iiddeennttiiddaaddee pprreessbbiitteerriiaannaa … · de governo seja determinado, em todas as...

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I I D D E E N N T T I I D D A A D D E E P P R R E E S S B B I I T T E E R R I I A A N N A A E E A A S S S S O O C C I I E E D D A A D D E E S S I I N N T T E E R R N N A A S S Material organizado por Rev. Adilson Maciel de Araujo Cuiabá, MT Outubro de 2015 (Revisado em fevereiro de 2016)

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IIDDEENNTTIIDDAADDEE PPRREESSBBIITTEERRIIAANNAA

EE AASS

SSOOCCIIEEDDAADDEESS IINNTTEERRNNAASS

Material organizado por

Rev. Adilson Maciel de Araujo

CCuuiiaabbáá,, MMTT

OOuuttuubbrroo ddee 22001155

((RReevviissaaddoo eemm ffeevveerreeiirroo ddee 22001166))

2

IIDDEENNTTIIDDAADDEE PPRREESSBBIITTEERRIIAANNAA EE AASS SSOOCCIIEEDDAADDEESS IINNTTEERRNNAASS

MMaass,, sseegguuiinnddoo aa vveerrddaaddee eemm aammoorr,, ccrreessççaammooss nnaa qquueellee qquuee éé aa CCaabbeeççaa,, CCrriissttoo;;

DDee qquueemm ttooddoo ccoorrppoo bbeemm aajjuussttaaddoo ee ccoonnssoolliiddaaddoo ppeelloo aauuxxíílliioo ddee ttooddaa jjuunnttaa,,

sseegguunnddoo aa jjuussttaa ccooooppeerraaççããoo ddee ccaaddaa ppaarrttee,, eeffeettuuaa oo sseeuu pprróópprriioo aauummeennttoo ppaarraa

aa eeddiiffiiccaaççããoo ddee ssii mmeessmmoo eemm aammoorr..

((EEffééssiiooss 44.. 1155 ee 1166))

SISTEMAS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

O CONCEITO DOS QUACRES E DOS DARBISTAS. É questão de princípio para os quacres e os darbistas a rejeição de todo e

qualquer governo eclesiástico. Segundo eles, a liderança institucionalizada na igreja

degenera e leva a resultados que contrariam o espírito do cristianismo, pois exalta o

elemento humano em detrimento do divino.

Todo governo humano na igreja negligencia os carismas dados por Deus e os

substitui por ofícios instituídos pelo homem, e, conseqüentemente, oferece à igreja a

casca do conhecimento humano, em vez das comunicações vitais do Espírito Santo.

Daí, eles consideram não apenas desnecessário, mas decididamente pecaminoso

estruturar a igreja visível por meio de uma liderança institucionalizada . Assim, os

ofícios são rejeitados e no culto público cada qual segue as sugestões do Espírito

Santo para dirigir os cultos e até pregar.

Exemplos: Quacres (EUA), Irmãos de Plymont, Igreja Darbista, Congregação Cristã no

Brasil, A Igreja, etc.

O SISTEMA ERASTIANO (Erasto, 1524-1583)

Esse sistema considera a igreja como uma sociedade que deve sua existência e

sua forma às regulamentações promulgadas pelo Estado. Os oficiais da igreja são

meros instrutores ou pregadores da Palavra, sem nenhum direito ou poder de

governar, exceto o que eles derivam dos magistrados civis. É função do estado

governar a igreja, exercer a disciplina e aplicar a excomunhão. As censuras

eclesiásticas são punições de natureza civil, embora a sua aplicação possa ser

confiada aos oficiais da igreja.

Este sistema entra em conflito com o princípio fundamental da Chefia de Jesus

Cristo, e não reconhece o fato de que a igreja e o estado são distintos e

independentes em sua origem, em seus objetos primordiais, no poder que exercem e

na administração desse poder.

Exemplos: Igrejas Luteranas da Alemanha, Igreja Reforma da Holanda, Igreja

Anglicana (Inglaterra)

3

SISTEMA EPISCOPAL - O GOVERNO DE UM SOBRE TODOS Esse sistema parte do princípio que Cristo, como Chefe da igreja, confiou o

governo da igreja direta e exclusivamente a uma ordem de prelados ou bispos,

considerados estes como sucessores dos apóstolos; e que Ele constituiu estes bispos

numa ordem separada, independente e capacitada para perpetuar-se. Neste sistema,

o coetus fidelium (a comunidade dos crentes) não tem absolutamente nenhuma

participação no governo da igreja. Este é o sistema da Igreja Católica Romana. Na

Inglaterra, foi feito uma combinação dele com o sistema erastiano.

Mas a Bíblia não oferece base para a existência de tal classe separada de

oficiais superiores, dotados do direito inerente de ordenação e jurisdição, e que,

portanto, não representam o povo e nem tampouco, em nenhum sentido da

expressão, derivam do povo o seu ofício.

A Escritura mostra claramente que o ofício apostólico não era de natureza

permanente. Os apóstolos compunham uma classe claramente distinta e

independente, mas a sua tarefa especial não era a de governar e administrar os

assuntos das igrejas. Seu papel era levar o Evangelho às regiões não evangelizadas,

fundar igrejas, e, então, designar dentre o povo outras pessoas para a tarefa de

governar essas igrejas. Antes do final do primeiro século, o ofício de apóstolo, que

era de natureza extraordinária, já tinha desaparecido inteiramente; perdurando, a

partir disso, somente os ofícios ordinários: Presbíteros e diácono.

O sistema Episcopal é a forma de governo adotada por muitas igrejas. Cada uma

apresenta algumas características distintas, conservando, porém, a essência do

sistema.

Alguns exemplos:

• Igreja Católica Romana – também chamado de sistema episcopal monárquico –

por causa da supremacia papal;

• Igreja Episcopal (EUA e Brasil);

• Igreja Anglicana (Alguns países, exceto a Inglaterra);

• Igreja Metodista;

• Assembléias de Deus;

• Igreja Universal do Reino de Deus;

• Igreja Internacional da graça;

• Comunidades: Sara nossa Terra, Fonte da vida, etc.

OO SSIISSTTEEMMAA CCOONNGGRREEGGAACCIIOONNAALL -- OO GGOOVVEERRNNOO DDEE TTOODDOOSS

((TTaammbbéémm cchhaammaaddoo ddee ssiisstteemmaa ddee iinnddeeppeennddêênncciiaa)) De acordo com este sistema, cada igreja ou congregação é uma igreja completa,

independente de todas as demais. Nesse sistema, o poder de governo fica

exclusivamente com os membros da igreja, que têm autoridade para regulamentar

os seus próprios assuntos.

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Os oficiais são simples “funcionários” da igreja local, designados para

ensinarem e para administrarem os interesses da igreja, e não têm poder de

governo além do que possuem como membros da igreja. Havendo conveniência que

as diversas igrejas com esse sistema exerçam comunhão umas com as outras, como

às vezes se dá, esta comunhão se expressa em associações, convenções eclesiásticas,

em reuniões ou conferências locais ou regionais, para a consideração dos seus

interesses comuns. Mas os atos desses corpos associados são estritamente

consultivos ou declarativos; não tendo força de imposição a nenhuma igreja

particular.

Esse modelo de governo popular, sob o pressuposto que cada igreja é

independente de qualquer outra igreja, não expressa a unidade da igreja de Cristo,

tem efeito desintegrador e abre as portas para toda sorte de arbitrariedade, pois

não há para onde apelar de quaisquer decisões da igreja local.

Alguns exemplos:

• Igrejas Batistas;

• Igreja Congregacional;

• Igreja Cristã Evangélica.

O SISTEMA PRESBITERIANO - O GOVERNO ALGUNS SOBRE TODOS

(Sistema de representatividade)

As igrejas reformadas (calvinistas) não têm a pretensão de que o seu sistema

de governo seja determinado, em todas as minúcias, pela Palavra de Deus, mas

asseveram que os seus princípios fundamentais são derivados diretamente da

Escritura. Elas não se arrogam um jus divinum quanto aos pormenores, mas

unicamente quanto aos princípios gerais e fundamentais do sistema, e estão mui

dispostas a admitir que muitas das suas particularidades são determinadas pela

utilidade e pela sabedoria humana, que, iluminada pelo Santo Espírito, define em

Concílio as estruturas e normativas para o bom funcionamento da Igreja.

Decorre disto que, enquanto que a estrutura geral deve ser mantida

rigidamente, alguns pormenores podem ser mudados, conforme a maneira

eclesiástica própria, por razões de prudência, como o proveito geral das igrejas.

Os Princípios Fundamentais do Sistema Presbiteriano de Governo

1) CRISTO É O CHEFE E CABEÇA DA IGREJA E FONTE DE TODA A SUA

AUTORIDADE.

A Igreja de Roma considera da maior importância afirmar a chefia do papa

sobre a Igreja. Os reformados defendem e sustentam a posição contrária, afirmando

que Cristo é o único chefe da Igreja.

A Bíblia ensina que Cristo é o chefe e todas as coisas:

• Ele é o Senhor do Universo, e não somente a segunda Pessoa da Trindade:

5

Mt. 28.18: “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me

foi dada no céu e na terra.” Ef. 1.20-22: “22 o qual exerceu ele em

Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua

direita nos lugares celestiais, 21 acima de todo principado, e

potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir,

não só no presente século, mas também no vindouro. 22 E pôs todas as

coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o

deu à igreja,”

Fl. 2.10-11: “10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na

terra e debaixo da terra,11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é

Senhor, para glória de Deus Pai.”

Ap. 17.14: “Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o

Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados,

eleitos e fiéis que se acham com ele.”

Num sentido muito especial, porém, Cristo é a Cabeça da Igreja, que é o Seu

corpo. Ele mantém uma relação viva e orgânica com ela, enche-a de vida e a governa

espiritualmente:

Ef. 1.10: “de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos,

todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra;”

Ef. 1.22, 23: “E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre

todas as coisas, o deu à igreja, 23 a qual é o seu corpo, a plenitude

daquele que a tudo enche em todas as coisas.”

Cl. 1.18: “Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de

entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,”

No sentido orgânico e vital, Cristo é primordialmente, embora não de modo

exclusivo, a Cabeça da Igreja invisível, que constitui o seu corpo espiritual. Mas Ele é

também a cabeça da Igreja visível, não somente no sentido orgânico, mas também

no sentido em que Ele tem autoridade sobre ela e a governa:

Mt. 16.18,19: "18Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra

edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão

contra ela. 19 Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na

terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido

desligado nos céus."

Ef. 4.4-6: “há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados

numa só esperança da vossa vocação; 5 há um só Senhor, uma só fé,

um só batismo; 6 um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age

por meio de todos e está em todos.”

6

Ef. 5. 23-24: “porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o

cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. 24 Como,

porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam

em tudo submissas ao seu marido.”

• A autoridade de Cristo se manifesta em Sua Igreja nos seguintes pontos:

a) Ele a Instituiu no Novo Testamento.

Mt. 16.18: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a

minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

b) Ele estabeleceu os meios de graça, a saber: A Palavra, a oração e os

sacramentos (Batismo e Santa Ceia), que a Igreja deve administrar . Nessas

questões, ninguém mais além de Cristo tem o direito de legislar.

Mt. 28.18,19: “18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a

autoridade me foi dada no céu e na terra.19 Ide, portanto, fazei

discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do

Filho, e do Espírito Santo;”

c) Ele deu à Igreja a sua estrutura e os seus oficiais e revestiu a estes de

autoridade divina , para que pudessem falar e agir em Seu Nome.

Mt. 10.1 – “Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade

sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de

doenças e enfermidades.”

Mt. 16.19: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá

sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado

nos céus.”

Ef. 4.11,12: “11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para

profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,

12 com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do

seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,”

d) Portanto, Cristo está presente na igreja quando esta se reúne para o culto, e

fala e age por meio de seus oficiais.

Mt. 10.40: “Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe recebe

aquele que me enviou.”

2 Cor. 13.13: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão

do Espírito Santo sejam com todos vós.”

2) CRISTO EXERCE SUA AUTORIDADE NA IGREJA POR MEIO DE SUA PALAVRA.

Cristo não governa a Igreja por meio da força, mas todos os crentes estão

subjetivamente submissos ao Seu governo por meio do Espírito, que age na Igreja.

Assim, todos os crentes estão incondicionalmente obrigados a obedecer a Palavra do

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Rei. Como Cristo é o único governador soberano da Igreja, a Sua Palavra é a única lei

no sentido absoluto. Disso decorre o princípio reformado que, embora seja um fato

que Cristo exerce sua autoridade na Igreja por meio de seus oficiais, não se deve

entender isto no sentido de que Ele transfere Sua autoridade aos seus servos.

É Ele mesmo quem governa a Igreja ao longo de todos os séculos. Mas, ao fazê-

lo, utiliza os oficiais da igreja como seus órgãos. Esses oficiais não tem poder

absoluto, mas somente derivado e ministerial

3) COMO REI, CRISTO REVESTIU A IGREJA DE PODER.

Quem são os primeiros e legítimos agentes do poder da Igreja? A quem Cristo

delegou, em primeira instância, este poder? Os católicos e os demais episcopais

respondem que foi a uma classe separada (o clero), em contra distinção aos

membros comuns da Igreja. Diametralmente oposto a isto é a idéias dos

congregacionais; de que a Igreja em geral é investida de poder, sendo os oficias,

meros membros do corpo global.

Os reformados buscam a via média (meio termo). De acordo com o

entendimento reformado, o poder eclesíastico é delegado por Cristo à Igreja como

um todo, isto é, aos membros comuns e aos oficias, igualmente, mas em acréscimo,

os oficias recebem uma porção adicional de poder, como se requer para o

cumprimento dos seus respectivos deveres na Igreja de Cristo. Eles participam do

poder original concedido à Igreja e recebem sua autoridade e poder como oficiais

diretamente de Cristo. São eleitos pela assembléia, pela Igreja, pelo povo; mas seu

poder não emana da Assembéia, do povo. Sua autoridade emana de Cristo, que

reveste de poder a Igreja. Assim os oficiais eleitos são os representantes do povo,

porém não são meros deputados ou delegados.

Todo poder da Igreja está, acto primo, ou fundamentalmente, na Igreja; acto

secundo, ou em seu exercício, naqueles que são especialmente chamados para isso.

4) CRISTO PROVIDENCIOU ÓRGÃO REPRESENTATIVOS PARA O EXERCÍCIO

ESPECÍFICO DESTE PODER

No sistema presbiteriano, os oficiais da Igreja são os representantes do povo,

escolhidos democraticamente por voto popular. Isto não significa, porém, que eles

recebem sua autoridade do povo, pois o chamamento do povo é apenas a

confirmação do chamamento (vocação) interior feita pelo SENHOR; e é do SENHOR

que eles recebem a sua autoridade e é, primariamente e principalmente ao SENHOR

que eles respondem pelo exercício desta autoridade.

5) O PODER DA IGREJA RESIDE PRIMARIAMENTE NO CORPO GOVERNANTE

LOCAL

Um dos princípios fundamentais do governo presbiteriano é que o poder ou

autoridade não reside antes de tudo na assembléia mais geral de alguma Igreja, e só

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secundariamente e por derivação, dessa assembléia, confiado ao corpo governante

da Igreja local. A autoridade da Igreja tem sua sede original no Conselho da Igreja

local e por este é transferido para as assembléias maiores, como o Presbitério, o

Sínodo e o Supremo Concílio, que a Assembéia maior, ou geral da Igreja

Presbiteriana.

BASE BÍBLICA DO SISTEMA PRESBITERIANO DE GOVERNO PLURALIDADE DE PRESBÍTEROS: UM PADRÃO EM TODAS AS IGREJAS DO

NOVO TESTAMENTO.

No estudo da eclesiologia, no ponto que toca no Governo da Igreja, muitos

estudiosos insistem que havia vários sistemas de governo na Igreja primitiva.

Entretanto, um panorama bíblico, analisando a história da Igreja primitiva narrada

no Novo Testamento, em todos os lugares onde ela chegou até cessar a revelação

através daqueles que inspirou para registra-la, nos mostrará que havia um padrão

bastante coerente de vários presbíteros como grupo de liderança das igrejas

neotestamentárias.

Iniciaremos nossa investigação no único Livro histórico do Novo Testamento

que trata exatamente do surgimento da Igreja - o livro de Atos:

At. 14:23: “E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros,

depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam

crido.” O interessante aqui é que isso aconteceu na primeira viagem missionária

de Paulo, quando retornava pelas cidades de Listra, Icônio e Antioquia.

Como veremos a seguir, era um procedimento normal de Paulo, desde a sua

primeira viagem missionária, estabelecer um grupo de presbíteros em cada Igreja

que fundava.

At. 20:17: “De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja.”

Além disso, os assistentes apostolares de Paulo, foram instruídos a fazer o

mesmo:

Tt. 1.5: “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem

as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros,

conforme te prescrevi:”

Assim que fundava uma Igreja, repetidamente vemos presbíteros sendo

estabelecidos no ofício “em cada cidade”

E Paulo lembra a Timóteo do tempo quando ele recebeu a imposição de mãos

do presbitério:

1 Tm 4:14 “Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi

concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério.”

O apóstolo Tiago escreve:

Tg. 5.14: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e

estes façam oração sobre ele”

9

Este é um texto muito importante porque a epístola de Tiago é uma carta

geral, escrita pra muitas igrejas, para todos os crentes dispersos, a quem Tiago

caracteriza como “as doze tribos que estão na dispersão.

Tg. 1.1: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se

encontram na Dispersão, saudações.”

Isso indica que Tiago esperava que houvesse presbíteros em todas as Igrejas

para as quais aquela epístola estava sendo dirigida.

A mesma coisa pode se concluir dos escritos do apóstolo Pedro.

I Pe. 5.1 e 2: “1 Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como

eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da

glória que há de ser revelada: 2 pastoreai o rebanho de Deus que há entre

vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por

sórdida ganância, mas de boa vontade”

I Pedro também é uma carta geral escrita para mais de uma dezena de Igrejas

espalhadas por quatro províncias romana na Ásia Menor:

I Pe. 1.1: “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da

Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia,”

Longe de esperar encontrar diversos tipos de governos eclesiásticos para

onde escrevia (cerca de 62 A.D), Pedro pressupõe que todas aquelas Igrejas

fundadas por Paulo ou outros, predominantemente gentias, ou judaicas, ou

mescladas em sua formação tinha presbíteros em sua direção.

Além disso, havia também presbíteros na Igreja de Jerusalém.

At. 11.30: “o que eles, com efeito, fizeram, enviando-o aos presbíteros por intermédio

de Barnabé e de Saulo.”

At. 15.2: “Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena

discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles

subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta

questão.”

Duas importantes conclusões podem ser apreendidas desse breve panorama

eclesiológico do Novo Testamento:

Primeiro:

Nenhum texto sugere que qualquer Igreja, por menor que fosse, tivesse um

único presbítero exercendo o governo da Igreja. O padrão coerente do Novo

Testamento é a pluralidade de presbíteros em cada Igreja (At. 14.23), em cada

cidade (Tg. 1.5) “E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros,

depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.”

Segundo:

Não vemos uma diversidade de formas de governo no Novo Testamento, mas

um padrão único e coerente, segundo o qual, cada Igreja tinha presbíteros que a

dirigiam e zelavam por ela:

10

At. 20.28: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu

bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio

sangue.”

I Pe 5.2 e 3: “1 Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e

testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de

ser revelada: 2 pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós,...”

O GOVERNO REPRESENTATIVO E SUA AUTONOMIA RELATIVA O governo das Igrejas Presbiterianas é caracterizado por um sistema de

assembleias eclesiásticas numa escala ascendente:

Conselho;

Presbitério;

Sínodo;

Assembléia geral ou Supremo Concílio.

As igrejas reformadas e presbiterianas diferem, de um lado, de todas as

igrejas nas quais o governo está nas mãos de um prelado ou de um único bispo ou

presidente; e, de outro lado, daquelas nas quais o governo está com o povo em geral.

As Igrejas Presbiterianas elegem presbíteros regentes como seus representantes, e

estes, juntamente com o (os) ministro (s), formam o Conselho para o governo

espiritual e administrativo da igreja local.

Todos os Concílios maiores - Presbitérios, Sínodos e a Assembléia Geral serão

formados a partir do primeiro Concílio – o Conselho, que elege seus representantes

para estes; estando a igreja local, portanto, representativamente presente em todos

eles.

No sistema Presbiteriano de governo, a Igreja local, que deve ser um corpo

completo e pleno para o exercício de suas funções, não têm sua autonomia tolhida

ou subtraída.

Os Concílios maiores reconhecem e respeitam a autonomia da igreja local,

isto significa:

1) Que toda igreja local é uma igreja de Cristo completa, plenamente equipada com

tudo que se requer para o seu governo;

2) Os Concílios maiores (não superiores) não representam um poder mais alto, mas

exatamente o mesmo poder inerente ao Conselho, conquanto o exerçam numa

escala mais ampla. Uma vez que o Sistema praticado é de representatividade

democrática, representativamente, a Igreja local está presente em todas as

assembleias eclesiásticas representativas – os Concílios.

3) Que a autoridade e as prerrogativas das assembléias maiores não são limitadas,

mas têm sua limitação nos direitos dos Conselhos. Esses deveres e direitos

mútuos são circunscritos no padrão de Ordem da Igreja Presbiteriana do Brasil –

O Manual Presbiteriano. Esse documento estipula os direitos e deveres dos

Concílios maiores, mas também garante os direitos da igreja local.

11

4) Que a autonomia da igreja local tem suas limitações na relação existente entre ela

e as igrejas com as quais está ligada, e nos interesses ou causas gerais das igrejas

federadas.

Dez Igrejas certamente tem mais autoridade do que uma só.

Consequentemente as decisões de uma assembléia maior carregam grande peso e

jamais poderão ser postas de lado pelas assembleias menores, ao bel prazer de

quem quer que seja.

Além disso, a autoridade das assembléias maiores não só se aplicam a uma

Igreja, mas a todas as Igrejas federadas. Uma vez que no sistema Federativo, as

deliberações das Assembléias maiores não são meramente consultivas ou

declarativas, mas tem poder determinativo, as assembleias menores ou Concílios

devem a elas se submeterem integralmente.

Essas decisões são obrigatórias para as Igrejas locais como a fiel interpretação e

aplicação da lei. Só deixam de ser obrigatórias quando tais decisões se mostrarem

contrárias à Palavra de Deus.

A Constituição da Igreja é um documento solenemente subscrito por todas as

igrejas locais, representadas por seus respectivos Conselhos, através dos

respectivos presbitérios. É justamente isto que, por um lado, protege os direitos e

interesses da igreja local; mas, por outro, protege também os direitos e interesses

coletivos das igrejas federadas. Assim, nenhuma igreja local tem, isoladamente, o

direito de desatender questões deliberadas e aprovadas pelos Concílios maiores.

O PODER DA IGREJA

A FONTE DO PODER DA IGREJA Na Nova Aliança, Jesus Cristo não somente estabeleceu a sua Igreja, como

também a revestiu do necessário poder ou autoridade. Cristo é a cabeça da Igreja,

não apenas no sentido orgânico, mas também no sentido administrativo, isto é, Ele

não somente é a Cabeça do corpo, como também é o Rei da comunidade espiritual.

Cristo é a cabeça da Igreja – no sentido de ser o comandante e o vitalizador do

organismo vivo, que é o corpo de Cristo.

Cristo é o Rei da Igreja – no sentido que Ele é o seu chefe soberano

É em sua condição de Rei da Igreja que Cristo que Ele a revestiu de poder e

autoridade.

A Igreja está tão solidamente fundada sobre uma rocha (que é CRISTO) que

nem as portas do inferno podem prevalecer contra ela:

Mt. 16. 16 – 18: “Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus

vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não

foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também

12

eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as

portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

Nesta mesma ocasião, a primeira que Jesus fala na Igreja, Ele também

promete dotá-la de poder:

Mt. 16.19: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido

ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.”

Pedro recebe esse poder como representante dos apóstolos, e estes

constituem o núcleo e o alicerce da Igreja, em sua qualidade de mestres da Igreja.

Com a morte do último apóstolo, cessa o ofício extraordinário de APÓSTOLO e o

poder de governo da Igreja passa a ser exercido pelos PRESBÍTEROS, o ofício

ordinário estabelecido para o exercício do poder de governo da Igreja.

Cristo deu aos apóstolos o direito e o poder de julgar. E depois que o alicerce

da Igreja foi por eles estabelecido (edificados sobre o fundamento dos apóstolos e

profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular – Ef. 2. 20), esse poder foi

estendido à Igreja em geral.

Em qualquer tempo e em qualquer lugar, onde houver uma Igreja

verdadeiramente cristã "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas,

sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” aí estará o poder e autoridade de

Cristo, porque Cristo habita nela em plenitude.

Os oficiais da Igreja recebem de Cristo e não de autoridades civis ou de

quaisquer homens, a autoridade de governar a Igreja; e é em nome de Cristo que

realizam todas as tarefas pertinentes a seus cargos. É por isso que a Igreja local tem

poder e autoridade até para excluir da comunhão o pecador impenitente.

A NATUREZA DO PODER DA IGREJA

1) Poder espiritual Quando se afirma que o poder da Igreja é espiritual, não estamos dizendo que

esse poder é totalmente subjetivo e invisível, uma vez que Cristo governa tanto o

corpo como a alma. Sua Palavra é dirigida ao homem como todo. É um poder

espiritual porque é dado pelo Espírito Santo de Deus: “Atendei por vós e por todo o

rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a

igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” (At. 20. 28)

É um poder espiritual porque só pode ser exercido em nome de Jesus Cristo

e pelo poder do Espírito Santo: “E, havendo dito isto, soprou sobre eles e

disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes

perdoados; se lhos retiverdes, são retidos” (Jo 20.22, 23); “em nome do Senhor

Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor,

entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo

no Dia do Senhor Jesus.” (I Cor. 5.4)

13

É um poder espiritual que pertence exclusivamente aos crentes: “Pois com

que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de

fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.”(I Cor. 5.

12,13);

É um poder espiritual que só pode ser exercido de maneira moral e

espiritual: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em

Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante

contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de

Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa

submissão.” (II Cor. 10.4-6).

O Estado representa o poder de Deus sobre a condição externa e temporal do

homem e tem por objetivo, atender os propósitos da graça comum de Deus,

garantindo aos seus súditos a posse e o gozo dos seus direitos externos e civis.

O poder espiritual representa o governo de Deus sobre a condição interna e

espiritual do homem e tem por objetivo fazer oposição ao espírito de satanás e deste

mundo sob sua influência com o propósito de libertar os homens da escravidão

espiritual, infundindo-lhes o conhecimento da verdade, cultivando neles graças

espirituais e levando-os a uma vida de obediência aos preceitos divinos que estão

revelados e expostos nas Escrituras.

O poder civil, às vezes precisa usar a força para fazer prevalecer a lei e impor

a obediência a ela; enquanto que a obediência ao poder espiritual é voluntária, que

se dá pelo constrangimento e não pela coação.

A NATUREZA DO PODER DA IGREJA

2) Poder Ministerial O poder da Igreja não é um poder independente e muito menos e soberano no

sentido de ser em função de si mesmo. A natureza do poder da Igreja é uma

ddiiaakkoonniiaa lleeiittoouuggiiaa – um poder ministerial (de serviço).

É derivado de Cristo e subordinado à sua soberana autoridade exercida sobre

a Igreja.

Deve ser exercido de acordo com a Escritura e sob a direção do Espírito Santo,

por meio dos quais, Cristo governa a Sua Igreja e em nome do próprio Cristo como o

Rei da igreja (Rm 10.14, 15; Ef 5.23; 1 Co 5.4).

Diferentes Espécies de poder eclesiástico

Poder dogmático ou docente;

Poder de governo ou de ordem;

Poder de julgamento ou disciplina (esse poder da Igreja é uma subdivisão do

poder de governo ou de ordem);

Poder ou ministério da misericórdia.

14

PODER DOGMÁTICO OU DOCENTE A igreja tem uma tarefa divina, com relação à verdade. É seu dever ser uma

testemunha da verdade perante os de fora, e tanto uma testemunha como um

mestre para os de dentro.

A igreja deve exercer o poder dogmático das seguintes maneiras:

1) Na preservação e fiel pregação da Palavra

Deus constituiu a igreja em guardiã do precioso depósito da verdade.

Enquanto forças hostis são colocadas contra ela e o poder do erro transparece em

toda parte, a igreja deve providenciar para que a verdade não pereça na terra, para

que o volume no qual ela está incorporada seja mantido puro e sem mutilações, a

fim de que o seu propósito não seja derrotado, e para que ela seja transmitida de

geração em geração. Ela tem a grande e responsabilizante tarefa de manter e

defender a verdade contra todas as forças da incredulidade e do erro.

Judas 1. 3: “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da

nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco,

exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi

entregue aos santos.”

Assim, a tarefa da igreja é amplamente compreensiva. Ela deve apontar o

caminho da salvação, deve advertir os ímpios da condenação que lhes sobrevirá,

deve animar os santos com as promessas de salvação, deve fortalecer os fracos,

encorajar os desanimados e consolar os tristes. E, para que esta obra seja realizada

no território todo e em todas as nações, ela deve providenciar para que a Palavra de

Deus seja traduzida para todas as línguas.

O dever da igreja não é somente preservar a Palavra de Deus, mas também

pregá-la no mundo e na assembléia do povo de Deus, para a conversão dos

pecadores e a edificação dos santos.

O Rei, revestido de autoridade no céu e na terra, deu-lhe a grande comissão:

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e

do Filho e Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho

ordenado”. E o grande meio que está à disposição da igreja para a realização da sua

obra é, não a educação, a civilização, a cultura humana ou reformas sociais, embora

todas estas coisas possam ter significação subsidiária, mas, sim, o Evangelho do

Reino, que não é outro, senão o Evangelho da livre graça de Deus, da redenção pelo

sangue do Cordeiro.

Mas a igreja não deve satisfazer-se em trazer pecadores a Cristo pela

instrumentalidade do Evangelho; também é preciso que ela se engaje na pregação

da Palavra nas assembléias dos que já vieram a Cristo. E, na realização desta tarefa,

seu principal trabalho não consiste em chamar pecadores a Cristo, embora o convite

pra virem a Cristo não deva faltar mesmo nas igrejas organizadas, mas em edificar

os santos, fortalecer sua fé, conduzi-los no caminho da santificação e, assim,

15

solidificar o templo do Senhor. Paulo tem isto em mente quando afirma que Cristo

deu à igreja os oficiais docentes “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o

desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos

cheguemos a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita

varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”, Ef 4.12, 13.

E esta Palavra deve ser pregada fielmente, sem erros e livro de engano:

1 Tm 1.3, 4: “3 Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei

permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que

não ensinem outra doutrina,4 nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim,

que, antes, promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé.”

2 Tm 1.13: “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o

amor que está em Cristo Jesus”

Tt. 1.9-11: “9 apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha

poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o

contradizem. 10 Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e

enganadores, especialmente os da circuncisão. 11 É preciso fazê-los calar,

porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe

ganância.”

A Igreja deve exercer o poder dogmático:

2) Na administração dos sacramentos. O ministério dos sacramentos deve, naturalmente, seguir ao lado do

ministério da Palavra. Aquele é simplesmente uma apresentação simbólica do

Evangelho, dirigida aos olhos, antes que aos ouvidos. O dever que a igreja tem de

pregar a Palavra é ensinado claramente em muitas passagens da Escritura, como Is.

3.10, 11; 2 Co. 5.20; 1 Tm. 4.13; 2 Tm. 2.15; 4.2; Tt. 2.1-10.

Em vista das claras instruções do seu Rei, ela jamais deverá permitir que

nenhum governo ditatorial lhe dite o que deve pregar; tampouco deverá acomodar-

se, no que se refere ao conteúdo da sua mensagem, às exigências de uma ciência

naturalista, ou às solicitações de uma cultura que reflita o espírito do mundo.

Naturalmente, a Bíblia não contém nenhum exemplo de credo. Os credos não

são dados por revelação, mas são fruto da reflexão da igreja sobre a verdade

revelada. Em nossos dias, muitos são avessos a símbolos e confissões, e entoam

glorias a uma igreja sem credo. Mas as objeções levantadas contra os credos não são

insuperáveis absolutamente. Os credos não são, como alguns insinuam,

considerados como iguais em autoridade à Bíblia, e muito menos como superiores a

ela. E nada acrescentam à Escritura, quer por afirmações expressas, quer por

implicação. Não militam contra a liberdade de consciência, nem retardam o

progresso dos estudos teológicos científicos. Tampouco podem ser considerados

como causa de divisões da igreja, embora a possam expressar. As divisões vieram

16

primeiro, e , então deram surgimento aos diversos credos. De fato, eles servem, em

grande medida, para promover a unidade da igreja visível.

Além disso, se uma igreja não quer estar calada, é obrigada a desenvolver um

credo, escrito ou não. Isso tudo não significa, porém, que não possa haver mau uso

de um credo.

Foi exatamente no exercício de seu poder dogmático que a Igreja

Presbiteriana do Brasil redigiu seus Padrões de Ordem contidos no Manual

Presbiteriano, que consta da Constituição da Igreja, do Código de Disciplina e dos

Princípios de Liturgia.

Os manuais que a Igreja produz para a direção e bom funcionamento de seus

Concílios e Departamentos também constituem os seus Padrões de Ordem. Aí então

temos: O Manual do Culto e o Guia de Trabalho para as Sociedades Internas.

SSIISSTTEEMMAA PPRREESSBBIITTEERRIIAANNOO EE IIDDEENNTTIIDDAADDEE PPRREESSBBIITTEERRIIAANNAA O Sistema Presbiteriano implica em uma identidade doutrinária (ou de fé) e

de governo (ou de ordem).

Em seu sistema doutrinário, a Igreja Presbiteriana do Brasil é Confessional

porque adota o conjunto de doutrinas elaborados e esposados em uma Confissão de

Fé e nos Catecismos.

Em seu sistema de governo ou de Ordem, Igreja Presbiteriana do Brasil é

Conciliar, porque seu governo é exercido pelos Concílios, que são as Assembleias

eclesiásticas representativas.

PADRÕES DE FÉ

Confissão de Fé de Westminster;

Catecismo Maior de Westminster;

Catecismo Menor de Westminster.

PADRÕES DE ORDEM

Constituição da Igreja;

Código de Disciplina;

Princípios de Liturgia;

Manuais para o culto e para os Departamentos internos.

O documento de Ordem da Igreja Presbiteriana do Brasil – a CI/IPB assim a

define:

CAPÍTULO I

NATUREZA, GOVERNO E FINS DA IGREJA

Art.1) A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de Igrejas locais, que adota

como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Velho e Novo

Testamento e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão

17

de Fé e os Catecismos Maior e Breve; rege-se pela presente Constituição; é

pessoa jurídica, de acordo com as leis do Brasil, sempre representada

civilmente pela sua Comissão Executiva e exerce o seu governo por meio de

Concílios e indivíduos, regularmente instalados.

ESTATUTOS DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

CAPÍTULO I - DEFINIÇÃO E FINS

Art.1) A Igreja Presbiteriana do Brasil, anteriormente denominada Igreja Cristã

Presbiteriana do Brasil, é uma comunidade religiosa, constituída de uma

federação de Igrejas locais, com sede civil na Capital da República, organizada

de acordo com sua própria Constituição.

§ 1º - As Igrejas federadas, que se compõem de membros que adotam como única

regra de fé e prática a Bíblia Sagrada e como sistema expositivo de doutrina e

prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve, representam-se,

pelos deputados eleitos pelos Concílios regionais, no Supremo Concílio, que é a

assembléia geral da Igreja Presbiteriana do Brasil.

FEDERAÇÃO DE IGREJAS E DE CONCÍLIOS.

A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma Federação de Igrejas locais (CI/IPB Art.

1º).

Federalismo é o Sistema que consiste na reunião de vários entes em

Federação e Confederação com o objetivo de preservar, defender e fomentar

interesses comuns, sem todavia, implicar na perda de autonomia dos entes

federados.

O federalismo é vivenciado por meio dos Concílios onde cada Igreja local se

faz representar nas instâncias conciliares maiores por meio de seus oficiais – os

Presbíteros docentes e regentes.

Em cada Concílio – Conselho, Presbitério, Sínodo e Supremo Concílio - a Igreja

local está presente, representativamente, por meio de Presbíteros regularmente

eleitos como delegados em tais instâncias.

O federalismo conciliar é proveitoso no escalonamento da representatividade

e no tratamento de questões administrativas, judiciais, doutrinários e litúrgicos.

No sistema presbiteriano, apenas os Concílios possuem autoridade de legislar

em questões doutrinárias e administrativas.

Mas o federalismo Presbiteriano não é exercido somente nos Concílios, dos

quais apenas os Presbíteros (docentes e regentes) participam e somente estes

usufruem do federativismo.

A igreja local, a assembléia comunitária, que é um corpo uno de ambos os

sexos e de todas as idades, também vivencia o federalismo nas Sociedades Internas

18

locais, nas Federações, nas Confederações Sinodais e nas Confederações Nacionais

de UPH, da SAF, da UMP, da UPA e da UCP.

As Sociedades Internas (em nível local); as Federações Presbiteriais e as

Confederações Sinodais (em nível regional); bem como as Confederações Nacionais

(em âmbito nacional), ainda que não sejam Concílios, mas como órgãos criados por

estes, expressam em seu modus vivendis, o federalismo que é o elemento distintivo

do sistema presbiteriano.

Sociedades internas, Federações e Confederações recebem, por delegação,

autorização para atuar, promovendo o desenvolvimento e fortalecimento das

questões missionárias, sociológicas, sociais, eclesiológicas, comportamentais e

testemunhais.

Culto, ensino, evangelismo e beneficência ocorrem em âmbito local. Sem a

estrutura federativa todas essas ações permanecem apenas em âmbito local.

Somente por meio da estrutura das Sociedades Internas é que a Igreja executa

todo seu programa nas áreas da Liturgia, Didascalia e Diaconia em nível regional e

nacional.

A Federação (em âmbito Presbiterial) é a instância mais próxima da

Sociedade Interna local, logo a esfera mais próxima para o exercício do

federativismo.

À medida que as federações e confederações se fortalecem, mais a Igreja local

se aproxima das demais Igrejas às quais está vinculada e o federalismo é vivenciado

por toda a Igreja e não apenas representativamente por meio de seus Presbíteros.

Toda a assembleia comunitária – a Igreja local , que é um corpo uno de ambos

os sexos e de todas as idades, por meio da estrutura das Sociedades Internas,

participa e vivencia o federalismo presbiteriano.

Todos os homens e não apenas os Presbíteros; os jovens, os adolescente, as

mulheres e até as crianças, que atuam decisivamente na comunidade e são,

efetivamente, membros do corpo eclesial, são contemplados e inclusos na estrutura

federativa que caracteriza o Sistema Presbiteriano.

Quando Igrejas locais abandonam a estrutura das Sociedades internas,

passam a vivenciar um sistema de governo que se aproxima muito mais do SISTEMA

DE INDEPENDÊNCIA, uma vez que o federalismo é vivenciado apenas pelo seu

Conselho.

Assim, lutar pela preservação e fortalecimento das Sociedades

Internas não é uma questão de saudosismo, preferência pessoal ou

mero apego à tradição; é uma questão de identidade.

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AS SOCIEDADES INTERNAS NOS PADRÕES DE ORDEM DA IPB CI/IPB (Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil):

Art.75 - O Conselho da Igreja é o Concílio que exerce jurisdição sobre uma Igreja e é

composto do pastor, ou pastores, e dos presbíteros.

Art.83 - São funções privativas do Conselho:

h) supervisionar, orientar e superintender a obra de educação religiosa, o trabalho

das sociedades auxiliadoras femininas, das uniões de mocidade e outras

organizações da Igreja, bem como a obra educativa em geral e quaisquer

atividades espirituais;

o) suspender a execução de medidas votadas pelas sociedades domésticas da Igreja

que possam prejudicar os interesses espirituais;

p) examinar os relatórios, os livros de atas e os das tesourarias das organizações

domésticas, registrando neles as suas observações;

q) aprovar ou não os estatutos das sociedades domésticas da Igreja e dar posse as

suas diretorias;

(grifos acrescentados)

Art.91 - O Sínodo é a assembléia de ministros e presbíteros que representam os

Presbitérios de uma região determinada pelo Supremo Concílio.

Art.94 - Compete ao Sínodo:

c) superintender a obra de evangelização, de educação religiosa, o trabalho feminino

e o da mocidade, bem como, as instituições religiosas, educativas e sociais, no

âmbito sinodal, de acordo com os padrões estabelecidos pelo Supremo Concílio;

(grifo acrescentado)

Art.95 - O Supremo Concílio é a assembléia de deputados eleitos pelos Presbitérios e

o órgão de unidade de toda a Igreja Presbiteriana do Brasil, jurisdicionando

igrejas e concílios, que mantém o mesmo governo, disciplina e padrão de vida.

Art.97 - Compete ao Supremo Concílio:

a) formular sistemas ou padrões de doutrina quanto à fé; estabelecer regras de

governo, de disciplina e de liturgia, de conformidade com o ensino das Sagradas

Escrituras;

l) superintender, por meio de secretarias especializadas, o trabalho feminino, da

mocidade e de educação religiosa e as atividades da infância;

(grifos acrescentados)

Seção 4ª - Secretarias Gerais

Art.106 - O Supremo Concílio poderá nomear secretários gerais; o Sínodo e o

Presbitério, secretários de causas para superintenderem trabalhos especiais.

§ 1º - Os secretários nomeados deverão dar relatórios de suas atividades aos

respectivos Concílios, e seus mandatos se estendem apenas por uma

legislatura, podendo ser reeleitos.

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§ 2º - Cabe ao concílio votar verba para organização e expediente de cada secretaria,

devendo ouvir os secretários quanto às necessidades do respectivo

departamento.

(grifos acrescentados)

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art.143 - O Supremo Concílio organizará:

a) um manual de liturgia, de que possam servir-se as Igrejas Presbiterianas do

Brasil;

b) modelo de estatutos para Concílios, Igrejas e sociedades internas;

c) modelo de regimento interno para os Concílios;

Art.145 - São nulas de pleno direito quaisquer disposições que, no todo ou em parte,

implícita ou expressamente, contrariem ou firam a Constituição da Igreja

Presbiteriana do Brasil.

Parágrafo Único - Este artigo deve constar obrigatoriamente dos estatutos dos

Concílios, das Igrejas e de todas as demais organizações da Igreja

Presbiteriana do Brasil, inclusive as sociedades internas.

(grifos acrescentados)

As Sociedades Internas também estão previstas nos Regimentos

Internos do Supremo Concílio, dos Sínodos, dos Presbitérios e das

Igrejas locais.

Regimento Interno do Supremo Concílio: Art.17 - Compete ao Secretário Geral da Mocidade:

a) Orientar, estimular e superintender o trabalho da Mocidade em todo o campo conciliar;

b) Auxiliar a Confederação da Mocidade e supervisionar o seu jornal “Mocidade”;

c) Manter contato com os Secretários Sinodais e Presbiteriais da Mocidade, a fim de

coordenar suas atividades;

d) Servir de elemento de ligação entre o Supremo Concílio e a Confederação da Mocidade

Presbiteriana;

e) Realizar trabalhos que visem o desenvolvimento dos jovens nos diversos setores de sua

vida;

f) Promover a organização da mocidade onde ainda não houver;

g) Prestar relatório anualmente à Comissão Executiva e, quadrienalmente, ao Supremo

Concílio.

Art.18 - Competem ao Secretário Geral do Trabalho Feminino, “mutatis mutandis”, as

atribuições do Secretário Geral da Mocidade.

Art.19 - Compete ao Secretário Geral das Atividades da Infância:

a) Estabelecer, dentro dos moldes e tradições presbiterianos, atividades apropriadas ao

cultivo espiritual da criança;

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b) Promover a organização de ligas infantis para o desenvolvimento social e religioso da

criança;

c) Estimular as Igrejas e, por meio dos Conselhos, as organizações domésticas, a cooperar

para o maior proveito das ligas infantis;

d) Promover a publicação de folhetos pedagógicos, para orientação dos pais, e material

adequado de interesse das próprias crianças;

e) Promover cursos de líderes das atividades da infância;

f) Promover reunião de pais e professores de educação religiosa, juntamente com líderes

da educação integral da criança;

g) Prestar relatório anualmente à Comissão Executiva e, quadrienalmente, ao Supremo

Concílio.

Art.20 - Compete ao Secretário Geral do Trabalho Masculino:

a) Organizar, orientar e estimular o trabalho cristão entre os homens, em todo o campo

conciliar;

b) Organizar sempre que oportuno e possível congressos regionais de homens, para estudo

e oração;

c) Apresentar ao Concílio relatório, dados e informações do trabalho.

Regimento Interno dos Presbitérios: Art.5 - As sessões regulares dividirão o seu trabalho em:

III - ORDEM DO DIA:

2) Eleição:

a) do Tesoureiro (CI/IPB Art.67 § 1º);

b) dos Secretários de Educação Religiosa, Trabalho Feminino, Trabalho da Mocidade e

outros (CI/IPB Art.106)

e) Secretários de Trabalhos Especiais

Art.16 - Compete ao Secretário do Trabalho Feminino:

a) Orientar e estimular o trabalho feminino no campo conciliar, auxiliando a respectiva

federação ou promovendo a sua organização quando não houver;

b) Participar, ex-officio, das sessões da Mesa Executiva, congressos e outras reuniões da

federação;

c) Apresentar ao Concílio relatórios, dados e informações do trabalho feminino.

Art.17 - Competem ao Secretário do Trabalho da Mocidade, mutatis mutandis, as

atribuições do Secretário do Trabalho Feminino (Art.16).

Art.18 - O Concílio poderá manter outros serviços especiais, determinando aos respectivos

secretários os deveres inerentes ao cargo.

Assim, as Sociedades Internas, e somente elas – nenhuma outra estrutura

e qualquer inovação - é contemplada nos padrões de governo da IPB.

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As Sociedades Internas refletem o Sistema Presbiteriano de Governo e a

estrutura das Sociedades Internas espelha a estrutura dos Concílios. Há um padrão

estrutural onde o federativismo, elemento característico do presbiterianisno, é

vivenciado e usufruído por toda a Igreja: Oficiais e membros em geral, homens e

mulheres – do menor ao maior.

Ademais, o próprio Supremo Concílio elaborou para as Sociedades Internas

um Livro de Ordem para regular seus propósitos e modo de funcionamento.

Até 2014, as Sociedades Internas da IPB contava com o MANUAL UNIFICADO DAS

SOCIEDADES INTERNAS (MUSI). Agora está em vigência do GUIA DE TRABALHO

DAS SOCIEDADES INTERNAS (GTSI) que foi discutido e produzido pela Comissão de

Revitalização das Sociedades Internas anterior e então aprovado pelo SC/IPB.

As Sociedades Internas são a “cara” da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Assim, lutar pela sua preservação e fortalecimento não é uma questão de

saudosismo, preferência pessoal ou mero apego à tradição; é uma questão de

identidade.

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BIBLIOGRAFIA

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 3 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.

GRUNDEN, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999

LUCAS, Sean Michael. O Cristão Presbiteriano. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.

ROBERTS, W. H. O Sistema Presbiteriano. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 1999.

Manual Presbiteriano da Igreja Presbiteriana do Brasil/Supremo Concílio da Igreja

Presbiteriana do Brasil. São Paulo: Cultura Cristã, 2013

Anotações pessoais da docência das disciplinas de Constituição da IPB e

Administração eclesiástica no IBAA - Instituto Bíblico Presbiteriano Rev. Augusto

Araujo.