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Universidade Federal do ABC Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Igor Polezi Munhoz LIGA DE MAGNÉSIO COMO MATERIAL PARA BATERIA DE ALTA DENSIDADE ENERGÉTICA Dissertação de Mestrado Santo André – SP 2014

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Universidade Federal do ABC

Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Igor Polezi Munhoz

LIGA DE MAGNÉSIO COMO MATERIAL PARA BATERIA DE ALTA

DENSIDADE ENERGÉTICA

Dissertação de Mestrado

Santo André – SP

2014

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Igor Polezi Munhoz

LIGA DE MAGNÉSIO COMO MATERIAL PARA BATERIA DE ALTA

DENSIDADE ENERGÉTICA

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Engenharia Elétrica da

Universidade Federal do ABC, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Engenharia Elétrica

Orientador: Prof. Dr. Jorge Tomioka

Santo André – SP

2014

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A Deus pela minha vida, e vida em abundância!

Ao meu pai Jorge Luís e a minha mãe Neusa Maria (in memoriam).

À Alessandra Akkari, minha querida amiga e futura esposa!

À Sra. Maria dos Santos, que considero como uma segunda mãe!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela Sua misericórdia, por ter me salvado, me libertado, por ter me tirado de um vale

de ossos secos e por ter me trazido vida! “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o

poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” (Apocalipse 5.12).

Ao Prof. Dr. Jorge Tomioka pelas valiosas orientações, não apenas profissionais, mas também

por toda ajuda e por toda confiança que ele depositou em minha vida. Agradeço também pela

paciência, pelas críticas (que foram fundamentais para o sucesso deste trabalho) e por

acreditar no meu potencial acadêmico.

À minha família, em especial aos meus pais, Jorge Luís Munhoz, que sempre foi um exemplo

de homem em minha vida, alguém que eu admiro e pretendo seguir os passos, e à minha mãe

Neusa Maria Polezi Munhoz (in memoriam), que era uma mulher incrível, indescritível, sem

palavras! Também agradeço à minha avó Emilia Leonardo Munhoz (in memoriam) pela

companhia e pela ajuda, outro exemplo de mulher virtuosa!

À minha querida Alessandra Akkari por todo amor, pelo comprometimento, pela ajuda, pela

paciência, pela sinceridade, pela boa vontade, pelo estimulo, pelo carinho! Não tenho palavras

para agradecer! Você é uma mulher virtuosa! Minha princesa, você nunca desistiu de mim

mesmo em meio a tantas provações! Te amo! “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor

muito excede ao de rubis. O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não

necessitará de despojo. Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida” (Provérbios

31.10-12).

À Sra. Maria Aparecida dos Santos por todo o cuidado com a minha vida, pelo carinho, pelo

empenho, por estar ao meu lado nos momentos mais difíceis da minha vida, a perda recente

da minha mãe Neusa e da minha avó Emília. Agradeço porque a Sra. orou pela minha vida e

sei que se hoje estou aqui é porque Deus usou a Sra. para orar e lutar por mim!

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Aos professores:

– Profa. Dra. Neusa M. B. Fernandes dos Santos, por toda a ajuda e estímulo, me trouxe

grandes e valorosos aprendizados no âmbito acadêmico, assim como compreensão e

força nos momentos difíceis.

– Profa. Dra. Luciana Pereira meu muito obrigado por ser uma professora que me

acolheu, me ensinou, me orientou e me estimulou!

– Prof. Dr. Renato A. Antunes por toda a ajuda e dedicação durante os ensaios

experimentais.

– Professores Dr. Federico M. Trigoso e Dr. Alfeu J. Sguarezi Filho pelas contribuições

no meu exame de qualificação.

– Prof. Dr. Edmárcio A. Belati por incentivar o meu ingresso no Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Elétrica, assim como por toda ajuda durante o mestrado.

– Prof. Dr. Douglas A. Cassiano por todas as orientações e conselhos, tanto no término

da minha graduação em Engenharia de Gestão como no meu mestrado em Engenharia

Elétrica.

– Prof. Dr. Diolino J. dos Santos Filho, presente na minha banca de defesa, meu muito

obrigado pela participação e pelas contribuições, fundamentais na conclusão do meu

trabalho de mestrado.

Aos técnicos:

– Dr. Jonhson D. Angelo, técnico do laboratório L605, pela ajuda com os procedimentos

experimentais na área química.

– Sr. Osmando Cardoso e ao Sr. Antonio Guilherme Medeiros Neto, técnicos do

laboratório L702 da UFABC, que permitiram que a primeira fase do meu trabalho

experimental fosse concluída com êxito, me auxiliando e me conduzindo em todos os

procedimentos.

– Sr. William Dalcin, e demais técnicos da oficina da UFABC, por toda ajuda no corte

do lingote de magnésio.

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Aos demais amigos e colegas da UFABC, em especial ao Sr. Fernando S. C. de Melo,

obrigado pelo incentivo, pela ajuda de sempre e pelo companheirismo!

À Universidade Federal do ABC, agradeço pelo incentivo à pesquisa acadêmica, bem como

pelo suporte técnico e financeiro.

À CAPES pela minha bolsa de estudos.

À RIMA Industrial S.A. por fornecer a liga de magnésio utilizada durante o trabalho

experimental.

A todos aqueles que por algum descuido eu deveria ter mencionado e não o fiz, meu muito

obrigado!

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“... eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância. ”

João 10.10

“Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.

Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou

os meus passos.

E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão,

e confiarão no Senhor”

Salmos 40:1-3

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RESUMO

No contexto energético, as mudanças climáticas e as crescentes crises energéticas aumentaram as preocupações e as pesquisas na área de acumuladores de energia, visando alcançar melhorias no cenário energético e ambiental global. Ao mesmo tempo, a sociedade tornou-se dependente do consumo de energia elétrica, sendo que falhas no fornecimento não são permitidas. Portanto, observa-se a necessidade da energia ofertada ser de boa qualidade e, principalmente, não sofrer interrupções. Atrelado a esses fatores, a bateria de Magnésio – Ar passou a ser considerada uma fonte promissora de energia elétrica, principalmente pela abundância de Magnésio (sétimo elemento mais presente no planeta), por não poluir o meio ambiente, ser barata e possuir energia especifica elevada. Essas características transformam esse acumulador em um potencial substituto para outras tecnologias. No entanto, a bateria de magnésio possui desvantagens que precisam ser vencidas por meio de pesquisas para alavancar o seu uso comercial massivo. Sob essa perspectiva, neste trabalho propõe-se o estudo da liga de magnésio AZ91 para aplicação em baterias de Magnésio – Ar, por meio de ensaios de porosidade e de dureza, como também análise microestrutural e mensuração do potencial de circuito aberto e das curvas de polarização potenciodinâmica, utilizando-se uma célula eletroquímica de três eletrodos e um potenciostato em diferentes tempos de imersão da liga AZ91 na solução eletrolítica de NaCl 0,1 M. A porosidade da peça, observada no microscópio óptico com ampliação de 50 vezes, revelou que em cada fase de solidificação existem poros de tamanhos diferentes, com distribuição específica. Conforme o processo de resfriamento ocorre, nota-se a presença de poros maiores. Relacionado à porosidade, a dureza apresentou valores maiores na fase inicial de solidificação, onde a porosidade é menor. Por meio da análise microestrutural, foi possível verificar a presença de dendritas, com uma complexa dispersão de segunda fase na liga (alumínio), porosidades e inclusões. As medidas de potencial de circuito aberto indicam uma tendência de resistência à corrosão em tempos maiores de contato da amostra com a solução de NaCl. Não foi possível observar passivação aparente na amostra, nem pontos de corrosão localizada (pite) nas curvas de polarização potenciodinâmica. As variações no potencial de corrosão apontaram uma maior resistência à corrosão em tempos de imersão maiores; contudo, os valores estáveis de densidade de corrente de corrosão demonstram que a velocidade de corrosão permaneceu constante, sendo que a camada de óxido formada não contribuiu na proteção do material. Para a aplicação em baterias de magnésio, esses resultados conferem uma limitação da liga AZ91, pois a camada de óxido formada pode prejudicar o funcionamento do dispositivo em processos de descarga intermitente. As principais formas de controlar a eficiência da bateria de Magnésio – Ar são por meio da composição da liga, da oxigenação, do pH, da temperatura e da concentração de sais NaCl no eletrólito.

Palavras-chave: acumuladores de energia, baterias de Magnésio – Ar, liga de magnésio AZ91, caracterização.

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ABSTRACT

In the energy sector, weather changes and rising energy crisis raised concerns and research in energy accumulators to achieve improvements in overall environmental and energy scenario. At the same time, society has become dependent on electricity consumption, so failures in supply are not tolerated. Therefore, the energy needs to have a good quality, and not suffer interruptions. Coupled to these factors, the battery Magnesium – Air has been considered a promising source of electricity, mainly by the abundance of magnesium (seventh-most element present on the planet), not to pollute the environment, be cheap and have high specific energy. These characteristics transform this accumulator in a potential substitute for other technologies. However, the magnesium battery has disadvantages that need to be overcome through research to leverage their massive commercial use. From this point of view, this study proposes the characterization of magnesium alloy AZ91 for application in batteries Magnesium – Air, testing the porosity and hardness, as well as microstructural analysis, and the measurement of the open potential circuit and the potentiodynamic polarization, in various immersion times using an electrochemical cell with three electrodes. The porosity of the part, observed in the optical microscope, revealed that at each stage of solidification, the pores have different sizes and distribution. As the cooling process occurs, could observe the presence of larger pores. Associated to the porosity, hardness values were higher in the initial phase of solidification, where the porosity was less. Through microstructural analysis was verified the presence of dendrites, with a complex dispersion of second phase in the alloy (aluminum), porosity and inclusions. The open potential circuit indicated a tendency for corrosion resistance in greater immersion time in the solution of NaCl. In all cases, the potentiodynamic polarization curves did not exhibit apparent passivity, or points of localized corrosion (pitting). The changes in corrosion potential showed greater resistance to corrosion in immersion times larger, however, the steady state values of corrosion current density demonstrated that the corrosion rate remained constant and the oxide layer formed did not protect the material. For use in magnesium batteries, these results provided a limitation of the AZ91 alloy, because the oxide layer can disturb the functioning of the device in cases of intermittent discharge. The main ways to control the battery efficiency Magnesium – Air are through the alloy composition, oxygenation, pH, temperature and salt concentration of NaCl in the electrolyte.

Keywords: Energy storage systems, magnesium – air batteries, magnesium alloy AZ91, characterization.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Acumuladores de energia na indústria de energia elétrica .................................... 24�

Figura 2 – Aplicação de acumuladores de energia nas redes .................................................. 27�

Figura 3 – Eletrólise ................................................................................................................ 28�

Figura 4 – Exemplo de pilha ................................................................................................... 29�

Figura 5 – Diferentes tipos de baterias .................................................................................... 33�

Figura 6 – Exemplo de bateria metal-ar .................................................................................. 37�

Figura 7 – Distribuição mundial das reservas de magnesita ................................................... 39�

Figura 8 – Célula utilizada pela Alcan. ................................................................................... 41�

Figura 9 – Bateria Magnésio – Água do mar .......................................................................... 51�

Figura 10 – Bateria Magnésio – Ar ......................................................................................... 52�

Figura 11 – Lingote de magnésio – Liga AZ91, destacando-se (a) como recebido pelo

fornecedor; (b) e o lingote na bancada ..................................................................................... 57�

Figura 12 – Reagentes, equipamentos e processo de preparo da solução de NaCl 0,1 M no

laboratório de pesquisa da UFABC, sendo (a) o NaCl (Cromato Produtos Químicos Ltda); (b)

a balança analítica; (c) agitação magnética; (d) e, por fim, o uso do balão volumétrico para

completar o volume da solução ................................................................................................ 58�

Figura 13 – Lixadeiras Arotec Aropol 2V .............................................................................. 58�

Figura 14 – Potenciostato/Galvanostato Ivium n-STAT ......................................................... 59�

Figura 15 – Célula eletroquímica para montagem com 3 eletrodos ........................................ 59�

Figura 16 – Corte do lingote para avaliação da porosidade, destacando-se em (a) o corte do

lingote; (b) e a amostra do lingote para análise após o corte ................................................... 60�

Figura 17 – Diferentes estados da superfície da amostra para avaliação da porosidade, sendo

(a) após o lixamento 180; (b) após o lixamento 220; (c) após o lixamento 400; (d) e após o

lixamento 600 ........................................................................................................................... 60�

Figura 18 – Amostra no banho ultrassônico ........................................................................... 61�

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Figura 19 – Amostra finalizada e pontos de observação, sendo (a) o início de solidificação do

lingote; (b) a fase intermediária de solidificação; (c) e a fase final de solidificação ............... 61�

Figura 20 – Amostra no durômetro durante ensaio ................................................................. 62�

Figura 21 – Corte do lingote para avaliação da microestrutura .............................................. 63�

Figura 22 – Corte transversal e longitudinal na amostra, destacando-se em (a) a amostra para

análise transversal; (b) a amostra para análise longitudinal ..................................................... 63�

Figura 23 – Corte com arco de serra ....................................................................................... 63�

Figura 24 – Corte transversal e longitudinal ........................................................................... 64�

Figura 25 – Embutimento das amostras .................................................................................. 64�

Figura 26 – Lixamento e polimento das amostras, sendo (a) após o lixamento final 600; (b)

após o polimento ...................................................................................................................... 64�

Figura 27 – Montagem da célula eletroquímica, destacando-se em (a) o encaixe do eletrodo

de magnésio com o contato elétrico; (b) e o eletrodo de magnésio encaixado ........................ 66�

Figura 28 – Arranjo das células no potenciostato ................................................................... 66�

Figura 29 – Representação gráfica do método de Tafel .......................................................... 67�

Figura 30 – Representação esquemática do processo de solidificação do lingote. Em (a) o

metal encontra-se totalmente líquido; (b) início da solidificação na região do molde; (c)

contração sólida; (d) e final do processo de solidificação ........................................................ 68�

Figura 31 – Representação esquemática das zonas macroestruturais ..................................... 68�

Figura 32 – Análise de porosidade do lingote com ampliação de 50 vezes, sendo (a) a

porosidade no início da solidificação; (b) a porosidade na fase intermediária de solidificação;

(c) e a porosidade na fase final de solidificação ....................................................................... 70�

Figura 33 – Análise de dureza (ampliação de 50 X), destacando-se (a) a calota no início da

solidificação; (b) a calota na fase intermediária de solidificação; (c) e a calota na fase final de

solidificação ............................................................................................................................. 72�

Figura 34 – Crescimento de sólido com interface sólido – líquido não plano ........................ 73�

Figura 35 – Forma tridimensional das dendritas ..................................................................... 73�

Figura 36 – Amostra sem ataque químico com ampliação de 100x após o lixamento e o

polimento .................................................................................................................................. 74�

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Figura 37 – Ataque químico com nital 3% sob diferentes condições, sendo (a) corte

longitudinal e ampliação de 50x; (b) corte transversal e ampliação de 50x; (c) corte

longitudinal e ampliação de 100x; (d) e corte transversal e ampliação de 100x ...................... 75�

Figura 38 – Ataque químico com ácido acético 10% sob diferentes condições, sendo (a) corte

longitudinal e ampliação de 50x; (b) corte transversal e ampliação de 50x; (c) corte

longitudinal e ampliação de 100x; (d) e corte transversal e ampliação de 100x ...................... 76�

Figura 39 – Variação do potencial de circuito aberto para a liga AZ91 em solução de NaCl

em diferentes tempos de imersão ............................................................................................. 77�

Figura 40 – Corrosão na amostra (tempo de imersão de 7 dias em NaCl) .............................. 78�

Figura 41 – Curvas de polarização potenciodinâmica para a liga AZ91 em solução de cloreto

de sódio (NaCl 0,1 M) em diferentes tempos de imersão. Taxa de varredura: 0,167 mV/s e

step: 0,18 mV ........................................................................................................................... 80�

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tecnologias de acumulação – forma de armazenamento ...................................... 25�

Tabela 2 – Principais Sistemas Acumuladores de Energia Elétrica ........................................ 26�

Tabela 3 – Parâmetros físicos para caracterização de baterias ................................................ 32�

Tabela 4 – Tecnologias de baterias – características usadas por empresas de energia elétrica

.................................................................................................................................................. 33�

Tabela 5 – Principais propriedades do magnésio .................................................................... 38�

Tabela 6 – Principais matérias-primas utilizadas na fabricação do magnésio ........................ 39�

Tabela 7 – Produção e reservas para os principais países ....................................................... 40�

Tabela 8 – Principais tecnologias de produção do magnésio .................................................. 41�

Tabela 9 – Principais tipos de agentes redutores utilizados .................................................... 42�

Tabela 10 – Processos de redução térmica .............................................................................. 42�

Tabela 11 – Comparação entre o método de eletrólise e o de redução térmica ...................... 43�

Tabela 12 – Principais elementos utilizados nas ligas de magnésio ....................................... 45�

Tabela 13 – Principais ligas magnésio – alumínio e limites de tolerância à contaminação .... 46�

Tabela 14 – Principais tipos de corrosão ................................................................................. 47�

Tabela 15 – Classificações de rejeitos de magnésio ................................................................ 48�

Tabela 16 – Principais processos de reciclagem ..................................................................... 49�

Tabela 17 – Vantagens e desvantagens da célula metal – ar ................................................... 50�

Tabela 18 – Metais, capacidades específicas, tensões e energias específicas ......................... 50�

Tabela 19 – Dureza Brinell ..................................................................................................... 71�

Tabela 20 – Medidas de potencial de circuito aberto da liga AZ91 ........................................ 77�

Tabela 21 – Potencial de corrosão e densidade de corrosão da liga AZ91 em solução de NaCl

(0,1 M) em diferentes tempos de imersão ................................................................................ 81�

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEM Central multiusuário

CH3COOH Ácido acético

Cl Cloro

ECA Potencial de circuito aberto

ECORR Potencial de corrosão

EESS Electrical Energy Storage System

ESS Energy Storage System

f.e.m. Força Eletromotriz

HCl Ácido clorídrico

HNO3 Ácido nítrico

iCORR Densidade de corrente de corrosão

MET Microscopia Eletrônica de Transmissão

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

Mg Magnésio

Mg(OH)2 Hidróxido de magnésio

MO Microscopia Óptica

NaCl Cloreto de sódio

PHS Pumped Hydroelectric Storage

PIB Produto Interno Bruto

SAE Sistema Acumulador de Energia

SAEE Sistema Acumulador de Energia Elétrica

SD Sistema de Distribuição

ST Sistema de Transmissão

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SUMÁRIO

1.� INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 20

2.� OBJETIVO ................................................................................................................ 22

3.� REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 23�

� Energia – Acumuladores e Sistemas Elétricos .......................................................... 23�3.1.

3.1.1.� Acumuladores de energia ................................................................................... 25�3.1.1.1.� Baterias ....................................................................................................... 27�

� Magnésio como material para produção de baterias ................................................. 38�3.2.

3.2.1.� Produção do Magnésio ...................................................................................... 40�3.2.2.� Refino do Magnésio ............................................................................................ 44�

3.2.3.� Produção de Ligas de Magnésio ........................................................................ 44�3.2.4.� Corrosão do magnésio ....................................................................................... 46�

3.2.5.� Reciclagem do Magnésio ................................................................................... 48�� Baterias de Magnésio – Ar ........................................................................................ 49 3.3.

4.� PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ................................................................. 54�

� Principais técnicas de avaliação morfológica e eletroquímica .................................. 54�4.1.

� Metodologia ............................................................................................................... 57�4.2.

4.2.1.� Materiais ............................................................................................................ 57�4.2.2.� Métodos .............................................................................................................. 59�

4.2.2.1.� Avaliação da porosidade ............................................................................. 59�4.2.2.2.� Determinação da dureza .............................................................................. 61�

4.2.2.3.� Análise da microestrutura ........................................................................... 62�4.2.2.4.� Preparo da célula eletroquímica .................................................................. 65�

4.2.2.4.1.� Potencial de circuito aberto ..................................................................... 66�

4.2.2.4.2.� Polarização potenciodinâmica ................................................................ 67�

� Resultados .................................................................................................................. 68�4.3.

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4.3.1.� Análise de porosidade ........................................................................................ 68�

4.3.2.� Análise de dureza ............................................................................................... 71�4.3.3.� Análise microestrutural ...................................................................................... 73�

4.3.4.� Medidas de potencial de circuito aberto ............................................................ 77�4.3.5.� Medidas de polarização potenciodinâmica ....................................................... 78

5.� CONCLUSÃO ........................................................................................................... 83

6.� TRABALHOS FUTUROS ........................................................................................ 85

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 86�

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1. INTRODUÇÃO

No contexto energético, as mudanças climáticas têm provocado crescentes debates e

discussões internacionais com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa,

como observado nas resoluções do protocolo de Kyoto. Ao mesmo tempo, a sociedade

tornou-se dependente do consumo de energia elétrica, de modo que, segundo Dalkaine et al.

(2006), falhas no fornecimento não são permitidas, especialmente nos hospitais, nos bancos e

nas centrais telefônicas, entre outros. Portanto, observa-se a necessidade da energia ofertada

ser de boa qualidade e, principalmente, não sofrer interrupções.

As redes precisam ser mais confiáveis, eficientes, ambientalmente corretas e

necessitam dar suporte à geração distribuída e à integração com os acumuladores de energia.

Nesse contexto, têm-se os desafios com a mudança para as smart grids, que são redes

inteligentes de transmissão e de distribuição de energia. Essa transição na tecnologia e na

filosofia de operações representa o maior obstáculo já enfrentado pelas indústrias elétricas

(IPAKCHI; ALBUYEH, 2009).

Relacionado a isto, o uso dos Sistemas Acumuladores de Energia (SAEs), ou Energy

Storage Systems (ESS), pode ser de grande valia a fim de otimizar a utilização das fontes de

alimentação, aliviar o congestionamento nas redes de distribuição, melhorar o mercado de

geração de energias renováveis e prevenir perdas na qualidade de energia entregue ao

consumidor (BAXTER, 2002). Desta forma, a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e as

inovações na área de acumuladores de energia são essenciais para conferir melhorias para este

cenário, principalmente visando o cuidado com o meio ambiente e o desenvolvimento

sustentável.

O fato da eletricidade ser de difícil armazenamento e de haver oscilações na sua

demanda, associado à crescente escassez de energia utilizável, contribuiram para que algumas

tecnologias alternativas, como a bateria de Metal – Ar, fossem consideradas fontes

promissoras de energia elétrica. As baterias de metal-ar são baratas e ambientalmente

corretas, no entanto, a principal desvantagem refere-se à recarga, que até o momento não se

mostrou viável (CHEN et al., 2009; SHTERENBERG et al., 2014).

No caso da bateria de Magnésio – ar, objeto de estudo do presente trabalho, as

vantagens incluem energia específica alta, baixo peso, menor custo, ser reciclável e não poluir

o meio ambiente. Ainda segundo Martínez (2012), o magnésio (Mg) representa 2% da crosta

terrestre, o que faz deste metal o sétimo elemento químico mais abundante da Terra. Essas

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características tornaram a bateria Mg – ar uma potencial substituta para as convencionais

tecnologias de baterias, inclusive as de íon-lítio.

Contudo, a bateria de magnésio possui desvantagens, como o baixo desempenho em

descargas intermitentes, que podem comprometer o seu uso comercial quando comparada a

outras tecnologias (JARVIS, 1992). Outro fator limitante é a corrosão das ligas de magnésio,

pois estas apresentam baixa resistência a corrosão, devido ao fato do magnésio ser o metal

mais anódico dentre os materiais estruturais.

Para resolver este e outros desafios, como a difícil recarga (SHTERENBERG et al.,

2014), novas pesquisas estão sendo realizadas em diversas aplicações, como identificado por

meio do estudo de caso da Toyota, que está realizando pesquisas na área para a aplicação em

veículos híbridos, onde a recarga é necessária (NONAKA; PELTOKORPI, 2009). O foco da

Toyota é desenvolver baterias de magnésio secundárias, consideradas promissoras por

diversos autores em vários artigos, inclusive por Orikasa et al. (2014), num artigo publicado

na revista Nature. Estes fatores justificam a busca por conhecimentos e o desenvolvimento de

novas pesquisas em baterias de magnésio.

Por meio dos ensaios experimentais realizados, foi possível evidenciar as

características mecânicas do lingote da liga AZ91, que influenciam nas demais propriedades,

bem como as propriedades eletroquímicas que regem o comportamento da geração de energia

elétrica na bateria. Foram realizadas análises de porosidade, de dureza, de microestrutura,

assim como, medidas de potencial de circuito aberto (potencial estabelecido espontaneamente

na superfície do metal em contato com o ambiente) e medidas de polarização

potenciodinâmica (potencial de corrosão e densidade de corrente de corrosão do material),

para avaliar a aplicação da liga AZ91 em baterias de magnésio.

A fim de apresentar a pesquisa realizada, este trabalho está dividido em seis partes,

incluindo a presente introdução; os objetivos; a revisão bibliográfica, composta pelas

definições de acumuladores de energia elétrica, informações referentes ao magnésio e pelos

conceitos de baterias magnésio – ar; os procedimentos experimentais; a conclusão; e,

finalmente, as sugestões para trabalhos futuros.

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2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é realizar uma caracterização da liga de magnésio AZ91 para

aplicação em baterias de magnésio – ar. Para isto, desenvolveram-se ensaios experimentais,

para obter a caracterização mecânica e eletroquímica da amostra, avaliando-se o uso desta liga

para aplicações futuras em baterias magnésio – ar. Os principais objetivos específicos são:

• Analisar a porosidade, a dureza e a microestrutura da liga.

• Medir o potencial de circuito aberto na célula eletroquímica de três eletrodos

• Analisar as curvas de polarização potenciodinâmica, verificando a ocorrência de

fenômenos de passivação e corrosão do material, por meio do potencial de corrosão e

da densidade de corrente de corrosão, relacionando-se à aplicação da liga em baterias

de metal ar.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo são apresentados os principais conceitos, envolvendo os acumuladores

de energia, bem como as principais informações referentes à produção, refino, corrosão e

reciclagem do magnésio. Em seguida, apresenta-se a definição de bateria de magnésio – ar,

um tipo específico de acumulador de energia que é o objeto de estudo do presente trabalho.

Energia – Acumuladores e Sistemas Elétricos 3.1.

A eletricidade, assim como outras commodities como o gás, o aço e a água, é difícil de

armazenar. Com as oscilações na sua demanda, que podem ser durante o dia ou ao longo dos

meses do ano, a demanda máxima é atingida apenas algumas horas por ano (VILLAR, 2010).

Simultaneamente, com a crescente escassez de energia utilizável, novas fontes energéticas

mais eficientes estão sendo desenvolvidas (HUAN; ZHU; SHEN, 2012).

Essas constatações são algumas das principais razões para que os sistemas de geração

de eletricidade sejam construídos para operar de forma que a produção sempre corresponda ao

consumo. Assim, a geração deve estar sempre pronta para atender a demanda máxima, mesmo

que esta ocorra em pequenos períodos. Com isso, diversas usinas elétricas são subutilizadas,

diminuindo a eficiência do sistema, e a produção de eletricidade é centralizada, ficando

geralmente afastada dos grandes centros consumidores (LINDEN, 2006).

O fato da geração estar longe da demanda também acarreta perdas com a transmissão e

possíveis falhas no abastecimento, uma vez que o caminho a ser percorrido até os

consumidores é grande e exige constantes manutenções no sistema. Por outro lado, a

sociedade tornou-se dependente do consumo de energia elétrica para a produção de bens e

serviços, tanto na automação industrial, como no armazenamento e processamento de dados, e

também nos sistemas modernos de telecomunicações.

Esta necessidade, segundo Dalkaine et al. (2006), não permite que falhas no

fornecimento sejam toleradas. O autor cita como exemplos os hospitais, bancos e até as

centrais telefônicas, que são compostas por grandes sistemas informatizados que dependem

fortemente de energia de boa qualidade e, principalmente, sem sofrer interrupções, já que

estas podem causar graves prejuízos (perdas econômicas, materiais e até mesmo humanas).

Segundo Baxter (2002), o uso de SAEs pode desacoplar a demanda da produção

isolada e ajudar a vencer alguns desafios, como melhorar a baixa utilização das fontes de

alimentação, aliviar o congestionamento nas redes de distribuição, melhorar o mercado de

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geração de energias renováveis e prevenir perdas na qualidade da energia entregue ao

consumidor, que segundo Deckmann e Pomilio (2010), pode ser entendida como uma medida

de quão bem a energia elétrica pode ser utilizada pelos consumidores, incluindo

características como continuidade de suprimento e conformidade com os parâmetros

desejáveis para a operação segura.

O uso de SAEs pode ser associado aos sistemas de geração tradicionais em larga

escala. Desta forma, o sistema tradicional deve ser projetado para possuir uma capacidade de

geração que atenda a demanda média, enquanto que o sistema acumulador fornece

eletricidade nos momentos de picos. Esta configuração aumenta a eficiência do processo, uma

vez que reduz a necessidade de centrais com capacidade instalada muito superior à demanda

média. A Figura 1 demonstra o funcionamento dos SAEs em conjunto com a indústria de

energia elétrica. Figura 1 – Acumuladores de energia na indústria de energia elétrica

Fonte: Adaptado de Baxter (2002)

O uso de SAEs em larga escala, como esquematizado na Figura 1, pode evitar alguns

problemas, como o blackout ocorrido no Brasil em Novembro de 2009, que afetou mais de 60

milhões de pessoas e trouxe diversos prejuízos. As vantagens decorrentes do uso incluem

maior eficiência do sistema, maior segurança, uso otimizado dos recursos, menores emissões

de poluentes, entre outros.

Ainda no contexto brasileiro, os dados da Empresa de Pesquisa Energética (2013)

apontam que em 2012 a geração de energia elétrica no Brasil atingiu 552,5 TWh, 3,9%

superior ao de 2011. A fonte principal é a hidrelétrica e a oferta interna foi de 592,8 TWh,

levando-se em conta a importação de 40,3 TWh. No entanto, o consumo final foi de 498,4

TWh.

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Segundo Tolmasquim (2011), é importante ressaltar que a geração e o consumo são

fenômenos físicos, enquanto que a comercialização é um fenômeno contratual e contábil que

possui um lastro (garantia física que cada gerador pode comprometer nos seus contratos de

compra e venda de energia) e diferenças entre a demanda e a oferta podem ocorrer em virtude

disso. Outro fator, já mencionado anteriormente, é o excesso de produção em contrapartida

com a demanda, que oscila periodicamente. A seguir serão detalhadas as definições de

acumuladores de energia, assim como a de bateria, que é um tipo especifico de acumulador.

3.1.1. Acumuladores de energia

Existem diversas definições de acumuladores de energia, que englobam diferentes

aplicações, no entanto, nesse trabalho o foco é nos denominados Sistemas Acumuladores de

Energia Elétrica (SAEEs) ou, do inglês, Electrical Energy Storage Systems (EESSs).

De acordo com Chen et al. (2009), a história dos SAEs começou no início do século

XX, com sistemas que eram capazes de estocar energia elétrica na forma de cargas e eram

descarregados conforme a necessidade. Neste período, as estações de energia eram desligadas

durante a noite e os acumuladores de chumbo-ácido supriam a demanda das residências com

redes de corrente contínua.

Segundo Suberu, Mustafa e Bashir (2014), existem quatro tipos de dispositivos

acumuladores de energia, sendo (1) os mecânicos (como o caso da hidrelétrica reversível), (2)

os elétricos (capacitores, supercapacitores), (3) os químicos (termoquímicos e

eletroquímicos), (4) e os térmicos (sistemas acumuladores de altas e baixas temperaturas).

Chen et al. (2009) afirmam que, como a eletricidade não é facilmente armazenada, ela pode

ser acumulada nessas outras formas e convertida de volta quando necessário. A Tabela 1

apresenta os principais tipos de acumuladores e alguns exemplos com base na forma de

armazenamento. Tabela 1 – Tecnologias de acumulação – forma de armazenamento

Tipo de armazenamento (Acumuladores de energia)

Descrição e exemplos

Elétrica Acúmulo de energia eletrostática por meio de capacitores, supercapacitores, supercondutores magnéticos

Mecânica Acumuladores de energia cinética e potencial, como as hidrelétricas reversíveis (PHS)

Química Energia eletroquímica (as tradicionais baterias, como chumbo-ácido, células combustíveis, baterias metal-ar, energia termoquímica)

Térmica Armazenamento de energia em baixas temperaturas e altas temperaturas Fonte: Elaborado a partir de Chen et al. (p. 294, 2009)

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Conforme já mencionado e apresentado na Figura 1, a cadeia de valor da eletricidade

consiste em cinco principais elos, apresentando a fonte de energia/combustível, a geração, a

transmissão, a distribuição e os serviços fornecidos aos clientes. Os SAEEs, quando

necessários, podem ser um sexto elo que integra os demais elementos existentes, criando um

mercado responsivo. Por isto, algumas tecnologias serão detalhadas a seguir, sendo que

algumas delas já estão disponíveis e outras ainda estão em desenvolvimento.

Chen et al. (2009) destacam que a primeira usina acumuladora de energia foi uma

hidrelétrica reversível (Pumped Hydroelectric Storage – PHS, no inglês), que foi colocada em

uso em 1929. Até 2005, mais de 200 PHS estavam em uso no mundo, possuindo uma

capacidade de geração de mais de 100 GW. Com o desenvolvimento das tecnologias, novos

SAEEs surgiram, como as baterias portáteis e algumas outras tecnologias descritas na Tabela

2. Tabela 2 – Principais Sistemas Acumuladores de Energia Elétrica

Tecnologia Descrição

Usina Hidrelétrica Reversível (PHS)

Utilizada em larga escala, consiste basicamente de dois reservatórios com diferentes altitudes (energia potencial). Apresenta baixo custo unitário.

Acumulador de energia em ar comprimido

(Compressed air energy storage)

É a única utilizada comercialmente, além da PHS, capaz de armazenar grandes quantidades de energia. Funciona como uma turbina convencional em ciclos de compressão e expansão do gás utilizado.

Bateria É a mais antiga forma de acumular energia elétrica e representa uma fonte autônoma de eletricidade.

Célula combustível É um dispositivo de conversão de energia eletroquímica, sendo que diversas combinações de combustíveis e oxidantes são possíveis, como a célula combustível de hidrogênio, que usa hidrogênio e oxigênio para produzir eletricidade e água.

Capacitores e Super-capacitores

O modo mais direto e literal de acumular energia elétrica. Consiste, basicamente, de duas placas de metal separadas por uma camada não condutora chamada dielétrica. Podem carregar muito mais rápido do que as baterias convencionais e por milhares de ciclos, mas apresentam baixa densidade de energia.

Acumulador de energia térmica

Existem em diversas aplicações, usam materiais que podem ser mantidos aquecidos ou resfriados em recipientes isolados e convertem a energia em elétrica quando necessários.

Fonte: Elaborado a partir de Chen et al. (p. 295-305, 2009)

A integração dos SAEEs com as redes de abastecimento convencionais é ilustrada na

Figura 2. É possível observar diversas aplicações dos SAEEs em larga escala, desde a geração

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até o consumidor final, percorrendo toda a cadeira de valor da eletricidade mencionada

anteriormente (CHEN et al., 2009). Figura 2 – Aplicação de acumuladores de energia nas redes

Fonte: Adaptado de Linden (p. 3453, 2006)

A capacidade das diversas tecnologias em converter rapidamente a energia

armazenada em eletricidade permite realizar, segundo Linden (2006), três funções básicas: (1)

a gestão da energia (nível de carga, tempo de duração, períodos de picos necessários), (2) as

“pontes” de energia (assegurar a continuidade do serviço e as reservas para contingências) (3)

e a qualidade e confiabilidade da energia (controle de voltagem, frequência e instalações de

produção).

A seguir será abordada a tecnologia bateria, que se trata de uma forma química de

armazenamento de energia que é o foco da pesquisa.

3.1.1.1. Baterias

Segundo Nelson e Bolin (1995), uma bateria é um conjunto de células eletroquímicas

(pilhas) que podem ser usadas para entregar corrente ou potência para uma carga. Então,

conforme apresentado por Suberu, Mustafa e Bashir (2014), as baterias são dispositivos de

acumulação de energia projetados para converter energia química em elétrica. Em química,

define-se que quando uma reação acontece existe uma mudança de energia potencial, que

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normalmente aparece na forma de calor que está sendo absorvido ou liberado no entorno da

reação.

No entanto, a mudança de energia potencial em algumas reações químicas pode

resultar em energia elétrica, como é o caso da eletrólise. Um tipo de circuito de eletrólise é

exemplificado na Figura 3. Figura 3 – Eletrólise

Fonte: Adaptado de Nelson e Bolin (p. 419, 1995).

Os principais componentes que estão presentes na Figura 3 são:

• Fonte DC de alimentação;

• Cátodo ligado ao terminal negativo;

• Ânodo ligado ao terminal positivo;

• Solução eletrolítica (eletrólito).

A equação química que descreve a eletrólise é chamada de reação de oxirredução,

sendo que o processo reverso é possível quando a reação de oxirredução produz corrente

elétrica. A Figura 4 mostra um exemplo de pilha que segue princípios similares ao da

eletrólise, também chamada de célula galvânica ou célula voltaica. A unidade básica de uma

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bateria é uma célula e a associação de duas ou mais células em série ou em paralelo constitui

uma bateria (NELSON; BOLIN, 1995). Figura 4 – Exemplo de pilha

Fonte: Adaptado de Nelson e Bolin (p. 419, 1995).

Cada célula possui dois eletrodos (ânodo e cátodo), que são separados fisicamente por

um material isolante elétrico, mas que é um condutor iônico. Os compostos são mergulhados

ou envolvidos por um eletrólito (meio condutor). Na Figura 4 são identificados:

• Ânodo: envia elétrons para a carga;

• Cátodo: recebe os elétrons;

• Carga DC que permite o fluxo de elétrons;

• Solução eletrolítica.

Na construção de uma bateria, os elementos básicos demonstrados na Figura 4, têm as

seguintes funções:

• Ânodo: é o agente redutor, aquele que doa elétrons para o circuito externo e é

oxidado durante a reação eletroquímica.

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• Cátodo: o agente oxidante, que recebe os elétrons do circuito externo e é

reduzido durante a reação eletroquímica.

• Solução eletrolítica (eletrólito): é o condutor iônico, que serve de meio para

transferência de íons, entre o ânodo e o cátodo. Nela são dissolvidos os sais,

ácidos e bases que modificam a condutividade iônica. Algumas baterias podem

utilizar eletrólitos sólidos, que são condutores iônicos na temperatura de

operação da célula.

A melhor combinação destes elementos são as que apresentam menor peso e possuem

maior capacidade e voltagem, no entanto, algumas combinações não são práticas.

Em combinações reais, o ânodo é selecionado com base na eficiência, como agente

redutor, boa condutividade, estabilidade, facilidade de fabricação e baixo custo. Alguns

exemplos comuns são o zinco, o lítio, e nesse estudo, o magnésio. O cátodo, de forma similar,

deve ser um agente oxidante eficiente, ser estável em contato com a solução eletrolítica, e, ter

uma voltagem de trabalho útil. Podem ser utilizados, como cátodo, o próprio oxigênio

presente no ambiente ou na solução eletrolítica, bem como os halogênios e os óxidos

metálicos. A solução eletrolítica, por sua vez, deve ser um bom condutor iônico, no entanto,

sem ser um meio condutor eletrônico, o que poderia causar um curto-circuito, além de ter

outras características importantes, como não ser reativo com os eletrodos, seguro no manuseio

e ter baixo custo. As principais soluções são aquosas, mas existem exceções, como as baterias

de lítio térmicas, onde sais fundidos e outros eletrólitos não aquosos são utilizados para evitar

a reação com o ânodo (LINDEN; REDDY, 2002).

Na superfície de contato entre o metal e o eletrólito existe uma diferença de potencial

elétrico, chamada de potencial de eletrodo. A força eletromotriz, geralmente abreviada por

f.e.m., é igual à soma algébrica dos potenciais de cada eletrodo, de forma que a força que

move a corrente pelo condutor em um circuito fechado. O termo força eletromotriz não

coincide com o conceito atual de força, mas ainda é usado para descrever o potencial da célula

eletroquímica (E), medida em volts (V) (CROMPTON, 2000).

A força eletromotriz, também chamada de potencial ou tensão, é negativa, pois uma

tensão precisa ser aplicada para catalisar a reação eletroquímica, denominando assim a célula

eletrolítica. A maioria das reações podem ser reversíveis, que no caso das baterias, são as

chamadas baterias recarregáveis.

Se a bateria for recarregável, a mesma consegue armazenar energia elétrica na forma

de compostos químicos eletroquimicamente ativos ou, de maneira inversa, transformar

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energia química em elétrica, por meio de uma reação reversível (ROSOLEM; BECK;

SANTOS; ARIOLI, 2012).

Então, a bateria recarregável armazena e gera energia elétrica por meio de reações de

oxidação (onde ocorre a perda de elétrons) e de redução (ganho de elétrons). A transferência

de elétrons ocorre no circuito elétrico externo, gerando corrente elétrica, conforme ilustrado

na Figura 4.

De acordo com Rosolem et al. (2012), no período de descarga da bateria, a energia

química armazenada nos eletrodos, transforma-se direta e espontaneamente em energia

elétrica. Durante a carga da bateria, é fornecida energia elétrica para transformar os materiais

que foram gerados na descarga nos produtos originais. A carga total de energia que pode ser

armazenada depende, diretamente, da quantidade de material eletroativo presente na bateria.

Com base no exposto até o momento, e conforme apresentado pelo Centro de Estudos

em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente (2001), existem duas categorias

principais de baterias, a saber, as baterias primárias e secundárias. As baterias primárias

produzem eletricidade a partir de reações eletroquímicas, geralmente irreversíveis, sem a

necessidade de serem carregadas por outra fonte de alimentação externa. Já as secundárias

necessitam ser recarregadas antes de produzir eletricidade, podendo ser carregadas e

descarregadas diversas vezes, enquanto que as primárias costumam ser inutilizadas.

As baterias primárias, que são objetos do presente estudo, segundo Hart (1987), são

projetadas para serem descarregadas uma única vez e não serem recarregadas. Jayasinghe el

tal. (2014) afirmam que este tipo de bateria é muito atraente para usos comerciais, porque

oferece alta densidade de energia, bom histórico de segurança, tempo de vida de

armazenamento longo, larga faixa de temperatura de operação e baixa auto descarga. As

principais aplicações são em usos militares, aeroespaciais, indústria médica e eletrônica.

Desta forma, os parâmetros eletroquímicos comumente utilizados para caracterizar

uma célula ou uma bateria são apresentados na Tabela 3.

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Tabela 3 – Parâmetros físicos para caracterização de baterias

Tensão (E) Potencial ou força eletromotriz de uma célula eletroquímica. É a diferença entre os potenciais de redução e oxidação dos eletrodos. Unidade: volt (V)

Corrente (I) Movimento ordenado de partículas eletricamente carregadas (elétrons). Pode ser definida como a quantidade de carga que atravessa o condutor por unidade de tempo. Unidade: ampère (A)

Capacidade específica (C)

Quantidade total de corrente por unidade de tempo que uma célula ou bateria fornece até a tensão final de descarga.

� � ����

Unidade de medida: ampère-hora (Ah). Para diferentes tecnologias de baterias, utiliza-se o valor normalizado em massa (Ah/kg) ou volume (Ah/l)

Energia específica (Wh)

Quantidade de energia elétrica que uma célula ou bateria pode armazenar.

�� � ���

Unidade de medida: watt-hora (Wh)

Energia específica mássica (Wm) ou Densidade Energética

Quantidade de energia elétrica que uma célula ou bateria pode armazenar, normalizada pela massa.

�� ����

���������������

Unidade de medida: watts-hora por quilo (Wh/kg)

Energia específica volumétrica (Wv)

Quantidade de energia elétrica que uma célula ou bateria pode armazenar, normalizada pelo volume.

�� ����

�����������������

Unidade de medida: watts-hora por litro (Wh/l)

Potência específica (P)

Capacidade da bateria fornecer altas taxas de corrente, em regime permanente ou de pico.

� � ���

Unidade de medida: watt (W). Para diferentes tecnologias de baterias utiliza-se a potência normalizada em massa (W/kg) ou em volume (W/l)

Potência específica mássica (Pm)

Potência específica normalizada pela massa. Unidade de medida: watts por quilo (W/kg)

Potência específica volumétrica (Pv)

Potência específica normalizada pelo volume. Unidade de medida: watts por litro (W/l)

Fonte: Adaptado de Rosolem et al. (p. 61, 2012).

Nas baterias secundárias, o ciclo de vida refere-se à quantidade de ciclos de

carga/descarga que a bateria pode realizar até a sua capacidade se reduzir ao percentual limite

mínimo (especificado por tecnologia). Recomenda-se, no mínimo, 500 ciclos para produtos

eletrônicos, como celulares, notebooks, tablets, e 1000 ciclos para veículos elétricos

(ROSOLEM et al., 2012).

Com relação aos tipos de baterias, a Figura 5 apresenta os principais, que são

classificados em função da temperatura interna de armazenamento, que pode ser baixa ou alta.

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Figura 5 – Diferentes tipos de baterias

Fonte: Adaptado de Suberu, Mustafa e Bashir (p. 502, 2014)

As baterias com temperaturas baixas, que operam normalmente em temperatura

ambiente, são chumbo-ácido, níquel-cádmio, íon-lítio e de hidreto metálico de níquel. As com

temperaturas altas são de sódio-enxofre, cloreto de níquel-sódio e de fluxo. Na Tabela 4 é

possível observar as diferentes aplicações e suas principais características. Tabela 4 – Tecnologias de baterias – características usadas por empresas de energia elétrica

Bateria Maior capacidade (comercial)

Localização e aplicação

Rendimento Custo (US$/kWh)

Temperatura de operação

(ºC)

Tempo de vida (ciclos)

Chumbo-ácido

(inundada)

10 MW/40 MWh

Califórnia Nivelamento na rede

72-78% 68-205 5 a 40 1000-2000

Chumbo-ácido

(regulada por válvulas)

300 kW/580 kWh

Milwauke Nivelamento na rede

72-78% 68-205 5 a 40 200-300

Níquel-cádmio

27 MW/6,75 MWh

Alaska, Tóquio Nivelamento da rede, controle de suprimento elétrico

72-78% 274-822 40 a 50 3000

Sódio-enxofre

9,6 MW/64 MWh

Tóquio Nivelamento na rede

89% - 325 2500

Íon-lítio - - 100% 959-1370 30 a 60 3000 Metal-ar - - 50% 68-274 20 a 50 100 Célula de

combustível regenerativa

15 MW/120M

Wh

Bedfordshire (Em desenvolvimento)

75% 493-1370 0 a 40 -

Fonte: Adaptado de Suberu, Mustafa e Bashir (p. 503, 2014)

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Considerando-se o tipo de ânodo utilizado na construção das baterias, e a classificação

em baterias primárias e secundárias, pode-se mencionar as principais tecnologias, por tipo de

bateria, conforme apresentado por Linden e Reddy (2002):

• Baterias primárias: 1. Zinco-carbono e Zinco/MnO2: comum, baixo custo, diversos tamanhos.

Aplicada em brinquedos, rádios-portáteis, instrumentos, entre outras.

2. Magnésio (Mg/MnO2): alta capacidade específica, vida útil longa. Uso em

transmissores militares, transmissores de emergência em aeronaves.

3. Alcalina (Zn/alcalino/MnO2): bateria premium mais utilizada, em

aplicações gerais, como equipamentos portáteis.

4. Prata/Zinco (Zn/O2): maior capacidade, em termos de peso, vida útil

longa. Uso em aparelhos auditivos, fotografia, relógios elétricos, entre

outros.

5. Lítio/ Cátodo solúvel: alta densidade de energia, vida útil longa, boa

performance. Utilizada desde equipamentos básicos até aplicações

militares.

6. Lítio/ Cátodo sólido: alta densidade de energia, vida útil longa, boa

performance, preço competitivo. Substituto para baterias botão e

cilíndricas.

• Baterias secundárias:

1. Chumbo-ácido:

o Automotivo: popular, baixo custo, energia específica moderada. Uso em

automóveis, carrinhos de golfe, cortadores de grama, tratores, entre outros.

o Tração (força motriz): projetada para descargas prolongadas de 6 a 9 horas.

Aplicada em caminhões, veículos elétricos e em alguns tipos de submarinos.

o Estacionária: projetada para luzes e energia de emergência, telefones, entre

outros.

o Portátil: selada, sem manutenção, baixo custo. Aplicada em ferramentas

portáteis, TVs e equipamentos portáteis.

2. Níquel-cádmio portátil: selada, sem manutenção, excelente ciclo de vida.

Aplicada em ferrovias, ferramentas portáteis, pagers, equipamentos

fotográficos, entre outros.

3. Íon-lítio: alta energia específica, vida útil longa. Uso em equipamentos

eletrônicos portáteis, veículos elétricos, e outros.

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Segundo Cesaretti e Moreira (2011), dentre os combustíveis mais utilizados em

plantas convencionais de geração de energia elétrica o de menor densidade energética é a

biomassa. Na sequência têm-se os combustíveis fósseis, com densidades até 10 vezes

maiores, e, finalmente, a fonte nuclear (densidade energética milhares de vezes maiores).

Nesse sentido, as diversas tecnologias citadas apresentam problemas, desde a baixa densidade

energética até o alto impacto ambiental. Algumas baterias citadas na Tabela 4 podem ajudar a

reduzir essas desvantagens, levando-se em conta o custo e o rendimento apresentados. A

seguir, as principais tecnologias presentes na Figura 5 e na Tabela 4 são detalhadas.

• Íon-lítio

Segundo Suberu, Mustafa e Bashir (2014), as baterias de íon-lítio podem ser aplicadas

em dispositivos de baixa e alta carga, desde eletrônicos portáteis até aparelhos de

telecomunicação. O seu uso preferencial se dá em função da alta densidade de energia e alta

eficiência, como demostrado na Tabela 4. O ânodo da bateria é feito de carbono grafite e o

cátodo consiste em óxido metálico de lítio.

Estudos apontam tempo de vida de pelo menos 3000 ciclos de descarga, além das

vantagens que este tipo de bateria apresenta, tais como capacidade de carga rápida e baixo

peso. No entanto, o maior problema é o custo de produção e a segurança, pois o lítio é um

elemento extremamente reativo, necessitando de proteção (SUBERU; MUSTAFA; BASHIR,

2014).

• Sódio-enxofre

Trata-se de uma bateria de menor preço, devido a sua construção que envolve

materiais com alta tendência a reciclagem, e que possui alta densidade energética, alta

eficiência e é amplamente utilizada nos Estados Unidos e Japão. A temperatura de operação

necessária para manter a reação eletroquímica é elevada (270 a 300ºC), no entanto, o calor

produzido durante os ciclos de carga e descarga é suficiente para abastecer a reação sem a

necessidade de fontes externas (SUBERU; MUSTAFA; BASHIR, 2014).

• Níquel-cádmio

As baterias de níquel-cádmio foram inventadas em 1899, por Waldemar Junger, e

pertencem à família das baterias recarregáveis, que apresentam alta densidade de energia,

bom tempo de vida (número de ciclos) e baixa temperatura de operação, sendo robustas e

prováveis substitutas para as baterias de chumbo-ácido (SUBERU; MUSTAFA; BASHIR,

2014).

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Os principais problemas dessa tecnologia são o alto custo dos materiais necessários

para a sua construção, os riscos ambientais de contaminação por metais pesados, que precisam

ser corretamente descartados, e o chamado efeito memória, pois a bateria precisa ser

totalmente carregada ou descarregada para não diminuir o seu tempo de vida. Ressalta-se que

o cádmio e o níquel são tóxicos, apresentando sérios riscos para a saúde humana.

• Baterias de fluxo

As baterias de fluxo são recarregáveis e projetadas de forma que existam dois

depósitos externos para armazenar os eletrólitos, separados da unidade conversora de

eletricidade. A conversão ocorre na célula eletroquímica após os eletrólitos serem

transportados para a célula através de uma bomba, momento no qual entram em contato com

as substâncias eletroquimicamente ativas e reagem, gerando eletricidade.

Este tipo de bateria apresenta potenciais capacidades de descarga sem causar danos ao

próprio sistema, liberando energia por longos períodos de tempo em aplicações com carga

elevada. Contudo, a oferta ainda é limitada pelo alto preço de compra, de operação e de

manutenção (SUBERU; MUSTAFA; BASHIR, 2014).

• Chumbo-ácido

Chen et al. (2009) afirmam que as baterias chumbo-ácido são as mais antigas e

confiáveis, no entanto, possuem capacidade operacional limitada de armazenamento, quando

comparadas com outras tecnologias, e riscos ambientais. Esses dispositivos são compostos

por dois eletrodos separados por um eletrólito que operam de forma similar às baterias de

sódio-enxofre. As perspectivas de uso para esta tecnologia são limitadas, mas, devido ao seu

baixo custo acabam sendo ainda utilizadas. Um número elevado de antigas instalações ainda

está em operação, como uma planta de 20 MW em Porto Rico e outra de 40 MW na

Califórnia.

• Acumulador de Energia baseado em Bobinas Supercondutoras

Os sistemas acumuladores de energia baseados em bobinas supercondutoras

acumulam energia através de um campo magnético, criado pelo fluxo de corrente contínua

numa bobina de material supercondutor resfriada. Os principais elementos são a bobina

supercondutora, um sistema de condicionamento de energia, um refrigerador criogênico e um

recipiente de criostato/vácuo, para manter o sistema resfriado e o estado supercondutor

(LINDEN, 2006).

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• Célula a combustível

A célula a combustível, conforme definição de Chen et al. (2009), é um tipo de

dispositivo de conversão de energia eletroquímica, com construção similar às baterias,

diferenciando-se apenas no modo de operação. A célula consome combustível (hidrogênio,

etanol, metanol ou outros hidrocarbonetos) para gerar eletricidade, ou seja, consome os

reagentes, que podem ser reabastecidos, enquanto que as baterias convencionais operam num

sistema fechado. Outra diferença é que os eletrodos da bateria reagem e se alteram durante o

processo de carga e descarga, mas os eletrodos da célula a combustível são catalíticos e

relativamente estáveis.

O fato de terem muita proximidade, em termos de construção, com as baterias

convencionais fez com que as células combustíveis fossem consideradas nesse estudo como

um tipo de bateria, apresentando consistência com o trabalho de Suberu, Mustafa e Bashir

(2014). Ressalta-se que as baterias de metal – ar, objeto de análise neste trabalho, são um tipo

específico de célula a combustível e constam em detalhes ao longo do texto.

Os ânodos geralmente são metais, com alta densidade de energia, que perdem elétrons

quando oxidados, de modo que o metal torna-se o combustível e o ar é o agente oxidante. A

Figura 6 apresenta, de forma simplificada, o funcionamento dessa tecnologia para o exemplo

Zinco – ar. Figura 6 – Exemplo de bateria metal-ar

Fonte: Adaptado de Chen et al. (p. 300, 2009)

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As baterias de metal – ar são as mais compactas e com menor preço, além de serem

ambientalmente corretas. A principal desvantagem deste dispositivo é a recarga, que se

mostrou ineficiente e difícil, embora alguns estudos recentes estejam buscando melhorar esta

característica. No entanto, como a aplicação desejada é para baterias primárias, esta etapa

atual de desenvolvimento não é um fator limitante para o estudo proposto (CHEN et al, 2009).

Diante do exposto até o momento, a seguir serão apresentadas as principais

informações do magnésio, material escolhido para aplicação na produção de baterias metal –

ar.

Magnésio como material para produção de baterias 3.2.

O magnésio é um dos materiais mais abundantes da Terra, representando

aproximadamente 2% da crosta do planeta, e trata-se do metal mais leve produzido e usado

em escala comercial (WAN et al., 2008). O seu uso em larga escala está relacionado às suas

excelentes propriedades físicas, como elevada relação resistência/peso, baixa densidade,

ponto de fusão e ebulição relativamente baixo, entre outras (GRAY; LUAN, 2002). As

principais propriedades do metal encontram-se na Tabela 5. Tabela 5 – Principais propriedades do magnésio

Principais Propriedades

Mais baixa densidade entre os materiais de construção metálicos (1,738 g/cm3)

Boa fusibilidade – adequado para fundição em alta pressão

Boa soldagem em atmosfera controlada

Baixo módulo de elasticidade (45GPa)

Alta reatividade química

Fonte: Elaborado a partir de Mordike e Ebert (2001)

Na natureza, o magnésio não é encontrado na forma metálica, mas sim na forma de

compostos como silicatos, carbonatos, cloretos, sulfatos e outros. Esse elemento pode ser

obtido de mais de 60 minérios diferentes, no entanto, as principais fontes comerciais são a

magnesita, a dolomita, a bischofita, a carnalita, a serpentina e a água do mar. A Tabela 6

apresenta os principais materiais, assim como suas características e formulação química.

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Tabela 6 – Principais matérias-primas utilizadas na produção do magnésio

Material Características Fórmula Química

Magnesita Minério composto principalmente de carbonato de cálcio. Contém aproximadamente 28,8% de magnésio em massa. Comum no Brasil, Coreia, China, Áustria e costa oeste dos Estados Unidos.

MgCO3

Dolomita Carbonato duplo de magnésio e cálcio. Possui aproximadamente 13% de magnésio em massa. Comum no Brasil, Inglaterra, Alemanha, México e Noruega.

MgCO3*CaCO3

Bischofita Mineral extraído da água salgada e apresenta teor de aproximadamente 12% de magnésio em massa.

MgCl2*6H2O

Carnalita Mineral produzido a partir da evaporação da água salgada. Possui um teor médio de 9% de magnésio em massa e é encontrado em países como Irã, Israel, China, Rússia, Alemanha, México e Estados Unidos.

MgCl2*KCl*6H2O

Serpentina Mineral silicato, obtido como subproduto da indústria de amianto. Apresenta teor médio de 27% de magnésio em massa e é encontrado na Rússia, Itália e Canadá.

3MgO*2SiO2*2H2O

Água do mar

O magnésio é o terceiro elemento mais abundante da água salgada. É obtido adicionando-se um agente de precipitação e apresenta 0,13% de magnésio em massa.

Mg2+(aq)

Fonte: Adaptado de Aghion e Golub (p. 30, 2006)

Segundo Costa e Correia (2009), a magnesita é a principal fonte para a produção de

magnésio, sendo que o Brasil possui algumas das melhores jazidas do mundo em termos de

qualidade. A extração brasileira está localizada no nordeste do país, principalmente nos

estados da Bahia e do Ceará.

No cenário mundial, de acordo com Costa (2013), as estatísticas revelam que as

reservas de magnesita estão estimadas em 2,5 bilhões de toneladas. A Figura 7 apresenta a

distribuição mundial dos principais países, assim como a Tabela 7 demonstra as reservas e a

produção em cada território. Figura 7 – Distribuição mundial das reservas de magnesita

Fonte: Elaborado a partir de Costa (2013)

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Tabela 7 – Produção e reservas para os principais países

País Reservas (2012) – 103 toneladas

Produção (2012) – 103 toneladas

Rússia 650.000 350

China 500.000 4.300

Coréia do Norte 450.000 45

Brasil 239.342 479

Fonte: Adaptado de Costa (p.1, 2013)

Por meio da análise da Figura 7, é possível perceber que o Brasil possui a 4ª maior

reserva mundial, no entanto, a produção brasileira ainda pode ser mais explorada, como é o

caso da China. Ainda segundo Costa e Correia (2009), cerca de 80% da magnesita brasileira é

destinada ao setor de refratários básicos (composto principalmente pela indústria de siderurgia

– consumo de 85% – e indústria de cimentos – consumo de 7%).

O grande problema do magnésio é que ele queima na atmosfera, por causa da sua

propriedade combustível. Segundo Sakamoto e Ueno (2009), essa foi a maior barreira para o

uso civil do magnésio. Com relação à produção, por conta da referida capacidade, não era

possível aplicar as técnicas convencionais já existentes. Novos processos foram

desenvolvidos e aprimorados para viabilizar o uso comercial do metal.

Simultaneamente, pesquisas eram realizadas para reduzir a combustão do magnésio,

transformando-o num material não-combustível através do desenvolvimento de ligas com

outros elementos. Os processos deveriam ter custos compatíveis, de forma que as indústrias

demonstrassem interesse na exploração dessas ligas.

No entanto, segundo Sakamoto e Ueno (2009), o inicio do estudo das ligas não

combustíveis de magnésio foi acidental, por exemplo, pela adição de cálcio ao magnésio

fundido para redução de peso. Constatou-se que o cálcio elevava a temperatura de ignição da

liga em aproximadamente 200ºC, que será explicado com mais detalhes nos próximos tópicos.

3.2.1. Produção do Magnésio

Existem diferentes processos de produção em larga escala, no entanto, destacam-se

dois grupos principais que estão contidos na Tabela 8.

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Tabela 8 – Principais tecnologias de produção do magnésio

Eletrólise do cloreto de magnésio Produção através do fluxo de corrente elétrica por células eletrolíticas contendo o cloreto de magnésio fundido.

Redução térmica do óxido de magnésio Produção através do aquecimento do óxido de magnésio na presença de agentes redutores em temperaturas determinadas.

Fonte: Elaborado a partir de Aghion e Golub (2006)

Segundo Aghion e Golub (2006), a eletrólise do magnésio é feita a partir do cloreto,

diferentemente do alumínio que é feita a partir do óxido. Este processo geralmente é realizado

em temperaturas que variam entre 665-720 °C, dependendo da indústria. A corrente elétrica

passa por um banho de sais fundidos de forma que o cloro (Cl2) se desprende na forma de gás

e o magnésio é gerado no cátodo. A matéria-prima para esse processo de produção pode ser

de minérios que já contem magnésio na forma de cloreto ou em outras formas.

Para minérios que já contem magnésio na forma de cloreto, a matéria-prima principal

é a água do mar, que é processada para se obter a carnalita ou a bischofita. O processo é

econômico, pois a partir dele outros subprodutos podem ser obtidos, como o ácido clorídrico

(HCl) ou o cloro (Cl2). Já os minérios que possuem magnésio em outra forma, como o

carbonato e o silicato, devem ser transformados em cloreto para posteriormente serem

submetidos à eletrólise.

As células eletroquímicas, comumente utilizadas no processo de eletrólise, são

divididas em duas partes principais, o reator (local onde ocorre a eletrólise) e a área de serviço

(local onde os sais são colocados e o magnésio é retirado). A Figura 8 apresenta um esquema

de célula utilizada pela Alcan para exemplo. Figura 8 – Célula utilizada pela Alcan.

Fonte: Adaptada de Aghion e Golub (p. 40, 2006)

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Já a redução térmica pode ser dividida em três processos, de acordo com os agentes

redutores que são utilizados, que encontram-se na Tabela 9. A matéria-prima deste processo é

proveniente de dois minérios supracitados, a magnesita e a dolomita. A termodinâmica

depende dos reagentes, dos produtos e das condições de reação, como a pressão, a

temperatura e a presença de outros aditivos. Tabela 9 – Principais tipos de agentes redutores utilizados

Tipo de redução Agente redutor

Redução Silicotérmica Uso de Ferrosilício como agente redutor

Redução Aluminotérmica Uso de alumínio metálico como agente redutor

Redução Carbotérmica Uso de carvão ou outros compostos com carbono como agente redutor

Fonte: Elaborado a partir de Aghion e Golub (pg. 52-57, 2006)

Segundo Aghion e Golub (2006), a redução silicotérmica é o principal processo pelo

qual o magnésio é obtido de forma comercial. Para isto, o óxido de magnésio reage com o

ferrosilício em altas temperaturas e baixas pressões. Os métodos de maior importância

comercial estão brevemente descritos na Tabela 10. Tabela 10 – Processos de redução térmica

Processo Descrição

Pidgeon Principal processo de produção adotado nas

indústrias chinesas. O magnésio obtido apresenta

alta concentração de impurezas como alumínio,

ferro e manganês. Aproximadamente 13% de

magnésio em massa formado no processo.

Magnetherm O aquecimento ocorre através do fluxo de

corrente alternada através de um banho de escória

líquida que boia sobre a mistura de ferrosilício

com a dolomita. Aproximadamente 14% de

magnésio em massa formado no processo.

Bolzano Requer temperaturas relativamente baixas, o que

leva a um baixo consumo de energia no

aquecimento. São necessários aproximadamente 7

kWh/kg de magnésio. É um dos processos mais

eficientes para obtenção de magnésio atualmente

e é empregado em algumas indústrias nacionais,

como a Brasmag, pertencente ao grupo RIMA.

Fonte: Elaborado a partir de Aghion e Golub (p. 53-56, 2006)

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Já a redução aluminotérmica apresenta como vantagens o fato da reação ocorrer em

temperaturas mais baixas, no entanto, a principal desvantagem é o alto custo do agente

redutor, o alumínio. Nesse processo é consumido 6 kWh de energia elétrica para a produção

de 1 quilo de magnésio, sendo, portanto, mais eficiente do que o processo Bolzano, contudo

mais caro por conta do uso do alumínio (que pode ser obtido por meio de sucata ou de sobras

do processo de produção do metal).

A redução carbotérmica não é um meio viável, economicamente, para a produção do

magnésio. Isto ocorre porque a energia de ativação da reação é muito alta, além de ser

necessário um rápido resfriamento do produto para evitar que a reação inversa ocorra,

formando novamente óxido de magnésio e carbono. Mesmo assim, o processo foi utilizado

nos Estados Unidos e na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial.

Em termos práticos, o uso de processos de redução ou eletrolíticos dependem da

aplicação e da escolha pela indústria. No entanto, Aghion e Golub (2006) apontam que,

embora o capital investido no processo eletrolítico seja maior, os custos de operação são

maiores nos processos de redução térmica. Desta forma, é mais vantajoso, adotar o processo

de produção eletrolítico. A Tabela 11 apresenta um resumo comparativo entre as tecnologias,

assim como os investimentos necessários e custos associados. Tabela 11 – Comparação entre o método de eletrólise e o de redução térmica

Parâmetro Comparativo Tecnologia de Eletrólise Tecnologia de

Redução Térmica

Matéria-prima Magnesita

Dolomita

Bischofita

Carnalita

Serpentina

Água do mar

Dolomita

Fonte energética Hidrelétrica, gás, combustível Carvão, gás

Consumo de energia por

tonelada de Mg (MWh)

18-28 45-80

Condições operacionais Processo contínuo Processo por batelada

Investimento de capital

por tonelada de Mg (US$)

10.000 – 18.000 Acima de 2.000

Alimentação operacional

principal (fator

multiplicativo)

Uma vez (X vezes) Acima de cinco vezes o

valor da eletrólise (5X

vezes)

Fonte: Adaptado de Aghion e Golub (p. 59, 2006)

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3.2.2. Refino do Magnésio

O magnésio produzido pelos métodos supracitados não está livre de impurezas, por

isso torna-se necessário o refino do produto, seja obtido pelo processo de eletrólise como pela

redução térmica. As industrias possuem uma instalação dedicada a este fim, que geralmente

recebem o nome de Forno de Refino Contínuo.

Segundo Aghion e Golub (2006), o magnésio resultante do processo de eletrólise

apresenta na sua composição impurezas que são sedimentados com a ajuda de sais de alta

densidade. Após o refino, os teores de óxido de magnésio e cloreto são muito baixos. Além de

remover os elementos indesejados, este processo facilita o vazamento constante do metal

sobre os lingotes de fundição, por meio do aquecimento dos eletrodos no processo de

refinamento.

No método da redução térmica também são encontrados na forma de produto o óxido

de magnésio e o nitrato de magnésio, além de impurezas metálicas como o sódio, o cálcio e o

potássio. Os nitratos e óxidos afundam no banho, por possuírem densidade especifica maior e

os demais metais reagem com o cloreto de magnésio adicionado ao processo.

3.2.3. Produção de Ligas de Magnésio

As ligas de magnésio são reconhecidas como potenciais candidatas para aplicações em

engenharia, tanto para a indústria aeroespacial, como automotiva e estrutural (ZULETA et al.,

2011). O fato de possuírem baixa densidade e elevada relação resistência/peso é um

parâmetro importante em diversas aplicações, pois pode ocasionar, como exemplo, redução

no consumo de combustível de veículos e, consequentemente, redução no efeito estufa.

Além das propriedades físicas, outras propriedades atrativas são a proteção

eletromagnética, a biocompatibilidade (permite aplicações na eletrônica e dispositivos

biomédicos) e possuir elevada capacidade específica (a quantidade total de corrente que uma

célula eletroquímica fornece até a tensão final de descarga). Essas propriedades tornaram

viáveis os estudos de baterias feitas à base de ligas de magnésio.

Segundo Polmear (1995), aproximadamente 90% das ligas de magnésio são fundidas.

No entanto, alguns cuidados são necessários devido às diferentes propriedades físicas do

magnésio, como por exemplo, a oxidação na superfície do metal fundido. Recentemente

processos de extrusão e forjamento também estão sendo aplicados para produção das ligas.

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Somado a isso, existem aproximadamente 25 elementos que podem ser utilizados com

o magnésio para produção de ligas, sendo os principais componentes alumínio, zinco, terras

raras, silício, prata, tório, manganês, zircônio, estanho, ferro, cobre e níquel (MORDIKE;

LUKAC, 2006). Os principais elementos e suas contribuições para as propriedades da liga são

apresentados na Tabela 12. Tabela 12 – Principais elementos utilizados nas ligas de magnésio

Elemento Propriedades alteradas Elemento Propriedades alteradas

Alumínio Aumenta a resistência mecânica; limita

a resistência a fluência; diminui a

estabilidade térmica do material.

Manganês Aumento na tensão de escoamento;

aumentar a resistência à corrosão em

agua do mar.

Zinco Aumenta a resistência à temperatura

ambiente; acima de 1% reduzem a

ductilidade a quente.

Zircônio Refinador de grão.

Tório Redutor da oxidação durante a fusão;

refinador de grão; melhora a soldadura.

Estanho Aumenta a ductilidade; facilita o

forjamento; diminui tendência a trincas.

Silício Facilita a fundição melhorando a

fluidez; diminui a resistência à

corrosão com ferro.

Ferro,

cobre,

níquel

Diminuem a resistência à corrosão.

Prata Facilita o tratamento de

envelhecimento

Cálcio Aumenta a resistência à oxidação, a

temperaturas elevadas; melhora o

comportamento à corrosão Terras

raras

Aumenta a resistência à alta

temperatura; diminui a formação de

trincas

Fonte: Elaborado a partir de Mordike e Lukac (p. 80-82, 2006)

As ligas de magnésio-alumínio (que possuem aproximadamente 9% de alumínio em

sua composição) já são amplamente utilizadas, principalmente pelo fato de aumentarem a

resistência mecânica. No entanto, segundo Caldeira (2011), elas apresentam baixa resistência

à corrosão em água salgada. Na Tabela 13 são apresentadas as principais ligas, assim como a

produção e limites de tolerância à contaminação. A liga AZ91 é a mais utilizada

comercialmente e possui na sua composição os elementos alumínio e zinco, com teores de 9%

e 1% em massa, respectivamente.

A nomenclatura das ligas presentes na Tabela 13 segue a classificação definida pela

American Society for Testing and Materials (ASTM), sendo que no caso da liga AZ91 a letra

“A” representa o elemento alumínio, “Z” o zinco e os valores “9” e “1” suas respectivas

proporções em massa. Da mesma forma, para cada elemento adicionado existe uma

determinada letra e um valor proporcional em massa.

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Tabela 13 – Principais ligas magnésio – alumínio e limites de tolerância à contaminação

Liga Elementos de liga (% nominal) Tolerância dos contaminantes (ppm)

Al Zn Mn Terras

Raras

Si Sr Fe

(0,3 Mn)

Ni Cu Relação

Fe/Mn

Produto

AZ91 9 1 0,2 - - - 96 50 400 0,032 Fundição

AZ91E-T6 9 1 0,2 - - - 138 20 400 0,046 Fundição com

areia

AM60A,B 6 - 0,2 - - - 63 30 100 0,021 Fundição

AM50A 5 - 0,4 - - - 48 30 100 0,016 Fundição

AS41B 4 - 0,4 - 1 - 30 40 200 0,010 Fundição

AZ31A 3 1 0,5 - - - 39 - - 0,013 Forjada

AZ61A 6 1 0,3 - - - 63 - - 0,021 Forjada

Fonte: Adaptado de Caldeira (p. 39, 2011)

Para novas aplicações, novos elementos podem ser adicionados à liga de magnésio-

alumínio, buscando melhorar o comportamento da corrosão e oxidação. Um dos exemplos,

segundo Sakamoto e Ueno (2009) é a adição de cálcio, que atraiu a atenção principalmente

por aumentar a resistência da liga à oxidação e por melhorar o comportamento à corrosão. A

introdução do cálcio na liga convencional AZ91 traz vantagens sobre outros elementos,

inclusive porque o elemento apresenta baixo custo e baixa densidade. Esta é uma das

possibilidades para a realização de estudos futuros, nos quais o emprego de novas ligas

otimizadas pode resultar em melhores aplicações para o magnésio em baterias.

3.2.4. Corrosão do magnésio

O uso do magnésio acarreta na sua corrosão, que também deve ser estudada para fins

de otimização na aplicação comercial. A corrosão, segundo definição de Cabral e

Mannheimer (1979), pode ser entendida como a deterioração provocada por reações químicas

ou eletroquímicas com o meio e resultam em alterações nas propriedades do material. O fluxo

de corrente elétrica induz a troca de íons e elétrons, sendo que a reação anódica de dissolução

do metal fornece elétrons para a reação catódica de redução, que resulta na transferência de

cargas elétricas pelo tempo (SCULLY, 1975). Os tipos mais comuns de corrosão, conforme

demostrado por Gentil (1994), são apresentados na Tabela 14.

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Tabela 14 – Principais tipos de corrosão

Tipos de corrosão Características

Uniforme Ataque de toda a superfície metálica em contato com o meio corrosivo.

Galvânica Resultante do contato elétrico de materiais diferentes com potenciais distintos na presença de um meio agressivo.

Em frestas Processo de corrosão em frestas, como em placas sobrepostas.

Por pite Corrosão localizada que se manifesta em regiões específicas do material.

Intragranular Ocorre no interior do grão da rede cristalina do material metálico.

Intergranular Ocorre entre os grãos da estrutura cristalina do material metálico.

Fonte: Elaborado a partir de Gentil (1994)

As ligas de magnésio podem sofrer com diferentes tipos de corrosão, mas as mais

importantes, segundo Correa, Malfatti e Azambuja (2008) são as corrosões por pite e

galvânica. O comportamento da corrosão depende da microestrutura, da composição, do

tamanho de grão, entre outros fatores.

A corrosão, segundo Wang, Shinohara e Zhanga (2010), pode ser espontânea na

superfície do metal, que pode estar em contato com a água e ser reduzido nas formas Mg+ e

Mg2+, com a liberação de hidrogênio. As reações que descrevem esse fenômeno são

apresentadas em 1, 2 e 3.

����� � ���������

�� ���� Reação (1)

������ ���� �� ��� �� ����� Reação (2)

��������

�� ���������

�� ������������ Reação (3)

O hidróxido de magnésio [Mg(OH)2)] é um agente corrosivo. Segundo Wang,

Shinohara e Zhanga (2010) nas ligas AZ91 em soluções aquosas de cloreto de sódio

(popularmente conhecida como água salgada), a corrosão torna-se preocupante devido à

penetração dos íons Cl- na película de hidróxido de magnésio e causam a sua deterioração,

favorecendo a corrosão da liga. O hidrogênio formado na reação pode ser utilizado para outras

aplicações, como alimentar as células de combustível de hidrogênio, citadas anteriormente.

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3.2.5. Reciclagem do Magnésio

Embora o magnésio esteja entre os dez elementos mais abundantes da crosta terrestre,

a reciclagem apresenta algumas vantagens. A primeira delas é no que diz respeito aos

aspectos ambientais e econômicos. Segundo Antrekowitsch, Hanko e Ebner (2002) enquanto

a produção de 1 quilo de magnésio a partir da matéria-prima exige o equivalente a 35 kWh de

energia, um quilograma de metal refinado-reciclado consome menos de 3 kWh. Desta forma,

a reciclagem é algo que compensa tanto em termos ambientais, pois a quantidade de energia

gasta por quilo é menor, como em termos econômicos. A reciclagem do material é feita com

base na qualidade e estado, conforme detalhado na Tabela 15. Tabela 15 – Classificações de rejeitos de magnésio

Classe Descrição

1 Sucata de alta qualidade, não contaminada (peças fundidas com defeito, restos da fundição)

2 Sucatas com outros metais que não seja o cobre

3 Sucata contendo tinta, solventes ou vernizes

4 Sucata na forma de cavaco, partes divididas e secas

5 Sucata na forma de cavaco, partes divididas e molhadas

6 Escória sem sal

7 Escória com sal

8 Magnésio obtido no final do ciclo de vida de um produto

Fonte: Elaborado a partir de Westengen (p. 637-645, 2006)

A reciclagem do material é importante também por causa da sua crescente demanda,

principalmente para aplicações automotivas (WESTENGEN, 2006). Antrekowitsch, Hanko e

Ebner (2002) mencionam que até o momento somente as sucatas de classe 1A e 1B, subtipos

da classe 1, podem ser recicladas facilmente em ligas de alta pureza. Os materiais de classe 5

e superiores exigem um manuseio mais complexo, que pode diminuir a atratividade

econômica da reciclagem, mas é importante também levar em conta os impactos ambientais e

a demanda do mercado.

Ainda conforme apresentado por Westengen (2006), podem existir dois principais

tipos de processos de reciclagem, os com fluxo salino e os sem fluxo. Um comparativo com

as suas definições é apresentado na Tabela 16.

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Tabela 16 – Principais processos de reciclagem

Processo Descrição

Com fluxo salino Usam um fluxo de sais fundidos para refinar o magnésio. Para que o processo seja bem sucedido o sal precisa dissolver a camada de óxido e a temperatura ser corretamente equilibrada. Pode apresentar problemas, como a criação de uma atmosfera corrosiva que contém ácido clorídrico .

Sem fluxo salino Oxidação é feita numa atmosfera protetora, para evitar os problemas decorrentes do outro processo. Utiliza-se SO2 (dióxido de enxofre) e o refino é realizado por decantação. É limitado a alguns tipos específicos de reciclagem de sucata.

Fonte: Elaborado a partir de Westengen (p. 636-637, 2006)

O crescimento na demanda de magnésio nos últimos anos gerou um aumento na

quantidade de sucata de classe 1, geradas pelo processo de fundição injetada (quando um

metal fundido é injetado em alta pressão num molde de aço). Novas plantas de reciclagem

estão sendo construídas e as já existentes ampliadas. As diretrizes europeias estimam uma

taxa de reciclagem de aproximadamente 95% em 2015 (ANTREKOWITSCH; HANKO;

EBNER, 2002).

Outro método de reciclagem, proposto por Yabe, Suzuki e Satoh (2014), é utilizando

um laser de CO2 de 1 kW. Caso seja usado um laser de maior potência, como o de 8 kW já

existente, pode-se produzir 5 toneladas de magnésio por ano. Os autores também citam a

possibilidade de empregar um laser de energia solar, que reduz o consumo de energia e é

ambientalmente correto.

Tendo em vista as vantagens apresentadas, propõe-se o uso do magnésio em baterias

metal – ar, que terão seu conceito detalhado no tópico baterias de magnésio – ar.

Baterias de Magnésio – Ar 3.3.

Li, Yang, Xu e Wang (2013) afirmam que as células de metal – ar são aquelas cujo

“combustível” é um metal. São consideradas fontes promissoras de energia por causa da sua

alta voltagem, alta energia específica, baixo custo, baixo peso e por ser compatível com o

meio ambiente.

Como já visto na seção anterior, uma célula eletroquímica é constituída por dois

eletrodos e um eletrólito. No ânodo da célula ocorre a reação de oxidação e a liberação de

elétrons, portanto, este eletrodo fica carregado negativamente. No cátodo ocorrem reações de

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redução, que deixam o eletrodo carregado positivamente. Entre os eletrodos ocorre o

transporte de carga iônica e elétrica.

O uso de um metal reativo como ânodo com o cátodo de ar (em contato com o ar) gera

uma bateria com um cátodo inesgotável, permitindo que valores de densidade de energia

elevados sejam obtidos, além de contribuir para o meio ambiente.

Machado e Cardoso (2004) apresentam as principais vantagens e desvantagens desse

tipo de baterias, conforme Tabela 17. Tabela 17 – Vantagens e desvantagens da célula metal – ar

Vantagens Desvantagens

Elevada densidade de energia Dependência de condições ambientais

Não poluente Potência limitada

Armazenamento Temperatura de funcionamento limitada

Fonte: Adaptado de Machado e Cardoso (p. 4, 2004).

As células geram eletricidade através da reação entre o oxigênio e a chapa de metal

num líquido eletrolítico. Alguns metais são frequentemente usados como ânodo pelas suas

características elétricas, como o magnésio, zinco, alumínio e lítio. Este trabalho concentra-se

no uso do magnésio como ânodo, por apresentar vantagens recentemente descobertas na

composição da liga.

Como já citado anteriormente, e também apresentado por Syvertsen (2012), as

principais razões para o uso do magnésio são: (1) alto potencial de redução negativo, (2) peso

atômico baixo, (3) abundância, (4) ser reciclável, (5) ser barato e subutilizado.

Os estudos ligados a bateria de magnésio iniciaram-se nos anos 1980, sendo que o

magnésio já era bem conhecido pela sua elevada capacidade específica teórica, o que o torna

um excelente candidato ao uso como ânodo nas células metal-ar. Machado e Cardoso (2004)

apresentam os valores de capacidade específica teórica para os principais metais mencionados

na Tabela 18. Tabela 18 – Metais, capacidades específicas, tensões e energias específicas

Metal/Ânodo Capacidade específica (Ah/cm3) Tensão da pilha (V) Energia específica (Wh/kg)

Magnésio 3,8 -3,1 6835,5

Zinco 5,8 -1,6 1312,0

Alumínio 8,1 -2,7 8046,0

Lítio 2,06 -3,4 4760,0

Fonte: Adaptado de Machado e Cardoso (p. 5, 2004); Linden e Reddy (2002).

Specht (1987) fez uma comparação com quatro tecnologias avançadas de baterias e

obteve resultados comparativos, que trazem informações sobre benefícios para a aplicação em

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veículos subaquáticos. Uma destas é a bateria primária de água do mar – magnésio,

desenvolvida para baixo consumo e aplicações de longa duração, onde o baixo custo e a

simplicidade são fatores importantes.

A bateria água do mar – magnésio funciona através do consumo do magnésio em

conjunto com o oxigênio dissolvido na água do mar, conforme mostrado na Figura 9 e a

energia específica projetada é de 1500 a 2000 Wh/kg de magnésio consumido. Figura 9 – Bateria Magnésio – Água do mar

Fonte: Adaptado de Specht (p. 156, 1987).

Os benefícios apontados por Specht (1987) são:

• Energia específica muito alta;

• Seguro – não possui produtos químicos perigosos;

• Vida útil indefinida – material pode ser reciclado;

• Baixo custo – material abundante na superfície terrestre;

• Recarregável mecanicamente.

Jarvis (1990) afirma que as pilhas de magnésio possuem excelente capacidade de

armazenamento inicial e a habilidade de reter essa capacidade, durante o armazenamento

mesmo a temperaturas elevadas, se dá por uma película de proteção de hidróxido de

magnésio, que se forma no ânodo de liga de magnésio. No entanto, durante a descarga a

película é removida e a corrosão do ânodo ocorre, gerando hidrogênio e calor.

Com o uso da bateria, a película de hidróxido de magnésio não volta a sua passividade

normal e a corrosão do ânodo continua e a bateria perde sua capacidade de armazenamento

após ser parcialmente descarregada, não servindo bem para usos longos e intermitentes,

conforme previsto inicialmente.

Mesmo com essa desvantagem, o baixo preço e as possibilidades crescentes de

aplicação resultaram em novas avaliações do uso das baterias de magnésio, sendo que a

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redução nos efeitos negativos pode fazer com que esta tecnologia substitua a tecnologia de

lítio (JARVIS, 1990).

Segundo Jarvis (1992) um protótipo de bateria de magnésio, a BA-4590/U, foi

desenvolvida pelo exército norte-americano para a substituição do lítio/enxofre em baterias de

treinamento de baixo custo. No entanto, conforme mencionado anteriormente nas

desvantagens, o funcionamento da bateria depende das condições de descarga (como

temperatura, ciclo de trabalho e outros). Nas condições simuladas para uso intermitente a

bateria de magnésio perdeu cerca de 1/3 da sua capacidade disponível durante o uso parcial,

por conta da corrosão acelerada do ânodo.

O protótipo não respondeu bem em condições elevadas, nas quais a bateria de lítio se

mostrou superior, mas foi constatado que a bateria de magnésio possuía potencial para uso

futuro com baixo custo. Isto ocorre porque o desempenho da bateria de magnésio é fortemente

influenciado pelo cátodo, pois a reação de uma célula metal – ar envolve o processo de

redução do oxigênio. Um diagrama esquemático da célula de magnésio – ar é mostrado na

Figura 10. Figura 10 – Bateria Magnésio – Ar

Fonte: Adaptado de Shu et al. (p. 5886, 2013).

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O eletro catalisador é um fator importante na determinação do desempenho do cátodo.

Segundo Li et al. (2013) os catalisadores da reação de redução do oxigênio têm sido

extensivamente estudados por anos, na área de tecnologia de células combustíveis, pois o

catalisador é um dos determinantes da eficiência de conversão de energia e do custo da

bateria, pois materiais nobres elevam o custo final, o que se torna uma desvantagem. Huang,

Zhao, Wang, Zhang e Pan (2013) destacam a importância das baterias de magnésio, por não

poluir o meio ambiente e possuir uma energia específica alta.

Já a aplicação do magnésio em baterias secundárias vem sendo estudada para

substituição das tecnologias de íon-lítio, que são caras e pouco seguras, sendo que o maior

desafio é na formação de camadas de passivação (camadas não reativas que cobrem a

superfície metálica para proteção, por exemplo, contra a oxidação). Como já apresentado, o

magnésio é altamente reativo e as camadas de passivação são rapidamente formadas ao

contato com alguns materiais redutores, como o oxigênio ou a água (SHTERENBERG et al.,

2014).

Ainda segundo Shterenberg et al. (2014) o desenvolvimento de baterias secundárias de

magnésio requer componentes intercalados que permitam a difusão rápida dos íons de

magnésio, além da ausência da camada de passivação, que permita a deposição reversa do

magnésio em baterias primárias, usando ligas que modifiquem as camadas de passivação com

a introdução do cálcio. No entanto, estudos estão sendo realizados para vencer os desafios das

baterias secundárias de magnésio, como é o caso da Toyota, que busca a aplicação em

veículos híbridos.

Já a aplicação deste tipo de bateria em redes pode ocorrer por meio do Sistema de

Transmissão (ST) e do Sistema de Distribuição (SD). O ST entrega a energia para as

subestações de distribuição e o SD para os clientes, tradicionalmente usando tecnologia

analógica para interconectar a transmissão.

A geração distribuída apresenta restrições na gestão do sistema de abastecimento

tradicional, pois existem ressaltas técnicas que impedem a conexão e geram impactos

negativos, sob o ponto de vista econômico. No caso das smart grids, segundo Singhal e

Saxena (2012), a transmissão, a comunicação e o controle são digitais, fazendo com que a

rede seja mais flexível, eficiente e com custo menor, o que viabiliza a aplicação da geração

distribuída, possibilitando as aplicações descritas e uso das baterias com sistemas inteligentes

para abastecer a rede.

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4. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Buscou-se, na presente parte experimental, realizar ensaios mecânicos e

eletroquímicos com a liga de magnésio AZ91, para que fosse observado o comportamento do

material em diferentes condições necessárias para a construção de uma bateria. Por meio das

análises mecânicas é possível verificar itens que afetam a construção do dispositivo, como a

dureza da liga, bem como ensaios (porosidade e microestrutura) que podem identificar falhas

nas propriedades de interesse, como a condutividade elétrica.

As análises eletroquímicas permitem que sejam observados os valores de potencial de

circuito aberto e as curvas de polarização potenciodinâmica, que permitem observar,

respectivamente, o potencial espontâneo na superfície da amostra num determinado ambiente

e a corrosão sofrida pelo eletrodo.

Principais técnicas de avaliação morfológica e eletroquímica 4.1.

De acordo com Mansur (2005), ensaios de caracterização são necessários para

selecionar, de forma apropriada, o material baseado no desempenho do sistema estudado. De

acordo com as propriedades que se deseja investigar, bem como das solicitações a que este

material será submetido durante sua aplicação, a caracterização pode englobar a análise de

propriedades mecânicas, elétricas, eletrônicas, magnéticas, ópticas, químicas, térmicas,

bioatividade, imunogenicidade e, também, a combinação de 2 ou mais destas propriedades.

Deste modo, tem-se que o processo de caracterização constitui-se em uma fase de estudo

destinada a avaliar o desempenho do sistema durante sua vida útil, possibilitando otimizar o

material quanto à degradação e ocorrência de falhas indesejáveis durante a utilização do

produto.

Dentre as principais técnicas de avaliação morfológica, destacam-se:

• Porosidade:

O conjunto de cavidades presentes na amostra, também denominado microporosidade,

constitui geralmente menos que 1% do seu volume. Os materiais fundidos de boa qualidade

apresentam nível de porosidade menor que 0,5% do seu volume (BOEIRA; FERREIRA;

GARCIA, 2006).

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De acordo com Boeira, Ferreira e Garcia (2006) a origem da microporosidade pode ser

decorrente da formação de gases resultantes da formação de óxidos no processo de fundição,

bem como devido à contração durante o processo de solidificação.

A porosidade da amostra apresenta efeitos nas propriedades dos materiais, tanto

mecânicas como elétricas. As falhas mecânicas estão relacionadas as propriedades dinâmicas

e estáticas, como por exemplo a ductilidade, dependendo do tamanho e do formato dos poros.

No caso elétrico, os poros podem reduzir a condutividade elétrica da amostra, diminuindo

assim, o seu potencial uso como material condutor de corrente elétrica.

• Dureza:

Segundo apresentado por Padilha e Ambrozio Filho (2004), a dureza é uma das

medidas mais utilizadas na metalurgia, sendo alguns dos motivos a facilidade e a rapidez de

obtenção. Van Vlack (2007) define dureza como sendo a resistência da superfície do material

à penetração.

Shackelford (2010) afirma que o ensaio de dureza é uma alternativa simples para os

ensaios de tração, sendo que a resistência à penetração é um indicador qualitativo da

resistência do material estudado. Para o ensaio são utilizados um penetrador (pontiagudo ou

arredondado), que é feito de um material mais duro que o corpo-de-prova, por exemplo aço

endurecido, diamante ou carbeto de tungstênio.

Os ensaios mais comuns de dureza são a Brinell, a Vickers e a Rockwell. A escala

Brinell, que foi utilizada neste trabalho, apresenta algumas vantagens, segundo Shackelford

(2010), uma vez que uma única escala abrange uma grande faixa de durezas e se pode

encontrar uma correlação aproximadamente linear com a resistência mecânica.

• Microestrutura:

Padilha e Ambrozio Filho (2004) afirmam que a microestrutura dos materiais é

constituída por defeitos, que podem ser trincas, porosidades, contornos de grãos, falhas de

empilhamento, discordâncias, entre outros. Portanto, conhecer a microestrutura, as relações de

orientação no material e a distribuição dos componentes é importante para o entendimento e

para a previsão das propriedades da amostra.

Também chamada de metalografia, na análise microestrutural investigam-se os

defeitos e as características da ordem de angstrons até milímetros. Ainda segundo Padilha e

Ambrosio Filho (2004), três tipos de microscopia são amplamente empregados nos ensaios:

(1) Microscopia Óptica (MO); (2) Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV); (3) e

Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET).

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A microscopia óptica permite a análise de grandes áreas, de forma rápida e com baixo,

apresentando uma resolução de, aproximadamente, 3000 angstrons, que possibilita que seja

observada a segregação em peças brutas de fusão. As microscopias eletrônicas, por sua vez,

apresentam maior profundidade de foco, permitindo a observação de superfícies de fratura e a

análise de defeitos e fases internas dos materiais. Segundo Padilha e Ambrozio Filho (2004),

o uso do microscópio óptico de luz refletida é indicado para metais, pois a penetração da luz é

muito pequena na amostra.

No que se refere às técnicas de caracterização eletroquímica, destacam-se:

• Potencial de circuito aberto:

Conforme apresentado por Caldeira (2011), o potencial de circuito aberto (ECA) é

aquele que se estabelece espontaneamente na superfície do metal em contato com um

determinado ambiente, sem a aplicação de corrente elétrica externa. Como trata-se de um

potencial assumido pelo metal, é suficiente realizar sua medida direta com relação à um

eletrodo de referência.

Monitorar o potencial de circuito aberto ao longo do tempo permite estudar as

transformações superficiais do metal, sendo possível distinguir entre estados ativos, passivos

ou imunes. Por meio desta medida são obtidas as primeiras informações sobre o

comportamento do material num meio agressivo, sendo um estágio inicial para a realização de

outras medidas eletroquímicas (CALDEIRA, 2011).

• Curva de polarização potenciodinâmica:

O comportamento eletroquímico da amostra pode ser analisado por meio da relação

entre o potencial aplicado e a corrente obtida no processo (reações catódicas e anódicas)

(STANSBURY, 1986; SEDRIKS, 1986). A corrente obtida é resultado das reações que

ocorrem simultaneamente na superfície do metal.

Com as curvas de polarização potenciodinâmicas obtêm-se o potencial e a taxa de

corrosão do material, a partir do diagrama monologarítmico E = f (log i), sendo E o potencial

aplicado e i a densidade de corrente de corrosão (OSÓRIO, 2004).

Analisando-se duas ou mais curvas de materiais em diferentes condições de ensaio,

como o tempo de imersão na célula eletroquímica, é possível determinar o comportamento do

metal (mais nobre ou ativo), sendo uma resposta melhor ou pior ao fenômeno de corrosão.

Também estima-se, quantitativamente, os valores de potencial e densidade de corrente de

corrosão, obtendo-se a velocidade de degradação do material (CALDEIRA, 2011).

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Metodologia 4.2.

Nesta seção são descritos os materiais utilizados (liga, soluções e equipamentos) e os

métodos experimentais empregados.

4.2.1. Materiais

(a) Material de estudo

- Lingote da Liga AZ91 fornecido pela RIMA Industrial S.A., conforme apresentado na

Figura 11. A Figura 11(a) apresenta as especificações presentes na embalagem da amostra e a

Figura 11(b) o lingote sobre a bancada. O lingote pesava 10,065 kg. Figura 11 – Lingote de magnésio – Liga AZ91, destacando-se (a) como recebido pelo fornecedor; (b) e o lingote

na bancada

(a) (b) Fonte: elaborado pelo autor

(b) Soluções utilizadas:

- Ácido acético 10% (solução aquosa com concentração de 10% de CH3COOH) – preparado

em laboratório químico da UFABC (L606).

- Nital 3% (solução de ácido nítrico em álcool etílico – 3 mL de HNO3 em 97 mL de etanol) –

preparado em laboratório químico da UFABC (L606).

- Alumina em suspensão nº 4 (1,0 μm) e nº 5 (0,5 μm) – marca Skill-tec

- Solução de NaCl 0,1 M (mol/l) (Figura 12) – preparo no laboratório de pesquisa da UFABC.

A Figura 12 ilustra o preparo da solução de NaCl, englobando a pesagem do sal, a agitação

magnética para solubilização completa do sal e a finalização com uso do balão volumétrico

para ajuste no volume.

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Figura 12 – Reagentes, equipamentos e processo de preparo da solução de NaCl 0,1 M no laboratório de pesquisa da UFABC, sendo (a) o NaCl (Cromato Produtos Químicos Ltda); (b) a balança analítica; (c) agitação

magnética; (d) e, por fim, o uso do balão volumétrico para completar o volume da solução

(a) (b)

(c) (d) Fonte: elaborado pelo autor

(c) Equipamentos:

Foram utilizados equipamentos do Laboratório de Processamento de Materiais –

L801-1, como também do Laboratório Didático – L702, e da Oficina Mecânica da Central

Multiusuário (CEM). As Figuras 13 a 15 ilustram os principais equipamentos utilizados. Figura 13 – Lixadeiras Arotec Aropol 2V

Fonte: elaborado pelo autor

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Figura 14 – Potenciostato/Galvanostato Ivium n-STAT

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 15 – Célula eletroquímica para montagem com 3 eletrodos

Fonte: elaborado pelo autor

4.2.2. Métodos

4.2.2.1.Avaliação da porosidade

Para a análise da porosidade da liga, o lingote foi cortado, transversalmente,

utilizando-se a serra fita ao longo de toda a sua seção, conforme ilustrado na Figura 16.

Obteve-se uma fatia de, aproximadamente, 25 mm de espessura. Não foi realizado tratamento

térmico no material para este ensaio. Após o corte, o material apresentou rugosidades, Figura

16(b), que precisaram ser removidas, por meio do lixamento e do polimento, para evitar

alterações decorrentes do corte na superfície de análise. Foram realizados quatro lixamentos

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na amostra (Figura 17(a) a 17(d)), com lixas de diferentes granulometrias,

respectivamente,180, 220, 400 e 600. Figura 16 – Corte do lingote para avaliação da porosidade, destacando-se em (a) o corte do lingote; (b) e a

amostra do lingote para análise após o corte

(a) (b)

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 17 – Diferentes estados da superfície da amostra para avaliação da porosidade, sendo (a) após o lixamento 180; (b) após o lixamento 220; (c) após o lixamento 400; (d) e após o lixamento 600

(a) (b)

(c) (d) Fonte: elaborado pelo autor

Após o lixamento, realizou-se o polimento com Alumina nº 5 (1 μm) e, então,

colocou-se a amostra em um banho ultrassônico por micro-cavitação (Figura 18) para retirada

das impurezas restantes dos processos anteriores. A superfície polida ficou com aspecto

espelhado, como pode ser observado na Figura 19 com o reflexo da imagem da bancada. A

amostra finalizada foi observada no microscópio com ampliação de 50 vezes, em três regiões

diferentes da peça, conforme apresentado na Figura 19.

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Figura 18 – Amostra no banho ultrassônico

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 19 – Amostra finalizada e pontos de observação, sendo (a) o início de solidificação do lingote; (b) a fase intermediária de solidificação; (c) e a fase final de solidificação

Fonte: elaborado pelo autor

4.2.2.2.Determinação da dureza

Após a análise da porosidade no microscópio, a mesma amostra preparada foi utilizada

para a determinação da Dureza Brinell (DB), seguindo-se os pontos apresentados na Figura

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19. A medição foi realizada utilizando-se o durômetro de bancada com uma esfera de 2,5 mm

de diâmetro e uma carga aplicada de 62,5 kgf.

A carga aplicada pelo equipamento fez com que a esfera penetrasse na amostra,

resultando em uma calota que foi analisada no microscópio para determinação da dureza

Brinell por meio do seu diâmetro (Equação 1). A Figura 20 apresenta o equipamento durante

o ensaio.

�� ����

�������� ������ Equação (1)

Onde P é a carga aplicada, D o diâmetro da esfera e d a calota esférica na amostra. Figura 20 – Amostra no durômetro durante ensaio

Fonte: elaborado pelo autor

4.2.2.3.Análise da microestrutura

A análise microestrutural iniciou-se com o corte do lingote na direção transversal,

utilizando-se a serra fita ao longo de toda a sua seção, conforme ilustrado na Figura 21.

Obteve-se uma fatia de, aproximadamente, 7 mm de espessura. Não foi realizado tratamento

térmico no material para este ensaio. Após esta etapa, realizou-se outro corte com o arco de

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serra conforme ilustrado nas Figuras 22 e 23. Este novo procedimento gerou duas amostras (a)

e (b), respectivamente, transversal e longitudinal para observação. Figura 21 – Corte do lingote para avaliação da microestrutura

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 22 – Corte transversal e longitudinal na amostra, destacando-se em (a) a amostra para análise transversal; (b) a amostra para análise longitudinal

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 23 – Corte com arco de serra

Fonte:elaborado pelo autor

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A Figura 24 apresenta as duas amostras recortadas conforme a Figura 22. Em seguida,

foi realizado o embutimento a quente com resina e o resultado encontra-se na Figura 25.

Conforme pode ser observado, o material apresentou rugosidades que precisaram ser

removidas, por meio do lixamento e do polimento, para evitar alterações na superfície de

análise. Foram realizados quatro lixamentos na amostra (180, 220, 400 e 600) e um polimento

com Alumina nº 4 (0,5 μm), ilustrados nas Figuras 26(a) e 26(b), respectivamente. Figura 24 – Corte transversal e longitudinal

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 25 – Embutimento das amostras

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 26 – Lixamento e polimento das amostras, sendo (a) após o lixamento final 600; (b) após o polimento

(a) (b) Fonte: elaborado pelo autor

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A amostra finalizada sofreu ataque com nital 3% por 20 segundos e foi analisada no

microscópio com aumento de 100 vezes. Com base nos resultados encontrados, foi necessário

repetir o lixamento e o polimento para fazer um novo ataque químico com ácido acético 10%

por 15 segundos para revelação da microestrutura. Novamente a amostra foi observada no

microscópio com ampliação de 100 vezes.

4.2.2.4.Preparo da célula eletroquímica

Para os ensaios eletroquímicos, foram cortadas dezesseis amostras em quadrados com

lado de 2,5 cm (área de 6,25 cm2). Em seguida, todas foram lixadas (lixas de granulometria

180, 220, 400 e 600) e polidas para montagem da célula eletroquímica de 3 eletrodos (Figura

15). A área de contato da amostra com a célula era de 2 cm2.

Para o funcionamento deste tipo de célula, são necessários três eletrodos, sendo um

deles o eletrodo de trabalho a ser testado (amostra da liga AZ91), um eletrodo de referência

(utilizado prata/cloreto de prata – Ag/AgCl) e um contra eletrodo inerte (fio de platina com

0,5 mm de diâmetro em formato espiral com, aproximadamente, 75 cm de comprimento). O

eletrodo de referência é feito a partir de um material com um potencial de redução conhecido,

de modo que os resultados possam ser relacionados a outros potenciais. O contra eletrodo

permite a imposição de um dado valor de potencial através da passagem de corrente (fecha o

circuito).

O interior da célula é preenchido com a solução eletrolítica de NaCl, preparada na

concentração de 0,1 M (aproximadamente 100 ml por célula), sendo esta substância

responsável pela condução iônica da reação. O eletrodo de trabalho ficou imerso na solução

de NaCl durante intervalos de tempo pré-definidos (10 minutos, 24 horas, 48 horas e 7 dias)

para análise da corrosão sofrida pela amostra. Na sequência, foram realizadas as medidas de

potencial de circuito aberto e polarização potenciodinâmica, utilizando-se os quatro canais

independentes do potenciostato Ivium n-STAT. A repetição dos ensaios em cada canal

ocorreu a fim de garantir a reprodutibilidade estatística dos resultados. As Figuras 27 e 28

ilustram, respectivamente, a montagem de cada célula eletroquímica, bem como o seu arranjo

no potenciostato.

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Figura 27 – Montagem da célula eletroquímica, destacando-se em (a) o encaixe do eletrodo de magnésio com o contato elétrico; (b) e o eletrodo de magnésio encaixado

(a) (b) Fonte: elaborado pelo autor

Figura 28 – Arranjo das células no potenciostato

Fonte: elaborado pelo autor

4.2.2.4.1. Potencial de circuito aberto

A primeira medida obtida por meio da célula eletroquímica foi o potencial de circuito

aberto (ECA). Os ensaios foram realizados durante 30 minutos à temperatura ambiente, para

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verificar se o sistema havia atingido a estabilidade antes de realizar as medidas

potenciodinâmicas. Para cada amostra, em cada tempo de imersão, foi verificado o ECA.

4.2.2.4.2. Polarização potenciodinâmica

Após a estabilização do potencial de circuito aberto, foi possível realizar os ensaios de

polarização potenciodinâmica. As curvas potenciodinâmicas foram obtidas com velocidade de

varredura de 1,0 mV/s (tempo para aquisição da curva). Os valores de densidade de corrente

eram coletados a cada 0,18 mV (step) e o potencial aplicado inicialmente foi de 300 mV

abaixo do potencial de circuito aberto obtido.

As curvas potenciodinâmicas apresentam a polarização anódica (ramo anódico) e

catódica (ramo catódico). Por meio da análise dessas curvas é possível verificar o potencial de

corrosão (ECORR) e a densidade de corrente de corrosão (iCORR). O potencial de corrosão é uma

medida da estabilidade termodinâmica da superfície do eletrodo de trabalho na solução

eletrolítica, enquanto que a densidade de corrente de corrosão representa a velocidade do

processo de corrosão da amostra.

Para o cálculo da iCORR utilizou-se o método da extrapolação de Tafel, no qual

considera-se uma aproximação linear do ramo anódico e catódico na região de ±60 a 120 mV

em relação ao potencial de corrosão ECORR. A interseção entre a extrapolação dos ramos

anódico e catódico resulta no valor da iCORR, conforme demostrado na Figura 29 (GENTIL,

2003). Figura 29 – Representação gráfica do método de Tafel

Fonte: Adaptado de Gentil (p. 111, 2003)

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Resultados 4.3.

4.3.1. Análise de porosidade

Segundo Chiaverini (1986), no processo de fabricação de um lingote existem quatro

fases, representadas na Figura 30. A primeira (a) é composta pelo metal inteiramente no

estado líquido, seguida pelo início da solidificação na periferia do molde (b), caminhando em

direção ao centro. No final da solidificação (c) existe uma contração sólida (d), também

chamada de rechupe. Figura 30 – Representação esquemática do processo de solidificação do lingote. Em (a) o metal encontra-se

totalmente líquido; (b) início da solidificação na região do molde; (c) contração sólida; (d) e final do processo de solidificação

Fonte: Chiaverini (p. 4, 1986)

Durante o processo de solidificação mencionado, podem existir três zonas (Figura 31)

que constituem a macroestrutura de um lingote, sendo a mais externa denominada zona

coquilhada (alta nucleação de grãos cristalinos com orientação aleatória), seguida pela zona

colunar (os grãos se desenvolvem por meio de crescimento preferencial e seletivo) e, então,

zona equiaxial (crescimento de cristais em zonas aleatórias decorrentes do resfriamento). Figura 31 – Representação esquemática das zonas macroestruturais

Fonte: Garcia (2001)

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A avaliação da porosidade deu-se conforme apresentado anteriormente na Figura 19,

em três regiões diferentes da amostra, abrangendo as três zonas macroestruturais

mencionadas. Isso ocorreu porque, segundo Osório (2004), a influência do tamanho de grão

está associada ao efeito da distribuição de porosidades, sendo que uma granulação mais

grosseira apresenta uma resposta mecânica inferior. Além disso, a porosidade representa

descontinuidades que podem afetar outras propriedades, como a elétrica. Logo, buscar uma

relação entre a solidificação, a porosidade e a localização no lingote permite uma otimização

no processo de resfriamento para a aplicação desejada.

A Figura 32 apresenta a análise da porosidade da amostra no microscópio,

considerando um aumento de 50 vezes. Na Figura 32(a) observa-se a porosidade no início do

processo de solidificação (zona coquilhada), seguido pela Figura 32(b), que representa a zona

colunar, e a Figura 32(c) apresenta a zona equiaxial.

É possível constatar que a porosidade altera-se em cada uma das zonas, pois, conforme

o processo de resfriamento e solidificação ocorrem, nota-se a presença de poros maiores.

Portanto, a zona coquilhada possui poros menores distribuídos de forma homogênea. No que

se refere à zona colunar, observam-se poros maiores com localização concentrada em algumas

regiões, e a zona equiaxial apresenta porosidade elevada, com poros grandes e dispersos

aleatoriamente.

Por meio dos resultados obtidos, pode-se inferir a importância de controlar o processo

de resfriamento, de maneira que sejam maximizadas as zonas coquilhada e colunar, na

aplicação da liga AZ91 para a construção de um acumulador de energia elétrica, evitando-se

descontinuidades que podem afetar o rendimento da bateria.

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Figura 32 – Análise de porosidade do lingote com ampliação de 50 vezes, sendo (a) a porosidade no início da solidificação; (b) a porosidade na fase intermediária de solidificação; (c) e a porosidade na fase final de

solidificação

(a)

(b)

(c) Fonte: elaborado pelo autor

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4.3.2. Análise de dureza

Seguindo-se as mesmas referências da análise de porosidade, a dureza foi mensurada

nas três zonas mencionadas. A Figura 33 apresenta a amostra observada no microscópio,

ampliada 50 vezes, após a penetração da esfera de 2,5 mm. Na Figura 33(a) observa-se a

calota na zona coquilhada, seguida pela Figura 33(b), que representa a zona colunar, e a

Figura 33(c) na zona equiaxial. Por meio do software BELView foi possível medir os

diâmetros das calotas para o cálculo da dureza Brinell.

Constata-se, por meio da Figura 33, que a penetração foi maior na zona equiaxial e

menor na zona coquilhada. A zona colunar apresentou valores de diâmetro intermediários. A

Tabela 19 apresenta os resultados da dureza Brinell para cada uma das regiões. Tabela 19 – Dureza Brinell

Estágio de solidificação

Zona macroestrutural

Diâmetro da calota (mm)

Dureza Brinell (HB)

Inicial Coquilhada 1,00 ± 0,01 76,59 ± 1,93

Intermediário Colunar 1,04 ± 0,02 70,42 ± 2,40

Final Equiaxial 1,13 ± 0,02 59,34 ± 2,29

Fonte: elaborado pelo autor

A análise da Tabela 19 mostra que a dureza diminui conforme o processo de

solidificação avança, de modo que, a zona de início de solidificação apresenta uma dureza de

76,59 ± 1,93 MPa, enquanto que na zona final observa-se um valor, aproximadamente, 22%

menor. Alguns fatores estão associados a esses resultados, como a presença de poros maiores

e em maior quantidade no estágio final de solidificação, conforme constatado na análise de

porosidade. Outra provável causa é a estrutura de grãos, apresentada na Figura 31 e

mencionada por Osório (2004), pois uma granulação mais grosseira apresenta uma resposta

mecânica inferior, equivalente ao observado.

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Figura 33 – Análise de dureza (ampliação de 50 X), destacando-se (a) a calota no início da solidificação; (b) a calota na fase intermediária de solidificação; (c) e a calota na fase final de solidificação

(a)

(b)

(c) Fonte: elaborado pelo autor

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4.3.3. Análise microestrutural

Conforme apresentado por Colpaert (2008), ao analisar a microestrutura de metais

solidificados é possível observar que o crescimento do sólido ocorre numa interface não-

plana. Em metais puros, este fenômeno ocorre apenas na presença de um gradiente de

temperatura negativo no líquido, o superesfriamento. No entanto, com ligas metálicas, sob

taxas de resfriamento convencionais (~102 K/s), o crescimento de sólido com interface sólido-

líquido não-plano ocorre (Figura 34). Na maioria dos metais, os eixos de cristalização

crescem em direção ao metal-líquido, e, a partir de determinado momento, emitem outros

eixos ortogonais até o final do processo de solidificação, de forma similar a formação de

ramos de sólido que avançam para dentro do líquido. Figura 34 – Crescimento de sólido com interface sólido – líquido não plano

Fonte: Adaptado de Colpaert (p. 130, 2008)

Ao conjunto dos eixos formados dá-se o nome de dendrita, que tem origem no grego

dendron (que significa árvore), pela similaridade com o formato de uma árvore (Figura 35). Figura 35 – Forma tridimensional das dendritas

Fonte: Garcia (2001)

Na Figura 36 é possível observar a amostra sem nenhum ataque químico, ampliada

100 vezes, não sendo possível realizar nenhuma constatação. Portanto, a visualização da

amostra no microscópio mostrou a necessidade de um ataque químico para revelar a

microestrutura do material.

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Figura 36 – Amostra sem ataque químico com ampliação de 100x após o lixamento e o polimento

Fonte: elaborado pelo autor

Inicialmente, realizou-se um ataque com nital 3% e o resultado pode ser observado na

Figura 37. Tem-se que não foi possível visualizar de forma satisfatória a microestrutura por

meio deste processo, de modo que aplicou-se um ataque químico com ácido acético (Figura

38). Constata-se, conforme ilustrado na Figura 38, a presença de dendritas em ambos os

cortes. Não foram evidenciadas diferenças entre o corte transversal e longitudinal, indicando

que o lingote não passou por um processo de retrabalho a frio ou quente, pois o formato das

dendritas manteve-se constante em ambos os cortes.

A amostra da Figura 38 apresenta, dentro dos grãos cristalinos, uma rede dendrítica

grosseira com uma complexa dispersão de segunda fase (alumínio), porosidades e inclusões.

A relação entre a microestrutura, o espacamento dendrítico e as propriedades dos materiais

estão sendo amplamente estudados, em busca de correlações para programar a microestrutura

de solidificação em função das propriedades que se deseja alcançar.

Segundo Brito, Queiroga e Macedo (2010), as peças brutas de fusão apresentam baixa

resistência mecânica, pois apresentam microestrutura dendrítica grosseira. No entanto, caso

seja necessário, podem ser adicionados nucleantes para modificar a microestrutura. A

microestrutura da liga AZ91 apresentou, como tipicamente evidenciado na literatura, uma

matriz α – Mg primária e uma fase eutética separada distribuída ao longo dos contornos de

grão, conforme demostrado na Figura 38(c).

Em pesquisa similar de descarga de baterias de magnésio – ar, Wang et al. (2014)

obtiveram, na caracterização da microestrutura da liga de magnésio MgAlPb, como

conclusão que a fase β – MgAl pode enfraquecer a atividade de descarga e reduzir a eficiência

de utilização para uma grande densidade de corrente, de forma que as ligas homogeneizadas

são usadas nas pesquisas para obter-se um bom desempenho de descarga . Em comparação, o

magnésio puro possui a estrutura mais uniforme do que evidenciado em ligas, devido ao

elemento único, isto é, o próprio Mg, que apresenta também, o maior tamanho de grão entre

as três amostras.

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Figura 37 – Ataque químico com nital 3% sob diferentes condições, sendo (a) corte longitudinal e ampliação de 50x; (b) corte transversal e ampliação de 50x; (c) corte longitudinal e ampliação de 100x; (d) e corte transversal

e ampliação de 100x

(a) (b)

(c) (d) Fonte: elaborado pelo autor

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Figura 38 – Ataque químico com ácido acético 10% sob diferentes condições, sendo (a) corte longitudinal e ampliação de 50x; (b) corte transversal e ampliação de 50x; (c) corte longitudinal e ampliação de 100x; (d) e

corte transversal e ampliação de 100x

(a) (b)

(c) (d) Fonte: elaborado pelo autor

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4.3.4. Medidas de potencial de circuito aberto

A Figura 39 apresenta a variação do potencial de circuito aberto em função do tempo

em diferentes tempos de imersão para a amostra AZ91. Os valores de potencial indicam o

comportamento da corrosão do sistema na ausência de efeitos de corrosão induzidos, como as

correntes externas, de forma que potenciais mais positivos podem representar tendência de

maior resistência à corrosão.

Figura 39 – Variação do potencial de circuito aberto para a liga AZ91 em solução de NaCl em diferentes tempos

de imersão

Fonte: elaborado pelo autor

Por meio da análise da Figura 39 é possível observar que o potencial de circuito aberto

tende a se estabilizar com o tempo. A Tabela 20 apresenta os resultados médios do potencial

de circuito aberto, com os desvios padrões. Tabela 20 – Medidas de potencial de circuito aberto da liga AZ91

Tempo de imersão 24 horas 48 horas 7 dias

ECA (V) -1,5333 ± 0,0009 -1,5056 ± 0,003 -1,4917 ± 0,001

Fonte: elaborado pelo autor

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É possível perceber que o potencial de circuito aberto apresentou valores mais

positivos em tempos de imersão maiores, o que pode indicar uma tendência de resistência à

corrosão em tempos maiores de contato da amostra com a solução eletrolítica de NaCl.

As análises destes resultados prévios são importantes no estudo de baterias de

magnésio – ar, pois a corrosão da liga AZ91 em soluções aquosas de cloreto de sódio é

preocupante devido à penetração de íons Cl- na película de hidróxido de magnésio

[Mg(OH)2)], favorecendo a corrosão da liga e diminuindo a capacidade de armazenamento do

dispositivo. Os resultados aprofundados nas medidas potenciodinâmicas oferecem melhores

condições de análise do efeito da corrosão para as baterias de magnésio – ar.

Os resultados de potencial de circuito aberto obtidos por Yu, Shi e Ju (2014)

demostram que a tensão negativa estável é obtida por um longo tempo, no entanto, a corrente

é baixa e diminui rapidamente a resistência da bateria metal – ar. A corrente somente é alta

quando a resistência interna é pequena sob a mesma tensão, pois, de acordo com a lei de Ohm

a corrente torna-se pequena com o aumento da resistência interna. O aumento da resistência

interna pode ser causado pela mudança na concentração de íons do eletrólito durante a reação,

sendo confirmado pela formação da camada de óxido no metal.

4.3.5. Medidas de polarização potenciodinâmica

Conforme apresentado por Gentil (2003), medir a corrente de corrosão de um metal é

o mesmo que medir sua velocidade de corrosão. A corrente de corrosão é a corrente anódica

que circula no metal no potencial de corrosão, conforme ilustrado na Figura 29. Aplicando-se

o método indireto de extrapolação de Tafel na Figura 41 é possível obter os dados da Tabela

21.

A Figura 40 ilustra a corrosão sofrida na amostra após 7 dias de imersão na solução de

NaCl 0,1 M e a Tabela 21 apresenta os valores médios do potencial de corrosão e da

densidade de corrente de corrosão para cada tempo de imersão. Figura 40 – Corrosão na amostra (tempo de imersão de 7 dias em NaCl)

Fonte: elaborado pelo autor

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Os ensaios potenciodinâmicos permitiram a identificação da densidade de corrente de

corrosão para diferentes tempos de imersão da amostra na solução de NaCl, bem como o

potencial de corrosão. A avaliação do tempo de imersão na corrosão da amostra pode ser

observada na Figura 41, que apresenta as curvas de polarização potenciodinâmica (ramo

catódico e anódico).

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Figura 41 – Curvas de polarização potenciodinâm

ica para a liga AZ91 em

solução de cloreto de sódio (NaC

l 0,1 M) em

diferentes tempos de im

ersão. Taxa de varredura: 0,167 m

V/s e step: 0,18 m

V

Fonte: elaborado pelo autor

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Tabela 21 – Potencial de corrosão e densidade de corrosão da liga AZ91 em solução de NaCl (0,1 M) em diferentes tempos de imersão

Tempo de imersão 10 minutos 24 horas 48 horas 7 dias

ECORR (V) -1,430 ± 0,016 -1,370 ± 0,014 -1,405 ± 0,005 -1,350 ± 0,02

iCORR (μA/cm2) 12,49 ± 4,76 12,84 ± 3,62 12,46 ± 1,99 14,01 ± 1,13

Fonte: elaborado pelo autor

Segundo Gentil (2003), os principais fatores que influenciam na velocidade de

corrosão são

• Efeito do oxigênio dissolvido: a velocidade de corrosão cresce, no início, mas,

tende a diminuir com a formação da camada de óxido, pois esta funciona como

uma barreira à difusão do oxigênio. No entanto, quando ocorrem fraturas na

película passiva, podem formar-se pilhas locais, ocorrendo corrosão localizada,

também chamada de pite.

• Efeito do pH: entre valores de pH 4 e 10, a taxa de corrosão independe do pH da

solução eletrolítica, no entanto, para pH < 4, a velocidade de corrosão é

influenciada pelo desprendimento do hidrogênio. Para pH > 10, a taxa de corrosão

observada é menor.

• Efeito da temperatura: o aumento da temperatura, em geral, acelera o processo de

corrosão, pois diminui-se a polarização e a sobretensão, aumenta-se a

condutividade do eletrólito e a velocidade de difusão dos íons. No entanto, o

aumento da temperatura pode retardar a corrosão caso a solubilidade do oxigênio

na água seja menor.

• Efeito de sais dissolvidos: podem agir acelerando ou retardando a velocidade de

corrosão.

Nestes ensaios, utilizou-se água deionizada naturalmente aerada em temperatura

ambiente no preparo da solução eletrolítica, o que significa que o pH, o oxigênio dissolvido e

a temperatura não foram controlados, representando condições naturais, nas quais não é

prevista uma influência na velocidade de corrosão. No entanto, a concentração de sais pode

influenciar a velocidade da corrosão. Para efeitos comparativos, manteve-se uma

concentração padrão de NaCl (0,1 M), alterando-se os tempos de imersão.

Por meio da análise das curvas potenciodinâmicas da Figura 41 não é possível

observar passivação aparente na amostra nos diferentes tempos de imersão (representada por

picos acentuados de corrente), nem corrosão localizada – pite (estabilização de potencial após

a passivação).

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Os dados da Tabela 21 apresentam uma variação no potencial de corrosão, que

representa a estabilidade termodinâmica da superfície do eletrodo no eletrólito. Quando mais

positivo for o ECORR, pode-se dizer que o metal apresenta um comportamento mais nobre, ou

seja, um comportamento mais anódico. Neste caso, verifica-se que ECORR registrado com 7

dias de imersão foi mais positivo do que nos demais tempos de imersão. Isto significa que a

amostra pode ter adquirido resistência à corrosão durante o decorrer do tempo de imersão,

apresentando um comportamento mais nobre.

Com relação à densidade de corrente de corrosão, que é proporcional à velocidade de

corrosão, observou-se, na Tabela 21, que nos três primeiros tempos de imersão os valores

permaneceram estáveis. Considerando-se a faixa de valores do desvio padrão, a amostra de 7

dias de imersão também está dentro do valor médio, no entanto, oscilações podem ocorrer

devido ao comportamento do material e de condições específicas do ensaio. Desta forma, não

foi possível constatar alterações significativas na velocidade de corrosão das amostras em

função do tempo de imersão.

Comparando-se o ECORR com a iCORR, pode-se dizer que o aumento no potencial não

foi suficiente para diminuir a velocidade de corrosão das amostras, indicando a presença de

um filme óxido que não protegeu a amostra da corrosão. Este comportamento pode conferir

uma possível limitação da aplicação da liga AZ91 em baterias de magnésio – ar, uma vez que

a camada de óxido formada pode interferir no contato elétrico do dispositivo, no entanto, sem

proteger o material de sofrer uma corrosão intensa, que diminua a capacidade de

armazenamento de energia do dispositivo.

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5. CONCLUSÃO

A aplicação das baterias de magnésio nas redes elétricas pode ser de grande valia para

o sistema elétrico, pois pode otimizar o uso dos geradores elétricos, aliviar o

congestionamento nas redes, integrar o uso de energias renováveis e prevenir perdas na

qualidade da energia fornecida. Com a mudança para as smart grids, o uso desse tipo de

bateria também pode auxiliar a superar alguns dos desafios impostos por essa nova

tecnologia.

As principais razões para o uso do magnésio são o seu alto potencial de redução

padrão, o peso atômico baixo, e, principalmente, sua abundância, sua reciclagem, seu preço,

sua subutilização e sua biocompatibilidade, que não gera danos aos seres humanos e ao meio

ambiente.

Por meio dos ensaios metalográficos realizados na liga de magnésio AZ91, foi

possível analisar a porosidade, a dureza e a microestrutura do lingote fornecido pela RIMA

Industrial S.A. Com relação à porosidade, observou-se a presença de poros maiores e em

grande quantidade na região equiaxial, onde ocorre a fase final de solidificação da peça. As

descontinuidades representadas pelos poros podem interferir no rendimento da bateria, caso o

material seja aplicado na construção de um dispositivo acumulador de energia elétrica. Para

que este problema seja evitado, pode-se controlar o resfriamento do lingote.

A dureza Brinell aferida na peça apresentou valores similares aos registrados na

literatura, no entanto, foi possível observar que a dureza diminui conforme o processo de

solidificação avança. Alguns dos fatores associados a esse resultado são a presença de poros

maiores na fase final de solidificação, como constatado no ensaio de porosidade, e a estrutura

de grãos, pois uma granulação mais grosseira, observada na zona equiaxial, apresenta uma

resposta mecânica inferior.

A análise microestrutural revelou uma rede dendrítica grosseira com uma complexa

dispersão de segunda fase, porosidades e inclusões. O espaçamento dendrítico pode alterar

outras propriedades da amostra, de forma que nucleantes podem ser adicionados na liga para

modificar a sua microestrutura. Novos estudos podem ser realizados para verificar os efeitos

da microestrutura nas propriedades elétricas de interesse.

Os ensaios eletroquímicos realizados na célula de três eletrodos, potencial de circuito

aberto e curva de polarização potenciodinâmica, são importantes no estudo da corrosão da

amostra durante as reações de oxirredução que fornecem corrente, para uso na bateria de

magnésio. Foi possível constatar, no potencial de circuito aberto, que conforme o tempo de

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imersão do eletrodo de trabalho aumentou, os valores de ECA ficaram mais positivos,

indicando uma possível tendência de resistência à corrosão.

A observação das curvas de polarização potenciodinâmica deu-se por meio da

mensuração do potencial de corrosão e da densidade de corrente de corrosão. O ECORR

apresentou valores mais positivos nos tempos de imersão maiores, caracterizando um

comportamento mais nobre da amostra (mais anódico) em função do tempo de exposição. A

iCORR permaneceu estável durante os tempos de imersão, o que indica que não houveram

alterações significativas na velocidade de corrosão do material em função do tempo. Pode-se

dizer, com base nos resultados das curvas potenciodinâmicas, que existe a presença de um

filme óxido, constatado pelas alterações no ECORR, no entanto, não protegeu o material da

corrosão, pois as densidades de corrente de corrosão permaneceram estáveis. Na aplicação em

baterias de magnésio, esta observação confere uma limitação para a liga AZ91, pois a camada

de óxido pode prejudicar o funcionamento do dispositivo sem conferir a proteção necessária,

para evitar a corrosão acentuada em processos intermitentes.

A pesquisa realizada também contribuiu na identificação de ao menos cinco variáveis

que podem ser controladas para aumentar a eficiência das baterias de magnésio, sendo (1) a

composição da liga, (2) a oxigenação da solução eletrolítica, (3) o pH da solução, (4) a

temperatura e (5) a concentração de sais na solução, no caso, a concentração de NaCl.

As principais contribuições desta pesquisa para estudos futuros são na otimização da

aplicação da liga AZ91 em baterias de magnésio – ar, seja adicionando-se elementos, como o

cálcio, para melhorar o efeito da corrosão e da camada de óxido no comportamento do

dispositivo, ou alterando-se as variáveis associadas à solução eletrolítica. Para isto, podem ser

realizados novos procedimentos experimentais, bem como o uso de simulações

computacionais. Um dos simuladores que pode ser empregado é o COMSOL Multiphysics,

um pacote de softwares de análise de elementos finitos para aplicações em engenharia, com

módulos de corrosão e de reações eletroquímicas.

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6. TRABALHOS FUTUROS

Algumas das principais contribuições deste estudo, que podem ser exploradas em

trabalhos futuros são:

• Otimização da liga AZ91 para aplicação em baterias de magnésio – ar. Esta

etapa envolve a síntese do novo material, que pode ser, por exemplo, por

reações em estado sólido. Novos elementos podem ser adicionados para

melhorar o efeito da corrosão sofrida pelo ânodo, bem como para alterar seu

comportamento mecânico.

• Caracterização da amostra, por meio de difrações de Raio-X, microscopia

eletrônica de varredura e de transmissão.

• A obtenção de novas medidas eletroquímicas, como medidas potenciostáticas,

nas quais observa-se a variação de densidade de corrente em função da

aplicação de um potencial fixo em um intervalo de tempo, bem como medidas

de carga – descarga.

• Análise da deposição de magnésio e testes de dissolução do material na

solução eletrolítica

• Testes de recarga para aplicação em baterias de magnésio secundárias,

utilizando medidas de carga – descarga no potenciostato.

• Alterações nas demais variáveis apontadas da solução eletrolítica (oxigenação

da solução, pH, concentração de NaCl, temperatura).

• Uso de simulações computacionais, como por exemplo, o COMSOL

Multiphysics, um pacote de softwares de análise de elementos finitos para

aplicações em engenharia, com módulos de corrosão e de reações

eletroquímicas.

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