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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC REFLEXÃO SOBRE A FRAÇÃO ORGÂNICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS i

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Page 1: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

REFLEXÃO SOBRE A FRAÇÃO ORGÂNICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

SANTO ANDRÉ2014

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Page 2: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

Ian Miller

REFLEXÃO SOBRE A FRAÇÃO ORGÂNICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

SANTO ANDRÉ2014

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Trabalho apresentado como avaliação parcial da disciplina de Resíduos Sólidos, no curso de Engenharia Ambiental e Urbana da UFABC.

Page 3: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................1

2. A FRAÇÃO ORGÂNICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS...................................3

2.1. COMPOSTAGEM................................................................................................................4

2.1.1. Fases da compostagem..............................................................................................4

2.1.2. Fatores que influenciam a compostagem...................................................................5

2.1.3. Vantagens..................................................................................................................6

2.1.4. Desvantagens.............................................................................................................6

2.2. BIOGÁS..............................................................................................................................7

2.2.1. Formação do biogás...................................................................................................7

2.2.2. Fatores que influenciam a formação do biogás..........................................................8

2.2.3. Vantagens..................................................................................................................9

2.2.4. Desvantagens.............................................................................................................9

3. A POLÍTICA MUNICIPAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM SANTO ANDRÉ.10

4. REFLEXÃO E CONCLUSÃO.......................................................................13

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................15

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Page 4: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

1. INTRODUÇÃO

A problemática dos resíduos sólidos urbanos (RSU) vem ganhando cada

vez mais destaque entre as adversidades dos municípios brasileiros. Nas

últimas décadas, devido ao processo de industrialização e da massificação

populacional, grande parte das cidades do Brasil sofreram uma intensa

urbanização. Por conta disto, há o surgimento de problemas ambientais e

sociais graves, tendo como exemplo a dificuldade na gestão dos resíduos

sólidos [1].

A maior utilização dos serviços ambientais gera uma depleção destes

não só devido a produção e ao consumo, mas também por conta do retorno

dos resíduos à natureza após a sua utilização. Entre os fatores envolvidos com

a quantidade de resíduos sólidos gerados por uma população destacam-se a

capacidade econômica para consumir e também os valores e hábitos de vida.

Como exemplificação disto, podem ser tomadas as culturas americanas e

japonesas, uma vez que ambos possuem alto poder aquisitivo, porém os

primeiros geram quase duas vezes mais resíduos do que os japoneses, o que

destaca as diferenças comportamentais [2].

Além da geração dos resíduos, há todo um sistema sobre estes que

possuem problemas. Integrando o sistema de limpeza urbana estão as etapas

de geração, acondicionamento, coleta, transporte, transferência, tratamento e

disposição final dos resíduos sólidos, além da limpeza de logradouros públicos.

Em grande parte do país, os resíduos não são devidamente coletados,

permanecendo em terrenos baldios, encostas e cursos d'água, entre outros.

Para a municipalidade, a atividade do sistema que demanda mais recursos é a

coleta do lixo, e é também o que possui maior alcance para a população,

devido a pressão desta para que o serviço ocorra com regularidade. Os

serviços de limpeza de logradouros públicos possuem uma regularidade

apenas em municípios maiores, sendo assim outra deficiência do sistema

envolvido. A disposição final dos resíduos é um dos maiores problemas, já que

ao longo dos anos as administrações públicas locais preocuparam-se apenas

em afastar o lixo das áreas urbanas, depositando-o em lugares inadequados.

No que se refere ao tratamento do lixo, tem-se instaladas no Brasil algumas

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Page 5: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

unidades de compostagem e reciclagem, porém, suas atividades ainda

representam uma porcentagem pequena da geração total dos resíduos [3].

Em meio a tantas adversidades causadas pelo manejo dos resíduos

sólidos, em 2010 foi sancionada a Lei nº 12.305/10, que institui a Política

Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Com essa lei, o Brasil fica no mesmo

nível de países desenvolvidos no que diz respeito ao marco legal. São criadas

ainda metas importantes que auxiliarão na eliminação de lixões, por exemplo,

além de instituir a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos.

São pontos importantes da lei a prevenção e redução na geração de resíduos,

a proposta de práticas de hábitos de consumo sustentável e o aumento da

reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos [4].

Entre os principais materiais que fazem parte dos resíduos sólidos

urbanos coletados no Brasil estão os metais, plástico, vidro, papel, papelão e

TetraPak e a matéria orgânica. Destaca-se a última, que será objeto de estudo

neste trabalho.

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Page 6: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

2. A FRAÇÃO ORGÂNICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A matéria orgânica, caracterizada pelos restos de alimento, cascas de

frutas e verduras, flores, grama, poda de árvores, entre outros, representa

grande parte dos resíduos sólidos urbanos e a sua não segregação traz grande

dificuldade aos processos de manejo destes. O seu manuseio inadequado é

responsável pela atração de vetores, como ratos e moscas, pela geração de

maus odores e a geração de chorume, o que gera riscos à saúde da população

pelo seu potencial de contaminação tanto da água quanto do ar que carregam

[5].

A tabela 1 mostra a porcentagem dos materiais dentre os resíduos

sólidos urbanos.

Tabela 1 - Participação dos Principais Materiais no Total de RSU coletado no

Brasil em 2012

Fonte: Ref 6.

Como pode ser verificado, a matéria orgânica representa mais da

metade dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil. No cenário atual, a

grande parte dessa matéria acaba tendo como destino final os aterros

sanitários, aterros controlados e lixões, o que gera, além dos problemas

ambientais já citados, grandes gastos para os municípios, sendo que estes

poderiam ser evitados caso a matéria orgânica fosse separada na fonte e

encaminhada para um tratamento específico. Como alternativas para este

problema, podem ser consideradas as possibilidades de transformação da

fração úmida em composto orgânico e biogás.

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Page 7: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

2.1. COMPOSTAGEM

A compostagem é o processo natural de decomposição biológica de

materiais orgânicos pela ação de microorganismos. Pode ser anaeróbia ou

aeróbia, em função da presença ou falta de oxigênio no processo, em que não

é necessário a adição de qualquer componente físico ou químico à massa do

lixo. A Lei 12.305/10, que institui a PNRS, em seu artigo 3º, inciso VII,

considera a compostagem como uma forma de destinação final

ambientalmente adequada de resíduos. A mesma lei tem como prioridade para

a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos "a não geração, redução,

reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final

ambientalmente adequada dos rejeitos" [7].

2.1.1. Fases da compostagem

Em geral, o processo de compostagem pode ser dividido em três fases.

A primeira fase é denominada mesofílica, e é caracterizada por ser curta e se

estender por até 15 dias. Os micro-organismos que atuam nesta fase, sendo

em geral bactérias, sobrevivem em temperaturas mais amenas, de até 40ºC, e

elas vão metabolizar principalmente as moléculas mais simples. A segunda

fase é denominada termofílica, sendo a mais longa e se estendendo por

aproximadamente dois meses. É caracterizada pela ação de bactérias e fungos

denominados termofílicos ou termófilos, que irão degradar as moléculas mais

complexas e sobrevivem em temperaturas mais elevadas que os mesofílicos.

Nesta fase, a temperatura das pilhas de compostagem pode ficar em cerca de

65 a 70ºC, o que possibilita a higienização do composto, ocasionando a morte

de micro-organismos patogênicos presentes. A fase de maturação é a última

do processo, e pode durar de um a dois meses. É nessa fase que haverá a

diminuição da atividade microbiana, com o decaimento gradativo da

temperatura, aproximando-se da temperatura ambiental. Ocorre também nesta

fase a diminuição da acidez antes observada no composto, o que poderia ser

prejudicial às culturas caso fosse aplicado diretamente na agricultura [8].

A figura 1 traz a representação do processo de compostagem:

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Page 8: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

Figura 1. Fases da Compostagem. Fonte: Ref 9.

2.1.2. Fatores que influenciam a compostagem

Alguns parâmetros físico-químicos são fundamentais para que o

processo de compostagem se desenvolva de maneira satisfatória, de modo

que os microrganismos estejam em condições favoráveis para se

desenvolverem e transformarem a matéria orgânica. Entre estes fatores, estão:

aeração; temperatura; umidade; relação C/N; granulometria e pH.

A aeração influi na velocidade de oxidação do material orgânico e na

diminuição da emanação de odores, pois quando há falta de aeração o sistema

pode tornar-se anaeróbio. É fundamental na fase de degradação rápida, onde a

atividade microbiana é intensa. A temperatura é um fator indicativo do equilíbrio

ecológico, de fácil monitoramento e que reflete a eficiência do processo. Já a

umidade tem como seu teor ótimo entre 50 e 60%, sendo que elevados teores

de umidade fazem com que a água ocupe os espaços vazios do meio,

impedindo a livre passagem do oxigênio, o que poderá provocar o

aparecimento de zonas de anaerobiose. Se o teor de umidade for baixo, a

atividade biológica é inibida, bem como a velocidade de biodegradação. Os

microrganismos necessitam de carbono como fonte de energia e de nitrogênio

para a produção de proteínas. Na teoria, a relação C/N inicial ótima do

substrato deve estar em torno de 30, sendo que se estiver muito baixa, pode

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Page 9: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

ocorrer grande perda de nitrogênio pela volatização da amônia, e se estiver

muito alta os microrganismos não encontraram N suficiente para a síntese de

proteínas e terão seu desenvolvimento limitado. Tratando-se da granulometria,

quanto mais fina esta for, maior é a área exposta à atividade microbiana,

promovendo assim o aumento das reações bioquímicas, visto que aumenta a

área superficial em contato com o oxigênio. Por último temos o pH, que em

valores muito baixos ou muito elevados pode reduzir ou até mesmo inibir a

atividade microbiana [10].

2.1.3. Vantagens

É um processo ecológico simples e fácil, que contribui para diminuir a

carga que o excesso de resíduos sólidos exerce sobre o ambiente. Dá um

destino útil a fração orgânica dos RSU, evitando sua acumulação em aterros,

além de devolver à terra os nutrientes que esta precisa. Como os resíduos

orgânicos têm uma disposição adequada quando tratados por esse processo,

consequentemente os problemas que sua má disposição gerariam são

reduzidos ou eliminados. A compostagem permite a eliminação de agentes

patogênicos presentes na matéria orgânica; a redução do volume, massa e teor

de umidade dos resíduos; a reciclagem e valorização da fração biodegradável

dos resíduos domésticos; a reciclagem dos nutrientes contidos nos resíduos

orgânicos; reduz a necessidade de herbicidas e pesticidas químicos quando

tem seu composto aplicado no solo, entre outros.

2.1.4. Desvantagens

Exige uma coleta seletiva dos resíduos orgânicos para minimizar

contaminações com outros materiais que possam influenciar a qualidade e as

aplicações do composto. Exige também uma vigilância e manutenção regular

dos fatores que influenciam na compostagem, assim como evitar a presença de

pequenos animais. As características da matéria orgânica variam com o tempo,

clima e o tipo de operação de recolha. Se mal feita, pode atrair animais

indesejados que podem causar doenças aos humanos. Pode também aquecer

demais o lixo, fazendo com que o processo não aconteça como o previsto.

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Page 10: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

2.2. BIOGÁS

Biogás é o nome dado ao gás que foi produzido através da quebra de

matéria orgânica na ausência de oxigênio. Antigamente era considerado

apenas como subproduto de outros processos, como, por exemplo, a

decomposição do lixo urbano, porém, a alta dos preços em combustíveis

convencionais e o estímulo atual para o uso de energias renováveis vem

tornando o biogás um biocombustível de produção viável.

2.2.1. Formação do biogás

O biogás é formado a partir da degradação da matéria orgânica, sendo

que sua produção é possível a partir de uma grande variedade de resíduos

orgânicos, como lixo doméstico, resíduos de atividades agrícolas e pecuárias,

lodo de esgoto, entre outros. No caso de formação em aterros sanitários, até

ser compactado e coberto, o lixo permanece por certo tempo descoberto no

aterro, em contato com o ar atmosférico. Neste período já é verificada a

presença do biogás, que continuará sendo emitido após a cobertura e

encerramento da célula do aterro [11].

O processo de formação ocorre pela ação das bactérias anaeróbias que,

por sua vez, são denominadas com base em suas características metabólicas

típicas. Esse processo é dividido em quatro etapas: hidrólise, acidogênese,

acetogênese e metanogênese [12].

Na hidrólise ocorre a fase inicial do processo anaeróbio, em que a

matéria orgânica particulada é convertida em materiais dissolvidos mais

simples. No processo da acidogênese ocorre a conversão dos produtos

solúveis da hidrólise em compostos que incluem ácidos graxos voláteis,

alcoóis, ácido lático, gás carbônico, hidrogênio, amônia e sulfeto de hidrogênio,

por meio da ação das bactérias fermentativas acidogênicas. Na acetogênese,

as bactérias acetogênicas são responsáveis pela conversão de um espectro

amplo de compostos gerados na fase acidogênica em substrato apropriado

para as arqueias metanogênicas. São gerados hidrogênio, dióxido de carbono

e acetato. A fase final do processo de degradação anaeróbia é a

metanogênese, em que são produzidos o metano e o dióxido de carbono. Tais

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Page 11: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

produtos são gerados por meio das arqueias metanogênicas, que utilizam os

compostos orgânicos oriundos da fase acetogênica [13].

O biogás gerado é composto tipicamente por 60% de metano, 35% de

dióxido de carbono e 5% de uma mistura de outros gases, como o hidrogênio,

nitrogênio, gás sulfídrico, entre outros, e, por ter sua composição igual ou

similar à do gás natural, pode ser usado na substituição direta deste na

geração de energia elétrica e térmica ou para aquecimento.

2.2.2. Fatores que influenciam a formação do biogás

Entre os fatores que influenciam a formação do biogás em um aterro

estão: a composição do resíduo; a umidade; o pH; o tamanho das partículas; a

temperatura; a idade do resíduo e outros fatores.

Em relação a composição do resíduo, quanto maior for a porcentagem

de material orgânico, maior será o potencial de produção de biogás no aterro.

Já quanto à umidade, quanto maior for o teor desta, maior será a taxa de

produção de biogás, sendo que ela depende da umidade inicial do resíduo, da

infiltração da água da superfície e do solo, e da água produzida na

decomposição. O tamanho das partículas também deve ser levado em conta, já

que quanto menor a unidade da partícula, maior será a área da superfície

específica e, portanto, a decomposição será mais rápida se comparada a uma

partícula de menor área. As duas variáveis dependentes do tempo que

influenciam na produção de biogás em um aterro são o tempo de atraso, que é

o período que vai da disposição do resíduo até o início da geração do metano,

e o tempo de conversão, que é o período que vai da disposição do resíduo até

o término da geração do metano. A faixa ótima de pH para a produção de

metano está entre 6 e 8, sendo que fora desta a produção fica estritamente

limitada. As condições de temperatura de um aterro influenciam os tipos de

bactérias predominantes e o nível de produção de gás. As máximas

temperaturas do aterro freqüentemente são alcançadas dentro de 45 dias após

a disposição dos resíduos, como um resultado da atividade aeróbia

microbiológica. Elevadas temperaturas de gás dentro de um aterro são o

resultado da atividade biológica. As temperaturas típicas do gás produzido eu

um aterro variam, tipicamente, entre 30 a 60ºC. [14]

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Page 12: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

2.2.3. Vantagens

O gás do lixo desperdiçado é convertido em uma fonte de energia renovável,

sendo que o gás de aterro representa assim uma alternativa para os

combustíveis tradicionais. A liberação de metano para a atmosfera é reduzida

ou eliminada, sendo um fator ambiental muito importante, uma vez que o

metano é 21 vezes mais prejudicial para o aquecimento global que o dióxido de

carbono. Esse gás é muito eficiente para a geração de energia através de

motores a gás, e a energia gerada através de sua queima não é tarifada pela

utilização da rede de distribuição das concessionárias.

2.2.4. Desvantagens

É necessário um investimento financeiro que, via de regra, não compensa a

diferença de geração de energia, mesmo contabilizando as emissões evitadas

de gases causadores do efeito estufa.

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Page 13: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

3. A POLÍTICA MUNICIPAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM SANTO ANDRÉ

Com a instituição da Lei nº12.305/10 e a necessidade de elaboração de um

plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, foi elaborado o Plano

Municipal de Saneamento Básico de Santo André - PMSB, o qual incorpora do

Plano Municipal de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos - PMGIRS. Com o

modelo de gestão atual de Santo André, a autarquia municipal SEMASA

(Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) é responsável

pela prestação dos serviços de saneamento básico, tendo como funções

planejar, projetar, executar e regular os serviços de abastecimento de água,

coleta de esgoto, drenagem das águas pluviais, proteção dos mananciais,

gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, promoção da educação

ambiental, cumprimento da legislação ambiental, licenciamento ambiental e

defesa civil no âmbito do município. De acordo com Humberto Dugini de

Oliveira e Pedro Henrique Milani, Santo André possui uma situação privilegiada

dentro da Região Metropolitana de São Paulo, operando um aterro sanitário em

condições adequadas, coletando os resíduos de forma diferenciada e com

estações de reciclagem que fazem parte de um programa de gestão integrada

de resíduos sólidos. A Tabela 2 mostra a composição gravimétrica dos

resíduos coletados em Santo André.

Tabela 2 - Composição gravimétrica dos Resíduos Sólidos em Santo André

10

Page 14: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

Fonte: SEMASA (2008)

É importante destacar o alto percentual de matéria orgânica em relação

ao resíduo úmido, demonstrando o potencial deste resíduo para geração de

energia através de sua composição. Segundo os dados do Plano Municipal de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, o volume de resíduos sólidos

domiciliares por habitante, para Santo André, é de 21,75 kg/habitante/mês,

cerca de 0,73 kg/hab/dia, com uma geração de aproximadamente 87,43

t/km²/mês. Se forem considerados todos os resíduos, a geração per capita

apontou geração superior a 1 kg/hab/dia. A Figura 2 trata dos quantitativos

referentes a cada tipo de resíduo, como cenário o ano de 2010 da geração,

coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos no município.

Figura 2 - Fluxograma dos quantitativos dos resíduos sólidos urbanos no

município de Santo André - Ano de 2010. Fonte: Plano Municipal de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos.

Visando atender a hierarquia estabelecida pela Política Nacional de Resíduos

Sólidos em relação a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, e que o

monitoramento seja uma prática continuada, foram estabelecidos programas e

projetos no PMSB, visando o aprimoramento e a correção de distorções. A

11

Page 15: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

Figura 3 ilustra as ações de um dos projetos, a Política Municipal de Resíduos

Sólidos.

Figura 3 - Descrição do Projeto da Política Municipal de Resíduos Sólidos.

Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

No PMGIRS de Santo André são também consideradas ações de

emergência e contingência, tendo como objetivo definir funções e

responsabilidades nos procedimentos que envolvem diversos atores. Para a

seleção dos indicadores adotados na gestão e no gerenciamento de resíduos

sólidos de Santo André, foram consultadas as bases de informação e

indicadores SNIS e ERSAR, além de realizadas consultas a literatura técnica.

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Page 16: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

4. REFLEXÃO E CONCLUSÃO

A fração orgânica representa grande parte dos resíduos sólidos urbanos

coletados, tanto em âmbito nacional quanto no município de Santo André. Com

o aumento gradativo da quantidade de lixo gerado pela população, devido a

fatores como aumento no poder de aquisição e hábitos de consumo, a parte

orgânica representa um problema em grande escala, uma vez que está

relacionada com a proliferação de doenças, já que atrai vetores, com gastos

elevados por parte do município, que tem que coletar e dar um destino final à

essa matéria e também com o tempo de vida de aterros, já que este acaba

sendo o destino final da maior parcela da fração orgânica.

Há algumas soluções que podem reduzir as adversidades causadas pela

matéria orgânica, trazendo consigo benefícios financeiros e ambientais. Porém,

atrelados às soluções estão desafios que precisam ser superados para que

elas possam ser colocadas em prática. Como um modelo disso, temos a

compostagem, que é um método que transforma a fração orgânica em

composto orgânico, que poderia ser usado no preparo de terras, por exemplo.

Este processo daria um destino final útil à fração orgânica, evitando assim os

problemas que esta causa. Outra maneira de tornar a fração orgânica dos

resíduos aproveitável é através da sua transformação em biogás. O biogás é

um biocombustível composto principalmente por metano e dióxido de carbono,

que seria fruto da decomposição da matéria, e poderia ser usado diretamente

na substituição do gás natural. Esse métodos não são colocados em prática

pois, no caso do primeiro, é necessária uma boa segregação, principalmente

na fonte, da matéria orgânica, pois esta precisa estar o mais livre possível de

outros resíduos para que o processo seja viável. Já no caso do segundo, é

necessário um alto investimento e políticas que favoreçam a construção desses

sistemas de captação.

Gilson Lameira, em seu texto (Des)construindo o caos, aponta a

problemática na gestão do lixo dos municípios. Os problemas estão em todo os

processos do sistema: na coleta, na segregação, na disposição final, entre

outros. Argumenta sobre a importância da educação das crianças nas questões

ambientais e do provimento permanente de informações qualificadas sobre o

13

Page 17: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

comportamento pró-ativo na área de cidadania, uma vez que somente a coleta

seletiva não será suficiente reduzir o volume de resíduos gerados. Se com

políticas voltadas à educação da cidadania for possível estabilizar a geração de

resíduos, e ainda mais conscientizar e também ensinar corretamente a maneira

de segregação de resíduos aos cidadãos (principalmente para a fração

orgânica), a lógica dos 3 R's teria um caminho menos árduo para ser

implantada, com a estratégia de minimização da geração de energia, seguidos

pela incineração com geração de energia, incineração sem geração de energia

e destinação final em aterro sanitário [5].

Nos últimos anos houve uma maior atenção quanto ao problema dos

resíduos sólidos, sendo que a instituição da Política Nacional de Resíduos

Sólidos, através da Lei 12.305/10, foi um grande passo para resolver esta

problemática, pois, pelo menos nos termos legais, deixa o Brasil em nível de

igualdade à países desenvolvidos. Esta política cria metas e insititui

responsabilidades, assim como instrumentos de planejamento, além de impor a

elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Com ações

como esta, a problemática dos resíduos sólidos, assim como a de sua fração

orgânica, pode e deve ser lentamente melhorada.

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Page 18: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] PEREIRA, S. S. A problemática dos resíduos sólidos urbanos e os

instrumentos de gestão do meio ambiente na cidade de Campina

Grande/PB. Revista Âmbito Jurídico, 2009. Disponível em: .<

http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?

n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10535>. Acessado em: 08/2014.

[2] GODECKE [et al.]. O consumismo e a geração de resíduos sólidos

urbanos no Brasil. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental

v(8), nº 8, p. 1700-1712, SET-DEZ, 2012.

[3] MONTEIRO, J. H. P. [et al.]. Manual de Gerenciamento Integrado de

resíduos sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001.

[4] Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ministério do Meio Ambiente.

Disponível em: .< http://www.mma.gov.br/política-de-resíduos-sólidos>.

Acessado em: 08/2014.

[5] LAMEIRA, G. (DES)Construindo o caos - Capítulo 7: O destino das

sobras. Editora Perspectiva, Coleção Debates, 2008.

[6] Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais - ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. Grappa

Editora e Comunicação, 2012.

[7] Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA. Diagnóstico dos

resíduos sólidos urbanos. Relatório de Pesquisa, Livraria do IPEA. Brasília,

2012.

[8] CASTALDI, P.; ALBERTI, G.; MERELLA, R.; MELIS, P. Study of the

organic matter evolution furing municipal solid waste composting aimed

at identifying suitable parameters for the evaluation of compost maturity.

Waste Management, v. 25, p. 209-213, 2005.

[9] D’ALMEIDA, M. L. O., VILHENA, A. Lixo municipal: manual de

gerenciamento integrado. São Paulo: IPT: CEMPRE, 2000.

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Page 19: Ian Miller - Trabalho Resíduos Sólidos

[10] OLIVEIRA, L. H. S. Compostagem: definições e fases. Notas de aula da

disciplina de Resíduos Sólidos, UFABC, 2014.

[11] ENSINAS, A. V. Estudo da geração de biogás no aterro sanitário Delta

em Campinas/SP. (Dissertação de Mestrado) Universidade de Campinas,

UNICAMP, Campinas, 2003.

[12] CHERNICARO, C. A. L. Reatores anaeróbios: princípios do tratamento

biológico de águas residuárias. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia

Sanitária e Ambiental (DESA/UFMG), 1997. 246p.

[13] MORAES, L. M. Avaliação da biodegradabilidade anaeróbia de dejetos

oriundos de atividades zootécnicas. Dissertação (Mestre em Engenharia

Agrícola - Área de Concentração: Água e Solo), Universidade Estadual de

Campinas, Campinas-SP, 2000.

[14] FIGUEIREDO, N. J. V. Utilização de biogás de aterro sanitário para

geração de energia elétrica e iluminação a gás - estudo de caso.

Dissertação (Graduação em Engenharia Mecânica), Universidade Presbiteriana

Mackenzie, São Paulo, 2007.

16