ignacio m. rangel - o quarto ciclo de kondratiev - rep

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  • 5/7/2018 Ignacio M. Rangel - O Quarto Ciclo de Kondratiev - REP

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    Revista de Economia Politico, vol. 10, n.D 4 (40), outubro-dezembro/1990

    o Quarto CicIo de KondratievIGNACIO M. RANGEL

    INTRODU9AONikolai Kondratiev foi posto por Lenin na chefia do6rgao incumbido do planejamento da economia sovietica,nos anos 20. Era a primeira vez, nos tempos modemos,que se tentava a superacao do que os marxistas chamavamde anarquia da produciio e outros, inclusive Gorbatchev eos "perestr6icos", de economia de mercado. E ainda ou-tros, elogiosamente, de economia livre.Nao viria sem prop6sito lembrar que essa economia

    livre, ou anarquica, era realmente de criacao recente: cercade tres seculos, ou pouco mais. Que a competicdo imper-ieita a vai tomando cada vez "menos livre". Que todosos regimes anteriores, a comecar pela comunidade pri-mitiva, desde a mais alta antigilidade, a exemplo de nos-sas tribos indigenas, nada tinham de anarquicas. Comoa escravidao e 0 feudalismo, que vieram depois, era umaeconomia planificada, ao seu modo. Somente a economia mercantil, com suanotoria "mao invisivel", que preparava 0 advento do capitalismo, podia, atecerto ponto, prescindir do planejamento. Com 0 capitalismo, viria a compe-tiyao imperfeita e, com esta, a necessidade e a possibilidade do planejamento.

    Mesmo a economia mercantil nasceu e desenvolveu-se no bojo da econo-mia feudal, que 0 castelao regia com mao de ferro, como sabemos por nossarecentissima experiencia latifundiaria. Nada mais estranho a hip6tese da "mao30

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    invisivel" estabelecendo precos, definindo a escala e a locacao dos projetos,do que a economia manorial ou escravista. E 0 estanco feudal antecipava 0moderno direito de concessdo, 0 qual surgiria como a espinha dorsal do capi-talismo de Estado, organizando 0 capitalismo jinanceiro, etapa suprema docapitalismo.

    Digo isto para acentuar que Kondratiev nao era urn economista qualquer,au nao teria sido escolhido para posicao tao estrategica. E nao foi tambempor acidente que J . Schumpeter, em seu monumental Business Cycles foi buscaro seu nome para batizar 0 Ciclo Longo, que coroa sua teoria das flutuacoeseconomicas,

    A RETOMADA DO CRESCIMENTO

    Kondratiev, por volta de 1930, foi mandado para a Siberia, onde morreuem circunstancias pouco claras. Mas suponho ter sido vitima de sua pr6priagenialidade. Com efeito, de suas curvas podia-se inferir que, passados treslustros, ou pouco mais, 0 capitalismo superaria sua crise, voltando a prosperar.A Grande Depressao, afinal, era urn momenta da fase b ou recessiva do Ter-ceiro Ciclo Longo - ou Ciclo de Kondratiev, como passaria a hist6ria, porproposta de Schumpeter .o que Kondratiev nao tinha possivelmente percebido - ate porque seriaexcessivo exigi-lo dos homens do seu tempo, com as indigentes estatisticaseconomicas entao disponiveis - era que nao se devia inferir dai que, mesmonas condicoes da fase recessiva do Ciclo Longo, seria possivel suscitar, nalgunspafses, contrarian do a tendencia universalmente dominante, intensos e sus-tentadcs movimentos de crescimento economico.

    J a se sabia - e Kondratiev, talvez, melhor do que ninguem - que 0Ciclo Longo era compativel com flutuacoes economicas de prazo mais breve,notadamente com os movimentos batizados por Schumpeter com os nomes de[uglar e Kitchin, que os estudaram melhor. Os efeitos desses ciclos podemsomar-se ou subtrair-se algebricamente aos efeitos dos ciclos longos.

    Mas nao e disso que se trata aqui. 0 que importa e que, concomitante-mente com a fase recessiva do Terceiro Kondratiev - que nos trouxe aGrande Depressao Mundial e a II Guerra Mundial - a URSS viveu doise meio planos qiiinqiienais de intenso crescimento, alem de urn esforco deguerra e uma recuperacao dos seus efeitos desconcert antes para aqueles quesupunham que ela nao poderia veneer e careceria de decenios s6 para recupe-rar 0 nivel economico anterior ao conflito, extremamente devastador para essepais: para uma populacao de 194,1 milhoes de habitantes, as perdas superaramvinte milhoes de vidas, muito rnais de urn terce das perdas mundiais.

    Ora, teria sido temerario antecipar esses fatos, no fim dos anos 20 ecomeco dos 30. Mas 0 planejador sovietico carecia da expectativa de que 031

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    confronto com 0 capitalismo nao seria demorado, para suscitar 0 entusiasmodos construtores do socialismo. Compreende-se que os progn6sticos de futu-ras retomadas do desenvolvimento pela economia capitalista fossem muitomalvistos, tanto mais quanto nao era possfvel fundamenta-los. Os construtoresdo socialismo careciam, como do proprio ar que respiravam, de progn6sticosotimistas a seu favor, como 0 de Molotov, alguns anos mais tarde, ao apre-sentar 0 terceiro Plano Qiiinqiienal, de que, "com este plano, 0 capitalismodesabara" .

    o BRASIL E A URSSSem falar, ainda, de que, mesmo nos quadros da economia capitalista,nao se podia excIuir a possibilidade de movimentos de longo pra zo, aparenta-dos com os representados pelos pIanos qiiinqiienais sovieticos, como os repre-sentados pela industriaiizaciio substitu tiva de importacoes do Brasil. Tanto n6s,os marxistas revolucionarios brasileiros da epoca, como nossos mentores daIII Internacional, estavamos convencidos de que nossa crise nacional era mereincidente da Crise Geral do Capitalismo - uma flutuacao econemica peculiar,sem retorno, isto e , n iio c ic lic a. Passar-se-iam muitos anos antes de que nosapercebessemos - aqueles que ja se aperceberam disso, que nao sao todos,

    nem mesmo muitos - que, a urn primeiro lustro recessivo, os anos 30 acres-centariam urn segundo lustro pr6spero. E nao de uma prosperidade acidental,mas sim intensa e sustentada, que conciliaria nossa industrializacao d a Tercei-ra Dualidade com fases recessivas de ciclos breves, aproximadamente decenais,parentes do CicIo de Iulgar. Sempre urn primeiro lustro recessivo, a cadadecenio, eoutro expansivo. Anos 20, 30, 40, 50, 60, 70 e mesmo 80.

    De que 0 CicIo Longo seja urn movimento de carater potencialmente uni-versal, nao deve haver duvida. Em sua etiologia, vamos encontrar as inovacoestecnol6gicas, que, como a propria ciencia, tendem a ser universais. Duranteas la se s r eces sivas , acumulam-se descobertas e inovacoes que, nas fases ascen-dentes, tendem a promover investimentos cristalizadores dessas mesmas ino-vacoes tecnol6gicas, inclusive ao preco do sucateamento de instalacoescristalizadoras da precedente vaga de inovacoes. Instalacoes nao desgastadas,mas tocadas de u su re m ora le, a depreciacao por obsolescencia.

    Nao obstante, 0 necessario descompasso tecnol6gico, sem 0 qual a novavaga longa de investimentos nao se materializara, nao tern por que ser 0 mesmopara todos os pafses e regioes, Por efeito de mudancas institucionais - mu-dancas nas relacre de producdo - urn pals pode abrir-se a implantacao detecnologia ja provada em outros pafses, mas nova para ele. A Revolucao Socia-lista, na URSS, assim como a Revolucao Liberal de 30, no Brasil, que resul-taria na irnplantacao da Terceira Dualidade, tiveram esse efeito. As mudancasinstitucionais impostas ao J apao, pela ocupacao norte-americana - emborapreterintencionais - tiveram, muito provavelmente, efeito semelhante.32

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    Assim, os dois primeiros desses paises experimentaram, a partir de 1938- ultimo ana do pre-guerra, sobre 0 qual temos informacoes relativamenteccmpletas, mas desde um ou dois lustros antes desse ana -, extraordinariastaxas de crescimento, que prosseguiriam ate 1973, ja na cesura do QuartoKondratiev. A partir de 1948, no Iapao. Esse movimento chegou muito ate-nuado ao resto do mundo, inclusive ao resto da America Latina, sem 0 Brasil.

    QUADRO 1Produ!;io Industrial

    (1938-1973)

    Mundo Capltallsta .... '................................. 6,0 vezes (5,3% a.a.)Mundo Capitallsta Desenvolvldo ........................ 5,8 vezes (5,1% a.a.)AmerIca do Norte ..................................... 6,3 vezes (5.4% a.a.)Mercado Comum Europeu .............................. 4,8 vezes (4,6% a.a.)America Latina ........................................ 7,6 vezes (6,0% a.a.)America Latina sem Brasil ............................. 5,8 vezes (5,1% a.a.)Brasil ........................ ....................... . 16,0 vezes (8,2% a.a.)Unliio sovrettca ........................................ 19,0 vezes (8,8% a.a.)Japiio ................................................ 11,7 vezes (7,3% a.a.)ONU - Anuarlos e Mensarlos Estatisticos.

    AS FASES DO QUARTO KONDRAT/EV

    Dos pafses agrupados como "Resto da America Latina", devemos destacaro Mexico, com uma expansao da producao industrial de cerca de oito vezes,no perfodo, e a Argentina, com apenas quatro vezes. A industria argentinan iio cresceu nos tres primeiros lustros da fase b deste Kondratiev.No presente CicIo Longo - 0 Quarto Kondratiev - algumas discrepan-cias de comportamento, como estas, se prenunciam. Para comecar, 0 cresci-mento dos pafses socialistas, um pouco a ligeira atribuiveis ao planejamentosocialista, pura e simplesmente, esta a merecer uma reconsideracao, Nos quinze

    anos subseqiientes a cesura do Quarto Kondratiev (1973-88), quase todos ospaises socialistas tiveram seu crescimento severamente desacelerado. Assim,comparando os tres lustros finais da fase a (1958-73), com os tres lustros ini-ciais da fase b (1973-88, citada), teremos um comportamento aparentadocomo do mundo capitalista, a saber:

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    QUADRO 2Produ{:io Industrial (Cresclmento: vezes)

    a b1958-73 % a.a. 1973-88 % a.a.

    Mundo Capltalista ........................ 2,50 6,3 1,37 2,1Mercado Comum Europeu ................. 2,19 5,4 1,24 1,5Mundo Capltalista Desenvolvldo ........... 2,43 6,1 1,36 2,1Am6rlca do Norte .0 0 2,20 5,4 1.39 2,2Brasil 0 0 0 3,60 9,0 1,62 3,3Resto da Am6rlca Latina 0 2,34 5,2 1,77 3,9COMECON 0 0 3,79 9,3 2,03 4,8Unlio Soyl6tica 0 0 0 0 0. 3,42 8,5 1,96 4,6Japio 0 0 6,79 13,6 1,64 3.3RFA 0 0 2,38 6,0 1.21 1,3RDA 0 0 2,63 6,7 1,95 4,5

    ONU - Anuarlos e Mensarlos Estatisticos.

    Cabe notar, entretanto, que de ambos os lados da antiga "Cortina deFerro" estao surgindo excecoes a esta regra, isto e , pafses que, nas condicoesda fase b do Kondratiev, comportam-se como se estivessem na fase a. Nota-damente:

    QUADRO 3Produqio Industrial (Cresclmento: vezes)

    1960-70 % a.a. 1970-80 % a.a. 1980-86 %. a.a,Rep. Pop. da China ...... 1,50 4,1 2,33 8,8 1,86 10,9Vietnam 0 2,00 7,2 1,90 6,6 2,11 13,2Cuba 0 0 1.10 1,1 1.82 6,2 1,55 7,6Cor61a do Sui 0 3,03 11,2 5,68 19,0 1,98 12,1Flllpinas 0 0 1,82 6,2 2,45 9,4 2,58 17,1India .00 0 1,85 6,3 1,50 4,1 1,49 6,9

    ONU - Anu6rlos e Mensarlos Estatistlcos; URSS en Crlffres, 1986.

    Com variavel intensidade, nota-se, neste grupo de pafses, uma tendenciaao crescimento acelerado, mesmo depois de trans posta a cesura de Kondratiev(1973), Trata-se de um comportamento surpreendido na URSS e no Brasil,na fase recessiva do Terceiro Kondratiev, e no Iapao, depois da guerra - istoe , na fase a do Quarto Kondratiev - pela razao j a indicada. No caso [apones,34

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    a tendencia ciclica nao foi formalmente contrariada, mas a singular intensidadedo crescimento sugere a interveniencia de urn fato novo: inovacoes institucio-nais abrindo 0 caminho a energico esforco de formacao de capital, para aimplantacao de tecnologia jli amadurecida noutros paises - especialmente osEstados Unidos e a Alemanha Ocidental. Estes paises tiveram crescimentomuito mais modesto, a saber:

    QUADRO 4Produ.;io Industrial - Fase a - Quarto Kondratlev

    1948-73EUA .................. 2,93 v e z e s (4,4% a.a.)RFA .................. 8,68 v e z e s (9,0% a.a.)Japao ................. 30,64 v e z e s (14,7% a.a.)

    1958732,1 v e z e s (5,2% a.a.)2,4 v e z e s (6,1% a.a.)6,7 v e z e s (13,6% a.a.l

    ONU - Anuarlos e Mensarlos Estatisticos.

    Essas consideracoes sugerem a possibilidade de que mudancas institucio-nais adequadas possam trazer, a paises como 0 Brasil, uma retomada energicado crescimento, ainda nestes seis ou oito anos finais plausfveis, da fase b doQuarto Kondratiev. Mais concretamente, 0 Brasil pode arquitetar urn ambi-cioso plano de desenvolvimento, it base de investimentos nos grandes servicesde utilidade publica, pela aplicacao de tecnologia ja provada noutros pafses,e ao nosso alcance, it vista dos. rccursos acumulados na primeira etapa de nossaindustrializacao - principalmente ate 1980 - de potencial e material clara-mente subaproveitado.

    CICLO BREVE ENDOGENO BRASILEIRO

    Cabe aqui urn parentese, Nossa industrializacao, nos quadros da TerceiraDualidade, isto e, sob 0 comando do pacto de poder entre 0 latifundio feudale 0 nascente capitalismo industrial, como s6cios maior e menor, respectiva-mente, fez-se atraves de surtos cfclicos aproximadarnente decenais - obvia-mente aparentados dos ciclos de Juglar. Cada urn desses ciclos liquidava 0atraso relativo de urn dos "setores" em que as mudancas institucionais iampermitindo dividir 0 sistema economico nacional.

    Em 1930, quando, jli no fundo da fase b do Terceiro Kondratiev, 0movi-mento industrializador ganhou momenta decisivo, a economia dispunha deservices de utilidade publica ja bastante desenvolvidos: transportes ferroviarios,navegacr80 mercante, transportes eletricos urbanos, agua, esgotos, luz e energia35

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    para fins industriais, telefones urbanos, correios e telegrafos etc. Sem isso, 0esforco de industrializacao nem poderia ter comecado, limitando-se a urn movi-mento pre-industrial de substituicao de importacoes, como na anterior Duali-dade. E como em quase todo 0 "resto da America Latina",Esses "services de utili dade publica" foram predominantemente organiza-dos, ainda nos quadros da Segunda Dualidade, como "services piiblicos con-cedidos a empresas privadas estrangeiras". Era, conseqilentemente, uma proje-~ao, para 0 interior da economia brasileira, do capitalismo financeiro, quehavia assumido, no Centro Ciclico mundial, a forma de concessoes de servicespublicos a empresas privadas. Gracas a isso, a economia brasileira dispunhade urn "setor' de services de utilidade publica, sem 0 qual nao teria sidopossfvel lancar 0 processo de industrializacao geral.Ora, a cada novo ciclo breve, estruturado em torno do desenvolvimento- ou modernizacao - de urn "setor" ap6s outro, partindo da superestrutura,com a industria leve a frente, aproximando-se paulatinamente da industriapesada, os services basicos de utilidade publica, constitutivos da chamadainfra-estrutura, herdados da fase pre-industrializada, iam-se revelando mais e

    mais insuficientes. Entretanto, como as condicoes para 0 surgimento do capi-talismo financeiro nacional nao estivessem criadas ainda, 0 problema - neste,como em outros casos - resolveu-se por urn passo atras, isto e, pela recriacaode estancos, ou services publicos concedidos a empresas piiblicas.Compreende-se que, para que uma sociedade ainda feudal possa superaro pr6prio feudalismo, fazem falta instituicoes feudais. Assim, criamos, paula"tinamente, um direito trabalhista corporativo, isto e, de cunho feudal, sem 0qual nosso parque industrial nao poderia ter surgido. Mas chegaria 0 momentaem que nosso capitalismo industrial por-se-ia em condicoes de dispensar essasmuletas [eudais, precisamente no momenta em que se fossem criando as con-di~s para 0 surgimento de urn capitalismo jinanceiro end6geno. No centrodesse processo, encontraremos a revisao do direito de concessiio, 0 qual, ha-venda passado da concessao de services publicos a empresas privadas estran-geiras a concessao de services piiblicos a empresas piiblicas ou estatais, deve

    passar agora a forma mais avancada compativel com 0 capitalismo, isto e, aconcessao de services publicos a empresas privadas nacionais, vale dizer, [inan-ciadas em moeda nacional, pouco importando se 0 investidor e, a luz doDireito Internacional Privado, nacional ou nao nacional.

    OS "TIGRES" AS/AT/COS

    Nas condicoes da fase b do Quarto Kondratiev, os pafses mais dinamicosda economia mundial sao os chamados "tigres" ou "dragoes" asiaticos, deambos os lados da linha divis6ria entre as chamadas "economias de mercado"e as "economias centralmente planificadas", como vimos antes, a saber: aRepublica Popular da China, 0 Vietnam, Cuba, a Coreia do SuI, as Filipinas36

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    e a India, alem de outros como, muito provavelmente, a Coreia do Norte, aTailandia, Taiwan etc. 1A experiencia dos "tigres" deve ser estudada com cuidado pelo progra-mador brasileiro. Em todos eles surpreendemos mudancas institucionais - naonecessariamente as mesmas - abrindo a porta a aplicacao pratica de tecnologiaja amadurecida em outros pafses, os integrantes do Centro Dinamico universal,de ambos os lados da velha "Cortina de Ferro", pelo emprego de potencialprodutivo ocioso, 0 qual somente se revelara a vista de determinadas mudancasinstitucionais.Quantas pessoas no Brasil tinham consciencia de que dispunhamos deenorme potencial produtivo ocioso numa industria de construcoes mecanicas,ao abrir-se 0 "Programa Metas de JK", e antes dessa discreta inovacao insti-tucional, que foi a substituicao do Imposto de Vendas e Consignacoes, pelo

    Imposto de Consumo, que recaia apenas sobre o, valor acrescido? Quem sabiada existencia das mil e seiscentas empresas que 0 GEIA (Grupo Executivo daIndustria Automobilfstica) usaria, em torno de uma duzia de montadoras es-trangeiras, para criar, aparentemente ex nihilo, essa mesma industria automo-bilfstica?

    Como no Brasil e na Uniao Sovietica dos anos 30, sao mudancas institu-cionais assim, nao necessariamente as mesmas, que possibilitaram e estao pos-sibilitando saltos economicos espetaculares, cuja formula geral e , precisamente,esta: um esforco para a formacao de capital, orientado para a aplicacao detecnologia ja amadurecida nos paises de vanguarda, pelo uso do potencialocioso ja acumulado, a espera de inovacoes institucionais que 0 ponham emevidencia,

    Com efeito, nao ha por que esperar que se defina nova tecnologia ferro-viaria, por exemplo, para que nos ponhamos a reconstruir, de alto a baixo,o sistema ferroviario brasileiro. E ja podemos produzir os trilhos, os vagoes eas locomotivas, inclusive eletricas, para essa reconstrucao, indispensavel, inclu-sive, para desencadear 0 novo surto de crescimento. E, desde ja, podemosapontar a inovacao institucional necessaria, a saber: a revisao do direito deconcessiio.

    Compreende-se que nao se encontram paises de vanguarda entre os "ti-gres" contemporaneos. Aqueles paises ja cristalizaram em seus parques produ-tivos a tecnologia amadurecida, 0 que quer dizer que somente inovacoesinstitucionais de novo tipo - a exemplo de formas ineditas de planejamento -podem abrir a porta a novo surto de formacao de capital. Na pendencia disso,

    1 Outros paises, a exemplo da Romenia, Albania, Mongolia tiveram na fase a do pre-sente Kondratiev taxas muito satisfatorias de desenvolvimento, desacelerando-se, entre-tanto, com a chegada da fase b, como aconteceu pelo mundo afora, a exemplo do Japao,da Europa Ocidental, da America do Norte, da America Latina (inclusive 0 Brasil) etambem a URSS e a Europa Oriental, assunto que retomaremos adiante. Nilo se ali-nham, conseqiientemente, com os "tigres" ou "dragoes", os quais, como 0 fizeram nosanos 30' 0 Brasil e a URSS, tiveram seu desenvolvimento acelerado precisamente nafase b do Kondratiev.

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    OS investimentos abertos implicariam 0 usa de tecnologia no fundo ja provadano interior de suas proprias economias, e teriam elevado custo social, sob aforma de sucateamento de instalacoes ffsica e moralmente ainda nao depre-ciadas, ao contrario do que ocorre nos paises da segunda linha, que poucacoisa ainda valida teriam que sucatear.Por isso, estes anos finais da fase b do Quarto Kondratiev prometem sermuito duros para os pafses integrantes do Centro Dinamico, a menos que inter-venham inovacoes institucionais como as indicadas, quando falamos em formasineditas de planejamento. A "crise" - ou fase b do Quarto Kondratiev, come-cada pontualmente, isto e , como devia ser previsto, na cesura desse CicIoLongo, ou seja, em 1973 - ainda nao tocou 0 fundo do poco. Os tres prime i-ros lustros dessa fase trouxeram taxas de crescimento muito menores que asdos tres lustros anteriores a cesura (Quadros 5 e 6 in fine). Entretanto, emboramuito baixas, salvo nalguns anos especificos (trienio 1979-82), essas taxasainda sao positivas, Uma "depressao", como a que se abriu em 1929, queparece estar na ordem natural das coisas, ainda nao se materializou,

    QUADRO 5QU8rto Kondr8tlev1938 = 100 Produ~o Industri81

    P8raes & RegiiSea % 8.8. 1948 % a.a. 1958 % 8.8. 1973 % a.a, 1988 1938-88% 8.8.Mundo Capitalista 1 3,7 145 5,3 238 6,3 595 2,1 816 4,3Mundo Capit. Desenv. 3,9 147 4,7 233 6,3 583 1,9 769 4,2America do Norte 7,5 206 3,3 286 5,3 629 2,2 869 4,4Estados Unidos 8,3 221 3,2 303 5,4 673 2,4 960 4,6America Latina 5,3 168 5,8 294 6,5 756 3,8 1323 5,3Brasil 6,2 183 9,7 436 9,0 1596 3,3 2585 6,7Resto Am. Latina 4,9 162 5,2 270 5,2 577 3,9 1019 4,9Europa Ocldental -0,2 98 6,8 189 5,7 438 1,7 561 3,5CEE -2,5 78 9,7 196 5,4 429 1,5 537 3,4Japao -10,0 38 16,2 172 13,6 1168 3,4 1916 6,1Argentina 2 0,9 109 5,4 185 6,2 456 , 454 3,1Mexico 2,6 129 6,6 244 8,1 790 4,0 1414 5,4India 1,3 114 4,6 179 6,2 446 6,0 1075 4,9RFA -6,6 53 13,6 189 6,0 450 1,3 544 3,4RDA -3,5 71 14,0 263 6,6 692 4,5 1349 5,3URSS 4,3 152 13,8 553 8,5 1891 4,6 3705 7,5

    ONU - Statlscal Yearbooks e Monthly Bulletins of Statistics. CEPAL AnuarloEstadistico de America Latina.1Exclusive Europa Oriental, URSS, RP China, Vietnam, Corel a do Norte, Mong611a eCuba. Extrapola.;oes dos anos pr6ximos para 1958 e 1988.38

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    Decisivas inovacces tecno16gicas parecem estar iminentes, provavelmenteordenadas em torno de uma energetica montada sobre a fusao do atomo. Ora,precisamente essa iminencia de serias inovacoes tecnol6gicas freia 0 esforco deformacao de capital nos pafses de vanguarda, ao prometer vida breve paraas instalacoes calcadas na tecnologia ja provada, mesmo quando melhoradacomparativamente a cristalizada no parque ja criado.PLANE/AMENTO SOCIALIST A E KONDRATIEV

    Entre esses pafses de vanguarda, vamos encontrar os integrantes do CentroDinamico socialista, vale dizer, a Europa Oriental e a URSS. Seu planeja-mento, paradoxalmente, tende a deixar sem aplicacao as inovacoes tecnol6gicasj~ ao alcance desses paises, visto como essas inovacoes exigiriam 0 sucatea-mento imediato de parte decisiva do parque produtor de bens de equipamento.Numa economia em que a introducao da nova tecnologia resulta de uma deci-sao consciente, essa decisao emerge como uma operacao muito complexa. Porurn lado, cada dia ou ana que passe, promete uma tecnologia ainda melhordo que a disponivel em dado momento, e, por outre lado, 0 custo social dosinvestimentos baseados na tecnologia ja provada se afigura muito baixo.

    Talvez por isso mesmo, os paises desenvolvidos de economia planificada,ao contrario do que supunham os seus te6ricos, viram-se apanhados no tur-bilhao do Ciclo Longo. Os quadros que se encontram junto a este trabalho,especialmente os ultimos, deixam clara essa dependencia do Ciclo Longo -tal como era previsfvel, a partir das "curvas" de Kondratiev. 0 ana de 1973,salvo para a alcateia de "tigres", de urn e outro lades da "Cortina de Ferro",marca uma evidente mudanca de rumo, chegando mesmo a inverter essa ten-dencia, A Asia apresenta-nos 0 grupo mais importante desses "tigres" ou"drag6es" .

    A crise economica, embora sendo menos violenta nos pafses centricos domundo socialista do que nos paises centricos do mundo capitalista, trouxeconsigo graves conseqiiencias socio-pollticas, especialmente para os primeiros.Para os paises capitalist as , as recess6es e as depress6es sao fatos quase corri-queiros, que engendraram mecanismos de defesa consideravelmente eficientes,Exemplo disso e nossa correcao monetaria, que compatibilizou nosso cresci-mento com taxas de inflacao impensaveis nos pafses socialistas.

    A administracao de Leonid Brejnev e sua equipe, havendo comecado nafase a do Ciclo Longo, fez-se na ilusao de que a economia planificada socia-lista estava a coberto das flutuacoes economicas ciclicas, muito especialmenteda Long Wave. Era compreensfvel, e era urn preco a pagar pelo sacriffcio dogenial mestre, precisamente quando a economia mundial descia ao fundodo poco da Grande Depressao, enquanto, na Uniao Sovietica, nos quadros doI Plano Qtiinqtienal, os sinais se invertiam. Em suma, tudo se combinava paranutrir aquela ilusao, isto e , de que 0 planejamento deixava 0 socialismo a salvoda Onda Longa.No Brasil, tambem nutrimos - nos, os marxistas revolucionarios dos anos30 - a mesma ilusao. Em sua expressao mais madura, esta tomava a forma40

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    da crenca de que a Depressao Mundial era mera expressao da Crise Geral doCapitalismo. 0 remedio contra esta s6 podia ser um: a revolucao socialista,a qual viria, provavelmente, na esteira da revolucao democratico-burguesa, aqual deveria assumir, no Brasil, formas especificas, diferentes do fevereirode 1917 na Russia. No Brasil, a nossa seria a Revolucao Agraria e Antiimpe-dalista, promovendo a Reforma Agraria e a Industrializacao. No fundo, sonha-vamos com uma sequencia socialista para essa revolucao burguesa: como 0"Outubro Vermelho" sovietico.

    Ora, como de habito, tivemos uma revolucao a meias, isto e, naohouvereforma agraria, mas ocorreu a industrializacao, Isso eu havia percebido, naoobstante meus verdes vinte e tres anos, como 0 ultimo dos revolucionarios de1935 a trocar as masmorras do Estado Novo pel a precaria liberdade, nascondicoes de domicilio coacto, em Sao Luis do Maranhao - nao no Maranhao- 0 qual duraria oito anos. Senti que 0 pais estava pr6spero, isto e, que algode muito equivocado havia em nosso ideario s6cio-politico. Somente dez anosmais tarde, a CEPAL (Comissao Economica para a America Latina) nos dariaa explicacao para essa prosperi dade inesperada: a industrializaciio substitutivade importacoes, isto e , 0 fato de que pelo menos em parte do Brasil 0 esforcode producao para 0mercado interno, em resposta ao fechamento dos mercadosextemos para os nossos produtos, assumiu 0 [eitio industrial. Esse movimentofoi, paulatinamente, contagiando todo 0 territ6rio nacional.

    Nas fases recessivas dos anteriores Kondratievs (1815-48 e 1873-96),observamos, simetricamente com a fase recessiva do Terceiro Kondratiev(1921-48), uma reorientacao do esforeo produtivo hacia adentro, na termino-logia cepalina. Essa reorientacao, porem, nao havia assumido 0 feitio indus-trialista. Poi, basicamente, no Primeiro Kondratiev, um esforco pre-mercantilde producao de auto-consume, no interior das fazendas de escravos ou lati-fundiarias: e de producao, ja predominantemente mercantil e urbana, mas s6acidentalmente industrial, no Segundo Kondratiev.

    Entretanto, a teoria da Dualidade Basica da Economia Brasileira, que daa chave para esses tipos de mudancas, ainda nfio havia sido formulada. E . elaque incorpora as contribuicoes cepalinas e a teoria dos Ciclos Longos.

    ESTAGNA(:AO E PERESTR()ICANao me sinto, assim, no direito de criticar Brejnev, por nao ter perce-bide que, a partir da cesura do Quarto Kondratiev, isto e, 1973 - eventual-mente 0 ana do Primeiro Choque do Petr6leo - as coisas haviam mudado, e

    nao somente para 0 mundo capitalista, mas tambem para 0 socialista. E quea brutal elevacao dos precos do petr6leo, arbitrariamente colocada no centroda crise, era mere incidente. Incidente que, alias, nao interessava ao mundosocialista, grande produtor de petr6leo.

    Os Quadros 5 e 6 reuneminformacoes categ6ricas sobre um periodo decinqiicnta anos (1938-88) de indiscutiveis mudancas, interessando parcelasdecisivas das "economias de mercado" e das "economias centralmente plani-

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    ficadas". Esses decenios compreendem os tres lustros finais da fase a e os tres1ustros iniciais da fase b do Quarto Kondratiev. 0 movimento interessou atoda a America (com a possfvel excecao de Cuba), toda a Europa Ocidental,a Europa Oriental e a URSS, 0 Japao e a Asia, com a excecao da China e doschamados "tigres asiaticos", E virtualmente 0 resto do mundo. 0 Brasil, destavez - como a Uniao Sovietica - nao escapou aos efeitos do Quarto CicloLongo.Como 0 programador socialista nao admitia sequer a possibilidade de quesua economia estivesse sujeita a esse movimento, nao e de admirar que, 50-mente passados varies anos da fase b do Kondratiev, ccmecasse a definir-se,muito desajeitadamente, a consciencia do fenomeno, inclusive da crise que, deambos os lados da "Cortina de Ferro", assumiria formas francamente depres-sivas, na economia mundial, com as excecoes indicadas, por volta do terceiro

    trienio da fase b (1979-82). Essa depressao, que no Brasil marcou 0 colapsodo regime militar (do mesmo modo como outra depressao, virtualmente limi-tada ao Brasil, resultou na implantacao do mesmo regime). Ambas essas de-pressoes exprimiram-se industrialmente em taxas negativas de crescimento. Nocaso da ultima, exprimiu-se por taxas negativas em todo 0 mundo capitalistae por taxas excepcionalmente baixas na area desenvolvida do mundo socialista.Somente escaparam os "tigres" de ambos os lados da "Cortina".o primeiro trienio subseqiiente it cesura do cicIo, entretanto, quase naotrouxe desaceleracao aos paises do COMECON, revelando uma taxa de cresci-mento de 8,1 por cento de media anual, contra 9,3 por cento nos tres lustrosanteriores (fase a do cicIo). Aparentemente, somente 0mundo capitalista (es-pecialmente 0 desenvolvido) fora atingido. Sua taxa anual media passou, nesteultimo, de 6,1 por cento na fase a para 0,5 por cento no primeiro trienio dafase b. Entre os pafses mais afetados destacam-se a Alemanha Federal (de6,0 a 0,3 por cento); os Estados Unidos (de 5,5 por cento a crescimento nulo)e 0 [apao (de 13,6 positivos a 1,8 por cento negativos).

    No segundo trienio, nos paises do COMECON, 0 movimento de desace-leracao comecou a acentuar-se. Era a estagnacao, como seria apelidado. Foide 5,2 por cento no segundo trienio e de 2,7 por cento, no terceiro. As espeta-culares taxas de crescimento dos anteriores pIanos qiiinqtienais passaram a seruma vaga Iembranca. Deveria tornar-se evidente que algo de muito inesperadoe grave estava acontecendo, mas a demora na definicao da consciencia dessefato era parte do preco a ser pago pelo abandono das teorias de Kondratiev.

    Embora com atraso e de modo confuso e ilus6rio, essa consciencia tomouforma, como seria inevitavel. 0 governo de Leonid Brejnev comecou a serresponsabilizado pela estagnacao, como se ela fosse fenomeno restrito ao mun-do socialista e nao extensiva a quase toda a economia mundial, assumindo,alias, formas incomparavelmente mais agudas nos pafses desenvolvidos domundo capitalista.

    Essa consciencia critica, que, com 0 tempo, se revelaria inepta e contra-revolucionaria, foi a chamada perestroica. Em vez de conduzir it busca deformas novas e superiores de planejamento - num momento em que, ate mas-42

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    carando-se com urn liberalismo muito discutivel, 0 planejamento propaga-seem todo 0 mundo capitalista - tomou a forma retr6grada de busca de umaeconomia de mercado que, muito provavelmente, nunca houve, em parte algu-rna do mundo. E, como seria natural que se esperasse, a critica a Brejnevfoi cedendo 0 passo it critica a Stalin e esta it critic a a Lenin. 0 reptidio deplano ao marxismo esta na ordem natural das coisas.

    CONCLUSAONem no mundo socialista, nem no capitalista, 0 deslizamento para a reces-sao de longo prazo foi univoco. De ambos os lados surgiram os chamados

    tigres e, marcando os extremos ..tivemos dois paises asiaticos importantfssimos:o J apao e a China.Com efeito, entre 1960 e 1986, ambos esses paises expandiram suas res-pectivas indiistrias em, nada menos, do que 6,5 vezes, isto e , ao ritmo anuaImedic de 7,5 por cento. Entretanto, enquanto nos anos 60 0 Japao expandiasua industria a 13,3 por cento, a China 0 fazia somente ao ritmo de 4,1 porcento. Esse estado de coisas foi mudando, paulatinamente, pari passu com amudanca de fase do Kondratiev, de tal modo que, nos seis anos da decada de80, 0 Japao somente crescia a 3,5 por cento ao ano, enquanto a China cresciaao ritmo "[apones" de 10,8 por cento.

    As Nacoes Unidas sao parcas, no que toea a estatisticas economicas rela-tivas aos chamados "tigres", mas creio que seria ilus6rio supor que sua not6riaexpansiio explosiva nada tern a ver com a Kondratiev. Estou convencido deque a l6gica interna do Ciclo Longo responde tanto pela desaceleracao, comopela aceleracao, Nenhum economista brasileiro que se preze pode ignorar quenossa industrializacao comecou nos anos 30, precisamente como uma respostait Depressao Mundial, como se, por motivos nao inteiramente estudados ainda,a vaga cfclica, ao chegar a nossas praias, tenha mudado de sinal - mas semperder seu caniter de vaga ciclica,Com toda a probabilidade, a "crise" que sacudiu os alicerces do socialis-mo, na Europa Oriental e na pr6pria URSS, e acumulou efeitos potencial-mente mais explosivos ainda, do nosso lado da Cortina de Ferro ainda na.()disse tudo a que veio.

    ABSTRACTThe world economy is passing through the phase b (declinant) of the fourth

    Kondratiev long cycle. The Brazilian economy is no exception. A Kind ofexception are the "Asian tigers", where the state plays a significant role. TheBrazilian policy makers should study this experience.

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