeta diz e depois todos ficamos em silêncio.

Só no final, quando estamos prestes a comer, que o para-quedas aparece com mais pães, vinte e quatro novamente, mais um pote com molho. Isso já estava me irritando. Dessa vez só sobraram sete, que não se divide de forma igual, é quase um aviso de que vamos morrer.

...

Depois do hino, nós vamos andando novamente em direção a árvore, essas subidas começam a me deixar sem folego e eu me sinto cansada.

O Finnick ajuda o Beetee a enrolar o fio na árvore e o trabalho só termina quando a onda começa.

O Beete diz que eu e a Johanna temos que descer com o fio e desenrola-lo através da floresta, coloca-lo na praia e afunda-lo na água e voltarmos para a selva. Eu não estou satisfeita com

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esse plano, não só por ficar sozinha com a Johanna, mas também por estar longe do Peeta.

- Eu vou no lugar da Johanna ou eu vou com elas. – diz Peeta.

- Eu vou precisar de você aqui, elas são melhores na floresta, e se elas quiserem voltar a tempo tem que sair agora. – diz Beetee.

Não gosto do plano, nem da ideia do Beetee precisar do Peeta, nem ter que ficar sozinha com a Johanna, para mim isso parece uma boa forma de matar quatro grandes tributos de uma vez só. Mas não há como discutir.

- Você acha que consegue subir de volta a tempo? – o Peeta me pergunta.

- Vai ficar tudo bem, nós vemos mais tarde. – eu beijo ele e vou atrás da Johanna. - Vamos?

- Sim, você vigia e eu desenrolo, depois trocamos. – eu aceno.

Nós começamos a descer e nos movemos até que bem rápido, trocando de papeis às vezes, mas ainda na metade do caminho escutamos os barulhos que indicam que são onze horas.

- Vamos mais rápido, para colocarmos uma boa distância entre nós e água antes do raio cair. – fala Johanna.

Então eu resolvo levar o fio, e quando ela está me passando ele se enrola no chão aos nossos pés, alguém cortou o fio e não está muito longe. Minha mão se solta do fio e eu puxo uma flecha, mas um cilindro de metal atinge a minha cabeça e eu estou no chão, à dor na têmpora é terrível e eu não enxergo direito. Johanna está em cima o meu peito e é difícil respirar, eu tento tira-la de lá, mas uma ponta no meu antebraço esquerdo toma a

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minha atenção, a faca dele gira na carne como se cavasse algo, meu punho e meu rosto se enchem de sangue.

- Fique abaixada. – é o que ela me diz.

Mas o que isso significa, ela acha que depois de me atacar eu obedeceria alguma das coisas que ela me fala, só que não há uma reação do meu corpo e eu fico imóvel quando ouço passos, peados sem se preocupar se estão sendo ouvidos ou não.

- Ela está ótima como morta, vamos Enobaria! – Brutus fala e eu os escuto avançar.

A ideia que passou em minha mente mais cedo se mostra cruelmente verdadeira, eles nos separaram para nos matar. E a ideia de Peeta sozinho com dois se mostra o suficiente forte para me fazer levantar, tentando manter o meu braço o mais imóvel possível e o mundo a minha volta também, eu dou passos até a árvore próxima e faço um curativo no meu braço com o musgo.

Puxo uma flecha e tento firma-la meu braço ruim e começo a subir. Há alguém correndo ladeira abaixo, e mesmo que seja Finnick eu não confio nele, não mais, e me escondo atrás de cipós.

Ele passa correndo e chega ao lugar onde Johanna me atacou, ele grita os nossos nomes e depois sai na direção em que os Profissionais tomaram, eu volto a me mover. Eu fico ciente de que quando o barulho dos insetos acabarem, quer dizer que os raios vão começar, então eu tenho que ir mais rápido.

O canhão soa, e eu me apresso mais, há uma grande chance de ter sido o Peeta, mas mesmo assim eu preciso chegar lá e ter certeza. Algo se prende em meus pés e eu caio no chão, uma das redes do Finnick talvez, mas quando eu as coloco a minha vista

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vejo que é o fio do Beetee, eu m levanto e continuo o caminho agora sabendo que estou seguindo na direção certa. Eu consigo enxerga-la agora, mas não há ninguém ao redor dela.

- Peeta? – chamo só que a resposta que eu tenho é um gemido.

Beetee está caído na terra, inconsciente, há um corte no seu cotovelo só que não é o suficiente para tê-lo deacordado, eu o envolvo com musgo e tento acordá-lo. Sua mão está em volta da faca de Peeta e a lâmina está presa ao fio.

Eu me questiono qual seria a ideia de Beetee, onde está Peeta? O que ele queria ao enrolar o fio na faca? Será que era um plano b?

Eu não consigo acordar Beetee e não tenho as minhas respostas como também não tenho como levar ele, tenho que continuar a minha procura por Peeta.

- Kat? Kat!? – eu ouço a sua voz não muito longe de mim.

- Peeta aqui! Eu estou aqui! – eu não tenho mais forças, nem ideia e afundo ao lado de Beetee esperando que Peeta me encontre.

Mas há passos, dois deles que se aproximam mais rápido do que o Peeta. Finnick e Enobaria estão na árvore e não consegue me ver, eu vejo o Peeta não sei de verdade ou imaginação, mas ele está na floresta atrás de Finnick e Enobaria, será que se eu matar ela, ele volta para casa. Será que sozinho ele consegue matar Finnick.

Outro canhão.

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Menos um, eu sei que não consigo ficar firme por mais tempo, mas o Peeta aparentemente sim. Eu vejo ele está ferido, mas não tanto assim, ele consegue sozinho matar dois deles.

Eu levanto minha flecha, só que um vislumbre da faca na mão do Beete com o fio enrolado nela me trás algo.

Lembre quem é o verdadeiro inimigo.

Quem nos mata na arena são os tributos, mas quem realmente nos coloca aqui é o Capitol, eles são o inimigo.

Não há tempo para pensar muito eu enrolo o fio na minha flecha, a ideia de Beetee. Eu procuro a... Como é mesmo... Fenda na armadura e atiro a flecha, eu vejo ela subindo e o raio a atingindo, mas depois não há nada.

Só um último “Kat?”.

...

Eu sei que eu estou numa cama, há tubos presos no meu braço esquerdo, eu não consigo me mexer e volto à inconsciência. Na segunda vez, eu consigo mexer a cabeça e vejo Beetee ao meu lado, isso trás confusão a minha mente, era para ser só um de nós, mas antes que eu possa realmente raciocinar eu desmaio novamente.

Quando eu acordo totalmente, não há nenhum tubo ligado a mim e eu consigo me sentar, Beetee continua a meu lado, mas e os outros mais quatro de nós estão vivos. Peeta? Onde está o meu Peeta?

Eu estou vestida com uma camisola e minha barriga está evidente, faço um carinho nela e o meu pequeno se mexe em resposta, fico feliz que ele esteja bem. Começo a andar por um

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corredor de metal, no final a uma porta entreaberta. Eu escuto uma voz que não me e desconhecida, não me importa o que ele fala, me importa quem é. Plutarch Heavensbee. Ele fala um nome. Finnick, o que está acontecendo aqui? Ele faz outra pergunta e quem responde é Haymitch.

Haymitch, dessa vez os meus olhos estão cheios de lágrimas e eu não contenho em entrar na sala, eu tento enxergar, mas entre as lágrimas e a luz que me cega há muito pouco para ver. Eu sinto uma mão me apoiar e me sentar na mesa, colocam comida na minha frente. Mas o que ele pensa que eu sou um brinquedo, alguém que faz parte do jogo dele e que vai obedece-lo por agradecimento.

Quando meus olhos se focam eu vejo um Finnick ferido, todos estão sentados na mesa e a comida está intocada, nós estamos voando.

- Cadê o Peeta? – minha voz sai mais fraca do que eu gostaria e tento outra vez – Cadê o Peeta?

- Vamos por parte, eu vou te explicar tudo e no final você me pregunta o que quiser, entendeu? – eu olho para ele com raiva.

- Não, cadê o Peeta? – insisto.

- Vamos Haymitch, fale logo. – diz Plutarch – Ela precisa saber.

- Você sabe que ele falou que era para tirar você de lá independente de qualquer coisa. – eu aceno e mais lágrimas caem – Ele foi capturado pela Capitol junto com Johanna e Enobaria.

Ele não me olha e eu sei que isso não tem nada haver com o Peeta, ele não fez isso pelo Peeta.

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- E você quer que eu acredite que você fez isso por ele? Ou Plutarch está aqui porque vocês são velhos amigos? - digo

- Não, havia um plano para tirar vocês da arena desde que o Quell foi anunciado, alguns tributos do 3, 4, 6, 7, 8 e do 11 sabiam, e o Plutarch faz parte de um grupo secreto que quer derrubar o Capitol. O aerobarco em que estamos pertence ao Distrito 13. – explica Haymitch

- 13? – pergunto

- Sim, ele ainda sobrevive e durante muitos anos juntou forças para acabar com o Capitl, agora a maioria dos Distritos se rebelou. – responde Plutarch.

- Certo e onde eu entro nisso? – pergunto

- Todos nós tentamos mantê-la salva, você é um símbolo Katniss, enquanto você viver há revolução. Você é o mockinjay. – explica Haymitch

- Certo e o que te leva a crer que eu vou entrar nesse jogo mais uma vez, o que vai me fazer aceitar ser mais uma vez parte de uma mentira. Porque você prometeu me salvar para o Peeta, mesmo quando isso já estava nos planos e mesmo sabendo que ele poderia estar aqui agora se você não tivesse mentido esse tempo todo. – falo com raiva – Então se você quiser que eu realmente seja o mockinjay, você tem que trazê-lo de volta, até lá, não contem comigo.

Eu me levanto com dificuldade e volto para a cama, me encolho e me permito chorar, a minha única esperança é que eles o mantenham vivo e que a minha ameaça seja o suficiente para fazer com que o tragam de volta para mim.