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QUADRO III DOSSIÊ DE TOMBAMENTO IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS DORES MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA EXERCÍCIO DE 2010

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QUADRO III

DOSSIÊ DE TOMBAMENTO

IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS DORES

MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA EXERCÍCIO DE 2010

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ÍNDICE ITEM I

ITEM I – TÓPICO 1.A - INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- 3

ITEM I – TÓPICO 1.B – INFORME HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA ----------------- 5

ITEM I – TÓPICO 1.C – HISTÓRICO DO BEM ------------------------------------------------------------------31

ITEM I – TÓPICO 1. D - CONTEXTUALIZAÇÃO. --------------------------------------------------------------40

ITEM I – TÓPICO 1.E – DESCRIÇÃO DETALHADA DO BEM E PLANTAS ----------------------------41

ITEM I – TÓPICO 1.F – DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA -----------------------------------------------51

ITEM I – TÓPICO 1.G – CARTOGRAFIA -------------------------------------------------------------------------67

ITEM I – TÓPICO 1.H – PERÍMETRO DO BEM TOMBADO-------------------------------------------------71

ITEM I – TÓPICO 1. I – DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO -----------------------72

ITEM I – TÓPICO 1. J– JUSTIFICATIVA DA ÁREA DE TOMBAMENTO--------------------------------73

ITEM I – TÓPICO 1. K – POLIGONAL DO ENTORNO DO BEM TOMBADO ---------------------------74

ITEM I – TÓPICO 1.K – MAPA DO PERÍMETRO DE ENTORNO ------------------------------------------75

ITEM I – TÓPICO 1.L– JUSTIFICATIVA DA ÁREA DE ENTORNO ---------------------------------------76

ITEM I – TÓPICO 1.M – DIRETRIZES DA INTERVENÇÃO -------------------------------------------------77

ITEM I – TÓPICO 1.N - IPAC-----------------------------------------------------------------------------------------80

LAUDO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO BEM---------------------------------------------------------85

FICHA TÉCNICA--------------------------------------------------------------------------------------------------------96

REFERÊNCIAS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------97

PARECER TÉCNICO SOBRE O TOMBAMENTO---------------------------------------------------------------98

PARECER DO CONSELHO SOBRE O TOMBAMENTO ------------------------------------------------------99

ATA DO TOMBAMENTO PROVISÓRIO ----------------------------------------------------------------------- 100

NOTIFICAÇÃO AO PROPRIETÁRIO ---------------------------------------------------------------------------- 101

RECIBO DE NOTIFICAÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 102

ATA DO TOMBAMENTO DEFINITIVO------------------------------------------------------------------------- 103

APROVAÇÃO PELO CONSELHO -------------------------------------------------------------------------------- 103

DECRETO DE TOMBAMENTO FEITO PELO EXECUTIVO----------------------------------------------- 104

INSCRIÇÃO NO LIVRO DE TOMBO ---------------------------------------------------------------------------- 105

PUBLICAÇÃO DO ATO DO TOMBAMENTO ----------------------------------------------------------------- 106

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O Dossiê em questão apresenta um conjunto de informações sobre Uberlândia,

município localizado no Triângulo Mineiro, banhado pelos Rios Uberabinha, Dourado,

e pela Represa de Itumbiara. As informações foram organizadas e sistematizadas em

forma de Dossiê de Tombamento de Bem Imóvel, de acordo com a nova resolução

01/2005 do Conselho Curador do IEPHA-MG, para o exercício de 2010.

A Prefeitura Municipal de Uberlândia, órgão máximo do poder executivo local,

preocupada em zelar por sua memória e herança cultural, torna-se parceira da

PAGINAR Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Ltda., para promover ações visando à

preservação de seu patrimônio.

Assim, cabe a nós a responsabilidade por sua preservação. Para que possamos

cumprir essa tarefa em toda sua extensão, é importante que as ações sejam concebidas

de forma abrangente e sistêmica, configurando uma política de patrimônio cultural

clara e acessível às comunidades.

Este Dossiê constitui um esforço nesse sentido. Concebido de maneira a

esclarecer a importância da Igreja de Nossa Senhora das Dores para o município e sua

comunidade. A presente pesquisa foi dividida em itens que abrangem: contextualização;

histórico do município; histórico do local onde o bem se encontra; histórico do bem;

descrição detalhada do bem; documentação fotográfica; IPAC; laudo técnico do estado

atual de conservação do bem; além dos documentos necessários para viabilizar seu

tombamento municipal.

O presente trabalho foi realizado em conjunto pelas equipes da PAGINAR

Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Ltda., e do Conselho Municipal do Patrimônio

Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia (COMPHAC), sob a

coordenação da Arquiteta Gisele Pinto de Vasconcelos Costa.

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Para facilitar sua compreensão, apresenta-se em formato A4, com textos e

imagens em volume único. Dessa forma, esperamos tornar público seus valores, história

e sua riqueza exemplar.

Coordenação Editorial

Gisele Pinto de Vasconcelos Costa

Agradecimentos Ao prefeito da cidade Uberlândia Odelmo Leão, a Secretaria Municipal de Cultura, Mônica Debz Diniz, a Anderson Henrique Ferreira e Valéria Maria Q. Cavalcante Lopes - Divisão do Patrimônio Cultural. Agradecimento especial à estudante Cinara Pinheiro pela disponibilização de material para a elaboração do dossiê.

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O Município de Uberlândia

A cidade de Uberlândia é considerada a maior do interior mineiro, e a segunda

do interior do Brasil tendo mais de 622 mil habitantes de acordo com dados fornecidos

pelo IBGE no censo de 2008 e com área territorial superior a 4.000 km². Sua área

urbana corresponde a 135 km², sendo a 16º maior município brasileiro em área urbana.

Está localizado na região nordeste do Triângulo Mineiro, no Estado de Minas Gerais a

863 metros de altitude, tendo como coordenadas geográficas 15°55'08" de latitude e

48°16'37" de longitude.

Com uma área de 4.115,09km2, fazem parte do Município os distritos de

Cruzeiro dos Peixotos, Martinésia, Tapuirama e Miraporanga. Limita-se ao Norte com o

município de Araguari, a Oeste com Monte Alegre de Minas, a Sudeste com Prata, ao

Sul com Veríssimo, a Leste com Indianópolis e a Sudeste com Uberaba. Uberlândia está

a 549 km da capital Belo Horizonte, com acesso pelas rodovias BR-262 e, à direita, na

altura de Araxá, a BR-452. Além dessas, também servem ao município a BR-365, que

liga a cidade à Patrocínio, a BR-050, que liga Uberlândia à Uberaba, a BR-497, que liga

Uberlândia à Transbrasiliana, e a BR-153.

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Fig. 1 – localização da Cidade de Uberlândia dentro do estado de Minas Gerais

Fonte: www.wikipedia.com.br �

FUNDAÇÃO DO MUNICÍPIO

O processo de formação do município de Uberlândia remonta à ocupação e

colonização do Brasil e tem relação com a concessão das sesmarias pela metrópole e

também com as bandeiras que partiram de São Vicente, atual estado de São Paulo com a

finalidade de explorar o interior do país.

Ainda em 1530, com o intuito de promover a povoação da colônia, a metrópole

criou a Lei Imperial nº 514 de 1530, que vigorou até 1820, referente à concessão de

terras devolutas para a colonização. Estas terras devolutas ou sesmarias foram doadas

pelo rei aos nobres portugueses após avaliar os candidatos considerando o seu status

social, qualidades pessoais e serviços prestados à Coroa.

Em 1722 o bandeirante “Anhanguera” passou pela região e lhe deu o nome de

“Sertão da Farinha Podre”, atual triângulo mineiro que nesta época pertencia a Goiás,

onde antes viviam os índios Caiapós. Por ser uma região pobre em riquezas minerais,

configurou-se por muito tempo como ponto de apoio aos núcleos mineratórios do

Centro-Oeste, suprindo-os de gêneros alimentícios. A sua ocupação se inicia apenas em

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fins do século XVIII e início do século XIX, com os interesses voltados para a produção

agropecuária.

Por meio do alvará de 04/04/1816 o Triângulo Mineiro passou a pertencer, então,

à Província de Minas, Comarca de Paracatu, mudando a delimitação da divisa entre

Minas e Goiás. A divisa passou a ser do Rio Paranaíba, ao invés do Rio Grande, como

era anteriormente. Segundo Saint-Hilaire, a nova fronteira era uma reivindicação antiga

daquelas populações. Os habitantes da região não se sentiam pertencentes à Província

de Goiás, tanto pela falta de assistência do governo, como da carência de um posto

governamental mais próximo.

A mudança para a Província de

Minas propiciou ao Triângulo Mineiro

um aumento da população através do

surgimento de vários novos povoados.

Consta que no início do século XIX,

várias famílias se mudaram para o

‘Sertão da Farinha Podre’ em virtude

dos índios caiapós terem seguido para

Goiás. No início do século XIX,

Província de Goiás realizou uma

migração em massa dos habitantes dos

aldeamentos do Triângulo Mineiro para Nova Beira, na ilha do Bananal.

Motivadas pelas concessões de terras, expedições de aventureiros começaram a

se deslocar para esta região do Triângulo Mineiro em busca de tomar posse das mesmas.

De acordo com relatos históricos, os primeiros apossamentos tiveram início em 1817.

Há relatos de três famílias que saíram de Paraopeba, próximo à Vila Rica, no intuito de

demarcarem aqui suas sesmarias: Os irmãos Caetano e José Alves Rezende com suas

famílias, acompanhados do cunhado João Pereira da Rocha e ainda o amigo Francisco

Rodrigues Rabello, que também trouxe sua família.

João Pereira da Rocha, filho do casal português, Cel. João Lobo Leite Pereira e

D. Teresa da Silva Ávila Figueiredo, bisneta do Conde de Aveiras, chegou ao Brasil no

ano de 1735, estabelecendo-se inicialmente em Cachoeira do Campo da Capitania de

Fig. 2 – Localização da região denominada Triângulo Mineiro. Fonte: http://www.ambientebrasil.

com.br/estadual/hidrografia/hmg.html

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Minas Gerais, onde exerceu o posto de Tenente Coronel do Regimento de Cavalaria de

Ordenança de Vila Rica.

João Pereira da Rocha, após o mesmo ter conhecido a região com seus cunhados,

retornou à Fazenda Rocha em Cachoeira do Campo em busca de sua família – esposa e

onze filhos. Durante a caminhada de exploração e conhecimento de sua sesmaria, João

Pereira foi denominando certas áreas e córregos que mais tarde se tornavam nomes de

fazendas ou de região, como a Fazenda da Estiva, porque lá estivaram o caminho de

acesso ao pasto; o córrego em cuja margem acamparam no dia de São Pedro, recebeu o

nome deste Santo e próximo a ele deixaram instalados um casal de escravos da família

na Lagoinha.

Caetano Alves Rezende instalou-se em área pertencente ao atual município de

Uberaba, que denominou por Sesmaria Boa Esperança do Rio Claro. A cópia da Carta

de Sesmaria de Francisco Rodrigues Rabello, indica ter sido a mesma denominada por

Sesmaria Ribeirão da Rocinha. José Alves Rezende, teve mais tarde como um dos

limitantes, João Pereira da Rocha, cujo marco era um córrego que por esta região

recebeu o nome de córrego da Divisa. Sua área teve por denominação Sesmaria

Monjolinho e lá construiu, mais tarde, a fazenda Letreiro. Todas estas demarcações e

apossamentos de terras ocorreram em 1817, embora o registro do documento de posse

tenha sido efetuado entre 1820 e 1821.

Outras famílias ainda viriam fixar residência no local como Ricardo Gonzaga

dos Santos e João Vermelho Bravo que tomaram posse das terras das Sesmarias da

“Rocinha” e a de “Registro”. Há ainda os Cabral de Menezes que se alojaram no ponto

denominado Bebedouro. Esses moradores tinham o hábito da caça para consumo e para

facilitar e eliminar os perigos armaram jiraus de madeira rústica sobre forquilhas

amarradas com cipó, que tomavam a forma de um sobrado, resultando no nome do

local: fazenda Sobradinho

Com a construção da sede da fazenda Letreiro, Francisco Alves Pereira,

necessitou de homens especializados em ferragens, para carros-de-boi. Obtendo

informações de que no arraial de Campo Belo do Prata existiam bons partiu em busca

dos mesmos. Foi então que conheceu a família Carrejo, que contava em seu meio com

excelentes profissionais. Francisco entrou em contato com alguns membros desta

família combinando a venda de terras em boas condições, facilitando sua vinda. Desta

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forma, os Carrejos transferiram-se para a localidade levando consigo esposas, filhos e

alguns escravos.

Posteriormente, adquiriram terras pertencentes a José Diogo da Cunha e parte

das terras de João Pereira da Rocha. Luís Alves Carrejo ficou com as terras onde hoje é

a fazenda Olho D’Água; Francisco Alves Carrejo apossou-se da Laje; Felisberto

instalou-se na fazenda da Tenda; Antônio Alves Carrejo ficou com a que denominou

Marimbondo.

Nesta época desenvolveu-se um grande povoado às margens do córrego São

Pedro do Uberabinha, perto de Olhos D’água, no local conhecido por Fundinho,

iniciado com os escravos deixados lá por João Pereira da Rocha e mais as famílias que

foram chegando para tocar lavouras na Sesmaria São Francisco. A partir daí novas

famílias vão chegando e, em 1846, é fundado o primeiro povoado às margens do rio

Uberabinha.

"Historicamente, esta região foi povoada por umas poucas famílias que aqui se detiveram após conseguirem direito à sesmaria ou adquirindo grandes porções de terra que foram sendo ocupadas por fazendas de gado voltadas para uma economia de subsistência, com uma massa de população totalmente desarticulada e trabalhando em uma agricultura de baixíssima produtividade." (LOPES, 2005, p. 18)

Com a fundação do povoado, em 1842, a população local se organiza e elege

Francisco Alves Pereira e Felisberto Alves Carrejo como procuradores do local.

Imbuídos da missão cristã de erguer uma Igreja no local, conseguem a permissão junto

as autoridades eclesiásticas para construir uma capela na povoação. Vencida esta etapa,

Francisco Alves e Felisberto Carrejo procura na região um local apropriado para erguer

a capela. A área escolhida por eles fazia parte da fazenda do Salto que se localizava a

margem de confluência do ribeirão São Pedro com o Rio Uberabinha e pertencia a

Francisca Alves Rabelo, viúva de João Pereira da Rocha, e seus herdeiros.

“(...) quando um grupo mais ou menos numeroso ocupava de maneira

definitiva uma parte do sertão, surgia naturalmente a idéia da capela. Dado

o patrimônio, formava-se o povoado, muito lentamente. Depois de algum

tempo era criada a paróquia. E só depois de muitos anos, geralmente como

resultado de abaixo-assinados da população era criada a vila.” (BARBOSA

- 1945)

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Após negociações, a viúva de João Pereira da Rocha, Francisca Alves Rabelo,

decide vender as terras para a construção da capela. Este seria o patrimônio territorial da

santa, critério indispensável exigido pela provisão episcopal para a ereção de uma

capela curada. Em seguida foi delimitada uma área de dois alqueires para pasto de

aluguel, cuja renda seria convertida para a construção da capela projetada.

Membros da comunidade fizeram a doação das parcelas até a quitação do valor

estipulado. Tendo sido o terreno doado a Nossa Senhora do Carmo e ao Mártir São

Sebastião. Este patrimônio tinha como marco de um de seus limites, a barra do Ribeirão

São Pedro com o Rio Uberabinha, e a denominação do arraial resulta então da junção do

nome da igreja ao detalhe de localização: Arraial de Nossa Senhora do Carmo e São

Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha.

A construção da capela só foi

iniciada alguns anos após, sendo

inaugurada em 1853, com uma missa

solene rezada pelo Pe. Antônio

Martins, vigário de Santana do Rio

das Velhas. Era uma capela simples,

construída em tijolo de adobe, mas

que comportava todos os fiéis. O

terreno no entorno da mesma foi

destinado a ser o primeiro cemitério

da cidade tendo sido o primeiro sepultamento o de D. Maria Euphrásia de Jesus, esposa

de Antônio Alves Carrijo.

Em junho de 1846 deu-se o começo à capela, modesta ermida de uns 60m2, toscamente construída de adobes e barro, e se lhe demarcou ao redor uma faixa de terreno que deveria servir de campo santo. Somente em 1853 terminou-se sua construção. PEZZUTI (1922)

Segundo CARRATO (1963), antes da implantação da capela, os primeiros

arraiais não passavam de arruados dispostos de acordo com a configuração geográfica

dos terrenos e rios. A construção deste templo religioso tornou-se um fator de

aglutinação da população e fortaleceu o crescimento de casas, vendas, ranchos,

Fig. 3 – Desenho ilustrativo da primeira igreja de Nossa

Senhora do Carmo

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armazéns e pousos ao seu redor, principalmente dentro da área de provisão territorial da

Igreja.

Desta forma, ergueram-se moradias “(...) dos ricos, maiores e melhores,

próximas a capela, e a dos pobres, mais distantes, se espalhavam pelos morros, ladeiras

e várzea circunjacentes” e enfim resultaram no povoado ou Arraial propriamente dito.

Inclusive a este respeito, existem registros reproduzidos e expostos no Museu Municipal

de Uberlândia que relata a imposição por parte das autoridades locais determinando que

todas as residências localizadas nas proximidades da Capela deveriam apresentar

cobertura com telhas e não com palha.

As primeiras residências construídas em volta da Capela foram de: Francisco

Alves Pereira, Luiz Alves Pereira, Manoel Alves dos Santos, Francisco Pereira dos

Santos, José Alves de Amorim Brito, Felisberto Alves Carrejo. Mais tarde foi

construído na esquina, na parte de cima, o hotel de João Bernardes Souza, e do outro

lado uma casa de comércio voltado aos gêneros de primeira necessidade de Custódio da

Costa Pereira.

Com a construção da primeira Capela, o arraial foi lenta e progressivamente, se

desenvolvendo. Quatro anos após a construção da capela, no intuito de legalizar as

terras adquiridas em consentimento dos vinte e um herdeiros de João Pereira, os

procuradores promoveram a divisão e demarcação daquele Patrimônio perante o juiz

municipal de Uberaba, em outubro de 1857, no arraial já denominado de Nossa Senhora

do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha.

No ano seguinte, a Capela foi elevada à categoria de Matriz tendo sido acrescido

seu espaço físico entre 1858 e 1876, quando foram sepultados em seu interior os corpos

de Felisberto Alves Carrijo e Francisco Alves Pereira. Em 1863, a Igreja foi ampliada

recebendo um acréscimo de 22 metros para frente e 12 metros de largura. A edificação

antiga que abrigava a capela foi transformada em sacristia.

Em 1862 iniciaram-se as obras de ampliação construindo na frente, o que se tornou a parte principal, com o altar-mor. Felisberto Alves Carrejo administrou as obras da matriz até o ano de 1863, quando assumiu os trabalhos uma comissão, presidida pelo capitão Francisco Alves Pereira, que passou a ser o administrador, missão que desempenhou até o seu falecimento, ocorrido em 1876. CUNHA (1989)

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Para a emancipação do

Distrito era necessária sua

elevação à categoria de Vila.

Formou-se então uma comissão

pró-emancipação que enviou

ao governo da Província,

através do deputado Augusto

César Ferreira e Souza, um

documento no qual expunha as

possibilidades econômicas que

justificavam o pretendido. No documento a relação do que Uberabinha possuía

declarada com orgulho pelo povo que já tinha a certeza do futuro promissor do povoado

que crescia:

“Sessenta engenhos de canna, sete engenhos de serra, nove olarias e telhas, seis officiaes de ferreiro, quatorze officinas de sapateiro, seiscentos carros arreados em trabalho, duzentos prédios, um cemitério, obra de pedra aperfeiçoada, uma matriz importante, contendo todos os paramentos, uma igreja do Rosário em construcção, duas aulas do sexo masculino e feminino, oito aulas particulares, dez capitalistas, nove negociantes de generos do paiz e molhados, uma fonte de águas sulphurosas já acreditadas, um hotel bem montado, pedras de diversas qualidades e muitas madeiras de lei.” In CUNHA (1989)

Em 1852, foi criado o Distrito de Paz pela Lei n° 602 de 20/05/1852:

Lei que cria um Distrito de Paz no Lugar denominado São Pedro da Uberabinha, e contém outras disposições a respeito. O Doutor José Lopes da Silva Vianna, Vice-Presidente da Província de Minas Gerais: Faço a saber a todos os seus habitantes, que a Assembléia Legislativa Provincial decretou, e eu, sancionei a Lei seguinte: Art. 1º - Fica criado um Distrito de paz no lugar denominado - São Pedro da Uberabinha na Paróquia e Município da Uberaba. Art. 2º - As divisas do novo Distrito serão estabelecidas pelo Governo, ouvida a Câmara Municipal respectiva. Art. 3º - Ficam revogadas as disposições em contrário. Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir, tão inteiramente como nela se contém. O Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Governo da Província de Minas Gerais, os 20 de maio de 1852. José Lopes da Silva Vianna - Presidente da Província.

Fig.4 – Desenho ilustrativo da Igreja de Nossa Senhora do

Carmo e São Sebastião após reforma

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Em 1857, São Pedro de Uberabinha foi elevado à Freguesia. Segundo Teixeira,

desde o século XIX era possível perceber a vocação comercial que, mais tarde, seria tão

marcante na história do Município. As relações iniciais resumiam-se à compra e venda

de artigos de primeira necessidade, mas a criação de armazéns numa área denominada

Largo do Comércio, já indicava a importância da atividade (TEIXEIRA, 1970, p. 30.).

Isso pode ser justificado pela localidade onde o antigo São Pedro de Uberabinha ficava

na passagem que ligava as Minas a Goiás. São Pedro do Uberabinha se especializou na

atividade comercial por estar em um local estratégico entre produtores e consumidores.

No ano de 1866 foi instalada a 1ª sub-delegacia de Polícia no Distrito de São Pedro

de Uberabinha sendo nomeado escrivão o Sr. Antônio Maximiano Ferreira Pinto. No

ano seguinte, Francisco Alves Barboza é nomeado subdelegado de Polícia do Distrito.

Em 1883 é inaugurada a agência postal.

Fig. 5 – Reconstituição do traçado urbano de Uberlândia no ano de 1856.

Fonte: www.uberlândia.com.br

Através do decreto nº 51 de 07 de Junho de 1888 Uberabinha é elevada à

categoria de Vila e, em 31 de agosto do mesmo ano, passou a Município pela Lei 4.643.

Três anos mais tarde, o governador de Estado nomeou os membros do Conselho de

Intendência, aos quais coube a organização do código de administração pública e

detenção e do prédio destinado à instalação da Intendência Municipal.

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A instalação da primeira Câmara Municipal aconteceu em sete de março de

1892, constituída pelos seguintes membros: Augusto César Ferreira e Souza, Pe. Pio

Dantas Barbosa, Arlindo Teixeira, José Inácio Rodrigues, Manoel Alves dos Santos,

Antônio Alves Pereira, José Joaquim Coelho, José Teófilo Carneiro, Honório Marra da

Silva, Joaquim Carrijo Peixoto da Cunha, José de Lelles França e Antônio Maximiano

Ferreira Pinto.

Fig. 6 – Reconstituição do traçado urbano de Uberlândia no ano de 1891.

Fonte: www.uberlãndia.com.br �

Em 1895, foi inaugurada a Estrada de Ferro Mogiana que representou um

incentivo ao desenvolvimento de Uberabinha e facilitou a comunicação da cidade com

grandes centros urbanos, como Campinas e São Paulo. A Mogiana começou suas

atividades em 1872 com um capital de três contos de réis. Ela deveria prolongar a linha

até o rio Grande, passando por Casa Branca e Franca. Chegou ao Triângulo Mineiro na

década de 1890 e parou seus trilhos em Araguari. Segundo Pedro Pezzuti, não foi a

presença da ferrovia que trouxe o desenvolvimento de Uberabinha, mas o processo de

urbanização iniciado nas gestões posteriores a 1909.

Eram escassos os seus recursos e por isso pouco lhe foi possível fazer [...] De conformidade com o tempo e com os meios ensaiou-se o saneamento citadino, que casos esporádicos de typho exanthematico de vez em quando alarmavam; foram melhoradas e reparadas algumas estradas vicinaes e construído um público matadouro. [...] haveria por ventura idéas, mas

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faltavam os meios pecuniários em orçamentos anuais de minguados contos

de réis. (PEZZUTI, 1922, p. 23-24)

Ainda no final do século XIX foram realizadas as seguintes melhorias na cidade:

1894 - Instalação do 1º relógio público na torre da Matriz; construção do 1º matadouro

municipal; 1895 - inauguração da Estação Ferroviária da Mogiana; 1897 - instalação da

1ª escola secundária “Colégio Uberabinhense”, circulação da folha “A Reforma”, o 1º

Jornal da cidade, sendo seu fundador e diretor proprietário o professor João Luiz da

Silva; proposta para se fazer a iluminação pública (Lampião a querosene); 1898 -

fundação da “Gazeta de Uberabinha” órgão oficial da Câmara, 1899 - Instalação da

Estação Telegráfica.

De 1908 a 1911, foi prefeito do município o fazendeiro Alexandre Marques,

genro de Severiano Rodrigues da Cunha. Sob suas ordens, o engenheiro James John

Mellor elaborou um plano de expansão urbanística para a cidade, inspirado pela idéia de

modernização que estava em voga por causa da construção da nova capital mineira. Ele

ampliava o perímetro urbano a partir do antigo núcleo, o Fundinho, e o ligava à nova

Estação Ferroviária. Cinco avenidas arborizadas e largas foram construídas. Elas eram

paralelas e entrecortadas por oito vias transversais, com uma grande praça no quarteirão

central, atual Praça Tubal Vilela.

Ainda em 1918, de acordo com

descrições de CAPRI (1916), a cidade de

Uberabinha tinha 40 ruas “largas, compridas e

rectas. Ora parallelas, ora perpendiculares

umas ás outras, cortam-se quasi todas em

angulo recto”. A influência da família

Rodrigues da Cunha foi um fator decisivo na

urbanização e modernização de Uberabinha

que teria transformado a vila rústica e pequena

em uma cidade moderna e próspera.

Os Rodrigues da Cunha e seus

familiares impuseram para a cidade seus

interesses de fazendeiros e comerciantes.

Segundo BOSI (2005, p. 17-34), o desenvolvimento econômico da cidade aconteceu por

incentivo e influência desse grupo de poder, mas foi também uma manifestação de "uma

Fig. 7 – Major Alexandre Marques – Presidente e agente executivo da Câmara Municipal.

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vocação de ávidos negociantes amadurecida pela concorrência com Araguari e Uberaba,

e pela proximidade fabricada ao longo das décadas de 1890, 1900 e 1910 com Goiás,

Mato Grosso e São Paulo”.

Um grande impulso para o desenvolvimento de Uberabinha, sem dúvida, foi a

implantação da energia elétrica. O Coronel José Teófilo Carneiro prometeu às

personalidades de Uberabinha que daria um presente à sua “terra”. Comprou a

Cachoeira dos Dias e entrou em contato com a Companhia Paulista de Eletricidade que

lhe enviou o engenheiro Paulo Faria, ficando este responsável pelos estudos, projetos e

implantação da obra. No dia 31 de outubro de 1909 é erguido o primeiro poste de luz

elétrica nas proximidades da cadeia pública e em 25 de dezembro do mesmo ano foi

inaugurada a luz elétrica na cidade com gerador de 500HP.

Em 1912, é inaugurada a Empresa Força e Luz de Uberabinha, uma sociedade

autônoma com sede em São Paulo. O Coronel Carneiro adquiriu a Cachoeira do Salto e

instalou mais uma usina com uma máquina geradora de 1000HP com energia suficiente

para atender a 35.000 habitantes e na época Uberabinha ainda não tinha 10.000

habitantes. As instalações feitas pelo Coronel Carneiro foram úteis durante 39 anos

quando a Companhia Prada de Eletricidade assumiu o fornecimento de Energia elétrica

para o município. Após décadas de muitos problemas no fornecimento de energia e

insatisfação por parte da população e indústrias a CEMIG assume no dia 16 de outubro

de 1973, o fornecimento de energia elétrica para o município, permanecendo até os dias

atuais. Fez parte também da modernização da cidade a construção de pontes na região

que fizeram com que se pudesse avançar em termos de infra-estrutura e

desenvolvimento urbano.

Fig. 8 – Casa da usina da Companhia Força e Luz de

Uberabinha. Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

Fig. 9 – Barragem na entrada do canal da usina da

Companhia Força e Luz de Uberabinha. Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

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Nas décadas de 1910 e 1920, começou a se firmar o caráter identitário do

município e a imagem do antigo arraial subordinado à Uberaba começava a ser

substituída. Surge, então, em rodas de conversas realizadas na Livraria Kosmos, ponto

de encontro de intelectuais da cidade, a idéia de se trocar o nome do município. O

proprietário da Kosmos, Sr. Zacarias Alves de Mello, lançou um questionário para seus

clientes com o objetivo de criar um novo nome para Uberabinha.

O argumento era que a cidade que se lançava no futuro com as honras do

progresso não poderia ser uma pequena Uberaba, tinha que ter um nome próprio. João

de Deus Faria sugeriu Uberlândia, que significa terra fértil. Não satisfeito com a

sugestão, o coronel José Theófilo Carneiro refreou os ânimos dos intelectuais

uberabinhenses e extinguiu-se o projeto. Quase vinte anos depois, o mesmo coronel

resolveu que era boa a troca do nome e foi à capital para tratar do assunto munido de

assinaturas. Queria que a cidade se chamasse Maravilha, mas foi advertido pelo senador

João Pio que aquele era um nome para uma vaca e não para uma cidade. Assim,

lembrou-se de Uberlândia, proposta de Faria, e o nome foi trocado pela lei n° 1128 de

19 de outubro de 1929.

Nas décadas de 1910 e 1920, o ideal de modernização levou a busca de novos

rebanhos para o país. Assim, alguns produtores agropecuaristas do Triângulo se

reuniram para importar uma nova raça de bovinos. Eles foram à Índia e buscaram

clandestinamente as raças Nelore, Guzerat e Gira (TORRES, s/d, vol 4, p. 1107). Foram

várias expedições até as raças se fixarem em nosso território. Elas eram dispendiosas e

complicadas porque os animais precisavam ser embarcados à noite para que os hindus

não protestassem. Além disso, a boiada seguiria de barco até a costa brasileira e, ainda,

seria tocada até o planalto.

Todo o Triângulo foi beneficiado com a empreitada. Em Uberabinha, o vereador

de uma das primeiras Câmaras, o Sr. Manoel Alves dos Santos, era grande produtor do

gado Zebu, uma mistura das raças indianas Gir e Guzerat. Outros fazendeiros aderiram

às novas raças bovinas introduzidas e/ou criadas no Brasil porque elas agregavam o

melhor de várias raças, como o próprio Zebu ou a raça Girolanda. Em vista disso, a

pecuária de corte e leite cresceu muito no Triângulo e, hoje, a cidade de Uberlândia

conta com inúmeros frigoríficos. Além disso, os produtores continuam com as pesquisas

de aprimoramento de raças mais produtivas e novilhos melhores, caracterizando a

região como grande inovadora tecnológica.

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Em 1913 foi implantado em Uberabinha o serviço de transporte público

intermunicipal. Foi inaugurada a Companhia Mineira Auto-Viação Intermunicipal, em

28 de novembro de 1913, sendo o incorporador o Sr. Fernando Alexandre Villela de

Andrade. Fernando obteve o privilégio do Estado de Minas para a construção, uso e

tráfego de estradas de automóveis que partiriam de Uberabinha dirigindo-se a Monte

Alegre, Vila Platina, Abadia do Bom Sucesso e Santa Rita do Paranaíba.

Fig. 10 – casa de apoio da companhia mineira de auto-viação no km 7.

Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

Os primeiros estudos para a abertura de estradas na região foram realizados ainda

em 1919, por conta do próprio incorporador tendo em vista estudar a viabilidade do

projeto. Os trabalhos de construção começaram em 12 de agosto de 1912. A extensão

total, segundo CAPRI (1918), da rede rodoviária na época era de 245 km em território

mineiro, estando 196 km em tráfego e 49 km ainda em construção. A estação central de

desembarque de passageiros em Uberabinha localizava-se junto à estação Mongyana, o

que integrava o serviço de transporte do local. A companhia trafegava com 7 veículos

de passageiros (“Carro Fiat para 12 passageiros” CAPRI, 1916) e 3 caminhões para o

transporte de cargas.

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Fig. 11 – Entrada da estrada da companhia em Monte Alegre.

Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

O processo de desenvolvimento de Uberlândia se manteve pelas décadas de

1920, 1930 e 1940. Nesta última, algumas fábricas foram instaladas na cidade e houve

uma diversificação do comércio. Tendo em vista o grande desenvolvimento social e

humano bem como o afluxo de pessoas para a região, em 1943, a prefeitura de

Uberlândia, na gestão do Prefeito Vasconcelos Costa, demoliu a antiga igreja de Nossa

Senhora do Carmo para dar lugar à rodoviária municipal. Esta reforma teve como

intenção melhorar as instalações para recepcionar as pessoas que se deslocavam para a

cidade e fomentar ainda mais o transporte de passageiros e carga.

Fig 12 - Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo demolida em 1943, em Uberlândia.

Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

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Fig 13 – Estação Rodoviária, construída no lugar da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo.

Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

Em 1944, foi inaugurado o edifício do Mercado Municipal. Somado a isso, a

presença de profissionais com formação específica em arquitetura e engenharia, como

João Jorge Coury, constituiu um marco na história da arquitetura local, a partir da

introdução de idéias modernistas, intensificadas na década de 1950, com a atuação de

outros arquitetos, a maioria discípulos do próprio Coury.

A década seguinte, 1950, constituiu-se também de intenso desenvolvimento

econômico e social em Uberlândia. Após quatro décadas da elaboração do primeiro

plano urbanístico municipal, foi encomendado um novo projeto a uma equipe

belorizontina, cujo coordenador era o Sr. Otávio Roscoe, tendo como objetivo a

remodelação do espaço urbano. As propostas abrangiam questões de tráfego,

urbanização, zoneamento e arborização, entretanto, não foram previstas iniciativas

relativas ao parcelamento do solo e à produção de novas moradias. A ausência dessa

preocupação trouxe problemas para Uberlândia que sofreu um grande aumento

populacional nos anos subseqüentes.

A construção de Brasília marcou a cidade de Uberlândia nas décadas de 1950 e

60. Ao transferir a capital para o Planalto Central, Juscelino Kubistchek direcionou o

crescimento e a expansão do país para o oeste. Se os focos de desenvolvimento do país

estavam concentrados nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, o

caminho mais acessível de qualquer desses lugares para Brasília teria que,

necessariamente, passar por Uberlândia. Assim a vocação comerciante da antiga

Uberabinha observada por Bosi é ainda mais intensificada e a cidade torna-se realmente

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um entreposto entre o velho pólo produtor e o novo mercado consumidor. Além disso, a

produção agropecuária do município também cresce para atender a população crescente

do Planalto e com esse aumento, chega a industrialização para somar-se mais ao

processo desenvolvimentista.

As décadas de 1970 e 1980 foram um reflexo desse desenvolvimento dos anos

60. A cidade cresceu em oportunidades e, em conseqüência, sua população triplicou.

Nos anos 1980, evidenciaram-se o caráter comercial da cidade, principalmente nos

setores atacadista e varejista, ambos bastante diversificados. A população aumentou,

principalmente, pela chegada de migrantes de outras regiões do país, atraída pelo

desenvolvimento e pelas oportunidades de emprego e estudo. Este crescimento pode ser

observado através do gráfico abaixo onde o número de habitantes praticamente dobrou

de 1970 a 1980 aumentando da mesma forma de 1980 a 1990. Após este período, esse

crescimento perdeu seu caráter acentuado, mas continuou apresentando taxas de

elevação.

Fig. 14 - Gráfico com o crescimento populacional de Uberlândia

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Uberl%C3%A2ndia#cite_note-0

Atualmente, sua população é de aproximadamente 622.441 habitantes, de acordo

com dados do censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), em 2008, com densidade demográfica na área urbana de 151,3 hab/km² e

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,830, segundo o Atlas de

Desenvolvimento Humano divulgado anualmente pelo Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento.

A elaboração do IDH tem como objetivo oferecer um contraponto a outro

indicador, o Produto Interno Bruto (PIB), e parte do pressuposto que para dimensionar o

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avanço não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras

características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana,

tomando como referência três sub-índices direcionados às análises educacionais, renda e

de longevidade de uma população.

O município foi administrado pelos seguintes prefeitos:

AGENTES EXECUTIVOS PERÍODO Antônio Alves dos Santos 1891 - 1892 Augusto César Ferreira e Souza 1892 - 1895 João Moreira Ribeiro 1895 - 1897 Severiano Rodrigues da Cunha 1898 - 1900 José Teixeira de Santana 1901 - 1903 Severiano Rodrigues da Cunha 1904 - 1907 Alexandre Márquez 1908 - 1911 José Severiano Rodrigues da Cunha 1912 - 1922 Eduardo Márquez 1923 - 1927 Otávio Rodrigues da Cunha 1928 - 1930 PREFEITOS NOMEADOS Lúcio Libânio 1931 - 1932 Claudemiro Alves Ferreira 1933 Vasco Giffoni 1934 – 1935 Vasco Giffoni/ Luiz Lisboa 1936 Vasco Giffoni 1937 – 1942 José A. de Vasconcelos Costa 1943 – 1945 João Paulo Vasconcelos 1946 Euclides G. de Freitas 1946 – 1947 Benjamim M. de Oliveira 1947 Luiz Rocha e Silva 1947 Cleanto Vieira Gonçalves 1947 PREFEITOS ELEITOS José Fonseca e Silva 1948 – 1950 Tubal Vilela da Silva 1951 – 1954 Afrânio Rodrigues da Cunha 1955 – 1958 Geraldo Mota Batista 1959 – 1962 Raul Pereira de Rezende 1963 – 1966 Renato de Freitas 1967 – 1970 Virgílio Galassi 1971 - 1972 Renato de Freitas 1973 – 1976 Virgilio Galassi 1977 – 1982 Zaire Rezende 1983 – 1988 Virgilio Galassi 1989 – 1992 Paulo Ferolla da Silva 1993 – 1996 Virgilio Galassi 1997 – 2000 Zaire Rezende 2001 - 2004

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Odelmo Leão Carneiro Sobrinho 2005 - 2008

CLIMA

O clima predominante é o tropical com primaveras e verões chuvosos e outonos

e invernos secos. Entre os meses de dezembro e fevereiro apresenta um índice

pluviométrico médio entre 1500 e 1600 mm. A temperatura média anual fica em torno

de 23ºC. Nos meses de outubro a março apresenta temperatura média em torno de 26,4º

C e nos meses de junho e julho, temperatura média de 14,2º C.

RELEVO E VEGETAÇÃO

O relevo resulta de uma estrutura geológica de planaltos e chapadas, estando

inserida na sub-unidade do Planalto Setentrional da Bacia do Paraná. Seu relevo é

caracterizado por uma estrutura tabular, levemente ondulado com altitudes inferiores a

900m. Na porção sul, as altitudes variam de 700 a 900m e apresentam um relevo

levemente ondulado sobre formações sedimentares, características típica de chapada.

Nesta área a vegetação predominante é o cerrado, entrecortado por veredas com solos

pouco férteis devido à acidez apresentada pelo mesmo.

A oeste do município, a altitude varia de 700 a 800m com solos rasos do tipo

Podzólico vermelho-amarelo e pouco férteis. Nesta região a vegetação predominante é a

mata subcaducifólia. Na área urbana o relevo se apresenta de forma mais ondulada com

altitudes que variam de 800 a 900m. Apresentam várias cachoeiras e corredeiras devido

a presença de rios e córregos e solos férteis. A área norte, próxima ao Rio Araguari,

apresenta relevo fortemente ondulado com altitudes de 500 a 700m e solos muito

férteis. Em todas as suas porções a vegetação predominante é o cerrado composta pelos

seguintes tipos fisionômicos: Vereda, Campo Limpo, Campo Sujo ou Cerradinho,

Cerradão, Mata da Várzea, Mata Galeria ou Ciliar e Mesofítica, distribuídos de acordo

com o tipo de solo e a proximidade do lençol freático. Quanto aos aspectos

hidrográficos, pertence à bacia do rio Paranaíba e tem como principais rios o

Uberabinha e o Dourado, além de estar às margens da represa de Itumbiara.

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ECONOMIA

A economia é baseada na agroindústria que formaram na região um importante

centro industrial, além de desenvolvido setor de serviços. Estão sediados na cidade,

grandes atacadistas de atuação nacional e internacional, e indústrias em diversos setores

de atuação, devido principalmente à sua localização geográfica na região central do

Brasil. A arrecadação municipal se dá em primeiro lugar com o setor de serviços,

seguidos pela indústria e pelo setor agropecuário.

Os principais gêneros cultivados no município são soja, milho e laranja.

Também há plantação de algodão, arroz, banana, cana-de-açúcar, café, feijão,

mandioca, tomate e coco da Bahia. Quanto à pecuária, os maiores números giram em

torno da criação de galináceos, suínos, bovinos e eqüinos. A partir de 2006, com lei n°

9.181 de 12/04/2006, a prefeitura criou um projeto de apoio à agricultura familiar,

oferecendo maquinários para as pequenas propriedades. Associado a isso, ela

estabeleceu um plano de produção sustentável que apóia as pesquisas na área para um

melhor aproveitamento do solo, minimizando os desgastes da natureza.

SERVIÇOS

O município é atendido pela concessionária de telefonia CTBC, possui 13

emissoras de rádio e 4 jornais. A energia elétrica é fornecida pela CEMIG, e os serviços

relativos à água e esgoto são de responsabilidade da Prefeitura Municipal. Uberlândia

possui um Distrito Industrial operante, administrado pela Companhia de

Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMIG). A rede hoteleira conta com 61

estabelecimentos. Há 11 hospitais. Entre os atrativos naturais estão as Cachoeiras da

Sucupira, o Reservatório da Usina de Miranda e os Parques, do Sabiá e Siquerolli. Há

um estádio de futebol - João Havelange, um Museu Municipal, uma Casa de Cultura e

várias Igrejas, entre elas, a do Espírito Santo do Cerrado, projetada pela arquiteta Lina

Bo Bardi.

Na área da saúde, a prefeitura dividiu o município em cinco setores, com um

total de 82 unidades municipais de atendimento a saúde sendo 6 na zona rural e 76 na

zona urbana. Conta ainda com as Unidades de Atendimento Integrado (UAI) são

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unidades mistas, com atendimento ambulatorial na atenção básica e pronto atendimento

funcionando 24 horas por dia todos os dias da semana. O atendimento ambulatorial

acontece das 7h às 22h, com a instalação do Horário do Trabalhador. O atendimento de

emergência de Odontologia, também funciona das 7h às 22h de segunda a sexta São

sete unidades em Uberlândia.

Mês do Nascimento Masc Fem Total Janeiro 344 323 667 Fevereiro 303 284 587 Março 365 375 740 Abril 353 352 705 Maio 374 334 708 Junho 330 320 650 Julho 298 323 621 Agosto 339 308 648 Setembro 339 343 682 Out 330 339 669 Nov 293 294 587 Dez 319 322 641

Total 3.987 3.917 7.905 Índice de nascidos vivos por mês em Uberlândia. Fonte: SINASC - GIDS

O município conta com a Equipe de Saúde da Família (ESF) tem como principal

objetivo oferecer às famílias serviços de saúde preventiva e curativa em suas próprias

comunidades o que resulta melhora da qualidade de vida dos Uberlandenses. São 38

equipes, distribuídas em 36 Unidades de Saúde, sendo uma equipe de Zona Rural, onde

são oferecidos atendimentos básicos de saúde, por equipe composta por Médico

Generalista, Enfermeiro, Auxiliar de Enfermagem e Agente Comunitário de Saúde,

totalizando 418 profissionais.

Essas Unidades estão instaladas nos seguintes bairros: Aclimação, Alvorada,

Aurora, Canaã, Dom Almir, Granada, Ipanema, Jardim das Palmeiras, Joana D’arc,

Lagoinha, Laranjeiras, Mansour, Morada Nova, Morumbi, Santa Luzia, São Gabriel,

São Jorge, São Lucas, Seringueiras, Shopping Park, Taiaman e nos Distritos Tapuirama,

Cruzeiro dos Peixotos, Martinésia e Miraporanga. Atende 42.707 famílias, totalizando

153.151 pessoas. No ano de 2006 foram realizadas, 131.069 consultas médicas e

412.055 visitas domiciliares. Já existe o atendimento de fisioterapia em 5 unidades de

ESF (Plano de Governo – Fisioterapia no ESF).

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Unidades de Saúde Número UAI Luizote 112.670 UAI Morumbi 8.241 UAI Pampulha 80.657 UAI Planalto 83.266 UAI Roosevelt 84.093 UAI Tibery 103.930 UBS Brasil 43.226 UBS Custódio Pereira 31.244 UBS Dona Zulmira 24.584 UBS Guarani 30.418 UBS Martins 90.091 UBS Nossa Senhora das Graças 32.289 UBS Patrimônio 28.464 UBS Santa Rosa 32.842 UBS Tocantins 37.021

Total 823.036 Número de pacientes atendidos nos Ambulatórios das Unidades de Saúde da SMS no ano de 2006 .

FONTE:Sistema de Saúde/Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA, Org. CANDELORO,

A Secretaria de Saúde disponibiliza os seguintes programas:

Saúde da Criança e Adolescente, Humanização ao Pré-natal e Nascimento, Programa

Saúde da Criança e Adolescentes, Programa Saúde da Mulher, Programa de Saúde

Bucal, Programa de Hipertensão e Diabetes, Programa de Assistência Farmacêutica,

Programa de Fonoaudiologia, Programa Saúde do Idoso, Programa Ações de

Enfermagem, Programa Oftalmologia Social, Programa Saúde Escolar, Programa de

Ação Social, Programa de Hanseníase, Programa de Tuberculose, Programa de

Nutrição, Programa de Saúde Mental, Programa de Atendimento aos Portadores de

Lesões Lábios Palatais, Ambulatório Municipal MI Herbert de Souza – DST/AIDS,

Centro de Reabilitação Municipal, Centro de Controle de Zoonoses, Laboratório de

Endemias e Entomologia, Programa de Controle de Roedores, Laboratório de Animais

Peçonhentos e Quirópteros, Vigilância Sanitária, Centro de Referência em Saúde do

Trabalhador – CEREST e o Programa de Oxigenoterapia.

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Unidades de Saúde � Número �UAI Luizote � 144.093 �UAI Martins � 54.735 �UAI Morumbi � 115.492 �UAI Pampulha � 161.603 �UAI Planalto � 175.247 �UAI Roosevelt � 170.788 �UAI Tibery � 133.264 �

Total � 955.222 �Número de pacientes atendidos nos Pronto Atendimento das Unidades de Saúde da SMS no ano de 2006 FONTE: Sistema de Saúde/Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA, Org. CANDELORO,

Marcelo

EDUCAÇÃO

Segundo Costa, a educação em Uberlândia tem início na casa de Felisberto

Alves Carrijo. Ele era professor e abriu uma pequena escola em sua fazenda, onde

ministrava aulas de alfabetização. No século XIX tem-se registros da presença de

professores como Antônio Maximiano Ferreira Pinto e sua mulher, D. Honorata

Cândida de Paiva Pinto, professores em uma escola criada em 1860, porém, apenas

1863 é que se tem o registro oficial da instalação da 1ª escola pública distrital de São

Pedro de Uberabinha.

Em nove de abril de 1892, a Câmara aprovou o "imposto da taxa escolar". No

dia doze, apresentou o projeto de lei da instrução pública de Uberabinha, que foi

acrescido de muitas emendas e aprovado em 22 do mesmo mês. Em junho, a Câmara

estabeleceu o regulamento escolar e dispôs sobre as aulas noturnas.

"Dessa forma, as lideranças da cidade montam, em pouco mais de dois meses, uma proposta de educação popular, que contemplava a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino, estabelecia fonte para os recursos despendidos, mecanismos de inspeção, controle censório do material utilizado no ensino, atuação de professores e alunos, indicava as disciplinas curriculares, as condições para a construção e funcionamento das escolas, a difusão dos princípios e símbolos republicanos, etc. A legislação básica da educação, organizando a instrução pública, que o governo federal não conseguiu ou não quis fazer, e que o governo mineiro só completaria no ano seguinte, a edilidade uberabinhense produziu em pouco mais de dois meses. No entanto, assim como no plano federal, o município não obteve os resultados que esperava na educação, promovendo diversas reformulações durante a primeira república, que deverão ser objeto de novos estudos." GONÇALVES NETO ( )

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Assim, nas primeiras décadas do século XX, a educação fez parte do processo de

desenvolvimento e progresso da cidade. Fundada em bases positivistas, a criação de

escolas representava a possibilidade de levar a cidade ao crescimento. E em 1897 é

inaugurada a 1ª escola secundária de Uberabinha - “O Colégio Uberabinhense”.

Segundo CAPRI (1918), em Uberabinha funcionava a “Instrucção Pública”, ou

seja, existia na cidade uma “rede” de ensino regular formada por um grupo escolar e

quatro escolas municipais, duas estaduais - o Colégio Estadual de Uberlândia fundado

em 1910, e o Colégio Uberabinhense (1897) além do Gymnasio Uberabinha (1917).

O grupo escolar Julio Bueno Brandão foi o mais importante do período sendo

referência em educação. Foi construído pelo Estado em 1915 e possuía oito disciplinas.

Funcionava nos turnos das 7 às 11h e das 12 às 16h, sendo o turno da manhã reservado

aos alunos do sexo masculino e a tarde aos do sexo feminino. A escola contava na época

com 787 crianças matriculadas nos dois turnos.

Fig.15 – Grupo Escolar Julio Bueno Brandão, 1916.

Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918 O grupo escolar ainda matinha a “Caixa Escolar” (CAPRI, 1918) que prestava

assistência aos estudantes pobres fornecendo a eles livros, materiais escolares, vestuário

e calçados para freqüentarem as aulas. A “Caixa Escolar” era administrada por um

grupo de professores e uma comissão auxiliadora composta por senhoras que tinha

como missão angariar fundos com a comunidade para os serviços de assistência da

caixa.

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À medida que crescia a demanda, cresciam também os investimentos em

educação. Em 1925 o município tinha nove escolas: Escolas Municipais Paraíso, Burity,

Marimbondo, Tenda, Pereiras, Sucupira, Machados, Quilombos e Noturno. Em 1926, o

Jornal A Tribuna afirmou que Uberabinha era a cidade do Triângulo Mineiro que mais

matriculava crianças em escolas.

A partir da iniciativa de professores, foram criadas escolas particulares como os

Colégios Amor às Letras, Nossa Senhora da Conceição, São José, Bandeira e Santa Rita

de Cássia, a Escola Ruy Barbosa, o Externato Spenser e o Ginásio de Uberabinha, além

da Escola Normal e do Instituto Comercial. Nas décadas subseqüentes, o município

aumentou o número de escolas da área rural e tentou erradicar o analfabetismo na

cidade. Assim como em outras cidades do país, a educação entrou em declínio, apesar

do aumento do número de escolas e alunos matriculados.

Diante dos problemas com a educação, da evasão escolar e do olhar voltado ao

vestibular, a prefeitura de Uberlândia criou muitos projetos para integrar melhor o

aluno, a comunidade, a escola e o aprendizado. Assim, a rede de ensino estabelecida no

município com o ensino infantil, fundamental e médio, escolas profissionalizantes e o

ensino superior com a inauguração da Universidade Federal de Uberlândia e das

Faculdades Integradas do Triângulo foi e é auxiliada pelos programas e projetos criados

e aplicados pela prefeitura.

Eles são programas disponibilizados pela Prefeitura Municipal de Uberlândia,

por meio da Secretaria de Educação: Anjos da Escola, iniciado em 2007 para diminuir a

criminalidade nas escolas, Digitando o Futuro, visando à inclusão social a partir da

inclusão digital, Educação de Jovens e Adultos, cujo início foi em 2006 e objetiva a

aprendizagem e a aceleração dos estudos de adultos que abandonaram a escola, e, por

fim, a Escola Bem Arrumada, que oferece recursos para a manutenção e reformas das

escolas.

Os projetos realizados pela prefeitura na educação da cidade são: Jornal Digital,

iniciado em 2007, incentiva os alunos a escreverem matérias sobre a escola na internet,

criando uma nova visão da notícia que é escrita pelos cidadãos, Atenção Integral à

Criança e ao Adolescente, que desde 2005 propõe oficinas para apoiar os alunos da rede

municipal que têm dificuldades de aprendizado ou socialização e, por fim, Crônicas

Animadas, implantado em 2006, ajuda alunos de 5ª a 8ª a escreverem suas próprias

crônicas e animá-las com o uso de mídias e da internet.

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Atualmente, Uberlândia possui 03 escolas federais, 67 escolas estaduais, 88

escolas particulares e 58 escolas municipais de educação infantil, 10 escolas municipais

de alfabetização, 37 escolas municipais de ensino fundamental na área urbana e 13

escolas municipais de ensino fundamental na zona rural. Conta com um Campus de

educação especial e um Centro de Estudos e projetos educacionais.

TURISMO E LAZER

Uberlândia mantém um rico calendário de eventos permanentes durante o ano

inteiro e cultiva tradições como a Folia de Reis, o Congado e as tradicionais festas

católicos em honras ao santos. O carnaval da cidade é também incentivado pela

prefeitura que auxilia as escolas e blocos. A Secretaria de Cultura de Uberlândia

desenvolve muitos programas de incentivo à manifestação cultural do uberlandense tais

como a Cultura na Comunidade, composto pelos projetos: Projeto Manutenção de

Galerias de Arte, Projeto Arte Móvel, Projeto Paredes & Arte Concurso Calendário,

Projeto CineClube Cultura, Projeto Cinema Para Todos, Projeto Boca de Cena, Projeto

Dia Internacional de Teatro e Nacional do Circo, XIX Festival de Dança do Triângulo -

Mostra não competitiva, Projeto Dança e Movimento, Projeto Dia Internacional da

Dança, Projeto Dança na Oficina, Projeto Palco Móvel, Projeto Visitas Orientadas,

Projeto Auto de Natal, Projeto Encontro das Folias de Reis de Uberlândia,

Tombamentos, Cartilha "Patrimônio Cultural - Que bicho é esse?, Cd rom "Cultura,

Patrimônio e Memória", Curso de Capacitação de Multiplicadores, Palestras sobre o

Patrimônio Cultural Cartilha - Educação Ambiental e as Práticas Religiosas de Matriz

Africana, Projeto "Olhares sobre o Patrimônio", Projeto Fábrica Lúdica, Projeto De

Mala e Cuia, Projeto Madeira, Projeto Ciclo de Palestras, Exposição "Patrimônio

Arquitetônico - Marcos Referenciais de Nossa História", Projeto Exposição Itinerante -

"Uberlândia, Cidade & Cultura".

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No primeiro quartel do século XX, com o desenvolvimento populacional em São

Pedro de Uberabinha, foram criadas várias instituições educacionais de âmbito público e

privado para atender à demanda de alunos que aumentava consideravelmente. Foi neste

período, mais precisamente no início da década de 1930 que o Cônego Pe. Albino

Figueiredo Martins Miranda sentindo a necessidade da instalação de uma instituição

educacional religiosa na localidade dirigiu a Uberaba e apresentou-a ao Bispo da

Diocese Frei Luiz Maria de Santana um projeto para a criação de uma escola católica.

Este, sabendo que Dom Francisco Barreto tinha fundado há três anos o Instituto das

Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, fez um convite às responsáveis para que estas

visitassem Uberlândia a fim de estudar a possibilidade de ali fundar um colégio.

A Congregação Missionárias de Jesus Crucificado foi fundada em Campinas –

São Paulo em 03 de maio de 1928 pela Madre Maria Villac, uma jovem campineira de

19 anos que tinha como propósito para sua vida servir a Deus em uma congregação na

Bélgica. Com o advento da primeira Guerra Mundial, Maria Villac não pode sair do

país, permanecendo em Campinas. Desta forma, reuniu um grupo de moças da cidade

que inicialmente a procurava para receber orientações espirituais, mas com o mesmo

propósito de servir a Deus e ao próximo.

O trabalho das Missionárias iniciou-se com os centros de catequese nos bairros

periféricos de Campinas, onde trabalhavam com as famílias pobres. Com o convite feito

pelo Bispo Dom Luiz Maria de Santana a Congregação tinha a oportunidade de

expandir o propósito da evangelização para o âmbito escolar.

Em novembro de 1931 chegam a Uberlândia a Madre Maria Villac, fundadora

da Congregação e as Irmãs Josefina Maria do Coração Chagado de Jesus e Amália de

Jesus Flagelado, conhecida no âmbito religioso por ter vislumbrado Nossa Senhora das

Lágrimas, ficando estas hospedadas na residência do Sr. Arlindo Teixeira.

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Após uma criteriosa avaliação do local e

atendendo às solicitações das famílias católicas as

Irmãs consideraram que a idéia de abrir um colégio

religioso na localidade era um projeto viável e que

deveria se realizar o mais breve possível.

Em 3 de fevereiro de 1932, o povo de

Uberlândia e as autoridades locais recebem com

grande festividade na estação Mogiana as irmãs que

chegam para ali fundarem o colégio. Instalaram-se

numa casa que ficava na esquina da Rua Vigário

Dantas com a Rua Marechal Deodoro e sete dias

depois da chegada das Irmãs, na data que a igreja

católica comemora o dia de Nossa Senhora de

Lourdes, foi fundado então o Colégio Nossa Senhora das Lágrimas.

O nome dado à instituição foi determinado em virtude das aparições de Nossa

Senhora das Lágrimas à Irmã Amália em 1930. Em 8 de março de 1930, Irmã Amália

teve uma aparição de Nossa Senhora, que se apresentou com uma túnica violeta, um

manto azul e um véu branco que cobria Seu peito e ombros. Deslizou em direção à

Irmã, segurando em suas mãos um branco rosário brilhante, que lhe entregou dizendo:

“Este é o rosário de Minhas lágrimas, que foi prometido pelo Meu Filho

ao nosso querido Instituto como uma parte de seu legado. Ele também já

lhe deu as orações. Meu Filho quer Me honrar especialmente com essas

invocações e, além disso, Ele concederá todos os favores que forem

pedidos pelos merecimentos de Minhas lágrimas. Este rosário alcançará a

conversão de muitos pecadores, especialmente dos possuídos pelo

demônio.Uma especial graça está reservada para o Instituto de Jesus

Crucificado, principalmente a conversão de vários membros de uma parte

dissidente da Igreja. Por meio deste rosário o demônio será derrotado e o

poder do inferno destruído. Arme-se para a grande batalha.”1

Pertencente à Diocese de Uberlândia e contando inicialmente com 50 alunas

matriculadas, o Colégio foi inaugurado em 11 de fevereiro de 1932, contando com a

presença de várias pessoas da sociedade Uberlandense, além do Frei Luiz Maria de

Santana e das Irmãs “fundadoras” Irmã Josefina Maria do Coração Chagado de Jesus,

Irmã Maria Jardelina do Divino Mártir, Irmã Maria de Lourdes do Divino Crucificado,

��Revelação feita por Nossa Senhora das Lágrimas à Irmã Amélia em 8 de março de 1930. In: www.�

Fig. 16 – Madre Maria Villac. S/D Fonte: www.colegiodombarreto.com.br

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Irmã Maria do Cordeiro Imaculado, Irmã Benedita Maria do Bom Pastor, Irmã Rosa

Maria de São Francisco Xavier, Irmã Lídia Maria de Santa Rosa de Lima, Irmã

Felizarda Maria de Santa Margarida, Irmã Josefina Maria de Santa Clara.

A primeira comunidade missionária a sair da diocese de Campinas e do Estado de São Paulo, foi de Uberlândia. Esta cidade mineira, conhecida em todo Brasil pela infiltração comunista, foi inicialmente trabalhada por nove Irmãs Missionárias, que deixaram a casa mãe em 3 de fevereiro de 1932. O bispo diocesano, Frei Luiz Maria de Sant’Ana, meses antes fora especialmente para Campinas conversar com D. Barreto e Madre Maria Villac, para entregar à Congregação uma pequena casa de ensino, destinada às famílias daquela região. Via ele, assim, um meio eficaz para ajudar aquele povo que estava aderindo ao comunismo, a superar a crise. CRESCENTINI (1980)

Oferecendo os cursos infantil, primário, curso de adaptação e mais tarde o

ginasial, colegial e normal, o colégio atendia alunas provenientes do interior e de

cidades vizinhas, onde não havia escolas, adotando os regimes de externato, semi-

internato e internato para meninas. Grande parte das suas alunas matriculadas vinha de

classes sociais economicamente mais favorecidas devido o seu caráter de escola

particular.

(...) as famílias de classe bem situadas financeiramente, davam grande importância ao curso Normal, pois à época ter uma filha formada e profissional da educação representava status e poder político para as famílias, assim como, notamos uma intensa preocupação em assegurar a tradição da Igreja Católica, especialmente em Minas Gerais, que por meio da educação procurava preservar seus princípios religiosos e pregar os interesses da Pátria. RAMOS (2002)

Com apenas cinco meses de atuação o Colégio já não tinha mais condições para

funcionar na edificação onde inicialmente se instalara devido a grande procura por

matrículas. Foi então que as Irmãs adquiriram de Marcos de Freitas Costa, um imóvel

que pertencera ao ex-presidente da Câmara Municipal João Severiano Rodrigues da

Cunha, localizado na praça da Independência, atual praça Coronel Carneiro para abrigar

o Colégio e a residência das religiosas, local este onde funciona até os dias atuais.

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Fig. 16 – Bloco principal do colégio na Praça da Independência. S/D

Fonte: acervo COMPHAC Nos fundos deste casarão, começaram imediatamente as obras de ampliação do

colégio, que ocuparam aproximadamente 60% do quarteirão, sendo este circundado

pelas ruas Silva Jardim, Coronel Severiano, Dom Barreto e Praça Coronel Carneiro. O

centro do mesmo quarteirão com frente para a Rua Dom Barreto foi reservado para

abrigar a capela do colégio, que funcionava de forma improvisada no auditório do

mesmo.

Em 1935, com a proximidade da formatura da primeira turma do Colégio uma

preocupação toma conta de todos: a ausência do reconhecimento do mesmo como

instituição educacional. O Sr. Joaquim Fonseca, irmão do político Adolfo Fonseca

intercedeu junto a ele para que procurasse o governador Benedito Valadares e

solicitasse uma intervenção junto aos órgãos competentes para que agilizasse o processo

de reconhecimento do Colégio.

Junto com o reconhecimento que ocorreu ainda em 1935, vieram à inauguração

do primeiro pavilhão do colégio e o lançamento da pedra fundamental da capela que

ocorreu em 17 de julho de 1936. Em outubro do mesmo ano foram demarcados os

alicerces e, a partir daí, foram intensos os trabalhos e esforços das irmãs para a

construção da Capela.

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A comunidade local e das cidades vizinhas foram conclamadas a participar das

quermesses, rifas e campanhas realizadas pelas irmãs com o intuito de angariar recursos,

bem como doações em dinheiro. Com o dinheiro arrecadado foram comprados os

materiais para a construção da Capela além dos bancos e móveis da sacristia que foram

fabricados pelo Sr. Atílio Spini.

Em homenagem aos doadores e as famílias que fizeram grandes doações em

dinheiro para construção da capela foram mandados fabricar vitrais para as janelas da

nave com os nomes destas famílias. Este costume é bastante antigo e muito comum nas

cidades interioranas e demonstra o quanto era forte a relação da comunidade com a

igreja, mesmo sendo ela uma capela dedicada ao uso da comunidade escolar.

Foto 18 – Detalhe das janelas vitrais com os nomes das famílias doadoras.

Kleumanery Melo, outubro 2008.

Fig. 17 – Bloco principal inaugurado em 1935

Foto: Kleumanery Melo, outubro 2008.

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Sob a coordenação da madre Rita de Maria e Santíssima Trindade, ainda em

1936, tiveram início a construção da Capela com projeto arquitetônico do Sr. Mário

Bombonato e projeto estrutural e de instalações assinado pelo engenheiro Luiz Antônio

Rocha e Silva. A Capela que funcionava no auditório do Colégio foi transferida para seu

lugar definitivo no dia 09 de maio de 1953, com as obras ainda inacabadas. Estas só

foram concluídas no final do mesmo ano, com a Sagração do Altar e das Relíquias

seguida pela celebração da Eucaristia.

Foto 19 – Pavilhão das salas de aula e Capela implantada transversalmente ao mesmo.

Fonte: acervo COMPHAC Sob a denominação de Capela de Nossa Senhora das Lágrimas, outra invocação

para Nossa Senhora das Dores, a edificação, em arquitetura eclética ostenta majestosas

torres sobre as quais repousam duas esculturas brancas do Sagrado Coração de Jesus e

do Sagrado Coração de Maria, e segundo TEIXEIRA (1970), esta se configura como

uma das mais belas construções projetadas de Uberlândia.

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Foto 20 – Vistas da fachada frontal. Kleumanery Melo, outubro 2008

Após a inauguração da capela a comunidade escolar passou a ter um espaço

dedicado as atividades religiosas. As crianças menores passaram a ter aulas de

catequese dentro da capela a fim de preparem-se para a primeira comunhão. Nestas

ocasiões toda a comunidade uberlandense se movimentava para participar da cerimônia.

Eram momentos de muito orgulho para os pais e um grande evento social e religioso

para a população.

Foto 21 – Cerimônia de primeira comunhão de alunos do colégio Nossa Senhora das Lágrimas. S/D

Fonte: acervo COMPHAC

Outros sacramentos também eram realizados dentro da mesma. Muitos ex-

alunos a escolheram para realizar a cerimônia de casamento, batizados de seus filhos,

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crismas e demais celebrações. A relação dos ex-alunos, familiares e comunidade

próxima sempre foi muito forte com a igreja.

Em 6 de abril de 1969, a Capela foi elevada à condição de Paróquia de Nossa

Senhora das Dores por decreto de Dom Almir Marques Ferreira, Bispo Diocesano de

Uberlândia. Após sua elevação à Paróquia, a Igreja foi confiada aos Missionários

Oblatos de Maria Imaculada.

A Ordem dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada foi fundada em 25 de

janeiro de 1816 no sul da França pelo Beato Eugênio de Mazenod, um nobre francês e

aprovada pelo Papa Leão XII. Inicialmente a ordem se propagou pela América do Norte

chegando em seguida ao Canadá, África do Sul e Sri Lanka.

Os primeiros missionários Oblatos chagaram ao Brasil em 1946, originários da

América do Norte, para atuarem na Diocese de São Paulo. Em 1959, o Papa João XXIII

fez um apelo às Dioceses da Europa e da América do Norte pedindo que enviassem

missionários aos países da América Latina. Atendendo a este apelo, os Missionários

Oblatos da Irlanda enviaram quatro sacerdotes ao Brasil, em 1962, para atuarem na

Diocese de Jataí, Goiás.

Em 1966, novo grupo de Missionários Oblatos vindos da Irlanda chegam ao

Brasil, entre eles o Padre Pedro McGrane que foi destinado à cidade de Poços de

Caldas, Minas Gerais. Nos anos de 1967 e 1968 esteve trabalhando na cidade de

Cachoeira Alta, ligada à Diocese de Jataí. Em 1969, foi transferido para Uberlândia

assumindo imediatamente a Paróquia de Nossa Senhora das Dores, onde atuou até 31 de

dezembro de 1975 quando foi transferido para a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima.

O Padre McGrane foi sucedido pelo Padre Thomas Murphy, também natural da

Irlanda e que chegou ao Brasil em outubro de 1964. Ao assumir a Paróquia o Padre

Thomas adquiriu terreno onde foi construída a sede administrativa da Paróquia, à Rua

Dom Barreto, n°321, onde funciona até os dias atuais.

O Padre Thomas deixou a Paróquia em julho de 1984, quando foi transferido

para Goiás, passando a atuar como professor de Teologia no Instituto de Teologia e

Filosofia de Goiás. Em 1 de agosto de 1984, o padre Columbano O`Flanagan tomou

posse da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, iniciando logo em seguida a construção

da Capela de Nossa Senhora da Abadia, no bairro Patrimônio.

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Atualmente a igreja é coordenada pelo Padre Edvaldo Pereira de Souza, pelo

vigário Pe. Sérgio de Siqueira Camargo e o diácono permanente Jerônimo Gomes

Ferreira. As atividades religiosas acontecem diariamente com a realização de missas.

Além da festa de Nossa Senhora das Dores, comemorada no período de 01 a 15 de

setembro quando são realizadas leilões, procissões, novenas e quermesses, envolvendo

toda comunidade católica. O ponto alto das festividades é a coroação de Nossa Senhora

que acontece no dia 15 após celebração solene da missa.

Foto 22. Missa que antecede a coroação de Nossa

Senhora das Dores Foto 23. Missa que antecede a coroação de Nossa

Senhora das Dores

O dinheiro angariado nas festividades é utilizado para a manutenção da própria

igreja bem como para fornecimento de cestas básicas e outros materiais para o Asilo

São Francisco, também mantido pela paróquia.

Também são realizadas procissões durante a quarta-feira de cinzas. Segundo

relatos de pessoas da comunidade, a procissão tem um trajeto curto, com o andor

partindo da capela do Asilo São Francisco, na esquina da Rua Severiano Rodrigues da

cunha com a Rua Dom Barreto, subindo pela Dom Barreto até entrar na igreja, onde o

andor com a imagem e os acompanhantes são esperados para a celebração.

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A Igreja de Nossa Senhora das Dores, localizada na Rua Dom Barreto nº 60, tem

sua história intimamente ligada à história do Colégio Ressurreição Nossa Senhora. Esta

escola foi a primeira instituição de ensino religioso do Município de Uberlândia, tendo

sido construída na primeira metade do século XX e tornou-se, ao longo dos anos, um

estabelecimento de educação exemplar que até os dias atuais atrai grande procura por

parte dos pais que anseiam por uma vaga para seus filhos no referido estabelecimento.

Embora inicialmente construída para abrigar a capela da Escola Nossa Senhora

das Lágrimas, a comunidade sempre teve uma relação muito forte com a mesma, tendo

inclusive participado ativamente das campanhas promovidas pelas irmãs para

arrecadação de verbas para sua construção. Prova desta interação está no interior da

capela onde nos vitrais que ornamentam suas paredes laterais encontram-se registrado

os nomes de algumas famílias que contribuíram de alguma forma para a sua construção.

Quando em 1969 a Capela foi elevada à condição de Paróquia de Nossa Senhora

das Dores esta relação com a comunidade ficou mais forte uma vez que as atividades

religiosas antes destinadas em sua maioria aos estudantes do colégio foram extensivas à

toda comunidade local.

Atualmente, a Paróquia que é coordenada pelo Padre Edvaldo Pereira de Souza

promove atividades religiosas diariamente com a realização de missas, novenas, terços

entre outras, além da festa de Nossa Senhora das Dores, comemorada no mês de

setembro quando são realizadas procissões, novenas, quermesses e a coroação de Nossa

Senhora, envolvendo toda comunidade católica.

O imóvel que abriga tão exemplar escola foi um marco na história educacional e

religiosa do município, além de ser um testemunho da história e do desenvolvimento

deste, portanto, preservar este imóvel é preservar a memória de Uberlândia.

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A edificação é um exemplar de arquitetura eclética onde podem ser observadas

características da arquitetura românica e paleocristã-carolíngia. Construída, em 1936,

meados do século XX, apresenta partido arquitetônico retangular com três volumes.

A Igreja está implantada no meio do quarteirão integrado ao complexo

arquitetônico do Colégio Ressurreição Nossa Senhora. A partir da rua chega-se a porta

principal da Igreja, com um pequeno afastamento frontal. A Igreja possui ainda um

acesso do lado direito, interligando a igreja ao pátio do colégio e outro pelo lado

esquerdo interligando as instalações anexas ao imóvel.

A fachada frontal é simétrica e composta por dois planos, sendo o primeiro

formado por frontão triangular com cimalha e encimado por uma cruz, que esconde o

telhado da nave principal em duas águas e uma tacaniça com entelhamento do tipo

francês.

No centro do frontão um óculo vedado com vidros. Logo abaixo do óculo

localizam-se quatro pares de janelas, reunidas duas a duas de acordo com sua altura, em

bífora, tipo seteira (basculante), todas as vergas são em arco pleno, localizadas no nível

do dormitório das freiras.

Abaixo das janelas, separado das mesmas por uma cimalha em argamassa, um

balcão na altura do coro, com peitoril em tubo metálico e apoiado sobre mísulas de

concreto. O fechamento do balcão é realizado por uma janela do tipo basculante com

verga em arco pleno.

Na parte inferior da fachada localiza-se a porta de acesso principal recuada em

relação à fachada. Apresenta verga em arco pleno e porta em madeira almofadada com

duas folhas e bandeira em arco pleno. Ladeando a porta de entrada e marcando

horizontalmente a fachada, uma arcada cega, elemento característico da arquitetura

românica.

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As duas torres recuadas possuem seção quadrada e são integradas ao corpo da

nave. Apresentam janelas vitrais em bífora, tipo seteira (basculante) com vergas em arco

pleno, no nível da nave, óculo na altura do coro e basculantes na altura do dormitório

das freiras. O arremate superior das torres é formado por “dentículos” e são encimadas,

por duas esculturas de coroamento, sendo, na direita uma imagem do Sagrado Coração

de Jesus, e na esquerda, a imagem do Sagrado Coração de Maria. As torres são

interligadas por uma passarela localizada no coroamento das mesmas.

A edificação apresenta estrutura autônoma em concreto armado e lajes planas no

mesmo material e vedações internas em alvenaria de tijolos. A estrutura possui

fundação profunda para suportar os três pavimentos da Igreja

Internamente a igreja possui três pavimentos com utilização distinta: no primeiro

localizam-se as naves definidas pelas arcadas, capela-mor e sacristia. No “mezanino”,

localiza-se o coro e no segundo pavimento o dormitório das freiras com banheiros e

cozinha e um balcão com arcada localizado sobre o coro de onde as freiras assistem às

missas reunidas.

Na nave lateral direita encontra-se uma escada helicoidal com acesso ao coro.

Aos fundos do altar mor, localiza-se a sacristia. No lado direito da sacristia possui uma

escada que dá acesso ao pavimento superior que possui uma cozinha e dois banheiros.

A igreja não apresenta retábulos e sua decoração interna é realizada através de

ornamentos em argamassa localizados no intradorso dos arcos plenos e capitéis dos

pilares e mísulas com imagens dos santos de devoção da comunidade. Na nave direita

encontra-se a imagem de São José e na esquerda a imagem do Cristo Redentor. Todas as

imagens estão pintadas de branco, apenas com as partes de carnação e cabelos coloridas

e douramentos nas bordas dos mantos. Isto se deve a exigência por parte da irmandade

que administra a igreja. No altar-mor encontram-se as imagens de Cristo Crucificado

fixada no altar, e de Nossa Senhora das Dores. Ambas também seguem o mesmo padrão

de pintura das demais imagens. A mesa do altar é em granito preto

A Igreja além de suas características arquitetônicas ecléticas constitui um

elemento que se torna um marco no contexto do bairro fazendo parte da história e

características do local, onde têm essa predominância de casarões ecléticos construídos

no inicio do século XX, e que aos poucos foram sendo substituídos em sua maioria por

arranha-céus.

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A Igreja está inserida em um dos quarteirões que compõem a Praça Coronel

Carneiro. Atualmente, no seu entorno, observa-se uma tipologia arquitetônica variada,

com alguns poucos casarões antigos, cujo exemplo mais significativo é o imóvel

tombado a nível municipal, a Casa da Cultura. Outra edificação em destaque na Praça é

o Colégio Nossa Senhora das Dores que faz parte do complexo arquitetônico da Igreja.

A praça apresenta passeio cimentado em bom estado de conservação, e ao seu

redor, vias asfaltadas nas quais trafega um grande volume de veículos diariamente. A

praça é bem arborizada e bem conservada, constituindo um local relativamente

tranqüilo, sendo utilizada pela população que vive nas proximidades para a caminhada e

lazer.

ANÁLISE ESTILÍSTICA

A edificação é um exemplar de arquitetura eclética onde podem ser observadas

características da arquitetura românica e paleocristã-carolíngia. Sua planta se assemelha

ao modelo da “Basílica Romana” que foi adotado pelo renascimento carolíngio. Este

estilo se caracterizava pela construção de edifícios com grandes dimensões e planta

retangular com três naves separadas por arcadas e uma única porta de acesso na fachada

principal. Os tetos eram em madeira e a nave central terminava numa outra,

perpendicular, ou transepto, que muitas vezes possuía a mesma largura que a primeira,

denominando-se cruzeiro.

Na igreja em descrição, apesar de não apresentar as dimensões monumentais das

antigas basílicas, apresenta várias características do estilo. Porém, houve algumas

adaptações como a inclusão de portas laterais para o acesso dos alunos, na nave direita e

interligando ao anexo na nave esquerda, além disto, o transepto foi suprimido.

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Outro elemento comum na arquitetura das basílicas romanas, neste caso apenas

as igrejas de peregrinação, era a tribuna. Um segundo pavimento construído sobre as

naves laterais que se abria em arcadas para a nave central e servia também para alojar

fiéis, de modo a ampliar o espaço útil do templo. No caso da Igreja aqui descrita, este

espaço foi destinado ao alojamento das freiras e o acesso ao mesmo se dá através de

uma escada localizada no interior da sacristia.

Também é encontrado na igreja o clerestório localizado na parte superior das

paredes entre o teto e as arcadas. Nas basílicas do período românico, o clerestório

tinham como função iluminar a nave principal. Na igreja de Nossa Senhora das Dores

sua função é iluminar o dormitório das freiras durante as missas. Também permitiam

que as mesmas pudessem acompanhar o ritual litúrgico recolhidas em seus quartos

ficando resguardadas dos olhares dos demais fiéis.

As basílicas romanas impunham-se visualmente por sua aparência maciça, com a

predominância de massas na horizontal. Suas paredes tinham poucas aberturas, com

predominância de janelas em bífora e arcadas cegas na fachada frontal, o que tornava os

interiores escuros, compatíveis com um sentido de religiosidade concentrada e mística.

Possuíam ainda Torres e campanários que flanqueavam freqüentemente as fachadas.

Estes elementos podem também ser percebidos nas fachadas da Igreja em questão.

Análise do entorno

A Igreja de Nossa Senhora das Dores está situada na área central de município,

que foi o local da primeira povoação de Uberlândia, próxima ao antigo largo da Matriz,

principal referência e balizador para a ocupação urbana da cidade. Esta ocupação se deu

de maneira ordenada seguindo um plano urbanístico claro e ortogonal.

A Igreja está implantada no meio do quarteirão integrado ao complexo

arquitetônico do Colégio Ressurreição Nossa Senhora. Esta região conserva,

parcialmente, o arruamento original com ruas e calçadas estreitas. Na paisagem urbana

predomina o uso residencial, com poucos exemplares de uso comercial e de serviço,

porém, nota-se uma tendência à substituição por comércio e serviços. No entorno

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imediato da Igreja observa-se mais a tipologia residencial em edificações térreas que se

encontram implantadas na testada dos lotes, com poucos pavimentos.

A volumetria das edificações é predominantemente horizontal, porém, como o

bairro apresenta uma forte tendência a verticalização, é possível encontrar alguns

prédios no entorno com mais de 16 pavimentos. Atualmente, a Lei de Parcelamento Uso

e Ocupação do Solo de Uberlândia não admite mais a construção de edifícios no bairro.

A Rua Dom Barreto é asfaltada e em bom estado de conservação, com dimensão

duas faixas sendo uma destinada a estacionamento e outra para o tráfego de veículos. Os

carros são estacionados paralelamente à rua. O trânsito de automóveis na rua, nos dias

úteis, é de tráfego moderado. No final de semana o trânsito reduz quase ao tráfego local.

Os passeios são estreitos e em cimento sem arborização. A arborização do entorno se

concentra no interior das praças e nos quintais de fundo das residências da região, com

espécies de médio a grande porte.

O bairro é servido de toda infra-estrutura básica, como esgoto, água, telefone,

coleta de lixo e iluminação pública. A rede elétrica é feita por posteamento padrão com

cabos aéreos. O abastecimento de água, assim como seu esgotamento, é realizado

através de rede subterrânea nas calçadas e galerias localizadas no eixo da via pública.

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PROJETO ARQUITETÔNICO �

Fachada frontal – Desenho Conceição França

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Foto 01 – Igreja de Nossa Senhora das Dores. Fachada Principal, vista pela esquerda Uberlândia; Sede Data: 28 de outubro de 2008�

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Foto 02 – Igreja de Nossa Senhora das Dores. Fachada Principal, vista pela direita Uberlândia; Sede Data: 28 de outubro de 2008�

Foto 03 – Igreja de Nossa Senhora das Dores. Fachada lateral esquerda parcialmente encoberta pela edificação do colégio Ressurreição Nossa Senhora. Uberlândia; Sede Data: 28 de outubro de 2008�

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Foto 04 – Igreja de Nossa Senhora das Dores. Fachada frontal, detalhe da parte superior evidenciando a “passarela” que interliga as torres. Uberlândia; Sede Data: 28 de outubro de 2008�

Foto 05 – Igreja de Nossa Senhora das Dores. Fachada frontal, detalhe da fachada lateral esquerda evidenciando a ligação com o volume pertencente ao colégio. Uberlândia; Sede Data: 28 de outubro de 2008�