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Saúde, Educação e Meio Ambiente Cecília Bueno Mariana Silva Ferreira Natalie Olifiers Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha (Orgs.) Anais do II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente ISBN: 978-85-5459-013-0

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Saúde, Educação e Meio Ambiente

Cecília Bueno Mariana Silva Ferreira

Natalie Olifiers Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha

(Orgs.)

Anais do II Simpósio de Ciências do Meio

Ambiente

ISBN: 978-85-5459-013-0

Cecília Bueno Mariana Silva Ferreira

Natalie Olifiers Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha

(Orgs.)

Anais do II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente:

Saúde, Educação e Meio Ambiente

Rio de Janeiro Universidade Veiga de Almeida

2017

Realização:

Agradecimentos por doações:

Elba Lemos (FIOCRUZ)

Paulo Sergio D’Andrea (FIOCRUZ)

Rui Cerqueira (UFRJ)

Reitor

Arlindo Cardarett Vianna

Pró-Reitor de Pós-graduação e Pesquisa Leonardo Rabelo de Matos Silva

Coordenadora do Mestrado Profissional em Ciências do Meio

Ambiente Cecilia Bueno

Editora-chefe do Núcleo de Publicações Renata Luiza Feital de Oliveira

Biblioteca Central Katia Cavalheiro

Coordenação-Geral

Cecília Bueno

Comissão Organizadora Cecília Bueno

Mariana Silva Ferreira Natalie Olifiers

Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha

Comissão Científica Ana Cláudia Delciellos (UFRJ)

Anderson Amendoeira Namen (UVA/UERJ) Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha (UVA)

Cecília Bueno (UVA) Izabella Christynne Ribeiro Pinto Valadão (UVA)

Janaina Japiassu de Vasconcelos Cavalcante (UVA) Maíra Moraes Pereira (UVA)

Natalie Olifiers (UVA) Saulo Roni Moraes (UVA)

Ricardo Martinez Tarré (UVA) Viviane Japiassú Viana (UVA/Unisuam/Senac)

Wagner de Souza Pereira (UVA)

Monitores Amanda de Souza Oliveira

Carolina Bueno Cynthia Oliveira de Aquino

Drielle Araújo Pinto Remígio Fernanda Alves Dutra

Nicolas Porto Felix Raíra Rosa dos Santos

Rauane Moraes de Barros Renata Ribeiro Aguiar

Roberto Veiga Coelho da Fonseca

Editores Thiago dos Santos Cardoso (FIOCRUZ)

Natalie Olifiers (UVA)

Ficha catalográfica

Bibliotecária Cristina Pimentel da Silva CRB 7-4538

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial Barra/UVA

Os dados, informações e opiniões aqui expostos são de inteira responsabilidade dos autores.

Sumário

PREFÁCIO.........................................................................................................................................10 PROGRAMAÇÃO............................................................................................................................11 RESUMOS DE PALESTRAS........................................................................................................12

IMPACTOS À BIODIVERSIDADE: O ATROPELAMENTO DE FAUNA SILVESTRE Cecília Bueno...........................................................................................................................13 LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE Felipe da Costa Brasil.............................................................................................................14 O VERDE FAZ DIFERENÇA? Graciela Arbilla de Klachquin.................................................................................................15 PARTICIPAÇÃO E INOVAÇÃO SOCIAL COMO FERRAMENTAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Henrique Nascimento Tapéporã..............................................................................................16 ONE HEALTH: UM EXEMPLO APLICADO NA VIGILÂNCIA DE ZOONOSES NO BRASIL Jose Luiz Cordeiro...................................................................................................................17 PANORAMA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FORMAL Márcia Cristina Santiago de Mello..........................................................................................18 IMPACTOS DE AGROTÓXICOS NO MEIO AMBIENTE Rodrigo Ornellas Meire...........................................................................................................19

ARTIGOS COMPLETOS...............................................................................................................20

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO CENTRO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE SEROPÉDICA, RJ ATRAVÉS DA METODOLOGIA DO IQDR Adrimara Elizabet Radin, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha & Tatiana Valle Freitas.............................................................................................................................21 MAPEAMENTO, DIAGNÓSTICO, CODIFICAÇÃO E ANÁLISE MACROSCÓPICA DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RONCADOR – MAGÉ – RJ Aliciane de Souza Peixoto & Cecília Bueno............................................................................28

ANÁLISE DOS CONTAMINANTES LIGADOS À ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO OFFSHORE EM QUELÔNIOS MARINHOS, MELHORES PRÁTICAS PARA IMPLEMENTAÇÃO EM PROJETOS DE MONITORAMENTO DE PRAIAS Ana Paula Cavalcante da Cruz & Cecília Bueno....................................................................35 CRIAÇÃO DO QR CODE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA – PESET Benedito Célio Pacheco & Natalie Olifiers.............................................................................42 PROPOSTA DE JOGO DIGITAL PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS Bruno Araújo Freire, Cecilia Bueno & Anderson Amendoeira Namen..................................47 CENÁRIO ATUAL DA GESTÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS NO BRASIL: UMA AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE OS ESTADOS DE SÃO PAULO, MINAS GERAIS E RIO DE JANEIRO Camila de Leon Lousada Borges, Andréa Oliveira & Vanilson Fragoso...............................52 USO DE FERRAMENTAS LÚDICAS PARA SENSIBILIZAÇÃO DE JOVENS SOBRE A IMPORTÂNCIA DE REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR (POLÍTICA DOS TRÊS R’S) Cesar Elinaldo da Silva, Izabella Valadão & Cecília Bueno..................................................60 GENETIC DIVERSITY OF ALOUATTA (PRIMATES) FROM BRAZILIAN ATLANTIC FOREST Cibele Rodrigues Bonvicino, Maria Carolina Viana, Cecília Bueno, Herlle Souza Santos & Lena Geise................................................................................................................................67 PERFORMANCE AMBIENTAL EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE: UM ESTUDO DE CASO DO HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS, RIO DE JANEIRO – RJ Elen Lima de Oliveira, Viviane Japiassú Viana & Antony de Paula Barbosa........................73 O USO DA PERCEPÇÃO SOCIAL NA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS E DIAGNÓSTICOS AMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO DO RIO IPÊ DO MUNICÍPIO DE PARACAMBI-RJ Fabiana Loureiro dos Reis & Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha...............88 PROJETO CÃES E GATOS DA SERRA DA TIRIRICA: DADOS DO CONTROLE POPULACIONAL NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, RJ Gabriela Lins de Albuquerque, Daiana Angelo Gomes Santana, Phillipe Bauer de Araujo Doria, João Marcelo Silva Silveira, Fernando Diego Paqueco, Carolina Marinho Colchete, Ana Carolina Azevedo Meirelles, Beatriz Teixeira Gomes da Silva, Fábio Otero Ascoli, Aline Moreira de Souza, Felipe de Sousa Queiroz, Nádia Almosny & Sávio Freire Bruno.............97 DILEMAS AMBIENTAIS E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS DO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Geovani Dias Pereira & Mariana Silva Ferreira..................................................................101

RIQUEZA E FUNCIONALIDADE NA COMUNIDADE DE MOITAS EM AFLORAMENTOS ROCHOSOS LITORÂNEOS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, RJ Jasmim Lira Avelino, Luana Paula Mauad & João Marcelo Alvarenga Braga...................110 USO DE DIFERENTES HÁBITATS PELO MARACANÃ-VERDADEIRO PRIMOLIUS MARACANA EM AMBIENTES FRAGMENTADOS Jovani Pereira Barbosa Monteiro & Sávio Freire Bruno .......... ........ ........ ...115 FAUNA SINANTRÓPICA NOCIVA NO PORTO DO RIO DE JANEIRO: PROBLEMAS ATUAIS E MEDIDAS MITIGADORAS Maria Carolina Cigliato Augusto & Mariana Silva Ferreira...............................................121 USO DO “MÉTODO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR”: ESTUDO DE CASO EM UMA HORTA URBANA Marina Morales Bezerra & Felipe Tsuruta Lisboa Cruz......................................................130 O USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO NA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE ATERROS SANITÁRIOS: PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA IDENTIFICAÇÃO E MENSURAÇÃO Marjorie Claudino Wippel & Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha..............138 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS DE UM TRECHO URBANO DO ARROIO PAVUNA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Victor Dengo Sabino & Anderson de Almeida Salvioli Salgado...........................................147 ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE PAVIMENTAÇÃO UTILIZADOS ATUALMENTE NA CIDADE DE CABO FRIO: ESTUDO DE CASO DO CRUZAMENTO DAS RUAS HENRIQUE TERRA, RUA ABIUS E RUA ROMA Vinicius Dias Fonseca & Fernando Vagner Ribeiro.............................................................158 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: FATORES QUE DETERMINAM O PROCESSO DE COMPRA EM FEIRA ORGÂNICA NO RIO JANEIRO Weslley Carvalho, Carolina F. Quitá, Maria José Paes, Maria Cristina J. Soares & Raquel Cardoso C. Reis.....................................................................................................................165 ANÁLISE ECONÔMICA DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM UNIDADES DE TRATAMENTO DE RIO (UTR): UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A UTR ARROIO FUNDO E A ALTERNATIVA DE EXPANSÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO Yasmin Cardoso Moraes, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro & Bruna Stein Ciasca.....................................................................................................................................171

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Prefácio Foi com muita satisfação que o Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente

realizou, nos dias 15 e 16 de setembro de 2017, o II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente (II SICIMA), na Universidade Veiga de Almeida/campus Tijuca. O Simpósio já faz parte da agenda de eventos promovidos pelo Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente, contando esse ano com a parceria do MBA de Planejamento e Gestão Ambiental. O objetivo principal do evento foi debater temas atuais na área de Ciências Ambientais. Em 2017, a reflexão sobre a integração entre saúde, educação e meio ambiente foi a temática abordada no evento.

A programação do II SICIMA contou com uma série de debates, palestras e mesas redondas com professores e profissionais das áreas de saúde, educação e meio ambiente, além da apresentação de trabalhos por meio de pôsteres. Os participantes puderam submeter os trabalhos completos, que após aceite passaram a compor estes anais do evento.

Assim, é com grande satisfação que disponibilizamos os Anais do evento que servirão como registro do II SICIMA para a posteridade. Agradecemos a todos os participantes do II Simpósio em Ciências do Meio Ambiente e esperamos vocês no próximo evento, em 2019.

Comissão Organizadora II SICIMA

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Anais do II SICIMA.

II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente: Saúde, Educação e Meio Ambiente

Universidade Veiga de Almeida - Campus Tijuca, Rio de Janeiro - RJ

15 e 16 de setembro de 2017

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Resumos de palestras

Anais do II SICIMA.

II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente: Saúde, Educação e Meio Ambiente

Universidade Veiga de Almeida - Campus Tijuca, Rio de Janeiro - RJ

15 e 16 de setembro de 2017

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IMPACTOS À BIODIVERSIDADE: O ATROPELAMENTO DE FAUNA SILVESTRE

Cecília Bueno

E-mail: [email protected] Universidade Veiga de Almeida

A biodiversidade vêm sendo deplecionada por impactos causados pelos empreendimentos lineares. A Ecologia de estradas é a ciência que estuda as interações entre os organismos e o ambiente associado a estradas e veículos. Alguns números assustam, como 1 milhão de vertebrados mortos por dia nos EUA. Estudos do Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas estimam que morrem no Brasil cerca de 475 milhões de vertebrados por ano. Esse número certamente é subestimado, já que poucos estudos e monitoramentos são realizados e as estradas de terra normalmente não são consideradas ou monitoradas. Além dos atropelamentos, ainda existem outros impactos que devem ser considerados, por exemplo, o efeito de evitação. Este aponta que várias espécies de mamíferos apresentam densidade de população muito baixa em áreas distantes 100m a 200m de ferrovias. Os fatores causadores são: forte ruído, vibração e deslocamento de ar. Estes fatores podem ser mais efetivos, dependendo do volume de tráfego e da velocidade média de deslocamento das composições. As medidas mitigadoras, como cercas condutoras, passagens aéreas e subterrâneas devem ser implementadas e monitoradas de forma a identificar sua eficiência. Dessa forma, os impactos causados pelos empreendimentos lineares devem ser considerados em projetos e no processo de licenciamento, de forma a reduzir os impactos e mitigar as perdas para biodiversidade.

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O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Felipe da Costa Brasil

E-mail: [email protected] Universidade Veiga de Almeida

Nesta palestra foram abordados os principais temas relativos a Legislação Ambiental aplicada ao Licenciamento Ambiental, os principais instrumentos e procedimentos do Licenciamento Ambiental, com ênfase ao estado do Rio de Janeiro e aos 55 municípios licenciadores, de acordo com o previsto na Resolução Conama 42 de 2012. Foi abordado ainda o papel das condicionantes de Licença Ambiental como medidas de controle de poluição, adequação e proteção ambiental.

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O VERDE FAZ DIFERENÇA?

Graciela Arbilla de Klachquin E-mail: [email protected]

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Nesta palestra foi discutido o papel das áreas verdes na qualidade e composição do ar. Foram apresentados dados experimentais que mostram a interação entre a cidade e a floresta urbana, o possível impacto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, medições de gases de efeito estufa na cidade do Rio de Janeiro e discutido o papel dos compostos biogênicos na química da atmosfera.

Anais do II SICIMA.

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PARTICIPAÇÃO E INOVAÇÃO SOCIAL COMO FERRAMENTAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Henrique Nascimento Tapéporã

E-mail: [email protected] Tapéporã - RJ

A ideia desta palestra foi abordar o conceito de Ecologia Profunda (Joanna Macy), associando a importância dos aspectos individuais e sociais dentro do contexto ambiental. Contar a história que começou através de um diagnóstico socioambiental e de duas edições do evento Conversas entre Vizinhos, que envolveu o Parque Nacional da Tijuca e a Associação de Moradores da Vila Laboriaux, Rocinha.

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ONE HEALTH: UM EXEMPLO APLICADO NA VIGILÂNCIA DE ZOONOSES NO BRASIL

Jose Luiz Cordeiro

E-mail: [email protected] Campus Fiocruz Mata Atlântica, Fiocruz

Baseado no conceito “Um Mundo - Uma Só Saúde” (One World, One Health) o Projeto de Manejo de Fauna e Vigilância em Zoonoses (PMVZ), em parceria com laboratórios Fiocruz e externos, tem desenvolvido atividades de vigilância e controle de zoonoses quebrando paradigmas e inovando ao trabalhar conjuntamente a saúde humana, animal e ambiental. A implantação desta abordagem representa uma iniciativa nova no cenário nacional e internacional e coloca a Fiocruz na vanguarda da vigilância em zoonoses e no estudo das relações entre biodiversidade e saúde. Para tanto o PMVZ, numa perspectiva de longo prazo, monitora os patógenos circulantes em espécies sentinela silvestres (preguiça-comum, saguis, pequenos mamíferos, serpentes, etc) e domésticos (cães, gatos, aves domésticas, etc.).

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PANORAMA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FORMAL

Márcia Cristina Santiago de Mello E-mail: [email protected]

Universidade Veiga de Almeida

A Educação Ambiental no ensino formal, ainda está limitada em diversos aspectos a ações conservacionistas e pontuais. É urgente fomentar a quebra do perfil pontual e simplista da temática ambiental na escola onde apenas docentes da área biológica são apontados como os multiplicadores da temática. Diante desse cenário, a Secretaria de Estado de Educação do Estado do Rio de Janeiro – SEEDUC em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, através de uma cooperação técnico-científica, catalogou as práticas de Educação Ambiental dinamizadas nas escolas da rede pública de ensino estadual, no período de 2011 a 2014, a partir da identificação de seus alinhamentos às macrotendências conservadora e emancipatória e aos critérios de sustentabilidade fraca e forte respectivamente. E o mesmo evidenciou que, em alguns aspectos, as iniciativas das escolas estão mais alinhadas com uma perspectiva de educação ambiental mais conservadora e fraca. Nesse contexto é imprescindível olharmos também para a formação do docente, fio condutor que promove a construção do conhecimento e que deve vivenciar desde sua graduação a temática ambiental e conteúdos associados a sustentabilidade. É fundamental que o educador compreenda que a educação ambiental ou simplesmente a temática ambiental, deve primar pela integração da complexidade de áreas do conhecimento, estabelecendo o exercício do diálogo, o planejamento integrado e a ação protagonista de seus educandos. Assim, a ação ético-solidária necessária à formação do profissional, articulado às questões ambientais, pressupõe o desenvolvimento de uma consciência ecológica inerente à construção de uma realidade em que todos os seres interajam dialeticamente.

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IMPACTOS DE AGROTÓXICOS NO MEIO AMBIENTE

Rodrigo Ornellas Meire

E-mail: [email protected] Universidade Federal do Rio de Janeiro

A palestra abordou a dinâmica ambiental de agrotóxicos, em especial sobre as substâncias conhecidas como poluentes orgânicos persistentes. Estas substâncias apresentam alta persistência ambiental, podem atingir grandes distancias de suas fontes de origem e ainda assim apresentaram riscos relevantes de toxicidade em diferentes organismos. Nesta palestra abordaremos também os principais resultados desenvolvidos recentemente por nosso grupo de pesquisa, com ênfase no transporte atmosférico de agrotóxicos e demais poluentes em áreas urbanas e unidades de conservação na região sudeste e sul do Brasil. Concluo esta apresentação oral apresentando perspectivas futuras para novos estudos voltados ao monitoramento ambiental de poluentes.

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Artigos completos

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO CENTRO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE SEROPÉDICA, RJ

ATRAVÉS DA METODOLOGIA DO IQDR

Adrimara Elizabet Radin¹, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha¹ & Tatiana Valle Freitas² ¹ Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ² Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo A disposição final de resíduos sólidos no Brasil ainda é considerada um desafio expressivo de gestão cujas políticas públicas e suas respectivas ferramentas tornam-se elemento norteador para que haja avanços. Ainda faz parte da realidade brasileira à prática de dispor resíduos sem o devido tratamento em vazadouros a céu aberto, o que vem gerando poluição do solo, do ar, da água, além de atrair vetores de doenças O presente trabalho pretende avaliar a disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos no Centro de Tratamento de Resíduos, CTR Rio, localizado no município de Seropédica, no estado do Rio de Janeiro. A avaliação foi realizada por meio do Índice de Qualidade de Destinação Final de Resíduos Sólidos Urbanos (IQDR), de acordo com a metodologia implantada pelo INEA - NOP INEA 31 - Norma Operacional para elaboração de Índice de Qualidade de Destinação Final de Resíduos Sólidos Urbanos. O presente trabalho tem como objetivo constatar se o aterro sanitário está operando de forma adequada através do índice que permite avaliar as condições do sistema de disposição final dos resíduos sólidos urbanos. O valor do IQDR calculado foi de 8,85 e com esse resultado pode se concluir que o sistema de disposição está adequado. Palavras-chave: indicador ambiental, índice de qualidade, aterro sanitário. Introdução

A disposição final de resíduos sólidos no Brasil ainda é considerada um desafio expressivo de gestão cujas políticas públicas e suas respectivas ferramentas tornam-se elemento norteador para que haja avanços. Ainda faz parte da realidade brasileira à prática de dispor resíduos sem o devido tratamento em vazadouros a céu aberto, o que vem gerando poluição do solo, do ar, da água, além de atrair vetores de doenças. O crescimento da população das cidades, os hábitos de consumo e a falta de conscientização da população geram um dos principais desafios da sociedade moderna: a gestão dos resíduos sólidos urbanos. Hoje, no Brasil segundo ABRELPE (2015) a quantidade de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) coletada é de 198.750 toneladas/dia o que é equivalente a aproximadamente 1,0 kg por habitante dia. É importante salientar que quantidades significativas de resíduos ainda são dispostos de maneira irregular em vazadouros a céu aberto. De acordo com o artigo 26 da Lei 12.305 de 2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o responsável pela organização e prestação direta ou indireta do serviço de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos é o titular da gestão municipal (BRASIL, 2010). Esta exigência implica a um custo por tonelada de material enviado ao aterro sanitário

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e, consequentemente, demanda recursos, que nem sempre são garantidos pelos responsáveis, comprometendo assim disposição final ambientalmente adequada e favorecendo o aparecimento de lixões clandestinos.

Diante disso, as políticas públicas têm papel importante na gestão de resíduos sólidos, pois diversas áreas do saneamento podem ser afetadas se o gerenciamento de resíduos sólidos for realizado de maneira inadequada, podendo causar problemas socioambientais, além de ser considerado um crime ambiental (SILVA et al., 2011).

A gestão de RSU é um desafio antigo para o Brasil e existe uma série de leis que norteiam o processo decisório. No ano de 2003, o estado do Rio de Janeiro instituiu a Lei Estadual 4.191, que regulamenta a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e trata sobre a Política Estadual do mesmo, determinando princípios e orientações referentes à geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos, visando o controle da poluição e da contaminação, e a minimizando os impactos ambientais.

Segundo o Artigo 13 da Lei Estadual 4.191 (RIO DE JANEIRO, 2003) o objetivo da Política Estadual de Resíduos Sólidos é: “I- preservar a saúde pública e proteger o meio ambiente, garantindo o seu uso racional; II- erradicar os lixões, evitando o agravamento dos problemas ambientais gerados pelos resíduos sólidos;”

Mais tarde, uma das iniciativas desenvolvidas, para tentar solucionar o problema da gestão de resíduos foi a Lei Federal 12.305/2010, na qual, como disposto em seu artigo 3º entende-se por resíduos sólidos:

material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne princípios, objetivos, instrumentos e

diretrizes para a gestão de RSU, e trouxe uma série de ferramentas para a gestão dos resíduos sólidos nas cidades. Dentre as orientações consideradas pela Lei 12.305/10 pertinentes a serem destacadas, estão: “o estímulo à disposição final adequada dos resíduos e substituições dos lixões por aterros sanitários” (BRASIL,2010).

Dentre as formas de disposição final de resíduos sólidos urbanos encontradas no Brasil de maneira mais expressiva são: aterro sanitário, aterro controlado e lixão. Do total de resíduos coletados cerca de 58,7% são destinados a aterros sanitários, 24,1% são destinados a aterros controlados e 17,2% são destinados a lixões (ABRELPE, 2015).

O lixão ou vazadouro a céu aberto é um método de disposição onde o descarte de resíduos é realizado a céu aberto, sem qualquer medida de proteção e nenhum controle dos tipos de resíduos que são encaminhados para o local (BIDONE; POVINELLI, 1999). Já o aterro controlado é uma forma de disposição de resíduos sólidos onde o lixo é descartado no solo e recebe uma cobertura diária, geralmente de argila. Neste método de disposição não há

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controle dos efluentes líquidos e gasosos. Embora esta não seja a situação ideal, ainda assim é preferível ao lançamento a céu aberto (FREIRES; PINHEIRO, 2013).O aterro sanitário é de acordo com a Norma Brasileira NBR 15849 (ABNT, 2010), uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário. De acordo com a Lei Federal 12.305/10 todo resíduo sólido urbano (RSU) gerado deverá ser encaminhado somente para aterros sanitários.

O aterro sanitário é considerado uma técnica simples e eficiente, mas exige cuidados e procedimentos especiais. Este método de solução para o destino final dos resíduos sólidos enfrenta algumas dificuldades por conta dos custos elevados desde a fase de implantação até a operação, da vida útil relativamente pequena, da dificuldade de se encontrar espaços físicos adequados que sejam próximos aos polos geradores, do crescimento dos grandes núcleos habitacionais, e consequente aumento da quantidade de lixo produzida e da resistência das populações do entorno devido à depreciação da região.

O presente trabalho dispõe de um estudo de caso baseado na avaliação de desempenho ambiental, uma ferramenta de gestão que, através de um processo contínuo de coleta de dados e avaliação das informações, determina se o desempenho ambiental de uma empresa está adequado, segundo os critérios estabelecidos. Neste caso, os indicadores ambientais são utilizados para auxiliar nas informações exatas sobre o desempenho ambiental da empresa referente às operações, ao meio ambiente e também sobre a administração (ABNT, 2004). Na tentativa de avaliar se o CTR Rio está operando de forma adequada o presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade de operação do mesmo, aplicando a NOP-INEA-31 (INEA, 2015). A NOP-INEA-31 é uma Norma Operacional que foi elaborada, pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), cujo objetivo é estabelecer metodologia para cálculo do índice de qualidade de destinação final de resíduos sólidos urbanos (IQDR) com a finalidade de reunir indicadores para avaliar com regularidade a operação dos aterros sanitários instalados no Estado do Rio de Janeiro. Para o cálculo do IQDR, foi desenvolvido e ajustado indicadores de desempenho ambiental em três grupos distintos, referentes às características do local, infraestrutura implantada no aterro e as condições operacionais do aterro.

O IQDR leva em consideração a situação encontrada durante a avalição em campo. A metodologia utilizada permite identificar possíveis impactos ambientais e avaliar as condições de disposição do RSU de forma a contribuir para a melhoria da qualidade da gestão de resíduos sólidos no estado do Rio de Janeiro. Segundo Oliveira e Cunha (2017), os resultados obtidos com a aplicação da metodologia do IQDR no CTR Rio, nos anos de 2013, 2014 e 2015 foram respectivamente 8,4 pontos, 8,9 pontos e 9,1 pontos. Resultando uma média de 8,8 pontos, enquadrando o aterro em condições adequadas de funcionamento. Dentre os aterros que foram aplicados a metodologia do IQDR, o Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, RJ, foi um dos que se destacou e que apresentou maior IQDR médio e, por conseguinte o melhor desempenho.

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Material e Métodos

A área de estudo localiza-se em uma área rural do município de Seropédica, no estado do Rio de Janeiro e é operado pela Empresa Saneamento e Energia Renovável do Brasil S/A SERB (CICLUS). Sua área é de 2.226.000 milhões de metros quadrados. O CTR Rio começou a operar no ano de 2011, e recebe RSU e resíduos industriais e comerciais classe II. O aterro recebe diariamente 10.400 mil toneladas de resíduos coletados nos municípios de Seropédica, Rio de Janeiro, Itaguaí, Mangaratiba, São João de Meriti e Miguel Pereira. O município do Rio de Janeiro é responsável por 90% de todo o resíduo recebido. O aterro gera aproximadamente 900 m³/dia chorume. O aterro localiza-se na bacia hidrográfica da baía de Sepetiba, e tem como área de influência indireta a micro-bacia do Valão dos Neves e a micro-bacia do Valão do Brejo, como área de influência direta.

No dia 04/04/2017 foi realizada uma visita ao Aterro Sanitário de Seropédica - CTR Rio, para a coleta das informações necessárias para o cálculo do IQDR. Os dados coletados “in situ” foram utilizados para o preenchimento do questionário padronizado. Também foi utilizado para consulta o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

Este trabalho aplica a metodologia sugerida pelo INEA para a obtenção do IQDR, que é realizada a partir do preenchimento de fichas que abrangem aspectos relacionados às características do local, infraestrutura implantada no aterro e as condições operacionais do aterro conforme listado abaixo:

A) Características do local: proximidades dos núcleos habitacionais, zoneamento municipal, permeabilidade do solo de fundação, topografia do terreno, sistema viário e acessos, proximidades de corpos d água, profundidade do lençol freático, disponibilidade de material de recobrimento, vida útil estimada, isolamento da vizinhança e área sujeita a inundações.

B) Condições operacionais do aterro: existência de plano de atendimento à emergência, existência de plano de inspeção e manutenção, compactação de taludes e bermas, medição de recalque durante as etapas de operação, ocorrência de queima espontânea, recobrimento dos resíduos, presença de vetores aéreos (urubus, garças ou outras aves), presença de moscas (quantidades grandes), presença de catadores de materiais recicláveis na frente de operações, presença de animais (cachorros, porcos, bois e cavalos) funcionamento do sistema de drenagem pluvial definitivo, funcionamento do sistema de drenagem pluvial provisório, funcionamento do sistema de drenagem de chorume, funcionamento do sistema de tratamento de chorume (deve ser verificado o atendimento aos patrões da Resolução CONAMA 430/12), ponto de lançamento do efluente (chorume) tratado, manutenção dos acessos internos, disponibilidade de equipamentos e veículos necessários para a operação diária (trator, retro, escavadeira e caminhão basculante), eficiência do sistema de drenagem e queima de gases, recebimento de resíduos não autorizados pelo licenciamento ambiental.

C) Infraestrutura implantada no aterro: cercamento em todo perímetro do terreno, balança rodoviária, acesso à frente de trabalho, portão com controle de acesso (portaria/guarita), sinalização interna do empreendimento, cinturão verde conforme projeto aprovado pelo INEA, faixa de proteção sanitária “non-aedificant” (largura >10m), sistema de comunicação interna e externo para uso em ações emergenciais, possui iluminação e energia para ações de emergenciais (inclusive à noite), sistema de drenagem de efluentes líquidos percolados, sistema de drenagem pluvial definitiva, sistema de drenagem pluvial provisória,

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sistema de drenagem e queima de gases, aproveitamento de gases (MDL), monitoramento de águas subterrâneas, sistema de tratamento de chorume, monitoramento trimestral dos efluentes tratados (chorume), nível de tratamento do chorume, implantação de acordo com o projeto licenciado.

A metodologia utiliza 52 indicadores de desempenho ambiental, sendo 11 relativos às características do local, 21 à infraestrutura implantada e 20 referentes às condições operacionais, cada indicador possui uma pontuação especifica e o valor máximo da soma total de pontos é de 200, sendo 56 pontos relativos às características do local, 64 pontos relativos à infraestrutura implantada e 80 pontos relativos às condições operacionais do aterro. As condições de destinação final serão consideradas conforme a pontuação obtida no IQDR, como: Inadequadas (0 a 6,0 pontos), regulares (de 6,1 a 8,0 pontos) ou adequadas (8,1 a 10 pontos). Resultados e Discussão

Através da análise das características do local, infraestrutura implantada e das

condições operacionais do aterro, aplicou-se a metodologia de cálculo do IQDR, que consiste no quociente entre a soma dos valores obtidos em cada etapa e o valor máximo possível da pontuação. O total de pontos obtidos na avaliação foi de 177/200. Aplicando à equação se obteve um IQDR de 8,85. Este valor indica que o CTR Rio encontra-se funcionando em condições adequadas. Alguns indicadores não atenderam a metodologia aplicada de acordo com a norma NOP-INEA-031 (INEA, 2015), e não se enquadraram aos parâmetros exigidos e estabelecidos pela NBR 13896/97- Aterros de Resíduos Não Perigosos - Critérios para Projeto, Implantação e Operação. A seguir serão descritos os itens que não estavam em conformidade com os critérios estabelecidos pela metodologia.

Itens referentes às características do local a pontuação obtida foi 40 de um total máximo de 56:

- Proximidade de núcleos habitacionais: no dia da visita verificou-se que existem núcleos habitacionais a menos de 500 metros do entorno do aterro. Ao analisar a distância através do Google Earth foi confirmado que o núcleo habitacional está localizado a menos de 500 metros do aterro. A norma recomenda que a distância seja maior que 500 metros para reduzir os incômodos provocados pelo aterro como, barulho, odor, poeira, etc. O aterro sanitário deve se localizar numa área apropriada onde não ofereça risco para a população.

- Proximidade de corpos d’água: segundo o Estudo de Impacto Ambiental-EIA, existem corpos d’água tributários afluentes do Valão do Brejo e do Valão das Neves que passam dentro da área do empreendimento. O aterro deveria estar localizado a uma distância mínima de 200 m dos corpos d’água para impedir a contaminação do mesmo.

- Profundidade do lençol freático: constatou-se que a profundidade do lençol freático segundo o Estudo de Impacto Ambiental-EIA é menor que 1,5 m. Em abril de 2005, o nível do lençol freático apresentou profundidade variando de 0,8 a 3,3m e em janeiro de 2006, o nível do lençol freático apresentou profundidade variando de 0,72 a 0,95m. A Profundidade do Lençol Freático Segundo a Norma NBR 13.896 (ABNT, 1997) deve ter uma distância mínima de 1,50 m entre a base do aterro e do lençol freático para evitar possíveis contaminações. O mesmo deve ser medido durante a época de maior precipitação pluviométrica.

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Itens referentes à infraestrutura implantada no aterro a pontuação obtida foi 62 de um total máximo de 64:

- Faixa de proteção sanitária “non-aedificant” (largura maior que 10m). A faixa de proteção não foi respeitada, pois segundo informações obtidas no dia da visita, constatou-se que há uma residência a menos de dez metros do entorno do aterro a partir do limite da área do empreendimento.

Itens referentes às condições operacionais do aterro a pontuação obtida foi 75 de um total máximo de 80:

- Presença de vetores aéreos (urubus, garças ou outras aves): durante a visita ao local foi observada a presença de urubus e garças, o que nos leva a concluir que havia ocorrência de lixo exposto ou que a execução do recobrimento do lixo está inadequada. Esses animais encontram-se neste local, pois é um ambiente propício para o seu desenvolvimento devido à abundância de matéria orgânica em decomposição. Segundo as normas operacionais deve ser realizada uma cobertura diária com objetivo de impedir que o material seja levado pelo vento e evitar a disseminação de odores e proliferação de vetores. - Manutenção dos acessos internos: constatou-se que os acessos estavam em condições regulares. Como os acessos não são pavimentados os mesmos devem ser mantidos bons para permitir sua utilização em qualquer condição climática em qualquer época do ano. Conclusões

Após a avaliação da área da CTR Rio realizada através da aplicação do método IQDR, o resultado geral obtido foi bom, e conclui-se que o sistema de disposição final de resíduos do CTR Rio, está em condições adequadas de funcionamento, tendo como resultado do IQDR a nota final 8,85 pontos. Percebe-se que esta pontuação segue um padrão constante em relação à média dos anos anteriores de 2013 a 2015, o que indica que o CTR Rio vem mantendo suas condições de desempenho e funcionamento adequadas.

Através do estudo realizado foi possível constatar e listar os indicadores que necessitam ser melhorados para atender as exigências da norma operacional. A metodologia de avaliação do sistema de disposição de RSU é uma ferramenta importante para as políticas públicas a fim identificar os pontos que necessitam ser melhorados e adequados para enquadrar o aterro conforme as exigências ambientais da NBR 13896 (ABNT, 1997).

O método IQDR por sua vez, é instrumento de avaliação importante e pode trazer benefícios para implementação de políticas públicas na área de resíduos sólidos urbanos, com a aplicação do índice como ferramenta de fiscalização e avaliação do método de disposição final do RSU. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS -

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2015. São Paulo: ABRELPE, 2015. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2015.pdf>. Acesso em: 04.04.17

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR ISO 14031: gestão ambiental. Avaliação de desempenho ambiental. Rio de Janeiro, 2004.

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______. NBR 15849: resíduos sólidos urbanos. Aterros Sanitários de pequeno porte. Diretrizes para localização, projeto, implantação, operação e encerramento. Rio de Janeiro, 2010.

______. NBR 13896: aterros de resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 1997.

BRASIL. Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; (...) e dá outras providências.

BRASIL. Resolução CONAMA 430 de 13 de maio de 2011. Brasília, DF, 2011.

BIDONE, F. R. A.; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. São Carlos: EESC/USP, 1999.

FREIRES, F. G. M.; PINHEIRO. F. A. Os resíduos sólidos e a logística reversa. In: ADISSI, P. J.; PINHEIRO, F. A.; CARDOSO, S. C. (Orgs.). Gestão ambiental de unidades produtivas. Rio de Janeiro: Campus, 2013. p. 229-274.

INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE – INEA. NOP-INEA-031: Norma Operacional para elaboração do índice de qualidade de destinação final de resíduos sólidos urbanos (IQDR). Rio de Janeiro, 2015.

OLIVEIRA, M.; CUNHA, C. E. S. C. P. Gestão de resíduos sólidos: estratégias e técnicas legais rumo à destinação final ambientalmente adequada no Estado do Rio de Janeiro. In: JACCOUD, C. (Org.). Comentários à legislação ambiental do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017. p. 379-416.

RIO DE JANEIRO (Estado). Lei 4.191, de 30 de setembro de 2003. Dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos, e dá outras providências. Disponível em: <http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/b24a2da5a077847c032564f4005d4bf2/cf0ea9e43f8af64e83256db300647e83?OpenDocument>. Acesso em:04.04.17.

SILVA, J. A.; SOUZA, V.; MOURA, J. M. Gestão de resíduos sólidos domiciliares em Cuiabá: Gerenciamento integrado. Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, 2., 2011, Londrina. Anais... Londrina: Editora, 2011. Disponível em: http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2011/I-040.pdf. Acesso em: 07 abr. 2017

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MAPEAMENTO, DIAGNÓSTICO, CODIFICAÇÃO E ANÁLISE MACROSCÓPICA DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RONCADOR – MAGÉ – RJ

Aliciane de Souza Peixoto1& Cecília Bueno2 1 Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mails: [email protected] Resumo Este trabalho teve como objetivo, através de uma abordagem teórico-prática, identificar, mapear e analisar as nascentes que abastecem um dos principais rios do município de Magé, o Roncador, contribuinte direto da Baía de Guanabara, situadas em áreas preservadas e antropizadas. foram mapeadas as nascentes com tipologias diversas, perenes e intermitentes, cursos e olhos d’água, através das visitas em campo e utilização de geotecnologias para coleta e análise dos dados. As nascentes forma identificadas seguindo o método de Otto Pfafstetter em nível 6 de codificação, adotado pela ANA. Durante o mês de setembro de 2016 foram localizadas e georreferenciadas 16 nascentes onde, que obtiveram-se uma análise qualitativa e quantitativa das nascentes e apresentaram-se possíveis medidas para a recomposição e/ou proteção das matas ciliares destas. Dessas, cinco estavam em ótimo estado; quatro em bom estado; uma em estado razoável; uma em estado ruim; duas classificadas em péssimo estado e três não puderam ser analisadas por ausência de drenagem nas nascentes. O mapeamento e identificação de nascentes tem papel fundamental para que o município possa desempenhar uma eficiente gestão de seus recursos hídricos, pois acredita-se que não há possibilidade de protegê-los, assim como suas nascentes, sem que se saiba suas localizações. Palavras-chave: índice de impacto ambiental, recursos hídricos, abastecimento de água, saneamento ambiental, Baía de Guanabara. Introdução

A Baía de Guanabara pode ser considerada como um estuário de inúmeros rios que levam a ela, em média, mais de 200 mil litros de água a cada segundo. Essa água é captada pelas bacias hidrográficas desses rios que, somados, formam a Região Hidrográfica da Baía de Guanabara (BHV) (NEGREIROS; ARAÚJO; COREIXAS, 2002).

Município localizado no lado norte da Baía de Guanabara, Magé possui uma população de 227.322 habitantes, de acordo com IBGE (2010) sendo 94,3% urbana e 5,7% rural. A Bacia do Rio Roncador possui área de drenagem com cerca de 111,40 Km2, correspondendo a aproximadamente 3% do total da área de contribuição à Baía de Guanabara (ECOLOGUS – AGRAR, 2005).

Como apenas 39,7% da população têm acesso ao abastecimento de água (IBGE, 2010), o restante retira a água para sua sobrevivência de poços ou diretamente do rio, os quais já não apresentam mais capacidade nem qualidade para tal objetivo, a situação já se tornou alarmante, o que tem trazido grandes custos para a saúde. A falta d’água em Magé é constante, a intrusão salina já ocorre nos distritos próximos ao mar e a população já se preocupa com o que pode acontecer num futuro próximo.

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Considerando a urgência de preservar as nascentes que exercem um papel fundamental na formação e manutenção dos recursos hídricos, e com base no mapeamento, cadastramento e diagnóstico das nascentes do município, foram estudadas técnicas simples a serem utilizadas na preservação e proteção destas, de acordo com as perturbações apresentadas e características do local. Para isso, utilizou-se o Índice de Impacto Ambiental em Nascentes (IIAN), através de uma análise macroscópica utilizando 11 parâmetros ambientais que descrevem a situação no entorno das nascentes.

O objetivo deste trabalho foi identificar, mapear, analisar e cadastrar nascentes que abastecem o rio Roncador, um dos principais rios do município de Magé, bem como fazer um diagnóstico para subsidiar o planejamento municipal. Material e Métodos

Inicialmente, foram mapeadas as nascentes com tipologias diversas, perenes e intermitentes, cursos e olhos d’água, através das visitas em campo e utilização de geotecnologias para coleta e análise dos dados. Para identificação das nascentes definiu-se uma forma para codificá-las de acordo com suas localizações nas bacias hidrográficas e sub-bacias seguindo o método de Otto Pfafstetter em nível 6 de codificação, adotado pela Agência Nacional de Águas (ANA, 2012) (Fórmula:ID_OTTOBACn6.Distrito.NUMERO QUANTIFICADOR).

A Avaliação Macroscópica de Nascente proposta foi aplicada nas visitas em campo sendo uma metodologia simples e rápida, não necessitando de equipamentos e análises laboratoriais. É composta por 11 (onze) parâmetros ambientais que descrevem a situação no entorno das nascentes. Assim, são abordados aspectos legais, físicos, interferência antrópica e a qualidade de preservação das nascentes por observação direta e lhes são atribuídos valores (Tabela 1).

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Tabela 1. Metodologia de índice de impactos ambientais macroscópicos.

Parâmetros Macroscópicos Qualificação(Pontuação) Ruim (1) Médio (2) Bom (3)

1. Cor da água Escura Clara Transparente 2. Odor Forte Com odor Não há 3. Resíduos sólidos ao redor Muito Pouco Não há 4. Materiais flutuantes (resíduo

na água) Muito Pouco Não há

5. Espumas Muito Pouco Não há 6. Óleos Muito Pouco Não há 7. Esgoto Muito Pouco Não há

8. Vegetação Degradada ou ausente Alterada Bom estado

9. Usos Constantes Esporádico Não há 10. Acesso Fácil Difícil Sem acesso 11. Equipamentos urbanos < 50 metros Entre 50 a 100 metros > 100 metros

Fonte: Gomes et al. (2005, p. 106), adaptado de Felippe (2009, p. 131) O somatório dos parâmetros da Tabela 1 resulta em uma pontuação que define o grau de proteção desta nascente, o que reflete nas classificações de ‘A’ a ‘E’, preservadas a degradadas, respectivamente (Tabela 2).

Tabela 2. Classificação das nascentes quanto aos impactos macroscópicos. Classe Grau de Proteção Pontuação

A Ótimo 31-33 B Bom 28-30 C Razoável 25-27 D Ruim 22-24 E Péssimo Abaixo de 21

Fonte: Gomes et al. (2005, p. 107), adaptado de Felippe (2009, p. 131)

Para definição de técnicas a serem implementadas na proteção das APPs mapeadas, foi levado em consideração a Resolução CONAMA no 429/2011, que dispõe sobre a metodologia de recuperação das APPs. Assim, utilizou-se a metodologia de Rodrigues, Gandolfi e Ribeiro (1992), citada por Martins (2005, p. 16), que utiliza três técnicas de reflorestamento (Tabela 3).

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Tabela 3. Metodologia para a seleção da técnica de recomposição de matas ciliares.

Caracterização endógena da área

Existência de florestas naturais

próximas

Sistema de reflorestamento Procedimento de campo

I. Vegetação herbácea (predominante) com banco de sementes inexistente

A. Ausente

B. Presente

Implantação de pioneiras, secundárias e

climácicas.

Implantação de pioneiras e secundárias

iniciais

Práticas de preparo e conservação de solo,

coveamento e acompanhamento das mudas

II. Vegetação herbácea (predominante) com banco de sementes com espécies pioneiras em suficiência

A. Ausente

B. Presente

Enriquecimento com secundária e climácicas,

após ocupação pelas pioneiras do banco de

sementes.

Indução do banco de sementes com práticas agrícolas (gradagem ou

capinas) e acompanhamento das espécies geminadas

III. Vegetação arbustiva-arbóreo com espécies pioneiras e secundárias iniciais (predominantes) – capoeira

A. Ausente

B. Presente

Regeneração Natural

Enriquecimento com secundárias e

climácicas no sub-bosque da capoeira

Coveamento e acompanhamento no interior

da capoeira

Isolamento da área

IV. Vegetação florestal pouco perturbada

Ausente ou presente Regeneração Natural Isolamento da área

Fonte: adaptado de Rodrigues, Gandolfi e Ribeiro (1992) apud Martins (2005, p. 16).

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Resultados e Discussão

Apesar do distrito de Santo Aleixo ser uma das áreas mais preservadas dentro do município, ser fundo de vale, possuir altas cotas, não ser tão próximo do Centro administrativo e ser vizinho de uma unidade de conservação, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o que deveria acarretar, de certa forma, na minimização das influências antrópicas, já se consagra como um espaço bastante denso, com alta circulação de pessoas e veículos.

A urbanização no local está em expansão e o equilíbrio ambiental do local encontra-se em risco. Por este motivo, o trabalho realizado teve como objetivos identificar, localizar e cadastrar as nascentes para que conheça as áreas em que essas se encontram e, também, analisar o grau de proteção. Para isso, utilizou-se o Índice de Impacto Ambiental em Nascentes (IIAN), através de uma análise macroscópica utilizando 11 parâmetros já descritos na metodologia.

Assim, durante o mês de setembro de 2016, foram localizadas e georreferenciadas 16 nascentes onde, através das metodologias apresentadas (Tabelas 1 e 2), obtiveram-se uma análise qualitativa e quantitativa das nascentes e apresentaram-se possíveis medidas para a recomposição e/ou proteção das matas ciliares destas (Tabela 3).

• 5 estavam em ótimo estado • 4 em bom estado • 1 em estado razoável • 1 com estado ruim • 2 classificadas em péssimo estado • 3 sem análises por ausência de drenagem nas nascentes.

Diante dos objetivos desta pesquisa, foram identificadas e mapeadas 16 (dezesseis)

APPs de nascentes contribuintes para o abastecimento da cidade e da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara. Três (3) nascentes não possuíam fluxo para análise, das 13 nascentes analisadas, concluiu-se que: 38,5% encontrava-se em ótimo estado; 30,8% bom; 7,6% razoável; 7,6% ruim e 15,4% classificadas em péssimo estado.

Os valores determinados para cada parâmetro e seus somatórios totalizaram uma pontuação a qual se pôde mensurar a classificação e o grau de proteção de cada nascente mapeada (Tabela 4).

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Tabela 4. Modelo do cadastro de nascente com resultado da análise macroscópica.

NC_793772.2.013 Área (m2) Indefinida

Propriedade Particular

Existência de florestas naturais próximas Sim

Uso do solo no entorno Floresta / Culturas

Presença de animais Sim

Processo Erosivo a montante Não

Altitude 345m UTM Coordenadas WGS84

22°31'24.00"S 43° 1'48.60"O

Presença de espécies Invasoras Sim Pontuação IIAM 29 Técnica Indicada 3

Data do Levantamento: 14-set-16 – 13:17:46

Fonte: Peixoto e Bueno (2016) Conclusões

O município de Magé corre riscos de urbanização acelerada, principalmente com a implantação do Arco Metropolitano e do COMPERJ, o que já vem trazendo aumento da densidade demográfica e consequentemente das construções mobiliárias e de sistemas de drenagem, retiradas da cobertura vegetal ou impermeabilização do solo, acarretando na diminuição da infiltração da água. Considerando que o Rio Roncador é um dos únicos rios ainda vivo na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara. São necessárias medidas e ações de proteção em suas nascentes, em todo o seu curso (cílios) e em sua foz (mangues). Outro objetivo desta pesquisa foi o de diagnosticar os distúrbios e degradação das mesmas. Sabendo-se que as nascentes são fundamentais para a formação dos rios e a manutenção do equilíbrio ecológico na bacia hidrográfica, assim como, para o abastecimento de água no município de Magé que, de acordo com o IBGE (2010), apenas 39,7% da população possuem acesso a água com tratamento simplificado e os restantes passam por sérios problemas hídricos. Observou-se que as drenagens de nascentes, aterramento e impermeabilização/pavimentação do solo, além de ocasionarem o desabastecimento do lençol freático e aumentarem a velocidade do fluxo superficial, também podem causar um choque de água doce no mangue, em sua foz, trazendo prejuízo ao desenvolvimento da vida marinha na Baía de Guanabara.

De encontro ao último objetivo deste trabalho, as técnicas de recuperação, esta pesquisa aponta para medidas de proteção da área de nascentes que ainda encontram-se parcialmente preservadas e com boa quantidade e qualidade na produção de água, a fim de

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evitar futuros danos à população e, consequentemente, maiores chances de recomposição e recuperação.

Referências ANA. Codificação de bacias hidrográficas pelo método de Otto Pfasfsteter. Brasília: Agência Nacional de

Águas, 2012. Disponível em: <https://capacitacao.ead.unesp.br/dspace/bitstream/ana/104/1/apostila.pdf >. Acesso em: 23 nov. 2017.

CONAMA, Resolução no 429, de 28 de fevereiro de 2011. Dispõe sobre a metodologia de recuperação das Áreas de Preservação Permanente-APP. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=644>. Acesso em: 06 dez. 2017.

ECOLOGUS-AGRAR. Plano diretor de recursos hídricos da Baía de Guanabara – PDBGRH. Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, 2005.

FELIPPE, M. F. Caracterização e tipologia de nascentes em unidades de conservação de Belo Horizonte-MG com base em variáveis geomorfológicas, hidrológicas e ambientais. 2009. 280f. Dissertação (Mestrado em Geografia e Análise Ambiental) - Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

GOMES, P. M.; MELO, C.; VALE, V. S. Avaliação dos Impactos ambientais em nascentes na cidade de Uberlândia-MG: análise macroscópica. Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 17, n. 32. p. 103-120. Jun. 2005.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Informações do Município de Magé.2010. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=330250&search=rio-de-janeiro|mage>. Acesso em: 10 out. 2016.

MARTINS, S. S. Recomposição de matas ciliares no Estado do Paraná. 2. ed. Maringá: Clichetec, 2005.

MOREIRA, A.A. Mapeamento de áreas de preservação permanente e dos conflitos de uso da terra em propriedades rurais. 2009. 128f. Tese (Doutorado em Ciências Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2009.

NEGREIROS, D.H.; ARAÚJO, F. P.; COREIXAS, M. A. “Nossos rios”. Niterói: Instituto Baía de Guanabara, 2002. Disponível em: <http://www.comitebaiadeguanabara.org.br/publication/nossos-rios-estudo-do-instituto-baia-de-guanabara-ibg/wppa_open/>. Acesso em: 23 nov. 2017.

RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S.; RIBEIRO, C. A. Revegetação das áreas degradadas da bacia do Ceveiro, Piracicaba (SP). In: Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradada,1992, Curitiba. Anais...Curitiba: Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná, 1992, p. 178-188.

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ANÁLISE DOS CONTAMINANTES LIGADOS À ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO OFFSHORE EM QUELÔNIOS MARINHOS, MELHORES PRÁTICAS PARA IMPLEMENTAÇÃO EM PROJETOS DE

MONITORAMENTO DE PRAIAS Ana Paula Cavalcante da Cruz¹ & Cecília Bueno² ¹ Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC) / Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil ² Universidade Veiga de Almeida (UVA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer atividade potencialmente poluidora, degradadora do meio ambiente ou utilizadora de recursos naturais. Nele são solicitados projetos de monitoramento que funcionam como medidas de avaliação dos impactos causados pelos empreendimentos, um destes é o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP). O objetivo deste estudo é estabelecer protocolos desde a coleta do material, forma de conservação, poluentes avaliados, preparação e técnicas de análise das amostras, que subsidiem a construção dos PMPs. A escolha das tartarugas marinhas ocorreu por serem consideradas indicadoras relevantes de contaminação pela longa expectativa de vida, posição trófica de topo de cadeia, alta mobilidade e serem os animais mais encontrados durante o monitoramento. Os tecidos mais coletados para análise de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) e elementos-traço foram: 11 vezes sangue (73%), fígado/rins quatro trabalhos (27%) e músculo três vezes (20%). Amostras de sangue apontaram resultados acima dos limites de detecção definidos para os contaminantes analisados. A coleta feita de forma simples e pouco invasiva, podendo ser realizada em animais vivos. Facilidade em obter material suficiente para as análises. Preparo simples das amostras, diminuindo número de análises desprezadas por técnicas de coleta e armazenamento mal empregados. Estes argumentos reforçam a importância da utilização do sangue para análise dos contaminantes em quelônios oriundos dos PMPs licenciados pelo IBAMA. Palavras-chave: elementos-traço, HPA, licenciamento ambiental, sangue, tartarugas marinhas.

Introdução

O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer atividade potencialmente poluidora, degradadora do meio ambiente ou utilizadora de recursos naturais. A DILIC é o setor do IBAMA responsável pela execução do licenciamento ambiental federal. O licenciamento das atividades marítimas de Exploração e Produção (E&P) de petróleo e gás é de responsabilidade do IBAMA, conforme divisão de competências estabelecida pela Lei Complementar n° 140/2011 (BRASIL, 2011).

Durante o licenciamento são solicitados projetos de monitoramento que funcionam como medidas de avaliação dos impactos causados pelos empreendimentos. Um destes é o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP), que consiste na coleta de dados de encalhes e

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mortandade dos tetrápodes marinhos recolhidos ao longo das praias potencialmente impactadas.

Entre as metas do PMP estão a coleta de material biológico, dos indivíduos que são encontrados nas praias monitoradas, para avaliação dos dados de contaminação de referência (baseline) e o acompanhamento ao longo do tempo de funcionamento dos empreendimentos.

O objetivo deste estudo é estabelecer protocolos desde a coleta do material, forma de conservação, poluentes avaliados, preparação das amostras e técnicas de análise, que subsidiem um aprofundamento na construção dos PMPs que são solicitados como condicionantes das licenças ambientais, trazendo dados que corroborem a relevância das análises de contaminantes. Material e Métodos

Este estudo é uma revisão da literatura especializada, realizada entre março de 2016 e agosto de 2017. Foram realizadas consultas a periódicos, por meio de busca nos bancos de dados Scielo, Portal Periódicos CAPES e Google Acadêmico. As palavras-chave escolhidas para busca foram sempre em inglês, pois não é comum haver na área de estudo publicações em língua portuguesa. Foram selecionadas as seguintes palavras: sea turtle, biomonitoring, oil contamination, oil spill, trace metal, Polycyclic Aromatic Hydrocarbons, organic pollutants e inorganic pollutants. Resultados e Discussão A escolha das tartarugas marinhas para este trabalho se deve ao fato de serem consideradas indicadoras relevantes de contaminação ambiental pela sua longa expectativa de vida, posição trófica de topo de cadeia e alta mobilidade, o que permite a integração da poluição por extensas áreas (CAMACHO et al., 2014b). Também são os animais mais comumente encontrados durante os trabalhos do PMP (Figura 1). Em cinco anos de monitoramento do litoral brasileiro ligado ao licenciamento de petróleo e gás, realizado por várias instituições, foram encontrados 92.154 animais. Deste total 67.019 foram tartarugas, 22.215 aves e 2.920 mamíferos marinhos.

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Figura 1. Total de registro de encalhes, por grupo animal, entre os anos 2010 e 2015 apresentados nos Relatórios dos PMPs arquivados no IBAMA.

Foram avaliados 15 artigos, publicados nos últimos 10 anos, em que foi coletado material para análise em animais vivos e mortos, nas seguintes espécies: Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Chelonia mydas (tartaruga-verde), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente), Lepidochelys kempii (tartaruga-de-kemp) e Emys marmorata (tartaruga-da-lagoa-ocidental). As três primeiras pertencem à fauna brasileira e se encontram classificadas pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como: Em Perigo (EN), Vulnerável (VU) e Criticamente em Perigo (CR), respectivamente. Os tecidos coletados para análise, segundo os artigos estudados, foram: 11 vezes sangue (73%); fígado e rins em quatro trabalhos (27%), sendo um também para pesquisa e comparação da distribuição subcelular dos elementos avaliados (7%); músculo três vezes (20%); conteúdo biliar, ossos, pele e sistema nervoso central (SNC) uma vez e uma vez do conteúdo esofágico e gastrintestinal dos espécimes oleados após o vazamento da plataforma Deepwater Horizon (DWH), ocorrido no Golfo do México (7%) (Figura 2).

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Figura 2. Diferentes tecidos coletados e comparação entre o número de vezes em que cada material biológico foi analisado nos artigos estudados. SNC – Sistema Nervoso Central e Cont esôf/gast – conteúdo esofágico e gastrointestinal. Os poluentes avaliados nos documentos técnicos eram aqueles ligados a atividade de E&P de Petróleo. Contaminantes orgânicos, Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs), os 16 compostos considerados prioritários pela U.S. Environmental Protection Agency (EPA) que são: naftaleno, acenaftileno, acenafteno, fluoreno, fenantreno, antraceno, fluoranteno, pireno, benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluoranteno, benzo(k)fluoranteno, benzo(a)pireno, indeno(1,2,3-c,d)pireno, dibenzo(a,h)antraceno, benzo(ghi)perileno (CAMACHO et al., 2014a; CAMACHO et al., 2014b; YLITALO et al., 2017) e os elementos-traço: Al, As, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, Pt, Hg, Se, Zn e U (CAMACHO et al., 2013; CAMACHO et al., 2014a; CAMACHO et al., 2014b; D'ILIO et al, 2011; JEREZ et al., 2010; YLITALO et al., 2017). No trabalho de avaliação pós-acidente também foi estimado o componente do dispersante Dioctil Sulfosuccinato de Sódio (DOSS) (YLITALO et al., 2017).

Entre os treze artigos que mencionaram a forma de conservação das amostras sete (53%) apresentaram coleta de sangue para análise de elementos-traço e HPAs e conservação a temperatura de -20 °C. Três trabalhos (23%) amostraram sangue, fígado e rins para análise dos mesmos contaminantes, contudo as amostras foram congeladas a temperatura de -80 ºC. Outros três diferentes autores, com amostras de sangue e diferentes tecidos, analisaram somente poluentes inorgânicos, contudo a forma de conservação das amostras variou entre -18 °C, -40 °C e -80°C (Quadro 1).

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Quadro 1. Variação nas temperaturas de conservação das amostras biológicas para sangue e tecidos coletados.

Temperatura Toral artigos Tecido Poluente -18 °C 1 Sangue Elementos-traço -20 °C 7 Sangue Elementos-traço e HPAs -40 °C 1 Diversos tecidos Elementos-traço -70 °C 1 Sangue Elementos-traço -80 °C 3 2 sangue e 1 fígado e rins Elementos-traço e HPAs

Segundo D'Ilio et al. (2011), não houve menção a temperatura para conservação das

amostras. Ylitalo et al. (2017) apresentaram várias formas para conservação das amostras e das carcaças, que no momento da necropsia poderiam estar em bom estado, moderadamente decompostas ou, mas somente a minoria, severamente decompostas. As tartarugas foram refrigeradas e necropsiadas dentro de quatro dias da morte ou congeladas antes da necropsia, caso não houvesse disponibilidade para realização. Tecidos e amostras gastrointestinais armazenados até a análise a -80 °C e bile a -20 °C. Como bile degrada rapidamente amostras foram selecionadas de tartarugas que se encontravam em boas condições pós-mortem, que foram refrigeradas, não congeladas, e a necropsia precisou ter ocorrido no prazo de até 96 h.

Um ponto em comum nos trabalhos analisados foi a importância da refrigeração das amostras quando houver necessidade de transporte. Neste caso a manutenção pode ser realizada em gelo seco. As técnicas analíticas utilizadas para avaliação dos HPAs foram sempre baseadas na cromatografia em fase gasosa aliada a espectrometria de massas (CG/EM), com uma variação para cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massas operando no modo tandem (CG-EM-EM) em Camacho et al. (2014). Para análise dos compostos inorgânicos as metodologias se basearam na espectrometria. Entre os artigos analisados seis realizaram coleta de sangue para tentativa de identificação de HPAs. Quatro apontaram maiores valores de HPAs de baixo peso molecular, condizente com estruturas de cadeias simples, com até três anéis. Este resultado sugere fonte de contaminação petrogênica (CAMACHO et al., 2014b). Somente um trabalho analisou HPAs em tecidos. Foi realizado com os quelônios encontrados após o acidente da plataforma DWH. Maior concentração de HPAs foi encontrada em esôfago de tartarugas oleadas, seguido de tecido gastrointestinal e seu conteúdo, fígado e pulmões. Amostras de tecido com maior teor de lipídios, como fígado, geralmente apresentaram maiores níveis de HPAs em comparação com os com os órgãos de menor porcentagem lipídica, exemplo pulmões. A análise das amostras de bile confirmou absorção e metabolismo de HPAs em tartarugas oleadas (YLITALO et al., 2017). Oito artigos científicos testaram elementos-traço no sangue dos quelônios marinhos. O elemento de maior destaque foi o Zinco em quatro destes estudos. Segundo Azevedo e Chasin (2003, p. 190), “o Zn pode acumular em animais aquáticos”. O mesmo autor descreveu que a concentração no sangue e nos ossos aumenta rapidamente quando absorvido pela alimentação. Este elemento na circulação encontra-se ligado à albumina em maior parte (AZEVEDO; CHASIN, 2003). Outros elementos frequentemente observados foram Selênio e Níquel.

O uso do sangue para avaliar níveis de exposição a elementos-traço é uma boa opção para estudos da fauna selvagem, pois as amostras podem ser coletadas de forma não letal permitindo a determinação simultânea e comparação dos resultados de poluentes e

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dos parâmetros clínicos que podem ser modulados por estes contaminantes (CAMACHO et al., 2013, p. 18).

Em dois trabalhos analisados houve a avaliação dos elementos-traço nos órgãos. O padrão de prevalência de distribuição entre os tecidos observado por Jerez et al. (2010) foi primeiro nos músculos, seguido dos rins e depois fígado. Os mesmos autores afirmam ainda que embora a concentração de metais na coluna de água seja geralmente baixa, devido à sua fraca solubilidade, a precipitação no sedimento poderá expor os organismos bentônicos aos metais. Consequentemente, indivíduos que se alimentam da fauna bêntica, composta por organismos filtradores em sua maioria, particularmente as espécies de vida longa, como as tartarugas marinhas, tem maior probabilidade de acumular estes contaminantes. Contudo, um estudo comparativo realizado por D’Ilio et al. (2011), afirmou que os metais preferencialmente acumulam no fígado. O Quadro 2 apresenta um resumo comparativo entre os tecidos e os poluentes analisados. Quadro 2. Comparação entre tecidos e contaminantes analisados.

HPA sangue HPA tecidos Elementos-traço sangue

Elementos-traço tecidos

Seis artigos apresentaram análises, todos com resultados acima dos limites de detecção

Um artigo com maior concentração em esôfago de tartarugas oleadas, seguido do tecido gastrointestinal e seu conteúdo, fígado e pulmões

Sete artigos apresentaram análises, todos com resultados acima dos limites de detecção para a maioria dos elementos testados

Dois artigos apresentaram análises, todos com resultados acima dos limites de detecção para a maioria dos elementos testados

Conclusões

A escolha de tartarugas como bioindicadores é importante, pois são os animais mais comumente encontrados durante os trabalhos do PMP. Outros argumentos que confirmam a escolha dos quelônios marinhos são: posição de topo de cadeia trófica e grande longevidade, fatores que favorecem a bioacumulação de contaminantes.

Dentre os quinze trabalhos avaliados, onze (73%) apresentaram sangue para análise de HPAs e elementos-traço. Amostras de sangue apontaram resultados acima dos limites de detecção definidos para contaminantes orgânicos e inorgânicos, confirmando a possibilidade de constatação destas substâncias. A coleta é feita de forma simples e pouco invasiva, podendo ser realizada em animais vivos, o que aumentaria a possibilidade do número de exames. Não é difícil obter quantidade suficiente de material para as análises. O preparo das amostras é simples, o que poderia diminuir o número de análises desprezadas por técnicas de coleta e armazenamento mal empregados. Desta forma conclui-se que é importante a utilização do sangue para análise dos contaminantes em quelônios oriundos dos PMPs licenciados pelo IBAMA.

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Referências AZEVEDO, F. A.; CHASIN, A. A. M. Metais: gerenciamento da toxicidade. São Paulo: Atheneu, 2003. BRASIL. Lei Complementar n. 140, de 8 de dezembro de 2011.

CAMACHO, M.; ORÓS, J; HENRÍQUEZ-HERNÁNDEZ, L. A.; VALERÓN, P.; BOADA, L. D.; ZACCARONI, A.; ZUMBADO, M.; LUZARDO, O. P. Influence of the rehabilitation of injured loggerhead turtles (Caretta caretta) on their blood levels of environmental organic pollutants and elements. Science of the Total Environment, n. 487, p. 436-442, 2014a.

CAMACHO, M.; BOADA, L. D.; ORÓS, J.; LÓPEZ, P.; ZUMBADO, M.; ALMEIDA-GONZÁLEZ, M.; LUZARDO, O. P. Monitoring organic and inorganic pollutants in juvenile live sea turtles: results from a study of Chelonia mydas and Eretmochelys imbricata in Cape Verde. Science of the Total Environment, n. 481, p. 303-310, 2014b.

CAMACHO, M.; ORÓS, J.; BOADA, L. D.; ZACCARONI, A.; SILVI, M.; FORMIGARO, C.; LÓPEZ, P.; ZUMBADO, M.; LUZARDO, O. Potential adverse effects of inorganic pollutants on clinical parameters of loggerhead sea turtles (Caretta caretta): results from a nesting colony from Cape Verde, West Africa. Marine Environmental Research, n. 92, p. 15-22, 2013.

D’ILIO, S.; MATTEI, D.; BLASI, M. F.; ALIMONTI, A.; BOGIALLI, S. The occurrence of chemical elements and POPs in loggerhead turtles (Caretta caretta): an overview. Marine Pollution Bulletin, v. 62, n. 8, p. 1606-1615, 2011.

JEREZ, S.; MOTAS, M.; CÁNOVAS, R. Á.; TALAVERA, J.; ALMELA, R. M.; DEL RÍO, A. B. Accumulation and tissue distribution of heavy metals and essential elements in loggerhead turtles (Caretta caretta) from Spanish Mediterranean coastline of Murcia. Chemosphere, v. 78, n. 3, p. 256-264, 2010.

YLITALO, G. M.; COLLIER, T. K.; ANULACION, B. F.; JUAIRE, K.; BOYER, R. H.; DA SILVA, D. A. M.; KEENE, J. L.; STACY, B. A. Determining oil and dispersant exposure in sea turtles from the northern Gulf of Mexico resulting from the Deepwater Horizon oil spill. Endangered Species Research, v. 33, p. 9-24, 2017.

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CRIAÇÃO DO QR CODE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA - PESET

Benedito Célio Pacheco,1 & Natalie Olifiers2

1Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo O QR Code foi criado em 1994 pela empresa Japonesa Denso Wave. Atualmente, ele é largamente utilizado em várias áreas, como o turismo e, sua leitura é feita por smartphone. Após decodificação, ele passa a ser um trecho de texto, uma foto ou um link. A implantação de QR Code pode ser estendida também a unidades de conservação como ferramenta de informação e educação ambiental. Este trabalho tem como objetivo a criação de um QR Code a ser implantado no Parque Estadual da Serra da Tiririca que permita ao visitante se interar sobre os atrativos do parque e também possibilitar a educação dos usuários quanto ao comportamento que deve ser adotado durante as visitas ao parque, com foco no mínimo impacto ao meio ambiente. Palavras-chave: educação ambiental, natureza, Parque Estadual da Tiririca, QR Code, turismo. Introdução

Nas últimas décadas tem-se observado uma verdadeira revolução tecnológica, principalmente com o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), que permitiram que a informação pudesse ser acessada em praticamente qualquer lugar (internet e smartphone). Dentre as tecnologias mais recentes, está o QR Code (Quick Response Codes), um código de barras bidimensional que pode ser interpretado rapidamente ao ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares que possuem câmera fotográfica (PEREIRA; SILVA, 2010; DENSO WAVE INCORPORATED, 2017a).

O QR Code foi criado em 1994 pela empresa Japonesa Denso Wave, mas somente em 2002 foi lançado o primeiro celular que fizesse a sua leitura. Atualmente, o QR Code é largamente utilizado em várias áreas, como indústria, comércio, educação e turismo e, sua leitura é feita por smartphone através de aplicativos disponíveis gratuitamente. Após decodificação, ele passa a ser um trecho de texto, um vídeo, uma foto ou um link que irá redirecionar o acesso ao conteúdo publicado em algum site (DENSO WAVE INCORPORATED, 2017b).

A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, utiliza QR Code desde 2013 quando foi implantado no calçadão da Praia do Arpoador. Neste caso e em outros diversos, O QR Code é utilizado como uma ação voltada para o turismo, com os códigos espalhados por várias regiões da cidade que fornecem informações sobre a origem da região, além de dicas de atividades turísticas, culturais e gastronômicas (BORGES, 2013).

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A implantação de QR Code pode ser estendida também à área da Biologia da Conservação, sendo implantando por exemplo em unidades de conservação, proporcionando aos visitantes informações, instruções, comodidade e interação com a natureza, além de contribuir com a noção de cidadania e de educação ambiental. Assim, QR Code foi recentemente implantado no Parque Municipal de Belo Horizonte (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE, 2016), na identificação de árvores em Campinas (BACARAT, 2014) e no município de Niterói (PREFEITURA DE NITEROI, 2016), o que contribuiu ainda para o mapeamento das árvores pelo órgão responsável naquelas cidades. Apesar de sua utilidade como ferramenta educacional, a grande maioria das unidades de conservação no Brasil não se utiliza do QR Code; o mesmo é verdade para o estado do Rio de Janeiro, incluindo o Parque Estadual da Serra da Tiririca.

O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) foi fundado em 1991 e abrange 3.493 hectares nos municípios de Niterói e Maricá, sendo um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica da região e considerado um reduto da biodiversidade local (ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 1991; INEA, 2015a). Abrangendo uma parte marinha e outra continental, é constituído por dunas, restingas, manguezais e banhado pelo entorno da lagoa de Itaipu; parte da Reserva Ecológica Darcy Ribeiro; o Morro da Peça e as porções emersas das ilhas marinhas do Pai, da Mãe e da Menina (Niterói). A localização tão próxima aos centros urbanos lhe confere um atributo de disseminador de ideias, conceitos, história e políticas ambientais para a sociedade, tendo importância para o ecoturismo, caminhadas ecológicas e o montanhismo. O parque também possui quatro sítios pré-históricos e três sítios históricos, incluindo a estrada por onde passou Charles Darwin em 1832, quando a caminho de Cabo Frio. Segundo o INEA (2015b), por exemplo, em 2012 o parque registrou aproximadamente 83 mil visitantes.

Este trabalho tem como objetivo a criação de um QR Code a ser implantado no PESET que permita ao visitante se interar melhor sobre os atrativos do parque, contendo informações sobre trilhas, fauna, flora, segurança, placas informativas, entre outros. Busca-se com isso unir tecnologia, turismo e conservação, revelando aos visitantes os principais atrativos do parque, além de educar os usuários quanto ao comportamento que deve ser adotado durante as visitas ao parque, com foco no mínimo impacto ao meio ambiente.

Material e Métodos

Em uma primeira etapa foi realizada a análise do Plano de Manejo do parque (INEA, 2015a) e do Guia de Trilhas da Serra da Tiririca (INEA, 2015b) para determinar as informações que fariam parte do QR Code, tais como: instalações do parque, infraestrutura, acessos, atividades permitidas, trilhas, placas de sinalização, flora, fauna, sítios arqueológicos e históricos. O PESET apresenta 16 áreas propícias à visitação o ano todo e que podem ser contempladas com QR Code.

A segunda etapa consistiu em um estudo de campo, no qual das 16 áreas abertas à visitação, foram selecionadas 6 para o estudo piloto durante o qual os QR Code serão implantados: Caminho Darwin, Costão de Itacoatiara, Trilha do Córrego dos Colibris, Trilha das Esmeraldas, Enseada do Bananal e Trilha do Alto Catumbi/Pedreira de Inoã. A escolha foi feita a partir de critérios como: possibilidade de educação ambiental, alto número de visitantes e conhecimento histórico. Nestas trilhas, informações obtidas in loco foram

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comparadas às do plano de manejo e guia das trilhas: as instalações do parque e seu estado de conservação; a infraestrutura colocada à disposição do visitante, como banheiros e lixeiras; as condições dos acessos e as placas de sinalização; atividades permitidas (caminhada curta, escalada, montanhismo, recreação, esportes náuticos, observação de aves, mergulho, fotografia); as trilhas e suas condições; tipo de flora e fauna na área das trilhas; os sítios arqueológicos e históricos. Com base nessas visitas, foram selecionadas as informações a serem disponibilizadas nos QR Code, bem como o local e como serão implantados.

Em uma terceira etapa foi construído um blog de Educação Ambiental que traz informações sobre o parque, como horário de funcionamento; infraestrutura; mapa do parque; clima e temperatura; flora e fauna; atrativos e época de visitação; acessos; entre outros. O QR Code conterá link de acesso ao blog, para que informações mais recentes possam ser acessadas pelo visitante.

Resultados e Discussão

Os códigos serão fixados em placas já existentes nas áreas selecionadas e as

informações irão abranger, por exemplo, desde a localização da região dentro do parque, até nível e duração da caminhada, atividades que podem ser realizadas no local e como proceder para preservação de cada área. As informações de cada QR Code também ficarão disponíveis no blog https://wordpress.com/post/educacaoambientaldotblog.wordpress.com, que estará disponível para o visitante do parque junto ao QR Code. Em princípio, os QR Code serão colocados em pequenos quadrados de acrílico transparente (0,5 x 0,5 cm) que serão colados a placas informativas já existentes nas trilhas. Em seguida, três lados do quadrado serão vedados com silicone, sendo o quarto lado (lateral) mantido aberto para a inserção do QR Code, que será impresso em impressora a laser, em papel cartonado. Este procedimento permitirá que os códigos sejam substituídos por outros com informações mais recentes, sempre que necessário.

Figura 1. QR Codes gerados para colocação no Parque Estadual da Serra da Tiririca. Cada QR Code terá informações sobre trilhas; locais para visitação; a história dos locais mais importantes; entre outros. Fonte: o autor (2017)

Para fins de ilustração, são apresentados o conteúdo de dois QR Codes. No QR Code Caminho Darwin será disponibilizado o seguinte texto:

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Texto a ser disponibilizado no QR Code do Caminho Darwin: “Esta estrada tem 2 km de extensão em terreno praticamente plano e corta o parque entre Niterói (o Engenho do Mato) e Maricá (Itaocaia). O naturalista Charles Darwin percorreu esta trilha em 1832, quando fez relatos sobre a área, sua flora e fauna e acontecimentos marcantes, como o suicídio de uma escrava da Fazenda Itaocaia. O naturalista ficou impressionado com o valor dado a “perda material” em detrimento da vida humana.” Texto a ser disponibilizado no QR Code do Costão de Itacoatiara: “Esta trilha tem 2 km de extensão em terreno íngreme e a duração da caminhada é de aproximadamente de 2 horas em um nível de dificuldade moderado. Ao chegar ao cume da trilha se tem uma visão deslumbrante das praias de Itacoatiara, Camboinhas, Itaipu e Piratininga. É considerada uma área importante de patrimônio genético da fauna e flora do estado.

Com a utilização do QR Code no PESET almeja-se uma maior integração entre homem e meio ambiente, utilizando-se de tecnologia que pode ser facilmente acessada pela grande maioria dos visitantes que se utilizam de smartphone. Ainda, os QR Code tem um custo relativamente baixo, uma vez que podem ser gerados gratuitamente através de programas disponíveis livremente na rede e, o custo de sua impressão e implantação nas placas já existentes é muito inferior ao de criação e implantação das placas informativas que geralmente são utilizadas em unidades de conservação. Adicionalmente, o QR Code possui um link para página na rede de internet (inicialmente o blog), o visitante poderá ter acesso a informações adicionais e atualizadas (por exemplo, fotos coloridas de espécies).

O estudo piloto permitirá a verificação da eficácia dos QR Code em termos de sua instalação física. Posteriormente, planeja-se entrevistar os usuários do parque para a verificação da eficácia do QR Code quanto a instrumento informativo e de educação ambiental. Conclusões

Com a implantação do QR Code, será possível ter um parque mais interativo e gerador de uma cultura de preservação, com um olhar mais voltado para a educação dos visitantes, por meio da tecnologia, que é tão presente nos dias atuais. É imprescindível aliar tecnologia às políticas públicas, com a finalidade de ajudar a proteger efetivamente o PESET. Espera-se que este trabalho possa ser utilizado como modelo para a implantação de QR Code em outras unidades de conservação do país. Agradecimentos Agradecemos ao Prof Anderson Amendoeira Namen pela revisão e considerações feitas no trabalho e à equipe do PESET, em especial ao Felipe Queiroz.

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Referências BACARAT, Rachel. Sistema de identificação digital de árvores através do QR Code. 2014. Disponível em:

<https://raquelbaracat.com/blog-da-raquel-baracat/2014/2/25/qr-code-sistema-de-identificao-digital-de-rvores-atravs-do-qr-code> Acesso em: 27 ago. 2017.

BORGES, W. QR code: a história do Rio agora disponível na palma da mão. 2013. Disponível em:<

https://oglobo.globo.com/rio/qr-code-historia-do-rio-agora-disponivel-na-palma-da-mao-7372978> Acesso em: 18 jul.

DENSO WAVE INCORPORATED. Denso Wave: the inventor of QR code. 2017. Disponível em:<

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2017. BORGES, Waleska. QR code: a história do Rio agora disponível na palma da mão: projeto vai ser instalado em

30 pontos turísticos da cidade até o fim do ano. Jornal O Globo, 2013. Disponível em:< https://oglobo.globo.com/rio/qr-code-historia-do-rio-agora-disponivel-na-palma-da-mao-7372978>. Acesso em: 18 jul. 2017.

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2017. ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Lei Estadual no. 1901, de 29 de novembro de 1991. 1991. Disponível

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PROPOSTA DE JOGO DIGITAL PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE CRIANÇAS

DE 6 A 10 ANOS

Bruno Araújo Freire1, Cecilia Bueno1 & Anderson Amendoeira Namen1,2 1Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mails: [email protected], [email protected], [email protected] Resumo A educação ambiental é uma das temáticas mais relevantes na contemporaneidade, pela urgência em se mudar o comportamento das pessoas, de modo a promover o uso adequado dos recursos e bens naturais visando à sustentabilidade. Os jogos eletrônicos podem ser aplicados como ferramentas de apoio à educação, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, por intermédio do cumprimento das regras e atendimento às estratégias inseridas em seus desenhos. A partir de ampla pesquisa de jogos relacionados ao meio ambiente, propôs-se o desenvolvimento de um jogo diferenciado, com abordagem de diferentes problemas ambientais, fato não considerado no desenho de outras soluções, que tratam um número muito limitado de problemas. Como resultado da pesquisa, foi desenvolvido o Game Design Document do jogo Minha Vida, que aborda aspectos como descarte de resíduos, poluição atmosférica, contaminação da água, desmatamento e uso indiscriminado de agrotóxicos. Acredita-se que esse documento possa servir de base para a construção de uma ferramenta de apoio ao ensino, que sensibilize os estudantes para os temas relacionados à preservação do meio ambiente e à sustentabilidade. Palavras-chave: jogo eletrônico, meio ambiente, sustentabilidade. Introdução

Apesar do grande avanço da tecnologia, existe ainda, atualmente, uma forte desconexão entre a forma como os alunos são ensinados na escola e as exigências da realidade do século XXI. É fundamental que a educação não só busque mitigar essa desconexão para tornar esses dois "mundos" mais transparentes, mas também que alavanque o poder das tecnologias emergentes para o ganho de instrução (KLOPFER et al., 2009).

Segundo Calisto, Barbosa e Silva (2010), os jogos educativos digitais têm se disseminado cada vez mais, contribuindo para o processo de aprendizagem a partir da disponibilização de informações de forma lúdica, apresentando-as de maneiras diversas por intermédio de imagens, sons, textos e filmes, entre outros recursos, e mobilizando o aprendiz para os temas desejados. Estes autores citam Amory (2001), afirmando que os jogos disponibilizam ambientes onde o jogador imerge em micro mundos construtivistas, que lhe apresentam situações desafiadoras as quais terá de solucionar. Para Mattar (2010), os jogos digitais permitem que o jogador construa e participe de forma ativa no seu processo de aprendizagem. Focando mais especificamente nas questões do meio ambiente e da sustentabilidade, jogos pedagógicos com temática ambiental constituem uma opção motivadora e estimulante quando utilizados no cotidiano escolar, de maneira a favorecer o desenvolvimento cognitivo e facilitar a construção de consciência ambiental (MOÇO; VENTURA; MALHEIRO, 2016).

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Dentro dessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo geral propor um jogo para educação ambiental voltado para estudantes de 6 a 10 anos. O jogo proposto, denominado Minha Vida, poderá ser utilizado em tablets, smartphones, e utilizado como ferramenta de apoio em escolas. Ele aborda aspectos como descarte de resíduos, poluição atmosférica, contaminação da água, desmatamento, e uso indiscriminado de agrotóxicos. Busca-se, como maior contribuição, apresentar uma proposta que se diferencie em relação a outros jogos voltados para educação ambiental, com abordagem de diferentes problemas ambientais, fato não considerado no desenho de outras soluções, que abrangem um número muito limitado de problemas. Ademais, propõe-se a construção de uma solução mais interativa, visando maior motivação dos jogadores (alunos) e, consequentemente, impactando nos resultados do processo ensino-aprendizagem.

Ressalta-se que essa proposta foi realizada a partir de uma análise prévia de diferentes jogos digitais na área ambiental e da busca pelo atendimento a algumas lacunas existentes nesses jogos. Para atender essas lacunas foi desenvolvido o documento de desenho do jogo Minha Vida (ou GDD – Game Design Document), artefato fundamental para equipes de desenvolvimento de software, uma vez que nele são apresentadas as regras, conceitos, concepções e artes a serem desenvolvidos (ROGERS, 2013), ou seja, todos os detalhes relacionados à jogabilidade. Material e Métodos Para alcançar os objetivos propostos no presente trabalho, a metodologia aplicada na pesquisa consistiu na realização de:

• Pesquisa ampla sobre a aplicação de jogos na educação, com foco na educação ambiental. Ademais, realização de uma análise detalhada dos recursos disponíveis em jogos voltados para essa área, com avaliação dos pontos positivos e negativos a estes relacionados;

• Pesquisa sobre os elementos que devem compor a estrutura do GDD, que caracteriza os recursos, fases, desafios e, de um modo geral, os artefatos existentes em um jogo digital;

• Proposição, com base nas pesquisas acima desenvolvidas, de um jogo que possuísse diferenciais positivos em relação aos jogos avaliados e apresentação do respectivo GDD que descrevesse a solução proposta.

Efetuou-se uma análise de jogos computadorizados para educação ambiental, buscando-se a identificação de aspectos positivos e negativos relacionados aos mesmos, base para posterior apresentação de uma proposta de jogo que se diferenciasse em relação aos já existentes. Resultados e Discussão

Foram selecionados 9 jogos, a partir da realização de extensa pesquisa de artigos em revistas nacionais e internacionais, e dissertações relacionadas ao uso de jogos para educação ambiental. Nestas consultas, realizadas em bases digitais, como Scielo, Periódicos CAPES, Google Acadêmico e Latindex, foram utilizadas combinações de palavras chave, como games, educação ambiental, meio ambiente, jogos digitais, jogos computadorizados, jogos virtuais e

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jogos na educação. Maior foco foi dado na busca de artefatos desenvolvidos em língua portuguesa, mas também houve a seleção de solução desenvolvida em outro país.

Foram avaliados os jogos Calangos (LOULA et al., 2009; MACHADO et al., 2014), A Fazenda (SILVA; PASSERINO, 2007), Tartarugas (SANTOS FILHO et al., 2008), Urihi (CAMPOS et al., 2013), NiceTown (FERREIRA et al., 2014; FERREIRA; RODRIGUES, 2015), Eco Trash (ALVES et al., 2013), Consumo Consciente (MARTINS et al., 2012), Electrocity (SCHEER; MARTINS; SILVA, 2012) e o Jogo da Glória (MOÇO; VENTURA; MALHEIRO, 2016).

Constatou-se que as soluções analisadas, de uma maneira geral, exploram um número muito inferior de temas relacionados ao meio ambiente, comparativamente à proposta apresentada. Além disso, alguns jogos apresentam um ambiente pouco interativo quando comparado ao desenho proposto para o Jogo Minha Vida. Algumas soluções, apesar de apresentarem ambientes dinâmicos e interativos, ou são voltadas para uma faixa etária mais avançada e/ou ainda abordam o uso de dinheiro e/ou investimentos, o que não é o foco de interesse da proposta da presente pesquisa. Detalhes dos diferentes jogos e suas respectivas avaliações podem ser encontrados em Freire (2017).

Cabe ressaltar que o jogo Minha Vida pode ser inserido na dimensão pragmática, dentro das diferentes concepções existentes sobre educação ambiental. Nessa dimensão observa-se maior foco na ação, buscando soluções para os problemas ambientais; dá-se ênfase ao manejo sustentável de recursos naturais, à mudança do comportamento individual apoiada por informações sobre o tema (SILVA; CAMPINA, 2011).

Conclusões O diferencial do jogo proposto neste trabalho está na diversidade de problemas ambientais abordados num único jogo e também no fato de ser apresentado em 3D, quando a maioria dos jogos pesquisados para a faixa-etária a qual se destina (6 a 10 anos) é apresentada em 2D. O jogo Minha Vida, na comparação com os jogos pesquisados, mostra-se mais atrativo e lúdico, pois apresenta desafios que motivam e incentivam o jogador a continuar jogando. As situações apresentadas no jogo ajudam a criança a lidar com o novo e encontrar soluções para problemas, e criar soluções para problemas é a proposta da aprendizagem. Espera-se que, em trabalhos futuros, o jogo Minha Vida seja implementado utilizando por base o GDD apresentado. Ademais, sugere-se também que futuros trabalhos aprimorem o documento de design do jogo, incluindo, por exemplo, novos desafios ambientais tais como a caça ou apanha de animais, além de possibilitar a interação em equipe, ou seja, a realização de jogos em que grupos de estudantes possam interagir entre si. Acredita-se que tais aprimoramentos poderiam torná-lo ainda mais interessante e instrutivo, atendendo também às considerações que abordam os aspectos interacionistas no processo de aprendizagem. Referências ALVES, J.; MIRANDA, G. M.; FERREIRA, I. D. M.; SANTE, P.; NUNES, V. B.; FÁVERO, R. Eco Trash: um

jogo educacional para auxílio na educação ambiental. In: Congresso Brasileiro de Informática na Educação, 2., 2013, Campinas. Anais... Campinas: UNICAMP, 2013. Disponível em: <http://www.br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/2575/2233>. Acesso em: 03/02/2017.

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CALISTO, A.; BARBOSA, D.; SILVA, C. Uma análise comparativa entre jogos educativos visando a criação de um jogo para educação ambiental. In: Brazilian Symposium on Computers in Education (Simpósio Brasileiro de Informática na Educação-SBIE), 21., 2010, São Paulo. Anais... São Paulo: UFSCAR, 2010. Disponível em: <http://www.br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/1439>. Acesso em: 05/03/2017.

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LOULA, A. C.; OLIVEIRA, E. S.; MUÑOZ, Y. J.; VARGENS, M. M. F.; APOLINÁRIO, A. L.; CASTRO, L. N.; ROCHA, P. L. B.; EL-HANI, C. N. Modelagem ambiental em um jogo eletrônico educativo. In: Brazilian Symposium on Games and Digital Entertainment, 8., 2009, Rio de Janeiro. Anais… Rio de Janeiro: IEEE Computer Society, 2009. Disponível em: <https://www.sbgames.org/~sbgameso/papers/sbgames09/culture/full/cult20_09.pdf>. Acesso em: 20/01/2017.

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CENÁRIO ATUAL DA GESTÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS NO BRASIL: UMA AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE OS ESTADOS DE SÃO PAULO, MINAS

GERAIS E RIO DE JANEIRO Camila de Leon Lousada Borges1, Andréa Oliveira2 & Vanilson Fragoso3 1 MBA em Planejamento e Gestão Ambiental, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2 Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Meio Ambiente (DIBAP/INEA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil 3 Professor do curso de MBA em Planejamento e Gestão Ambiental, Universidade Veiga de Almeida – UVA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo Nas áreas contaminadas ocorre a presença de substâncias perigosas no solo e/ou em águas subterrâneas, podendo representar riscos potenciais à saúde e ao ambiente. No entanto, apenas três estados possuem o cadastro de áreas contaminadas (SP, MG e RJ). O estudo realizou uma comparação da gestão de ACs nesses estados. Os dados foram obtidos em websites dos órgãos ambientais e questionário via e-mail. SP, em 2016, continha 5.662 ACs, MG, 642 e RJ, em 2015, 328. SP possui 29% das áreas em processo de remediação e 25% em fase de monitoramento para encerramento. Seguido de MG com 35% das áreas em monitoramento para a reabilitação e 20% de áreas reabilitadas. RJ, porém, está em estágio inicial de avaliação, com 46% das áreas Contaminadas sob Investigação e 39% Contaminadas sob Intervenção. Entre os critérios da CONAMA n°420/2009 não atendidos, destacam-se: os VRQs no RJ e a definição das ACs críticas em RJ e MG. Os principais desafios à gestão de ACs apontados pelos órgãos ambientais foram, a insuficiência de funcionários e a escassez de recursos públicos. Entre as ações dos estados para o aprimoramento da gestão dessas áreas, destacam-se: a realização de cursos e treinamentos pela CETESB e a implementação da Planilha de Risco pela FEAM. SP, está mais desenvolvido em relação à gestão de ACs, seguido de MG e RJ. Palavras-chave: CONAMA n°420/2009, contaminação do solo, gestão ambiental. Introdução

As áreas contaminadas (ACs) são locais onde ocorre a presença de substâncias perigosas dispostas no solo e/ou em águas subterrâneas de forma a representar um risco potencial à saúde humana e/ou ao meio ambiente. A origem dessas áreas está relacionada, entre outras, à falta de conhecimento de procedimentos seguros de manejo, disposição e transporte de substâncias perigosas no passado, (CETESB, 2016) ou à negligência por parte dos atores responsáveis.

No Brasil, o gerenciamento de áreas contaminadas ainda é uma atividade recente e pouco desenvolvida. Foi somente a partir da Resolução CONAMA n°420/2009 (BRASIL, 2009) que trata, entre outros, sobre diretrizes para o gerenciamento de áreas contaminadas, que alguns estados começaram a implementar medidas para a gestão dessas áreas. A exceção foi o estado de São Paulo, que em 2002 já possuía o primeiro cadastro de áreas contaminadas (CETESB, 2002). Hoje, após 8 anos da referida resolução, pouco foi feito em relação ao

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gerenciamento dessas áreas: cerca de 90% dos estados brasileiros ainda não possuem uma legislação específica sobre o tema ou mesmo um cadastro oficial de áreas contaminadas. O presente trabalho objetiva realizar uma avaliação comparativa entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro em relação ao gerenciamento de áreas contaminadas e ao cumprimento à resolução CONAMA n°420/2009 (BRASIl, 2009). Além disso, será avaliado como a gestão de áreas contaminadas está sendo administrada pelos órgãos ambientais desses estados, discutindo quais os principais entraves e desafios ao desenvolvimento da gestão efetiva dessas áreas.

Material e Métodos

Os dados apresentados nesse estudo foram obtidos através de pesquisas em artigos científicos, sítios eletrônicos de institutos de pesquisa e de órgãos ambientais estaduais. Além disso, realizou-se um questionário encaminhado via correio eletrônico aos órgãos ambientais dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro que continha as seguintes perguntas: - Em sua opinião, quais os principais desafios encontrados pelo órgão ambiental no que se refere à gestão de áreas contaminadas? - Quais dos procedimentos e ações definidos na Resolução na CONAMA nº 420/2009 (BRASIL, 2009) (em especial artigo 8° e artigo 38) já foram implementados pelo órgão ambiental? - Existem medidas e/ou propostas para aprimorar a gestão de áreas contaminadas em seu estado? Em caso afirmativo, qual a previsão para a implementação dessas medidas?

Para o estado do Rio de Janeiro, as informações referentes ao questionário, foram adquiridas conforme Santos (2016).

O tempo dado aos órgãos ambientais para a resposta ao questionário foi de 30 dias.

Resultados e discussão

Em São Paulo, o último cadastro de áreas contaminadas foi realizado em 2016 e continha 5.662 áreas. Deste total, 4.137 (73% das áreas contaminadas) eram representadas por postos de combustíveis, 1.002 (18%) eram provenientes de atividades industriais, 300 (5%) de atividades comerciais e 172 áreas (3%) de resíduos. Por último, estão os acidentes, agricultura e fonte desconhecida, que juntas somavam 51 áreas, correspondendo a 1% do total de áreas contaminadas (CETESB, 2016) (Figura 1).

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Figura 1. Percentuais de áreas contaminadas no estado de São Paulo em 2016, segundo a tipologia estabelecida pela CETESB.

Em relação à classificação dessas áreas, existem no estado 521 áreas classificadas

como Área contaminada com risco confirmado (ACRi), 74 como Área Contaminada em Processo de Reutilização (ACRu), 1.025 como Área contaminada sob Investigação (ACI), 1.424 como Área em Processo de Monitoramento para Encerramento (AME), 1.631 como Área em Processo de Remedição (ACRe) e 6.987 como Área Reabilitada para Uso Declarado (AR) (CETESB, 2016) (Figura 2). Isso significa que a maioria (29%) está em processo de remediação ou processo de monitoramento para encerramento (25%) (CETESB, 2016).

Figura 2. Percentuais de áreas contaminadas no estado de São Paulo em 2016, segundo classificação estabelecida pela CETESB.

Minas Gerais, no mesmo ano, possuía 642 áreas. Deste total, 475 eram postos de

combustíveis, representando 74% das áreas; seguido da indústria metalúrgica com 64 (10%) e transporte ferroviário com 44 (7%). As demais áreas eram representadas por refino de petróleo com 19 (3%), base de combustíveis com 14 (2%), mineração com 13 (2%) e indústria química com 3 áreas (2%) (FEAM, 2016) (Figura 3). A pesar do número significativo de

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postos de combustíveis, é preciso também que se dê atenção às áreas de mineração, devido ao grande desenvolvimento dessa atividade na região (FEAM, 2016).

Figura 3. Percentuais de áreas contaminadas no estado de Minas Gerais em 2016, segundo a tipologia estabelecida pela FEAM.

Em relação à classificação dessas áreas, foram registradas em 2016, 118 áreas classificadas como Área Contaminada sob Investigação (AI), 172 como Área Contaminada Sob Intervenção (AC), 222 como Área em Monitoramento para Reabilitação (AMR) e 131 como Área Reabilitada (AR). A maioria (35%), portanto, encontra-se em monitoramento para a reabilitação ou área reabilitada (20%) (FEAM, 2016) (Figura 4).

Figura 4. Percentuais de áreas contaminadas no estado de Minas Gerais em 2016, segundo classificação estabelecida pela FEAM.

O estado do Rio de Janeiro, em seu último cadastro divulgado em 2015, possuía 328 áreas. Desse total, 192 eram postos de combustíveis, o que correspondia a 59% das áreas; seguido da indústria com 111 (34%), aterro de resíduos com 10 (3%) e viação com 15 áreas (4%) (INEA, 2015) (Figura 5). Esse estado é o que apresenta maior proporção de ACs cadastradas em indústrias comparado aos demais.

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Figura 5. Percentuais de áreas contaminadas no estado do Rio de Janeiro em 2015, segundo a tipologia estabelecida pelo INEA.

Figura 6. Percentuais de áreas contaminadas no estado do Rio de Janeiro em 2015, segundo a classificação estabelecida pelo INEA.

Em relação à classificação, foram registradas 150 Áreas Contaminadas sob

Investigação (AI), 127 Áreas Contaminadas sob Intervenção (ACI), 40 Áreas em Processo de Monitoramento para Reabilitação (AMR), 11 Áreas Reabilitadas para uso Declarado (AR). A maioria das áreas, portanto, encontra-se em estágio inicial de avaliação com 46% classificadas como AI e 39% ACI (INEA, 2015) (Figura 6). Além disso, até a divulgação desse trabalho, o Rio de Janeiro ainda não tinha atualizado seu cadastro de áreas contaminadas. Todos esses fatores, portanto, refletem diretamente no seu menor desempenho em relação à gestão de ACs comparado aos demais estados.

A partir dos dados disponíveis no cadastro de áreas contaminadas dos três estados avaliados, verificou-se que grande parte da contaminação é oriunda de postos de combustíveis e indústrias de transformação. Sabe-se que o número expressivo de áreas de postos de combustíveis é justificado pelo cumprimento à Resolução CONAMA n°273/2000, e a implementação de leis específicas que regulamentam esse tipo de atividade. Os principais

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grupos de contaminantes encontrados, portanto, estão relacionados à revenda de combustíveis: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX).

Em relação aos requisitos definidos na Resolução CONAMA n°420/2009 (BRASIL, 2009) que já foram implementados pelo órgão ambiental (artigo 8° e artigo 38), São Paulo não atende a 2, o inciso VII (descrição dos bens a proteger e distância da fonte poluidora) e o inciso VIII (cenários de risco e rotas de exposição). Os demais incisos são atendidos (4) ou atendidos parcialmente (5). O estado de Minas Gerais não atende a 4 requisitos, o inciso VII e VIII, bem como o inciso IX (formas de intervenção) e inciso X (áreas contaminadas críticas). Os demais incisos são atendidos (2) ou atendidos parcialmente (5). O estado do Rio de Janeiro não atende a 4 requisitos, o inciso VII, VIII, X e Artigo 8° (valores de referência da qualidade do solo – VRQ). Os demais incisos são atendidos (2) ou atendidos parcialmente (5). Somente São Paulo atende ao inciso X, possuindo inclusive um Grupo Gestor de Áreas Críticas na CETESB.

A definição das áreas contaminadas críticas é de suma importância devido as suas complexidades e aos riscos que elas representam tendo, portanto, a necessidade de um procedimento de gerenciamento diferenciado em relação às outras áreas. Em relação às formas de intervenção (inciso IX, não atendido pelo estado de Minas Gerais), é fundamental que o órgão ambiental tenha e divulgue informações relativas às mesmas, para que se possam avaliar adequadamente as técnicas de remediação utilizadas. Sabe-se que a escolha da técnica de remedição não é uma tarefa simples, pois existem muitos fatores a serem considerados como, por exemplo, as características físico-químicas do contaminante, sua concentração e meios de exposição (MORAES; TEIXEIRA; MAXIMIANO, 2014). Outro requisito importante (não atendido pelo estado do Rio de Janeiro) são os VQR. Esses valores são ferramentas de gestão essenciais para que ocorram ações efetivas de avaliação e remedição das áreas contaminadas. Sabe-se que a maioria dos estados brasileiros fazem uso dos valores de referência de outros estados. Isso pode desqualificar as ações de remediação e prejudicar o gerenciamento efetivo dessas áreas, pois, dependendo da região, cada solo possui peculiaridades e características geológicas distintas (FERNANDES et al., 2009).

Em relação à resposta ao questionário eletrônico, os principais desafios apontados pelo órgão ambiental do estado de São Paulo (CETESB) no que se refere à gestão de áreas contaminadas foram: o aprimoramento técnico dos trabalhos de Gerenciamento de Áreas Contaminadas; o controle na reutilização e desativação de Áreas com Potencial de Contaminação; a indisponibilidade financeira dos responsáveis legais pelas Áreas Contaminadas para promover o diagnóstico e a recuperação adequada. Minas Gerais relatou a falta de profissionais e a falta de qualidade técnica das empresas de consultoria.

O estado e Rio de Janeiro apontou como principais desafios: a morosidade do órgão ambiental devido ao número reduzido de funcionários (1 geólogo, 1 oceanógrafo, 2 engenheiros químicos, 1 químico); a falta de um corpo técnico mais diversificado com outros profissionais da área ambiental e a dificuldade do órgão em atualizar as etapas de gerenciamento (classificação das áreas). A falta de funcionários foi um dos principais desafios ao gerenciamento de áreas contaminadas relatado tanto em Minas Gerais como no Rio de Janeiro. Este também foi um dos principais problemas apontados pelos órgãos ambientais no Brasil, em estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) (TAVARES; RISSARDI; CAVANI, 2016).

Sobre a pergunta feita a respeito da existência de medidas e/ou propostas para aprimorar a gestão de áreas contaminadas e o prazo para a implementação dessas medidas, o

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órgão ambiental de São Paulo (CETESB) destacou ações como os novos procedimentos publicados em fevereiro deste ano: Decisão de Diretoria n° 038/2017/C, que aprimora e agiliza o gerenciamento de áreas contaminadas; Resoluções SMA n°10/2017 (SÃO PAULO, 2017a), que dispõe sobre a definição das atividades potencialmente geradoras de áreas contaminadas e SMA n°11/2017 SÃO PAULO, 2017b), que dispõe sobre a definição das regiões prioritárias para a identificação de áreas contaminadas; a realização periódica de cursos e treinamentos para o público interno e externo e a atualização, em andamento, do Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas. Minas Gerais apontou os procedimentos para gerenciamento de áreas contaminadas para postos de combustíveis e Planilha de Risco (em processo de consulta pública/ajustes) como principais medidas. O órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro (INEA), embora não tenha respondido às questões no tempo estipulado (30 dias), ratificou recentemente uma norma operacional interna (NOP) ainda não disponível para consulta. A mesma deve ser adotada pelos os servidores, com a finalidade de constatar contaminação em atividades licenciadas. Esta norma foi considerada, nesse estudo, como uma medida de aprimoramento do órgão ambiental no que se refere ao gerenciamento dessas áreas. Conclusões

Em relação à gestão de áreas contaminadas no Brasil, o estado de São Paulo se encontra em estágio mais avançado, comparado aos demais. Isso se dá, principalmente, devido ao seu pioneirismo em relação à legislação e a medidas de gestão realizadas pelo órgão ambiental (CETESB). Mesmo possuindo um número significativamente maior de áreas contaminadas cadastradas, ele consegue realizar uma gestão mais eficiente que os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Minas Gerais é o segundo estado mais desenvolvido em relação a esse tema, pois, além de atender a critérios importantes definidos na Resolução CONAMA n°420/2009, possui mais da metade das áreas contaminadas cadastradas em processo de remediação ou em monitoramento para encerramento.

O Estado do Rio de Janeiro ainda está em fase inicial de avaliação das áreas, pois, a maioria delas se encontra em fase investigação ou intervenção. Somam-se a isso, a falta do cadastro de áreas contaminadas atualizado e a ausência de definição dos valores de referência do solo, procedimentos de suma importância para o desenvolvimento e aprimoramento da gestão de áreas contaminadas.

Torna-se iminente que o gerenciamento de ACs se consolide em todos os estados da federação, pois é de extrema importância para a manutenção da saúde e bem-estar da população e dos ecossistemas naturais. Para que esse gerenciamento se torne efetivo e se desenvolva no restante do país, recomendamos que o poder público adote ações como, incentivos fiscais a empresas prestadoras de serviço na área de gestão de áreas contaminadas; estímulo à pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias de remediação economicamente viáveis, iniciativas de crédito e fundos de financiamento para a recuperação dessas áreas.

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USO DE FERRAMENTAS LÚDICAS PARA SENSIBILIZAÇÃO DE JOVENS SOBRE A IMPORTÂNCIA DE REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR (POLÍTICA DOS

TRÊS R’s)

Cesar Elinaldo da Silva1, Izabella Valadão¹ & Cecília Bueno² 1 Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo As transformações que ocorrem numa sociedade moderna levam muitas vezes o ser humano a se afastar do ambiente natural e consequentemente a negligenciá-lo. O objetivo do presente artigo é criar ferramentas lúdico-educativas, como apoio no processo de ensino-aprendizagem, para sensibilizar jovens sobre a importância dos três R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). Foi realizado com um grupo de alunos do ensino médio do CIEP 134-Vereador Jose Lopes de Araújo, localizado no município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, um trabalho de Educação Ambiental através de atividades lúdicas como teatro de fantoches e desenvolvimento de músicas contemporânea. Paralelamente a essas atividades foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre as práticas pedagógicas da educação ambiental através do lúdico. Para realização do teatro de fantoches, foi elaborado um texto prévio, gravado em estúdio, referente a política dos três R’s e também canções inéditas, compostas pelo autor do trabalho, com letras referentes ao tema. A sensibilização dos alunos através das músicas foi feita após cada apresentação do teatro, aproveitando os personagens do teatro. Através das atividades aplicadas, foi possível perceber que, o lúdico é uma metodologia diferenciada e motivadora que promove uma aprendizagem significativa, de forma prazerosa para os alunos. Palavras-chave: educação ambiental, lúdico-educativo, política dos três R’s. Introdução

A Educação Ambiental (EA) tem como objetivo a disseminação do conhecimento sobre o ambiente a fim de ajudar a sua conservação e a utilização sustentável dos seus recursos. Surgiu a partir do grande interesse do homem em assuntos como grandes catástrofes que têm assolado o mundo nas últimas décadas (PINHEIRO et al., 2011). Segundo Layrargues e Lima (2014), a EA teve início a partir de uma crise ambiental reconhecida no final do século XX, se estruturando como fruto da demanda para que o ser humano adquirisse uma visão de mundo e uma prática social que fossem capazes de mitigar os impactos ambientais. Porém, com a constatação de que a EA compreendia um universo multidimensional que abrange as relações estabelecidas entre o indivíduo, a sociedade, a educação e a natureza, essa prática educativa se tornou mais complexa do que se poderia imaginar, exigindo estudos mais aprofundados que se desdobravam em sucessivas análises e aportes teóricos cada vez mais sofisticados.

Na EA se aprende o funcionamento do ambiente, a dependência dele e como promover sua sustentabilidade. A construção dos conhecimentos por educadores, quando ocorre de

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forma atrativa e agradável, ou seja, através de estratégias lúdicas, apresenta melhor resultado no que se diz respeito à questão do ensino-aprendizado. Pode-se dizer que, através de atividades lúdicas, a barreira da realidade é ultrapassada, construindo conhecimentos através da imaginação (OLIVEIRA, 2010). Silveira, Ataíde e Freire (2009) diz que embora a educação esteja associada ao que se aprende em espaço escolar (educação formal), é importante que se considere a educação adquirida em espaço não formal. Deste modo, qualquer atividade relacionada a EA, como por exemplo, brincadeiras, passeio no campo entre outras atividades, devem estar sempre associadas a uma forma de aprendizagem. Para Campos, Bortolotto e Felicio (2008), o lúdico possibilita a aproximação dos alunos com o conhecimento científico. E assim, trabalhar com ludicidade constitui um importante recurso para o educador desenvolver a habilidade na resolução dos problemas, a favorecer a apropriação dos conceitos e a atender aos anseios daqueles que ainda estão em processo de desenvolvimento.

Estratégias metodológicas através do lúdico possibilita o despertar de uma consciência ecológica. Para Araújo e Junior (2006), o ser humano deve adquirir uma consciência ecológica encarnada no sentido da relação com o outro não-humano. Os mesmos autores dizem, que entre seres humanos e mamíferos, principalmente cães, gatos e outros animais domesticados, já ocorre essa troca afetiva. No entanto, não é comum a relação afetiva, entre o homem e os demais seres e elementos da natureza. E metodologias teatrais podem ser utilizadas para alcançar uma consciência ecológica encarnada.

Além de teatro como atividade lúdica para EA, a música, por ser uma arte de ampla aceitação, é uma importante ferramenta de EA (PEREIRA, 2010). O mesmo autor diz que, a função mais simples da música é o entretenimento das pessoas e por isso existe a possibilidade da música ser uma ferramenta direta e efetiva de trabalhos em questões ambientais. De acordo com Campelo et al. (2014), a música tem um importante papel na divulgação e sensibilização dos problemas referentes ao ambiente e que as canções ecológicas traduzem em suas letras e melodias, problemas ambientais que vem ocorrendo em todo mundo. As canções ecológicas, com seus textos e melodias, veiculam com eficácia os problemas relacionados ao meio ambiente que vem ocorrendo atualmente. Estes problemas, quase sempre estão relacionados ao consumismo, tendo em vista a grande demanda na produção de novos produtos. De acordo com Barboni (2014), com o passar dos anos, a facilidade de aquisição de novos produtos, aumentou muito na população mundial, aumentando também, nesse caso, a produção de lixo no mundo. Para mitigar os impactos ambientais é necessário que todos se sensibilizem, adotando o conceito dos três R’s (reduzir, reutilizar e reciclar) e a EA é uma das formas de sensibilizar a população a dar um destino final correto para o lixo. O princípio ou política dos três R’s foi apresentado na agenda 21, durante a Rio 92. Os 3 R’s representam a Redução, o Reaproveitamento e a Reciclagem. Esta política, apresenta estratégias para diminuir a exploração dos recursos naturais e o impacto ambiental causado pelas atividades de uma sociedade extremamente consumista. De acordo com Ribeiro (2002), a agenda 21, seria um plano de ação que teria que ser aplicada até o ano 2000, com objetivo de minimizar os problemas ambientais do planeta. Segundo o mesmo autor, este foi o único documento da Rio 92 que não saiu do papel. A redução envolve um conjunto de medidas adotadas para evitar os descartes, o reaproveitamento antes do descarte final é a reutilização e o reaproveitamento dos resíduos ou partes destes originando os mesmos ou outros produtos é a reciclagem. Os três R’s apresentam uma hierarquia, que tem como princípio evitar a geração do resíduo, ou seja, reduzir o consumo. Posteriormente é a

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reutilização e finalmente, quando não foi possível realizar os processos anteriores, a reciclagem. A geração dos resíduos representa um grave problema ambiental, por este motivo, deve-se adotar medidas preventivas de proteção ambiental e de sustentabilidade. Nesse caso, a redução é o passo mais importante dos três R’s (TOCCHETTO, 2005). O objetivo deste trabalho foi criar ferramentas lúdicas como método adicional no processo de ensino-aprendizagem, para sensibilizar jovens sobre a importância dos três R’s.

Material e Métodos

Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, para investigar como é o ensino-aprendizagem em relação a EA, enfatizando a política dos três R’s. Para isso criou-se ferramentas lúdico-educativas como o teatro de fantoches (Figura 1) e músicas relacionadas a política dos três R’s. Após esse levantamento da literatura, foram ministradas palestras para a apresentação do projeto. As palestras foram direcionadas aos alunos de ensino médio das turmas do segundo e terceiro ano, do CIEP 134 Vereador José Lopes de Araújo na cidade de Nova Iguaçu, RJ. Os materiais utilizados foram o Notebook, projetor, aparelhagem de som para apresentação das músicas. Após entenderem os objetivos do projeto, os alunos ensaiaram uma apresentação teatral utilizando bonecos fantoches, uma janela de fantoches construída com madeira de reaproveitamento e cortinas com tecidos reaproveitados. Através desta atividade lúdica, alunos do ensino médio apresentaram para alunos do ensino fundamental das escolas da região (Figuras 2 e 3), o teatro de fantoches com músicas relacionadas a EA, enfatizando o tema do três R’s.

Figura 1. Teatro de fantoches. Fonte: SILVA (2016)

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Figura 2. Apresentação na escola pública. Fonte: SILVA (2016)

Figura 3. Apresentação na escola pública. Fonte: SILVA (2016)

Resultados e Discussão

Sempre tratado pelos educadores como um simples tema transversal, a EA quase sempre acaba sendo esquecido de ser ministrado na educação formal. Muitos educadores adicionam este tema em seus planos de curso. Porém, por apresentarem um conteúdo muito extenso, na preocupação de não haver tempo suficiente para serem ministrados, acabam priorizando os conteúdos de suas respectivas disciplinas, deixando a EA em segundo plano, o que por muitas vezes nunca são trabalhados, ou quando são, é de forma rápida e pouco atrativa, fazendo com que os alunos não se interessem por assuntos relacionados a EA. Nesse trabalho foram produzidas cinco músicas, um teatro de fantoches e sabão artesanal. As músicas tratavam dos temas Rap dos R’s, Erros, Faça sua vida melhor, Somos R’s e Mariana e o teatro de fantoches tratava da importância de praticar a política dos três R’s. A sensibilização dos alunos através das músicas foi feita após cada apresentação do teatro, aproveitando os personagens do teatro. As atividades foram apresentadas em cinco escolas e duas igrejas, aproximadamente uns quatrocentos alunos. Ao final das apresentações, professores e alunos que assistiram o teatro, fizeram vários comentários positivos e ainda

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perguntaram se poderia haver mais apresentações. Com isso foi possível perceber que o trabalho deu um bom resultado e que muitos dos participantes se sentiram motivados a colocarem em prática o aprendizado.

Cinco músicas inéditas compostas pelo próprio autor da presente pesquisa, foram gravadas em estúdio (Figura 4). Tais músicas, com ritmos contemporâneos, apresentam em suas letras temas relacionados a EA, enfatizando, na maioria das músicas a política ou pedagogia dos três R’s.

Figura 4. Gravação das músicas. Fonte: SILVA (2016)

Figura 5. Gravação do teatro e das músicas. Fonte: SILVA (2016)

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Utilizando um texto gravado previamente em estúdio (Figura 5), os alunos do ensino

médio ensaiaram o teatro de fantoches, para realizar apresentações em escolas de ensino fundamental. O texto é referente a EA e direcionado à política dos três R’s. Neste texto ocorre um diálogo entre um pai e uma filha no qual a filha se mostra preocupada com a produção de resíduos que pode ocorrer na realização de sua festa de aniversário. A filha tenta solucionar o problema dizendo ao pai para reutilizar o painel do ano anterior, porem o pai diz que este painel já tinha sido jogado no lixo, então a filha diz que vai fazer um painel de material reciclado. No segundo ato da peça, a filha chega da escola feliz, dizendo que aprendeu na escola sobre a política dos três R’s, e explica para o pai sobre esta política. A finalidade de realizar uma gravação prévia, foi facilitar a apresentação, tirando dos alunos a responsabilidade de decorar as falas.

Conclusões

A atual crise ambiental em que se encontra a sociedade é uma consequência da relação antropocêntrica com o meio ambiente. Atualmente a EA é aplicada sem responsabilidade social, ou seja, é um mero conteúdo a ser aplicado durante o ano letivo, se houver tempo e não prejudicar outros conteúdos, que é considerado pelo educador obrigatório. Uma EA aplicada deste modo, torna-se um adestramento ambiental no qual não se vê objetivos a serem alcançados. Temas como a pedagogia ou política dos três R’s, raramente são abordados nas escolas da região de Nova Iguaçu.

Neste trabalho, as atividades lúdicas como o teatro de fantoches e as músicas de autoria própria, foram apresentadas tanto na educação formal quanto na informal, e após uma análise comparativa com atividades convencionais, pôde-se perceber que essas atividades não convencionais se mostraram muito eficazes como ferramenta sensibilizadora.

No início, os alunos envolvidos diretamente no projeto, mostravam-se um pouco tímidos, porém por ser um teatro de fantoches, que não é necessário uma exposição direta, as apresentações ocorreram naturalmente. Após algumas apresentações, estes alunos foram percebendo a importância do projeto e foram se envolvendo mais intensamente, ao ponto de perderem a inibição e chegando a pedirem a palavra após as apresentações, explicando para os alunos expectadores a importância dos três R’s. Demonstravam para os alunos atitudes consciente, questionando e propondo desafios para estes. Com isso, percebeu-se que foi muito importante a participação ativa dos alunos do ensino médio, que atuaram como multiplicadores do conhecimento da política dos três R’s.

O teatro de fantoches e as músicas inéditas com temas relacionados a EA, enfatizando a política dos três R’s, proporcionaram uma prática pedagógica prazerosa e educativa na aprendizagem da EA. Foi possível perceber que os alunos atuantes nas palestras e nas apresentações teatrais se sensibilizaram com as atividades, e ainda conseguiram com que os que assistiam as apresentações, também se sensibilizassem com os temas relacionados ao meio ambiente.

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GENETIC DIVERSITY OF ALOUATTA (PRIMATES) FROM BRAZILIAN ATLANTIC FOREST

Cibele Rodrigues Bonvicino¹,², Maria Carolina Viana¹, Cecília Bueno³, Herlle Souza Santos² & Lena Geise4 1Divisão de Genética, Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, RJ, Brazil 2Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios, IOC, Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brazil 3Laboratório de Ecologia, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brazil 4Departamento de Zoologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil E-mail: [email protected] Abstract The latest review of the Neotropical primate genus Alouatta based on morphology recognized three taxa inhabiting the Atlantic Forest, Alouatta belzebul in North Atlantic Forest, Alouatta fusca fusca in Central Atlantic Forest, and Alouatta fusca clamitans in South Atlantic Forest. In order to assess the genetic diversity of A. f. clamitans, new samples were analyzed from several localities of Atlantic Forest, and the degree of genetic diversity was compared with other Atlantic Forest Alouatta lineages. Phylogenetic analysis with Alouatta species has shown a strong population subdivision between A. f. clamitans from South and Southeastern Brazil, confirming previous work, also based in Cytochrome b sequences. Karyotypic information from available sequenced samples allowed correspondence between A. f. clamitans clades and chromosomal complement. These data confirm previous suggestions that A. f. clamitans is a species complex with at least two distinct evolutive lineages, lineage clamitans south with 45, 46 X1X1X2X2/X1X2Y karyotypes and lineage clamitans north with 49, 50 X1X1X2X2/X1X2Y karyotypes. The Alouatta Atlantic Forest evolutive lineages of A. belzebul, A. f. clamitans clade south and A. f. clamitans clade north, distributed in distinct biogeographic sub regions, are characterized by low haplotype diversity. Keywords: Bugio, Cytochrome b, Molecular phylogeny, Southeastern Brazil. Introduction

The Neotropical Atlantic Forest is a biome with very high level of species richness and endemism (MYERS et al., 2000; RIBEIRO et al., 2009; COLOMBO; JOLY, 2010). It biota is not homogeneous, comprising different biogeographic subregions (SILVA; CASTELETI, 2003) inhabited by several primate species, 11 of which are endemic (RYLANDS et al., 1996).

The latest review of the Neotropical primate genus Alouatta (Lacépède, 1799), based on morphology, recognized three species inhabiting the Atlantic Forest, Alouatta belzebul (Linnaeus, 1766) in the north, Alouatta fusca (Humboldt, 1812) in central Atlantic Forest and Alouatta clamitans (Cabrera, 1940) in the south (GREGORIN, 2006). While A. belzebul population from the Atlantic Forest shows a low genetic diversity (NASCIMENTO et al., 2008), A. fusca clamitans populations have been grouped in two separate clades (KOIFFMANN et al., 1974; OLIVEIRA et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2002; HARRIS et al.,

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2005; MARTINS et al., 2011). These phylogenetics studies based on Cytochrome b (Ctyb) sequences showed population structure in population identified as A. fusca (MARTINS et al., 2011) and A. fusca clamitans (HARRIS et al., 2005). In order to assess the genetic diversity of A. f. clamitans, analyses were carried out with samples from new localities (Figure 1) and the degree of genetic diversity compared with other Atlantic Forest Alouatta lineages.

Source: the authors

Material and Methods Sample collection

Eight A. f. clamitans samples were obtained in several Brazilian localities in Atlantic

Forest morphoclimatic domains (Figure 1). DNA extraction, PCR assays, and sequencing

DNA was isolated from eight tissue samples preserved in 100% ethanol, according to

the phenol-chloroform protocol (SAMBROOK; FRITSCH; MANIATIS, 1989). Cytochrome b DNA (Cytb; 1,140 bp) was amplified by PCR.

Phylogenetic reconstructions, intraspecific and spatial analyses Sequence obtained from eight individuals together with 26 A. f. clamitans sequences

with known geographic origin available in GenBank were analyzed. Sequence data of six

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other species of Alouatta, from individuals of known geographic origin, and one Ateles geoffroyi (Kuhl, 1820) (HM222708) were used as outgroup.

Source: the authors

Results and Discussion All specimens found dead showed pelage coloration and morphology of hyoid of A. f.

clamitans (Figure 2). Thirty-four A. f. clamitans sequences showed eight haplotypes. Maximum likelihood and Bayesian analysis were concordant in showing the monophyly of Alouatta divided into two clades with high support values (Figure 3). The clade A. f. clamitans was divided into two clades called clade clamitans south (CS) with haplotypes 6, 7 and 8 from Santa Catarina and São Paulo states and clade clamitans north (CN) with haplotypes 1, 2, 3, 4 and 5 from Minas Gerais, Rio de Janeiro and São Paulo states. The majority of karyotyped specimens of clade CS showed 2n=45, 46 and karyotyped specimens of clade CN presented 2n=49, 50 (Figure 4). The median joining network (Figure 4) recovered the topology of ML and BY (Figure 3), however this analysis showed A. f. clamitans CN separated into two groups CN1 and CN2. These three groups, CS, CN1 and CN2 are separated by one median vector and the same number of nucleotide substitutions.

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Source: the authors

Source: the authors

Data herein presented showed genetic differences between specimens identified as A.

f. clamitans from southern and southeastern Brazil, confirming previous work, also based in Cytochrome b sequences, where strong population subdivision between A. f. clamitans from Rio de Janeiro and those from Santa Catarina were found (CORTÉS-ORTIZ et al., 2003). It was already suggested that A. f. clamitans harbor populations in different stages of speciation. Karyotypic differences suggested that A. f. clamitans represent two distinct evolutive lineages (KOIFFMANN, 1979; OLIVEIRA; SBALQUEIRO; LIMA, 1995; OLIVEIRA et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2000; OLIVEIRA et al., 2002; GIFALLI-IUGHETTI, 2008). The evolutive

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lineages of Atlantic Forest A. belzebul, A. f. clamitans clade CS and A. f. clamitans clade CN, are characterized by low haplotype diversity.

Conclusions

No specimen of A. f. fusca was still sequenced, and genetic diversity within this taxon

is still unknown. All specimens of A. belzebul from Atlantic Forest sequenced belong to a single haplotype (NASCIMENTO et al., 2008), 22 A. f. clamitans clade CS belong to 3 haplotypes and 12 sequences A. f. clamitans clade CN to 5 haplotypes. It is clear the lower haplotypic diversity of clade CS in relation to clade CN. This picture shows that these populations need to be preserved in order to conserve these different lineages, all of them with low genetic diversity.

References

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PERFORMANCE AMBIENTAL EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE: UM

ESTUDO DE CASO DO HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS, RIO DE JANEIRO – RJ

Elen Lima de Oliveira¹, Viviane Japiassú Viana² & Antony de Paula Barbosa3 1 Bióloga, Especialista em Planejamento e Gestão Ambiental pela Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Doutora em Ciências Ambientais; Professora na Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. ³ Doutor em Química de Produtos Naturais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professor no Senac, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo As atividades do setor de saúde estão associadas a aspectos ambientais com potencial significativo de causar impactos ao meio ambiente e à saúde pública. Apesar disso, a questão da performance ambiental em unidades hospitalares ainda é uma preocupação recente no setor. Neste contexto, este artigo avalia a performance ambiental do Hospital Naval Marcílio Dias, um hospital de nível terciário, localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Foram consideradas as medidas ecoeficientes já estabelecidas no hospital e coletados dados através de levantamento documental e entrevistas com colaboradores do setor de gestão ambiental. Foram gerados indicadores de performance relativos aos principais aspectos ambientais do estabelecimento de saúde estudado (consumo de água, consumo de energia elétrica e geração de resíduos hospitalares de diferentes tipos) em comparação com valores sugeridos na bibliografia.Os resultados indicam que não houve melhora significativa na ecoeficiência do hospital no período avaliado (2011-2015). Desta forma, este trabalho fornece contribuições valiosas para a avaliação das medidas ambientais adotadas nos hospitais e, sobretudo, para o estabelecimento de diretrizes ambientais mais efetivas para o setor de saúde. Palavras-chave: ecoeficiência, sustentabilidade, resíduos de serviços de saúde. Introdução

Os padrões atuais de consumo da sociedade são reconhecidamente insustentáveis perante à capacidade de nosso planeta de prover recursos naturais e absorver poluentes. Por este motivo, nos mais diversos setores econômicos têm-se buscado medidas que possibilitem a redução do volume e da periculosidade dos resíduos sólidos e efluentes gerados, bem como a redução do consumo de energia elétrica e de água, sem inviabilizar a produção e a prestação de serviços.

A assistência hospitalar é uma das atividades que pode gerar significativos impactos ambientais e à saúde humana (SSD, 2011). Neste contexto, diversos instrumentos legais e normativos têm sido desenvolvidos nas últimas décadas, de modo a regulamentar o controle da poluição ambiental e fomentar a adoção de sistemas de gestão ambiental no setor de saúde.

Tendo em vista todos os desafios das atividades associadas à gestão de um hospital, a garantia da conformidade legal quanto aos quesitos ambientais pode constituir um grande desafio para os gestores hospitalares. Este desafio torna-se ainda maior em hospitais de nível terciário, onde estão presentes diversos riscos ambientais associados às complexas atividades

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desenvolvidas e à grande variedade de produtos, materiais e resíduos perigosos movimentados.

Os impactos ambientais nos hospitais podem se manifestar tanto nas etapas prévias como nas atividades realizadas durante e após a prestação de assistência à saúde. Eles decorrem do consumo de produtos, insumos e recursos naturais, bem como da geração de resíduos sólidos, rejeitos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas.

Neste sentido, a necessidade de garantir uma operação ecoeficiente em hospitais vem ganhando destaque na busca por um bom desempenho econômico aliado à responsabilidade socioambiental. Todavia, Viriato e Moura (2011) ressaltam que a ecoeficiência ainda não foi amplamente difundida no setor de saúde. Talvez por esse motivo essa temática ainda seja tão pouco abordada na capacitação de profissionais desta área. A este respeito, os autores destacam que os estabelecimentos de saúde costumam apresentar deficiências na segregação e no armazenamento de resíduos sólidos.

No Brasil, existem atualmente 298.327 serviços de saúde cadastrados junto ao Ministério da Saúde. Destes serviços, 6.733 são hospitais (públicos e privados) que possuem quase 500.000 leitos no total (CNS, 2017). Todos os dias estes estabelecimentos realizam milhares de atendimentos e, inevitavelmente, geram resíduos sólidos e rejeitos que são chamados de resíduos de serviços de saúde - RSS. Nessa conjuntura, pesquisas que identifiquem as estratégias de ecoeficiência praticadas em unidades hospitalares no Brasil e avaliem sua performance ambiental em relação a outros estabelecimentos de saúde podem contribuir para a definição de critérios ambientais mais adequados à realidade do setor de saúde no país.

Esse trabalho tem como principal objetivo avaliar a ecoeficiência de uma unidade hospitalar de grande porte localizada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, o Hospital Naval Marcílio Dias - HNMD, através do desempenho de seus indicadores de performance ambiental em comparação aos valores apresentados na bibliografia. Assim, espera-se contribuir para que o hospital estudado possa avaliar suas práticas de gestão ambiental e potencializar a adoção de medidas ecoeficientes em suas rotinas administrativas e operacionais, de modo a promover a preservação ambiental e da saúde humana, sem impactar a qualidade dos serviços prestados. Material e Métodos

Os procedimentos metodológicos adotados no decorrer da pesquisa compreenderam: levantamento bibliográfico, levantamento de campo, entrevistas e análise dos dados coletados.

O levantamento bibliográfico teve como objetivo a elaboração do referencial teórico a respeito de ecoeficiência em hospitais e contemplou a leitura e análise de artigos científicos, livros, publicações técnicas, legislações e normas. O levantamento de campo envolveu a obtenção de dados junto aos responsáveis de diferentes setores do HNMD com a finalidade de obter as informações necessárias para os cálculos dos indicadores de performance ambiental no período de cinco anos (2011 a 2015). Foi consultado o Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS e realizadas entrevistas e com os presidentes em exercícios da Comissão de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde e da Comissão do Sistema de Gestão Ambiental do HNMD.

Os indicadores avaliados foram selecionados considerando-se as recomendações observadas no levantamento bibliográfico, bem como a disponibilidade de informações para o

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período estudado. Assim, foram obtidos, sistematizados e compilados os dados referentes aos consumos de água e energia, além da geração de resíduos de serviços de saúde no HNMD de 2011 a 2015. Os indicadores de performance por leito/dia foram calculados segundo as fórmulas adotadas por Toledo e Demajorovic (2006) com a finalidade de avaliar se o hospital estudado apresenta índices semelhantes aos demais estabelecimentos de saúde avaliados na bibliografia consultada.

Assim, foram considerados os valores de referência para os seguintes indicadores de desempenho ambiental e comparados com os indicadores do Hospital Naval Marcílio Dias:

• Consumo de energia (kWh/leito/dia); • Consumo de água (m3/leito/dia); • Geração de resíduos totais (kg/leito/dia); • Geração de resíduos recicláveis (kg/leito/dia); • Geração de resíduos infectantes (kg/leito/dia).

O indicador de performance relacionado ao consumo de energia elétrica foi calculado

aplicando-se a seguinte fórmula:

Consumo de energia (kWh): número total de leitos existentes = Indicador de Performance Número de dias

Para a obtenção do indicador anual de performance referente ao consumo de água foi aplicada a fórmula a seguir para cada ano do período avaliado:

Consumo de água (m3): número total de leitos existentes = Indicador de Performance

Número de dias

Os indicadores de performance relacionados à geração de RSS foram calculados mediante aplicação da fórmula proposta por Toledo e Demajorovic (2006), que relaciona o volume de resíduos gerados com o número de leitos disponibilizados e número de dias do ano:

Resíduos gerados totais (m3): número total de leitos existentes = Indicador de Performance

Número de dias

Para o período de 2011 a 2015, o HNMD não forneceu dados de geração de resíduos do Grupo C (radioativos), fornecendo dados referentes aos seguintes tipos de resíduos: Grupo A (infectantes), Grupo B (químicos), Grupo D (comuns), Grupo E (perfuro cortantes) e resíduos recicláveis. Estes dados foram registrados em m3de resíduos gerados por mês. Assim, foi necessário converter o volume total anual de m3 para quantidade de resíduos em kg, para aplicação da fórmula e a comparação com os indicadores de desempenho propostos para hospitais pelo CNPML (2001) e com os indicadores encontrados por Toledo e Demajorovic (2006) para três hospitais brasileiros, dos quais dois são hospitais gerais privados (hospitais A e B) e um é hospital escola público (hospital C).

Nesta conversão foram adotadas as densidades sugeridas por Melo, Sautter e Janissek (2009), a saber:

• Densidade dos resíduos sólidos urbanos - RSU: 600 kg.m-3

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• Densidade dos resíduos recicláveis: 300 kg.m-3 Como não foram encontrados valores específicos de densidade para cada grupo de

RSS, foi adotada a densidade de RSU para os grupos A, B, D e E. O histórico de geração de resíduos resultou de dados compilados pelo hospital. Os

dados foram organizados em planilhas para as quais foram produzidos os gráficos apresentados a seguir com os volumes mensais de geração de RSS no hospital.

Para avaliar a performance ambiental do HNMD foi avaliada a relação entre a prestação de serviços de saúde e os indicadores de geração de resíduos, de consumo de água e de consumo de energia.

Devido a carência de estudos ligados à ecoeficiência e ao desempenho ambiental em hospitais no Brasil, utilizamos para a avaliação da ecoeficiência do HNMD os indicadores propostos no Guia Setorial de Produção Mais Limpa: Hospitais, Clínicas e Centros de Saúde, apresentados na Quadro 1 (CNPML, 2001).

Quadro 1. Indicadores de desempenho para hospitais.

Indicador de desempenho Localidade Valor típico

Resíduos sólidos totais (kg/leito/dia)

Austrália 4,8

Oriente Médio, Ásia e África 0,14 – 3,5

EUA 8,46

América Latina 1,0 – 4,5

Resíduos sólidos recicláveis (kg/leito/dia) Austrália 2,9

EUA 3,8

Resíduos sólidos infectantes (kg/leito/dia)

França, Bélgica e Inglaterra 1,5 - 2

EUA 1,1

Oriente Médio, Ásia e África 0,01 – 0,2

América Latina 0,25 – 1,13

Consumo total de água (m3/leito/dia) Europa Oriental 0,2

Consumo total de energia elétrica (kWh/leito/dia) Áustria 6,6 máx.

Fonte: CNPML (2001, p.37).

Para o hospital estudado, definiu-se como indicadores: resíduos sólidos totais (kg/leito/dia), resíduos recicláveis (kg/leito/dia), resíduos infectantes (kg/leito/dia); consumo de água (m3/leito/dia); consumo de energia elétrica (kWh/leito/dia).

Considerando ainda a disponibilidade de dados para efeitos comparativos, foram calculados os indicadores de performance para os seguintes aspectos ambientais: consumo de energia elétrica, consumo de água, geração de resíduos totais, geração e resíduos recicláveis e geração e resíduos infectantes.

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Resultados e Discussão O hospital estudado

Localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, o Hospital Naval Marcílio Dias

- HNMD é considerado um hospital de grande porte. A área total do hospital é de 170.229,00 m2 dos quais121.720,99 m2 são de área construída.Com doze prédios em seu terreno, o hospital é composto por uma unidade de internação com 618 leitos, sendo referência em medicina nuclear, além de possuir uma capacidade de atendimento média/mensal de 11.300 (ambulatório e unidade de emergência) e de 1.050 internações (MARINHA DO BRASIL, 2015).

Os principais serviços existentes e especialidades atendidas pelo hospital são: psicologia, oncologia, hematologia, quimioterapia, clínica médica, odontologia, serviço social, trauma-ortopedia, obstetrícia, ginecologia, anestesiologia, medicina nuclear e radioterapia, cardiologia, urologia, otorrinolaringologia, oftalmologia, proctologia, dermatologia, cirurgia geral, cirurgia plástica, neurocirurgia, laboratório de análises clínicas, radiologia, gastroenterologia, reumatologia, centro de imagem, anatomia patológica, farmácia de alto custo, ouvidoria, neurologia, pneumologia, fisioterapia, aluguel de cadeiras de roda e muletas, CTIs, unidade coronariana, centro cirúrgico, centro obstétrico, unidade pós-operatória, emergência (24 horas), enfermaria, nutrição e dietética, clínica de doenças infecto contagiosas.

Desde novembro de 2005, o hospital conta com uma Comissão do Sistema de Gestão Ambiental, criada por exigência de norma técnica específica do setor naval. Formada atualmente por dezesseis membros, esta comissão realiza reuniões mensais com a finalidade de discutir as questões ambientais do hospital.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde do HNMD é atualizado anualmente por uma comissão interna que conta atualmente com quatorze membros. No entanto, no período da realização da pesquisa (junho a dezembro de 2016), o programa encontrava-se em processo de atualização. Por isso, os dados aqui apresentados referem-se à revisão de 2015.

Raad et al. (2012) relatam resultados positivos de um projeto de eficiência energética concluído pela Light em julho de 2011 no hospital estudado. Nóbrega (2012), ao avaliar o gerenciamento de resíduos sólidos no setor de anatomia patológica do hospital, relatou que apesar de possuir um programa de gerenciamento de resíduos - PGRSS, o hospital não dispunha de uma política de educação ambiental. Consumo de água e energia

Em 2011, entre junho e outubro, ocorreu uma queda no consumo de energia elétrica do

hospital (Figura 1). Nos anos subsequentes, de 2012 a 2015, também ocorreu uma leve redução no consumo de energia, precisamente nos meses de julho, agosto, setembro e outubro. Este período do ano coincide com o inverno e a primavera, quando ocorre diminuição das temperaturas registradas na cidade do Rio de Janeiro.

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Figura 1. Consumo de energia (kWh/mês) no período de 2011 a 2015. Fonte: os autores

Em comparação aos indicadores apresentados no Quadro 1, podemos afirmar que o

hospital estudado apresenta baixa performance quanto ao consumo de energia elétrica. Isto porque, o valor de referência típico estabelecido é de no máximo de 6,6 kWh/leito/dia, enquanto no hospital estudado este indicador variou entre 31,44 kWh/leito/dia e 34,72 kWh/leito/dia no período avaliado, quase seis vezes o valor de referência.

Cabe destacar que na medida em que o hospital oferece mais conforto ao paciente, são utilizados mais aparelhos eletroeletrônicos que resultam num maior consumo de energia (TOLEDO; DEMAJOROVIC, 2006). Além disso, os valores estabelecidos pelo CNPML (2001) retratam a realidade de um hospital no contexto de uma climática diferente da encontrada no Rio de Janeiro. Este aspecto certamente implica em padrões diferenciados na utilização de sistemas de refrigeração, influenciando no resultado dos indicadores de performance.

Quanto ao consumo mensal de água, verificou-se que no mês de julho de 2012, ocorreu um pico no consumo em relação ao mesmo período nos outros anos avaliados (Figura 2). Em 2013, no período de agosto a setembro houve uma queda no consumo de água, seguida de um aumento relevante no consumo nos meses posteriores (outubro, novembro e dezembro). Nota-se ainda, que o ano de 2015, foi o ano de menor consumo, destacando o mês de agosto com o menor volume consumido de água no período analisado.

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Figura 2. Consumo de água (m3/mês) no período de 2011 a 2015. Fonte: os autores

Comparando-se os valores obtidos com os dados internacionais consultados, nota-se

uma baixa performance no consumo de água. Enquanto o valor estabelecido pelo Guia Setorial é de 0,2m3/leito/dia, no hospital avaliado o indicador variou entre 0,4m3/leito/dia a 0,7m3/leito/dia nos anos avaliados (Quadro 2). Porém, ressalta-se que desde 2014 o hospital vem apresentando melhora em sua performance (Quadro 2). Geração de RSS

Os grupos de RSS gerados em alguns dos setores e serviços são apresentados no

Quadro 2, conforme dados apresentados no PGRSS do hospital, disponibilizado para consulta durante esta pesquisa (Marinha do Brasil, 2015).

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Quadro 2. Grupos de Resíduos de Serviços de Saúde gerados por serviço / setor.

Setor / Serviço Grupos de resíduos gerados

Serviço de Anatomia Patológica Grupo A1 - A3, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Departamento de farmácia Grupo A - A4, Grupo B

Serviço de Hemoterapia Grupo A - A1, A4, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Setor de diálise Grupo A – A4, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Internação Grupo A - A1e A4, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Setor de Nutrição e Dietética e a Divisão de Alimentação

Grupo D

Serviço de Análises Clínicas HNMD-143

Grupo A - A1, A4 e A5, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Serviço de Radiodiagnóstico Grupo A, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Serviço Ambulatorial Grupo A, Grupo B, Grupo C2, Grupo D, Grupo E

Serviço de Transplante de Medula Óssea

Grupo A - A4, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Fonte: modificado de Marinha do Brasil (2015) Nota-se a ocorrência de uma maior geração de resíduos do grupo A em julho de

2011em comparação ao mesmo período nos outros anos avaliados (Figura 3).

1 GRUPO A: são resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. São subdivididos em: Grupo A1 - Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; Grupo A3 - Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham mais valor científico ou legal, e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares; Grupo A4 - Kits de linhas arteriais endovenosas e dialisadoras, quando descartados. Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica. Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão; Grupo A5 - Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. 2 GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados na norma CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a resolução CNEN-6.05.

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Figura 3. Geração mensal de resíduos do grupo A (2011 a 2015). Fonte: os autores

Observa-se pela Figura 4 que, em comparação aos anos estudados, houve um pico na

geração de resíduos do grupo B no mês de julho de 2012 e que abril de 2015 foi o mês com a menor geração de resíduos do grupo B.

Figura 4. Geração mensal de resíduos do grupo B (2011 a 2015). Fonte: os autores

Quanto aos resíduos do grupo B, durante entrevista realizada para este trabalho, um

dos colaboradores do hospital relatou que no ano de 2012 houve variação no processo de pesagem deste tipo de resíduos devido a problemas na gestão do hospital. Cabe destacar ainda que no mês de janeiro de 2011 não foi realizado o registro da pesagem dos resíduos do grupo B. Já em dezembro de 2013, foram retiradas 7.764 unidades de lâmpadas fluorescentes.

Quanto aos resíduos do grupo D, observa-se variação no volume de 2011 a 2015, tendo havido maior geração no ano de 2012 (Figura 5).

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Figura 5. Geração mensal de resíduos do grupo D (2011 a 2015). Fonte: os autores

A Figura 5 mostra ainda que janeiro, fevereiro e março de 2011 foram os meses com a

menor índice de geração de resíduo do grupo D. Em comparação aos demais anos, o ano de 2015 foi o que obteve a menor geração de resíduos na maioria dos meses.

A Figura 6 apresenta os volumes mensais de resíduos sólidos do grupo E gerados no hospital estudado. Esses resíduos compreendem todos os materiais perfuro cortantes ou escarificantes.

Figura 6. Geração mensal de resíduos do grupo E (2011 a 2015). Fonte: os autores

Em fevereiro de 2012, percebe-se uma redução na geração de resíduos do grupo E. O

mesmo aconteceu em novembro de 2014. O ano de maior geração dos resíduos pertencentes a esse grupo foi 2013, e o ano de menor geração foi2015.

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Os volumes mensais de resíduos recicláveis gerados nas atividades administrativas dos diversos setores do HNMD sofreram variações ao longo do período avaliado (Figura 7). Segundo relatos dos entrevistados, esta variação decorreu de problemas operacionais no hospital que dificultaram a realização da pesagem de forma adequada.

Figura 7. Geração mensal de resíduos recicláveis (2011 a 2015). Fonte: os autores

Nos meses de janeiro e agosto de 2011 foi registrada a menor geração de resíduos recicláveis (Figura 7). Dentre os anos avaliados, 2013 foi o que registrou a maior geração deste tipo de resíduo, apresentando um pico no mês de julho.

Quanto aos resíduos totais gerados anualmente, os volumes foram obtidos mediante a soma dos totais anuais dos grupos A, B, D, E.

Figura 8. Geração anual dos resíduos totais (kg/ano) no período de 2011 a 2015. Fonte: os autores

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Analisando-se os dados da Figura 8, notamos que o ano de 2012 foi o que apresentou a maior geração de resíduos totais e o ano de 2015 apresentou o menor volume gerado no período avaliado.

Performance ambiental do hospital estudado

A Tabela 1 apresenta o resumo dos resultados encontrados para os indicadores de

performance ambiental do Hospital Naval Marcílio Dias no período de 2011 a 2015. Estes indicadores foram calculados segundo as fórmulas apresentadas nos materiais e métodos deste artigo.

Tabela 1. Indicadores de performance ambiental do Hospital Naval Marcílio Dias (2011 - 2015).

Ano Energia elétrica (kWh/leito/dia)

Água (m3/leito/dia)

Resíduos totais

(kg/leito/dia)

Resíduos recicláveis

(kg/leito/dia) 2011 31,44 0,70 20,64 2,66 2012 32,34 0,80 24,41 3,07 2013 32,38 0,83 21,19 4,06 2014 33,00 0,69 21,06 3,02 2015 34,72 0,46 19,89 3,21

Ano Resíduos grupo A (kg/leito/dia)

Resíduos grupo B

(kg/leito/dia)

Resíduos grupo D

(kg/leito/dia)

Resíduos grupo E

(kg/leito/dia) 2011 5,01 0,14 12,53 0,31 2012 4,26 2,21 14,53 0,34 2013 3,94 1,63 11,18 0,38 2014 4,14 1,50 12,10 0,30 2015 3,55 2,10 10,79 0,23

Fonte: os autores

A partir dos resultados apresentados na Tabela 1 nota-se que com exceção de um pico no ano de 2012, a geração de resíduos totais no hospital vem diminuindo. Contudo, se por um lado a performance na geração de resíduos do grupo A melhorou ao longo do período avaliado, na geração de resíduos do grupo B, esta performance piorou. Para este segundo grupo de resíduos, a geração bem 2011 foi de 0,14kg/leito/dia e em 2015de 2,10kg/leito/dia, o que representa uma geração quinze vezes maior que a de 2011. Foi observada uma melhora no indicador de performance de geração dos resíduos do grupo D ao longo dos cinco anos avaliados. O menor valor para este indicador foi o referente ao ano de 2015 que apresentou geração anual de 10,79kg/leito/dia de RSS do grupo D.

Os valores dos indicadores de performance dos resíduos totais retratam resultados diferenciados de acordo com o período analisado. Registra-se que, do ano de 2011 até o ano de 2015, houve uma redução na geração dos resíduos.

Os indicadores de performance de resíduos totais do HNMD variaram entre 20,64 e 24,41 kg/leito/dia. Estes valores são muito superiores aos relatados pelo CNPML (2001) para a América Latina, que variaram entre 1,0 e 4,5 kg/leito/dia. No entanto, quando comparados aos valores encontrados por Toledo e Demajorovic (2006) para três hospitais brasileiros (hospitais A, B e C), os indicadores encontrados nesta pesquisa apresentaram resultados aproximadamente quatro vezes maiores do que no hospital A e, aproximadamente três vezes

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maiores do que no hospital B. Porém, o hospital C, que é um hospital público e se assemelha mais à realidade do hospital aqui estudado, apresentou resultados quase três vezes maiores do que os obtidos nesta pesquisa para o HNMD.

Para os indicadores de performance relativos à geração de resíduos recicláveis, foram encontrados resultados na faixa entre 2,66 e 4,06 kg/leito/dia no HNMD. Estes resultados estão alinhados com os relatados pelo CNPML (2001) como valores típicos para a Austrália (2,9 kg/leito/dia) e para os Estados Unidos (3,8 kg/leito/dia). No entanto, na bibliografia consultada não foram apresentados valores de referência para geração de resíduos recicláveis em hospitais do Brasil ou da América Latina.

Os indicadores de performance referentes à geração de resíduos infectantes variaram entre 0,23 e 0,38 kg/leito/dia, estando coerentes com os dados de CNPML (2001) para hospitais da América Latina (0,25 a 1,13 kg/leito/dia). Estes valores também estão bem abaixo dos resultados encontrados por Toledo e Demajorovic (2006) para os três hospitais avaliados pelos autores: hospital A - 1,0 kg/leito/dia; hospital B - 2,5 kg/leito/dia e hospital C - 50,5 kg/leito/dia.

Toledo e Demajorovic (2006) e CNPML (2001) não apresentaram valores típicos de indicadores de performance para os resíduos dos grupos A, B, D e E separadamente. Por este motivo, não foi possível comparar a performance ambiental do HNMD em relação aos hospitais estudados pelos referidos autores. Isto pode ser explicado, tanto pela escassez de estudos mais aprofundados sobre a eco eficiência de estabelecimentos de saúde no Brasil, quanto pela adoção de critérios diferentes de classificação dos resíduos de serviços de saúde em outros países.

Quanto o consumo de energia do HNMD no período avaliado encontrou-se na faixa de 31,44 a 34,72 kWh/leito/dia, o que está coerente com os valores encontrados por Toledo e Demajorovic (2006), a saber: hospital A (35,83 kWh/leito/dia); hospital B (21,86 kWh/leito/dia) e hospital C (16,80 kWh/leito/dia). O CNPML (2001) relata que os valores típicos de consumo de energia em hospitais na Áustria alcançaram no máximo 6,6 kWh/leito/dia, valor bem abaixo dos encontrados para o HNMD.

O consumo de água do Hospital Naval Marcílio Dias encontra-se dentro da faixa encontrada por Toledo e Demajorovic (2006) e muito semelhantes aos valores do Hospital C avaliado pelos autores que apresentou consumo de 0,85 m3/leito/dia. O CNPML (2001) apresenta como valor típico de consumo de água para a Europa Oriental 0,20m3/leito/dia. Estes valores apresentados pelo CNPML estão abaixo dos encontrados no hospital estudado, o que pode também refletir as diferenças entre as condições climáticas das localidades onde se inserem os diferentes hospitais. Conclusões

O Hospital Naval Marcílio Dias demonstra estar buscando melhorias no que tange a

questão ambiental. Isso se traduz na criação de comissão específica para tratar do tema, na existência de um PGRSS revisado periodicamente, na busca pela melhoria contínua no gerenciamento de RSS, nas ações de reciclagem (garrafas PET de água mineral, de papel seco e papelão) e na preocupação com a redução do desperdício de água (projeto de tolerância zero para o desperdício de água, afim de eliminar focos de vazamento de água, sendo bem disseminado por todos os setores e serviços do hospital).

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De maneira geral, os resultados obtidos para o hospital estudados e enquadram nos valores encontrados por Toledo e Demajorovic (2006) para três hospitais brasileiros e, em alguns casos, estão alinhados com os valores típicos indicados pelo CNPML (2001) para diferentes países.

Podemos afirmar que as informações levantadas nesta pesquisa apontam uma preocupação do hospital em melhorar o seu desempenho ambiental e sua ecoeficiência. Por outro lado, a avaliação da ecoeficiência do HNMD, considerando os indicadores de performance calculados, mostra que não houve melhora significativa na ecoeficiência do hospital ao longo do período avaliado (2011 a 2015).

Dentre as práticas para otimizar o consumo de energia em hospitais, destacamos a importância da existência de um plano de manutenção eficiente dos equipamentos hospitalares, além da utilização de lâmpadas mais eficientes (fluorescentes ou LEDs). Outro fator que pode influenciar nestes resultados é a não contabilização do consumo de energia oriunda da utilização de geradores, o que pode mascarar o indicador de performance.

Quanto ao consumo de água, sugere-se a intensificação de ações já realizadas pelo hospital para a identificação de eventuais vazamentos na rede hidráulica e de gotejamentos nas torneiras pelo hospital; a substituição dos equipamentos sanitários por outros mais eficientes, como o sistema dual flush (caixa sanitária com dois botões que permitem descargas com níveis diferentes de água); conscientização dos colaboradores do hospital (civis e militares); além da instalação de redutores de vazão (pequenos anéis que controlam a saída de água) em torneiras e chuveiros. Por fim, recomenda-se que sejam tomadas as seguintes ações visando uma gestão mais eficiente que possibilite a melhoria da performance ambiental do hospital:

• Padronização dos procedimentos de coleta e pesagem dos resíduos e a delegação desta tarefa a profissionais qualificados e devidamente treinados. Esta medida é essencial para que os dados de geração correspondam à realidade do hospital e subsidiem a tomada de decisão para a melhoria contínua na gestão ambiental do estabelecimento;

• Acompanhamento contínuo dos indicadores de performance; • Implantação de programas de redução de consumo de água e energia com metas pré-

estabelecidas e amplamente divulgadas para os diferentes setores do hospital, e; • Realização de treinamentos e campanhas de educação ambiental envolvendo todos os

funcionários do hospital, enfocando os aspectos ambientais específicos de cada setor. Estas medidas podem promover um maior envolvimento dos colaboradores e frequentadores do hospital nas ações e práticas sustentáveis.

Agradecimentos

Os autores agradecem às Comissões de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde e do Sistema de Gestão Ambiental do Hospital Naval Marcílio Dias pela disponibilização dos dados necessário para o desenvolvimento deste trabalho. Referências SAÚDE SEM DANO - SSD. Agenda global para hospitais verdes e saudáveis: uma agenda abrangente de

saúde ambiental para hospitais e sistemas de saúde em todo o mundo. S.l.: s.n., 2011. Disponível em: <http://greenhospitals.net/wp-content/uploads/2012/03/GGHHA-Portugese.pdf> Acesso em: 22 mai. 2016.

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O USO DA PERCEPÇÃO SOCIAL NA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS E

DIAGNÓSTICOS AMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO DO RIO IPÊ DO MUNICÍPIO DE PARACAMBI-RJ

Fabiana Loureiro dos Reis1 & Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha1 Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mails: [email protected], [email protected] Resumo Nas últimas décadas, diversos ecossistemas têm sido alterados de maneira significativa em funções de múltiplos impactos ambientais advindos de atividades antrópicas como: lançamentos de efluentes domésticos e industriais não tratados. Como consequência dessas atividades tem se observado uma expressiva queda na qualidade da água e perda da biodiversidade aquática, em função da desestruturação do ambiente físico, químico e alteração da dinâmica natural das comunidades biológicas. Segundo Resolução do CONAMA n 01 de 23/01/86, Impacto ambiental pode ser definido como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente resultante de atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Nesse contexto a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), faz-se necessária como prevenção. A percepção ambiental é uma aliada da AIA, por isso a importância da população ter essa percepção e cobrar das empresas uma maior sustentabilidade para que os impactos sejam menores. Palavras-chave: avaliação, impactos ambientais, percepção ambiental, sustentabilidade. Introdução

Sanches (2013) apud Cunha (2017), afirma que a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) é uma atividade que visa identificar, prever, interpretar e comunicar informações sobre as consequências de uma determinada ação sobre a saúde e o bem estar humano, sendo, rotineiramente utilizada por empresas e gestores públicos como métrica para subsidiar tomadas de decisão. A AIA possui diversas etapas lógicas, concatenadas em termos técnicos, normativos e legais. Apesar das múltiplas óticas abordadas, acredita-se que a valorização dos instrumentos de consulta púbica e participação social são fundamentais para o sucesso de uma AIA, pois estes incluem na técnica, normas e leis, a percepção social dos fatos, contribuindo de forma eficiente para a identificação prévia de impactos e para uma gestão ambiental mais harmônica aos preceitos da sustentabilidade. Sendo assim, é necessário que o processo de AIA anseie por projetos que sejam planejados de forma a afetar minimamente o ambiente e as comunidades de entorno ao empreendimento, não restando qualquer dúvida que esta questão ultrapassa a mera aceitabilidade técnica dos riscos associados à ocorrência de impactos.

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A previsão permite descrever os impactos identificados e, caso seja possível, quantificá-los, para que se possa adotar medidas de controle de forma a evitar, atenuar, corrigir ou compensar os impactos adversos. Essas previsões devem fornecer informações quanto à magnitude ou intensidade do impacto, duração e a área de influência do mesmo (SÁNCHES, 2013 apud CUNHA, 2017). Existem várias formas de prever impactos, como modelos matemáticos, comparação e extrapolação, experimento de laboratório e de campo, simulações, julgamento de especialistas e, a escolha desse método vai depender do que melhor se aplica ao tipo de impacto. Entretanto, se mantêm um questionamento, o que seria percepção ambiental e como ela pode ser utilizada na AIA? Com o passar dos anos, com o desenvolvimento industrial e de capital, o homem transformou os seus valores, acreditando no poder de controle sobre a natureza, que como ser superior, poderia modificá-la de acordo com suas necessidades e utilidades. Nesta transformação, o homem desenvolveu seu apreço pelos bens materiais, e, a partir deste fato, o desenvolvimento econômico dissociou-se das bases éticas relacionadas. O hedonismo estimulado pelo consumo, potencializou as desigualdades sociais, a miséria, a degradação ambiental, a poluição e etc. (CUNHA, 2017, p). Diversos autores, como SÁNCHEZ, 2013, FERREIRA, 2006, KLIGERMAN, 2006 apud WIPPEL, 2017, concordam que é necessária uma mudança na forma como o homem vê o mundo, uma revisão dos valores e nas culturas, principalmente a do consumismo e da industrialização desmedida, para que o mundo não entre em colapso e não esgote de vez os recursos naturais e a capacidade do meio ambiente de absorver, além dos seus próprios resíduos, todas as intervenções humanas. Com as mudanças de hábitos e de valores é possível reverter esse quadro em busca do desenvolvimento humano e do bem-estar das vidas no planeta. Segundo Palma (2005) apud Wippel (2017, p. 57):

O fato de o homem ter se desvinculado da sua essência e da sua convivência com o meio natural, fez com que tornasse difícil a percepção de suas atitudes a respeito do meio ambiente, uma vez que ele não se vê como parte integrante do mesmo e não percebe, ou mesmo não avalia, suas ações e consequências sobre o meio ambiente.

O homem contemporâneo se coloca hierarquicamente superior às demais espécies de

fauna e flora, não havendo restrições nem limites para o uso de seus recursos. Para Wippel (2017) este homem contemporâneo não pensa nas consequências de suas ações para com o ambiente, independente da ciência de sua finitude.

De acordo com Okamoto (2002) apud Wippel (2017, p. 56), “[...] a percepção ambiental é a visão individual do ambiente, acerca do contexto, que o leva o indivíduo a reagir de forma diferente com o meio a sua volta”. Em síntese, a percepção é subjetiva e está vinculada aos estímulos aos quais aquele indivíduo foi submetido. Logo, a sensibilização ambiental através da transdisciplinaridade dos conceitos de educação ambiental se faz urgente para o refino da percepção coletiva sobre os aspectos ambientais que cercam a sociedade e, consequentemente, os indivíduos.

Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é de desenvolver metodologia de avaliação da percepção social de impactos ambientais e aplicar a proposta em fração populacional do município de Paracambi, nos bairros da Cascata e Centro, afim de aferir a

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percepção sobre a alteração da qualidade ambiental, após a instalação de duas empresas potencialmente poluidoras na região. Material e Métodos

O trabalho em questão teve como principal fonte de obtenção de informações uma revisão bibliográfica estruturada sob as seguintes palavras-chave: Avaliação de Impactos Ambientais (AIA); Percepção Ambiental; Impacto Ambiental e Questionário Estruturado. Como resultados desta pesquisa foram obtidos artigos, livros, monografias, teses e dissertações de referência. Destaca-se a base metodológica proposta por Wippel (2017), em sua monografia intitulada “Percepção de impactos socioambientais de aterros sanitários: desenvolvimento de metodologia para identificação e mensuração” como principal eixo teórico em revisão.

A partir da identificação do referencial teórico, foi desenvolvido o questionário estruturado proposto no item a seguir. O questionário é composto por 11 perguntas que visam identificar a percepção ambiental dos moradores dos bairros da Cascata e Centro, quanto aos impactos ambientais sofridos pelo Rio Ipê com a atividade industrial em suas margens.

Após a estruturação do questionário, aplicou-se a métrica proposta na comunidade dos referidos bairros a partir de uma abordagem consultiva porta a porta, com a devida explanação da pesquisa e questionamento de interesse na participação. Resultados e Discussão

Quanto a definição de critérios para a identificação da área de amostragem, adotou-se como métrica a localização de imóveis às margens do Rio Ipê, comum aos dois bairros. O rio em questão tem suas nascentes formadas em áreas do bairro Cascata e corta uma parte do bairro Centro. Adotou-se o critério em questão após a identificação de sucessivas denúncias, junto à Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura, relativas à ocorrência de mortandade de peixes no rio em questão, em especial, no trecho que corta o Bairro Centro, à jusante de duas instalações industriais da região. Quanto à elaboração do questionário socioambiental, direcionou-se o foco da pesquisa à identificação da percepção ambiental relativa aos possíveis impactos ocorridos no corpo hídrico em questão. Foi proposto um questionário socioeconômico e ambiental, composto pela identificação do perfil do entrevistado e avaliação da percepção socioambiental. A segunda foi constituída de uma combinação de 11 (onze) questões abertas e fechadas. O questionário utilizado está representado abaixo:

A) PERFIL DO ENTREVISTADO(A) SEXO: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO IDADE: 18 e 29 ( ) 30 e 41 ( ) 42 e 53 ( ) 54 e 65 ( ) 66 ou mais ( ) ESTADO CIVIL: ( ) SOLTEIRO(A) ( ) CASADO(A) ( ) DIVORCIADO/SEPARADO ( ) OUTRO

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TEMPO EM QUE RESIDE NESSE BAIRRO: ( ) 10 ANOS OU MAIS ( ) DE 6 A 9 ANOS ( ) DE 1 A 5 ANOS ( ) MENOS DE UM ANO NÍVEL DE ESCOLARIDADE: ( ) PÓS GRADUADO ( ) PÓS GRADUANDO ( ) GRADUADO ( ) GRADUANDO ( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO ( ) SEM ESCOLARIDADE RENDA FAMILIAR: ( ) ACIMA DE 10 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) DE 8 A 10 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) ENTRE 5 E 7 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) ENTRE 2 E 4 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) UM SALÁRIO MÍNIMO ( ) UM SALÁRIO MÍNIMO OU MENOS ( ) SEM RENDA B) AVALIAÇÃO DE PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL: 1 - VOCÊ SABIA QUE EXISTEM INDÚSTRIAS NO BAIRRO CASCATA? ( ) SIM. ( ) JÁ OUVI FALAR. ( ) NUNCA OUVI FALAR 2 - VOCÊ AS CONHECE? ( ) SIM. ( ) NÃO SE SIM, SABE COM QUE ELA TRABALHA? ( ) O ENTREVISTADO RESPONDEU CORRETAMENTE ( ) O ENTREVISTADO RESPONDEU ERRONEAMENTE ( ) O ENTREVISTADO NÃO SOUBE RESPONDER 3 - TEM ALGUÉM DE SUA FAMÍLIA OU ALGUM CONHECIDO QUE TRABALHA EM UMA DAS EMPRESAS? ( ) NÃO. ( ) TENHO UM FAMILIAR QUE TRABALHA LÁ. ( ) CONHEÇO UMA PESSOA/AMIGO QUE TRABALHA OU JÁ TRABALHOU LÁ. ( ) EU TRABALHO OU TRABALHEI LÁ 4 - VOCE CONHECE OU JÁ OUVIU FALAR DE SILICA (EXPLICAR O QUE É)? ( ) SIM ( ) NÃO 5 - VOCÊ SABE ONDE SE USA A SILICA, PODERIA DAR EXEMPLOS? ( ) SIM. O ENTREVISTADO RESPONDEUDE MANEIRA SATISFATÓRIA ( ) SIM. O ENTREVISTADO RESPONDEU DE MANEIRA ERRONEA ( ) NÃO SABE O USO DA SILICA 6 - JÁ HOUVE ACIDENTES AO MEIO AMBIENTE (NATUREZA ) NO BAIRRO CASCATA? ( ) SIM QUAL? _________________________________________________________________________________ ( ) NÃO ( ) NÃO SEI RESPONDER 7 - O QUE VOCÊ ACHA DO TRÂNSITO DE CAMINHÕES NO BAIRRO CASCATA? ( ) SASTIFATÓRIO ( )REGULAR ( )PÉSSIMO

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8 - JÁ HOUVE ACIDENTES ENVOLVENDO CAMINHÕES NO BAIRRO CASCATA? ( ) SIM. QUAL? _________________________________________________________________________________ ( ) NÃO ( ) NÃO SEI RESPONDER SE SIM, COM QUAL FREQUÊNCIA ESSES ACIDENTES ACONTECEM? ( ) MUITO FREQUENTEMENTE ( ) FREQUENTEMENTE ( ) POUCAS VEZES 9 - VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTE A ATUAÇÃO DAS EMPRESAS PARA O MUNICÍPIO DE PARACAMBI? ( ) SIM. POR QUE? ( ) NÃO. POR QUE? _____________________________________________________________________________ ( ) NÃO SEI RESPONDER. 10 - NA SUA OPINIÃO, O QUE A EMPRESAS PODERIAM FAZER PARA CONTRIBUIR MAIS COM A COMUNIDADE? ( ) GERAR MAIS EMPREGOS. ( ) FAZER CAMPANHAS EDUCATIVAS NAS ESCOLAS. ( ) FAZER CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA A COMUNIDADE. ( ) GERAR QUALIDADE DE VIDA ( ) OUTRO ___________________________________________________________________________________ 11 - GOSTARIA DE FAZER ALGUMA OBSERVAÇÃO SOBRE AS EMPRESAS? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ A aplicação do questionário ocorreu a partir de abordagem porta a porta, onde os moradores eram convidados a participar da pesquisa. O contato teve duração média de 5 minutos. Inicialmente foi estabelecido um diálogo prévio, contextualizador e explicativo, após o mesmo, o pesquisador ateve-se a formular as perguntas, sem qualquer inferência nas respostas dos moradores. Com o objetivo de otimizar a organização dos resultados, a população amostral foi dividida em 3 microterritórios. O microterritório1 foi o bairro da Cascata, onde nasce o rio Ipê, o microterritório 2 foi o bairro do centro, casas localizadas na parte alta do bairro, subida da Cascata e o microterritório 3, o bairro do centro, casas à beira do rio Ipê. No total, foram entrevistados 163 moradores. Nesta pesquisa pode-se observar que os moradores de cada microterritório têm perfis muito particulares, principalmente no que diz respeito à percepção ambiental.

Quanto à definição de métrica de consolidação das informações obtidas, adotou-se a realização de médias estatísticas e avaliações percentuais, assim é possível criar desenvolver uma maior sensibilidade quanto aos resultados obtidos. No microterritório 1, somente 39% dos entrevistados disseram ter conhecimento de algum acidente ambiental ocorrido naquele local (Figura 1), destes, 40% citou odor como o maior problema (Figura 2). Já no

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microterritório 2, 42% dos entrevistados disseram ter conhecimento de algum acidente (Figura 3), destes, 26% citaram a mortandade de peixes como maior problema (Figura 4). No microterritório 3, 59% dos entrevistados responderam ter conhecimento de algum problema ambiental ocorrido na região (Figura 5), destes 48,9%, citaram a mortandade de peixes (Figura 6).

Figura 1. Conhecimento de acidentes ambientais ocorridos na área do microterritório I. Fonte: os autores

Figura 2. Exemplos citados pelos moradores de acidentes ambientais ocorridos no microterritório I. Fonte: os autores

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CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA DO RIO DESMATAMENTO/INCÊNDIO NAS MATAS

MORTALIDADE DE PEIXES/ODOR FORTE ODOR RUIM

ODOR RUIM OUTROS

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Figura 3. Conhecimento de acidentes ambientais ocorridos na área do microterritório II. Fonte: os autores

Figura 4. Exemplos citados pelos moradores de acidentes ambientais ocorridos no microterritório II. Fonte: os autores

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MORTANDADE DE PEIXES

CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA DO RIO

DESMATAMENTO

DESPEJO DE PRODUTOS QUÍMICOS NO RIO CAUSANDO MORTANDADE DOS PEIXES

DESPEJO DE DEJETOS NO CORPO HÍDRICO CAUSANDO ODOR FORTE

OUTROS

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Figura 5. Conhecimento de acidentes ambientais ocorridos na área do microterritório III. Fonte: os autores

Figura 6. Exemplos citados pelos moradores de acidentes ambientais ocorridos no microterritório III. Fonte: os autores

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DESMATAMENTO

DESPEJO DE PRODUTOS QUÍMICOS NO RIO CAUSANDO MORTANDADE DOS PEIXES

ODOR RUIM

LIXO NO RIO

CONTAMINAÇÃO POR ESGOTO SEM TRATAMENTO

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Conclusões

Diante dos resultados, podemos inferir que a população possui conhecimento limitado sobre as questões ambientais de seu entorno, mesmo as microrregiões estudadas estando muito próximas umas das outras, todas as margens do mesmo rio. Percebeu-se que os entrevistados se limitaram a citar problemas ambientais de seu entorno, sem diversificação de temáticas, mostrando assim que a visão sobre o assunto é restrita. Vale ressaltar que não há nenhum tratamento do esgoto doméstico nos bairros; todos os sistemas de esgotamento sanitário vertem in natura para o Rio Ipê. Entretanto, nenhum dos 163 entrevistados mencionou este fato como um problema ambiental e tão pouco associam o mesmo à possível mortandade de peixes na região, acreditando, de forma veemente, que as empresas localizadas no bairro Cascata são os reais responsáveis pelos impactos causados. A pesquisa nos mostra que mesmo com o aumento das discussões sobre assuntos relacionados ao meio ambiente, bem como a preocupação com o mesmo, ainda falta atingir um grande número de pessoas. Campanhas educativas nas escolas e na comunidade são atividades importantes para levar o tema até as pessoas e causar algum tipo de sensibilização para o assunto.

O que nos permite concluir que falta uma intensificação no que diz respeito à comunicação através de eventos que podem ser realizados por órgãos municipais, como a secretaria do meio ambiente em parceria com a secretaria de educação. Estes eventos podem ser realizados tanto nas escolas locais, quanto nas comunidades para conscientizar a população da importância do papel de cada um neste processo, mostrando para eles que problemas ambientais devem ser denunciados para que estes sejam sanados pelas autoridades competentes e, assim, ter uma relação harmoniosa entre os atores envolvidos.

Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter me permitido chegar até aqui, aos meus familiares pela base e incentivo, em especial à minha filha Letícia, aos meus amigos que sempre acreditaram no meu potencial e, ao professor, coordenador Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha, por ter investido em minha ideia e ter contribuído para a realização deste trabalho.

Referências CUNHA. C. E. C. P. Proposta de índice de sustentabilidade operacional de aterros sanitários (ISOAS), 2017.

103f. Tese (Doutorado em Engenharia Ambiental) Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2017.

WIPPEL. M. C. Percepção de impactos socioambientais de aterros sanitários: desenvolvimento de metodologia para identificação e mensuração. 2017. 95p. Monografia (Graduação em Engenharia Ambiental) – Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, 2017.

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PROJETO CÃES E GATOS DA SERRA DA TIRIRICA: DADOS DO CONTROLE POPULACIONAL NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, RJ

Gabriela Lins de Albuquerque¹, Daiana Angelo Gomes Santana¹, Phillipe Bauer de Araujo Doria¹, João Marcelo Silva Silveira¹, Fernando Diego Paqueco¹, Carolina Marinho Colchete¹, Ana Carolina Azevedo Meirelles¹, Beatriz Teixeira Gomes da Silva¹, Fábio Otero Ascoli¹, Aline Moreira de Souza¹, Felipe de Sousa Queiroz², Nádia Almosny¹ & Sávio Freire Bruno¹ 1Universidade Federal Fluminense/ Faculdade de Veterinária/ Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ² Instituto Estadual do Ambiente/ Gerência de Unidades de Conservação/ Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo A interação de animais domésticos e silvestres dentro de Unidades de Conservação contribui para o impacto na fauna nativa dessas áreas protegidas, além da possibilidade de transmissão de patógenos entre animais silvestres, domésticos e o ser humano. Dentro deste contexto de saúde única, o Projeto Cães e Gatos da Serra da Tiririca visa a esterilização dos cães e gatos residentes no Parque, com o intuito de controle populacional para mitigação dos impactos supracitados. Foram cadastrados 231 cães e 99 gatos e até o momento, 132 animais foram esterilizados, 55 cães e 77 gatos, contribuindo desta forma, para a saúde ecossistêmica, bem estar dos animais e seus tutores e ainda sendo uma ferramenta de monitoramento. Palavras-chave: controle populacional, medicina da conservação, monitoramento médico-veterinário, saúde única. Introdução

As relações intraespecíficas entre a fauna selvagem e doméstica em Unidades de Conservação (UC) são consensualmente impactantes. Predadores como cães e gatos domésticos potencializam a transmissão de doenças, competição por alimento e território, predação, e riscos para a saúde humana (JORGE et al., 2010; LESSA et al., 2016). O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) abrange Municípios de Niterói e Maricá (INEA, 2015) e possui residências familiares em seus domínios, inserindo-se no perfil de UC urbana, susceptível a tais impactos (NUNES et al., 2014). A partir da quantificação dos animais domésticos, da avaliação das condições sanitárias e das interações dos mesmos com o ambiente natural no PESET, conforme Bruno et al. (2012) e Nunes et al. (2014), o presente trabalho, igualmente relacionado ao manejo da fauna local é considerado mais um passo nesta vertente. Ele objetiva relatar e avaliar as primeiras ações de controle populacional de cães e gatos domésticos no PESET, sua logística, desafios e resultados. Material e métodos

De acordo com resultados encontrados por Bruno et al. (2012) e Nunes et al. (2014), são 91 residências georreferenciadas nas áreas delimitadas do PESET, totalizando 231 cães e

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99 gatos. Nesta fase, com foco no controle populacional desses animais por meio da castração, a equipe do projeto (formada por graduandos e pós-graduandos em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, além do coordenador de pesquisa do PESET) visita as residências cadastradas, objetivando: contato direto com as famílias reiterando a proposta de monitoramento e controle dos animais domésticos residentes do PESET; consentimento do tutor para todas as etapas clínico-cirúrgicas a qual o animal será submetido; avaliação clínica do animal; preenchimento de ficha epidemiológica e questionário com o tutor para coleta de dados e coleta de sangue para exames pré-operatórios (hemograma e bioquímica). Estas etapas concluídas, as amostras sanguíneas são transportadas sob refrigeração até o Laboratório de Pesquisa Clínica e Molecular Marcílio Dias do Nascimento da Faculdade de Veterinária/ UFF, onde são processadas. Uma vez o animal apto para o procedimento cirúrgico, o proprietário é contatado para combinar a logística de transporte. Uma viatura do (PESET/INEA) é direcionada para o transporte dos animais até o HUVET e posteriormente até suas residências. As cirurgias são realizadas no centro cirúrgico do Hospital Veterinário Firmino Mársico Filho (HUVET) com anestesia geral combinada. A medicação para o pós- operatório é de responsabilidade do tutor e o monitoramento e retirada dos pontos são realizados pela equipe dez dias após o procedimento cirúrgico.

Resultados e Discussão

De acordo com o georreferenciamento obtido em 2013, foram quantificados 231 cães e 99 gatos residentes do PESET. Do total de cães, 73% tem acesso à mata, sendo 38% acesso integral. Desde o início do projeto (2015) até o momento, foram examinados e coletados 239 animais, sendo 147 (61,5%) cães e 92 (38,4%) gatos. Em tempo, 132 animais foram esterilizados, 55 cães e 77 gatos, contribuindo assim para a saúde ecossistêmica, bem estar dos animais e seus tutores e ainda sendo uma ferramenta de monitoramento. Desse total, 107 (44,7%) animais foram avaliados e não foram castrados (176 cães - 76% e 22 gatos - 22,2%), pois se encontravam inaptos para o procedimento cirúrgico. Do total de 89 tutores consultados, 52,8% observaram seus animais predarem alguma espécie nativa do PESET, 20,7% afirma não saber que residem em UC e suas implicações.

A quantidade observada de animais domésticos com livre acesso a mata é um fator impactante para a saúde ecossistêmica e particularmente à sobrevivência da fauna silvestre nas UC`s, nota-se grande preocupação com a influência humana e da fauna doméstica nesses espaços (GALETTI; SAZIMA, 2006; FRIGERI, 2013; LESSA et al., 2016). Considerando que a quantificação dos animais aconteceu em 2014, e não houve nenhum projeto de controle populacional na área, acredita-se que o número de animais domésticos possa ter aumentado. Deve-se ressaltar que a maior parte dos moradores possui baixo poder aquisitivo, contribuindo para pouca informação e falta de assistência médico-veterinária aos cães e gatos. Estes fatores implicaram na inaptidão de grande parte dos animais ao procedimento cirúrgico, principalmente os caninos, uma vez que os mesmos apresentavam condição clínica incompatível e alterações hematológicas importantes, como: anemia, trombocitopenia e eosinofilia, presença de hemoparasitos, microfilariose. Além de verminoses, sem deixar de considerar outras doenças infecto-contagiosas.

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O fato da maior parte dos cães estarem inaptos não inviabiliza o impacto na fauna silvestre, uma vez que a maioria possui acesso irrestrito à mata, tendo a possibilidade de predação e competição além de serem possíveis portatores de patógenos importantes para a saúde pública, como dirofilariose e leishmaniose, enfermidades já estudadas no parque por Albuquerque et al. (2017) e Nunes (2015), respectivamente. Já os felinos, apresentavam boa condição clínica e laboratorial de forma geral, sendo exímios predadores. O projeto tem como objetivo apenas o pré operatório e esterilização dos animais, não tendo recursos para o tratamento de possíveis doenças, fato que seria de extrema importância para aumentar a efetividade do número final de animais aptos. Corroborando as considerações de Klein-Gunnewiek (2005), o monitoramento de fauna em UC`s esbarra em um grande desafio metodológico, principalmente no que tange ao controle de doenças. Sendo assim, a esterilização dos animais domésticos consiste em uma ferramenta importante para o controle populacional e consequentemente a redução do impacto na fauna silvestre nas UC`s. Considerando que- somente no Estado do Rio de Janeiro- estão implantadas 18 UC`s de proteção integral e 15 de uso sustentável (INEA, 2015), pode-se vislumbrar- o grande desafio que se apresenta- no que se refere ao manejo e monitoramento da fauna nas áreas protegidas do país. A avaliação entre a fauna doméstica e a silvestre no PESET tem proporcionado, por fim, informações indispensáveis para ações previstas no plano de manejo desta UC, ao passo que a esterilização dos cães e gatos e a educação em ambiental realizado pela equipe do projeto com os tutores são ferramentas importantes na saúde ambiental do Parque. Conclusões

O projeto justifica-se como uma ferramenta viável para a mitigação do impacto dos

animais domésticos na fauna silvestre PESET, servindo como um modelo para outras unidades. Além da possibilidade do monitoramento de doenças destes animais e a educação sanitária e ambiental por parte dos tutores, contribuindo assim para a saúde única. Agradecimentos A equipe do Projeto agradece ao apoio logístico do Parque Estadual da Serra da Tiririca e Hospital Veterinário da Universidade Federal Fluminense. Referências ALBUQUERQUE, G. L.; SANTANA, D. A.; SILVA, B. T. G.; SOUZA, A. M.; MOREIRA, F. D. P.; GIOIA,

G.; ALMOSNY, N. R. P.; BRUNO, S. F. Prevalence of microfilaria in dogs residing in the Serra da Tiririca State Park, Rio de Janeiro State, Brazil (PESET). In: Congresso Brasileiro de Parasitologia, XXV, 2017, Búzios. Anais... Búzios: SBP, 2017.

BRUNO, S. F.; MATIAS, F. M.; BARRETO, J. R.; MORENO, A. B.; MOUTINHO, F. F. B. Avaliando a interação entre a fauna doméstica e selvagem no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET-RJ): dados

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parciais. In: 1º Conferência Brasileira em Saúde Silvestre e Humana, 1, 2012, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Fiocruz, 2012. ,p. 60-60.

FRIGERI, E. Invasões por cães domésticos (Canis Lupus familiaris) na Mata Atlântica: efeitos da perda de habitat e da intensificacao agricola. 2013. 92f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

GALETTI, M.; SAZIMA, I. Impacto de cães ferais em um fragmento urbano de Floresta Atlântica no sudeste do Brasil. Natureza & Conservação, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 58-63, abr. 2006.

INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE - INEA. Plano de manejo do PESET. Jan. 2015. Disponível em: < http://www.femerj.org/wp-content/uploads/Plano-de-manejo-do-Parque-Estadual-da-Serra-da-Tiririca-PESET.pdf> Acesso em: 22 abr. 2017.

JORGE, R. S. P.; ROCHA, F. P.; MAY JÚNIOR, J. A.; MORATO, R. G. Ocorrência de patógenos em carnívoros selvagens brasileiros e suas implicações para a conservação e saúde pública. Oecologia Australis, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 686-710, set. 2010.

KLEIN-GUNNEWIEK, M. F. C. Proposta de sistema de monitoramento de doenças para animais silvestres e domésticos na Serra do Japi. 2005. 101f. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

LESSA, I.; GUIMARÃES, T. C. S.; BERGALLO, H. G.; CUNHA, A.; VIEIRA, E. M. Domestic dogs in protected areas: a threat to Brazilian mammals? Brazilian Journal of Nature Conservation, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 46-56, jul-dec. 2016.

NUNES, V. M. A.; MOUTINHO, F. F. B.; QUEIROZ, F. S. L.; MELO, F. M.; BRUNO S. F. Avaliando a interação entre a fauna doméstica e selvagem no Parque Estadual da Serra da Tiririca. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 41, 2014, Gramado. Anais... Gramado: Sociedade de Veterinária do Rio Grande do Sul, 2014.

NUNES, V. M. A. Prevalência da Leishmaniose Visceral e georreferenciamento da população de cães domésticos (Canis familiaris) no Parque Estadual da Serra da Tiririca – RJ. 2015. 63f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.

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DILEMAS AMBIENTAIS E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS DO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Geovani Dias Pereira¹ & Mariana Silva Ferreira¹ Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo A problemática ambiental vem ganhando destaque na agenda política nacional e internacional, nos veículos de comunicação e na opinião pública. Fruto dessa visibilidade, a Educação Ambiental tem sido inserida nos currículos da educação formal como tema transversal, permeando a discussão de diversas disciplinas. É nesse contexto que se construiu esse trabalho, que pretendeu investigar como a temática ambiental tem sido trabalhada nas escolas do Ensino Fundamental e Médio, a partir das representações que os alunos dessas escolas constroem sobre o tema. Para isso, desenvolvemos um questionário com quinze questões, a ser aplicado em escolas de três municípios do sul do Estado do Rio de Janeiro: Barra Mansa, Volta Redonda e Pinheiral. A partir dessa análise, pudemos constatar que a escolarização tem impacto positivo na formação da consciência ambiental dos alunos, que se mostraram, nas séries finais, mais sensíveis tanto ao pertencimento do homem ao meio ambiente, quanto à necessidade de adoção de novos hábitos e valores para a preservação ambiental. Por outro lado, também pudemos perceber certas incongruências contidas nesse processo, como a supervalorização da paisagem florestal, além da preponderância do aspecto utilitário sobre o ético na construção de argumentos para a preservação ambiental.

Palavras-chave: ambientalismo, ensino fundamental e médio, preservação, conservação, representação. Introdução

O homem é um animal cultural. O que nos diferencia dos outros seres vivos, antes de nossa capacidade de transformar o meio natural, é nossa necessidade de fazê-lo. Esse imperativo não é exclusividade do homem: todos os seres vivos estão constantemente interagindo e modificando o meio que os cerca. Contudo, nenhum ser vivo, senão o homem, é capaz de tamanha interferência no meio em que vive, a tal ponto de ameaçar a vida de todos os outros seres do planeta. Talvez o melhor exemplo do enorme poder humano de modificação do meio seja a agricultura. Segundo estimativas de Ricklefs (2009, p. 484), cerca de 35% da área de todas as terras emersas do planeta foram modificadas em plantações e pastos permanentes. Trata-se de um impacto enorme na paisagem natural, com efeitos duradouros sobre todos os outros seres vivos.

Se a consciência do poder de transformação da natureza pelo homem não é nova, a consciência do seu caráter destrutivo é mais recente. O horror da bomba atômica, além das observações científicas cada vez mais frequentes sobre o impacto negativo das atividades humanas na qualidade do ambiente, contribuíram para a criação de um contexto propício ao desenvolvimento de dois “movimentos” de ativismo político-civil com profunda influência na segunda metade do século XX: o movimento pacifista e o ambientalista (DUARTE, 2004).

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De lá para cá, as discussões ambientais têm ganhado crescente visibilidade tanto no meio acadêmico-científico, quanto no meio político, despertando um interesse cada vez mais ampliado pela Ecologia por parte da sociedade civil (DUARTE, 2004; FERREIRA, 2008).

Discussões sobre a sustentabilidade ambiental, a renovação dos recursos energéticos, a reciclagem de resíduos, o impacto da atividade agrícola e industrial na qualidade do ar, água e solo, entre outros, têm inundado o cotidiano das pessoas comuns com temas antes caros apenas ao meio científico. Observa-se, assim, crescente influência dessas discussões na forma como as pessoas vêm encarando problemas socioambientais abordados pela Ecologia. Como resultado, novos hábitos têm sido adotados, nem sempre acompanhados de uma reflexão profunda dos fundamentos subjacentes a essas mudanças de atitude. Em paralelo a esse processo, observa-se um aumento da pressão da sociedade civil pela incorporação das questões ambientais na elaboração de políticas públicas. Interface privilegiada nesse contexto de pressão social pela implantação de políticas governamentais efetivas, a educação foi pioneira na incorporação das inquietações ecológicas em suas próprias preocupações. Apesar desse pioneirismo, a Educação Ambiental ainda busca seus pressupostos, podendo não estar preparada até o momento para responder as inquietações de nossos alunos (RUSCHEINSKY, 2002). A despeito disso, a Educação Ambiental tem sido inserida nos currículos da educação formal como tema transversal, permeando a discussão de diversas disciplinas que compõem esse currículo.

É nesse contexto que se construiu o presente trabalho, que pretendeu investigar como a temática ambiental tem sido trabalhada nas escolas do Ensino Fundamental (EF) e Médio (EM), levantando e compreendendo o que entendem por meio ambiente, o tipo de relação que imaginam ter com a natureza e o grau de consciência de sua responsabilidade em relação aos problemas ambientais, a fim de depreendermos qual a influência que a escolarização possui na construção e reconstrução das representações que fazem da assim chamada “questão ambiental”. Entendemos que trabalhos como esse se justificam na medida em que buscam estabelecer pressupostos mais sólidos aos estudos ligados à Educação Ambiental, o que responde a uma demanda social por políticas efetivas na educação enquanto instrumento de construção de uma consciência ecológica menos utilitária e mais ética.

Material e Métodos

Um questionário com 15 questões (objetivas e discursivas) foi aplicado em quatro

escolas do EF e do EM das redes pública e privada de três municípios limítrofes e conurbados do sul estado do Rio de Janeiro: Barra Mansa, Volta Redonda e Pinheiral. Procuramos dar ao enunciado das questões o máximo de objetividade, utilizando palavras e expressões de fácil compreensão. Fizemos largo uso de questões abertas e breve explanação sobre a inexistência de respostas certas e/ou mais adequadas às questões propostas, incentivando os alunos a expressarem livremente suas opiniões.

Fizemos largo uso de técnicas de análise de conteúdo, entendida por Bardin (2002) como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, a fim de inferir conhecimentos relativos às condições de produção das mensagens, inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não) presentes nas próprias mensagens. Desta forma, pudemos definir algumas opções metodológicas como o uso de um mesmo questionário em todas as

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turmas, além da escolha de um conjunto de entrevistados formado por indivíduos com algum tipo de semelhança (alunos em idade escolar), o que nos permitiu, pela “regra da homogeneidade”, comparar melhor as respostas individuais a fim de obtermos um resultado global. Por outro lado, a inclusão de escolas públicas e privadas, de alunos de todas as séries do EF e EM, propiciou, por meio da regra da “representatividade”, construir uma amostra que fosse representativa do universo do qual faz parte, a fim de nos permitir algumas generalizações.

O tratamento metodológico dado às questões para a obtenção dos dados foi diferenciado, de acordo com o tipo de questão analisada. As questões objetivas demandaram um tratamento mais simples, pois nesse tipo de questão as diferentes categorias de resposta são previamente definidas. Contudo, nas questões subjetivas, foi preciso definir algumas regras de categorização. As categorias utilizadas nas questões abertas não se construíram a priori, mas a partir de uma “leitura flutuante” dos dados (BARDIN, 2002). Essas categorias foram construídas pelo “sistema das caixas”: a partir das hipóteses surgidas numa leitura prévia do material, foram definidas categorias abrangentes, e as respostas, repartidas o melhor possível entre essas categorias. O critério de categorização mais frequente foi o semântico, em que as respostas são agrupadas por apresentarem palavras, termos e expressões com proximidade semântica ao do título da categoria. Com menos frequência, também utilizamos o critério léxico, em que as respostas são reunidas a partir da repetição de determinadas palavras ou expressões sinônimas. Procuramos estabelecer categorias dicotômicas e excludentes, em que uma categoria positiva era estabelecida, e outra surgia a partir da exclusão das respostas que não se enquadravam na primeira, de modo que a quase totalidade das respostas fosse abrangida.

Escondemos as quatro questões relevantes para o trabalho em um corpo de questões mais amplo, reduzindo a possibilidade de os alunos dissimularem suas representações por meio da construção consciente de representações calcadas naquilo “que o entrevistador gostaria de ouvir”. As questões analisadas foram: (1) O que você considera uma ‘área verde’?, (2) O que você acha que é ‘meio ambiente’?, (3) Você acha importante preservar o meio ambiente? Por quê? e (4) O que podemos fazer para preservar o meio ambiente? Na primeira questão, procuramos estabelecer o tipo de imagem que os alunos mais associam ao meio ambiente, a fim de refletir sobre as causas dessa preferência, bem como suas implicações. Na segunda questão, procuramos extrapolar a simples representação visual do meio ambiente para algo mais complexo: o grau de inserção do homem nessa representação. Na terceira questão, procuramos compreender se os alunos estão conscientes da importância da preservação ambiental para a melhoria das condições de vida do homem, bem como para a sobrevivência da espécie humana e de outros seres vivos. Na última questão, procuramos investigar se os alunos, nas atitudes e ideias a que se propõem, mostram predisposição a aceitar propostas que criticam e repensam aspectos fundamentais do atual modelo econômico-produtivo, competência essa que, ousamos afirmar, deveria ser o principal objetivo da Educação Ambiental nas escolas brasileiras. Utilizamos a regressão linear simples para avaliar a relação entre a resposta dos alunos e seu grau de escolaridade.

Resultados e Discussão Obtivemos uma amostra de 401 alunos: 216 do sexo feminino (54%) e 185 do sexo

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masculino (46%). Observamos maior desequilíbrio de gêneros no EM (74 meninas (61%), contra 50 meninos (39%)), congruente com o que vem sendo bem documentado por dados estatísticos do IBGE e pela literatura sobre o tema.

Ao serem perguntados sobre que tipo de paisagem comporia uma “área verde”, 95% dos alunos responderam “floresta” (Figura 1). A despeito de essa resposta ter sido provocada (afinal, tratava-se de uma pergunta objetiva), esse é um resultado que não pode ser desprezado, por se distribuir de forma relativamente uniforme ao longo de todas as séries (Figura 2). Além disso, a proporção de alunos que respondeu “floresta” foi quase 50% maior em relação à de alunos que optou pela segunda resposta (“parques”). A preponderância da imagem da “floresta” nas representações desses alunos pode apontar para o fato de que, muitas vezes, a escola ainda trabalha majoritariamente com essa paisagem em suas discussões em torno do meio ambiente. Contudo, não pudemos estabelecer uma ligação óbvia entre a escolaridade e a construção dessa representação, o que demonstra a possível importância de influências externas à escola nesse resultado. É importante salientar que, nas últimas décadas, o ativismo em torno da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica ganhou enorme destaque nos meios de comunicação. Se, por um lado, esse destaque da mídia ajuda a mobilizar a opinião pública, por outro contribui para empobrecer as representações que o público constrói em torno do meio ambiente, restringindo-o muitas vezes à paisagem florestal. Uma consequência imediata é o paradoxal distanciamento das pessoas em relação à temática ambiental, uma vez que muitas, por não conhecerem a paisagem florestal, não conseguem sentir por ela a empatia necessária para querer de fato preservá-la.

Figura 1. Proporção de respostas dadas pelos alunos do ensino fundamental e médio de quatro escolas de três municípios do sul do estado do Rio de Janeiro quando perguntados “o que é uma área verde?” Fonte: os autores

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Horto/Zoológico

Praça

Morros sem casas

Ruas arborizadas

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Figura 2. Proporção de alunos, por série e total geral, do ensino fundamental (EF) e médio (EM) de quatro escolas de três municípios do sul do Estado do Rio de Janeiro que responderam “floresta” quando perguntado “o que é uma área verde?” Fonte: os autores

A fim de abordarmos a questão da empatia dos seres humanos pelos outros elementos da natureza, perguntamos aos alunos o que eles entendiam como meio ambiente. Nossa intenção foi avaliar o grau de inserção do ser humano subjacente às concepções de meio ambiente presente nessas respostas. Dividimos os alunos em dois grupos: no primeiro, o ser humano é parte integrante do meio ambiente; no segundo, o meio ambiente é uma realidade estanque aos seres humanos, sendo composta pelo conjunto dos “outros” (os animais, as plantas, os elementos físicos da natureza etc.). 65,9% dos alunos do terceiro ano do EM incluem-se em sua definição de meio ambiente, o que é substancialmente maior que a proporção de alunos do 6º ano do EF (12,9%). Todavia, julgamos esse dado preocupante, uma vez que o grau de insucesso da escola em gerar sentimento de empatia dos alunos pela temática ambiental atingiu expressivos 34,1% desses alunos, mesmo após 12 anos de escolarização formal (Figura 3).

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Total 6º anoEF

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Freq

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Figura 3. Proporção de alunos do ensino fundamental (EF) e médio (EM) de quatro escolas de três municípios do sul do estado do Rio de Janeiro que incluem o ser humano em sua definição de meio ambiente, comparativo entre as séries e as modalidades de ensino Fonte: os autores Quando inquiridos se desejavam preservar o meio ambiente, 97,5% dos alunos de nossa amostra responderam “sim”. No entanto, a justificativa desse desejo de preservação apresentou um forte sentido utilitarista, exemplificado na resposta mais frequente que encontramos: “porque precisamos dele”. A maioria das justificativas abordava a questão da utilidade da preservação ambiental para a garantia e/ou melhoria das condições de vida. Nosso próximo passo foi, então, analisar que vida era essa que os alunos sentiam a necessidade de garantir/melhorar. Quase 90 % dos alunos (87% no EF e 89% no EM) deixou explícito que o homem era um dos grandes interessados na preservação ambiental. Por outro lado, apenas 26% dos alunos do EF e 54% dos do EM mostraram um interesse altruísta na preservação da vida em geral, e não somente na do homem. Se, por um lado, demonstrou-se uma influência positiva da escolarização no grau de preocupação e de responsabilização dos alunos em relação às outras formas de vida do planeta, por outro é preciso destacar que quase metade dos alunos que finalizam o EM, a despeito de defender a preservação ambiental, não parece demonstrar solidariedade para com as outras formas de vida do planeta. O interesse dos alunos na preservação ambiental adviria, então, muito mais de um discurso utilitarista do “politicamente correto” do que propriamente de uma reflexão detida do sentido ético da questão.

Por fim, quando inquirimos os alunos sobre as atitudes que associavam à preservação ambiental, uma série de práticas muito diferentes entre si foram levantadas (Figura 4). Procuramos classificar essas práticas em dois grupos: (1) práticas paliativas, que não questionavam fundamentos do nosso atual modelo econômico-produtivo (por exemplo, “não jogar lixo no chão”, “plantar árvores” etc.) e (2) práticas que incluíam atitudes que refletissem

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algum nível de crítica aos valores da sociedade moderna (desde atitudes simples como “andar mais de bicicletas” e “desligar as luzes dos cômodos vazios”, até atitudes mais complexas, como “utilizar energia solar e eólica”, “fechar zoológicos” ou “promover a reciclagem e a coleta seletiva”).

Figura 4. Proporção de alunos do (a) ensino fundamental e (b) médio de quatro escolas de três municípios do sul do estado do Rio de Janeiro em relação à predisposição a atitudes e ideias que criticam os fundamentos do atual modelo econômico-produtivo. Fonte: os autores.

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1º ano 2º ano 3º ano EM

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b Atitudes querepensam aspectos doatual modeloeconômico-produtivo

Atitudes que mitigamos problemas, masnão criticam o atualmodelo econômico-produtivo

Não Categorizado

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Outra vez observamos uma relação positiva associada ao nível de escolarização –

dessa vez em relação à predisposição dos alunos a aceitar questionar alguns pilares da sociedade moderna. Expliquemos o uso do termo “predisposição” nesse contexto. Partimos do pressuposto de que, ao fazermos referência a determinadas práticas como soluções para alguns problemas, por mais que algumas delas não estejam ao alcance de todos, na verdade o que estamos afirmando é que, se dependesse exclusivamente de nossa vontade, estaríamos predispostos a adotar tais atitudes. É esse nível de predisposição que estamos medindo nessa questão.

Um dos principais papeis da EA, em nosso entender, consiste em fomentar em nossos alunos a predisposição para questionar determinados aspectos de nosso atual modelo econômico-produtivo. Para isso, a EA deve promover a reflexão crítica dos aspectos predatórios e insustentáveis de alguns dos aspectos de nossa economia livre de mercado. Os alunos, ao saírem do EM, não precisam concordar com todo o discurso politicamente correto do movimento ambientalista no que tange ao consumo racional, à busca de fontes alternativas de energia, à reciclagem, entre tantos outros tópicos que têm sido discutidos na atualidade. Contudo, é emblemático que quase metade dos alunos que saem do EM sequer citem essas atitudes como alternativas passíveis de discussão (46,3% de nossa mostra do 3º ano do EM). Conclusões

O meio ambiente, aos nossos alunos, parece ser uma grande floresta. Misterioso,

inacessível, distante, pois, da realidade cotidiana. Muitos não conseguem enxergar as relações que mantemos com “essa outra realidade”. É como se ela estivesse lá, com seus animais e plantas "exóticos", e nós cá, vivendo em um mundo estanque. De modo geral, boa parte dos alunos não sente que faz parte do meio ambiente. Não solidariza com os “outros” que nele vivem. Eles até querem preservá-lo, mas muitos não sabem bem ao certo por quê. Sabem que precisamos dele, por que ele nos é útil. Mas será que eles sabem que a natureza não precisa de nós?

Essa é uma das grandes questões a ser abordada pela EA em nossas escolas: a dimensão ética da preservação ambiental. A escola, em seu papel de ensinar a aprender, precisa instrumentalizar os seus alunos, a fim de que eles possam problematizar as representações que obscurecem a dimensão ética da discussão ambiental. Entendemos que os alunos precisam ser instigados a se questionar qual a relação que o homem tem mantido com o meio natural, e se nossas atitudes respeitam o direito de existir que os outros seres também possuem. Numa época em que tanto se discute o respeito à dignidade humana, porque não discutir também a dignidade planetária? Para isso, é preciso traçar uma imagem mais complexa da temática ambiental, com todas as incertezas e dúvidas que são inerentes à realidade. Não há respostas prontas, mas há um caminho a percorrer, perguntas a fazer, respostas a construir.

Apontamos uma série de deficiências nos resultados obtidos pelas escolas no tocante à formação de um cidadão crítico em relação à problemática ambiental. Contudo, fazemos isso de forma generosa. Não queremos construir a crítica pela crítica. Antes, ao reconhecermos nosso papel como futuros educadores, tornamos nosso discurso uma autocrítica, direcionada à construção, e não à destruição: construção de novas práticas pedagógicas, de novas

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discussões, de novas ideias, de novas abordagens. Reconhecemos a natureza incompleta de um estudo como o nosso. Reconhecemos

também que tão complexa e ampla temática não pode ser bem entendida numa abordagem microscópica, tal qual a que utilizamos. Por outro lado, julgamos relevante um trabalho como o nosso justamente por seu caráter simplificador, que nos permite uma melhor inteligibilidade com um público mais amplo. Ao realizarmos esse estudo de caso, nos comprometemos com os entrevistados e com os educadores envolvidos que preservaríamos suas identidades. Contudo, nos comprometemos também a disponibilizar os resultados obtidos, a fim de que possam subsidiar novas discussões. Faremos isso, e esperamos que nosso trabalho possa suscitar ao menos novos debates sobre o que apresentamos. E que eles sejam acalorados; afinal, quanto mais divergentes são as ideias em conflito, mais interessante é a síntese que delas emerge. Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. 3. ed. Lisboa: Edições

70, 2004. DUARTE, L. C. B. A política ambiental internacional: uma introdução. Revista Cena Internacional.

Brasília, Ano 6, n. 1, p. 4-12, jun. 2004. FERREIRA, A. R. P. G. História do movimento ambientalista: na sua trajetória no Piauí. 2008. 131f.

Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2008.

RICKLEFS, R. Economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. RUSCHEINSKY, A. As rimas da ecopedagogia: uma perspectiva ambientalista. In: ______ (Org.). Educação

ambiental: abordagens múltiplas. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 61-71.

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RIQUEZA E FUNCIONALIDADE NA COMUNIDADE DE MOITAS EM AFLORAMENTOS ROCHOSOS LITORÂNEOS NO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO, RJ

Jasmim Lira Avelino1; Luana Paula Mauad2 & João Marcelo Alvarenga Braga2 1 Universidade Veiga de Almeida, Ciências Biológicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo A dinâmica de formação das moitas em afloramentos rochosos parece ser facilitada por determinadas espécies-chave que, ao se instalarem, formam pequenas ilhas que vão sendo colonizadas. Já foi demonstrado que determinadas famílias como Cactaceae, Bromeliaceae e Orchidaceae estão entre as mais comuns para os ambientes rochosos do Brasil. No entanto, pouco se sabe sobre a estrutura e relações ecológicas da vegetação nos afloramentos rochosos do país. A escassez desses estudos dificulta análises comparativas, importantes para a compreensão e conservação desse tipo singular de vegetação. O estudo criterioso destes fatores pode vir a subsidiar ações efetivas de restauração e conservação da vegetação rupícola de moitas nos afloramentos rochosos do Município do Rio de Janeiro e de outras regiões. O objetivo deste trabalho é relacionar os diferentes tipos de moitas encontrados nas áreas estudadas determinando a estrutura e atributos das espécies nas comunidades amostradas e a composição florística que compõem os diferentes tipos de moitas das áreas de estudo. Palavras-chave: atributos, ecologia, inselbergs, rupícula. Introdução

Os afloramentos rochosos apresentam diferenças significativas na composição florística. A vegetação rupícola possui características comuns em relação à estrutura e adaptações a condições extremas, além da forma como se organizam em moitas (MEIRELLES; PIVELLO; JOLY, 1999; RIBEIRO; MEDINA, 2002; CAIAFA; SILVA, 2005; CONCEIÇÃO; PIRANI; MEIRELLES, 2007). Devido a estas condições como solo pobre, com alta insolação e grande oscilação de temperatura entre o dia e a noite (OLIVEIRA; GODOY, 2007), pode-se pensar em atributos que permitem a tolerância a estas condições e a melhor colonização deste tipo de ambiente (RIBEIRO; MEDINA, 2002). Assim, algumas espécies tornam-se fundamentais para o estabelecimento de outras mais sensíveis às condições existentes neste tipo de ambiente e se agrupam em tipos específicos que podem permitir maior sucesso de colonização do ambiente rochoso.

A vegetação de tapetes pode ser tratada como um tipo de substrato base para estabelecimento inicial de outras espécies (MAUAD, 2013). Já foi demonstrado que determinadas famílias como Cactaceae, Bromeliaceae e Orchidaceae estão entre as mais comuns para os ambientes rochosos do Brasil (BARTHLOTT et al., 1996; POREMBSKI; BARTHLOTT, 2000). No entanto, pouco se sabe sobre a estrutura e relações ecológicas da vegetação nos afloramentos rochosos do país. O objetivo deste trabalho é relacionar os diferentes tipos de moitas encontrados nas áreas: (TS – tapetes de Selaginella sellowii Hieron

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(Selaginellaceae), TM – tapetes de monocotiledôneas; Mix – ilhas com espécie formadora de sombra; e EP – ilhas com espécies epilíticas sem acúmulo de solo), determinando: (1) A estrutura (altura e área de cobertura das espécies, profundidade do solo e serapilheira, cobertura vegetal total etc.) e atributos (forma de vida, hábito, síndrome de dispersão, presença de espinhos etc.) das espécies nas comunidades amostradas; e (2) A composição florística das espécies que compõem os diferentes tipos de moitas das áreas de estudo.

Material e Métodos

O trabalho foi realizado no Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca (MoNaPA), (22º57'08.6"S; 43º09'41.3"W) e no Parque Natural Municipal da Prainha (PNMP), no Rio de Janeiro, RJ (23º2'38.6"S e 43º30'40.6"W) e no Costão de Itacoatiara (CI), Niterói, RJ (22º58'33"S e 43º01'33"W).

O número de moitas de cada tipo na amostragem variou de 25 a 65, sendo a moita considerada como unidade amostral (UA). Cada UA teve suas coordenadas geográficas e altitude registradas com equipamento GPS Maps Garmin 62 SC. Foram tomadas medidas da inclinação do ponto onde a moita se encontra com auxílio de clinômetro digital (Smart Angle AS-180) e do maior diâmetro e o menor perpendicular a este para cálculo da área da moita (forma elipsoide), utilizando trena de 5m. A profundidade do substrato e de serapilheira foram medidas em três pontos da moita ao longo de uma de suas diagonais com auxílio de ponteiro metálico e trena. A cobertura vegetal total da moita e a área de rocha exposta também foram medidas. A presença de cada espécie foi registrada nas UAs, bem como sua área de cobertura e maior altura. São apresentadas análises descritivas e de agrupamento dos dados amostrados. Resultados e Discussão

Um total de 232 moitas foi amostrado e os testes de suficiência amostral estabilizaram. Foram encontradas 56 espécies, de 44 gêneros e 27 famílias de plantas vasculares. As com maior cobertura foram Alcantarea glaziouana (Leme) J. R. Grant (presente em 136 moitas), Selaginella sellowii Hieron (107 moitas) e Coleocephalocereus fluminensis (Miq.) Backeb (104 moitas). São espécies que parecem independer do tipo de substrato, fixando-se diretamente na rocha ou em moitas com grande cobertura vegetal. Moitas Mix e TM tiveram 31 espécies em comum, e parâmetros ambientais com medidas mais próximas, como altura, profundidade do solo e serapilheira, rocha exposta e cobertura vegetal, sendo mais parecidas entre si (Figura 1). “A cobertura vegetal elevada nas moitas Mix e TM”, segundo Rice (1967) e Daubenmire (1968) “é mais importante do que a densidade”. Isto é baseado no fato de que a cobertura representa uma medida de biomassa mais precisa do que o número de indivíduos. A junção dos TS com as moitas EP (Figura 1) pode estar relacionada à baixa cobertura do solo, ocorrência em locais com maior inclinação, menor área da moita e menor riqueza de espécies.

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Figura 1. Diagrama de Venn (acima) e Dendrograma (abaixo) pelo método UPGMA para as moitas amostradas nas áreas de estudo. EP: moitas epilíticas; MIX: moitas com pelo menos uma espécie arbustiva; TM: tapetes de monocotiledôneas; TS: tapetes de Selaginella sellowii. Fonte: os autores

A forma de vida das caméfitas foi a predominante nos quatro tipos de moitas (25 spp.), seguida das fanerófitas (22 spp.), sendo altamente representada floristicamente nas moitas Mix (ca. 40%) (Figura 2). A mesma semelhança ocorreu nas síndromes de dispersão, com dominância da dispersão anemocórica (35 spp.), seguida da zoocoria (15 spp.) e autocoria (5 spp.) (Figura 2). As espécies suculentas estiveram presentes em menos de 20% da lista florística apresentada (Figura 2). No entanto, sua frequência em todos os tipos de moita é de ca. 60-85%. Para o crescimento clonal/touceiras a relação é parecida, e esse atributo domina todas as categorias de moitas, independentemente dos resultados florísticos (Figura 2). Uma relação inversa ocorre com a presença de espinhos/acúleos, que é elevada na lista e menor na frequência por moitas. A análise dos gráficos permite visualizar além dos dados florísticos, mostrando quantitativamente a dominância de alguns atributos e suas possíveis relações com o sucesso de determinadas espécies nessas comunidades.

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Figura 2. Porcentagem dos atributos investigados. Florística – lista de espécies; EP: moitas epilíticas; MIX: moitas com pelo menos uma espécie arbustiva; TM: tapetes de monocotiledôneas; TS: tapetes de Selaginella sellowii. Fonte: os autores Conclusões

Os resultados sugerem que as espécies se agrupam em tipos específicos de ilhas para

maior sucesso na colonização do ambiente rochoso e fornecem bases para ações de conservação e restauração da vegetação desses ambientes, que muitas vezes contam com espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Alguns tipos de moitas podem abrigar maior riqueza de espécies, proporcionando, talvez, um microambiente menos inóspito e mais nutritivo para o estabelecimento dessas espécies.

Referências

BARTHLOTT, W.; POREMBSKI, S.; SZARYNSKI, J.; MUND, J. P. Phytogeography and vegetation of tropical

inselbergs. In: GUILLAUMET, J.-L.; BELIN, M.; PUIG, H. (Eds.). Phytogéographie tropicale: réalités et perspectives. Paris: Orstom editions, 1996, p. 15-24.

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CAIAFA, A. N.; SILVA, A. F. Composição Florística e espectro biológico de um campo de altitude no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais – Brasil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 56, n. 87, p. 163-173, mar. 2005.

CONCEIÇÃO, A. A.; PIRANI, J. R.; MEIRELLES, S. T. Floristics, structure and soil of insular vegetation in

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DAUBENMIRE, R. F. Plant communities: a textbook of plant synecology.New York: Harper & Row, 1968. MAUAD, L. P. Comunidades vegetais em pães-de-açúcar no Estado do Rio de Janeiro. 2013. 108f.

Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

MEIRELLES, S. T.; PIVELLO, V. R.; JOLY, C. A. The vegetation of granite rock outcrops in Rio de Janeiro,

Brazil, and the need for its protection. Environmental Conservation, Cambridge, v. 26, n. 1, p. 10-20, Mar. 1999.

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USO DE DIFERENTES HÁBITATS PELO MARACANÃ-VERDADEIRO

Primolius maracana EM AMBIENTES FRAGMENTADOS

Jovani Pereira Barbosa Monteiro¹& Sávio Freire Bruno² 1Universidade Federal Fluminense, Instituto de Biologia, Departamento de Biologia Geral, Niterói, RJ, Brasil 2Universidade Federal Fluminense-UFF, Faculdade de Veterinária, Departamento de Patologia Clínica Veterinária, Niterói, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo Objetivou-se investigar o uso de diferentes hábitats pelo P. maracana no município de Piraí, RJ. Analisou-se os hábitats utilizados pela espécie, os vegetais consumidos, os dormitório e os locais de nidificação. Foram selecionados 14 fragmentos de vegetação nativa com diferentes tamanhos e estágios sucessionais. Calculou-se a média de visitas da ave através do método de contagem em pontos estratégicos. As médias foram relacionadas com o tamanho do fragmento, sua distância da maior área de floresta da região e o seu estágio sucessional. As maiores médias de visita e tempo de utilização foram positivamente correlacionadas à área dos fragmentos e negativamente correlacionadas à distância entre o fragmento e a maior área de floresta da região. Já em relação ao estágio sucessional, não houve diferença estatisticamente significativa. Bandos com formações de dois e quatro indivíduos foram os agrupamentos mais comuns em voo. O comportamento alimentar da espécie é generalista, consumindo diferentes recursos vegetais. Identificou-se três ninhos em barrancos e um no oco de árvore. Observou-se dormitórios em palmeiras ou em ocos de árvores. A criação de unidades de conservação de uso sustentável nos fragmentos de grande porte constitui medida de conservação da espécie na região. Os fragmentos menores também devem ser preservados, pois foram utilizados com frequência para atividades de forrageio e possuem papel fundamental na conectividade da paisagem. Palavras-chave: conservação, fragmentação florestal, psitacídeo. Introdução

O Maracanã-verdadeiro, Primolius maracana (Vieillot, 1816), é um psitacídeo que possui poucas informações disponíveis a respeito de sua ecologia, história natural, distribuição e status de suas populações em diferentes regiões de sua abrangência (NUNES, 2003). Porém, estas informações da literatura são de grande importância, pois alterações na distribuição geográfica da espécie têm sido relatadas nas últimas décadas (JUNIPER; PARR, 1998; SNYDER et al., 2000; NUNES, 2003; BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2013).

O P. maracana possui ampla distribuição histórica, que abrange quase todo o Brasil e ainda o norte da Argentina e o leste do Paraguai (SICK, 1997). No entanto, suas populações têm sofrido redução em diferentes partes de sua área de ocorrência, principalmente nos limites ao sul da sua distribuição histórica, nos estados brasileiros do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do norte da Argentina e leste do Paraguai (NUNES, 2003). Por conta dessa diminuição expressiva, a espécie encontra-se listada no apêndice I da CITES

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(Convention on International Trade in Endangered Species) (CITES, 2014) e é classificada como quase ameaçada devido ao fato de suas populações estarem sofrendo declínio em consequência da contínua perda de habitat e da caça para o comércio ilegal de animais silvestres (SNYDER et al., 2000; BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2013).

Considerando a necessidade de conservação da espécie, este trabalho objetivou determinar quais são os principais tipos de hábitats utilizados pelo P. maracana em ambientes fragmentados no município de Piraí, RJ, a fim de determinar hábitats chaves para a conservação da espécie na localidade.

Adicionalmente, procurou-se investigar o tamanho e as possíveis rotas dos bandos, os principais locais utilizados pela espécie para pernoitar e para nidificar, as principais espécies vegetais utilizadas em sua dieta e aspectos relacionados ao seu comportamento. Material e Métodos Área de trabalho

O estudo foi desenvolvido no município de Piraí, no médio vale do Paraíba, sul do estado do Rio de Janeiro. Foram analisados 14 fragmentos de vegetação nativa com diferentes tamanhos e em diferentes estágios sucessionais, envolvidos por dois tipos de matrizes principais: pastagem e plantios comerciais de eucalipto. Coleta e análise dos dados

As áreas de vegetação nativa foram classificadas em diferentes estágios de sucessão

secundária (estágio inicial, estágio médio e estágio avançado de sucessão ecológica), seguindo a resolução CONAMA n° 6, de 4 de maio de 1994, que estabelece definições e parâmetros mensuráveis para a análise de sucessão ecológica da Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro. Para avaliar o uso desses fragmentos de vegetação nativa pelo P. maracana foi utilizado o método de contagem em pontos estratégicos (NUNES; BETINI, 2002), no qual o observador permaneceu em um ponto com ampla visibilidade do fragmento e registrou em um caderno de campo todos os indivíduos que voaram para dentro do fragmento em questão. Cada vez que um indivíduo voou para dentro do fragmento foi registrada uma visita. Dessa maneira, quando um bando com seis indivíduos pousava em um fragmento analisado, eram registradas seis visitas para o fragmento em questão.

A contagem foi realizada em um total de 15 horas em cada fragmento durante dois períodos, sendo duas observações no período da manhã e duas observações no período da tarde. Em cada contato com as aves, foram registrados o número de indivíduos nos bandos, a quantidade de indivíduos que voavam para dentro do fragmento e o tempo de permanência das aves nos fragmentos, dados considerados variáveis numéricas nesse estudo. Além disso, registrou-se a direção do voo, a rota dos bandos, os itens utilizados em sua alimentação e informações referentes ao comportamento da espécie.

Foi obtida uma média de visitas da espécie para cada fragmento, calculado pelo número total de indivíduos que entraram no fragmento dividido pela quantidade de observações em cada fragmento (n° de indivíduos/quatro observações). Posteriormente, essas médias foram corelacionadas às características do fragmento, como o seu estágio sucessional,

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a sua área em hectares e a distância mínima em quilômetros da maior área de floresta da região. A distância mínima refere-se ao menor percurso em linha reta que a ave poderia realizar, em voo, até a maior área de vegetação da região, representada pela vegetação do entorno da Represa de Ribeirão das Lajes, um remanescente com mais de 100 hectares de floresta (SILVA, 2002). A área do fragmento e a distância mínima foram calculadas pela ferramenta de cálculo de área Free Map Tools.

A relação entre variáveis numéricas (relação entre número de visitas e tempo de permanência nos fragmentos, com tamanho dos fragmentos e distância mínima até a maior área de floresta da região) foi realizada por meio do coeficiente de correlação (r) de Pearson, devido a normalidade dos dados, e a adequação do modelo linear desses relacionamentos foi avaliada pelo coeficiente de determinação (R2) através do software livre R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2014). Para a avaliação de diferenças das médias de visitas e dos tempos de utilização dos fragmentos em relação ao estágio sucessional destes fragmentos utilizou-se Kruskal-Wallis, pois os dados não seguiram uma distribuição normal. O nível de significância considerado nas análises foi de 5%. Utilizou-se o software livre R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2014). Resultados e Discussão O P. maracana foi observado utilizando todos os fragmentos analisados, chegando ao amanhecer e permanecendo até o entardecer, quando grande parte das aves deixava esses fragmentos e voava em direção aos dormitórios em áreas abertas.

A média do número de visitas nos fragmentos foi correlacionada positivamente com o tamanho do fragmento (t=0,70; r=0,879; p=0,89). De acordo com o coeficiente de determinação, 77,23% da variação na média de visitas por P. maracana nos fragmentos de vegetação foi explicada pela área do fragmento. Ao contrário do encontrado para a área do fragmento, a distância até a maior área de floresta da região, apresentou correlação negativa com a média de visitas nos fragmentos, assim como com o tempo de utilização dos mesmos. Houve uma correlação negativa moderada entre a média de visitas por P. maracana e a distância mínima até a maior área de floresta da região (t=-0,40; r=-0,415; -0,69). Apenas 17,24% da variação na média de visitas por P. maracana nos fragmentos foi explicada pela distância até a maior área de floresta da região. Assim como ocorreu para a média de visitas, o tempo de utilização dos fragmentos também apresentou correlação inversa com a distância mínima até a maior área de floresta da região. Houve uma correlação negativa moderada entre o tempo de utilização dos fragmentos por P. maracana e a distância mínima até a maior área de floresta da região (t=-0,40; r=-0,433; p=-0,70). Apenas 18,72% da variação no tempo de utilização dos fragmentos por P. maracana foi explicada pela distância mínima até a maior área de floresta da região. O maior tempo de permanência de P. maracana em fragmentos maiores pode estar relacionado à maior oferta de recursos em fragmentos florestais maiores (ANJOS; BOÇON, 1999), ou a preferências e necessidades da espécie, como árvores mais altas e uma maior quantidade de árvores mortas em pé (EVANS; ASHLEY; MARSDEN, 2005), o que demonstra a importância desses fragmentos para a preservação da espécie na localidade. Além disso, a constatação de dormitórios e ninhos nestes fragmentos aumenta sua importância na

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conservação das populações da espécie na localidade, pois não foram registrados ninhos ou dormitórios nos fragmentos de pequeno porte. Os dados supracitados corroboram os resultados encontrados por Evans, Ashley e Marsden (2005), onde a presença de indivíduos de P. maracana pousados nos fragmentos foi relacionada a áreas maiores de vegetação. Outras características dos fragmentos já foram relacionadas à presença do P. maracana, como a forma dos mesmos. No entanto, esta característica parece não afetar diretamente a utilização dessas áreas pela espécie, o que demonstra que o P. maracana não é afetado pela proporção de bordas do fragmento (NUNES; GALETTI, 2007). Constatou-se que, quanto mais distante um determinado fragmento estava da maior área de floresta da região, menor era a média de visitas e o tempo de utilização do mesmo. Evans, Ashley e Marsden (2005), também relataram uma diminuição da atividade de voo de P. maracana com o aumento da distância de grandes áreas de floresta. Apesar dessa tendência observada no presente estudo, essa relação não foi estatisticamente significativa, sugerindo que a grande mobilidade apresentada pela espécie (NUNES;GALETTI, 2007), possibilitaria a utilização ocasional de fragmentos mais distantes. As médias de visitas (H=4,956; g.l.=2; p=0,084) e o tempo de permanência (H=5,571; g.l.=2; p=0,062) não diferiram entre os três estágios sucessionais considerados. No entanto, parece haver uma tendência de aumento da média de visitas nos estágios mais avançados de sucessão, o que poderia ser evidenciado se fosse observado um número maior de fragmentos neste estágio. Além disso, foram registradas rotas utilizadas pelos bandos em direção a estes fragmentos, onde as aves permaneceram a maior parte do dia. Ainda no que se refere aos estágios de sucessão ecológica dos fragmentos utilizados pelo P. maracana, outros trabalhos evidenciam a presença da espécie tanto em florestas em estágios avançados de sucessão quanto em florestas secundárias. Nunes e Galetti (2007), não encontraram diferenças na utilização de florestas primárias e secundárias e sugerem que isso pode estar relacionado à plasticidade da espécie para explorar diferentes tipos de florestas, não se restringindo a florestas maduras. Evans, Ashley e Marsden (2005) registraram a espécie utilizando florestas primárias e secundárias, porém os autores relataram que a espécie parece não utilizar fragmentos muito jovens, como ambientes de capoeira. Os fragmentos menores e em estágios inicial e médio de sucessão também possuem considerável importância para a manutenção das populações de P. maracana na área de estudo, visto que a espécie utilizou estes fragmentos com frequência. No entanto, acredita-se que um mosaico contendo apenas fragmentos de pequeno porte não seja capaz de manter populações da espécie, já que a espécie utilizou estes fragmentos principalmente para atividades de forrageio e por um curto período de tempo, não sendo verificada a presença de dormitórios ou ninhos da espécie nestes fragmentos. No que se refere à alimentação, P. maracana demonstrou ser uma espécie generalista, uma vez que consumiu recursos de 24 espécies pertencentes a 12 famílias botânicas, com predomínio de sementes de frutos secos, além de consumir néctar e polpa com menor frequência. Além disso, outra característica que evidenciou o comportamento generalista da espécie foi o fato do P. maracana ter consumido os recursos alimentares em fragmentos com diferentes tamanhos e em diferentes estágios sucessionais, além de recursos disponíveis em árvores isoladas na paisagem.

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Durante o período da pesquisa foram identificados quatro ninhos da espécie, sendo três em cavidades de barrancos e um no oco do tronco de uma árvore seca. Também foram observados nove dormitórios da espécie, sendo que sete deles foram utilizados durante todo o período da pesquisa e dois eventualmente. Os dormitórios consistiram em ocos de árvores e copas de palmeiras. Nesse contexto, manutenção desses locais é fundamental para a conservação da espécie na localidade. A utilização de diferentes fragmentos pelo P. maracana na área de estudo está de acordo com os resultados encontrados por Nunes e Galetti (2007), onde os autores relataram a presença da espécie em ambientes compostos por um mosaico de fragmentos contendo apenas 25% de florestas primárias. A presença do P. maracana em fragmentos com diferentes tamanhos e em diferentes estágios sucessionais demonstra certa tolerância e capacidade de adaptação da espécie a modificações do habitat promovidas pela ação antrópica.

O P. maracana utilizou árvores nativas isoladas em pastagens, o que demonstra certa flexibilidade da espécie na utilização de novos ambientes que surgem com as perturbações antrópicas, o que também foi evidenciado por Nunes (2003). No entanto, Evans, Ashley e Marsden (2005), ao analisarem a utilização de uma série de ambientes pelo P. maracana, não observaram a espécie pousando em árvores isoladas. A presença e potencial movimentação da espécie no mosaico de ambientes podem ser influenciadas pela sazonalidade de oferta dos recursos alimentares, já que os fragmentos em estágios mais iniciais de sucessão foram utilizados em grande parte para atividades de forrageio. Nesse sentido, estratégias de conservação para a espécie na região devem considerar tanto a relevância da densidade de espécies alimentares nos diferentes ambientes, quanto a integridade de áreas heterogêneas compostas por fragmentos de diferentes tamanhos e em diferentes estágios sucessionais. Conclusões Este trabalho trouxe informações inéditas sobre o P. maracana no município de Piraí, RJ, além de complementar as informações presentes na literatura para a espécie, incluindo dados que corroboram e contradizem trabalhos anteriores. Os registros de alimentação trouxeram novas informações sobre as espécies vegetais consumidas pelo P. maracana e permitiram inferir sobre preferências alimentares e adaptações à sazonalidade das espécies vegetais. A localização e o acompanhamento dos ninhos e dormitórios revelaram novos indícios sobre seu comportamento e interações com o habitat. Com isso, foi possível discutir aspectos sobre sua vulnerabilidade e conservação e sugerir ações para a conservação da espécie na região, além de sugerir e direcionar novos trabalhos que sejam capazes de revelar outras informações importantes a respeito da história natural das espécies. Referências ANJOS, L.; BOÇON, R. Bird communities in natural forest patches in southern Brazil. Wilson Bulletin,

Tucson, v. 111, n. 3, p. 397-414, Sept. 1999.

BIRDLIFE INTERNATIONAL. The BirdLife checklist of the birds of the world, with conservation status and taxonomic sources. Versão 6. Disponível em: < http://datazone.birdlife.org/species/taxonomy>. Acesso em: 12 out. 2014.

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CITES. 2014. Convenção sobre o comércio internacional de espécies da flora e fauna selvagens em perigo de extinção. Disponível em: <https://trade.cites.org/> Acesso em: 17/10/2014.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução CONAMA nº 10, de 01 de outubro de 1993. Estabelece os parâmetros básicos para análise dos estágios de sucessão de Mata Atlântica. Disponível em: <http://www.ipef.br/legislacao/bdlegislacao/detalhes.asp?Id=434>. Acesso em: 18 mai. 2014.

EVANS, B. E. I.; ASHLEY, J.; MARSDEN, S. J. Abundance, habitat use, and movements of Blue-winged Macaws (Primolius maracana) and other parrots in and around an Atlantic forest reserve. Wilson Bulletin, Tucson, v. 117, n. 2, p. 154-164, June 2005.

JUNIPER, T.; PARR, M. Parrots: a guide to the parrots of the world. 1. ed. New Haven and London: Yale University Press: 1998.

NUNES, M. F. C.; BETINI, G. S. Métodos de estimativa de abundância de psitacídeos. In: Galetti, M.; Pizo, M. A. (Eds.). Ecologia e conservação de psitacídeos no Brasil. Belo Horizonte: Melopsittacus Publicações Científicas, 2002. p. 123-140.

NUNES, M. F. C. Distribuição do maracanã-verdadeiro Primolius maracana (Psittacidae): preferência de habitat e fatores que influenciam na manutenção de suas populações remanescentes. 2003. 126f. Dissertação (Mestrado em Ecologia Aplicada) - Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.

NUNES, M. F. C.; GALETTI, M. Use of forest fragments by Blue-winged Macaws (Primolius maracana) within a fragmented landscape. Biodiversity and Conservation, Dordrecht, v. 16, n. 4, p. 953-967, 2007.

R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: a language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing, 2014.

SICK, H. Ornitologia brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira: 1997.

SILVA, V. V. Médio Vale do Paraíba do Sul: fragmentação e vulnerabilidade dos remanescentes de Mata Atlântica. 2002. 123f. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2002.

SNYDER, N.; MCGOWAN, P.; GILARDI, J.; GRAJAL, A. (Eds.). Parrots: status survey and conservation action plan 2000-2004. IUCN/SSC Action Plans for the Conservation of Biological Diversity. Switzerland and Cambridge: Island Press, 2000.

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FAUNA SINANTRÓPICA NOCIVA NO PORTO DO RIO DE JANEIRO:

PROBLEMAS ATUAIS E MEDIDAS MITIGADORAS

Maria Carolina Cigliato Augusto1 & Mariana Silva Ferreira1

Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo O porto do Rio de Janeiro sofre com um grande problema, os resíduos de operação portuária que não possuem destinação correta. Por sua vez, os resíduos geram um segundo e maior problema, eles atraem animais que podem transmitir graves doenças, o que é chamado de fauna sinantrópica nociva (FSN). Porém, esse não é um problema somente do porto do Rio de Janeiro, a grande maioria dos portos brasileiros sofre com a presença desse tipo de fauna. Esse trabalho teve como principal objetivo identificar e propor medidas mitigadoras para a fauna sinantrópica nociva proveniente de resíduo de operação portuária no porto do Rio de Janeiro. Foram realizadas visitas técnicas no porto para poder averiguar quais animais seriam encontrados e sua associação com os resíduos. Identificamos 4 espécies: pombo, rato, barata e mosquito. O principal resíduo de operação portuária ligada à FSN são os grãos de trigo, que quando transportados, caem no chão virando alimento para os animais. Para podermos diminuir essa quantidade de resíduo no porto, é necessário implementar algumas medidas, como a logística reversa, maior fiscalização, manutenção dos armazéns e do cais, realizar reciclagem e entre outras, fazendo então com que diminua a quantidade de resíduos e acúmulo de água, não permitindo a presença de FSN. Palavras-chave: animais sinantrópicos, doenças, vetores. Introdução

O porto é a porta de entrada de uma cidade, onde por ali passam produtos importados e exportados, além de turistas, que chegam e vão embora todos os dias. Além disso, o porto é de fundamental importância para a economia da cidade; segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), aproximadamente 98% do comércio exterior brasileiro circulou por meio dos portos no ano de 2015 (SEP, 2016). Isso acontece devido ao transporte aquaviário ser o modal que apresenta um dos menores custos diretos para o transporte de cargas no Brasil, de acordo com a Secretaria de Portos (SEP).

Os portos são áreas propícias a sofrerem impactos ambientais de diversas fontes e de formas distintas. Esses impactos são decorrentes da implantação de infraestrutura portuária, que seriam o maquinário utilizado, construções e as embarcações e a utilização dessa infraestrutura para o transporte de cargas. O maior impacto ambiental portuário é gerado devido às más realizações das operações portuárias, isto é, as atividades realizadas no porto como a movimentação de mercadorias e passageiros. Podemos citar como principais fatores causadores desses impactos: a geração de resíduos sólidos, a água de lastro, a dragagem do canal de acesso ao porto do Rio de Janeiro na baía de Guanabara, entre outros (ANTAQ,

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2017). Estes fatores podem gerar diversos impactos ao ambiente e ao homem como a atração de vetores de doenças, introdução de espécies exóticas, distúrbios na fauna e na flora e a alteração da paisagem (ANTAQ, 2017).

A Fauna Sinantrópica Nociva (FSN) são animais que se adaptaram a viver muito próximos ao homem sem que haja a vontade deste, causando transtornos de forma econômica e ambiental, podendo vir a causar riscos a saúde pública e a de animais domésticos ou pecuários (PAZELLI, 2013). Podemos dividir a FSN em quatro grupos mais presentes nas instalações portuárias: insetos (dípteros, pulgas, baratas, formigas), aracnídeos (ácaros, aranhas e escorpiões), aves (pombos domésticos e pardais) e mamíferos (ratos) (SEP & UFRJ, 2014). A FSN necessita de três fatores para a sua sobrevivência e proliferação: água, alimento e abrigo, tudo isso podendo ser achado com facilidade em diversos portos do mundo. Isso ocorre, principalmente, devido a problemas na gestão ambiental portuária dos resíduos sólidos, que são a principal fonte de alimento e abrigo desses animais. Assim, se faz necessário conhecermos a FSN em detalhes para que possamos manejá-la de forma adequada (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2017).

No cais do porto do Rio de Janeiro existe uma grande área de armazéns inutilizados, onde é encontrada a maior parte da FSN, pois é neles onde os animais conseguem abrigo facilmente, água devido a irregularidades no teto, e a presença de resíduos gera a fonte de alimento para esses animais. Esses três elementos são o tripé fundamental para os animais sinantrópicos e, além disso, a falta de predadores facilita vida desses animais no porto (NUNES, 2003).

Este trabalho tem como principal objetivo identificar e propor medidas mitigadoras para a fauna sinantrópica nociva proveniente de resíduo de operação portuária no porto do Rio de Janeiro, além de identificar impactos ambientais causados por esses animais e que problemas eles podem causar ao trabalhador portuário. Material e Métodos Área de estudo

O porto do Rio de Janeiro está localizado a oeste da Baía de Guanabara, cidade do Rio de Janeiro, possuindo localização estratégica e levando suporte para a região sudeste, na qual apresenta mais de metade do PIB nacional. De acordo com os dados da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), entre os anos de 2011 e 2016, 4.813 embarcações, em média por ano, atracaram no cais do porto do Rio de Janeiro. Além disso, também foi possível observar uma movimentação de 7.419.367 toneladas de cargas em média, que podem ser divididas em granel sólido, granel líquido e cargas em geral. No terminal de passageiros foi obtida uma média de 158 atracações de cruzeiros e um total de 425.135 passageiros por ano. Visita técnica

As visitas técnicas ao porto do Rio de Janeiro tiveram o intuído de (1) observar como

estão sendo transportados e armazenados os resíduos oriundos de operação portuária, (2) observar em quais locais do cais e dos armazéns estão com maior quantidade de resíduo e qual tipo e classificação do resíduo, (3) identificar a fauna sinantrópica nociva associada ao

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resíduo de operação portuária e (4) quais impactos ambientais que a FSN pode acarretar para o porto e seus trabalhadores. Além disso, também foram propostas medidas que devem ser implementadas no porto para melhorar a gestão ambiental. As visitas seguiram um roteiro baseado no Relatório trimestral de Ações de Sustentabilidade Ambiental e de Integração com a Comunidade produzido pela CDRJ.

Resultados e Discussão

Foram realizadas duas visitas técnicas no porto do Rio de Janeiro, com o intuito de

avaliar as não conformidades relacionadas à FSN. As duas visitas técnicas foram realizadas no dia 18 de abril e 19 de maio de 2017. O porto do Rio de Janeiro, com a sua grande extensão, apresenta uma grande área de armazéns inutilizados e é nessa área onde foram encontradas grandes quantidades de animais sinantrópicos. Outro local que encontramos a FSN foram nos equipamentos não utilizados.

Foram detectados de forma direta e indireta no mínimo quatro espécies da FSN no porto do Rio de Janeiro. De forma direta, foram observados pombos da espécie Columba livia (Gmelin, 1789) (Figura 1) e baratas da espécie Periplaneta americana (Linnaeus, 1758) (Figura 3), ambos associados à resíduos orgânicos e à resíduos de operação de trigo. De forma indireta, foram registrados fezes de roedores (Figura 2) e larvas de mosquito (Figura 3), sendo o primeiro também associado aos resíduos de operação de trigo. Através dos registros indiretos não foi possível identificar a espécie correspondente.

Figura 1. Pombos encontrados próximos a

moega. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

Figura 2. Baratas mortas e fezes de rato.

Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

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Figura 3. Poça de água dentro do Armazém 7.

Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

Os tipos de materiais encontrados no porto foram: materiais não utilizados de madeira (Figura 4), que podem servir de abrigo para a FSN; resíduos de operação de ferro gusa (Figura 5), onde a poeira da operação entope as canaletas que drenam a água, fazendo com que acumule poças, assim então podendo atrair mosquitos; resíduos de operação de trigo (Figura 6), onde a grande quantidade de trigo espalhado pelo chão atrai ratos, pombos e baratas; caçambas abandonadas (Figura 7), que podem acumular água e atrair mosquitos; e resíduos orgânicos também atraindo ratos, pombos e baratas (Quadro 1).

Figura 4. Madeira não utilizada que pode servir

de abrigo a fauna sinantrópica nociva. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

Figura 5. Canaletas entupidas devido ao resíduo de operação do ferro gusa.

Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

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Figura 6. Resíduo da operação de trigo que serve

de alimento para a fauna sinantrópica nociva. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto.

Figura 7. Caçambas abandonadas que podem

acumular água. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto.

Apesar do contínuo monitoramento do porto do Rio de Janeiro pelo Relatório de Ações de Sustentabilidade Ambiental e de Integração com a Comunidade, foram encontradas irregularidades durante as duas visitas técnicas. Dentre os resíduos sólidos de operação portuária identificados, os resíduos associados à operação de trigo foram os que mais nos chamaram a atenção. Esses resíduos atraem uma grande diversidade de FSN que pode acarretar em doenças para a população e para os trabalhadores do porto. Em muitos portos a presença de pombos está muitas vezes associada ao trigo (COSTA, 2013). O acúmulo de água presente em diversos armazéns levanta o problema dos criadores de mosquitos que podem trazer consequências para população além do porto, uma vez que este está inserido no centro da cidade do Rio de Janeiro. Mudanças em como os resíduos sólidos são manejados poderão solucionar esses problemas.

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Quadro 1. Locais identificados com presença de resíduo sólido de origem portuária, sua classificação de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 56/2008, da ANVISA e a fauna

sinantrópica nociva (FSN) associada no porto do Rio de Janeiro. Locais Resíduo Sólido FSN

Armazém 7 Materiais não utilizados de madeira Pombos e larvas de mosquito

Armazém 8 - Pombos e larvas de mosquito

Pátio do Ferro Gusa Resíduo da operação de ferro gusa (muita poeira que entope as canaletas que drenam a água)

Pode atrair mosquitos devido a grande quantidade de água parada encontrada

Armazéns 10, 11, 12 e 13 Resíduos da operação de trigo (grande quantidade trigo espalhado pelo chão)

Pombos, ratos e baratas

Nova Moega Resíduos da operação de trigo (grande quantidade trigo espalhado pelo chão)

Pombos, baratas e indícios de presença de rato

Pátio do 9, do 10-11 e da Triunfo

Caçambas abandonadas, com resíduo metálico e de madeira Pombos, ratos e baratas

Avenida Rio de Janeiro Resíduos orgânicos, plástico e de madeira e equipamentos em desuso.

Pombos, ratos e baratas

Fonte: os autores

Desta forma, sugerimos algumas medidas mitigadoras que podem ser adotadas a curto prazo pelo porto do Rio de Janeiro (Quadro 2). Para os resíduos de operação portuária (trigo) foram: a realização de uma logística reversa, uma maior fiscalização e uma melhoria da pavimentação do porto; para a FSN (todas as espécies), a realização e uma melhoria na gestão dos resíduos sólidos; para a FSN, em específico os pombos, deveriam ser implantados no porto refletores luminosos, utilização de gel irritante, controle de fonte de alimento alternativo e dificultar o pouso dos mesmos; para a água parada deveriam ser realizadas melhorias na pavimentação, manutenção dos telhados dos armazéns e a retirada de máquinas de ambientes abertos; para os resíduos orgânicos, deveria ser realizada uma área de compostagem; para os resíduos recicláveis, deveria ser implementada a reciclagem nos portos e; para rejeitos, ser construída uma área de transbordo.

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Quadro 2. Problemas indicados durante a visita técnica ao porto do Rio de Janeiro e suas soluções

mitigadoras de impacto ambiental. Problema Solução

Resíduo de operação portuária - Trigo • Logística reversa • Maior fiscalização • Melhoria de pavimentação

Fauna Sinantrópica Nociva – Todas as espécies • Melhoria na gestão dos resíduos sólidos

Fauna Sinantrópica Nociva – Pombos

• Refletores Luminosos • Dificultar o pouso • Gel irritante • Controle de fonte de alimento alternativo

Água parada • Melhoria na pavimentação • Manutenção do telhado dos armazéns • Retirada de máquinas de ambientes abertos

Resíduo orgânico • Compostagem

Resíduo reciclável • Reciclagem

Rejeitos • Área de transbordo Fonte: os autores

De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 72 de 2009, artigo 104, a

administração portuária deve manter a área sobre sua responsabilidade livre de criadouros de animais transmissores de doenças, que provoque risco a saúde das pessoas que ali trabalham. Essa resolução recomenda a implementação de regras para trazer melhor qualidade de vida para os trabalhadores. Portanto, é necessário ter como objetivo manter as instalações portuárias livre dos animais sinantrópicos. Não foram encontradas novas espécies da FSN, quando comparado aos animais previamente registrados (SEP & UFRJ, 2014). O Manual de Boas Práticas Portuárias aponta as seguintes espécies presentes no porto: roedores (Rattus norvegicus Berkenhout, 1769, R. rattus Linnaeus, 1758 e Mus musculus Linnaeus, 1758), baratas (P. americana e Blattela germânica Linnaeus, 1767), moscas (Família Calliphoridae, Muscide e Terphritidae), mosquitos (Aedes aegypti Linnaeus, 1762 e do gênero Culex Linnaeus, 1758) e pombos (C. livia). De acordo com PAZELLI (2013), dentre a grande quantidade de doenças transmitidas pela FSN, podemos citar algumas como principais como a dengue, zika, chicungunia, febre amarela, malária, transmitidas por mosquitos; criptococose, histoplasmólise, ornitose, salmonelose, dermatites, além de rinites, alergias e broquites, transmitidas por pombos; leptospirose, peste bubônica, triquinose, salmonelose, hantavirose, sarnas e micoses, transmitidas por roedores, e as doenças transmitidas por baratas. As baratas podem transportar 40 tipos de bactérias, onde 25 dessas causam doenças gástricas nos seres humanos e podem ser hospedeiras de vírus, fungos e helmintos.

A gestão dos resíduos sólidos é o adequado planejamento do procedimento de saber qual o tipo de resíduo que se encontra no local, a quantidade desse resíduo, a forma que será coletada, armazenado, transportado e qual será seu destino final (MURTA et al., 2012). Os

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portos são ambientes sujeitos a alterações sanitárias e ecológicas, com isso um gerenciamento de resíduos sólidos é apropriado para um papel de destaque para sua manutenção (BURATTO, 2013). Vetores de doenças encontram nos resíduos sólidos que não apresentam um gerenciamento, local para sua fonte de sustento como seu habitat e alimento. Um adequando gerenciamento dos resíduos que vem de embarcações e de operações portuárias é o principal para um controle e até eliminação de situações que geram riscos aos trabalhadores portuários (CARVALHO; FERREIRA; DUARTE, 2000).

Conclusões

A FSN presente no porto do Rio de Janeiro está associada à precária gestão ambiental do porto. Foi possível observar que não houve mudanças em relação as espécies encontradas em 2014. Ainda foi possível identificar no porto espécies de baratas, ratos, mosquitos e, principalmente, pombos. Grande parte do problema de FSN está ligada aos resíduos de granéis sólidos, como o trigo, que servem de alimento para os animais sinantrópicos. É necessário que ocorra uma mudança na gestão portuária, através de melhorias no gerenciamento dos resíduos, para que não atraia a FSN, e assim evite sua presença no porto, uma das principais portas de entrada da cidade do Rio de Janeiro. Referências AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS - ANTAQ. Meio ambiente: os impactos

ambientais. Disponível em: <http://web.antaq.gov.br/Portal/MeioAmbiente_Os_impactos_ambientais.asp>. Acesso em: 14 mar. 2017.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada –

RDC 56 de 6 de agosto de 2008. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas Sanitárias no Gerenciamento de Resíduos Sólidos nas áreas de Portos, Aeroportos, Passagens de Fronteiras e Recintos Alfandegados Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/res0056_06_08_2008.html>. Acesso em: 23 de abril de 2017.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada –

RDC 72 de 29 de dezembro de 2009. Dispõe sobre o Regulamento Técnico que visa à promoção da saúde nos portos de controle sanitário instalados em território nacional, e embarcações que por eles transitem. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cruzeiros/documentos/2013/RDC%2072-09%20CONSOLIDADA%20COM%20RDC%2010-2012.pdf>. Acesso em: 23 de abril de 2017.

BURATTO, V. M. Diagnóstico do gerenciamento de resíduos sólidos em complexos portuários. 2013. 88f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES – CCZ. Animais sinantrópicos. set. 2009. Disponível em:

<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/animais_sinantropicos/index.php?p=4378>. Acesso em: 21 fev. 2017.

COMPANHIA DOCAS DO RIO DE JANEIRO - CDRJ. Meio ambiente. dez. 2016. Disponível em:

<http://www.portosrio.gov.br/node/show/31>. Acesso em: 14 mar. 2017.

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CARVALHO, E. C. F.; FERREIRA, C. P.; DUARTE, V. L. Gerenciamento de resíduos sólidos em terminais portuários brasileiros: diagnóstico situacional. In: Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, 27., 2000, Cancun. Anais... Cancun: ABES, 2000. Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/resisoli/iii-048.pdf>. Acesso em: 16 de maio de 2017.

COSTA, I. C. M. A fauna sinantrópica nociva nos portos brasileiros. 2013. 41f. Trabalho de Conclusão de

Curso (Especialização em Engenharia e Gestão Portuária) - Universidade Federal De Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

MURTA, A. L. S.; OLIVEIRA, N. N.; PEREIRA, F. S.; PAZZINI, H. S. Gerenciamento de resíduos portuários

pela administração pública no Rio de Janeiro. Sustainable Business International Journal, Niterói, n. 16, p. 1-28, jun. 2012.

NUNES, V. F. P. Pombos urbanos: o desafio de controle. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 65, n.

12, p. 9-92, 2003. PAZELLI, P. E. G. Animais sinantrópicos. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2013. SECRETARIA DE PORTOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – SEP; UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO - UFRJ. Manual de boas práticas portuárias: porto do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SEP e UFRJ, 2014. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Jorge_Prodanoff/publication/296705949_Manual_de_boas_praticas_portuarias_do_Porto_do_Rio_de_Janeiro/links/56d9e20b08aee1aa5f829698/Manual-de-boas-praticas-portuarias-do-Porto-do-Rio-de-Janeiro.pdf>. Acesso em: 21 de fevereiro de 2017.

SECRETARIA NACIONAL DE PORTOS - SEP. Portos do Brasil. Disponível em:

<www.portosdobrasil.gov.br>. Acesso em: 08 jun. 2017.

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USO DO “MÉTODO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR”: ESTUDO DE CASO EM UMA

HORTA URBANA

Marina Morales Bezerra¹ & Felipe Tsuruta Lisboa Cruz¹ Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected]

Resumo As hortas urbanas podem ser aplicadas como um cinturão verde, em volta da cidade, impedindo que esta cresça de maneira desordenada, sendo capazes de fornecer uma série de benefícios que as pessoas obtêm da natureza direta ou indiretamente. O objetivo desse trabalho foi obter o valor econômico da horta urbana situada na Praça do Ipê, localizada na cidade do Rio de Janeiro. A metodologia utilizada foi a do Método da Valoração Contingente (MVC), que busca simular cenários que se aproximem ao máximo da realidade que, nesse caso, busca valores que os indivíduos estariam dispostos a pagar (DAP) para garantir a melhoria de bem-estar. Foram 65 questionários aplicados às pessoas que circulavam nas mediações da horta e os 60 restantes via Internet, através do Google Forms. Os resultados obtidos com o questionário sugeriram que boa parte da população tem acesso à informação e possui conscientização ambiental. Observou-se ainda uma alta aceitação da sociedade em contribuir financeiramente com projetos como da horta da Praça do Ipê, evidenciando-se a oportunidade de incluir o tema como estratégia para o planejamento urbano e nas políticas públicas para o desenvolvimento de cidades sustentáveis. Palavras-chave: agricultura urbana, economia verde, método da valoração contingente, valoração ambiental.

Introdução

Segundo relatório divulgado pelas Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030 a população urbana deverá dobrar, com previsão de que seus moradores representem 60% da população mundial (UNFPA, 2007).

Um dos maiores problemas das cidades contemporâneas é saber lidar com a pressão exercida sobre os recursos naturais de uma forma menos impactante. O desafio de caminhar na direção de uma sociedade mais igualitária e mais sustentável está, mais do que nunca, em pauta.

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A prática da agricultura urbana surge então como uma iniciativa na busca por essas cidades mais sustentáveis, através do cultivo das hortas urbanas em espaços públicos e privados da cidade e zonas circundantes, revelando-se uma atividade produtiva e interativa.

As hortas nas cidades são capazes de fornecer uma série de benefícios que as pessoas obtêm da natureza direta ou indiretamente, através dos ecossistemas. São serviços de provisão, de regulação, culturais e de suporte.

Nesse contexto, surge o conceito de economia verde, definida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente como “aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e as escassezes ecológicas”. Ela se apoia em três estratégias principais: (1) redução das emissões de carbono; (2) maior eficiência energética e no uso de recursos e (3) prevenção da perda da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2011).

A valoração ambiental, que tenta atribuir um valor monetário aos bens e serviços prestados pela natureza, revela-se um instrumento estratégico a essa economia em transição, podendo servir como um incentivo na conservação dos recursos naturais ou em como usá-los de maneira que sejam sustentáveis. O objetivo desse trabalho foi obter o valor econômico de uma horta urbana, tendo como modelo a horta urbana da Praça do Ipê, situada na cidade do Rio de Janeiro. Este trabalho visou também, de forma indireta, ser uma contribuição à economia verde e ao planejamento urbano, esperando-se que esses resultados auxiliem na elaboração de ferramentas para uma gestão mais sustentável da cidade.

Material e Métodos

Estudo de caso realizado em quatro etapas, formado por (1) pesquisa bibliográfica referente ao tema; (2) levantamentos in situ e entrevista com os responsáveis pelo projeto; (3) definição da metodologia de valoração ambiental e elaboração de questionário a ser aplicado in situ e ex situ, e por fim, (4) coleta e aplicação da metodologia, análise dos resultados e conclusões.

Foram 65 questionários aplicados às pessoas que circulavam nas mediações da horta e os 60 restantes via Internet. O questionário constituiu-se em duas partes, sendo (1) informações e fotos da horta da Praça do Ipê e (2) dez questões referentes à perfil socioeconômico, conhecimento sobre o tema da pesquisa e sobre disposição a pagar dos participantes. Os dados foram coletados através uma ferramenta gratuita da Google que cria formulários online, o “Google Forms” (GOOGLE, 2017).

A metodologia utilizada foi a do Método da Valoração Contingente (MVC), que busca simular cenários que se aproximem ao máximo da realidade que, nesse caso, busca valores que os indivíduos estariam dispostos a pagar (DAP) para garantir a melhoria de bem-estar. Optou-se pelos lances livres ou forma aberta (“open-ended”) para definir a elicitação da

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DAP. Segundo Motta (1997, p. 34), “esta forma de pergunta produz uma variável contínua de lances (“bids”) e o valor esperado da DAP pode ser estimado pela sua média”, representado por DAPm=ƩDAP/n, onde DAPm é a média da disposição a pagar; ƩDAP é a soma de todos os valores obtidos da DAP (excluindo-se os que contribuíram com R$ 0 ou não responderam) e n corresponde ao número de vezes que esses valores aparecem. A partir da média, o valor econômico total foi estimado multiplicando esta média pela população afetada pela alteração de disponibilidade. Então: DAPt = DAPm x Ni/N x (Tpop), onde DAPt é a disposição a pagar total; DAPm é a média da disposição a pagar; Ni corresponde ao número de entrevistados dispostos a pagar; N é igual ao número total de entrevistados e Tpop é a população total da cidade do Rio. O MVC é apenas um dos métodos existentes para valorar bens na natureza possuindo, como qualquer outro, suas limitações.

Para definição do tamanho da amostra, margem de erro e nível de confiança da pesquisa foi utilizado o RAOSOFT (RAOSOFT, 2017), um software livre desenvolvido nos Estados Unidos para cálculo amostral.

Resultados e Discussão

A Figura 1 apresenta a imagem de satélite com localização da Horta da Praça do Ipê, no bairro da Gávea, Rio de Janeiro, definida pelas coordenadas geográficas de 22º58’37”S latitude e 43º13’49”O longitude, próximo ao planetário da Gávea.

O terreno encontra-se em área pública (Figura 2) e foi cedido pela prefeitura para implantação de horta comunitária. São aproximadamente 45 m² de área cultivada, tendo como característica o plantio consorciado de hortaliças, temperos, frutíferas, plantas alimentícias não convencionais (PANCs), flores comestíveis e plantas ornamentais, baseando-se nos princípios agroflorestais, definidos como consórcios de culturas agrícolas com espécies arbóreas que podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas (EMBRAPA, 2014). Na horta também são realizadas oficinas de jardinagem e educação ambiental.

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Figura 1. Imagem de satélite com localização geográfica da horta, próximo ao planetário da Gávea, localizado no mesmo bairro. Fonte: adaptado de GOOGLE, 2017

Figura 2. Foto aérea da horta do Ipê, localizado na Gávea, Rio de Janeiro – RJ Fonte: Veja Rio (Praça, 2017)

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Com base na estimativa populacional de 6,5 milhões de habitantes para a cidade do Rio (IBGE, 2017), o tamanho da amostra coletada foi de 125 entrevistados (somente residentes no Município), onde 67% eram mulheres, 32% tinham entre 31 e 40 anos de idade, com nível superior completo, estavam empregados e ganhando acima de 5 salários mínimos.

Figura 3. Gráfico de participação por região. Fonte: dados extraídos da pesquisa realizada

Considerando a participação dos entrevistados por região onde residiam, 56% das pessoas residiam nos bairros da zona sul da cidade (Figura 3), sendo que 27,2% correspondiam à Gávea, bairro com maior representatividade na amostra (Figura 4).

Figura 4. Percentual de participação por bairro. Fonte: dados extraídos da pesquisa realizada

Bairros da Zona

Sul56%

Outros Bairros

44%

Participação dos entrevistados por região (zonas) em %

27,2%

14,4%

6,4 %4% 4% 4%

Gávea Barra daTijuca

Tijuca Botafogo Rocinha JardimBotânico

Bairros com maior participação (%) na pesquisa

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Do total dos entrevistados, 80,8% responderam que estariam dispostos a pagar alguma

quantia mensal para contribuir com uma horta urbana (Figura 5), sendo R$ 50 o valor da DAP citado mais vezes e R$ 300 o mais alto. Os demais, que representam 19,2% dos entrevistados, apresentaram as seguintes justificativas: “Não respondeu”, “difícil de valorar”, “crise financeira”, “falta de conhecimento sobre o tema”, “não entendeu a pergunta”, “poder público deveria arcar com os custos da horta”, “não consumia alimentos de uma horta” e “não contribuiria” com uma horta urbana”

Figura 5. Indivíduos dispostos a pagar (DAP). Fonte: dados extraídos da pesquisa realizada

Os entrevistados que ganhavam entre dois e cinco salários mínimos representaram o

grupo com maior DAP individual (R$ 300), seguidos por quem ganhava acima de cinco salários (R$ 200), depois pelo grupo de quem não possuía renda (R$ 100), enquanto quem recebia até 1 salário mínimo não ultrapassou a DAP de R$ 80 (Quadro 1). Os resultados, portanto, sugeriram não haver correlação entre faixa salarial (renda) e disposição a pagar (DAP).

O resultado indicou que a sociedade estaria disposta a pagar mensalmente cerca de R$ 233.090.000 para contribuir com uma horta urbana. Dividindo esse valor pela população total, essa quantia correspondeu a uma contribuição mensal de R$35,86 por pessoa, com margem de erro em torno de 8,77% e nível de confiança de 95%.

Sim80,8%

Não19,2%

Porcentual da amostra que apresentou que estava ou não disposta a pagar

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Quadro 1. Renda x Indivíduos com máxima DAP (Disposição a Pagar).

F

Fonte: dados extraídos da pesquisa realizada

Não foi possível estabelecer correlações entre escolaridade e DAP, visto que a amostra apresentou altos níveis de escolaridade e somente 11,2% dos participantes tinham até Ensino Médio, o que poderia gerar dados falsos à pesquisa. Conclusões

Os resultados obtidos com a pesquisa sugeriram que a população tem acesso à informação e possui conscientização ambiental. Observou-se ainda uma aceitação significativa da sociedade em contribuir financeiramente com projetos como da horta da Praça do Ipê, evidenciando-se a oportunidade de incluir o tema como estratégia para o planejamento urbano e nas políticas públicas para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.

Por fim, este trabalho apresentou a estimativa total e individual do valor que a população da cidade do Rio de Janeiro estaria disposta a pagar mensalmente para colaborar com uma horta urbana. Espera-se que esses resultados auxiliem na elaboração de ferramentas para fundamentar decisões, contribuindo com a transição para uma economia mais verde.

Referências CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL. Economia Verde: desafios e oportunidades. Belo Horizonte:

Conservação Internacional, 2011.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Sistemas agroflorestais (SAFs). 2014. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-servico/112/sistemas-agroflorestais-safs>. Acesso em: jan. 2017.

FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - UNFPA. Situação da população mundial 2007: desencadeando o potencial de crescimento. Nova York: UNFPA, 2007. Disponível em: <http://www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2007.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2017.

GOOGLE. Google Forms. 2017. Disponível em: <https://www.google.com/forms/about/>. Acesso em: jan. 2017.

RENDA DAP MÁXIMA

Não possui renda R$ 100

Até 1 salário mínimo R$ 80

2 a 5 salários mínimos R$ 300

Acima de 5 salários mínimos R$ 200

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Cidades: Rio de Janeiro. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=330455>. Acesso em: 12 set. 2017.

MOTTA, R. S. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. Rio de Janeiro. IPEA/MMA/PNUD/CNPq, 1997, 254 p.

PRAÇA do Ipê foi restaurada e conta com horta urbana. Veja Rio, 14 jan. 2017. Disponível em < https://vejario.abril.com.br/cidades/praca-do-ipe-foi-restaurada-e-conta-com-uma-horta-urbana/>. Acessado em: 20 jul. 2017.

RAOSOFT. Database web survey software for gathering information: sample size calculator. 2004. Disponível em: <http://www.raosoft.com/samplesize.html>. Acesso em: 08 mar. 2017.

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O USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO NA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE ATERROS SANITÁRIOS: PROPOSTA

DE METODOLOGIA PARA IDENTIFICAÇÃO E MENSURAÇÃO

Marjorie Claudino Wippel1 & Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha1 Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mails: [email protected], [email protected]

Resumo Atualmente o modelo capitalista adotado no Brasil influencia diretamente na intensidade e no volume que a população consome e, consequentemente, descarta, sendo necessárias infraestruturas adequadas e capazes de absorver o que foi descartado. No Brasil, a forma mais adequada de dispor esses materiais é em aterro sanitário, no entanto, este possui potencial causador de impactos ambientais e sociais, principalmente quando há má gestão ou mesmo o não cumprimento de normas e leis estabelecidas para essa atividade. Neste contexto, quando se trata dos impactos ambientais causados por aterro sanitário, a percepção social não é tida como relevante, sendo a população diretamente afetada e constantemente negligenciada. Com o objetivo de inserir a percepção da comunidade residente no entorno de um aterro sanitário na avaliação de impactos ambientais, o presente estudo visa propor uma metodologia para identificação e mensuração, por meio do uso de indicadores de desempenho ambiental, dos impactos percebidos por essa comunidade, de forma a possibilitar uma análise mais completa da qualidade ambiental do aterro, auxiliar no processo decisório e na elaboração de políticas públicas eficazes. Palavras-chave: aterro sanitário, avaliação de impacto socioambiental, indicadores de desempenho, opinião pública, percepção socioambiental. Introdução

O modelo capitalista adotado por diversos países, assim como o Brasil, prevê a valorização de bens materiais e o incentivo exagerado ao consumo, o que contribui para elevar o volume de materiais descartados e aumentar a necessidade de infraestruturas capazes de transportar e absorver esses materiais [...] (KLIGERMAN, 2006). Factualmente, para se evitar problemas ambientais, este incremento de volume precisa ser adequadamente gerido e disposto. Na contemporaneidade brasileira, os aterros sanitários figuram como a principal solução técnica e ambiental para a correta disposição final dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Entretanto, os aterros sanitários têm operação limitada por sua vida útil, função direta da área de instalação, sendo urgente repensar-se os padrões de consumo e as práticas dos 3R’s para a economia de áreas de disposição.

Esta preocupação deriva da intrínseca relação entre a atividade de aterramento de resíduos e os riscos de ocorrência de impactos ambientais, haja visto, em especial, que os aterros carecem de extensas áreas para implantação, além de, por exigência normativa, terem que estar distantes da população e apresentarem custos de implantação e operação elevados (JUNIOR, 2005).

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Perante a Lei 12.305 de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), dispor RSU em aterros sanitários figura como metodologia mais adequada, em especial por possuírem infraestruturas que visam minimizar os impactos ambientais. No entanto, mesmo com tecnologia, leis, normas e técnicas de engenharia, não é raro que a atividade típica de um aterro cause impactos ambientais significativos e transtornos às comunidades de entorno. Neste aspecto, a negligência à preceitos legais e normativos é o principal indutor dos transtornos percebidos pela população e pelos impactos ambientais causados.

Todavia, quando se trata da avalição de impactos, da fiscalização ou da quantificação de danos ambientais, nem sempre a percepção social dos fatos é considerada relevante pelos órgãos de controle. Muitas vezes considerada leiga na matéria em discussão, a comunidade de entorno, que é diretamente afetada, é sumariamente negligenciada.

Segundo Sánchez (2013), a avaliação da percepção social é importante para a fundamentação de decisões, para a concepção e planejamento de projetos, para o desenvolvimento de políticas públicas1, para a negociação social e para uma gestão ambiental eficiente. Segundo o autor, recomenda-se a utilização de indicadores de desempenho para a medição da qualidade ambiental de um empreendimento, de forma similar ao procedimento adotado para a elaboração de índices de qualidade de vida e desenvolvimento humano. Desde que estas atividades sejam descritas por meio de indicadores objetivos, elas podem traduzir a percepção dos diferentes atores sociais (SACHS, 1974 apud SANCHEZ, 2013). Esses indicadores também podem ser usados para a interpretação e consolidação dos dados, para auxiliar no processo de previsão de impactos ambientais e na elaboração de políticas públicas eficazes.

Assim, acredita-se que por meio de indicadores de desempenho seja possível integrar a avaliação de impacto ambiental a uma linha de estudos chamada de percepção ambiental2, que se apresenta como ferramenta para agregar opinião pública, visando a adequação de projetos à realidade da população diretamente atingida.

Por tanto, a pesquisa em questão visa propor uma metodologia quali-quantitativa de avaliação de impactos ambientais, através do uso de indicadores de desempenho ambiental, que considere a percepção da comunidade de entorno de aterros sanitários, possibilitando a análise da qualidade ambiental do aterro, além de auxiliar no processo decisório e na elaboração de políticas públicas eficazes, inserindo, assim, a percepção ambiental da população na avaliação de impacto ambiental. É importante ressaltar que avaliar os impactos de um empreendimento, seja na etapa de planejamento, implantação ou operação, também reflete a qualidade ambiental presente ou prevista desta atividade, afinando o desenvolvimento da mesma aos preceitos do desenvolvimento sustentável.

1 São conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou municipais) com a participação, direta ou indireta, de entes públicos ou privados que visam assegurar determinado direito de cidadania para vários grupos da sociedade ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. 2 A percepção ambiental é um processo mental que estrutura e organiza, por meio de imagens, sentidos e estímulo externos, a ligação do homem com o meio em que vive, com base na experiência e vivencia do indivíduo, resulta em seu comportamento e conduta (KRELING, 2006).

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Material e Métodos

A primeira etapa da metodologia proposta foi a execução de Revisão Bibliográfica nacional, através da consulta de artigos técnicos, referências normativas e livros técnicos. A parir da revisão realizada, partiu-se para a estruturação da metodologia e o desenvolvimento de sua lógica de aplicação junto aos aterros sanitários. Para tal, foram propostas quatro etapas metodológicas: (i) definição de critérios para identificar a área de amostragem; (ii) elaboração de questionário socioambiental a ser aplicado na população residente na área de amostragem; (iii) definição de métrica de consolidação das informações obtidas; (iv) desenvolvimento de indicadores sociais que avaliem a percepção sócio ambiental da população a partir dos questionários aplicados. Resultados e Discussão

Quanto à definição do universo amostral, a mesma faz-se necessária para identificar os locais mais sucetiveis aos impactos causados pela implantação, operação e desativação do empreendimento. Desta forma, após pesquisa, identificou-se que a aplicação do questionário deve ocorrer nas residências/comércios que se encontram:

1) Dentro de um raio, a partir do centro do aterro sanitário, de 3 Km ( Figura 1).

Figura 1. Critério para identificação do universo amostral.

Fonte: os autores

2) Dentro de uma faixa de 30 metros (para cada lado), em todo o trajeto da porta do aterro até a rodovia estadual ou federal mais próxima (Figura 2).

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Figura 2. Critério para identificação do universo amostral.

Fonte: os autores

Para este estudo, o universo é a comunidade localizada no entorno do aterro sanitário e a amostra é uma parte selecionada a partir dos critérios sugeridos acima.

Quanto ao questionário para identificação da percepção dos impactos de aterros sanitários, o mesmo foi construido atendendo aos seguintes aspectos: 1) Quali-quantitativo, que considera a opinião do entrevistado quanto ao assunto abordado e aponta por meio de dados numéricos a frequência e a intensidade que cada impacto gera; e, 2) Estruturado com perguntas fechadas, na qual as respostas são definidas e o entrevistado escolhe entre uma das opções oferecidas.

Este tipo de pesquisa permite que o entrevistado escolha a “alternativa que mais se ajusta às suas características, ideias e sentimentos” (RICHARDSON, 2012) e permite que as respostas sejam tratadas e consolidadas mais facilmente. Em síntese, o questionário inicia-se com intruções objetivas ao entrevistado quanto ao tema proposto e a forma como deve ser preenchido. Após são solicitados os dados sociodemográficos e a partir de então é abordado o tema em questão, onde são realizadas perguntas chaves, que direcionam o questionário, a partir delas são elabaoradas outras perguntas sem fugir do tema da pergunta chave. O resumo expandido em questão visa apenas a apresentação da proposta de indicadores socioambientais derivados do questionário, por este motivo o mesmo não é textualmente apresentado no presente. Quanto a etapa de consolidação dos dados, os resultados da pesquisa devem receber tratamento, para isso é preciso quantificar o número de pessoas entrevistadas, o número de pessoas envolvidas em cada análise distinta e número de pessoas envolvidas em cada tipo de resposta. Assim, é possível obter uma avaliação percentual de cada resposta. Desse modo, a partir da consolidação, podem ser realizadas diversas medidas estatísticas, pois é possível

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identificar e consolidar os impactos positivos e os negativos de um aterro sanitário, percebidos pelos entrevistados.

Para avaliação dos indicadores de desempenho socioambiental são contemplados somente os percentuais dos impactos ambientais negativos (Quadro 1) consolidados na etapa anterior, uma vez que o objetivo é avaliar o desempenho ambiental do aterro sanitário e como os mesmos são percebidos pela população.

Quadro 1. Proposta de indicadores para a avaliação da percepção social de impactos ambientais causados por aterros sanitários.

AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

Item Avaliação Peso Pontuação

Foi percebido cheiro de lixo nas redondezas do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Foi percebido barulho de caminhões transitando no entorno do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Foi percebida fumaça oriunda de caminhões transitando no entorno do

aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

(continua)

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(continuação) AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

Item Avaliação Peso Pontuação

Foi constatada a presença de resíduos volantes oriundos dos caminhões?

Não houve relato 1 Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Foi constatada fila de caminhões no acesso à balança do aterro?

Não houve relato 1 Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Foi constatado chorume oriundo dos caminhões no entorno do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Foi percebido o aumento de poeira e material particulado no interior das residências devido ao trânsito de caminhões no entorno do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Foi percebido barulho do maquinário pesado da operação no entorno do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

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(continuação) AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

Item Avaliação Peso Pontuação

Foi constatada alteração de odor/sabor característico na água de poço após a

instalação do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Foi constatada a proliferação de ratos e outros vetores terrestres após a instalação

do aterro?

Não houve relato 1 Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Foi constatada a proliferação de moscas e outros vetores aéreos após a instalação do

aterro?

Não houve relato 1 Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

Quanto à duração e a frequência dos impactos constatados, quantos foram

considerados constantes e diários?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

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(conclusão) AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

Item Avaliação Peso Pontuação Quantos entrevistados afirmaram haver, ao

menos, 3 prejuízos ao bem-estar em função

das operações normais do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos entrevistados 0,75

Menos de 25% dos entrevistados 0,5

Menos de 50% dos entrevistados 0,25

Mais de 50% dos entrevistados 0

SUB – TOTAL MÁXIMO 14

Fonte: os autores Dessa maneira, quanto menor o valor atribuído a um impacto pior será o desempenho

ambiental do aterro sanitário perante a população residente, ou seja, mais impactos estão sendo percebidos pelo indivíduo. Com a avaliação desses indicadores é possível estabelecer os impactos reais sentidos pela comunidade e, a partir de então, podem ser elaboradas políticas públicas eficazes, tal como medidas mitigadoras, que tendem a preservar os interesses da sociedade e garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Durante a pesquisa ficou constatado também que a população vizinha a aterros sanitários é a que mais sofre com os seus impactos e que, em geral, essas áreas possuem população mais carente e, consequentemente, sem apelo político. Ou seja, não possuem voz ativa e a intima relação que os moradores possuem com o local não é levada em consideração, assim como sua cultura. O que difere totalmente do preconizado na PNRS, onde as soluções para os resíduos devem considerar, entre outros, a cultura e o social, tendo em vista um desenvolvimento sustentável. Conclusões

Em geral, aterros sanitários são implantados em áreas carentes, onde a população residente em seu entorno é a mais afetada com os impactos ambientais decorrentes dessa atividade. Por isso é imprescindível a participação popular na avaliação desses impactos.

O presente estudo possibilitou inferir que a inserção da percepção social na avaliação de impacto ambiental pode ser configurar uma excelente ferramenta de gestão ambiental, já que considera a comunidade diretamente atingida com o desenvolvimento da atividade. Dessa maneira, entende-se como imprescindível a comparação entre a percepção técnica e social,

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uma vez que estas se complementam e assim colaboram para o desenvolvimento harmônico e sustentável da atividade.

Portanto, é possível concluir que a utilização de indicadores de desempenho no processo de avaliação de impactos ambientais, conjuntamente com critérios que considerem a percepção ambiental, podem tornar a AIA mais profunda, holística e mais próxima da realidade da comunidade residente no entorno de um aterro sanitário.

Não resta dúvida que, a partir da aplicação desta metodologia, é possível repensar e propor novas políticas públicas que considerem medidas mitigadoras direcionadas à preservação dos interesses da sociedade e a garantia da manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Em suma, sugere-se que pesquisas posteriores realizem a aplicação da metodologia elaborada, como forma de verificar sua validade como parte da avaliação de impacto ambiental, melhoria da qualidade dos aterros sanitários, bem como a possibilidade de sustentabilidade deste último, além de uma maior participação pública em projetos de significativo impacto socioambiental. Referências BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Institui a política nacional de meio ambiente. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=313>. Acesso em: 28 set. 2017. BRASIL. Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no

9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 28.set.2017.

KRELING, M. T. Aterro sanitário da extrema e resíduos sólidos urbanos domiciliares: percepção dos

moradores - Porto Alegre – RS. 2006. 156f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

KLIGERMAN, D. C. A Era da reciclagem X A Era do desperdício. In: SISINNO, C. L. S.; OLIVEIRA, R. M.

(Orgs.). Resíduos sólidos, ambiente e saúde: uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2006, p. 99-110.

PHILIPPI Jr., A. (Ed.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável.

Barueri: Manole, 2005. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos,

2013.

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AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS DE UM TRECHO URBANO DO

ARROIO PAVUNA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Victor Dengo Sabino1 & Anderson de Almeida Salvioli Salgado2

1Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Dourados, MS, Brasil 2Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo Em função do desenvolvimento das atividades humanas, os ambientes naturais são transformados em urbanos e os córregos por receberem os impactos ambientais difusos em toda a extensão da bacia hidrográfica são um dos principais ecossistemas degradados durante esse processo. Visto isso, o objetivo desse trabalho foi o de avaliar um trecho do arroio Pavuna para determinar o grau de integridade ambiental. A metodologia incluiu a aplicação de um Protocolo de Avaliação Rápida - PAR e Sistema de Informações Geográficas - SIG. Para a análise da qualidade do ambiente, adotou-se 4 estações de monitoramento. Os resultados quantitativos revelam que as estações de monitoramento #1, #2 e #3 apresentaram condições de impactado e a estação de monitoramento #4 apresentou condições de alterado. A avaliação da área de preservação permanente – APP, revelou que para todas as estações de monitoramento há déficit de vegetação em relação a faixa marginal de 50 metros. As faixas marginais geralmente apresentam largura de 6 metros, com exceção de um local específico na foz (estação de monitoramento #4) que apresenta APP com mais de 50 metros de largura. Conclui-se que o arroio Pavuna apresenta péssimas condições de conservação, podendo esse, ser enquadrado como um arroio ou córrego impactado. Palavras-chave: área de preservação permanente, meio ambiente, protocolo de avaliação rápida. Introdução

O desenvolvimento das atividades humanas e os processos naturais possuem potencial

para alterar as características físicas, químicas e biológicas da água. Essas alterações são aspectos que influenciam diretamente na qualidade do recurso hídrico, na saúde humana e no equilíbrio e saúde dos ecossistemas (ANA, 2013). Ao longo dos anos o processo de crescimento e desenvolvimento urbano conjuntamente às atividades industriais e rurais promoveram a exploração dos recursos naturais e geraram uma série de impactos ambientais em diferentes escalas.

Com isso, a intensificação dos problemas socioambientais, como a urbanização acelerada, o crescimento demográfico e sua desigual distribuição, o consumo excessivo de recursos não renováveis, a contaminação tóxica dos recursos naturais, o desflorestamento, a redução da biodiversidade e da diversidade cultural, a geração do efeito estufa e a redução da camada de ozônio com suas consequências no equilíbrio climático, se apresentam como

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resultado dos processos de produção do espaço urbano, revelando, assim, as carências que esse processo produz (SEABRA, 1991, apud TOLEDO, 2005, p. 24).

Sendo assim, os ambientes aquáticos recebem uma série de impactos ambientais resultantes desses processos, tais como o descarte inadequado de resíduos sólidos, efluentes e esgotos clandestinos, resíduos de fertilizantes e agrotóxicos entre outros. As alterações nesses ambientes afetam diretamente os organismos aquáticos que segundo Queiroz et al., (2008), podem incorporar os contaminantes presentes no ecossistema aquático, tais como os “inseticidas, fungicidas, herbicidas, bifenilas policloradas (PCBs), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs), dioxinas e metais pesados”.

De maneira geral, ao avaliar a paisagem das cidades brasileiras, fica evidente que ao longo dos anos o crescimento urbano acelerado que trouxe desenvolvimento aos centros urbanos também foi deficiente em aspectos de planejamento urbano e ambiental, permitindo a ocorrência de uma série de impactos ambientais, principalmente àqueles que afetam de maneira direta ou indireta aos recursos hídricos. Evidências desse processo podem ser verificadas na transformação da paisagem, quando córregos, arroios, riachos ou rios que perpassam o ambiente urbano são modificados de maneira a serem transformados em canais de esgoto. Essas ações demonstram a precariedade em práticas que de fato promovam o correto gerenciamento do recurso hídrico, pois não promovem a manutenção do ambiente natural, mas transformam o ambiente natural em artificial e desarticula o objetivo principal dos cursos d’água, que é fornecer serviços ecossistêmicos e ambientais à biota.

Desta maneira, monitorar os corpos hídricos tornou-se essencial, sobretudo, para planejar ações de mitigação e compensação. Sendo assim, diversos métodos dependentes de análises laboratoriais foram desenvolvidos para avaliar o grau de integridade dos ambientes aquáticos com diferentes abordagens, envolvendo parâmetros físicos, químicos e biológicos, podendo ou não, fazerem usos de bioindicadores. No entanto, esses ambientes também podem ser avaliados por abordagens mais simplificadas, de baixo custo e com alta eficiência de resposta, tais como pela aplicação de protocolos de avaliação rápida de ecossistemas (PAR). Com esse objetivo, Callisto et al., (2002) desenvolveu um protocolo de avaliação rápida, baseado no protocolo de Hannaford et al., (1997) capaz de avaliar de maneira geral ambientes aquáticos.

Sendo assim, a aplicação desse protocolo tem sido realizada em diversos estudos, por exemplo, para avaliar a bacia hidrográfica do rio Imbé no Rio de Janeiro (BERSOT, MEZEZES e ANDRADE, 2015), para avaliar o Parque Ambiental Arnulpho Fioravante em Dourados - MS e propor estratégias de conservação (MATSUMOTO et al., 2012), para avaliar o córrego Laranja Doce, em Dourados - MS (COSTA et al, 2014), para avaliar o estado de conservação do córrego Caveirinha, em Goiânia – GO (NETO et al., 2016). Além disso, conforme explica Callisto et al., (2002), não há necessidade de treinamento prévio para a aplicação do PAR.

Portanto, o objetivo foi avaliar um trecho do arroio Pavuna (1.9 km) por meio da aplicação de um protocolo de avaliação rápida da integridade ecológica de ambientes para determinar o grau de integridade ambiental.

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Material e Métodos O arroio Pavuna possui 3.5 km de extensão, tem sua origem como uma vertente do rio

Guerenguê, seguindo rumo Sul até desaguar na Lagoa de Jacarepaguá (Figura 1). Considerando as condições locais, adotou-se como trajeto para avaliação, o trecho de acesso público próximo a vertente até a foz na Lagoa de Jacarepaguá. Este trecho compreende 1.98 km, onde foram analisados diferentes locais em direção a foz, a saber: estação de monitoramento #1 (Latitude -22.9533068, Longitude -43.378854), estação de monitoramento #2 (Latitude -22. 955669, Longitude -43.3757671), estação de monitoramento #3 (Latitude -22.971446, Longitude -43.3796171) e estação de monitoramento #4 (Latitude -22.9734796, Longitude -43.378935).

Figura 1. Mapa de localização do arroio Pavuna na bacia hidrográfica do rio Guerenguê com estações de monitoramento: #1, montante do Arroio Pavuna e primeiro local de amostragem; #2, segunda estação de monitoramento sentido à foz; #3, terceira estação de monitoramento sentido à foz e #4, última estação de monitoramento na foz - Lagoa de Jacarepaguá. Fonte: os autores

Para avaliar o estado de conservação do arroio Pavuna, foi utilizado o protocolo de

avaliação rápida de diversidade de habitats proposto por Callisto et al. (2002). O protocolo é composto por 22 (vinte e dois) parâmetros avaliativos, divididos em dois quadros. O primeiro quadro é composto por 10 parâmetros que avaliam o nível de impactos ambientais oriundos das atividades antrópicas. O segundo quadro é composto por 12 parâmetros que avaliam as condições de habitat e sua conservação (CALLISTO et al., 2002).

O primeiro quadro avalia um conjunto de parâmetros em categorias descritas e pontuadas de 0 a 4, enquanto o segundo quadro pontua de 0 a 5. Esta pontuação é atribuída a cada parâmetro com base na observação das condições do local. O valor final do protocolo de avaliação é obtido a partir do somatório dos valores atribuídos a cada parâmetro

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independentemente. As pontuações finais refletem o nível de preservação das condições ecológicas dos trechos avaliados, onde de 0 a 40 pontos representam trechos impactados; 41 a 60 pontos representam trechos alterados; e acima de 61 pontos, trechos naturais (CALLISTO et al., 2002).

Área de Preservação Permanente

Para avaliar a área de preservação permanente do arroio Pavuna, adotou-se como

parâmetros cartográficos a projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), Elipsóide South American Datum 1969 – Datum SAD 69 e zona meridiana 23 Sul. Os dados foram trabalhados no ambiente do software QGIS, versão 2.16.1. A definição da área de influência (Buffer) que corresponde à área de preservação permanente foi baseada nos critérios constantes na Lei Federal 12.651/2012, para áreas de preservação permanente fora de áreas de uso consolidado em ambiente rural ou urbano, a qual, determina que cursos d’água natural, perene, intermitente, excluídos os efêmeros, com largura superior a 10 metros devem possuir área de preservação permanente de 50 metros. Resultados e Discussão

A avaliação ambiental do arroio Pavuna, foi realizada por meio da observação direta

das condições do ambiente, conjuntamente com o preenchimento do protocolo de avaliação rápida de diversidade de habitats, proposto por Callisto et al. (2002). A amostragem ocorreu em quatro locais diferentes, denominados de estações de monitoramento #1, #2, #3 e #4. Os resultados quantitativos revelam que não há locais que apresentam condições naturais para o corpo hídrico. Sendo assim, as estações de monitoramento #1, #2 e #3 apresentaram condições de impactado e a estação de monitoramento #4 apresentou condições de alterado.

A estação de monitoramento #1 (Figura 2) exibiu um total de 35 pontos, o que determina que esse local está impactado. O corpo hídrico apresenta grandes alterações antrópicas, pois suas margens possuem ocupação tipicamente urbana, com presença de resíduos domiciliares e descarte clandestino de esgoto doméstico. Em consequência disso e em função do fundo lamoso, as águas apresentam coloração turva. Pela baixa qualidade das águas não é possível verificar a ocorrência de plantas aquáticas.

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Figura 2. Estação de monitoramento #1. Montante do arroio Pavuna classificado em impactado (35 pontos) devido às alterações antrópicas. Fonte: os autores

Para a estação de monitoramento #2 (Figura 3), a avaliação resultou em 28 pontos,

demonstrando que o local está impactado. Nesse local, as condições são piores em relação ao local #1. O padrão de ocupação das margens ainda é predominantemente urbano, com presença de resíduos domiciliares e descarte clandestino de esgoto doméstico. Diante disso, não há um gradiente de melhora para a qualidade da água do arroio Pavuna, ademais, nessa estação de monitoramento, ficou evidente a ocorrência de oleosidade moderada na água e no fundo (sedimento) do arroio. A coloração da água permanece turva, com odor característico de esgoto, o fundo ainda apresenta horizonte tipicamente lamoso com pouca ou nenhuma diversidade de material ou substrato fixo para facilitar a presença de organismos. Há presença de bancos de lama, o que deixa evidente a ocorrência de processos erosivos devido à ausência ou baixo percentual de vegetação ciliar. Além disso, a lâmina de água no local apresenta pouca profundidade com ausência de plantas aquáticas, dificultando a sobrevivência de possíveis peixes.

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Figura 3. Estação de monitoramento #2 no arroio Pavuna. Este local foi classificado em impactado (28 pontos), apresenta condições piores quando comparado ao #1. Fonte: os autores

A avaliação da estação de monitoramento #3 (Figura 4), definiu para esse local 29

pontos, enquadrando-o com grau de impactado. As margens continuam apresentando ocupação urbana com resíduos e esgoto dispostos ao longo do trajeto. Porém, não há presença de moradias às margens do arroio, e sim uma faixa marginal com pouca vegetação arbórea e com grande quantidade de gramíneas para isolamento em relação à avenida marginal ao arroio Pavuna. A água continua apresentando coloração turva, com odor característico de esgoto e com oleosidade superficial e no fundo. O corpo hídrico continua tipicamente lamoso, com ausência de trechos rápidos, com pouca diversidade de habitats e não apresenta vegetação aquática.

Figura 4. Estação de monitoramento #3. Esse local foi classificado em impactado (29) pontos. Detalhe para infraestrutura urbana e escassa vegetação. Fonte: os autores

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Já para a estação de monitoramento #4 (Figura 5), a avaliação resultou em 44 pontos, identificando que esse local apresenta características de alterado. Em comparação com os outros três locais avaliados, esse é o que apresenta o melhor resultado. Isso ocorre devido a maior presença de vegetação ciliar, ausência de erosões, maior diversidade de habitats em relação aos outros locais avaliados. No entanto, a água ainda apresenta coloração turva, com odor característico de esgoto e com oleosidade abundante na superfície e no fundo.

Figura 5. Estação de monitoramento #4. Foz do arroio Pavuna na Lagoa de Jacarepaguá. Local apresenta considerável quantidade de resíduos sólidos, porém apresentou o melhor grau de integridade (alterado 44 pontos) devido ao ambiente diverso e presença massiva de vegetação ciliar. Fonte: os autores

Os dados apresentados demonstram que os principais impactos para o arroio Pavuna

são oriundos da transformação paisagística natural para urbana. Não obstante, cenários semelhantes ao do arroio Pavuna podem ser encontrados em outros córregos urbanos, como descrito por Matsumoto et al., (2012), Costa et al., (2014) e Sabino (2017), onde a ocupação das margens, a presença de resíduos, esgoto e pouca vegetação ciliar são comuns. A caracterização da integridade ecológica do arroio Pavuna por meio do PAR, que o caracteriza como um córrego impactado, ainda pode ser corroborada por Freitas (2009), que encontrou para o arroio Pavuna dados para os parâmetros de fósforo total, oxigênio dissolvido e demanda bioquímica de oxigênio fora dos padrões da Resolução CONAMA 357/2005. Desta maneira, fica evidente que, o arroio Pavuna sofre um processo de degradação da qualidade de suas águas.

Área de Preservação Permanente

A geração do mapa com buffer (Figura 6), que corresponde a uma área ou zona de

influência pré-determinada, permitiu verificar se os fragmentos florestais ao longo do curso do arroio Pavuna, atendem a legislação federal 12.651/2012, no que diz respeito a Área de Preservação Permanente - APP. Sendo assim, adotou-se a delimitação de uma área de APP de 50 metros para cada margem. Confrontando o produto gerado com uma imagem de satélite é possível perceber que em toda sua extensão a APP apresenta largura inferior à 50 metros. No local da estação de monitoramento #1, #2 e #3, o desflorestamento é óbvio, a cobertura

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vegetal é parcial e a faixa de vegetação possui menos de 6 metros de largura (Figura 6). Em todo o trajeto analisado, fica evidente a ocupação urbana das áreas marginais ao arroio (Figura 6). Sendo assim, na área destinada pela lei 12.651/2012 para a preservação do corpo hídrico, encontram-se casas, avenidas e atividades comerciais com diferentes graus de impacto ambiental.

Para o local da estação de monitoramento #4, ocorre uma pequena diversificação em um pequeno trecho da margem esquerda da foz do arroio na Lagoa de Jacarepaguá que apresenta vegetação além do limite exigido na referida lei (Figura 6). No entanto, nesse seguimento ainda é possível verificar desflorestamento e áreas em sua maioria com APP com extensão de 12 a 18 metros.

O déficit em área de preservação permanente é resultado de uma expansão urbana, que geralmente, ocorre por vias de ocupação ilegal. Os efeitos direto resultam em degradação da qualidade das águas do arroio, acúmulo de resíduos, perda da vegetação, descontrole de pragas (insetos e roedores), alagamentos e poluição paisagística.

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Figura 6. Mapa da área de preservação permanente do arroio Pavuna destacada com delimitação em zona de influência (Buffer). Praticamente em todo seu leito há ausência de vegetação ciliar. Fonte: os autores

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Conclusões

A partir da avaliação realizada foi possível determinar que nos locais avaliados, o

arroio Pavuna apresenta péssimas condições de conservação, podendo esse, ser enquadrado como um arroio ou córrego impactado. Praticamente todo seu leito apresenta déficit em área de preservação permanente e processos erosivos, as margens estão ocupadas por usos urbanos, impactos ambientais oriundos do descarte de esgoto e outros poluentes são evidentes, tanto pela coloração turva da água, como pelo odor e presença de oleosidade na superfície e no sedimento do fundo do leito. O Pavuna não apresenta habitats diversificados, corredeiras ou rápidos e não há plantas aquáticas. Considerando as condições atuais, o arroio Pavuna não atende as funções básicas de um corpo hídrico, que é fornecer água em quantidade e qualidade compatível aos usos humanos, abrigar a fauna e contribuir para estabilidade dos sistemas ecológicos. Nesse sentido, é necessário que seja implantado um projeto de recuperação de bacias hidrográficas e desafetação de áreas ambientais. Referências AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Cuidando das águas: soluções para melhorar a qualidade dos

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6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 mai. 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 09 dez. 2017.

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ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE PAVIMENTAÇÃO UTILIZADOS ATUALMENTE NA CIDADE DE CABO FRIO: ESTUDO DE CASO DO CRUZAMENTO DAS RUAS HENRIQUE TERRA, RUA

ABIUS E RUA ROMA Vinicius Dias Fonseca1 & Fernando Vagner Ribeiro1 Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected]

Resumo Os solos vêm passando por um processo acelerado de impermeabilização, seja por fatores como construção de edificações ou pelo crescente processo de pavimentação de ruas e de calçadas. Buscando um maior conforto aos seus usuários, os pavimentos antigos feitos de blocos de rochas ou paralelepípedos, que permitem a infiltração da água no solo por meio de suas juntas, vêm sendo substituídos por outros tipos de pavimentos, como a pavimentação asfáltica não porosa que não permite que a água infiltre no solo, causando grande escoamento superficial e tornando necessária a utilização de sistemas cada vez mais robustos de drenagem. Uma das soluções apresentadas para amenizar este processo de impermeabilização e suas consequências é a utilização de pavimentos utilizando blocos de concreto intertravados. O presente trabalho analisa, através de ensaios de infiltração, a capacidade de permeabilidade dos principais tipos de pavimentos utilizados para a pavimentação urbana, onde demonstra que, apesar dos valores ficarem abaixo do esperado, os pavimentos com blocos de rochas e com os blocos de concreto intertravados podem ser apresentados como uma forma mitigadora à diminuição da infiltração de água dos solos. Palavras-chave: drenagem urbana, infiltração de pavimentos, permeabilidade. Introdução

O processo de recomposição da água da chuva no solo das grandes cidades foi prejudicado com o crescimento das áreas urbanas e o aumento do número das edificações e das pistas pavimentadas com material impermeável. Assim, com a finalidade de evitar alagamentos e destruição das vias torna-se necessário a utilização de sistemas de drenagem cada vez mais robustos que sejam capazes de captar o volume da água que escoa superficialmente no solo e de conduzir o fluxo de águas pluviais às áreas de descarte. Dentre estas medidas, citam aquelas que visam aumentar o processo de infiltração das águas pluviais no solo, como a utilização de pavimento permeável em calçadas, ruas e pátios de estacionamentos.

A pavimentação utilizando blocos de rochas de granito, de concreto, gnaisse, ou originados de outros tipos de rocha de resistência equivalente, embora seja um dos pavimentos mais antigos que se tenha conhecimento, são bastante utilizados até hoje e também podem ser considerados pavimentos permeáveis (FONSECA, 2015). Ainda segundo

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o autor, diferentemente dos blocos produzidos com concreto permeável com alto índice de vazios, a sua permeabilidade não ocorre através do bloco, mas entre as juntas existentes entre cada peça.

Contudo, mesmo os pavimentos permeáveis sendo apresentados como uma solução compensatória à perda desta permeabilidade dos solos, principalmente em áreas altamente urbanizadas, observa-se nos grandes centros da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, justamente o oposto, onde pavimentos com blocos de rochas de paralelepípedos e blocos de concreto intertravados estão sendo substituídos pela pavimentação asfáltica não porosa e altamente impermeável, que diminui a taxa de infiltração das águas das chuvas nos solos, aumentando consideravelmente o volume de água conduzido superficialmente para os limitados sistemas de drenagem existentes aumentando o índice de alagamentos.

No início do processo de urbanização, a região central de Cabo Frio foi intensamente aterrada, sendo pavimentada inicialmente por paralelepípedos feitos de rochas encontradas na região do município vizinho de São Pedro da Aldeia (FONSECA, 2015). Porém, nos últimos 20 anos, devido ao crescimento econômico e ao grande conforto de dirigibilidade que o asfalto proporciona, a região central de Cabo Frio passou a ser pavimentada com cimento asfáltico não poroso em substituição à pavimentação com paralelepípedos e à pavimentação com blocos de concreto intertravados.

Portanto, há a necessidade de se avaliar a eficiência dos pavimentos utilizados na região central da cidade de Cabo Frio-RJ como elemento permeável e verificar, através do índice de permeabilidade destes pavimentos, se esta substituição pode afetar o já limitado sistema de drenagem de águas pluviais existente nesta cidade e a recomposição das águas das chuvas no lençol freático.

Material e Métodos

Segundo Marchioni (2011), a avaliação do coeficiente de permeabilidade de

pavimentos pode ser realizada utilizando o método de ensaio da ASTM C1701- Standard Test Method for Infiltration Rate of In Place Pervious Concrete (método de ensaio in situ para determinação de coeficientes de permeabilidade em concreto permeável), onde aborda o procedimento de campo que determina a taxa de infiltração de água em superfícies de concreto permeável.

Para a realização dos testes foram utilizados os seguintes equipamentos conforme a Figura 1: três cilindros abertos em ambas às extremidades com 300 mm de diâmetro interno e altura de 500 mm, reservatório de água com capacidade de 20 litros, balde graduado de 3,6 litros de capacidade, rejunte plástico para vedar o sistema, trena e cronômetro.

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Figura 1. Materiais utilizados no experimento. (1) Balde graduado; (2) Cilindros; (3) Recipiente de água; (4) Junta plástica; (5) Trena. Fonte: o autor (2015)

Conforme Jabur (2013), após aferidos os valores no ensaio, deverá ser utilizado as

normas de valores típicos de coeficiente de permeabilidade para se conhecer o grau de permeabilidade dos pavimentos analisados. Não foi realizado qualquer tipo de limpeza ao pavimento, para que seja preservado o real estado de preservação de utilização do pavimento.

A primeira etapa executada foi a aplicação do rejunte na superfície inferior do cilindro, sendo posteriormente pressionado na superfície do pavimento para que a massa se conforme e se molde nas irregularidades presentes no pavimento para evitar a perda de água. Depois desta etapa, foi aplicada mais uma quantidade de massa na parte interna e externa nos bordos em contato com o pavimento para garantir a vedação total do sistema.

Após a instalação do cilindro e sua vedação verificada (Figura 2), realizou-se uma pré-molhagem conforme descrita na norma, despejando-se 3,6 litros de água no interior do cilindro até que ocorresse a total infiltração deste volume. Isto se torna necessário para que o solo seja saturado. Se o tempo da pré-molhagem for inferior a 30 segundos, utiliza-se 18 litros de água no ensaio ou, novamente, 3,6 litros se o tempo de pré-molhagem for superior a 30 segundos.

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Figura 2. Cilindro pronto para o teste de infiltração. Fonte: o autor (2015)

Desta forma, o experimento foi executado repetindo-se o procedimento anterior a fim de obter o tempo que a água irá levar para infiltrar totalmente no pavimento.Na etapa de pré-molhagem e durante o ensaio, o volume de água deve ser adicionado ao cilindro mantendo-se um fluxo constante. O coeficiente de permeabilidade é obtido segundo a equação da Lei de Darcy apresentada pela norma ASTM C1701:

𝐼 =𝐾. 𝑀

(𝐷2 . 𝑡)

Onde: I = coeficiente de Infiltração (mm/h) M = massa de água infiltrada (kg) D = diâmetro interno do cilindro (mm) t = intervalo de tempo entre adição da água e seu desaparecimento na superfície(s) K = constante = 4.583.666.000 (Sistema Internacional) (para converter unidades) Conforme Jabur (2013), após aferidos os valores no ensaio, para se conhecer o grau

de permeabilidade do pavimento, deverá ser utilizada a Tabela 1 a seguir.

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Tabela 1. Valores típicos de coeficiente de permeabilidade de solos e agregados.

Tipos de solo Coeficiente de permeabilidade I (m/s) Grau de permeabilidade

Brita >10-3 Alta Areia de brita, areia limpa, areia fina 10-3 a 10-5 Média Areia, areia suja e silte arenoso 10-5 a 10-7 Baixa Silte, silte argiloso 10-7 a 10-9 Muito baixa Argila <10-9 Praticamente impermeável Fonte: adaptado de Terzaghi (1967)

Conhecendo-se os fatores de influência na permeabilidade dos pavimentos intertravados, os locais de ensaio foram determinados em função dos seguintes critérios:

1. Topografia: o local escolhido com a mesma altura em relação ao nível do mar e com as mesmas condições de inclinação, o mais próximo possível, para que fatores como altura do lençol freático, tipo de composição do subleito e inclinação do pavimento não influenciasse no resultado final do experimento.

2. Paginação: paginações diferentes poderiam significar maior área das juntas e influenciar na infiltração, desta forma, foi testado pavimento com paginação o mais parecido quanto possível.

3. Idade do pavimento: pavimentos mais novos podem sofrer menor influência da colmatação e apresentar maior índice de vazios, assim como os mais antigos podem sofrer de práticas de assentamento de menor qualidade.

4. Tráfego: pois locais com solicitações de tráfego diferentes poderiam apresentar níveis de colmatação e compactação diferentes, influenciando no experimento.

5. Influência do clima: Os testes foram realizados nos três tipos de pavimentos estudados no mesmo dia simultaneamente, com intervalos de 24 horas para a repetição e no mesmo horário, após um intervalo mínimo de 20 dias sem chuvas.

Resultados e Discussão

Após levantamento e análise fotográfica dos logradouros da região central da cidade de Cabo Frio-RJ, constatou-se que o bairro Portinho possui os três tipos de pavimentos mais utilizados nesta cidade. O cruzamento das ruas Henrique Terra, rua Roma e rua Abius possuem pavimentação asfáltica não porosa, pavimentação com paralelepípedos e pavimentação com blocos de concreto intertravados, respectivamente, atendendo aos critérios de influência da permeabilidade supra apresentados, sendo esta área, portanto, escolhida para a realização dos ensaios.

Os ensaios realizados de acordo com a norma ASTM C1701, nos pavimentos das ruas Roma e Abius, compostas de paralelepípedos e blocos de concretos intertravados respectivamente, apresentaram condições de se chegar a um índice de permeabilidade e apresentaram valores bem distintos (Tabela 2).

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Tabela 2. Resultado dos ensaios realizados.

Pavimento Rua Tempo Médio(s) I(mm/h) I(m/s) Bloco de concreto Abius 14257 12,86 3,57x10-6

Paralelepípedo Roma 687 266,88 7,41x10-5 Asfalto não poroso Henrique Terra - - -

Fonte: o autor (2015)

A pavimentação composta de paralelepípedos, por sua vez, apresentou um índice de permeabilidade melhor do que o pavimento composto por blocos de concreto intertravados, que coloca o pavimento composto de paralelepípedos na faixa de permeabilidade média comparada a uma capacidade de infiltração da areia de brita, areia limpa e areia fina, enquanto o pavimento constituído de blocos de concreto intertravados ficou na faixa de permeabilidade baixa, comparada a capacidade de infiltração da areia, areia suja e silte arenoso.

Verificou-se primeiramente a composição das camadas inferiores constituintes de ambos os pavimentos com o objetivo de encontrar o motivo de tanta diferença no índice de permeabilidade, porém, constatou-se que as camadas de base e sub-base eram compostas basicamente pelos mesmos materiais e a altura destas camadas compactadas praticamente as mesmas em ambos os pavimentos.

Apesar da área da junta já ser suficiente para justificar uma infiltração maior no pavimento utilizando paralelepípedos, outro fator que deve ser levado em consideração na avaliação do resultado é o material utilizado no rejunte o material na junta dos blocos de concreto intertravados possui uma granulometria inferior ao encontrado na junta dos paralelepípedos. Isto altera, significativamente, as características dos rejuntes, pois diminui os índices de vazios além de tornar o sistema mais propenso ao processo de colmatação, podendo diminuir, significativamente, o desempenho da permeabilidade.

Desta forma, em uma análise geral, o pavimento utilizando paralelepípedos, apesar de ser constituído de rocha altamente impermeável, apresentou um melhor desempenho se comparado aos blocos de concreto intertravados em todos os ensaios realizados e, apesar de apresentarem basicamente as mesmas formas de execução para o assentamento e para a composição das camadas de base e sub-base, foram as áreas das juntas e o material utilizado para o rejunte os fatores notados como os mais importantes e determinantes para o desempenho do índice de infiltração destes pavimentos.

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Conclusões

A substituição de pavimentos permeáveis pode causar grande impacto no sistema de drenagem e prejudicar o abastecimento do lençol freático, pois diminui o volume de água que é absorvido pelo solo, aumentando o volume de água que escoa superficialmente e captado pelo sistema de drenagem.

Desta forma, quando a possibilidade de redimensionamento do sistema de drenagem não for possível, ou mesmo pensando em um sistema de pavimentação que cause um menor impacto na permeabilidade dos solos urbanos, o pavimento feito utilizando-se blocos de rochas ou paralelepípedos ou ainda o pavimento utilizando blocos de concreto intertravados deveria ser lembrado como uma alternativa mitigadora e prática, pois proporciona uma maior capacidade de infiltração da água no solo e consequentemente, uma diminuição da quantidade do volume de água que escoa superficialmente sobre o pavimento se comparado com o pavimento asfáltico não poroso, causando um alívio ao sistema de drenagem.

Referências

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CANHOLI, A. P. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de textos, 2005. FONSECA, V. D. Análise da capacidade de infiltração dos principais tipos de pavimentação utilizados

atualmente na cidade de Cabo Frio-RJ. Monografia (Graduação de Engenharia Civil) – UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA, Cabo Frio-RJ, 2015.

JABUR, A. S. Projeto de Pesquisa: MAPLU 2 - Manejo de águas pluviais em meio urbano: técnicas

compensatórias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013 MARCHIONI, M.; SILVA, C. O. Pavimento intertravado permeável: melhores práticas. São Paulo:

Associação Brasileira de Cimento Portland, 2010. Disponível em: <http://flgblocos.com.br/pdf/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel.pdf>. Acesso em: Maio de 2015.

TERZAGHI, K; PECK, R. B. Mechamics in Engineering Practice. 2nd ed. John Wiley, Nova Jersey, 1967.

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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: FATORES QUE DETERMINAM O

PROCESSO DE COMPRA EM FEIRA ORGÂNICA NO RIO JANEIRO Weslley Carvalho1, Carolina F. Quitá1, Maria José Paes1, Maria Cristina J. Soares1 & Raquel Cardoso C. Reis1

Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET. Av. Maracanã, 229, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo O consumo de produtos orgânicos expressa-se como uma das principais vertentes da alimentação no mundo. A aquisição desta amostra de produtos, no Brasil, tem expandido significativamente a cada ano e, por consequência, conhecer o perfil destes consumidores, seus hábitos e os aspectos relevantes na decisão de compra é o objetivo dessa pesquisa. A averiguação foi realizada nas feiras de orgânicos da Zona Oeste do Rio de Janeiros. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva executada com 100 consumidores selecionados aleatoriamente. Os resultados evidenciaram que o perfil do consumidor é do gênero feminino; com renda familiar até 05 salários mínimos, com idade entre 50 e 59 anos. Tem o hábito de consumir produtos orgânicos em conjunto com os produtos convencionais e valoriza na sua decisão de compra, questões relacionados com a saúde, a qualidade de vida, além de possuir um elevado grau de consciência ambiental. Palavras-chave: alimentos orgânicos, meio ambiente, percepção, perfil, qualidade. Introdução

Com a procura por índices de produtividade cada vez mais altos, impulsionada com início da década de 70, apressurou a técnica de mecanização das condutas agrícolas e implementou um comércio de alimentos gerados a partir do emprego acentuado e desenfreado de insumos artificiais, como fertilizantes e defensivos químicos. Não obstante, esse padrão de produção em grande quantidade, expressa sua insustentabilidade, de tal maneira por suas implicações econômicas e sociais, tanto quanto pelos impactos ambientais.

Nesta conjuntura, despontam respostas compensatórias para a degradação já instituída, dentre elas, a transformação de uma agricultura normatizada para um modelo orgânico, que tem como alegação o apreço à sustentabilidade do local ao qual está inserida (ASSIS, 2006). De tal modo, tornou-se explícito a expansão da comercialização de produtos orgânicos no mundo todo. Em 2014, o mercado de produtos orgânicos movimentou 2,5 bilhões, segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (PORTAL BRASIL, 2015). É um crescimento de 25% em relação a 2013 e que deve se manter nos próximos anos, atingindo a cifra de R$ 10 bilhões até 2020.

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O que leva a esse aumento de consumo de produtos orgânicos? Para responder, é necessária uma maior compreensão do comportamento do consumidor desses produtos.

A atenção com o consumidor, ainda que incipiente, é a principal cerne das redes agroalimentares no século XXI (SELLERS, 1991). Este aspecto abrange a informação do seu comportamento e as predisposições para os próximos anos, mesmo perante da era tecnológica.

É vital a todos os agentes econômicos das redes agroalimentares o conhecimento do hábito dos consumidores, as inclinações do mercado e o papel da revolução tecnológica, uma vez que os consumidores são os principais responsáveis pelas modificações ocorridas nos Sistemas Agroindustriais ao longo do tempo. Para as políticas públicas, espera-se com essa pesquisa que os órgãos governamentais utilizem as informações e que contribuíam para suas ações de cuidado à doença, preservação do ambiente e promover a agricultura familiar no País.

Diante do exposto, o objetivo da pesquisa é compreender o comportamento dos consumidores de produtos orgânicos da Zona Oeste do Rio de Janeiro, assim como seu perfil, seus hábitos e aspectos proeminentes na deliberação de compra dos produtos nas feiras de orgânicos e averiguar se os elementos ou variáveis do ambiente natural impulsionam o comportamento dos consumidores. Material e Métodos

Este estudo é caracterizado como transversal único, no qual seleciona-se apenas uma amostra da população-alvo, sendo as informações obtidas somente uma vez (VERGARA, 2014).

Inicialmente, foi realizado um estudo bibliográfico (desk research) em livros, revistas científicas e web, com a finalidade de classificar estudos teóricos e empíricos que discutissem a questão.

Em um segundo momento, foi executado uma análise quantitativa de dados realizado em duas feiras de produtos orgânicos na Zona Oeste do Rio de Janeiros: Campo Grande e Rio da Prata que acontecem aos sábados e domingo de 7:30 às 13:00, respectivamente. O levantamento é resultado da aplicação de questionários com 100 consumidores no período de maio a julho de 2016. As pessoas foram abordadas aleatoriamente e a entrevista foi realizada imediatamente, no caso de concordância do consumidor.

O questionário foi dividido em duas partes: na primeira parte, com questões referentes ao perfil do consumidor; na segunda parte, com dados relacionados variáveis ambientais que promovem o desenvolvimento ambiental relacionado à saúde e qualidade de vida e cidadania e responsabilidade social. Para tanto foi aplicada a escala de Likert, uma escala psicométrica, empregada em pesquisas quantitativas.

O procedimento dos resultados foi realizado com base na estatística descritiva por meio do levantamento das frequências e percentuais das respostas dos consumidores. Assim, foi possível conhecer o perfil médio do consumidor de produtos orgânicos da região estudada, o grau de satisfação com relação ao consumo de alimentos orgânicos e os fatores que mais influenciam na sua decisão de compra, variáveis ambientais que promovem o

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desenvolvimento ambiental relacionado à saúde e qualidade de vida e cidadania e responsabilidade social.

Resultados e Discussão

Aferiu-se que 61% dos consumidores que responderam ao questionário são do gênero feminino, o que revela uma hegemonia de mulheres entre os compradores ou potenciais de produtos orgânicos. Esses resultados corroboram os dados de Lima et al. (2015) em estudos realizados em Manaus/AM e por Souza-Neto et al. (2016) Potiguar/RN, e também com os alcançados por Lima et al. (2011) em estudos realizados em São João da Barra/SP que apresentam que 57% dos consumidores são mulheres.

De acordo com Lombardi, Moori e Sato (2004), com base de uma pesquisa realizada na cidade de São Paulo e municípios próximos, averiguou-se que o perfil do consumidor de produtos alimentícios orgânicos, demonstrou o fato de que tanto as mulheres como os homens se importam com os alimentos que consomem. Não obstante, percebe-se que as mulheres são as maiores detentoras de bens e serviços na família, uma vez que elas estão mais preocupadas com a questão de saúde e do bem-estar.

Nas feiras orgânicas pesquisadas observou-se que o total de participantes da pesquisa a maioria (41%) apresentava o ensino superior completo. Em segundo lugar, encontram-se os consumidores com ensino médio completo, representando 21% dos entrevistados, seguidos pelos consumidores com pós-graduação (14%). Os outros consumidores apresentavam os seguintes níveis de escolaridade: 11% explicitaram pós-graduação, 7 e 4% possuíam ensino médio incompleto e ensino fundamental completo, respectivamente.

Os resultados estão de acordo com outros estudos sobre o perfil de consumidores de orgânicos, que apontam a escolaridade como uma variável importante. Observando os consumidores dos produtos da agricultura orgânica no Rio Grande do Sul, Storch et al. (2004) verificaram que 68% dos consumidores pesquisados possuíam ensino superior completo. Silva et al. (2013) constataram que 39% de consumidores de orgânicos no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, também possuem nível superior. Segundo Roitner-Schobesberger et al. (2008) os consumidores com a renda e o nível de escolaridade mais baixos são os que menos possuem conhecimento sobre agricultura orgânica.

Cerca de 35% do total de entrevistados recebe até 5 salários mínimos, seguido de 28% que recebem acima de 10 até 20 salários mínimos. Averígua-se também, que 75% dos entrevistados possuem renda acima de 5 salários mínimos, o que atualmente corresponde a um montante total de renda de até R$ 4.685,00, sendo portanto uma boa renda para a região.

Vasconcelos et al. (2005) observaram que 60% dos consumidores de quatro feiras orgânicas do Recife apresentam um vencimento mensal médio entre seis e 25 salários mínimos, ressaltando que a extensão de consumidores que recebiam abaixo de seis salários mínimos foi considerável. Essas informações estão em equivalência com a presente pesquisa e podem ser elucidados graças aos produtos orgânicos ostentarem valor mais alto. Ao investigar o perfil de consumidores orgânicos de Brasília, Vilela et al. (2006), certificou que a maioria dos consumidores (88%) mostram renda mensal superior a 13 salários mínimos, e a maior parte dos consumidores dispõe a renda mensal familiar em torno de 30 salários mínimos.

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Segundo Darolt (2007) o consumidor orgânico é geralmente profissional liberal ou funcionário público, maior parte usuários da internet e com renda entre 9 e 12 salários mínimos.

Os padrões para deliberação da propriedade nutricional são multifatoriais, por este motivo qualidades de solo, clima, variabilidade genética ainda dentro de uma mesma linhagem, poderiam revelar altercações significativas entre o modo de cultivo convencional e o orgânico. Não obstante, verifica-se que os estudos concernentes aos teores de elementos nutritivos são incipientes (SOUZA-NETO et al., 2016). À medida que alguns manifestam ascendência dos orgânicos, outros mostram que não há diferença. Em contra partida, revela-se que, de fato, não foram localizados estudos que detectam que o alimento convencional é superior ao orgânico. É necessário salientar que o desafio de persuadir o alimento orgânico para as outras classes da população não está pertinente apenas aos fatores técnicos e econômicos, mas também aos aspectos políticos, sociais e ambientais.

Foi possível constatar que 56% dos entrevistados concordam totalmente com a afirmativa de que compra produtos orgânicos devido às preocupações com as questões ambientais, 37% concordaram com a assertiva. Apenas 2% dos pesquisados manifestaram que discordam.

Os consumidores normalmente têm um comportamento otimista em relação aos produtos ecologicamente corretos. Contudo, tal posicionamento não é o bastante para induzi-lo à prática. Esta conclusão foi corroborada nos trabalhos de Lisboa, Almeida e Vianna (2008), Gomes, Gorni e Dreher (2011). Assim, pode-se inferir que a consciência ambiental vem expandindo nos cidadãos, ainda que essa consciência sobre os impactos nocivos que o consumo intrépido pode acarretar no futuro até este momento não é o bastante para que as pessoas modifiquem seus modos de consumo. A variável ambiental não é um aspecto decisório de aquisição. Os consumidores de uma forma geral não se interessam em relação à premissa ecológica. O processo de compra, na maioria das vezes inclina-se a priorizar os interesses pessoais do que ecológicos. Nesse contexto, preconiza que quando o marketing emprega recursos em que o meio ambiente é abordado de forma mais direta, essas propriedades “verdes” não desempenham grande ação na compra de alimentos. Porém, antepor estratégias que possuam cerne nos cuidados pessoais, como a saúde que os alimentos saudáveis disponibilizam, poderia alcançar mais êxito. Por consequência, observa-se que os indivíduos nomeiam preocupações com a saúde, bem-estar, escolhem os grupos sociais, meio onde se vivem e condição econômica, entre outras, no momento de sua preferência. Assim, para que o meio ambiente seja apontado emergente no arbítrio do consumidor é recomendado que mais referências sejam transmitidas para o consumidor.

Assim, a pesquisa mostrou que são diversos os ensejos que induzem ao consumo de produtos orgânicos, podendo-se afirmar que tais estímulos são influenciados por dois grandes tópicos: saúde e meio ambiente. Esses temas desencadeiam uma grandeza de outros conceitos, opiniões ou valores, tais como os concernentes a questões de saúde, estética, ecologia, filosofia de vida, de caráter cultural ou religioso, procura a valorização da qualidade de vida, responsabilidade ambiental e consumo consciente.

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ANÁLISE ECONÔMICA DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM UNIDADES DE TRATAMENTO DE RIO (UTR): UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A UTR

ARROIO FUNDO E A ALTERNATIVA DE EXPANSÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Yasmin Cardoso Moraes, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro & Bruna Stein Ciasca Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil E-mail: [email protected] Resumo A presente pesquisa faz uma análise comparativa entre duas tecnologias de tratamento de efluentes sanitários, a saber, Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e Unidades de Tratamento de Rio (UTR). Diante das incertezas acerca da efetividade e dos benefícios para as populações à montante e à jusante do funcionamento da UTR, adota-se a metodologia de Análise Custo Efetividade (ACE). Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizado como estudo de caso a UTR Arroio Fundo e a expansão de rede de esgoto nos bairros localizados a margem deste rio. Com o aprofundamento da análise concluiu-se que realizar a ACE seria inviável, sendo feita em contraproposta uma comparação técnica/operacional e de custos, obtendo resultados importantes em relação à efetividade de tratamento, investimento público e comprovação da necessidade estudos antes da implantação de empreendimentos. Palavras-chave: análise custo-efetividade, estação de tratamento de esgoto, saneamento básico. Introdução

O acesso ao saneamento básico é reconhecido como direito do ser humano pela Organização das Nações Unidas. Entretanto o Brasil encontra-se atualmente em um contexto de ausência de serviços ou soluções no atendimento em coleta e tratamento de esgoto.

Tal fato é visível nas grandes metrópoles como o Estado do Rio de Janeiro, onde diversos corpos hídricos encontram-se na categoria “ruim” ou “muito ruim”, de acordo com o Índice de Qualidade de Água presente no Boletim Consolidado de Qualidade das Águas de 2015 elaborado pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente - INEA.

A problemática do saneamento encontra-se associada ao modelo socioeconômico praticado e as populações mais vulneráveis correspondem justamente àquelas excluídas dos benefícios do desenvolvimento (HELLER, 1998). A afirmativa presente em reportagem no site do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em que apresenta a dificuldade em tratar o esgoto de comunidades carentes na região de Jacarepaguá, devido à complexidade em se coletar esgoto em diversas localidades (2013), corrobora a problemática citada.

Haja vista essa característica de comunidades a Prefeitura do Município do Rio de Janeiro encontrou dificuldades para instalação de rede de coleta de esgoto e a solução dada foi a construção de UTR na desembocadura de rios e de outros corpos hídricos que deságuam em

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lagoas da região. Entretanto, encontra-se nessa possível solução alguns problemas, como o fato de que UTRs não são projetadas para tratar esgoto, além do valor gasto com sua implantação e manutenção.

Sendo o principal objetivo do tratamento de esgoto impedir o seu lançamento in natura nos corpos hídricos, para que não haja nenhum tipo de degradação ambiental ou prejuízo à saúde de moradores próximos, a efetividade de Unidades de Tratamento de Rio é colocada em dúvida.

A presente pesquisa tem por objetivo a realização de uma análise técnica e econômica comparativa entre duas tecnologias de tratamento de efluentes sanitários utilizadas atualmente no Estado do Rio de Janeiro, a saber: Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e Unidades de Tratamento de Rio (UTR), a partir dos dados da UTR implantada no rio Arroio Fundo e uma estimativa da expansão da rede de esgoto na região.

Material e Métodos

A análise é feita a partir do princípio de custo-efetividade, que possui o propósito de definir uma estratégia factível de intervenção de menor custo social que permita atingir-se o objetivo.

Neste estudo ambos os programas possuem o objetivo de tratamento de esgoto sanitário e a medida de efetividade comum utilizada será a eficiência em remoção da Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO, ou seja, a taxa custo-efetividade será elaborada a partir do custo de remoção de DBO para cada uma das alternativas.

A primeira etapa do presente trabalho consiste na definição dos seguintes itens: (i) abrangência espacial, que comportará os bairros contribuintes para o lançamento de efluentes no rio Arroio Fundo, que são: Jacarepaguá, Cidade de Deus, Anil e Itanhangá; (ii) abrangência temporal de vinte anos, sendo o início da análise marcado pelo ano do primeiro contrato para implantação da UTR Arroio Fundo: 2007; (iii) estimativa da população não servida em coleta e tratamento de esgoto para os bairros definidos, baseado nos indicadores disponibilizados pelo Instituto Pereira passos, coletado pelo Censo Demográfico de 2010 do IBGE (IBGE, 2011), dando um total de 85.414 habitantes; e (iv) estimativa do esgoto lançado in natura, que totaliza um volume de 22.613 toneladas entre 2010 e 2026, considerando uma taxa percentual de crescimento demográfico de 0,8% ao ano e uma contribuição diária de DBO de 40g/hab, obtida através da Diretriz DZ 2151 do INEA para residências de padrão baixo de ocupação desordenada.

O estudo foi dividido em duas alternativas, a alternativa A e a alternativa B. A alternativa A de investimento caracteriza-se pela implantação do projeto de UTR, e

será realizada a estimativa do custo marginal de abatimento de DBO pela Unidade de Tratamento de Rio de Arroio Fundo, a partir do levantamento de dados através dos instrumentos contratuais e custo de operação, realização de regressão2 para estimar a

1 DZ-215.R-4 – Diretriz de Controle de Carga Orgânica Biodegradável em efluentes líquidos de origem sanitária, aprovada pela Deliberação CECA n° 4886, de 25 de setembro de 2007 Republicada no DOERJ de 08 de novembro de 2007 (INEA, 2007). 2 A regressão é uma técnica estatística que, através de uma equação matemática, permite inferir a relação de uma variável dependente (Y, variável de resposta) com variáveis independentes (X, variáveis explicativas). A análise da regressão pode ser usada como um método descritivo da análise de dados (como, por exemplo, o

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tendência da curva de custos de 2018 a 2026, para indicar a taxa custo- efetividade desta alternativa.

A alternativa B de investimento caracteriza-se pelo projeto de expansão do sistema de esgoto sanitário para população desservida no entorno. Para tal será considerado que o esgoto terá como destino a ETE Barra – já instalada –, que ainda suporta receber uma vazão de 1.140 L/s, passando primeiramente pela Estação Elevatória de Esgoto, que suporta receber uma vazão de 1.720 L/s e fica localizada bem próxima a UTR Arroio Fundo e possui ligação direta com a ETE. Primeiramente foi calculada a contribuição diária que a população não servida produziria, dando uma vazão de 146L/seg em média, considerando uma contribuição diária de 130L/seg, segundo a NBR 7229/2013 (ABNT, 2013), estipulada para ocupantes permanentes de residências de padrão médio, deste modo tanto a ETE quanto a EE suportariam receber a nova vazão. Desta forma será calculado o custo total apenas da ampliação da rede e dos gastos a mais de operação da ETE com a nova vazão recebida.

Por fim será realizada uma análise comparativa entre as alternativas A e B, a partir da taxa custo-efetividade, que considera os gastos com operação, implantação e percentual de remoção de DBO.

Resultados e Discussão

Constata-se que o funcionamento da UTR está condicionado a uma série de fatores que podem interferir em sua eficácia, como: períodos secos e chuvosos, necessidade de recolhimento diário dos resíduos retidos na cerca flutuante, ligações clandestinas a jusante de sua implantação, entre outros. Sobretudo, o principal deles consiste em ser uma solução paliativa, que depende do lançamento do esgoto no corpo hídrico para realizar o tratamento, que entende-se por uma tecnologia de tratamento primário avançado (coagulação/floculação – micro aeração – flotação – lodo e água tratada). Assim, uma vez que a meta de universalização do serviço de esgotamento sanitário parte do pressuposto de não lançar efluentes que estejam fora dos parâmetros de qualidade aceitáveis para o corpo receptor, a UTR não pode ser enquadrada neste quesito.

Em relação à qualidade de tratamento considera-se o da UTR inferior ao de ETEs, uma vez que o serviço de esgotamento sanitário, que é realizado pelas Estações de Tratamento, é composto por três etapas3 fundamentais para seu funcionamento, que refletem na melhoria dos índices de cobertura de coleta e de esgoto tratado (universalização de população com ligação formal e de esgoto tratado). Ressalta-se que em ETEs ainda devem ser feitas análises diárias para verificação ao atendimento à Diretriz DZ-215.R-4 (INEA, 2007). Ou seja, é necessário que a eficiência mínima de remoção de DBO, para um padrão de lançamento de carga orgânica bruta entre 25 e 80 kg DBO/dia seja de 80%.

Para obtenção da taxa custo-efetividade da alternativa A fora analisado primeiramente os contratos firmados entre a Fundação Instituto das Águas do município do Rio de Janeiro e

ajustamento de curvas) sem serem necessárias quaisquer suposições acerca dos processos que permitiram gerar os dados. 3 1ª: interligação dos domicílios à rede coletora; 2ª: implantação de um subsistema de coleta que funciona como um interceptor necessário para interligação à rede coletora geral de esgoto; e 3ª instalação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) para garantir o tratamento efetivo da carga de efluente gerada antes da disposição final.

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a DT Engenharia, disponíveis no portal da transparência. Ao todo existem nove contratos, totalizando um montante de R$ 53.258.822,40. Sendo o primeiro contrato (n.155004), firmado por três anos e meio (42 meses), entre 21/05/2007 e 29/12/2010, tendo como objeto a implantação da UTR, totaliza o valor de R$27.907.672 (valor médio anual de R$7.973.621 e valor médio mensal de R$ 664.468). Já os sete contratos subsequentes (n.155183, n.183, n.130, n.29, n.39, n. 20, n. 2402), firmados ao longo de sete anos, entre 27/12/2010 e 02/01/2017, tiveram como objeto a operação da UTR, totalizaram o valor de R$ 25.351.150,55 (valor médio anual de R$3.621.592,94 ou valor médio mensal de R$301.799,41). Ressalta-se que o valor contratual anual da UTR Arroio Fundo é crescente, assim sendo questiona-se sobre a inexistência de investimentos em esgotamento sanitário na região, dado que a eventual expansão da rede se traduziria por uma redução do custo em produtos químicos para tratamento do rio, e assim representar-se-ia por uma redução do valor contratual e não um aumento.

Em seguida, considerando-se a finalidade de se efetuar a análise de custo efetividade entre as opções de investimento em longo prazo, realiza-se uma regressão para estimar a tendência da Curva de Custo Operacional do período de 2015 a 2026. A curva de tendência pode ser obtida a partir de três tipos de regressão: linear, logarítmica e exponencial. Contudo, é o tipo de dados, bem como o resultado do coeficiente de determinação4 (R²), que determinarão a função de regressão que melhor representa a evolução dos dados. Desta forma, como o R² da curva exponencial foi o mais próximo a 1, a projeção foi feita a partir dela. Tal regressão permitiu estimar os custos contratuais da UTR Arroio Fundo, entre 2018 e 2026, crescentes anualmente em um intervalo de R$ 5.983.692 a R$11.783.703. No final da abrangência temporal do estudo a alternativa A necessitaria de um montante estimado em R$ 130.652.513,64.

Todavia, a partir da análise de dados encaminhados através de e-mail por Maurício da Gerencia de Águas do INEA, de duas Estações de Amostragem que são monitoradas pelo INEA, a 01RJ20F0090, que fica localizada à montante da UTR e a 01RJ20FN0100, que fica localizada à jusante da UTR, foi possível perceber a ineficácia desta alternativa, uma vez que o percentual de remoção de DBO da UTR Arroio Fundo é tido como negativo, ou seja, não há efetividade. Ressalta-se que os dados possuem grandes oscilações no período de 2012 a 2017, o que corrobora com o fato de que diversos fatores influenciam em sua eficácia diariamente. A média do percentual de remoção ficou em -21,56%, tal fato afirma que a UTR não está sendo vista como um método paliativo, uma vez que não suporta a vazão de esgoto que recebe e tampouco são analisadas as ligações de esgoto bruto clandestinas feitas à jusante da mesma.

Desta forma, considerando que a UTR não é uma medida efetiva, será realizada apenas uma comparação de custos com a expansão de rede de esgotamento sanitário.

Assim sendo para início da análise da alternativa B, utilizou-se para o cálculo do custo de extensão de rede de esgotamento sanitário a Nota Técnica SNSA n. 492/2010 (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2011). A mesma apresenta indicadores de Custos de Referência e de Eficiência Técnica para análise técnica de engenharia de infraestrutura de saneamento nas modalidades abastecimento de água e esgotamento sanitário. Entretanto o 4 O coeficiente de determinação, também chamado de R², é uma medida de ajustamento de um modelo estatístico, em relação aos valores observados da variável dependente (y: custo) e independente (x: ano). O R² varia entre 0 e 1, indicando, em percentagem, o quanto o modelo consegue explicar os valores observados. Quanto mais próximo de 1, mais explicativo é modelo e melhor ele se ajusta à amostra.

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investimento necessário para a expansão foi estimado com valores de 2011, a fim de trazer o custo total estimado a valor corrente, foi aplicada a taxa do INCC5 para deflação e inflação até o período de 2017 e após é aplicado o valor dos juros baseado no rendimento de poupança de 8%. Com isso, obtêm-se um custo de expansão de rede total de R$ 27.412.017,59, considerando o Custo médio unitário de Ligação domiciliar/hab. como ocupante domiciliar e o Custo unitário do Subsistema de Coleta (Rede coletora + Interceptor)/hab.

Já para o cálculo da operação com a nova vazão na ETE foi utilizado um estudo de custos anuais de sistemas de lodos ativados convencional. (PELETEIRO; ALMEIDA, 2014). Assim como foi considerado para as obras de expansão, também será necessário trazer o custo total estimado ao valor corrente. Entretanto já para a operação da ETE foi aplicada a taxa IGP-M6 para inflação e deflação no período até o ano de 2017 e a partir desse ano é aplicado juros médio baseado no rendimento de poupança de 8%, obtendo assim um gasto total no período de 20 anos de R$ 102.431.412,89.

Deste modo, juntando o custo de implantação da expansão da rede de esgoto com o custo de operação ajustados ao valor corrente, foi possível obter o custo total estimado da alternativa B. Tal custo totalizou um montante de: R$ 129.843.430,50.

Considerando o período total de 20 anos do presente estudo, a razão7 entre os investimentos foi 1,01, isto significa que, do ponto de vista monetário, tanto o investimento em UTR ou em infraestruturas consideradas (expansão de rede e destino final em ETE) demandariam praticamente o mesmo montante.

Sobretudo, como a alternativa A apresentou valores negativos para remoção de DBO, ficou evidenciado que a mesma não é efetiva. Assim sendo o resultado aponta, mesmo sem considerar os valores de custo, que a alternativa B é a melhor opção comparativamente, informando assim que o investimento em esgotamento sanitário apresenta menor custo-efetividade, pois há neste método remoção de 80% de DBO.

Conclusões

A partir dos resultados obtidos ficou evidenciada a importância da análise de custo efetividade para empreendimentos de cunho ambiental e público. Constatou-se ainda que tal técnica de análise econômica deve ser feita o mais breve possível para que não haja prejuízo ao erário com o funcionamento de técnicas ineficazes.

Sobretudo a principal constatação da pesquisa, foi a identificação do valor médio anual de remoção de DBO da Unidade de Tratamento de Arroio Fundo, que consiste em -21,56%, ou seja, comprovadamente existem ligações clandestinas no rio à jusante da implantação da mesma. Sendo assim o método se mostrou ineficaz inclusive para melhoria da qualidade do corpo hídrico, uma vez que ainda chega uma quantidade elevada de matéria orgânica na Lagoa Camorim, onde o rio Arroio Fundo desemboca.

5 O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), calculado pela FGV, é concebido com a finalidade de aferir a evolução dos custos de construções habitacionais e consiste como o primeiro índice oficial de custo da construção civil no país (FGV, 2017b). 6 Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) – Calculado pela Fundação Getúlio Vargas mensalmente, é utilizado como indexador de algumas tarifas como a de energia elétrica e de produtos químicos. (FGV, 2017a). 7 Razão entre o custo total investido em UTR e o gasto estimado com o investimento sendo direcionado à implantação de rede de esgotamento sanitário.

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Ressalta-se que mesmo sem possuir eficiência, já foi gasto apenas para operação da UTR Arroio Fundo R$ 25.351.150,55, um valor considerável para um empreendimento sem retorno, principalmente levando-se em conta que tais custos são exponencialmente crescentes. Apenas para o ano de 2017, já foi destinado um valor de R$ R$ 5.605.814,55, o que consiste em R$ 467.151,21 mensais. Ou seja, um gasto público mensal de quase meio milhão de reais, em um empreendimento que não apresenta utilidade pública. Ressalta-se ainda que como a empresa DT Engenharia possui a patente da tecnologia não há necessidade de licitação e assim não há concorrência nem comparação no aspecto econômico tampouco técnico.

Em contrapartida, no estudo de caso de estimativa de custos com a expansão da rede de esgoto para toda a população não servida dos bairros de Anil, Jacarepaguá, Cidade de Deus e Itanhangá, considerando uma eficiência de remoção de 80% de DBO e utilizando obras já implantadas pela CEDAE (Estação Elevatória de Esgoto + Estação de Tratamento de Esgoto), que atualmente operam abaixo de sua capacidade, o custo dispendido seria praticamente o mesmo para ambos os empreendimentos, uma vez que o resultado obtido com a razão entre o custo total da UTR e da ETE foi aproximadamente 1,0.

O propósito do trabalho à priori consistia em apresentar uma análise de custo efetividade entre duas opções de tratamento que possuíssem como objetivo a remoção de DBO, entretanto com os resultados obtidos a análise foi inviabilizada, pois ficou evidenciada que a alternativa da UTR não possuía tal remoção. Desta forma, diante desses dados comprova-se a importância de fiscalização em obras públicas, para que seja analisada se é preciso tal alocação de recursos. Ou seja, em fins pragmáticos, a tecnologia é passível de questionamentos a respeito de sua necessidade de operação às custas de gastos públicos, principalmente sem haver avanços em estruturas de saneamento básico. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 7229: Projeto de construção e

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