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Boletim institucional do Instituto de Economia da UFRJ 1a edição - Dezembro 2012

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O IE em Foco tem por objetivo prover o corpo so-cial, visitantes e amigos do Instituto de Economia (IE) de informações sobre o que vem sendo realizado em suas diversas áreas de atuação, ensino, pesquisa e extensão. Trata-se de uma tentativa de, a partir de tex-tos curtos em publicação bimestral, aumentar a visibili-dade de nossas atividades e de seus resultados.

Uma constatação da atual equipe de direção do IE é o relativo desconhecimento, pelo público interno e externo, das atividades aqui realizadas. Professores e técnicos têm pouca informação a respeito do trabalho de seus colegas. Discentes pouco sabem sobre o que é feito por seus professores fora de sala de aula. O público externo também pouco sabe sobre o conheci-mento produzido e os serviços prestados pelo IE. No entanto, a divulgação é importante não só pela exposi-ção de nossos trabalhos e efetivação do ciclo virtuoso de comentários, críticas e progresso, mas por se tratar de uma prestação de contas.

Por isso, contratamos uma equipe de consultores que formulou um diagnóstico e uma série de suges-tões de ações a serem tomadas para fixação de nos-sa imagem e melhor divulgação de nossas atividades acadêmicas. Este ano empreendemos esforços para a adequação de nossa página de internet. Ganhou novo formato, maior organização de seu conteúdo, e adequação à legislação de transparência aprovada no Congresso Nacional. A equipe de divulgação e visibi-lidade do IE vem trabalhando para melhorá-la a cada dia. Conseguimos colocar no ar uma página do face-book e outra do twitter. Procuramos, a partir desses veículos, manter o público informado sobre palestras, seminários, calendário acadêmico, perfil de professo-res e serviços prestados pelo IE.

O IE em Foco terá como função veicular informa-ção sobre iniciativas que estão em andamento e dar destaque aos resultados que atingimos. Trata-se de ferramenta de fixação da imagem do IE, sendo um

Editorial

veículo de divulgação mais ativo, em que nós selecio-namos o que consideramos importante e entregamos pronto ao leitor. Leitura de corredor, de sala de espe-ra, de entrega na mão. Um boletim para apreciação do público. Sua publicação ficará sob a responsabilidade do Diretor de Pesquisa, Edmar de Almeida, e a editoria será do jornalista Rafael Barcelos.

Nossa próxima iniciativa será o lançamento em breve de um novo blog, que exporá artigos curtos de nossos professores e pesquisadores. Seu objetivo será divulgar para a sociedade o conhecimento produzido e acumulado no IE. Com periodicidade semanal, preten-demos transformá-lo em mecanismo de discussão e de exposição, mais uma vez fixando a imagem do IE como produtor de conhecimento para a sociedade. As-sim, procuramos, aos poucos, consolidar uma política de visibilidade e comunicação para o IE.

Segue, então, o convite à leitura e à contribuição ao nosso IE em Foco.

Saudações universitárias,

Equipe da Direção.

Carlos Frederico Leão RochaDiretor Geral

Maria Silvia PossasDiretora de Graduação

Lia Hasenclever Diretora de Pós-Graduação

Edmar Luiz Fagundes de AlmeidaDiretor de Pesquisa

João Bosco Mesquita MachadoDiretor Administrativo

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SUMÁRIO

FORMAÇÃOPRH-ANP-Petrobras

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NÚMERO 1 - DEZEMBRO 2012

Publicação bimestral do Instituto de Economia da UFRJ

Conselho EditorialCarlos Frederico Leão RochaJoão Bosco Mesquita MachadoEdmar Luiz Fagundes de AlmeidaMaria Silvia Possas Lia Hasenclever

Jornalista responsávelRafael Barcellos MTB 30219/RJ

RevisoraSonja Cavalcanti

Estagiário de programação visualDanilo Carvalho Silva

FotográfosGuilherme de Lemos Aguiar Jean Pommel

Capa Vivian Nunes

Gráfica Walprint

Elogios, sugestões e críticas devem ser enviados para [email protected]

IE em Foco

GRADUAÇÃOJovens Talentos

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GRADUAÇÃOCurso Noturno

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PESQUISAProjeto NOPOOR

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PESQUISAJornada Científica

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BIBLIOTECANovas Bases de Dados

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APOSENTADORIAPaulo Wilson

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ENTREVISTAProfessor Antonio Dias Leite

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Era 1979, Paulo Wilson trabalhava à noite na rua Jardim Botânico, nos estúdios da Rede Glo-bo de Televisão. Era responsável pelas cópias dos roteiros de comerciais. Tinha tempo livre e queria um outro emprego. Foi quando um amigo lhe per-guntou se gostaria de trabalhar na UFRJ. Havia vagas. Porém, quando chegou para a entrevista, já era tarde. Seis meses depois, o rapaz contratado foi mandado embora e Paulo ficou no emprego. E ficou mesmo. Foram 33 anos de dedicação.

Quando entrou, trabalhava na fotocopiadora do Instituto. Só em 1986 veio a ser efetivado como servidor da UFRJ. É com saudade e com sorriso no rosto que Paulo relembra esses anos. “Na épo-ca, o diretor era o professor Winston Fritsch, que

hoje dá aula na PUC; o professor Curi era o diretor da Faculdade de Economia e Administração. Aloi-sio Teixeira e Lia Hasenclever estavam fazendo mestrado; Bosco veio de Minas fazer o mestrado aqui.”

O bom relacionamento que tinha com os alu-nos sempre foi recompensado. Em quase toda for-matura recebia homenagens. “Você acredita que uma vez eu estava em Angra dos Reis passeando de escuna e encontrei um casal que me conhecia? Fiquei feliz quando vieram falar comigo dizendo que eram alunos do IE e que me conheciam de lá.”

Durante a entrevista, Paulo se recordou de uma situação curiosa que guarda com carinho na memória – o dia em que trabalhou junto com o ex-reitor Aloisio Teixeira. Já era o fim do seu ex-pediente no IE e ele estava se preparando para ir para o seu segundo emprego, quando Aloisio apa-receu precisando encadernar urgentemente a sua tese. O desespero do ex-reitor era visível e Paulo decidiu ligar para a Globo dizendo que se atrasaria porque precisava ajudar um aluno. “Nós trabalha-mos juntos ali. Eu tirando as cópias de um lado e o Aloisio organizando as páginas no outro. Ele gos-tava muito de mim. Sempre que vinha ao Instituto, ele me cumprimentava. Nunca deixou de falar.”

E por que durante todo esse tempo na UFRJ, Paulo se dedicou exclusivamente ao IE? “Sempre gostei daqui. As pessoas eram unidas, as festas eram muito animadas, todos se juntavam para fazer.”

Por aqui, Paulo vai deixar saudades. Quando este boletim estiver circulando, ele já estará cui-dando da nova fase de sua vida, agora na sua ter-ra natal, Vitória da Conquista (BA). Boa sorte, Pau-lo! O Instituto agradece a sua imensa contribuição. Teremos sempre muito carinho por você e nunca nos esqueceremos de seu valioso trabalho.

Paulo Wilson se aposenta

“A Globo foi o meu primeiro emprego de carteira assinada. Depois, foi a UFRJ. Nunca fui mandado embora. Só tive dois empregos na vida.”

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Algumas dessas bases oferecem, além de periódicos, textos completos de relatórios. O grande destaque é a garantia de acesso à base Econlit e, portanto, aos principais títulos de periódicos de Economia, em texto completo. O acesso é feito localmente e a distância por meio de senha. A assinatura dessas bases teve também um custo relativamente baixo, pois foi compartilhado com o COPPEAD.

Qual a diferença entre o acesso que era feito antes com relação ao que é feito hoje à biblioteca?

Antes, o acesso aos textos completos das re-vistas técnicas era feito exclusivamente via Portal Capes. Isso começou a ser feito no início da dé-cada passada. Com a aquisição dessas novas ba-ses, os pesquisadores passam a contar com ou-tras fontes muito importantes de informação.

Na sua opinião, que fatores institucionais favoreceram a aquisição das bases de dados?

O que fica evidente na aquisição das bases EBSCO pelo IE é a importância desse tipo de par-ceria construída com a biblioteca. A matéria-prima com que a biblioteca trabalha é a informação, in-sumo do qual os pesquisadores dependem para realizar suas atividades de pesquisa. Quando não possui a informação, a biblioteca sabe onde ela está e como capturá-la, pois esse é o ofício dos profissionais que atuam nesse espaço.

Quando há uma reunião de esforços, os ga-nhos para o usuário e para as atividades de pes-quisa tornam-se muito maiores. Novas bases de dados permitem acesso de títulos atualizados em tempo real a professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação. O aperfeiçoamento no acesso à informação especializada se deve à aquisição das bases EBSCO pelo Instituto de Economia.

Como a compra das bases de dados EBSCO pelo IE melhora o acesso dos usuários à Biblioteca Eugênio Gudin?

A compra das bases EBSCO pelo IE, com a mediação da biblioteca, representa uma melhoria, sobretudo no acesso à informação especializada.

Trata-se de um pacote com cinco bases: Business Source Complete (BSC), Econlit Full Text, Economia y Negócios, Human Resources Abstracts e Public Administration Abstracts.

Novas Bases de Dados

Responsável pela gerência da Biblioteca Eugênio Gudin, Jane Medeiros destaca as vantagens das novas bases de dados na entrevista abaixo

Principais Vantagens das Nova Bases de Dados

- Rapidez de acesso à informação

- Acesso aos textos completos

- Atualização diária, em alguns casos

- Período de cobertura extremamen-

te amplo (para alguns títulos, final do

século XIX ou início do séc. XX)

- Acesso à coleção de t í tulos

clássicos de Economia e Negócios

- Tornam os pesquisadores muito mais

autônomos e menos dependentes da

consulta local na Biblioteca

Acesse as Bases de Dados EBSCO

Link: search.ebscohost.comLogin: institutoufrj Senha: ebsco

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Em outubro deste ano, o Instituto de Econo-

mia realizou pela primeira vez um evento de inte-

gração da área de pesquisa do IE. A ideia desse

evento nasceu do diagnóstico realizado pelo Con-

selho de Pesquisa do IE, que a apresentou na reu-

nião plenária de Itaipava em dezembro de 2011. O

diagnóstico identificou que a área de pesquisa do

IE precisa se conhecer melhor. Tendo em vista o

tamanho da nossa instituição, muitas pesquisas

de escopo parecido e complementares aconte-

cem sem que os pesquisadores tenham a opor-

tunidade de intercambiar experiências. Ademais,

faltava uma visão do conjunto da nossa produção

científica.

A primeira Jornada Científica mostrou que o

diagnóstico estava correto. A chamada de traba-

lhos para o evento foi um grande sucesso, apesar

de muitos contratempos devido à greve que ocor-

reu durante a chamada de trabalhos. Mais de ses-

senta abstracts foram submetidos, com o envolvi-

mento de grande número de professores, alunos e

pesquisadores.

A grande diversidade dos temas apresentados

deixou clara a vocação de pluralidade do IE.

Edmar de Almeida

I Jornada Científica do Instituto de Economia

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I Jornada Científica do Instituto de Economia

Apesar da grande diversidade de áreas de

pesquisa, algumas se destacaram pelo número de

papers: as áreas de Desenvolvimento Econômico

e Economia da Energia foram as que contribuíram

com maior número de apresentações, com quatro

sessões cada uma. Em seguida, tivemos a área

de Economia Política, com três sessões. Por fim,

tivemos sessões sobre Comércio Internacional,

Economia da Inovação e Economia da Regulação.

Podemos dizer que essas são as principais

áreas de pesquisa do IE neste momento, mesmo

considerando que muitas áreas de pesquisa ativas

do IE não participaram dessa primeira Jornada

Científica.

Os participantes da Jornada foram unânimes

em apontar a importância da oportunidade para

interagir com colegas do IE. Por essa razão, a di-

retoria pretende continuar com a iniciativa e já co-

meçou a pensar em melhorias na organização do

evento, para que no próximo ano haja um maior

número de participantes.

Fotos: Jean Pomel

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Projeto NOPOOR

União Europeia patrocina pesquisa de combate à pobreza

Preocupada com o aumento da pobreza no mundo, a União Europeia está patrocinando o pro-jeto NOPOOR. O estudo será realizado por um conjunto de 19 instituições em todo o mundo, in-cluindo dez equipes de países emergentes em três regiões (América Latina, África Subsaariana e Sul da Ásia).

A Universidade Federal do Rio de Janeiro será representada pelo Instituto de Economia (IE), numa equipe composta pelos professores Alexis Saludjian, Lena Lavinas, Valéria Lucia Pero, Marta Castilho; e por Jairo Nicolau, do Instituto de Filoso-fia e Ciências Sociais da UFRJ. O professor João Saboia (IE/UFRJ) faz parte da coordenação cientí-fica da pesquisa.

O plano de trabalho inclui 12 blocos de ativi-dades. A UFRJ será a instituição líder no estudo sobre o impacto da globalização e da migração internacional sobre a pobreza. Os professores Ale-xis Saludjian, Marta Castilho e João Saboia, res-

ponsáveis por esse tema, pesquisarão também a forma como as estratégias industriais afetam a pobreza.

O objetivo do projeto é dar embasamento científico à formulação de políticas públicas que deverão ser disseminadas e colocadas em prá-tica. Além dessa contribuição ao conhecimento científico, o Projeto NOPOOR prosseguirá com uma política ativa de divulgação e capacitação, incluindo a formação de jovens pesquisadores no Hemisfério Sul e a implementação de uma rede permanente formada por institutos nacionais de estatística.

O projeto, que terá duração de cinco anos, prevê a realização de um grande seminário ao final do estudo. Nesse evento, serão convidadas lideranças políticas, sindicais e acadêmicas do país para difundir os resultados da pesquisa e as políticas propostas.

estão sendo aperfeiçoados. A professora também destaca o desejo de

que haja uma diferenciação no processo seletivo para o curso noturno. Isso evitaria que muitos alu-nos que não tenham a necessidade de trabalhar optem pelo curso e tirem a vaga de outros que só podem cursar uma faculdade durante a noite. Existe também o desejo de oferecer duas entra-das para o curso noturno, no primeiro e no se-gundo semestres. Atualmente, o ingresso ocorre apenas no primeiro semestre. Assim, o aluno que perde alguma disciplina precisa esperar um ano para cursá-la novamente. Com o intuito de avaliar a eficácia das medidas de inclusão, o IE sugere que seja realizado um questionário socioeconô-mico para saber se está realmente havendo uma democratização no acesso ao ensino superior.

O curso noturno do IE começou no primeiro semestre de 2011. A decisão foi tomada em 2007, como parte das ações do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Segundo a professora Maria Silvia Possas, diretora de graduação, a finalidade é democratizar o acesso ao ensino superior. Conforme a professora, o perfil dos alunos do curso noturno é um pouco diferente. A faixa etária é mais elevada, e os alunos, mais dedicados. “A importância está sendo muito maior do que imaginávamos. A oferta deste curso está ajudando inclusive os alunos do curso diurno que trabalham e que ficaram devendo alguma disciplina que agora não podem mais cursar durante o dia.” O sistema de cotas e o processo de democratização no acesso ao ensino superior

Curso noturno oferecido pelo IE amplia número de vagas

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Jovens Talentos

Estudantes de graduação do segundo período que se destacaram em processo seletivo agora recebem bolsa e trabalham em atividades de pesquisa no Instituto de Economia. Da esquerda para a direita: Pedro Lucena, Júlia Febraro, Daniel Occhiena, Eduardo Mercadante, Daniel Mittelman.

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Programa PRH-ANP-PetrobrasParceria entre ANP, Petrobras e Instituto de Economia gera oportunidades para alunos

A área de petróleo e gás é uma das que mais crescem no Brasil. Cerca de oitenta empresas ex-ploram petróleo no país, quase todas com sede no Rio de Janeiro. Além disso, existe grande carência de mão de obra qualificada para suprir toda a de-manda necessária. Todos esses fatores favorecem aqueles que desejam trabalhar na área, pois tor-nam os salários bastante atraentes.

Com o objetivo de suprir a demanda por profissionais qualificados nas áreas de petróleo, gás natural, biocombustíveis e energia elétrica, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) criou o Pro-grama de Apoio à Formação de Recursos Huma-nos (PRH) no ano 2000. A Petrobras se juntou a esse programa em 2010.

O Instituto de Economia da UFRJ e a Petro-bras participam do PRH-ANP em parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação em Engenharia (Coppe-UFRJ) e com a Escola Po-litécnica de Engenharia da UFRJ. Única escola de Economia do Brasil inserida no programa, o IE já formou mais de cinquenta profissionais, que hoje

ocupam posições de destaque no mercado de energia.

Os recursos provenientes dos royalties do petróleo são utilizados para financiar estudantes de graduação e pós-graduação. Os alunos cursam disciplinas eletivas e passam a direcionar suas pesquisas para a área de energia. Ao terminar o curso, realizam o trabalho final (monografia, dissertação ou tese) com enfoque no tema. O estudante que passa por essa formação recebe um certificado e pode se apresentar de forma diferenciada nesse interessante segmento do mercado de trabalho.

Como Participar

Inscrições de janeiro a março

Graduação: Inscrição a partir do 4º período;oferta de 5 a 10 bolsasMestrado e Doutorado: Não há pré-requisito; oferta de 4 bolsas

Contato: 3873-5270 / [email protected] / [email protected]

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Antonio Dias Leite, pro-fessor emérito do Instituto de Economia da UFRJ, 93 anos de idade. Em novembro de 2012 esteve nesse Instituto, onde concedeu entrevista aos professores Galeno Tino-co Ferraz Filho e Edmar de Almeida sobre a história da criação dos cursos de Econo-mia no Brasil e sobre a cria-ção do Instituto de Economia da UFRJ.

Em 1941, Antonio Dias Leite formou-se em Engenha-

ria pela Escola Politécnica da UFRJ. Foi professor dessa escola e do Instituto de Economia da UFRJ durante qua-renta anos e organizou a criação da Fundação Universi-tária José Bonifácio. Licenciado da UFRJ, foi presidente da Vale do Rio Doce (1967 a 1969) e ministro de Minas e Energia (1969 a 1974). Publicou diversos trabalhos, entre os quais se destacam: Estimativa da renda nacional do Brasil (1951); Caminhos do desenvolvimento (1966); Po-lítica mineral e energética (1973); e A energia do Brasil, que recebeu o prêmio Jabuti de 1998. Publicou também: Crescimento econômico (1999) e uma série de artigos sobre o mesmo tema no jornal Valor Econômico. O livro A economia brasileira: de onde viemos e onde estamos foi publicado em 2004. Em 2007, houve uma reedição, revista e atualizada, de A energia do Brasil, assim como uma versão reduzida, dirigida ao público externo, editada em Londres – Energy in Brazil.

Em que contexto ocorreu a criação do curso de graduação em Economia no Brasil?

Desde o Império até 1930, o país era dominado

pelo pensamento liberal, que defendia o livre-comércio e a não intervenção do Estado na economia. Somen-te com a Revolução política de 1930 é que o governo central começou a envolver-se mais diretamente na vida econômica do país. Na década de 1930, dois movimen-tos políticos ganharam expressão na cena nacional [a Aliança Nacional Libertadora, inspirada no pensamento político comunista, e a Ação Integralista Brasileira, ins-pirada no nazifascismo]. A despeito de suas importantes diferenças, ambos defendiam uma presença mais forte do Estado na economia. Mesmo frustrados em suas ten-tativas de tomar o poder [Intentona Comunista de 1935 e Intentona Integralista de 1938], tais movimentos impac-taram fortemente a vida econômica do país. Foi nesse

ambiente que surgiu a ideia de se criar um curso de Eco-nomia no Rio de Janeiro. Antes não havia essa forma-ção, nem aqui, nem no exterior. Estudava-se economia em outras escolas, como Engenharia e Direito, e o ensi-no limitava-se a uma ou duas disciplinas, quase sempre no campo da economia política. Nas escolas de Direito o estudo era muito influenciado pela tradição francesa. Estudava-se formação e repartição da renda, consumo, comércio, transportes, as fases do processo econômico.

Como foi o processo de criação da Faculdade de Economia?

A Faculdade original de Economia foi fundada em 1938. Era uma instituição privada, criada com o apoio da Associação Comercial, por intermédio do dr. João Daudt de Oliveira, que era o seu presidente. A faculdade também foi apoiada pela recém-criada Fundação Getúlio Vargas, por iniciativa do dr. Eugênio Gudin. No seu iní-cio, a Faculdade funcionou no prédio da FGV. O curso de Economia era noturno. Os professores eram todos pro-fissionais da área de economia, trabalhavam no governo e em instituições privadas e davam aula na faculdade. Todos eles eram autodidatas sem formação específica em Economia: engenheiros, advogados e funcionários da burocracia estatal, como o Banco do Brasil. Naquele tempo não havia Banco Central, nem ainda a Superin-tendência da Moeda e do Crédito (SUMOC). Várias fun-ções de política econômica eram de responsabilidade do Banco do Brasil.

A faculdade foi “federalizada” em 1946 com o objeti-vo de se conseguir recursos para se criar o curso diurno. A partir da federalização, ocorreu a mudança para uma casa em Botafogo e ela passou a contar com suas pró-prias instalações, ainda que modestas. Por exemplo, ha-via, então, somente uma sala para todos os professores. Em 1949, a Escola passou a fazer parte da Universidade do Brasil, hoje UFRJ, com a denonimação de Faculdade Nacional de Ciências Econômicas.

O imediato pós-guerra foi um momento de grandes transformações no cenário econômico nacional. No perío- do de 1946 a 1951, foram fundadas várias instituições importantes para a vida econômica do país, como a Cepal (1946); o Ibre, no âmbito da FGV (1951); e o BNDE (1952). A Escola de Economia se consolidou a partir desse período. Entre seus professores mais proeminentes estavam o dr. Eugênio Gudin e o dr. Otávio Gouveia de Bulhões.

Qual era o debate econômico na época da cria-ção da faculdade?

Na faculdade mesmo, em seus primeiros anos de existência, não se debatia muita coisa. Como eu disse, os professores eram profissionais da área de economia e não eram acadêmicos. No início, a escola se asseme-lhava muito a um curso profissionalizante, só que com diploma superior. Mas no país foi um período muito fértil

Entrevista com Antonio Dias Leite

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para a área da economia. Em 1944, o presidente Getúlio Vargas criou uma Comissão de Planejamento Econô-mico dentro do Conselho de Segurança Nacional. Foi a primeira vez que o termo “planejamento” foi empregado no Brasil. Essa comissão visava a propor políticas para preparar o Brasil para o pós-guerra. Foi no âmbito dessa comissão que se deu o debate entre o dr. Gudin e o dr. Roberto Simonsen, hoje reconhecido como um marco da controvérsia entre o pensamento liberal e o pensa-mento desenvolvimentista no país. Por incrível que pa-reça, eu estava lá. E assisti aos dois dias de debate. O debate foi tão acirrado que tiveram de chamar um médi-co para o Roberto Simonsen, que sofreu um mal-estar por exaustão.

Esse debate teve dois aspectos importantes: o pri-meiro é que a argumentação do Roberto Simonsen – presidente da Fiesp – era baseada num trabalho sobre a renda nacional preparado no âmbito do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O trabalho era de muito má qualidade. Eu não me lembro o nome da pessoa que fez o trabalho. Até melhor não lembrar. O documento era tão cheio de erros, de modo que a argumentação de Simonsen baseada nesse documento era muito frágil. Do ponto de vista teórico, a argumentação do dr. Gudin era muito mais consistente. No entanto, para efeito práti-co, as ideias do Roberto Simonsen é que prevaleceram e não as do dr. Gudin. Ou seja, predominaram a ideia do protecionismo e uma visão mais intervencionista na economia.

Quando o senhor chegou à faculdade como professor?

Como professor, minha primeira experiência foi ain-da na Escola de Engenharia. Nessa escola tornei-me assistente do professor Jorge Kafuri, que era o titular da cátedra de Economia Política na Escola de Engenharia. Essa cadeira visava a oferecer aos engenheiros uma ideia desse campo de conhecimento e noções de teo-ria econômica e finanças. Nesse tempo, o catedrático nomeava seus assistentes, que assumiam com o com-promisso de fazer concurso para livre-docente, no prazo de três anos. Não havia, então, algo como mestrado e doutorado.

Todos os fundadores da Faculdade de Economia eram autodidatas: engenheiros, advogados e funcioná-rios do Banco do Brasil, porque o Banco Central não existia. Não havia ainda nem a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc). Várias funções de inter-venção se realizavam por intermédio do Banco do Bra-sil. Minha vinda para a faculdade esteve associada a um trabalho que coordenei, a pedido do professor Gudin, sobre renda nacional, na FGV. Praticamente, não havia estudos sobre o assunto no Brasil e acabei me especia-lizando na questão, o que me permitiu escrever a tese para fazer o concurso de livre-docência na Escola de Engenharia. Mais tarde, já em 1952, fiz o concurso para

professor titular da Faculdade de Economia. Quando aqui entrei, fiquei responsável pela cadeira que se de-nominava Estrutura das Organizações Econômicas, na qual se tratava basicamente da teoria da produção e da economia das empresas.

Como era a formação em Economia na época em que o senhor entrou?

Era uma formação bem eclética. Além das disci-plinas de Economia, havia também disciplinas comple-mentares, como Geografia Econômica, Direito Constitu-cional e Psicologia Social. Eram também importantes os cursos nas áreas de História do Pensamento Econômico e de História Econômica. Não havia ainda as divisões da Ciência Econômica nos moldes que conhecemos hoje. Não se falava, até então, em micro e macroeconomia.

Como foi sua carreira na Faculdade de Econo-mia?

Estive trabalhando por 15 anos, entre 1952 e 1967. Neste ano fui para o governo, como presidente da com-panhia Vale do Rio Doce e em 1969 como ministro das Minas e Energia. Voltei para a UFRJ em 1974. Quando voltei, fui convocado pelo reitor da época, professor Hé-lio Fraga, para desenvolver algumas atividades admi-nistrativas na reitoria da Universidade. Nesse período, cuidei de duas questões básicas. Primeiro, o registro no Patrimônio da União de todos os imóveis da UFRJ. Na-quela época, nenhum dos imóveis tinha registro e eles estavam sem documentação legal. Cuidei também da criação da fundação que mais tarde recebeu o nome de Fundação José Bonifácio. Fui convidado para ser o pre-sidente da fundação, mas recusei. Disse ao reitor que eu não poderia ser pois tinha problemas políticos com o então presidente Geisel. O professor Bulhões foi o pri-meiro presidente da fundação e acabei ficando com a vice-presidência.

Em 1979, foi criado o Instituto de Economia Indus-trial (IEI), instituição responsável pela pós-graduação em Economia, no âmbito da UFRJ, enquanto a Facul-dade de Economia e Administração (FEA) ficava res-ponsável pela graduação em Ciências Econômicas. No início da década de 1980, fui eleito diretor da FEA, o que aconteceu um pouco por acaso. Naquela época a Esco-la passava por uma crise política e eu estava ao largo das disputas internas, em função do meu afastamento para o governo e para as atividades vinculadas à gestão da UFRJ. Por esta razão me pediram para aceitar ser di-retor da FEA, cargo em que permaneci até 1985, quan-do me aposentei. Em 1987, recebi do Conselho Universi-tário o título de Professor Emérito.

Em 1996, deu-se a reorganização do ensino de Economia na UFRJ, surgindo a configuração que sobre-vive até hoje. O departamento de Economia da FEA e o Instituto de Economia Industrial fundiram-se, constituin-do o atual Instituto de Economia da UFRJ.