ideais de fé

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  • 7/26/2019 Ideais de F

    1/6

    Ideais de f, conduta e salvao

    em Clemente de Alexandria

    rego de uma famlia de libertos, nascido em torno do ano 180, no paganismo, Tito Flvio

    Clemente (mais conhecido por Clemente de Aleandria! encontra a doutrina crist" na#uventude e a ela se converte de maneira profunda$ %urante anos seguidos, em incessantes

    viagens da &r'cia para a ria e da )alestina para o *gito, este homem, +ue veio a ser um

    cone da gre#a primitiva, procurou penetrar melhor na doutrina de Cristo, ouvindo

    atentamente a crist"os e sbios - ad+uirindo e desenvolvendo conhecimentos$

    %entre esses sbios houve um em especial +ue lhe chamou a aten."o, fa/endo do

    aleandrino seu seguidor (pela convergncia de id'ias!$ *sse homem chamavase

    )anteno (tido como detentor de um conhecimento 2superior2!, de +uem Clemente se tornou

    aluno, assistente e +ue, mais tarde, veio a superar a+uele +ue foi conhecido como 2abelhada iclia2$ 3 no ano 400 Clemente teria ido al'm dos ensinamentos do seu tutor$ endo

    padre, mas sem obriga.5es paro+uiais (n"o era muito afeito a celebra.5es!, Clemente de

    Aleandria dedicase inteiramente ao ensino crist"o - cate+uese$ Ao mesmo tempo em +ue

    fala, segue escrevendo6 sempre infatigvel, sempre profundo, embora por ve/es ca7tico e

    difuso na sua linguagem$ %ono de um cora."o largo, esprito de uma cultura enorme,

    inteligncia do mais vasto alcance, +ue o seu entusiasmo pela doutrina evang'lica n"o

    impediria de se abrir a tudo (nem mesmo t"o atacada cultura pag", em especial no +ue di/

    respeito 9lo dos gregos!$ *m muitas passagens de suas obras sentimonos deverascomovidos: +uando fala da virtude e da inf;ncia t"o dedicadamente, a +uest"o do

    casamento, e +uando se refere a problemas +ue s"o sempre do maior interesse6 como o das

    responsabilidades do dinheiro e o da salva."o dos ricos (de grande di9culdade!, dentre

    vrios outros tamb'm de suma import;ncia para nosso conhecimento e para a nossa religi"o

    como ho#e a temos$

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    Clemente de Aleandria e muitos outros padres da gre#a primitiva condenam com rigor o

    luo, os vesturios de ricos coloridos, 2os sapatos bordados a ouro, sobre os +uais os pregos

    se enrolam em espiral2, e a gulodice desmedida dos ricos, as gastronomias re+uintadas, e a

    2v" habilidade dos pasteleiros2$ @ ensinamento da gre#a ' +ue se deve usar o +ue %eus

    legou, mas com modera."o e gratid"o: o alimento celestial (+ue ' simples por nature/a!

    seria o 2nico pra/er 9no e puro2, pois nos levaria salva."o$

    )or ve/es, Clemente se referiu e reconheceu +ue na gre#a havia ricos e pobres - o +ue n"o

    #usti9ca +ue o lucro e a propriedade se#am condenados$ As ri+ue/as da terra s"o efmeras, a

    nica ri+ue/a verdadeira ' a do c'u, visto +ue essa #amais passar$ Temos a a eplica."o

    para, no ideal de Clemente, a di9culdade +ue os ricos encontravam para entrar no reino dos

    c'us$ Tido como 2o mais instrudo dos padres2, Clemente tamb'm atacou fortemente os

    basilidianos e demais hereges +ue tentavam contra a gre#a, e +ue sempre buscaram

    distorcer os ensinamentos de 3esus$

    @ mestre aleandrino utili/a muito a compara."o entre ensino B vida crist" e as atividades

    agrcolas, algo muito comum entre os est7icos$ Como nesta passagem sobre o casamento:

    "Assim, no est certo tornar-se escravo dos prazeres do amor e dedicar-se lascivamente

    satisfao dos prprios desejos; da mesma forma que errado entrear-se satisfao

    das pai!es irracionais# $omo o aricultor, ao %omem casado permitido semear sua

    semente quando a estao permite" # $lemente no aceita o prazer se!ual; o coito serviria

    apenas para a reproduo# &essa maneira, o %omosse!ualismo , tam'm, visto como

    uma anomalia, uma afronta moral# "$omete-se adultrio com a prpria esposa quando

    se mantm relaes se!uais com ela como se fosse uma prostituta"#uitos s"o os estudiosos +ue apresentam o cristianismo do aleandrino como sendo

    uma 9lo$ *mbora guarde certo receio frente aos perigos +ue a cultura mundana oferece,

    Clemente designa a 9lo como importante fonte para a a+uisi."o de uma f' melhor

    fundamentada$ A 9lo grega ' vista a+ui como um todo, e n"o haveria o conhecimento,

    platDnico, o aristot'lico e tudo mais6 apenas a totalidade$ %a, podemos lan.ar a import;ncia

    da unidade, tamb'm, para a religi"o$ F' e ra/"o encontramse interdependentes, onde se a

    f' n"o se apresenta como simples demonstra."o da ra/"o, n"o pode se constituir, tamb'm,

    em algo +ue a negue6 eiste complementaridade$ %evese buscar uma f' 2sincera2, atrav'sda Eei, da obedincia e de uma vida reta em Cristo$

    Fa/endo uso de sua pedagogia, o mestre aleandrino nos passa +ue: 2ma educa."o

    sem castigos se e+uivoca2$ Ao contrrio do +ue se possa pensar, os castigos seriam

    complementares da sabedoria, e tudo ' feito por amor$

    A necessidade da defesa da doutrina crist" ' muito presente, pois as pessoas devem

    tomar cuidado com o +ue escutam ou falam$ %evese transmitir a lu/ a +uem conv'm$ ? por

    isso +ue, em 2tromata2, o pr7prio autor reconhece +ue o teto cont'm uma verdade

    dispersa (mutilada!6 tudo como forma de defesa$ 2Como las semillas, de modo +ue no est'n

    al alcancede los charlatanes, cual gra#os$ as si tienen la suerte de encontrar un bom

    agricultor, cada una de 'sas (semillas! brotar G mostrar lo/ano el trigo2$ as uma ve/

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    agrupada, essa verdade +ue ' anunciada se revela totalmente +ueles aptos a compreend

    la (especialmente aos gn7sticos!$ 2

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    da di9culdade desse acontecimento: 2Ea gnosis no es patrimonio de todos ($$$!6 sin embargo

    los libros son feitos para las multitudes2$

    *m suma, o gn7stico seria 2um crist"o ideal, +ue alcan.ou a cincia e vida espiritual

    perfeitas, na medida +ue podem ser alcan.adas neste mundo26 apenas o gn7stico seria

    capa/ de comunicar a doutrina verdadeira sem distorcla - eatamente pelo fato de

    conhecla de forma mais profunda$ A f' simples ' a+uela +ue cr apenas no +ue di/ as

    *scrituras, sem nenhuma atividade de investiga."o$ A 9lo, ou +ual+uer outra forma de

    conhecimento, vem a ser til para se ter uma f' mais segura, mais forte6 para +ue se possa

    distinguir com toda certe/a o bem e o mal, 2la here#a de la verdad misma2$ * ainda: 2Ea

    actividad racional regenera al alma G la orienta hacia una conducta intachable2$

    Atrav's da 9lo, o esprito humano teria maior predisposi."o para entender e conhecer

    melhor asa coisas divinas$ * ainda sobre a uni"o f'B9lo: 2Ea cuerda ms alta (de la lira! se

    opone a la ms ba#a, pero de ambas resulta una nica a musical6 ($$$! el nmero par 's

    diferente del impar, G sin embargo ambos son necessarios en la aritm'tica2$ Associandose

    9lo grega, o Cristianismo proposto por Clemente faria, agora, de aliado um antigo inimigo

    (representante fundamental da cultura pag"!$

    A defesa da religi"o frente aos ata+ues dos hereges e dos so9stas ' tamb'm

    fundamental na obra do padre crist"o$ A sofstica, atrav's do seu forte discurso, denigre o

    verdadeiro em fun."o de algo falso (poder de persuas"o!6 ' uma 2m arte2 no entender do

    aleandrino$ @s so9stas seriam 2lobos sa+ueadores con pieles de ove#a, +ue esclavi/am los

    hombres G suceden con elocuencia a las almas2 $ @ padre aleandrino n"o admite +ue a

    doutrina sagrada se#a posta em compara."o$ %evese evitar as palavras desnecessrias:2a sua tarefa de persuas"o, a sofstica impediria o desenvolvimento

    do conhecimento a partir das pr7prias pessoas6 elas seriam, assim, guiadas pelo discurso de

    outrem, onde n"o haveria espa.o para a livre reIe"o$

    esmo entendendo a necessidade de n"o deiar de lado a 9lo, ' importante ressaltar

    +ue as palavras santas s"o bastante superiores ao conhecimento dos gregos$ @u se#a, a

    religi"o pode sobreviver sem a 9lo (+ue ' um catalisador, uma facilitadora da religi"o!, mas

    o contrrio n"o pode ocorrer$ 2Eos 9l7sofos son niLos, a menos +ue se hagan totalmentehombres por obra de Cristo2$ A #un."o entre a tradi."o humana (9lo! e a divina (f'! seria,

    desse modo, de dupla utilidade - tanto para a religi"o como para a 9lo$ )or 9m, temos +ue a

    f' seria, tamb'm, um 9ltro para a entrada das palavras sagradas$ eria um subsdio

    necessrio para a compreens"o desses conhecimentos: 2e n"o credes, n"o

    compreendereis2 $

    A Verdade e a Salvao em Cristo

    )rocurando fa/er com +ue o grande pblico compreendesse de melhor forma os

    ensinamentos crist"os, Clemente utili/a uma metodologia bastante simples e repetitiva, para

    +ue seus ouvintes o compreendessem - ha#a vista +ue o padre aleandrino se dedicou

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    especialmente cate+uese$ Apesar de seus ensinamentos, o pr7prio mestre reconhecia +ue

    a maioria das pessoas n"o estava apta ao conhecimento da doutrina de Cristo$ A+uele +ue

    procura passar conhecimento religioso a outrem (geralmente um padre! deve agir de

    maneira semelhante a um agricultor, devendo cultivar com esmero em boa terra suas

    sementes (os 9'is!: 2n alma +ue se une a (otra! alma G un espiritu a (otro! espiritu, cuando

    se siembra la palavra, hacem crescer la semilla G producem vida6 G todo el +ue es educado

    viene a ser hi#o del educador en virtude de la obediencia2$ A semente seria, tamb'm,

    smbolo da perseveran.a +ue um verdadeiro 9el deve possuir6 resistir a tudo, suportar toda

    forma de agress"o estando no estado latente, e germinar +uando boas condi.5es forem

    encontradas$

    A salva."o da alma n"o ' coisa fcil de se alcan.ar6 pois ela s7 ' possvel atrav's de

    muito esfor.o e dedica."o por obra da+ueles +ue a buscam$ 2Ea mies es mucha G los

    operarios son pocos2$

    @ aleandrino fala em seus escritos da necessidade de se seguir os passos do enhor,

    de se levar uma 2vida santa2, reta em Cristo - ' encontrada essa necessidade no Antigo

    Testamento$ * di/ Clemente: 2*s necessario, pues, imitar en lo possible al eLor2$ * est na

    Jblia: 2@ povo de %eus deve ter uma vida santa2$ A+ueles +ue ensinam s pessoas devem

    facilitar a sua compreens"o, nada mais +ue isso, pois os 9'is devem aprender a superar suas

    di9culdades$ Consta em Clemente: 2*s ra/onable aGudar a uno a llevar su carga, sin

    embargo no lo es aGudar a descargarla2$ @s detentores do conhecimento devem n"o guard

    los apenas para si, mas tornlos disponveis ao pblico6 para +ue este possa reali/ar a

    progress"o de sua f': 2

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    entre nossotros Iacos G d'biles G bastantes +ue estn dormidos$ i nos #u/gsemos a

    nossotros mismos, no seramos condenados2$

    )or 9m, a import;ncia de se levar uma vida simples e a conse+Mente di9culdade do

    ingresso dos ricos na salva."o 9ca clara em: 2Ea caridad es la ma#or leG del amor +ue Cristo

    ensino2$

    Um grande centro cristo:

    A ESCOLA DE CLEMENTE.

    >um momento em +ue a literatura pag" vai sofrendo um perodo de forte crise, surge

    a inteligncia da gre#a, atrav's, principalmente, dos escritos dos padres$ @s dois maiores

    centros de onde emanavam as id'ias crist"s no s'culo eram o *gito e a Nfrica$ * dentre os

    nomes de maior desta+ue est o de Clemente de Aleandria$

    A ttulo de curiosidade, Aleandria era uma cidade imensa - das maiores do mundo no

    perodo - aglomera."o em constante crescimento, cidade de muitas morais, vrias religi5es$

    A inteligncia era ali muito estimada e dispunha de inumerveis instrumentos de trabalho:

    useu, Jiblioteca, Oool7gico e tudo mais$ Ali se encontrava um clima ecitante para o

    esprito, uma terra de elei."o para todas as tentativas sincretistas, e para todas as heresias$

    )or volta de 400, Aleandria era o centro do aprendi/ado crist"o e gn7stico6 o grande

    c'rebro (o ponto de convergncia! do mundo ocidental - era onde tudo Iua muito

    rapidamente$ @ capitalismo h muito se instalara nesta cidade$

    Como # foi dito, no s'culo a fama da cidade tornase ainda maior$ Ao lado das

    escolas dos 9l7sofos, fundarase uma institui."o 2anloga de "o 3ustino em Poma2, uma

    didasclia crist"$ *ssa escola era, ao mesmo tempo, uma universidade e um cenculo:

    muitas mat'rias, poucos alunos e tamb'm poucos mestres$ Clemente foi o primeiro desses

    chefes da escola crist"$ Aleandria - situada no *gito - tornarase, no s'culo , a ent"o

    capital do Cristianismo e o mestre Clemente seu principal nome$