iet e o acesso justiÇa ivan lira de carvalho internet e o... · a interr\iet e o acesso À...

22
A INTERr\iET E O ACESSO À JUSTIÇA Ivan Lira de Carvalho Juiz Federal em Natal (RN), Professor da Universidade Federal do RN, Professor da Escola Superior da MagisrralUra do RN 1. INTRODUÇÃO Temendo o prejudicial e nocivo insulamento que condena todas as ciências culturais que não apressam o passo para - pelo menos - acompanhar o progresso da tecnologia, o Direito demorou mas chegou a tempo para celebrar um conúbio com a mais revolucionária das criações do engenho humano neste século: a informática. Os profissionais da jurisprudência, ciosos guardiões de vetustas bibliotecas abarro- tadas de volumes consagradores da imprensa gutemberguiana, aos poucos foram sendo seduzidos pela inovação que facilita o acesso às informações e facilita ainda mais a reprodução (massiva ou individuada) dessas mesmas informações, num pro- cesso de recuperação, de utilização e de divulgação jamais esperado cinqüenta anos. Primeiro foram os computadores que transpuseram os umbrais dos grandes recintos empresariais ou estatús, para invadir o templo dos escritórios de advocacia ou os gabinetes dos juízes e demais agentes do Direito. Uso quase assemelhado ao dado a uma máquina de escrever mais sofisticada. Depois vieram os 50ft/vare mais aprimorados e os recursos de multimídia. E, em seguida, triunfalmente adentrou a Internet, provocando - esta sim - uma verdadeira revolução nos costumes e nas téc- nicas dos operadores jurídicos. Fazendo jus à sua comentada vocação de retaguarda, encapada pelo duvido- so manto da "segurança e da prudência", coube ao Poder Judiciário entrar por últi- mo no ritmo da grande rede mundial de computadores. Entretanto, sem medo de sanção pelo pleonasmo, faça-se justiça à Justiça. É que esta avançou tão celeremen-

Upload: hoangxuyen

Post on 03-Dec-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

A INTERr\iET E O ACESSO À JUSTIÇA

Ivan Lira de Carvalho Juiz Federal em Natal (RN), Professor da Universidade Federal do RN,

Professor da Escola Superior da MagisrralUra do RN

1. INTRODUÇÃO

Temendo o prejudicial e nocivo insulamento que condena todas as ciências culturais que não apressam o passo para -pelo menos -acompanhar o progresso da tecnologia, o Direito demorou mas chegou a tempo para celebrar um conúbio com a mais revolucionária das criações do engenho humano neste século: a informática. Os profissionais da jurisprudência, ciosos guardiões de vetustas bibliotecas abarro­tadas de volumes consagradores da imprensa gutemberguiana, aos poucos foram sendo seduzidos pela inovação que facilita o acesso às informações e facilita ainda mais a reprodução (massiva ou individuada) dessas mesmas informações, num pro­cesso de recuperação, de utilização e de divulgação jamais esperado há cinqüenta anos. Primeiro foram os computadores que transpuseram os umbrais dos grandes recintos empresariais ou estatús, para invadir o templo dos escritórios de advocacia ou os gabinetes dos juízes e demais agentes do Direito. Uso quase assemelhado ao dado a uma máquina de escrever mais sofisticada. Depois vieram os 50ft/vare mais aprimorados e os recursos de multimídia. E, em seguida, triunfalmente adentrou a Internet, provocando - esta sim - uma verdadeira revolução nos costumes e nas téc­nicas dos operadores jurídicos.

Fazendo jus à sua comentada vocação de retaguarda, encapada pelo duvido­so manto da "segurança e da prudência", coube ao Poder Judiciário entrar por últi­mo no ritmo da grande rede mundial de computadores. Entretanto, sem medo de sanção pelo pleonasmo, faça-se justiça àJustiça. Éque esta avançou tão celeremen­

I

I

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO INSTlTU[ÇÃO TOLEl 226

te na adoção dos mecanismos virtuais, que hoje os vergonhosos atrasos na presta­ção da tutela jurisdicional ficam na ficha de débito quase-exclusiva dos ritos e dos atos processuais quinhentistas que ainda dão primazia à documentação escrita, num estranho pacto do papiro com o impresso, erguendo solenes barreiras ao inescon­dível pragmatismo dos meios magnéticos atestadamente seguros. Mas, como bibli­camente está assentado que para cada fato há um tempo, não custa esperar... Afinal, as medidas do tempo, que até bem pouco tinham a sua menor fração consignada em segundos, agora são expressas em bits.

Tecidas estas loas preambulares, o certo é que a Internet tem sido manejada com rara felicidade para facilitar o acesso ao Judiciário: quer pela elevação da quali­ficação dos profissionais que labutam na seara jurídica; quer pelo franqueamento de informações mais precisas e acessíveis acerca dos atos processuais; e quer pela inte­gração que propicia entre os atores do processo, encurtando distâncias reais, sociais e culturais.

2. O QUE ÉACESSO ÀJUSTIÇA? I I I Para guardar fidelidade ao tema proposto ao desenvolvimento desta análise, I necessário se faz uma célere abordagem sobre a expressão que se apresenta mui fre­i: qüentemente como um destacado escudo da cidadania: o acesso à justiça. O assun­I: to tem sido ocupação e preocupação dos mais destacados juristas e filósofos da atua­

lidade, embora a questão não seja tão moderna como geralmente é apresentada. So­

I.

I

bre ele deitaram as suas opiniões personalidades do quilate de MAURO CAPPELLETTI e JOSÉ AUGUSTO DELGADO. Aquele, príncipe dos processualistas italianos do cor­rente século, a fazer referência às observações deste sobre o palgitante temaJ Este, renomado estudioso brasileiro de cultura jurídica multifacetária, a tomar o jurista peninsular como paradigma das suas reflexões para uma maior abertura do Judiciá­rio ao cidadão.

Mas, para dar vazão ao assunto acesso à justiça, é preciso que pelo menos seja tentado um esboço do que este bordão representa, formal e materialmente. Será que teve acesso à justiça a pessoa que consegue ajuizar uma ação? Ou será que so­mente pode ser dito que logrou esse status alguém que efetivamente foi ao Judiciá­rio em posição de igualdade com os seus contendores, obtendo um provimento equilibrado e a tempo de definir e dar efetividade aos seus direitos? justiça é sem­pre sinônimo de Poder judiciário, como costumeiramente é afirmado? As respostas não são fáceis.

Diz HORÁCIO WANDERLEY RODRIGUESz que a expressão em comento é de­veras vaga, ensejando que a doutrina a ela ofereça dois sentidos, válidos e não ex­cludentes, atuando em complementaridade:

'Cr. Juízes Irresponsáveis'. Porto Alegre: Sergio Antonio fJbris Editor, 1989. p. 25. 'Acesso àjustiça no Direito Processual Brasileiro. São Paulo: Acadêmica, 1994. p. 29.

"opri contei acesse umal ela co funda

Assim, tem-se formal (justiça = JU( axiológica do probler sendo o alcance de u humano.

Apropósito, Mi so à justiça pode ser no contexto de um si~

rantia (e não apenas sar, o acesso à justiça te reconhecido, mas t seu estudo pressupÕt objetos do Direito atu

"send( de se ti to con: vias dE litígio, para0

Assim, pode ser polga os defensores d, reiras, muito longe est gresso no judiciário cc de KAZUO WATANABE do particular ao poder do direito, que seja via

Eo que será dos que pedem um prr

'Acesso àJustiça. Porto Alegre: 'Sistema processual brasileiro ( ca.com/mziproccida.hun, aces: 'Cilada por HORÁCIO WANDE

çÃO TOLEDO DE ENSINO

onhosos atrasos na presta­e-exclusiva dos ritos e dos locumentação escrita, num Ienes barreiras ao inescon­~ seguros. Mas, como bibli­, não custa esperar... Afinal, I menor fração consignada

n.ternet tem sido manejada luer pela elevação da quali­ler pelo franqueamento de ocessuais; e quer pela in te­ndo distâncias reais, sociais

nvolvimento desta análise, ) que se apresenta mui fre­) acesso àjustiça. O assun­juristas e filósofos da atua­dOlente é apresentada 50­: de MAURO CAPPELLETTI :ssualistas italianos do cor­e o palRitante tema!. Este, acetária, a tomar o jurista maior abertura do Judiciá­

:ciso que pelo menos seja n.al e materialmente. Será ma ação) Ou será que so­fetivamente foi ao Judiciá­obtendo um provimento JS direitos? Justiça é sem­:é afirmado' As respostas

ressão em comento é de­:ntidos, válidos e não ex­

).

p.29.

INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO 227

"o primeiro, atribuindo ao significante justiça o mesmo sentido e conteúdo que o Poder judiciário, torna sinônimas as expressões acesso à justiça e acesso ao judiciário; °seRundo, partindo de uma visão axiológica da expressão justiça, compreende oacesso a ela como o acesso a uma determinada ordem de valores e direitos fundamentais para o ser humano. "

Assim, tem-se que o primeiro dos aspectos aqui reportados é mais frio e formal (iustiça = Judiciário), enquanto o segundo está fundado numa visão mais axiológica do problema, entendendo e fazendo entender o acesso à justiça como sendo o alcance de uma determinada ordem de valores e direitos essenciais ao ser humano.

Apropósito, MAURO CAPPELLETTI e BRYAN GARTH' asseguram que o aces­so à justiça pode ser encarado como o mais básico dos direitos humanos inseridos no contexto de um sistema jurídico moderno e igualitário, comprometido com aga­rantia (e não apenas com a proclamação) do direito de todos. Nesta linha de pen­sar, o acesso à justiça não é somente um direito social fundamental, crescentemen­te reconhecido, mas também o ponto central da moderna processualística, já que o

: 1

seu estudo pressupõe um alargamento e um aprofundamento dos métodos e dos objetos do Direito atual. No mesmo sentido, diz JOSÉ AUGUSTO DELGAD04 que

"sendo o acesso à justiça um direitofundamental do cidadão, há de se tomar providências Ulgentes para tomá-lo eficaz. Para tan­to conseguir, há de se impor séria modificação na estrutura das (lias de chegada do homem em busca de uma solução para o seu litígio, especialmente, no tucante aus métodos e técnicas adotados para o curso dos procedimentos. "

Assim, pode ser arriscada a afirmação de que o acesso à justiça que tanto em­polga os defensores da cidadania e tanta revolta causa quando a ele são opostas bar­reiras, muito longe está de ser uma mera transposição burocrática das regras de in­gresso no Judiciário com alguma ação. Émais verdadeira e contundente a afirmação de KAZUO WATANABE, para quem não basta a simples admissão formal do reclamo do particular ao poder estatal julgador, sendo imperioso, para a efetivação do referi­do direito, que seja viabilizado o acesso "à ordem jurídica justa"5.

Eo que será "ordem jurídica justa", à qual deve ser franqueado o acesso dos que pedem um pronunciamento estatal decisório) De uma forma simples, pode

'Ace.I:I·O à justiça. Pano Alegre: Sergio Amonio Fabris Edilor, 1988 pp. 12 e 13. 'Sislema processual brasileiro e cidadania [on·line I. Teiajurídíca. Publicado via 1mernel em hllp://www.leiajuridi­ca.com/mz/proccida.hlffi acessado em IS jul. 1999 'Cilada por HORÁCIO WANDERLEI RODRIGUES, op. CiL, p. 29

11

I

INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSINO INSTITUlÇÃO T OLE228

ser dito que é aquela que contemple oportunidades equilibradas para os litigantes. Como conseguir esse equilíbrio, num contexto socioeconômico e político de tantas desigualdades é que constitui uma tarefa hercúlea, exigente de muito compromisso e de muito estofo ético.

Se todos os problemas -como o que ora se analisa - fossem resolvidos ma­gicamente pelos editos oficiais, seria muito confortável! Mas, como o trato envolve o querer das gentes e as limitações das instituições políticas, por maior que seja o número de instrumentos legais disponibilizados sempre restará espaço aser percor­rido para que a efetividade dessas normas seja realizada. E o menor caminho a ser percorrido entre o que o Estado pode oferecer em termos legislativos e o que os ci­dadãos esperam em termos de acesso à justiça é a adoção de princípios, regentes do vácuo aqui comentado e, ao mesmo tempo, alicerçadores de decisões equilibra­das6

• Dito equilíbrio comporta até mesmo as fragilidades do sistema e das pessoas que o operam, comprovando a regra de que a justiça total é uma utopia, conforme sugere o texto de JÚLIO CÉSAR TADEU BARBOSN:

"O ideal de uma justiça absoluta está além de qualquer experiên­cia histórica, e desta maneira pode-se deduzir que é impossível de­

,I,, terminar cientificamente o que seja justiça. Em outras palavras, , I' não épossível conceituar-se o ideal de uma justiça absoluta base­

ando-se na experiência e em argumentos tão-somente racionais. Neste sentido, por paradoxal que possa parece1; o ideal de justiça absoluta é irracional, pois a ciência dita pura não pode verificar

I· os princípios fundamentais relativos ao que seja justo ou injusto."

I" 3. BARREIRAS AO ACESSO ÀJUSTIÇA: ECONÔMICAS, SOCIAIS, CULTURAIS EJURÍDICAS

Se a "justiça total" é uma utopia, o acesso à "ordem jurídica justa" já acima co­mentada é algo factível, mesmo que abissais sejam as desigualdades sociais e econô­micas. Difícil, porém não impossível. Necessário, pois, para a viabilização desse di­reito fundamental à prestação jurisdicional, a ruptura de algumas das barreiras que se interpõem entre o particular e o Estado-juiz.

Àanálise.

'Acerca do que é um principio, diz CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO ser este um "mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferemes normas compondo­lhes O espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência. exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tónica e lhe dá sentido harmônico". (E/emetltos de Direito Administrativo. 2' edição. São Pauh RT, 1991, pp. 299 e 300). 'o que éjustiça. 4' edição. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 19&4. p. 8.

Oprimeiro de: co. Com efeito, a me expressão inexplicav rocratizado, com a SI

em nada difere, por a atividade de ambo ponsabilidades e p<

para exemplificar as des que estão a carg mais barata para opa pies cobrança ou par; mentem jamais! Cust

Por paradoxal i sua variante do novo ao valor da causa, cc obstaculizadas (ou p decente e eficaz para doméstico, o consun estes e outros meno~

que lhe é devida pell detentores dos meio que dispõem de legii lizadas a título de "in1

formalmente mantid o desnível ora comen ma tão precária que no organograma do I rio somente porque j

Ocusto do pro advocatícios e pericia apenas alguns dos er chegar à justiça.

Há ainda outre maior ou menor freq ciais. Éo que MADR( LANTER, chamam de

'Introdução à sociologia da ai 2' edição. São Paulo: Ática, I' 'Acesso à justiça, cit., p. 25.

çÃO TOLEDO DE ENSINO

lilibradas para os litigantes. nômico e político de tantas nte de muito compromisso

lisa -fossem resolvidos ma­Mas, como o trato envolve ticas, por maior que seja o restará espaço aser percor­.Eo menor caminho a ser )s legislativos e o que os ci­;ão de princípios, regentes lares de decisões equilibra­s do sistema e das pessoas aI é uma utopia, conforme

ém de qualquer experiên­duzir que é impossível de­tiça. Em outras palavras, majustiça absoluta base­OS' tão-somente racíonais. Jarecer, o ideal de justiça 1pura não pode verificar 1ue seja justo ou injusto. "

::AS, SOCIAIS,

jurídica justa" já acima co­gualdades sociais e econô­Ira a viabilização desse di­algumas das barreiras que

reSle um "mandamento nudear de Jbre diferentes normas compondo­, exalamente por definir a lógica e a ~ntido harmônico". (Elementos de

INSTITUiÇÃO TOLEDO DE ENSlNO 229

oprimeiro desses fatores impeditivos do acesso à justiça tem matiz econômi­co. Com efeito, a movimentação da máquina judiciária é inexplicavelmente cara. A expressão inexplicavelmente é... explicável! Em um sistema processual deveras bu­rocratizado, com a supremacia dos atos assentados em papel, oJudiciário brasileiro em nada difere, por exemplo, do seu congênere Executivo: monopólio estatal para a atividade de ambos; servidores com remuneração incompatível com as suas res­ponsabilidades e permanentemente atravessando deficiência de treinamento, só para exemplificar as mazelas que atingem aos dois. Só que a prestação das ativida­des que estão a cargo do Executivo (educação e transporte, v.g.) sai infinitamente mais barata para o particular do que oingresso em juízo para a realização de uma sim­ples cobrança ou para aexpedição de um mero alvará. Os fatos -como las cartas -não mentem jamais! Custas, honorários advocatícios e outras despesas fazem adiferença.

Por paradoxal que possa parecer, no mundo onde impera o capitalismo ou a sua variante do novo liberalismo, o custo do litígio aumenta em proporção inversa ao valor da causa, conforme dá conta BOAVENTURA DE SOUZA SANTOSs. Assim, obstaculizadas (ou pelo menos dificultadas) são as chances de uma tutela jurídica decente e eficaz para o operário, o aposentado, o pequeno agricultor, o empregado doméstico, o consumidor, e o habitante da periferia da urbe, por exemplo. Ficam, estes e outros menos favorecidos, inibidos de receber a assistência reequilibradora que lhe é devida pelo Estado-juiz. Modo inverso, aos grandes grupos econômicos, detentores dos meios de produção, serviços e comunicações, tudo é facilitado, já que dispõem de legiões de bons advogados e as despesas processuais são contabi­Iizadas a título de "investimento especial". Enão se fale que a "assistência judiciária" formalmente mantida por alguns entes públicos para atender aos miseráveis supre o desnível ora comentado, pois, não raramente, essas repartições funcionam de for­ma tão precária que parecem tocadas pela maldição de, mesmo estando inseridas no organograma do Executivo, receberem a "contaminação" das agruras do Judiciá­rio somente porque junto a este operam.

O custo do processo é elevado. As despesas e taxas cartorárias; os honorários advocatícios e periciais e ainterrupção do labor de quem é parte ou testemunha são apenas alguns dos empecilhos a que as pessoas economicamente frágeis consigam chegar à justiça.

Há ainda outro fator que inibe o acesso à ordem jurídica justa. Cuida-se da maior ou menor freqüência de certas pessoas ou grupos no trato das querelas judi­ciais. Éo que MAURO CAPPELLETTI e BRYANT GARTH9

, com apoio em MARC GA­LANTER, chamam de "litigantes habituais" e "litigantes eventuais." Para a professo­

'Introdução à sociologia da adminiSlfação da jusliça, in AJunção social do Judiciário. Coord. FARIA, José Eduardo, 2a edição. São Paulo: Álica, 1994 p.46. 'Acesso àjustiça, ciL, p. 25.

I

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO230

ra paraense ANA CIÁUDIA BASTOS PINHEIR01o , é grande a diferença de resultado

entre os litigantes habituais (em razão da sua superioridade econômica, acostuma­dos a transitar pelos meios cartorários e devidamente assistidos por advogados in­seridos no cotidiano forense e com fácil chegada a serventuários e a magistrados) e os litigantes eventuais, configurados naquelas pessoas que "vez por outra têm algum direito violado, mas resistem a recorrer às vias judiciais, em razão do ceticismo que assola a grande massa consumidora de justiça",

Outro obstáculo que se apresenta ao acesso à justiça é o de cunho social, que apesar de ser passível da análise autônoma, está umbilical mente atado aos óbices de índole econômica, Com efeito, ainda que seja nas camadas mais humildes da popu­lação que se apresentam os maiores índices de atentados aos direitos subjetivos dos cidadãos, têm estes uma espécie de temor às coisas do Judiciário, não raro achando que para aquela seara somente são levados na condição de demandados e assim mesmo em processo penal. Ademonstração dessa lastimável aliança (fatores sociais e fatores econômicos atuando juntos para obstaculizar o acesso à justiça) fica mais evidente quando é constatada a presença de algum familiar ou alguém ligado por

I' amizade que labuta na advocacia, De repente a pessoa pobre se sente animada a ir : I àJustiça na defesa dos seus direitos, diminuindo o receio de ter que arcar com so­I i'I I

I, mas além das suas disponibilidades e confortada por estar tão próxima de alguém i: para ela havida como "importante" por dominar um campo tão inatingível como os I: meandros do Judiciário,

Ainda na mesma linha dos obstáculos aqui já analisados, apresenta-se o fator cultural como mais um abismo desunindo o povo e a justiça. Ir ao Judiciário em de­

I,

I· fesa de algum interesse seu é coisa para ricos, cultos ou iniciados nas artes forenses, Assim é que é "vendida" a idéia às pessoas mais distanciadas da informação acerca

I' desse atributo da cidadania, Não raro é invocada a máxima "é melhor um péssimo acordo do que uma ótima questão", retrato puro do conformismo que só beneficia as camadas mais poderosas ou influentes da sociedade, em franco desfavor dos mais humildes, Há tlmbém o receio de a pessoa ser tomada no meio onde vive como do­tado de personalidade litigante, ou, no dizer do vulgo, "bronqueiro", perturbador ou arengueiro.

As exceções a essa onda de afastamento da justiça das camadas menos influ­entes está na efetivação da educação do povo acerca dos seus direitos mais funda­mentais - mercê o da cidadania, Assim, noções sobre Direito do Consumidor e so­bre Direito Ambiental, por exemplo, quer sejam veiculados através de currículos es­colares ou informalmente pelos meios de comunicação social, plantam no âmago das pessoas o gérmen da rebeldia, estimulando-as até mesmo a procurar um canal

l'A nova onda conciliatória e seus reflexos na esfera crirmnal: alternativa de acesso à ordem jurídica justa [on-line). Dablio -Questões Críminals, publicado via Imernet em http://www.geocilies.com/CollegePark/6410/douui05.htm. acessado em 12 nov.1999.

INSTITUIÇÃO TOLE

remoto para receber co, Isto vem a demc RODRIGUES ll , que a cem um papel fundai esclarecer quais são ( coletividade e quais ( ção, Por outro lado, ( reitos, através de un pela assimilação da il cia de que seu desrt dos conflitos,

Mas, para que I cular à tutela jurisdiCl searas apontadas Cal "leiga", é bom que se e mantém barreiras q jamos alguns desses

Já foi dito linh2 realmente inexplicáv( outros poderes não d lenta, o que a torna ­os mecanismos de cc justiça, Mas, muito p que persegue e embl tuais, Aestrutura mn

Louve-se, no el soluções consensuad: dão que representa a - a ruptura do espessl para a diminuição da para novos métodos I

cisamente, à "ordem

4. AINTERNET FAC

4.1. Considerações Barreiras sociai

e outras barreiras im(

!lop. ciL, p. 38.

cO TOLmo DE ENSINO

a diferença de resultado le econômica, acostuma­stidos por advogados in­uários e a magistrados) e "vez por outra têm algum TI razão do ceticismo que

1é o de cunho social, que nente atado aos óbices de s mais humildes da popu­!os direitos subjetivos dos diciário, não raro achando I de demandados e assim lvel aliança (fatores sociais acesso à justiça) fica mais liar ou alguém ligado por Jbre se sente animada a ir )de ter que arcar com so­ar tão próxima de alguém )0 tão inatingível como os

ados, apresenta-se o fator iça. Ir ao Judiciário em de­iciados nas artes forenses. Idas da informação acerca la "é melhor um péssimo ormismo que só beneficia 1 franco desfavor dos mais meio onde vive como do­bronqueiro", perturbador

das camadas menos influ­seus direitos mais funda­eito do Consumidor e so­IS através de currículos es­social, plantam no âmago ~smo a procurar um canal

ISO àordem jurídica justa [on·line). Iffi/CoJIegePark/6410/doutriOS.hlm

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO 231

remoto para receber a tutela jurisdicional difusa, como é o caso do Ministério Públi­co. Isto vem a demonstrar, concordante com a opinião de HORÁCIO WMOERLEY RODRIGUES ll

, que a estrutura educacional e os meios de comunicação social exer­cem um papel fundamental no que se refere ao acesso àjustiça. Por um lado, devem esclarecer quais são os direitos fundamentais do indivíduo (visto isoladamente) e da coletividade e quais os instrumentos jurídicos hábeis para sua reivindicação e prote­ção. Por outro lado, devem estimular uma cultura de busca da efetividade desses di­reitos, através de uma educação (formal ou informal) para a cidadania, passando pela assimilação da idéia fulcral de que o respeito aos direitos passa pela consciên­cia de que seu desrespeito levará à utilização dos mecanismos estatais de solução dos conflitos.

Mas, para que não se imagine que os óbices apresentados à chegada do parti­cular à tutela jurisdicional são todos aparentemente exógenos, ou seja, sediados em searas apontadas como da responsabilidade do Poder Executivo ou da sociedade "leiga", é bom que seja destacado, em mea culpa, que o próprio Judiciário constrói e mantém barreiras quase inexpugnáveis para que o povo chegue aos seus sítios. Ve­jamos alguns desses obstáculos. ; I

Já foi dito linhas acima que o elevado custo de uma demanda judicial é algo realmente inexplicável, já que os serviços de cunho oficial que são prestados pelos outros poderes não desafiam tão alto desembolso. Aprestação jurisdicional é cara e lenta, o que a torna - por si só - insuficiente e ineficaz. Alerdeza crônica que assola os mecanismos de concessão da tutela jurídica é a mais solerte negação da própria justiça. Mas, muito pouco tem sido feito para desmanchar essa imagem quelônia que persegue e emblematiza o serviço judicial, a não ser através de soluções pon­tuais. Aestrutura continua "pesada" ...

Louve-se, no entanto, o aparecimento dos Juizados Especiais e a difusão das soluções consensuadas, que são luzes ainda diminutas no imenso túnel de escuri­dão que representa a atividade jurisdicional. Estes mecanismos auxiliaram -e muito - a ruptura do espesso conservadorismo que reveste oJudiciário, dando ensanchas para a diminuição da hegemonia do documentalismo impresso e abrindo espaço para novos métodos e técnicas de franquear ao povo o acesso à justiça e, mais pre­cisamente, à "ordem jurídica justa", conforme já foi antes comentado.

4. AINTERNET FACILITANDO OACESSO ÀJUSTIÇA

4.1. Considerações gerais Barreiras sociais, barreiras econômicas, barreiras culturais, barreiras jurídicas

e outras barreiras impedindo o particular de ter acesso à justiça. Ainda são tíbias as

"op. ciL, p. 38.

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO INSTITUIÇÃO TOLED<232

iniciativas para remover os óbices seculares aqui listados. Entretanto, é inegável que o uso da informática no Direito tem ocupado, até com louvável ousadia, o espaço outrora exclusivo da burocracia que se funda no tripé papel-tinta-carimbo. Acerca dessa evolução (ou quiçá revolução), ocupou-se o primeiro item deste ensaio. Será buscado, nesta quadra do trabalho, uma aligeirada análise de como a Internet tem contribuído nesse contexto de informatização do Judiciário, com destaque para os pontos onde agrande rede tem suscitado maiores polêmicas ou gerado maiores be­nefícios.

4.2. O interrogatório on-líne Colhe-se, nesta ocasião, duas situações concretas da utilização dos recursos da

informática para a realização de interrogatórios criminais à distância, com o auxílio do modem, mesmo equipamento usado para a transmissão de dados via Internet.

No primeiro desses casos, em 1996, na Comarca de São Paulo (SP), o então Juiz de Direito LUIZ FIÁVIO GOMES instrumentalizou-se para realizar - e de fato rea­lizou -interrogatórios à distância, com o magistrado ficando em sala própria, nas de­

r; pendências do fórum e o interrogado restando no interior do presídio, também emI

II, .

sala adequada. Num e noutro pontos, terminais de computador interligados entre I' ~ ; si. No presídio, um servidor do Judiciário a apresentar as perguntas feitas pelo juiz

e, em seqüência, a digitar as respostas oferecidas pelo preso.i: i Oacontecimento não foi esquecido pela imprensa, aexemplo da Folha de Sãoi:

Paulo, que reservou intenso espaço para noticiar a novidade. Igualmente o fato não passou despercebido aos estudiosos do Direito, que dedicaram críticas contunden­

I· tes àinovação, taxando-a, dentre outros epítetos, de "cerimônia degradante". Já ou­I tros segmentos da comunidade jurídica saudaram a iniciativa como meio de agiliza­

ção dos processos penais, tudo sendo traduzido em benefício do próprio acusado, que teria abreviado o tempo de prisão provisória. OProfessor LUIZ FLAVIO BORGES D'URS012 fez publicar incisivo artigo, onde destaca:

"Vozes de todos os cantos do país levantam-se contra essa experiên­cia, pois sob o manto da modernidade e da economia, revela-se perversa e desumana, afastando o acusado da única oportunida­de que tem ele de falar ao seu julgador, trazendo frieza e impesso­alidade a um interrogatório que poderia, caso aceito, ser realiza­do por telégrafo, nada diferenciando-se deste. "

\lO imerrogalório vinual 'on-line': uma desagradável justiça virtual [on-line]. Direito Penal, publicado via Imerne[ em hllp://www.clireiropenal.adv.br/anig039.h[m acessada em 12 nov.1999.

Emais adiante VI

"A ausê juízo ir deconj aponte

Justificando asu ção informática em rm de réus presos fossem poral que poderia ser I este sim, passível de se bimento da denúncia.• cutida evita a expediçãe melhantes, permitindo cessidade do deslocam pode ser atacado quan lidade previne acidentt

"O tran muitos transpo tânciat calculá policiar.

Posição diferente o interrogatório do aCl mática. Também contr, CINTRA DIAS JÚNIOR, líticos (artigo 9, III) e a assevera ser direito do ser ouvido com todas a

Parece que a soh deração da análise: nen

lJOp.ciL HO imerrogalório à dislância [o h[lO: !/www.geociúes.comlColle l5Op. CiL

16Apud D'URSO, Luiz Flávio BOr)

-- -- ----- - ---

rçÃo TOLEDO DE ENSINO

'. Entretanto, é inegável que louvável ousadia, o espaço papel-tinta-carimbo, Acerca ~iro item deste ensaio. Será se de como a Internet tem ário, com destaque para os licas ou gerado maiores be­

autilização dos recursos da s àdistância, com o auxílio são de dados via Internet. de São Paulo (SP), o então para realizar -e de fato rea­ldo em sala própria, nas de­Jr do presídio, também em lputador interligados entre s perguntas feitas pelo juiz ~eso,

aexemplo da Folha de São ade. Igualmente o fato não licararn críticas contunden­imânia degradante", Já ou­ltiva como meio de agiliza­efício do próprio acusado, ssor LUIZ FLAVIO BORGES

7l-se contra essa experiên­e da economia, revela-se rdo da única oportunida­razendo frieza e impesso­~ caso aceito, ser realiza­teste, "

lireito Penal, publicado via lmernet

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO 233

Emais adiante verbera BORGES D'URS01J;

"A ausência da voz, do corpo e do 'olho no olho', redunda em pre­juízo irreparável para a defesa epara a própria justiça, que terá de confiar no Diretor do presídio ou noutro funcionário, quefará a ponte tecnológica com ojulgador."

Justificando a sua ação, o LUIZ FIÁVIO GOMES!! afirma ter optado pela solu­ção informática em razão da realidade forense que só permitia que os interrogatórios de réus presos fossem marcados com a antecedência de dez dias úteis, lapso tem­poral que poderia ser mitigado com a realização do interrogatório \~a computador, este sim, passível de ser operacionalizado em vinte e quatro horas a contar do rece­bimento da denúncia. Nesta linha de raciocínio, o interrogatório pela via agora dis­cutida evita a expedição de ofícios, requisições, precatórias e outras providências se­melhantes, permitindo a oitiva de uma pessoa em qualquer ponto do país, sem a ne­cessidade do deslocamento "real" desta, sendo eliminados riscos para o preso (que pode ser atacado quando transportado) e para a própria sociedade, já que a moda­lidade previne acidentes e evita fugas. E prossegue GOMES!5;

"O transporte do preso envolve gastos com combustível, uso de muitos veículos, escolta, muitas vezes gasto de dinheiro para o transporte aéreo, terrestre etc. O sistema do interrogatório a dis­tância evitaria todos esses gastos. Representaria uma economia in­calculável para o erário público e mais policiais nas ruas, mais policiamento ostensivo, mais segurança pública. "

Posição diferente é defendida por NILZARDO CARNEIRO LEÃO!6, para quem o interrogatório do acusado tem que ser pessoal e oral, sendo excluída a via infor­mática. Também contra o interrogatório on-line assume posição DIRCEU AGUIAR CINTRA DIAS JÚNIOR, que invocando o Pacto Internacional de Direitos Civis e Po­líticos (artigo 9, III) e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (artigo 8, I), assevera ser direito do preso ser levado imediatamente àpresença de um juiz, para ser ouvido com todas as garantias.

Parece que a solução do conflito entre tão bem postas idéias passa pela mo­deração da análise: nem um modernismo que desprestigie os mais basilares direitos

"Op.ciL "O imerrogatório à distância [on-line]. Direito Penal e Criminologia, publicado via lnternet em http://www.geocities.com/CollegeParklLabn698!Jnterrogatorioeadistaneia.hun. acessada em 13 nov.l999. ,sOp. ciL

'6Apud D'URSO, Luiz FIàvio Borges, op. ciL

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO INSTITUIÇÃO TOLEDO [ 234

do homem (tais como a presunção de inocência, o devido processo legal, a publici­dade dos atos do processo que o envolve e a possibilidade de contato eficaz com o juiz), nem um reacionarismo que dê primazia à literalidade dos editos garantidores do cidadão.

Ainiciativa do então juiz paulista LUIZ FLÁVIO GOMES!7, buscando socorro na informática para solver as agruras que cercam um juiz criminal normalmente desas­sistido de meios para implementar justiça a tempo e a modo, em respeito aos direi­tos e garantias fundamentais do particular, só merece louvores. Merecem reflexão e apoio as palavras explicativas da sua iniciativa:

(

"E se em algum dia, por sua causa, for possível antecipar a liber­dade de uma só pessoa, terá valido a pena a iniciativa. Porque não existe humanidade esolidariedade mais profunda que liberar opreso, quando tenha que ser liberado, antes da data que a buro­cracia "normal" nos impõe. "

Entretanto, pelo que se noticia, a realização do interrogatório que tanta celeu­ma criou operou-se através da digitação remota das perguntas, para que fossem res­pondidas pelo acusado em outro local, sendo em seguida também digitadas pelo funcionário da Justiça, sendo tais informações passadas ao computador do juiz. O acusado tendo acesso à pergunta escrita pelo juiz (e a si reproduzida oralmente pelo funcionário) e o magistrado tendo acesso à resposta oferecida pelo acusado apenas depois de ter sido ela digitada pelo serventuário. Tudo muito "frio", distante e ex­cessivamente formal, demonstrando pouca eficiência em tornar o interrogado mais próximo do interrogador (pela via da informática), ainda que geograficamente dis­tantes um do outro. Faltou o olhar; o avaliar das expressões corporais e faciais; o mudo pedido de clemência ou a demonstração de arrependimento ou de insensibi­lidade moral que independem de voz. Qualquer rudimento de psicologia judiciária indica a validade, em situações como tais, do secular adágio chinês da prevalência de uma imagem sobre mil palavras. Neste particular, assiste razão a ANA SOFIA SCHMIDT DE OLNEIRA18 ao dizer que o interrogatório em comento não satisfaz. E dá os fundamentos: "Os gestos, a entonação da voz, a postura do corpo, a emoção do olhar, dizem por vezes mais que palavras. Mensagens subliminares são transmiti­das e recebidas. Importa o olhar. Importa olhar para a pessoa e não para o papel.".

Pelas informações compiladas, o interrogatório feito pelo então Juiz LUIZ FLÁVIO GOMES tem semelhança com o célebre rol de perguntas que acompanha as cartas precatórias ou de ordem (especialmente as oriundas da Justiça Penal Militar), adicionado apenas da flexibilidade que tem o magistrado de redirecionar o rumo do

"op. CiL

"Interrogatório oldine. Boletim do IBCCrim. São Paulo, InSUlUlO Brasileiro de Ciências Criminais, nO 42, p. L 1996.

interrogatório a mercê da zação de interrogatórios ( Computadores, com o use uso exclusivo de linguagel acusado, desdobramento] no texto constitucional pá; NOVER1

9, para quem a aut diência e o de presença:

"O primeir aforrnaçãl o segundo momento, J

do-lhe a irn

Outro caso regis trac pelo Juiz de Direito EDISO onde aquele magistrado w fazer a comunicação com ( cou-se aquele juiz de outre nhá-lo na sala da prisão o transmitidas via computad( tamente da sala do fórum ( te daquele outro acima nol de habeas corpus impetrac gumento de que o ato mar pecialmente o da plenitud(

O habeas aforado eo Juiz BRENO GUIMARÃESlo, cesso, desde o interrogató preceitos constitucionais ai rava a anulação do proces~

como relator oJuiz PÉRICL tucionais apresentados pell nejado pelo juiz (som e im;

"0 Processo Constitucional em mal! ~A íntegra do VQ[O eslÍ na Revista Br: pp. 343 a 345 1997 "Voto integral na Revista Brasileira a 1997

I

ÃO TOLEDO DE ENSINO

processo legal, a publici­: de contato eficaz com o e dos editos garantidores

ES17, buscando socorro na linal normalmente desas­jo, em respeito aos direi­ores. Merecem reflexão e

mível antecipar a liber­ma a iniciativa. Porque aisprofunda que liberar rztes da data que a buro­

ogatório que tanta celeu­ltas, para que fossem res­1 também digitadas pelo ) computador do juiz. O roduzida oralmente pelo :ida pelo acusado apenas Jito "ftio", distante e ex­)rnar o interrogado mais \ue geograficamente dis­ies corporais e faciais; o jimento ou de insensibi­)de psicologia judiciária io chinês da prevalência ste razão a ANA SOFIA comento não satisfaz. E ura do corpo, a emoção )liminares são transmiti­Ja e não para o papel.". J pelo então Juiz LUIZ lOtas que acompanha as da Justiça Penal Militar), redirecionar o rumo do

leias Criminais, nO 42, p. 1. 1996.

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO 235

interrogatório a mercê das respostas oferecidas. Assim, se institucionalizada a reali­zação de interrogatórios como o que ora se comenta através da Rede Mundial de Computadores, com o uso de um protocolo tipo IRC (Internet Relay Chat) , com o uso exclusivo de linguagem escrita, em muito ficará comprometida a autodefesa do acusado, desdobramento natural do princípio da ampla defesa que está consagrado no texto constitucional pátrio (art. 5°, LV), conforme lição de ADA PELLEGRINI GRI­NOVER1

9, para quem a autodefesa se bifurca em dois direitos decorrentes, o de au­diência e o de presença:

"O primeiro traduz-se na possibilidade de o acusado influir sobre aformação do convencimento do juiz mediante o interrogatórioj o segundo significa a oportunidade de tomar ele posição, a todo momento, perante as alegações e as provas produzidas, garantin­do-lhe a imediação com o juiz e as provas. "

Outro caso registrado pela crônica forense é o do interrogatório realizado pelo Juiz de Direito EDISON APARECIDO BRANDÃO na Comarca de Campinas (SP) , onde aquele magistrado usou elementos de vídeo e som, em tempo real, para per­fazer a comunicação com o acusado que restava em local remoto (a prisão). E cer­cou-se aquele juiz de outros cuidados: deu um defensor ao acusado, para acompa­nhá-lo na sala da prisão onde o mesmo responderia às indagações que lhe eram transmitidas via computador e nomeou outro defensor para acompanhar o ato dire­tamente da sala do fórum onde ficou o magistrado. A.~sim, este caso é bem diferen­te daquele outro acima noticiado. Pois bem. Dois desses interrogatórios foram alvo de habeas corpus impetrado ao Tribunal de Alçada Crinlinal de São Paulo, sob o ar­gumento de que o ato maculava diversas garantias e princípios constitucionais, es­pecialmente o da plenitude da defesa e o da publicidade dos atos processuais.

O habeas aforado em prol de Wilkerson Roberto Carlim teve como relator o Juiz BRIENO GUIMARÃES '0, que votou pela concessão da ordem (anulação do pro­cesso, desde o interrogatório "virtual"), acatando os argumentos de atentado aos preceitos constitucionais acima referidos. Já o BC, com igual fundamento, que mi­rava a anulação do processo onde era acusado Evaldo Aparecido dos Santos teve como relator oJuiz PÉRICLES PIZN" que entendeu não ocorridos os óbices consti­tucionais apresentados pelo Impetrante, dando especial destaque para o meio ma­nejado pelo juiz (som e imagem em tempo real):

"0 Processo Constitucional em marcha. São Paulo: Revis[J dos Tribunais, 1985. p. 17. ~AímegrJ do vmo está na Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, EdilOr:1 Revista dos Tribunais, nO 17, pp. 343 a 345 1997 "ValO integral na Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo: Revista dos Tribunais, nO 17, pp. 346 a 348 1997

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO INSTITUIÇÃO Tom236

"Aqui há o diálogo direto entre o Magistrado e o réu, de imagem e som, sendo apenas a manifestação deste último formalizada, ao depois, pelo escrevente-digitador, o quefoi feito na presença de um Advogado, o que garante a fiel transcrição da livre manifestação de vontade do interrogando". (.)

Restou, no caso, certificado que ao paciente foi assegurada a liberdade de ex­pressão, não padecendo de qualquer constrangimento, manifestando-se livremente e de forma espontânea (cf. f.), isto após receber 'som e imagem do Magistrado' con­forme se vê dos autos.". Aordem foi denegada, ensejando recurso ao STJ (nO 6.272­SP, ReI. Min. FÉUX FISCHER), onde não logrou sucesso à míngua da demonstração de prejuízo.

Acerca da publicidade dos interrogatórios feitos on-Jine, assegura EDISON APA­RECIDO BRANDÃO'Z, em artigo onde comenta a decisão do Superior Tribunal de Jus­tiça acima reportada, que a transmissão da videoconferência por protocolo TCP/IP re­moveu qualquer dúvida quanto à acessibilidade do ato pelo público, dês que "milha­res e milhares de pessoas poderiam assistir ao ato simultaneamente, como de resto

I , inúmeros atos são assistidos em nível mundial, simultaneamente, via Internet.". Re­I'I;, gistre-se, para a inteiração da publicidade, é imperioso que o recinto onde ficará o in­

i: I

terrogado tenha o acesso franqueado ao público em geral (e não somente àquelas pessoas que tenham acesso a computadores), a não ser nos casos excepcionais do resguardo do ato, conforme prevê o artigo 792, § 2°, do Código de Processo Penal.

Éhora de ser admitido um relativo sacrifício aos moldes tradicionais da reali­zação dos atos judiciais solenes, em prol da agilidade do processo e da prestação ju­risdicional mais célere. Acesso à justiça, relembrando mais uma vez a lição de KA­ZUO WATANABE, é acesso à ordem jurídica justa, que ficará mais perto de ser atin­gida, em matéria criminal, com a adoção massiva dos interrogatórios on-line, desde que observadas as cautelas mínimas aqui mencionadas.

4.3. As home pages do Poder Judiciário As home pages, também chamadas de páginas web, constituem um mix de re­

vista virtual com outdoor de apresentação de pessoas, produtos ou instituições que usam a Internet para melhor facilitar a comunicação com a sua clientela efetiva ou potencial. Assim, dado o elevado índice de familiarização dos operadores jurídicos com os meandros e com os mecanismos da Internet, deixa este trabalho de descer a detalhes e explicações técnicas primárias acerca das referidas páginas, voltando a sua atenção apenas para os destaques destas como instrumento de facilitação do acesso à justiça.

"Primeiro interrogatório por videoconJerência do Brasil [on-line]. APAMAGIS, publicado via Internet em h[lp://www.apamagis.com/1vccampinas/p im.hunl, acessado em 12 novo 1999.

Em 1996, quanl munidade jurídica, af ção do operador do : ges consistiam em Ull

seguintes endereços: Catarina (http://www eJustiça Federal do R que se tenha uma idé bunal de Justiça disp URLs e mudou a feiçã vistas virtuais", divulg publicando peças de a feição das home pai moram os produtos I

das pessoas até as su: realmente espantoso que o Brasil "já cont2 mentar US$2,7 bilhõe especial dada pelos e

Somente àguis biliza, até 14 de nove zessete mil, duzentos Desde a sua entrada I tivar e para facilitar a dência da Corte; as e das pelos Ministros, n quisa integrada de jur são disseminadas ime prudenciais (à escolh nacionais, até mesm( pela Biblioteca do Se sões ou posições insi lente sistema de acon ciativa exclusiva do ir co (o STF- Push, que emitir uma mensager feito cadastrado).

"A 1mernet e o operador jUfI

uA imernet e os tribunais [Ol hnp:(jpublicaciones.derechc

çÃO TOUDO DE ENSINO

'ado e o réu, de imagem e eúltimo formalizada, ao lífeíto na presença de um ão da livre manifestação

egurada a liberdade de ex­lanifestando-se livremente lagem do Magistrado' con­l recurso ao STJ (nO 6.272­míngua da demonstração

ne, assegura EDISON APA­) Superior Tribunal de Jus­apor protocolo TCP/lP re­) público, dês que "milha­neamente, como de resto mente, via Internet. ". Re­o recinto onde ficará o in­I (e não somente àquelas os casos excepcionais do ódigo de Processo Penal. ,Ides tradicionais da reali­'ocesso e da prestação ju­s uma vez a lição de KA­~á mais perto de ser atin­rogatórios on-line, desde

)nstituem um mix de re­lutos ou instituições que I sua clientela efetiva ou los operadores jurídicos este trabalho de descer

idas páginas, voltando a menta de faCilitação do

licado via Internet em

INSTITUIÇÃO TOUDO DE ENSINO 237

Em 1996, quando tíbia ainda era a participação da Internet no cotidiano da co­munidade jurídica, afirmamos em palestra acerca dos mecanismos postos à disposi­ção do operador do Direito na Rede Mundial de Computadores23 que as home pa­ges consistiam em uma excelente ferramenta de pesquisa, fazendo destaque para os seguintes endereços: Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina (http://www.ccj.ufsc.br), Supremo Tribunal Federal (http://www.stf.gov.br) eJustiça Federal do Rio Grande do Norte (http://www.summer.com.br/-jfrn). Para que se tenha uma idéia da elementariedade da situação, nem mesmo o Superior Tri­bunal de Justiça dispunha de site até então. Passados apenas três anos, mudaram URLs e mudou a feição das páginas, que àquela época funcionavam como meras "re­vistas virtuais", divulgando serviços que somente eram prestados no campo "real" e publicando peças de doutrina ou julgados isolados de maior relevância. Atualmente a feição das home pages dos entes do Poder Judiciário é bem outra. Acada dia apri­moram os produtos nela veiculados, mirando sempre evitar o deslocamento físico das pessoas até as suas respectivas sedes. O crescimento do universo de usuários é realmente espantoso. RENATO M. S. OPICE BLUM24 afirma em novembro de 1999 que o Brasil "já conta com 8 milhões de internautas e com a perspectiva de movi­mentar US$2,7 bilhões no comércio eletrônico até 2.003". Explicada, pois, a atenção especial dada pelos entes públicos a tão numerosa clientela.

Somente à guisa de exemplo, a página do Supremo Tribunal Federal já conta­biliza, até 14 de novembro de 1999, exatos 3.217.241 (três milhões, duzentos e de­zessete mil, duzentos e quarenta e um) acessos, registros feitos a partir de 0409.1996. Desde a sua entrada no ar, a página do STF vem inserindo muitos serviços p1ra ca­tivar e para facilitar a vida do usuário. Dentre estes, merecem destaque a jurispru­dência da Corte; as edições do Diário da Justiça; as decisões monocráticas proferi­das pelos Ministros, notadamente nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade; a pes­quisa integrada de jurisprudência, através da qual o usuário lança p1lavras-chave que são disseminadas imediatamente por um respeitável conjunto de repositórios juris­prudenciais (à escolha do consulente), desde aqueles mantidos por outros tribunais nacionais, até mesmo aos bancos particulares de informações jurídicas, passando pela Biblioteca do Senado Federal; o Informativo STF, com ágeis notícias das deci­sões ou posições institucionais tomadas no âmbito da Suprema Corte; e um exce­lente sistema de acompanhamento processual, que tanto permite a consulta por ini­ciativa exclusiva do interessado, como detém um mecanismo de relatório automáti­co (o STF- Push, que reclama apenas um cadastro do cliente para a partir de então emitir uma mensagem eletrônica sempre que for dado algum impulso processual ao feito cadastrado).

"A Interoet e O operador jurídico ion-Ilne]. Home Page da]ustiça FederJ! do RN, lmp://www.ifrn.gov.br. MA internet e os tribunais [on-line]. Revista Electrónica de Derecho In/omátiea, publicado na Internet em http:/Lpublicaciones.derecho.org/redil. acessada al3 novo 1999.

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO INSTITUlÇÃO TOLEC238

, , I:I ,

II; I:,,

i: i i:

I· .

I,

I' I.

Outro importante link interno da página do Supremo Tribunal Federal reme­te ao Banco Nacional de Dados do Poder Judiciário, onde estão registrados os mais importantes elementos para que se tenha um perfil confiável, em números, da ma­gistratura nacional e do trabalho por esta desempenhado. O sucesso numérico do atendimento aos pedidos de prestação jurisdicional convive com o superior insuces­so nessa mesma área, permitindo aos demais profissionais envolvidos na área jurídi­ca e especialmente ao cidadão leigo uma visão - nem sempre agradável- da realida­de da magistratura brasileira.

A página do Superior Tribunal de Justiça, mais recente nos caminhos da Grande Rede do que a do Supremo Tribunal Federal, também ostenta um razoável cardápio de serviços úteis ao usuário técnico ou leigo. Assim, merecem destaque o acompanhamento processual (convencional ou via push) e a jurisprudência atuali­zada da casa, com o franqueamento das imagens do inteiro teor dos acórdãos, o que vem a contribuir - e muito - para o acesso eficaz à justiça (e à "ordem jurídica jus­ta"). Explica-se: um relevante contingente de advogados já tem por pra.;..;:e profissio­nal realizar consultas minuciosas à jurisprudência do STJ, analisando em detalhes os diversos aspectos do relatório, do voto do relator e eventualmente do voto ven­cido, mirando adquirir uma maior segurança acerca do encaminhamento de uma demanda ou mesmo de uma consulta. Se não existisse a Internet e através dela os profissionais não tivessem acesso a essas informações, difícil seria uma pesquisa de qualidade tão elevada, já que os repertórios "reais" não teriam um banco de infor­mações tão completo e mesmo o seu reduzido universo demandaria tempo para ser consultado, sem falar que pouquíssimos casos teriam o inteiro teor do acórdão re­produzido. Pois bem. Tendo uma rota quanto possível segura acerca dos posiciona­mentos jurisprudenciais da mais elevada casa de julgamentos infraconstitucionais do País, aos advogados fica mais confortável o encaminhamento das postulações dos seus assistidos, quiçá optando por uma composição extrajudicial. Etudo isso se re­flete numa melhor qualidade da justiça prestada, a uma porque são evitadas deman­das temerárias; a duas porque diminuindo o número de liças aventureiras no judi­ciário, restará este mais desafogado para prestar tutela de melhor qualidade àque­loutros que dela realmente precisam. Haverá maior espaço para o que CÂNDIDO RANGEL DINÂ"MRC02

\ chama de efetividade doprocesso, no seu nível positivo, sen­do esta a capacidade de exaurir os objetivos que o legitimam no contexto jurídíco, social e político, ou seja, a própria capacidade de compor os conflitos e eliminar as insatisfações deste derivadas e que animaram as partes ao litígio ou como entende FRANCISCO BARROS DIAS:6

, afirmando

"A instrumentalidade do processo. 4' edição. São Paulo. Revista dos Tribumis, 1993. p.267. "Processo de conhecimento e acesso à justiça (lutela antecipada) [on-lineJ. Teiajuridica, publicado na Internet em h[[p:(/www.teiajuridica.com/mzltutela.htm#Introducão. acessada em 20 seI. 1999.

"que o vel, sejl tísfaçã! íntegra

AJustiça Fed neiras como integrant( no ar a sua home pagE gêneres - como uma E munidade (laica e juríc ças doutrinárias e algu e ainda que conserve e acesso das pessoas à ju ros de telefones para in funcionamento e a tabi da dívida ativa; confecç dados ofertados pelo vi nico (instituído pela Lt com alimentação autor dito acerca do baratear do advogado com o ac menta uma inequívoca

Destaque-se ( mencionadas é um exe trumentos de facilitaçã, da de muito "juricliquê. pido de pedantismo, tê lação à sociedade leiga. quena empresa (pequE ca do que entende cliI' que até o surgimento c (apesar de esforços po;

Outro ponto oficiais e seus mecanis' no que diz respeito ac já foi pontuado em ou de noventa, o advogad tremenda dificuldade conferir as notas de ir não era suficiente pau prazo, com o evidente

lÇÃO TOLEDO DE ENSINO

emo Tribunal Federal reme­Je estão registrados os mais lfiável, em números, da ma­jo. Osucesso numérico do IÍve com o superior insuces­tis envolvidos na área jurídi­mpre agradável- da realida­

s recente nos caminhos da mbém ostenta um razoável \.Ssim, merecem destaque o 1) e a jurisprudência atuali­ro teor dos acórdãos, o que ça (cá "ordem jurídica jus­•já tem por pra.,'(e profissio­.], analisando em detalhes ventualmente do voto ven­encaminhamento de uma

1 Internet e através dela os ifídl seria uma pesquisa de teriam um banco de infor­jemandaria tempo para ser inteiro teor do acórdão re­gura acerca dos posiciona­lentos infraconstitucionais nento das postulações dos ljudidal. Etudo isso se re­)fque são evitadas deman­liças aventureiras no Judi­e melhor qualidade àque­IÇO para o que CÂNDIDO no seu nível positivo, sen­nam no contexto jurídico, .os conflitos e eliminar as ) litígio ou como entende

1993 p.2G7. ia ]uridica, publicado na Internet .. 1999.

INST[TUIÇÃO TOLEDO DE ENSlNO 239

"que o processo deve ser apto a produzir o melhor resultado possí­vel, seja para a plena atuação do direito material, seja para a sa­tisfação integral das pretensõesjustas do demandante, seja para a integral pacificação dos litigantes. "

AJustiça Federal, Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, foi uma das pio­neiras como integrante da primeira instância do Poder Judiciário brasileiro a colocar no ar a sua home page, no início de 1996. No começo, atuava - a exemplo das con­gêneres - como uma espécie de cartão de apresentação do judiciário federal à co­munidade (laica e jurídica), com informações institucionais, links interessantes, pe­ças doutrinárias e algumas decisões dos seus juízes. Depois foi sendo aperfeiçoada, e ainda que conserve estes serviços, presta outros que em muito contribuem para o acesso das pessoas à justiça, tais como o indicativo da sua localização, com os núme­ros de telefones para informações e o IP address (endereço eletrônico); o horário de funcionamento e a tabela de plantões; mecanismo para o requerimento de certidão da dívida ativa; confecção automática de documento de arrecadação fiscal, a partir de dados ofertados pelo visitante; sistema de acolhimento de petições via correio eletrô­nico (instituído pela Lei 9.800/99); acompanhamento processual deveras eficiente, com alimentação automática desde a distribuição do feito. A5sim, a exemplo que foi dito acerca do barateamento do acesso àjustiça a partir da diminuição das despesas do advogado com o acompanhamento do processo, constitui a home page em co­mento uma inequívoca contribuição à aproximação das pessoas à justiça.

Destaque-se que a linguagem usada na elaboração das páginas web acima mencionadas é um exemplo de como devem ser confeccionados esses tão úteis ins­trumentos de facilitação da chegada do povo à justiça e vice-versa. Clara e desprovi­da de muito "juridiquês". As informações institucionais, vazadas em vernáculo des­pido de pedantismo, têm desmitificado a posição de isolamento do Judiciário em re­lação à sociedade leiga. Eisso por vezes anima o cidadão ou o responsável pela pe­quena empresa (pequeníssima, micro às vezes) a bater às portas da Justiça em bus­ca do que entende direito. Esse caráter didático de mostrar uma justiça acessível, que até o surgimento da Internet não conseguiu ser implementado com eficiência (apesar de esforços pontuais nesse sentido) é hoje uma realidade inescondível.

Outro ponto positivo detectado com a popularização das home pages oficiais e seus mecanismos de serviço é o barateamento da prestação jurisdicional, no que diz respeito aos custos operacionais da atividade do advogado, conforme já foi pontuado em outra parte deste trabalho. Com efeito, até meados da década de noventa, o advogado que interpunha recurso ao STF ou ao STJ enfrentava uma tremenda dificuldade para acompanhar os passos do processo. Aárdua tarefa de conferir as notas de intimação veiculadas no órgão oficial de imprensa por vezes não era suficiente para uma eficaz atuação, não sendo raros os casos de perda de prazo, com o evidente prejuízo da parte que esperava (im)padentemente pela tu­

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSlNO INSTlTUlÇÃO TOLED240

tela. Para os que podiam, restava a possibilidade de contratar um escritório espe­cializado estabelecido em Brasília ou em outra cidade sede de Tribunal para seguir de perto o rumo do processo, além de pagar pelos serviços de uma empresa de clipagem do Diário da Justiça. Tudo isto implicava em custos que, como é óbvio, eram trespassados ao litigante e que às vezes preferia desistir da questão diante da elevação das despesas. Mas com a implantação do acompanhamento processual pelas home pages dos Tribunais, acrescido do serviço de informações automáticas estimuladas pelos atos processuais efetivamente praticados (push) , a atividade advocatícia na área recursal tornou-se mais barata e eficiente, abreviando o perío­do de incerteza da parte.

4.4. As home pages fora do Poder Judiciário O caráter predominante de revistas jurídicas virtuais atualmente deLxou a sea­

ra das páginas web dos Tribunais para ser domínio quase exclusivo das home pages mantidas por instituições situadas fora do círculo oficial do Poder Judiciário, ainda que com este guardem intimidade em decorrência do concurso que prestam na en­

I';' .

I:' • trega da tutela jurisdicional. Umas estão situadas até mesmo no âmbito governamen­I i I' tal, como é o caso da que é mantida pelo Ministério da Justiça (httpÜl\ww.mj.govbr), , I',

'. que dentre outros méritos tem o de manter arrolada entre os seus serviços a divul­I: \ gação integral de textos de anteprojetos de lei que interessam de perto à sociedade I, civil, como é o caso do anteprojeto da nova parte especial do Código Penal e do que

refere a uma lei sobre a proibição da venda de armas de fogo, ambos (como outros) expostos às críticas e à colaboração modificativa de quem tiver interesse para tanto.

I· . I Acidadania participativa que é estimulada na página do Ministério da Justiça fatal­

mente se reverte em facilitação do acesso das camadas sociais leigas à justiça, dês que estas passam a entender que tendo participado do processo de elaboração de uma lei (ou mesmo que apenas tenham sido consultadas para tanto), têm o direito de pedir ao Estado-juiz a aplicação da chamada "ordem jurídica justa". Éa contribui­ção que é dada pela Internet para a remoção do óbice de cariz social e cultural que inibe o cidadão de chegar à justiça.

Outras páginas, a maioria delas criadas e mantidas graças ao desvelo de profissionais do Direito, atuam como verdadeiros repositórios de opiniões doutriná­rias ou de jurisprudências setoriais selecionadas. Exemplo aqui citado -sem despres­tígio dos demais empreendedores da área -em homenagem àqualidade e àatuação desbravadora nessa seara é a Teia Jurídica (http//www.teiajuridica.com). fruto do es­forço original do Juiz LÁZARo GUIMARÃES, que além de divulgar peças doutrinárias e notícias que interessam aos profissionais do Direito, mantém um interessante pro­grama de cursos à distância visando ao aprimoramento dos operadores jurídicos. É óbvio que o alcance de novas informações no campo do Direito reverte em prol da melhor qualidade do trabalho de advogados, juízes, procuradores, promotores, pro­fessores e alunos da referida ciência, viabilizando assim o acesso cada vez mais efici­

ente, do particular, à ( que são a tônica das ir economizado o tempo que pode ser revertidc dicional mais célere.

Nessas autên cratizada divulgação dI' sionais, já que os artigc e outros escritos símile po, evitando as intermÍl te em prol da qualidade

4.5. O correio eletrô Ainda que seja tal

recursos técnicos e as ai co constitui um dos apa usuários da Internet. Me visuais, é uma espécie ( em apresentação mais (I gens) com a conversaçãl

O correio e1etrôr como e-mail, permite a to. com a transmissão d integraçáo proporcionad que jamais teriam o "atr nal (embora o número < ca ou pudesse ser infon sentem-se animadas a m indagação ou apresentai dessa comunicação mei< de da postulação e das povo.

Guardando semelr caram conhecidas como rídicos, a exemplo da @

nllNClte a diferença entre as listas ç

soas podem particip'lf do debate ( que segue, oormaJmeme, para un postal elelrônica de lOdos aquele~

de assinantes d:l lista" (CHARLAE p.58).

UIÇÃO TOnDO DE ENSlNO

:ontratar um escritório espe­sede de Tribunal para seguir ;erviços de uma empresa de n custos que, como é óbvio, desistir da questão diante da companhamento processual de informações automáticas aticados (push) , a atividade :ficiente, abreviando o perio­

uais atualmente deixou a sea­Ise exclusivo das hame pages ial do Poder Judiciário, ainda concurso que prestam na en­smo no âmbito governamen­lstiça (httpl/v.ww.mLgov.br), ntre os seus serviços a divul­ressam de perto à sociedade ial do Código Penal e do que fogo, ambos (como outros) m tiver interesse para tanto. ) Ministério da Justiça fatal-sociais leigas à justiça, dês processo de elaboração de .'1 para tanto), têm o direito L1ridica justa" Éa contribui­e cariz social e cultural que

tidas graças ao desvelo de 'lrios de opiniões doutriná­I aqui citado -sem despres­~m àqualidade e à atuação juridica.com), fruto do es­livulgar peças doutrinárias ltém um interessante pro­).'1 operadores jurídicos. É )ireito reverte em prol da ~adores, promotores, pro­Icesso cada vez mais efici-

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO 241

ente, do particular, à ordem jurídica justa. Sem dúvida, dada à rapidez e à seleção que são a tônica das informações lançadas ao ciberespaço através dessas páginas, é economizado o tempo que seria aplicado nas pesquisas convencionais, tempo esse que pode ser revertido, pelos atores do processo, em favor de uma prestação juris­dicional mais célere.

Nessas autênticas revistas jurídicas virtuais ocorre uma rápida e desburo­cratizada divulgação de idéias jurídicas, melhorando o estofo intelectual dos profis­sionais, já que os artigos, ensaios, teses, monografias, minutas de peças processuais e outros escritos símiles são disponibilizados aos leitores em curto espaço de tem­po, evitando as intermináveis esperas "no prelo". E tudo isto, como já foi dito, rever­te em prol da qualidade da prestação jurisdicional.

45. O correio eletrônico e as listas de discussão Ainda que seja talvez o aspecto menos charmoso da net - se comparado aos

recursos récnicos e as animações das hame pages, por exemplo -o correio eletrôni­co constitui um dos aparatos mais utilizados dentre aqueles postos à disposição dos usuários da Internet. Mesmo lançado em formato despido de fantasias ou adereços visuais, é uma espécie de somatório da correspondência epistolar clássica (só que em apresentação mais coloquial, dada a rapidez que exige no trato das suas mensa­ger1s) com a conversação telefônica (sem a "fônica" = sonora).

O correio eletrônico, com nome original eleetronic mail e popularizado como e-maU, permite a integração rápida e segura entre os profissionais do Direi­to, com a transmissão de peças jurídicas ou mesmo a celehração de contratos. A integração proporcionada por esta via de comunicação é tão eficiente, que pessoas que jamais teriam o "atrevimento" de telefonar para um jurista de renome nacio­nal (emhora o número do telefone estivesse claramente exposto na lista telefôni­ca ou pudesse ser informado sem delongas pela empresa operadora do serviço), sentem-se animadas a mandar um e-mail ao douto. formulando a mais intrincada indagação ou apresentando a mais frugal opinião. Muito ou pouco, mas os frutos dessa comunicação meio "sem rosto" são revertidos em benefício da boa qualida­de da postulação e das decisões proferidas em matéria judicial. Sai ganhando o povo.

Guardando semelhança com o e-mail estão as mafling-lists, que entre nós fi­caram conhecidas como listas de cliscussão27 São muitas as que tratam de temas ju­rídicos, a exemplo da [email protected], da [email protected], da

27 I1 Note a diferença entre as listas e o correio~eletrônico (emhora :lmbos utilizem o e-mail): n] primeira .. v3.lias pes­soas podem participar du debate de um mesmo tema, pois as mensagens chegam a todos; ao contrário do ornai!, que segue, normalmente~ para um destin:uário. Numa IiS[3 , pOrtMHO. a SUl mensagem é distrihuída p3ra a calxa­posta] eletrõflÍca de todos a(lue]es que assinam a lista. Equem [rata disso é um compmadoL com bIse na rdação de assinantes da lista." (CHARLAB, Sérgio. Você e a Internet no Brasil Rio de Janeiro: EdItora Ohjellva Llda, 1995. p 58).

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO INSTITUIÇÃO TOLEDC242

penal@news,com.br, e da amigos-juristas@egroups,com. Nelas são discutidos as­suntos que dizem respeito a casos concretos; a certo ramo do Direito; aos posicio­namentos jurisprudenciais sobre um determinado tema etc. Aceleridade com que os debates acontecem e o ilimitado número de partícipes, finda por oferecer uma gama tão elevada de informações (nem sempre de boa qualidade, diga-se) que sem sombra de dúvida amplia os horizontes do operador jurídico, às vezes até mesmo alertando-o para aspectos dantes despercebidos, Crê-se até desnecessário dizer que a interação fomentada pelas listas de discussão termina beneficiando a eficiência da tutela jurídica justa,

4.6. A Lei 9.800/99 e o envio de peças processuais via correio eletrônico Objetivando dar regulamentação ao uso de uma das ferramentas da Internet

deveras úteis no campo da agilização da prestação da tutela jurisdicional (facilitan­do assim o acesso à justiça), o legislador brasileiro cuidou de editar um diploma es­pecífico para envio e a conseqüente recepção de peças processuais via fac simile (fax) "ou outro similar". Com efeito, apesar da relativa lacunosidade do texto (art.

I: 10), não pode aparecer como meio mais próximo do fax, para os excogitados fins, II:!!,

do que o correio eletrônico, já que através das mensagens veiculadas por intermé­dio deste, tanto podem ser corporificadas as peças processuais (petições, recursos,

i: contra-razões etc), como pode a transmissão das mesmas ser feita em apensamen­I, to (attachment).

Sobre a possibilidade de remessa de peças processuais ao juízo destinatário

I via e-mail, GUSTAVO MANO GONÇALVEsza após diversos questionamentos assegura:

I, "Deduzimos, então, ser possível, de confonnidade com opermissi­vo da nova lei, a utilização de outros meios eletrônicos ou infor­matizados, dentre os quais se destaca, pela intensidade e extensão do seu uso nos dias atuais, a Internet e os correios eletrônicos em geral."

Não creio que se possa lançar dúvidas sobre os benefícios que o manejo da predita lei trará para a efetivação do acesso à justiça. É que uma peça processual (uma contestação, por exemplo), que somente podia ser entregue, sob protocolo e carimbo, na sede do juízo, atualmente já pode ser remetida pelo correio eletrônico, ficando o advogado ­por exemplo -com o encargo de somente entregar os originais por lote, ao cabo dos cinco dias da expiração do prazo para a prática do ato (art. 20

,

caput). O tempo que era aplicado com o deslocamento físico escritório-sede do ju­ízo será melhor aplicado na pesquisa QU na realização de outras tarefas de satisfação

"Perplexidades sobre a Lei nO 9,800/99 - atos processuais via sistemas de transmissão de dados, Seleções Jurídicas ADV/COAD, São Paulo, COAD, nO 9, p, 28, 1999,

dos interesses do clien rídica justa",

As virtudes da Lc ventura detectadas. Et o diploma entrado em aJustiça Federal, Seçãe dos seus magistrados, de petições viafar: ou Entretanto, o pioneirisl Vara Criminal de Camj BRANDÃO,

5. CONCLUSÕES

Ao fim de todas, síntese conclusiva da cc à justiça. Vejamos:

"Texto integnl: "PORTARIA N" : cIÁRIA DO RIO GRANDE DO ~ beIecer normas internas referen atos processuais, instimída pela 1) Ampbar o sistema de recep( petições avulsas, via Internet e E

2) Asistemática de envio de me pelo e-mail [email protected]:br. 3) Os documentos deverão ser I do os originais ser entregues er prazo, os documentos originais, 4) Ofuncionário encarregado d, os documentos ou arquivos reCE

5) Na home page da Seção Judi, eletrõruco destinada àrecepção to do documento, 6) À Seção de Distribuição, que ci:íria, compete consultar, a cad, enviadas e procedendo aos trãm 7) Arecepção de fac simile será nações estabelecidas no item an 8) Avwcidade do material tran, tr.1S sanções, será considerado liti sistema de tr:msmissão de dadas Esta portaria entra em vigor na ( e das Resoluções emanadas daql Pubbque-se, Registre-se, Cumpr, MANUEL MAIA DE VASCONCEL< Juiz Federal- Diretor do Foro eJ

[TUrçÃO TOLEDO DE ENSINO

'S.com. Nelas são di'Scutidos a'S­) ramo do Direito; aos posicio­ema etc. Aceleridade com que tícipes, finda por oferecer uma oa qualidade, diga-'Se) que 'Sem Ir juúdico, às vezes até me'Smo -se até desnecessário dizer que ina beneficiando a eficiência da

uais via correio eletrônico na da'S ferramentas da Internet la tutela jurisdicional (facilitan­lidou de editar um diploma e'S­eças processuais via fac simile iva lacunosidade do texto (art. o fax, para os excogitados fins, ;agens veiculadas por intermé­rocessuais (petiçõe'S, recursos, :smas ser feita em apemamen-

JCessuais ao juízo destinatário sos questionamentos assegura:

Jnformidade com o permissi­)S meios eletrônicos ou. irifor­!, pela intensidade e extensão t eos correios eletrônicos em

s benefícios que o manejo da . É que uma peça processual ser entregue, sob protocolo e letida pelo correio eletrônico, somente entregar os originais )para a prática do ato (art. 20

,

to físico escritório-sede do ju­de outras tarefas de satisfação

ransmissão de dados. Seleções jurídicas

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO 243

dos interesses do cliente, ampliando a po'S'Sibilidade da chegada deste à "ordem ju­rídica justa".

As virtude'S da Lei 9.800 'São tantas que esmaecem as falhas redacionais por­ventura detectadas. Etanto é útil à aceleração da prestação da jurisdição, que tendo o diploma entrado em vigor no dia 26 de junho de 1999, já em 02 de agosto de 1999 aJu'Stiça Federal, Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, por inspiração e desejo dos seu'S magistrados, colocou em vigor a Portaria nO 281, disciplinando a remessa de petições viafax ou e-mail, dando regulamentação ao texto legal em comento19

Entretanto, o pioneirismo da dita regulamentação, pelo que consta, é atribuído à la Vara Criminal de Campinas (SP), sob a presidência do Juiz EDISON APARECIDO BRANDÃO.

5. CONCLUSÕES

Ao fim de todas as observações aqui deduzidas, é pos'Sível a tentativa de uma síntese conclusiva da contribuição empre'Stada pela Internet para melhorar o acesso à justiça. Vejamos:

~Texto integra!: "PORTARIA N° 281 -JF/RN, DE 02 DE AGOSTO DE 1999 -O DIRETOR DO FORO DA SEÇÃO JUDI­cIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso de suas atribuições legais, CONSIDERANDO a necessidade de esta­belecer normas internas referentes à \Ililização, pelas partes, de sistema de transmissão de dados. para a prática de atos processuais, instituída pela Lei na 9.800, de 26 de maio de 1999, RESOLVE: 1) Ampliar o sistema de recepção de mensagens nesta Seçio Judiciària, implantando a recepção eletrônica de petições a>1Jlsas, via Internet e em inlagem tipofac simile. 2) Asistemática de envio de mensagens será acessível no endereço eletronico www.jfrngov.br/distrib e também pelo e·mail [email protected]. 3) Os documentos deverão ser remetidos em formato texto, anexado ou no corpo da própria mensagem, deven­do os originais ser entregues em juízo até cinco dias da data do término do prazo. Se o ato não estiver s-ujeito a prazo, os documentos originais devem ser entregues em juízo até cinco dias da data da recepção do material. 4) O funcionàrio encarregado da recepção das mensagens submeterá a um programa de detecção de vírus todos os dOL-umemos oU arquivos recebidos via Internet, antes de arquivã-los, imprimi-los oU encaminhá-los. 5) Na bome page da Seção Judiciària Federal do Rio Grande do Norte constará uma conta específica de correio eletronico destinada à recepção das mensagens tratadas nesta Portaria, com auto-resposta acusando o recebinlen· to do documento. 6) À Seção de Distribuição, que integra o Sistema Informatizado de Procedimentos Processuais desta Seção Judi­ciária, compete consultar, a cada duas horas, a conta específica de correio eletronico, recebendo as mensagens enviadas e procedendo aos tràmites legais para a distribuição a\llomática do dia. 7) Arecepção de fac simile será procedida exclusivamente através da linha 231-2000 e estará sujeita às determi· nações estabelecidas no item anterior. 8) Averacidade do material transmitido será da inteira responsabilidade do peticionário que, sem prejuízo de ou­tras sanções, será considerado litigante de má-fé se não houver perfeita concordância entre o original remetido pelo sistema de transmissão de dados e o original entregue em juízo, nos termos do Art. 40 da Lei na 9.800/99. Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação, com reverência ao Regimento Interno do TRF da 5a Região e das Resoluções emanadas daquela Cone, especialmente as de nas .11194 e 17/95. Publique-se. Registre·se. Cumpra-se. MANUEL MAIA DE VASCONCELOS NETO Juiz Federal - Diretor do Foro em exercício

INSTlTUrçÃO TOLEDO DE ENSINO INSTiTUIÇÃO TOLEDO I 244

1) Aexpressão "acesso à justiça" não significa a mer:l oportunidade de alguém in­gress:lr com uma ação em juízo, mas sim a 0pol1unidade de tomar chegada a uma "ordem jurídica justa". 2) Por seu turno, "ordem jurídica just:l" é aquela que contempla oportunidades equilibradas para os litigantes. 3) Embora a justiça total seja uma utopi:l, é perfeitamente possível o atingimento da "ordem jurídica justa", desde que vencid:ls as principais barreiras que impedem o acesso à justiça: as econômicas, as sociais, :lS culturais e as jurídicas. 4) As classes economicamente mais desfavorecidas têm menos chances de conse­guir uma tutela jurisdicional eficiente, já que litigar custa muito caro para os seus pa­drões. 5) Aatividade jurisdicional brasileira tem um custo muito elevado, se comparados a outros serviços estat:lis (a educação e o transporte, por exemplo). 6) As despesas e tl':::lS cartorárias; os honorários advocatícios e perici:lis e a interrup­ção do labor de quem é parte ou testemunha são alguns dos fatores que respondem pelo elevado custo do processo, configurando empecilhos para que as pessoas eco­nomicamente frágeis consigam chegar à justiça. 7) Os "litigantes habituais" têm maiores oportunidades no âmbito do Judiciário do que os "litigantes eventuais", dada a familiarização daqueles com os meandros do :lparelho judicial. Advogados mais especializados, fácil acesso a juízes e a serventuá­rios são algumas dessas facilidades. 8) Intim:lmente ligados aos obstáculos de cunho econômico estão os óbices de ma­tiz social, já que nas camadas mais baL'GIS ainda existe uma espécie de temor às coi­sas do Judiciário, tido pelas pessoas nuis humildes como algo inatingí~el. 9) Outros obstáculos ao acesso à justiça têm feição cultural. A~sim, PQr exemplo, é difundida a idéia de que quem litiga com certa freqüência em juízo é desajustado so­cial, não raro sendo sancionado no seu grupo com o epíteto de arengueiro. 10) Aefetivação do princípio d:l educação ambiental e' a constante divulgação dos direitos do consumidor têm trabalh:ldo pela ruptura da barreira cultural acima refe­rida, posto que estimubda é a cidadania para a defesa de tais direitos. 11) AInternet tem facilitado deveras o acesso à justiça, em razão da inovação de con­ceitos e valores que vem transmitindo à sociedade, contribuindo em várias frentes para que o povo possa atingir com maior facilidade a "ordem jurídica justa". 12) O interrog:ltório criminal on-tine pode ser realizado, em perfeita compatibilida­de com a ordem constitucional vigente e em harmonia com os mais caros princípios de proteção à pessoa humana, desde que assegurado som e imagem nos ambientes onde estão, respectivamente, juiz e interrogado. 13) As home jJaRes mantidas por órgãos do Poder Judiciário têm grande utilidade na facilitação da chegada do cidadão à justiça, já que a maioria delas dispõe de serviços que em muito agilizam o acompanhamento dos processos pela própria parte, além de permitir o acesso ao acervo jurisprudencial dos principais tribunais do País, au­

mentando assim :l possibJ ção de acordos vantajoso 14) Também as home jJag te dirigidas por profissior contribuem deveras p:lra reito, graças ao cabedal d 15) O correio eletrônico permitir uma integração transmissão de peças jurÍ< 16) As listas de discussão í reito, contribuindo para u radores jurídicos, tudo istc 17) A Lei 9.800/89, pela lé ças processuais via correie (ou de um preposto dest~

do assim o custo do proc uma melhor qualificação e de o cliente atingir à "ordl

REFERÊNCIAS BIBLIOC

BARBOSA, Júlio César Tad~

liense, 1984. BLUM, Renato M. S. Opice de Derecho Infomático, cho.orglredi/, acessada em

IÇÃO TOLEDO DE ENSINO

'portunidade de alguém in­le de tomar chegada a uma

contempla oportunidades

e possível o atingimenta da s barreiras que impedem o as jurídicas. 1 menos chances de conse­muito caro para os seus pa­

o elevado, se comparados a exemplo). cios e periciais e ainterrup­dos fatores que respondem os para que as pessoas eco-

no âmbito do Judiciário do leles com os meandros do :esso a juízes e a serventuá­

rUm estão os óbices de ma­na espécie de temor às coi­) algo inatingí~el lral. Assim, PQr exemplo, é I em juízo é desajustado so­teto de arengueiro. •constante divulgação dos mreira cultural acima refe­~ tais direitos. 1razão da inovação de con­ribuindo em várias frentes dem jurídica justa". em perfeita compatibilida­'fi os mais caros princípios ne imagem nos ambientes

ia têm grande utilidade na ia delas dispõe de serviços )s pela própria parte, além ipais tribunais do País, au-

INSTlTUIÇÃO TOUDO DE ENSINO 245

mentando assim a possibilidade de sucesso das demandas ou até mesmo da realiza­ção de acordos vantajosos que evitam querelas estéreis. 14) Também as home pages mantidas fora do âmbito do Poder Judiciário, geralmen­te dirigidas por profissionais do Direito (advogados, promotores, professores etc.) contribuem deveras para a elevação da qualidade intelectual dos operadores do di­reito, graças ao cabedal de informações doutrinárias e jurisprudenciais que veicula. 15) O correio eletrônico também em muito tem auxiliado no acesso à justiça, por permitir uma integração rápida e segura entre os protlssionais do Direito, com a transmissão de peças jurídicas e até mesmo a celebração de contratos. 16) A) listas de discussão são ferramentas do aprimoramento dos protlssionais do di­reito, contribuindo para uma maior segurança e uma maior confiabilidade dos ope­radores jurídicos, tudo isto revertendo em favor do acesso à "ordem jurídica justa". 17) ALei 9.800/89, pela leitura feita do seu artigo 1°, permite a transmissão de pe­ças processuais via correio eletrônico, evitando o deslocamento físico do advogado (ou de um preposto deste) até a sede do juízo para entregar as petições, baratean­do assim o custo do processo e permitindo a utilização do tempo sobejante para uma melhor qualificação do protlssional, em evidente ampliação das possibilidades de o cliente atingir à "ordem jurídica justa".

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, Júlio César Tadeu. Oque éjustiça. 4. ed. São Paulo: Abril Cultural Brasi­liense, 1984. BLUM, Renato M. S. Opice. Ainternet e os tribunais (on-line). Revista Electrónica de Derecho Infomático, publicado na Internet em http://publicaciones.dere­cho.org/redi/, acessada em 13 novo 1999.

I

INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO246

BRANDÃO, Edison Aparecido. Primeiro interrogatório por videoconferência do Brasil (on-line). APAMAGIS, publicado via Internet em http://www.apama­gis.com/1vccampinas/p int.html, acessado em 12 novo 1999. CAPPELLETTI, Mauro. GRANT, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1988. CAPPELLETTI, Mauro.juízes irresponsáveis. Tradução de Carlos Alberto Álvaro de Oliveira. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1989. CARVAlHO, Ivan lira de. AInternet e o operadorjurídico (on-tine). Justiça Federal RN, Publicado via Internet em http://www.jfrn.gov.br. acessado em 11 nov. 1999. CHARLAB, Sérgio. Você ea Internet no Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva Ltda, 1995. D'URSO, Luiz Flavio Borges. °interrogatório virtual 'on-line': uma desagradável justiça virtual (on-line). Direito Penal, publicado via Internet em http://www.direi­topenal.adv.br/artigo39.htm, acessada em 12 nov.l999. DELGADO, José Augusto. Sistema processual brasileiro ecidadania (on-line). Teia Jurídica. Publicado via Internet em http://www.teiajuridica.com/mz/proccida.htm. acessado em 15 jul. 1999.

r;' ;I: ' DIAS, Francisco Barros. Processo de conhecimento e acesso à justiça (tutela ante­I .

cipada) (on-tine). Teia Jurídica, publicado via Internet em http://www.teiajuridi­I I ca.com/mzltutela.htm#Introdução, acessada em 20 set. 1999. I DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 4. ed. São Paulo:! ! I RT,1993.

GOMES, Luiz Flávio. °interrogatório à distância (on-line). Direito Penal e Crimi­nologia, publicado via Internet em http://www.geocities.com/College­

I ..

I Park/LabD698;ínterrogatorioeadistancia.htm, acessada em 13 nov.1999. GONÇALVES, Gustavo Mano. Perplexidades sobre a Lei nO 9.800/99 - atos proces­

I' ' suais via sistemas de transmissão de dados. Seleções Jurídicas ADV/COAD, São Pau­lo, COAD, nO 9, p. 28, 1999. GRINOVER, Ada Pellegrini. °Processo Constitucional em marcha. São' Paulo: RT, 1985. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: RT, 1991. pp. 299 e 300. OUVEIRA, Ana Sofia Schmidt de. Interrogatório on line. Boletim do IBCCrim, São Paulo, Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, na 42, p. 1, 1996. PINHEIRO, Ana Cláudia Bastos. A nova onda conciliatória e seus reflexos na esfe­ra criminal: alternativa de acesso à ordemjuridicajusta (on-tine). Dablio -Ques­tões Criminais, publicado via Internet em http://www.geocites.com/College­Park!641O/doutri05.htm, acessado em 12 nov.1999. RODRIGUES, Horácio Wanderley. Acesso à justiça no Direito Processual Brasileiro. São Paulo: Acadêmica, 1994. SANTOS, Boaventura de Souza. Introdução à sociologia da administração da jus­tiça in Afunção social do judiciário. 2. ed. São Paulo: Ática, 1994.

UMAOJ

Integração

eDin

RESUMO

No início do pt mútuo com a finalid prestamistas recuper vida, alegando estar t lizáveis e não estão p

INTRODUÇÃO

Um dos debate famosas apólices da nhando importância, rias, tem sido tema dI Tribunais visando ela entender como surgi! seja, como tudo com