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CONSERVAÇÃO EX SITU, ORIENTADA PARA A CONSERVAÇÃO IN SITU, DE TAXA
ENDÉMICOS, RAROS, AMEAÇADOS OU LEGALMENTE PROTEGIDOS DA FLORA
PORTUGUESA
Plano de acção elaborado no âmbito do protocolo de colaboração entre o Instituto da
Conservação da Natureza e da Biodiversidade e o Jardim Botânico, Museu Nacional de
História Natural
II RELATÓRIO ANUAL – RELATÓRIO FINAL 1º TRIÉNIO
1 de Janeiro de 2009 a 31 de Dezembro de 2011
A. Clemente, S. Dias, J. Magos Brehm, C. Costa, H. Cotrim & M.A. Martins-Loução
ÍNDICE
1 Acções desenvolvidas ................................................................................................... 1
1.1 Conservação ex situ .............................................................................................. 1
1.1.1 Taxa-alvo ......................................................................................................... 1
1.1.2 Planeamento e colheita ...................................................................................... 3
1.1.3 Processamento das sementes ........................................................................... 25
1.1.4 Germinação .................................................................................................... 28
1.2 Conservação in situ ............................................................................................. 33
1.2.1 Acções de repovoamento/reforço populacional ..................................................... 33
2 Financiamento ........................................................................................................... 36
3 Conclusões ............................................................................................................... 37
4 Agradecimentos ......................................................................................................... 39
5 Bibliografia ............................................................................................................... 40
6 Anexo ...................................................................................................................... 42
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Taxa incluídos no Plano de Acção para os quais foram realizadas acções de conservação
ex situ entre 2009 e 2011. .................................................................................................. 2
Tabela 2. Taxa não incluídos no Plano de Acção para os quais foram realizadas acções de
conservação ex situ entre 2009 e 2011 no âmbito do projecto “Conservação e valorização da Flora
endémica ameaçada em Portugal”. ....................................................................................... 3
Tabela 3. Campos principais da tabela de dados geográficos e explicação. .................................. 6
Tabela 4. Espécimes que integraram a colecção do Banco de Sementes A.L. Belo Correia entre
2009 e 2011. .................................................................................................................. 20
Tabela 5. Fases de processamento e respectivo grau de execução para os espécimes que
integraram a colecção do Banco de Sementes A.L. Belo Correia entre 2009 e 2011. .................. 27
Tabela 6. Testes de germinação realizados nos espécimes indicados na Tabela 4 entre 2009 e
2011. ............................................................................................................................. 30
Tabela 7. Número de plantas em vaso nos viveiros do Jardim Botânico em Dezembro de 2011. ... 32
Tabela 8. Estimativa do número de indivíduos de cada população em estudo de Senecio lagascanus
ssp. lusitanicus e protecção legal do local de ocorrência. ........................................................ 35
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Modelo ecogeográfico (adaptado de Maxted etal. 1995). ............................................. 5
Figura 2. Convolvulus fernandesii, (A), Iberis procumbens subsp. microcarpa (B),
Pseudarrhenatherum pallens (C) e Senecio lagascanus subsp. lusitanicus(D) ............................ 21
Figura 3. Arabis sadina (A), Chaenorrhinum serpyllifolium (B), Leuzea longifolia (C) e Silene
longicilia (D) ................................................................................................................... 22
Figura 4. Juncus valvatus (A), Linaria algarviana (B), Omphalodes kuzinskyanae (C), Ononis
hackelii(D), Silene rothmaleri (E) e Thorella verticillatinundata (F). ......................................... 23
Figura 5. Colheita de sementes. A. Colheita de sementes de Convolvulus fernandesii com recurso a
técnicas de rapel. B. Colheita de uma semente por inflorescência em Pseudarrhenatherum pallens.
Cápsulas (C) e flores (D e E) de Silene longicilia predadas. .................................................... 24
Figura 6. Sementes de Senecio lagascanus subsp. lusitanicus durante a limpeza manual (A) e
sementes de Juncus valvatus, Silene longicilia, Iberis procumbens subsp. microcarpa e Arabis
sadina embaladas e etiquetadas para armazenamento a -18°C (B) ......................................... 26
Figura 7. Germinação de Convolvulus fernandesii (A) e Iberis procumbens subsp. microcarpa (B)
em caixa de Petri com agar ............................................................................................... 29
Figura 8. Percentagem de germinação máxima (média ± d.p.) obtida para 14 taxa testados ....... 31
Figura 9. Plântulas de Arabis sadina (A), Iberis procumbens subsp. microcarpa (B), Ononis hackelii
(C) e Senecio lagascanus subsp. lusitanicus (D) nos viveiros do Jardim Botânico ....................... 33
1
1 ACÇÕES DESENVOLVIDAS
As acções de conservação ex situ e in situ desenvolvidas durante o período de abrangência do
relatório (2009-2011) foram condicionadas pela disponibilidade de financiamento. Contudo, e face
às dificuldades financeiras e burocráticas verificadas durante este período, o grau de execução foi
bastante satisfatório. A execução do Plano de Acção foi assegurada por projectos a decorrer no JB-
MNHN, por iniciativas individuais dos investigadores da equipa (A. Clemente e J. Magos Brehm) e
ainda pelo “Plano de acção para proteger a população portuguesa do rapa-saias-do-barrocal, Picris
willkommii”, coordenado pelo ICNB.
1.1 Conservação ex situ
1.1.1 Taxa-alvo
A calendarização das acções previstas para os taxa-alvo incluídos no Plano de Acção (Anexo 1)
registou algumas alterações de acordo com a área geográfica de actuação dos projectos em curso
ou de viagens pessoais de investigadores do JB-MNHN. Contudo, a execução global no período
entre 2009 e 2011 não se desviou substancialmente das acções previstas. A calendarização
inicialmente proposta para este período contemplava acções de conservação ex situ para 25 taxa.
As acções desenvolvidas incluiram planeamento da colheita de sementes e/ou colheita e
conservação de sementes (1.1.2) e foram concretizadas para 28 taxa (Tabela 1 e Tabela 2). Para
além dos taxa-alvo inicialmente previstos, foram considerados três taxa com acções calendarizadas
para 2012 (Senecio lagascanus subsp. lusitanicus, Juncus valvatus e Leuzea longifolia) e seis taxa
endémicos (Apiáceas e taxa do sector Lusitano Duriense) (Tabela 2). Embora estes últimos não
tenham sido contemplados no Plano de Acção, considerou-se pertinente a sua inclusão neste
relatório tendo em conta os objectivos comuns de conservação e a sua relevância (por exemplo,
Santolina semidentata, está incluída na Directiva Habitats). Estas alterações à calendarização
visaram a integração dos objectivos do Plano de Acção e das actividades realizadas no âmbito de
projectos em curso e de colaborações com outras instituições (Instituto de Tecnologia Química e
Biológica e Universidade de Coimbra).
Dos 25 taxa contemplados no Plano de Acção, com acções de conservação ex situ previstas para o
período de 2009 a 2011, não foram incluídos apenas quatro: Armeria beirana subsp.
monchiquensis, Doronicum plantagineum subsp. tournefortii, Plantago almogravensis e Saxifraga
cintrana (Anexo 1). A exclusão destes taxa deveu-se a: desfasamento geográfico entre as áreas de
distribuição dos taxa e as áreas prospectadas (A. beirana subsp. monchiquensis, D. plantagineum
subsp. tournefortii), colheita de propágulos por outras equipas (P. almogravensis; trabalhos em
curso no âmbito do doutoramento de uma investigadora do JB-MNHN, Helena Serrano) e
desconhecimento ou ausência de informação detalhada sobre o taxon (S. cintrana).
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Tabela 1. Taxa incluídos no Plano de Acção para os quais foram realizadas acções de conservação ex situ entre 2009 e 2011.
Taxa
Arabis sadina (Samp.) Cout.
Avenula hackelii (Henriq.) J. Holub
Chaenorhinum serpyllifolium (Lange) Lange subsp. lusitanicum R.Fern.
Convolvulus fernandesii P.Silva & Teles
Diplotaxis vicentina (Cout.) Rothm.
Halimium verticillatum (Brot.) Sennen
Herniaria algarvica Chaudhri
Hyacinthoides vicentina (Hoffmanns. & Link) Rothm. subsp. vicentina
Iberis procumbens Lange subsp. microcarpa Franco & P.Silva
Jonopsium acaule (Desf.) Rchb.
Juncus valvatus Link
Leuzea longifolia Hoffmanns & Link
Linaria algarviana Chav.
Narcissus fernandesii G. Pedro
Omphalodes kuzinskyanae Willk.
Ononis hackelii Lange
Picris willkommii (Schultz Bip.) Nyman*
Pseudarrhenatherum pallens (Link) J. Holub
Senecio lagascanus DC subsp. lusitanicus (P. Cout.) Pinto da Silva
Silene longicilia (Brot.) Otth
Silene rothmaleri Pinto da Silva
Thorella verticillatinundata (Thore) Briq. A nomenclatura adoptada foi a da Nova Flora de Portugal (Franco 1971, 1984; Franco & Rocha Afonso 1994, 1998) excepto para os casos em que esta não esteja de acordo com a nomenclatura usada pelo ICNB (Plano Sectorial da Rede Natura 2000) sendo, neste caso, esta última a adoptada. *Actividades realizadas no âmbito “Plano de acção para proteger a população portuguesa do rapa-saias-do-barrocal, Picris willkommii”.
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Tabela 2. Taxa não incluídos no Plano de Acção para os quais foram realizadas acções de conservação ex situ entre 2009 e 2011 no âmbito do projecto “Conservação e valorização da Flora endémica ameaçada em Portugal”.
Taxa Entidade responsável pela colheita
Daucus carota L. subsp. halophilus (Brot.) A. Pujadas UC
Digitalis amandiana Samp. ITQB/IBET
Distichoselinum tenuifolium (Lag.) García Martín & Silvestre UC
Eryngium duriaei Boiss. UC
Santolina semidentata Hoffmanns. & Link ITQB/IBET
Seseli peixoteanum Samp. UC ITQB/IBET – Instituto de Tecnologia Química e Biológica/Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica; UC - Universidade de Coimbra. A nomenclatura adoptada foi a da Nova Flora de Portugal (Franco 1971, 1984; Franco & Rocha Afonso 1994, 1998), excepto para D. amandiana. Para este taxon os parceiros do ITQB/IBET adoptaram a nomenclatura de Sampaio (1988) pelo facto de este lhe atribuir o estatuto de espécie.
Existem várias etapas sequenciais para cumprir o objectivo de conservação de sementes a longo
prazo: i) Estudo ecogeográfico; ii) Planeamento e colheita; iii) Processamento e armazenamento
das sementes; iv) Avaliação da germinação e viabilidade das sementes. A descrição detalhada das
fases e das acções desenvolvidas para cada taxon serão apresentadas nos capítulos seguintes. A
metodologia e resultados do planeamento e colheita são apenas apresentados para os taxa
incluídas no plano de acção e cuja responsabilidade de colheita foi do JB-MNHN (Tabela 1).
1.1.2 Planeamento e colheita
1.1.2.1 Metodologia - Estudo ecogeográfico e planeamento
O estudo ecogeográfico tem como principal objectivo conhecer a distribuição, biologia e habitats
das espécies de modo a contribuir para a elaboração de estratégias de conservação, incluindo o
planeamento de acções de colheita de material para conservação ex situ (Maxted et al. 1995).
Maxted et al. (1995) desenvolveram uma metodologia para os estudos ecogeográficos que se
divide em três partes (Figura 1): concepção do projecto, compilação e análise dos dados e
produção.
A fase de concepção do projecto inclui: (i) comissão do projecto (que determina quais os objectivos
do estudo ecogeográfico), (ii) identificação de peritos (as pessoas com conhecimentos acerca das
espécies-alvo devem ser contactados para fornecer informação relevante), (iii) selecção da
taxonomia adoptada, (iv) delimitação da área de estudo, (v) identificação das colecções existentes
(de herbário e de bancos de sementes), (vi) e finalmente a concepção da estrutura da base de
dados ecogeográfica (que facilita a compilação de dados de uma forma sistemática, eficiente,
organizada e estandardizada).
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A fase de compilação e análise dos dados compreende: (i) listagem do germoplasma conservado
(revisão das actividades de conservação in situ e ex situ relevantes para os taxa-alvo), (ii)
pesquisa de dados geográficos, ecológicos e taxonómicos (em Floras, revisões taxonómicas
recentes, bases de dados, artigos científicos, etc., de modo a obter informação básica sobre: nome
científico, nomes comuns, distribuição, épocas de floração e de frutificação, habitat, preferências
geológicas e climáticas, estado de conservação, etc.), (iii) compilação de dados ecogeográficos, (iv)
selecção de espécimes representativos (com dados de passaporte detalhados, coordenadas de
localização, que tenham sido colhidos na maior variedade de condições ecológicas e geográficas
possível), (v) verificação de dados (erros ortográficos, entradas inválidas, registos duplicados), (vi)
análise de dados geográficos, ecológicos e taxonómicos (mapeamento de padrões e gradientes de
distribuição, etc.).
A fase de produção inclui: (i) síntese de dados na base de dados ecogeográfica, sinopse (que
sumariza toda a informação compilada para as espécies-alvo) e relatório (onde se interpretam os
dados obtidos com os outros produtos ecogeográficos), (ii) e a identificação das prioridades de
conservação. No entanto, o objectivo principal do estudo ecogeográfico no âmbito deste projecto é
a definição das populações-alvo prioritárias para conservação ex situ para cada espécie e não a
identificação de prioridades de conservação. Estes planos de colheita têm como objectivo
maximizar a diversidade genética colhida para cada espécie e responder às seguintes questões: i)
o que colher, (ii) quando colher, (iii) onde colher, (iv) quantas populações, (v) o número de plantas
a amostrar em cada população, (vi) e o número de sementes por planta.
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Figura 1. Modelo ecogeográfico (adaptado de Maxted et al. 1995).
Identificação das prioridades de conservação
Fase 3 PRODUÇÃO Síntese dos dados
Base de dados Sinopse
Relatório
Fase 1 CONCEPÇÃO DO PROJECTO Identificação dos peritos
Selecção da taxonomia aceite
Delimitação da área de estudo
Identificação das colecções existentes
Concepção da estrutura da base de dados ecogeográfica
Comissão do projecto
Fase 2 COMPILAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Listagem de germoplasma conservado
Pesquisa de dados ecogeográficos, ecológicos e taxonómicos
Compilação dos dados
Selecção dos espécimes representativos
Verificação dos dados
Análise dos dados geográficos, ecológicos e taxonómicos
Definição dos objectivos
Selecção da taxonomia adoptada
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FASE 1 – CONCEPÇÃO DO PROJECTO
Definição dos objectivos: Definição de prioridades de locais de colheita para as espécies-alvo
(Tabela 1).
Identificação dos peritos: O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e
técnicos dos Parques e Reservas Naturais, os investigadores do Jardim Botânico do Museu Nacional
de História Natural (incluindo os elementos da presente equipa) e da Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa e membros da Sociedade Portuguesa de Botânica forneceram uma série de
dados e indicações úteis nomeadamente relativas a: distribuição, ecologia, épocas de floração e de
frutificação e estado de conservação das populações.
Selecção da taxonomia adoptada: A nomenclatura adoptada foi a da Nova Flora de Portugal
(Franco 1971, 1984; Franco & Rocha Afonso 1994, 1998) excepto para os casos em que esta não
estava de acordo com a nomenclatura usada pelo ICNB (Plano Sectorial da Rede Natura 2000)
sendo, neste caso, esta última a adoptada.
Delimitação da área de estudo: Portugal continental.
Identificação das colecções existentes: Os dados de passaporte foram maioritariamente
obtidos dos espécimes de herbários nacionais.
Concepção da estrutura da base de dados ecogeográfica: A informação geográfica (obtida de
espécimes de herbário, dados bibliográficos e comunicações pessoais) foi compilada. A Tabela 3
mostra os campos principais que se tentou preencher para cada taxon.
Tabela 3. Campos principais da tabela de dados geográficos e explicação.
Campos da tabela Descripção Campos da tabela Descripção
ID_rcd Identificador único do registo
Gauss_X Gauss – coordenada x
ID_SP Identificador único da espécie
Gauss_Y Gauss – coordenada y
ACR Acrónimo da instituição Map Carta militar (scale 1: 25000)
Acc_num Número de amostra Alt Altitude (metres)
Gen_name Nome do género DATE Data de colheita
Sp_name Nome do restritivo específico Fl Presença de flores
Sp_Authors Autores da espécie Fr_imat Presença de frutos imaturos
Infra_Cat Infra-categoria (subspécie ou variedade)
Fr_mat Presença de frutos maduros
Infra_Name Nome da infra-categoria No_fl_fr Sem flores ou frutos
Infra_Authors Autores da infra-categoria Ecol Dados ecológicos
Reg Região administrativa Ass_Sp Espécies associadas
Conc Concelho COL Nome do colector
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Campos da tabela Descripção Campos da tabela Descripção
LOC Localidade DET Nome da pessoa que identificou a espécie
Lat Latitude (decimaiss) Obs Observações
Long Longitude (decimaiss) Rev Notas de revisão
UTM Coordenadas UTM (10X10Km)
SOURCE_type Fonte de informação: H-herbário, S-amostra de sementes, R-referência bibliográfica, C-comunicação pessoal (incluindo observações de campo)
FASE 2 – COMPILAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Listagem de germoplasma conservado e compilação de dados
Grande parte da informação relativa às espécies-alvo foi cedida pelo ICNB. A informação geográfica
foi completada com uma pesquisa nos principais herbários, de referências bibliográficas, e
contactos com peritos mencionados acima de modo a obter o máximo de informação relativa aos
taxa em estudo.
Verificação dos dados
A verificação dos dados obtidos incluiu:
Verificação de duplicados. Os registos com a mesma data, localidade e colectores foram
considerados duplicados.
Verificação de erros de ortografia.
Georeferenciação. Para os registos que não estavam georeferenciados, optou-se por atribuir
uma quadrícula UTM (10 x 10 Km) para minimizar os erros que podem advir de uma
aproximação estimada a uma toponímia; a informação associada a cada ponto foi sempre
guardada para uma melhor aproximação ao local.
Estandardização. Todos os dados foram estandardizados de modo a manter a coerência de
formato para facilitar a manipulação e análise da informação. Nesta fase, é de destacar a
importância da utilização de um mesmo sistema de coordenadas para todos os sistemas
georreferenciados (Datum Lisboa – Hayford Gauss IGeoE).
FASE 3 – PRODUÇÃO
Análise e apresentação dos dados
Foram compilados todos os registos provenientes das várias fontes disponíveis (mesmo que
forneçam informação redundante mas não duplicada), de forma a conservar toda a informação.
Os pontos com coordenadas associadas foram projectados para visualização nos mapas, enquanto
que para a informação sem coordenadas ou informação considerada pouco precisa foi atribuída
uma quadrícula UTM (e.g. cita de herbário). Estes dois tipos de informação foram utilizados na
produção de mapas de trabalho.
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A informação relativa à distribuição dos taxa foi formatada em diferentes classes, de acordo com as
datas dos registos (<1955, 1956-1995, 1996-2011).
O conhecimento ecológico e os mapas de distribuição de cada taxon-alvo permitiram priorizar as
populações para conservação ex situ e a delimitação de áreas de amostragem. No caso de taxa
com zonas de ocorrência disjuntas, foram essencialmente usados critérios de distância geográfica
entre populações ou grupos de populações para delimitação das várias áreas de amostragem. As
áreas de colheita correspondem a uma ou mais populações separadas por pelo menos 20 Km.
Excepcionalmente, este critério não foi utilizado por prevalência de outros critérios, como a
separação geográfica de diferentes subespécies, ambas importantes do ponto de vista
conservacionista (e.g. Avenula hackelii). Idealmente, a amostragem deverá abranger todas as
áreas definidas. Quando a distribuição do taxon é alargada e contínua, a amostragem procurou ser
representativa do ponto de vista geográfico (e.g. limites Norte, Sul, Este, Oeste e centro da área
de distribuição). Em taxa com distribuição muito restrita, idealmente, procura-se que as colheitas
abranjam todas ou a maioria das populações conhecidas.
Os registos com coordenadas foram classificados no que respeita ao sucesso da
prospecção/amostragem realizadas durante o período deste relatório:
• Localidade amostrada. Houve esforço de prospecção, foi confirmada a presença do taxon e
realizada colheita de sementes. A recolha de sementes de uma população de um
determinado taxon numa única data (espécime) pode ter vários pontos associados, ou
seja, várias localidades próximas (que podem dever-se a várias marcações de GPS dentro
do perímetro de colheita ou a diferentes fontes de informação de uma mesma localidade ou
de localidades muito próximas);
• Localidade confirmada (não amostrada). Houve esforço de prospecção, foi confirmada a
presença do taxon mas não foi realizada colheita de sementes por motivos vários (e.g.
época precoce ou tardia, muito poucos indivíduos na população, condições climatéricas
desfavoráveis, etc.);
• Localidade prospectada, não confirmada. Houve esforço de prospecção nas localidades
conhecidas e nas imediações, mas a presença do taxon não foi confirmada. Não significa
que o taxon tenha desaparecido da localidade, apenas não foi localizado naquela data;
• Localidade não prospectada. Não houve esforço de prospecção, por impossibilidades várias
ou por não ser considerada uma localidade prioritária.
Os nomes de localidades referem-se ao concelho de ocorrência ou ao acidente geográfico onde
estão inseridos (e. g. Serra da Arrábida, Cabo de Sagres).
Os resultados desta fase encontram-se no capítulo 1.1.2.3.
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1.1.2.2 Metodologia - Colheita
Para além da informação referida em 1.1.2.1., no campo e previamente à colheita, foram
determinados os seguintes parâmetros: i) área aproximada de distribuição da população; ii) estado
de maturação das sementes; iii) número médio de sementes produzidas por fruto; iv) número de
frutos produzidos por planta e v) número de sementes por fruto. Com base nestes parâmetros, em
cada local foi definida a área a amostrar para colheita de sementes, o número de plantas a
amostrar e o número de sementes a colher em cada planta. Assim, a observação directa da
população permitiu reajustar localmente as normas de colheita referidas na bibliografia:
amostragem de 50-200 plantas, colheita máxima de 20% do total de sementes disponíveis (Way
2003, ENSCONET 2009) de modo a minimizar o impacto nas populações, mantendo a qualidade e
maximizando a diversidade genética dos propágulos recolhidos.
Todas as sementes foram mantidas em sacos de papel, preservadas da luz e do calor e
transportadas para o Banco de Sementes no final de cada dia de campo. Foram posteriormente
armazenadas a temperatura e humidade baixas (15ºC, 30%HR) durante um curto período que
antecedeu a limpeza.
1.1.2.3 Resultados e discussão
De seguida é apresentada informação acerca do esforço de prospecção e amostragem para colheita
de sementes entre 2009 e 2011. Refere-se que na presente versão (resumida e disponibilizada ao
público) não são disponibilizados os mapas onde se podem visualizar as áreas de distribuição dos
taxa, bem como as diferentes áreas de amostragem definidas.
Arabis sadina
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas quatro áreas de amostragem.
Foram prospectadas todas as áreas para as quais existiam localidades actuais e com grau de
precisão geográfica suficientemente elevado.
Foi confirmada a presença do taxon e foram amostradas quatro populações em duas das áreas
de amostragem previamente definidas.
Na zona Centro foram confirmadas e amostradas as populações das Serras de Sicó, de
Alvaiázere e de Montejunto, sendo ainda necessária a confirmação da posição taxonómica dos
espécimes da Serra do Sicó. Foi confirmada a presença do taxon em Porto de Mós, porém no
final da época de dispersão das sementes (não amostrada).
Na zona Sul foram confirmadas três localidades na zona da Serra da Arrábida, umas das quais
foi amostrada.
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Prioritariamente, falta amostrar as Serra de Aire e Candeeiros. A dificuldade de detectar o taxon
fora do período de floração e as suas características biológicas (período de maturação dos frutos
muito prolongado e período de dispersão relativamente curto) contribuíram para a ausência de
colheitas nesta região. Também seria importante amostrar uma população no limite Sul da zona
Centro, bem como outra população da Serra da Arrábida (limite Sul de distribuição). Seria
importante obter informação mais precisa e actual acerca da existência de populações no limite
Norte da área de distribuição, para planeamento de futuras colheitas.
Avenula hackelii
Para este taxon foram definidas duas áreas de amostragem que correspondem à distribuição
das duas subespécies: A. hackelii subsp. hackelii na zona de Odemira e A. hackelii subsp.
algarbiensis, entre Aljezur e Vila do Bispo.
Foram prospectadas as duas áreas previamente definidas, para as quais existiam localidades
actuais e com grau de precisão geográfica suficientemente elevado. Foi confirmada a presença
do taxon nas duas áreas, nos concelhos de Odemira e Aljezur.
Nenhuma população foi amostrada devido ao facto de, aquando a visita às populações, as
sementes se encontrarem aparentemente imaturas e não ser possível voltar ao local
posteriormente.
Prioritariamente, falta amostrar ambas as populações confirmadas, bem como pelo menos uma
população no limite Norte de distribuição de A. hackelii subsp. hackelii e no limite Sul de
distribuição de A. hackelii subsp. algarbiensis. Seria importante obter informação mais precisa e
actual acerca destas populações para planeamento de futuras colheitas.
Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas quatro áreas de amostragem.
Foram prospectadas todas as áreas para as quais existiam localidades actuais e com grau de
precisão geográfica suficientemente elevado.
Foi confirmada a presença do taxon em duas áreas e foi amostrada uma população em cada
uma delas (concelhos de Sines e Aljezur).
Prioritariamente, falta amostrar uma população no limite Norte de distribuição.
11
Convolvulus fernandesii
Este taxon tem uma distribuição extremamente restrita, do Cabo Espichel a Setúbal, e a sua
localização está muito bem documentada (Plano Nacional de Conservação da Flora em Perigo,
Life Natureza III P/8480, ICN, 2007).
Foram prospectados e confirmados praticamente todos os núcleos populacionais conhecidos.
Uma vez que as plantas se encontram nas arribas escarpadas, na maior dos casos, a colheita foi
realizada com recurso a técnicas de rapel (Figura 5).
Dada a distribuição extremamente restrita deste taxon, foram amostrados quase todos os
pequenos núcleos, incluindo os núcleos centrais e limítrofes, resultando numa colheita muito
exaustiva e completa. As acções de conservação ex situ para este taxon consideram-se
concluídas.
Diplotaxis vicentina
Dada a distribuição geograficamente contínua do taxon foi definida apenas uma área de
colheita.
Foram prospectadas três das quatro localidades conhecidas, recentes e com grau de precisão
geográfica suficientemente elevado, mas foi confirmada a presença do taxon e realizada a
amostragem em apenas uma localidade, Cabo de São Vicente, que constitui o limite sul da
distribuição.
Prioritariamente seria necessário obter informação mais precisa e actual acerca da existência
das populações a Norte e no Centro da distribuição do taxon para planeamento de futuras
colheitas. Porém, dada a raridade do taxon e o número restrito de plantas por população, é
importante que a amostragem incida sobre a maioria das populações conhecidas em toda a sua
área de distribuição.
Herniaria algarvica
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas quatro áreas de amostragem.
É uma planta de dimensões reduzidas pelo que a sua prospecção em áreas pouco definidas é
bastante difícil.
Foi prospectada apenas uma das áreas previamente definidas, para a qual existiam localidades
actuais e com grau de precisão geográfica suficientemente elevado. No entanto, não se
confirmou a presença do taxon na única localidade prospectada (Cabo de São Vicente).
12
Prioritariamente é fundamental prospectar e amostrar as populações conhecidas bem como
obter informação geográfica com grau de resolução mais elevado e actual para planeamento de
futuras colheitas.
Halimium verticillatum
Uma das localidades de ocorrência deste taxon (Montemor-o-Novo) era conhecida por um dos
membros da equipa, enquanto para outras localidades (Sítio de Cabeção) não existe grau de
precisão geográfica suficientemente elevado.
Foi amostrada apenas uma população (Montemor-o-Novo) pelas razões expostas acima, e pelo
facto de o Sítio de Cabeção se encontrar afastado das áreas geográficas abrangidas pelos
trabalhos efectuados durante o período deste relatório.
Devido à semelhança morfológica entre este taxon e Halimium viscosum (Willk) P. Silva, foi
solicitada a identificação dos espécimes recolhidos para Herbário a alguns investigadores,
contudo, ainda não existem resultados conclusivos.
Face à obtenção de informação geográfica com grau de resolução mais elevado para o Sítio de
Cabeção, é prioritária a colheita de sementes nesta região.
Hyacinthoides vicentina subsp. vicentina
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas duas áreas de amostragem.
Foi prospectada uma das duas áreas para as quais existiam localidades actuais e com grau de
precisão geográfica suficientemente elevado.
Foi amostrada uma população em Vila do Bispo cuja identidade taxonómica necessita ainda de
confirmação devido à inexistência de elementos suficientes à data de amostragem; no Cabo de
São Vicente aparentemente foi também identificada a sua presença, embora sem certezas
porque as plantas já se encontravam muito senescentes; a sua identidade taxonómica terá
igualmente de ser confirmada em época adequada.
Foi realizada uma prospecção bastante exaustiva em algumas das localidades conhecidas mas,
na maioria, sem sucesso. Tal poderá ser atribuído ao facto de não ter sido um ano favorável, à
época tardia da expedição tendo em conta a fenologia do taxon ou ao seu desaparecimento
desses locais.
Prioritariamente teremos de obter informação mais precisa e actual acerca da existência de
populações na área correspondente ao limite Norte de distribuição. Também seria importante
amostrar mais populações no limite Sul de distribuição.
13
Iberis procumbens subsp. microcarpa
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas quatro áreas de amostragem.
Em todas as áreas foram prospectadas localidades actuais e com grau de precisão geográfica
suficientemente elevado. Foi confirmada a presença do taxon nas quatro áreas previamente
definidas e foram amostradas nove populações, distribuídas pelas quatro áreas.
Foi confirmada e amostrada a população da Figueira da Foz, correspondente ao limite Norte de
distribuição do taxon.
Na região Centro foram amostradas duas populações nas Serra de Aire e Candeeiros.
No distrito de Lisboa foram amostradas quatros populações, três no litoral em arriba rochosa,
no concelho de Sintra, e uma mais interior, em Vila Franca de Xira.
Foram confirmadas três localidades na zona do Cabo Espichel / Serra da Arrábida. Destas
localidades, as localizadas nos limites Oeste e Este foram amostradas.
O esforço de amostragem considera-se completo uma vez que as colheitas cobriram de forma
representativa a distribuição do taxon. Embora não prioritário, também seria importante
amostrar de forma mais extensiva as populações da região Centro.
Jonopsidium acaule
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas três áreas de amostragem.
Foi prospectada a região Norte de uma das três áreas definidas, que se estende da região de
Lisboa até a Vila do Bispo, de forma contínua, e foi confirmada a presença do taxon em quatro
localidades.
Foram confirmadas três localidades no concelho de Sintra e amostrada uma população em
Setúbal. Não foi possível efectuar colheita de sementes nestas localidades devido a
impedimentos burocráticos à realização de saídas de campo durante a época de dispersão de
sementes (final do Inverno) em dois anos consecutivos. Pelas mesmas razões e pelo facto de
este taxon apresentar um período de dispersão muito precoce relativamente aos restantes não
foi efectuada prospecção de Odemira ao Cabo de Sagres.
Prioritariamente, falta amostrar as populações da costa Sudoeste. Seria importante obter
informação mais precisa e actual acerca da existência de populações no limite Norte de
distribuição do taxon para planeamento de futuras colheitas.
14
Juncus valvatus
Dada a distribuição relativamente contínua do taxon, foram apenas delimitadas duas áreas de
colheita: uma área extensa que cobre o Centro-Oeste do País, da Serra da Arrábida até
Coimbra, e outra em Castelo Branco, que corresponde a uma quadrícula do início do séc. XX.
Foi prospectada intensivamente a região Centro, nomeadamente as localidades actuais e com
grau de precisão geográfica suficientemente elevado.
Foram confirmadas e amostradas 24 populações nos concelhos de Azambuja, Alenquer, Loures,
Sintra e Vila Franca de Xira. A realização de colheitas em localidades relativamente próximas
deve-se ao facto deste taxon apresentar populações reduzidas e restritas a microhabitats que
não ocorrem de forma contínua; para além de, por optimização de recursos, ter sido uma região
bastante visitada.
Na localidade conhecida do concelho de Sintra, por se tratar do limite Oeste conhecido para este
taxon, houve esforço de prospecção para amostragem mas o taxon não foi encontrado. Será
importante confirmar a sua presença em futuros anos uma vez que a área se encontra bastante
degradada por invasão por silvas e fetos.
Prioritariamente, falta amostrar outras populações conhecidas e geograficamente afastadas das
populações já amostradas (Alcanena), bem como obter informação mais precisa e actual acerca
da existência das populações em Castelo Branco e nos limite Sul (Serra da Arrábida) e Norte da
área de distribuição (Marinha Grande/ Leiria e Coimbra), para planeamento de futuras colheitas.
Leuzea longifolia
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas oito áreas de amostragem.
Foram prospectadas todas as áreas para as quais existiam localidades actuais e com grau de
precisão geográfica suficientemente elevado (três áreas). As populações introduzidas não foram
contempladas no plano de colheita.
Foi confirmada a presença do taxon em três áreas e foram amostradas três populações, em
duas dessas áreas.
Foi confirmada uma população no concelho de Ourém (localidade inexistente na informação
fornecida pelo ICNB) mas esta não foi amostrada por ausência de produção de flores/frutos no
presente ano. Não foi confirmada a localidade do Sítio Azabuxo/Leiria. Este último local
encontrava-se destruído por corte de vegetação e movimentação de terras para plantação de
eucalipto.
Foram confirmadas e amostradas populações nos concelhos de Azambuja, Loures e Sintra.
Tendo em conta a informação disponível e a raridade do taxon, considera-se que o esforço de
amostragem foi bastante satisfatório. Prioritariamente, falta amostrar a população confirmada
15
no concelho de Ourém. Também seria importante confirmar a existência de uma população no
concelho de Alenquer.
Seria importante obter informação mais precisa e actual acerca da existência das restantes
populações referidas na informação disponibilizada pelo ICNB, para planeamento de futuras
colheitas.
Linaria algarviana
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foi definida apenas uma área de amostragem.
Foi prospectado o limite Oeste da área de distribuição deste taxon, em localidades actuais e
com grau de precisão geográfica suficientemente elevado.
Foram confirmadas três populações nos concelhos de Aljezur e Vila do Bispo. Foi amostrada
apenas uma população pelo facto da maioria das sementes se encontrarem ainda imaturas
aquando da saída de campo e não ter sido possível voltar ao local em época adequada. As
características biológicas do taxon (elevada assincronia no período de maturação das sementes
nos indivíduos de uma mesma população) contribuíram para a ausência de colheitas nas
localidades confirmadas mas não amostradas.
A amostragem de L. algarviana incidiu propositadamente na região Oeste da área de
distribuição por uma questão prática de planeamento de recursos, uma vez que não estava
previsto neste plano a colheita de sementes na região Centro e Este do Algarve.
Prioritariamente, falta amostrar os limites Norte e Este de distribuição do taxon.
Narcissus fernandesii
Foram prospectadas duas localidades na região de Vila Viçosa. A calendarização previamente
acordada com o ICNB contemplava apenas esta região, uma vez que já existem espécimes
conservados no Banco de Sementes das populações de Azambuja e Cartaxo. A população de
Mértola não foi considerada devido a dúvidas quanto à classificação taxonómica das populações
conhecidas.
Foi confirmada e amostrada uma das populações de Vila Viçosa.
Seria importante realizar novas colheitas na área de Vila Viçosa, uma vez que foram amostrados
poucos indivíduos (Tabela 4), bem como obter informação acerca da validação taxonómica dos
indivíduos da população de Mértola.
Omphalodes kuzinskyanae
Dada a distribuição bastante restrita deste taxon, foi apenas definida uma área de amostragem.
16
Foi prospectado o limite Norte e o Centro da área de distribuição deste do taxon, em localidades
actuais e com grau de precisão geográfica suficientemente elevado. Este taxon foi alvo de
acções de reforço populacional e de criação de novos núcleos no âmbito do projecto “Plano
Nacional de Conservação da Flora em Perigo” (LIFE Natureza III P/8480, ICN, 2007). A
prospecção e plano de colheita integraram esta informação, bem como informação mais precisa
fornecida pelos técnicos do PNSC e por investigadores do projecto acima referido, de forma a
garantir a colheita de sementes apenas em núcleos naturais.
Foi confirmada a presença do taxon em quatro núcleos populacionais, dos quais foram
amostrados dois, abrangendo duas localidades distanciadas (concelhos de Sintra e Cascais).
Foram confirmados dois núcleos populacionais no concelho de Sintra mas não foram amostrados
porque a expedição para colheita das sementes efectuou-se após uma forte chuvada, o que
destruiu os indivíduos e arrastou as sementes que normalmente se depositam no solo junto às
plantas-mãe.
Prioritariamente, falta amostrar as populações naturais dos limites Norte (concelhos de Sintra
e/ou Mafra). Dado o carácter de ameaça do taxon, seria conveniente amostrar todos os núcleos
conhecidos.
Ononis hackelii
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foi apenas definida uma área de amostragem.
Foram prospectadas várias localidades na área de distribuição deste taxon, com dados actuais e
grau de precisão geográfica suficientemente elevado, indicados por técnicos da RNLSAS.
Foram amostradas três populações, uma no concelho de Odemira e duas no concelho de
Santiago do Cacém.
Prioritariamente, falta amostrar os limites Sul da área de distribuição e obter informação mais
precisa e actual acerca da existência das populações no limite Norte / Nordeste da área de
distribuição do taxon (Grândola) e no limite Sudeste (Odemira) para planeamento de futuras
colheitas.
Pseudoarrhenatherum pallens
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas três áreas de amostragem.
Foram prospectadas as três áreas previamente definidas e a sua presença foi confirmada em
todas. Foram amostradas seis populações, distribuídas pelas três áreas.
Foi amostrada uma população na Serra Aire e Candeeiros (concelho de Santarém).
17
Foi amostrada uma população na Serra de Montejunto (concelho de Alenquer), três populações
no concelho de Arruda do Vinhos e uma no concelho de Loures. Nesta região foi ainda
confirmada uma população no concelho de Vila Franca de Xira, embora não tenha sido
amostrada.
Foram confirmadas três localidades na Serra da Arrábida (concelho de Setúbal), tendo sido
amostrada uma delas.
Tendo em conta a informação disponível e a raridade do taxon, considera-se que o esforço de
amostragem foi muito satisfatório, considerando-se completo. É de destacar a identificação de
diversas localidades, algumas não conhecidas ou compiladas anteriormente.
Seria importante fazer um esforço de prospecção e reconhecimento das populações da Serra da
Arrábida, uma vez que as existentes são constituídas por muito poucos indivíduos e ocorrem
conjuntamente com outro taxon de gramínea muito semelhante, o que pode levar a erros em
futuras colheitas. Embora não prioritário, seria importante obter informação mais precisa e
actual acerca da existência de populações no limite Este de distribuição (Torres Novas).
Senecio lagascanus subsp. lusitanicus
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas duas áreas de amostragem.
Foram prospectadas as duas áreas previamente definidas e a presença do taxon foi confirmada
em ambas. Foram amostradas três populações, abrangendo essas duas áreas.
Foi confirmada e amostrada a população da Serra da Boa Viagem (concelho de Figueira da Foz).
Foram confirmadas e amostradas populações na Serra de Montejunto (concelho de Cadaval) e
no concelho de Arruda dos Vinhos, sendo esta última uma localidade até à data, não compilada.
Tendo em conta a informação disponível, considera-se que o esforço de amostragem foi
bastante satisfatório e considera-se completa. Embora não seja de carácter prioritário, dada a
raridade do taxon, seria importante investir na prospecção de outras localidades, descritas ou
não.
Silene longicilia
Dada a distribuição relativamente contínua do taxon, foi apenas considerada uma área de
colheita: uma área extensa que cobre o Centro-Oeste calcário do País e que se estende desde a
Serra da Arrábida até à Serra da Boa Viagem (concelho de Figueira da Foz). Embora a
informação fornecida pelo ICNB contivesse outros registos da presença deste taxon (quadrículas
fora desta área), estes não foram considerados uma vez que um dos membros da equipa tem
informação recente que indica que correspondem a outros taxa (Cotrim 2001).
18
Foram prospectadas as zonas Centro e limítrofes da área de distribuição, principalmente em
localidades actuais e com grau de precisão geográfica suficientemente elevado, sendo
confirmada em todas estas zonas. Foram amostradas seis populações.
No limite Norte da área de distribuição foi amostrada uma população na Serra da Boa Viagem
(concelho de Figueira da Foz). Na zona Centro foram confirmadas duas populações na Serra de
Montejunto (uma delas amostrada); duas populações na Serra de Aire e Candeeiros (concelho
de Porto de Mós) e concelho de Tomar (nenhuma amostrada); três populações nos concelhos de
Loures, Arruda dos Vinhos e Vila Franca de Xira (nenhuma amostrada) e três mais litorais, duas
no concelho de Sintra e uma no concelho de Mafra (todas amostradas). No limite Sul foram
confirmadas três populações nos maciços calcários do Espichel e Arrábida, tendo sido amostrada
uma população no Cabo Espichel.
Algumas das localidades não foram amostradas porque aquando da saída de campo as plantas
não estavam no estado de maturação adequado (e.g. uma das populações da Serra de
Montejunto, Tomar e Vila Franca de Xira). Em algumas populações (e.g. Porto de Mós e Serra
da Arrábida) as populações foram confirmadas na sua época de dispersão mas a colheita de
sementes não foi efectuada devido à elevada incidência de predação que, num dos casos,
afectou a totalidade da população (Figura 5 C-E).
Prioritariamente, falta amostrar as populações conhecidas da zona Centro Norte (Serra de Aire e
Candeeiros e Tomar), a Este da zona Centro Sul (Vila Franca de Xira, Arruda dos Vinhos,
Loures) e idealmente uma população na Serra da Arrábida.
Silene rothmaleri
A distribuição geográfica deste taxon era bem conhecida devido a publicações anteriores de
membros da equipa (Cotrim 2001, Cotrim et al. 2003).
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas duas áreas de amostragem.
Na impossibilidade de deslocação a todas as localidades, a prospecção deste do taxon incidiu
nos limites Sul e Norte da distribuição do taxon. Assim, foram prospectadas as áreas para as
quais existiam localidades actuais e com grau de precisão geográfica suficientemente elevado.
Foi confirmada a presença do taxon em duas localidades, tendo sido amostradas apenas uma
delas.
Foi confirmada e amostrada a população do Cabo de São Vicente.
Foi confirmada a população referenciada (Odemira); não foi amostrada porque as sementes
ainda se encontravam imaturas e não foi possível voltar ao local em época adequada.
19
Prioritariamente, falta amostrar a população confirmada no limite Norte de distribuição. Dada a
extrema raridade do taxon, seria importante também amostrar nas outras localidades
conhecidas.
Thorella verticillanundata
Dada a distribuição geográfica deste taxon, foram definidas seis áreas de amostragem.
Foram prospectadas todas as áreas para as quais existiam localidades actuais e com grau de
precisão geográfica suficientemente elevado (quatro áreas).
Foi confirmada a presença do taxon em duas das quatro áreas de amostragem e foi amostrada
uma população.
Foi prospectada uma localidade no concelho da Figueira da Foz, mas o taxon não foi detectado.
Foi confirmada uma população no concelho do Seixal mas não foi amostrada pelo facto das
plantas se encontrarem em estado de desenvolvimento precoce nas várias visita efectuadas.
Não foi possível voltar em época adequada.
Foi confirmada uma população no concelho de Alcácer do Sal mas não foi amostrada pela razão
descrita anteriormente, e por se ter encontrado apenas um indivíduo. Foi confirmada e
amostrada uma população no concelho de Grândola.
No presente ano, a população conhecida no concelho de Odemira não foi detectada.
Prioritariamente, falta amostrar as populações conhecidas na zona litoral Centro (Figueira da
Foz), dos concelhos do Seixal e Alcácer do Sal e do limite Sul de distribuição. Também seria
importante obter informação mais precisa e actual acerca da existência das populações nos
limites Norte e Sul de distribuição, para planeamento de futuras colheitas.
Entre 2009 e 2011 foram integrados na colecção do Banco de Sementes A. L. Belo Correia 79
espécimes (conjunto de sementes recolhidas de uma população de um determinado taxon numa
única data) pertencentes a 26 taxa (20 amostrados no âmbito do Plano de Acção e 6 recolhidos no
âmbito do projecto “Conservação e valorização da Flora endémica ameaçada em Portugal” (Tabela
4). Devido a condicionantes financeiras, a maioria dos espécimes foi recolhido entre 2010 (23
espécimes pertencentes a 12 taxa) e 2011 (54 espécimes pertencentes a 16 taxa).
20
Tabela 4. Espécimes1 que integraram a colecção do Banco de Sementes A.L. Belo Correia entre 2009 e 2011.
1Espécime – conjunto de sementes de uma população de um taxon recolhido numa data. “Localidade”: concelho de ocorrência ou acidente geográfico (e.g. Serra da Arrábida, Cabo da Roca). Células em branco indicam ausência de informação; “Fonte”: especialistas que forneceram coordenadas geográficas ou indicações precisas para localização do taxon; “Colectores”: AC- Adelaide Clemente; ITQB – Instituto de Tecnologia Química e Biológica; JB- Joana Magos Brehm; FM- Filipe Moniz (ICNB-RSSCMVRSA); UC - Universidade de Coimbra; “Espécime LISU”: indica colheita de um espécime para herbário, depositado em LISU (Herbário do JB-MNHN).
Data EspécimeTaxon Código Localidade Fonte Colector colheita LISUArabis sadina BG.MNHN.UL 009882 Serra de Alvaiázere Sergio Chozas AC 09-08-2010 simArabis cf. sadina BG.MNHN.UL 009884 Serra do Sicó Adelaide Clemente AC 09-08-2010 simArabis sadina BG.MNHN.UL 009909 Serra de Montejunto AC, JB 19-07-2010 simArabis sadina BG.MNHN.UL 009916 Serra da Arrábida Isabel Santos AC, JB 15-07-2010 simArabis sadina BG.MNHN.UL 009834 Serra de Montejunto JB 28-06-2011 nãoChaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum BG.MNHN.UL 009858 Aljezur Manuel João Pinto AC, JB 10-05-2011 simChaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum BG.MNHN.UL 009859 Sines Manuel João Pinto AC, JB 09-05-2011 simConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009826 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas JB 10-06-2011 nãoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009827 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas JB 10-06-2011 nãoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009828 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas JB 11-06-2011 nãoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009829 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas JB 10-06-2011 nãoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009830 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas JB 10-06-2011 nãoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009831 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas JB 10-06-2011 nãoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009832 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas JB 10-06-2011 nãoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009833 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas JB 10-06-2011 nãoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009846 Cabo Espichel ICNB; Sergio Chozas AC 23-05-2011 nãoDaucus carota subsp. halophilus BG.MNHN.UL 009869 Cabo de São Vicente UC 16-08-2010 nãoDigitalis amandiana BG.MNHN.UL 009863 ITQB 2010 nãoDiplotaxis vicentina BG.MNHN.UL 009855 Cabo de São Vicente Manuel João Pinto AC 12-05-2011 simDistichoselinum tenuifolium BG.MNHN.UL 009866 Olhão UC ??-08-2010 nãoEryngium duriaei BG.MNHN.UL 009867 Serra da Estrela UC 19-09-2010 nãoHalimium cf. verticillatum BG.MNHN.UL 009992 Montemor-o-Novo Adelaide Clemente AC 12-07-2010 simcf. Hyacinthoides vicentina subsp. vicentina BG.MNHN.UL 009857 Vila do Bispo Adelaide Clemente AC, JB 11-05-2011 simIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009797 Sintra JB 17-08-2011 simIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009798 Sintra JB 17-08-2011 simIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009800 Sintra JB 17-08-2011 simIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009802 Vila Franca de Xira Miguel Porto AC 19-08-2011 simIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009804 Cabo Espichel Adelaide Clemente, Sara Dias AC 19-08-2011 nãoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009806 Porto de Mós JB 11-08-2011 nãoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009811 Porto de Mós JB 11-08-2011 nãoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009870 Serra da Boa Viagem Adelaide Clemente, Joana M Brehm AC, JB 16-08-2010 simIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009915 Serra da Arrábida Adelaide Clemente AC, JB 15-07-2010 simJonopsium acaule BG.MNHN.UL 009981 Setúbal Adelaide Clemente AC 21-03-2010 nãoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009911 Loures Adelaide Clemente, Joana M Brehm AC, JB 19-07-2010 simJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009912 Alenquer Manuel João Pinto JB 07-07-2010 simJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009796 Loures JB 27-07-2011 nãoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009799 Sintra Sara Dias, Joana Brehm JB 17-08-2011 simJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009801 Vila Franca de Xira Adelaide Clemente, Joana M Brehm, Sara Dias AC 19-08-2011 nãoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009808 Rio Maior Sara Dias, Joana Brehm JB 10-08-2011 nãoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009809 Azambuja Sara Dias, Joana Brehm JB 10-08-2011 nãoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009810 Alenquer JB 10-08-2011 nãoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009820 Loures Joana M Brehm JB 05-08-2011 simJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009821 Loures Miguel Porto, Ana Júlia Pereira JB 05-08-2011 simJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009822 Sintra Miguel Porto, Ana Júlia Pereira JB 05-08-2011 simJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009823 Sintra Sara Dias, Joana M Brehm JB 05-08-2011 simJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009824 Serra da Carregueira Miguel Porto, Ana Júlia Pereira JB 04-08-2011 simLeuzea longifolia BG.MNHN.UL 009910 Loures Miguel Porto AC, JB 19-07-2010 simLeuzea longifolia BG.MNHN.UL 009807 Rio Maior António Flor JB 10-08-2011 nãoLeuzea longifolia BG.MNHN.UL 009825 Sintra Miguel Porto JB 04-08-2011 simLinaria algarviana BG.MNHN.UL 009854 Cabo de São Vicente Adelaide Clemente, Joana M Brehm, Sara Dias AC, JB 12-05-2011 simNarcissus fernandesii BG.MNHN.UL 009862 Vila Viçosa AC 14-04-2011 nãoOmphalodes kuzinskyanae BG.MNHN.UL 009941 Sintra Sergio Chozas e João Paulo Lopes AC, JB 15-06-2010 simOmphalodes kuzinskyanae BG.MNHN.UL 009942 Sintra Sergio Chozas AC, JB 15-06-2010 simOnonis hackelii BG.MNHN.UL 009847 Odemira Manuel João Pinto / RNLSAS AC 21-05-2011 simOnonis hackelii BG.MNHN.UL 009848 Santiago do Cacém Manuel João Pinto / RNLSAS AC 22-05-2011 simOnonis hackelii BG.MNHN.UL 009860 Santiago do Cacém Manuel João Pinto / RNLSAS AC, JB 09-05-2011 simPicris willkommii BG.MNHN.UL 009988 Castro Marim AC, FM 21-05-2009 nãoPicris willkommii BG.MNHN.UL 009989 Castro Marim FM 28-05-2009 nãoPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009844 Santarém António Flor AC 24-05-2011 simPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009845 Serra da Arrábida Adelaide Clemente, Sara Dias AC 23-05-2011 simPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009850 Alenquer António Flor JB 05-05-2011 simPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009851 Arruda dos Vinhos Manuel João Pinto AC 06-05-2011 simPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009852 Loures Miguel Porto AC 06-05-2011 simPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009853 Arruda dos Vinhos Miguel Porto AC 06-05-2011 simPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009861 Serra da Arrábida Adelaide Clemente, Joana M Brehm AC, JB 18-04-2011 simSantolina semidentata BG.MNHN.UL 009864 ITQB 2010 nãoSenecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009840 Arruda dos Vinhos Manuel João Pinto, Helena Cotrim JB 22-06-2011 simSenecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009913 Serra da Boa Viagem Blog "Flora da Serra da Boa Viagem" AC, JB 13-07-2010 simSenecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009914 Serra da Boa Viagem Blog "Flora da Serra da Boa Viagem" AC, JB 14-07-2010 simSenecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009929 Serra de Montejunto Manuel João Pinto, Helena Cotrim AC, JB 21-06-2010 simSeseli peixoteanum BG.MNHN.UL 009868 Samil ITQB ??-10-2010 nãoSilene longicilia BG.MNHN.UL 009835 Cabo da Roca Helena Cotrim JB 28-06-2011 simSilene longicilia BG.MNHN.UL 009841 Mafra JB 09-06-2011 simSilene longicilia BG.MNHN.UL 009842 Serra de Montejunto Helena Cotrim JB 09-06-2011 simSilene longicilia BG.MNHN.UL 009843 Sintra JB 01-06-2011 simSilene longicilia BG.MNHN.UL 009849 Cabo Espichel Adelaide Clemente, Joana M Brehm AC, JB 07-05-2011 simSilene longicilia BG.MNHN.UL 009902 Serra da Boa Viagem Adelaide Clemente, Joana M Brehm, Sara Dias AC, JB 14-07-2010 simSilene rothmaleri BG.MNHN.UL 009856 Cabo de São Vicente Helena Cotrim AC 12-05-2011 simThorella verticillatinundata BG.MNHN.UL 009795 Grândola Miguel Porto AC 14-09-2011 sim
21
Entre os 25 taxa com acções de conservação ex situ previstas no Plano de Acção para o período de
2009 a 2011, não foram contemplados apenas quatro: Armeria beirana subsp. monchiquensis,
Doronicum plantagineum subsp. tournefortii, Plantago almogravensis e Saxifraga cintrana (Anexo
1).
Para 4 taxa (19%), consideram-se completas as acções de colheita de sementes (C. fernandesii, I.
procumbens subsp. microcarpa, P. pallens e S. lagascanus subsp. lusitanicus) (Figura 2).
Considera-se que a colheita de sementes realizada é relativamente representativa da distribuição
do taxon e que está de acordo com o seu grau de raridade (1.1.2). Contudo, as acções de
conservação seriam reforçadas para I. procumbens subsp. microcarpa com a colheita de sementes
em pelo menos uma população do limite Norte de distribuição da espécie. É ainda de destacar o
sucesso da amostragem de P. pallens e S. lagascanus subsp. lusitanicus, que apresentam uma
distribuição muito restrita, e às quais foram acrescentadas novas localidades.
Figura 2. Convolvulus fernandesii, (A), Iberis procumbens subsp. microcarpa (B),
Pseudarrhenatherum pallens (C) e Senecio lagascanus subsp. lusitanicus (D).
As acções de colheita de sementes consideram-se parcialmente completas para 15 taxa (71%)
devido à impossibilidade de colheita de sementes numa ou mais populações seleccionadas no
planeamento das colheitas (1.1.2). Embora não estejam concluídas, considera-se que foi realizado
A B
C D
22
um esforço de prospecção e amostragem bastante satisfatórios para 4 destes taxa (A. sadina, C.
serpyllifolium, L. longifolia e S. longicilia) (Figura 3). Para os restantes 11 taxa (D. vicentina, H.
verticillatum, H. vicentina, J. acaule, J. valvatus, L. algarviana, N. fernandesii, O. kuzinskyanae, O.
hackelii, S. rothmaleri e T. verticillatinundata) (Figura 4) foi realizado esforço de prospecção e
amostragem variável, mas considera-se que falta ainda amostrar uma parte importante da área de
distribuição dos taxa (ou um reforço de amostragem, no caso de N. fernandesii).
Figura 3. Arabis sadina (A), Chaenorrhinum serpyllifolium (B), Leuzea longifolia (C) e Silene
longicilia (D).
Para os dois taxa restantes (A. hackelii e H. algarvica), apenas foram realizados esforços de
prospecção, não tendo sido possível efectuar recolha de sementes. Para a A. hackelii foram
confirmadas duas importantes populações, cuja localização irá permitir investir mais facilmente nas
próximas saídas de campo. Para a H. algarvica é importante, antes de mais, investir na prospecção
do taxon e na obtenção de informação com maior precisão geográfica, uma vez que não foi
confirmada nenhuma localidade.
A B
C D
23
Figura 4. Juncus valvatus (A), Linaria algarviana (B), Omphalodes kuzinskyanae (C), Ononis hackelii (D), Silene rothmaleri (E) e Thorella verticillatinundata (F).
Os factores que condicionaram o cumprimento integral das actividades inicialmente propostas
foram: i) a maioria das plantas já tinha terminado a dispersão quando foi realizada a expedição
para colheita de sementes, que teve de ser adiada devido ao atraso na disponibilização de
financiamento (e.g. Arabis sadina, J. acaule, N. fernandesii, O. kuzinskyanae); ii) as sementes
encontravam-se imaturas (sementes imaturas apresentam menor longevidade em condições de
conservação, Hay & Probert 1995) e não foi possível regressar ao local posteriormente (e.g. S.
rothmaleri, T. verticillatinundata); iii) não se registou produção de sementes na população (e.g. L.
longifolia); iv) as sementes apresentavam elevada percentagem de predação (e.g. S. longicilia,
Figura 5 C-E); v) a população não foi encontrada nas localidades identificadas no plano de colheita
(e.g. H. vicentina subsp. vicentina, L. longifolia,); vi) ausência de informação detalhada sobre a
localização das populações (e.g. H. algarvica, S. cintrana); vii) sobreposição das épocas de
dispersão de vários taxa em diferentes áreas geográficas, e viii) condições meteorológicas
desfavoráveis impediram a colheita de sementes no período de dispersão (e.g. O. kuzinskyanae).
No caso dos taxa com distribuição no SW Alentejano e Algarve as actividades foram condicionadas
pela realização de uma única saída de campo com o objectivo de prospecção e colheita de
sementes de oito taxa em simultâneo. Não tendo sido possível realizar missões posteriores a esta
região, as actividades ficaram aquém do desejado. De facto, para alguns taxa (e.g. A. sadina, P.
pallens, S. lagascanus subsp. lusitanicus) a concretização das acções de conservação dependeu da
B
D E F
C A
24
realização de mais do que uma saída de campo à mesma localidade, não só para prospecção mas
também para garantir a colheita de propágulos maduros.
Figura 5. Colheita de sementes. A. Colheita de sementes de Convolvulus fernandesii com recurso a técnicas de rapel. B. Colheita de uma semente por inflorescência em Pseudarrhenatherum pallens. Cápsulas (C) e flores (D e E) de Silene longicilia predadas.
É ainda de destacar que foram realizadas diversas campanhas especificamente para prospecção ou
para localizar populações em polígonos ou localidades para as quais não existia localização
geográfica precisa, o que reduziu substancialmente o tempo disponível para a colheita de
sementes. Nestas campanhas, foram inclusivamente acrescentadas algumas novas populações aos
dados já compilados pelo ICNB (e.g. L. longifolia, P. pallens, S. lagascanus subsp. lusitanicus, T.
verticillatinundata) ou mesmo identificados alguns pontos específicos em áreas em que a
informação se limitava a áreas potenciais de ocorrência (A. sadina e P. pallens no PNA, P. pallens
na Serra de Montejunto e PNSAC).
A percentagem de plantas alvo de colheita de sementes dentro de uma área de amostragem pré-
definida (inferior à área total ocupada pela população na maioria dos casos) variou entre 20% e
50%. A colheita de sementes em cada planta variou entre 1 e 10% da estimativa da produção total
de semente por planta. Assim, o número de sementes recolhido para conservação foi
substancialmente inferior ao valor recomendado na bibliografia (20% da produção anual,
ENSCONET 2009). Na maior parte dos casos foi recolhido um ou mais frutos por planta, num total
de 5 (N. fernandesii) a mais de 200 (e.g. I. procumbens subsp. microcarpa) plantas. Sempre que
A B C
E D
25
não foi possível usar este procedimento (e.g. o fruto ou infrutescência representa uma
percentagem da produção total da planta superior à descrita acima ou taxa com sementes de
dimensões muito reduzidas) foi recolhida apenas uma parte das sementes contidas no fruto ou
infrutescência (e.g J. valvatus, S. lagascanus subsp. lusitanicus).
Foi ainda recolhido um espécime para herborização para cada espécime, depositado em LISU,
excepto nos casos de populações muito pequenas (e.g. S. lagascanus subsp. lusitanicus, L.
longifolia e algumas populações de A. sadina e J. valvatus), taxa cuja entidade taxonómica não é
passível de dúvidas (e.g. C. fernandesii) ou falta de elementos (e.g. H. vicentina subsp. vicentina,
plantas senescentes).
1.1.3 Processamento das sementes
1.1.3.1 Metodologia
Após a colheita, as sementes foram limpas com crivos ou, na sua maioria, manualmente. Foram
retiradas pequenas amostras para estimativa da viabilidade (testes de germinação ou “cut-test”,
observação directa do estado do embrião e endosperma, Gosling 2003). As sementes foram
seguidamente desidratadas em condições controladas standard (15ºC, 15%HR, FAO/IPGRI 1994,
ENSCONET 2009). Após a desidratação, foi estimado o número de sementes do espécime, por
pesagem de subamostras de número conhecido, e procedeu-se à embalagem, em recipiente
hermético. As sementes foram separadas em lotes, cujo número variou de acordo com o número
total de sementes do espécime. A maioria dos lotes destina-se à conservação a longo-prazo. Um
pequeno número de lotes (1 a 5), compostos por um máximo de 100 sementes, destina-se à
monitorização da viabilidade da colecção por um período de 50 anos. As sementes embaladas e
etiquetadas foram conservadas a -18°C.
1.1.3.2 Resultados e discussão
As sementes de todos os espécimes recolhidos durante o período deste relatório foram limpas
manualmente (Figura 6A) ou com recurso a equipamento de limpeza (crivos). Os espécimes
encontram-se actualmente em diferentes fases de processamento (Tabela 5). 44% dos espécimes
foram embalados e etiquetados (Figura 6B) e foram já armazenados na câmara de conservação, a
-18°C. Os restantes encontram-se ainda em secagem ou na fase de embalagem para posterior
armazenamento. A conclusão do armazenamento está prevista para Fevereiro de 2012.
26
Figura 6. Sementes de Senecio lagascanus subsp. lusitanicus durante a limpeza manual (A) e sementes de Juncus valvatus, Silene longicilia, Iberis procumbens subsp. microcarpa e Arabis sadina embaladas em recipiente hermético e etiquetadas para armazenamento a -18°C (B).
A B
27
Tabela 5. Fases de processamento e respectivo grau de execução para os espécimes que integraram a colecção do Banco de Sementes A.L. Belo Correia entre 2009 e 2011.
A caracterização engloba a determinação da viabilidade (teste de germinação ou observação do estado do embrião numa pequena amostra de sementes) e a estimativa do número total de sementes do espécime, por pesagem de sub-amostras de número conhecido. A estimativa do número de sementes é apresentada apenas para os espécimes cuja fase de caracterização se encontra concluída ou para aqueles que apresentam um pequeno número de sementes.
Taxon Código Limpeza Secagem Caracterização* Nº sementes ArmazenamentoArabis sadina BG.MNHN.UL 009882 concluído concluído concluído 937 armazenadoArabis cf. sadina BG.MNHN.UL 009884 concluído concluído concluído 1686 armazenadoArabis sadina BG.MNHN.UL 009909 concluído concluído concluído 2130 armazenadoArabis sadina BG.MNHN.UL 009916 concluído concluído concluído 848 armazenadoArabis sadina BG.MNHN.UL 009834 concluído em curso em cursoChaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum BG.MNHN.UL 009858 concluído em curso em cursoChaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum BG.MNHN.UL 009859 concluído em curso em cursoConvolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009826 concluído em curso em curso 27Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009827 concluído em curso em curso 569Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009828 concluído em curso em curso 325Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009829 concluído em curso em curso 240Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009830 concluído em curso em curso 137Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009831 concluído em curso em curso 503Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009832 concluído em curso em curso 287Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009833 concluído em curso em curso 96Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009846 concluído em curso em curso 16Daucus carota subsp. halophilus BG.MNHN.UL 009869 concluído concluído concluído 653 armazenadoDigitalis amandiana BG.MNHN.UL 009863 concluído concluído concluído 200 armazenadoDiplotaxis vicentina BG.MNHN.UL 009855 concluído em curso em cursoDistichoselinum tenuifolium BG.MNHN.UL 009866 concluído concluído concluído 3488 armazenadoEryngium duriaei BG.MNHN.UL 009867 concluído concluído concluído 221 armazenadoHalimium cf. verticillatum BG.MNHN.UL 009992 concluído concluído concluído 2223 armazenadocf. Hyacinthoides vicentina subsp. vicentina BG.MNHN.UL 009857 concluído concluído concluído 1080 armazenadoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009797 concluído concluído concluído 2245 armazenadoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009798 concluído concluído concluído 3426 armazenadoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009800 concluído concluído concluído 2170 armazenadoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009802 concluído em curso em cursoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009804 concluído em curso em cursoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009806 concluído em curso em cursoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009811 concluído concluído concluído 5163 armazenadoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009870 concluído concluído concluído 200 armazenadoIberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009915 concluído concluído concluído 391 armazenadoJonopsium acaule BG.MNHN.UL 009981 concluído concluído concluído 1689 armazenadoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009911 concluído concluído concluído 46335 armazenadoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009912 concluído concluído concluído 12355 armazenadoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009796 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009799 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009801 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009808 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009809 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009810 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009820 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009821 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009822 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009823 concluído em curso em cursoJuncus valvatus BG.MNHN.UL 009824 concluído em curso em cursoLeuzea longifolia BG.MNHN.UL 009910 concluído concluído concluído 120 armazenadoLeuzea longifolia BG.MNHN.UL 009807 concluído em curso em cursoLeuzea longifolia BG.MNHN.UL 009825 concluído em curso em cursoLinaria algarviana BG.MNHN.UL 009854 concluído em curso em cursoNarcissus fernandesii BG.MNHN.UL 009862 concluído concluído concluído 35 armazenadoOmphalodes kuzinskyanae BG.MNHN.UL 009941 concluído concluído concluído 1124 armazenadoOmphalodes kuzinskyanae BG.MNHN.UL 009942 concluído concluído concluído 985 armazenadoOnonis hackelii BG.MNHN.UL 009847 concluído em curso em cursoOnonis hackelii BG.MNHN.UL 009848 concluído concluído concluído 2210 armazenadoOnonis hackelii BG.MNHN.UL 009860 concluído em curso em cursoPicris willkommii BG.MNHN.UL 009988 concluído concluído concluído 2353 armazenadoPicris willkommii BG.MNHN.UL 009989 concluído concluído concluído 1036 armazenadoPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009844 concluído em curso em cursoPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009845 concluído em curso em cursoPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009850 concluído em curso em cursoPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009851 concluído em curso em cursoPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009852 concluído em curso em cursoPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009853 concluído em curso em cursoPseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009861 concluído em curso em cursoSantolina semidentata BG.MNHN.UL 009864 concluído concluído concluído 200 armazenadoSenecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009840 concluído em curso em cursoSenecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009913 concluído concluído concluído 1299 armazenadoSenecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009914 concluído concluído concluído 970 armazenadoSenecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009929 concluído concluído concluído 633 armazenadoSeseli peixoteanum BG.MNHN.UL 009868 concluído concluído concluído 235 armazenadoSilene longicilia BG.MNHN.UL 009835 concluído concluído concluído 5784 armazenadoSilene longicilia BG.MNHN.UL 009841 concluído em curso em cursoSilene longicilia BG.MNHN.UL 009842 concluído concluído concluído 4198 armazenadoSilene longicilia BG.MNHN.UL 009843 concluído concluído concluído 4584 armazenadoSilene longicilia BG.MNHN.UL 009849 concluído em curso em cursoSilene longicilia BG.MNHN.UL 009902 concluído concluído concluído 1190 armazenadoSilene rothmaleri BG.MNHN.UL 009856 concluído em curso em cursoThorella verticillatinundata BG.MNHN.UL 009795 concluído em curso em curso
28
1.1.4 Germinação
Os testes de germinação destinam-se a identificar as condições óptimas para a germinação dos
taxa-alvo, quando desconhecidas. Estes testes permitirão ainda determinar a viabilidade das
sementes conservadas ao longo do tempo (Baskin & Baskin 1998, Gosling 2003).
1.1.4.1 Metodologia
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica prévia para identificação das condições óptimas de
germinação do taxon-alvo ou de taxa do mesmo género com ecologia semelhante. Na presença de
informação, foi efectuado apenas um teste nas condições referidas na bibliografia, para
determinação da percentagem de germinação inicial do espécime. Na ausência de informação, foi
realizado um teste com um número reduzido de sementes (10 a 50) num regime de temperatura
considerado mais adequado à sua ecologia. Uma vez que as características de germinação podem
variar com a população (e.g. Pérez-García et al. 2006), a necessidade de efectuar testes de
germinação nos espécimes provenientes de outras populações é avaliada tendo em conta o número
de sementes disponíveis e após a determinação das condições óptimas de germinação e a obtenção
de resultados considerados fiáveis.
Os testes de germinação foram realizados em caixa de Petri com papel de filtro humedecido ou
agar, sobre o qual foram colocadas as sementes. As caixas foram posteriormente incubadas em
câmaras de germinação (Fitoclima S600, Aralab, Lisboa). O número de sementes utilizado em cada
teste variou de acordo com o número de sementes de cada espécime, não excedendo 100, e
seguiu as recomendações da ENSCONET (2009). A germinação (emergência da radícula) foi
monitorizada a cada dois dias durante um período mínimo de 30 dias. Nos casos em que não se
obteve germinação ou esta foi baixa, foram realizados testes subsequentes, alterando o regime de
temperatura ou aplicando pré-tratamentos (escarificação, por exemplo) destinados a aumentar a
percentagem de germinação.
Após a conclusão do teste, as sementes que não germinaram foram observadas à lupa para
determinação visual da sua viabilidade. Os valores de percentagem de germinação foram corrigidos
com base nestes dados.
1.1.4.2 Resultados e discussão
Até à presente data, foram realizados ou encontram-se em curso 108 testes de germinação em 60
espécimes (Tabela, Figura 7). Em 2009 foi realizado apenas um teste de germinação e em 2010 e
2011 foram realizados 13 e 94 testes, respectivamente.
Não foram realizados testes de germinação em 19 dos 79 espécimes que integraram a colecção do
Banco de Sementes A.L. Belo Correia durante o período correspondente ao presente relatório
(Tabela 4) devido ao reduzido número de sementes. Nesses casos, a viabilidade dos espécimes
29
conservados será inferida a partir da viabilidade estimada para outros espécimes do mesmo taxon.
Nos casos em que não existe mais do que um espécime por taxon (e.g. N. fernandesii), pretende-
se complementar a colecção com a futura colheita de novos espécimes.
Figura 7. Germinação de Convolvulus fernandesii (A) e Iberis procumbens subsp. microcarpa (B) em caixa de Petri com agar.
A B
30
Tabela 6. Testes de germinação realizados nos espécimes indicados na Tabela 4 entre 2009 e 2011. São indicados o número de testes realizados para cada espécime, o número total de sementes utilizado e o ano.
*nos testes realizados neste taxon utilizaram-se sementes provenientes de vários espécimes pertencentes à mesma população. Para os restantes taxa, células vazias indicam que não foi feito teste de germinação para o espécime.
Taxon Código Nº testes Nº sementes Ano
Arabis sadina BG.MNHN.UL 009882 2 200 2011Arabis sadina BG.MNHN.UL 009884 1 50 2010Arabis sadina BG.MNHN.UL 009909 1 100 2011Arabis sadina BG.MNHN.UL 009916 1 100 2011Arabis sadina BG.MNHN.UL 009834Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum BG.MNHN.UL 009858 1 20 2011Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum BG.MNHN.UL 009859Convolvulus fernandesii* BG.MNHN.UL 009826 2 2 2011Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009827 121Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009828 55Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009829 40Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009830 16Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009831 110Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009832 50Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009833 6Convolvulus fernandesii BG.MNHN.UL 009846Daucus carota subsp. halophilus BG.MNHN.UL 009869 1 20 2010Diplotaxis vicentina BG.MNHN.UL 009855 1 10 2011Digitalis amandiana BG.MNHN.UL 009863 1 10 2011Distichoselinum tenuifolium BG.MNHN.UL 009866 1 100 2010Eryngium duriaei BG.MNHN.UL 009867 1 20 2010Halimium cf. verticillatum BG.MNHN.UL 009992 1 400 2010Hyacinthoides vicentina subsp. vicentina BG.MNHN.UL 009857 2 160 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009797 2 200 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009798 4 400 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009800 4 400 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009802 4 400 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009804 4 400 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009806 1 100 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009811 4 400 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009870 1 100 2011Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009915Jonopsium acaule BG.MNHN.UL 009981 3 200 2010Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009911 1 100 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009912 2 200 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009796 4 400 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009799 3 300 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009801 4 400 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009808 4 400 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009809 4 400 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009810 4 400 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009820Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009821 1 100 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009822Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009823 1 100 2011Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009824 1 100 2011Leuzea longifolia BG.MNHN.UL 009910 1 25 2010Leuzea longifolia BG.MNHN.UL 009807Leuzea longifolia BG.MNHN.UL 009825Linaria algarviana BG.MNHN.UL 009854 1 10 2011Narcissus fernandesii BG.MNHN.UL 009862Omphalodes kuzinskyanae BG.MNHN.UL 009941 2 150 2010Omphalodes kuzinskyanae BG.MNHN.UL 009942 1 100 2011Ononis hackelii BG.MNHN.UL 009847 1 100 2011Ononis hackelii BG.MNHN.UL 009848 1 40 2011Ononis hackelii BG.MNHN.UL 009860 1 50 2011Picris willkommii BG.MNHN.UL 009988 1 100 2009Picris willkommii BG.MNHN.UL 009989 1 100 2010Pseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009844Pseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009845Pseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009850 1 100 2011Pseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009851Pseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009852Pseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009853Pseudarrhenatherum pallens BG.MNHN.UL 009861Santolina semidentata BG.MNHN.UL 009864Senecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009840Senecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009913Senecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009914 1 10 2010Senecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009929 1 50 2011Seseli peixoteanum BG.MNHN.UL 009868Silene longicilia BG.MNHN.UL 009835 4 400 2011Silene longicilia BG.MNHN.UL 009841 4 400 2011Silene longicilia BG.MNHN.UL 009842 4 400 2011Silene longicilia BG.MNHN.UL 009843 4 400 2011Silene longicilia BG.MNHN.UL 009849 1 100 2011Silene longicilia BG.MNHN.UL 009902 4 400 2011Silene rothmaleri BG.MNHN.UL 009856 1 10 2011Thorella verticillatinundata BG.MNHN.UL 009795 1 100 2011
31
Na maioria dos taxa foi obtida uma percentagem de germinação máxima acima de 80%, com
valores inferiores para três taxa: D. tenuifolium, J. acaule e P. willkommii (Figura 8). A
percentagem de germinação foi muito baixa ou zero nos testes realizados em cinco taxa: C.
serpyllifolium subsp. lusitanicum, D. vicentina, E. duriaei, L. longifolia e L. algarviana. Para estes
últimos e dependendo da disponibilidade de sementes, serão programados novos testes de
germinação de modo a obter valores mais elevados para a percentagem de germinação que
permitam estimar a viabilidade dos espécimes armazenados.
Não é possível apresentar os resultados para os primeiros testes realizados em C. fernandesii, P.
pallens e T. verticillatinundata, que se encontram actualmente em curso.
Figura 8. Percentagem de germinação máxima (média ± d.p.) obtida para 14 taxa testados. Asad - Arabis sadina, Dcar - Daucus carota subsp. halophilus, Dten - Distichoselinum tenuifolium, Hver - Halimium verticillatum, Hvic - Hyacinthoides vicentina subsp. vicentina, Ipro - Iberis procumbens subsp. microcarpa, Jaca - Jonopsium acaule, Jval - Juncus valvatus, Okun - Omphalodes kuzinskyanae, Ohac - Ononis hackelii, Pwil - Picris willkommii, Slag - Senecio lagascanus subsp. lusitanicus, Slon - Silene longicilia, Srot - Silene rothmaleri.
As plantas produzidas nos testes de germinação foram transplantadas para terra e são mantidas
nos viveiros do JB-MNHN. Encontram-se actualmente nos viveiros do JB-MNHN 1045 plântulas
pertencentes a 10 taxa (Erro! A origem da referência não foi encontrada., Figura 9). Os taxa
com maior número de plântulas (J. valvatus e S. longicilia) são aqueles que apresentam o maior
número de espécimes no Banco de Sementes (Tabela) e percentagem de germinação elevada
(Figura 8). Contudo, a maioria das plântulas apresenta ainda pequenas dimensões, podendo
registar uma mortalidade elevada em condições de viveiro.
0
20
40
60
80
100
Asad
Dca
r
Dte
n
Hve
r
Hvi
c
Ipro
Jaca
Jval
Oku
n
Oha
c
Pwil
Slag
Slon
Srot
% g
erm
inaç
ão
32
Tabela 7. Número de plantas em vaso nos viveiros do Jardim Botânico em Dezembro de 2011.
Taxon Código NºplantasArabis sadina BG.MNHN.UL 009882 42Arabis sadina BG.MNHN.UL 009884 8Arabis sadina BG.MNHN.UL 009909 16Arabis sadina BG.MNHN.UL 009916 24Convolvulus fernandesii * 44Hyacinthoides vicentina subsp. vicentina BG.MNHN.UL 009857 9Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009797 32Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009798 40Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009800 6Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009802 7Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009804 55Iberis procumbens subsp. microcarpa BG.MNHN.UL 009806 12Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009796 18Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009799 80Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009801 28Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009808 47Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009809 6Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009810 71Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009821 25Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009823 70Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009824 7Juncus valvatus BG.MNHN.UL 009912 80Omphalodes kuzinskyanae BG.MNHN.UL 009942 7Ononis hackelii BG.MNHN.UL 009847 18Senecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009914 17Senecio lagascanus subsp. lusitanicus BG.MNHN.UL 009929 40Silene longicilia BG.MNHN.UL 009835 90Silene longicilia BG.MNHN.UL 009841 49Silene longicilia BG.MNHN.UL 009842 75Silene longicilia BG.MNHN.UL 009843 13Silene rothmaleri BG.MNHN.UL 009856 9* sementes provenientes de vários espécimes pertencentes à mesma população.
33
Figura 9. Plântulas de Arabis sadina (A), Iberis procumbens subsp. microcarpa (B), Ononis hackelii
(C) e Senecio lagascanus subsp. lusitanicus (D) nos viveiros do Jardim Botânico.
1.2 Conservação in situ
1.2.1 Acções de repovoamento/reforço populacional
A análise genética do S. lagascanus subsp. lusitanicus decorre no Banco de Germoplasma do JB-
MNHN. Apesar de ser desejável alargar este tipo de estudo a outros taxa do protocolo, o quadro
financeiro apenas permite contemplar este taxon.
A B
C D
34
Com a realização deste estudo pretende-se determinar o grau de diversidade genética intra e
interpopulacional do taxon, prever um plano de colheita de sementes de acordo com a realidade
genética do taxon e orientar potenciais acções de reforço populacional in situ.
1.2.1.1 Metodologia
A recolha de material vegetal decorreu em três populações (Serra de Montejunto, Serra da Boa
Viagem e Arruda dos Vinhos), entre Maio e Junho de 2011. Colheram-se uma ou duas folhas
verdes por indivíduo (ca. de 2g), de pelo menos 30 indivíduos distintos de cada uma das
populações. Estas foram conservadas a -80ºC até à extracção de DNA pelo método de CTAB (Doyle
& Doyle 1987) com azoto liquido. O DNA foi quantificado com recurso a Nanodrop e à visualização
em gel de agarose corado com gel Red.
Foi realizado o escrutinio genético por AFLP (Amplified Fragment Lenght Polymorphism, Vos et al.
1995), um método muito sensível para detecção de polimorfismos no DNA. Após a digestão do DNA
com enzimas de restrição e sua ligação a adaptadores específicos, foram feitas as amplificações
pré-selectiva e selectiva desses fragmentos, seguindo-se a posterior separação destes fragmentos
amplificados por electroforese capilar (análise de fragmentos).
1.2.1.2 Resultados e discussão
Foi extraído e purificado DNA de 144 amostras. Actualmente 33 destas encontram-se em
processamento (PCR pré-selectivo) para análise de fragmentos. O resultado do tratamento dos
dados obtidos será apresentado no relatório de 2012.
Com os dados disponiveis da demografia populacional (Tabela ) não há evidências da necessidade
de repovoamento ou reforço populacional em qualquer das 3 populações considerando-se que as
medidas de conservação ex-situ e a conservação dos habitats que albergam as populações são
suficientes para a manutenção do taxon e toda a sua diversidade. No entanto pretende-se com os
resultados finais da análise de AFLPs (dados genéticos a reportar em 2012) re-avaliar esta
hipótese. Estes, para além de permitirem ajustar o plano de conservação ex situ à realidade do
taxon poderão vir a alterar conclusões preliminares baseadas em observações demográficas.
35
Tabela 8. Estimativa do número de indivíduos de cada população em estudo de Senecio lagascanus ssp. lusitanicus e protecção legal do local de ocorrência.
População Protecção legal do local de
ocorrência
Estimativa do número
de indivíduos
Montejunto Paisagem Protegida da Serra de
Montejunto (RNAP) e Sítio Rede Natura
da Serra de Montejunto (SIC PTCON48)
~ 100 indivíduos
Arruda dos Vinhos Provável propriedade privada (local sem
qualquer protecção legal)
~ 50-100 indivíduos
Figueira da Foz Parte da população incluída no Sítio
Rede Natura das Dunas de Mira
Gândara e Gafanhas (SIC PTCON005)
~ 100-500 indivíduos
36
2 FINANCIAMENTO
Durante o período referente ao presente relatório, a execução do plano de acção foi financiada
maioritariamente pelos seguintes projectos em curso no Banco de Sementes A.L. Belo Correia:
Conservação e Valorização da Flora Endémica Ameaçada em Portugal. Fundo EDP para a
Biodiversidade, parceria Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, ITQB/IBET e Universidade
de Coimbra (2010-2012).
ENSCONET-European Native Seed Conservation Network (RICA-CT-2004-506109; 2004-2009).
A colheita de sementes de um dos taxa - Picris willkommii - foi assegurada pelos técnicos do ICNB
e técnicos da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, em
colaboração com o Banco de Sementes A.L. Belo Correia, no âmbito do “Plano de acção para
proteger a população portuguesa de rapa-saias-do-barrocal Picris willkommii”, do ICNB.
Durante o período a que reporta este relatório, a equipa do JB-MNHN submeteu ainda as seguintes
candidaturas a projectos nacionais e internacionais para financiamento parcial ou total das acções
previstas no protocolo:
ENSCRI - European Native Seed Conservation Research Infrastructure (Consórcio Europeu,
submetido ao FP7 Research Infrastructures em 2009). (não financiado)
Ex situ conservation of Portuguese threatened endemic plant species: providing scientific
knowledge to improve seed conservation practises (submetido à Fundação para a Ciência e a
Tecnologia em Fevereiro de 2009). (não financiado)
An investigation of factors that contribute to species differences in seed longevity in
Mediterranean habitats. (submetido à Fundação para a Ciência e a Tecnologia em Dezembro de
2010). (não financiado)
Plant biodiversity and conservation status of sand inland dune habitats of South-Western
Portugal. (submetido à Fundação para a Ciência e a Tecnologia em Fevereiro de 2011) (não
financiado)
Conservação de Leuzea longifolia. (submetido ao prémio BES Biodiversidade em Março de
2010). (não financiado)
ESBRI - European Seed Bank Research Infrastructure (Consórcio Europeu, submetido ao FP7
Research Infrastructures em Novembro de 2011).
FCT: pós-Doutoramento submetido em Junho de 2011 entitulado “Desenvolvimento de
ferramentas científicas de conservação em taxa de flora ameaçada e sua gestão em floresta
nativa e artificial : o caso-estudo de Leuzea longifolia Hoffmanns. & Link” (J Magos Brehm) (não
financiado)
37
3 CONCLUSÕES
Conservação ex situ
As actividades realizadas no âmbito do Plano de Acção entre 2009 e 2011 contribuíram para a
conservação ex situ de 79 espécimes pertencentes a 26 taxa endémicos, raros, ameaçados ou
legalmente protegidos da Flora Portuguesa.
As acções de conservação ex situ consideram-se concluídas para 4 taxa: C. fernandesii, I.
procumbens subsp. microcarpa, P. pallens e S. lagascanus subsp. lusitanicus. Tendo em
consideração a definição de prioridades com base em critérios geográficos e informação disponível
até à data, as populações amostradas consideram-se geograficamente representativas da sua
distribuição. É de destacar o sucesso da amostragem de P. pallens e S. lagascanus subsp.
lusitanicus, que apresentam uma distribuição muito restrita, e às quais foram adicionadas novas
localidades.
As acções de conservação ex situ consideram-se executadas parcialmente para 15 taxa, com grau
de execução considerado satisfatório para 4 taxa (A. sadina, C. serpyllifolium, L. longifolia e S.
longicilia) e com grau de execução variável para 11 taxa (D. vicentina, H. verticillatum, H.
vicentina subsp. vicentina, J. acaule, J. valvatus, L. algarviana, N. fernandesii, O. kuzinskyanae, O.
hackelii, S. rothmaleri e T. verticillatinundata). Na maior parte dos casos, a execução parcial deve-
se à impossibilidade de colheita de sementes numa ou mais populações seleccionadas no
planeamento das acções de colheita. Para dois taxa (A. hackelii e H. algarvica) foi realizada apenas
prospecção.
As acções desenvolvidas (prospecção e/ou colheita e conservação de sementes) incluíram 22 dos
25 taxa enumerados no Plano de Acção previamente elaborado pelo JB-MNHN e pelo ICNB para o
triénio 2009-2011.
Os principais factores que condicionaram o cumprimento integral das actividades propostas no
Plano de Acção foram: i) ausência de financiamento durante o ano de 2009 e impedimentos
burocráticos à realização das saídas de campo em 2010 e 2011, que reduziram substancialmente o
período das actividades; ii) sobreposição das épocas de dispersão de vários taxa em diferentes
áreas geográficas, que, juntamente com o factor exposto anteriormente, reduziu substancialmente
o período de época de campo; iii) reduzido grau de precisão da localização geográfica dos taxa,
que determinou que muitas saídas de campo fossem destinadas à prospecção (por vezes com
insucesso) e não apenas à colheita de sementes e iv) fenologia e características intrínsecas dos
taxa que condicionaram a colheita de sementes (e.g. período de dispersão muito curto, predação,
etc.).
É ainda de destacar que a recolha de informação efectuada permitiu adicionar informação relevante
sobre a distribuição dos taxa, quer no grau de precisão quer na identificação de novas populações
(e.g. L. longifolia, P. pallens, S. lagascanus subsp. lusitanicus, T. verticillatinundata) e diversas
38
campanhas realizadas especificamente para prospecção melhoraram o grau de precisão da
informação existente em áreas em que a informação disponível até à data definia apenas áreas
potenciais de ocorrência (A. sadina e P. pallens no PN Arrábida, na Serra de Montejunto e PNSAC).
Foram realizados testes de germinação para 14 dos 26 taxa conservados, encontrando-se ainda em
curso ou programados testes para os restantes taxa. Em 78% dos casos, a percentagem de
germinação máxima obtida foi superior a 80%, sendo um resultado bastante satisfatório para
futura monitorização da viabilidade das sementes conservadas.
Foram já armazenados na câmara de conservação (-18°C) 44% dos espécimes, estando prevista a
conclusão do armazenamento para Março de 2012.
Entre 2009 e 2011, a percentagem de taxa incluídos na Directiva Habitats conservados a longo
prazo no Banco de Sementes A.L. Belo Correia passou de 27% para 46 %, o que constitui um
marco importante no cumprimento das metas da Estratégia Global para a Conservação das Plantas.
Conservação in situ
Os dados recolhidos evidenciam populações bem fornecidas demograficamente parecendo indicar
como suficientes para a conservação do taxon as medidas de conservação ex situ reportadas
(conservação de sementes) e de protecção e conservação de habitats promovidas no local. No
entanto, só com a conclusão do estudo genético (a reportar em 2012) será possível obter valores
de fluxo genético entre as populações e particularmente saber qual a relevância em termos de
conservação biológica do taxon da população mais desprotegida em termos legais (Arruda dos
Vinhos).
39
4 AGRADECIMENTOS
Às pessoas que contribuíram com informação sobre localidades ou ecologia e fenologia dos taxa em
estudo: Ana Júlia Pereira, Ana Isabel Correia, André Carapeto, Manuel João Pinto, Marco Jacinto,
Miguel Porto e Sérgio Chozas;
Ao ICNB e em particular à Andreia Farrobo pela disponibilização de informação e pelas discussões
técnicas;
Aos Directores e técnicos dos Parques e Reservas Naturais, nomeadamente Parque Natural da
Arrábida, Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, Parque Natural de Sintra Cascais,
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, Reserva Natural das Lagoas de Santo
André e da Sancha e Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António;
Às pessoas que colaboraram nas missões de campo: Ana Rita Moedas, Carlos Silva, Miguel
Cardoso, Rui Rebelo;
Às pessoas que contribuíram com a colheita e envio de espécimes para o Banco de Sementes: Ana
Cristina Tavares (Jardim Botânico de Coimbra), Cláudia Santos (Instituto de Tecnologia Química e
Biológica).
40
5 BIBLIOGRAFIA
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Smith, RD, Dickie, JB, Linington, SH, Pritchard, HW and Probert, RJ (Eds.) Seed conservation:
turning science into practice. Royal Botanic Gardens, Kew, UK.
42
6 ANEXO
Anexo 1. Lista de taxa-alvo e calendarização das actividades do Plano de Acção elaborado no âmbito do protocolo de colaboração entre o ICNB e o JB-MNHN e respectivo grau de execução durante o período de 2009 a 2011.
ano taxa distribuição (genérica) áreas alvo de colheita época colheita2009 Picris w illkommii Algarve (concelho de Castro Marim) RNSCMVRSA final Primavera
Arabis sadinaMaciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, região de Sicó-Alvaiázere, Serra de Montejunto, região de Loures, Arrábida)
PNArr início Verão
Convolvulus fernandesii Arrábida PNArr f inal PrimaveraHalimium verticillatum Bacia do Tejo SIC Cabeção e SIC Monfurado Verão
Hyacinthoides vicentina Alentejo (Monfurado, Cabrela, Comporta-Galé) e Costa Sudoeste (Planalto Vicentino)
SIC Monfurado final Primavera
Iberis procumbens subsp. microcarpaMaciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, região de Sicó-Alvaiázere, Serra de Montejunto, Serra de Sintra, Arrábida)
PNArr início Verão
Jonopsidium acaule Costa Oeste e Sudoeste (Torres Vedras a Vila do Bispo) RNES e PNSC início Primavera
Juncus valvatusMaciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, região de Sicó-Alvaiázere, Serra de Montejunto, Serra de Sintra, Arrábida)
PNArr
Leuzea longifolia Maciço calcário estremenho (concelhos de Leiria e de Loures) e Alto Alentejo (distrito de Portalegre)
SIC Cabeção Verão
Narcissus fernandesii Alentejo e bacia do Tejo Alto Alentejo/Vila Viçosa início PrimaveraOmphalodes kuzinskyanae Costa Oeste (litoral dos concelhos de Sintra e de Cascais) PNSC final PrimaveraOnonis hackelii Costa Sudoeste (região de Sines) RNLSAS final Primavera
Pseudarrhenatherum pallens Maciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, Arrábida)
PNArr Verão
Silene longicilia Maciço calcário estremenho PNArr Verão
Thorella verticillatinundata Costa Ocidental (distribuição fragmentada entre Figueira da Foz e Vila Nova de Milfontes)
SIC Comporta/Galé Verão
Arabis sadinaMaciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, região de Sicó-Alvaiázere, Serra de Montejunto, região de Loures, Arrábida)
PNSAC, SIC Sicó-Alvaiázere e SIC Serra de Montejunto
início Verão
Armeria beirana subsp. monchiquensis Serra de Monchique SIC MonchiqueAvenula hackelii Costa Sudoeste PNSACVChaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum Costa Sudoeste PNSACV VerãoDiplotaxis vicentina Costa Sudoeste PNSACV VerãoDoronicum plantagineum subsp. tournefortii Barrocal Algarvio (Rocha da Pena) SIC Barrocal - Rocha da PenaHerniaria algarvica Costa Sudoeste (Planalto Vicentino) PNSACV - Planalto Vicentino
Hyacinthoides vicentina Alentejo (Monfurado, Cabrela, Comporta-Galé) e Costa Sudoeste (Planalto Vicentino)
PNSACV final Primavera
Iberis procumbens subsp. microcarpaMaciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, região de Sicó-Alvaiázere, Serra de Montejunto, Serra de Sintra, Arrábida)
PNSAC, SIC Sicó-Alvaiázere e SIC Serra de Montejunto
início Verão
Linaria algarviana Algarve - Barlavento PNSACV final PrimaveraPlantago almogravensis Costa Sudoeste (zona de Vila Nova de Milfontes) PNSACV Verão
Pseudarrhenatherum pallens Maciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, Arrábida)
PNSAC Verão
Saxifraga cintrana Maciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, região de Sicó-Alvaiázere, Serra de Montejunto)
PNSAC e SIC Montejunto
Silene longicilia Maciço calcário estremenho PNSAC e SIC Sicó-Alvaiázere VerãoSilene rothmaleri Costa Sudoeste PNSACV Verão
Thorella verticillatinundata Costa Ocidental (distribuição fragmentada entre Figueira da Foz e Vila Nova de Milfontes)
PNSACV Verão
Armeria humilis subsp. humilis Montanhas no Noroeste (Peneda-Gerês e Alvão) PNPG VerãoArmeria sampaioi Serras do Gerês, do Larouco e da Estrela PNPG Verão
Eryngium viviparum Serra da Nogueira SIC Montesinho/Nogueira - Serra da Nogueira
Festuca brigantina Nordeste Transmontano (Serras de Montesinho e Nogueira) SIC Montesinho/Nogueira - Serra da Nogueira
Iris boissieri Serras da Peneda e Gerês PNPGJasione lusitanica Litoral a Norte de Aveiro SIC Barrinha de Esmoriz
Juncus valvatusMaciço calcário estremenho (Serras de Aire e Candeeiros, região de Sicó-Alvaiázere, Serra de Montejunto, Serra de Sintra, Arrábida)
PNSAC, SIC Sicó-Alvaiázere e SIC Serra de Montejunto
Verão
Leuzea longifolia Maciço calcário estremenho (concelhos de Leiria e de Loures) e Alto Alentejo (distrito de Portalegre)
SIC Azabuxo/Leiria
Melilotus segetalis subsp. fallax Algarve (Ria Formosa) e Estuário do Sado RNES e PNRF
Narcissus asturiensis Serras de Montesinho e Nogueira, Serra do Alvão, Serras da Estrela e do Açor
SIC Montesinho/Nogueira, SIC Alvão/Marão
início Verão
Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis Serras da Peneda e Gerês e Serra da Estrela PNPG início VerãoPlantago algarbiensis Algarve (entre Algoz e Paderne) Paderne (SIC Barrocal) e Algoz VerãoSenecio lagascanus subsp. lusitanicus Serra de Montejunto SIC MontejuntoThymelaea broterana Serra do Gerês e Serra da Estrela PNPG
Thymus lotocephalus Algarve SIC Ria Formosa/Castro Marim e SIC Barrocal
Verão
Tuberaria major Algarve Faro-Pontal início Verão
Veronica micrantha Trás-os-Montes e Beira Alta SIC Montesinho/Nogueira, SIC Alvão/Marão e SIC Peneda/Gerês
2010
2011
2012