idoso palno de saude

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  Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6)  RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI RE CORR ENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA I NTERNACIONAL LTDA AD VOGADOS : ANT ONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE C AR VALHO MÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTRO(S) RECORRIDO : ORAC Y PINHEIRO SOARES DA ROCHA ADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR PÚBLICO EMENTA Direito civil e processual civil. Recurso especial. Ação revisional de contrato de  plano de saúde. Reajuste em decorrência de mudança de faixa etária. Estatuto do idoso. Vedada a discriminação em razão da idade. - O Estatut o do Idoso veda a discriminação da pessoa idosa com a cobrança de valores diferenciados em razão da idade (art. 15, § 3º). - Se o implemento da idade, que confere à pessoa a condição jurídica de idosa, realizou-se sob a égide do  Esta tuto do  Idos o, não estará o consumidor usuário do  plano de saúd e suje ito ao rea juste est ipula do no contr ato, por mud ança de faixa etária. -  A  pre visã o de reajuste contida na cláusula depende de um elemento básico  pre scri to na lei e o contrato só poderá operar seus efeitos no tocante à majoração das mensalidades do plano de saúde, quando satisfeita a condição contratual e legal, qual seja, o implemento da idade de 60 anos. -  Enqu anto o contratante não atinge o  patam ar etár io pree stabe leci do, os efe itos da cláusula permanecem condicionados a evento  futur o e incerto, não se caracterizando o ato jurídico perfeito, tampouco se configurando o direito adquirido da empresa seguradora, qual seja, de receber os valores de acordo com o reajuste predefinido. -  Ape nas como reforço argumentativo, porquanto não prequestionada a matéria  juríd ica, res salt e-s e que o art. 15 da Lei n.º 9.656/98 facu lta a var iação das contrapresta ções pecuniárias estabelecidas nos contratos de p lanos de saúde em razão da idade do consumidor, desde que estejam previstas no contrato inicial as  faixa s etárias e os percentuais de reajuste incidentes em cada uma delas, conforme normas expedidas pela ANS. No entanto, o próprio parágrafo único do aludido dispositivo legal veda tal variação para consumidores com idade  supe rior a 60 anos. -  E mesmo para os contratos celebrados anteriormente à vigência da  Lei n.º 9.656/98, qualquer variação na contraprestação pecuniária para consumidores com mais de 60 anos de idade está sujeita à autorização prévia da ANS (art. 35-E da  Lei n.º 9.656/98). - Sob tal encadeamento lógico, o consumidor que atingiu a idade de 60 anos, quer seja antes da vigência do Estatuto do Idoso, quer seja a partir de sua vigência (1º de janeiro de 2004), está sempre amparado contra a abusividade de reajustes das mensalidades com base exclusivamente no alçar da idade de 60 anos, pela própria proteção oferecida pela Lei dos Planos de Saúde e, ainda, por efeito reflexo da Constituição Federal que estabelece norma de defesa do idoso Documento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 1 de 37

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 Superior Tribunal de Justiça 

RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6) RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHIRECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDA

ADVOGADOS : ANTONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHOMÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTRO(S)

RECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHAADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR

PÚBLICOEMENTA

Direito civil e processual civil. Recurso especial. Ação revisional de contrato de plano de saúde. Reajuste em decorrência de mudança de faixa etária. Estatuto doidoso. Vedada a discriminação em razão da idade.

- O Estatuto do Idoso veda a discriminação da pessoa idosa com a cobrança devalores diferenciados em razão da idade (art. 15, § 3º).- Se o implemento da idade, que confere à pessoa a condição jurídica de idosa,realizou-se sob a égide do  Estatuto do  Idoso, não estará o consumidor usuário do plano de saúde sujeito ao reajuste estipulado no contrato, por mudança de faixaetária.-  A  previsão de reajuste contida na cláusula depende de um elemento básico prescrito na lei e o contrato só poderá operar seus efeitos no tocante àmajoração das mensalidades do plano de saúde, quando satisfeita a condiçãocontratual e legal, qual seja, o implemento da idade de 60 anos.

-  Enquanto o contratante não atinge o  patamar etário preestabelecido, os efeitosda cláusula permanecem condicionados a evento  futuro e incerto, não secaracterizando o ato jurídico perfeito, tampouco se configurando o direitoadquirido da empresa seguradora, qual seja, de receber os valores de acordocom o reajuste predefinido.-  Apenas como reforço argumentativo, porquanto não prequestionada a matéria jurídica, ressalte-se que o art. 15 da Lei n.º 9.656/98 faculta a variação dascontraprestações pecuniárias estabelecidas nos contratos de planos de saúde emrazão da idade do consumidor, desde que estejam previstas no contrato inicial as faixas etárias e os percentuais de reajuste incidentes em cada uma delas,conforme normas expedidas pela ANS. No entanto, o próprio parágrafo único do

aludido dispositivo legal veda tal variação para consumidores com idade superior a 60 anos.-  E mesmo para os contratos celebrados anteriormente à vigência da  Lei n.º9.656/98, qualquer variação na contraprestação pecuniária para consumidorescom mais de 60 anos de idade está sujeita à autorização prévia da ANS (art. 35-Eda  Lei n.º 9.656/98).- Sob tal encadeamento lógico, o consumidor que atingiu a idade de 60 anos,quer seja antes da vigência do Estatuto do Idoso, quer seja a partir de suavigência (1º de janeiro de 2004), está sempre amparado contra a abusividade dereajustes das mensalidades com base exclusivamente no alçar da idade de 60

anos, pela própria proteção oferecida pela Lei dos Planos de Saúde e, ainda, porefeito reflexo da Constituição Federal que estabelece norma de defesa do idoso

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no art. 230.-  A abusividade na variação das contraprestações pecuniárias deverá ser aferidaem cada caso concreto, diante dos elementos que o Tribunal de origem dispuser.-  Por fim, destaque-se que não se está aqui alçando o idoso a condição que o

coloque à margem do  sistema privado de  planos de assistência à  saúde, porquanto estará ele sujeito a todo o regramento emanado em lei e decorrentedas estipulações em contratos que entabular, ressalvada a constatação deabusividade que, como em qualquer contrato de consumo que busca primordialmente o equilíbrio entre as partes, restará afastada por norma deordem pública.Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da TERCEIRATURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficasconstantes dos autos, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro SidneiBeneti, acompanhando o voto da Sra. Ministra Relatora, por maioria, não conhecer do recursoespecial. Vencidos os Srs. Ministros Castro Filho e Humberto Gomes de Barros. Os Srs.Ministros Sidnei Beneti e Ari Pargendler votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Brasília (DF), 25 de março de 2008.(data do julgamento).

MINISTRA NANCY ANDRIGHIRelatora

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RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6) RECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDAADVOGADOS : ANTÔNIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHO

MÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTROSRECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHAADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR

PÚBLICO

Relatora: MINISTRA NANCY ANDRIGHI

RELATÓRIO

Recurso especial interposto por AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA

INTERNACIONAL LTDA, com fundamento na alínea "a" do permissivo

constitucional, contra acórdão exarado pelo TJ/RJ.

Ação:  revisional de obrigação creditícia cumulada com  pedido de

repetição e tutela antecipada, ajuizada por ORACY PINHEIRO SOARES DA

ROCHA, relatando na petição inicial que, em 15/3/2001 aderiu ao plano de saúde

oferecido pela recorrente e que, em fevereiro de 2004, em razão de ter completado

60 anos de idade, foi reajustada a mensalidade em cerca de 185%, em decorrência

da mudança de faixa etária.

Com  base no Estatuto do Idoso e do Código de Defesa do

Consumidor, postulou o cancelamento do dito reajuste, bem como a devolução em

dobro dos valores pagos a maior.

Sentença:  o pedido foi julgado  procedente  para cancelar o reajuste

das mensalidades do plano de saúde firmado entre as partes e, por conseguinte,

condenar a recorrente a devolver em dobro o valor pago em excesso, corrigido

monetariamente pelo INPC, desde a data do pagamento, acrescido de juros legais

desde a citação.

Acórdão: negou provimento ao recurso de apelação interposto pela

recorrente, nos termos da seguinte ementa:

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 Superior Tribunal de Justiça 

(fl. 142) - Seguro  

saúde.

 Aumento do preço do contrato, quando do implemento da idade de60 anos.

 Negócio jurídico sujeito à autêntica condição, qual o implemento, pela contratante, da condição sexagenária.Condição verificada quando em vigor o artigo 15, § 3º, do Estatutodo Idoso que, expressamente proíbe "...a discriminação do idoso nos

 planos de  saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão daidade." 

 Distinção que faz Roubier entre efeito retroativo e efeito imediato dalei, no sentido de que "... os efeitos produzidos na vigência da leianterior, são intocáveis pela lei nova ( irretroatividade   );  já osefeitos que ocorrerão na vigência da nova lei,  são por ela regulados( efeito 

 

imediato  

da  

lei  

 )."  Negócio jurídico sujeito ao efeito imediato da lei que, ademais, só  seaperfeiçoaria, gerando aquisição do direito ( Cv. de 1916., art. 118

 ), com o implemento da condição de idoso, só verificada quando proibido pelo ordenamento jurídico o aumento em decorrência de talcondição.Improvimento 

 

do  

recurso.

Embargos de declaração: rejeitados.

Recurso especial: interposto sob as seguintes alegações:

i)  violação ao art. 535 do CPC,  porque "ao valer-se de

 fundamentação genérica, o v. acórdão deixou  sem resposta tese  jurídica trazida

 pela parte desde a contestação" (fl. 164);

ii) vulneração aos arts. 6º da LICC, 15 da Lei n.º 9.656/98 c/c 1º da

Resolução n.º 6/98 do CONSU, e 15, § 3º, da Lei n.º 10.741/2003, por entender

que as disposições do Estatuto do Idoso não se aplicam aos contratos celebrados

antes de sua vigência.

Sustenta que a desconstituição do reajuste feito em conformidade

com cláusula contratual fere o ato jurídico perfeito, porquanto não se deve

 permitir que "a lei nova incida sobre os efeitos futuros gerados por contratos a

ela anteriormente pactuados, sob pena de afetar o próprio ato ou fato ocorridoDocumento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 4 de 37

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no passado que lhes deu origem" (fls. 169/170).

Contra-razões: às fls. 195/199.

Inadmitido na origem, subiu o recurso especial por meio de agravo deinstrumento (fl. 718).

É o relatório.

 

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RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6) RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHIRECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDA

ADVOGADOS : ANTÔNIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHOMÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTROS

RECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHAADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR

PÚBLICOVOTO

Versa o debate acerca da aplicabilidade do Estatuto do Idoso aos

contratos de plano de saúde firmados antes de sua vigência, especialmente no que

se refere à cláusula que autoriza a majoração do valor da mensalidade em virtude

do aniversário de 60 anos do contratante.

- Da violação aos arts. 535 do CPC;

 15 da Lei n.º 9.656/98;

e 1º da Resolução n.º 6/98 do CONSUSustenta a recorrente que o Tribunal de origem deixou de apreciar

tese jurídica agitada desde a contestação e, ainda, que o acórdão impugnado foi

contraditório ao afastar a vigência de cláusula contratual entendida e aceita pela

recorrida e em consonância com a legislação de regência dos planos de saúde (art.

15 da Lei n.º 9.656/98, regulamentado pelo art. 1º da Resolução n.º 6/98 do

CONSU).Com efeito, não houve manifestação específica a respeito do art. 15

da Lei n.º 9.656/98, notadamente,  porque afastada a aplicação do referido

dispositivo legal, para fazer incidir o Estatuto do Idoso, o que não caracteriza a

alegada omissão, tampouco a aludida contradição no acórdão recorrido, que

apenas aplicou o direito à espécie, valendo-se de fundamento diverso do

 pretendido pela recorrente. Não há, portanto, violação ao art. 535 do CPC.

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Saliente-se, a respeito da aduzida violação à texto de Resolução, que

o recurso especial é destinado a verificar eventuais violações a lei federal,

conceito que não contempla resoluções como a referida pela recorrente.

- Da violação aos 6º da LICC; e 15, § 3º, da Lei n.º 10.741/2003

Este julgamento ostenta singularidade no que concerne à aplicação da

lei no tempo,  porque a recorrida, usuária do plano de saúde contratado com a

recorrente, passou à condição de juridicamente

idosa na vigência do Estatuto do

Idoso (Lei n.º 10.741/2003), que veda expressamente, no § 3º do art. 15, a

discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores

diferenciados em razão da idade.

Acresça-se que a inserção da recorrida na condição de  juridicamente

idosa é utilizada pela recorrente como motivador de majoração do valor da

mensalidade devida ao plano, por alegada mudança de faixa etária, em razão de

 previsão contratual e legal anteriores ao advento do Estatuto do Idoso.

Verifica-se que o Estatuto do Idoso contém disciplina contrária à

legislação que rege os planos de saúde, vedando a prática de reajustamento das

mensalidades dos planos de saúde em razão de mudança de faixa etária, a qual a

legislação específica abaliza.

Embora  polêmica a questão, conforme anota Antônio Rulli Neto (in

 Proteção Legal do Idoso no  Brasil , São Paulo: Fiuza Editores, 2003, p. 159), é

certo que "o Estatuto veda a discriminação do idoso com a cobrança de valores

diferenciados em razão da idade".

Assim sendo, o  julgamento deste processo deve se ater à incidência

ou não da nova disposição legal proibitiva de discriminação no que toca ao

alcance da condição jurídica de idoso.

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O acórdão recorrido situou a questão da seguinte forma:

(fls. 144/146) - O contrato firmado pelas partes data de 15 de marçode 2.001, e nele  se  previu, expressamente, que ao completar acontratante a idade de 60 anos, a mensalidade de seu  plano de  saúde

 seria majorado em 164,91% ( Cláusula 18.3, e ). Tal cláusula,contratada para evento futuro e incerto, qual o do implemento dessaidade, ao  ser acionada encontrou obstáculo decorrente da lei entãoem vigor que, expressamente, vedava o aumento do preço peloimplemento da condição de idoso e, a meu aviso,  sem os empeços da

cláusula constitucional da irretroatividade das leis, na medida emque o evento 

 

de que dependia a eficácia da cláusula, situado no futuro, ocorrera sob os efeitos  imediatos  de nova situação jurídica,que a inviabilizava ...

 Autêntica condição, subordinava-se ela a lei ao tempo de  suaverificação, na medida em que uma das limitações ao princípio dairretroatividade das leis é o da vigência ou efeito  imediato  da leinova, qual a que, no caso, impedia o aumento pelo implemento dacondição de idoso, só verificado em  sua vigência.

 É exatamente o caso dos autos em que, subordinado o direito aoaumento do preço do contrato, à condição - evento futuro incerto, na

medida em que não se poderia, ao tempo da contratação, afirmar,desde logo, que a contratante alcançaria a condição de idoso - nem se

 poderia falar, àquela altura, em aquisição do direito ao aumento ( C.Cv. de 1916., artigo 118) e muito menos reputá-lo adquirido depois,

 por ocasião do implemento da idade de 60 anos, quando amajoração  se vira proibida por lei, de vigência imediata e apta aalcançar, os efeitos futuros daquele negócio jurídico.

A  perspectiva adotada pelo Tribunal Estadual, ditada pelo princípio

da aplicação imediata da lei, confere a possibilidade de condicionar a incidência

da cláusula de reajuste por faixa etária igual ou superior a 60 anos ao momento

não da celebração do contrato, e sim de quando a aludida idade foi atingida. Se o

consumidor, usuário do plano de saúde, atingiu a idade de 60 anos  já na vigência

do Estatuto do Idoso, fará ele jus ao abrigo da referida regra protetiva.

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Isso porque a cláusula de reajuste por faixa etária é de caráter

aleatório, cujo aperfeiçoamento condiciona-se a evento futuro e incerto. Explico:não sabemos se o consumidor atingirá a idade preestabelecida na cláusula

contratual, que decorre de lei. Dessa forma, enquanto o contratante não atinge o

 patamar etário predeterminado, os efeitos da cláusula permanecem condicionados

a evento futuro e incerto, não se caracterizando o ato jurídico perfeito, tampouco

se configurando o direito adquirido da empresa seguradora, qual seja, de receber

os valores de acordo com o reajuste predefinido.

 No processo em julgamento, tem-se a controvérsia instaurada porque

os fatos nascidos na lei antiga, a partir, portanto, da pactuação, produzem efeitos

sob a égide da Lei nova. Tal ocorre porque a  previsão de reajuste contida na

cláusula depende de um elemento básico prescrito na lei, isto é, o direito está

dependendo, conforme  já mencionado, da ocorrência de um fato futuro e incerto

exigido pela lei, e o contrato só poderá operar seus efeitos no tocante à majoração

das mensalidades  pretendida pela recorrente, quando satisfeita a condição

contratual e legal, qual seja, completar o segurado do plano de saúde a idade de

60 anos.

Assim, se o implemento da idade, que confere à pessoa a condição

 jurídica de idosa, realizou-se sob a égide da Lei nova, não estará o consumidor

usuário do plano de saúde sujeito ao reajuste estipulado no contrato e permitido

 pela lei antiga. Estará amparado, portanto, pela Lei nova.

Por isso, não há violação aos arts. 6º da LICC, e 15, § 3º, da Lei n.º

10.741/2003, porque a aplicação da Lei nova, na hipótese sob  julgamento, não

 prejudica o o ato jurídico perfeito ou o direito adquirido.

Prosseguindo-se,  pela relevância da questão posta em  julgamento,

 para adentrar na seara de Lei que não está em discussão, porque não

 prequestionada, mas apenas para fins de reforço argumentativo, ressalte-se que oDocumento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 9 de 37

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art. 15 da Lei n.º 9.656/98 faculta a variação das contraprestações pecuniárias

estabelecidas nos contratos de planos de saúde em razão da idade do consumidor,

desde que estejam  previstas no contrato inicial as faixas etárias e os  percentuaisde reajuste incidentes em cada uma delas, conforme normas expedidas pela ANS.

 No entanto, o próprio parágrafo único do aludido dispositivo legal veda tal

variação para consumidores com idade superior a 60 anos.

E mesmo  para os contratos celebrados anteriormente à vigência da

Lei n.º 9.656/98, qualquer variação na contraprestação pecuniária  para

consumidores com mais de 60 anos de idade está sujeita à autorização prévia da

ANS (art. 35-E da Lei n.º 9.656/98).

Sob tal encadeamento lógico, o consumidor que atingiu a idade de 60

anos, quer seja antes da vigência do Estatuto do Idoso, quer seja a partir de sua

vigência (1º de janeiro de 2004), está sempre amparado contra a abusividade de

reajustes das mensalidades dos planos de saúde com base exclusivamente no alçar

da idade de 60 anos, pela própria proteção oferecida pela Lei dos Planos de Saúde

e, ainda, por efeito reflexo da Constituição Federal que estabelece norma de

defesa do idoso no art. 230.

Partindo da premissa posta no acórdão impugnado de que a recorrida

completou 60 anos na vigência do Estatuto do Idoso, por certo, deve ser-lhe

conferida a proteção especial garantida pela Lei nova, sem descurar das

salvaguardas aos idosos tais como traçadas em dispositivos legais

infraconstitucionais e constitucionais, que já concediam tutela de semelhante jaez,

agora robustecida pela Lei recente.

Há de se considerar, em complementação ao raciocínio até aqui

delineado, que a abusividade na variação das contraprestações pecuniárias deverá

ser aferida em cada caso concreto, diante dos elementos que o Tribunal de origem

dispuser, exatamente, aliás, como se deu no processo em  julgamento, em que

reconhecida a abusividade calcada exclusivamente no alçar da idade de 60 anos,Documento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 10 de 37

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afastou-se o reajuste diferenciado da mensalidade, porque vulnerado um dentre os

sagrados direitos dos idosos, expresso no art. 15, § 3º, do Estatuto Protetivo.

 Não se está aqui alçando o idoso à condição que o coloque à margemdo sistema privado de planos de assistência à saúde, porquanto estará ele sujeito a

todo o regramento emanado em lei e decorrente das estipulações em contratos que

entabular, ressalvada a constatação de abusividade que, como em qualquer

contrato de consumo que busca  primordialmente o equilíbrio entre as partes,

restará afastada por norma de ordem pública.

Forte nestas razões, e obediente à regra protetiva contra

discriminação ditada pelo § 3º do art. 15 do Estatuto do Idoso, mantenho

incólume o acórdão recorrido, esclarecendo que o  plano de saúde do segurado

submete-se aos reajustes normais. NÃO CONHEÇO do recurso especial.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO

TERCEIRA TURMA

 

Número Registro: 2006/0003783-6 REsp 809329 / RJ

 Números Origem: 140142004 20040010350490 200400123272 200413409676 200500764996

200513702200 220005 2327204 232722004

PAUTA: 03/10/2006 JULGADO: 03/10/2006

RelatoraExma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI

Ministro ImpedidoExmo. Sr. Ministro : CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro CASTRO FILHO

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. JOÃO PEDRO DE SABOIA BANDEIRA DE MELLO FILHO

Secretária

Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDAADVOGADOS : ANTONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHO

MÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTROSRECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHAADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR PÚBLICO

ASSUNTO: Civil - Contrato - Plano de Saúde - Reajuste de Mensalidade

SUSTENTAÇÃO ORAL

Pelo recorrente, Dr. Antonio Vilas Boas Teixeira de Carvalho. 

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Após o voto da Sra. Ministra Relatora, não conhecendo do recurso especial, pediu vista oSr. Ministro Castro Filho. Aguardam os Srs. Ministros Humberto Gomes de Barros e Ari

Pargendler.Impedido o Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito.

  Brasília, 03 de outubro de 2006

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

Secretária

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 Superior Tribunal de Justiça 

RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6) RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHIRECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDA

ADVOGADOS : ANTONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHOMÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTROS

RECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHAADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR

PÚBLICOVOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO FILHO:  Cuida-se de ação

revisional de obrigação creditícia cumulada com  pedido de repetição e tutelaantecipada, proposta pela ora recorrida, onde alega que em 15/03/2001 aderiu ao plano

de saúde oferecido pela recorrente e que, ao completar 60 anos de idade em fevereiro

de 2004, a mensalidade sofreu reajuste de, aproximadamente, 185%, em decorrência

da mudança de faixa etária.

Com fulcro no Estatuto do Idoso, que entendeu aplicar-se

imediatamente ao contrato antes celebrado, e nos princípios consumeristas, a eminente

Ministra  Nancy Andrighi não conheceu do recurso, mantendo incólume o acórdão

vergastado.

Pedi vista para melhor analisar a questão.

Compulsando os autos, verifiquei que, quando da celebração do

contrato (15/03/2001), a autora encontrava-se às vésperas de completar 57 anos.

A tese adotada pelo tribunal estadual diz respeito ao princípio da

aplicação imediata da lei, que confere a possibilidade de condicionar a incidência de

reajuste do contrato, pela mudança de faixa etária, não no momento da celebração do

contrato, e sim nos ditames da lei vigente quando a mudança de idade for atingida.

Assim, no presente caso, se o consumidor, usuário do plano de saúde, mesmo tendo

firmado o contrato em data anterior, completar os 60 anos de idade já na vigência do

Estatuto do Idoso, fará ele jus à referida regra protetiva, ficando à margem citado

reajuste contratual. Esclarece, ainda, que a cláusula contratual de reajuste por mudançade faixa etária é condicionada a evento futuro e incerto, logo, deve-se aplicar a leiDocumento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 13 de 37

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 Superior Tribunal de Justiça 

vigente quando do término da suspensividade. Afasta, com isso, o ato jurídico

 perfeito, uma vez que não há como se ter sobre acordo com reajuste predefinido.

Em seu minucioso voto, a ilustre Ministra ressalta:

"No processo em  julgamento, tem-se a controvérsia instaurada porque os fatos nascidos na lei antiga, a  partir, portanto, da pactuação, produzem efeitos sob a égide da Lei nova. Tal ocorre porque a  previsão de reajuste contida na cláusula depende deum elemento básico prescrito na lei, isto é, o direito estádependendo, conforme  já mencionado, da ocorrência de um fato futuro e incerto exigido  pela lei, e o contrato  só  poderá operar seus efeitos no tocante à majoração das mensalidades pretendida  pela recorrente, quando satisfeita a condiçãocontratual e legal, qual  seja, completar o  segurado do  plano de saúde a idade de 60 anos.

 Assim, se o implemento da idade, que confere à  pessoa acondição jurídica de idosa, realizou-se  sob a égide da Lei nova,não estará o consumidor usuário do  plano de  saúde sujeito aoreajuste estipulado no contrato e  permitido  pela lei antiga.

 Estará amparado, portanto,  pela Lei nova.

 Por isso, não há violação aos arts. 6º da LICC e 15,  § 3º, da Lei

nº 10.741/2003, porque a aplicação da Lei nova, na hipótese em julgamento, não prejudica o ato  jurídico perfeito ou o direitoadquirido.

 Prosseguindo-se(...)para adentrar na seara de Lei que não estáem discussão, porque não prequestionada, mas apenas para  finsde reforço argumentativo, ressalte-se que o art. 15 da Lei nº9.656/98 faculta a variação das contraprestações pecuniáriasestabelecidas nos contratos de  planos de  saúde em razão daidade do consumidor, desde que estejam  previstas no contratoinicial e as  faixas etárias e os  percentuais de reajuste incidentes

em cada uma delas, conforme normas expedidas  pela ANS. Noentanto, o  próprio parágrafo único do aludido dispositivo legalveda tal variação para consumidores com idade superior a 60anos.

 E mesmo  para os contratos celebrados anteriormente à vigênciada Lei nº 9.656/98, qualquer variação na contraprestação pecuniária para consumidores com mais de 60 anos de idadeestá  sujeita à autorização  prévia da ANS (art. 35-E da Lei nº9.656/98). Sob tal encadeamento lógico, o consumidor que

atingiu a idade de 60 anos, quer seja antes da vigência do Estatuto do  Idoso, quer seja a  partir de sua vigência (1º de

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 janeiro de 2004), está sempre amparado contra a abusividadede reajustes das mensalidades dos  planos de  saúde com baseexclusivamente no alçar da idade de 60 anos,  pela  própria proteção oferecida  pela Lei dos Planos de Saúde e, ainda,  porefeito reflexo da Constituição Federal..." 

Consta do referido contrato de plano de saúde, que é obrigação do

contratante (Cláusula 18ª) pagar as mensalidades de acordo com o estabelecido pela

seguradora na forma, local e data de pagamento. E ainda que:

"(...)

c) a mensalidade é calculada de acordo com o número de

beneficiários inscritos e suas características de distribuição  por faixa etária e risco. As faixas etárias   previstas neste contrato são de: 0 a 17 anos; de 18 a 29 anos; de 30 a 39 anos; de 40 a49 anos; de 50 a 59 anos, de 60 a 69 anos e 70 ou mais anos.

18.2 - O CONTRATANTE reconhece que as mensalidades  sãoestabelecidas tendo em visa a faixa etária em que osbeneficiários estejam compreendidos e os seus  fatores de risco.Ocor rendo al terações na idade de qualquer dos benefi ciár ios,que importe em deslocamento para outra faixa etária, as

mensal idades serão reajustadas para os valores da nova fai xa,no mês segui nte ao da ocor rência.

18.3 - A var iação de pr eços das mensalidades,  

em conseqüênciada mudança da faixa etária do beneficiário,  se fará com os seguintes percentuais, que se acrescentarão  sobre o valor daúltima mensalidade:

(...)

e)  Ao completar 60 anos, acréscimo de 164,91% (cento e sessenta e quatro e noventa e um centésimos  por cento);

 f)  Ao completar 70 anos, não terá qualquer acréscimo." - grifo

no original.

A Lei de Planos de Saúde, de 1998, a meu sentir, implicitamente,

 prequestionada e afastada expressamente pela ilustre relatora, foi motivada, dentre

outros fatores, pelos freqüentes abusos observados no segmento, inclusive quanto aos

reajustes das mensalidades, que se davam de forma aleatória e unilateral, e quefavoreciam a concretização, por parte das empresas, das expectativas de lucro.Documento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 15 de 37

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Inicialmente, há se considerar que, em geral, as empresas de planos e

seguros de saúde impõem aos consumidores três formas de reajustes, quais sejam, em

razão da inflação de um  período; em função da mudança da faixa etária, e medianterevisão técnica. Muitas foram as demandas que assoberbaram várias Cortes deste país

em decorrência da falta de precisão, objetividade e clareza nos critérios de incidência

desses reajustes, aplicados isolada ou cumulativamente.

O controle de cláusulas abusivas, reforçado pela legislação

consumerista, visa resguardar a segurança dos negócios jurídicos, assegurando o

cumprimento dos contratos, bem como a necessária estabilidade das relações negociais

e a paz social.

Destarte, estamos diante de um contrato de risco. Se o direcionarmos

só ao consumidor, ou só à seguradora, estaremos criando um desequilíbrio, haja vista

que o consumidor assume o compromisso, o risco, de pagar, sem nunca ou quase

nunca utilizar os serviços médicos. De outro lado, a seguradora também assume um

risco, que poderá não suportar na mesma medida, pois, se aumentarem seus custos,

terá que repassá-los aos consumidores, a fim de manter inalterada a prestação do

serviço e a lucratividade.

O consumidor, como agente reconhecidamente vulnerável (art. 4º,

inciso I, do Cód. Defesa do Consumidor), carece, sem dúvida, de tratamento especial.

Ao invés disso, se não se puder exercer qualquer controle diante da falta de critérios

diretos para os malfadados, porém necessários, reajustes, ficaríamos sujeitos a repasses

de custos calculados de forma aleatória.

Atualmente, existem três modalidades de reajuste por mudança de

faixa etária, regidas pelo critério da temporalidade: contratos anteriores à vigência da

Lei 9.656/98; contratos firmados ou adaptados depois da referida lei, mas antes da

vigência do Estatuto do Idoso, e aqueles realizados ou adaptados a partir de 1º de

 janeiro de 2004.

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Os contratos anteriores à 1998 traziam as mais diversas cláusulas para

reajuste relacionados com a faixa etária e não tinham que submetê-las a nenhum

órgão, ou controle, com exceção das seguradoras, que são reguladas pelaSuperintendência de Seguros Privados (Susep). Após a vigência da mencionada lei,

que passou a regulamentar os planos, coube à ANS autorizar reajustes para pessoas

acima de 60 anos para os planos antigos, novos e coletivos, por meio da Resolução

Consu nº 6, que estabelecia sete faixas etárias.

Essa Resolução n.º 6, de 3.11.98, com a redação dada pela Resolução

nº 15, de 23/03/1999, que trata dos critérios e parâmetros de variação das faixas etárias

dos consumidores para efeito de cobrança diferenciada,  bem como do limite máximo

de variação de valores entre as faixas etárias, dispõe claramente o seguinte:

“Art. 1º. Para efeito do disposto no art. 15 da Lei 9.656/98 asvariações das contraprestações pecuniárias em razão da idadedo usuário e seus dependentes, obrigatoriamente, deverão  serestabelecidas nos contratos ou  seguros privados de assistênciaà  saúde, observando-se o máximo de 07 (sete)  faixas, conformediscriminação abaixo:

 I – 0 (zero) a 17 (dezessete) anos de idade; II – 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos de idade; III – 30 (trinta) a 39 (trinta e nove) anos de idade; IV- 40 (quarenta) a 49 (quarenta e nove) anos de idade;V – 50 (cinqüenta) a 59 (cinqüenta e nove) anos de idade;VI – 60 (sessenta) a 69 (sessenta e nove) anos de idade;VII – 70 (setenta) anos de idade ou mais.

(...) Art. 2º - As operadoras de  planos e  seguros privados deassistência à  saúde poderão adotar  por critérios próprios osvalores e  fatores de acréscimo das contraprestações entre as faixas etárias, desde que o valor  fixado para a  primeira  faixaetária, não  seja  superior a seis vezes o valor da última faixaetária, obedecidos os  parâmetros definidos no Art. 1º desta Resolução.

 Parágrafo Único: As operadoras de  planos e  seguros privados

de assistência à  saúde  podem oferecer produtos que tenhamvalores iguais em  faixas etárias diferentes.

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(...) Art. 3º. É vedada a concessão de descontos ou vantagensespecificamente delimitados em  prazos contratuais ou em  função

de idade do consumidor. Art. 4º. O valor atr ibuído de contr aprestação para cada faixaetár ia dos ti tulares e dependentes, dentro do l imi te previstonos ar tigos anteriores, deverá ser previamente esclarecido econstar expressamente do instrumento contratual .(...)

 Art. 6º.  Aplicam-se as disposições desta  Resolução aos contratoscelebrados na vigência da Lei n.º 9.656 (...) e aos existentesanteriores a sua vigência, a  partir das respectivas adaptações.”

Ressalte-se, portanto, que a nova orientação sobre planos privados deassistência à saúde veio normatizar e regulamentar a matéria, o que significa

reconhecer que as práticas anteriores, não adequadas ao novo regramento, devem ser

tidas como abusivas, inclusive frente às disposições incontroversas do Código de

Defesa do Consumidor.

Logo, a inexistência de previsão expressa nos contratos, acerca de

quais eram os índices percentuais de reajuste por mudança de faixa etária caracterizaomissão abusiva. Desta forma, porque não escritas no contrato, não podiam impor aos

consumidores o reajuste por índices desconhecidos por ocasião da contratação. Mas

não é o caso do contrato em apreço, uma vez que a cláusula sobre tal reajuste estava

expressa, encontrando-se, no momento da celebração, dentro dos parâmetros e ditames

legais. E não se nega que o contrato de plano de saúde pode conter mecanismos de

reajustes periódicos; basta que o faça de maneira clara, permitindo-se aos contraentes a

mínima previsibilidade dos riscos e ônus a que estão sujeitos.

Com o advento do Estatuto do Idoso, que entrou em vigor em 1º de

 janeiro de 2004, que proibia reajustes para pessoas com mais de 60 anos, novas regras

foram aprovadas, pois o limite máximo para aumento passou a ser aplicado aos 59

anos. O número de faixas etárias aumentou de sete para 10 e o intervalo entre elas caiu

de 10 para cinco anos, sendo que o valor para a última faixa etária poderá ser, no

máximo, seis vezes superior ao valor da faixa inicial.

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O Código Civil de 2002 ressalva, expressamente, a prevalência dos

 preceitos de ordem pública sobre os negócios jurídicos em geral. É o que se extrai,

v.g., do seu artigo 2.032, parágrafo único:

"Art. 2.032 (...)  Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá  se contrariar preceitos de ordem  pública, tais comoos estabelecidos  por este Código para assegurar a  função socialda  propriedade e dos contratos." 

Ora, o Código de Defesa do Consumidor estabelece normas de ordem

 pública e de interesse social, e mesmo assim, tanto esta Corte como o Supremo

Tribunal Federal já pacificaram o entendimento da impossibilidade de suaretroatividade a contratos firmados antes de seu advento.

Assim, a meu sentir, pela mesma e simples razão tenho por inaplicável

o Estatuto do Idoso aos contratos firmados antes de sua vigência. Não importa que se

cuide de lei de ordem pública, porque mesmo estas também se submetem à norma

constitucional que preserva o ato jurídico perfeito e o direito adquirido.

 Nesse sentido é a lição de VICENTE GRECO FILHO:

"As normas de intervencionismo contratual aplicam-se aoscontratos celebrados a  partir de sua vigência." 

(Comentários ao Código de Proteção ao Consumidor, Ed.Saraiva, 1991, pág. 380).

Só o fato de se constituir lei de ordem pública e conferir benesse ao

consumidor idoso não trás em si o condão de desconstituir os atos jurídicosformalizados sob a égide de norma anterior. Outrossim, pela suspensividade da nova

lei, com vacatio legis de noventa dias após sua publicação (artigo 118), mitigou-se a

interpretação de conteúdo de aplicação imediata e intervencionista.

Destarte, tratando-se de contrato legitimamente celebrado pelas partes,

deve ser cumprido nos termos da lei contemporânea ao seu nascimento, regulando

todos os seus efeitos, mesmo quanto aos eventos futuros já nele previstos, uma vez queficam condicionados à lei vigente no momento de sua celebração. Aí, não há comoDocumento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 19 de 37

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invocar o efeito imediato que se quer dar pela lei nova.

A propósito, a lição, sempre útil e atual do grande SERPA LOPES:

"Todos os fatos consumados durante a vigência da Lei anterior,assim como todas as conseqüências deles decorrentes, devem

 ser por ela regidos." (Comentários à Lei de Introdução aoCódigo Civil, Vol. I, 2ª Ed., pág.286).

Assim, a lei nova não se aplica aos efeitos futuros do contrato

anteriormente celebrado e que se acha ainda em curso.

A propósito, ainda, transcrevo precedente da Suprema Corte, com o

qual se harmoniza este entendimento:

"AGRAVO DE  INSTRUMENTO - CADERNETA DE POUPANÇA - CONTRATO DE DEPÓSITO VALIDAMENTECELEBRADO - ATO JURÍDICO PERFEITO - INTANGIBILIDADE CONSTITUCIONAL - CF/88, ART. 5º, XXXVI -  INAPLICABILIDADE  DE LEI SUPERVENIENTE  À DATA DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO DE DEPÓSITO, MESMO QUANTO AOS EFEITOS FUTUROS  DECORRENTES

 DO AJUSTE NEGOCIAL - RECURSO IMPROVIDO. - Oscontratos submetem-se, quanto ao seu estatuto de regência, aoordenamento normativo vigente à época de sua celebração.

 Mesmo os efeitos  futuros oriundos de contratos anteriormentecelebrados não  se expõem ao domínio normativo de leis supervenientes.  As conseqüências jurídicas que emergem de umajuste negocial válido  são regidas  pela legislação em vigor nomomento de sua  pactuação. Os contratos - que se qualificamcomo atos  jurídicos perfeitos (RT 547/215) - acham-se protegidos, em sua integralidade, inclusive quanto aos efeitos

 futuros,  pela norma de  salvaguarda constante do art. 5o, XXXVI, da Constituição da  República. Doutrina e  precedentes. - A incidência imediata da lei nova sobre os efeitos  futuros de umcontrato preexistente, precisamente  por afetar a  própria causa geradora do ajuste negocial, reveste-se de caráter retroativo(retroatividade injusta de  grau mínimo), achando-sedesautorizada  pela cláusula constitucional que tutela aintangibilidade das  situações jurídicas definitivamenteconsolidadas. Precedentes." (AI AgR nº 266.236/SP, Rel.

Ministro Celso de Melo, DJ de 03/02/2006).  Os contratos, portanto, que se qualificam como atos jurídicos

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 perfeitos, acham-se protegidos, inclusive quanto aos efeitos futuros deles decorrentes,

 pelas normas infra e constitucionais, mesmo que se trate de aplicação de leis de ordem

 pública.

Logo, além do reajuste oficial anunciado pela Agência Nacional de

Saúde Suplementar (ANS), que vale para os contratos assinados a partir de 1º de

 janeiro de 1999, pode ocorrer outro aumento, que resulta da mudança de faixa etária,

que se justifica em razão da mudança do perfil de uso dos serviços de saúde, estimado

com  base em estatísticas, e com regras específicas. Há de se respeitar, por

conseqüência, a cláusula livremente pactuada pela ora recorrida.

Pelo exposto, na trilha de precedentes dos tribunais superiores,

conheço e dou provimento ao recurso especial, divergindo com a máxima vênia, da

eminente relatora.

É o voto.

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 Superior Tribunal de Justiça 

Superior Tribunal de  J ustiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

TERCEIRA TURMA

 Número Registro: 2006/0003783-6 REsp 809329 / RJ 

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 Superior Tribunal de Justiça 

RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6) 

VOTO-VENCIDO

MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS: Oracy Pinheiro

Soares da Rocha moveu "ação ordinária revisional de obrigação creditícia contra

AMIL - Assistência Médica Internacional Ltda.

Em resumo, afirmou que:

- em 15/03/2001, associou-se ao plano de saúde oferecido pela ré;

- ao completar 60 anos, a mensalidade do referido plano de saúde

sofreu reajuste de cerca de 185% (cento e oitenta e cinco por cento) em razão damudança de faixa etária.

Amparada no CDC e no Estatuto do Idoso, pediu cancelamento do

reajuste e a devolução em dobro das quantias pagas indevidamente.

Em primeira instância, o pedido foi julgado procedente (fls. 86/88).

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou provimento à apelação.

O acórdão foi resumido nestes termos:

"Seguro saúde.Aumento do preço do contrato, quando do implemento da idade de 60anos.

 Negócio jurídico sujeito à autêntica condição, qual o implemento, pelacontratante, da condição de sexagenária.Condição verificada quando em vigor o artigo 15, § 3º, do Estatuto doIdoso que, expressamente, proíbe '... a discriminação do idoso nos planosde saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.'Distinção que faz Roubier entre efeito retroativo e efeito imediato da lei, nosentido de que "... os efeitos produzidos na vigência da lei anterior, são

intocáveis pela lei nova ( irretroatividade ); já os efeitos que ocorrerão navigência da nova lei, são por ela regulados ( efeito imediato da lei ).' Negócio jurídico sujeito ao efeito imediato da lei que, ademais, só seaperfeiçoaria, gerando aquisição do direito (Cv. de 1916., art. 118), com oimplemento da condição de idoso, só verificada quando proibido peloordenamento jurídico o aumento em decorrência de tal condição.Improvimento do recurso." (fl. 142).

Os embargos declaratórios opostos foram rejeitados.

Veio, então, este recurso especial fincado em ofensa aos Arts. 535 doCPC, 6º da LICC, 15 da Lei 9.656/98 c/c 1º da Resolução nº 6/98 do CONSU e 15, §Documento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 23 de 37

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3º, da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso). Em síntese, a recorrente afirmou que:

- o acórdão dos declaratórios não sanou os vícios apontados;

- o Estatuto do Idoso não se aplica aos contratos celebrados antes de

sua vigência.

Após as contra-razões, o recurso não foi admitido.

Contudo, subiu por força de provimento de agravo de instrumento.

A e. Relatora, Ministra  Nancy Andrighi, não conheceu do recurso,

 pois, em síntese, entendeu Sua Excelência, que a aplicação da Lei nova, no caso, não

 prejudica o ato jurídico perfeito ou o direito adquirido.

O Ministro Castro Filho pediu vista e abriu divergência ao votar pelo provimento do recurso sob o argumento de que os contratos estão protegidos,

inclusive, quanto aos efeitos futuros, contra normas posteriores mesmo que sejam de

ordem pública, porque se qualificam como atos jurídicos perfeitos.

Diante da complexidade da questão, pedi vista para refletir sobre o

assunto.

Inicio, em sintonia com os que me antecederam, dizendo que não há

violação ao Art. 535 do CPC, porque embora rejeitando os embargos de declaração, o

acórdão recorrido examinou, motivadamente, todas as questões pertinentes (cf. REsp

476.529/CASTRO FILHO, REsp 440.211/GONÇALVES, EDcl no AgRg no REsp

198.257/PÁDUA, EDcl no AgRg no Ag 186.231/DIREITO, dentre outros).

O Art. 15 da Lei 9.656/98 não foi objeto de debate no acórdão

recorrido. Falta prequestionamento. Incidem as Súmulas 211/STJ e 282/STF.

A Resolução 6/98 do CONSU não se enquadra no conceito de LeiFederal, pois é ato normativo secundário que não possui natureza típica de Lei. Nesse

sentido: REsp 627.977/TEORI,  REsp 636.175/CASTRO FILHO, REsp

177.447/PEÇANHA, REsp 436.176/PASSARINHO, dentre muitos. Logo, nesse

 ponto, o recurso especial não merece conhecimento.

Peço vênia para transcrever trecho do acórdão recorrido:

  "O contrato firmado pelas partes data de 15 de março de 2.001, e nele se previu, expressamente, que ao completar a contratante a idade de 60 anos, a

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mensalidade de seu plano de saúde seria majorado em 164,91% (cláusula18.3, e). Tal cláusula, contratada para evento futuro e incerto, qual o doimplemento dessa idade, ao ser acionada encontrou obstáculo decorrente dalei então em vigor que, expressamente, vedava o aumento do preço pelo

implemento da condição de idoso e, a meu aviso, sem os empeços dacláusula constitucional da irretroatividade das leis, na medida em que oevento de que dependia a eficácia da cláusula, situada no futuro, ocorrerasob os efeitos imediatos de nova situação jurídica, que a inviabilizava...Autêntica condição, subordinava-se ele a lei ao tempo de sua verificação,na medida em que uma das limitações ao princípio da irretroatividade dasleis é o da vigência ou efeito  imediato da lei nova, qual a que, no caso,impedia o aumento pelo implemento da condição de idoso, só verificadoem sua vigência.(...)

É exatamente o caso dos autos em que, subordinado o direito ao aumentodo preço do contrato, à condição - evento futuro incerto, na medida em quenão se poderia, ao tempo da contratação afirmar, desde logo, que acontratante alcançaria a condição de idoso  - nem se poderia falar, àquelaaltura, em aquisição do direito ao aumento ( C. Cv. de 1916., artigo 118 ) emuito menos reputá-lo adquirido depois, por ocasião do implemento de 60anos, quando a majoração se vira proibida por lei, de vigência imediata eapta a alcançar, os efeitos futuros daquele negócio jurídico." (grifosoriginais, fls. 145/146).

O § 3º do Art. 15 do Estatuto do Idoso diz o seguinte:"§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela

cobrança de valores diferenciados em razão da idade."

 No caso, a teor do acórdão recorrido, no contrato firmado em 15 de

março de 2001, as partes estabeleceram que a mensalidade do plano de saúde seria

majorada em 164,91% quando a contratante completasse 60 (sessenta) anos.

Contudo, antes do implemento da condição suspensiva imposta para o

aumento da mensalidade, entrou em vigor o Estatuto do Idoso, que vedou a

"discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados

em razão da idade."

As chamadas normas cogentes (impositivas ou de ordem pública), que

não admitem afastamento por disposição de vontade, têm aplicação imediata e

alcançam os fatos que acontecerem a partir de sua vigência. No entanto, tais normas

não podem retroagir para tangenciar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido ou a

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coisa julgada, que, não obstante a proteção constitucional do Art. 5º, XXXVI, possuem

conceituação legal. Ei-las:

"Art. 6º A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a leivigente ao tempo em que se efetuou.

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, oualguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo tenha termo

 pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que jánão caiba mais recurso."

Além de tais disposições, também merece destaque o dispositivo do

Código Beviláqua citado no acórdão recorrido:

"Art. 118. Subordinando-se a eficácia do ato à condição suspensiva,enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa."

(cf. Art. 125 do CC/02)."

 No caso, a aplicação imediata do Estatuto do Idoso atingiria o ato

 jurídico perfeito, porque o contrato de cobertura de assistência médica e hospitalar já

se havia consumado segundo a lei vigente ao tempo da pactuação. Seria, em

substância, uma incidência retroativa. Inclusive os efeitos futuros do pacto estão a

salvo das disposições impositivas do Estatuto do Idoso, pois a chamada "retroatividade

mínima", que decorre da aplicação imediata das leis, prejudica o ato jurídico perfeitoao tangenciar efeitos futuros advindos de contratação consumada segundo a vigência

de outra lei. Nesse sentido, destaco trecho da ementa da ADI 493/MOREIRA ALVES:

"(...) - Se a lei alcançar os efeitos futuros de contratos celebradosanteriormente a ela, será essa lei retroativa (retroatividade mínima) porquevai interferir na causa, que é um ato ou fato ocorrido no passado.- O disposto no artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal se aplica a toda

e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei dedireito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO

TERCEIRA TURMA

 

Número Registro: 2006/0003783-6 REsp 809329 / RJ

 Números Origem: 140142004 20040010350490 200400123272 200413409676 200500764996

200513702200 220005 2327204 232722004

PAUTA: 03/10/2006 JULGADO: 10/04/2007

RelatoraExma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI

Ministro ImpedidoExmo. Sr. Ministro : CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro CASTRO FILHO

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. MAURÍCIO DE PAULA CARDOSO

Secretária

Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDAADVOGADOS : ANTONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHO

MÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTROSRECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHAADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR PÚBLICO

ASSUNTO: Civil - Contrato - Plano de Saúde - Reajuste de Mensalidade

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Humberto Gomes de

Barros, conhecendo do recurso especial e dando-lhe provimento, pediu vista o Sr. Ministro Ari

Pargendler.Impedido o Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito.

  Brasília, 10 de abril de 2007

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSOSecretária

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RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6) 

Terceira Turma - 19.02.2008

 VOTO-VISTA 

EXMO. SR. MINISTRO ARI PARGENDLER: 

1. Nos autos de ação ordinária proposta por OracyPinheiro Soares da Rocha contra Amil Assistência MédicaInternacional Ltda. (fl. 02/14), o MM. Juiz de Direito Dr.

Rogério de Oliveira Souza julgou procedente o pedido “a fim decancelar  o reajuste das mensalidades do  plano de saúde firmadocom o réu, em razão de mudança de faixa etária, e de condenar  

a devolver em dobro o valor pago em excesso, corrigidomonetariamente pelo INPC, desde a data do  pagamento, acrescidode juros legais desde a citação” (fl. 88, o sublinhado é dotexto original).

Lê-se na sentença:

“É evidente que as cláusulas dos contratos que prevêemreajuste das mensalidades em razão do ingresso em nova faixaetária não podem mais ser consideradas válidas em face doEstatuto, porquanto o mesmo estabelece no § 3º do art. 15 que'é vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela

cobrança de valores diferenciados em razão da idade'”   (fl.87).

O tribunal a quo, relator o Desembargador Maurício CaldasLopes, negou provimento à apelação, destacando-se no acórdão oseguinte trecho:

“O contrato firmado pelas partes data de 15 de março de2001, e nele se previu, expressamente, que, ao completar acontratante a idade de 60 anos, a mensalidade de seu plano desaúde seria majorado em 164,91%. Tal cláusula, contratada para

evento futuro e incerto, qual seja, o do implemento dessaidade, ao ser acionada encontrou obstáculo decorrente da leientão em vigor que, expressamente, vedava o aumento do preço

 pelo implemento da condição de idoso e, a meu aviso, sem osempeços da cláusula constitucional da irretroatividade dasleis, na medida em que o evento  de que dependia a eficácia dacláusula, situado no futuro, ocorreria sob os efeitos  imediatos  de nova situação jurídica, que a inviabilizava ...

Autêntica condição, subordinava-se ela a lei ao tempo desua verificação, na medida em que uma das limitações ao

 princípio da irretroatividade das leis é o da vigência ouefeito 

imediato 

da nova lei, qual seja, a que, no caso,impedia o aumento pelo implemento da condição de idoso, sóDocumento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 29 de 37

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verificado em sua vigência”  (fl. 145, o sublinhado é do textooriginal).

Amil Assistência Médica Internacional Ltda. opôs embargos

de declaração (fl. 148/150), rejeitados (fl. 153/158), einterpôs recurso especial (fl. 160/172), de que a relatora,Ministra Nancy Andrighi, não conheceu, dela divergindo emvotos-vista o Ministro Castro Filho e o Ministro Gomes deBarros pelo conhecimento e provimento da irresignação.

2. A teor do acórdão, “... toda a questão reside em sesaber (sic) as disposições dessa nova lei, se (sic) aplicariamaos contratos celebrados antes de sua vigência, mas de acordocom a legislação então em vigor”  (fl. 144).

As razões do recurso especial, citando esse trecho,

admitem tal pressuposto, in verbis :

“O v. acórdão recorrido bem delimitou o cerne da presentecontrovérsia ..." (fl. 165).

Se assim é, a questão controvertida diz com o direitointertemporal, e o conhecimento do recurso especial dependeexclusivamente de saber se o art. 6º da Lei de Introdução aoCódigo Civil – evidentemente prequestionado - foi bemaplicado.

Data venia, o pensamento de Roubier foi mal interpretadopelo tribunal a quo.

Leia-se a propósito o que escreveu Garcia Maynez:

“La base de la teoria de los conflictos de leyes em eltiempo reside, según Roubier, en la distinción del efectoretroactivo y el efecto inmediato de la ley.

Las normas legales tienen efecto retroactivo cuando seaplican:

a) A hechos consumados bajo el imperio de una leyanterior (facta praeterita);

b) A situaciones jurídicas en curso, por lo que toca alos efectos realizados antes de la iniciación de la vigenciade la nueva ley (facta pendentia).

Si la nueva ley se aplica a las consecuencias aún norealizadas de um hecho ocurrido bajo el imperio de laprecedente, no tiene efecto retroactivo, sino inmediato. En loque respecta a los hechos futuros (facta futura) es evidente

que la nueva ley nunca puede ser retroactiva. El problema dela retroactividad plantéase relativamente a las consecuenciasjuridicas de un hecho realizado bajo el imperio de una ley,Documento: 652645 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/04/2008 Página 30 de 37

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cuando, en el momento en que se inicia la vigencia de unanueva norma, tales consecuencias no han acabado de producirse.En tal hipotesis, Roubier distingue los efectos realizadosantes de la iniciación de la vigencia de la segunda, de los

que no han se realizado antes de la iniciación de llegar esafecha. El principio general establecido por el jurista francésse formula diciendo que la ley antigua debe aplicarse a losrealizados hasta la iniciación de la vigencia de la nueva, entanto que ésta debe regir los posteriores. En algunasmaterias, sin embargo, el principio general deja de aceptarse.La antigua ley debe seguir aplicándose a las consecuenciasjurídicas de un contrato celebrado bajo su imperio, aun cuandotales consecuencias estén en curso al entrar en vigor una

nueva norma." (Introducción al Estudio del Derecho, EditorialPorrua, México, D.F., 1972, p. 393, o sublinhado não é dotexto original).

O jurista mexicano transcreve, então, traduzindo-o para alíngua espanhola, o seguinte trecho de Roubier, extraído de

“Des conflicts de lois dans te temps” (Paris, 1929, I. p.574):

“Los contratantes, que vinculan a él sus intereses, sabenqué pueden esperar del juego de las cláusulas expressas delacto, o incluso de la ley. Es evidente que la elección hechapor las partes seria inútil si una nueva ley, modificando lasdisposiciones del régimen en vigor el día en que el contrato

fue concluído, viniese a echar por tierra sus previsiones.Cuando dos personas se casan, cuando un sujeito adquiere unusufructo o una hipoteca, encontramos indudablemente como basede tales actos un hecho voluntario; pero los interesados sabenque no hay elección que la de seguir o no el régimen legal.Por el contrario, cuando dos personas celebran una venta o uncontrato de arrendamiento, saben que pueden insertardeterminadas cláusulas, condiciones o modalidades del acto, ysi algo esperan de la ley, es solamente una proteccióncomplementaria, en relación con lo que hubieran dejado de

prever o de enunciar”  (Introducción al Estudio del Derecho, p.394).

Nessa linha, tendo o acórdão recorrido contrariado o art.6º da Lei de Introdução ao Código Civil, o recurso especialdeve ser conhecido, aplicando-se o direito à espécie na formado art. 257 do Regimento Interno do Superior Tribunal de

Justiça (“No julgamento do recurso especial, verificar-se-á, preliminarmente, se o recurso é cabível. Decidida a preliminar pela negativa, a Turma não conhecerá do recurso; se pelaafirmativa, julgará a causa, aplicando o direito à espécie" ).

O direito, na espécie, comina de nulidade a cláusula sub

judice , nos termos do art. 51, IV, do Código de Defesa doConsumidor:

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“Art. 51 – São nulas de  pleno direito, entre outras, ascláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos eserviços que:

IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas,abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada,ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade ”.

Com efeito, a imposição (trata-se de um contrato deadesão ) de um aumento de 164,91% (cláusula 18.3,e ) na

mensalidade do seguro-saúde visa, senão impedir ( pelaimpossibilidade de  pagar o respectivo montante ), desestimularo segurado de manter o contrato precisamente quando sua idadeautoriza a presunção de que precisará dele. A abusividade dacláusula só poderia deixar de ser reconhecida se provado que aaludida majoração corresponde ao aumento do risco resultante

da idade de 60 anos. Tal prova não foi feita, e é improvávelque pudesse ter sido produzida, porque - numa época delongevidade como a nossa - o sexagenário de hoje já não é ovelho de antigamente. Condições sanitárias e modos de vidamais saudáveis vêm aumentando a média do tempo que o homempassa neste mundo.

Voto, por isso, no sentido de conhecer do recursoespecial, negando-lhe provimento - com a explicitação de que oRecorrido está sujeito aos reajustes gerais das mensalidadesdo plano de saúde, isto é aqueles que não decorram da mudança

de faixa etária.

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ERTIDÃO DE JULGAMENTO

TERCEIRA TURMA

 

Número Registro: 2006/0003783-6 REsp 809329 / RJ

 Números Origem: 140142004 20040010350490 200400123272 200413409676 200500764996

200513702200 220005 2327204 232722004

PAUTA: 19/02/2008 JULGADO: 19/02/2008

RelatoraExma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro SIDNEI BENETI

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. HAROLDO FERRAZ DA NOBREGA

Secretária

Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDAADVOGADOS : ANTONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHO

MÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTRO(S)RECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHA

ADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR PÚBLICOASSUNTO: Civil - Contrato - Plano de Saúde - Reajuste de Mensalidade

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Prosseguindo no julgamento após o voto-vista do Sr. Ministro Ari Pargendler, conhecendodo recurso especial, mas negando-lhe provimento. Verificou-se falta de quorum. O julgamento será

renovado com reinclusão em pauta.

  Brasília, 19 de fevereiro de 2008

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSOSecretária

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 Superior Tribunal de Justiça 

RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6) 

Terceira Turma - 04.03.2008

RATIFICAÇÃO DE VOTO

EXMO. SR. MINISTRO ARI PARGENDLER: 

Sr. Presidente, mantenho, então, o meu voto anterior,conhecendo do recurso especial, mas negando-lhe provimento. Oefeito prático coincide com o do voto da Sra. Min. NancyAndrighi.

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 Superior Tribunal de Justiça 

ERTIDÃO DE JULGAMENTO

TERCEIRA TURMA

 

Número Registro: 2006/0003783-6 REsp 809329 / RJ

 Números Origem: 140142004 20040010350490 200400123272 200413409676 200500764996

200513702200 220005 2327204 232722004

PAUTA: 04/03/2008 JULGADO: 04/03/2008

RelatoraExma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro SIDNEI BENETI

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. JOÃO PEDRO DE SABOIA BANDEIRA DE MELLO FILHO

Secretária

Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDAADVOGADOS : ANTONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHO

MÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTRO(S)RECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHA

ADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR PÚBLICOASSUNTO: Civil - Contrato - Plano de Saúde - Reajuste de Mensalidade

SUSTENTAÇÃO ORAL

Pelo recorrente: Dr. Antonio Vilas Boas Teixeira de Carvalho

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Renovando o julgamento, mantidos os votos anteriormente proferidos, pediu vista o Sr.Sidnei Beneti.

  Brasília, 04 de março de 2008

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSOSecretária

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 Superior Tribunal de Justiça 

RECURSO ESPECIAL Nº 809.329 - RJ (2006/0003783-6) 

RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHIRECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDA

ADVOGADOS : ANTONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHOMÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTRO(S)RECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHAADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR PÚBLICO

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO SIDNEI BENETI: 

1) Meu voto acompanha o voto da E. Ministra Relatora, NANCY

ANDRIGHI, Relatora (não conhecendo, com esclarecimento), e, na matéria de fundo,

o voto do E. Ministro ARI PARGENDLER, Voto-Vista (conhecendo, mas negando

 provimento, com observação), ambos mantendo incólume o Acórdão recorrido, com

observação, pedindo venia para não acompanhar os votos dos E. Ministros

HUMBERTO GOMES DE BARROS e CASTRO FILHO, que davam provimento ao

recurso.

2) Não há, a meu ver, violação aos arts. 6o  da Lei de Introdução ao

Código Civil, e 15, par. 3o, da Lei 10.741/2003, diante da preservação do ato jurídico

 perfeito e do direito adquirido do recorrido, que, ao completar sessenta anos, já era

 participante do Plano de Saúde do recorrente, a que aderira em 15.3.2001, de maneira

que não atingido pelo reajuste de 185%, em decorrência da mudança da faixa etária –

inaplicável aos contratos celebrados antes da vigência da Lei 10.741/2003.

(3) Pelo exposto, acompanha-se o voto da ilustre Relatora em todos os

seus termos.

Ministro SIDNEI BENETI

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ERTIDÃO DE JULGAMENTO

TERCEIRA TURMA

 

Número Registro: 2006/0003783-6 REsp 809329 / RJ

 Números Origem: 140142004 20040010350490 200400123272 200413409676 200500764996

200513702200 220005 2327204 232722004

PAUTA: 04/03/2008 JULGADO: 25/03/2008

RelatoraExma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro SIDNEI BENETI

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. JOÃO PEDRO DE SABOIA BANDEIRA DE MELLO FILHO

Secretária

Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDAADVOGADOS : ANTONIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHO

MÁRCIO ALEXANDRE SALVADOR DA SILVA E OUTRO(S)RECORRIDO : ORACY PINHEIRO SOARES DA ROCHA

ADVOGADO : LUIZ PAULO VIERA DE CARVALHO - DEFENSOR PÚBLICOASSUNTO: Civil - Contrato - Plano de Saúde - Reajuste de Mensalidade

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Sidnei Beneti,acompanhando o voto da Sra. Ministra Relatora, a Turma,  por maioria, não conheceu do recursoespecial. Vencidos os Srs. Ministros Castro Filho e Humberto Gomes de Barros. Os Srs. Ministros

Sidnei Beneti e Ari Pargendler votaram com a Sra. Ministra Relatora.

  Brasília, 25 de março de 2008

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSOSecretária