ii simpósio de ciências do meio ambiente: saúde, educação ... · atuais e medidas mitigadoras...

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Saúde, Educação e Meio Ambiente Cecília Bueno Mariana Silva Ferreira Natalie Olifiers Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha (Orgs.) Anais do II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente ISBN: 978-85-5459-013-0

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Saúde, Educação e Meio Ambiente

Cecília Bueno Mariana Silva Ferreira

Natalie Olifiers Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha

(Orgs.)

Anais do II Simpósio de Ciências do Meio

Ambiente

ISBN: 978-85-5459-013-0

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Cecília Bueno

Mariana Silva Ferreira

Natalie Olifiers

Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha

(Orgs.)

Anais do

II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente:

Saúde, Educação e Meio Ambiente

Rio de Janeiro

Universidade Veiga de Almeida

2017

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Realização:

Agradecimentos por doações:

Elba Lemos (FIOCRUZ)

Paulo Sergio D’Andrea (FIOCRUZ)

Rui Cerqueira (UFRJ)

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Reitor

Arlindo Cardarett Vianna

Pró-Reitor de Pós-graduação e Pesquisa Leonardo Rabelo de Matos Silva

Coordenadora do Mestrado Profissional em Ciências do Meio

Ambiente Cecilia Bueno

Editora-chefe do Núcleo de Publicações Renata Luiza Feital de Oliveira

Biblioteca Central Katia Cavalheiro

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Coordenação-Geral Cecília Bueno

Comissão Organizadora Cecília Bueno

Mariana Silva Ferreira

Natalie Olifiers

Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha

Comissão Científica Ana Cláudia Delciellos (UFRJ)

Anderson Amendoeira Namen (UVA/UERJ)

Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha (UVA)

Cecília Bueno (UVA)

Izabella Christynne Ribeiro Pinto Valadão (UVA)

Janaina Japiassu de Vasconcelos Cavalcante (UVA)

Maíra Moraes Pereira (UVA)

Natalie Olifiers (UVA)

Saulo Roni Moraes (UVA)

Ricardo Martinez Tarré (UVA)

Viviane Japiassú Viana (UVA/Unisuam/Senac)

Wagner de Souza Pereira (UVA)

Monitores Amanda de Souza Oliveira

Carolina Bueno

Cynthia Oliveira de Aquino

Drielle Araújo Pinto Remígio

Fernanda Alves Dutra

Nicolas Porto Felix

Raíra Rosa dos Santos

Rauane Moraes de Barros

Renata Ribeiro Aguiar

Roberto Veiga Coelho da Fonseca

Editores Thiago dos Santos Cardoso (FIOCRUZ)

Natalie Olifiers (UVA)

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Ficha catalográfica

Bibliotecária Cristina Pimentel da Silva CRB 7-4538

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial Barra/UVA

Os dados, informações e opiniões aqui expostos são

de inteira responsabilidade dos autores.

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Sumário

PREFÁCIO.........................................................................................................................................10

PROGRAMAÇÃO............................................................................................................................11

RESUMOS DE PALESTRAS........................................................................................................12

IMPACTOS À BIODIVERSIDADE: O ATROPELAMENTO DE FAUNA SILVESTRE

Cecília Bueno...........................................................................................................................13

LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO DO MEIO

AMBIENTE

Felipe da Costa Brasil.............................................................................................................14

O VERDE FAZ DIFERENÇA?

Graciela Arbilla de Klachquin.................................................................................................15

PARTICIPAÇÃO E INOVAÇÃO SOCIAL COMO FERRAMENTAS DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

Henrique Nascimento Tapéporã..............................................................................................16

ONE HEALTH: UM EXEMPLO APLICADO NA VIGILÂNCIA DE ZOONOSES NO

BRASIL

Jose Luiz Cordeiro...................................................................................................................17

PANORAMA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FORMAL

Márcia Cristina Santiago de Mello..........................................................................................18

IMPACTOS DE AGROTÓXICOS NO MEIO AMBIENTE

Rodrigo Ornellas Meire...........................................................................................................19

ARTIGOS COMPLETOS...............................................................................................................20

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

NO CENTRO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE SEROPÉDICA, RJ ATRAVÉS DA

METODOLOGIA DO IQDR

Adrimara Elizabet Radin, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha & Tatiana

Valle Freitas.............................................................................................................................21

MAPEAMENTO, DIAGNÓSTICO, CODIFICAÇÃO E ANÁLISE MACROSCÓPICA DE

NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RONCADOR – MAGÉ – RJ

Aliciane de Souza Peixoto & Cecília Bueno............................................................................28

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ANÁLISE DOS CONTAMINANTES LIGADOS À ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO OFFSHORE EM QUELÔNIOS MARINHOS, MELHORES

PRÁTICAS PARA IMPLEMENTAÇÃO EM PROJETOS DE MONITORAMENTO DE

PRAIAS

Ana Paula Cavalcante da Cruz & Cecília Bueno....................................................................35

CRIAÇÃO DO QR CODE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA –

PESET

Benedito Célio Pacheco & Natalie Olifiers.............................................................................42

PROPOSTA DE JOGO DIGITAL PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE CRIANÇAS DE

6 A 10 ANOS

Bruno Araújo Freire, Cecilia Bueno & Anderson Amendoeira Namen..................................47

CENÁRIO ATUAL DA GESTÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS NO BRASIL: UMA

AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE OS ESTADOS DE SÃO PAULO, MINAS

GERAIS E RIO DE JANEIRO

Camila de Leon Lousada Borges, Andréa Oliveira & Vanilson Fragoso...............................52

USO DE FERRAMENTAS LÚDICAS PARA SENSIBILIZAÇÃO DE JOVENS SOBRE A

IMPORTÂNCIA DE REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR (POLÍTICA DOS TRÊS R’S)

Cesar Elinaldo da Silva, Izabella Valadão & Cecília Bueno..................................................60

GENETIC DIVERSITY OF ALOUATTA (PRIMATES) FROM BRAZILIAN ATLANTIC

FOREST

Cibele Rodrigues Bonvicino, Maria Carolina Viana, Cecília Bueno, Herlle Souza Santos &

Lena Geise................................................................................................................................67

PERFORMANCE AMBIENTAL EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE: UM ESTUDO

DE CASO DO HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS, RIO DE JANEIRO – RJ

Elen Lima de Oliveira, Viviane Japiassú Viana & Antony de Paula Barbosa........................73

O USO DA PERCEPÇÃO SOCIAL NA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS E

DIAGNÓSTICOS AMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO DO RIO IPÊ DO MUNICÍPIO DE

PARACAMBI-RJ

Fabiana Loureiro dos Reis & Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha...............88

PROJETO CÃES E GATOS DA SERRA DA TIRIRICA: DADOS DO CONTROLE

POPULACIONAL NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, RJ

Gabriela Lins de Albuquerque, Daiana Angelo Gomes Santana, Phillipe Bauer de Araujo

Doria, João Marcelo Silva Silveira, Fernando Diego Paqueco, Carolina Marinho Colchete,

Ana Carolina Azevedo Meirelles, Beatriz Teixeira Gomes da Silva, Fábio Otero Ascoli, Aline

Moreira de Souza, Felipe de Sousa Queiroz, Nádia Almosny & Sávio Freire Bruno.............97

DILEMAS AMBIENTAIS E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO

AMBIENTAL EM ESCOLAS DO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Geovani Dias Pereira & Mariana Silva Ferreira..................................................................101

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RIQUEZA E FUNCIONALIDADE NA COMUNIDADE DE MOITAS EM

AFLORAMENTOS ROCHOSOS LITORÂNEOS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, RJ

Jasmim Lira Avelino, Luana Paula Mauad & João Marcelo Alvarenga Braga...................110

USO DE DIFERENTES HÁBITATS PELO MARACANÃ-VERDADEIRO

PRIMOLIUS MARACANA EM AMBIENTES FRAGMENTADOS

Jovani Pereira Barbosa Monteiro & Sávio Freire Bruno .......... ........ ........ ...115

FAUNA SINANTRÓPICA NOCIVA NO PORTO DO RIO DE JANEIRO: PROBLEMAS

ATUAIS E MEDIDAS MITIGADORAS

Maria Carolina Cigliato Augusto & Mariana Silva Ferreira...............................................121

USO DO “MÉTODO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR”: ESTUDO DE CASO EM UMA

HORTA URBANA

Marina Morales Bezerra & Felipe Tsuruta Lisboa Cruz......................................................130

O USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO NA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE ATERROS SANITÁRIOS: PROPOSTA DE

METODOLOGIA PARA IDENTIFICAÇÃO E MENSURAÇÃO

Marjorie Claudino Wippel & Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha..............138

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS DE UM TRECHO URBANO DO ARROIO

PAVUNA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Victor Dengo Sabino & Anderson de Almeida Salvioli Salgado...........................................147

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

PAVIMENTAÇÃO UTILIZADOS ATUALMENTE NA CIDADE DE CABO FRIO:

ESTUDO DE CASO DO CRUZAMENTO DAS RUAS HENRIQUE TERRA, RUA ABIUS

E RUA ROMA

Vinicius Dias Fonseca & Fernando Vagner Ribeiro.............................................................158

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: FATORES QUE DETERMINAM O

PROCESSO DE COMPRA EM FEIRA ORGÂNICA NO RIO JANEIRO

Weslley Carvalho, Carolina F. Quitá, Maria José Paes, Maria Cristina J. Soares & Raquel

Cardoso C. Reis.....................................................................................................................165

ANÁLISE ECONÔMICA DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM UNIDADES DE

TRATAMENTO DE RIO (UTR): UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A UTR

ARROIO FUNDO E A ALTERNATIVA DE EXPANSÃO DOS SERVIÇOS DE

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Yasmin Cardoso Moraes, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro & Bruna Stein

Ciasca.....................................................................................................................................171

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Prefácio

Foi com muita satisfação que o Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente

realizou, nos dias 15 e 16 de setembro de 2017, o II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente

(II SICIMA), na Universidade Veiga de Almeida/campus Tijuca. O Simpósio já faz parte da

agenda de eventos promovidos pelo Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente,

contando esse ano com a parceria do MBA de Planejamento e Gestão Ambiental. O objetivo

principal do evento foi debater temas atuais na área de Ciências Ambientais. Em 2017, a

reflexão sobre a integração entre saúde, educação e meio ambiente foi a temática abordada no

evento.

A programação do II SICIMA contou com uma série de debates, palestras e mesas

redondas com professores e profissionais das áreas de saúde, educação e meio ambiente, além

da apresentação de trabalhos por meio de pôsteres. Os participantes puderam submeter os

trabalhos completos, que após aceite passaram a compor estes anais do evento.

Assim, é com grande satisfação que disponibilizamos os Anais do evento que servirão

como registro do II SICIMA para a posteridade. Agradecemos a todos os participantes do II

Simpósio em Ciências do Meio Ambiente e esperamos vocês no próximo evento, em 2019.

Comissão Organizadora

II SICIMA

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Anais do II SICIMA.

II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente: Saúde, Educação e Meio Ambiente

Universidade Veiga de Almeida - Campus Tijuca, Rio de Janeiro - RJ

15 e 16 de setembro de 2017

12

Resumos de palestras

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Anais do II SICIMA.

II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente: Saúde, Educação e Meio Ambiente

Universidade Veiga de Almeida - Campus Tijuca, Rio de Janeiro - RJ

15 e 16 de setembro de 2017

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IMPACTOS À BIODIVERSIDADE: O ATROPELAMENTO DE FAUNA

SILVESTRE

Cecília Bueno

E-mail: [email protected]

Universidade Veiga de Almeida

A biodiversidade vêm sendo deplecionada por impactos causados pelos empreendimentos

lineares. A Ecologia de estradas é a ciência que estuda as interações entre os organismos e o

ambiente associado a estradas e veículos. Alguns números assustam, como 1 milhão de

vertebrados mortos por dia nos EUA. Estudos do Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas

estimam que morrem no Brasil cerca de 475 milhões de vertebrados por ano. Esse número

certamente é subestimado, já que poucos estudos e monitoramentos são realizados e as

estradas de terra normalmente não são consideradas ou monitoradas. Além dos

atropelamentos, ainda existem outros impactos que devem ser considerados, por exemplo, o

efeito de evitação. Este aponta que várias espécies de mamíferos apresentam densidade de

população muito baixa em áreas distantes 100m a 200m de ferrovias. Os fatores causadores

são: forte ruído, vibração e deslocamento de ar. Estes fatores podem ser mais efetivos,

dependendo do volume de tráfego e da velocidade média de deslocamento das composições.

As medidas mitigadoras, como cercas condutoras, passagens aéreas e subterrâneas devem ser

implementadas e monitoradas de forma a identificar sua eficiência. Dessa forma, os impactos

causados pelos empreendimentos lineares devem ser considerados em projetos e no processo

de licenciamento, de forma a reduzir os impactos e mitigar as perdas para biodiversidade.

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Universidade Veiga de Almeida - Campus Tijuca, Rio de Janeiro - RJ

15 e 16 de setembro de 2017

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O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO DO

MEIO AMBIENTE

Felipe da Costa Brasil

E-mail: [email protected]

Universidade Veiga de Almeida

Nesta palestra foram abordados os principais temas relativos a Legislação Ambiental aplicada

ao Licenciamento Ambiental, os principais instrumentos e procedimentos do Licenciamento

Ambiental, com ênfase ao estado do Rio de Janeiro e aos 55 municípios licenciadores, de

acordo com o previsto na Resolução Conama 42 de 2012. Foi abordado ainda o papel das

condicionantes de Licença Ambiental como medidas de controle de poluição, adequação e

proteção ambiental.

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Anais do II SICIMA.

II Simpósio de Ciências do Meio Ambiente: Saúde, Educação e Meio Ambiente

Universidade Veiga de Almeida - Campus Tijuca, Rio de Janeiro - RJ

15 e 16 de setembro de 2017

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O VERDE FAZ DIFERENÇA?

Graciela Arbilla de Klachquin

E-mail: [email protected]

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Nesta palestra foi discutido o papel das áreas verdes na qualidade e composição do ar. Foram

apresentados dados experimentais que mostram a interação entre a cidade e a floresta urbana,

o possível impacto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, medições de gases de efeito estufa

na cidade do Rio de Janeiro e discutido o papel dos compostos biogênicos na química da

atmosfera.

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Anais do II SICIMA.

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15 e 16 de setembro de 2017

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PARTICIPAÇÃO E INOVAÇÃO SOCIAL COMO FERRAMENTAS DE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Henrique Nascimento Tapéporã

E-mail: [email protected]

Tapéporã - RJ

A ideia desta palestra foi abordar o conceito de Ecologia Profunda (Joanna Macy),

associando a importância dos aspectos individuais e sociais dentro do contexto ambiental.

Contar a história que começou através de um diagnóstico socioambiental e de duas edições

do evento Conversas entre Vizinhos, que envolveu o Parque Nacional da Tijuca e a

Associação de Moradores da Vila Laboriaux, Rocinha.

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ONE HEALTH: UM EXEMPLO APLICADO NA VIGILÂNCIA DE ZOONOSES NO

BRASIL

Jose Luiz Cordeiro

E-mail: [email protected]

Campus Fiocruz Mata Atlântica, Fiocruz

Baseado no conceito “Um Mundo - Uma Só Saúde” (One World, One Health) o Projeto de

Manejo de Fauna e Vigilância em Zoonoses (PMVZ), em parceria com laboratórios Fiocruz e

externos, tem desenvolvido atividades de vigilância e controle de zoonoses quebrando

paradigmas e inovando ao trabalhar conjuntamente a saúde humana, animal e ambiental. A

implantação desta abordagem representa uma iniciativa nova no cenário nacional e

internacional e coloca a Fiocruz na vanguarda da vigilância em zoonoses e no estudo das

relações entre biodiversidade e saúde. Para tanto o PMVZ, numa perspectiva de longo prazo,

monitora os patógenos circulantes em espécies sentinela silvestres (preguiça-comum, saguis,

pequenos mamíferos, serpentes, etc) e domésticos (cães, gatos, aves domésticas, etc.).

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PANORAMA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FORMAL

Márcia Cristina Santiago de Mello

E-mail: [email protected]

Universidade Veiga de Almeida

A Educação Ambiental no ensino formal, ainda está limitada em diversos aspectos a ações

conservacionistas e pontuais. É urgente fomentar a quebra do perfil pontual e simplista da

temática ambiental na escola onde apenas docentes da área biológica são apontados como os

multiplicadores da temática. Diante desse cenário, a Secretaria de Estado de Educação do

Estado do Rio de Janeiro – SEEDUC em parceria com a Universidade do Estado do Rio de

Janeiro – UERJ, através de uma cooperação técnico-científica, catalogou as práticas de

Educação Ambiental dinamizadas nas escolas da rede pública de ensino estadual, no período

de 2011 a 2014, a partir da identificação de seus alinhamentos às macrotendências

conservadora e emancipatória e aos critérios de sustentabilidade fraca e forte respectivamente.

E o mesmo evidenciou que, em alguns aspectos, as iniciativas das escolas estão mais

alinhadas com uma perspectiva de educação ambiental mais conservadora e fraca. Nesse

contexto é imprescindível olharmos também para a formação do docente, fio condutor que

promove a construção do conhecimento e que deve vivenciar desde sua graduação a temática

ambiental e conteúdos associados a sustentabilidade. É fundamental que o educador

compreenda que a educação ambiental ou simplesmente a temática ambiental, deve primar

pela integração da complexidade de áreas do conhecimento, estabelecendo o exercício do

diálogo, o planejamento integrado e a ação protagonista de seus educandos. Assim, a ação

ético-solidária necessária à formação do profissional, articulado às questões ambientais,

pressupõe o desenvolvimento de uma consciência ecológica inerente à construção de uma

realidade em que todos os seres interajam dialeticamente.

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IMPACTOS DE AGROTÓXICOS NO MEIO AMBIENTE

Rodrigo Ornellas Meire

E-mail: [email protected]

Universidade Federal do Rio de Janeiro

A palestra abordou a dinâmica ambiental de agrotóxicos, em especial sobre as substâncias

conhecidas como poluentes orgânicos persistentes. Estas substâncias apresentam alta

persistência ambiental, podem atingir grandes distancias de suas fontes de origem e ainda

assim apresentaram riscos relevantes de toxicidade em diferentes organismos. Nesta palestra

abordaremos também os principais resultados desenvolvidos recentemente por nosso grupo de

pesquisa, com ênfase no transporte atmosférico de agrotóxicos e demais poluentes em áreas

urbanas e unidades de conservação na região sudeste e sul do Brasil. Concluo esta

apresentação oral apresentando perspectivas futuras para novos estudos voltados ao

monitoramento ambiental de poluentes.

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Artigos completos

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS NO CENTRO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE SEROPÉDICA, RJ

ATRAVÉS DA METODOLOGIA DO IQDR

Adrimara Elizabet Radin¹, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha¹ & Tatiana Valle Freitas²

¹ Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

² Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

A disposição final de resíduos sólidos no Brasil ainda é considerada um desafio expressivo de

gestão cujas políticas públicas e suas respectivas ferramentas tornam-se elemento norteador

para que haja avanços. Ainda faz parte da realidade brasileira à prática de dispor resíduos sem

o devido tratamento em vazadouros a céu aberto, o que vem gerando poluição do solo, do ar,

da água, além de atrair vetores de doenças O presente trabalho pretende avaliar a disposição

dos Resíduos Sólidos Urbanos no Centro de Tratamento de Resíduos, CTR Rio, localizado no

município de Seropédica, no estado do Rio de Janeiro. A avaliação foi realizada por meio do

Índice de Qualidade de Destinação Final de Resíduos Sólidos Urbanos (IQDR), de acordo

com a metodologia implantada pelo INEA - NOP INEA 31 - Norma Operacional para

elaboração de Índice de Qualidade de Destinação Final de Resíduos Sólidos Urbanos. O

presente trabalho tem como objetivo constatar se o aterro sanitário está operando de forma

adequada através do índice que permite avaliar as condições do sistema de disposição final

dos resíduos sólidos urbanos. O valor do IQDR calculado foi de 8,85 e com esse resultado

pode se concluir que o sistema de disposição está adequado.

Palavras-chave: indicador ambiental, índice de qualidade, aterro sanitário.

Introdução

A disposição final de resíduos sólidos no Brasil ainda é considerada um desafio

expressivo de gestão cujas políticas públicas e suas respectivas ferramentas tornam-se

elemento norteador para que haja avanços. Ainda faz parte da realidade brasileira à prática de

dispor resíduos sem o devido tratamento em vazadouros a céu aberto, o que vem gerando

poluição do solo, do ar, da água, além de atrair vetores de doenças. O crescimento da

população das cidades, os hábitos de consumo e a falta de conscientização da população

geram um dos principais desafios da sociedade moderna: a gestão dos resíduos sólidos

urbanos. Hoje, no Brasil segundo ABRELPE (2015) a quantidade de Resíduos Sólidos

Urbanos (RSU) coletada é de 198.750 toneladas/dia o que é equivalente a aproximadamente

1,0 kg por habitante dia. É importante salientar que quantidades significativas de resíduos

ainda são dispostos de maneira irregular em vazadouros a céu aberto.

De acordo com o artigo 26 da Lei 12.305 de 2010 que instituiu a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, o responsável pela organização e prestação direta ou indireta do serviço de

limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos é o titular da gestão municipal (BRASIL,

2010). Esta exigência implica a um custo por tonelada de material enviado ao aterro sanitário

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15 e 16 de setembro de 2017

22

e, consequentemente, demanda recursos, que nem sempre são garantidos pelos responsáveis,

comprometendo assim disposição final ambientalmente adequada e favorecendo o

aparecimento de lixões clandestinos.

Diante disso, as políticas públicas têm papel importante na gestão de resíduos sólidos,

pois diversas áreas do saneamento podem ser afetadas se o gerenciamento de resíduos sólidos

for realizado de maneira inadequada, podendo causar problemas socioambientais, além de ser

considerado um crime ambiental (SILVA et al., 2011).

A gestão de RSU é um desafio antigo para o Brasil e existe uma série de leis que

norteiam o processo decisório. No ano de 2003, o estado do Rio de Janeiro instituiu a Lei

Estadual 4.191, que regulamenta a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e trata sobre a

Política Estadual do mesmo, determinando princípios e orientações referentes à geração,

acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos

resíduos sólidos, visando o controle da poluição e da contaminação, e a minimizando os

impactos ambientais.

Segundo o Artigo 13 da Lei Estadual 4.191 (RIO DE JANEIRO, 2003) o objetivo da

Política Estadual de Resíduos Sólidos é:

“I- preservar a saúde pública e proteger o meio ambiente, garantindo o seu uso racional;

II- erradicar os lixões, evitando o agravamento dos problemas ambientais gerados pelos

resíduos sólidos;”

Mais tarde, uma das iniciativas desenvolvidas, para tentar solucionar o problema da

gestão de resíduos foi a Lei Federal 12.305/2010, na qual, como disposto em seu artigo 3º

entende-se por resíduos sólidos:

material, substância, objeto ou bem descartado resultante de

atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede,

se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido

ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos

cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede

pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções

técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia

disponível (BRASIL, 2010).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne princípios, objetivos, instrumentos e

diretrizes para a gestão de RSU, e trouxe uma série de ferramentas para a gestão dos resíduos

sólidos nas cidades. Dentre as orientações consideradas pela Lei 12.305/10 pertinentes a

serem destacadas, estão: “o estímulo à disposição final adequada dos resíduos e substituições

dos lixões por aterros sanitários” (BRASIL,2010).

Dentre as formas de disposição final de resíduos sólidos urbanos encontradas no Brasil

de maneira mais expressiva são: aterro sanitário, aterro controlado e lixão. Do total de

resíduos coletados cerca de 58,7% são destinados a aterros sanitários, 24,1% são destinados a

aterros controlados e 17,2% são destinados a lixões (ABRELPE, 2015).

O lixão ou vazadouro a céu aberto é um método de disposição onde o descarte de

resíduos é realizado a céu aberto, sem qualquer medida de proteção e nenhum controle dos

tipos de resíduos que são encaminhados para o local (BIDONE; POVINELLI, 1999). Já o

aterro controlado é uma forma de disposição de resíduos sólidos onde o lixo é descartado no

solo e recebe uma cobertura diária, geralmente de argila. Neste método de disposição não há

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controle dos efluentes líquidos e gasosos. Embora esta não seja a situação ideal, ainda assim é

preferível ao lançamento a céu aberto (FREIRES; PINHEIRO, 2013).O aterro sanitário é de

acordo com a Norma Brasileira NBR 15849 (ABNT, 2010), uma técnica de disposição de

resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança,

minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para

confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível,

cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a

intervalos menores, se necessário. De acordo com a Lei Federal 12.305/10 todo resíduo sólido

urbano (RSU) gerado deverá ser encaminhado somente para aterros sanitários.

O aterro sanitário é considerado uma técnica simples e eficiente, mas exige cuidados e

procedimentos especiais. Este método de solução para o destino final dos resíduos sólidos

enfrenta algumas dificuldades por conta dos custos elevados desde a fase de implantação até a

operação, da vida útil relativamente pequena, da dificuldade de se encontrar espaços físicos

adequados que sejam próximos aos polos geradores, do crescimento dos grandes núcleos

habitacionais, e consequente aumento da quantidade de lixo produzida e da resistência das

populações do entorno devido à depreciação da região.

O presente trabalho dispõe de um estudo de caso baseado na avaliação de desempenho

ambiental, uma ferramenta de gestão que, através de um processo contínuo de coleta de dados

e avaliação das informações, determina se o desempenho ambiental de uma empresa está

adequado, segundo os critérios estabelecidos. Neste caso, os indicadores ambientais são

utilizados para auxiliar nas informações exatas sobre o desempenho ambiental da empresa

referente às operações, ao meio ambiente e também sobre a administração (ABNT, 2004).

Na tentativa de avaliar se o CTR Rio está operando de forma adequada o presente trabalho

tem como objetivo avaliar a qualidade de operação do mesmo, aplicando a NOP-INEA-31

(INEA, 2015). A NOP-INEA-31 é uma Norma Operacional que foi elaborada, pelo Instituto

Estadual do Ambiente (INEA), cujo objetivo é estabelecer metodologia para cálculo do índice

de qualidade de destinação final de resíduos sólidos urbanos (IQDR) com a finalidade de

reunir indicadores para avaliar com regularidade a operação dos aterros sanitários instalados

no Estado do Rio de Janeiro. Para o cálculo do IQDR, foi desenvolvido e ajustado indicadores

de desempenho ambiental em três grupos distintos, referentes às características do local,

infraestrutura implantada no aterro e as condições operacionais do aterro.

O IQDR leva em consideração a situação encontrada durante a avalição em campo. A

metodologia utilizada permite identificar possíveis impactos ambientais e avaliar as condições

de disposição do RSU de forma a contribuir para a melhoria da qualidade da gestão de

resíduos sólidos no estado do Rio de Janeiro. Segundo Oliveira e Cunha (2017), os resultados

obtidos com a aplicação da metodologia do IQDR no CTR Rio, nos anos de 2013, 2014 e

2015 foram respectivamente 8,4 pontos, 8,9 pontos e 9,1 pontos. Resultando uma média de

8,8 pontos, enquadrando o aterro em condições adequadas de funcionamento. Dentre os

aterros que foram aplicados a metodologia do IQDR, o Centro de Tratamento de Resíduos de

Seropédica, RJ, foi um dos que se destacou e que apresentou maior IQDR médio e, por

conseguinte o melhor desempenho.

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Material e Métodos

A área de estudo localiza-se em uma área rural do município de Seropédica, no estado

do Rio de Janeiro e é operado pela Empresa Saneamento e Energia Renovável do Brasil S/A

SERB (CICLUS). Sua área é de 2.226.000 milhões de metros quadrados. O CTR Rio

começou a operar no ano de 2011, e recebe RSU e resíduos industriais e comerciais classe II.

O aterro recebe diariamente 10.400 mil toneladas de resíduos coletados nos municípios de

Seropédica, Rio de Janeiro, Itaguaí, Mangaratiba, São João de Meriti e Miguel Pereira. O

município do Rio de Janeiro é responsável por 90% de todo o resíduo recebido. O aterro gera

aproximadamente 900 m³/dia chorume. O aterro localiza-se na bacia hidrográfica da baía de

Sepetiba, e tem como área de influência indireta a micro-bacia do Valão dos Neves e a micro-

bacia do Valão do Brejo, como área de influência direta.

No dia 04/04/2017 foi realizada uma visita ao Aterro Sanitário de Seropédica - CTR

Rio, para a coleta das informações necessárias para o cálculo do IQDR. Os dados coletados

“in situ” foram utilizados para o preenchimento do questionário padronizado. Também foi

utilizado para consulta o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

Este trabalho aplica a metodologia sugerida pelo INEA para a obtenção do IQDR, que

é realizada a partir do preenchimento de fichas que abrangem aspectos relacionados às

características do local, infraestrutura implantada no aterro e as condições operacionais do

aterro conforme listado abaixo:

A) Características do local: proximidades dos núcleos habitacionais, zoneamento

municipal, permeabilidade do solo de fundação, topografia do terreno, sistema viário e

acessos, proximidades de corpos d água, profundidade do lençol freático, disponibilidade de

material de recobrimento, vida útil estimada, isolamento da vizinhança e área sujeita a

inundações.

B) Condições operacionais do aterro: existência de plano de atendimento à

emergência, existência de plano de inspeção e manutenção, compactação de taludes e bermas,

medição de recalque durante as etapas de operação, ocorrência de queima espontânea,

recobrimento dos resíduos, presença de vetores aéreos (urubus, garças ou outras aves),

presença de moscas (quantidades grandes), presença de catadores de materiais recicláveis na

frente de operações, presença de animais (cachorros, porcos, bois e cavalos) funcionamento

do sistema de drenagem pluvial definitivo, funcionamento do sistema de drenagem pluvial

provisório, funcionamento do sistema de drenagem de chorume, funcionamento do sistema de

tratamento de chorume (deve ser verificado o atendimento aos patrões da Resolução

CONAMA 430/12), ponto de lançamento do efluente (chorume) tratado, manutenção dos

acessos internos, disponibilidade de equipamentos e veículos necessários para a operação

diária (trator, retro, escavadeira e caminhão basculante), eficiência do sistema de drenagem e

queima de gases, recebimento de resíduos não autorizados pelo licenciamento ambiental.

C) Infraestrutura implantada no aterro: cercamento em todo perímetro do terreno,

balança rodoviária, acesso à frente de trabalho, portão com controle de acesso

(portaria/guarita), sinalização interna do empreendimento, cinturão verde conforme projeto

aprovado pelo INEA, faixa de proteção sanitária “non-aedificant” (largura >10m), sistema de

comunicação interna e externo para uso em ações emergenciais, possui iluminação e energia

para ações de emergenciais (inclusive à noite), sistema de drenagem de efluentes líquidos

percolados, sistema de drenagem pluvial definitiva, sistema de drenagem pluvial provisória,

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sistema de drenagem e queima de gases, aproveitamento de gases (MDL), monitoramento de

águas subterrâneas, sistema de tratamento de chorume, monitoramento trimestral dos

efluentes tratados (chorume), nível de tratamento do chorume, implantação de acordo com o

projeto licenciado.

A metodologia utiliza 52 indicadores de desempenho ambiental, sendo 11 relativos às

características do local, 21 à infraestrutura implantada e 20 referentes às condições

operacionais, cada indicador possui uma pontuação especifica e o valor máximo da soma total

de pontos é de 200, sendo 56 pontos relativos às características do local, 64 pontos relativos à

infraestrutura implantada e 80 pontos relativos às condições operacionais do aterro. As

condições de destinação final serão consideradas conforme a pontuação obtida no IQDR,

como: Inadequadas (0 a 6,0 pontos), regulares (de 6,1 a 8,0 pontos) ou adequadas (8,1 a 10

pontos).

Resultados e Discussão

Através da análise das características do local, infraestrutura implantada e das

condições operacionais do aterro, aplicou-se a metodologia de cálculo do IQDR, que consiste

no quociente entre a soma dos valores obtidos em cada etapa e o valor máximo possível da

pontuação. O total de pontos obtidos na avaliação foi de 177/200. Aplicando à equação se

obteve um IQDR de 8,85. Este valor indica que o CTR Rio encontra-se funcionando em

condições adequadas. Alguns indicadores não atenderam a metodologia aplicada de acordo

com a norma NOP-INEA-031 (INEA, 2015), e não se enquadraram aos parâmetros exigidos e

estabelecidos pela NBR 13896/97- Aterros de Resíduos Não Perigosos - Critérios para

Projeto, Implantação e Operação. A seguir serão descritos os itens que não estavam em

conformidade com os critérios estabelecidos pela metodologia.

Itens referentes às características do local a pontuação obtida foi 40 de um total

máximo de 56:

- Proximidade de núcleos habitacionais: no dia da visita verificou-se que existem

núcleos habitacionais a menos de 500 metros do entorno do aterro. Ao analisar a distância

através do Google Earth foi confirmado que o núcleo habitacional está localizado a menos de

500 metros do aterro. A norma recomenda que a distância seja maior que 500 metros para

reduzir os incômodos provocados pelo aterro como, barulho, odor, poeira, etc. O aterro

sanitário deve se localizar numa área apropriada onde não ofereça risco para a população.

- Proximidade de corpos d’água: segundo o Estudo de Impacto Ambiental-EIA,

existem corpos d’água tributários afluentes do Valão do Brejo e do Valão das Neves que

passam dentro da área do empreendimento. O aterro deveria estar localizado a uma distância

mínima de 200 m dos corpos d’água para impedir a contaminação do mesmo.

- Profundidade do lençol freático: constatou-se que a profundidade do lençol freático

segundo o Estudo de Impacto Ambiental-EIA é menor que 1,5 m. Em abril de 2005, o nível

do lençol freático apresentou profundidade variando de 0,8 a 3,3m e em janeiro de 2006, o

nível do lençol freático apresentou profundidade variando de 0,72 a 0,95m. A Profundidade

do Lençol Freático Segundo a Norma NBR 13.896 (ABNT, 1997) deve ter uma distância

mínima de 1,50 m entre a base do aterro e do lençol freático para evitar possíveis

contaminações. O mesmo deve ser medido durante a época de maior precipitação

pluviométrica.

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Itens referentes à infraestrutura implantada no aterro a pontuação obtida foi 62 de um

total máximo de 64:

- Faixa de proteção sanitária “non-aedificant” (largura maior que 10m). A faixa de

proteção não foi respeitada, pois segundo informações obtidas no dia da visita, constatou-se

que há uma residência a menos de dez metros do entorno do aterro a partir do limite da área

do empreendimento.

Itens referentes às condições operacionais do aterro a pontuação obtida foi 75 de um

total máximo de 80:

- Presença de vetores aéreos (urubus, garças ou outras aves): durante a visita ao local

foi observada a presença de urubus e garças, o que nos leva a concluir que havia ocorrência de

lixo exposto ou que a execução do recobrimento do lixo está inadequada. Esses animais

encontram-se neste local, pois é um ambiente propício para o seu desenvolvimento devido à

abundância de matéria orgânica em decomposição. Segundo as normas operacionais deve ser

realizada uma cobertura diária com objetivo de impedir que o material seja levado pelo vento

e evitar a disseminação de odores e proliferação de vetores.

- Manutenção dos acessos internos: constatou-se que os acessos estavam em condições

regulares. Como os acessos não são pavimentados os mesmos devem ser mantidos bons para

permitir sua utilização em qualquer condição climática em qualquer época do ano.

Conclusões

Após a avaliação da área da CTR Rio realizada através da aplicação do método IQDR,

o resultado geral obtido foi bom, e conclui-se que o sistema de disposição final de resíduos do

CTR Rio, está em condições adequadas de funcionamento, tendo como resultado do IQDR a

nota final 8,85 pontos. Percebe-se que esta pontuação segue um padrão constante em relação à

média dos anos anteriores de 2013 a 2015, o que indica que o CTR Rio vem mantendo suas

condições de desempenho e funcionamento adequadas.

Através do estudo realizado foi possível constatar e listar os indicadores que

necessitam ser melhorados para atender as exigências da norma operacional. A metodologia

de avaliação do sistema de disposição de RSU é uma ferramenta importante para as políticas

públicas a fim identificar os pontos que necessitam ser melhorados e adequados para

enquadrar o aterro conforme as exigências ambientais da NBR 13896 (ABNT, 1997).

O método IQDR por sua vez, é instrumento de avaliação importante e pode trazer

benefícios para implementação de políticas públicas na área de resíduos sólidos urbanos, com

a aplicação do índice como ferramenta de fiscalização e avaliação do método de disposição

final do RSU.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS -

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2015. São Paulo: ABRELPE, 2015. Disponível

em: <http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2015.pdf>. Acesso em: 04.04.17

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR ISO 14031: gestão ambiental.

Avaliação de desempenho ambiental. Rio de Janeiro, 2004.

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______. NBR 15849: resíduos sólidos urbanos. Aterros Sanitários de pequeno porte. Diretrizes para localização,

projeto, implantação, operação e encerramento. Rio de Janeiro, 2010.

______. NBR 13896: aterros de resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação e operação. Rio de

Janeiro, 1997.

BRASIL. Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; (...) e dá outras

providências.

BRASIL. Resolução CONAMA 430 de 13 de maio de 2011. Brasília, DF, 2011.

BIDONE, F. R. A.; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. São Carlos: EESC/USP, 1999.

FREIRES, F. G. M.; PINHEIRO. F. A. Os resíduos sólidos e a logística reversa. In: ADISSI, P. J.; PINHEIRO,

F. A.; CARDOSO, S. C. (Orgs.). Gestão ambiental de unidades produtivas. Rio de Janeiro: Campus,

2013. p. 229-274.

INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE – INEA. NOP-INEA-031: Norma Operacional para elaboração do

índice de qualidade de destinação final de resíduos sólidos urbanos (IQDR). Rio de Janeiro, 2015.

OLIVEIRA, M.; CUNHA, C. E. S. C. P. Gestão de resíduos sólidos: estratégias e técnicas legais rumo à

destinação final ambientalmente adequada no Estado do Rio de Janeiro. In: JACCOUD, C. (Org.).

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p. 379-416.

RIO DE JANEIRO (Estado). Lei 4.191, de 30 de setembro de 2003. Dispõe sobre a Política Estadual de

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SILVA, J. A.; SOUZA, V.; MOURA, J. M. Gestão de resíduos sólidos domiciliares em Cuiabá: Gerenciamento

integrado. Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, 2., 2011, Londrina. Anais... Londrina: Editora,

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MAPEAMENTO, DIAGNÓSTICO, CODIFICAÇÃO E ANÁLISE MACROSCÓPICA

DE NASCENTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RONCADOR – MAGÉ – RJ

Aliciane de Souza Peixoto1& Cecília Bueno2 1 Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mails: [email protected]

Resumo

Este trabalho teve como objetivo, através de uma abordagem teórico-prática, identificar,

mapear e analisar as nascentes que abastecem um dos principais rios do município de Magé, o

Roncador, contribuinte direto da Baía de Guanabara, situadas em áreas preservadas e

antropizadas. foram mapeadas as nascentes com tipologias diversas, perenes e intermitentes,

cursos e olhos d’água, através das visitas em campo e utilização de geotecnologias para coleta

e análise dos dados. As nascentes forma identificadas seguindo o método de Otto Pfafstetter

em nível 6 de codificação, adotado pela ANA. Durante o mês de setembro de 2016 foram

localizadas e georreferenciadas 16 nascentes onde, que obtiveram-se uma análise qualitativa e

quantitativa das nascentes e apresentaram-se possíveis medidas para a recomposição e/ou

proteção das matas ciliares destas. Dessas, cinco estavam em ótimo estado; quatro em bom

estado; uma em estado razoável; uma em estado ruim; duas classificadas em péssimo estado e

três não puderam ser analisadas por ausência de drenagem nas nascentes. O mapeamento e

identificação de nascentes tem papel fundamental para que o município possa desempenhar

uma eficiente gestão de seus recursos hídricos, pois acredita-se que não há possibilidade de

protegê-los, assim como suas nascentes, sem que se saiba suas localizações.

Palavras-chave: índice de impacto ambiental, recursos hídricos, abastecimento de água,

saneamento ambiental, Baía de Guanabara.

Introdução

A Baía de Guanabara pode ser considerada como um estuário de inúmeros rios que

levam a ela, em média, mais de 200 mil litros de água a cada segundo. Essa água é captada

pelas bacias hidrográficas desses rios que, somados, formam a Região Hidrográfica da Baía

de Guanabara (BHV) (NEGREIROS; ARAÚJO; COREIXAS, 2002).

Município localizado no lado norte da Baía de Guanabara, Magé possui uma

população de 227.322 habitantes, de acordo com IBGE (2010) sendo 94,3% urbana e 5,7%

rural. A Bacia do Rio Roncador possui área de drenagem com cerca de 111,40 Km2,

correspondendo a aproximadamente 3% do total da área de contribuição à Baía de Guanabara

(ECOLOGUS – AGRAR, 2005).

Como apenas 39,7% da população têm acesso ao abastecimento de água (IBGE,

2010), o restante retira a água para sua sobrevivência de poços ou diretamente do rio, os quais

já não apresentam mais capacidade nem qualidade para tal objetivo, a situação já se tornou

alarmante, o que tem trazido grandes custos para a saúde. A falta d’água em Magé é

constante, a intrusão salina já ocorre nos distritos próximos ao mar e a população já se

preocupa com o que pode acontecer num futuro próximo.

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Considerando a urgência de preservar as nascentes que exercem um papel fundamental

na formação e manutenção dos recursos hídricos, e com base no mapeamento, cadastramento

e diagnóstico das nascentes do município, foram estudadas técnicas simples a serem utilizadas

na preservação e proteção destas, de acordo com as perturbações apresentadas e

características do local. Para isso, utilizou-se o Índice de Impacto Ambiental em Nascentes

(IIAN), através de uma análise macroscópica utilizando 11 parâmetros ambientais que

descrevem a situação no entorno das nascentes.

O objetivo deste trabalho foi identificar, mapear, analisar e cadastrar nascentes que

abastecem o rio Roncador, um dos principais rios do município de Magé, bem como fazer um

diagnóstico para subsidiar o planejamento municipal.

Material e Métodos

Inicialmente, foram mapeadas as nascentes com tipologias diversas, perenes e

intermitentes, cursos e olhos d’água, através das visitas em campo e utilização de

geotecnologias para coleta e análise dos dados. Para identificação das nascentes definiu-se

uma forma para codificá-las de acordo com suas localizações nas bacias hidrográficas e sub-

bacias seguindo o método de Otto Pfafstetter em nível 6 de codificação, adotado pela Agência

Nacional de Águas (ANA, 2012) (Fórmula:ID_OTTOBACn6.Distrito.NUMERO

QUANTIFICADOR).

A Avaliação Macroscópica de Nascente proposta foi aplicada nas visitas em campo

sendo uma metodologia simples e rápida, não necessitando de equipamentos e análises

laboratoriais. É composta por 11 (onze) parâmetros ambientais que descrevem a situação no

entorno das nascentes. Assim, são abordados aspectos legais, físicos, interferência antrópica e

a qualidade de preservação das nascentes por observação direta e lhes são atribuídos valores

(Tabela 1).

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Tabela 1. Metodologia de índice de impactos ambientais macroscópicos.

Parâmetros Macroscópicos Qualificação(Pontuação)

Ruim (1) Médio (2) Bom (3)

1. Cor da água Escura Clara Transparente

2. Odor Forte Com odor Não há

3. Resíduos sólidos ao redor Muito Pouco Não há

4. Materiais flutuantes (resíduo

na água) Muito Pouco Não há

5. Espumas Muito Pouco Não há

6. Óleos Muito Pouco Não há

7. Esgoto Muito Pouco Não há

8. Vegetação Degradada ou

ausente Alterada Bom estado

9. Usos Constantes Esporádico Não há

10. Acesso Fácil Difícil Sem acesso

11. Equipamentos urbanos < 50 metros Entre 50 a 100 metros > 100 metros

Fonte: Gomes et al. (2005, p. 106), adaptado de Felippe (2009, p. 131)

O somatório dos parâmetros da Tabela 1 resulta em uma pontuação que define o grau de

proteção desta nascente, o que reflete nas classificações de ‘A’ a ‘E’, preservadas a

degradadas, respectivamente (Tabela 2).

Tabela 2. Classificação das nascentes quanto aos impactos macroscópicos.

Classe Grau de Proteção Pontuação

A Ótimo 31-33

B Bom 28-30

C Razoável 25-27

D Ruim 22-24

E Péssimo Abaixo de 21

Fonte: Gomes et al. (2005, p. 107), adaptado de Felippe (2009, p. 131)

Para definição de técnicas a serem implementadas na proteção das APPs mapeadas, foi

levado em consideração a Resolução CONAMA no 429/2011, que dispõe sobre a

metodologia de recuperação das APPs. Assim, utilizou-se a metodologia de Rodrigues,

Gandolfi e Ribeiro (1992), citada por Martins (2005, p. 16), que utiliza três técnicas de

reflorestamento (Tabela 3).

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Tabela 3. Metodologia para a seleção da técnica de recomposição de matas ciliares.

Caracterização

endógena da área

Existência de

florestas naturais

próximas

Sistema de

reflorestamento Procedimento de campo

I. Vegetação

herbácea

(predominante) com

banco de sementes

inexistente

A. Ausente

B. Presente

Implantação de

pioneiras, secundárias e

climácicas.

Implantação de

pioneiras e secundárias

iniciais

Práticas de preparo e

conservação de solo,

coveamento e

acompanhamento das mudas

II. Vegetação

herbácea

(predominante) com

banco de sementes

com espécies

pioneiras em

suficiência

A. Ausente

B. Presente

Enriquecimento com

secundária e climácicas,

após ocupação pelas

pioneiras do banco de

sementes.

Indução do banco de

sementes com práticas

agrícolas (gradagem ou

capinas) e acompanhamento

das espécies geminadas

III. Vegetação

arbustiva-arbóreo

com espécies

pioneiras e

secundárias iniciais

(predominantes) –

capoeira

A. Ausente

B. Presente

Regeneração Natural

Enriquecimento com

secundárias e

climácicas no sub-

bosque da capoeira

Coveamento e

acompanhamento no interior

da capoeira

Isolamento da área

IV. Vegetação florestal

pouco perturbada

Ausente ou

presente Regeneração Natural Isolamento da área

Fonte: adaptado de Rodrigues, Gandolfi e Ribeiro (1992) apud Martins (2005, p. 16).

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Resultados e Discussão

Apesar do distrito de Santo Aleixo ser uma das áreas mais preservadas dentro do

município, ser fundo de vale, possuir altas cotas, não ser tão próximo do Centro

administrativo e ser vizinho de uma unidade de conservação, o Parque Nacional da Serra dos

Órgãos, o que deveria acarretar, de certa forma, na minimização das influências antrópicas, já

se consagra como um espaço bastante denso, com alta circulação de pessoas e veículos.

A urbanização no local está em expansão e o equilíbrio ambiental do local encontra-se

em risco. Por este motivo, o trabalho realizado teve como objetivos identificar, localizar e

cadastrar as nascentes para que conheça as áreas em que essas se encontram e, também,

analisar o grau de proteção. Para isso, utilizou-se o Índice de Impacto Ambiental em

Nascentes (IIAN), através de uma análise macroscópica utilizando 11 parâmetros já descritos

na metodologia.

Assim, durante o mês de setembro de 2016, foram localizadas e georreferenciadas 16

nascentes onde, através das metodologias apresentadas (Tabelas 1 e 2), obtiveram-se uma

análise qualitativa e quantitativa das nascentes e apresentaram-se possíveis medidas para a

recomposição e/ou proteção das matas ciliares destas (Tabela 3).

• 5 estavam em ótimo estado

• 4 em bom estado

• 1 em estado razoável

• 1 com estado ruim

• 2 classificadas em péssimo estado

• 3 sem análises por ausência de drenagem nas nascentes.

Diante dos objetivos desta pesquisa, foram identificadas e mapeadas 16 (dezesseis)

APPs de nascentes contribuintes para o abastecimento da cidade e da Bacia Hidrográfica da

Baía de Guanabara. Três (3) nascentes não possuíam fluxo para análise, das 13 nascentes

analisadas, concluiu-se que: 38,5% encontrava-se em ótimo estado; 30,8% bom; 7,6%

razoável; 7,6% ruim e 15,4% classificadas em péssimo estado.

Os valores determinados para cada parâmetro e seus somatórios totalizaram uma

pontuação a qual se pôde mensurar a classificação e o grau de proteção de cada nascente

mapeada (Tabela 4).

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Tabela 4. Modelo do cadastro de nascente com resultado da análise macroscópica.

NC_793772.2.013 Área (m2) Indefinida

Propriedade Particular

Existência de florestas naturais

próximas Sim

Uso do solo no entorno Floresta / Culturas

Presença de animais Sim

Processo Erosivo a montante Não

Altitude 345m

UTM

Coordenadas

WGS84

22°31'24.00"S

43° 1'48.60"O

Presença de espécies Invasoras Sim

Pontuação IIAM 29

Técnica Indicada 3

Data do Levantamento: 14-set-16 – 13:17:46

Fonte: Peixoto e Bueno (2016)

Conclusões

O município de Magé corre riscos de urbanização acelerada, principalmente com a

implantação do Arco Metropolitano e do COMPERJ, o que já vem trazendo aumento da

densidade demográfica e consequentemente das construções mobiliárias e de sistemas de

drenagem, retiradas da cobertura vegetal ou impermeabilização do solo, acarretando na

diminuição da infiltração da água.

Considerando que o Rio Roncador é um dos únicos rios ainda vivo na Região Hidrográfica da

Baía de Guanabara. São necessárias medidas e ações de proteção em suas nascentes, em todo

o seu curso (cílios) e em sua foz (mangues).

Outro objetivo desta pesquisa foi o de diagnosticar os distúrbios e degradação das mesmas.

Sabendo-se que as nascentes são fundamentais para a formação dos rios e a manutenção do

equilíbrio ecológico na bacia hidrográfica, assim como, para o abastecimento de água no

município de Magé que, de acordo com o IBGE (2010), apenas 39,7% da população possuem

acesso a água com tratamento simplificado e os restantes passam por sérios problemas

hídricos. Observou-se que as drenagens de nascentes, aterramento e

impermeabilização/pavimentação do solo, além de ocasionarem o desabastecimento do lençol

freático e aumentarem a velocidade do fluxo superficial, também podem causar um choque de

água doce no mangue, em sua foz, trazendo prejuízo ao desenvolvimento da vida marinha na

Baía de Guanabara.

De encontro ao último objetivo deste trabalho, as técnicas de recuperação, esta

pesquisa aponta para medidas de proteção da área de nascentes que ainda encontram-se

parcialmente preservadas e com boa quantidade e qualidade na produção de água, a fim de

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evitar futuros danos à população e, consequentemente, maiores chances de recomposição e

recuperação.

Referências

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Águas, 2012. Disponível em: <https://capacitacao.ead.unesp.br/dspace/bitstream/ana/104/1/apostila.pdf >.

Acesso em: 23 nov. 2017.

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Áreas de Preservação Permanente-APP. Disponível em: <

http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=644>. Acesso em: 06 dez. 2017.

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Janeiro, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, 2005.

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MG com base em variáveis geomorfológicas, hidrológicas e ambientais. 2009. 280f. Dissertação

(Mestrado em Geografia e Análise Ambiental) - Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas

Gerais, Belo Horizonte, 2009.

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Jun. 2005.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Informações do Município de

Magé.2010. Disponível em:

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Acesso em: 10 out. 2016.

MARTINS, S. S. Recomposição de matas ciliares no Estado do Paraná. 2. ed. Maringá: Clichetec, 2005.

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2002. Disponível em: <http://www.comitebaiadeguanabara.org.br/publication/nossos-rios-estudo-do-

instituto-baia-de-guanabara-ibg/wppa_open/>. Acesso em: 23 nov. 2017.

RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S.; RIBEIRO, C. A. Revegetação das áreas degradadas da bacia do Ceveiro,

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ANÁLISE DOS CONTAMINANTES LIGADOS À ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO OFFSHORE EM QUELÔNIOS MARINHOS,

MELHORES PRÁTICAS PARA IMPLEMENTAÇÃO EM PROJETOS DE

MONITORAMENTO DE PRAIAS

Ana Paula Cavalcante da Cruz¹ & Cecília Bueno²

¹ Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC) / Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis (IBAMA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil

² Universidade Veiga de Almeida (UVA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer atividade

potencialmente poluidora, degradadora do meio ambiente ou utilizadora de recursos naturais.

Nele são solicitados projetos de monitoramento que funcionam como medidas de avaliação

dos impactos causados pelos empreendimentos, um destes é o Projeto de Monitoramento de

Praias (PMP). O objetivo deste estudo é estabelecer protocolos desde a coleta do material,

forma de conservação, poluentes avaliados, preparação e técnicas de análise das amostras, que

subsidiem a construção dos PMPs. A escolha das tartarugas marinhas ocorreu por serem

consideradas indicadoras relevantes de contaminação pela longa expectativa de vida, posição

trófica de topo de cadeia, alta mobilidade e serem os animais mais encontrados durante o

monitoramento. Os tecidos mais coletados para análise de Hidrocarbonetos Policíclicos

Aromáticos (HPAs) e elementos-traço foram: 11 vezes sangue (73%), fígado/rins quatro

trabalhos (27%) e músculo três vezes (20%). Amostras de sangue apontaram resultados acima

dos limites de detecção definidos para os contaminantes analisados. A coleta feita de forma

simples e pouco invasiva, podendo ser realizada em animais vivos. Facilidade em obter

material suficiente para as análises. Preparo simples das amostras, diminuindo número de

análises desprezadas por técnicas de coleta e armazenamento mal empregados. Estes

argumentos reforçam a importância da utilização do sangue para análise dos contaminantes

em quelônios oriundos dos PMPs licenciados pelo IBAMA.

Palavras-chave: elementos-traço, HPA, licenciamento ambiental, sangue, tartarugas

marinhas.

Introdução

O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer

atividade potencialmente poluidora, degradadora do meio ambiente ou utilizadora de recursos

naturais. A DILIC é o setor do IBAMA responsável pela execução do licenciamento

ambiental federal. O licenciamento das atividades marítimas de Exploração e Produção (E&P)

de petróleo e gás é de responsabilidade do IBAMA, conforme divisão de competências

estabelecida pela Lei Complementar n° 140/2011 (BRASIL, 2011).

Durante o licenciamento são solicitados projetos de monitoramento que funcionam

como medidas de avaliação dos impactos causados pelos empreendimentos. Um destes é o

Projeto de Monitoramento de Praias (PMP), que consiste na coleta de dados de encalhes e

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mortandade dos tetrápodes marinhos recolhidos ao longo das praias potencialmente

impactadas.

Entre as metas do PMP estão a coleta de material biológico, dos indivíduos que são

encontrados nas praias monitoradas, para avaliação dos dados de contaminação de referência

(baseline) e o acompanhamento ao longo do tempo de funcionamento dos empreendimentos.

O objetivo deste estudo é estabelecer protocolos desde a coleta do material, forma de

conservação, poluentes avaliados, preparação das amostras e técnicas de análise, que

subsidiem um aprofundamento na construção dos PMPs que são solicitados como

condicionantes das licenças ambientais, trazendo dados que corroborem a relevância das

análises de contaminantes.

Material e Métodos

Este estudo é uma revisão da literatura especializada, realizada entre março de 2016 e

agosto de 2017. Foram realizadas consultas a periódicos, por meio de busca nos bancos de

dados Scielo, Portal Periódicos CAPES e Google Acadêmico. As palavras-chave escolhidas

para busca foram sempre em inglês, pois não é comum haver na área de estudo publicações

em língua portuguesa. Foram selecionadas as seguintes palavras: sea turtle, biomonitoring, oil

contamination, oil spill, trace metal, Polycyclic Aromatic Hydrocarbons, organic pollutants e

inorganic pollutants.

Resultados e Discussão

A escolha das tartarugas marinhas para este trabalho se deve ao fato de serem

consideradas indicadoras relevantes de contaminação ambiental pela sua longa expectativa de

vida, posição trófica de topo de cadeia e alta mobilidade, o que permite a integração da

poluição por extensas áreas (CAMACHO et al., 2014b).

Também são os animais mais comumente encontrados durante os trabalhos do PMP

(Figura 1). Em cinco anos de monitoramento do litoral brasileiro ligado ao licenciamento de

petróleo e gás, realizado por várias instituições, foram encontrados 92.154 animais. Deste

total 67.019 foram tartarugas, 22.215 aves e 2.920 mamíferos marinhos.

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Figura 1. Total de registro de encalhes, por grupo animal, entre os anos 2010 e 2015 apresentados nos

Relatórios dos PMPs arquivados no IBAMA.

Foram avaliados 15 artigos, publicados nos últimos 10 anos, em que foi coletado

material para análise em animais vivos e mortos, nas seguintes espécies: Caretta caretta

(tartaruga-cabeçuda), Chelonia mydas (tartaruga-verde), Eretmochelys imbricata (tartaruga-

de-pente), Lepidochelys kempii (tartaruga-de-kemp) e Emys marmorata (tartaruga-da-lagoa-

ocidental). As três primeiras pertencem à fauna brasileira e se encontram classificadas pela

Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da

Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como: Em Perigo (EN), Vulnerável (VU) e

Criticamente em Perigo (CR), respectivamente.

Os tecidos coletados para análise, segundo os artigos estudados, foram: 11 vezes

sangue (73%); fígado e rins em quatro trabalhos (27%), sendo um também para pesquisa e

comparação da distribuição subcelular dos elementos avaliados (7%); músculo três vezes

(20%); conteúdo biliar, ossos, pele e sistema nervoso central (SNC) uma vez e uma vez do

conteúdo esofágico e gastrintestinal dos espécimes oleados após o vazamento da plataforma

Deepwater Horizon (DWH), ocorrido no Golfo do México (7%) (Figura 2).

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Figura 2. Diferentes tecidos coletados e comparação entre o número de vezes em que cada material

biológico foi analisado nos artigos estudados. SNC – Sistema Nervoso Central e Cont esôf/gast –

conteúdo esofágico e gastrointestinal.

Os poluentes avaliados nos documentos técnicos eram aqueles ligados a atividade de

E&P de Petróleo. Contaminantes orgânicos, Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

(HPAs), os 16 compostos considerados prioritários pela U.S. Environmental Protection

Agency (EPA) que são: naftaleno, acenaftileno, acenafteno, fluoreno, fenantreno, antraceno,

fluoranteno, pireno, benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluoranteno, benzo(k)fluoranteno,

benzo(a)pireno, indeno(1,2,3-c,d)pireno, dibenzo(a,h)antraceno, benzo(ghi)perileno

(CAMACHO et al., 2014a; CAMACHO et al., 2014b; YLITALO et al., 2017) e os

elementos-traço: Al, As, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, Pt, Hg, Se, Zn e U (CAMACHO et

al., 2013; CAMACHO et al., 2014a; CAMACHO et al., 2014b; D'ILIO et al, 2011; JEREZ et

al., 2010; YLITALO et al., 2017). No trabalho de avaliação pós-acidente também foi

estimado o componente do dispersante Dioctil Sulfosuccinato de Sódio (DOSS) (YLITALO

et al., 2017).

Entre os treze artigos que mencionaram a forma de conservação das amostras sete

(53%) apresentaram coleta de sangue para análise de elementos-traço e HPAs e conservação a

temperatura de -20 °C. Três trabalhos (23%) amostraram sangue, fígado e rins para análise

dos mesmos contaminantes, contudo as amostras foram congeladas a temperatura de -80 ºC.

Outros três diferentes autores, com amostras de sangue e diferentes tecidos, analisaram

somente poluentes inorgânicos, contudo a forma de conservação das amostras variou entre -18

°C, -40 °C e -80°C (Quadro 1).

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Quadro 1. Variação nas temperaturas de conservação das amostras biológicas para sangue e tecidos

coletados.

Temperatura Toral artigos Tecido Poluente

-18 °C 1 Sangue Elementos-traço

-20 °C 7 Sangue Elementos-traço e HPAs

-40 °C 1 Diversos tecidos Elementos-traço

-70 °C 1 Sangue Elementos-traço

-80 °C 3 2 sangue e 1 fígado e rins Elementos-traço e HPAs

Segundo D'Ilio et al. (2011), não houve menção a temperatura para conservação das

amostras. Ylitalo et al. (2017) apresentaram várias formas para conservação das amostras e

das carcaças, que no momento da necropsia poderiam estar em bom estado, moderadamente

decompostas ou, mas somente a minoria, severamente decompostas. As tartarugas foram

refrigeradas e necropsiadas dentro de quatro dias da morte ou congeladas antes da necropsia,

caso não houvesse disponibilidade para realização. Tecidos e amostras gastrointestinais

armazenados até a análise a -80 °C e bile a -20 °C. Como bile degrada rapidamente amostras

foram selecionadas de tartarugas que se encontravam em boas condições pós-mortem, que

foram refrigeradas, não congeladas, e a necropsia precisou ter ocorrido no prazo de até 96 h.

Um ponto em comum nos trabalhos analisados foi a importância da refrigeração das

amostras quando houver necessidade de transporte. Neste caso a manutenção pode ser

realizada em gelo seco. As técnicas analíticas utilizadas para avaliação dos HPAs foram

sempre baseadas na cromatografia em fase gasosa aliada a espectrometria de massas

(CG/EM), com uma variação para cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de

massas operando no modo tandem (CG-EM-EM) em Camacho et al. (2014). Para análise dos

compostos inorgânicos as metodologias se basearam na espectrometria.

Entre os artigos analisados seis realizaram coleta de sangue para tentativa de

identificação de HPAs. Quatro apontaram maiores valores de HPAs de baixo peso molecular,

condizente com estruturas de cadeias simples, com até três anéis. Este resultado sugere fonte

de contaminação petrogênica (CAMACHO et al., 2014b).

Somente um trabalho analisou HPAs em tecidos. Foi realizado com os quelônios

encontrados após o acidente da plataforma DWH. Maior concentração de HPAs foi

encontrada em esôfago de tartarugas oleadas, seguido de tecido gastrointestinal e seu

conteúdo, fígado e pulmões. Amostras de tecido com maior teor de lipídios, como fígado,

geralmente apresentaram maiores níveis de HPAs em comparação com os com os órgãos de

menor porcentagem lipídica, exemplo pulmões. A análise das amostras de bile confirmou

absorção e metabolismo de HPAs em tartarugas oleadas (YLITALO et al., 2017).

Oito artigos científicos testaram elementos-traço no sangue dos quelônios marinhos. O

elemento de maior destaque foi o Zinco em quatro destes estudos. Segundo Azevedo e Chasin

(2003, p. 190), “o Zn pode acumular em animais aquáticos”. O mesmo autor descreveu que a

concentração no sangue e nos ossos aumenta rapidamente quando absorvido pela alimentação.

Este elemento na circulação encontra-se ligado à albumina em maior parte (AZEVEDO;

CHASIN, 2003). Outros elementos frequentemente observados foram Selênio e Níquel.

O uso do sangue para avaliar níveis de exposição a elementos-

traço é uma boa opção para estudos da fauna selvagem, pois as

amostras podem ser coletadas de forma não letal permitindo a

determinação simultânea e comparação dos resultados de poluentes e

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dos parâmetros clínicos que podem ser modulados por estes

contaminantes (CAMACHO et al., 2013, p. 18).

Em dois trabalhos analisados houve a avaliação dos elementos-traço nos órgãos. O

padrão de prevalência de distribuição entre os tecidos observado por Jerez et al. (2010) foi

primeiro nos músculos, seguido dos rins e depois fígado. Os mesmos autores afirmam ainda

que embora a concentração de metais na coluna de água seja geralmente baixa, devido à sua

fraca solubilidade, a precipitação no sedimento poderá expor os organismos bentônicos aos

metais. Consequentemente, indivíduos que se alimentam da fauna bêntica, composta por

organismos filtradores em sua maioria, particularmente as espécies de vida longa, como as

tartarugas marinhas, tem maior probabilidade de acumular estes contaminantes. Contudo, um

estudo comparativo realizado por D’Ilio et al. (2011), afirmou que os metais

preferencialmente acumulam no fígado.

O Quadro 2 apresenta um resumo comparativo entre os tecidos e os poluentes

analisados.

Quadro 2. Comparação entre tecidos e contaminantes analisados.

HPA sangue HPA tecidos Elementos-traço

sangue

Elementos-traço

tecidos

Seis artigos

apresentaram

análises, todos com

resultados acima dos

limites de detecção

Um artigo com maior

concentração em

esôfago de tartarugas

oleadas, seguido do

tecido gastrointestinal

e seu conteúdo,

fígado e pulmões

Sete artigos

apresentaram análises,

todos com resultados

acima dos limites de

detecção para a maioria

dos elementos testados

Dois artigos

apresentaram análises,

todos com resultados

acima dos limites de

detecção para a maioria

dos elementos testados

Conclusões

A escolha de tartarugas como bioindicadores é importante, pois são os animais mais

comumente encontrados durante os trabalhos do PMP. Outros argumentos que confirmam a

escolha dos quelônios marinhos são: posição de topo de cadeia trófica e grande longevidade,

fatores que favorecem a bioacumulação de contaminantes.

Dentre os quinze trabalhos avaliados, onze (73%) apresentaram sangue para análise de

HPAs e elementos-traço. Amostras de sangue apontaram resultados acima dos limites de

detecção definidos para contaminantes orgânicos e inorgânicos, confirmando a possibilidade

de constatação destas substâncias. A coleta é feita de forma simples e pouco invasiva,

podendo ser realizada em animais vivos, o que aumentaria a possibilidade do número de

exames. Não é difícil obter quantidade suficiente de material para as análises. O preparo das

amostras é simples, o que poderia diminuir o número de análises desprezadas por técnicas de

coleta e armazenamento mal empregados. Desta forma conclui-se que é importante a

utilização do sangue para análise dos contaminantes em quelônios oriundos dos PMPs

licenciados pelo IBAMA.

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Referências

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BRASIL. Lei Complementar n. 140, de 8 de dezembro de 2011.

CAMACHO, M.; ORÓS, J; HENRÍQUEZ-HERNÁNDEZ, L. A.; VALERÓN, P.; BOADA, L. D.;

ZACCARONI, A.; ZUMBADO, M.; LUZARDO, O. P. Influence of the rehabilitation of injured

loggerhead turtles (Caretta caretta) on their blood levels of environmental organic pollutants and

elements. Science of the Total Environment, n. 487, p. 436-442, 2014a.

CAMACHO, M.; BOADA, L. D.; ORÓS, J.; LÓPEZ, P.; ZUMBADO, M.; ALMEIDA-GONZÁLEZ, M.;

LUZARDO, O. P. Monitoring organic and inorganic pollutants in juvenile live sea turtles: results

from a study of Chelonia mydas and Eretmochelys imbricata in Cape Verde. Science of the Total

Environment, n. 481, p. 303-310, 2014b.

CAMACHO, M.; ORÓS, J.; BOADA, L. D.; ZACCARONI, A.; SILVI, M.; FORMIGARO, C.; LÓPEZ, P.;

ZUMBADO, M.; LUZARDO, O. Potential adverse effects of inorganic pollutants on clinical

parameters of loggerhead sea turtles (Caretta caretta): results from a nesting colony from Cape Verde,

West Africa. Marine Environmental Research, n. 92, p. 15-22, 2013.

D’ILIO, S.; MATTEI, D.; BLASI, M. F.; ALIMONTI, A.; BOGIALLI, S. The occurrence of chemical

elements and POPs in loggerhead turtles (Caretta caretta): an overview. Marine Pollution Bulletin, v.

62, n. 8, p. 1606-1615, 2011.

JEREZ, S.; MOTAS, M.; CÁNOVAS, R. Á.; TALAVERA, J.; ALMELA, R. M.; DEL RÍO, A. B. Accumulation

and tissue distribution of heavy metals and essential elements in loggerhead turtles (Caretta caretta)

from Spanish Mediterranean coastline of Murcia. Chemosphere, v. 78, n. 3, p. 256-264, 2010.

YLITALO, G. M.; COLLIER, T. K.; ANULACION, B. F.; JUAIRE, K.; BOYER, R. H.; DA SILVA, D. A. M.;

KEENE, J. L.; STACY, B. A. Determining oil and dispersant exposure in sea turtles from the

northern Gulf of Mexico resulting from the Deepwater Horizon oil spill. Endangered Species

Research, v. 33, p. 9-24, 2017.

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CRIAÇÃO DO QR CODE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA -

PESET

Benedito Célio Pacheco,1 & Natalie Olifiers2

1Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ,

Brasil 2 Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

O QR Code foi criado em 1994 pela empresa Japonesa Denso Wave. Atualmente, ele é

largamente utilizado em várias áreas, como o turismo e, sua leitura é feita por smartphone.

Após decodificação, ele passa a ser um trecho de texto, uma foto ou um link. A implantação

de QR Code pode ser estendida também a unidades de conservação como ferramenta de

informação e educação ambiental. Este trabalho tem como objetivo a criação de um QR Code

a ser implantado no Parque Estadual da Serra da Tiririca que permita ao visitante se interar

sobre os atrativos do parque e também possibilitar a educação dos usuários quanto ao

comportamento que deve ser adotado durante as visitas ao parque, com foco no mínimo

impacto ao meio ambiente.

Palavras-chave: educação ambiental, natureza, Parque Estadual da Tiririca, QR Code,

turismo.

Introdução

Nas últimas décadas tem-se observado uma verdadeira revolução tecnológica,

principalmente com o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação

(TICs), que permitiram que a informação pudesse ser acessada em praticamente qualquer

lugar (internet e smartphone). Dentre as tecnologias mais recentes, está o QR Code (Quick

Response Codes), um código de barras bidimensional que pode ser interpretado rapidamente

ao ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares que possuem câmera fotográfica

(PEREIRA; SILVA, 2010; DENSO WAVE INCORPORATED, 2017a).

O QR Code foi criado em 1994 pela empresa Japonesa Denso Wave, mas somente

em 2002 foi lançado o primeiro celular que fizesse a sua leitura. Atualmente, o QR Code é

largamente utilizado em várias áreas, como indústria, comércio, educação e turismo e, sua

leitura é feita por smartphone através de aplicativos disponíveis gratuitamente. Após

decodificação, ele passa a ser um trecho de texto, um vídeo, uma foto ou um link que irá

redirecionar o acesso ao conteúdo publicado em algum site (DENSO WAVE

INCORPORATED, 2017b).

A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, utiliza QR Code desde 2013 quando foi

implantado no calçadão da Praia do Arpoador. Neste caso e em outros diversos, O QR Code é

utilizado como uma ação voltada para o turismo, com os códigos espalhados por várias

regiões da cidade que fornecem informações sobre a origem da região, além de dicas de

atividades turísticas, culturais e gastronômicas (BORGES, 2013).

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A implantação de QR Code pode ser estendida também à área da Biologia da

Conservação, sendo implantando por exemplo em unidades de conservação, proporcionando

aos visitantes informações, instruções, comodidade e interação com a natureza, além de

contribuir com a noção de cidadania e de educação ambiental. Assim, QR Code foi

recentemente implantado no Parque Municipal de Belo Horizonte (PREFEITURA DE BELO

HORIZONTE, 2016), na identificação de árvores em Campinas (BACARAT, 2014) e no

município de Niterói (PREFEITURA DE NITEROI, 2016), o que contribuiu ainda para o

mapeamento das árvores pelo órgão responsável naquelas cidades. Apesar de sua utilidade

como ferramenta educacional, a grande maioria das unidades de conservação no Brasil não se

utiliza do QR Code; o mesmo é verdade para o estado do Rio de Janeiro, incluindo o Parque

Estadual da Serra da Tiririca.

O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) foi fundado em 1991 e abrange

3.493 hectares nos municípios de Niterói e Maricá, sendo um dos últimos remanescentes de

Mata Atlântica da região e considerado um reduto da biodiversidade local (ESTADO DO RIO

DE JANEIRO, 1991; INEA, 2015a). Abrangendo uma parte marinha e outra continental, é

constituído por dunas, restingas, manguezais e banhado pelo entorno da lagoa de Itaipu; parte

da Reserva Ecológica Darcy Ribeiro; o Morro da Peça e as porções emersas das ilhas

marinhas do Pai, da Mãe e da Menina (Niterói). A localização tão próxima aos centros

urbanos lhe confere um atributo de disseminador de ideias, conceitos, história e políticas

ambientais para a sociedade, tendo importância para o ecoturismo, caminhadas ecológicas e o

montanhismo. O parque também possui quatro sítios pré-históricos e três sítios históricos,

incluindo a estrada por onde passou Charles Darwin em 1832, quando a caminho de Cabo

Frio. Segundo o INEA (2015b), por exemplo, em 2012 o parque registrou aproximadamente

83 mil visitantes.

Este trabalho tem como objetivo a criação de um QR Code a ser implantado no

PESET que permita ao visitante se interar melhor sobre os atrativos do parque, contendo

informações sobre trilhas, fauna, flora, segurança, placas informativas, entre outros. Busca-se

com isso unir tecnologia, turismo e conservação, revelando aos visitantes os principais

atrativos do parque, além de educar os usuários quanto ao comportamento que deve ser

adotado durante as visitas ao parque, com foco no mínimo impacto ao meio ambiente.

Material e Métodos

Em uma primeira etapa foi realizada a análise do Plano de Manejo do parque (INEA,

2015a) e do Guia de Trilhas da Serra da Tiririca (INEA, 2015b) para determinar as

informações que fariam parte do QR Code, tais como: instalações do parque, infraestrutura,

acessos, atividades permitidas, trilhas, placas de sinalização, flora, fauna, sítios arqueológicos

e históricos. O PESET apresenta 16 áreas propícias à visitação o ano todo e que podem ser

contempladas com QR Code.

A segunda etapa consistiu em um estudo de campo, no qual das 16 áreas abertas à

visitação, foram selecionadas 6 para o estudo piloto durante o qual os QR Code serão

implantados: Caminho Darwin, Costão de Itacoatiara, Trilha do Córrego dos Colibris, Trilha

das Esmeraldas, Enseada do Bananal e Trilha do Alto Catumbi/Pedreira de Inoã. A escolha

foi feita a partir de critérios como: possibilidade de educação ambiental, alto número de

visitantes e conhecimento histórico. Nestas trilhas, informações obtidas in loco foram

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comparadas às do plano de manejo e guia das trilhas: as instalações do parque e seu estado de

conservação; a infraestrutura colocada à disposição do visitante, como banheiros e lixeiras; as

condições dos acessos e as placas de sinalização; atividades permitidas (caminhada curta,

escalada, montanhismo, recreação, esportes náuticos, observação de aves, mergulho,

fotografia); as trilhas e suas condições; tipo de flora e fauna na área das trilhas; os sítios

arqueológicos e históricos. Com base nessas visitas, foram selecionadas as informações a

serem disponibilizadas nos QR Code, bem como o local e como serão implantados.

Em uma terceira etapa foi construído um blog de Educação Ambiental que traz

informações sobre o parque, como horário de funcionamento; infraestrutura; mapa do parque;

clima e temperatura; flora e fauna; atrativos e época de visitação; acessos; entre outros. O QR

Code conterá link de acesso ao blog, para que informações mais recentes possam ser

acessadas pelo visitante.

Resultados e Discussão

Os códigos serão fixados em placas já existentes nas áreas selecionadas e as

informações irão abranger, por exemplo, desde a localização da região dentro do parque, até

nível e duração da caminhada, atividades que podem ser realizadas no local e como proceder

para preservação de cada área. As informações de cada QR Code também ficarão disponíveis

no blog https://wordpress.com/post/educacaoambientaldotblog.wordpress.com, que estará

disponível para o visitante do parque junto ao QR Code. Em princípio, os QR Code serão

colocados em pequenos quadrados de acrílico transparente (0,5 x 0,5 cm) que serão colados a

placas informativas já existentes nas trilhas. Em seguida, três lados do quadrado serão

vedados com silicone, sendo o quarto lado (lateral) mantido aberto para a inserção do QR

Code, que será impresso em impressora a laser, em papel cartonado. Este procedimento

permitirá que os códigos sejam substituídos por outros com informações mais recentes,

sempre que necessário.

Figura 1. QR Codes gerados para colocação no Parque Estadual da Serra da Tiririca. Cada QR Code

terá informações sobre trilhas; locais para visitação; a história dos locais mais importantes; entre

outros. Fonte: o autor (2017)

Para fins de ilustração, são apresentados o conteúdo de dois QR Codes. No QR Code

Caminho Darwin será disponibilizado o seguinte texto:

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Texto a ser disponibilizado no QR Code do Caminho Darwin: “Esta estrada tem 2 km de

extensão em terreno praticamente plano e corta o parque entre Niterói (o Engenho do Mato) e

Maricá (Itaocaia). O naturalista Charles Darwin percorreu esta trilha em 1832, quando fez

relatos sobre a área, sua flora e fauna e acontecimentos marcantes, como o suicídio de uma

escrava da Fazenda Itaocaia. O naturalista ficou impressionado com o valor dado a “perda

material” em detrimento da vida humana.”

Texto a ser disponibilizado no QR Code do Costão de Itacoatiara: “Esta trilha tem 2 km

de extensão em terreno íngreme e a duração da caminhada é de aproximadamente de 2 horas

em um nível de dificuldade moderado. Ao chegar ao cume da trilha se tem uma visão

deslumbrante das praias de Itacoatiara, Camboinhas, Itaipu e Piratininga. É considerada uma

área importante de patrimônio genético da fauna e flora do estado.

Com a utilização do QR Code no PESET almeja-se uma maior integração entre

homem e meio ambiente, utilizando-se de tecnologia que pode ser facilmente acessada pela

grande maioria dos visitantes que se utilizam de smartphone. Ainda, os QR Code tem um

custo relativamente baixo, uma vez que podem ser gerados gratuitamente através de

programas disponíveis livremente na rede e, o custo de sua impressão e implantação nas

placas já existentes é muito inferior ao de criação e implantação das placas informativas que

geralmente são utilizadas em unidades de conservação. Adicionalmente, o QR Code possui

um link para página na rede de internet (inicialmente o blog), o visitante poderá ter acesso a

informações adicionais e atualizadas (por exemplo, fotos coloridas de espécies).

O estudo piloto permitirá a verificação da eficácia dos QR Code em termos de sua

instalação física. Posteriormente, planeja-se entrevistar os usuários do parque para a

verificação da eficácia do QR Code quanto a instrumento informativo e de educação

ambiental.

Conclusões

Com a implantação do QR Code, será possível ter um parque mais interativo e

gerador de uma cultura de preservação, com um olhar mais voltado para a educação dos

visitantes, por meio da tecnologia, que é tão presente nos dias atuais. É imprescindível aliar

tecnologia às políticas públicas, com a finalidade de ajudar a proteger efetivamente o PESET.

Espera-se que este trabalho possa ser utilizado como modelo para a implantação de QR Code

em outras unidades de conservação do país.

Agradecimentos Agradecemos ao Prof Anderson Amendoeira Namen pela revisão e considerações feitas no trabalho e à

equipe do PESET, em especial ao Felipe Queiroz.

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PROPOSTA DE JOGO DIGITAL PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE CRIANÇAS

DE 6 A 10 ANOS

Bruno Araújo Freire1, Cecilia Bueno1 & Anderson Amendoeira Namen1,2 1Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mails: [email protected], [email protected], [email protected]

Resumo

A educação ambiental é uma das temáticas mais relevantes na contemporaneidade, pela

urgência em se mudar o comportamento das pessoas, de modo a promover o uso adequado

dos recursos e bens naturais visando à sustentabilidade. Os jogos eletrônicos podem ser

aplicados como ferramentas de apoio à educação, favorecendo o desenvolvimento cognitivo,

por intermédio do cumprimento das regras e atendimento às estratégias inseridas em seus

desenhos. A partir de ampla pesquisa de jogos relacionados ao meio ambiente, propôs-se o

desenvolvimento de um jogo diferenciado, com abordagem de diferentes problemas

ambientais, fato não considerado no desenho de outras soluções, que tratam um número muito

limitado de problemas. Como resultado da pesquisa, foi desenvolvido o Game Design

Document do jogo Minha Vida, que aborda aspectos como descarte de resíduos, poluição

atmosférica, contaminação da água, desmatamento e uso indiscriminado de agrotóxicos.

Acredita-se que esse documento possa servir de base para a construção de uma ferramenta de

apoio ao ensino, que sensibilize os estudantes para os temas relacionados à preservação do

meio ambiente e à sustentabilidade.

Palavras-chave: jogo eletrônico, meio ambiente, sustentabilidade.

Introdução

Apesar do grande avanço da tecnologia, existe ainda, atualmente, uma forte

desconexão entre a forma como os alunos são ensinados na escola e as exigências da realidade

do século XXI. É fundamental que a educação não só busque mitigar essa desconexão para

tornar esses dois "mundos" mais transparentes, mas também que alavanque o poder das

tecnologias emergentes para o ganho de instrução (KLOPFER et al., 2009).

Segundo Calisto, Barbosa e Silva (2010), os jogos educativos digitais têm se

disseminado cada vez mais, contribuindo para o processo de aprendizagem a partir da

disponibilização de informações de forma lúdica, apresentando-as de maneiras diversas por

intermédio de imagens, sons, textos e filmes, entre outros recursos, e mobilizando o aprendiz

para os temas desejados. Estes autores citam Amory (2001), afirmando que os jogos

disponibilizam ambientes onde o jogador imerge em micro mundos construtivistas, que lhe

apresentam situações desafiadoras as quais terá de solucionar.

Para Mattar (2010), os jogos digitais permitem que o jogador construa e participe de

forma ativa no seu processo de aprendizagem. Focando mais especificamente nas questões do

meio ambiente e da sustentabilidade, jogos pedagógicos com temática ambiental constituem

uma opção motivadora e estimulante quando utilizados no cotidiano escolar, de maneira a

favorecer o desenvolvimento cognitivo e facilitar a construção de consciência ambiental

(MOÇO; VENTURA; MALHEIRO, 2016).

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Dentro dessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo geral propor um jogo

para educação ambiental voltado para estudantes de 6 a 10 anos. O jogo proposto,

denominado Minha Vida, poderá ser utilizado em tablets, smartphones, e utilizado como

ferramenta de apoio em escolas. Ele aborda aspectos como descarte de resíduos, poluição

atmosférica, contaminação da água, desmatamento, e uso indiscriminado de agrotóxicos.

Busca-se, como maior contribuição, apresentar uma proposta que se diferencie em relação a

outros jogos voltados para educação ambiental, com abordagem de diferentes problemas

ambientais, fato não considerado no desenho de outras soluções, que abrangem um número

muito limitado de problemas. Ademais, propõe-se a construção de uma solução mais

interativa, visando maior motivação dos jogadores (alunos) e, consequentemente, impactando

nos resultados do processo ensino-aprendizagem.

Ressalta-se que essa proposta foi realizada a partir de uma análise prévia de diferentes

jogos digitais na área ambiental e da busca pelo atendimento a algumas lacunas existentes

nesses jogos. Para atender essas lacunas foi desenvolvido o documento de desenho do jogo

Minha Vida (ou GDD – Game Design Document), artefato fundamental para equipes de

desenvolvimento de software, uma vez que nele são apresentadas as regras, conceitos,

concepções e artes a serem desenvolvidos (ROGERS, 2013), ou seja, todos os detalhes

relacionados à jogabilidade.

Material e Métodos

Para alcançar os objetivos propostos no presente trabalho, a metodologia aplicada na

pesquisa consistiu na realização de:

• Pesquisa ampla sobre a aplicação de jogos na educação, com foco na educação

ambiental. Ademais, realização de uma análise detalhada dos recursos disponíveis

em jogos voltados para essa área, com avaliação dos pontos positivos e negativos a

estes relacionados;

• Pesquisa sobre os elementos que devem compor a estrutura do GDD, que

caracteriza os recursos, fases, desafios e, de um modo geral, os artefatos existentes

em um jogo digital;

• Proposição, com base nas pesquisas acima desenvolvidas, de um jogo que

possuísse diferenciais positivos em relação aos jogos avaliados e apresentação do

respectivo GDD que descrevesse a solução proposta.

Efetuou-se uma análise de jogos computadorizados para educação ambiental,

buscando-se a identificação de aspectos positivos e negativos relacionados aos mesmos, base

para posterior apresentação de uma proposta de jogo que se diferenciasse em relação aos já

existentes.

Resultados e Discussão

Foram selecionados 9 jogos, a partir da realização de extensa pesquisa de artigos em

revistas nacionais e internacionais, e dissertações relacionadas ao uso de jogos para educação

ambiental. Nestas consultas, realizadas em bases digitais, como Scielo, Periódicos CAPES,

Google Acadêmico e Latindex, foram utilizadas combinações de palavras chave, como games,

educação ambiental, meio ambiente, jogos digitais, jogos computadorizados, jogos virtuais e

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jogos na educação. Maior foco foi dado na busca de artefatos desenvolvidos em língua

portuguesa, mas também houve a seleção de solução desenvolvida em outro país.

Foram avaliados os jogos Calangos (LOULA et al., 2009; MACHADO et al., 2014),

A Fazenda (SILVA; PASSERINO, 2007), Tartarugas (SANTOS FILHO et al., 2008), Urihi

(CAMPOS et al., 2013), NiceTown (FERREIRA et al., 2014; FERREIRA; RODRIGUES,

2015), Eco Trash (ALVES et al., 2013), Consumo Consciente (MARTINS et al., 2012),

Electrocity (SCHEER; MARTINS; SILVA, 2012) e o Jogo da Glória (MOÇO; VENTURA;

MALHEIRO, 2016).

Constatou-se que as soluções analisadas, de uma maneira geral, exploram um número

muito inferior de temas relacionados ao meio ambiente, comparativamente à proposta

apresentada. Além disso, alguns jogos apresentam um ambiente pouco interativo quando

comparado ao desenho proposto para o Jogo Minha Vida. Algumas soluções, apesar de

apresentarem ambientes dinâmicos e interativos, ou são voltadas para uma faixa etária mais

avançada e/ou ainda abordam o uso de dinheiro e/ou investimentos, o que não é o foco de

interesse da proposta da presente pesquisa. Detalhes dos diferentes jogos e suas respectivas

avaliações podem ser encontrados em Freire (2017).

Cabe ressaltar que o jogo Minha Vida pode ser inserido na dimensão pragmática,

dentro das diferentes concepções existentes sobre educação ambiental. Nessa dimensão

observa-se maior foco na ação, buscando soluções para os problemas ambientais; dá-se ênfase

ao manejo sustentável de recursos naturais, à mudança do comportamento individual apoiada

por informações sobre o tema (SILVA; CAMPINA, 2011).

Conclusões

O diferencial do jogo proposto neste trabalho está na diversidade de problemas

ambientais abordados num único jogo e também no fato de ser apresentado em 3D, quando a

maioria dos jogos pesquisados para a faixa-etária a qual se destina (6 a 10 anos) é apresentada

em 2D.

O jogo Minha Vida, na comparação com os jogos pesquisados, mostra-se mais atrativo

e lúdico, pois apresenta desafios que motivam e incentivam o jogador a continuar jogando. As

situações apresentadas no jogo ajudam a criança a lidar com o novo e encontrar soluções para

problemas, e criar soluções para problemas é a proposta da aprendizagem.

Espera-se que, em trabalhos futuros, o jogo Minha Vida seja implementado utilizando

por base o GDD apresentado. Ademais, sugere-se também que futuros trabalhos aprimorem o

documento de design do jogo, incluindo, por exemplo, novos desafios ambientais tais como a

caça ou apanha de animais, além de possibilitar a interação em equipe, ou seja, a realização de

jogos em que grupos de estudantes possam interagir entre si. Acredita-se que tais

aprimoramentos poderiam torná-lo ainda mais interessante e instrutivo, atendendo também às

considerações que abordam os aspectos interacionistas no processo de aprendizagem.

Referências

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CENÁRIO ATUAL DA GESTÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS NO BRASIL: UMA

AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE OS ESTADOS DE SÃO PAULO, MINAS

GERAIS E RIO DE JANEIRO

Camila de Leon Lousada Borges1, Andréa Oliveira2 & Vanilson Fragoso3 1 MBA em Planejamento e Gestão Ambiental, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2 Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Meio Ambiente (DIBAP/INEA), Rio

de Janeiro, RJ, Brasil 3 Professor do curso de MBA em Planejamento e Gestão Ambiental, Universidade Veiga de Almeida – UVA, Rio

de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

Nas áreas contaminadas ocorre a presença de substâncias perigosas no solo e/ou em águas

subterrâneas, podendo representar riscos potenciais à saúde e ao ambiente. No entanto, apenas

três estados possuem o cadastro de áreas contaminadas (SP, MG e RJ). O estudo realizou uma

comparação da gestão de ACs nesses estados. Os dados foram obtidos em websites dos

órgãos ambientais e questionário via e-mail. SP, em 2016, continha 5.662 ACs, MG, 642 e

RJ, em 2015, 328. SP possui 29% das áreas em processo de remediação e 25% em fase de

monitoramento para encerramento. Seguido de MG com 35% das áreas em monitoramento

para a reabilitação e 20% de áreas reabilitadas. RJ, porém, está em estágio inicial de

avaliação, com 46% das áreas Contaminadas sob Investigação e 39% Contaminadas sob

Intervenção. Entre os critérios da CONAMA n°420/2009 não atendidos, destacam-se: os

VRQs no RJ e a definição das ACs críticas em RJ e MG. Os principais desafios à gestão de

ACs apontados pelos órgãos ambientais foram, a insuficiência de funcionários e a escassez de

recursos públicos. Entre as ações dos estados para o aprimoramento da gestão dessas áreas,

destacam-se: a realização de cursos e treinamentos pela CETESB e a implementação da

Planilha de Risco pela FEAM. SP, está mais desenvolvido em relação à gestão de ACs,

seguido de MG e RJ.

Palavras-chave: CONAMA n°420/2009, contaminação do solo, gestão ambiental.

Introdução

As áreas contaminadas (ACs) são locais onde ocorre a presença de substâncias

perigosas dispostas no solo e/ou em águas subterrâneas de forma a representar um risco

potencial à saúde humana e/ou ao meio ambiente. A origem dessas áreas está relacionada,

entre outras, à falta de conhecimento de procedimentos seguros de manejo, disposição e

transporte de substâncias perigosas no passado, (CETESB, 2016) ou à negligência por parte

dos atores responsáveis.

No Brasil, o gerenciamento de áreas contaminadas ainda é uma atividade recente e

pouco desenvolvida. Foi somente a partir da Resolução CONAMA n°420/2009 (BRASIL,

2009) que trata, entre outros, sobre diretrizes para o gerenciamento de áreas contaminadas,

que alguns estados começaram a implementar medidas para a gestão dessas áreas. A exceção

foi o estado de São Paulo, que em 2002 já possuía o primeiro cadastro de áreas contaminadas

(CETESB, 2002). Hoje, após 8 anos da referida resolução, pouco foi feito em relação ao

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gerenciamento dessas áreas: cerca de 90% dos estados brasileiros ainda não possuem uma

legislação específica sobre o tema ou mesmo um cadastro oficial de áreas contaminadas. O

presente trabalho objetiva realizar uma avaliação comparativa entre os estados de São Paulo,

Minas Gerais e Rio de Janeiro em relação ao gerenciamento de áreas contaminadas e ao

cumprimento à resolução CONAMA n°420/2009 (BRASIl, 2009). Além disso, será avaliado

como a gestão de áreas contaminadas está sendo administrada pelos órgãos ambientais desses

estados, discutindo quais os principais entraves e desafios ao desenvolvimento da gestão

efetiva dessas áreas.

Material e Métodos

Os dados apresentados nesse estudo foram obtidos através de pesquisas em artigos

científicos, sítios eletrônicos de institutos de pesquisa e de órgãos ambientais estaduais. Além

disso, realizou-se um questionário encaminhado via correio eletrônico aos órgãos ambientais

dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro que continha as seguintes perguntas:

- Em sua opinião, quais os principais desafios encontrados pelo órgão ambiental no que se

refere à gestão de áreas contaminadas?

- Quais dos procedimentos e ações definidos na Resolução na CONAMA nº 420/2009

(BRASIL, 2009) (em especial artigo 8° e artigo 38) já foram implementados pelo órgão

ambiental?

- Existem medidas e/ou propostas para aprimorar a gestão de áreas contaminadas em seu

estado? Em caso afirmativo, qual a previsão para a implementação dessas medidas?

Para o estado do Rio de Janeiro, as informações referentes ao questionário, foram

adquiridas conforme Santos (2016).

O tempo dado aos órgãos ambientais para a resposta ao questionário foi de 30 dias.

Resultados e discussão

Em São Paulo, o último cadastro de áreas contaminadas foi realizado em 2016 e

continha 5.662 áreas. Deste total, 4.137 (73% das áreas contaminadas) eram representadas por

postos de combustíveis, 1.002 (18%) eram provenientes de atividades industriais, 300 (5%) de

atividades comerciais e 172 áreas (3%) de resíduos. Por último, estão os acidentes, agricultura

e fonte desconhecida, que juntas somavam 51 áreas, correspondendo a 1% do total de áreas

contaminadas (CETESB, 2016) (Figura 1).

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Figura 1. Percentuais de áreas contaminadas no estado de São Paulo em 2016, segundo a tipologia

estabelecida pela CETESB.

Em relação à classificação dessas áreas, existem no estado 521 áreas classificadas

como Área contaminada com risco confirmado (ACRi), 74 como Área Contaminada em

Processo de Reutilização (ACRu), 1.025 como Área contaminada sob Investigação (ACI),

1.424 como Área em Processo de Monitoramento para Encerramento (AME), 1.631 como

Área em Processo de Remedição (ACRe) e 6.987 como Área Reabilitada para Uso Declarado

(AR) (CETESB, 2016) (Figura 2). Isso significa que a maioria (29%) está em processo de

remediação ou processo de monitoramento para encerramento (25%) (CETESB, 2016).

Figura 2. Percentuais de áreas contaminadas no estado de São Paulo em 2016, segundo classificação

estabelecida pela CETESB.

Minas Gerais, no mesmo ano, possuía 642 áreas. Deste total, 475 eram postos de

combustíveis, representando 74% das áreas; seguido da indústria metalúrgica com 64 (10%) e

transporte ferroviário com 44 (7%). As demais áreas eram representadas por refino de

petróleo com 19 (3%), base de combustíveis com 14 (2%), mineração com 13 (2%) e indústria

química com 3 áreas (2%) (FEAM, 2016) (Figura 3). A pesar do número significativo de

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postos de combustíveis, é preciso também que se dê atenção às áreas de mineração, devido ao

grande desenvolvimento dessa atividade na região (FEAM, 2016).

Figura 3. Percentuais de áreas contaminadas no estado de Minas Gerais em 2016, segundo a tipologia

estabelecida pela FEAM.

Em relação à classificação dessas áreas, foram registradas em 2016, 118 áreas

classificadas como Área Contaminada sob Investigação (AI), 172 como Área Contaminada

Sob Intervenção (AC), 222 como Área em Monitoramento para Reabilitação (AMR) e 131

como Área Reabilitada (AR). A maioria (35%), portanto, encontra-se em monitoramento para

a reabilitação ou área reabilitada (20%) (FEAM, 2016) (Figura 4).

Figura 4. Percentuais de áreas contaminadas no estado de Minas Gerais em 2016, segundo

classificação estabelecida pela FEAM.

O estado do Rio de Janeiro, em seu último cadastro divulgado em 2015, possuía 328

áreas. Desse total, 192 eram postos de combustíveis, o que correspondia a 59% das áreas;

seguido da indústria com 111 (34%), aterro de resíduos com 10 (3%) e viação com 15 áreas

(4%) (INEA, 2015) (Figura 5). Esse estado é o que apresenta maior proporção de ACs

cadastradas em indústrias comparado aos demais.

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Figura 5. Percentuais de áreas contaminadas no estado do Rio de Janeiro em 2015, segundo a

tipologia estabelecida pelo INEA.

Figura 6. Percentuais de áreas contaminadas no estado do Rio de Janeiro em 2015, segundo a

classificação estabelecida pelo INEA.

Em relação à classificação, foram registradas 150 Áreas Contaminadas sob

Investigação (AI), 127 Áreas Contaminadas sob Intervenção (ACI), 40 Áreas em Processo de

Monitoramento para Reabilitação (AMR), 11 Áreas Reabilitadas para uso Declarado (AR). A

maioria das áreas, portanto, encontra-se em estágio inicial de avaliação com 46% classificadas

como AI e 39% ACI (INEA, 2015) (Figura 6). Além disso, até a divulgação desse trabalho, o

Rio de Janeiro ainda não tinha atualizado seu cadastro de áreas contaminadas. Todos esses

fatores, portanto, refletem diretamente no seu menor desempenho em relação à gestão de ACs

comparado aos demais estados.

A partir dos dados disponíveis no cadastro de áreas contaminadas dos três estados

avaliados, verificou-se que grande parte da contaminação é oriunda de postos de combustíveis

e indústrias de transformação. Sabe-se que o número expressivo de áreas de postos de

combustíveis é justificado pelo cumprimento à Resolução CONAMA n°273/2000, e a

implementação de leis específicas que regulamentam esse tipo de atividade. Os principais

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grupos de contaminantes encontrados, portanto, estão relacionados à revenda de

combustíveis: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX).

Em relação aos requisitos definidos na Resolução CONAMA n°420/2009 (BRASIL,

2009) que já foram implementados pelo órgão ambiental (artigo 8° e artigo 38), São Paulo

não atende a 2, o inciso VII (descrição dos bens a proteger e distância da fonte poluidora) e o

inciso VIII (cenários de risco e rotas de exposição). Os demais incisos são atendidos (4) ou

atendidos parcialmente (5). O estado de Minas Gerais não atende a 4 requisitos, o inciso VII e

VIII, bem como o inciso IX (formas de intervenção) e inciso X (áreas contaminadas críticas).

Os demais incisos são atendidos (2) ou atendidos parcialmente (5). O estado do Rio de Janeiro

não atende a 4 requisitos, o inciso VII, VIII, X e Artigo 8° (valores de referência da qualidade

do solo – VRQ). Os demais incisos são atendidos (2) ou atendidos parcialmente (5). Somente

São Paulo atende ao inciso X, possuindo inclusive um Grupo Gestor de Áreas Críticas na

CETESB.

A definição das áreas contaminadas críticas é de suma importância devido as suas

complexidades e aos riscos que elas representam tendo, portanto, a necessidade de um

procedimento de gerenciamento diferenciado em relação às outras áreas. Em relação às

formas de intervenção (inciso IX, não atendido pelo estado de Minas Gerais), é fundamental

que o órgão ambiental tenha e divulgue informações relativas às mesmas, para que se possam

avaliar adequadamente as técnicas de remediação utilizadas. Sabe-se que a escolha da técnica

de remedição não é uma tarefa simples, pois existem muitos fatores a serem considerados

como, por exemplo, as características físico-químicas do contaminante, sua concentração e

meios de exposição (MORAES; TEIXEIRA; MAXIMIANO, 2014). Outro requisito

importante (não atendido pelo estado do Rio de Janeiro) são os VQR. Esses valores são

ferramentas de gestão essenciais para que ocorram ações efetivas de avaliação e remedição

das áreas contaminadas. Sabe-se que a maioria dos estados brasileiros fazem uso dos valores

de referência de outros estados. Isso pode desqualificar as ações de remediação e prejudicar o

gerenciamento efetivo dessas áreas, pois, dependendo da região, cada solo possui

peculiaridades e características geológicas distintas (FERNANDES et al., 2009).

Em relação à resposta ao questionário eletrônico, os principais desafios apontados pelo

órgão ambiental do estado de São Paulo (CETESB) no que se refere à gestão de áreas

contaminadas foram: o aprimoramento técnico dos trabalhos de Gerenciamento de Áreas

Contaminadas; o controle na reutilização e desativação de Áreas com Potencial de

Contaminação; a indisponibilidade financeira dos responsáveis legais pelas Áreas

Contaminadas para promover o diagnóstico e a recuperação adequada. Minas Gerais relatou a

falta de profissionais e a falta de qualidade técnica das empresas de consultoria.

O estado e Rio de Janeiro apontou como principais desafios: a morosidade do órgão

ambiental devido ao número reduzido de funcionários (1 geólogo, 1 oceanógrafo, 2

engenheiros químicos, 1 químico); a falta de um corpo técnico mais diversificado com outros

profissionais da área ambiental e a dificuldade do órgão em atualizar as etapas de

gerenciamento (classificação das áreas). A falta de funcionários foi um dos principais desafios

ao gerenciamento de áreas contaminadas relatado tanto em Minas Gerais como no Rio de

Janeiro. Este também foi um dos principais problemas apontados pelos órgãos ambientais no

Brasil, em estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

(IPT) (TAVARES; RISSARDI; CAVANI, 2016).

Sobre a pergunta feita a respeito da existência de medidas e/ou propostas para

aprimorar a gestão de áreas contaminadas e o prazo para a implementação dessas medidas, o

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órgão ambiental de São Paulo (CETESB) destacou ações como os novos procedimentos

publicados em fevereiro deste ano: Decisão de Diretoria n° 038/2017/C, que aprimora e

agiliza o gerenciamento de áreas contaminadas; Resoluções SMA n°10/2017 (SÃO PAULO,

2017a), que dispõe sobre a definição das atividades potencialmente geradoras de áreas

contaminadas e SMA n°11/2017 SÃO PAULO, 2017b), que dispõe sobre a definição das

regiões prioritárias para a identificação de áreas contaminadas; a realização periódica de

cursos e treinamentos para o público interno e externo e a atualização, em andamento, do

Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas. Minas Gerais apontou os procedimentos

para gerenciamento de áreas contaminadas para postos de combustíveis e Planilha de Risco

(em processo de consulta pública/ajustes) como principais medidas. O órgão ambiental do

estado do Rio de Janeiro (INEA), embora não tenha respondido às questões no tempo

estipulado (30 dias), ratificou recentemente uma norma operacional interna (NOP) ainda não

disponível para consulta. A mesma deve ser adotada pelos os servidores, com a finalidade de

constatar contaminação em atividades licenciadas. Esta norma foi considerada, nesse estudo,

como uma medida de aprimoramento do órgão ambiental no que se refere ao gerenciamento

dessas áreas.

Conclusões

Em relação à gestão de áreas contaminadas no Brasil, o estado de São Paulo se

encontra em estágio mais avançado, comparado aos demais. Isso se dá, principalmente,

devido ao seu pioneirismo em relação à legislação e a medidas de gestão realizadas pelo órgão

ambiental (CETESB). Mesmo possuindo um número significativamente maior de áreas

contaminadas cadastradas, ele consegue realizar uma gestão mais eficiente que os estados de

Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Minas Gerais é o segundo estado mais desenvolvido em relação a esse tema, pois,

além de atender a critérios importantes definidos na Resolução CONAMA n°420/2009, possui

mais da metade das áreas contaminadas cadastradas em processo de remediação ou em

monitoramento para encerramento.

O Estado do Rio de Janeiro ainda está em fase inicial de avaliação das áreas, pois, a

maioria delas se encontra em fase investigação ou intervenção. Somam-se a isso, a falta do

cadastro de áreas contaminadas atualizado e a ausência de definição dos valores de referência

do solo, procedimentos de suma importância para o desenvolvimento e aprimoramento da

gestão de áreas contaminadas.

Torna-se iminente que o gerenciamento de ACs se consolide em todos os estados da

federação, pois é de extrema importância para a manutenção da saúde e bem-estar da

população e dos ecossistemas naturais. Para que esse gerenciamento se torne efetivo e se

desenvolva no restante do país, recomendamos que o poder público adote ações como,

incentivos fiscais a empresas prestadoras de serviço na área de gestão de áreas contaminadas;

estímulo à pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias de remediação

economicamente viáveis, iniciativas de crédito e fundos de financiamento para a recuperação

dessas áreas.

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USO DE FERRAMENTAS LÚDICAS PARA SENSIBILIZAÇÃO DE JOVENS SOBRE

A IMPORTÂNCIA DE REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR (POLÍTICA DOS

TRÊS R’s)

Cesar Elinaldo da Silva1, Izabella Valadão¹ & Cecília Bueno² 1 Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ,

Brasil 2 Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

As transformações que ocorrem numa sociedade moderna levam muitas vezes o ser humano a

se afastar do ambiente natural e consequentemente a negligenciá-lo. O objetivo do presente

artigo é criar ferramentas lúdico-educativas, como apoio no processo de ensino-

aprendizagem, para sensibilizar jovens sobre a importância dos três R’s (Reduzir, Reutilizar e

Reciclar). Foi realizado com um grupo de alunos do ensino médio do CIEP 134-Vereador

Jose Lopes de Araújo, localizado no município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, um trabalho

de Educação Ambiental através de atividades lúdicas como teatro de fantoches e

desenvolvimento de músicas contemporânea. Paralelamente a essas atividades foi realizada

uma pesquisa bibliográfica sobre as práticas pedagógicas da educação ambiental através do

lúdico. Para realização do teatro de fantoches, foi elaborado um texto prévio, gravado em

estúdio, referente a política dos três R’s e também canções inéditas, compostas pelo autor do

trabalho, com letras referentes ao tema. A sensibilização dos alunos através das músicas foi

feita após cada apresentação do teatro, aproveitando os personagens do teatro. Através das

atividades aplicadas, foi possível perceber que, o lúdico é uma metodologia diferenciada e

motivadora que promove uma aprendizagem significativa, de forma prazerosa para os alunos.

Palavras-chave: educação ambiental, lúdico-educativo, política dos três R’s.

Introdução

A Educação Ambiental (EA) tem como objetivo a disseminação do conhecimento

sobre o ambiente a fim de ajudar a sua conservação e a utilização sustentável dos seus

recursos. Surgiu a partir do grande interesse do homem em assuntos como grandes catástrofes

que têm assolado o mundo nas últimas décadas (PINHEIRO et al., 2011). Segundo

Layrargues e Lima (2014), a EA teve início a partir de uma crise ambiental reconhecida no

final do século XX, se estruturando como fruto da demanda para que o ser humano adquirisse

uma visão de mundo e uma prática social que fossem capazes de mitigar os impactos

ambientais. Porém, com a constatação de que a EA compreendia um universo

multidimensional que abrange as relações estabelecidas entre o indivíduo, a sociedade, a

educação e a natureza, essa prática educativa se tornou mais complexa do que se poderia

imaginar, exigindo estudos mais aprofundados que se desdobravam em sucessivas análises e

aportes teóricos cada vez mais sofisticados.

Na EA se aprende o funcionamento do ambiente, a dependência dele e como promover

sua sustentabilidade. A construção dos conhecimentos por educadores, quando ocorre de

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forma atrativa e agradável, ou seja, através de estratégias lúdicas, apresenta melhor resultado

no que se diz respeito à questão do ensino-aprendizado. Pode-se dizer que, através de

atividades lúdicas, a barreira da realidade é ultrapassada, construindo conhecimentos através

da imaginação (OLIVEIRA, 2010). Silveira, Ataíde e Freire (2009) diz que embora a

educação esteja associada ao que se aprende em espaço escolar (educação formal), é

importante que se considere a educação adquirida em espaço não formal. Deste modo,

qualquer atividade relacionada a EA, como por exemplo, brincadeiras, passeio no campo entre

outras atividades, devem estar sempre associadas a uma forma de aprendizagem. Para

Campos, Bortolotto e Felicio (2008), o lúdico possibilita a aproximação dos alunos com o

conhecimento científico. E assim, trabalhar com ludicidade constitui um importante recurso

para o educador desenvolver a habilidade na resolução dos problemas, a favorecer a

apropriação dos conceitos e a atender aos anseios daqueles que ainda estão em processo de

desenvolvimento.

Estratégias metodológicas através do lúdico possibilita o despertar de uma consciência

ecológica. Para Araújo e Junior (2006), o ser humano deve adquirir uma consciência

ecológica encarnada no sentido da relação com o outro não-humano. Os mesmos autores

dizem, que entre seres humanos e mamíferos, principalmente cães, gatos e outros animais

domesticados, já ocorre essa troca afetiva. No entanto, não é comum a relação afetiva, entre o

homem e os demais seres e elementos da natureza. E metodologias teatrais podem ser

utilizadas para alcançar uma consciência ecológica encarnada.

Além de teatro como atividade lúdica para EA, a música, por ser uma arte de ampla

aceitação, é uma importante ferramenta de EA (PEREIRA, 2010). O mesmo autor diz que, a

função mais simples da música é o entretenimento das pessoas e por isso existe a

possibilidade da música ser uma ferramenta direta e efetiva de trabalhos em questões

ambientais. De acordo com Campelo et al. (2014), a música tem um importante papel na

divulgação e sensibilização dos problemas referentes ao ambiente e que as canções ecológicas

traduzem em suas letras e melodias, problemas ambientais que vem ocorrendo em todo

mundo. As canções ecológicas, com seus textos e melodias, veiculam com eficácia os

problemas relacionados ao meio ambiente que vem ocorrendo atualmente. Estes problemas,

quase sempre estão relacionados ao consumismo, tendo em vista a grande demanda na

produção de novos produtos. De acordo com Barboni (2014), com o passar dos anos, a

facilidade de aquisição de novos produtos, aumentou muito na população mundial,

aumentando também, nesse caso, a produção de lixo no mundo. Para mitigar os impactos

ambientais é necessário que todos se sensibilizem, adotando o conceito dos três R’s (reduzir,

reutilizar e reciclar) e a EA é uma das formas de sensibilizar a população a dar um destino

final correto para o lixo. O princípio ou política dos três R’s foi apresentado na agenda 21,

durante a Rio 92. Os 3 R’s representam a Redução, o Reaproveitamento e a Reciclagem. Esta

política, apresenta estratégias para diminuir a exploração dos recursos naturais e o impacto

ambiental causado pelas atividades de uma sociedade extremamente consumista. De acordo

com Ribeiro (2002), a agenda 21, seria um plano de ação que teria que ser aplicada até o ano

2000, com objetivo de minimizar os problemas ambientais do planeta. Segundo o mesmo

autor, este foi o único documento da Rio 92 que não saiu do papel. A redução envolve um

conjunto de medidas adotadas para evitar os descartes, o reaproveitamento antes do descarte

final é a reutilização e o reaproveitamento dos resíduos ou partes destes originando os

mesmos ou outros produtos é a reciclagem. Os três R’s apresentam uma hierarquia, que tem

como princípio evitar a geração do resíduo, ou seja, reduzir o consumo. Posteriormente é a

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reutilização e finalmente, quando não foi possível realizar os processos anteriores, a

reciclagem. A geração dos resíduos representa um grave problema ambiental, por este motivo,

deve-se adotar medidas preventivas de proteção ambiental e de sustentabilidade. Nesse caso, a

redução é o passo mais importante dos três R’s (TOCCHETTO, 2005). O objetivo deste

trabalho foi criar ferramentas lúdicas como método adicional no processo de ensino-

aprendizagem, para sensibilizar jovens sobre a importância dos três R’s.

Material e Métodos

Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, para investigar como é o ensino-

aprendizagem em relação a EA, enfatizando a política dos três R’s. Para isso criou-se

ferramentas lúdico-educativas como o teatro de fantoches (Figura 1) e músicas relacionadas a

política dos três R’s. Após esse levantamento da literatura, foram ministradas palestras para a

apresentação do projeto. As palestras foram direcionadas aos alunos de ensino médio das

turmas do segundo e terceiro ano, do CIEP 134 Vereador José Lopes de Araújo na cidade de

Nova Iguaçu, RJ. Os materiais utilizados foram o Notebook, projetor, aparelhagem de som

para apresentação das músicas. Após entenderem os objetivos do projeto, os alunos ensaiaram

uma apresentação teatral utilizando bonecos fantoches, uma janela de fantoches construída

com madeira de reaproveitamento e cortinas com tecidos reaproveitados. Através desta

atividade lúdica, alunos do ensino médio apresentaram para alunos do ensino fundamental das

escolas da região (Figuras 2 e 3), o teatro de fantoches com músicas relacionadas a EA,

enfatizando o tema do três R’s.

Figura 1. Teatro de fantoches. Fonte: SILVA (2016)

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Figura 2. Apresentação na escola pública. Fonte: SILVA (2016)

Figura 3. Apresentação na escola pública. Fonte: SILVA (2016)

Resultados e Discussão

Sempre tratado pelos educadores como um simples tema transversal, a EA quase

sempre acaba sendo esquecido de ser ministrado na educação formal. Muitos educadores

adicionam este tema em seus planos de curso. Porém, por apresentarem um conteúdo muito

extenso, na preocupação de não haver tempo suficiente para serem ministrados, acabam

priorizando os conteúdos de suas respectivas disciplinas, deixando a EA em segundo plano, o

que por muitas vezes nunca são trabalhados, ou quando são, é de forma rápida e pouco

atrativa, fazendo com que os alunos não se interessem por assuntos relacionados a EA. Nesse

trabalho foram produzidas cinco músicas, um teatro de fantoches e sabão artesanal. As

músicas tratavam dos temas Rap dos R’s, Erros, Faça sua vida melhor, Somos R’s e Mariana

e o teatro de fantoches tratava da importância de praticar a política dos três R’s. A

sensibilização dos alunos através das músicas foi feita após cada apresentação do teatro,

aproveitando os personagens do teatro. As atividades foram apresentadas em cinco escolas e

duas igrejas, aproximadamente uns quatrocentos alunos. Ao final das apresentações,

professores e alunos que assistiram o teatro, fizeram vários comentários positivos e ainda

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perguntaram se poderia haver mais apresentações. Com isso foi possível perceber que o

trabalho deu um bom resultado e que muitos dos participantes se sentiram motivados a

colocarem em prática o aprendizado.

Cinco músicas inéditas compostas pelo próprio autor da presente pesquisa, foram

gravadas em estúdio (Figura 4). Tais músicas, com ritmos contemporâneos, apresentam em

suas letras temas relacionados a EA, enfatizando, na maioria das músicas a política ou

pedagogia dos três R’s.

Figura 4. Gravação das músicas. Fonte: SILVA (2016)

Figura 5. Gravação do teatro e das músicas. Fonte: SILVA (2016)

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Utilizando um texto gravado previamente em estúdio (Figura 5), os alunos do ensino

médio ensaiaram o teatro de fantoches, para realizar apresentações em escolas de ensino

fundamental. O texto é referente a EA e direcionado à política dos três R’s. Neste texto ocorre

um diálogo entre um pai e uma filha no qual a filha se mostra preocupada com a produção de

resíduos que pode ocorrer na realização de sua festa de aniversário. A filha tenta solucionar o

problema dizendo ao pai para reutilizar o painel do ano anterior, porem o pai diz que este

painel já tinha sido jogado no lixo, então a filha diz que vai fazer um painel de material

reciclado. No segundo ato da peça, a filha chega da escola feliz, dizendo que aprendeu na

escola sobre a política dos três R’s, e explica para o pai sobre esta política. A finalidade de

realizar uma gravação prévia, foi facilitar a apresentação, tirando dos alunos a

responsabilidade de decorar as falas.

Conclusões

A atual crise ambiental em que se encontra a sociedade é uma consequência da relação

antropocêntrica com o meio ambiente. Atualmente a EA é aplicada sem responsabilidade

social, ou seja, é um mero conteúdo a ser aplicado durante o ano letivo, se houver tempo e não

prejudicar outros conteúdos, que é considerado pelo educador obrigatório. Uma EA aplicada

deste modo, torna-se um adestramento ambiental no qual não se vê objetivos a serem

alcançados. Temas como a pedagogia ou política dos três R’s, raramente são abordados nas

escolas da região de Nova Iguaçu.

Neste trabalho, as atividades lúdicas como o teatro de fantoches e as músicas de

autoria própria, foram apresentadas tanto na educação formal quanto na informal, e após uma

análise comparativa com atividades convencionais, pôde-se perceber que essas atividades não

convencionais se mostraram muito eficazes como ferramenta sensibilizadora.

No início, os alunos envolvidos diretamente no projeto, mostravam-se um pouco

tímidos, porém por ser um teatro de fantoches, que não é necessário uma exposição direta, as

apresentações ocorreram naturalmente. Após algumas apresentações, estes alunos foram

percebendo a importância do projeto e foram se envolvendo mais intensamente, ao ponto de

perderem a inibição e chegando a pedirem a palavra após as apresentações, explicando para os

alunos expectadores a importância dos três R’s. Demonstravam para os alunos atitudes

consciente, questionando e propondo desafios para estes. Com isso, percebeu-se que foi muito

importante a participação ativa dos alunos do ensino médio, que atuaram como

multiplicadores do conhecimento da política dos três R’s.

O teatro de fantoches e as músicas inéditas com temas relacionados a EA, enfatizando

a política dos três R’s, proporcionaram uma prática pedagógica prazerosa e educativa na

aprendizagem da EA. Foi possível perceber que os alunos atuantes nas palestras e nas

apresentações teatrais se sensibilizaram com as atividades, e ainda conseguiram com que os

que assistiam as apresentações, também se sensibilizassem com os temas relacionados ao

meio ambiente.

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GENETIC DIVERSITY OF ALOUATTA (PRIMATES) FROM BRAZILIAN

ATLANTIC FOREST

Cibele Rodrigues Bonvicino¹,², Maria Carolina Viana¹, Cecília Bueno³, Herlle Souza Santos² & Lena Geise4 1Divisão de Genética, Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, RJ, Brazil 2Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios, IOC, Fiocruz, Rio de Janeiro,

RJ, Brazil 3Laboratório de Ecologia, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brazil 4Departamento de Zoologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil

E-mail: [email protected]

Abstract

The latest review of the Neotropical primate genus Alouatta based on morphology recognized

three taxa inhabiting the Atlantic Forest, Alouatta belzebul in North Atlantic Forest, Alouatta

fusca fusca in Central Atlantic Forest, and Alouatta fusca clamitans in South Atlantic Forest.

In order to assess the genetic diversity of A. f. clamitans, new samples were analyzed from

several localities of Atlantic Forest, and the degree of genetic diversity was compared with

other Atlantic Forest Alouatta lineages. Phylogenetic analysis with Alouatta species has

shown a strong population subdivision between A. f. clamitans from South and Southeastern

Brazil, confirming previous work, also based in Cytochrome b sequences. Karyotypic

information from available sequenced samples allowed correspondence between A. f.

clamitans clades and chromosomal complement. These data confirm previous suggestions

that A. f. clamitans is a species complex with at least two distinct evolutive lineages, lineage

clamitans south with 45, 46 X1X1X2X2/X1X2Y karyotypes and lineage clamitans north with

49, 50 X1X1X2X2/X1X2Y karyotypes. The Alouatta Atlantic Forest evolutive lineages of A.

belzebul, A. f. clamitans clade south and A. f. clamitans clade north, distributed in distinct

biogeographic sub regions, are characterized by low haplotype diversity.

Keywords: Bugio, Cytochrome b, Molecular phylogeny, Southeastern Brazil.

Introduction

The Neotropical Atlantic Forest is a biome with very high level of species richness

and endemism (MYERS et al., 2000; RIBEIRO et al., 2009; COLOMBO; JOLY, 2010). It

biota is not homogeneous, comprising different biogeographic subregions (SILVA;

CASTELETI, 2003) inhabited by several primate species, 11 of which are endemic

(RYLANDS et al., 1996).

The latest review of the Neotropical primate genus Alouatta (Lacépède, 1799), based

on morphology, recognized three species inhabiting the Atlantic Forest, Alouatta belzebul

(Linnaeus, 1766) in the north, Alouatta fusca (Humboldt, 1812) in central Atlantic Forest and

Alouatta clamitans (Cabrera, 1940) in the south (GREGORIN, 2006). While A. belzebul

population from the Atlantic Forest shows a low genetic diversity (NASCIMENTO et al.,

2008), A. fusca clamitans populations have been grouped in two separate clades

(KOIFFMANN et al., 1974; OLIVEIRA et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2002; HARRIS et al.,

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2005; MARTINS et al., 2011). These phylogenetics studies based on Cytochrome b (Ctyb)

sequences showed population structure in population identified as A. fusca (MARTINS et al.,

2011) and A. fusca clamitans (HARRIS et al., 2005). In order to assess the genetic diversity

of A. f. clamitans, analyses were carried out with samples from new localities (Figure 1) and

the degree of genetic diversity compared with other Atlantic Forest Alouatta lineages.

Source: the authors

Material and Methods

Sample collection

Eight A. f. clamitans samples were obtained in several Brazilian localities in Atlantic

Forest morphoclimatic domains (Figure 1).

DNA extraction, PCR assays, and sequencing

DNA was isolated from eight tissue samples preserved in 100% ethanol, according to

the phenol-chloroform protocol (SAMBROOK; FRITSCH; MANIATIS, 1989). Cytochrome

b DNA (Cytb; 1,140 bp) was amplified by PCR.

Phylogenetic reconstructions, intraspecific and spatial analyses

Sequence obtained from eight individuals together with 26 A. f. clamitans sequences

with known geographic origin available in GenBank were analyzed. Sequence data of six

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other species of Alouatta, from individuals of known geographic origin, and one Ateles

geoffroyi (Kuhl, 1820) (HM222708) were used as outgroup.

Source: the authors

Results and Discussion

All specimens found dead showed pelage coloration and morphology of hyoid of A. f.

clamitans (Figure 2). Thirty-four A. f. clamitans sequences showed eight haplotypes.

Maximum likelihood and Bayesian analysis were concordant in showing

the monophyly of Alouatta divided into two clades with high support values (Figure 3). The

clade A. f. clamitans was divided into two clades called clade clamitans south (CS) with

haplotypes 6, 7 and 8 from Santa Catarina and São Paulo states and clade clamitans north

(CN) with haplotypes 1, 2, 3, 4 and 5 from Minas Gerais, Rio de Janeiro and São Paulo states.

The majority of karyotyped specimens of clade CS showed 2n=45, 46 and karyotyped

specimens of clade CN presented 2n=49, 50 (Figure 4). The median joining network (Figure

4) recovered the topology of ML and BY (Figure 3), however this analysis showed A. f.

clamitans CN separated into two groups CN1 and CN2. These three groups, CS, CN1 and

CN2 are separated by one median vector and the same number of nucleotide substitutions.

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Source: the authors

Source: the authors

Data herein presented showed genetic differences between specimens identified as A.

f. clamitans from southern and southeastern Brazil, confirming previous work, also based in

Cytochrome b sequences, where strong population subdivision between A. f. clamitans from

Rio de Janeiro and those from Santa Catarina were found (CORTÉS-ORTIZ et al., 2003). It

was already suggested that A. f. clamitans harbor populations in different stages of speciation.

Karyotypic differences suggested that A. f. clamitans represent two distinct evolutive lineages

(KOIFFMANN, 1979; OLIVEIRA; SBALQUEIRO; LIMA, 1995; OLIVEIRA et al., 1998;

OLIVEIRA et al., 2000; OLIVEIRA et al., 2002; GIFALLI-IUGHETTI, 2008). The evolutive

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lineages of Atlantic Forest A. belzebul, A. f. clamitans clade CS and A. f. clamitans clade CN,

are characterized by low haplotype diversity.

Conclusions

No specimen of A. f. fusca was still sequenced, and genetic diversity within this taxon

is still unknown. All specimens of A. belzebul from Atlantic Forest sequenced belong to a

single haplotype (NASCIMENTO et al., 2008), 22 A. f. clamitans clade CS belong to 3

haplotypes and 12 sequences A. f. clamitans clade CN to 5 haplotypes. It is clear the lower

haplotypic diversity of clade CS in relation to clade CN. This picture shows that these

populations need to be preserved in order to conserve these different lineages, all of them with

low genetic diversity.

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PERFORMANCE AMBIENTAL EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE: UM

ESTUDO DE CASO DO HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS, RIO DE JANEIRO –

RJ

Elen Lima de Oliveira¹, Viviane Japiassú Viana² & Antony de Paula Barbosa3 1 Bióloga, Especialista em Planejamento e Gestão Ambiental pela Universidade Veiga de Almeida, Rio de

Janeiro, RJ, Brasil 2 Doutora em Ciências Ambientais; Professora na Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

³ Doutor em Química de Produtos Naturais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professor no Senac,

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

As atividades do setor de saúde estão associadas a aspectos ambientais com potencial

significativo de causar impactos ao meio ambiente e à saúde pública. Apesar disso, a questão

da performance ambiental em unidades hospitalares ainda é uma preocupação recente no

setor. Neste contexto, este artigo avalia a performance ambiental do Hospital Naval Marcílio

Dias, um hospital de nível terciário, localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

Foram consideradas as medidas ecoeficientes já estabelecidas no hospital e coletados dados

através de levantamento documental e entrevistas com colaboradores do setor de gestão

ambiental. Foram gerados indicadores de performance relativos aos principais aspectos

ambientais do estabelecimento de saúde estudado (consumo de água, consumo de energia

elétrica e geração de resíduos hospitalares de diferentes tipos) em comparação com valores

sugeridos na bibliografia.Os resultados indicam que não houve melhora significativa na

ecoeficiência do hospital no período avaliado (2011-2015). Desta forma, este trabalho fornece

contribuições valiosas para a avaliação das medidas ambientais adotadas nos hospitais e,

sobretudo, para o estabelecimento de diretrizes ambientais mais efetivas para o setor de saúde.

Palavras-chave: ecoeficiência, sustentabilidade, resíduos de serviços de saúde.

Introdução

Os padrões atuais de consumo da sociedade são reconhecidamente insustentáveis

perante à capacidade de nosso planeta de prover recursos naturais e absorver poluentes. Por

este motivo, nos mais diversos setores econômicos têm-se buscado medidas que possibilitem

a redução do volume e da periculosidade dos resíduos sólidos e efluentes gerados, bem como

a redução do consumo de energia elétrica e de água, sem inviabilizar a produção e a prestação

de serviços.

A assistência hospitalar é uma das atividades que pode gerar significativos impactos

ambientais e à saúde humana (SSD, 2011). Neste contexto, diversos instrumentos legais e

normativos têm sido desenvolvidos nas últimas décadas, de modo a regulamentar o controle

da poluição ambiental e fomentar a adoção de sistemas de gestão ambiental no setor de saúde.

Tendo em vista todos os desafios das atividades associadas à gestão de um hospital, a

garantia da conformidade legal quanto aos quesitos ambientais pode constituir um grande

desafio para os gestores hospitalares. Este desafio torna-se ainda maior em hospitais de nível

terciário, onde estão presentes diversos riscos ambientais associados às complexas atividades

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desenvolvidas e à grande variedade de produtos, materiais e resíduos perigosos

movimentados.

Os impactos ambientais nos hospitais podem se manifestar tanto nas etapas prévias

como nas atividades realizadas durante e após a prestação de assistência à saúde. Eles

decorrem do consumo de produtos, insumos e recursos naturais, bem como da geração de

resíduos sólidos, rejeitos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas.

Neste sentido, a necessidade de garantir uma operação ecoeficiente em hospitais vem

ganhando destaque na busca por um bom desempenho econômico aliado à responsabilidade

socioambiental. Todavia, Viriato e Moura (2011) ressaltam que a ecoeficiência ainda não foi

amplamente difundida no setor de saúde. Talvez por esse motivo essa temática ainda seja tão

pouco abordada na capacitação de profissionais desta área. A este respeito, os autores

destacam que os estabelecimentos de saúde costumam apresentar deficiências na segregação e

no armazenamento de resíduos sólidos.

No Brasil, existem atualmente 298.327 serviços de saúde cadastrados junto ao

Ministério da Saúde. Destes serviços, 6.733 são hospitais (públicos e privados) que possuem

quase 500.000 leitos no total (CNS, 2017). Todos os dias estes estabelecimentos realizam

milhares de atendimentos e, inevitavelmente, geram resíduos sólidos e rejeitos que são

chamados de resíduos de serviços de saúde - RSS. Nessa conjuntura, pesquisas que

identifiquem as estratégias de ecoeficiência praticadas em unidades hospitalares no Brasil e

avaliem sua performance ambiental em relação a outros estabelecimentos de saúde podem

contribuir para a definição de critérios ambientais mais adequados à realidade do setor de

saúde no país.

Esse trabalho tem como principal objetivo avaliar a ecoeficiência de uma unidade

hospitalar de grande porte localizada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, o Hospital

Naval Marcílio Dias - HNMD, através do desempenho de seus indicadores de performance

ambiental em comparação aos valores apresentados na bibliografia. Assim, espera-se

contribuir para que o hospital estudado possa avaliar suas práticas de gestão ambiental e

potencializar a adoção de medidas ecoeficientes em suas rotinas administrativas e

operacionais, de modo a promover a preservação ambiental e da saúde humana, sem impactar

a qualidade dos serviços prestados.

Material e Métodos

Os procedimentos metodológicos adotados no decorrer da pesquisa compreenderam:

levantamento bibliográfico, levantamento de campo, entrevistas e análise dos dados coletados.

O levantamento bibliográfico teve como objetivo a elaboração do referencial teórico a

respeito de ecoeficiência em hospitais e contemplou a leitura e análise de artigos científicos,

livros, publicações técnicas, legislações e normas. O levantamento de campo envolveu a

obtenção de dados junto aos responsáveis de diferentes setores do HNMD com a finalidade de

obter as informações necessárias para os cálculos dos indicadores de performance ambiental

no período de cinco anos (2011 a 2015). Foi consultado o Programa de Gerenciamento de

Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS e realizadas entrevistas e com os presidentes em

exercícios da Comissão de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde e da Comissão

do Sistema de Gestão Ambiental do HNMD.

Os indicadores avaliados foram selecionados considerando-se as recomendações

observadas no levantamento bibliográfico, bem como a disponibilidade de informações para o

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período estudado. Assim, foram obtidos, sistematizados e compilados os dados referentes aos

consumos de água e energia, além da geração de resíduos de serviços de saúde no HNMD de

2011 a 2015. Os indicadores de performance por leito/dia foram calculados segundo as

fórmulas adotadas por Toledo e Demajorovic (2006) com a finalidade de avaliar se o hospital

estudado apresenta índices semelhantes aos demais estabelecimentos de saúde avaliados na

bibliografia consultada.

Assim, foram considerados os valores de referência para os seguintes indicadores de

desempenho ambiental e comparados com os indicadores do Hospital Naval Marcílio Dias:

• Consumo de energia (kWh/leito/dia);

• Consumo de água (m3/leito/dia);

• Geração de resíduos totais (kg/leito/dia);

• Geração de resíduos recicláveis (kg/leito/dia);

• Geração de resíduos infectantes (kg/leito/dia).

O indicador de performance relacionado ao consumo de energia elétrica foi calculado

aplicando-se a seguinte fórmula:

Consumo de energia (kWh): número total de leitos existentes = Indicador de Performance

Número de dias

Para a obtenção do indicador anual de performance referente ao consumo de água foi

aplicada a fórmula a seguir para cada ano do período avaliado:

Consumo de água (m3): número total de leitos existentes = Indicador de Performance

Número de dias

Os indicadores de performance relacionados à geração de RSS foram calculados

mediante aplicação da fórmula proposta por Toledo e Demajorovic (2006), que relaciona o

volume de resíduos gerados com o número de leitos disponibilizados e número de dias do

ano:

Resíduos gerados totais (m3): número total de leitos existentes = Indicador de Performance

Número de dias

Para o período de 2011 a 2015, o HNMD não forneceu dados de geração de resíduos

do Grupo C (radioativos), fornecendo dados referentes aos seguintes tipos de resíduos: Grupo

A (infectantes), Grupo B (químicos), Grupo D (comuns), Grupo E (perfuro cortantes) e

resíduos recicláveis. Estes dados foram registrados em m3de resíduos gerados por mês.

Assim, foi necessário converter o volume total anual de m3 para quantidade de resíduos em

kg, para aplicação da fórmula e a comparação com os indicadores de desempenho propostos

para hospitais pelo CNPML (2001) e com os indicadores encontrados por Toledo e

Demajorovic (2006) para três hospitais brasileiros, dos quais dois são hospitais gerais

privados (hospitais A e B) e um é hospital escola público (hospital C).

Nesta conversão foram adotadas as densidades sugeridas por Melo, Sautter e Janissek

(2009), a saber:

• Densidade dos resíduos sólidos urbanos - RSU: 600 kg.m-3

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• Densidade dos resíduos recicláveis: 300 kg.m-3

Como não foram encontrados valores específicos de densidade para cada grupo de

RSS, foi adotada a densidade de RSU para os grupos A, B, D e E.

O histórico de geração de resíduos resultou de dados compilados pelo hospital. Os

dados foram organizados em planilhas para as quais foram produzidos os gráficos

apresentados a seguir com os volumes mensais de geração de RSS no hospital.

Para avaliar a performance ambiental do HNMD foi avaliada a relação entre a

prestação de serviços de saúde e os indicadores de geração de resíduos, de consumo de água e

de consumo de energia.

Devido a carência de estudos ligados à ecoeficiência e ao desempenho ambiental em

hospitais no Brasil, utilizamos para a avaliação da ecoeficiência do HNMD os indicadores

propostos no Guia Setorial de Produção Mais Limpa: Hospitais, Clínicas e Centros de Saúde,

apresentados na Quadro 1 (CNPML, 2001).

Quadro 1. Indicadores de desempenho para hospitais.

Indicador de desempenho Localidade Valor típico

Resíduos sólidos totais (kg/leito/dia)

Austrália 4,8

Oriente Médio, Ásia e África 0,14 – 3,5

EUA 8,46

América Latina 1,0 – 4,5

Resíduos sólidos recicláveis (kg/leito/dia) Austrália 2,9

EUA 3,8

Resíduos sólidos infectantes (kg/leito/dia)

França, Bélgica e Inglaterra 1,5 - 2

EUA 1,1

Oriente Médio, Ásia e África 0,01 – 0,2

América Latina 0,25 – 1,13

Consumo total de água (m3/leito/dia) Europa Oriental 0,2

Consumo total de energia elétrica

(kWh/leito/dia) Áustria 6,6 máx.

Fonte: CNPML (2001, p.37).

Para o hospital estudado, definiu-se como indicadores: resíduos sólidos totais

(kg/leito/dia), resíduos recicláveis (kg/leito/dia), resíduos infectantes (kg/leito/dia); consumo

de água (m3/leito/dia); consumo de energia elétrica (kWh/leito/dia).

Considerando ainda a disponibilidade de dados para efeitos comparativos, foram

calculados os indicadores de performance para os seguintes aspectos ambientais: consumo de

energia elétrica, consumo de água, geração de resíduos totais, geração e resíduos recicláveis e

geração e resíduos infectantes.

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Resultados e Discussão

O hospital estudado

Localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, o Hospital Naval Marcílio Dias

- HNMD é considerado um hospital de grande porte. A área total do hospital é de 170.229,00

m2 dos quais121.720,99 m2 são de área construída.Com doze prédios em seu terreno, o

hospital é composto por uma unidade de internação com 618 leitos, sendo referência em

medicina nuclear, além de possuir uma capacidade de atendimento média/mensal de 11.300

(ambulatório e unidade de emergência) e de 1.050 internações (MARINHA DO BRASIL,

2015).

Os principais serviços existentes e especialidades atendidas pelo hospital são:

psicologia, oncologia, hematologia, quimioterapia, clínica médica, odontologia, serviço

social, trauma-ortopedia, obstetrícia, ginecologia, anestesiologia, medicina nuclear e

radioterapia, cardiologia, urologia, otorrinolaringologia, oftalmologia, proctologia,

dermatologia, cirurgia geral, cirurgia plástica, neurocirurgia, laboratório de análises clínicas,

radiologia, gastroenterologia, reumatologia, centro de imagem, anatomia patológica, farmácia

de alto custo, ouvidoria, neurologia, pneumologia, fisioterapia, aluguel de cadeiras de roda e

muletas, CTIs, unidade coronariana, centro cirúrgico, centro obstétrico, unidade pós-

operatória, emergência (24 horas), enfermaria, nutrição e dietética, clínica de doenças infecto

contagiosas.

Desde novembro de 2005, o hospital conta com uma Comissão do Sistema de Gestão

Ambiental, criada por exigência de norma técnica específica do setor naval. Formada

atualmente por dezesseis membros, esta comissão realiza reuniões mensais com a finalidade

de discutir as questões ambientais do hospital.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde do HNMD é atualizado

anualmente por uma comissão interna que conta atualmente com quatorze membros. No

entanto, no período da realização da pesquisa (junho a dezembro de 2016), o programa

encontrava-se em processo de atualização. Por isso, os dados aqui apresentados referem-se à

revisão de 2015.

Raad et al. (2012) relatam resultados positivos de um projeto de eficiência energética

concluído pela Light em julho de 2011 no hospital estudado. Nóbrega (2012), ao avaliar o

gerenciamento de resíduos sólidos no setor de anatomia patológica do hospital, relatou que

apesar de possuir um programa de gerenciamento de resíduos - PGRSS, o hospital não

dispunha de uma política de educação ambiental.

Consumo de água e energia

Em 2011, entre junho e outubro, ocorreu uma queda no consumo de energia elétrica do

hospital (Figura 1). Nos anos subsequentes, de 2012 a 2015, também ocorreu uma leve

redução no consumo de energia, precisamente nos meses de julho, agosto, setembro e

outubro. Este período do ano coincide com o inverno e a primavera, quando ocorre

diminuição das temperaturas registradas na cidade do Rio de Janeiro.

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Figura 1. Consumo de energia (kWh/mês) no período de 2011 a 2015. Fonte: os autores

Em comparação aos indicadores apresentados no Quadro 1, podemos afirmar que o

hospital estudado apresenta baixa performance quanto ao consumo de energia elétrica. Isto

porque, o valor de referência típico estabelecido é de no máximo de 6,6 kWh/leito/dia,

enquanto no hospital estudado este indicador variou entre 31,44 kWh/leito/dia e 34,72

kWh/leito/dia no período avaliado, quase seis vezes o valor de referência.

Cabe destacar que na medida em que o hospital oferece mais conforto ao paciente, são

utilizados mais aparelhos eletroeletrônicos que resultam num maior consumo de energia

(TOLEDO; DEMAJOROVIC, 2006). Além disso, os valores estabelecidos pelo CNPML

(2001) retratam a realidade de um hospital no contexto de uma climática diferente da

encontrada no Rio de Janeiro. Este aspecto certamente implica em padrões diferenciados na

utilização de sistemas de refrigeração, influenciando no resultado dos indicadores de

performance.

Quanto ao consumo mensal de água, verificou-se que no mês de julho de 2012,

ocorreu um pico no consumo em relação ao mesmo período nos outros anos avaliados (Figura

2). Em 2013, no período de agosto a setembro houve uma queda no consumo de água, seguida

de um aumento relevante no consumo nos meses posteriores (outubro, novembro e

dezembro). Nota-se ainda, que o ano de 2015, foi o ano de menor consumo, destacando o mês

de agosto com o menor volume consumido de água no período analisado.

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Figura 2. Consumo de água (m3/mês) no período de 2011 a 2015. Fonte: os autores

Comparando-se os valores obtidos com os dados internacionais consultados, nota-se

uma baixa performance no consumo de água. Enquanto o valor estabelecido pelo Guia

Setorial é de 0,2m3/leito/dia, no hospital avaliado o indicador variou entre 0,4m3/leito/dia a

0,7m3/leito/dia nos anos avaliados (Quadro 2). Porém, ressalta-se que desde 2014 o hospital

vem apresentando melhora em sua performance (Quadro 2).

Geração de RSS

Os grupos de RSS gerados em alguns dos setores e serviços são apresentados no

Quadro 2, conforme dados apresentados no PGRSS do hospital, disponibilizado para consulta

durante esta pesquisa (Marinha do Brasil, 2015).

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Quadro 2. Grupos de Resíduos de Serviços de Saúde gerados por serviço / setor.

Setor / Serviço Grupos de resíduos gerados

Serviço de Anatomia Patológica Grupo A1 - A3, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Departamento de farmácia Grupo A - A4, Grupo B

Serviço de Hemoterapia Grupo A - A1, A4, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Setor de diálise Grupo A – A4, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Internação Grupo A - A1e A4, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Setor de Nutrição e Dietética e a

Divisão de Alimentação

Grupo D

Serviço de Análises Clínicas HNMD-

143

Grupo A - A1, A4 e A5, Grupo B, Grupo D, Grupo

E

Serviço de Radiodiagnóstico Grupo A, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Serviço Ambulatorial Grupo A, Grupo B, Grupo C2, Grupo D, Grupo E

Serviço de Transplante de Medula

Óssea

Grupo A - A4, Grupo B, Grupo D, Grupo E

Fonte: modificado de Marinha do Brasil (2015)

Nota-se a ocorrência de uma maior geração de resíduos do grupo A em julho de

2011em comparação ao mesmo período nos outros anos avaliados (Figura 3).

1 GRUPO A: são resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência

ou concentração, podem apresentar risco de infecção. São subdivididos em: Grupo A1 - Culturas e estoques de

microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou

líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos

corpóreos na forma livre; Grupo A3 - Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais

vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20

semanas, que não tenham mais valor científico ou legal, e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares; Grupo

A4 - Kits de linhas arteriais endovenosas e dialisadoras, quando descartados. Filtros de ar e gases aspirados de área

contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. Sobras de

amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, Resíduos de tecido adiposo proveniente de

lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. Peças anatômicas

(órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de

confirmação diagnóstica. Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão; Grupo A5 - Órgãos,

tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde

de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. 2 GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades

superiores aos limites de isenção especificados na norma CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não

prevista. Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de

laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a resolução CNEN-6.05.

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Figura 3. Geração mensal de resíduos do grupo A (2011 a 2015). Fonte: os autores

Observa-se pela Figura 4 que, em comparação aos anos estudados, houve um pico na

geração de resíduos do grupo B no mês de julho de 2012 e que abril de 2015 foi o mês com a

menor geração de resíduos do grupo B.

Figura 4. Geração mensal de resíduos do grupo B (2011 a 2015). Fonte: os autores

Quanto aos resíduos do grupo B, durante entrevista realizada para este trabalho, um

dos colaboradores do hospital relatou que no ano de 2012 houve variação no processo de

pesagem deste tipo de resíduos devido a problemas na gestão do hospital. Cabe destacar ainda

que no mês de janeiro de 2011 não foi realizado o registro da pesagem dos resíduos do grupo

B. Já em dezembro de 2013, foram retiradas 7.764 unidades de lâmpadas fluorescentes.

Quanto aos resíduos do grupo D, observa-se variação no volume de 2011 a 2015,

tendo havido maior geração no ano de 2012 (Figura 5).

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Figura 5. Geração mensal de resíduos do grupo D (2011 a 2015). Fonte: os autores

A Figura 5 mostra ainda que janeiro, fevereiro e março de 2011 foram os meses com a

menor índice de geração de resíduo do grupo D. Em comparação aos demais anos, o ano de

2015 foi o que obteve a menor geração de resíduos na maioria dos meses.

A Figura 6 apresenta os volumes mensais de resíduos sólidos do grupo E gerados no

hospital estudado. Esses resíduos compreendem todos os materiais perfuro cortantes ou

escarificantes.

Figura 6. Geração mensal de resíduos do grupo E (2011 a 2015). Fonte: os autores

Em fevereiro de 2012, percebe-se uma redução na geração de resíduos do grupo E. O

mesmo aconteceu em novembro de 2014. O ano de maior geração dos resíduos pertencentes a

esse grupo foi 2013, e o ano de menor geração foi2015.

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Os volumes mensais de resíduos recicláveis gerados nas atividades administrativas dos

diversos setores do HNMD sofreram variações ao longo do período avaliado (Figura 7).

Segundo relatos dos entrevistados, esta variação decorreu de problemas operacionais no

hospital que dificultaram a realização da pesagem de forma adequada.

Figura 7. Geração mensal de resíduos recicláveis (2011 a 2015). Fonte: os autores

Nos meses de janeiro e agosto de 2011 foi registrada a menor geração de resíduos

recicláveis (Figura 7). Dentre os anos avaliados, 2013 foi o que registrou a maior geração

deste tipo de resíduo, apresentando um pico no mês de julho.

Quanto aos resíduos totais gerados anualmente, os volumes foram obtidos mediante a

soma dos totais anuais dos grupos A, B, D, E.

Figura 8. Geração anual dos resíduos totais (kg/ano) no período de 2011 a 2015. Fonte: os autores

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Analisando-se os dados da Figura 8, notamos que o ano de 2012 foi o que apresentou a

maior geração de resíduos totais e o ano de 2015 apresentou o menor volume gerado no

período avaliado.

Performance ambiental do hospital estudado

A Tabela 1 apresenta o resumo dos resultados encontrados para os indicadores de

performance ambiental do Hospital Naval Marcílio Dias no período de 2011 a 2015. Estes

indicadores foram calculados segundo as fórmulas apresentadas nos materiais e métodos deste

artigo.

Tabela 1. Indicadores de performance ambiental do Hospital Naval Marcílio Dias (2011 - 2015).

Ano Energia elétrica

(kWh/leito/dia)

Água

(m3/leito/dia)

Resíduos

totais

(kg/leito/dia)

Resíduos

recicláveis

(kg/leito/dia)

2011 31,44 0,70 20,64 2,66

2012 32,34 0,80 24,41 3,07

2013 32,38 0,83 21,19 4,06

2014 33,00 0,69 21,06 3,02

2015 34,72 0,46 19,89 3,21

Ano Resíduos grupo

A (kg/leito/dia)

Resíduos

grupo B

(kg/leito/dia)

Resíduos

grupo D

(kg/leito/dia)

Resíduos

grupo E

(kg/leito/dia)

2011 5,01 0,14 12,53 0,31

2012 4,26 2,21 14,53 0,34

2013 3,94 1,63 11,18 0,38

2014 4,14 1,50 12,10 0,30

2015 3,55 2,10 10,79 0,23 Fonte: os autores

A partir dos resultados apresentados na Tabela 1 nota-se que com exceção de um pico

no ano de 2012, a geração de resíduos totais no hospital vem diminuindo. Contudo, se por um

lado a performance na geração de resíduos do grupo A melhorou ao longo do período

avaliado, na geração de resíduos do grupo B, esta performance piorou. Para este segundo

grupo de resíduos, a geração bem 2011 foi de 0,14kg/leito/dia e em 2015de 2,10kg/leito/dia, o

que representa uma geração quinze vezes maior que a de 2011. Foi observada uma melhora

no indicador de performance de geração dos resíduos do grupo D ao longo dos cinco anos

avaliados. O menor valor para este indicador foi o referente ao ano de 2015 que apresentou

geração anual de 10,79kg/leito/dia de RSS do grupo D.

Os valores dos indicadores de performance dos resíduos totais retratam resultados

diferenciados de acordo com o período analisado. Registra-se que, do ano de 2011 até o ano

de 2015, houve uma redução na geração dos resíduos.

Os indicadores de performance de resíduos totais do HNMD variaram entre 20,64 e

24,41 kg/leito/dia. Estes valores são muito superiores aos relatados pelo CNPML (2001) para

a América Latina, que variaram entre 1,0 e 4,5 kg/leito/dia. No entanto, quando comparados

aos valores encontrados por Toledo e Demajorovic (2006) para três hospitais brasileiros

(hospitais A, B e C), os indicadores encontrados nesta pesquisa apresentaram resultados

aproximadamente quatro vezes maiores do que no hospital A e, aproximadamente três vezes

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85

maiores do que no hospital B. Porém, o hospital C, que é um hospital público e se assemelha

mais à realidade do hospital aqui estudado, apresentou resultados quase três vezes maiores do

que os obtidos nesta pesquisa para o HNMD.

Para os indicadores de performance relativos à geração de resíduos recicláveis, foram

encontrados resultados na faixa entre 2,66 e 4,06 kg/leito/dia no HNMD. Estes resultados

estão alinhados com os relatados pelo CNPML (2001) como valores típicos para a Austrália

(2,9 kg/leito/dia) e para os Estados Unidos (3,8 kg/leito/dia). No entanto, na bibliografia

consultada não foram apresentados valores de referência para geração de resíduos recicláveis

em hospitais do Brasil ou da América Latina.

Os indicadores de performance referentes à geração de resíduos infectantes variaram entre

0,23 e 0,38 kg/leito/dia, estando coerentes com os dados de CNPML (2001) para hospitais da

América Latina (0,25 a 1,13 kg/leito/dia). Estes valores também estão bem abaixo dos

resultados encontrados por Toledo e Demajorovic (2006) para os três hospitais avaliados

pelos autores: hospital A - 1,0 kg/leito/dia; hospital B - 2,5 kg/leito/dia e hospital C - 50,5

kg/leito/dia.

Toledo e Demajorovic (2006) e CNPML (2001) não apresentaram valores típicos de

indicadores de performance para os resíduos dos grupos A, B, D e E separadamente. Por este

motivo, não foi possível comparar a performance ambiental do HNMD em relação aos

hospitais estudados pelos referidos autores. Isto pode ser explicado, tanto pela escassez de

estudos mais aprofundados sobre a eco eficiência de estabelecimentos de saúde no Brasil,

quanto pela adoção de critérios diferentes de classificação dos resíduos de serviços de saúde

em outros países.

Quanto o consumo de energia do HNMD no período avaliado encontrou-se na faixa de

31,44 a 34,72 kWh/leito/dia, o que está coerente com os valores encontrados por Toledo e

Demajorovic (2006), a saber: hospital A (35,83 kWh/leito/dia); hospital B (21,86

kWh/leito/dia) e hospital C (16,80 kWh/leito/dia). O CNPML (2001) relata que os valores

típicos de consumo de energia em hospitais na Áustria alcançaram no máximo 6,6

kWh/leito/dia, valor bem abaixo dos encontrados para o HNMD.

O consumo de água do Hospital Naval Marcílio Dias encontra-se dentro da faixa

encontrada por Toledo e Demajorovic (2006) e muito semelhantes aos valores do Hospital C

avaliado pelos autores que apresentou consumo de 0,85 m3/leito/dia. O CNPML (2001)

apresenta como valor típico de consumo de água para a Europa Oriental 0,20m3/leito/dia.

Estes valores apresentados pelo CNPML estão abaixo dos encontrados no hospital estudado, o

que pode também refletir as diferenças entre as condições climáticas das localidades onde se

inserem os diferentes hospitais.

Conclusões

O Hospital Naval Marcílio Dias demonstra estar buscando melhorias no que tange a

questão ambiental. Isso se traduz na criação de comissão específica para tratar do tema, na

existência de um PGRSS revisado periodicamente, na busca pela melhoria contínua no

gerenciamento de RSS, nas ações de reciclagem (garrafas PET de água mineral, de papel seco

e papelão) e na preocupação com a redução do desperdício de água (projeto de tolerância zero

para o desperdício de água, afim de eliminar focos de vazamento de água, sendo bem

disseminado por todos os setores e serviços do hospital).

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De maneira geral, os resultados obtidos para o hospital estudados e enquadram nos

valores encontrados por Toledo e Demajorovic (2006) para três hospitais brasileiros e, em

alguns casos, estão alinhados com os valores típicos indicados pelo CNPML (2001) para

diferentes países.

Podemos afirmar que as informações levantadas nesta pesquisa apontam uma

preocupação do hospital em melhorar o seu desempenho ambiental e sua ecoeficiência. Por

outro lado, a avaliação da ecoeficiência do HNMD, considerando os indicadores de

performance calculados, mostra que não houve melhora significativa na ecoeficiência do

hospital ao longo do período avaliado (2011 a 2015).

Dentre as práticas para otimizar o consumo de energia em hospitais, destacamos a

importância da existência de um plano de manutenção eficiente dos equipamentos

hospitalares, além da utilização de lâmpadas mais eficientes (fluorescentes ou LEDs). Outro

fator que pode influenciar nestes resultados é a não contabilização do consumo de energia

oriunda da utilização de geradores, o que pode mascarar o indicador de performance.

Quanto ao consumo de água, sugere-se a intensificação de ações já realizadas pelo

hospital para a identificação de eventuais vazamentos na rede hidráulica e de gotejamentos

nas torneiras pelo hospital; a substituição dos equipamentos sanitários por outros mais

eficientes, como o sistema dual flush (caixa sanitária com dois botões que permitem descargas

com níveis diferentes de água); conscientização dos colaboradores do hospital (civis e

militares); além da instalação de redutores de vazão (pequenos anéis que controlam a saída de

água) em torneiras e chuveiros. Por fim, recomenda-se que sejam tomadas as seguintes ações

visando uma gestão mais eficiente que possibilite a melhoria da performance ambiental do

hospital:

• Padronização dos procedimentos de coleta e pesagem dos resíduos e a delegação desta

tarefa a profissionais qualificados e devidamente treinados. Esta medida é essencial

para que os dados de geração correspondam à realidade do hospital e subsidiem a

tomada de decisão para a melhoria contínua na gestão ambiental do estabelecimento;

• Acompanhamento contínuo dos indicadores de performance;

• Implantação de programas de redução de consumo de água e energia com metas pré-

estabelecidas e amplamente divulgadas para os diferentes setores do hospital, e;

• Realização de treinamentos e campanhas de educação ambiental envolvendo todos os

funcionários do hospital, enfocando os aspectos ambientais específicos de cada setor.

Estas medidas podem promover um maior envolvimento dos colaboradores e

frequentadores do hospital nas ações e práticas sustentáveis.

Agradecimentos

Os autores agradecem às Comissões de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde e do Sistema

de Gestão Ambiental do Hospital Naval Marcílio Dias pela disponibilização dos dados necessário para o

desenvolvimento deste trabalho.

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saúde ambiental para hospitais e sistemas de saúde em todo o mundo. S.l.: s.n., 2011. Disponível em:

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O USO DA PERCEPÇÃO SOCIAL NA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS E

DIAGNÓSTICOS AMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO DO RIO IPÊ DO MUNICÍPIO

DE PARACAMBI-RJ

Fabiana Loureiro dos Reis1 & Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha1

Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mails: [email protected], [email protected]

Resumo

Nas últimas décadas, diversos ecossistemas têm sido alterados de maneira significativa em

funções de múltiplos impactos ambientais advindos de atividades antrópicas como:

lançamentos de efluentes domésticos e industriais não tratados. Como consequência dessas

atividades tem se observado uma expressiva queda na qualidade da água e perda da

biodiversidade aquática, em função da desestruturação do ambiente físico, químico e

alteração da dinâmica natural das comunidades biológicas. Segundo Resolução do CONAMA

n 01 de 23/01/86, Impacto ambiental pode ser definido como qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente resultante de atividades

humanas que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da

população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do

meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Nesse contexto a Avaliação de

Impactos Ambientais (AIA), faz-se necessária como prevenção. A percepção ambiental é

uma aliada da AIA, por isso a importância da população ter essa percepção e cobrar das

empresas uma maior sustentabilidade para que os impactos sejam menores.

Palavras-chave: avaliação, impactos ambientais, percepção ambiental, sustentabilidade.

Introdução

Sanches (2013) apud Cunha (2017), afirma que a Avaliação de Impactos Ambientais

(AIA) é uma atividade que visa identificar, prever, interpretar e comunicar informações sobre

as consequências de uma determinada ação sobre a saúde e o bem estar humano, sendo,

rotineiramente utilizada por empresas e gestores públicos como métrica para subsidiar

tomadas de decisão.

A AIA possui diversas etapas lógicas, concatenadas em termos técnicos, normativos e

legais. Apesar das múltiplas óticas abordadas, acredita-se que a valorização dos instrumentos

de consulta púbica e participação social são fundamentais para o sucesso de uma AIA, pois

estes incluem na técnica, normas e leis, a percepção social dos fatos, contribuindo de forma

eficiente para a identificação prévia de impactos e para uma gestão ambiental mais harmônica

aos preceitos da sustentabilidade.

Sendo assim, é necessário que o processo de AIA anseie por projetos que sejam

planejados de forma a afetar minimamente o ambiente e as comunidades de entorno ao

empreendimento, não restando qualquer dúvida que esta questão ultrapassa a mera

aceitabilidade técnica dos riscos associados à ocorrência de impactos.

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A previsão permite descrever os impactos identificados e, caso seja possível,

quantificá-los, para que se possa adotar medidas de controle de forma a evitar, atenuar,

corrigir ou compensar os impactos adversos. Essas previsões devem fornecer informações

quanto à magnitude ou intensidade do impacto, duração e a área de influência do mesmo

(SÁNCHES, 2013 apud CUNHA, 2017).

Existem várias formas de prever impactos, como modelos matemáticos, comparação e

extrapolação, experimento de laboratório e de campo, simulações, julgamento de

especialistas e, a escolha desse método vai depender do que melhor se aplica ao tipo de

impacto. Entretanto, se mantêm um questionamento, o que seria percepção ambiental e como

ela pode ser utilizada na AIA?

Com o passar dos anos, com o desenvolvimento industrial e de capital, o homem

transformou os seus valores, acreditando no poder de controle sobre a natureza, que como ser

superior, poderia modificá-la de acordo com suas necessidades e utilidades. Nesta

transformação, o homem desenvolveu seu apreço pelos bens materiais, e, a partir deste fato, o

desenvolvimento econômico dissociou-se das bases éticas relacionadas. O hedonismo

estimulado pelo consumo, potencializou as desigualdades sociais, a miséria, a degradação

ambiental, a poluição e etc. (CUNHA, 2017, p).

Diversos autores, como SÁNCHEZ, 2013, FERREIRA, 2006, KLIGERMAN, 2006

apud WIPPEL, 2017, concordam que é necessária uma mudança na forma como o homem vê

o mundo, uma revisão dos valores e nas culturas, principalmente a do consumismo e da

industrialização desmedida, para que o mundo não entre em colapso e não esgote de vez os

recursos naturais e a capacidade do meio ambiente de absorver, além dos seus próprios

resíduos, todas as intervenções humanas. Com as mudanças de hábitos e de valores é possível

reverter esse quadro em busca do desenvolvimento humano e do bem-estar das vidas no

planeta.

Segundo Palma (2005) apud Wippel (2017, p. 57): O fato de o homem ter se desvinculado da sua essência e da sua convivência com o meio

natural, fez com que tornasse difícil a percepção de suas atitudes a respeito do meio

ambiente, uma vez que ele não se vê como parte integrante do mesmo e não percebe, ou

mesmo não avalia, suas ações e consequências sobre o meio ambiente.

O homem contemporâneo se coloca hierarquicamente superior às demais espécies de

fauna e flora, não havendo restrições nem limites para o uso de seus recursos. Para Wippel

(2017) este homem contemporâneo não pensa nas consequências de suas ações para com o

ambiente, independente da ciência de sua finitude.

De acordo com Okamoto (2002) apud Wippel (2017, p. 56), “[...] a percepção

ambiental é a visão individual do ambiente, acerca do contexto, que o leva o indivíduo a

reagir de forma diferente com o meio a sua volta”. Em síntese, a percepção é subjetiva e está

vinculada aos estímulos aos quais aquele indivíduo foi submetido. Logo, a sensibilização

ambiental através da transdisciplinaridade dos conceitos de educação ambiental se faz

urgente para o refino da percepção coletiva sobre os aspectos ambientais que cercam a

sociedade e, consequentemente, os indivíduos.

Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é de desenvolver metodologia de

avaliação da percepção social de impactos ambientais e aplicar a proposta em fração

populacional do município de Paracambi, nos bairros da Cascata e Centro, afim de aferir a

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percepção sobre a alteração da qualidade ambiental, após a instalação de duas empresas

potencialmente poluidoras na região.

Material e Métodos

O trabalho em questão teve como principal fonte de obtenção de informações uma

revisão bibliográfica estruturada sob as seguintes palavras-chave: Avaliação de Impactos

Ambientais (AIA); Percepção Ambiental; Impacto Ambiental e Questionário Estruturado.

Como resultados desta pesquisa foram obtidos artigos, livros, monografias, teses e

dissertações de referência. Destaca-se a base metodológica proposta por Wippel (2017), em

sua monografia intitulada “Percepção de impactos socioambientais de aterros sanitários:

desenvolvimento de metodologia para identificação e mensuração” como principal eixo

teórico em revisão.

A partir da identificação do referencial teórico, foi desenvolvido o questionário

estruturado proposto no item a seguir. O questionário é composto por 11 perguntas que visam

identificar a percepção ambiental dos moradores dos bairros da Cascata e Centro, quanto aos

impactos ambientais sofridos pelo Rio Ipê com a atividade industrial em suas margens.

Após a estruturação do questionário, aplicou-se a métrica proposta na comunidade dos

referidos bairros a partir de uma abordagem consultiva porta a porta, com a devida

explanação da pesquisa e questionamento de interesse na participação.

Resultados e Discussão

Quanto a definição de critérios para a identificação da área de amostragem, adotou-se

como métrica a localização de imóveis às margens do Rio Ipê, comum aos dois bairros. O rio

em questão tem suas nascentes formadas em áreas do bairro Cascata e corta uma parte do

bairro Centro. Adotou-se o critério em questão após a identificação de sucessivas denúncias,

junto à Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura, relativas à ocorrência de mortandade de

peixes no rio em questão, em especial, no trecho que corta o Bairro Centro, à jusante de duas

instalações industriais da região. Quanto à elaboração do questionário socioambiental,

direcionou-se o foco da pesquisa à identificação da percepção ambiental relativa aos

possíveis impactos ocorridos no corpo hídrico em questão. Foi proposto um questionário

socioeconômico e ambiental, composto pela identificação do perfil do entrevistado e

avaliação da percepção socioambiental. A segunda foi constituída de uma combinação de 11

(onze) questões abertas e fechadas. O questionário utilizado está representado abaixo:

A) PERFIL DO ENTREVISTADO(A)

SEXO:

( ) MASCULINO ( ) FEMININO

IDADE:

18 e 29 ( ) 30 e 41 ( ) 42 e 53 ( ) 54 e 65 ( ) 66 ou mais ( )

ESTADO CIVIL:

( ) SOLTEIRO(A) ( ) CASADO(A) ( ) DIVORCIADO/SEPARADO ( ) OUTRO

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TEMPO EM QUE RESIDE NESSE BAIRRO:

( ) 10 ANOS OU MAIS ( ) DE 6 A 9 ANOS ( ) DE 1 A 5 ANOS ( ) MENOS DE UM ANO

NÍVEL DE ESCOLARIDADE:

( ) PÓS GRADUADO ( ) PÓS GRADUANDO ( ) GRADUADO ( ) GRADUANDO

( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL

COMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO ( ) SEM ESCOLARIDADE

RENDA FAMILIAR:

( ) ACIMA DE 10 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) DE 8 A 10 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) ENTRE 5 E 7

SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) ENTRE 2 E 4 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) UM SALÁRIO MÍNIMO ( ) UM

SALÁRIO MÍNIMO OU MENOS ( ) SEM RENDA

B) AVALIAÇÃO DE PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL:

1 - VOCÊ SABIA QUE EXISTEM INDÚSTRIAS NO BAIRRO CASCATA?

( ) SIM.

( ) JÁ OUVI FALAR.

( ) NUNCA OUVI FALAR

2 - VOCÊ AS CONHECE?

( ) SIM.

( ) NÃO

SE SIM, SABE COM QUE ELA TRABALHA?

( ) O ENTREVISTADO RESPONDEU CORRETAMENTE

( ) O ENTREVISTADO RESPONDEU ERRONEAMENTE

( ) O ENTREVISTADO NÃO SOUBE RESPONDER

3 - TEM ALGUÉM DE SUA FAMÍLIA OU ALGUM CONHECIDO QUE TRABALHA EM UMA DAS

EMPRESAS?

( ) NÃO.

( ) TENHO UM FAMILIAR QUE TRABALHA LÁ.

( ) CONHEÇO UMA PESSOA/AMIGO QUE TRABALHA OU JÁ TRABALHOU LÁ.

( ) EU TRABALHO OU TRABALHEI LÁ

4 - VOCE CONHECE OU JÁ OUVIU FALAR DE SILICA (EXPLICAR O QUE É)?

( ) SIM

( ) NÃO

5 - VOCÊ SABE ONDE SE USA A SILICA, PODERIA DAR EXEMPLOS?

( ) SIM. O ENTREVISTADO RESPONDEUDE MANEIRA SATISFATÓRIA

( ) SIM. O ENTREVISTADO RESPONDEU DE MANEIRA ERRONEA

( ) NÃO SABE O USO DA SILICA

6 - JÁ HOUVE ACIDENTES AO MEIO AMBIENTE (NATUREZA ) NO BAIRRO CASCATA?

( ) SIM QUAL?

_________________________________________________________________________________

( ) NÃO

( ) NÃO SEI RESPONDER

7 - O QUE VOCÊ ACHA DO TRÂNSITO DE CAMINHÕES NO BAIRRO CASCATA?

( ) SASTIFATÓRIO

( )REGULAR

( )PÉSSIMO

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8 - JÁ HOUVE ACIDENTES ENVOLVENDO CAMINHÕES NO BAIRRO CASCATA?

( ) SIM. QUAL?

_________________________________________________________________________________

( ) NÃO

( ) NÃO SEI RESPONDER

SE SIM, COM QUAL FREQUÊNCIA ESSES ACIDENTES ACONTECEM?

( ) MUITO FREQUENTEMENTE

( ) FREQUENTEMENTE

( ) POUCAS VEZES

9 - VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTE A ATUAÇÃO DAS EMPRESAS PARA O MUNICÍPIO DE

PARACAMBI?

( ) SIM. POR QUE?

( ) NÃO. POR QUE?

_____________________________________________________________________________

( ) NÃO SEI RESPONDER.

10 - NA SUA OPINIÃO, O QUE A EMPRESAS PODERIAM FAZER PARA CONTRIBUIR MAIS

COM A COMUNIDADE?

( ) GERAR MAIS EMPREGOS.

( ) FAZER CAMPANHAS EDUCATIVAS NAS ESCOLAS.

( ) FAZER CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA A COMUNIDADE.

( ) GERAR QUALIDADE DE VIDA

( ) OUTRO

___________________________________________________________________________________

11 - GOSTARIA DE FAZER ALGUMA OBSERVAÇÃO SOBRE AS EMPRESAS?

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

A aplicação do questionário ocorreu a partir de abordagem porta a porta, onde os

moradores eram convidados a participar da pesquisa. O contato teve duração média de 5

minutos. Inicialmente foi estabelecido um diálogo prévio, contextualizador e explicativo,

após o mesmo, o pesquisador ateve-se a formular as perguntas, sem qualquer inferência nas

respostas dos moradores.

Com o objetivo de otimizar a organização dos resultados, a população amostral foi

dividida em 3 microterritórios. O microterritório1 foi o bairro da Cascata, onde nasce o rio

Ipê, o microterritório 2 foi o bairro do centro, casas localizadas na parte alta do bairro, subida

da Cascata e o microterritório 3, o bairro do centro, casas à beira do rio Ipê.

No total, foram entrevistados 163 moradores. Nesta pesquisa pode-se observar que os

moradores de cada microterritório têm perfis muito particulares, principalmente no que diz

respeito à percepção ambiental.

Quanto à definição de métrica de consolidação das informações obtidas, adotou-se a

realização de médias estatísticas e avaliações percentuais, assim é possível criar desenvolver

uma maior sensibilidade quanto aos resultados obtidos. No microterritório 1, somente 39%

dos entrevistados disseram ter conhecimento de algum acidente ambiental ocorrido naquele

local (Figura 1), destes, 40% citou odor como o maior problema (Figura 2). Já no

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microterritório 2, 42% dos entrevistados disseram ter conhecimento de algum acidente

(Figura 3), destes, 26% citaram a mortandade de peixes como maior problema (Figura 4). No

microterritório 3, 59% dos entrevistados responderam ter conhecimento de algum problema

ambiental ocorrido na região (Figura 5), destes 48,9%, citaram a mortandade de peixes

(Figura 6).

Figura 1. Conhecimento de acidentes ambientais ocorridos na área do microterritório I. Fonte: os autores

Figura 2. Exemplos citados pelos moradores de acidentes ambientais ocorridos no microterritório I. Fonte: os autores

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CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA DO RIO DESMATAMENTO/INCÊNDIO NAS MATAS

MORTALIDADE DE PEIXES/ODOR FORTE ODOR RUIM

ODOR RUIM OUTROS

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Figura 3. Conhecimento de acidentes ambientais ocorridos na área do microterritório II. Fonte: os autores

Figura 4. Exemplos citados pelos moradores de acidentes ambientais ocorridos no microterritório II. Fonte: os autores

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SIM. NÃO NÃO SOUBE RESPONDER

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MORTANDADE DE PEIXES

CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA DO RIO

DESMATAMENTO

DESPEJO DE PRODUTOS QUÍMICOS NO RIO CAUSANDO MORTANDADE DOS PEIXES

DESPEJO DE DEJETOS NO CORPO HÍDRICO CAUSANDO ODOR FORTE

OUTROS

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Figura 5. Conhecimento de acidentes ambientais ocorridos na área do microterritório III. Fonte: os autores

Figura 6. Exemplos citados pelos moradores de acidentes ambientais ocorridos no microterritório III. Fonte: os autores

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SIM. NÃO NÃO SOUBE RESPONDER

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Respostas

DESMATAMENTO

DESPEJO DE PRODUTOS QUÍMICOS NO RIO CAUSANDO MORTANDADE DOS PEIXES

ODOR RUIM

LIXO NO RIO

CONTAMINAÇÃO POR ESGOTO SEM TRATAMENTO

outros

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Conclusões

Diante dos resultados, podemos inferir que a população possui conhecimento limitado

sobre as questões ambientais de seu entorno, mesmo as microrregiões estudadas estando

muito próximas umas das outras, todas as margens do mesmo rio. Percebeu-se que os

entrevistados se limitaram a citar problemas ambientais de seu entorno, sem diversificação de

temáticas, mostrando assim que a visão sobre o assunto é restrita. Vale ressaltar que não há

nenhum tratamento do esgoto doméstico nos bairros; todos os sistemas de esgotamento

sanitário vertem in natura para o Rio Ipê. Entretanto, nenhum dos 163 entrevistados

mencionou este fato como um problema ambiental e tão pouco associam o mesmo à possível

mortandade de peixes na região, acreditando, de forma veemente, que as empresas

localizadas no bairro Cascata são os reais responsáveis pelos impactos causados.

A pesquisa nos mostra que mesmo com o aumento das discussões sobre assuntos

relacionados ao meio ambiente, bem como a preocupação com o mesmo, ainda falta atingir

um grande número de pessoas. Campanhas educativas nas escolas e na comunidade são

atividades importantes para levar o tema até as pessoas e causar algum tipo de sensibilização

para o assunto.

O que nos permite concluir que falta uma intensificação no que diz respeito à

comunicação através de eventos que podem ser realizados por órgãos municipais, como a

secretaria do meio ambiente em parceria com a secretaria de educação. Estes eventos podem

ser realizados tanto nas escolas locais, quanto nas comunidades para conscientizar a

população da importância do papel de cada um neste processo, mostrando para eles que

problemas ambientais devem ser denunciados para que estes sejam sanados pelas autoridades

competentes e, assim, ter uma relação harmoniosa entre os atores envolvidos.

Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter me permitido chegar até aqui, aos meus familiares pela base e incentivo, em

especial à minha filha Letícia, aos meus amigos que sempre acreditaram no meu potencial e, ao professor,

coordenador Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha, por ter investido em minha ideia e ter

contribuído para a realização deste trabalho.

Referências

CUNHA. C. E. C. P. Proposta de índice de sustentabilidade operacional de aterros sanitários (ISOAS), 2017.

103f. Tese (Doutorado em Engenharia Ambiental) Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio

Ambiente, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2017.

WIPPEL. M. C. Percepção de impactos socioambientais de aterros sanitários: desenvolvimento de metodologia

para identificação e mensuração. 2017. 95p. Monografia (Graduação em Engenharia Ambiental) –

Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, 2017.

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PROJETO CÃES E GATOS DA SERRA DA TIRIRICA: DADOS DO CONTROLE

POPULACIONAL NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, RJ

Gabriela Lins de Albuquerque¹, Daiana Angelo Gomes Santana¹, Phillipe Bauer de Araujo Doria¹, João Marcelo

Silva Silveira¹, Fernando Diego Paqueco¹, Carolina Marinho Colchete¹, Ana Carolina Azevedo Meirelles¹,

Beatriz Teixeira Gomes da Silva¹, Fábio Otero Ascoli¹, Aline Moreira de Souza¹, Felipe de Sousa Queiroz²,

Nádia Almosny¹ & Sávio Freire Bruno¹ 1Universidade Federal Fluminense/ Faculdade de Veterinária/ Departamento de Patologia e Clínica

Veterinária, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

² Instituto Estadual do Ambiente/ Gerência de Unidades de Conservação/ Diretoria de Biodiversidade e Áreas

Protegidas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

A interação de animais domésticos e silvestres dentro de Unidades de Conservação contribui

para o impacto na fauna nativa dessas áreas protegidas, além da possibilidade de transmissão

de patógenos entre animais silvestres, domésticos e o ser humano. Dentro deste contexto de

saúde única, o Projeto Cães e Gatos da Serra da Tiririca visa a esterilização dos cães e gatos

residentes no Parque, com o intuito de controle populacional para mitigação dos impactos

supracitados. Foram cadastrados 231 cães e 99 gatos e até o momento, 132 animais foram

esterilizados, 55 cães e 77 gatos, contribuindo desta forma, para a saúde ecossistêmica, bem

estar dos animais e seus tutores e ainda sendo uma ferramenta de monitoramento.

Palavras-chave: controle populacional, medicina da conservação, monitoramento médico-

veterinário, saúde única.

Introdução

As relações intraespecíficas entre a fauna selvagem e doméstica em Unidades de

Conservação (UC) são consensualmente impactantes. Predadores como cães e gatos

domésticos potencializam a transmissão de doenças, competição por alimento e território,

predação, e riscos para a saúde humana (JORGE et al., 2010; LESSA et al., 2016). O Parque

Estadual da Serra da Tiririca (PESET) abrange Municípios de Niterói e Maricá (INEA, 2015)

e possui residências familiares em seus domínios, inserindo-se no perfil de UC urbana,

susceptível a tais impactos (NUNES et al., 2014). A partir da quantificação dos animais

domésticos, da avaliação das condições sanitárias e das interações dos mesmos com o

ambiente natural no PESET, conforme Bruno et al. (2012) e Nunes et al. (2014), o presente

trabalho, igualmente relacionado ao manejo da fauna local é considerado mais um passo nesta

vertente. Ele objetiva relatar e avaliar as primeiras ações de controle populacional de cães e

gatos domésticos no PESET, sua logística, desafios e resultados.

Material e métodos

De acordo com resultados encontrados por Bruno et al. (2012) e Nunes et al. (2014),

são 91 residências georreferenciadas nas áreas delimitadas do PESET, totalizando 231 cães e

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99 gatos. Nesta fase, com foco no controle populacional desses animais por meio da

castração, a equipe do projeto (formada por graduandos e pós-graduandos em Medicina

Veterinária da Universidade Federal Fluminense, além do coordenador de pesquisa do

PESET) visita as residências cadastradas, objetivando: contato direto com as famílias

reiterando a proposta de monitoramento e controle dos animais domésticos residentes do

PESET; consentimento do tutor para todas as etapas clínico-cirúrgicas a qual o animal será

submetido; avaliação clínica do animal; preenchimento de ficha epidemiológica e

questionário com o tutor para coleta de dados e coleta de sangue para exames pré-operatórios

(hemograma e bioquímica). Estas etapas concluídas, as amostras sanguíneas são

transportadas sob refrigeração até o Laboratório de Pesquisa Clínica e Molecular Marcílio

Dias do Nascimento da Faculdade de Veterinária/ UFF, onde são processadas. Uma vez o

animal apto para o procedimento cirúrgico, o proprietário é contatado para combinar a

logística de transporte. Uma viatura do (PESET/INEA) é direcionada para o transporte dos

animais até o HUVET e posteriormente até suas residências. As cirurgias são realizadas no

centro cirúrgico do Hospital Veterinário Firmino Mársico Filho (HUVET) com anestesia

geral combinada. A medicação para o pós- operatório é de responsabilidade do tutor e o

monitoramento e retirada dos pontos são realizados pela equipe dez dias após o procedimento

cirúrgico.

Resultados e Discussão

De acordo com o georreferenciamento obtido em 2013, foram quantificados 231 cães

e 99 gatos residentes do PESET. Do total de cães, 73% tem acesso à mata, sendo 38% acesso

integral. Desde o início do projeto (2015) até o momento, foram examinados e coletados 239

animais, sendo 147 (61,5%) cães e 92 (38,4%) gatos. Em tempo, 132 animais foram

esterilizados, 55 cães e 77 gatos, contribuindo assim para a saúde ecossistêmica, bem estar

dos animais e seus tutores e ainda sendo uma ferramenta de monitoramento. Desse total, 107

(44,7%) animais foram avaliados e não foram castrados (176 cães - 76% e 22 gatos - 22,2%),

pois se encontravam inaptos para o procedimento cirúrgico. Do total de 89 tutores

consultados, 52,8% observaram seus animais predarem alguma espécie nativa do PESET,

20,7% afirma não saber que residem em UC e suas implicações.

A quantidade observada de animais domésticos com livre acesso a mata é um fator

impactante para a saúde ecossistêmica e particularmente à sobrevivência da fauna silvestre

nas UC`s, nota-se grande preocupação com a influência humana e da fauna doméstica nesses

espaços (GALETTI; SAZIMA, 2006; FRIGERI, 2013; LESSA et al., 2016). Considerando

que a quantificação dos animais aconteceu em 2014, e não houve nenhum projeto de controle

populacional na área, acredita-se que o número de animais domésticos possa ter aumentado.

Deve-se ressaltar que a maior parte dos moradores possui baixo poder aquisitivo,

contribuindo para pouca informação e falta de assistência médico-veterinária aos cães e

gatos. Estes fatores implicaram na inaptidão de grande parte dos animais ao procedimento

cirúrgico, principalmente os caninos, uma vez que os mesmos apresentavam condição clínica

incompatível e alterações hematológicas importantes, como: anemia, trombocitopenia e

eosinofilia, presença de hemoparasitos, microfilariose. Além de verminoses, sem deixar de

considerar outras doenças infecto-contagiosas.

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O fato da maior parte dos cães estarem inaptos não inviabiliza o impacto na fauna

silvestre, uma vez que a maioria possui acesso irrestrito à mata, tendo a possibilidade de

predação e competição além de serem possíveis portatores de patógenos importantes para a

saúde pública, como dirofilariose e leishmaniose, enfermidades já estudadas no parque por

Albuquerque et al. (2017) e Nunes (2015), respectivamente. Já os felinos, apresentavam boa

condição clínica e laboratorial de forma geral, sendo exímios predadores. O projeto tem como

objetivo apenas o pré operatório e esterilização dos animais, não tendo recursos para o

tratamento de possíveis doenças, fato que seria de extrema importância para aumentar a

efetividade do número final de animais aptos. Corroborando as considerações de Klein-

Gunnewiek (2005), o monitoramento de fauna em UC`s esbarra em um grande desafio

metodológico, principalmente no que tange ao controle de doenças. Sendo assim, a

esterilização dos animais domésticos consiste em uma ferramenta importante para o controle

populacional e consequentemente a redução do impacto na fauna silvestre nas UC`s.

Considerando que- somente no Estado do Rio de Janeiro- estão implantadas 18 UC`s de

proteção integral e 15 de uso sustentável (INEA, 2015), pode-se vislumbrar- o grande desafio

que se apresenta- no que se refere ao manejo e monitoramento da fauna nas áreas protegidas

do país. A avaliação entre a fauna doméstica e a silvestre no PESET tem proporcionado, por

fim, informações indispensáveis para ações previstas no plano de manejo desta UC, ao passo

que a esterilização dos cães e gatos e a educação em ambiental realizado pela equipe do

projeto com os tutores são ferramentas importantes na saúde ambiental do Parque.

Conclusões

O projeto justifica-se como uma ferramenta viável para a mitigação do impacto dos

animais domésticos na fauna silvestre PESET, servindo como um modelo para outras

unidades. Além da possibilidade do monitoramento de doenças destes animais e a educação

sanitária e ambiental por parte dos tutores, contribuindo assim para a saúde única.

Agradecimentos

A equipe do Projeto agradece ao apoio logístico do Parque Estadual da Serra da Tiririca e Hospital Veterinário

da Universidade Federal Fluminense.

Referências

ALBUQUERQUE, G. L.; SANTANA, D. A.; SILVA, B. T. G.; SOUZA, A. M.; MOREIRA, F. D. P.; GIOIA,

G.; ALMOSNY, N. R. P.; BRUNO, S. F. Prevalence of microfilaria in dogs residing in the Serra da

Tiririca State Park, Rio de Janeiro State, Brazil (PESET). In: Congresso Brasileiro de Parasitologia,

XXV, 2017, Búzios. Anais... Búzios: SBP, 2017.

BRUNO, S. F.; MATIAS, F. M.; BARRETO, J. R.; MORENO, A. B.; MOUTINHO, F. F. B. Avaliando a

interação entre a fauna doméstica e selvagem no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET-RJ): dados

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parciais. In: 1º Conferência Brasileira em Saúde Silvestre e Humana, 1, 2012, Rio de Janeiro. Anais...

Rio de Janeiro: Fiocruz, 2012. ,p. 60-60.

FRIGERI, E. Invasões por cães domésticos (Canis Lupus familiaris) na Mata Atlântica: efeitos da perda de

habitat e da intensificacao agricola. 2013. 92f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de

São Paulo, São Paulo, 2013.

GALETTI, M.; SAZIMA, I. Impacto de cães ferais em um fragmento urbano de Floresta Atlântica no sudeste do

Brasil. Natureza & Conservação, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 58-63, abr. 2006.

INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE - INEA. Plano de manejo do PESET. Jan. 2015. Disponível em:

< http://www.femerj.org/wp-content/uploads/Plano-de-manejo-do-Parque-Estadual-da-Serra-da-Tiririca-

PESET.pdf> Acesso em: 22 abr. 2017.

JORGE, R. S. P.; ROCHA, F. P.; MAY JÚNIOR, J. A.; MORATO, R. G. Ocorrência de patógenos em

carnívoros selvagens brasileiros e suas implicações para a conservação e saúde pública. Oecologia

Australis, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 686-710, set. 2010.

KLEIN-GUNNEWIEK, M. F. C. Proposta de sistema de monitoramento de doenças para animais silvestres

e domésticos na Serra do Japi. 2005. 101f. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia Experimental e

Aplicada às Zoonoses) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

LESSA, I.; GUIMARÃES, T. C. S.; BERGALLO, H. G.; CUNHA, A.; VIEIRA, E. M. Domestic dogs in

protected areas: a threat to Brazilian mammals? Brazilian Journal of Nature Conservation, Rio de

Janeiro, v. 14, n. 2, p. 46-56, jul-dec. 2016.

NUNES, V. M. A.; MOUTINHO, F. F. B.; QUEIROZ, F. S. L.; MELO, F. M.; BRUNO S. F. Avaliando a

interação entre a fauna doméstica e selvagem no Parque Estadual da Serra da Tiririca. In: Congresso

Brasileiro de Medicina Veterinária, 41, 2014, Gramado. Anais... Gramado: Sociedade de Veterinária do

Rio Grande do Sul, 2014.

NUNES, V. M. A. Prevalência da Leishmaniose Visceral e georreferenciamento da população de cães

domésticos (Canis familiaris) no Parque Estadual da Serra da Tiririca – RJ. 2015. 63f. Dissertação

(Mestrado em Medicina Veterinária) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.

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DILEMAS AMBIENTAIS E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO

AMBIENTAL EM ESCOLAS DO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Geovani Dias Pereira¹ & Mariana Silva Ferreira¹

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

A problemática ambiental vem ganhando destaque na agenda política nacional e

internacional, nos veículos de comunicação e na opinião pública. Fruto dessa visibilidade, a

Educação Ambiental tem sido inserida nos currículos da educação formal como tema

transversal, permeando a discussão de diversas disciplinas. É nesse contexto que se construiu

esse trabalho, que pretendeu investigar como a temática ambiental tem sido trabalhada nas

escolas do Ensino Fundamental e Médio, a partir das representações que os alunos dessas

escolas constroem sobre o tema. Para isso, desenvolvemos um questionário com quinze

questões, a ser aplicado em escolas de três municípios do sul do Estado do Rio de Janeiro:

Barra Mansa, Volta Redonda e Pinheiral. A partir dessa análise, pudemos constatar que a

escolarização tem impacto positivo na formação da consciência ambiental dos alunos, que se

mostraram, nas séries finais, mais sensíveis tanto ao pertencimento do homem ao meio

ambiente, quanto à necessidade de adoção de novos hábitos e valores para a preservação

ambiental. Por outro lado, também pudemos perceber certas incongruências contidas nesse

processo, como a supervalorização da paisagem florestal, além da preponderância do aspecto

utilitário sobre o ético na construção de argumentos para a preservação ambiental.

Palavras-chave: ambientalismo, ensino fundamental e médio, preservação, conservação,

representação.

Introdução

O homem é um animal cultural. O que nos diferencia dos outros seres vivos, antes de

nossa capacidade de transformar o meio natural, é nossa necessidade de fazê-lo. Esse

imperativo não é exclusividade do homem: todos os seres vivos estão constantemente

interagindo e modificando o meio que os cerca. Contudo, nenhum ser vivo, senão o homem, é

capaz de tamanha interferência no meio em que vive, a tal ponto de ameaçar a vida de todos

os outros seres do planeta. Talvez o melhor exemplo do enorme poder humano de

modificação do meio seja a agricultura. Segundo estimativas de Ricklefs (2009, p. 484), cerca

de 35% da área de todas as terras emersas do planeta foram modificadas em plantações e

pastos permanentes. Trata-se de um impacto enorme na paisagem natural, com efeitos

duradouros sobre todos os outros seres vivos.

Se a consciência do poder de transformação da natureza pelo homem não é nova, a

consciência do seu caráter destrutivo é mais recente. O horror da bomba atômica, além das

observações científicas cada vez mais frequentes sobre o impacto negativo das atividades

humanas na qualidade do ambiente, contribuíram para a criação de um contexto propício ao

desenvolvimento de dois “movimentos” de ativismo político-civil com profunda influência na

segunda metade do século XX: o movimento pacifista e o ambientalista (DUARTE, 2004).

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De lá para cá, as discussões ambientais têm ganhado crescente visibilidade tanto no meio

acadêmico-científico, quanto no meio político, despertando um interesse cada vez mais

ampliado pela Ecologia por parte da sociedade civil (DUARTE, 2004; FERREIRA, 2008).

Discussões sobre a sustentabilidade ambiental, a renovação dos recursos energéticos, a

reciclagem de resíduos, o impacto da atividade agrícola e industrial na qualidade do ar, água e

solo, entre outros, têm inundado o cotidiano das pessoas comuns com temas antes caros

apenas ao meio científico. Observa-se, assim, crescente influência dessas discussões na forma

como as pessoas vêm encarando problemas socioambientais abordados pela Ecologia. Como

resultado, novos hábitos têm sido adotados, nem sempre acompanhados de uma reflexão

profunda dos fundamentos subjacentes a essas mudanças de atitude. Em paralelo a esse

processo, observa-se um aumento da pressão da sociedade civil pela incorporação das

questões ambientais na elaboração de políticas públicas. Interface privilegiada nesse contexto

de pressão social pela implantação de políticas governamentais efetivas, a educação foi

pioneira na incorporação das inquietações ecológicas em suas próprias preocupações. Apesar

desse pioneirismo, a Educação Ambiental ainda busca seus pressupostos, podendo não estar

preparada até o momento para responder as inquietações de nossos alunos (RUSCHEINSKY,

2002). A despeito disso, a Educação Ambiental tem sido inserida nos currículos da educação

formal como tema transversal, permeando a discussão de diversas disciplinas que compõem

esse currículo.

É nesse contexto que se construiu o presente trabalho, que pretendeu investigar como a

temática ambiental tem sido trabalhada nas escolas do Ensino Fundamental (EF) e Médio

(EM), levantando e compreendendo o que entendem por meio ambiente, o tipo de relação que

imaginam ter com a natureza e o grau de consciência de sua responsabilidade em relação aos

problemas ambientais, a fim de depreendermos qual a influência que a escolarização possui

na construção e reconstrução das representações que fazem da assim chamada “questão

ambiental”. Entendemos que trabalhos como esse se justificam na medida em que buscam

estabelecer pressupostos mais sólidos aos estudos ligados à Educação Ambiental, o que

responde a uma demanda social por políticas efetivas na educação enquanto instrumento de

construção de uma consciência ecológica menos utilitária e mais ética.

Material e Métodos

Um questionário com 15 questões (objetivas e discursivas) foi aplicado em quatro

escolas do EF e do EM das redes pública e privada de três municípios limítrofes e conurbados

do sul estado do Rio de Janeiro: Barra Mansa, Volta Redonda e Pinheiral. Procuramos dar ao

enunciado das questões o máximo de objetividade, utilizando palavras e expressões de fácil

compreensão. Fizemos largo uso de questões abertas e breve explanação sobre a inexistência

de respostas certas e/ou mais adequadas às questões propostas, incentivando os alunos a

expressarem livremente suas opiniões.

Fizemos largo uso de técnicas de análise de conteúdo, entendida por Bardin (2002)

como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, a fim de inferir

conhecimentos relativos às condições de produção das mensagens, inferência esta que recorre

a indicadores (quantitativos ou não) presentes nas próprias mensagens. Desta forma, pudemos

definir algumas opções metodológicas como o uso de um mesmo questionário em todas as

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turmas, além da escolha de um conjunto de entrevistados formado por indivíduos com algum

tipo de semelhança (alunos em idade escolar), o que nos permitiu, pela “regra da

homogeneidade”, comparar melhor as respostas individuais a fim de obtermos um resultado

global. Por outro lado, a inclusão de escolas públicas e privadas, de alunos de todas as séries

do EF e EM, propiciou, por meio da regra da “representatividade”, construir uma amostra que

fosse representativa do universo do qual faz parte, a fim de nos permitir algumas

generalizações.

O tratamento metodológico dado às questões para a obtenção dos dados foi

diferenciado, de acordo com o tipo de questão analisada. As questões objetivas demandaram

um tratamento mais simples, pois nesse tipo de questão as diferentes categorias de resposta

são previamente definidas. Contudo, nas questões subjetivas, foi preciso definir algumas

regras de categorização. As categorias utilizadas nas questões abertas não se construíram a

priori, mas a partir de uma “leitura flutuante” dos dados (BARDIN, 2002). Essas categorias

foram construídas pelo “sistema das caixas”: a partir das hipóteses surgidas numa leitura

prévia do material, foram definidas categorias abrangentes, e as respostas, repartidas o melhor

possível entre essas categorias. O critério de categorização mais frequente foi o semântico, em

que as respostas são agrupadas por apresentarem palavras, termos e expressões com

proximidade semântica ao do título da categoria. Com menos frequência, também utilizamos

o critério léxico, em que as respostas são reunidas a partir da repetição de determinadas

palavras ou expressões sinônimas. Procuramos estabelecer categorias dicotômicas e

excludentes, em que uma categoria positiva era estabelecida, e outra surgia a partir da

exclusão das respostas que não se enquadravam na primeira, de modo que a quase totalidade

das respostas fosse abrangida.

Escondemos as quatro questões relevantes para o trabalho em um corpo de questões

mais amplo, reduzindo a possibilidade de os alunos dissimularem suas representações por

meio da construção consciente de representações calcadas naquilo “que o entrevistador

gostaria de ouvir”. As questões analisadas foram: (1) O que você considera uma ‘área verde’?,

(2) O que você acha que é ‘meio ambiente’?, (3) Você acha importante preservar o meio

ambiente? Por quê? e (4) O que podemos fazer para preservar o meio ambiente? Na primeira

questão, procuramos estabelecer o tipo de imagem que os alunos mais associam ao meio

ambiente, a fim de refletir sobre as causas dessa preferência, bem como suas implicações. Na

segunda questão, procuramos extrapolar a simples representação visual do meio ambiente

para algo mais complexo: o grau de inserção do homem nessa representação. Na terceira

questão, procuramos compreender se os alunos estão conscientes da importância da

preservação ambiental para a melhoria das condições de vida do homem, bem como para a

sobrevivência da espécie humana e de outros seres vivos. Na última questão, procuramos

investigar se os alunos, nas atitudes e ideias a que se propõem, mostram predisposição a

aceitar propostas que criticam e repensam aspectos fundamentais do atual modelo econômico-

produtivo, competência essa que, ousamos afirmar, deveria ser o principal objetivo da

Educação Ambiental nas escolas brasileiras. Utilizamos a regressão linear simples para

avaliar a relação entre a resposta dos alunos e seu grau de escolaridade.

Resultados e Discussão

Obtivemos uma amostra de 401 alunos: 216 do sexo feminino (54%) e 185 do sexo

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masculino (46%). Observamos maior desequilíbrio de gêneros no EM (74 meninas (61%),

contra 50 meninos (39%)), congruente com o que vem sendo bem documentado por dados

estatísticos do IBGE e pela literatura sobre o tema.

Ao serem perguntados sobre que tipo de paisagem comporia uma “área verde”, 95%

dos alunos responderam “floresta” (Figura 1). A despeito de essa resposta ter sido provocada

(afinal, tratava-se de uma pergunta objetiva), esse é um resultado que não pode ser

desprezado, por se distribuir de forma relativamente uniforme ao longo de todas as séries

(Figura 2). Além disso, a proporção de alunos que respondeu “floresta” foi quase 50% maior

em relação à de alunos que optou pela segunda resposta (“parques”). A preponderância da

imagem da “floresta” nas representações desses alunos pode apontar para o fato de que,

muitas vezes, a escola ainda trabalha majoritariamente com essa paisagem em suas discussões

em torno do meio ambiente. Contudo, não pudemos estabelecer uma ligação óbvia entre a

escolaridade e a construção dessa representação, o que demonstra a possível importância de

influências externas à escola nesse resultado. É importante salientar que, nas últimas décadas,

o ativismo em torno da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica ganhou enorme destaque nos

meios de comunicação. Se, por um lado, esse destaque da mídia ajuda a mobilizar a opinião

pública, por outro contribui para empobrecer as representações que o público constrói em

torno do meio ambiente, restringindo-o muitas vezes à paisagem florestal. Uma consequência

imediata é o paradoxal distanciamento das pessoas em relação à temática ambiental, uma vez

que muitas, por não conhecerem a paisagem florestal, não conseguem sentir por ela a empatia

necessária para querer de fato preservá-la.

Figura 1. Proporção de respostas dadas pelos alunos do ensino fundamental e médio de quatro escolas

de três municípios do sul do estado do Rio de Janeiro quando perguntados “o que é uma área verde?” Fonte: os autores

,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Freq

uên

cia

Floresta

Parques

Horto/Zoológico

Praça

Morros sem casas

Ruas arborizadas

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Figura 2. Proporção de alunos, por série e total geral, do ensino fundamental (EF) e médio (EM) de

quatro escolas de três municípios do sul do Estado do Rio de Janeiro que responderam “floresta”

quando perguntado “o que é uma área verde?” Fonte: os autores

A fim de abordarmos a questão da empatia dos seres humanos pelos outros elementos

da natureza, perguntamos aos alunos o que eles entendiam como meio ambiente. Nossa

intenção foi avaliar o grau de inserção do ser humano subjacente às concepções de meio

ambiente presente nessas respostas. Dividimos os alunos em dois grupos: no primeiro, o ser

humano é parte integrante do meio ambiente; no segundo, o meio ambiente é uma realidade

estanque aos seres humanos, sendo composta pelo conjunto dos “outros” (os animais, as

plantas, os elementos físicos da natureza etc.). 65,9% dos alunos do terceiro ano do EM

incluem-se em sua definição de meio ambiente, o que é substancialmente maior que a

proporção de alunos do 6º ano do EF (12,9%). Todavia, julgamos esse dado preocupante, uma

vez que o grau de insucesso da escola em gerar sentimento de empatia dos alunos pela

temática ambiental atingiu expressivos 34,1% desses alunos, mesmo após 12 anos de

escolarização formal (Figura 3).

,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Total 6º anoEF

7º anoEF

8º anoEF

9º anoEF

1º anoEM

2º anoEM

3º anoEM

Freq

nci

a

Total

6º ano EF

7º ano EF

8º ano EF

9º ano EF

1º ano EM

2º ano EM

3º ano EM

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Figura 3. Proporção de alunos do ensino fundamental (EF) e médio (EM) de quatro escolas de três

municípios do sul do estado do Rio de Janeiro que incluem o ser humano em sua definição de meio

ambiente, comparativo entre as séries e as modalidades de ensino Fonte: os autores

Quando inquiridos se desejavam preservar o meio ambiente, 97,5% dos alunos de

nossa amostra responderam “sim”. No entanto, a justificativa desse desejo de preservação

apresentou um forte sentido utilitarista, exemplificado na resposta mais frequente que

encontramos: “porque precisamos dele”. A maioria das justificativas abordava a questão da

utilidade da preservação ambiental para a garantia e/ou melhoria das condições de vida.

Nosso próximo passo foi, então, analisar que vida era essa que os alunos sentiam a

necessidade de garantir/melhorar. Quase 90 % dos alunos (87% no EF e 89% no EM) deixou

explícito que o homem era um dos grandes interessados na preservação ambiental. Por outro

lado, apenas 26% dos alunos do EF e 54% dos do EM mostraram um interesse altruísta na

preservação da vida em geral, e não somente na do homem. Se, por um lado, demonstrou-se

uma influência positiva da escolarização no grau de preocupação e de responsabilização dos

alunos em relação às outras formas de vida do planeta, por outro é preciso destacar que quase

metade dos alunos que finalizam o EM, a despeito de defender a preservação ambiental, não

parece demonstrar solidariedade para com as outras formas de vida do planeta. O interesse

dos alunos na preservação ambiental adviria, então, muito mais de um discurso utilitarista do

“politicamente correto” do que propriamente de uma reflexão detida do sentido ético da

questão.

Por fim, quando inquirimos os alunos sobre as atitudes que associavam à preservação

ambiental, uma série de práticas muito diferentes entre si foram levantadas (Figura 4).

Procuramos classificar essas práticas em dois grupos: (1) práticas paliativas, que não

questionavam fundamentos do nosso atual modelo econômico-produtivo (por exemplo, “não

jogar lixo no chão”, “plantar árvores” etc.) e (2) práticas que incluíam atitudes que refletissem

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

6º anoEF

7º anoEF

8º anoEF

9º anoEF

1º anoEM

2º anoEM

3º anoEM

EF EM

Freq

nci

a

Incluem Não Incluem Não categorizado

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algum nível de crítica aos valores da sociedade moderna (desde atitudes simples como “andar

mais de bicicletas” e “desligar as luzes dos cômodos vazios”, até atitudes mais complexas,

como “utilizar energia solar e eólica”, “fechar zoológicos” ou “promover a reciclagem e a

coleta seletiva”).

Figura 4. Proporção de alunos do (a) ensino fundamental e (b) médio de quatro escolas de três

municípios do sul do estado do Rio de Janeiro em relação à predisposição a atitudes e ideias que

criticam os fundamentos do atual modelo econômico-produtivo. Fonte: os autores.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano EF

Fre

qu

ên

cia

a

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1º ano 2º ano 3º ano EM

Fre

qu

ên

cia

b Atitudes querepensam aspectos doatual modeloeconômico-produtivo

Atitudes que mitigamos problemas, masnão criticam o atualmodelo econômico-produtivo

Não Categorizado

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Outra vez observamos uma relação positiva associada ao nível de escolarização –

dessa vez em relação à predisposição dos alunos a aceitar questionar alguns pilares da

sociedade moderna. Expliquemos o uso do termo “predisposição” nesse contexto. Partimos do

pressuposto de que, ao fazermos referência a determinadas práticas como soluções para

alguns problemas, por mais que algumas delas não estejam ao alcance de todos, na verdade o

que estamos afirmando é que, se dependesse exclusivamente de nossa vontade, estaríamos

predispostos a adotar tais atitudes. É esse nível de predisposição que estamos medindo nessa

questão.

Um dos principais papeis da EA, em nosso entender, consiste em fomentar em nossos

alunos a predisposição para questionar determinados aspectos de nosso atual modelo

econômico-produtivo. Para isso, a EA deve promover a reflexão crítica dos aspectos

predatórios e insustentáveis de alguns dos aspectos de nossa economia livre de mercado. Os

alunos, ao saírem do EM, não precisam concordar com todo o discurso politicamente correto

do movimento ambientalista no que tange ao consumo racional, à busca de fontes alternativas

de energia, à reciclagem, entre tantos outros tópicos que têm sido discutidos na atualidade.

Contudo, é emblemático que quase metade dos alunos que saem do EM sequer citem essas

atitudes como alternativas passíveis de discussão (46,3% de nossa mostra do 3º ano do EM).

Conclusões

O meio ambiente, aos nossos alunos, parece ser uma grande floresta. Misterioso,

inacessível, distante, pois, da realidade cotidiana. Muitos não conseguem enxergar as relações

que mantemos com “essa outra realidade”. É como se ela estivesse lá, com seus animais e

plantas "exóticos", e nós cá, vivendo em um mundo estanque. De modo geral, boa parte dos

alunos não sente que faz parte do meio ambiente. Não solidariza com os “outros” que nele

vivem. Eles até querem preservá-lo, mas muitos não sabem bem ao certo por quê. Sabem que

precisamos dele, por que ele nos é útil. Mas será que eles sabem que a natureza não precisa de

nós?

Essa é uma das grandes questões a ser abordada pela EA em nossas escolas: a

dimensão ética da preservação ambiental. A escola, em seu papel de ensinar a aprender,

precisa instrumentalizar os seus alunos, a fim de que eles possam problematizar as

representações que obscurecem a dimensão ética da discussão ambiental. Entendemos que os

alunos precisam ser instigados a se questionar qual a relação que o homem tem mantido com

o meio natural, e se nossas atitudes respeitam o direito de existir que os outros seres também

possuem. Numa época em que tanto se discute o respeito à dignidade humana, porque não

discutir também a dignidade planetária? Para isso, é preciso traçar uma imagem mais

complexa da temática ambiental, com todas as incertezas e dúvidas que são inerentes à

realidade. Não há respostas prontas, mas há um caminho a percorrer, perguntas a fazer,

respostas a construir.

Apontamos uma série de deficiências nos resultados obtidos pelas escolas no tocante à

formação de um cidadão crítico em relação à problemática ambiental. Contudo, fazemos isso

de forma generosa. Não queremos construir a crítica pela crítica. Antes, ao reconhecermos

nosso papel como futuros educadores, tornamos nosso discurso uma autocrítica, direcionada à

construção, e não à destruição: construção de novas práticas pedagógicas, de novas

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discussões, de novas ideias, de novas abordagens.

Reconhecemos a natureza incompleta de um estudo como o nosso. Reconhecemos

também que tão complexa e ampla temática não pode ser bem entendida numa abordagem

microscópica, tal qual a que utilizamos. Por outro lado, julgamos relevante um trabalho como

o nosso justamente por seu caráter simplificador, que nos permite uma melhor inteligibilidade

com um público mais amplo. Ao realizarmos esse estudo de caso, nos comprometemos com

os entrevistados e com os educadores envolvidos que preservaríamos suas identidades.

Contudo, nos comprometemos também a disponibilizar os resultados obtidos, a fim de que

possam subsidiar novas discussões. Faremos isso, e esperamos que nosso trabalho possa

suscitar ao menos novos debates sobre o que apresentamos. E que eles sejam acalorados;

afinal, quanto mais divergentes são as ideias em conflito, mais interessante é a síntese que

delas emerge.

Referências

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70, 2004.

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Brasília, Ano 6, n. 1, p. 4-12, jun. 2004.

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Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - Universidade Federal do Piauí,

Teresina, 2008.

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RIQUEZA E FUNCIONALIDADE NA COMUNIDADE DE MOITAS EM

AFLORAMENTOS ROCHOSOS LITORÂNEOS NO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO, RJ

Jasmim Lira Avelino1; Luana Paula Mauad2 & João Marcelo Alvarenga Braga2 1 Universidade Veiga de Almeida, Ciências Biológicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 2 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

A dinâmica de formação das moitas em afloramentos rochosos parece ser facilitada por

determinadas espécies-chave que, ao se instalarem, formam pequenas ilhas que vão sendo

colonizadas. Já foi demonstrado que determinadas famílias como Cactaceae, Bromeliaceae e

Orchidaceae estão entre as mais comuns para os ambientes rochosos do Brasil. No entanto,

pouco se sabe sobre a estrutura e relações ecológicas da vegetação nos afloramentos rochosos

do país. A escassez desses estudos dificulta análises comparativas, importantes para a

compreensão e conservação desse tipo singular de vegetação. O estudo criterioso destes

fatores pode vir a subsidiar ações efetivas de restauração e conservação da vegetação rupícola

de moitas nos afloramentos rochosos do Município do Rio de Janeiro e de outras regiões. O

objetivo deste trabalho é relacionar os diferentes tipos de moitas encontrados nas áreas

estudadas determinando a estrutura e atributos das espécies nas comunidades amostradas e a

composição florística que compõem os diferentes tipos de moitas das áreas de estudo.

Palavras-chave: atributos, ecologia, inselbergs, rupícula.

Introdução

Os afloramentos rochosos apresentam diferenças significativas na composição

florística. A vegetação rupícola possui características comuns em relação à estrutura e

adaptações a condições extremas, além da forma como se organizam em moitas

(MEIRELLES; PIVELLO; JOLY, 1999; RIBEIRO; MEDINA, 2002; CAIAFA; SILVA, 2005;

CONCEIÇÃO; PIRANI; MEIRELLES, 2007). Devido a estas condições como solo pobre,

com alta insolação e grande oscilação de temperatura entre o dia e a noite (OLIVEIRA;

GODOY, 2007), pode-se pensar em atributos que permitem a tolerância a estas condições e a

melhor colonização deste tipo de ambiente (RIBEIRO; MEDINA, 2002). Assim, algumas

espécies tornam-se fundamentais para o estabelecimento de outras mais sensíveis às

condições existentes neste tipo de ambiente e se agrupam em tipos específicos que podem

permitir maior sucesso de colonização do ambiente rochoso.

A vegetação de tapetes pode ser tratada como um tipo de substrato base para

estabelecimento inicial de outras espécies (MAUAD, 2013). Já foi demonstrado que

determinadas famílias como Cactaceae, Bromeliaceae e Orchidaceae estão entre as mais

comuns para os ambientes rochosos do Brasil (BARTHLOTT et al., 1996; POREMBSKI;

BARTHLOTT, 2000). No entanto, pouco se sabe sobre a estrutura e relações ecológicas da

vegetação nos afloramentos rochosos do país. O objetivo deste trabalho é relacionar os

diferentes tipos de moitas encontrados nas áreas: (TS – tapetes de Selaginella sellowii Hieron

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(Selaginellaceae), TM – tapetes de monocotiledôneas; Mix – ilhas com espécie formadora de

sombra; e EP – ilhas com espécies epilíticas sem acúmulo de solo), determinando: (1) A

estrutura (altura e área de cobertura das espécies, profundidade do solo e serapilheira,

cobertura vegetal total etc.) e atributos (forma de vida, hábito, síndrome de dispersão,

presença de espinhos etc.) das espécies nas comunidades amostradas; e (2) A composição

florística das espécies que compõem os diferentes tipos de moitas das áreas de estudo.

Material e Métodos

O trabalho foi realizado no Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da

Urca (MoNaPA), (22º57'08.6"S; 43º09'41.3"W) e no Parque Natural Municipal da Prainha

(PNMP), no Rio de Janeiro, RJ (23º2'38.6"S e 43º30'40.6"W) e no Costão de Itacoatiara (CI),

Niterói, RJ (22º58'33"S e 43º01'33"W).

O número de moitas de cada tipo na amostragem variou de 25 a 65, sendo a moita

considerada como unidade amostral (UA). Cada UA teve suas coordenadas geográficas e

altitude registradas com equipamento GPS Maps Garmin 62 SC. Foram tomadas medidas da

inclinação do ponto onde a moita se encontra com auxílio de clinômetro digital (Smart Angle

AS-180) e do maior diâmetro e o menor perpendicular a este para cálculo da área da moita

(forma elipsoide), utilizando trena de 5m. A profundidade do substrato e de serapilheira foram

medidas em três pontos da moita ao longo de uma de suas diagonais com auxílio de ponteiro

metálico e trena. A cobertura vegetal total da moita e a área de rocha exposta também foram

medidas. A presença de cada espécie foi registrada nas UAs, bem como sua área de cobertura

e maior altura. São apresentadas análises descritivas e de agrupamento dos dados amostrados.

Resultados e Discussão

Um total de 232 moitas foi amostrado e os testes de suficiência amostral estabilizaram.

Foram encontradas 56 espécies, de 44 gêneros e 27 famílias de plantas vasculares. As com

maior cobertura foram Alcantarea glaziouana (Leme) J. R. Grant (presente em 136 moitas),

Selaginella sellowii Hieron (107 moitas) e Coleocephalocereus fluminensis (Miq.) Backeb

(104 moitas). São espécies que parecem independer do tipo de substrato, fixando-se

diretamente na rocha ou em moitas com grande cobertura vegetal. Moitas Mix e TM tiveram

31 espécies em comum, e parâmetros ambientais com medidas mais próximas, como altura,

profundidade do solo e serapilheira, rocha exposta e cobertura vegetal, sendo mais parecidas

entre si (Figura 1). “A cobertura vegetal elevada nas moitas Mix e TM”, segundo Rice (1967)

e Daubenmire (1968) “é mais importante do que a densidade”. Isto é baseado no fato de que a

cobertura representa uma medida de biomassa mais precisa do que o número de indivíduos. A

junção dos TS com as moitas EP (Figura 1) pode estar relacionada à baixa cobertura do solo,

ocorrência em locais com maior inclinação, menor área da moita e menor riqueza de espécies.

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Figura 1. Diagrama de Venn (acima) e Dendrograma (abaixo) pelo método UPGMA para as moitas

amostradas nas áreas de estudo. EP: moitas epilíticas; MIX: moitas com pelo menos uma espécie

arbustiva; TM: tapetes de monocotiledôneas; TS: tapetes de Selaginella sellowii. Fonte: os autores

A forma de vida das caméfitas foi a predominante nos quatro tipos de moitas (25 spp.),

seguida das fanerófitas (22 spp.), sendo altamente representada floristicamente nas moitas

Mix (ca. 40%) (Figura 2). A mesma semelhança ocorreu nas síndromes de dispersão, com

dominância da dispersão anemocórica (35 spp.), seguida da zoocoria (15 spp.) e autocoria (5

spp.) (Figura 2). As espécies suculentas estiveram presentes em menos de 20% da lista

florística apresentada (Figura 2). No entanto, sua frequência em todos os tipos de moita é de

ca. 60-85%. Para o crescimento clonal/touceiras a relação é parecida, e esse atributo domina

todas as categorias de moitas, independentemente dos resultados florísticos (Figura 2). Uma

relação inversa ocorre com a presença de espinhos/acúleos, que é elevada na lista e menor na

frequência por moitas. A análise dos gráficos permite visualizar além dos dados florísticos,

mostrando quantitativamente a dominância de alguns atributos e suas possíveis relações com

o sucesso de determinadas espécies nessas comunidades.

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Figura 2. Porcentagem dos atributos investigados. Florística – lista de espécies; EP: moitas

epilíticas; MIX: moitas com pelo menos uma espécie arbustiva; TM: tapetes de monocotiledôneas; TS:

tapetes de Selaginella sellowii. Fonte: os autores

Conclusões

Os resultados sugerem que as espécies se agrupam em tipos específicos de ilhas para

maior sucesso na colonização do ambiente rochoso e fornecem bases para ações de

conservação e restauração da vegetação desses ambientes, que muitas vezes contam com

espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Alguns tipos de moitas podem abrigar maior

riqueza de espécies, proporcionando, talvez, um microambiente menos inóspito e mais

nutritivo para o estabelecimento dessas espécies.

Referências

BARTHLOTT, W.; POREMBSKI, S.; SZARYNSKI, J.; MUND, J. P. Phytogeography and vegetation of tropical

inselbergs. In: GUILLAUMET, J.-L.; BELIN, M.; PUIG, H. (Eds.). Phytogéographie tropicale: réalités

et perspectives. Paris: Orstom editions, 1996, p. 15-24.

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Botânica, São Paulo, v. 30, n. 4, p. 641-656, Oct./Dec. 2007.

DAUBENMIRE, R. F. Plant communities: a textbook of plant synecology.New York: Harper & Row, 1968.

MAUAD, L. P. Comunidades vegetais em pães-de-açúcar no Estado do Rio de Janeiro. 2013. 108f.

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RIBEIRO, K. T.; MEDINA, B. O. Estrutura, dinâmica e biogeografia das ilhas de vegetação sobre rocha do

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15 e 16 de setembro de 2017

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USO DE DIFERENTES HÁBITATS PELO MARACANÃ-VERDADEIRO

Primolius maracana EM AMBIENTES FRAGMENTADOS

Jovani Pereira Barbosa Monteiro¹& Sávio Freire Bruno² 1Universidade Federal Fluminense, Instituto de Biologia, Departamento de Biologia Geral, Niterói, RJ, Brasil 2Universidade Federal Fluminense-UFF, Faculdade de Veterinária, Departamento de Patologia Clínica

Veterinária, Niterói, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

Objetivou-se investigar o uso de diferentes hábitats pelo P. maracana no município de Piraí,

RJ. Analisou-se os hábitats utilizados pela espécie, os vegetais consumidos, os dormitório e os

locais de nidificação. Foram selecionados 14 fragmentos de vegetação nativa com diferentes

tamanhos e estágios sucessionais. Calculou-se a média de visitas da ave através do método de

contagem em pontos estratégicos. As médias foram relacionadas com o tamanho do

fragmento, sua distância da maior área de floresta da região e o seu estágio sucessional. As

maiores médias de visita e tempo de utilização foram positivamente correlacionadas à área

dos fragmentos e negativamente correlacionadas à distância entre o fragmento e a maior área

de floresta da região. Já em relação ao estágio sucessional, não houve diferença

estatisticamente significativa. Bandos com formações de dois e quatro indivíduos foram os

agrupamentos mais comuns em voo. O comportamento alimentar da espécie é generalista,

consumindo diferentes recursos vegetais. Identificou-se três ninhos em barrancos e um no oco

de árvore. Observou-se dormitórios em palmeiras ou em ocos de árvores. A criação de

unidades de conservação de uso sustentável nos fragmentos de grande porte constitui medida

de conservação da espécie na região. Os fragmentos menores também devem ser preservados,

pois foram utilizados com frequência para atividades de forrageio e possuem papel

fundamental na conectividade da paisagem.

Palavras-chave: conservação, fragmentação florestal, psitacídeo.

Introdução

O Maracanã-verdadeiro, Primolius maracana (Vieillot, 1816), é um psitacídeo que

possui poucas informações disponíveis a respeito de sua ecologia, história natural,

distribuição e status de suas populações em diferentes regiões de sua abrangência (NUNES,

2003). Porém, estas informações da literatura são de grande importância, pois alterações na

distribuição geográfica da espécie têm sido relatadas nas últimas décadas (JUNIPER; PARR,

1998; SNYDER et al., 2000; NUNES, 2003; BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2013).

O P. maracana possui ampla distribuição histórica, que abrange quase todo o Brasil e

ainda o norte da Argentina e o leste do Paraguai (SICK, 1997). No entanto, suas populações

têm sofrido redução em diferentes partes de sua área de ocorrência, principalmente nos limites

ao sul da sua distribuição histórica, nos estados brasileiros do Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul, além do norte da Argentina e leste do Paraguai (NUNES, 2003). Por conta

dessa diminuição expressiva, a espécie encontra-se listada no apêndice I da CITES

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(Convention on International Trade in Endangered Species) (CITES, 2014) e é classificada

como quase ameaçada devido ao fato de suas populações estarem sofrendo declínio em

consequência da contínua perda de habitat e da caça para o comércio ilegal de animais

silvestres (SNYDER et al., 2000; BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2013).

Considerando a necessidade de conservação da espécie, este trabalho objetivou

determinar quais são os principais tipos de hábitats utilizados pelo P. maracana em ambientes

fragmentados no município de Piraí, RJ, a fim de determinar hábitats chaves para a

conservação da espécie na localidade.

Adicionalmente, procurou-se investigar o tamanho e as possíveis rotas dos bandos, os

principais locais utilizados pela espécie para pernoitar e para nidificar, as principais espécies

vegetais utilizadas em sua dieta e aspectos relacionados ao seu comportamento.

Material e Métodos

Área de trabalho

O estudo foi desenvolvido no município de Piraí, no médio vale do Paraíba, sul do

estado do Rio de Janeiro. Foram analisados 14 fragmentos de vegetação nativa com diferentes

tamanhos e em diferentes estágios sucessionais, envolvidos por dois tipos de matrizes

principais: pastagem e plantios comerciais de eucalipto.

Coleta e análise dos dados

As áreas de vegetação nativa foram classificadas em diferentes estágios de sucessão

secundária (estágio inicial, estágio médio e estágio avançado de sucessão ecológica), seguindo

a resolução CONAMA n° 6, de 4 de maio de 1994, que estabelece definições e parâmetros

mensuráveis para a análise de sucessão ecológica da Mata Atlântica no estado do Rio de

Janeiro. Para avaliar o uso desses fragmentos de vegetação nativa pelo P. maracana foi

utilizado o método de contagem em pontos estratégicos (NUNES; BETINI, 2002), no qual o

observador permaneceu em um ponto com ampla visibilidade do fragmento e registrou em um

caderno de campo todos os indivíduos que voaram para dentro do fragmento em questão.

Cada vez que um indivíduo voou para dentro do fragmento foi registrada uma visita. Dessa

maneira, quando um bando com seis indivíduos pousava em um fragmento analisado, eram

registradas seis visitas para o fragmento em questão.

A contagem foi realizada em um total de 15 horas em cada fragmento durante dois

períodos, sendo duas observações no período da manhã e duas observações no período da

tarde. Em cada contato com as aves, foram registrados o número de indivíduos nos bandos, a

quantidade de indivíduos que voavam para dentro do fragmento e o tempo de permanência

das aves nos fragmentos, dados considerados variáveis numéricas nesse estudo. Além disso,

registrou-se a direção do voo, a rota dos bandos, os itens utilizados em sua alimentação e

informações referentes ao comportamento da espécie.

Foi obtida uma média de visitas da espécie para cada fragmento, calculado pelo

número total de indivíduos que entraram no fragmento dividido pela quantidade de

observações em cada fragmento (n° de indivíduos/quatro observações). Posteriormente, essas

médias foram corelacionadas às características do fragmento, como o seu estágio sucessional,

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a sua área em hectares e a distância mínima em quilômetros da maior área de floresta da

região. A distância mínima refere-se ao menor percurso em linha reta que a ave poderia

realizar, em voo, até a maior área de vegetação da região, representada pela vegetação do

entorno da Represa de Ribeirão das Lajes, um remanescente com mais de 100 hectares de

floresta (SILVA, 2002). A área do fragmento e a distância mínima foram calculadas pela

ferramenta de cálculo de área Free Map Tools.

A relação entre variáveis numéricas (relação entre número de visitas e tempo de

permanência nos fragmentos, com tamanho dos fragmentos e distância mínima até a maior

área de floresta da região) foi realizada por meio do coeficiente de correlação (r) de Pearson,

devido a normalidade dos dados, e a adequação do modelo linear desses relacionamentos foi

avaliada pelo coeficiente de determinação (R2) através do software livre R (R

DEVELOPMENT CORE TEAM, 2014). Para a avaliação de diferenças das médias de visitas

e dos tempos de utilização dos fragmentos em relação ao estágio sucessional destes

fragmentos utilizou-se Kruskal-Wallis, pois os dados não seguiram uma distribuição normal.

O nível de significância considerado nas análises foi de 5%. Utilizou-se o software livre R (R

DEVELOPMENT CORE TEAM, 2014).

Resultados e Discussão

O P. maracana foi observado utilizando todos os fragmentos analisados, chegando ao

amanhecer e permanecendo até o entardecer, quando grande parte das aves deixava esses

fragmentos e voava em direção aos dormitórios em áreas abertas.

A média do número de visitas nos fragmentos foi correlacionada positivamente com o

tamanho do fragmento (t=0,70; r=0,879; p=0,89). De acordo com o coeficiente de

determinação, 77,23% da variação na média de visitas por P. maracana nos fragmentos de

vegetação foi explicada pela área do fragmento.

Ao contrário do encontrado para a área do fragmento, a distância até a maior área de

floresta da região, apresentou correlação negativa com a média de visitas nos fragmentos,

assim como com o tempo de utilização dos mesmos. Houve uma correlação negativa

moderada entre a média de visitas por P. maracana e a distância mínima até a maior área de

floresta da região (t=-0,40; r=-0,415; -0,69). Apenas 17,24% da variação na média de visitas

por P. maracana nos fragmentos foi explicada pela distância até a maior área de floresta da

região.

Assim como ocorreu para a média de visitas, o tempo de utilização dos fragmentos

também apresentou correlação inversa com a distância mínima até a maior área de floresta da

região. Houve uma correlação negativa moderada entre o tempo de utilização dos fragmentos

por P. maracana e a distância mínima até a maior área de floresta da região (t=-0,40; r=-

0,433; p=-0,70). Apenas 18,72% da variação no tempo de utilização dos fragmentos por P.

maracana foi explicada pela distância mínima até a maior área de floresta da região.

O maior tempo de permanência de P. maracana em fragmentos maiores pode estar

relacionado à maior oferta de recursos em fragmentos florestais maiores (ANJOS; BOÇON,

1999), ou a preferências e necessidades da espécie, como árvores mais altas e uma maior

quantidade de árvores mortas em pé (EVANS; ASHLEY; MARSDEN, 2005), o que

demonstra a importância desses fragmentos para a preservação da espécie na localidade. Além

disso, a constatação de dormitórios e ninhos nestes fragmentos aumenta sua importância na

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conservação das populações da espécie na localidade, pois não foram registrados ninhos ou

dormitórios nos fragmentos de pequeno porte.

Os dados supracitados corroboram os resultados encontrados por Evans, Ashley e

Marsden (2005), onde a presença de indivíduos de P. maracana pousados nos fragmentos foi

relacionada a áreas maiores de vegetação. Outras características dos fragmentos já foram

relacionadas à presença do P. maracana, como a forma dos mesmos. No entanto, esta

característica parece não afetar diretamente a utilização dessas áreas pela espécie, o que

demonstra que o P. maracana não é afetado pela proporção de bordas do fragmento (NUNES;

GALETTI, 2007).

Constatou-se que, quanto mais distante um determinado fragmento estava da maior

área de floresta da região, menor era a média de visitas e o tempo de utilização do mesmo.

Evans, Ashley e Marsden (2005), também relataram uma diminuição da atividade de voo de

P. maracana com o aumento da distância de grandes áreas de floresta. Apesar dessa tendência

observada no presente estudo, essa relação não foi estatisticamente significativa, sugerindo

que a grande mobilidade apresentada pela espécie (NUNES;GALETTI, 2007), possibilitaria

a utilização ocasional de fragmentos mais distantes.

As médias de visitas (H=4,956; g.l.=2; p=0,084) e o tempo de permanência (H=5,571;

g.l.=2; p=0,062) não diferiram entre os três estágios sucessionais considerados. No entanto,

parece haver uma tendência de aumento da média de visitas nos estágios mais avançados de

sucessão, o que poderia ser evidenciado se fosse observado um número maior de fragmentos

neste estágio. Além disso, foram registradas rotas utilizadas pelos bandos em direção a estes

fragmentos, onde as aves permaneceram a maior parte do dia.

Ainda no que se refere aos estágios de sucessão ecológica dos fragmentos utilizados

pelo P. maracana, outros trabalhos evidenciam a presença da espécie tanto em florestas em

estágios avançados de sucessão quanto em florestas secundárias. Nunes e Galetti (2007), não

encontraram diferenças na utilização de florestas primárias e secundárias e sugerem que isso

pode estar relacionado à plasticidade da espécie para explorar diferentes tipos de florestas,

não se restringindo a florestas maduras. Evans, Ashley e Marsden (2005) registraram a

espécie utilizando florestas primárias e secundárias, porém os autores relataram que a espécie

parece não utilizar fragmentos muito jovens, como ambientes de capoeira.

Os fragmentos menores e em estágios inicial e médio de sucessão também possuem

considerável importância para a manutenção das populações de P. maracana na área de

estudo, visto que a espécie utilizou estes fragmentos com frequência. No entanto, acredita-se

que um mosaico contendo apenas fragmentos de pequeno porte não seja capaz de manter

populações da espécie, já que a espécie utilizou estes fragmentos principalmente para

atividades de forrageio e por um curto período de tempo, não sendo verificada a presença de

dormitórios ou ninhos da espécie nestes fragmentos.

No que se refere à alimentação, P. maracana demonstrou ser uma espécie generalista,

uma vez que consumiu recursos de 24 espécies pertencentes a 12 famílias botânicas, com

predomínio de sementes de frutos secos, além de consumir néctar e polpa com menor

frequência. Além disso, outra característica que evidenciou o comportamento generalista da

espécie foi o fato do P. maracana ter consumido os recursos alimentares em fragmentos com

diferentes tamanhos e em diferentes estágios sucessionais, além de recursos disponíveis em

árvores isoladas na paisagem.

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Durante o período da pesquisa foram identificados quatro ninhos da espécie, sendo

três em cavidades de barrancos e um no oco do tronco de uma árvore seca. Também foram

observados nove dormitórios da espécie, sendo que sete deles foram utilizados durante todo o

período da pesquisa e dois eventualmente. Os dormitórios consistiram em ocos de árvores e

copas de palmeiras. Nesse contexto, manutenção desses locais é fundamental para a

conservação da espécie na localidade.

A utilização de diferentes fragmentos pelo P. maracana na área de estudo está de

acordo com os resultados encontrados por Nunes e Galetti (2007), onde os autores relataram a

presença da espécie em ambientes compostos por um mosaico de fragmentos contendo apenas

25% de florestas primárias. A presença do P. maracana em fragmentos com diferentes

tamanhos e em diferentes estágios sucessionais demonstra certa tolerância e capacidade de

adaptação da espécie a modificações do habitat promovidas pela ação antrópica.

O P. maracana utilizou árvores nativas isoladas em pastagens, o que demonstra certa

flexibilidade da espécie na utilização de novos ambientes que surgem com as perturbações

antrópicas, o que também foi evidenciado por Nunes (2003). No entanto, Evans, Ashley e

Marsden (2005), ao analisarem a utilização de uma série de ambientes pelo P. maracana, não

observaram a espécie pousando em árvores isoladas.

A presença e potencial movimentação da espécie no mosaico de ambientes podem ser

influenciadas pela sazonalidade de oferta dos recursos alimentares, já que os fragmentos em

estágios mais iniciais de sucessão foram utilizados em grande parte para atividades de

forrageio. Nesse sentido, estratégias de conservação para a espécie na região devem

considerar tanto a relevância da densidade de espécies alimentares nos diferentes ambientes,

quanto a integridade de áreas heterogêneas compostas por fragmentos de diferentes tamanhos

e em diferentes estágios sucessionais.

Conclusões

Este trabalho trouxe informações inéditas sobre o P. maracana no município de Piraí,

RJ, além de complementar as informações presentes na literatura para a espécie, incluindo

dados que corroboram e contradizem trabalhos anteriores. Os registros de alimentação

trouxeram novas informações sobre as espécies vegetais consumidas pelo P. maracana e

permitiram inferir sobre preferências alimentares e adaptações à sazonalidade das espécies

vegetais. A localização e o acompanhamento dos ninhos e dormitórios revelaram novos

indícios sobre seu comportamento e interações com o habitat. Com isso, foi possível discutir

aspectos sobre sua vulnerabilidade e conservação e sugerir ações para a conservação da

espécie na região, além de sugerir e direcionar novos trabalhos que sejam capazes de revelar

outras informações importantes a respeito da história natural das espécies.

Referências

ANJOS, L.; BOÇON, R. Bird communities in natural forest patches in southern Brazil. Wilson Bulletin,

Tucson, v. 111, n. 3, p. 397-414, Sept. 1999.

BIRDLIFE INTERNATIONAL. The BirdLife checklist of the birds of the world, with conservation status

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Acesso em: 12 out. 2014.

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de extinção. Disponível em: <https://trade.cites.org/> Acesso em: 17/10/2014.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução CONAMA nº 10, de 01 de outubro de

1993. Estabelece os parâmetros básicos para análise dos estágios de sucessão de Mata Atlântica.

Disponível em: <http://www.ipef.br/legislacao/bdlegislacao/detalhes.asp?Id=434>. Acesso em: 18 mai.

2014.

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Bulletin, Tucson, v. 117, n. 2, p. 154-164, June 2005.

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NUNES, M. F. C.; BETINI, G. S. Métodos de estimativa de abundância de psitacídeos. In: Galetti, M.; Pizo, M.

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NUNES, M. F. C. Distribuição do maracanã-verdadeiro Primolius maracana (Psittacidae): preferência de

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NUNES, M. F. C.; GALETTI, M. Use of forest fragments by Blue-winged Macaws (Primolius maracana)

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FAUNA SINANTRÓPICA NOCIVA NO PORTO DO RIO DE JANEIRO:

PROBLEMAS ATUAIS E MEDIDAS MITIGADORAS

Maria Carolina Cigliato Augusto1 & Mariana Silva Ferreira1

Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

O porto do Rio de Janeiro sofre com um grande problema, os resíduos de operação portuária

que não possuem destinação correta. Por sua vez, os resíduos geram um segundo e maior

problema, eles atraem animais que podem transmitir graves doenças, o que é chamado de

fauna sinantrópica nociva (FSN). Porém, esse não é um problema somente do porto do Rio de

Janeiro, a grande maioria dos portos brasileiros sofre com a presença desse tipo de fauna. Esse

trabalho teve como principal objetivo identificar e propor medidas mitigadoras para a fauna

sinantrópica nociva proveniente de resíduo de operação portuária no porto do Rio de Janeiro.

Foram realizadas visitas técnicas no porto para poder averiguar quais animais seriam

encontrados e sua associação com os resíduos. Identificamos 4 espécies: pombo, rato, barata e

mosquito. O principal resíduo de operação portuária ligada à FSN são os grãos de trigo, que

quando transportados, caem no chão virando alimento para os animais. Para podermos

diminuir essa quantidade de resíduo no porto, é necessário implementar algumas medidas,

como a logística reversa, maior fiscalização, manutenção dos armazéns e do cais, realizar

reciclagem e entre outras, fazendo então com que diminua a quantidade de resíduos e acúmulo

de água, não permitindo a presença de FSN.

Palavras-chave: animais sinantrópicos, doenças, vetores.

Introdução

O porto é a porta de entrada de uma cidade, onde por ali passam produtos importados

e exportados, além de turistas, que chegam e vão embora todos os dias. Além disso, o porto é

de fundamental importância para a economia da cidade; segundo a Agência Nacional de

Transportes Aquaviários (ANTAQ), aproximadamente 98% do comércio exterior brasileiro

circulou por meio dos portos no ano de 2015 (SEP, 2016). Isso acontece devido ao transporte

aquaviário ser o modal que apresenta um dos menores custos diretos para o transporte de

cargas no Brasil, de acordo com a Secretaria de Portos (SEP).

Os portos são áreas propícias a sofrerem impactos ambientais de diversas fontes e de

formas distintas. Esses impactos são decorrentes da implantação de infraestrutura portuária,

que seriam o maquinário utilizado, construções e as embarcações e a utilização dessa

infraestrutura para o transporte de cargas. O maior impacto ambiental portuário é gerado

devido às más realizações das operações portuárias, isto é, as atividades realizadas no porto

como a movimentação de mercadorias e passageiros. Podemos citar como principais fatores

causadores desses impactos: a geração de resíduos sólidos, a água de lastro, a dragagem do

canal de acesso ao porto do Rio de Janeiro na baía de Guanabara, entre outros (ANTAQ,

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2017). Estes fatores podem gerar diversos impactos ao ambiente e ao homem como a atração

de vetores de doenças, introdução de espécies exóticas, distúrbios na fauna e na flora e a

alteração da paisagem (ANTAQ, 2017).

A Fauna Sinantrópica Nociva (FSN) são animais que se adaptaram a viver muito

próximos ao homem sem que haja a vontade deste, causando transtornos de forma econômica

e ambiental, podendo vir a causar riscos a saúde pública e a de animais domésticos ou

pecuários (PAZELLI, 2013). Podemos dividir a FSN em quatro grupos mais presentes nas

instalações portuárias: insetos (dípteros, pulgas, baratas, formigas), aracnídeos (ácaros,

aranhas e escorpiões), aves (pombos domésticos e pardais) e mamíferos (ratos) (SEP & UFRJ,

2014). A FSN necessita de três fatores para a sua sobrevivência e proliferação: água, alimento

e abrigo, tudo isso podendo ser achado com facilidade em diversos portos do mundo. Isso

ocorre, principalmente, devido a problemas na gestão ambiental portuária dos resíduos

sólidos, que são a principal fonte de alimento e abrigo desses animais. Assim, se faz

necessário conhecermos a FSN em detalhes para que possamos manejá-la de forma adequada

(PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2017).

No cais do porto do Rio de Janeiro existe uma grande área de armazéns inutilizados,

onde é encontrada a maior parte da FSN, pois é neles onde os animais conseguem abrigo

facilmente, água devido a irregularidades no teto, e a presença de resíduos gera a fonte de

alimento para esses animais. Esses três elementos são o tripé fundamental para os animais

sinantrópicos e, além disso, a falta de predadores facilita vida desses animais no porto

(NUNES, 2003).

Este trabalho tem como principal objetivo identificar e propor medidas mitigadoras

para a fauna sinantrópica nociva proveniente de resíduo de operação portuária no porto do Rio

de Janeiro, além de identificar impactos ambientais causados por esses animais e que

problemas eles podem causar ao trabalhador portuário.

Material e Métodos

Área de estudo

O porto do Rio de Janeiro está localizado a oeste da Baía de Guanabara, cidade do Rio

de Janeiro, possuindo localização estratégica e levando suporte para a região sudeste, na qual

apresenta mais de metade do PIB nacional. De acordo com os dados da Companhia Docas do

Rio de Janeiro (CDRJ), entre os anos de 2011 e 2016, 4.813 embarcações, em média por ano,

atracaram no cais do porto do Rio de Janeiro. Além disso, também foi possível observar uma

movimentação de 7.419.367 toneladas de cargas em média, que podem ser divididas em

granel sólido, granel líquido e cargas em geral. No terminal de passageiros foi obtida uma

média de 158 atracações de cruzeiros e um total de 425.135 passageiros por ano.

Visita técnica

As visitas técnicas ao porto do Rio de Janeiro tiveram o intuído de (1) observar como

estão sendo transportados e armazenados os resíduos oriundos de operação portuária, (2)

observar em quais locais do cais e dos armazéns estão com maior quantidade de resíduo e

qual tipo e classificação do resíduo, (3) identificar a fauna sinantrópica nociva associada ao

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resíduo de operação portuária e (4) quais impactos ambientais que a FSN pode acarretar para

o porto e seus trabalhadores. Além disso, também foram propostas medidas que devem ser

implementadas no porto para melhorar a gestão ambiental. As visitas seguiram um roteiro

baseado no Relatório trimestral de Ações de Sustentabilidade Ambiental e de Integração com

a Comunidade produzido pela CDRJ.

Resultados e Discussão

Foram realizadas duas visitas técnicas no porto do Rio de Janeiro, com o intuito de

avaliar as não conformidades relacionadas à FSN. As duas visitas técnicas foram realizadas

no dia 18 de abril e 19 de maio de 2017. O porto do Rio de Janeiro, com a sua grande

extensão, apresenta uma grande área de armazéns inutilizados e é nessa área onde foram

encontradas grandes quantidades de animais sinantrópicos. Outro local que encontramos a

FSN foram nos equipamentos não utilizados.

Foram detectados de forma direta e indireta no mínimo quatro espécies da FSN no

porto do Rio de Janeiro. De forma direta, foram observados pombos da espécie Columba livia

(Gmelin, 1789) (Figura 1) e baratas da espécie Periplaneta americana (Linnaeus, 1758)

(Figura 3), ambos associados à resíduos orgânicos e à resíduos de operação de trigo. De forma

indireta, foram registrados fezes de roedores (Figura 2) e larvas de mosquito (Figura 3), sendo

o primeiro também associado aos resíduos de operação de trigo. Através dos registros

indiretos não foi possível identificar a espécie correspondente.

Figura 1. Pombos encontrados próximos a

moega. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

Figura 2. Baratas mortas e fezes de rato.

Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

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Figura 3. Poça de água dentro do Armazém 7. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

Os tipos de materiais encontrados no porto foram: materiais não utilizados de madeira

(Figura 4), que podem servir de abrigo para a FSN; resíduos de operação de ferro gusa (Figura

5), onde a poeira da operação entope as canaletas que drenam a água, fazendo com que

acumule poças, assim então podendo atrair mosquitos; resíduos de operação de trigo (Figura

6), onde a grande quantidade de trigo espalhado pelo chão atrai ratos, pombos e baratas;

caçambas abandonadas (Figura 7), que podem acumular água e atrair mosquitos; e resíduos

orgânicos também atraindo ratos, pombos e baratas (Quadro 1).

Figura 4. Madeira não utilizada que pode servir

de abrigo a fauna sinantrópica nociva. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

Figura 5. Canaletas entupidas devido ao resíduo

de operação do ferro gusa. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto

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Figura 6. Resíduo da operação de trigo que serve

de alimento para a fauna sinantrópica nociva. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto.

Figura 7. Caçambas abandonadas que podem

acumular água. Fonte: Maria Carolina Cigliato Augusto.

Apesar do contínuo monitoramento do porto do Rio de Janeiro pelo Relatório de

Ações de Sustentabilidade Ambiental e de Integração com a Comunidade, foram encontradas

irregularidades durante as duas visitas técnicas. Dentre os resíduos sólidos de operação

portuária identificados, os resíduos associados à operação de trigo foram os que mais nos

chamaram a atenção. Esses resíduos atraem uma grande diversidade de FSN que pode

acarretar em doenças para a população e para os trabalhadores do porto. Em muitos portos a

presença de pombos está muitas vezes associada ao trigo (COSTA, 2013). O acúmulo de água

presente em diversos armazéns levanta o problema dos criadores de mosquitos que podem

trazer consequências para população além do porto, uma vez que este está inserido no centro

da cidade do Rio de Janeiro. Mudanças em como os resíduos sólidos são manejados poderão

solucionar esses problemas.

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Quadro 1. Locais identificados com presença de resíduo sólido de origem portuária, sua classificação

de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 56/2008, da ANVISA e a fauna

sinantrópica nociva (FSN) associada no porto do Rio de Janeiro.

Locais Resíduo Sólido FSN

Armazém 7 Materiais não utilizados de

madeira Pombos e larvas de mosquito

Armazém 8 - Pombos e larvas de mosquito

Pátio do Ferro Gusa

Resíduo da operação de ferro

gusa (muita poeira que entope as

canaletas que drenam a água)

Pode atrair mosquitos devido a

grande quantidade de água

parada encontrada

Armazéns 10, 11, 12 e 13

Resíduos da operação de trigo

(grande quantidade trigo

espalhado pelo chão)

Pombos, ratos e baratas

Nova Moega

Resíduos da operação de trigo

(grande quantidade trigo

espalhado pelo chão)

Pombos, baratas e indícios de

presença de rato

Pátio do 9, do 10-11 e da

Triunfo

Caçambas abandonadas, com

resíduo metálico e de madeira Pombos, ratos e baratas

Avenida Rio de Janeiro

Resíduos orgânicos, plástico e de

madeira e equipamentos em

desuso.

Pombos, ratos e baratas

Fonte: os autores

Desta forma, sugerimos algumas medidas mitigadoras que podem ser adotadas a curto

prazo pelo porto do Rio de Janeiro (Quadro 2). Para os resíduos de operação portuária (trigo)

foram: a realização de uma logística reversa, uma maior fiscalização e uma melhoria da

pavimentação do porto; para a FSN (todas as espécies), a realização e uma melhoria na gestão

dos resíduos sólidos; para a FSN, em específico os pombos, deveriam ser implantados no

porto refletores luminosos, utilização de gel irritante, controle de fonte de alimento alternativo

e dificultar o pouso dos mesmos; para a água parada deveriam ser realizadas melhorias na

pavimentação, manutenção dos telhados dos armazéns e a retirada de máquinas de ambientes

abertos; para os resíduos orgânicos, deveria ser realizada uma área de compostagem; para os

resíduos recicláveis, deveria ser implementada a reciclagem nos portos e; para rejeitos, ser

construída uma área de transbordo.

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Quadro 2. Problemas indicados durante a visita técnica ao porto do Rio de Janeiro e suas soluções

mitigadoras de impacto ambiental. Problema Solução

Resíduo de operação portuária - Trigo

• Logística reversa

• Maior fiscalização

• Melhoria de pavimentação

Fauna Sinantrópica Nociva – Todas as

espécies • Melhoria na gestão dos resíduos sólidos

Fauna Sinantrópica Nociva – Pombos

• Refletores Luminosos

• Dificultar o pouso

• Gel irritante

• Controle de fonte de alimento alternativo

Água parada

• Melhoria na pavimentação

• Manutenção do telhado dos armazéns

• Retirada de máquinas de ambientes abertos

Resíduo orgânico • Compostagem

Resíduo reciclável • Reciclagem

Rejeitos • Área de transbordo

Fonte: os autores

De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 72 de 2009, artigo 104, a

administração portuária deve manter a área sobre sua responsabilidade livre de criadouros de

animais transmissores de doenças, que provoque risco a saúde das pessoas que ali trabalham.

Essa resolução recomenda a implementação de regras para trazer melhor qualidade de vida

para os trabalhadores. Portanto, é necessário ter como objetivo manter as instalações

portuárias livre dos animais sinantrópicos. Não foram encontradas novas espécies da FSN,

quando comparado aos animais previamente registrados (SEP & UFRJ, 2014). O Manual de

Boas Práticas Portuárias aponta as seguintes espécies presentes no porto: roedores (Rattus

norvegicus Berkenhout, 1769, R. rattus Linnaeus, 1758 e Mus musculus Linnaeus, 1758),

baratas (P. americana e Blattela germânica Linnaeus, 1767), moscas (Família Calliphoridae,

Muscide e Terphritidae), mosquitos (Aedes aegypti Linnaeus, 1762 e do gênero Culex

Linnaeus, 1758) e pombos (C. livia). De acordo com PAZELLI (2013), dentre a grande

quantidade de doenças transmitidas pela FSN, podemos citar algumas como principais como a

dengue, zika, chicungunia, febre amarela, malária, transmitidas por mosquitos; criptococose,

histoplasmólise, ornitose, salmonelose, dermatites, além de rinites, alergias e broquites,

transmitidas por pombos; leptospirose, peste bubônica, triquinose, salmonelose, hantavirose,

sarnas e micoses, transmitidas por roedores, e as doenças transmitidas por baratas. As baratas

podem transportar 40 tipos de bactérias, onde 25 dessas causam doenças gástricas nos seres

humanos e podem ser hospedeiras de vírus, fungos e helmintos.

A gestão dos resíduos sólidos é o adequado planejamento do procedimento de saber

qual o tipo de resíduo que se encontra no local, a quantidade desse resíduo, a forma que será

coletada, armazenado, transportado e qual será seu destino final (MURTA et al., 2012). Os

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portos são ambientes sujeitos a alterações sanitárias e ecológicas, com isso um gerenciamento

de resíduos sólidos é apropriado para um papel de destaque para sua manutenção

(BURATTO, 2013). Vetores de doenças encontram nos resíduos sólidos que não apresentam

um gerenciamento, local para sua fonte de sustento como seu habitat e alimento. Um

adequando gerenciamento dos resíduos que vem de embarcações e de operações portuárias é o

principal para um controle e até eliminação de situações que geram riscos aos trabalhadores

portuários (CARVALHO; FERREIRA; DUARTE, 2000).

Conclusões

A FSN presente no porto do Rio de Janeiro está associada à precária gestão ambiental

do porto. Foi possível observar que não houve mudanças em relação as espécies encontradas

em 2014. Ainda foi possível identificar no porto espécies de baratas, ratos, mosquitos e,

principalmente, pombos. Grande parte do problema de FSN está ligada aos resíduos de

granéis sólidos, como o trigo, que servem de alimento para os animais sinantrópicos. É

necessário que ocorra uma mudança na gestão portuária, através de melhorias no

gerenciamento dos resíduos, para que não atraia a FSN, e assim evite sua presença no porto,

uma das principais portas de entrada da cidade do Rio de Janeiro.

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS - ANTAQ. Meio ambiente: os impactos

ambientais. Disponível em:

<http://web.antaq.gov.br/Portal/MeioAmbiente_Os_impactos_ambientais.asp>. Acesso em: 14 mar. 2017.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada –

RDC 56 de 6 de agosto de 2008. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas Sanitárias no

Gerenciamento de Resíduos Sólidos nas áreas de Portos, Aeroportos, Passagens de Fronteiras e Recintos

Alfandegados Disponível em:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/res0056_06_08_2008.html>. Acesso em: 23 de

abril de 2017.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada –

RDC 72 de 29 de dezembro de 2009. Dispõe sobre o Regulamento Técnico que visa à promoção da saúde

nos portos de controle sanitário instalados em território nacional, e embarcações que por eles transitem.

Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cruzeiros/documentos/2013/RDC%2072-

09%20CONSOLIDADA%20COM%20RDC%2010-2012.pdf>. Acesso em: 23 de abril de 2017.

BURATTO, V. M. Diagnóstico do gerenciamento de resíduos sólidos em complexos portuários. 2013. 88f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental) - Universidade

Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES – CCZ. Animais sinantrópicos. set. 2009. Disponível em:

<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/an

imais_sinantropicos/index.php?p=4378>. Acesso em: 21 fev. 2017.

COMPANHIA DOCAS DO RIO DE JANEIRO - CDRJ. Meio ambiente. dez. 2016. Disponível em:

<http://www.portosrio.gov.br/node/show/31>. Acesso em: 14 mar. 2017.

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CARVALHO, E. C. F.; FERREIRA, C. P.; DUARTE, V. L. Gerenciamento de resíduos sólidos em terminais

portuários brasileiros: diagnóstico situacional. In: Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e

Ambiental, 27., 2000, Cancun. Anais... Cancun: ABES, 2000. Disponível em:

<http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/resisoli/iii-048.pdf>. Acesso em: 16 de maio de 2017.

COSTA, I. C. M. A fauna sinantrópica nociva nos portos brasileiros. 2013. 41f. Trabalho de Conclusão de

Curso (Especialização em Engenharia e Gestão Portuária) - Universidade Federal De Santa Catarina,

Florianópolis, 2013.

MURTA, A. L. S.; OLIVEIRA, N. N.; PEREIRA, F. S.; PAZZINI, H. S. Gerenciamento de resíduos portuários

pela administração pública no Rio de Janeiro. Sustainable Business International Journal, Niterói, n.

16, p. 1-28, jun. 2012.

NUNES, V. F. P. Pombos urbanos: o desafio de controle. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 65, n.

12, p. 9-92, 2003.

PAZELLI, P. E. G. Animais sinantrópicos. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2013.

SECRETARIA DE PORTOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – SEP; UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO - UFRJ. Manual de boas práticas portuárias: porto do Rio de Janeiro. Rio de

Janeiro: SEP e UFRJ, 2014. Disponível em:

<https://www.researchgate.net/profile/Jorge_Prodanoff/publication/296705949_Manual_de_boas_pratica

s_portuarias_do_Porto_do_Rio_de_Janeiro/links/56d9e20b08aee1aa5f829698/Manual-de-boas-praticas-

portuarias-do-Porto-do-Rio-de-Janeiro.pdf>. Acesso em: 21 de fevereiro de 2017.

SECRETARIA NACIONAL DE PORTOS - SEP. Portos do Brasil. Disponível em:

<www.portosdobrasil.gov.br>. Acesso em: 08 jun. 2017.

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USO DO “MÉTODO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR”: ESTUDO DE CASO EM UMA

HORTA URBANA

Marina Morales Bezerra¹ & Felipe Tsuruta Lisboa Cruz¹

Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

As hortas urbanas podem ser aplicadas como um cinturão verde, em volta da cidade,

impedindo que esta cresça de maneira desordenada, sendo capazes de fornecer uma série de

benefícios que as pessoas obtêm da natureza direta ou indiretamente. O objetivo desse

trabalho foi obter o valor econômico da horta urbana situada na Praça do Ipê, localizada na

cidade do Rio de Janeiro. A metodologia utilizada foi a do Método da Valoração Contingente

(MVC), que busca simular cenários que se aproximem ao máximo da realidade que, nesse

caso, busca valores que os indivíduos estariam dispostos a pagar (DAP) para garantir a

melhoria de bem-estar. Foram 65 questionários aplicados às pessoas que circulavam nas

mediações da horta e os 60 restantes via Internet, através do Google Forms. Os resultados

obtidos com o questionário sugeriram que boa parte da população tem acesso à informação e

possui conscientização ambiental. Observou-se ainda uma alta aceitação da sociedade em

contribuir financeiramente com projetos como da horta da Praça do Ipê, evidenciando-se a

oportunidade de incluir o tema como estratégia para o planejamento urbano e nas políticas

públicas para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.

Palavras-chave: agricultura urbana, economia verde, método da valoração contingente,

valoração ambiental.

Introdução

Segundo relatório divulgado pelas Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030 a

população urbana deverá dobrar, com previsão de que seus moradores representem 60% da

população mundial (UNFPA, 2007).

Um dos maiores problemas das cidades contemporâneas é saber lidar com a pressão

exercida sobre os recursos naturais de uma forma menos impactante. O desafio de caminhar

na direção de uma sociedade mais igualitária e mais sustentável está, mais do que nunca, em

pauta.

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131

A prática da agricultura urbana surge então como uma iniciativa na busca por essas

cidades mais sustentáveis, através do cultivo das hortas urbanas em espaços públicos e

privados da cidade e zonas circundantes, revelando-se uma atividade produtiva e interativa.

As hortas nas cidades são capazes de fornecer uma série de benefícios que as pessoas

obtêm da natureza direta ou indiretamente, através dos ecossistemas. São serviços de

provisão, de regulação, culturais e de suporte.

Nesse contexto, surge o conceito de economia verde, definida pelo Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente como “aquela que resulta na melhoria do bem-estar

humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos

ambientais e as escassezes ecológicas”. Ela se apoia em três estratégias principais: (1) redução

das emissões de carbono; (2) maior eficiência energética e no uso de recursos e (3) prevenção

da perda da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos (CONSERVAÇÃO

INTERNACIONAL, 2011).

A valoração ambiental, que tenta atribuir um valor monetário aos bens e serviços

prestados pela natureza, revela-se um instrumento estratégico a essa economia em transição,

podendo servir como um incentivo na conservação dos recursos naturais ou em como usá-los

de maneira que sejam sustentáveis. O objetivo desse trabalho foi obter o valor econômico de

uma horta urbana, tendo como modelo a horta urbana da Praça do Ipê, situada na cidade do

Rio de Janeiro. Este trabalho visou também, de forma indireta, ser uma contribuição à

economia verde e ao planejamento urbano, esperando-se que esses resultados auxiliem na

elaboração de ferramentas para uma gestão mais sustentável da cidade.

Material e Métodos

Estudo de caso realizado em quatro etapas, formado por (1) pesquisa bibliográfica

referente ao tema; (2) levantamentos in situ e entrevista com os responsáveis pelo projeto; (3)

definição da metodologia de valoração ambiental e elaboração de questionário a ser aplicado

in situ e ex situ, e por fim, (4) coleta e aplicação da metodologia, análise dos resultados e

conclusões.

Foram 65 questionários aplicados às pessoas que circulavam nas mediações da horta e

os 60 restantes via Internet. O questionário constituiu-se em duas partes, sendo (1)

informações e fotos da horta da Praça do Ipê e (2) dez questões referentes à perfil

socioeconômico, conhecimento sobre o tema da pesquisa e sobre disposição a pagar dos

participantes. Os dados foram coletados através uma ferramenta gratuita da Google que cria

formulários online, o “Google Forms” (GOOGLE, 2017).

A metodologia utilizada foi a do Método da Valoração Contingente (MVC), que busca

simular cenários que se aproximem ao máximo da realidade que, nesse caso, busca valores

que os indivíduos estariam dispostos a pagar (DAP) para garantir a melhoria de bem-estar.

Optou-se pelos lances livres ou forma aberta (“open-ended”) para definir a elicitação da

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DAP. Segundo Motta (1997, p. 34), “esta forma de pergunta produz uma variável contínua de

lances (“bids”) e o valor esperado da DAP pode ser estimado pela sua média”, representado

por DAPm=ƩDAP/n, onde DAPm é a média da disposição a pagar; ƩDAP é a soma de todos

os valores obtidos da DAP (excluindo-se os que contribuíram com R$ 0 ou não responderam)

e n corresponde ao número de vezes que esses valores aparecem. A partir da média, o valor

econômico total foi estimado multiplicando esta média pela população afetada pela alteração

de disponibilidade. Então: DAPt = DAPm x Ni/N x (Tpop), onde DAPt é a disposição a pagar

total; DAPm é a média da disposição a pagar; Ni corresponde ao número de entrevistados

dispostos a pagar; N é igual ao número total de entrevistados e Tpop é a população total da

cidade do Rio. O MVC é apenas um dos métodos existentes para valorar bens na natureza

possuindo, como qualquer outro, suas limitações.

Para definição do tamanho da amostra, margem de erro e nível de confiança da

pesquisa foi utilizado o RAOSOFT (RAOSOFT, 2017), um software livre desenvolvido nos

Estados Unidos para cálculo amostral.

Resultados e Discussão

A Figura 1 apresenta a imagem de satélite com localização da Horta da Praça do Ipê,

no bairro da Gávea, Rio de Janeiro, definida pelas coordenadas geográficas de 22º58’37”S

latitude e 43º13’49”O longitude, próximo ao planetário da Gávea.

O terreno encontra-se em área pública (Figura 2) e foi cedido pela prefeitura para

implantação de horta comunitária. São aproximadamente 45 m² de área cultivada, tendo como

característica o plantio consorciado de hortaliças, temperos, frutíferas, plantas alimentícias

não convencionais (PANCs), flores comestíveis e plantas ornamentais, baseando-se nos

princípios agroflorestais, definidos como consórcios de culturas agrícolas com espécies

arbóreas que podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas

(EMBRAPA, 2014). Na horta também são realizadas oficinas de jardinagem e educação

ambiental.

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Figura 1. Imagem de satélite com localização geográfica da horta, próximo ao planetário da Gávea,

localizado no mesmo bairro.

Fonte: adaptado de GOOGLE, 2017

Figura 2. Foto aérea da horta do Ipê, localizado na Gávea, Rio de Janeiro – RJ

Fonte: Veja Rio (Praça, 2017)

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Com base na estimativa populacional de 6,5 milhões de habitantes para a cidade do

Rio (IBGE, 2017), o tamanho da amostra coletada foi de 125 entrevistados (somente

residentes no Município), onde 67% eram mulheres, 32% tinham entre 31 e 40 anos de idade,

com nível superior completo, estavam empregados e ganhando acima de 5 salários mínimos.

Figura 3. Gráfico de participação por região.

Fonte: dados extraídos da pesquisa realizada

Considerando a participação dos entrevistados por região onde residiam, 56% das

pessoas residiam nos bairros da zona sul da cidade (Figura 3), sendo que 27,2%

correspondiam à Gávea, bairro com maior representatividade na amostra (Figura 4).

Figura 4. Percentual de participação por bairro. Fonte: dados extraídos da pesquisa realizada

Bairros da Zona

Sul56%

Outros Bairros

44%

Participação dos entrevistados por

região (zonas) em %

27,2%

14,4%

6,4 %4% 4% 4%

Gávea Barra da

Tijuca

Tijuca Botafogo Rocinha Jardim

Botânico

Bairros com maior participação (%) na pesquisa

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135

Do total dos entrevistados, 80,8% responderam que estariam dispostos a pagar alguma

quantia mensal para contribuir com uma horta urbana (Figura 5), sendo R$ 50 o valor da DAP

citado mais vezes e R$ 300 o mais alto. Os demais, que representam 19,2% dos entrevistados,

apresentaram as seguintes justificativas: “Não respondeu”, “difícil de valorar”, “crise

financeira”, “falta de conhecimento sobre o tema”, “não entendeu a pergunta”, “poder público

deveria arcar com os custos da horta”, “não consumia alimentos de uma horta” e “não

contribuiria” com uma horta urbana”

Figura 5. Indivíduos dispostos a pagar (DAP).

Fonte: dados extraídos da pesquisa realizada

Os entrevistados que ganhavam entre dois e cinco salários mínimos representaram o

grupo com maior DAP individual (R$ 300), seguidos por quem ganhava acima de cinco

salários (R$ 200), depois pelo grupo de quem não possuía renda (R$ 100), enquanto quem

recebia até 1 salário mínimo não ultrapassou a DAP de R$ 80 (Quadro 1). Os resultados,

portanto, sugeriram não haver correlação entre faixa salarial (renda) e disposição a pagar

(DAP).

O resultado indicou que a sociedade estaria disposta a pagar mensalmente cerca de R$

233.090.000 para contribuir com uma horta urbana. Dividindo esse valor pela população total,

essa quantia correspondeu a uma contribuição mensal de R$35,86 por pessoa, com margem de

erro em torno de 8,77% e nível de confiança de 95%.

Sim

80,8%

Não

19,2%

Porcentual da amostra que apresentou

que estava ou não disposta a pagar

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Quadro 1. Renda x Indivíduos com máxima DAP (Disposição a Pagar).

F

Fonte: dados extraídos da pesquisa realizada

Não foi possível estabelecer correlações entre escolaridade e DAP, visto que a amostra

apresentou altos níveis de escolaridade e somente 11,2% dos participantes tinham até Ensino

Médio, o que poderia gerar dados falsos à pesquisa.

Conclusões

Os resultados obtidos com a pesquisa sugeriram que a população tem acesso à

informação e possui conscientização ambiental. Observou-se ainda uma aceitação

significativa da sociedade em contribuir financeiramente com projetos como da horta da Praça

do Ipê, evidenciando-se a oportunidade de incluir o tema como estratégia para o planejamento

urbano e nas políticas públicas para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.

Por fim, este trabalho apresentou a estimativa total e individual do valor que a

população da cidade do Rio de Janeiro estaria disposta a pagar mensalmente para colaborar

com uma horta urbana. Espera-se que esses resultados auxiliem na elaboração de ferramentas

para fundamentar decisões, contribuindo com a transição para uma economia mais verde.

Referências

CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL. Economia Verde: desafios e oportunidades. Belo Horizonte:

Conservação Internacional, 2011.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Sistemas agroflorestais (SAFs).

2014. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-

servico/112/sistemas-agroflorestais-safs>. Acesso em: jan. 2017.

FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - UNFPA. Situação da população mundial 2007:

desencadeando o potencial de crescimento. Nova York: UNFPA, 2007. Disponível em:

<http://www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2007.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2017.

GOOGLE. Google Forms. 2017. Disponível em: <https://www.google.com/forms/about/>. Acesso em: jan.

2017.

RENDA DAP MÁXIMA

Não possui renda R$ 100

Até 1 salário mínimo R$ 80

2 a 5 salários mínimos R$ 300

Acima de 5 salários mínimos R$ 200

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Cidades: Rio de Janeiro. Disponível

em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=330455>. Acesso em: 12 set. 2017.

MOTTA, R. S. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. Rio de Janeiro.

IPEA/MMA/PNUD/CNPq, 1997, 254 p.

PRAÇA do Ipê foi restaurada e conta com horta urbana. Veja Rio, 14 jan. 2017. Disponível em <

https://vejario.abril.com.br/cidades/praca-do-ipe-foi-restaurada-e-conta-com-uma-horta-urbana/>.

Acessado em: 20 jul. 2017.

RAOSOFT. Database web survey software for gathering information: sample size calculator. 2004.

Disponível em: <http://www.raosoft.com/samplesize.html>. Acesso em: 08 mar. 2017.

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O USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO NA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO

DE IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE ATERROS SANITÁRIOS: PROPOSTA

DE METODOLOGIA PARA IDENTIFICAÇÃO E MENSURAÇÃO

Marjorie Claudino Wippel1 & Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro da Cunha1

Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mails: [email protected], [email protected]

Resumo

Atualmente o modelo capitalista adotado no Brasil influencia diretamente na intensidade e no

volume que a população consome e, consequentemente, descarta, sendo necessárias

infraestruturas adequadas e capazes de absorver o que foi descartado. No Brasil, a forma mais

adequada de dispor esses materiais é em aterro sanitário, no entanto, este possui potencial

causador de impactos ambientais e sociais, principalmente quando há má gestão ou mesmo o

não cumprimento de normas e leis estabelecidas para essa atividade. Neste contexto, quando

se trata dos impactos ambientais causados por aterro sanitário, a percepção social não é tida

como relevante, sendo a população diretamente afetada e constantemente negligenciada. Com

o objetivo de inserir a percepção da comunidade residente no entorno de um aterro sanitário

na avaliação de impactos ambientais, o presente estudo visa propor uma metodologia para

identificação e mensuração, por meio do uso de indicadores de desempenho ambiental, dos

impactos percebidos por essa comunidade, de forma a possibilitar uma análise mais completa

da qualidade ambiental do aterro, auxiliar no processo decisório e na elaboração de políticas

públicas eficazes.

Palavras-chave: aterro sanitário, avaliação de impacto socioambiental, indicadores de

desempenho, opinião pública, percepção socioambiental.

Introdução

O modelo capitalista adotado por diversos países, assim como o Brasil, prevê a

valorização de bens materiais e o incentivo exagerado ao consumo, o que contribui para

elevar o volume de materiais descartados e aumentar a necessidade de infraestruturas capazes

de transportar e absorver esses materiais [...] (KLIGERMAN, 2006). Factualmente, para se

evitar problemas ambientais, este incremento de volume precisa ser adequadamente gerido e

disposto. Na contemporaneidade brasileira, os aterros sanitários figuram como a principal

solução técnica e ambiental para a correta disposição final dos resíduos sólidos urbanos

(RSU). Entretanto, os aterros sanitários têm operação limitada por sua vida útil, função direta

da área de instalação, sendo urgente repensar-se os padrões de consumo e as práticas dos 3R’s

para a economia de áreas de disposição.

Esta preocupação deriva da intrínseca relação entre a atividade de aterramento de

resíduos e os riscos de ocorrência de impactos ambientais, haja visto, em especial, que os

aterros carecem de extensas áreas para implantação, além de, por exigência normativa, terem

que estar distantes da população e apresentarem custos de implantação e operação elevados

(JUNIOR, 2005).

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Perante a Lei 12.305 de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS), dispor RSU em aterros sanitários figura como metodologia mais adequada, em

especial por possuírem infraestruturas que visam minimizar os impactos ambientais. No

entanto, mesmo com tecnologia, leis, normas e técnicas de engenharia, não é raro que a

atividade típica de um aterro cause impactos ambientais significativos e transtornos às

comunidades de entorno. Neste aspecto, a negligência à preceitos legais e normativos é o

principal indutor dos transtornos percebidos pela população e pelos impactos ambientais

causados.

Todavia, quando se trata da avalição de impactos, da fiscalização ou da quantificação

de danos ambientais, nem sempre a percepção social dos fatos é considerada relevante pelos

órgãos de controle. Muitas vezes considerada leiga na matéria em discussão, a comunidade de

entorno, que é diretamente afetada, é sumariamente negligenciada.

Segundo Sánchez (2013), a avaliação da percepção social é importante para a

fundamentação de decisões, para a concepção e planejamento de projetos, para o

desenvolvimento de políticas públicas1, para a negociação social e para uma gestão ambiental

eficiente. Segundo o autor, recomenda-se a utilização de indicadores de desempenho para a

medição da qualidade ambiental de um empreendimento, de forma similar ao procedimento

adotado para a elaboração de índices de qualidade de vida e desenvolvimento humano. Desde

que estas atividades sejam descritas por meio de indicadores objetivos, elas podem traduzir a

percepção dos diferentes atores sociais (SACHS, 1974 apud SANCHEZ, 2013). Esses

indicadores também podem ser usados para a interpretação e consolidação dos dados, para

auxiliar no processo de previsão de impactos ambientais e na elaboração de políticas públicas

eficazes.

Assim, acredita-se que por meio de indicadores de desempenho seja possível integrar a

avaliação de impacto ambiental a uma linha de estudos chamada de percepção ambiental2, que

se apresenta como ferramenta para agregar opinião pública, visando a adequação de projetos à

realidade da população diretamente atingida.

Por tanto, a pesquisa em questão visa propor uma metodologia quali-quantitativa de

avaliação de impactos ambientais, através do uso de indicadores de desempenho ambiental,

que considere a percepção da comunidade de entorno de aterros sanitários, possibilitando a

análise da qualidade ambiental do aterro, além de auxiliar no processo decisório e na

elaboração de políticas públicas eficazes, inserindo, assim, a percepção ambiental da

população na avaliação de impacto ambiental. É importante ressaltar que avaliar os impactos

de um empreendimento, seja na etapa de planejamento, implantação ou operação, também

reflete a qualidade ambiental presente ou prevista desta atividade, afinando o

desenvolvimento da mesma aos preceitos do desenvolvimento sustentável.

1 São conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou

municipais) com a participação, direta ou indireta, de entes públicos ou privados que visam assegurar

determinado direito de cidadania para vários grupos da sociedade ou para determinado segmento social, cultural,

étnico ou econômico. 2 A percepção ambiental é um processo mental que estrutura e organiza, por meio de imagens, sentidos e

estímulo externos, a ligação do homem com o meio em que vive, com base na experiência e vivencia do

indivíduo, resulta em seu comportamento e conduta (KRELING, 2006).

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Material e Métodos

A primeira etapa da metodologia proposta foi a execução de Revisão Bibliográfica

nacional, através da consulta de artigos técnicos, referências normativas e livros técnicos. A

parir da revisão realizada, partiu-se para a estruturação da metodologia e o desenvolvimento

de sua lógica de aplicação junto aos aterros sanitários. Para tal, foram propostas quatro etapas

metodológicas: (i) definição de critérios para identificar a área de amostragem; (ii) elaboração

de questionário socioambiental a ser aplicado na população residente na área de amostragem;

(iii) definição de métrica de consolidação das informações obtidas; (iv) desenvolvimento de

indicadores sociais que avaliem a percepção sócio ambiental da população a partir dos

questionários aplicados.

Resultados e Discussão

Quanto à definição do universo amostral, a mesma faz-se necessária para identificar os

locais mais sucetiveis aos impactos causados pela implantação, operação e desativação do

empreendimento. Desta forma, após pesquisa, identificou-se que a aplicação do questionário

deve ocorrer nas residências/comércios que se encontram:

1) Dentro de um raio, a partir do centro do aterro sanitário, de 3 Km ( Figura 1).

Figura 1. Critério para identificação do universo amostral.

Fonte: os autores

2) Dentro de uma faixa de 30 metros (para cada lado), em todo o trajeto da porta do

aterro até a rodovia estadual ou federal mais próxima (Figura 2).

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Figura 2. Critério para identificação do universo amostral.

Fonte: os autores

Para este estudo, o universo é a comunidade localizada no entorno do aterro sanitário e

a amostra é uma parte selecionada a partir dos critérios sugeridos acima.

Quanto ao questionário para identificação da percepção dos impactos de aterros

sanitários, o mesmo foi construido atendendo aos seguintes aspectos: 1) Quali-quantitativo,

que considera a opinião do entrevistado quanto ao assunto abordado e aponta por meio de

dados numéricos a frequência e a intensidade que cada impacto gera; e, 2) Estruturado com

perguntas fechadas, na qual as respostas são definidas e o entrevistado escolhe entre uma das

opções oferecidas.

Este tipo de pesquisa permite que o entrevistado escolha a “alternativa que mais se

ajusta às suas características, ideias e sentimentos” (RICHARDSON, 2012) e permite que as

respostas sejam tratadas e consolidadas mais facilmente. Em síntese, o questionário inicia-se

com intruções objetivas ao entrevistado quanto ao tema proposto e a forma como deve ser

preenchido. Após são solicitados os dados sociodemográficos e a partir de então é abordado o

tema em questão, onde são realizadas perguntas chaves, que direcionam o questionário, a

partir delas são elabaoradas outras perguntas sem fugir do tema da pergunta chave. O resumo

expandido em questão visa apenas a apresentação da proposta de indicadores socioambientais

derivados do questionário, por este motivo o mesmo não é textualmente apresentado no

presente.

Quanto a etapa de consolidação dos dados, os resultados da pesquisa devem receber

tratamento, para isso é preciso quantificar o número de pessoas entrevistadas, o número de

pessoas envolvidas em cada análise distinta e número de pessoas envolvidas em cada tipo de

resposta. Assim, é possível obter uma avaliação percentual de cada resposta. Desse modo, a

partir da consolidação, podem ser realizadas diversas medidas estatísticas, pois é possível

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identificar e consolidar os impactos positivos e os negativos de um aterro sanitário,

percebidos pelos entrevistados.

Para avaliação dos indicadores de desempenho socioambiental são contemplados

somente os percentuais dos impactos ambientais negativos (Quadro 1) consolidados na etapa

anterior, uma vez que o objetivo é avaliar o desempenho ambiental do aterro sanitário e como

os mesmos são percebidos pela população.

Quadro 1. Proposta de indicadores para a avaliação da percepção social de impactos ambientais

causados por aterros sanitários.

AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

Item Avaliação Peso Pontuação

Foi percebido cheiro de lixo nas

redondezas do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Foi percebido barulho de caminhões

transitando no entorno do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Foi percebida fumaça oriunda de

caminhões transitando no entorno do

aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

(continua)

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(continuação) AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

Item Avaliação Peso Pontuação

Foi constatada a presença de resíduos

volantes oriundos dos caminhões?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Foi constatada fila de caminhões no acesso

à balança do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Foi constatado chorume oriundo dos

caminhões no entorno do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Foi percebido o aumento de poeira e

material particulado no interior das

residências devido ao trânsito de

caminhões no entorno do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Foi percebido barulho do maquinário

pesado da operação no entorno do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

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(continuação) AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

Item Avaliação Peso Pontuação

Foi constatada alteração de odor/sabor

característico na água de poço após a

instalação do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Foi constatada a proliferação de ratos e

outros vetores terrestres após a instalação

do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Foi constatada a proliferação de moscas e

outros vetores aéreos após a instalação do

aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

Quanto à duração e a frequência dos

impactos constatados, quantos foram

considerados constantes e diários?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

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(conclusão) AVALIAÇÃO DOS INDICADORES

Item Avaliação Peso Pontuação

Quantos entrevistados

afirmaram haver, ao

menos, 3 prejuízos ao

bem-estar em função

das operações normais

do aterro?

Não houve relato 1

Menos de 10% dos

entrevistados 0,75

Menos de 25% dos

entrevistados 0,5

Menos de 50% dos

entrevistados 0,25

Mais de 50% dos

entrevistados 0

SUB – TOTAL

MÁXIMO 14

Fonte: os autores

Dessa maneira, quanto menor o valor atribuído a um impacto pior será o desempenho

ambiental do aterro sanitário perante a população residente, ou seja, mais impactos estão

sendo percebidos pelo indivíduo. Com a avaliação desses indicadores é possível estabelecer

os impactos reais sentidos pela comunidade e, a partir de então, podem ser elaboradas

políticas públicas eficazes, tal como medidas mitigadoras, que tendem a preservar os

interesses da sociedade e garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Durante a pesquisa ficou constatado também que a população vizinha a aterros

sanitários é a que mais sofre com os seus impactos e que, em geral, essas áreas possuem

população mais carente e, consequentemente, sem apelo político. Ou seja, não possuem voz

ativa e a intima relação que os moradores possuem com o local não é levada em consideração,

assim como sua cultura. O que difere totalmente do preconizado na PNRS, onde as soluções

para os resíduos devem considerar, entre outros, a cultura e o social, tendo em vista um

desenvolvimento sustentável.

Conclusões

Em geral, aterros sanitários são implantados em áreas carentes, onde a população

residente em seu entorno é a mais afetada com os impactos ambientais decorrentes dessa

atividade. Por isso é imprescindível a participação popular na avaliação desses impactos.

O presente estudo possibilitou inferir que a inserção da percepção social na avaliação

de impacto ambiental pode ser configurar uma excelente ferramenta de gestão ambiental, já

que considera a comunidade diretamente atingida com o desenvolvimento da atividade. Dessa

maneira, entende-se como imprescindível a comparação entre a percepção técnica e social,

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uma vez que estas se complementam e assim colaboram para o desenvolvimento harmônico e

sustentável da atividade.

Portanto, é possível concluir que a utilização de indicadores de desempenho no

processo de avaliação de impactos ambientais, conjuntamente com critérios que considerem a

percepção ambiental, podem tornar a AIA mais profunda, holística e mais próxima da

realidade da comunidade residente no entorno de um aterro sanitário.

Não resta dúvida que, a partir da aplicação desta metodologia, é possível repensar e

propor novas políticas públicas que considerem medidas mitigadoras direcionadas à

preservação dos interesses da sociedade e a garantia da manutenção do meio ambiente

ecologicamente equilibrado.

Em suma, sugere-se que pesquisas posteriores realizem a aplicação da metodologia

elaborada, como forma de verificar sua validade como parte da avaliação de impacto

ambiental, melhoria da qualidade dos aterros sanitários, bem como a possibilidade de

sustentabilidade deste último, além de uma maior participação pública em projetos de

significativo impacto socioambiental.

Referências

BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Institui a política nacional de meio ambiente. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=313>. Acesso em: 28 set. 2017.

BRASIL. Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no

9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 28.set.2017.

KRELING, M. T. Aterro sanitário da extrema e resíduos sólidos urbanos domiciliares: percepção dos

moradores - Porto Alegre – RS. 2006. 156f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

KLIGERMAN, D. C. A Era da reciclagem X A Era do desperdício. In: SISINNO, C. L. S.; OLIVEIRA, R. M.

(Orgs.). Resíduos sólidos, ambiente e saúde: uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: FIOCRUZ,

2006, p. 99-110.

PHILIPPI Jr., A. (Ed.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável.

Barueri: Manole, 2005.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos,

2013.

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AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS DE UM TRECHO URBANO DO

ARROIO PAVUNA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Victor Dengo Sabino1 & Anderson de Almeida Salvioli Salgado2

1Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Dourados,

MS, Brasil 2Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

Em função do desenvolvimento das atividades humanas, os ambientes naturais são

transformados em urbanos e os córregos por receberem os impactos ambientais difusos em

toda a extensão da bacia hidrográfica são um dos principais ecossistemas degradados durante

esse processo. Visto isso, o objetivo desse trabalho foi o de avaliar um trecho do arroio

Pavuna para determinar o grau de integridade ambiental. A metodologia incluiu a aplicação

de um Protocolo de Avaliação Rápida - PAR e Sistema de Informações Geográficas - SIG.

Para a análise da qualidade do ambiente, adotou-se 4 estações de monitoramento. Os

resultados quantitativos revelam que as estações de monitoramento #1, #2 e #3 apresentaram

condições de impactado e a estação de monitoramento #4 apresentou condições de alterado. A

avaliação da área de preservação permanente – APP, revelou que para todas as estações de

monitoramento há déficit de vegetação em relação a faixa marginal de 50 metros. As faixas

marginais geralmente apresentam largura de 6 metros, com exceção de um local específico na

foz (estação de monitoramento #4) que apresenta APP com mais de 50 metros de largura.

Conclui-se que o arroio Pavuna apresenta péssimas condições de conservação, podendo esse,

ser enquadrado como um arroio ou córrego impactado.

Palavras-chave: área de preservação permanente, meio ambiente, protocolo de avaliação

rápida.

Introdução

O desenvolvimento das atividades humanas e os processos naturais possuem potencial

para alterar as características físicas, químicas e biológicas da água. Essas alterações são

aspectos que influenciam diretamente na qualidade do recurso hídrico, na saúde humana e no

equilíbrio e saúde dos ecossistemas (ANA, 2013). Ao longo dos anos o processo de

crescimento e desenvolvimento urbano conjuntamente às atividades industriais e rurais

promoveram a exploração dos recursos naturais e geraram uma série de impactos ambientais

em diferentes escalas.

Com isso, a intensificação dos problemas socioambientais, como a urbanização

acelerada, o crescimento demográfico e sua desigual distribuição, o consumo excessivo de

recursos não renováveis, a contaminação tóxica dos recursos naturais, o desflorestamento, a

redução da biodiversidade e da diversidade cultural, a geração do efeito estufa e a redução da

camada de ozônio com suas consequências no equilíbrio climático, se apresentam como

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148

resultado dos processos de produção do espaço urbano, revelando, assim, as carências que

esse processo produz (SEABRA, 1991, apud TOLEDO, 2005, p. 24).

Sendo assim, os ambientes aquáticos recebem uma série de impactos ambientais

resultantes desses processos, tais como o descarte inadequado de resíduos sólidos, efluentes e

esgotos clandestinos, resíduos de fertilizantes e agrotóxicos entre outros. As alterações nesses

ambientes afetam diretamente os organismos aquáticos que segundo Queiroz et al., (2008),

podem incorporar os contaminantes presentes no ecossistema aquático, tais como os

“inseticidas, fungicidas, herbicidas, bifenilas policloradas (PCBs), hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos (PAHs), dioxinas e metais pesados”.

De maneira geral, ao avaliar a paisagem das cidades brasileiras, fica evidente que ao

longo dos anos o crescimento urbano acelerado que trouxe desenvolvimento aos centros

urbanos também foi deficiente em aspectos de planejamento urbano e ambiental, permitindo a

ocorrência de uma série de impactos ambientais, principalmente àqueles que afetam de

maneira direta ou indireta aos recursos hídricos. Evidências desse processo podem ser

verificadas na transformação da paisagem, quando córregos, arroios, riachos ou rios que

perpassam o ambiente urbano são modificados de maneira a serem transformados em canais

de esgoto. Essas ações demonstram a precariedade em práticas que de fato promovam o

correto gerenciamento do recurso hídrico, pois não promovem a manutenção do ambiente

natural, mas transformam o ambiente natural em artificial e desarticula o objetivo principal

dos cursos d’água, que é fornecer serviços ecossistêmicos e ambientais à biota.

Desta maneira, monitorar os corpos hídricos tornou-se essencial, sobretudo, para

planejar ações de mitigação e compensação. Sendo assim, diversos métodos dependentes de

análises laboratoriais foram desenvolvidos para avaliar o grau de integridade dos ambientes

aquáticos com diferentes abordagens, envolvendo parâmetros físicos, químicos e biológicos,

podendo ou não, fazerem usos de bioindicadores. No entanto, esses ambientes também podem

ser avaliados por abordagens mais simplificadas, de baixo custo e com alta eficiência de

resposta, tais como pela aplicação de protocolos de avaliação rápida de ecossistemas (PAR).

Com esse objetivo, Callisto et al., (2002) desenvolveu um protocolo de avaliação rápida,

baseado no protocolo de Hannaford et al., (1997) capaz de avaliar de maneira geral ambientes

aquáticos.

Sendo assim, a aplicação desse protocolo tem sido realizada em diversos estudos, por

exemplo, para avaliar a bacia hidrográfica do rio Imbé no Rio de Janeiro (BERSOT,

MEZEZES e ANDRADE, 2015), para avaliar o Parque Ambiental Arnulpho Fioravante em

Dourados - MS e propor estratégias de conservação (MATSUMOTO et al., 2012), para

avaliar o córrego Laranja Doce, em Dourados - MS (COSTA et al, 2014), para avaliar o

estado de conservação do córrego Caveirinha, em Goiânia – GO (NETO et al., 2016). Além

disso, conforme explica Callisto et al., (2002), não há necessidade de treinamento prévio para

a aplicação do PAR.

Portanto, o objetivo foi avaliar um trecho do arroio Pavuna (1.9 km) por meio da

aplicação de um protocolo de avaliação rápida da integridade ecológica de ambientes para

determinar o grau de integridade ambiental.

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Material e Métodos

O arroio Pavuna possui 3.5 km de extensão, tem sua origem como uma vertente do rio

Guerenguê, seguindo rumo Sul até desaguar na Lagoa de Jacarepaguá (Figura 1).

Considerando as condições locais, adotou-se como trajeto para avaliação, o trecho de acesso

público próximo a vertente até a foz na Lagoa de Jacarepaguá. Este trecho compreende 1.98

km, onde foram analisados diferentes locais em direção a foz, a saber: estação de

monitoramento #1 (Latitude -22.9533068, Longitude -43.378854), estação de monitoramento

#2 (Latitude -22. 955669, Longitude -43.3757671), estação de monitoramento #3 (Latitude -

22.971446, Longitude -43.3796171) e estação de monitoramento #4 (Latitude -22.9734796,

Longitude -43.378935).

Figura 1. Mapa de localização do arroio Pavuna na bacia hidrográfica do rio Guerenguê com estações

de monitoramento: #1, montante do Arroio Pavuna e primeiro local de amostragem; #2, segunda

estação de monitoramento sentido à foz; #3, terceira estação de monitoramento sentido à foz e #4,

última estação de monitoramento na foz - Lagoa de Jacarepaguá.

Fonte: os autores

Para avaliar o estado de conservação do arroio Pavuna, foi utilizado o protocolo de

avaliação rápida de diversidade de habitats proposto por Callisto et al. (2002). O protocolo é

composto por 22 (vinte e dois) parâmetros avaliativos, divididos em dois quadros. O primeiro

quadro é composto por 10 parâmetros que avaliam o nível de impactos ambientais oriundos

das atividades antrópicas. O segundo quadro é composto por 12 parâmetros que avaliam as

condições de habitat e sua conservação (CALLISTO et al., 2002).

O primeiro quadro avalia um conjunto de parâmetros em categorias descritas e

pontuadas de 0 a 4, enquanto o segundo quadro pontua de 0 a 5. Esta pontuação é atribuída a

cada parâmetro com base na observação das condições do local. O valor final do protocolo de

avaliação é obtido a partir do somatório dos valores atribuídos a cada parâmetro

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independentemente. As pontuações finais refletem o nível de preservação das condições

ecológicas dos trechos avaliados, onde de 0 a 40 pontos representam trechos impactados; 41 a

60 pontos representam trechos alterados; e acima de 61 pontos, trechos naturais (CALLISTO

et al., 2002).

Área de Preservação Permanente

Para avaliar a área de preservação permanente do arroio Pavuna, adotou-se como

parâmetros cartográficos a projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), Elipsóide

South American Datum 1969 – Datum SAD 69 e zona meridiana 23 Sul. Os dados foram

trabalhados no ambiente do software QGIS, versão 2.16.1. A definição da área de influência

(Buffer) que corresponde à área de preservação permanente foi baseada nos critérios

constantes na Lei Federal 12.651/2012, para áreas de preservação permanente fora de áreas de

uso consolidado em ambiente rural ou urbano, a qual, determina que cursos d’água natural,

perene, intermitente, excluídos os efêmeros, com largura superior a 10 metros devem possuir

área de preservação permanente de 50 metros.

Resultados e Discussão

A avaliação ambiental do arroio Pavuna, foi realizada por meio da observação direta

das condições do ambiente, conjuntamente com o preenchimento do protocolo de avaliação

rápida de diversidade de habitats, proposto por Callisto et al. (2002). A amostragem ocorreu

em quatro locais diferentes, denominados de estações de monitoramento #1, #2, #3 e #4. Os

resultados quantitativos revelam que não há locais que apresentam condições naturais para o

corpo hídrico. Sendo assim, as estações de monitoramento #1, #2 e #3 apresentaram

condições de impactado e a estação de monitoramento #4 apresentou condições de alterado.

A estação de monitoramento #1 (Figura 2) exibiu um total de 35 pontos, o que

determina que esse local está impactado. O corpo hídrico apresenta grandes alterações

antrópicas, pois suas margens possuem ocupação tipicamente urbana, com presença de

resíduos domiciliares e descarte clandestino de esgoto doméstico. Em consequência disso e

em função do fundo lamoso, as águas apresentam coloração turva. Pela baixa qualidade das

águas não é possível verificar a ocorrência de plantas aquáticas.

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Figura 2. Estação de monitoramento #1. Montante do arroio Pavuna classificado em impactado (35

pontos) devido às alterações antrópicas. Fonte: os autores

Para a estação de monitoramento #2 (Figura 3), a avaliação resultou em 28 pontos,

demonstrando que o local está impactado. Nesse local, as condições são piores em relação ao

local #1. O padrão de ocupação das margens ainda é predominantemente urbano, com

presença de resíduos domiciliares e descarte clandestino de esgoto doméstico. Diante disso,

não há um gradiente de melhora para a qualidade da água do arroio Pavuna, ademais, nessa

estação de monitoramento, ficou evidente a ocorrência de oleosidade moderada na água e no

fundo (sedimento) do arroio. A coloração da água permanece turva, com odor característico

de esgoto, o fundo ainda apresenta horizonte tipicamente lamoso com pouca ou nenhuma

diversidade de material ou substrato fixo para facilitar a presença de organismos. Há presença

de bancos de lama, o que deixa evidente a ocorrência de processos erosivos devido à ausência

ou baixo percentual de vegetação ciliar. Além disso, a lâmina de água no local apresenta

pouca profundidade com ausência de plantas aquáticas, dificultando a sobrevivência de

possíveis peixes.

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Figura 3. Estação de monitoramento #2 no arroio Pavuna. Este local foi classificado em impactado

(28 pontos), apresenta condições piores quando comparado ao #1. Fonte: os autores

A avaliação da estação de monitoramento #3 (Figura 4), definiu para esse local 29

pontos, enquadrando-o com grau de impactado. As margens continuam apresentando

ocupação urbana com resíduos e esgoto dispostos ao longo do trajeto. Porém, não há presença

de moradias às margens do arroio, e sim uma faixa marginal com pouca vegetação arbórea e

com grande quantidade de gramíneas para isolamento em relação à avenida marginal ao arroio

Pavuna. A água continua apresentando coloração turva, com odor característico de esgoto e

com oleosidade superficial e no fundo. O corpo hídrico continua tipicamente lamoso, com

ausência de trechos rápidos, com pouca diversidade de habitats e não apresenta vegetação

aquática.

Figura 4. Estação de monitoramento #3. Esse local foi classificado em impactado (29) pontos.

Detalhe para infraestrutura urbana e escassa vegetação. Fonte: os autores

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Já para a estação de monitoramento #4 (Figura 5), a avaliação resultou em 44 pontos,

identificando que esse local apresenta características de alterado. Em comparação com os

outros três locais avaliados, esse é o que apresenta o melhor resultado. Isso ocorre devido a

maior presença de vegetação ciliar, ausência de erosões, maior diversidade de habitats em

relação aos outros locais avaliados. No entanto, a água ainda apresenta coloração turva, com

odor característico de esgoto e com oleosidade abundante na superfície e no fundo.

Figura 5. Estação de monitoramento #4. Foz do arroio Pavuna na Lagoa de Jacarepaguá. Local

apresenta considerável quantidade de resíduos sólidos, porém apresentou o melhor grau de integridade

(alterado 44 pontos) devido ao ambiente diverso e presença massiva de vegetação ciliar. Fonte: os autores

Os dados apresentados demonstram que os principais impactos para o arroio Pavuna

são oriundos da transformação paisagística natural para urbana. Não obstante, cenários

semelhantes ao do arroio Pavuna podem ser encontrados em outros córregos urbanos, como

descrito por Matsumoto et al., (2012), Costa et al., (2014) e Sabino (2017), onde a ocupação

das margens, a presença de resíduos, esgoto e pouca vegetação ciliar são comuns. A

caracterização da integridade ecológica do arroio Pavuna por meio do PAR, que o caracteriza

como um córrego impactado, ainda pode ser corroborada por Freitas (2009), que encontrou

para o arroio Pavuna dados para os parâmetros de fósforo total, oxigênio dissolvido e

demanda bioquímica de oxigênio fora dos padrões da Resolução CONAMA 357/2005. Desta

maneira, fica evidente que, o arroio Pavuna sofre um processo de degradação da qualidade de

suas águas.

Área de Preservação Permanente

A geração do mapa com buffer (Figura 6), que corresponde a uma área ou zona de

influência pré-determinada, permitiu verificar se os fragmentos florestais ao longo do curso

do arroio Pavuna, atendem a legislação federal 12.651/2012, no que diz respeito a Área de

Preservação Permanente - APP. Sendo assim, adotou-se a delimitação de uma área de APP de

50 metros para cada margem. Confrontando o produto gerado com uma imagem de satélite é

possível perceber que em toda sua extensão a APP apresenta largura inferior à 50 metros. No

local da estação de monitoramento #1, #2 e #3, o desflorestamento é óbvio, a cobertura

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vegetal é parcial e a faixa de vegetação possui menos de 6 metros de largura (Figura 6). Em

todo o trajeto analisado, fica evidente a ocupação urbana das áreas marginais ao arroio (Figura

6). Sendo assim, na área destinada pela lei 12.651/2012 para a preservação do corpo hídrico,

encontram-se casas, avenidas e atividades comerciais com diferentes graus de impacto

ambiental.

Para o local da estação de monitoramento #4, ocorre uma pequena diversificação em

um pequeno trecho da margem esquerda da foz do arroio na Lagoa de Jacarepaguá que

apresenta vegetação além do limite exigido na referida lei (Figura 6). No entanto, nesse

seguimento ainda é possível verificar desflorestamento e áreas em sua maioria com APP com

extensão de 12 a 18 metros.

O déficit em área de preservação permanente é resultado de uma expansão urbana, que

geralmente, ocorre por vias de ocupação ilegal. Os efeitos direto resultam em degradação da

qualidade das águas do arroio, acúmulo de resíduos, perda da vegetação, descontrole de

pragas (insetos e roedores), alagamentos e poluição paisagística.

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Figura 6. Mapa da área de preservação permanente do arroio Pavuna destacada com delimitação em

zona de influência (Buffer). Praticamente em todo seu leito há ausência de vegetação ciliar. Fonte: os autores

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Conclusões

A partir da avaliação realizada foi possível determinar que nos locais avaliados, o

arroio Pavuna apresenta péssimas condições de conservação, podendo esse, ser enquadrado

como um arroio ou córrego impactado. Praticamente todo seu leito apresenta déficit em área

de preservação permanente e processos erosivos, as margens estão ocupadas por usos

urbanos, impactos ambientais oriundos do descarte de esgoto e outros poluentes são

evidentes, tanto pela coloração turva da água, como pelo odor e presença de oleosidade na

superfície e no sedimento do fundo do leito. O Pavuna não apresenta habitats diversificados,

corredeiras ou rápidos e não há plantas aquáticas. Considerando as condições atuais, o arroio

Pavuna não atende as funções básicas de um corpo hídrico, que é fornecer água em

quantidade e qualidade compatível aos usos humanos, abrigar a fauna e contribuir para

estabilidade dos sistemas ecológicos. Nesse sentido, é necessário que seja implantado um

projeto de recuperação de bacias hidrográficas e desafetação de áreas ambientais.

Referências

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recursos hídricos. 2. ed. Brasília: ANA, 2013.

BERSOT, M. R. O. B.; MENEZES, J. M.; ANDRADE, S. F. Aplicação do protocolo de avaliação rápida de rios

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277-294, maio/ago. 2015.

BRASIL. Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos

6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006;

revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida

Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 mai. 2012. Disponível em:

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CALLISTO M.; FERREIRA, W. R.; MORENO, P.; GOULART, M.; PETRUCIO, M. Aplicação de um

protocolo de avaliação rápida da diversidade de habitats em atividade de ensino e pesquisa (MG-RJ).

Acta Limnologica Brasiliensia, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 91-98, 2002.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 357/2005. Dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento. Bem como estabelece

as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Lex: coletânea de legislação

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COSTA, M. P.; GOMES, C.; NOGUEIRA, D. H.; GONÇALES, J. V.; PEGORARO, M. S. Avaliação

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Da Universidade Federal da Grande Dourados e Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da Universidade

Estadual de Mato Grosso do Sul – ENEPEX, 8. e 5., 2014, Dourados. Anais… Dourados: Universidade

Federal da Grande Dourados, 2014. Disponível em:

<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:4011weODZk0J:eventos.ufgd.edu.br/enepex/an

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ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

PAVIMENTAÇÃO UTILIZADOS ATUALMENTE NA CIDADE DE CABO FRIO:

ESTUDO DE CASO DO CRUZAMENTO DAS RUAS HENRIQUE TERRA, RUA

ABIUS E RUA ROMA

Vinicius Dias Fonseca1 & Fernando Vagner Ribeiro1

Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ,

Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

Os solos vêm passando por um processo acelerado de impermeabilização, seja por fatores

como construção de edificações ou pelo crescente processo de pavimentação de ruas e de

calçadas. Buscando um maior conforto aos seus usuários, os pavimentos antigos feitos de

blocos de rochas ou paralelepípedos, que permitem a infiltração da água no solo por meio de

suas juntas, vêm sendo substituídos por outros tipos de pavimentos, como a pavimentação

asfáltica não porosa que não permite que a água infiltre no solo, causando grande escoamento

superficial e tornando necessária a utilização de sistemas cada vez mais robustos de

drenagem. Uma das soluções apresentadas para amenizar este processo de impermeabilização

e suas consequências é a utilização de pavimentos utilizando blocos de concreto intertravados.

O presente trabalho analisa, através de ensaios de infiltração, a capacidade de permeabilidade

dos principais tipos de pavimentos utilizados para a pavimentação urbana, onde demonstra

que, apesar dos valores ficarem abaixo do esperado, os pavimentos com blocos de rochas e

com os blocos de concreto intertravados podem ser apresentados como uma forma mitigadora

à diminuição da infiltração de água dos solos.

Palavras-chave: drenagem urbana, infiltração de pavimentos, permeabilidade.

Introdução

O processo de recomposição da água da chuva no solo das grandes cidades foi

prejudicado com o crescimento das áreas urbanas e o aumento do número das edificações e

das pistas pavimentadas com material impermeável. Assim, com a finalidade de evitar

alagamentos e destruição das vias torna-se necessário a utilização de sistemas de drenagem

cada vez mais robustos que sejam capazes de captar o volume da água que escoa

superficialmente no solo e de conduzir o fluxo de águas pluviais às áreas de descarte. Dentre

estas medidas, citam aquelas que visam aumentar o processo de infiltração das águas pluviais

no solo, como a utilização de pavimento permeável em calçadas, ruas e pátios de

estacionamentos.

A pavimentação utilizando blocos de rochas de granito, de concreto, gnaisse, ou

originados de outros tipos de rocha de resistência equivalente, embora seja um dos

pavimentos mais antigos que se tenha conhecimento, são bastante utilizados até hoje e

também podem ser considerados pavimentos permeáveis (FONSECA, 2015). Ainda segundo

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o autor, diferentemente dos blocos produzidos com concreto permeável com alto índice de

vazios, a sua permeabilidade não ocorre através do bloco, mas entre as juntas existentes entre

cada peça.

Contudo, mesmo os pavimentos permeáveis sendo apresentados como uma solução

compensatória à perda desta permeabilidade dos solos, principalmente em áreas altamente

urbanizadas, observa-se nos grandes centros da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro,

justamente o oposto, onde pavimentos com blocos de rochas de paralelepípedos e blocos de

concreto intertravados estão sendo substituídos pela pavimentação asfáltica não porosa e

altamente impermeável, que diminui a taxa de infiltração das águas das chuvas nos solos,

aumentando consideravelmente o volume de água conduzido superficialmente para os

limitados sistemas de drenagem existentes aumentando o índice de alagamentos.

No início do processo de urbanização, a região central de Cabo Frio foi intensamente

aterrada, sendo pavimentada inicialmente por paralelepípedos feitos de rochas encontradas na

região do município vizinho de São Pedro da Aldeia (FONSECA, 2015). Porém, nos últimos

20 anos, devido ao crescimento econômico e ao grande conforto de dirigibilidade que o

asfalto proporciona, a região central de Cabo Frio passou a ser pavimentada com cimento

asfáltico não poroso em substituição à pavimentação com paralelepípedos e à pavimentação

com blocos de concreto intertravados.

Portanto, há a necessidade de se avaliar a eficiência dos pavimentos utilizados na

região central da cidade de Cabo Frio-RJ como elemento permeável e verificar, através do

índice de permeabilidade destes pavimentos, se esta substituição pode afetar o já limitado

sistema de drenagem de águas pluviais existente nesta cidade e a recomposição das águas das

chuvas no lençol freático.

Material e Métodos

Segundo Marchioni (2011), a avaliação do coeficiente de permeabilidade de

pavimentos pode ser realizada utilizando o método de ensaio da ASTM C1701- Standard Test

Method for Infiltration Rate of In Place Pervious Concrete (método de ensaio in situ para

determinação de coeficientes de permeabilidade em concreto permeável), onde aborda o

procedimento de campo que determina a taxa de infiltração de água em superfícies de

concreto permeável.

Para a realização dos testes foram utilizados os seguintes equipamentos conforme a

Figura 1: três cilindros abertos em ambas às extremidades com 300 mm de diâmetro interno e

altura de 500 mm, reservatório de água com capacidade de 20 litros, balde graduado de 3,6

litros de capacidade, rejunte plástico para vedar o sistema, trena e cronômetro.

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Figura 1. Materiais utilizados no experimento. (1) Balde graduado; (2) Cilindros; (3) Recipiente de

água; (4) Junta plástica; (5) Trena. Fonte: o autor (2015)

Conforme Jabur (2013), após aferidos os valores no ensaio, deverá ser utilizado as

normas de valores típicos de coeficiente de permeabilidade para se conhecer o grau de

permeabilidade dos pavimentos analisados. Não foi realizado qualquer tipo de limpeza ao

pavimento, para que seja preservado o real estado de preservação de utilização do pavimento.

A primeira etapa executada foi a aplicação do rejunte na superfície inferior do cilindro,

sendo posteriormente pressionado na superfície do pavimento para que a massa se conforme e

se molde nas irregularidades presentes no pavimento para evitar a perda de água. Depois desta

etapa, foi aplicada mais uma quantidade de massa na parte interna e externa nos bordos em

contato com o pavimento para garantir a vedação total do sistema.

Após a instalação do cilindro e sua vedação verificada (Figura 2), realizou-se uma pré-

molhagem conforme descrita na norma, despejando-se 3,6 litros de água no interior do

cilindro até que ocorresse a total infiltração deste volume. Isto se torna necessário para que o

solo seja saturado. Se o tempo da pré-molhagem for inferior a 30 segundos, utiliza-se 18 litros

de água no ensaio ou, novamente, 3,6 litros se o tempo de pré-molhagem for superior a 30

segundos.

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Figura 2. Cilindro pronto para o teste de infiltração. Fonte: o autor (2015)

Desta forma, o experimento foi executado repetindo-se o procedimento anterior a fim

de obter o tempo que a água irá levar para infiltrar totalmente no pavimento.Na etapa de pré-

molhagem e durante o ensaio, o volume de água deve ser adicionado ao cilindro mantendo-se

um fluxo constante. O coeficiente de permeabilidade é obtido segundo a equação da Lei de

Darcy apresentada pela norma ASTM C1701:

𝐼 =𝐾. 𝑀

(𝐷2 . 𝑡)

Onde:

I = coeficiente de Infiltração (mm/h)

M = massa de água infiltrada (kg)

D = diâmetro interno do cilindro (mm)

t = intervalo de tempo entre adição da água e seu desaparecimento na superfície(s)

K = constante = 4.583.666.000 (Sistema Internacional) (para converter unidades)

Conforme Jabur (2013), após aferidos os valores no ensaio, para se conhecer o grau

de permeabilidade do pavimento, deverá ser utilizada a Tabela 1 a seguir.

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Tabela 1. Valores típicos de coeficiente de permeabilidade de solos e agregados.

Tipos de solo Coeficiente de permeabilidade

I (m/s) Grau de permeabilidade

Brita >10-3 Alta

Areia de brita, areia limpa, areia

fina 10-3 a 10-5

Média

Areia, areia suja e silte arenoso 10-5 a 10-7 Baixa

Silte, silte argiloso 10-7 a 10-9 Muito baixa

Argila <10-9 Praticamente impermeável

Fonte: adaptado de Terzaghi (1967)

Conhecendo-se os fatores de influência na permeabilidade dos pavimentos

intertravados, os locais de ensaio foram determinados em função dos seguintes critérios:

1. Topografia: o local escolhido com a mesma altura em relação ao nível do mar e com

as mesmas condições de inclinação, o mais próximo possível, para que fatores como

altura do lençol freático, tipo de composição do subleito e inclinação do pavimento

não influenciasse no resultado final do experimento.

2. Paginação: paginações diferentes poderiam significar maior área das juntas e

influenciar na infiltração, desta forma, foi testado pavimento com paginação o mais

parecido quanto possível.

3. Idade do pavimento: pavimentos mais novos podem sofrer menor influência da

colmatação e apresentar maior índice de vazios, assim como os mais antigos podem

sofrer de práticas de assentamento de menor qualidade.

4. Tráfego: pois locais com solicitações de tráfego diferentes poderiam apresentar níveis

de colmatação e compactação diferentes, influenciando no experimento.

5. Influência do clima: Os testes foram realizados nos três tipos de pavimentos estudados

no mesmo dia simultaneamente, com intervalos de 24 horas para a repetição e no

mesmo horário, após um intervalo mínimo de 20 dias sem chuvas.

Resultados e Discussão

Após levantamento e análise fotográfica dos logradouros da região central da cidade

de Cabo Frio-RJ, constatou-se que o bairro Portinho possui os três tipos de pavimentos mais

utilizados nesta cidade. O cruzamento das ruas Henrique Terra, rua Roma e rua Abius

possuem pavimentação asfáltica não porosa, pavimentação com paralelepípedos e

pavimentação com blocos de concreto intertravados, respectivamente, atendendo aos critérios

de influência da permeabilidade supra apresentados, sendo esta área, portanto, escolhida para

a realização dos ensaios.

Os ensaios realizados de acordo com a norma ASTM C1701, nos pavimentos das ruas

Roma e Abius, compostas de paralelepípedos e blocos de concretos intertravados

respectivamente, apresentaram condições de se chegar a um índice de permeabilidade e

apresentaram valores bem distintos (Tabela 2).

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Tabela 2. Resultado dos ensaios realizados.

Pavimento Rua Tempo Médio(s) I(mm/h) I(m/s)

Bloco de concreto Abius 14257 12,86 3,57x10-6

Paralelepípedo Roma 687 266,88 7,41x10-5

Asfalto não poroso Henrique Terra - - -

Fonte: o autor (2015)

A pavimentação composta de paralelepípedos, por sua vez, apresentou um índice de

permeabilidade melhor do que o pavimento composto por blocos de concreto intertravados,

que coloca o pavimento composto de paralelepípedos na faixa de permeabilidade média

comparada a uma capacidade de infiltração da areia de brita, areia limpa e areia fina, enquanto

o pavimento constituído de blocos de concreto intertravados ficou na faixa de permeabilidade

baixa, comparada a capacidade de infiltração da areia, areia suja e silte arenoso.

Verificou-se primeiramente a composição das camadas inferiores constituintes de

ambos os pavimentos com o objetivo de encontrar o motivo de tanta diferença no índice de

permeabilidade, porém, constatou-se que as camadas de base e sub-base eram compostas

basicamente pelos mesmos materiais e a altura destas camadas compactadas praticamente as

mesmas em ambos os pavimentos.

Apesar da área da junta já ser suficiente para justificar uma infiltração maior no

pavimento utilizando paralelepípedos, outro fator que deve ser levado em consideração na

avaliação do resultado é o material utilizado no rejunte o material na junta dos blocos de

concreto intertravados possui uma granulometria inferior ao encontrado na junta dos

paralelepípedos. Isto altera, significativamente, as características dos rejuntes, pois diminui os

índices de vazios além de tornar o sistema mais propenso ao processo de colmatação, podendo

diminuir, significativamente, o desempenho da permeabilidade.

Desta forma, em uma análise geral, o pavimento utilizando paralelepípedos, apesar de

ser constituído de rocha altamente impermeável, apresentou um melhor desempenho se

comparado aos blocos de concreto intertravados em todos os ensaios realizados e, apesar de

apresentarem basicamente as mesmas formas de execução para o assentamento e para a

composição das camadas de base e sub-base, foram as áreas das juntas e o material utilizado

para o rejunte os fatores notados como os mais importantes e determinantes para o

desempenho do índice de infiltração destes pavimentos.

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Conclusões

A substituição de pavimentos permeáveis pode causar grande impacto no sistema de

drenagem e prejudicar o abastecimento do lençol freático, pois diminui o volume de água que

é absorvido pelo solo, aumentando o volume de água que escoa superficialmente e captado

pelo sistema de drenagem.

Desta forma, quando a possibilidade de redimensionamento do sistema de drenagem

não for possível, ou mesmo pensando em um sistema de pavimentação que cause um menor

impacto na permeabilidade dos solos urbanos, o pavimento feito utilizando-se blocos de

rochas ou paralelepípedos ou ainda o pavimento utilizando blocos de concreto intertravados

deveria ser lembrado como uma alternativa mitigadora e prática, pois proporciona uma maior

capacidade de infiltração da água no solo e consequentemente, uma diminuição da quantidade

do volume de água que escoa superficialmente sobre o pavimento se comparado com o

pavimento asfáltico não poroso, causando um alívio ao sistema de drenagem.

Referências

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test methods for infiltration rate of in place pervious concrete. West Conshohocken: ASTM International,

2009. Disponível em: <https://www.astm.org/DATABASE.CART/HISTORICAL/C1701C1701M-

09.htm>. Acesso em: Maio de 2016

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA, Cabo Frio-RJ, 2015.

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Associação Brasileira de Cimento Portland, 2010. Disponível em:

<http://flgblocos.com.br/pdf/Cartilha_Pav_Intertravado_Permeavel.pdf>. Acesso em: Maio de 2015.

TERZAGHI, K; PECK, R. B. Mechamics in Engineering Practice. 2nd ed. John Wiley, Nova Jersey, 1967.

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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: FATORES QUE DETERMINAM O

PROCESSO DE COMPRA EM FEIRA ORGÂNICA NO RIO JANEIRO

Weslley Carvalho1, Carolina F. Quitá1, Maria José Paes1, Maria Cristina J. Soares1 & Raquel Cardoso C. Reis1

Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET. Av. Maracanã, 229, Maracanã,

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

O consumo de produtos orgânicos expressa-se como uma das principais vertentes da

alimentação no mundo. A aquisição desta amostra de produtos, no Brasil, tem expandido

significativamente a cada ano e, por consequência, conhecer o perfil destes consumidores,

seus hábitos e os aspectos relevantes na decisão de compra é o objetivo dessa pesquisa. A

averiguação foi realizada nas feiras de orgânicos da Zona Oeste do Rio de Janeiros. Trata-se

de uma pesquisa exploratória, descritiva executada com 100 consumidores selecionados

aleatoriamente. Os resultados evidenciaram que o perfil do consumidor é do gênero feminino;

com renda familiar até 05 salários mínimos, com idade entre 50 e 59 anos. Tem o hábito de

consumir produtos orgânicos em conjunto com os produtos convencionais e valoriza na sua

decisão de compra, questões relacionados com a saúde, a qualidade de vida, além de possuir

um elevado grau de consciência ambiental.

Palavras-chave: alimentos orgânicos, meio ambiente, percepção, perfil, qualidade.

Introdução

Com a procura por índices de produtividade cada vez mais altos, impulsionada com

início da década de 70, apressurou a técnica de mecanização das condutas agrícolas e

implementou um comércio de alimentos gerados a partir do emprego acentuado e desenfreado

de insumos artificiais, como fertilizantes e defensivos químicos. Não obstante, esse padrão de

produção em grande quantidade, expressa sua insustentabilidade, de tal maneira por suas

implicações econômicas e sociais, tanto quanto pelos impactos ambientais.

Nesta conjuntura, despontam respostas compensatórias para a degradação já instituída,

dentre elas, a transformação de uma agricultura normatizada para um modelo orgânico, que

tem como alegação o apreço à sustentabilidade do local ao qual está inserida (ASSIS, 2006).

De tal modo, tornou-se explícito a expansão da comercialização de produtos orgânicos

no mundo todo. Em 2014, o mercado de produtos orgânicos movimentou 2,5 bilhões, segundo

o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (PORTAL BRASIL, 2015). É um

crescimento de 25% em relação a 2013 e que deve se manter nos próximos anos, atingindo a

cifra de R$ 10 bilhões até 2020.

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O que leva a esse aumento de consumo de produtos orgânicos? Para responder, é

necessária uma maior compreensão do comportamento do consumidor desses produtos.

A atenção com o consumidor, ainda que incipiente, é a principal cerne das redes

agroalimentares no século XXI (SELLERS, 1991). Este aspecto abrange a informação do seu

comportamento e as predisposições para os próximos anos, mesmo perante da era tecnológica.

É vital a todos os agentes econômicos das redes agroalimentares o conhecimento do

hábito dos consumidores, as inclinações do mercado e o papel da revolução tecnológica, uma

vez que os consumidores são os principais responsáveis pelas modificações ocorridas nos

Sistemas Agroindustriais ao longo do tempo. Para as políticas públicas, espera-se com essa

pesquisa que os órgãos governamentais utilizem as informações e que contribuíam para suas

ações de cuidado à doença, preservação do ambiente e promover a agricultura familiar no

País.

Diante do exposto, o objetivo da pesquisa é compreender o comportamento dos

consumidores de produtos orgânicos da Zona Oeste do Rio de Janeiro, assim como seu perfil,

seus hábitos e aspectos proeminentes na deliberação de compra dos produtos nas feiras de

orgânicos e averiguar se os elementos ou variáveis do ambiente natural impulsionam o

comportamento dos consumidores.

Material e Métodos

Este estudo é caracterizado como transversal único, no qual seleciona-se apenas uma

amostra da população-alvo, sendo as informações obtidas somente uma vez (VERGARA,

2014).

Inicialmente, foi realizado um estudo bibliográfico (desk research) em livros, revistas

científicas e web, com a finalidade de classificar estudos teóricos e empíricos que discutissem

a questão.

Em um segundo momento, foi executado uma análise quantitativa de dados realizado

em duas feiras de produtos orgânicos na Zona Oeste do Rio de Janeiros: Campo Grande e Rio

da Prata que acontecem aos sábados e domingo de 7:30 às 13:00, respectivamente. O

levantamento é resultado da aplicação de questionários com 100 consumidores no período de

maio a julho de 2016. As pessoas foram abordadas aleatoriamente e a entrevista foi realizada

imediatamente, no caso de concordância do consumidor.

O questionário foi dividido em duas partes: na primeira parte, com questões referentes

ao perfil do consumidor; na segunda parte, com dados relacionados variáveis ambientais que

promovem o desenvolvimento ambiental relacionado à saúde e qualidade de vida e cidadania

e responsabilidade social. Para tanto foi aplicada a escala de Likert, uma escala psicométrica,

empregada em pesquisas quantitativas.

O procedimento dos resultados foi realizado com base na estatística descritiva por

meio do levantamento das frequências e percentuais das respostas dos consumidores. Assim,

foi possível conhecer o perfil médio do consumidor de produtos orgânicos da região estudada,

o grau de satisfação com relação ao consumo de alimentos orgânicos e os fatores que mais

influenciam na sua decisão de compra, variáveis ambientais que promovem o

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desenvolvimento ambiental relacionado à saúde e qualidade de vida e cidadania e

responsabilidade social.

Resultados e Discussão

Aferiu-se que 61% dos consumidores que responderam ao questionário são do gênero

feminino, o que revela uma hegemonia de mulheres entre os compradores ou potenciais de

produtos orgânicos. Esses resultados corroboram os dados de Lima et al. (2015) em estudos

realizados em Manaus/AM e por Souza-Neto et al. (2016) Potiguar/RN, e também com os

alcançados por Lima et al. (2011) em estudos realizados em São João da Barra/SP que

apresentam que 57% dos consumidores são mulheres.

De acordo com Lombardi, Moori e Sato (2004), com base de uma pesquisa realizada

na cidade de São Paulo e municípios próximos, averiguou-se que o perfil do consumidor de

produtos alimentícios orgânicos, demonstrou o fato de que tanto as mulheres como os homens

se importam com os alimentos que consomem. Não obstante, percebe-se que as mulheres são

as maiores detentoras de bens e serviços na família, uma vez que elas estão mais preocupadas

com a questão de saúde e do bem-estar.

Nas feiras orgânicas pesquisadas observou-se que o total de participantes da pesquisa

a maioria (41%) apresentava o ensino superior completo. Em segundo lugar, encontram-se os

consumidores com ensino médio completo, representando 21% dos entrevistados, seguidos

pelos consumidores com pós-graduação (14%). Os outros consumidores apresentavam os

seguintes níveis de escolaridade: 11% explicitaram pós-graduação, 7 e 4% possuíam ensino

médio incompleto e ensino fundamental completo, respectivamente.

Os resultados estão de acordo com outros estudos sobre o perfil de consumidores de

orgânicos, que apontam a escolaridade como uma variável importante. Observando os

consumidores dos produtos da agricultura orgânica no Rio Grande do Sul, Storch et al. (2004)

verificaram que 68% dos consumidores pesquisados possuíam ensino superior completo.

Silva et al. (2013) constataram que 39% de consumidores de orgânicos no bairro da Glória, no

Rio de Janeiro, também possuem nível superior. Segundo Roitner-Schobesberger et al. (2008)

os consumidores com a renda e o nível de escolaridade mais baixos são os que menos

possuem conhecimento sobre agricultura orgânica.

Cerca de 35% do total de entrevistados recebe até 5 salários mínimos, seguido de 28%

que recebem acima de 10 até 20 salários mínimos. Averígua-se também, que 75% dos

entrevistados possuem renda acima de 5 salários mínimos, o que atualmente corresponde a

um montante total de renda de até R$ 4.685,00, sendo portanto uma boa renda para a região.

Vasconcelos et al. (2005) observaram que 60% dos consumidores de quatro feiras

orgânicas do Recife apresentam um vencimento mensal médio entre seis e 25 salários

mínimos, ressaltando que a extensão de consumidores que recebiam abaixo de seis salários

mínimos foi considerável. Essas informações estão em equivalência com a presente pesquisa e

podem ser elucidados graças aos produtos orgânicos ostentarem valor mais alto. Ao investigar

o perfil de consumidores orgânicos de Brasília, Vilela et al. (2006), certificou que a maioria

dos consumidores (88%) mostram renda mensal superior a 13 salários mínimos, e a maior

parte dos consumidores dispõe a renda mensal familiar em torno de 30 salários mínimos.

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Segundo Darolt (2007) o consumidor orgânico é geralmente profissional liberal ou

funcionário público, maior parte usuários da internet e com renda entre 9 e 12 salários

mínimos.

Os padrões para deliberação da propriedade nutricional são multifatoriais, por este

motivo qualidades de solo, clima, variabilidade genética ainda dentro de uma mesma

linhagem, poderiam revelar altercações significativas entre o modo de cultivo convencional e

o orgânico. Não obstante, verifica-se que os estudos concernentes aos teores de elementos

nutritivos são incipientes (SOUZA-NETO et al., 2016). À medida que alguns manifestam

ascendência dos orgânicos, outros mostram que não há diferença. Em contra partida, revela-se

que, de fato, não foram localizados estudos que detectam que o alimento convencional é

superior ao orgânico. É necessário salientar que o desafio de persuadir o alimento orgânico

para as outras classes da população não está pertinente apenas aos fatores técnicos e

econômicos, mas também aos aspectos políticos, sociais e ambientais.

Foi possível constatar que 56% dos entrevistados concordam totalmente com a

afirmativa de que compra produtos orgânicos devido às preocupações com as questões

ambientais, 37% concordaram com a assertiva. Apenas 2% dos pesquisados manifestaram que

discordam.

Os consumidores normalmente têm um comportamento otimista em relação aos

produtos ecologicamente corretos. Contudo, tal posicionamento não é o bastante para induzi-

lo à prática. Esta conclusão foi corroborada nos trabalhos de Lisboa, Almeida e Vianna

(2008), Gomes, Gorni e Dreher (2011). Assim, pode-se inferir que a consciência ambiental

vem expandindo nos cidadãos, ainda que essa consciência sobre os impactos nocivos que o

consumo intrépido pode acarretar no futuro até este momento não é o bastante para que as

pessoas modifiquem seus modos de consumo. A variável ambiental não é um aspecto

decisório de aquisição. Os consumidores de uma forma geral não se interessam em relação à

premissa ecológica. O processo de compra, na maioria das vezes inclina-se a priorizar os

interesses pessoais do que ecológicos. Nesse contexto, preconiza que quando o marketing

emprega recursos em que o meio ambiente é abordado de forma mais direta, essas

propriedades “verdes” não desempenham grande ação na compra de alimentos. Porém,

antepor estratégias que possuam cerne nos cuidados pessoais, como a saúde que os alimentos

saudáveis disponibilizam, poderia alcançar mais êxito. Por consequência, observa-se que os

indivíduos nomeiam preocupações com a saúde, bem-estar, escolhem os grupos sociais, meio

onde se vivem e condição econômica, entre outras, no momento de sua preferência. Assim,

para que o meio ambiente seja apontado emergente no arbítrio do consumidor é recomendado

que mais referências sejam transmitidas para o consumidor.

Assim, a pesquisa mostrou que são diversos os ensejos que induzem ao consumo de

produtos orgânicos, podendo-se afirmar que tais estímulos são influenciados por dois grandes

tópicos: saúde e meio ambiente. Esses temas desencadeiam uma grandeza de outros conceitos,

opiniões ou valores, tais como os concernentes a questões de saúde, estética, ecologia,

filosofia de vida, de caráter cultural ou religioso, procura a valorização da qualidade de vida,

responsabilidade ambiental e consumo consciente.

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Referências

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LOMBARDI, M. S.; MOORI, R. G.; SATO, G. S. Um estudo exploratório dos fatores relevantes na decisão de

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ANÁLISE ECONÔMICA DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM UNIDADES DE

TRATAMENTO DE RIO (UTR): UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A UTR

ARROIO FUNDO E A ALTERNATIVA DE EXPANSÃO DOS SERVIÇOS DE

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Yasmin Cardoso Moraes, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro & Bruna Stein Ciasca

Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo

A presente pesquisa faz uma análise comparativa entre duas tecnologias de tratamento de

efluentes sanitários, a saber, Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e Unidades de

Tratamento de Rio (UTR). Diante das incertezas acerca da efetividade e dos benefícios para

as populações à montante e à jusante do funcionamento da UTR, adota-se a metodologia de

Análise Custo Efetividade (ACE). Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizado como

estudo de caso a UTR Arroio Fundo e a expansão de rede de esgoto nos bairros localizados a

margem deste rio. Com o aprofundamento da análise concluiu-se que realizar a ACE seria

inviável, sendo feita em contraproposta uma comparação técnica/operacional e de custos,

obtendo resultados importantes em relação à efetividade de tratamento, investimento público

e comprovação da necessidade estudos antes da implantação de empreendimentos.

Palavras-chave: análise custo-efetividade, estação de tratamento de esgoto, saneamento

básico.

Introdução

O acesso ao saneamento básico é reconhecido como direito do ser humano pela

Organização das Nações Unidas. Entretanto o Brasil encontra-se atualmente em um contexto

de ausência de serviços ou soluções no atendimento em coleta e tratamento de esgoto.

Tal fato é visível nas grandes metrópoles como o Estado do Rio de Janeiro, onde

diversos corpos hídricos encontram-se na categoria “ruim” ou “muito ruim”, de acordo com o

Índice de Qualidade de Água presente no Boletim Consolidado de Qualidade das Águas de

2015 elaborado pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente - INEA.

A problemática do saneamento encontra-se associada ao modelo socioeconômico

praticado e as populações mais vulneráveis correspondem justamente àquelas excluídas dos

benefícios do desenvolvimento (HELLER, 1998). A afirmativa presente em reportagem no

site do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em que apresenta a dificuldade em tratar o

esgoto de comunidades carentes na região de Jacarepaguá, devido à complexidade em se

coletar esgoto em diversas localidades (2013), corrobora a problemática citada.

Haja vista essa característica de comunidades a Prefeitura do Município do Rio de

Janeiro encontrou dificuldades para instalação de rede de coleta de esgoto e a solução dada foi

a construção de UTR na desembocadura de rios e de outros corpos hídricos que deságuam em

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lagoas da região. Entretanto, encontra-se nessa possível solução alguns problemas, como o

fato de que UTRs não são projetadas para tratar esgoto, além do valor gasto com sua

implantação e manutenção.

Sendo o principal objetivo do tratamento de esgoto impedir o seu lançamento in natura

nos corpos hídricos, para que não haja nenhum tipo de degradação ambiental ou prejuízo à

saúde de moradores próximos, a efetividade de Unidades de Tratamento de Rio é colocada em

dúvida.

A presente pesquisa tem por objetivo a realização de uma análise técnica e econômica

comparativa entre duas tecnologias de tratamento de efluentes sanitários utilizadas atualmente

no Estado do Rio de Janeiro, a saber: Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e Unidades de

Tratamento de Rio (UTR), a partir dos dados da UTR implantada no rio Arroio Fundo e uma

estimativa da expansão da rede de esgoto na região.

Material e Métodos

A análise é feita a partir do princípio de custo-efetividade, que possui o propósito de

definir uma estratégia factível de intervenção de menor custo social que permita atingir-se o

objetivo.

Neste estudo ambos os programas possuem o objetivo de tratamento de esgoto

sanitário e a medida de efetividade comum utilizada será a eficiência em remoção da

Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO, ou seja, a taxa custo-efetividade será elaborada a

partir do custo de remoção de DBO para cada uma das alternativas.

A primeira etapa do presente trabalho consiste na definição dos seguintes itens: (i)

abrangência espacial, que comportará os bairros contribuintes para o lançamento de efluentes

no rio Arroio Fundo, que são: Jacarepaguá, Cidade de Deus, Anil e Itanhangá; (ii)

abrangência temporal de vinte anos, sendo o início da análise marcado pelo ano do primeiro

contrato para implantação da UTR Arroio Fundo: 2007; (iii) estimativa da população não

servida em coleta e tratamento de esgoto para os bairros definidos, baseado nos indicadores

disponibilizados pelo Instituto Pereira passos, coletado pelo Censo Demográfico de 2010 do

IBGE (IBGE, 2011), dando um total de 85.414 habitantes; e (iv) estimativa do esgoto lançado

in natura, que totaliza um volume de 22.613 toneladas entre 2010 e 2026, considerando uma

taxa percentual de crescimento demográfico de 0,8% ao ano e uma contribuição diária de

DBO de 40g/hab, obtida através da Diretriz DZ 2151 do INEA para residências de padrão

baixo de ocupação desordenada.

O estudo foi dividido em duas alternativas, a alternativa A e a alternativa B.

A alternativa A de investimento caracteriza-se pela implantação do projeto de UTR, e

será realizada a estimativa do custo marginal de abatimento de DBO pela Unidade de

Tratamento de Rio de Arroio Fundo, a partir do levantamento de dados através dos

instrumentos contratuais e custo de operação, realização de regressão2 para estimar a

1 DZ-215.R-4 – Diretriz de Controle de Carga Orgânica Biodegradável em efluentes líquidos de origem sanitária,

aprovada pela Deliberação CECA n° 4886, de 25 de setembro de 2007 Republicada no DOERJ de 08 de

novembro de 2007 (INEA, 2007). 2 A regressão é uma técnica estatística que, através de uma equação matemática, permite inferir a relação de

uma variável dependente (Y, variável de resposta) com variáveis independentes (X, variáveis explicativas). A

análise da regressão pode ser usada como um método descritivo da análise de dados (como, por exemplo, o

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tendência da curva de custos de 2018 a 2026, para indicar a taxa custo- efetividade desta

alternativa.

A alternativa B de investimento caracteriza-se pelo projeto de expansão do sistema de

esgoto sanitário para população desservida no entorno. Para tal será considerado que o esgoto

terá como destino a ETE Barra – já instalada –, que ainda suporta receber uma vazão de 1.140

L/s, passando primeiramente pela Estação Elevatória de Esgoto, que suporta receber uma

vazão de 1.720 L/s e fica localizada bem próxima a UTR Arroio Fundo e possui ligação direta

com a ETE. Primeiramente foi calculada a contribuição diária que a população não servida

produziria, dando uma vazão de 146L/seg em média, considerando uma contribuição diária de

130L/seg, segundo a NBR 7229/2013 (ABNT, 2013), estipulada para ocupantes permanentes

de residências de padrão médio, deste modo tanto a ETE quanto a EE suportariam receber a

nova vazão. Desta forma será calculado o custo total apenas da ampliação da rede e dos gastos

a mais de operação da ETE com a nova vazão recebida.

Por fim será realizada uma análise comparativa entre as alternativas A e B, a partir da

taxa custo-efetividade, que considera os gastos com operação, implantação e percentual de

remoção de DBO.

Resultados e Discussão

Constata-se que o funcionamento da UTR está condicionado a uma série de fatores

que podem interferir em sua eficácia, como: períodos secos e chuvosos, necessidade de

recolhimento diário dos resíduos retidos na cerca flutuante, ligações clandestinas a jusante de

sua implantação, entre outros. Sobretudo, o principal deles consiste em ser uma solução

paliativa, que depende do lançamento do esgoto no corpo hídrico para realizar o tratamento,

que entende-se por uma tecnologia de tratamento primário avançado (coagulação/floculação –

micro aeração – flotação – lodo e água tratada). Assim, uma vez que a meta de

universalização do serviço de esgotamento sanitário parte do pressuposto de não lançar

efluentes que estejam fora dos parâmetros de qualidade aceitáveis para o corpo receptor, a

UTR não pode ser enquadrada neste quesito.

Em relação à qualidade de tratamento considera-se o da UTR inferior ao de ETEs,

uma vez que o serviço de esgotamento sanitário, que é realizado pelas Estações de

Tratamento, é composto por três etapas3 fundamentais para seu funcionamento, que refletem

na melhoria dos índices de cobertura de coleta e de esgoto tratado (universalização de

população com ligação formal e de esgoto tratado). Ressalta-se que em ETEs ainda devem ser

feitas análises diárias para verificação ao atendimento à Diretriz DZ-215.R-4 (INEA, 2007).

Ou seja, é necessário que a eficiência mínima de remoção de DBO, para um padrão de

lançamento de carga orgânica bruta entre 25 e 80 kg DBO/dia seja de 80%.

Para obtenção da taxa custo-efetividade da alternativa A fora analisado primeiramente

os contratos firmados entre a Fundação Instituto das Águas do município do Rio de Janeiro e

ajustamento de curvas) sem serem necessárias quaisquer suposições acerca dos processos que permitiram gerar

os dados. 3 1ª: interligação dos domicílios à rede coletora; 2ª: implantação de um subsistema de coleta que funciona como

um interceptor necessário para interligação à rede coletora geral de esgoto; e 3ª instalação da Estação de

Tratamento de Esgoto (ETE) para garantir o tratamento efetivo da carga de efluente gerada antes da disposição

final.

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a DT Engenharia, disponíveis no portal da transparência. Ao todo existem nove contratos,

totalizando um montante de R$ 53.258.822,40. Sendo o primeiro contrato (n.155004),

firmado por três anos e meio (42 meses), entre 21/05/2007 e 29/12/2010, tendo como objeto a

implantação da UTR, totaliza o valor de R$27.907.672 (valor médio anual de R$7.973.621 e

valor médio mensal de R$ 664.468). Já os sete contratos subsequentes (n.155183, n.183,

n.130, n.29, n.39, n. 20, n. 2402), firmados ao longo de sete anos, entre 27/12/2010 e

02/01/2017, tiveram como objeto a operação da UTR, totalizaram o valor de R$

25.351.150,55 (valor médio anual de R$3.621.592,94 ou valor médio mensal de

R$301.799,41). Ressalta-se que o valor contratual anual da UTR Arroio Fundo é crescente,

assim sendo questiona-se sobre a inexistência de investimentos em esgotamento sanitário na

região, dado que a eventual expansão da rede se traduziria por uma redução do custo em

produtos químicos para tratamento do rio, e assim representar-se-ia por uma redução do valor

contratual e não um aumento.

Em seguida, considerando-se a finalidade de se efetuar a análise de custo efetividade

entre as opções de investimento em longo prazo, realiza-se uma regressão para estimar a

tendência da Curva de Custo Operacional do período de 2015 a 2026. A curva de tendência

pode ser obtida a partir de três tipos de regressão: linear, logarítmica e exponencial. Contudo,

é o tipo de dados, bem como o resultado do coeficiente de determinação4 (R²), que

determinarão a função de regressão que melhor representa a evolução dos dados. Desta forma,

como o R² da curva exponencial foi o mais próximo a 1, a projeção foi feita a partir dela. Tal

regressão permitiu estimar os custos contratuais da UTR Arroio Fundo, entre 2018 e 2026,

crescentes anualmente em um intervalo de R$ 5.983.692 a R$11.783.703. No final da

abrangência temporal do estudo a alternativa A necessitaria de um montante estimado em R$

130.652.513,64.

Todavia, a partir da análise de dados encaminhados através de e-mail por Maurício da

Gerencia de Águas do INEA, de duas Estações de Amostragem que são monitoradas pelo

INEA, a 01RJ20F0090, que fica localizada à montante da UTR e a 01RJ20FN0100, que fica

localizada à jusante da UTR, foi possível perceber a ineficácia desta alternativa, uma vez que

o percentual de remoção de DBO da UTR Arroio Fundo é tido como negativo, ou seja, não há

efetividade. Ressalta-se que os dados possuem grandes oscilações no período de 2012 a 2017,

o que corrobora com o fato de que diversos fatores influenciam em sua eficácia diariamente.

A média do percentual de remoção ficou em -21,56%, tal fato afirma que a UTR não está

sendo vista como um método paliativo, uma vez que não suporta a vazão de esgoto que recebe

e tampouco são analisadas as ligações de esgoto bruto clandestinas feitas à jusante da mesma.

Desta forma, considerando que a UTR não é uma medida efetiva, será realizada apenas

uma comparação de custos com a expansão de rede de esgotamento sanitário.

Assim sendo para início da análise da alternativa B, utilizou-se para o cálculo do custo

de extensão de rede de esgotamento sanitário a Nota Técnica SNSA n. 492/2010

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2011). A mesma apresenta indicadores de Custos de

Referência e de Eficiência Técnica para análise técnica de engenharia de infraestrutura de

saneamento nas modalidades abastecimento de água e esgotamento sanitário. Entretanto o

4 O coeficiente de determinação, também chamado de R², é uma medida de ajustamento de um modelo

estatístico, em relação aos valores observados da variável dependente (y: custo) e independente (x: ano). O R²

varia entre 0 e 1, indicando, em percentagem, o quanto o modelo consegue explicar os valores observados.

Quanto mais próximo de 1, mais explicativo é modelo e melhor ele se ajusta à amostra.

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investimento necessário para a expansão foi estimado com valores de 2011, a fim de trazer o

custo total estimado a valor corrente, foi aplicada a taxa do INCC5 para deflação e inflação até

o período de 2017 e após é aplicado o valor dos juros baseado no rendimento de poupança de

8%. Com isso, obtêm-se um custo de expansão de rede total de R$ 27.412.017,59,

considerando o Custo médio unitário de Ligação domiciliar/hab. como ocupante domiciliar e

o Custo unitário do Subsistema de Coleta (Rede coletora + Interceptor)/hab.

Já para o cálculo da operação com a nova vazão na ETE foi utilizado um estudo de

custos anuais de sistemas de lodos ativados convencional. (PELETEIRO; ALMEIDA, 2014).

Assim como foi considerado para as obras de expansão, também será necessário trazer o custo

total estimado ao valor corrente. Entretanto já para a operação da ETE foi aplicada a taxa

IGP-M6 para inflação e deflação no período até o ano de 2017 e a partir desse ano é aplicado

juros médio baseado no rendimento de poupança de 8%, obtendo assim um gasto total no

período de 20 anos de R$ 102.431.412,89.

Deste modo, juntando o custo de implantação da expansão da rede de esgoto com o

custo de operação ajustados ao valor corrente, foi possível obter o custo total estimado da

alternativa B. Tal custo totalizou um montante de: R$ 129.843.430,50.

Considerando o período total de 20 anos do presente estudo, a razão7 entre os

investimentos foi 1,01, isto significa que, do ponto de vista monetário, tanto o investimento

em UTR ou em infraestruturas consideradas (expansão de rede e destino final em ETE)

demandariam praticamente o mesmo montante.

Sobretudo, como a alternativa A apresentou valores negativos para remoção de DBO,

ficou evidenciado que a mesma não é efetiva. Assim sendo o resultado aponta, mesmo sem

considerar os valores de custo, que a alternativa B é a melhor opção comparativamente,

informando assim que o investimento em esgotamento sanitário apresenta menor custo-

efetividade, pois há neste método remoção de 80% de DBO.

Conclusões

A partir dos resultados obtidos ficou evidenciada a importância da análise de custo

efetividade para empreendimentos de cunho ambiental e público. Constatou-se ainda que tal

técnica de análise econômica deve ser feita o mais breve possível para que não haja prejuízo

ao erário com o funcionamento de técnicas ineficazes.

Sobretudo a principal constatação da pesquisa, foi a identificação do valor médio

anual de remoção de DBO da Unidade de Tratamento de Arroio Fundo, que consiste em -

21,56%, ou seja, comprovadamente existem ligações clandestinas no rio à jusante da

implantação da mesma. Sendo assim o método se mostrou ineficaz inclusive para melhoria da

qualidade do corpo hídrico, uma vez que ainda chega uma quantidade elevada de matéria

orgânica na Lagoa Camorim, onde o rio Arroio Fundo desemboca.

5 O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), calculado pela FGV, é concebido com a finalidade de aferir

a evolução dos custos de construções habitacionais e consiste como o primeiro índice oficial de custo da

construção civil no país (FGV, 2017b). 6 Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) – Calculado pela Fundação Getúlio Vargas mensalmente, é

utilizado como indexador de algumas tarifas como a de energia elétrica e de produtos químicos. (FGV, 2017a). 7 Razão entre o custo total investido em UTR e o gasto estimado com o investimento sendo direcionado à

implantação de rede de esgotamento sanitário.

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Ressalta-se que mesmo sem possuir eficiência, já foi gasto apenas para operação da

UTR Arroio Fundo R$ 25.351.150,55, um valor considerável para um empreendimento sem

retorno, principalmente levando-se em conta que tais custos são exponencialmente crescentes.

Apenas para o ano de 2017, já foi destinado um valor de R$ R$ 5.605.814,55, o que consiste

em R$ 467.151,21 mensais. Ou seja, um gasto público mensal de quase meio milhão de reais,

em um empreendimento que não apresenta utilidade pública. Ressalta-se ainda que como a

empresa DT Engenharia possui a patente da tecnologia não há necessidade de licitação e

assim não há concorrência nem comparação no aspecto econômico tampouco técnico.

Em contrapartida, no estudo de caso de estimativa de custos com a expansão da rede

de esgoto para toda a população não servida dos bairros de Anil, Jacarepaguá, Cidade de Deus

e Itanhangá, considerando uma eficiência de remoção de 80% de DBO e utilizando obras já

implantadas pela CEDAE (Estação Elevatória de Esgoto + Estação de Tratamento de Esgoto),

que atualmente operam abaixo de sua capacidade, o custo dispendido seria praticamente o

mesmo para ambos os empreendimentos, uma vez que o resultado obtido com a razão entre o

custo total da UTR e da ETE foi aproximadamente 1,0.

O propósito do trabalho à priori consistia em apresentar uma análise de custo

efetividade entre duas opções de tratamento que possuíssem como objetivo a remoção de

DBO, entretanto com os resultados obtidos a análise foi inviabilizada, pois ficou evidenciada

que a alternativa da UTR não possuía tal remoção. Desta forma, diante desses dados

comprova-se a importância de fiscalização em obras públicas, para que seja analisada se é

preciso tal alocação de recursos. Ou seja, em fins pragmáticos, a tecnologia é passível de

questionamentos a respeito de sua necessidade de operação às custas de gastos públicos,

principalmente sem haver avanços em estruturas de saneamento básico.

Referências

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operação de tanques sépticos. Rio de Janeiro, 1993.

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HELLER, L. Relação entre saúde e saneamento na perspectiva do desenvolvimento. Ciência & Saúde Coletiva,

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PELETEIRO, C. S. A.; ALMEIDA, M. L. R. Dimensionamento, análise e comparação da viabilidade

econômica de uma estação de tratamento de esgotos utilizando os processos de lodos ativados

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Engenharia Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 20

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