ì¥Á 9 ð ¿ ,ªdocs.fct.unesp.br/docentes/plan/castilho/cartografia/... · web viewart. 12 - os...

274
COLETÂNEA DE LEGISLAÇÃO DE INTERESSE CARTOGRÁFICO José Roberto Fernandes FCT / Unesp Departamento de Planejamento 2005

Upload: trinhtu

Post on 08-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

COLETÂNEA DE LEGISLAÇÃO DE

INTERESSE CARTOGRÁFICO

José Roberto Fernandes Castilho

FCT / Unesp

Departamento de Planejamento

2005

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Departamento de Planejamento

Coletânea de legislação deinteresse cartográfico

3ª versão, ampliada

Apostila destinada aos alunos da Graduação em Engenharia Cartográfica - reprodução proibida

José Roberto Fernandes Castilho

EdiçãoMarcelo Tadeu Mancini

___________________________________________________________________________Presidente Prudente - 2005

2

COLETÂNEA DE LEGISLAÇÃO DE INTERESSE CARTOGRÁFICO

Sumário

Apresentação............................................................................................... 5

1. Alguma legislação histórica.................................................................... 6

1.A - Política de sigilo. Regimento do Arquivo Real Militar, de 7 de abril de 1808.1.B - Divisão territorial do Brasil. Decreto-lei nº 311, de 2 de março de 1938.1.C - Mapas municipais. Resolução nº 3, de 29 de março de 1938, do Conselho Nacional de Geografia.1.D - Uniformização da Cartografia nacional. Decreto-lei nº 9.210, de 29 de abril de 1946.1.E - Aerolevantamento. Lei nº 960, de 8 de dezembro de 1949.

2. Quadro institucional da Cartografia..................................................... 16

2.A - Sistema cartográfico nacional. Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988.2.B - Organização da Administração Federal. Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998.2.C - A Cartografia no Ministério do Planejamento. Decreto nº 3.224, de 28 de outubro de 1999.2.D - Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR). Decreto s/nº de 10 de maio de 2000.2.E - Diretrizes e bases da Cartografia brasileira. Decreto-lei nº 243, de 28 de fevereiro de 1967.

3. Disciplina do aerolevantamento............................................................ 30

3.A - Princípios internacionais da teledetecção por satélites. Resolução 41/65, de 3 de dezembro de 1986, da Assembléia Geral da ONU3.B - Controle do aerolevantamento no território nacional. Decreto-lei nº 1.177, de 21 de junho de 1971.3.C - Aerolevantamento e levantamento espacial no território nacional. Projeto de lei nº 3.587, da Presidência da República.3.D - Regulamento das atividades de aerolevantamento (RAA). Decreto nº 2.278, de 17 de julho de 1997.3.E - Instruções reguladoras de aerolevantamento (IRA). Portaria EMFA nº 637-SC-6/FA-61, de 5 de março de 1998.

4. O aerolevantamento como serviço aéreo especializado.............. 50

4.A – Código Brasileiro de Aeronáutica. Lei nº 7.565, de 19 de novembro de 1986.4.B – Instruções reguladoras para autorização e funcionamento de empresas de serviço aéreo especializado. Comando da Aeronáutica. Portaria CA/GC5 nº 190, de 20 de março de 2001.

3

5. Planejamento territorial........................................................................... 70

5.A – Constituição Federal de 1988. Da política urbana. 5.B – Estatuto da Cidade. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 e Medida Provisória nº 2.220, de 4 de setembro de 2001.5.C – Parcelamento do solo urbano. Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979.

6. Direito de propriedade...............................................................................99

6.A - Código Civil. Propriedade imobiliária6.B - Código de Processo Civil. Ações de usucapião e de divisão e demarcação de terras particulares.

7. Registro de Imóveis..................................................................................111

7.A - Lei geral de registros públicos. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973.7.B - Sistema público de registro de terras. Cadastro rural. Lei nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972.7.C - Certificado de cadastro de imóvel rural. Lei nº 4.974, de 6 de abril de 1966.7.D – Regulamentação da Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001 (Sistema público de registro de terras). Decreto nº 449, de 30 de outubro de 2002.

8. Perícias..........................................................................................................131

8.A – Disciplina geral. Código de Processo Civil. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.8.B – Perícias de Engenharia. Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA). Resolução nº 345, de 27 de julho de 1990.

9. Direitos autorais.........................................................................................135

9.A - Direitos fundamentais. Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988.9.B - Lei geral dos direitos autorais. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.9.C - Propriedade intelectual de programas de computador. Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998.9.D - Registro de obras intelectuais. Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA). Resolução nº 453, de 15 de dezembro de 2000.

10. Legislação estrangeira.............................................................................158

10.A - Argentina. Lei da carta. Lei nº 22.963, de 3 de novembro de 1983.10.B - Espanha. Ordenação da Cartografia. Lei 7/1986, de 24 de janeiro.10.C - Espanha. Lei do ruído. Lei 37/2003, de 17 de novembro.10.D - Itália. Normas sobre a Cartografia oficial. Lei de 2 de fevereiro de 1960, nº 68.

4

________________________________________________________________________Apresentação

Pour l’enfant, amoureux de cartes et d’estampes,

L’univers est égal à son vaste appétit.

Charles Baudelaire, Le Voyage

1. Normas cartográficas ? Em certa medida, poderia começar esta apresentação tal qual Ildefonso Cerdà na sua clássica Teoría General de la Urbanización (1867): “Vou iniciar o leitor no estudo de uma matéria completamente nova, intacta e virgem”. De fato. Embora pouco conhecida e ainda não sistematizada, há uma série de normas jurídicas que tratam da matéria cartográfica e que podem, grosso modo, ser classificadas em dois tipos: a. normas de instituição; b. normas de técnica. Especializadas, estas últimas não foram objeto da presente versão da coletânea. Ela pretendeu reunir apenas normas cartográficas básicas, ou seja, aquelas que macrodisciplinam o campo tecnológico da geoinformação, inclusive impondo obrigações ou garantindo direitos aos profissionais.

2. Estrutura. Identifiquei de início alguns temas gerais, tratados em classe: documentos históricos (poucos em face da enormidade disponível para análise); o quadro institucional da Cartografia no Brasil; a proteção autoral dos trabalhos cartográficos; o Registro de Imóveis e o recente “sistema público de registro de terras”; a complexa e minuciosa disciplina do aerolevantamento; e alguma legislação estrangeira (Argentina, Espanha e Itália), que também é vária, com destaque para a lei espanhola. A partir deles é que foram colecionados os textos, sendo certo que, nas próximas versões da apostila (se existirem), outros temas e outros documentos serão agregados.

3. Fontes. Elas estão indicadas nos próprios documentos, devendo-se ressaltar duas, fundamentais: a Internet e, melhor ainda, os sebos do centro de São Paulo, onde é possível garimpar raridades bibliográficas - e também cartas. Os documentos em língua estrangeira não foram traduzidos.

Na primeira etapa do trabalho, a reprodução dos textos foi feita pelo Engenheiro Cartógrafo Ítalo Tsuchiya, mestrando em Ciências Cartográficas, a quem agradeço. Nesta versão terceira, acrescentei novos documentos legislativos, que são utilizados e discutidos em sala, e exclui ou reduzi outros, de menor interesse.

Por óbvio, esta coletânea tem sua existência devida ao curso de Engenharia Cartográfica da FCT/Unesp - onde leciono Direito há mais de quinze anos - e é destinada primeiramente aos alunos da graduação, como complemento indispensável da apostila “O Direito na Cartografia”, que será substituída, no médio prazo, por uma “Iniciação ao Estudo do Direito da Geoinformação” (em preparo).

José Roberto Fernandes Castilho Inverno de 2004

5

1. ALGUMA LEGISLAÇÃO HISTÓRICA

Nesta seção são reproduzidos apenas cinco documentos:

Documento A - Política de sigilo. Regimento do Arquivo Real Militar de 7 de abril de 1808. Extraído de Gen. A. de Lyra Tavares, A engenharia militar portuguesa na construção do Brasil. Lisboa: SPEME, 1965, p. 75-77. Esta obra - fraca na discussão dos temas - é rica na reprodução de documentos históricos, cartas e iconografia. O “arquivo”, por sua vez, concentrava o corpo de engenheiros militares do reino. Sobre a importante atuação dos engenheiros militares na colônia, lê-se, com proveito, de Beatriz Siqueira Bueno, “Desenho e desígnio - o Brasil dos engenheiros militares” em Oceanos, nº 41, jan-mar 2000, p. 40-59.

Documento B - Divisão territorial do Brasil. Decreto-lei nº 311, de 2 de março de 1938. É a chamada “lei geográfica do Estado Novo”. Este documento é reproduzido sobretudo em função de seu art. 13, que foi regulamentado, no mesmo mês de março de 38, pela minuciosa normativa seguinte.

Documento C - Mapas municipais. Resolução nº 3, de 29 de março de 1938, do Conselho Nacional de Geografia. Extraído de Revista Brasileira de Geografia (IBGE), nº 1, janeiro de 1939, p. 81-85.

Documento D - Uniformização da Cartografia nacional. Decreto-lei nº 9.210, de 29 de abril de 1946.

Documento E - Aerolevantamento. Lei nº 960, de 8 de dezembro de 1949. Trata-se da primeira lei que estabelece a competência da União para execução de serviços de aerolevantamento. Sobre o tema, v. na apostila “O Direito na Cartografia”, o texto referente ao controle da teledetecção.

1.A - REGIMENTO DO ARQUIVO REAL MILITAR - DE 7 DE ABRIL DE 1808

Tendo S. A. R. o Príncipe Regente Nosso Senhor mandado organizar pelo presente Decreto o Estabelecimento do Arquivo, e Depósito das Cartas, e Mapas do Brasil, e mais Domínios Ultramarinos; é S. A. R. Servido, que para o mesmo fim baixem as seguintes Instruções:

Em primeiros lugar: Será o principal Objeto do Arquivo conservar em bom estado tôdas as Cartas Gerais, e Particulares, Geográficas, ou Topográficas de todo o Brasil, e mais Domínios Ultramarinos, que por Inventário se lhe mandem entregar, e de que dará conta em todo o tempo o Engenheiro Diretor, e mais Empregados no Arquivo. Igualmente conservará e guardará tôdas as mais Cartas Marítimas, e Roteiros, que possam ser-lhe confiados pela Repartição da Marinha.

6

Em segundo lugar: O Engenheiro Diretor, e aquêles Oficiais Empregados de maiores luzes, que êle destinar para esse fim, terão a seu cargo o exame das diversas Cartas, que existem das diversas Capitanias, e Territórios do Brasil, a comparação das mesmas, o exame das que merecem ser de novo levantadas, por não merecerem fé, ou conterem pontos incertos, e duvidosos; dando em tal matéria conta pela Repartição dos Negócios de Guerra, a fim que se procurem as Reaes Ordens para o mesmo fim.

Em terceiro lugar: O Diretor, e mais hábeis Oficiais do Arquivo, que serão para esse fim destinados, publicarão em uma Obra semelhante ao Manual Topográfico, que o Estabelecimento francês análogo publica anualmente, os melhores métodos para aumentarem a perfeição das Medidas Geodésicas, e para que as Cartas de grandes, ou de pequenos Territórios sejam construídas, e levantadas com uma perfeição, que nada deixem a desejar. E igualmente procurarão introduzir, quando o Estabelecimento chegar ao auge, a que S. A. R. deseja que êle se eleve, uma Classe de Engenheiros Gravadores, que possam publicar os trabalhos do mesmo Arquivo.

Em quarto lugar: O Diretor, e os Engenheiros, que assim fôrem destinados, conservarão todos os Planos de Fortalezas, Fortes, e Baterias, e lhe anexarão o seu juízo sôbre cada um dêstes Objetos, assim como todos os Projetos de Estradas, Navegações de Rios, Canais, Portos, que possam ser-lhes confiados; e sôbre êles formarão os seus juízos; assim como tudo o que disser respeito à defesa, e conservação das Capitanias Marítimas, ou Fronteiras: e tudo conservarão no maior segrêdo, assim como tudo o que possa ser-lhes confiado relativamente a Projetos de Campanha ou a Correspondências de Generais, que possa servir-lhes para levarem à Real Presença qualquer Memória útil ao Real Serviço em tão importante objeto.

Pertencerá tôda a Direção Econômica do Estabelecimento ao Diretor debaixo das ordens de Conselheiro, Ministro e Secretário de Estado da Repartição da Guerra; e será sua particular obrigação o expôr ao mesmo Ministro tudo o que disser respeito à melhor defesa das Capitanias, sejam Marítimas, sejam Limítrofes com os Estados Confinantes, desenvolverá tôdas as vistas militares sôbre a abertura das Estradas, Direção dos Rios, e Canais, Navegação, e Posição de Pontes; e de todos êstes objetos, na parte que tiver respeito a maior extensão de Agricultura, Comércio e Artes, dará conta pela respectiva Secretaria do Brasil, e Fazenda; assim como no que toca a Pôrto, e Navegação de Mar, o fará pela competente Repartição da Marinha.

O Diretor, e mais Engenheiros empregados no Arquivo, ficarão ligados ao maior segrêdo em tudo o que de sua natureza assim o exigir; e ficarão sujeitos à maior responsabilidade em tal matéria.

Os Mapas, Cartas, Planos, e Memórias, que houver no Arquivo, serão sujeitas a um Inventário, de que o Diretor terá uma Cópia, outra estará no Arquivo, e a terceira se remeterá à Secretaria de Estado de Guerra, dando-se-lhe todos os anos conta do que se houver aumentado para se inserir no mesmo Inventário.

Nada sairá do Arquivo sem ordem do Diretor, e êste ficará responsável de todo, e qualquer objeto, que sair sem ordem imediata de uma das três Secretarias de Estado; a qual ficará registrada no Livro das Ordens, que se conservará no mesmo Arquivo; e em Livro separado se notarão tôdas as cópias, que se derem por Ordens Régias.

Como atualmente ainda faltam muitos dos elementos, de que se deve compor êste Estabelecimento, e havendo já algumas Plantas a pôr em limpo, e a reduzir; e a fazer com que se recolham outras, que se acham espalhadas por diferentes mãos; é bastante que nas Salas da Aula Militar, e nos Armários da mesma, se guarde o Depósito, e se preparem as mesas para a desenhar, ficando tudo confiado ao Diretor, que S. A. R. Fôr Servido Nomear, e que terá debaixo das suas ordens todos os Engenheiros, que estivessem nesta Corte, sem estarem empregados, além daquêles, que para o mesmo Arquivo S. A. R. Fôr Servido Nomear especialmente.

7

O Engenheiro Diretor, e mais Engenheiros empregados nos Catálogos, e Análise das Cartas, e Obras, serão considerados como em diligência ativa, e terão sôldo e meio da sua Patente, e a gratificação correspondente, que era oitocentos réis para os Subalternos, mil réis para os Capitães, mil e duzentos para os Sargentos Mores, mil e quatrocentos para os Tenentes Coronéis, e mil e seiscentos para os Coronéis. Os Oficiais empregados no Desenho terão, além do seu sôldo, mais vinte mil réis mensalmente. O Porteiro terá gratificação de cincoenta mil réis.

As despesas de tinta, penas, lápis, tinta da China, e outras despesas miúdas, serão aprovadas pela Secretaria de Estado competente em conseqüência da conta, que der o Diretor. Palácio do Rio de Janeiro em 7 de Abril de 1808. Dom Rodrigo de Sousa Coutinho.

Impresso na Impressão Régia.

1.B - DECRETO-LEI N. 311 – DE 2 DE MARÇO DE 1938

Dispõe sôbre a divisão territorial do país e dá outras providências.

Art. 1 – Na divisão territorial do país serão observadas as disposições desta lei.Art. 2 – Os municípios compreenderão um ou mais distritos formando área contínua. Quando se fizer necessário, os distritos se subdividirão em zonas com seriação ordinal.

Parágrafo único – Essas zonas poderão ter ainda denominações especiais. Art. 3 – A séde do município tem a categoria de cidade e lhe dá o nome.Art. 4 – O distrito se designará pelo nome da respectiva séde, a qual, enquanto não fôr erigida em cidade, terá a categoria de vila.

Parágrafo único – No mesmo distrito não haverá mais de uma vila.Art. 5 – Um ou mais municípios, constituindo área contínua, formam o termo judiciário, cuja séde será a cidade ou a mais importante das cidades compreendidas no seu território e dará nome à circunscrição.Art. 6 – Observado, quanto à séde e à continuidade do território, o disposto no artigo anterior, um ou mais termos formam a comarca.Art. 7 – Os territórios das comarcas e termos serão definidos nos respectivos atos de criação, pela referência às circunscrições imediatamente inferiores que os constituírem. O ato de criação de cada município, porém, indicará os distritos que no todo ou em parte vierem a constituir o seu território e fará a descrição dos antigos ou novos limites do distrito que passarem a formar a linha divisória municipal, discriminadas as secções correspondentes às sucessivas confrontações interdistritais. Analogamente, nenhum distrito será criado sem a indicação expressa da anterior jurisdição distrital do território que o deva constituir, descritos os respectivos limites com cada um dos distritos que formarem suas confrontações.Art. 8 – Os limites inter-distritais ou inter-municipais serão definidos segundo linhas geodésicas entre pontos bem identificados ou acompanhando acidentes naturais, não se admitindo linhas divisórias sem definição expressa ou caraterizadas apenas pela coincidência com divisas pretéritas ou atuais.Art. 9 – Em nenhuma hipótese se considerarão incorporados ou a qualquer título subordinados a uma circunscrição territórios compreendidos no perímetro de circunscrições vizinhas.Art. 10 – Não haverá, no mesmo Estado, mais de uma cidade ou vila com a mesma denominação.

8

Art. 11 – Nenhum novo distrito será instalado sem que previamente se delimitem os quadros urbano e suborbano da sede, onde haverá pelo menos trinta moradias.

Parágrafo único – O ato de delimitação será sempre acompanhado da respectiva planta.Art. 12 – Nenhum município se instalará sem que o quadro urbano da séde abranja no mínimo duzentas moradias.Art. 13 – Dentro do prazo de um ano, contado da data desta lei, ou da respectiva instalação, se ulterior, os municípios depositarão na Secretaria do Diretório Regional de Geografia, em duas vias autenticadas, o mapa do seu território.

§ 1 – O mapa a que se refere êste artigo, ainda quando levantado de modo rudimentar, deverá satisfazer os requisitos mínimos fixados pelo Conselho Nacional de Geografia. § 2 – O município que não der cumprimento ao disposto nêste artigo terá cassada a autonomia e o seu território será anexado a um dos municípios vizinhos, ao qual fica deferido o encargo, aberto novo prazo de 1 ano, com idêntica sanção.

Art. 14 – A competência dos governos estaduais para a criação dos distritos não impede que os governos dos municípios, para fins exclusivos da respectiva administração, os subdvidam em sub-distritos.Art. 15 – As designações e a discriminação de “comarca”, “termo”, “município” e “distrito” -serão adotadas em todo o país, cabendo às respectivas sedes as categorias correspondentes, e abrangidos os distritos que existiam sómente na ordem administrativa ou na judiciária.

§ 1 – Ficam mantidos, para os efeitos dêste artigo, os distritos de uma ou de outra ordem, já instalados, que, em virtude de disposição constitucional, houverem sido criados por atos municipais.§ 2 – Ficam excetuados da confirmação e alargamento de investidura determinados nêste artigo os vários distritos judiciários ou administrativos, que tiverem sede na mesma cidade, aos quais se aplicará, desde já, o critério fixado na última parte do art. 2.

Art. 16 – Sómente por leis gerais, na forma dêste artigo, pode ser modificado o quadro territorial, tanto na delimitação e categoria dos seus elementos, quanto na respectiva toponímia.

§ 1 – No primeiro semestre do ano corrente, e para entrar em vigor a 1 de julho, os govêrnos dos Estados e, para as circunscrições diretamente submetidas á sua administração, o govêrno federal, fixarão, de acordo com instruções gerais baixadas pelo Conselho Nacional de Geografia, o novo quadro territorial respectivo, ao qual será apensa a descrição sistemática dos limites de todas as circunscrições distritais e municipais que nêle figurarem.§ 2 – Até então, subsistem os termos que forem atualmente sub-divisões do município, tendo as respectivas sedes a categoria de vila.§ 3 – Entrando em vigor a nova definição do quadro territorial, só poderá êste ser alterado por leis gerais qüinqüenais, promulgadas no último ano de cada período para entrar em vigor a 1 de janeiro do ano imediato. A segunda destas revisões qüinqüenais só se dará se se houver realizado o recenseamento.

Art. 17 – A instalação das novas circunscrições e a investidura das respectivas sedes em que seus novos foros, realizar-se-ão dentro do prazo de seis meses a contar da vigência da lei de divisão territorial que as houver criado, mas em data marcada por decreto do govêrno estadual.

Parágrafo único – Os governos dos Estados, por decretos baixados no último dia útil do prazo a que se refere êste artigo, declararão a caducidade das circunscrições cuja instalação, por inadimplemento dos requisitos legais, não tiver sido ordenada.

Art. 18 – Os governos dos Estados, por decretos baixados até 31 de março de 1938, publicarão a relação das circunscrições administrativas e judiciárias já instaladas ao tempo desta lei, feitas as alterações de classificação e toponímia bem como de categoria das sedes

9

decorrentes dos critérios na mesma fixados, e de acordo com o modêlo geral que o Conselho Nacional de Estatística formulará.

Parágrafo único – As alterações de denominação decorrentes do disposto no art. 10 só serão efetivadas no novo quadro a que se refere o § 1 do art. 16.

Art. 19 – As disposições desta lei estendem-se, no que for aplicável, ao Distrito Federal e ao Território do Acre.Art. 20 – Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação revogadas as disposições em contrário.

1.C - CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA. RESOLUÇÃO Nº 3 – DE 29 DE MARÇO DE 1938

Estabelece, nos termos do Decreto-lei federal nº 311, de 2 de março corrente, os requisitos mínimos a que os mapas municipais devem satisfazer e as instruções gerais para a fixação das zonas urbanas e suburbanas das sedes municipais e distritais.

O Diretório Central do Conselho Nacional de Geografia, usando das suas atribuições, especialmente a que lhe é conferida pelo art. 22º do Regulamento do Conselho:

Considerando o disposto nos arts. 11º, 12º e 13º, e seus parágrafos, do decreto-lei federal nº 311, de 2 de Março corrente, resolve:

Art. 1º - O mapa do território de cada Município que, em duas vias autenticadas, a respectiva Prefeitura é obrigada a depositar na Secretaria do Diretório Regional de Geografia, até o dia 2 de Março de 1939, sob pena de cassação da autonomia municipal, deve satisfazer aos requisitos mínimos fixados pela presente Resolução (art. 13º e parágrafos, do decreto-lei federal nº 311).

§ 1º Recomenda-se às Prefeituras, de maneira especial, que se empenhem, patrioticamente, na apresentação do melhor mapa que lhes seja possível executar, não se limitando ao mínimo aqui fixado aquelas que dispuserem de elementos para um trabalho mais completo.§ 2º - O Diretório Regional remeterá uma das duas vias de cada mapa à Secretaria Geral do Conselho Nacional de Geografia.

Art. 2º - O Diretório Regional de Geografia, na capital de cada Estado, e a Secretaria Geral do Conselho Nacional de Geografia, na capital da República, organizarão uma exposição dos trabalhos apresentados, a qual se deve revestir do maior realce, de sorte a despertar o máximo de interesse público.Art. 3º - Juntamente com o mapa, cada Prefeitura apresentará, em duas vias, um relatório em que se refira como foi ele organizado, quais os trabalhos de campo empreendidos e respectivos operadores, as fontes de informações e documentos utilizados, etc., e também em duas vias, uma coleção de fotografias dos principais aspectos urbanos (vistas gerais das sedes municipais e distritais, de edifícios públicos, avenidas, ruas, monumentos, praças, jardins, etc.), e geográficos (vistas panorâmicas, de quedas d’água, picos e serras, rios e confluências, culturas agrícolas, estradas, pontes e estações, etc.) do Município.

Parágrafo único. As referidas fotografias figurarão nas exposições regionais e nacional, de que cogita este artigo e, depois, serão incorporadas à documentação que as Secretarias dos Diretórios Regionais e Central devem organizar relativamente ao território de cada Município.

Art. 4º - De modo geral, como mínimo de existência, o mapa do território municipal representará com a exatidão compatível com os processos de levantamento expedito, a linha

10

de contorno do Município, as divisas interdistritais, as principais elevações, o desenvolvimento dos principais cursos d’água, as sedes municipal e distritais, os povoados e as principais fazendas, as estradas e caminhos e as linhas telefônicas e telegráficas, devendo os acidentes figurar com os seus respectivos nomes. Se não for de todo possível a exatidão mínima referida, o mapa representará, ao menos esquematicamente, os elementos territoriais citados.

§ 1º - Além do que fica acima definido, de modo geral, considera-se como requisitos mínimos, a que os mapas municipais devem satisfazer, nos termos do § 1º do art. 13º do decreto-lei federal nº 311, o que consta dos seguintes itens:

1º) Papel - Será usado de preferência, papel transparente (se possível, papel vegetal) de boa qualidade, só se devendo empregar qualquer outro quando houver impossibilidade absoluta de obter o acima indicado.2º) Formato – O mapa será desenhado em uma folha cujas dimensões mínimas sejam 1m,00 de comprimento por 0m,70 de largura.3º) Escala – O mapa representará o território do Município reduzido segundo proporções certas e, portanto, sujeito a uma escala de redução determinada, e, se não for isto de todo possível, mediante a representação esquemática das mencionadas características do território com a inscrição obrigatória de valores quilométricos das distâncias entre elas. No primeiro caso.a) a escala de redução será calculada de modo a permitir a melhor representação do Município dentro do formato do mapa, cujas dimensões mínimas foram fixadas pelo item anterior, devendo ser múltiplo ou submúltiplo de 50.000 o denominador da escala. (Exemplificando: 1:10.000, 1:25.000, 1:50.000, 1: 100.000, 1: 150.000, 1:200.000, 1:250.000, etc.);b) além da escala numérica, figurará no mapa a escala gráfica mediante uma reta que represente, na proporção, o equivalente de 1, 2, 3, 4, 5, 10, ou mais quilômetros. 4º) Tintas – O mapa será desenhado a tinta, devendo-se preferir, quando possível, as tintas preto nanquim, azul e vermelho, indeléveis. Ficam condicionadas a esta possibilidade as demais disposições referentes a tintas.5º) Perímetro – A linha de contorno do Município será desenhada a nanquim, a traços interrompidos (tracejado), e acompanhará os acidentes do limite municipal que devem estar representados segundo as convenções apropriadas e com o respectivos nomes inscritos. Se a linha de contorno do Município apresentar trechos internacionais ou interestaduais, nestes a representação será a que lhes for peculiar.6º) Divisas interdistritais – As linhas interdistritais serão traçadas a nanquim, segundo um pontilhado (série de pontos eqüidistantes), devendo acompanhar os acidentes respectivos, devidamente representados e denominados.7º) Confrontações – O mapa representará, precisamente, os pontos extremos das confrontações do Município com cada Município confinante, no mesmo Estado, indicando, também, na linha divisória deste Município, os extremos de confrontações dos seus distritos; representará igualmente, as extremidades das confrontações do Município com cada Estado limítrofe, indicando, também, na linha divisória do Estado, as extremidades das confrontações dos seus Municípios. Todas as unidades confrontantes terão seus nomes inscritos no mapa.8º) Elevações – Cada serra, morro ou pico, característico, será representado, esquematicamente, por um hachuriado (série de riscos paralelos), que circunde o cume da elevação a ser assinalada, figurando a sua encosta.9º) Cursos d’água – Serão representados por traços azues, de grossura variável, conforme a largura dos respectivos leitos; pequenas âncoras em azul assinalarão os trechos navegáveis. O rio não perene será representado por uma linha azul interrompida.

11

10º) Estradas de ferro – A ferrovia será representada a nanquim; se estiver em tráfego, por uma série de traços interrompidos, dispostos entre duas linhas paralelas; se estiver em construção, por duas linhas paralelas entrecortadas de riscos transversais eqüidistantes.11º) Caminhos e rodovias – Serão representados por traços vermelhos, a saber: os caminhos de tropa, leves traços interrompidos e entremeados de pequenos riscos transversais; os caminhos carroçáveis, série de pequenas e leves circunferências eqüidistantes ligadas por leves traços; as rodovias, traço cheio de grossura variável conforme a categoria de via.12º) Linha telefônica – Traço cheio, pontilhado a espaços iguais, a nanquim.13º) Linha telegráfica – Série de leves traços, em forma de T, a nanquim.14º) Localidades – Marcadas a nanquim: a fazenda, com uma pequena marca em forma de L; a estação de estrada de ferro, um retângulo cheio; o povoado, pequeno círculo cheio; a vila, sede distrital, pequeno círculo cheio, circundado por uma leve circunferência concêntrica; a cidade, sede municipal, pequeno círculo cheio, circundado por duas circunferências concêntricas, sendo o traço da exterior mais grosso.15º) Coloração – O mapa não será colorido, devendo ser feito a traços de nanquim, salvo o azul dos cursos d’água e respectivos nomes e o vermelho dos caminhos e rodovia.16º) Ortografia – Será adotada, em todos os mapas, a ortografia simplificada, de acordo com o decreto-lei nacional n.º 292, de 23 de Fevereiro de 1938.17º) Orientação – O mapa indicará, mediante uma flecha, a direção Norte-Sul e a posição do Norte (magnético NM ou verdadeiro NV), ou conterá a rede dos meridianos e paralelos traçados de meio em meio grau exato, ou de 10 em 10 minutos. Deve-se preferir, sempre que possível, a segunda dessas exigências.18º) Nomes – Inscrever-se-á no mapa o nome de cada elemento territorial nele representado, devendo ser sempre o mesmo tipo de letra usado em todos os elementos de igual natureza. As letras devem variar de tipo e tamanho, de tal modo que a inscrição dos nomes também tenha valor representativo, contribuindo para melhor expressão do mapa. Os nomes terão as letras alinhadas segundo horizontais, salvo os nomes dos cursos d’água e das serras, que acompanharão os respectivos desenvolvimentos. Serão inscritas as altitudes conhecidas, em baixo dos nomes dos locais respectivos e, se não houver nome, ao lado de um sinal de referências.19º) Titulação – Haverá, em cada mapa, um cabeçalho, que contenha, na linha de cima, o nome do Estado, entrando logo abaixo o nome do Município, em tipo maior, e, na última linha, em caracteres pequenos, os seguintes dizeres: “Mapa organizado em observância ao decreto-lei nacional n.º 311, de 2 de Março de 1938”.

§ 2º - Para maior clareza do assunto, anexam-se à presente resolução:a) um quadro elucidativo e complementar das convenções e normas cartográficas recomendadas;b) um mapa municipal, elaborado pela Secretaria Geral do Conselho, para servir de modelo à fiel observância das normas aqui estabelecidas.

Art. 5º - Constituem-se anexos obrigatórios do mapa municipal, do qual farão parte, as plantas das zonas urbana e suburbana da cidade, sede municipal, e de cada vila, sede distrital. Nas referidas plantas figurarão os arruamentos e as edificações das sedes, representadas esquematicamente.Art. 6º - A delimitação das zonas acima referidas é da competência dos Governos Municipais, de cujos atos respectivos as Prefeituras enviarão cópias autênticas ao Diretório Regional de Geografia, que as retransmitirá ao Conselho Nacional de Geografia. (Resolução n.º 36 de 14 de Março corrente, da Junta Executiva Central do Conselho Nacional de Estatística).

12

Art. 7º - As áreas urbana e suburbana de cada vila, sede distrital, abrangerão, em conjunto, pelo menos trinta moradias; a área urbana da cidade, sede de município, abrangerá no mínimo duzentas moradias (arts. 11º e 12º do decreto-lei n.º 311).Parágrafo único. A sede municipal ou distrital que for confirmada pelo decreto estadual decorrente do art. 18º do decreto-lei federal número 311, não perderá a sua categoria no caso de não poder satisfazer, atualmente, a exigência deste artigo, podendo ser delimitadas as suas zonas urbana e suburbana mesmo sem que abranjam o número mínimo de moradias acima fixado.Art. 8º - A delimitação do quadro urbano das sedes, quer municipal, quer distrital, consistirá na descrição simples e clara de uma linha, facilmente identificável no terreno, envolvendo o centro de maior concentração predial, no qual, em via de regra, se localizam os principais edifícios públicos e mais intensamente se manifesta a vida comercial, financeira e social da sede e onde, em muitos casos, há incidência de impostos especiais, como por exemplo, o de décima urbana.

Parágrafo único. A referida linha de delimitação do quadro urbano será, de preferência, uma poligonal, constituída de retas, que acompanhem de perto a periferia do mencionado centro de maior concentração predial da sede.

Art. 9º - A delimitação do quadro suburbano das sedes, quer municipal, quer distrital, consistirá na descrição simples e clara de uma linha, também facilmente reconhecível no terreno, abrangendo uma área que circunde, com largura variável, o quadro urbano, área dentro da qual já se esteja processando a expansão da zona urbana da sede ou que, por suas condições topográficas favoráveis, esteja naturalmente destinada a essa expansão. A linha de contorno do quadro suburbano deve circunscrever, o mais rigorosamente possível, a área que corresponde realmente á expansão atual ou próxima do centro urbano, sendo vedado delimitar-se, qualquer que seja o pretexto para isso invocado, mesmo a título de regularização de forma, um perímetro suburbano que se afaste, em distância e em conformação, da área de expansão acima referida.Art. 10º - A Secretaria Geral do Conselho promoverá a publicação e a conveniente distribuição desta resolução e seus anexos.

Rio de Janeiro, 29 de Março de 1938, ano 3º do Instituto. Conferido e numerado. – Júlio Agostinho de Oliveira, secretário assistente em exercício, no impedimento do efetivo. Visto e rubricado – Cristóvão Leite de Castro, secretário geral do Conselho.

Publique-se - José Carlos de Macedo Soares, presidente do Instituto.

1.D - DECRETO-LEI N. 9.210 – DE 29 DE ABRIL DE 1946

Fixa normas para a uniformização da Cartografia brasileira e dá outras providências.

Art. 1º - Os trabalhos de levantamento que se realizarem no território nacional, no que se refere às operações geodésicas, topográficas e cartográficas, ficam sujeitos a normas técnicas a serem estabelecidas de acordo com o presente Decreto-lei, objetivando a uniformização da Cartografia brasileira.Art. 2º - São órgãos autorizados do Governo da União para que se torne efetiva a uniformização cartográfica:a) o Conselho Nacional de Geografia, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;b) o Serviço Geográfico do Exercito, órgão do Departamento Técnico e da Produção, do Ministério da Guerra.

13

Parágrafo único - Compete à Diretoria de Navegação da Marinha e à Diretoria de Rotas Aéreas da Aeronáutica, à Divisão de Geologia e Mineralogia e ao Serviço de Meteorologia do Ministério da Agricultura, estabelecer as normas técnicas referentes ao preparo das cartas hidrográficas e aeronáuticas e fixação das normas técnicas relativas às cartas geológicas e climatológicas, respectivamente.

Art. 3º - Ao Conselho Nacional de Geografia cabe o encargo de estabelecer as normas técnicas relativas às cartas gerais de escala inferior a 1:250.000.Art. 4º - O Serviço Geográfico estabelecerá as normas gerais para as operações de levantamento e confecção de carta de tipo militar.Parágrafo único. Consideram-se de tipo militar as cartas topográficas em escala de 1:250.000, ou em escalas maiores, que interessem mais preponderantemente à defesa nacional.Art. 5º - As normas técnicas estabelecidas pelos órgãos mencionados constarão de publicações especiais.Art. 6º - Competem ao Conselho Nacional de Geografia, as providências para que as normas estabelecidas de acordo com o presente Decreto-lei sejam amplamente difundidas e devidamente observadas pelos serviços públicos civis, e instituições particulares que se dedicarem no País à confecção das cartas.Art. 7º - Nas normas técnicas a serem estabelecidas para a elaboração de cartas, devem ser respeitadas convenções internacionais às quais o Brasil tenha dado a sua adesão, bem como quaisquer outros compromissos assumidos em relação à Geografia e à Cartografia americanas.Art. 8º - Quando qualquer dos órgãos especializados, mencionados neste Decreto-lei, julgar necessário, poderá promover, por intermédio do Conselho Nacional de Geografia, o estabelecimento de novas normas técnicas ou a revisão das que estiverem em uso, observados os preceitos da presente Lei. Art. 9º - O Conselho Nacional de Geografia, com a cooperação dos Estados Maiores do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, estabelecerá um “Plano Geral de Cartografia Terrestre” que melhor atenda às necessidades civis e militares do País.Art. 10 - Para a execução deste Plano, em que se promoverá a colaboração dos demais órgãos especializados do País, o Conselho Nacional de Geografia organizará programas anuais de trabalhos que submeterá à aprovação do Governo, com a indicação dos recursos e providências que se tornarem necessários, em tempo de ser prevista a despesa correspondente no Orçamento da União.Art. 11 - Os pilares e sinais geodésicos erigidos são considerados obras públicas, podendo ser desapropriadas como de utilidade publica as áreas convenientes em volta dos mesmos e que forem julgadas necessárias à sua proteção.

§ 1º - Esses sinais ou pilares terão obrigatoriamente a indicação do Serviço que os levantou e bem assim a advertência de que são considerados obra pública protegida pelo Código Penal (artigo 163, parágrafo único, número III) e pelas demais leis civis de proteção aos bens do patrimônio público.§ 2º - Qualquer nova edificação, obra ou arborização, nas proximidades de um pilar ou sinal elevado, não poderá ser autorizada pela Prefeitura local, sem prévia audiência do órgão interessado no levantamento.§ 3º - O proprietário do terreno, quando não se verifique a desapropriação de que cogita o artigo, será notificado da sinalização feita e das obrigações que decorrem, na forma das leis vigentes, para sua conservação; a notificação, uma vez efetuada, será levada ao Registro de Imóveis competente, para ser averbada.

14

Art. 12 - Os operadores de campo dos serviços públicos e das empresas oficialmente autorizadas, quando no exercício das suas funções técnicas, têm livre acesso às propriedades do Governo e dos particulares.Art. 13 - O presente Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

1.E - LEI N. 960 – DE 8 DE DEZEMBRO DE 1949

Dispõe sobre a execução dos serviços de aerolevantamento no território nacional.

Art. 1º - A execução dos serviços de aerolevantamento no território nacional é da competência de órgãos técnicos da União.

Parágrafo único - Organizações privadas nacionais poderão também participar desses trabalhos, obedecidas as prescrições desta Lei.

Art. 2º - Somente em caso excepcional e no interesse público, a juízo do Presidente da República, ou para atender a compromisso constante de tratado ou acordo internacional, firmado pelo Brasil, será permitida a participação de organização estrangeira em trabalhos de aerolevantamento no território nacional.Art. 3º - A participação em aerolevantamento de organização privada será sujeita à fiscalização direta do Governo e dependerá de sua prévia permissão.Art. 4º - Poderão ser autorizadas a executar serviços de aerolevantamento as organizações que:

a) estejam técnicamente habilitadas para esse fim;b) visem à execução de aerolevantamento em beneficio de um órgão da União ou dos Estados;c) observem, sob as penas de Lei, o compromisso de manusear e guardar os originais ou cópias das aerofotografias, de acordo com as prescrições em vigor nas Forças Armadas, para salvaguarda dos documentos que interessem à segurança nacional.

Art. 5º - O Estado-Maior das Forças Armadas é o órgão oficial incumbido de exercer fiscalização direta nos serviços de aerolevantamento confiado à organização privada, e caber-lhe-á:

a) conceder licença, ou cassá-la a qualquer tempo, quando a seu juízo a autorização se tornar inconveniente ao interesse da segurança nacional; b) baixar instruções reguladoras de processamento das licenças; c) classificar e fixar o destino, manuseio e utilização do material empregado nos aerolevantamentos, ou a dos mapas com eles confeccionados, de acordo com as prescrições em vigor para salvaguarda desses documentos.

Parágrafo único - O Estado-Maior das Forças Armadas exercerá a sua fiscalização por intermédio de órgão técnico militar que designar.

Art. 6º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

15

________________________________________________________________2. QUADRO INSTITUCIONAL

Os textos desta seção - que trata da inserção da matéria cartográfica na Administração Pública Federal - foram todos extraídos do site da Presidência da República do Brasil (www. planalto.gov.br - legislação), cuja consulta é recomendada em se tratando da legislação vigente no país. Ela mostra as áreas de competência dos Ministérios, com destaque para o da Defesa - que controla o aerolevantamento - e o do Planejamento, Orçamento e Gestão, em cuja esfera estão, hoje, tanto a Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR quanto a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. No Estado contemporâneo, o Ministério do Planejamento apresenta-se como ministério típico haja vista a indispensabilidade do “exercício da função de planejamento ou programação das grandes políticas públicas” (Fábio Konder Comparato), e a Cartografia constitui instrumento fundamental para o planejamento governamental (v. os mapas de intervenção). O último texto reproduzido é o Decreto-lei 243/67, que fixa as diretrixes e bases da Cartografia brasileira e que está, em grande parte, revogado. Por isso, ele não consta no sítio legislativo do Planalto.

2.A - Sistema Cartográfico Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988

TÍTULO III - Da organização do Estado

CAPÍTULO III - Da União

Art. 21 - Compete à União:IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de

desenvolvimento econômico e social;XV – organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e

cartografia de âmbito nacional;

Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre:I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,

espacial e do trabalho;XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

2.B - Organização da Administração Federal. Áreas de competência dos Ministérios. Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003 (Excerto). Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências.

Das áreas de competência

Art. 27 - Os assuntos que constituem áreas de competência de cada Ministério são os seguintes:

16

III - Ministério das Cidades:a) política de desenvolvimento urbano;b) políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental, transporte urbano e trânsito; c) promoção, em articulação com as diversas esferas de governo, com o setor privado e

organizações não-governamentais, de ações e programas de urbanização, de habitação, de saneamento básico e ambiental, transporte urbano, trânsito e desenvolvimento urbano;

d) política de subsídio à habitação popular, saneamento e transporte urbano;e) planejamento, regulação, normatização e gestão da aplicação de recursos em políticas de

desenvolvimento urbano, urbanização, habitação, saneamento básico e ambiental, transporte urbano e trânsito;

f) participação na formulação das diretrizes gerais para conservação dos sistemas urbanos de água, bem como para a adoção de bacias hidrográficas como unidades básicas do planejamento e gestão do saneamento;

IV - Ministério da Ciência e Tecnologia: a) política nacional de pesquisa científica e tecnológica;b) planejamento, coordenação, supervisão e controle das atividades da ciência e tecnologia;c) política de desenvolvimento de informática e automação;d) política nacional de biossegurança;e) política espacial;f) política nuclear;

  g) controle da exportação de bens e serviços sensíveis;

VI - Ministério da Cultura:a) política nacional de cultura;b) proteção do patrimônio histórico e cultural;c) delimitação das terras dos remanescentes das comunidades dos quilombos, bem como

determinação de suas demarcações, que serão homologadas mediante decreto; (Vide Decreto nº 4.883, de 20.11.2003)

VII - Ministério da Defesa:a) política de defesa nacional;b) política e estratégia militares;c) doutrina e planejamento de emprego das Forças Armadas;d) projetos especiais de interesse da defesa nacional;e) inteligência estratégica e operacional no interesse da defesa;f) operações militares das Forças Armadas; g) relacionamento internacional das Forças Armadas;h) orçamento de defesa; i) legislação militar;j) política de mobilização nacional; l) política de ciência e tecnologia nas Forças Armadas;m) política de comunicação social nas Forças Armadas;n) política de remuneração dos militares e pensionistas;o) política nacional de exportação de material de emprego militar, bem como fomento às

atividades de pesquisa e desenvolvimento, produção e exportação em áreas de interesse da defesa e controle da exportação de material bélico de natureza convencional;

17

p) atuação das Forças Armadas, quando couber, na garantia da lei e da ordem, visando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, bem como sua cooperação com o desenvolvimento nacional e a defesa civil e ao apoio ao combate a delitos transfronteiriços e ambientais;

q) logística militar;r) serviço militar;s) assistência à saúde, social e religiosa das Forças Armadas;t) constituição, organização, efetivos, adestramento e aprestamento das forças navais,

terrestres e aéreas; u) política marítima nacional; v) segurança da navegação aérea e do tráfego aquaviário e salvaguarda da vida humana no

mar; x) política aeronáutica nacional e atuação na política nacional de desenvolvimento das

atividades aeroespaciais;z) infra-estrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária;

      XIII - Ministério da Integração Nacional:

a) formulação e condução da política de desenvolvimento nacional integrada; b) formulação dos planos e programas regionais de desenvolvimento; c) estabelecimento de estratégias de integração das economias regionais; d) estabelecimento das diretrizes e prioridades na aplicação dos recursos dos programas de

financiamento de que trata a alínea c do inciso I do art. 159 da Constituição Federal; e) estabelecimento das diretrizes e prioridades na aplicação dos recursos do Fundo de

Desenvolvimento da Amazônia e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste;f) estabelecimento de normas para cumprimento dos programas de financiamento dos

fundos constitucionais e das programações orçamentárias dos fundos de investimentos regionais;

g) acompanhamento e avaliação dos programas integrados de desenvolvimento nacional;h) defesa civil;i) obras contra as secas e de infra-estrutura hídrica;j) formulação e condução da política nacional de irrigação;l) ordenação territorial;m) obras públicas em faixas de fronteiras;

XV - Ministério do Meio Ambiente: a) política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos; b) política de preservação, conservação e utilização sustentável de ecossistemas, e

biodiversidade e florestas; c) proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômicos e sociais para a

melhoria da qualidade ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais; d) políticas para integração do meio ambiente e produção; e) políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal;f) zoneamento ecológico-econômico;

 XVII - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão:a) participação na formulação do planejamento estratégico nacional; b) avaliação dos impactos socioeconômicos das políticas e programas do Governo Federal e

elaboração de estudos especiais para a reformulação de políticas;

18

c) realização de estudos e pesquisas para acompanhamento da conjuntura socioeconômica e gestão dos sistemas cartográficos e estatísticos nacionais;

d) elaboração, acompanhamento e avaliação do plano plurianual de investimentos e dos orçamentos anuais;

e) viabilização de novas fontes de recursos para os planos de governo; f) formulação de diretrizes, coordenação das negociações, acompanhamento e avaliação dos

financiamentos externos de projetos públicos com organismos multilaterais e agências governamentais;

g) coordenação e gestão dos sistemas de planejamento e orçamento federal, de pessoal civil, de organização e modernização administrativa, de administração de recursos da informação e informática e de serviços gerais;

h) formulação de diretrizes e controle da gestão das empresas estatais; i) acompanhamento do desempenho fiscal do setor público; (Revogado pela Lei nº 10.869,

de 2004)j) administração patrimonial; l) política e diretrizes para modernização do Estado;

       2.C - A Cartografia no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Decreto nº 4.781, de 16 de julho de 2003 (Anexo I - excerto). Aprova a estrutura regimental do Ministério.

ESTRUTURA REGIMENTAL DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO,

ORÇAMENTO E GESTÃOCAPÍTULO I

DA NATUREZA E COMPETÊNCIAArt. 1° - O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, órgão da administração

direta, tem como área de competência os seguintes assuntos:I - participação na formulação do planejamento estratégico nacional;II - avaliação dos impactos socioeconômicos das políticas e programas do Governo federal e

elaboração de estudos especiais para a reformulação de políticas;III - realização de estudos e pesquisas para acompanhamento da conjuntura socioeconômica

e gestão dos sistemas cartográficos e estatísticos nacionais;IV - elaboração, acompanhamento e avaliação do plano plurianual de investimentos e dos

orçamentos anuais;V - viabilização de novas fontes de recursos para os planos de governo;VI - formulação de diretrizes, coordenação das negociações, acompanhamento e avaliação

dos financiamentos externos de projetos públicos com organismos multilaterais e agências governamentais;

VII - coordenação e gestão dos sistemas de planejamento e de orçamento federal, de pessoal civil, de organização e modernização administrativa, de administração de recursos da informação e informática e de serviços gerais;

VIII - formulação de diretrizes e controle da gestão das empresas estatais;IX - acompanhamento do desempenho fiscal do setor público;X - administração patrimonial; eXI - política e diretrizes para modernização do Estado.

CAPÍTULO II

19

DA ESTRUTURA ORGANIZACIONALArt. 2°  O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão tem a seguinte Estrutura Organizacional:I - órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado:

a) Gabinete;b) Secretaria-Executiva;

1. Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração;2. Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais; e3. Departamento de Extinção e Liquidação;

c) Consultoria Jurídica; ed) Assessoria Econômica;

II - órgãos específicos singulares:a) Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos:

1. Departamento de Planejamento;2. Departamento de Investimentos Estratégicos; e3. Departamento de Recursos para o Desenvolvimento;

b) Secretaria de Orçamento Federal:1. Departamento de Gestão da Informação e Tecnologia;2. Departamento de Programas Econômicos;3. Departamento de Programas Especiais;4. Departamento de Programas de Infra-Estrutura;5. Departamento de Programas Sociais; e6. Departamento de Desenvolvimento Orçamentário;

c) Secretaria de Assuntos Internacionais;d) Secretaria de Gestão;

1. Departamento de Programas de Gestão;2. Departamento de Fomento Gerencial; e3. Departamento de Análise e Monitoramento da Força de Trabalho;

e) Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação:1. Departamento de Logística e Serviços Gerais;2. Departamento de Serviços de Rede; e3. Departamento de Integração de Sistemas de Informação.

f) Secretaria de Recursos Humanos; eg) Secretaria do Patrimônio da União;

III - órgãos colegiados:a) Comissão de Financiamentos Externos - COFIEX;b) Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR;c) Comissão Nacional de Classificação - CONCLA; ed) Comissão Nacional de População e Desenvolvimento - CNPD;

IV - entidades vinculadas:a)  Fundação Escola Nacional de Administração Pública - ENAP; b) Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA; ec) Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

2.D - Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR). Decreto s/nº de 10 de maio de 2000.

20

Dispõe sobre a Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV e VI, da Constituição,

DECRETA:

Art.1º - Fica mantida, no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR, criada pelo Decreto de 21 de junho de 1994, com atribuição de assessorar o Ministro de Estado na supervisão do Sistema Cartográfico Nacional, coordenar a execução da política cartográfica nacional e exercer outras atribuições nos termos da legislação pertinente. Art.2º - A CONCAR será integrada por um representante de cada órgão e entidade a seguir:

I - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; II - Ministério das Relações Exteriores; III - Ministério da Agricultura e Abastecimento; IV - Ministério de Minas e Energia; V - Ministério da Ciência e Tecnologia; VI - Ministério das Comunicações; VII - Ministério do Meio Ambiente; VIII - Ministério da Defesa; IX - Ministério da Integração Nacional; X - Ministério dos Transportes; XI - Ministério do Desenvolvimento Agrário; XII - Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República; XIII - Diretoria de Serviço Geográfico do Comando do Exército, do Ministério da Defesa; XIV - Diretoria de Hidrografia e Navegação do Comando da Marinha, do Ministério da Defesa; XV - Instituto de Cartografia Aeronáutica do Comando da Aeronáutica, do Ministério da Defesa; XVI - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE; e XVII- Associação Nacional das Empresas de Aerolevantamentos - ANEA.

§1º - Compete ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão designar os membros da CONCAR e seus respectivos suplentes, consoante indicação dos órgãos e entidades relacionadas neste artigo. §2º - Os membros da CONCAR deverão ser, preferencialmente, especialistas em Cartografia.

Art.3º - A CONCAR poderá constituir subcomissões técnicas e comitês especializados, cujas atribuições serão definidas nos atos de suas respectivas instituições. Art.4º - A CONCAR será presidida pelo Secretário de Planejamento e Investimentos estratégicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que, nas suas faltas e impedimentos, será substituído pelo Presidente da Fundação IBGE.

§1º - A CONCAR terá uma Secretaria-Executiva que será exercida por um de seus membros, designado pelo Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão. §2º - A Fundação IBGE proverá de apoio técnico e administrativo a CONCAR e sua Secretaria-Executiva.

Art.5º - A representação na CONCAR não acarretará acréscimo de remuneração, a qualquer título, sendo classificada como serviço relevante.

21

Art.6º - A CONCAR proporá ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a distribuição de recursos previstos em lei ou disponíveis para dinamização da cartografia sistemática, bem como para a coordenação da execução da política cartográfica nacional. Art.7 - Nas deliberações da CONCAR, cada membro terá direito a um voto, inclusive o seu Presidente. Parágrafo único. As deliberações da CONCAR produzirão eficácia quando aprovadas por dois terços de seus membros. Art.8º - Compete ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão aprovar o regimento interno da CONCAR, mediante proposta do colegiado. Art.9º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art.10 - Fica revogado o Decreto de 21 de junho de 1994, que criou a Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR.

2.E - Diretrizes e bases da Cartografia brasileira. Decreto-lei nº 243, de 28 de fevereiro de 1967. O texto - extraído do sítio da CONCAR: www.concar.ibge.gov.br - vem com alguns comentários, que foram destacados. A disciplina deste decreto-lei encontra-se hoje, em grande parte, revogada.

Fixa as Diretrizes e Bases da Cartografia Brasileira e dá outras providências.

O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o artigo 9º, parágrafo 2º, do Ato Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966, decreta:

CAPÍTULO I - Da Finalidade

Art.1º - O presente decreto-lei tem como finalidade o estabelecimento das diretrizes e bases das atividades cartográficas e correlatas, em termos de eficiência e racionalidade, no âmbito nacional, através da criação de uma estrutura cartográfica em condições de atender aos reclamos do desenvolvimento econômico - social do país e da segurança nacional.

CAPÍTULO II - Do Sistema Cartográfico Nacional

Art.2º - As atividades cartográficas, em todo o território nacional, são levadas a efeito através de um sistema único - o Sistema Cartográfico Nacional - sujeito à disciplina de planos e instrumentos de caráter normativo, consoante os preceitos deste decreto-lei.

Parágrafo único - O Sistema Cartográfico Nacional é constituído pelas entidades nacionais, públicas e privadas, que tenham por atribuição principal executar trabalhos cartográficos ou atividades correlatas.

CAPÍTULO III - Da Comissão de Cartografia

Art. 3º e art. 4º - Estabelecem e regulam o funcionamento da Comissão de Cartografia - alterados sucessivamente ao longo do tempo, vigindo hoje o Decreto s/nº de 21/06/94, que cria a Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR, com as alterações introduzidas pelo Decreto nº 1792 de 15 de janeiro de 1996 e Medida Provisória nº 1498, de 09 de julho de 1996. V. texto anterior. Art.5º - Além de outras atribuições que lhe confere o presente decreto-lei, competirá à Comissão Nacional de Cartografia:

1. Promover o entrosamento dos Planos e Programas da Cartografia Sistemática;

22

2. Elaborar e coordenar planos e programas não incluídos no item anterior; 3. Elaborar propostas concernentes à dotação especial a que se refere o artigo 32 e fixar a distribuição dos seus recursos, mediante programas específicos de aplicação; 4. Elaborar "Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Terrestre Nacional"; 5. Sugerir às autoridades competentes a adoção de novas medidas legais e a regulamentação das normas legais vigentes, no que concerne à Cartografia; 6. Servir de mediadora nas pendências de natureza cartográfica, que se verificarem entre Unidades Federadas, nos casos previstos nos parágrafos do artigo 16; 7. Promover o entendimento prévio dos representantes brasileiros em certames cartográficos internacionais, a fim de fixar o ponto de vista nacional, quando tais representações não sejam atribuição específica de órgão integrante do Sistema Cartográfico Nacional; 8. Fazer-se representar em certames nacionais que envolvam assuntos de Cartografia; 9. Propor a inclusão, na Comissão, de novos membros representantes de outras entidades pertencentes ao Sistema Cartográfico Nacional.

CAPÍTULO IV - Da Representação do Espaço Territorial

Art.6º - O espaço territorial brasileiro, para os efeitos do presente decreto-lei, é representado através de cartas e outras formas de expressão afins.

§1º - As cartas - representação plana, gráfica e convencional - classificam-se: a) quanto à representação dimensional em: - planimétrica; - plano-altimétricas. b) quanto ao caráter informativo em: - Gerais, quando proporcionam informações genéricas, de uso não particularizado; - Especiais, quando registram informações específicas, destinadas, em particular, a uma única classe de usuários; - Temáticas, quando apresentam um ou mais fenômenos específicos, servindo a representação dimensional apenas para situar o tema. §2º - As fotocartas, mosaicos e outras formas de representação são admitidas subsidiária e acessoriamente

CAPÍTULO V - Da Cartografia Sistemática

Art.7º - A Cartografia Sistemática tem por fim a representação do espaço territorial brasileiro por meio de cartas, elaboradas seletiva e progressivamente, consoante prioridades conjunturais, segundo padrões cartográficos terrestre, náutico e aeronáutico. Art.8º - A Cartografia Sistemática Terrestre tem por fim a representação da área terrestre nacional, através de séries de cartas gerais, contínuas, homogêneas e articuladas, nas escalas-padrão abaixo discriminadas:

Série de 1:1.000.000Série de 1: 500.000Série de 1: 250.000Série de 1: 100.000Série de 1: 50.000Série de 1: 25.000

Parágrafo único - As séries de cartas das escalas-padrão obedecem às normas estabelecidas de acordo com o presente Decreto.

23

Art.9º - A Cartografia Sistemática Naútica tem por fim a representação hidrográfica da faixa oceânica adjacente ao litoral brasileiro, assim como dos rios, canais e outras vias navegáveis de seu território, mediante séries padronizadas de cartas náuticas, que conterão as informações necessárias à segurança da navegação. Art.10 - A Cartografia Sistemática Aeronáutica tem por fim a representação da área nacional, por meio de séries de cartas aeronáuticas padronizadas, destinadas ao uso da navegação aérea. Art.11 - A Cartografia Sistemática Especial não referida neste capítulo, bem como a Temática, obedecem aos padrões estabelecidos no presente decreto-lei para as cartas gerais com as simplificações que se fizerem necessárias à consecução de seus objetivos precípuos, ressalvados os casos de inexistência de cartas gerais.

CAPÍTULO VI - Da Infra - Estrutura Cartográfica

Art.12 - Os levantamentos cartográficos sistemáticos apoiam-se obrigatoriamente em sistema plano-altimétrico único, de pontos geodésicos de controle, materializados no terreno por meio de marcos, pilares e sinais, assim, constituído: 1. rede geodésica fundamental interligada ao sistema continental; 2. redes secundárias, apoiadas na fundamental, de precisão compatível com as escalas das cartas a serem elaboradas;

§1º São admitidos sistemas de apoio isolados, em caráter provisório, somente em caso de inexistência ou impossibilidade imediata de conexão ao sistema plano-altimétrico previsto neste artigo. §2º Compete, precipuamente, à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE promover o estabelecimento da rede geodésica fundamental, do sistema plano-altimétrico único. [O artigo 41 do decreto-lei nº 243/67 previa a atribuição ao Instituto Brasileiro de Geografia de todos os encargos cometidos ao então Conselho Nacional de Geografia. Contudo, pela Lei nº 5.878, de 11 de maio de 1973, o artigo 19 enuncia que os mesmos passam à "competência geral" da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.]

CAPÍTULO VII - Dos Marcos, Pilares e Sinais Geodésicos

Art.13 - Os marcos, pilares e sinais geodésicos são considerados obras públicas, podendo ser desapropriadas, como de utilidade pública, as áreas adjacentes necessárias à sua proteção.

§1º - Os marcos, pilares e sinais conterão obrigatoriamente a indicação do órgão responsável pela sua implantação, seguida da advertência: "Protegido por Lei" (Código Penal e demais leis civis de proteção aos bens do patrimônio público). §2º - Qualquer nova edificação, obra ou arborização que a critério do órgão cartográfico responsável, possa prejudicar a utilização do marco, pilar ou sinal geodésico, só poderá ser autorizada após prévia audiência desse órgão. §3º - Quando não efetivada a desapropriação, o proprietário da terra será obrigatoriamente notificado, pelo órgão responsável, da materialização e sinalização do ponto geodésico, das obrigações que a lei estabelece para sua preservação e das restrições necessárias para assegurar a sua utilização §4º - A notificação será averbada gratuitamente, no Registro de Imóveis competente, por iniciativa do órgão responsável.

Art.14 - Os operadores de campo dos órgãos públicos e das empresas oficialmente autorizadas, quando no exercício de suas funções técnicas, atendidas as restrições atinentes ao direito de propriedade e à segurança nacional, têm livre acesso às propriedades públicas e particulares.

24

CAPÍTULO VIII - Das Normas

Art.15 - Os trabalhos de natureza cartográfica realizados no território brasileiro obedecem às Normas Técnicas estabelecidas pelos órgãos federais competentes, na forma do presente artigo.

§1º - O estabelecimento de Normas Técnicas para a cartografia brasileira compete a:1. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, no que concerne à rede geodésica fundamental e às séries de cartas gerais, das escalas menores de 1:250.000; 2. Diretoria do Serviço Geográfico, do Ministério do Exército, no que concerne às séries de cartas gerais das escalas de 1:250.000 e maiores; 3. Diretoria de Hidrografia e Navegação, do Ministério da Marinha, no que concerne às cartas náuticas de qualquer escala; [Criada pelo Decreto Imperial nº 6.113, de 02 de fevereiro de 1876, a Repartição Hidrográfica passou a designar-se Diretoria de Hidrografia e Navegação pelo decreto nº 9.356, de 13 de junho de 1946, tendo sido reorganizada, mais recentemente, pelo decreto nº 658, de 07 de novembro de 1981. O Regulamento da Diretoria de Hidrografia e Navegação foi estabelecido pela Portaria nº 0013, de 18 de abril de 1986.] 4. Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo - Instituto de Cartografia Aeronáutica, do Ministério da Aeronáutica, no que concerne às cartas aeronáuticas de qualquer escala. [Com a criação do Ministério da Aeronáutica em 1941, foi ativada a Diretoria de Rotas Aéreas, que ficou incumbida da cartografia de apoio aos aeronavegantes, sendo de 1944 o primeiro Plano Cartográfico Aeronáutico. Através do decreto nº 71.261, de 17 de outubro de 1972, as funções de cartografia aeronáutica passaram à Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo - DEPV. Com a criação do Instituto de Cartografia Aeronáutica - ICA, pelo decreto nº 88.296, de maio de 1983, passaram ao novo Instituto os encargos com a cartografia aeronáutica.]

§2° - As Normas Técnicas relativas às cartas temáticas e cartas especiais, não referida neste artigo, são estabelecidas pelos órgãos públicos federais interessados, na esfera de suas atribuições, atendido o disposto no artigo 11. §3° - As Normas Técnicas de que trata o presente artigo serão publicadas pelos órgãos que as estabelecerem. §4° - Cabe à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, difundir e fazer observar todas as Normas Técnicas estabelecidas para as cartas gerais. §5° - Na elaboração das Normas Técnicas serão respeitados os acordos e convenções internacionais ratificados pelo Governo Brasileiro.

Art.16 - É vedada a impressão - nas séries da Cartografia Sistemática Terrestre Básica - de folhas de cartas incompletas ou que, por qualquer outra forma, contrariem às Normas Técnicas estabelecidas.

§1° As folhas que abrangem áreas de mais de um Estado ou Território podem ser executadas mediante ajuste entre as partes interessadas. §2° Não ocorrendo o ajuste, poderá ser estabelecido convênio entre as partes e a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE ou outro órgão cartográfico da esfera pública.

Art.17 - Os órgãos públicos, autarquias, entidades paraestatais, sociedades de economia mista e fundações que elaborarem, direta ou indiretamente, cartas para quaisquer fins, compreendidas entre as escalas de 1:1.000.000 a 1.25.000, ficam obrigados a obedecer às escalas-padrão e às normas da Cartografia Sistemática, exceto quando houver necessidade técnica.

25

§1º - Verificada a exceção prevista neste artigo, a entidade interessada remeterá à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, justificativa tecnicamente fundamentada, a fim de ser submetida à aprovação da Comissão Nacional de Cartografia. §2° - Se, no prazo de 30 dias, a contar do recebimento da justificativa pela Comissão, esta não se pronunciar, a matéria será considerada automaticamente aprovada. §3° - A falta de cumprimento das disposições do presente artigo e seu parágrafo 1.°, sujeita o infrator às penas da lei.

Art.18 - O Poder Executivo, mediante proposta da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, baixará as Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Terrestre Nacional destinadas a assegurar a coordenação e uniformidade das Normas Técnicas para as cartas gerais elaboradas consoante as prescrições deste decreto-lei.

CAPÍTULO IX - Dos Planos e Programas da Cartografia Sistemática

Art.19 - O Plano Cartográfico Nacional rege a execução da Cartografia Sistemática no âmbito nacional. Art.20 - O Plano Cartográfico Nacional é constituído pelo conjunto dos Planos Cartográficos Terrestre Básico, Náutico e Aeronáutico, destinados a orientar a execução das atividades cartográficas em seus respectivos campos. Parágrafo único Os Planos Cartográficos Terrestre Básico; Náutico e Aeronáutico, podem ser desdobrados em planos parciais, em função de problemas específicos e da evolução conjuntural. Art.21 - O Plano Cartográfico Terrestre Básico é integrado pelos Planos Geodésico Fundamental, Cartográfico Básico do Exército e Cartográfico Básico da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

Parágrafo único - Na elaboração do Plano Cartográfico Terrestre Básico, devem ser consideradas as necessidades da cartografia sistemática especial e da temática. [A Lei nº 5.878, de 11 de maio de 1973, que dispõe sobre a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, registra em seus artigos 2º e 3º o conjunto de atividades a cargo daquela entidade, com destaque para as de geodésia e cartografia. Os trabalhos do IBGE estão pautados pelo Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas, aprovado pelo decreto nº 74.084, de 20 de maio de 1974, que dispõe, em seu anexo, sobre as atividades afetas à Fundação.]

Art.22 - A execução do mapeamento sistemático do espaço territorial brasileiro é da competência das entidades integrantes do Sistema Cartográfico Nacional. Parágrafo único A execução dos planos - consoante as prioridades estabelecidas - obedece a programas anuais e plurianuais, que incluirão estimativas dos recursos necessários. Art.23 - Os planos e programas serão dotados de flexibilidade que permita incorporar levantamentos cartográficos destinados a atender necessidades supervenientes. Art.24 - A execução do Plano Cartográfico Nacional e a integração e execução do Plano Cartográfico Terrestre Básico, serão coordenadas pela Comissão Nacional de Cartografia. Art.25 - Os planos componentes do Plano Cartográfico Nacional serão elaborados e executados:

1. O Plano Geodésico Fundamental e o Plano Cartográfico Básico da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sob a responsabilidade desse órgão; 2. O Plano Cartográfico Básico do Exército, sob a responsabilidade do Ministério do Exército; 3. O Plano Cartográfico Náutico, sob a responsabilidade do Ministério da Marinha; 4. O Plano Cartográfico Aeronáutico, sob a responsabilidade do Ministério da Aeronáutica.

26

Art.26 - Os eventuais planos e programas de interesse comum a entidades do Sistema Cartográfico Nacional e não previstos no presente Capítulo, serão elaborados pelos órgãos interessados sob a coordenação da Comissão Nacional de Cartografia. Art.27 - As prioridades de execução a serem estabelecidas atenderão aos aspectos conjunturais inerentes à segurança nacional, ao desenvolvimento econômico-social e aos compromissos internacionais assumidos pelo País.

CAPÍTULO X - Da Informação Cartográfica

Art.28 - As entidades integrantes do Sistema Cartográfico Nacional ficam obrigadas a remeter à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, na forma e nos prazos estabelecidos por essa Fundação, ouvida a Comissão Nacional de Cartografia, informações que permitam situar e avaliar as características dos trabalhos realizados, ressalvados os aspectos que envolvam a segurança nacional

Parágrafo único - A critério da Comissão Nacional de Cartografia, as entidades que deixarem de cumprir o prescrito neste artigo estão sujeitas a restrições no acesso, direto ou indireto, aos recursos da dotação especial a que se refere o artigo 32.

Art.29 - Os órgãos Públicos, Autarquias, Entidades Paraestatais, Sociedades de Economia Mista e Fundações, não integrantes do Sistema, remeterão obrigatoriamente à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, para apreciação da Comissão Nacional de Cartografia, uma via ou cópia autêntica, devidamente legalizada, dos contratos, ajustes ou convênios de prestação de serviços cartográficos, firmados com terceiros.

§1° - Não será aprovado ou registrado pelos órgãos competentes qualquer contrato, ajuste ou convênio que não for acompanhado de documento fornecido pelo Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, comprobatório da observância da obrigação prescrita no presente artigo. §2° - O documento comprobatório, de que trata o parágrafo anterior, será fornecido pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, dentro do prazo de oito (8) dias úteis, a contar do recebimento da via ou cópia citada neste artigo.

Art.30 - As entidades privadas que firmarem contratos para execução de serviços cartográficos darão disso ciência à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE no prazo de 10 (dez) dias a contar de sua assinatura. Art.31 - À Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE cabe a divulgação das informações cartográficas. Parágrafo único Cabe, também, à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE promover o intercâmbio de publicações técnicas com organizações nacionais e estrangeiras congêneres e divulgar matéria que for de interesse para a Cartografia Nacional. Capítulo XI - Das Dotações e Recursos

Art.32 - O orçamento da União consignará, mediante proposta da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, dotação especial destinada à dinamização da Cartografia Sistemática no Espaço Territorial brasileiro, compatível com as necessidades do seu desenvolvimento e com as obrigações assumidas pelo Pais, em decorrência de acordos internacionais.

Parágrafo único - A instituição da dotação referida neste artigo não afetará as dotações orçamentárias específicas dos Ministérios e outros órgãos que disponham de serviços cartográficos próprios, inclusive os da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

27

Art.33 - Os recursos decorrentes da dotação especial de que trata o artigo anterior, serão aplicados no desenvolvimento da rede geodésica fundamental e no mapeamento sistemático. §1° - Esses recursos serão aplicados, prioritariamente para dinamizar a produção dos órgãos públicos do sistema. §2° - É vedada a aplicação desses recursos na aquisição de equipamentos e material permanente em geral, bem como na admissão de pessoal a qualquer título.

Art.34 - Compete à Comissão Nacional de Cartografia fixar a distribuição dos recursos da dotação especial de que trata o artigo 32, atendidos os seguintes requisitos.

1. Capacidade de realização da entidade, compatível com a qualidade e urgência dos trabalhos a executar; 2. Demonstração das necessidades de recursos correspondentes a contratos de prestação de serviços, a fim de eliminar eventuais deficiências e imprevistos na linha normal de produção da entidade; 3. Existência de planos e programas aceitos pela Comissão Nacional de Cartografia. Parágrafoúnico A não exação no cumprimento de tarefas realizadas com esses recursos, ou a inobservância das prescrições sobre Normas, Informação Cartográfica e demais preceitos deste decreto-lei, restringirão ou impedirão a juízo da Comissão, o acesso da Entidade àqueles recursos.

CAPÍTULO XII - Das Disposições Gerais e Transitórias

Art.35 - As entidades públicas pertencentes ao Sistema Cartográfico Nacional devem estabelecer esquema de apoio recíproco, por forma a promover, pela integração de meios, plena utilização de seus equipamentos e serviços. Art.36 - O reequipamento dos órgãos cartográficos da esfera pública deve ser levado a efeito visando à obtenção de produtividade máxima, pela eliminação dos estrangulamentos porventura existentes nas respectivas linhas de produção e em função do desenvolvimento da técnica cartográfica. Art.37 - Os levantamentos Hidrográficos, não destinados à Carta Náutica, executados por órgãos públicos da Administração Central, ou pelas autarquias e entidades paraestatais, federais, serão levados ao conhecimento do Ministério da Marinha, os executados por qualquer outra entidade dependem de autorização desse Ministério e são por ele controlados. [As Instruções para Controle dos Levantamentos Hidrográficos constam da Portaria nº 1.523, de 5 de setembro de 1979, do Ministério da Marinha. Os levantamentos hidrográficos realizados em território nacional ou águas territoriais brasileiras, por órgãos públicos, empresas privadas ou de economia mista, deverão observar as instruções emitidas pelo Ministério da Marinha.] Art.38 - Todo contrato, ajuste, convênio ou instrumento similar, referente a serviços de natureza cartográfica, da iniciativa de órgão Público, Autarquia, Entidade Paraestatal, Sociedade de Economia Mista e Fundação, incluirá obrigatoriamente, cláusula em que as partes contratantes se obrigam a observar os preceitos do presente decreto-lei. Art.39 - Caso os contratos, ajustes ou convênios a que se refere o artigo 29 sejam considerados lesivos ao interesse público, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE adotará medidas legais adequadas, podendo promover sua anulação, sem prejuízo de outras sanções que a lei prescrever. Art.40 - Ressalvados os acordos ou tratados internacionais em vigor, a execução de qualquer atividade cartográfica no Território brasileiro por organizações estrangeiras, governamentais ou privadas, só poderá ser realizada mediante prévia autorização do Presidente da República, por proposta do Estado-Maior das Forças Armadas.

28

Art.41 - Uma vez instituída a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, nos termos do Decreto-Lei n.° 161, de 13 de fevereiro de 1967, passarão à competência da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Instituto Brasileiro de Geografia as atribuições fixadas neste decreto-lei, respectivamente, para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e o Conselho Nacional de Geografia deste Instituto. [Artigo modificado pela Lei nº 5.878, de 11 de maio de 1973: "Art.19 - As atribuições conferidas ao Instituto Brasileiro de Geografia em decorrência da aplicação do artigo 41, do decreto-lei nº 243, de 28 de fevereiro de 1967, passam à competência geral do IBGE, a cujo Presidente caberá designar o representante previsto no artigo 4º daquele decreto-lei".] Art.42 - Este decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação. Art.43 - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 28 de fevereiro de 1967; 146º da Independência e 79º da República

29

___________________________________________________________________________3. DISCIPLINA DO AEROLEVANTAMENTO

O tema do aerolevantamento é de enorme interesse para o cartógrafo haja vista constituir, hoje, o principal método para coleta de dados do terreno. No Brasil, a disciplina desta atividade econômica (oligopolizada) é incisiva e passa, atualmente, por grandes transformações. Assim, o Decreto-lei nº 1.177/71 - ainda a norma básica - deve ser revogado por lei concernente ao aerolevantamento e levantamento espacial, cujo projeto encontra-se no Congresso Nacional desde o ano 2000 (projeto de lei nº 3.587, oriundo da Presidência da República). Porém, o tratamento completo do assunto deve partir da regulamentação internacional existente. Com exceção dos princípios internacionais da teledetecção (reproduzido de Claude-Albert Colliard, “Les principes régissant la télédéteccion spatiale”, em Annuaire Français de Droit International/CNRS, XXXII, 1986, p. 697-714), os documentos desta seção foram extraídos do sítio do Ministério da Defesa/Departamento de Ciência e Tecnologia/Divisão de Cartografia (www.defesa.gov.br/divcar/indexdivcar.html - que em 2001 avisava que esta legislação estava em fase de “atualização”), onde também pode se consultar um extenso elucidário (faq). Os anexos da Portaria EMFA constam, em hipertexto, desse site. Sobre o tema, v. a apostila “O Direito na Cartografia”, no capítulo referente ao controle da teledetecção e, em especial, no que tange às atividades desenvolvidas no espaço extra-atmosférico, Nguyen Quoc Dinh et al., Direito Internacional Público, Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1999, p. 1086-1090. Os documentos são os seguintes:

PLANO INTERNACIONAL Resolução ONU/1986PLANO NACIONAL Decreto-lei nº 1.177/71 (e projeto de lei nº 3.587/00)

Decreto nº 2.278/97 (Regulamento das Atividades de Aerolevantamento - RAA)Portaria EMFA nº 637/98 (Instruções Reguladoras de Aerolevantamento - IRA)

3.A - Princípios internacionais da teledetecção por satélites - Resolução 41/65, de 3 de dezembro de 1986, da Assembléia Geral da ONU (texto em inglês: www.oosa.unvienna.org/SpaceLaw/rs.html).

PRINCIPES SUR LA TELEDETECTION

Principe IAux fins des présentes principes concernant les activités de téledétection:a) L’expresion «télédétection» désigne l’observation de la surface terrestre à partir de l’espace en utilisant les propriétés des ondes électromagnétiques émises, réfléchies ou diffractées par les corps observés, à des fins d’amélioration de la gestion des ressources naturelles, d’aménagement du territoire ou de protection de l’environnement ;b) L’expression «données primaires» désigne les données brute recueillies par des capteurs placés à bord l’un objet spatial et transmises ou communiquées au sol depuis l’espace par télémesure sous forme de signaux électromagnétiques, par filme photographique, bande magnétique, ou par tout autre support ;c) L’expression «données traitées» désigne les produits issus du traitement des données primaires, nécessaire pour rendre ces données exploitables;

30

d) L’expression «informations analysées» désigne les informations issues de l’interprétation des données traitées, d’apports de données et de connaissances provenant d’autres sources ;e) L’expression «activités de télédétection» désigne les activités d’exploitation des systèmes de télédétection spatiale, des stations de réception et d’archivage des données primaires, ainsi que les activités de traitement, d’interprétation et de distribuition des données traitées.

Principe IILes activités de télédétection sont menées pour le bient et dans l’intérêt de tous les pays, quel que soit leur niveau de développement économique, social ou scientifique et technologique et compte dûment tenu des besoins des pays en développement.

Principe IIILes activités de télédétection sont menées conformément au droit international, y compris la Charte des Nations Unies, le Traité régissant les activités des Etats en matière d’exploration et d’utilisation de l’espace extra-atmosphérique, y compris la Lunes et les autres corps célestes, et les instruments pertinents de l’Union internationale des télécommunications.

Principe IVLes activités de télédétection sont menées conformément aux principes énoncés à l’article premier du Traité sur les principes régissant les activités des Etas en matière d’exploration et d’utilisation de l’espace extra-atmosphérique, y compris la Lune et les autres corps célestes, qui prévoit en particulier que l’exploration et l’utilisation de l’espace extra-atmosphérique doivent se faire pour le bien et dans l’intérêt de tous le pays, quel que soit leur stade de développement économique et scientifique, et énonce le principe de la liberté de l’exploration et de l’utilisation de l’espace extra-atmosphérique dans des conditions d’égalité. Ces activités sont menées sur la base du respect du principe de la souveraineté permanente, pleine et entière de tous les Etats et de tous les peuples sur leurs richesses et leurs ressources naturelles propes, compte dûment tenu des droits et intérêts, conformément au droit international, des autres Etats et des entités relevant de leur juridiction. Ces activités ne doivent pas être menées d’une manière préjudiciable aux droits et intérêts légitimes de l’Etat observé.

Principe VLes Etats conduisant des activités de télédétection encouragent la coopération internationale dans ces activités.A cette fin, ils donnent à d’autres Etats la possibilité d’y participer. Cette participation est fondée dans chaque cas sur des conditions équitables et mutuellement acceptables.

Principe VIPour retirer le maximum d’avantages de la télédétection, les Etats sont encouragés à créer et exploiter, au moyen d’accords ou autres arrangements, des stations de réception et d’archivage et des installations de traitement et d’interprétation des données, notamment dans le cadre d’accords ou d’arrangements régionaux chaque fois que possible.

Principe VIILes Estats participant à des activités de télédétection offrent une assistance technique aux autres Etats intéressés à des conditions arrêtées d’un commun accord.

Principe VIII

31

L’Organisation des Nations Unies et les organismes intéressés du système des Nations Unies doivent promouvoir la coopération internationale, y compris l’assistance technique et la coordination dans le domaine de la télédétection.

Principe IXConformément à l’article IV de la Convention sur l’immatriculation des objets lancés dans l’espace extra-atmosphérique et à l’article XI du Traité sur les principes régissant les activités des Etats en matière d’exploration et d’utilisation de l’espace extra-atmosphérique, y compris la Lune et les autres corps célestes, un Etat conduisant un programme de télédétection en informe le Secrétaire général de l’Organisation des Nations Unies. En outre, dans toute la mesure où cela est possible et réalisable, il communique tous autres renseignements pertinents à tout Etat, et notamment à tout pays en développement concerné par ce programme, que en fait la demande.

Principle XLa télédétection doit promouvoir la protection de l’environnement naturel de la Terre.A cette fin, le Etats participant à des activités de télédétection que ont identifié des indications en leur possession susceptibles de prévenir tout phénomène préjuciciable à l’environnement naturel de la Terre, font connaitre ces indications aux Etats concernés.

Principe XILa télédétection doit promouvoir la protection de l’envionnement naturel de la Terre. A cette fin, les Etats participant à des activités de télédétection que ont identifié des données traitées et des informations analysées en leur possession pouvant être utiles à des Etats victimes de catastrophes naturelles, ou susceptibles d’en être victimes de façon imminente, transmettent ces données et ces informations aux Etats concernés aussitôt que possible.

Principe XIIDès que les données primaires et les données traitées concernant le territoire relevant de sa juridiction sont produites, l’Etat observé a accès à ces données sans discrimination et à des conditions de prix raisonnables. L’Etat observé a également accès aux informations analysées disponibles concernant le territoire relevant de sa juridiction qui sont en possession de tout Etat participant à des activités de télédétection sans discrimination et aux mêmes conditions, compte dûment tenu des besoins et intérêts des pays en développement.

Principe XIIIAfin de promouvoir et d’intensifier la coopération internationale, notamment en ce qui concerne les besoins des pays en développement, un Etat conduisant un programme de télédétection spatiale entre en consultation, sur sa demande, avec tout Etat dont le territoire est observé afin de lui permettre de participer à ce programme et de multiplier les avantages mutuels que en résultent.

Principe XIVConformément à l’article VI du Traité sur les principes régissant les activités des Etats en matière d’exploration et d’utilisation de l’espace extra-atmosphérique, y compris la Lune et les autres corps célestes, les Etats exploitant, des satellites de télédétection ont la responsabilité internationale de leurs activités et s’assurent que ces activités sont menées conformément à ces principes et aux normes du droit international, qu’elles soient entreprises par des organismes gouvernementaux, des entiés non gouvernementales ou par l’intermédiaire d’organisations internationales auxquelles ces Etats sont parties. Ce principe

32

s’applique sans préjudice de l’application des normes du droit international sur la responsabilité des Etats en ce qui concerne les activités de télédétection.

Principe XVTout différend pouvant résulter de l’application des présents principes sera résolu au moven des procédures établies pour le règlement pacifique des différends.

3.B - Controle do aerolevantamento no território nacional. Decreto-lei nº 1.177, de 21 de junho de 1971.

Dispõe sobre aerolevantamento no território nacional, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 55, item I da Constituição,

Decreta:

Art. 1º - A execução de aerolevantamento no território nacional é da competência de organizações especializadas do Governo Federal.

Parágrafo Único. Podem, também, executar aerolevantamentos outras organizações especializadas - de governos estaduais e privadas - na forma estabelecida neste Decreto-Lei e no seu Regulamento.

Art. 2º - Em caso excepcional e no interesse público a juízo do Presidente da República ou para atender a compromisso constante de ato internacional, firmado pelo Brasil, será permitida a participação de organização estrangeira em aerolevantamento no território nacional.Art. 3º - Entende-se como aerolevantamento, para os efeitos deste Decreto-Lei, o conjunto das operações aéreas e/ou espaciais de medição, computação e registro de dados do terreno com o emprego de sensores e/ou equipamentos adequados, bem como a interpretação dos dados levantados ou sua tradução sob qualquer forma.Art. 4º - O Estado-Maior das Forças Armadas é o órgão oficial incumbido de controlar as atividades de aerolevantamentos no território nacional, na forma especificada no Regulamento do presente Decreto-Lei.Art. 5º - As organizações do Governo Federal, especializadas em aerolevantamentos, são consideradas inscritas no Estado-Maior das Forças Armadas, observadas as prescrições do Regulamento do presente Decreto-Lei.Art. 6º - As organizações a que se refere o parágrafo único do art. 1º poderão ser autorizadas a executar aerolevantamentos desde que estejam inscritas no Estado-Maior das Forças Armadas em uma das seguintes categorias:

a) executantes de todas as fases do aerolevantamento;b) executantes apenas de operações aéreas e/ou espaciais;c) executantes da interpretação ou de tradução dos dados obtidos em operações aéreas e/ou espaciais por outras organizações.

Art. 7º - O Poder Executivo regulamentará este Decreto-Lei no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da data de sua publicação. Art. 8º - Este Decreto-Lei entrará em vigor na data da publicação de seu Regulamento ficando revogada a Lei nº 960, de 8 de dezembro de 1949 e demais disposições em contrário.

33

3.C - Aerolevantamento e levantamento espacial. Projeto de lei nº 3.587 - da Presidência da República - encaminhado ao Congresso Nacional no ano 2000.

Dispõe sobre aerolevantamento e levantamento espacial no território nacional, e dá outras providências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

CAPÍTULO IDo aerolevantamento

Seção IDas Disposições Gerais

Art. 1° Entende-se por aerolevantamento o conjunto de operações aéreas de medição, computação e registro de dados da parte terrestre, aérea ou marítima do território nacional, com o emprego de sensores ou equipamentos instalados em plataforma aérea, complementada por operações de registro desses dados, utilizando recursos da própria plataforma captadora ou de estação receptora localizada à distância.Art. 2° O Ministério da Defesa é o órgão incumbido de autorizar e controlar o aerolevantamento no território nacional, na forma especificada em regulamento.Art. 3° A autorização e o controle do aerolevantamento serão feitos com a finalidade de:

I - resguardar áreas do território nacional que importem comprometimento do interesse ou da defesa nacionais;II - fiscalizar as entidades nacionais e estrangeiras que realizam aerolevantamento no território nacional;III - manter atualizado o conhecimento da capacitação técnica das entidades que compõem o parque nacional de aerolevantamento;IV - definir a posse e a responsabilidade pela guarda, preservação e controle dos originais de aerolevantamento; eV - manter atualizado o Cadastro de aerolevantamento do Território Nacional - CATEN, com vistas ao desenvolvimento e à defesa nacionais.

Art. 4° Caberá à autoridade aeronáutica apreender plataformas aéreas e o material utilizado na execução de aerolevantamento não autorizado.Art. 5° A execução de aerolevantamento no território nacional é da competência de entidades públicas e privadas nacionais inscritas no Ministério da Defesa, na forma estabelecida nesta Lei e no regulamento.

§ 1° As entidades públicas nacionais que tenham por atribuição estatutária a execução de aerolevantamento são consideradas inscritas no Ministério da Defesa, observadas as prescrições regulamentares.§ 2° As entidades privadas nacionais que tenham por objeto social a execução de aerolevantamento poderão ser inscritas no Ministério da Defesa.

Art. 6° Em caso excepcional ou no interesse público, a juízo do Presidente da República, será autorizada participação de entidades estrangeiras em aerolevantamento no território nacional.

§ 1° A autorização será consubstanciada por proposta do Ministério da Defesa.§ 2° A participação de entidade estrangeira em aerolevantamento configura-se por intermédio de sua execução no espaço aéreo nacional, ou utilizando-se de estação instalada

34

em território nacional, ou ainda na execução de operações técnicas decorrentes do aerolevantamento.§ 3° São denominadas operações técnicas decorrentes do aerolevantamento aquelas destinadas a materializar as informações obtidas por ocasião da sua realização.

Art. 7° Compete ao Ministro da Defesa autorizar a participação de entidades estrangeiras em aerolevantamento no território nacional que esteja previsto ou amparado por:

I - compromisso constante de tratados, convenções ou atos internacionais;II - compromisso de cooperação científica ou tecnológica, proposto e aprovado por órgão competente do governo e homologado pelo Presidente da República; eIII - licitação internacional decorrente da aplicação de recursos financeiros externos aprovados pelo Congresso Nacional.

Seção IIDas sanções

Art. 8° O descumprimento desta Lei ou das demais normas aplicáveis, bem como a inobservância dos deveres decorrentes dos atos ou autorização para execução do aerolevantamento sujeitará os infratores às seguintes sanções administrativas, aplicáveis pelo Ministério da Defesa às entidades privadas inscritas, sem prejuízo das de natureza civil e penal:

I - advertência;II - suspensão temporária; III - cancelamento de inscrição; eIV - multa.

Art. 9° A aplicação de advertência será formalizada por escrito nos casos de:I - omissão de informações necessárias à elaboração dos cadastros específicos;II - remessa de informações não condizentes com a capacitação técnica das entidades inscritas.

Art. 10. A suspensão temporária será imposta em relação à autorização para executar aerolevantamento, nos seguintes casos:

I - inobservância das regras sobre cuidados com os originais do aerolevantamento; II - inobservância das regras sobre cuidados com os produtos sigilosos; eIII - houver prática de atos ilícitos na tentativa de burlar a autoridade responsável pelo controle do aerolevantamento.

Parágrafo único. O prazo de suspensão previsto no caput deste artigo será de noventa dias.Art. 11. Em caso de reincidência nas infrações previstas no artigo anterior, a entidade terá sua inscrição no Ministério da Defesa suspensa, temporariamente, por trezentos e sessenta e cinco dias.Art. 12. O cancelamento de inscrição de entidades privadas no Ministério da Defesa ocorrerá quando:

I - houver prática de atos ilícitos com a finalidade de frustrar os objetivos estabelecidos para a execução do aerolevantamento; II - nas infrações praticadas por pessoa jurídica, por intermédio de seus administradores ou controladores, quando agirem de má fé ou de forma inidônea; eIII - por ocasião da perda dos pressupostos que autorizaram sua inscrição.

Art. 13. Toda acusação será circunstanciada e sua apuração sigilosa, na esfera administrativa.Art. 14. Na aplicação de sanções às entidades privadas inscritas, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração, os danos dela resultantes para o serviço e para os usuários, a vantagem auferida pelo infrator, as circunstâncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidência específica.

35

Parágrafo único. Constitui reincidência específica a repetição de falta de igual natureza.Art. 15. A existência de sanção anterior será considerada como agravante na aplicação de outra sanção.Art. 16. As entidades privadas nacionais, inscritas ou não no Ministério da Defesa, quando executarem clandestinamente aerolevantamento no território nacional, estão sujeitas à multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Art. 17. Nenhuma sanção será aplicada sem oportunidade de prévia e ampla defesa.Parágrafo único. Apenas medidas cautelares urgentes poderão ser tomadas antes da defesa.Art. 18. Constitui crime, sancionado com pena de detenção de dois a quatro anos, executar clandestinamente aerolevantamento no território nacional.

§ 1° Sujeitam-se às mesmas penas os proprietários ou detentores da posse de plataformas aéreas, os controladores, diretores ou administradores das entidades privadas nacionais inscritas ou não no Ministério da Defesa, que executarem clandestinamente aerolevantamento no território nacional.§ 2° A pena cominada será aumentada de dois terços, se houver comprovados danos a terceiros.§ 3° Incide nas mesmas penas quem, direta ou indiretamente, concorrer para o crime.§ 4° Considera-se clandestino o aerolevantamento realizado sem a competente autorização.

Art. 19. O crime definido nesta Lei é de ação pública incondicionada.

CAPÍTULO IIDo levantamento espacial

Art. 20. Entende-se por levantamento espacial o conjunto de operações espaciais de medição, computação e registro de dados da parte terrestre, aérea ou marítima do território nacional, com o emprego de sensores ou equipamentos instalados em plataforma espacial, complementada por operações de registro desses dados, utilizando recursos da própria plataforma captadora ou de estação receptora localizada à distância.

§ 1° Qualquer matéria relativa às ações previstas no caput deste artigo será submetida à apreciação e aprovação da Agência Espacial Brasileira - AEB, por intermédio do seu Conselho Superior.§ 2° As matérias de interesse militar serão necessariamente submetidas, total ou parcialmente, à deliberação do Ministério da Defesa, por indicação dos representantes desse Ministério e de seus Comandos subordinados, no Conselho referido no parágrafo anterior.

Art. 21. A AEB é o órgão incumbido de fiscalizar, controlar, estabelecer normas e expedir autorizações relativas aos produtos decorrentes do levantamento espacial produzidos no Brasil ou obtidos no exterior, quando de seu ingresso no País, bem como analisar os protocolos a serem firmados por órgãos do governo brasileiro ou entidades privadas nacionais, relativos à recepção, ao processamento e à distribuição de dados oriundos de levantamento espacial, com órgãos ou entidades de governo estrangeiro, na forma especificada em regulamento.Art. 22. A fiscalização e o controle do levantamento espacial serão feitos com a finalidade de:

I - resguardar áreas do território nacional que importem comprometimento do interesse ou da defesa nacionais;II - fiscalizar as entidades nacionais que se dedicam à exploração dos dados resultantes do levantamento espacial;III - manter atualizado o conhecimento da capacitação técnica das entidades que compõem o parque nacional de levantamento espacial;IV - definir a posse e a responsabilidade pela guarda, preservação e controle dos produtos obtidos do levantamento espacial; e

36

V - efetivar o Cadastro de levantamento espacial do Território Nacional - CLETEN, com vistas ao desenvolvimento e à defesa nacionais.

Art. 23. A exploração dos dados resultantes do levantamento espacial no território nacional é da competência de entidades públicas e privadas nacionais inscritas na AEB, na forma estabelecida nesta Lei e no regulamento.

§ 1° As entidades públicas nacionais que tenham por atribuição estatutária a execução de levantamento espacial são consideradas inscritas na AEB, observadas as prescrições regulamentares.§ 2° As entidades privadas nacionais que tenham por objeto social a exploração dos dados resultantes do levantamento espacial poderão ser inscritas na AEB.

Art. 24. Em caso excepcional ou no interesse público, a juízo do Presidente da República, será autorizada participação de entidades estrangeiras, no território nacional, em operações de recepção, processamento ou distribuição de dados oriundos de levantamento espacial.

§ 1° A autorização será consubstanciada por proposta da AEB, apreciada e aprovada por seu Conselho Superior.§ 2° A participação de entidade estrangeira em levantamento espacial configura-se por intermédio da recepção, do processamento ou da distribuição de dados oriundos do levantamento espacial, ou utilizando-se de estação instalada em território nacional, ou ainda na execução de operações técnicas decorrentes do levantamento espacial.§ 3° São denominadas operações técnicas decorrentes do levantamento espacial aquelas destinadas a materializar as informações obtidas por ocasião da sua realização.

Art. 25. Compete à AEB, após deliberação de seu Conselho Superior, autorizar a instalação, por entidades estrangeira, de recursos materiais técnicos no território nacional e aprovar a composição de sua equipe técnica, necessária às atividades, isoladas ou simultâneas, de recepção, processamento ou distribuição de informações resultantes de levantamento espacial, que esteja previsto ou amparado por:

I - compromisso constante de tratados, convenções ou atos internacionais; eII - compromisso de cooperação científica ou tecnológica, proposto e aprovado por órgão competente do governo e homologado pelo Presidente da República.

Art. 26. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias, a contar da data de sua publicação.Art. 27. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 28. Fica revogado o Decreto-Lei n° 1.177, de 21 de junho de 1971.

3.D - Regulamento das atividades de aerolevantamento (RAA). Decreto nº 2.278, de 17 de julho de 1997.

Regulamenta o Decreto-Lei nº 1.177, de 21 de junho de 1971, que dispõe sobre aerolevantamentos no território nacional, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Decreto-Lei nº 1.177, de 21 de junho de 1971, DECRETA:

CAPÍTULO I - Das Disposições Iniciais

Art. 1º. O aerolevantamento, para efeito deste Decreto, constitui-se de uma fase aeroespacial, de captação e registro de dados, e de uma fase decorrente, de interpretação e tradução dos dados registrados.

37

Art. 2º. A fase aeroespacial de aerolevantamento é caracterizada por operação técnica de captação de dados da parte terrestre, aérea ou marítima do território nacional, por meio de sensor instalado em plataforma aérea ou espacial, complementada por operação de registro de tais dados, utilizando recursos da própria plataforma captadora ou de estação receptora localizada à distância.Art. 3º. A fase decorrente é caracterizada por operações técnicas destinadas a materializar informações extraídas dos dados registrados na fase aeroespacial, sob a forma de mosaico, carta-imagem, ortofoto, carta, e de outras.Art. 4º. O produto obtido na fase aeroespacial é designado original de aerolevantamento e, o obtido na fase decorrente, produto decorrente.Art. 5º. O original de aerolevantamento será preservado e mantido sob controle, com a finalidade de realizar o Cadastro de Levantamentos Aeroespaciais do Território Nacional - CLATEN, tendo em vista o desenvolvimento e a defesa nacionais.Art. 6º. As entidades nacionais executantes da fase aeroespacial e, no que couber, as da fase decorrente deverão:

I - ser inscritas no Estado-Maior das Forças Armadas - EMFA;II - obter prévia autorização para execução de serviço da fase aeroespacial;III - observar as regras sobre os cuidados com o original de aerolevantamento e produtos dele decorrentes;IV - prestar as informações necessárias à elaboração e atualização de cadastros específicos, assim como às referentes a originais de aerolevantamento, produzidos no exterior que estejam sob sua posse ou propriedade ; eV - cumprir outras obrigações previstas neste Decreto e em instruções complementares.

CAPÍTULO II - Da Inscrição

Art. 7º. Podem requerer inscrição:I - a entidade privada constituída sob as leis brasileiras, com sede e administração no País, que tenha como objeto social a execução de serviço de aerolevantamento;II - a entidade pública em geral, que tenha por competência legal a execução de serviço de aerolevantamento.

§1º A entidade nacional que, eventualmente, necessite executar serviço de aeolevantamento para consecução de seus objetivos poderá requerer inscrição especial temporária.§2º A inscrição é indispensável para a entidade que execute serviço da fase aeroespacial e dispensável para a que execute serviço da fase decorrente.

Art. 8º. A entidade requerente instruirá o processo de inscrição, de conformidade com instruções complementares.Art. 9º. A concessão de inscrição, a ser substanciada em Portaria do Ministro Chefe do EMFA, se fundamentará nas disposições deste Decreto e na prévia análise da capacitação técnica e jurídica da requerente.Art. 10. As organizações do Governo Federal, especializadas na execução de serviço de aerolevantamento, serão inscritas ex officio, sem que isto as exima do cumprimento das obrigações previstas neste Regulamento e em instruções complementares.

CAPÍTULO III - Da Autorização

Art. 11. Para efeito do disposto no artigo 5º, é necessário prévia autorização do EMFA para:I - execução de serviço da fase aeroespacial no espaço aéreo nacional;II - execução de serviço da fase aeroespacial por meio de estação instalada no território nacional, para recepção de dados captados por sensor orbital; e

38

III - destruição, ou cessão de posse de original de aerolevantamento.Parágrafo Único. O pedido de autorização deverá ser instruído de conformidade com instruções complementares.

Art. 12. A execução de serviço da fase aeroespacial em apoio à operação de natureza militar, bem como a de serviço da fase decorrente são dispensadas de prévia autorização .Parágrafo único. A dispensa de autorização não exime o executante de observar as demais disposições legais aplicáveis aos produtos sigilosos, bem como de remeter ao EMFA informações previstas em instruções editadas por esse órgão, destinadas à consecução do Cadastro.

CAPÍTULO IV - Dos Produtos

Art. 13. A entidade inscrita, que executa a fase aeroespacial, é, em princípio, e a critério do EMFA, a detentora da posse do original de aerolevantamento e, em conseqüência, a responsável pela sua preservação e controle.Parágrafo único. A preservação e o controle de original de aerolevantamento implicam, para o detentor de sua posse:

I) observância de normas técnicas para seu armazenamento e manuseio;II) impossibilidade de cessão sem prévia e expressa autorização do EMFA; eIII) controle de cópia cedida a terceiro.

Art. 14. O original de aerolevantamento e os produtos dele decorrentes, em princípio, não serão classificados como sigilosos, para que possam, livre e eficientemente, ser utilizados em benefício do desenvolvimento nacional, salvo quando contiverem informações que impliquem comprometimento do interesse ou da segurança nacionais.

Parágrafo Único. Para atender ao disposto neste artigo, o EMFA, assessorado por outros órgãos do Poder Executivo, avaliará e identificará as informações que importem comprometimento do interesse ou da segurança nacionais, bem como estabelecerá regras para a atribuição do grau de sigilo a ser dado a um produto de aerolevantamento, em consonância com a norma que dispõe sobre assuntos sigilosos.

Art. 15. Produtor e usuário de produto de aerolevantamento observarão as regras estabelecidas para assuntos de caráter sigiloso.Art. 16. Aplicam-se ao produto obtido no exterior, quando do seu ingresso no país, as regras estabelecidas para o produto nacional.

CAPÍTULO V - Do Cadastro

Art. 17. O EMFA coordenará a organização e atualização de cadastro referente a:I - capacitação técnica das entidades inscritas ;II - áreas sensoriadas do território nacional; eIII - detentores da posse dos originais de aerolevantamento.

Art. 18. Na administração dos cadastros, o EMFA será diretamente assessorado pelas organizações do Governo Federal, especializadas na execução de serviço de aerolevantamento.

Parágrafo único. As demais entidades inscritas colaborarão com a implementação e a manutenção dos cadastros, de conformidade com instruções complementares.

CAPÍTULO VI -Da Participação Estrangeira

Art. 19. A participação de entidade estrangeira em serviço de aerolevantamento da fase aeroespacial, quer no espaço aéreo nacional, quer por meio de estação instalada no território

39

nacional, assim como da fase decorrente poderá vir a ser permitida em caso excepcional e no interesse público, ou para atender a compromisso resultante de ato internacional firmado pelo Brasil.

Parágrafo Único. A autorização a que se refere este artigo, é da competência do Presidente da República, com base em proposta do EMFA.

Art. 20. Cabe à entidade nacional interessada na participação estrangeira, ouvidos os órgãos competentes, instruir o processo de acordo com instruções complementares.Art. 21. A fase de interpretação e tradução dos dados deverá ser realizada no Brasil, sob total controle da entidade nacional responsável pela instrução do processo de autorização, salvo por motivo técnico acolhido pelo EMFA.Art. 22. O original de aerolevantamento, resultante da execução do serviço, ou sua cópia, no caso de motivo técnico que impossibilite sua cessão, permanecerá no Brasil sob os cuidados de entidade nacional designada pelo EMFA

§ 1º Os meios necessários à sua utilização, quando for o caso, deverão ser alocados no Brasil pela entidade estrangeira, através de entidade nacional interessada nessa participação.§ 2º Em razão de motivo técnico, acolhido pelo EMFA, que impeça a alocação de meios, cópia dos produtos decorrentes do original deverão ser cedidas ao Brasil.

Art. 23. O EMFA estabelecerá as demais regras concernentes a:I - condições e procedimentos específicos relativos à participação estrangeira; eII - cuidados especiais com o original de aerolevantamento, suas cópias, e com o produto sigiloso.

CAPÍTULO VII - Das Sanções

Art.24. Assegurada à entidade inscrita ampla defesa, estará ela, entanto, sujeita à:I - advertência por escrito, nos casos de:a) omissão de informações necessárias à elaboração dos cadastros específicos;b) remessa de informações não condizentes com a capacitação técnica da entidade inscrita; ec) inobservância das regras sobre os cuidados com o original de aerolevantamento e produtos dele decorrentes;II - suspensão de sua inscrição, por trinta a noventa dias, de acordo com a gravidade da falta cometida, nos casos de:a) execução de serviço da fase aeroespacial sem a necessária autorização; eb) reincidência nas infrações cometidas.

Art. 25. A penalidade será aplicada pelo Ministro Chefe do EMFA por meio de Portaria que deverá ser publicada no Diário Oficial, cabendo pedido de reconsideração a essa mesma autoridade como última instância administrativa.Art. 26. A pena administrativa não exime o infrator das sanções civis e penais.

CAPÍTULO VIII - Das Disposições Transitórias

Art. 27. São validadas todas as inscrições e autorizações concedidas até à vigência deste Regulamento.Art. 28. Permanecem em vigor as normas expedidas pelo EMFA, com amparo no Decreto nº 84.557, de 12 de março de 1980, que não conflitarem com as disposições deste Regulamento.

CAPÍTULO IX - Das Disposições Finais

40

Art. 29. Cumpre ao EMFA baixar instruções para a observância deste Regulamento das Atividades de Aerolevantamento - RAA.Art. 30. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.Art. 31. Revogam-se os Decretos nº 84.557, de 12 de março de 1980, nº 89.215, de 21 de dezembro de 1983, e nº 91.291, de 31 de maio de 1985, e demais disposições em contrário.

3.E - Instruções Reguladoras de Aerolevantamento (IRA). Estado-Maior das Forças Armadas (extinto em 1999). Portaria EMFA nº 637-SC-6/FA-61, de 5 de março de 1998.

Aprova as Instruções Reguladoras de Aerolevantamento no território nacional.

O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DO ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 4º do Decreto-Lei nº 1.177, de 21 de junho de 1971, e tendo em vista o disposto no artigo 29 do Capítulo IX do Decreto nº 2.278, de 17 de julho de 1997 (Regulamento das Atividades de Aerolevantamento - RAA), resolve:

CAPÍTULO I -Das Disposições Iniciais

Art. 1º - As Instruções Reguladoras de Aerolevantamento (IRA), instituídas por esta Portaria, regulam a inscrição de entidades no Estado-Maior das Forças Armadas - EMFA, a concessão de autorização para realização da fase aeroespacial do aerolevantamento, seus produtos, a participação de entidades estrangeiras em serviços de aerolevantamento no território nacional, bem como os produtos sigilosos de aerolevantamento.

CAPÍTULO II - Da inscrição no EMFA

Art. 2º - A inscrição pode ser requerida por:I - entidade privada constituída sob as leis brasileiras, com sede e administração no País, que tenha como objeto social a execução de serviços de aerolevantamento; eII - entidade pública em geral que tenha por competência legal a execução de serviços de aerolevantamento.

Parágrafo único. A entidade nacional que, eventualmente, necessite executar serviços de aerolevantamento para consecução de seus objetivos poderá requerer inscrição especial temporária.

Art. 3º - A constituição de entidade, objetivando a inscrição para a execução de serviços de aerolevantamento, depende, obrigatoriamente, de anuência prévia do EMFA.Art. 4º - A inscrição é indispensável para a entidade que pretenda executar serviços da fase aeroespacial e dispensável para a que pretenda executar serviços da fase decorrente.Art. 5º - Efetivar-se-á a inscrição em uma das seguintes categorias:

I - categoria "a", para a executante das fases aeroespacial e decorrente do aerolevantamento;II - categoria "b", para a executante da fase aeroespacial; eIII - categoria "c", para a executante da fase decorrente.

Art. 6º - O pedido de inscrição deve ser feito ao EMFA, por intermédio da Subchefia de Assuntos Tecnológicos, instruído, no que couber, com:

41

I - informações previstas nos anexos “A”, “B”, “C”, “D” e “E”, se executante da fase aeroespacial e/ou decorrente, ou solicitante de inscrição especial temporária;II - cópia do ato de autorização, publicado no Diário Oficial, expedido pela autoridade competente do Ministério da Aeronáutica, concedendo à entidade nacional permissão para explorar os Serviços Aéreos Especializados de Aerolevantamento, se executante da fase aeroespacial ou solicitante de inscrição especial temporária, se for o caso;III - homologação de órgão federal competente para utilização de estação de recepção de dados captados por sensor orbital, se executante de tais serviços; eIV - comprovação do que prescreve o art. 10, destas Instruções, se solicitante de inscrição especial temporária.

Art. 7º - A concessão da inscrição, a ser substanciada em portaria do Ministro de Estado Chefe do EMFA, se fundamentará nas seguintes disposições:

I - análise da capacitação técnica:a) avaliação de cada peça integrante do processo de inscrição, instruído conforme prescreve o artigo anterior; e b) avaliação do relatório de inspeção realizada por representante credenciado pelo EMFA, nas instalações das entidades que pretendam executar serviços de aerolevantamento da fase aeroespacial;II - análise da capacitação jurídica:a) a capacitação jurídica das entidades que pretendam explorar os serviços de aerolevantamento da fase aeroespacial será avaliada com base em elementos específicos, colhidos pelo órgão competente do Ministério da Aeronáutica e expressa em ato próprio daquele Ministério; e b) a capacitação jurídica das entidades que pretendam explorar os serviços de aerolevantamento da fase decorrente será avaliada sobre os elementos específicos que comprovem o previsto no art. 7º do Decreto nº 2.278, de 17 de julho de 1997 (RAA).

Art. 8º - O prazo de vigência da inscrição será, em princípio, igual ao concedido pela autoridade do Ministério da Aeronáutica, por ocasião da autorização para exploração dos Serviços Aéreos Especializados de Aerolevantamento.Art. 9º - Durante a vigência da inscrição, a entidade fica obrigada a comunicar à Subchefia de Assuntos Tecnológicos qualquer alteração referente à sua capacitação técnica e /ou jurídica.Art. 10 - A concessão de inscrição especial temporária à entidade nacional fica condicionada, no que couber, a:

I - realização de atividades de pesquisa científica ou desenvolvimento tecnológico na fase aeroespacial;II - homologação do órgão competente do Ministério da Aeronáutica para utilização dos equipamentos destinados ao experimento;III - parecer favorável dos órgãos ministeriais competentes envolvidos na realização da atividade;IV - solicitação eventual;V - atendimento das necessidades específicas e próprias da entidade; VI - atuação delimitada no território nacional; eVII - duração limitada do experimento.

Art. 11 - Tornar-se-á sem efeito a inscrição:I - caso não se mantenham válidos os pressupostos para sua concessão; eII - por alteração de sua capacitação técnica ou jurídica que implique mudança de categoria.

Parágrafo único. A inscrição da entidade será suspensa por até 90 (noventa) dias, nos casos previstos no art. 24, inciso II, do Decreto nº 2.278, de 17 de julho de 1997 (RAA).

42

Art. 12 - A renovação da inscrição deverá ser requerida com antecedência mínima de sessenta dias de seu termo final, instruída de acordo com os artigos 6º e 7º destas Instruções.

Parágrafo único. A renovação será concedida mediante portaria do Ministro Chefe do EMFA, que será publicada no Diário Oficial.

Art. 13 - As organizações do Governo Federal especializadas na execução de serviços de aerolevantamento, consideradas inscritas ex officio, são:

I - do Ministério da Marinha:a) a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN);II - do Ministério do Exército:a) a Diretoria de Serviço Geográfico (DSG);b) o Centro de Cartografia Automatizada do Exército (CCAuEx); ec) as Divisões de Levantamento (DL);III - do Ministério da Aeronáutica:a) o Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA);b) o 1º / 6º Grupo de Aviação (1º/ 6º GAv);c) o 1º /10º Grupo de Aviação (1º/ 10º GAv); d) e Centro Técnico Aeroespacial (CTA);IV - do Ministério do Planejamento e Orçamento:a) a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);V - do Ministério da Ciência e Tecnologia:a) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE);VI - do Ministério de Minas e Energia:a) a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

Parágrafo único. A inclusão de outra organização dependerá de parecer favorável do EMFA ao pedido da parte interessada, encaminhado à Subchefia de Assuntos Tecnológicos.

Art. 14 - As organizações mencionadas no artigo anterior encaminharão à Subchefia de Assuntos Tecnológicos informações referentes à sua capacitação técnica, de acordo com o Anexo “D”, e as manterão atualizadas.Art. 15 - O EMFA, quando solicitado, divulgará as entidades inscritas.

CAPÍTULO III -Da Autorização para Executar Aerolevantamento

Art. 16 - Depende de prévia autorização do EMFA os seguintes serviços de aerolevantamento:

I - execução de serviços da fase aeroespacial no espaço aéreo nacional;II - execução de serviços da fase aeroespacial por meio de estação instalada no território nacional, para recepção de dados captados por sensor orbital; eIII - destruição, ou cessão de posse, de original de aerolevantamento.

Art. 17 - O pedido de autorização deverá ser feito ao EMFA, por intermédio da Subchefia de Assuntos Tecnológicos, instruído de acordo com os anexos:

I -“F”, para a entidade que pretenda executar serviços da fase aeroespacial no espaço aéreo nacional;II -“G”, para entidade que pretenda executar serviços da fase aeroespacial por meio de estação instalada no território nacional, para recepção de dados captados por sensor orbital;III -“H”, para entidade que pretenda destruir original de aerolevantamento; eIV -“I”, para entidade que pretenda ceder a posse de original de aerolevantamento.

Art. 18. A autorização será concedida pelo EMFA, por intermédio da Subchefia de Assuntos Tecnológicos, quando satisfeitos os requisitos previstos no Decreto nº 2.278, de 17 de julho de 1997 (RAA), e nestas Instruções.

43

Parágrafo único. A autorização para execução de serviços da fase aeroespacial com a finalidade de prospecção, exploração ou detecção de elementos da parte aérea, do solo ou do subsolo, do mar, da plataforma submarina, da superfície das águas ou de suas profundezas, dependerá de parecer favorável da autoridade competente, do âmbito do Ministério que tenha envolvimento na sua realização.

Art. 19 - Em caráter excepcional, no interesse da Administração Pública, quando comprovada a impossibilidade de realização dos serviços por entidade nacional de aerolevantamento, o Ministro Chefe do EMFA, a seu juízo, poderá acolher solicitação de órgãos públicos para execução de serviços da fase aeroespacial no espaço aéreo nacional, por entidade nacional devidamente habilitada pelo Ministério da Aeronáutica.Art. 20 - O prazo de validade da autorização será estabelecido pelo EMFA, considerado o período previsto pela requerente para a execução da totalidade dos serviços da fase aeroespacial.

Parágrafo único. A validade poderá ser prorrogada mediante pleito da entidade requerente, antes da data do seu término, devidamente justificado, e com a concordância das partes interessadas.

Art. 21 - Analisado e achado conforme o processo de autorização para execução de serviços de aerolevantamento da fase aeroespacial, a Subchefia de Assuntos Tecnológicos do EMFA emitirá comunicado de concessão de autorização à entidade solicitante e informará à autoridade do Ministério da Aeronáutica responsável pela coordenação e controle dos vôos de aerolevantamento no espaço aéreo brasileiro.Art. 22 - Concluídos os serviços, a entidade que o executou deve:

I - encaminhar à Subchefia de Assuntos Tecnológicos, para fins de cadastro:a) no prazo máximo de trinta dias, as informações constantes do Anexo “J”, quando se tratar de serviços da fase aeroespacial executado no espaço aéreo nacional; eb) até o quinto dia útil de cada mês, as informações constantes do Anexo “L”, quando se tratar de serviços da fase aeroespacial executado por meio de estação instalada no território nacional, para recepção de dados captados por sensor orbital.II - observar as regras sobre os cuidados com o original de aerolevantamento, e produtos dele decorrentes, estabelecidas no Decreto nº 2.278, de 17 de julho de 1997 (RAA), nestas Instruções e na norma que dispõe sobre assuntos sigilosos.

Art. 23 - A destruição, autorizada ou acidental, e a cessão autorizada de posse de original de aerolevantamento deverão ser comunicadas, de imediato, ao EMFA, diretamente à Subchefia de Assuntos Tecnológicos.Art. 24 - O EMFA divulgará, periodicamente, informações de utilidade pública referentes aos serviços concluídos da fase aeroespacial.

CAPÍTULO IV - Dos Produtos de Aerolevantamento

Art. 25 - A posse de original de aerolevantamento é, em princípio e a critério do EMFA, da entidade inscrita que executa a fase aeroespacial do aerolevantamento.

Parágrafo único. Por ocasião da concessão da autorização para executar serviços da fase aeroespacial no espaço aéreo nacional, o EMFA designará a detentora da posse do original de aerolevantamento.

Art. 26 - O detentor da posse de original de aerolevantamento é o responsável pela sua preservação e controle, devendo, para tanto, tomar os seguintes cuidados:

I - manter arquivo de originais em ambiente adequado, segundo normas técnicas estabelecidas pelo fabricante do produto;

44

II - restringir o acesso exclusivamente à(s) pessoa(s) autorizada(s);III - não ceder sua posse sem prévia e expressa autorização do EMFA;IV - exercer o controle de cópia cedida a terceiros; eV - solicitar autorização do EMFA para destruição de cópias ou originais de aerolevantamento cedidos a terceiros, quando se tornarem inservíveis.

Art 27 - Aplicam-se ao produto obtido no exterior, quando do seu ingresso no País, as regras estabelecidas para o produto nacional.

CAPÍTULO V - Da Participação Estrangeira

Seção 1Da Autorização

Art. 28 - A participação estrangeira em serviços de aerolevantamento da fase aeroespacial, quer no espaço aéreo nacional, quer por meio de estação instalada no território nacional, assim como da fase decorrente, deve ser precedida de autorização do Presidente da República, por solicitação do EMFA.Art. 29 - Dependerá da autorização do Presidente da República os serviços de aerolevantamento que esteja previsto ou amparado por:

I - situação excepcional e de justificado interesse público;II - ato internacional firmado pelo Brasil;III - instrumento de ajuste, entre a entidade estrangeira e a nacional, com vistas à:a) cooperação científica ou tecnológica que resulte em benefícios para o País; e demonstração ou repasse de tecnologia.

Seção 2Da Coordenação

Art. 30 - A Entidade Nacional de Governo Federal, Estadual ou Municipal, interessada na participação estrangeira em serviços de aerolevantamento, será responsável pela coordenação das ações necessárias a consecução dos serviços de aerolevantamento, previstos neste capítulo.

Seção 3Da Instrução do Processo de Autorização

Art. 31 - A Entidade do Governo Federal encaminhará, por intermédio da autoridade ministerial a qual estiver vinculada, o processo para autorização instruído, no que couber, com:

I - petição feita ao Ministro de Estado Chefe do EMFA, endereçada à Subchefia de Assuntos Tecnológicos - Anexo “N”;II - cópia do ato internacional;III - cópia do Instrumento de Ajuste;IV - justificativa de que os serviços de aerolevantamento inseridos na coleta de dados sobre o território nacional se caracterizam como caso excepcional e do interesse público;V - parecer favorável do órgão competente do Ministério da Aeronáutica em pleito formulado de conformidade com instruções editadas por esse Ministério, quando se tratar da execução de serviços da fase aeroespacial no espaço aéreo nacional;VI- parecer favorável dos órgãos competentes dos Ministérios que estejam, direta ou indiretamente, envolvidos na realização dos serviços do aerolevantamento;

45

VII - discriminação das entidades estrangeiras, bem como dos recursos materiais (Anexo “O”) e humanos (Anexo “P”) a serem empregados;VIII - identificação da(s) entidade(s) nacional(is) participante(s) do empreendimento;IX - designação de um coordenador da entidade nacional solicitante para acompanhar, passo a passo, os serviços de aerolevantamento;X - discriminação dos serviços de aerolevantamento e cronograma concernentes à sua execução;XI - definição em coordenadas geográficas das áreas a serem levantadas;XII - Declaração de Compromissos - Anexo “Q” ; eXIII - Termo de Concordância Prévia (Anexo “R”).

Art. 32 - A Entidade de Governo Estadual ou Municipal, por intermédio da autoridade estadual ou municipal, instruirá, no que couber, o processo de autorização, conforme o previsto no artigo anterior.

Seção 4Da Análise do Processo e da Autorização

Art. 33 - A Entidade Nacional de Governo Federal, Estadual, Municipal, interessada na realização dos serviços de aerolevantamento, previstos ou amparados pelo art. 29, dará entrada com o processo solicitando autorização, devidamente instruído, no EMFA, com antecedência mínima de sessenta dias da data pretendida para o início dos referidos serviços.Art. 34 - A análise do processo de autorização será feita pelo EMFA que, após satisfeitos os requisitos previstos no Decreto n° 2.278, de 17 de julho de 1997 (RAA), e nestas Instruções, encaminhará Exposição de Motivos ao Presidente da República.Art. 35 - O teor do despacho presidencial será informado, pelo EMFA, ao interessado e, também, ao Estado-Maior da Aeronáutica (EMAer), quando se tratar da execução de serviços da fase aeroespacial no espaço aéreo nacional.

Seção 5Dos Procedimentos Subseqüentes à Autorização

Art. 36 - Autorizada a participação estrangeira em aerolevantamento no território nacional, a entidade nacional, referida no art. 30, deve tomar as seguintes providências:

I - promover, oportunamente, no EMFA ou local designado por este órgão, o briefing da missão; e II - exercer as tarefas pertinentes à coordenação dos serviços.

Seção 6Dos Procedimentos Subseqüentes à Conclusão dos Serviços

Art. 37 - Concluídos os serviços, a entidade nacional, referida no art. 30, deve tomar as seguintes providências:

I - promover no EMFA, ou em local designado por este órgão, o debriefing da missão;II - encaminhar relatório de resultados da demonstração, ou repasse de tecnologia, à Subchefia de Assuntos Tecnológicos; eIII - remeter à Subchefia de Assuntos Tecnológicos informações para fins de cadastro (Anexo “S”).

Seção 7Das Disposições Especiais

46

Art. 38 - O original de aerolevantamento, ou produto decorrente, resultante da execução dos serviços, deve permanecer no Brasil e ser arquivado por entidade designada pelo EMFA.Art. 39 - A fase de interpretação e tradução dos dados deverá, em princípio, ser realizada no Brasil, sob total controle da entidade nacional responsável pela coordenação.

Parágrafo único. Em razão de motivo técnico acolhido pelo EMFA, poderá, excepcionalmente, ser essa fase realizada no exterior.

Art. 40 - Independentemente do local de realização da fase mencionada no artigo anterior, a entidade estrangeira deverá garantir, perante a entidade nacional responsável pela coordenação, mediante compromisso assinado, o livre acesso, pelo lado brasileiro, às informações resultantes da interpretação e tradução dos dados coletados.

CAPÍTULO VI - Dos Produtos Sigilosos de Aerolevantamento

Seção 1Das Disposições Iniciais

Art.41 - O original de aerolevantamento e os produtos dele decorrentes, em princípio, não serão classificados como sigilosos, para que possam, livre e eficientimente, ser utilizados em benefício do desenvolvimento nacional, salvo quando contiverem informações que impliquem comprometimento do interesse ou da segurança nacionais.Art. 42 - Tendo em vista a norma que dispõe sobre assuntos sigilosos; a necessidade imperiosa de restringir o conhecimento da informação sigilosa; a possibilidade de conhecimento, por outros meios, da informação sigilosa; a localização da informação na faixa de fronteira; e outros, o EMFA a seu critério, identificará, avaliará e informará às entidades inscritas, as instalações cujo sigilo deva ser preservado.Art.43 - O original de aerolevantamento e os produtos dele decorrentes, que não estejam em conformidade com o prescrito no presente Capítulo, serão considerados ostensivos.

Seção 2Da Classificação

Art. 44 - A parte do original de aerolevantamento que contiver informações de instalações, cujo sigilo deva ser preservado, será classificado como CONFIDENCIAL.

Parágrafo Único: As demais áreas integrantes desse original de aerolevantamento não estão sujeitas à classificação.

Art.45 - O produto decorrente que identificar, nomear e representar instalações cujo sigilo deva ser preservado, será classificado como CONFIDENCIAL.

Parágrafo Único. O produto será classificado caso ocorra, concomitantemente, duas das situações previstas no caput deste artigo.

Art.46 - O EMFA ao conceder autorização para realização de serviços de aerolevantamento estabelecerá o grau de sigilo.

Parágrafo Único. A classificação das partes do original de aerolevantamento e produtos decorrentes sigilosos será formalizada pelo Subchefe de Assuntos Tecnológicos.

Art.47 - A pessoa física ou jurídica que processar produto sigiloso de aerolevantamento deverá submeter-se ao estabelecido nestas Instruções.Art.48 - As organizações do Governo Federal, especializadas na execução de serviços de aerolevantamento, executoras de cartas especiais, farão a classificação de tais documentos cartográficos, segundo normas próprias, respeitado o contido nestas Instruções.

47

Art.49 - O Ministro Chefe do EMFA poderá modificar, a seu critério, o grau de sigilo atribuído aos produtos de aerolevantamento.

Seção 3Dos Controles

Art.50 - Identificadas as instalações e estabelecido o grau de sigilo do produto que as representem, a entidade executante de serviços de aeolevantamento deverá tomar os seguintes cuidados:

I - observar a norma que dispõe sobre assuntos sigilosos;II - não ceder cópia do original, a menos que receba autorização expressa do EMFA; eIII - fazer com que o adquirente de cópia do original e de produtos dele decorrentes preencha e assine a Declaração de Recebimento e Compromisso (Anexo “M”)

Art.51 - As organizações do Governo Federal especializadas na execução de serviços de aerolevantamento, consideradas inscritas ex oficio, quando do fornecimento de partes de original de aerolevantamento ou produto decorrente sigiloso, analisarão as justificativas do interessado e, a seu juízo, fornecerão o produto solicitado, encaminhando ao EMFA, por intermédio da Subchefia de Assuntos Tecnológicos, o original da Declaração de Recebimento e Compromisso (Anexo “M”), de que tratam as presentes Instruções.Art.52 - A entidade fornecedora de produtos sigilosos encaminhará à Subchefia de Assuntos Tecnológicos o original da Declaração de Recebimento e Compromisso (Anexo “M”), a cada cessão de produtos sigilosos a terceiros, mantendo em seu poder cópia da referida declaração.Art.53 - A entidade que realiza serviços da fase decorrente, dispensada de inscrição junto ao EMFA, que, para consecução de seus compromissos, necessitar ter acesso à parte de original de aerolevantamento ou produtos decorrentes sigilosos, com a finalidade prevista no caput do art. 45 e seu parágrafo único, deverá obter anuência prévia do EMFA, por intermédio da entidade detentora do produto sigiloso, com a justificativa do pleito.

Seção 4Do Acesso

Art.54 - A entidade detentora da posse de produto sigiloso de aerolevantamento será a responsável pela guarda, o acesso e pelo acervo da documentação técnica que deu origem ao mesmo.Art.55 - O acesso ou o fornecimento de partes do original de aerolevantamento ou produto decorrentes sigilosos, à pessoa física ou entidade estrangeira, dependem de prévia autorização do EMFA.

CAPÍTULO VII - Das Disposições Transitórias

Art. 56 - As inscrições concedidas antes da entrada em vigor destas Instruções permanecem válidas até a data prevista para o seu termo.Art. 57 - As autorizações concedidas antes do início da vigência destas Instruções permanecem válidas até a data do seu termo.

Parágrafo único. O pedido de prorrogação, se necessário, far-se-á de acordo com o disposto no art. 20, parágrafo único, destas Instruções.

CAPÍTULO VIII - Das Disposições Finais

48

Art. 58 - O EMFA poderá, a seu critério, solicitar que a entidade requerente de inscrição ou de autorizações previstas nestas Instruções, instrua os referidos processos com outras informações.Art. 59 - As situações não previstas nestas Instruções serão deliberadas pelo Ministro Chefe do EMFA, mediante consulta formal dirigida àquela autoridade pela parte interessada, por intermédio da Subchefia de Assuntos Tecnológicos.Art. 60 - Ficam revogadas as Portarias nº 4.172/FA-51, de 3 de dezembro de 1980 e nº 02692/FA-61, de 3 de outubro de 1984.Art. 61 - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

49

________________________________________________________________4. O aerolevamento como seviço aéreo especializado

O tema da teledetecção aérea envolve dois aspectos jurídicos complementares: a questão da atividade tecnológica propriamente dita e a questão do vôo necessário à sua realização. O primeiro aspecto é controlado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Defesa e o segundo pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), vinculado ao Comando da Aeronáutica. Apenas por razões formais, dividimos aqui o assunto – indissociáveis na prática – em dois tópicos. Neste, trataremos da exploração dos serviços aéreos especializados, dentre os quais inclui-se o vôo para aerolevantamento. Sobre o tema, deve-se consultar a bibliografia sobre Direito Aeronáutico, cuja competência legilstiva é da União (v. 2-A, supra). A portaria do Comando da Aeronáutica (4.B) foi reproduzida do site do DAC: www.dac.gov.br (legislação).

4.A - Código Brasileiro de Aeronáutica. Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 (Excertos).

TÍTULO IIDo Espaço Aéreo e seu Uso para Fins Aeronáuticos

CAPÍTULO IDo Espaço Aéreo Brasileiro

Art. 11. O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial.Art. 12. Ressalvadas as atribuições específicas, fixadas em lei, submetem-se às normas (artigo 1º, § 3º), orientação, coordenação, controle e fiscalização do Ministério da Aeronáutica:

I - a navegação aérea;II - o tráfego aéreo;III - a infra-estrutura aeronáutica;IV - a aeronave;V - a tripulação;VI - os serviços, direta ou indiretamente relacionados ao vôo.

Art. 13. Poderá a autoridade aeronáutica deter a aeronave em vôo no espaço aéreo (artigo 18) ou em pouso no território brasileiro (artigos 303 a 311), quando, em caso de flagrante desrespeito às normas de direito aeronáutico (artigos 1° e 12), de tráfego aéreo (artigos 14, 16, § 3°, 17), ou às condições estabelecidas nas respectivas autorizações (artigos 14, §§ 1°, 3° e 4°, 15, §§ 1° e 2°, 19, parágrafo único, 21, 22), coloque em risco a segurança da navegação aérea ou de tráfego aéreo, a ordem pública, a paz interna ou externa.

CAPÍTULO IIDo Tráfego Aéreo

Art. 14. No tráfego de aeronaves no espaço aéreo brasileiro, observam-se as disposições estabelecidas nos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de que o Brasil seja parte

50

(artigo 1°, § 1°), neste Código (artigo 1°, § 2°) e na legislação complementar (artigo 1°, § 3°).

§ 1° - Nenhuma aeronave militar ou civil a serviço de Estado estrangeiro e por este diretamente utilizada (artigo 3°, I) poderá, sem autorização, voar no espaço aéreo brasileiro ou aterrissar no território subjacente.§ 2° - É livre o tráfego de aeronave dedicada a serviços aéreos privados (artigos 177 a 179), mediante informações prévias sobre o vôo planejado (artigo 14, § 4°).§ 3° - A entrada e o tráfego, no espaço aéreo brasileiro, da aeronave dedicada a serviços aéreos públicos (artigo 175), dependem de autorização, ainda que previstos em acordo bilateral (artigos 203 a 213).§ 4° - A utilização do espaço aéreo brasileiro, por qualquer aeronave, fica sujeita às normas e condições estabelecidas, assim como às tarifas de uso das comunicações e dos auxílios à navegação aérea em rota (artigo 23).§ 5° - Estão isentas das tarifas previstas no parágrafo anterior as aeronaves pertencentes aos aeroclubes.§ 6° - A operação de aeronave militar ficará sujeita às disposições sobre a proteção ao vôo e ao tráfego aéreo, salvo quando se encontrar em missão de guerra ou treinamento em área específica.

Art. 15. Por questão de segurança da navegação aérea ou por interesse público, é facultado fixar zonas em que se proíbe ou restringe o tráfego aéreo, estabelecer rotas de entrada ou saída, suspender total ou parcialmente o tráfego, assim como o uso de determinada aeronave, ou a realização de certos serviços aéreos.

§ 1° - A prática de esportes aéreos tais como balonismo, volovelismo, asas voadoras e similares, assim como os vôos de treinamento, far-se-ão em áreas delimitadas pela autoridade aeronáutica.§ 2° - A utilização de veículos aéreos desportivos para fins econômicos, tais como a publicidade, submete-se às normas dos serviços aéreos públicos especializados (artigo 201).

Art. 16.Ninguém poderá opor-se, em razão de direito de propriedade na superfície, ao sobrevôo de aeronave, sempre que este se realize de acordo com as normas vigentes.

§ 1° - No caso de pouso de emergência ou forçado, o proprietário ou possuidor do solo não poderá opor-se à retirada ou partida da aeronave, desde que lhe seja dada garantia de reparação do dano.§ 2° - A falta de garantia autoriza o seqüestro da aeronave e a sua retenção até que aquela se efetive.§ 3° - O lançamento de coisas, de bordo de aeronave, dependerá de permissão prévia de autoridade aeronáutica, salvo caso de emergência, devendo o Comandante proceder de acordo com o disposto no artigo 171 deste Código.§ 4° - O prejuízo decorrente do sobrevôo, do pouso de emergência, do lançamento de objetos ou alijamento poderá ensejar responsabilidade.

Art. 17. É proibido efetuar, com qualquer aeronave, vôos de acrobacia ou evolução que possam constituir perigo para os ocupantes do aparelho, para o tráfego aéreo, para instalações ou pessoas na superfície.

Parágrafo único. Excetuam-se da proibição, os vôos de prova, produção e demonstração quando realizados pelo fabricante ou por unidades especiais, com a observância das normas fixadas pela autoridade aeronáutica.

Art. 18. O Comandante de aeronave que receber de órgão controlador de vôo ordem para pousar deverá dirigir-se, imediatamente, para o aeródromo que lhe for indicado e nele efetuar o pouso.

51

§ 1° - Se razões técnicas, a critério do Comandante, impedirem de fazê-lo no aeródromo indicado, deverá ser solicitada ao órgão controlador a determinação de aeródromo alternativo que ofereça melhores condições de segurança.§ 2° - No caso de manifesta inobservância da ordem recebida, a autoridade aeronáutica poderá requisitar os meios necessários para interceptar ou deter a aeronave.§ 3° - Na hipótese do parágrafo anterior, efetuado o pouso, será autuada a tripulação e apreendida a aeronave (artigos 13 e 303 a 311).§ 4° - A autoridade aeronáutica que, excedendo suas atribuições e sem motivos relevantes, expedir a ordem de que trata o caput deste artigo, responderá pelo excesso cometido, sendo-lhe aplicada a pena de suspensão por prazo que variará de 30 (trinta) a 90 (noventa) dias, conversíveis em multa.

Art. 19. Salvo motivo de força maior, as aeronaves só poderão decolar ou pousar em aeródromo cujas características comportarem suas operações.

Parágrafo único. Os pousos e decolagens deverão ser executados, de acordo com procedimentos estabelecidos, visando à segurança do tráfego, das instalações aeroportuárias e vizinhas, bem como a segurança e bem-estar da população que, de alguma forma, possa ser atingida pelas operações.

Art. 20. Salvo permissão especial, nenhuma aeronave poderá voar no espaço aéreo brasileiro, aterrissar no território subjacente ou dele decolar, a não ser que tenha:

I - marcas de nacionalidade e matrícula, e esteja munida dos respectivos certificados de matrícula e aeronavegabilidade (artigos 109 a 114);II - equipamentos de navegação, de comunicações e de salvamento, instrumentos, cartas e manuais necessários à segurança do vôo, pouso e decolagem;III - tripulação habilitada, licenciada e portadora dos respectivos certificados, do Diário de Bordo (artigo 84, parágrafo único) da lista de passageiros, manifesto de carga ou relação de mala postal que, eventualmente, transportar.

Parágrafo único. Pode a autoridade aeronáutica, mediante regulamento, estabelecer as condições para vôos experimentais, realizados pelo fabricante de aeronave, assim como para os vôos de translado.

Art. 21. Salvo com autorização especial de órgão competente, nenhuma aeronave poderá transportar explosivos, munições, arma de fogo, material bélico, equipamento destinado a levantamento aerofotogramétrico ou de prospecção, ou ainda quaisquer outros objetos ou substâncias consideradas perigosas para a segurança pública, da própria aeronave ou de seus ocupantes.

Parágrafo único. O porte de aparelhos fotográficos, cinematográficos, eletrônicos ou nucleares, a bordo de aeronave, poderá ser impedido quando a segurança da navegação aérea ou o interesse público assim o exigir.

SEÇÃO VDas Zonas de Proteção

Art. 43. As propriedades vizinhas dos aeródromos e das instalações de auxílio à navegação aérea estão sujeitas a restrições especiais.

Parágrafo único. As restrições a que se refere este artigo são relativas ao uso das propriedades quanto a edificações, instalações, culturas agrícolas e objetos de natureza permanente ou temporária, e tudo mais que possa embaraçar as operações de aeronaves ou causar interferência nos sinais dos auxílios à radionavegação ou dificultar a visibilidade de auxílios visuais.

52

Art. 44. As restrições de que trata o artigo anterior são as especificadas pela autoridade aeronáutica, mediante aprovação dos seguintes planos, válidos, respectivamente, para cada tipo de auxílio à navegação aérea:

I - Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos;II - Plano de Zoneamento de Ruído;III - Plano Básico de Zona de Proteção de Helipontos;IV - Planos de Zona de Proteção e Auxílios à Navegação Aérea.

§ 1° De conformidade com as conveniências e peculiaridades de proteção ao vôo, a cada aeródromo poderão ser aplicados Planos Específicos, observadas as prescrições, que couberem, dos Planos Básicos.§ 2° O Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos, o Plano Básico de Zoneamento de Ruído, o Plano de Zona de Proteção de Helipontos e os Planos de Zona de Proteção e Auxílios à Navegação Aérea serão aprovados por ato do Presidente da República.§ 3° Os Planos Específicos de Zonas de Proteção de Aeródromos e Planos Específicos de Zoneamento de Ruído serão aprovados por ato do Ministro da Aeronáutica e transmitidos às administrações que devam fazer observar as restrições.§ 4° As Administrações Públicas deverão compatibilizar o zoneamento do uso do solo, nas áreas vizinhas aos aeródromos, às restrições especiais, constantes dos Planos Básicos e Específicos.§ 5° As restrições especiais estabelecidas aplicam-se a quaisquer bens, quer sejam privados ou públicos.

Art. 45. A autoridade aeronáutica poderá embargar a obra ou construção de qualquer natureza que contrarie os Planos Básicos ou os Específicos de cada aeroporto, ou exigir a eliminação dos obstáculos levantados em desacordo com os referidos planos, posteriormente à sua publicação, por conta e risco do infrator, que não poderá reclamar qualquer indenização.Art. 46. Quando as restrições estabelecidas impuserem demolições de obstáculos levantados antes da publicação dos Planos Básicos ou Específicos, terá o proprietário direito à indenização.

TÍTULO IVDas Aeronaves

CAPÍTULO IDisposições Gerais

Art. 106. Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em vôo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas.

Parágrafo único. A aeronave é bem móvel registrável para o efeito de nacionalidade, matrícula, aeronavegabilidade (artigos 72, I, 109 e 114), transferência por ato entre vivos (artigos 72, II e 115, IV), constituição de hipoteca (artigos 72, II e 138), publicidade (artigos 72, III e 117) e cadastramento geral (artigo 72, V).

Art. 107. As aeronaves classificam-se em civis e militares.§ 1° Consideram-se militares as integrantes das Forças Armadas, inclusive as requisitadas na forma da lei, para missões militares (artigo 3°, I).§ 2° As aeronaves civis compreendem as aeronaves públicas e as aeronaves privadas.§ 3° As aeronaves públicas são as destinadas ao serviço do Poder Público, inclusive as requisitadas na forma da lei; todas as demais são aeronaves privadas.

53

§ 4° As aeronaves a serviço de entidades da Administração Indireta Federal, Estadual ou Municipal são consideradas, para os efeitos deste Código, aeronaves privadas (artigo 3°, II).§ 5° Salvo disposição em contrário, os preceitos deste Código não se aplicam às aeronaves militares, reguladas por legislação especial (artigo 14, § 6°).

CAPÍTULO IIDa Nacionalidade, Matrícula e Aeronavegabilidade

SEÇÃO IDa Nacionalidade e Matrícula

Art. 108. A aeronave é considerada da nacionalidade do Estado em que esteja matriculada.Art. 109. O Registro Aeronáutico Brasileiro, no ato da inscrição, após a vistoria técnica, atribuirá as marcas de nacionalidade e matrícula, identificadoras da aeronave.

§ 1° A matrícula confere nacionalidade brasileira à aeronave e substitui a matrícula anterior, sem prejuízo dos atos jurídicos realizados anteriormente.§ 2° Serão expedidos os respectivos certificados de matrícula e nacionalidade e de aeronavegabilidade.

Art. 110. A matrícula de aeronave já matriculada em outro Estado pode ser efetuada pelo novo adquirente, mediante a comprovação da transferência da propriedade; ou pelo explorador, mediante o expresso consentimento do titular do domínio.

Parágrafo único. O consentimento do proprietário pode ser manifestado, por meio de mandato especial, em cláusula do respectivo contrato de utilização de aeronave, ou em documento separado.

Art. 111. A matrícula será provisória quando:I - feita pelo explorador, usuário, arrendatário, promitente-comprador ou por quem, sendo possuidor, não tenha a propriedade, mas tenha o expresso mandato ou consentimento do titular do domínio da aeronave;II - o vendedor reserva, para si a propriedade da aeronave até o pagamento total do preço ou até o cumprimento de determinada condição, mas consente, expressamente, que o comprador faça a matrícula.

§ 1° A ocorrência da condição resolutiva, estabelecida no contrato, traz como conseqüência o cancelamento da matrícula, enquanto a quitação ou a ocorrência de condição suspensiva autoriza a matrícula definitiva.§ 2° O contrato de compra e venda, a prazo, desde que o vendedor não reserve para si a propriedade, enseja a matrícula definitiva.

Art. 112. As marcas de nacionalidade e matrícula serão canceladas:I - a pedido do proprietário ou explorador quando deva inscrevê-la em outro Estado, desde que não exista proibição legal (artigo 75 e Parágrafo único);II - ex officio quando matriculada em outro país;III - quando ocorrer o abandono ou perecimento da aeronave.

Art. 113. As inscrições constantes do Registro Aeronáutico Brasileiro serão averbadas no certificado de matrícula da aeronave.

SEÇÃO IIDo Certificado de Aeronavegabilidade

54

Art. 114. Nenhuma aeronave poderá ser autorizada para o vôo sem a prévia expedição do correspondente certificado de aeronavegabilidade que só será válido durante o prazo estipulado e enquanto observadas as condições obrigatórias nele mencionadas (artigos 20 e 68, § 2°).

§ 1º São estabelecidos em regulamento os requisitos, condições e provas necessários à obtenção ou renovação do certificado, assim como o prazo de vigência e casos de suspensão ou cassação.§ 2° Poderão ser convalidados os certificados estrangeiros de aeronavegabilidade que atendam aos requisitos previstos no regulamento de que trata o parágrafo anterior, e às condições aceitas internacionalmente.

TÍTULO VIDos Serviços Aéreos

CAPÍTULO IIntrodução

Art. 174. Os serviços aéreos compreendem os serviços aéreos privados (artigos 177 a 179) e os serviços aéreos públicos (artigos 180 a 221).Art. 175. Os serviços aéreos públicos abrangem os serviços aéreos especializados públicos e os serviços de transporte aéreo público de passageiro, carga ou mala postal, regular ou não regular, doméstico ou internacional.

§ 1° A relação jurídica entre a União e o empresário que explora os serviços aéreos públicos pauta-se pelas normas estabelecidas neste Código e legislação complementar e pelas condições da respectiva concessão ou autorização.§ 2º A relação jurídica entre o empresário e o usuário ou beneficiário dos serviços é contratual, regendo-se pelas respectivas normas previstas neste Código e legislação complementar, e, em se tratando de transporte público internacional, pelo disposto nos Tratados e Convenções pertinentes (artigos 1°, § 1°; 203 a 213).§ 3° No contrato de serviços aéreos públicos, o empresário, pessoa física ou jurídica, proprietário ou explorador da aeronave, obriga-se, em nome próprio, a executar determinados serviços aéreos, mediante remuneração, aplicando-se o disposto nos artigos 222 a 245 quando se tratar de transporte aéreo regular.

Art. 176. O transporte aéreo de mala postal poderá ser feito, com igualdade de tratamento, por todas as empresas de transporte aéreo regular, em suas linhas, atendendo às conveniências de horário, ou mediante fretamento especial.

§ 1° No transporte de remessas postais o transportador só é responsável perante a Administração Postal na conformidade das disposições aplicáveis às relações entre eles.§ 2° Salvo o disposto no parágrafo anterior, as disposições deste Código não se aplicam ao transporte de remessas postais.

CAPÍTULO IIServiços Aéreos Privados

Art. 177. Os serviços aéreos privados são os realizados, sem remuneração, em benefício do próprio operador (artigo 123, II) compreendendo as atividades aéreas:

I - de recreio ou desportivas;II - de transporte reservado ao proprietário ou operador da aeronave;III - de serviços aéreos especializados, realizados em benefício exclusivo do proprietário ou operador da aeronave.

55

Art. 178. Os proprietários ou operadores de aeronaves destinadas a serviços aéreos privados, sem fins comerciais, não necessitam de autorização para suas atividades aéreas (artigo 14, § 2°).

§ 1° As aeronaves e os operadores deverão atender aos respectivos requisitos técnicos e a todas as disposições sobre navegação aérea e segurança de vôo, assim como ter, regularmente, o seguro contra danos às pessoas ou bens na superfície e ao pessoal técnico a bordo.§ 2° As aeronaves de que trata este artigo não poderão efetuar serviços aéreos de transporte público (artigo 267, § 2°).

Art. 179. As pessoas físicas ou jurídicas que, em seu único e exclusivo benefício, se dediquem à formação ou adestramento de seu pessoal técnico, poderão fazê-lo mediante a anuência da autoridade aeronáutica.

CAPÍTULO IVDos Serviços Aéreos Especializados

Art. 201. Os serviços aéreos especializados abrangem as atividades aéreas de:I - aerofotografia, aerofotogrametria, aerocinematografia, aerotopografia;II - prospecção, exploração ou detectação de elementos do solo ou do subsolo, do mar, da plataforma submarina, da superfície das águas ou de suas profundezas;III - publicidade aérea de qualquer natureza;IV - fomento ou proteção da agricultura em geral;V - saneamento, investigação ou experimentação técnica ou científica;VI - ensino e adestramento de pessoal de vôo;VII - provocação artificial de chuvas ou modificação de clima;VIII - qualquer modalidade remunerada, distinta do transporte público.

Art. 202. Obedecerão a regulamento especial os serviços aéreos que tenham por fim proteger ou fomentar o desenvolvimento da agricultura em qualquer dos seus aspectos, mediante o uso de fertilizantes, semeadura, combate a pragas, aplicação de inseticidas, herbicidas, desfolhadores, povoamento de águas, combate a incêndios em campos e florestas e quaisquer outras aplicações técnicas e científicas aprovadas.

CAPÍTULO IIIDas Infrações

Art. 299. Será aplicada multa de (vetado) ate 1.000 (mil) valores de referência, ou de suspensão ou cassação de quaisquer certificados de matrícula, habilitação, concessão, autorização, permissão ou homologação expedidos segundo as regras deste Código, nos seguintes casos:

I - procedimento ou prática, no exercício das funções, que revelem falta de idoneidade profissional para o exercício das prerrogativas dos certificados de habilitação técnica;II - execução de serviços aéreos de forma a comprometer a ordem ou a segurança pública, ou com violação das normas de segurança dos transportes;III - cessão ou transferência da concessão, autorização ou permissão, sem licença da autoridade aeronáutica;IV - transferência, direta ou indireta, da direção ou da execução dos serviços aéreos concedidos ou autorizados;V - fornecimento de dados, informações ou estatísticas inexatas ou adulteradas;VI - recusa de exibição de livros, documentos contábeis, informações ou estatísticas aos agentes da fiscalização;

56

VII - prática reiterada de infrações graves;VIII - atraso no pagamento de tarifas aeroportuárias além do prazo estabelecido pela autoridade aeronáutica;IX - atraso no pagamento de preços específicos pela utilização de áreas aeroportuárias, fora do prazo estabelecido no respectivo instrumento.

Art. 300. A cassação dependerá de inquérito administrativo no curso do qual será assegurada defesa ao infrator.Art. 301. A suspensão poderá ser por prazo até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis por igual período.Art. 302. A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações:

I - infrações referentes ao uso das aeronaves:a) utilizar ou empregar aeronave sem matrícula;b) utilizar ou empregar aeronave com falsas marcas de nacionalidade ou de matrícula, ou sem que elas correspondam ao que consta do Registro Aeronáutico Brasileiro - RAB;c) utilizar ou empregar aeronave em desacordo com as prescrições dos respectivos certificados ou com estes vencidos;d) utilizar ou empregar aeronave sem os documentos exigidos ou sem que estes estejam em vigor;e) utilizar ou empregar aeronave em serviço especializado, sem a necessária homologação do órgão competente;f) utilizar ou empregar aeronave na execução de atividade diferente daquela para a qual se achar licenciado;g) utilizar ou empregar aeronave com inobservância das normas de tráfego aéreo, emanadas da autoridade aeronáutica;h) introduzir aeronave no País, ou utilizá-la sem autorização de sobrevôo;i) manter aeronave estrangeira em Território Nacional sem autorização ou sem que esta haja sido revalidada;j) alienar ou transferir, sem autorização, aeronave estrangeira que se encontre no País em caráter transitório, ressalvados os casos de execução judicial ou de medida cautelar;k) transportar, ciente do conteúdo real, carga ou material perigoso ou proibido, ou em desacordo com as normas que regulam o trânsito de materiais sujeitos a restrições;l) lançar objetos ou substâncias sem licença da autoridade aeronáutica, salvo caso de alijamento;m) trasladar aeronave sem licença;n) recuperar ou reconstruir aeronave acidentada, sem a liberação do órgão competente;o) realizar vôo com peso de decolagem ou número de passageiros acima dos máximos estabelecidos;p) realizar vôo com equipamento para levantamento aerofotogramétrico, sem autorização do órgão competente;q) transportar passageiro em lugar inadequado da aeronave;r) realizar vôo sem o equipamento de sobrevivência exigido;s) realizar vôo por instrumentos com aeronave não homologada para esse tipo de operação;t) realizar vôo por instrumentos com tripulação inabilitada ou incompleta;u) realizar vôo solo para treinamento de navegação sendo aluno ainda não habilitado para tal;

57

v) operar aeronave com plano de vôo visual, quando as condições meteorológicas estiverem abaixo dos mínimos previstos para esse tipo de operação;w) explorar sistematicamente serviços de táxi-aéreo fora das áreas autorizadas;x) operar radiofrequências não autorizadas, capazes de causar interferência prejudicial ao serviço de telecomunicações aeronáuticas.

II - infrações imputáveis a aeronautas e aeroviários ou operadores de aeronaves:a) preencher com dados inexatos documentos exigidos pela fiscalização;b) impedir ou dificultar a ação dos agentes públicos, devidamente credenciados, no exercício de missão oficial;c) pilotar aeronave sem portar os documentos de habilitação, os documentos da aeronave ou os equipamentos de sobrevivência nas áreas exigidas;d) tripular aeronave com certificado de habilitação técnica ou de capacidade física vencidos, ou exercer a bordo função para a qual não esteja devidamente licenciado ou cuja licença esteja expirada;e) participar da composição de tripulação em desacordo com o que estabelece este Código e suas regulamentações;f) utilizar aeronave com tripulante estrangeiro ou permitir a este o exercício de qualquer função a bordo, em desacordo com este Código ou com suas regulamentações;g) desobedecer às determinações da autoridade do aeroporto ou prestar-lhe falsas informações;h) infringir as Condições Gerais de Transporte ou as instruções sobre tarifas;i) desobedecer aos regulamentos e normas de tráfego aéreo;j) inobservar os preceitos da regulamentação sobre o exercício da profissão;k) inobservar as normas sobre assistência e salvamento;l) desobedecer às normas que regulam a entrada, a permanência e a saída de estrangeiro;m) infringir regras, normas ou cláusulas de Convenções ou atos internacionais;n) infringir as normas e regulamentos que afetem a disciplina a bordo de aeronave ou a segurança de vôo;o) permitir, por ação ou omissão, o embarque de mercadorias sem despacho, de materiais sem licença, ou efetuar o despacho em desacordo com a licença, quando necessária;p) exceder, fora dos casos previstos em lei, os limites de horas de trabalho ou de vôo;q) operar a aeronave em estado de embriaguez;r) taxiar aeronave para decolagem, ingressando na pista sem observar o tráfego;s) retirar-se de aeronave com o motor ligado sem tripulante a bordo;t) operar aeronave deixando de manter fraseologia-padrão nas comunicações radiotelefônicas;u) ministrar instruções de vôo sem estar habilitado.

III - infrações imputáveis à concessionária ou permissionária de serviços aéreos:a) permitir a utilização de aeronave sem situação regular no Registro Aeronáutico Brasileiro - RAB, ou sem observância das restrições do certificado de navegabilidade;b) permitir a composição de tripulação por aeronauta sem habilitação ou que, habilitado, não esteja com a documentação regular;c) permitir o exercício, em aeronave ou em serviço de terra, de pessoal não devidamente licenciado ou com a licença vencida;d) firmar acordo com outra concessionária ou permissionária, ou com terceiros, para estabelecimento de conexão, consórcio pool ou consolidação de serviços ou interesses, sem consentimento expresso da autoridade aeronáutica;

58

e) não observar as normas e regulamentos relativos à manutenção e operação das aeronaves;f) explorar qualquer modalidade de serviço aéreo para a qual não esteja devidamente autorizada;g) deixar de comprovar, quando exigida pela autoridade competente, a contratação dos seguros destinados a garantir sua responsabilidade pelos eventuais danos a passageiros, tripulantes, bagagens e cargas, bem assim, no solo a terceiros;h) aceitar, para embarque, mercadorias sem licença das autoridades competentes ou em desacordo com a regulamentação que disciplina o trânsito dessas mercadorias;i) ceder ou transferir ações ou partes de seu capital social, com direito a voto, sem consentimento expresso da autoridade aeronáutica, quando necessário (artigo 180);j) deixar de dar publicidade aos atos sociais de publicação obrigatória;k) deixar de recolher, na forma e nos prazos da regulamentação respectiva, as tarifas, taxas, preços públicos e contribuições a que estiver obrigada;l) recusar a exibição de livro, documento, ficha ou informação sobre seus serviços, quando solicitados pelos agentes da fiscalização aeronáutica;m) desrespeitar convenção ou ato internacional a que estiver obrigada;n) não observar, sem justa causa, os horários aprovados;o) infringir as normas que disciplinam o exercício da profissão de aeronauta ou de aeroviário;p) deixar de transportar passageiro com bilhete marcado ou com reserva confirmada ou, de qualquer forma, descumprir o contrato de transporte;q) infringir as tarifas aprovadas, prometer ou conceder, direta ou indiretamente, desconto, abatimento, bonificação, utilidade ou qualquer vantagem aos usuários, em função da utilização de seus serviços de transporte;r) simular como feita, total ou parcialmente, no exterior, a compra de passagem vendida no País, a fim de burlar a aplicação da tarifa aprovada em moeda nacional;s) promover qualquer forma de publicidade que ofereça vantagem indevida ao usuário ou que lhe forneça indicação falsa ou inexata acerca dos serviços, induzindo-o em erro quanto ao valor real da tarifa aprovada pela autoridade aeronáutica;t) efetuar troca de transporte por serviços ou utilidades, fora dos casos permitidos;u) infringir as Condições Gerais de Transporte, bem como as demais normas que dispõem sobre os serviços aéreos;v) deixar de informar à autoridade aeronáutica a ocorrência de acidente com aeronave de sua propriedade;w) deixar de apresentar nos prazos previstos o Resumo Geral dos resultados econômicos e estatísticos, o Balanço e a Demonstração de lucros e perdas;x) deixar de requerer dentro do prazo previsto a inscrição de atos exigidos pelo Registro Aeronáutico Brasileiro;y) deixar de apresentar, semestralmente, a relação de acionistas;z) deixar de apresentar, semestralmente, a relação de transferências.

IV - infrações imputáveis a empresas de manutenção, reparação ou distribuição de aeronaves e seus componentes:

a) inobservar instruções, normas ou requisitos estabelecidos pela autoridade aeronáutica;b) inobservar termos e condições constantes dos certificados de homologação e respectivos adendos;c) modificar aeronave ou componente, procedendo à alteração não prevista por órgão homologador;

59

d) executar deficientemente serviço de manutenção ou de distribuição de componentes, de modo a comprometer a segurança do vôo;e) deixar de cumprir os contratos de manutenção ou inobservar os prazos assumidos para execução dos serviços de manutenção e distribuição de componentes;f) executar serviços de manutenção ou de reparação em desacordo com os manuais da aeronave, ou em aeronave acidentada, sem liberação do órgão competente;g) deixar de notificar ao órgão competente para homologação de produtos aeronáuticos, dentro do prazo regulamentar, qualquer defeito ou mau funcionamento que tenha afetado a segurança de algum vôo em particular e que possa repetir-se em outras aeronaves.

V - infrações imputáveis a fabricantes de aeronaves e de outros produtos aeronáuticos:a) inobservar prescrições e requisitos estabelecidos pela autoridade aeronáutica, destinados à homologação de produtos aeronáuticos;b) inobservar os termos e condições constantes dos respectivos certificados de homologação;c) alterar projeto de tipo aprovado, da aeronave ou de outro produto aeronáutico, sem que a modificação tenha sido homologada pela autoridade aeronáutica;d) deixar de notificar ao órgão competente para homologação de produtos aeronáuticos, dentro do prazo regulamentar, qualquer defeito ou mau funcionamento, acidente ou incidente de que, de qualquer modo, tenha ciência, desde que esse defeito ou mau funcionamento venha a afetar a segurança de vôo e possa repetir-se nas demais aeronaves ou produtos aeronáuticos cobertos pelo mesmo projeto de tipo aprovado;e) descumprir ou deixar de adotar, após a notificação a que se refere o número anterior e dentro do prazo estabelecido pelo órgão competente, as medidas de natureza corretiva ou sanadora de defeitos e mau funcionamento.

VI - infrações imputáveis a pessoas naturais ou jurídicas não compreendidas nos grupos anteriores:

a) executar ou utilizar serviços técnicos de manutenção, modificação ou reparos de aeronaves e de seus componentes, em oficina não homologada;b) executar serviços de recuperação ou reconstrução em aeronave acidentada, sem liberação do órgão competente;c) executar serviços de manutenção ou de reparação de aeronave e de seus componentes, sem autorização do órgão competente;d) utilizar-se de aeronave sem dispor de habilitação para sua pilotagem;e) executar qualquer modalidade de serviço aéreo sem estar devidamente autorizado;f) construir campo de pouso sem licença, utilizar campo de pouso sem condições regulamentares de uso, ou deixar de promover o registro de campo de pouso;g) implantar ou explorar edificação ou qualquer empreendimento em área sujeita a restrições especiais, com inobservância destas;h) prometer ou conceder, direta ou indiretamente, qualquer modalidade de desconto, prêmio, bonificação, utilidade ou vantagem aos adquirentes de bilhete de passagem ou frete aéreo;i) promover publicidade de serviço aéreo em desacordo com os regulamentos aeronáuticos, ou com promessa ou artifício que induza o público em erro quanto às reais condições do transporte e de seu preço;j) explorar serviços aéreos sem concessão ou autorização;k) vender aeronave de sua propriedade, sem a devida comunicação ao Registro Aeronáutico Brasileiro - RAB, ou deixar de atualizar, no RAB, a propriedade de aeronave adquirida;

60

l) instalar ou manter em funcionamento escola ou curso de aviação sem autorização da autoridade aeronáutica;m) deixar o proprietário ou operador de aeronave de recolher, na forma e nos prazos da respectiva regulamentação, as tarifas, taxas, preços públicos ou contribuições a que estiver obrigado.

CAPÍTULO IVDa Detenção, Interdição e Apreensão de Aeronave

Art. 303. A aeronave poderá ser detida por autoridades aeronáuticas, fazendárias ou da Polícia Federal, nos seguintes casos:

I - se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das convenções ou atos internacionais, ou das autorizações para tal fim;II - se, entrando no espaço aéreo brasileiro, desrespeitar a obrigatoriedade de pouso em aeroporto internacional;III - para exame dos certificados e outros documentos indispensáveis;IV - para verificação de sua carga no caso de restrição legal (artigo 21) ou de porte proibido de equipamento (parágrafo único do artigo 21);V - para averiguação de ilícito.

§ 1° A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios que julgar necessários para compelir a aeronave a efetuar o pouso no aeródromo que lhe for indicado.§ 2° Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será classificada como hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caput deste artigo e após autorização do Presidente da República ou autoridade por ele delegada. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.614, de 5.3.1998)§ 3° A autoridade mencionada no § 1° responderá por seus atos quando agir com excesso de poder ou com espírito emulatório. (§ 2°renumerado e alterado pela Lei nº 9.614, de 5.3.1998)

Art. 304. Quando, no caso do item IV, do artigo anterior, for constatada a existência de material proibido, explosivo ou apetrechos de guerra, sem autorização, ou contrariando os termos da que foi outorgada, pondo em risco a segurança pública ou a paz entre as Nações, a autoridade aeronáutica poderá reter o material de que trata este artigo e liberar a aeronave se, por força de lei, não houver necessidade de apreendê-la.

§ 1° Se a aeronave for estrangeira e a carga não puser em risco a segurança pública ou a paz entre as Nações, poderá a autoridade aeronáutica fazer a aeronave retornar ao país de origem pela rota e prazo determinados, sem a retenção da carga.§ 2° Embora estrangeira a aeronave, se a carga puser em risco a segurança pública e a paz entre os povos, poderá a autoridade aeronáutica reter o material bélico e fazer retornar a aeronave na forma do disposto no parágrafo anterior.

Art. 305. A aeronave pode ser interditada:I - nos casos do artigo 302, I, alíneas a até n; II, alíneas c, d, g e j; III, alíneas a, e, f e g; e V, alíneas a a e;II - durante a investigação de acidente em que estiver envolvida.

§ 1° Efetuada a interdição, será lavrado o respectivo auto, assinado pela autoridade que a realizou e pelo responsável pela aeronave.§ 2° Será entregue ao responsável pela aeronave cópia do auto a que se refere o parágrafo anterior.

61

4.B – Comando da Aeronáutica. Portaria CA/GC5 nº 190, de 20 de março de 2001 (modificada pela Portaria CA/GC5 nº 890, de 26.11.2001). Aprova as Instruções Reguladoras para autorização e funcionamento de empresas de táxi aéreo e de serviço aéreo especializado.

INSTRUÇÕES REGULADORAS PARA AUTORIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE EMPRESAS DE TÁXI AÉREO E DE SERVIÇO AÉREO ESPECIALIZADO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º. As presentes Instruções Reguladoras têm por finalidade a aprovação de normas sobre a autorização e o funcionamento de empresas que têm por objetivo a exploração dos serviços de Táxi Aéreo e de Serviço Aéreo Especializado.Art. 2º. Para os efeitos destas Instruções, ficam definidas as seguintes conceituações:

I - Autorização para Funcionamento Jurídico - ato administrativo unilateral, emanado da autoridade aeronáutica, revogável a qualquer tempo e independente de interpelação, que autoriza a pessoa jurídica a se constituir como empresa de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado;II - Verificação de Condições para Operar - avaliação realizada na empresa, a qual informou estar em condições de iniciar suas atividades, nos aspectos jurídico, econômico e operacional, com o objetivo de comprovar o cumprimento das exigências contidas nestas Instruções;III - Autorização para Operar - ato administrativo unilateral, emanado da autoridade aeronáutica, revogável a qualquer tempo e independente de interpelação, que autoriza a empresa de Táxi Aéreo ou de Serviço Aéreo Especializado a iniciar suas atividades operacionais;IV - Busca Prévia - providência que antecede ao pedido de autorização para funcionamento jurídico a fim de determinar a razão social da futura empresa. Consiste em consulta, formalizada através de documento, ao Departamento de Aviação Civil - DAC e à Junta Comercial ou sua representante legal onde a empresa terá sua sede social;V - Razão Social - designação concedida a uma sociedade comercial para indicar a pessoa jurídica que dela deriva;VI - Sede Social - local em que a sociedade comercial instala sua administração ou direção e onde os seus componentes podem deliberar, segundo as regras estatutárias;VII - Sede Operacional - aeródromo, homologado ou registrado, indicado pela empresa, no qual deverão ser centralizados os controles técnicos e a maioria das suas atividades operacionais;VIII - Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo - CHETA - documento emitido pelo DAC que certifica o cumprimento, por empresa de transporte aéreo público, de requisitos mínimos estabelecidos nos regulamentos aprovados;IX - Empresa de Táxi Aéreo - pessoa jurídica brasileira constituída e autorizada a executar o serviço de transporte aéreo público não-regular, na atividade definida como táxi aéreo;X - Táxi Aéreo - transporte aéreo público não-regular, executado mediante remuneração convencionada entre o usuário e o transportador, visando proporcionar atendimento imediato, independente de horário, percurso ou escala, compreendendo as seguintes operações:a) transporte de passageiros;b) transporte de cargas;

62

c) transporte de enfermos;d) vôo panorâmico;e) ligações sistemáticas; f) lançamento de pára-quedista; eg) transporte "on-shore" e "off-shore".XI - Ligações Aéreas Sistemáticas - operações realizadas por empresas de táxi aéreo, com origem e destino em território brasileiro, ligando duas ou mais localidades não servidas por linhas aéreas regulares, com freqüência mínima de uma ligação semanal;XII - Transporte Aéreo de Enfermos - operações realizadas por empresas de táxi aéreo, dentro de requisitos previstos em regulamentação específica do DAC e do Conselho Federal de Medicina. Consiste no emprego de aeronave homologada para o transporte de enfermos, dotada de equipamentos médicos, fixos ou removíveis, com suporte médico necessário ao atendimento a ser prestado durante o vôo por profissionais de saúde. O fretamento de táxi aéreo para a remoção de pacientes, dando-lhes o tratamento de passageiros comuns, sem que a aeronave tenha sido especificamente equipada para o serviço e sem o suporte de profissionais de saúde, não se enquadra nas presentes Instruções como transporte aéreo de enfermos, sujeitando-se a empresa, neste caso, a todas as responsabilidades e conseqüências advindas do tratamento dispensado ao paciente a bordo;XIII - Empresa de Serviço Aéreo Especializado - pessoa jurídica brasileira, constituída e autorizada a executar atividade definida como serviço aéreo especializado; eXIV - Serviço Aéreo Especializado - atividade aérea distinta de transporte aéreo público. As atividades definidas como serviço aéreo especializado e as particularidades de cada uma delas são assim definidas:

a) Aerolevantamento: conjunto de operações para obtenção de informações da parte terrestre, aérea ou marítima do território nacional, por meio de sensor instalado em plataforma aérea, complementadas pelo registro e análise dos dados colhidos, utilizando recursos da própria plataforma ou de estação localizada à distância, compreendendo as seguintes operações:

1. aeroprospecção; e 2. aerofotogrametria.

b) Aerodemonstração: atividade aérea destinada à realização de manobras especiais, visando a atração do público em eventos;c) Aeroagrícola: atividade aérea com a finalidade de proteger ou fomentar o desenvolvimento da agricultura em quaisquer de seus aspectos, mediante o uso de fertilizantes, semeadura, combate a incêndios em campos e florestas, a pragas e a vetores propagadores de doenças, aplicação de herbicidas, desfolhadores e povoamento de águas;d) Aeropublicidade: atividade aérea com a finalidade de fazer propaganda comercial, compreendendo as seguintes operações:

1. reboque de faixa;2. inscrição com fumaça;3. fixação de adesivos ou pinturas em aeronaves;4. exposição de letreiros luminosos; e5. fotos e filmagens de locais previamente escolhidos, com o intuito de incrementar a propaganda e o turismo.

e) Apoio Aéreo: atividade aérea que consiste na obtenção e no arquivo de sons e imagens, através do uso de equipamentos especiais, visando ao monitoramento de instalações, incluindo o acompanhamento de veículos conduzindo pessoas ou cargas. Este serviço não se refere à segurança pública ou privada, sendo vedado o transporte e o uso de armamentos a bordo das aeronaves

63

f) Aeroreportagem: atividade aérea com a finalidade de registrar ou acompanhar acontecimentos, em atendimento aos meios de comunicação;g) Aeroinspeção: atividade aérea que tem por objetivo inspecionar oleodutos, gasodutos, linhas de alta tensão e obras de engenharia e reflorestamento;h) Aerofotografia: atividade aérea que tem por objetivo realizar fotografias aéreas, sem o uso de equipamentos que caracterizem o aerolevantamento, aeroreportagem ou aeropublicidade;i) Aerocinematografia: atividade aérea que tem objetivo realizar filmagens aéreas, sem caracterizar aerolevantamento, aeroreportagem ou aeropublicidade; emj) Combate a Incêndios: atividade aérea que tem por objetivo o combate a incêndios.

CAPÍTULO IIAUTORIZAÇÃO

SEÇÃO IAUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAMENTO JURÍDICO

Art. 3º. A autorização para funcionamento jurídico de empresa de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado será outorgada à pessoa jurídica que for constituída segundo as normas dispostas na Lei nº 7565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica, e que satisfizer os requisitos previstos nestas Instruções.Art. 4º. O pedido de autorização para funcionamento jurídico deverá ser formalizado em requerimento dirigido ao Exmo. Sr. Diretor-Geral do, podendo ser enviado através dos Serviços Regionais de Aviação Civil - SERAC, precedido de busca prévia da razão social pretendida pela empresa, instruído com a seguinte documentação:

I - comprovante de pagamento do emolumento no valor estipulado pela autoridade aeronáutica;;II - atos constitutivos formalizados em, no mínimo, 05 (cinco) vias originais, contendo as seguintes cláusulas obrigatórias:

a) capital social subscrito nos limites mínimos estabelecidos em regulamentação específica do DAC, bem como a forma e o prazo de sua integralização;b) subscrição do capital social por brasileiros na proporção de 4/5 (quatro quintos);c) administração atribuída a brasileiros residentes no País; ed) as modificações dos atos constitutivos dependerão de prévia autorização do DAC para serem apresentadas ao Registro de Comércio.

III - constar da denominação social da empresa sua atividade aérea principal;IV - cópia da Carteira de Identidade e do Cartão de Identificação do Contribuinte dos sócios e acionistas com direito a voto;V - especificação das sedes social e operacional;:VI - comprovante de anuência prévia do Ministério da Defesa, em se tratando de empresa de aerolevantamento;VII - especificação das aeronaves que a empresa planeja usar na atividade;VIII - certidão dos sócios de que não possuem débitos vencidos e não negociados junto à Receita Federal;IX - certidão negativa de débitos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e certidão de regularidade de situação junto ao Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), para sócios, quando pessoa jurídica;X - certidão negativa dos sócios junto à Justiça Federal, da Vara de Execuções Cíveis e Criminais; e

64

XI - na existência de pessoa jurídica como sócia, deverão ser apresentados o contrato social e a última alteração contratual, quando se tratar de regime por quotas de responsabilidade limitada, ou o Estatuto Social atualizado e o último boletim de subscrição de ações com direito a voto, com a completa qualificação dos acionistas, quando se tratar de sociedade anônima.

Art.5º. As certidões exigidas nos incisos VIII e X do artigo anterior, quando se tratar de sócios de sociedade anônima, deverão ser emitidas em nome de seus representantes legais.Art. 6º. A autorização para funcionamento jurídico tem validade de 01 (um) ano, a partir da data de publicação da correspondente Portaria no Diário Oficial da União, e não habilita a exploração dos serviços aéreos.

SEÇÃO IIAUTORIZAÇÃO PARA OPERAR

Art. 7º. A autorização para operar será outorgada à empresa de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado, após verificação de suas condições jurídica, econômica e operacional.

Parágrafo único. A aprovação da portaria de autorização para operar não invalida os atos referentes à constituição jurídica.

Art. 8º. A verificação das condições para operar deverá ser requerida pela empresa dentro do prazo de validade da autorização para funcionamento jurídico.

§ 1º Durante a verificação das condições para operar, deverá ser fornecido pela empresa ou apresentado aos inspetores do DAC os seguintes itens:

I - cópia dos atos constitutivos arquivados na Junta Comercial;II - cópia do cartão de inscrição da empresa junto ao Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - CNPJ;III - escrituração comercial em processamento, considerando todos os fatos contábeis até então reconhecidos e materializados através dos Livros Diário e Razão, na fase pré-operacional, independente da forma de tributação que a empresa optou junto ao Poder Fazendário;IV - aeronave, própria ou arrendada, registrada na categoria prevista e homologada para o serviço pretendido;V - coletânea de regulamentação normativa referente à atividade pretendida;VI - comprovação de representação da empresa nos locais indicados como sede social e sede operacional;VII - declaração de que os serviços serão realizados em empresa homologada para a manutenção das aeronaves; VIII - declaração da existência dos serviços de pilotos devidamente habilitados;IX - declaração da existência dos serviços de agente de segurança de vôo, credenciado pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - SIPAER, para assessorar as operações aéreas; eX - o CHETA, emitido pelo DAC, em se tratando de empresa de táxi aéreo.

Art. 9º. As empresas de aerolevantamento deverão solicitar a inscrição junto ao Ministério da Defesa, após o recebimento da autorização para operar.Art. 10. A autorização para operar tem validade de até 05 (cinco) anos, contados a partir da data da publicação da portaria no Diário Oficial da União, podendo ser renovada por igual período em função do cumprimento do objetivo social e das demais condições previstas nestas Instruções.

SEÇÃO IIICAPITAL SOCIAL MÍNIMO

65

Art. 11. O capital social mínimo das empresas de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado deverá ser integralmente subscrito, em moeda corrente nacional ou em bens suscetíveis de avaliação, por ocasião da assinatura dos atos constitutivos.

§ 1º O capital social mínimo deverá ser totalmente integralizado em até 12 (doze) meses, a contar da data de expedição da Portaria para autorização de funcionamento jurídico.§ 2º A comprovação da integralização do capital social deverá ser formalizada mediante o encaminhamento ao DAC de cópia da folha do Livro Diário, a qual deverá ser assinada e identificada pelo responsável técnico e pelo sócio gerente da empresa, onde deverá constar o histórico dos lançamentos relativos aos respectivos fatos contábeis.

Art. 12. A empresa que pretender inserir mais de uma atividade aérea em seu objetivo social deverá subscrever o maior capital mínimo, dentre aquelas atividades que se propuser explorar.Art. 13. A empresa que realizar alterações nos atos constitutivos, visando à inclusão de mais de uma atividade aérea em seu objetivo social, deverá integralizar as diferenças resultantes no ato da assinatura do instrumento de alteração contratual ou estatutária correspondente.Art. 14. A redução do capital social que resultar em valor inferior ao mínimo fixado só poderá ser realizada para fins de absorção de prejuízos acumulados, devendo, no entanto, ser apresentada nova subscrição de ações ou de quotas, objetivando atingir o capital social mínimo, a ser integralizado em até 12 (doze) meses, a contar da data de assinatura da alteração.Art. 15. O valor do capital social mínimo, aplicável às empresas de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado, será fixado pelo DAC através de regulamentação específica.Art. 16. As atividades aéreas que forem aprovadas posteriormente a estas Instruções terão o capital social mínimo definido e divulgado pelo DAC.

CAPÍTULO III FUNCIONAMENTO

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 17. As empresas de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado deverão operar, no mínimo, 01 (uma) aeronave própria ou arrendada.Art. 18. O prazo máximo de paralisação das atividades, a partir da publicação, no Diário Oficial da União, da portaria de autorização para a empresa operar é de 12 (doze) meses, após o qual a empresa terá sua autorização revogada, a não ser em casos justificados e devidamente reconhecidos pelo DAC.Art. 19. As empresas de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado deverão conduzir suas operações em conformidade com portarias, Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica - RBHA, Instruções de Aviação Civil - IAC, normas referentes às habilitações dos pilotos para o exercício da atividade e regras de tráfego aéreo.

§ 1º As empresas de táxi aéreo deverão operar aeronaves matriculadas na categoria TPX.§ 2º As empresas de serviço aéreo especializado deverão operar aeronaves matriculadas na categoria SAE.§ 3º As empresas autorizadas como táxi aéreo e serviço aéreo especializado deverão ter aeronaves matriculadas nas categorias TPX e/ou SAE, de acordo com as atividades a serem executadas

Art. 20. As empresas de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado poderão fixar logomarcas de terceiros em suas aeronaves, desde que não haja remuneração específica por

66

esse trabalho e o mesmo seja concomitante e relacionado com a prestação do serviço para o qual a empresa foi contratada.Art. 21. Considera-se realizado mediante remuneração os serviços aéreos prestados pela empresa autorizada a qualquer de seus quotistas ou acionistas, quer sejam pessoas físicas ou jurídicas, devendo ser reconhecida pela contabilidade a receita correspondente.Art. 22. A administração das empresas que exploram os serviços de táxi aéreo e os serviços aéreos especializados deverá discriminar, nas notas fiscais emitidas, o tipo de serviço realizado e o prefixo da aeronave empregadaArt. 23. As empresas de táxi aéreo ou de serviço aéreo especializado ficam obrigadas a enviar ao DAC, o relatório de dados econômicos e estatísticos, o balanço patrimonial e o respectivo demonstrativo de resultados, dentro dos modelos e prazos estabelecidos em regulamentação aprovadaArt. 24. As empresas de táxi aéreo somente poderão operar com o CHETA e respectivas especificações operativas válidas.

SEÇÃO IIEXPLORAÇÃO DE MAIS DE UMA ATIVIDADE AÉREA

Art. 25. A exploração de mais de uma das atividades de que trata estas Instruções dependerá de consulta prévia ao DAC, acompanhada de devida fundamentação e especificação da aeronave que será utilizada, para que conste dos objetivos sociais da empresa.Art. 26. As atividades a serem exploradas deverão constar da autorização para operar da empresa.Art. 27. O Diretor-Geral do DAC poderá revogar a autorização para explorar qualquer das atividades, quando não forem observadas as prescrições técnicas e operacionais julgadas indispensáveis à segurança do vôo.

SEÇÃO IIILIGAÇÕES AÉREAS SISTEMÁTICAS

Art. 28. As empresas de táxi aéreo poderão realizar ligações sistemáticas, dependendo de prévia autorização do Departamento de Aviação Civil.Art. 29. O pedido de autorização para ligações sistemáticas deverá ser endereçado ao Exmo Sr. Diretor-Geral do Departamento de Aviação Civil, acompanhado das seguintes informações:

I - cidades a serem ligadas;II - freqüências;III - horários;IV - aeronave a ser empregada;V - tarifa proposta; eVI - data prevista para o início das operações.

Art. 30 A autorização somente será concedida para ligações entre cidades não contempladas com o transporte aéreo regular e o compromisso da realização de, no mínimo, uma freqüência semanal.

Parágrafo único. A empresa autorizada não terá exclusividade para a exploração da ligação concedida.

Art. 31 O explorador dos serviços de táxi aéreo, quando autorizado a realizar ligações sistemáticas, poderá divulgar tabela de preços e horários.Art. 32 Uma vez autorizada a realizar ligação sistemática, a empresa não fará jus à suplementação tarifária.

67

CAPÍTULO IVFISCALIZAÇÃO E PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

Art. 33. O DAC fiscalizará os serviços autorizados em conformidade com o que dispõe o Código Brasileiro de Aeronáutica.Art. 34. A autorização para a exploração dos serviços será revogada nas seguintes situações:

I - requerimento da empresa;II - paralisação das operações por período superior ao estabelecido nestas Instruções;III - falta de condições técnicas, econômicas, financeiras ou administrativas para continuar a exploração dos serviços com segurança;IV - inobservância ou descumprimento das leis, regulamentos e instruções aplicáveis aos serviços, bem como das condições definidas nas autorizações jurídica ou operacional;V - insolvência, falência ou liquidação judicial ou extrajudicial;VI - cassação do CHETA expedido pelo DAC; ouVII - pela não renovação da autorização.

Art. 35. A cassação das autorizações jurídica ou operacional dependerá de Inquérito Administrativo, no curso do qual será assegurada ampla defesa à empresa autorizada.Art. 36. Além das providências administrativas previstas neste Capítulo, a empresa estará sujeita a outras sanções dispostas no Código Brasileiro de Aeronáutica.

CAPITULO VDISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 37. Será entendido como desinteresse no exercício da atividade a não solicitação da renovação da autorização para operar, no prazo de 90 (noventa) dias anteriores ao seu vencimento e, neste caso, a portaria de autorização para operar da empresa será revogada "ex-offício".

Parágrafo único. A critério do DAC, a renovação da autorização para operar será precedida de verificação das condições da empresa, visando comprovar o cumprimento do objetivo social e das demais exigências previstas nestas Instruções.

Art. 38. A empresa que se propuser a explorar a atividade de aerolevantamento deverá observar as normas aprovadas pelo Ministério da Defesa, além das disposições contidas nestas Instruções.Art. 39. A empresa que se propuser a explorar a atividade aeroagrícola deverá observar as normas aprovadas pelo Ministério da Agricultura, além das disposições contidas nestas Instruções.Art. 40. É expressamente proibida a utilização de aeronaves experimentais para explorar os serviços de táxi aéreo ou serviço aéreo especializado.Art. 41. As aeronaves categoria TPP, formalmente vinculadas a clubes ou entidades aerodesportivas, poderão efetuar lançamento de pára-quedistas sem necessidade de pertencer à empresa de táxi aéreo, desde que sejam observadas as normas técnicas referentes às aeronaves e aos tripulantes, executando, neste caso, atividade aérea não remunerada.Art. 42. Não será autorizada a constituição de novas firmas de táxi aéreo individual. Em conseqüência, as firmas já aprovadas permanecerão operando até as datas de término de validade das respectivas Portarias, após o que não terão as autorizações de funcionamento renovadas. Caso haja interesse do proprietário da firma na continuidade das operações, deverá ser solicitada a constituição de uma empresa de táxi aéreo.Art. 43. Somente será autorizada a transferência total das cotas ou ações da empresa após a expedição da autorização para operar.

68

Art. 44. A empresa autorizada a funcionar deverá contribuir para o Fundo Aeroviário e manter escrituração específica para essa contribuição, podendo o DAC exigir a correspondente comprovação de regularidade.Art. 45. A empresa autorizada a funcionar deverá manter-se regular junto ao INSS, ao FGTS e com a Fazenda Nacional, podendo o DAC exigir as correspondentes comprovaçõesArt. 46. Os casos não previstos nestas Instruções serão resolvidos pelo Diretor-Geral do DAC.

69

_____________________________________________________________5. Planejamento territorial

Ao contrário do que ocorre em outros países, o planejamento territorial não é desenvolvido no Brasil, como deveria. Poucas e esparsas são as normas a respeito. Em 2001, porém, mudando este panorama no campo urbanístico (planejamento territorial em nível local), houve a promulgação do Estatuto da Cidade - que é a nossa aguardada lei geral de urbanismo - cuja eficácia ainda se espera. A interface dela com a Cartografia foi por mim explorada em texto que integra a apostila “O Direito na Cartografia”. Aqui se reproduz também a lei do parcelamento do solo urbano, em cuja atividade o Engenheiro Cartógrafo atua (aliás, como se pode ver na discutível Decisão Normativa do CONFEA nº 47, de 16 de dezembro de 1992), além da fonte constitucional do tema.

5.A – Constituição Federal de 1988. Da política urbana.

Art. 30. Compete aos Municípios:VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

Da Política Urbana

 Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.        § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.        § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.        § 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.         § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,      sob pena, sucessivamente, de:        I - parcelamento ou edificação compulsórios;        II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;        III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.         § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

70

        § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.         § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

5.B – Estatuto da Cidade Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da

Constituição Federal, estabelece distrizes gerais da política urbana e dá outras providências. No lugar da Seção VI – Da concessão de Usto Especial para Fins de Moradia (arts. 15-20), reproduz-se a Medida Provisória nº 2.220, de 4 de setembro de 2001, que dispõe sobre a concessão de usto especial de que trata o § 1º do art. 183 da Constituição, cria o Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano e dá outras providências.

CAPÍTULO IDIRETRIZES GERAIS

Art. 1o. Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.Art. 2o. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana;d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização;f) a deterioração das áreas urbanizadas;g) a poluição e a degradação ambiental;

71

VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência;VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência;IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização;X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais;XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos;XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais;XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais;XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social.

Art. 3o. Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana:I – legislar sobre normas gerais de direito urbanístico;II – legislar sobre normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em relação à política urbana, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional;III – promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;IV – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;V – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social.

CAPÍTULO IIDOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA

Seção IDos instrumentos em geral

Art. 4o. Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;

72

III – planejamento municipal, em especial:a) plano diretor;b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;c) zoneamento ambiental;d) plano plurianual;e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;f) gestão orçamentária participativa;g) planos, programas e projetos setoriais;h) planos de desenvolvimento econômico e social;

IV – institutos tributários e financeiros:a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU;b) contribuição de melhoria;c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;

V – institutos jurídicos e políticos:a) desapropriação;

b) servidão administrativa;c) limitações administrativas;d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;e) instituição de unidades de conservação;f) instituição de zonas especiais de interesse social;g) concessão de direito real de uso;h) concessão de uso especial para fins de moradia;i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;j) usucapião especial de imóvel urbano;l) direito de superfície;m) direito de preempção;n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;o) transferência do direito de construir;p) operações urbanas consorciadas;q) regularização fundiária;r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos;s) referendo popular e plebiscito;

VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).

§ 1o Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei.§ 2o Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração Pública com atuação específica nessa área, a concessão de direito real de uso de imóveis públicos poderá ser contratada coletivamente.§ 3o Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal devem ser objeto de controle social, garantida a participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.

Seção IIDo parcelamento, edificação ou utilização compulsórios

Art. 5o. Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado,

73

subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para implementação da referida obrigação.

§ 1o Considera-se subutilizado o imóvel:I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele decorrente;II – (VETADO)

§ 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no cartório de registro de imóveis.§ 3o A notificação far-se-á:

I – por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha poderes de gerência geral ou administração;II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na forma prevista pelo inciso I.

§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão municipal competente;II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do empreendimento.

§ 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a lei municipal específica a que se refere o caput poderá prever a conclusão em etapas, assegurando-se que o projeto aprovado compreenda o empreendimento como um todo.

Art. 6o. A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à data da notificação, transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos.

Seção IIIDo IPTU progressivo no tempo

Art. 7o. Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.

§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento.§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8o.§ 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva de que trata este artigo.

Seção IVDa desapropriação com pagamento em títulos

Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.

74

§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.§ 2o O valor real da indenização:

I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde o mesmo se localiza após a notificação de que trata o § 2o do art. 5o desta Lei;II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios.

§ 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento de tributos.§ 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximo de cinco anos, contado a partir da sua incorporação ao patrimônio público.§ 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos, o devido procedimento licitatório.§ 6o Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5o as mesmas obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei.

Seção VDa usucapião especial de imóvel urbano

Art. 9o. Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.§ 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.

75

Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo.Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana:

I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente;II – os possuidores, em estado de composse;III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados.

§ 1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério Público.§ 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de imóveis.

Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria de defesa, valendo a sentença que a reconhecer como título para registro no cartório de registro de imóveis.Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel urbano, o rito processual a ser observado é o sumário.

Seção VIDa concessão de uso especial para fins de moradia

(O texto integral desta seção foi vetado pelo Presidente da República. Tratando do tema, em setembro de 2001 foi baixada a Medida Provisória nº 2.220, que é reproduzida abaixo, com

destaque.)

CAPÍTULO IDA CONCESSÃO DE USO ESPECIAL

Art. 1o  Aquele que, até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o  A concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma gratuita ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.§ 2o  O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo concessionário mais de uma vez.§ 3o  Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, na posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.

Art. 2o  Nos imóveis de que trata o art. 1o, com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, que, até 30 de junho de 2001, estavam ocupados por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por possuidor, a concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma coletiva, desde que os possuidores não sejam proprietários ou concessionários, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o  O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.§ 2o  Na concessão de uso especial de que trata este artigo, será atribuída igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um

76

ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os ocupantes, estabelecendo frações ideais diferenciadas.§ 3o  A fração ideal atribuída a cada possuidor não poderá ser superior a duzentos e cinqüenta metros quadrados.

Art. 3o  Será garantida a opção de exercer os direitos de que tratam os arts. 1o e 2o também aos ocupantes, regularmente inscritos, de imóveis públicos, com até duzentos e cinqüenta metros quadrados, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que estejam situados em área urbana, na forma do regulamento.Art. 4o  No caso de a ocupação acarretar risco à vida ou à saúde dos ocupantes, o Poder Público garantirá ao possuidor o exercício do direito de que tratam os arts. 1o e 2o em outro local.Art. 5o  É facultado ao Poder Público assegurar o exercício do direito de que tratam os arts. 1o e 2o em outro local na hipótese de ocupação de imóvel:

I - de uso comum do povo;II - destinado a projeto de urbanização;III - de interesse da defesa nacional, da preservação ambiental e da proteção dos ecossistemas naturais;IV - reservado à construção de represas e obras congêneres; ouV - situado em via de comunicação.

Art. 6o  O título de concessão de uso especial para fins de moradia será obtido pela via administrativa perante o órgão competente da Administração Pública ou, em caso de recusa ou omissão deste, pela via judicial.

§ 1o  A Administração Pública terá o prazo máximo de doze meses para decidir o pedido, contado da data de seu protocolo.§ 2o  Na hipótese de bem imóvel da União ou dos Estados, o interessado deverá instruir o requerimento de concessão de uso especial para fins de moradia com certidão expedida pelo Poder Público municipal, que ateste a localização do imóvel em área urbana e a sua destinação para moradia do ocupante ou de sua família.§ 3o  Em caso de ação judicial, a concessão de uso especial para fins de moradia será declarada pelo juiz, mediante sentença.§ 4o  O título conferido por via administrativa ou por sentença judicial servirá para efeito de registro no cartório de registro de imóveis.

Art. 7o  O direito de concessão de uso especial para fins de moradia é transferível por ato inter vivos ou causa mortis.Art. 8o  O direito à concessão de uso especial para fins de moradia extingue-se no caso de:

I - o concessionário dar ao imóvel destinação diversa da moradia para si ou para sua família; ouII - o concessionário adquirir a propriedade ou a concessão de uso de outro imóvel urbano ou rural.

Parágrafo único.  A extinção de que trata este artigo será averbada no cartório de registro de imóveis, por meio de declaração do Poder Público concedente.

Art. 9o  É facultado ao Poder Público competente dar autorização de uso àquele que, até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais.

§ 1o  A autorização de uso de que trata este artigo será conferida de forma gratuita.§ 2o  O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.§ 3o  Aplica-se à autorização de uso prevista no caput deste artigo, no que couber, o disposto nos arts. 4o e 5o desta Medida Provisória.

77

CAPÍTULO IIDO CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO URBANO

Art. 10.  Fica criado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano - CNDU, órgão deliberativo e consultivo, integrante da estrutura da Presidência da República, com as seguintes competências:

I - propor diretrizes, instrumentos, normas e prioridades da política nacional de desenvolvimento urbano;II - acompanhar e avaliar a implementação da política nacional de desenvolvimento urbano, em especial as políticas de habitação, de saneamento básico e de transportes urbanos, e recomendar as providências necessárias ao cumprimento de seus objetivos;III - propor a edição de normas gerais de direito urbanístico e manifestar-se sobre propostas de alteração da legislação pertinente ao desenvolvimento urbano;IV - emitir orientações e recomendações sobre a aplicação da Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, e dos demais atos normativos relacionados ao desenvolvimento urbano;V - promover a cooperação entre os governos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e a sociedade civil na formulação e execução da política nacional de desenvolvimento urbano; eVI - elaborar o regimento interno.

Art. 11.  O CNDU é composto por seu Presidente, pelo Plenário e por uma Secretaria-Executiva, cujas atribuições serão definidas em decreto.

Parágrafo único.  O CNDU poderá instituir comitês técnicos de assessoramento, na forma do regimento interno.

Art. 12.  O Presidente da República disporá sobre a estrutura do CNDU, a composição do seu Plenário e a designação dos membros e suplentes do Conselho e dos seus comitês técnicos.Art. 13.  A participação no CNDU e nos comitês técnicos não será remunerada.Art. 14.  As funções de membro do CNDU e dos comitês técnicos serão consideradas prestação de relevante interesse público e a ausência ao trabalho delas decorrente será abonada e computada como jornada efetiva de trabalho, para todos os efeitos legais.

Seção VIIDo direito de superfície

Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis.

§ 1o O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a legislação urbanística.§ 2o A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita ou onerosa.§ 3o O superficiário responderá integralmente pelos encargos e tributos que incidirem sobre a propriedade superficiária, arcando, ainda, proporcionalmente à sua parcela de ocupação efetiva, com os encargos e tributos sobre a área objeto da concessão do direito de superfície, salvo disposição em contrário do contrato respectivo.§ 4o O direito de superfície pode ser transferido a terceiros, obedecidos os termos do contrato respectivo.§ 5o Por morte do superficiário, os seus direitos transmitem-se a seus herdeiros.

78

Art. 22. Em caso de alienação do terreno, ou do direito de superfície, o superficiário e o proprietário, respectivamente, terão direito de preferência, em igualdade de condições à oferta de terceiros.Art. 23. Extingue-se o direito de superfície:

I – pelo advento do termo;II – pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário.

Art. 24. Extinto o direito de superfície, o proprietário recuperará o pleno domínio do terreno, bem como das acessões e benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário no respectivo contrato.§ 1o Antes do termo final do contrato, extinguir-se-á o direito de superfície se o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para a qual for concedida.§ 2o A extinção do direito de superfície será averbada no cartório de registro de imóveis.

Seção VIIIDo direito de preempção

Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.

§ 1o Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.§ 2o O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado na forma do § 1o, independentemente do número de alienações referentes ao mesmo imóvel.

Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar de áreas para:

I – regularização fundiária;II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;III – constituição de reserva fundiária;IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana;V – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;VII – criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse ambiental;VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico;IX – (VETADO)

Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1o do art. 25 desta Lei deverá enquadrar cada área em que incidirá o direito de preempção em uma ou mais das finalidades enumeradas por este artigo.

Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que o Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo.

§ 1o À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinada por terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão preço, condições de pagamento e prazo de validade.§ 2o O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local ou regional de grande circulação, edital de aviso da notificação recebida nos termos do caput e da intenção de aquisição do imóvel nas condições da proposta apresentada.

79

§ 3o Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifestação, fica o proprietário autorizado a realizar a alienação para terceiros, nas condições da proposta apresentada.§ 4o Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado a apresentar ao Município, no prazo de trinta dias, cópia do instrumento público de alienação do imóvel.§ 5o A alienação processada em condições diversas da proposta apresentada é nula de pleno direito.§ 6o Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá adquirir o imóvel pelo valor da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for inferior àquele.

Seção IXDa outorga onerosa do direito de construir

Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.

§ 1o Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é a relação entre a área edificável e a área do terreno.§ 2o O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico único para toda a zona urbana ou diferenciado para áreas específicas dentro da zona urbana.§ 3o O plano diretor definirá os limites máximos a serem atingidos pelos coeficientes de aproveitamento, considerando a proporcionalidade entre a infra-estrutura existente e o aumento de densidade esperado em cada área.

Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá ser permitida alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.Art. 30. Lei municipal específica estabelecerá as condições a serem observadas para a outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso, determinando:

I – a fórmula de cálculo para a cobrança;II – os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga;III – a contrapartida do beneficiário.

Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso serão aplicados com as finalidades previstas nos incisos I a IX do art. 26 desta Lei.

Seção XDas operações urbanas consorciadas

Art. 32. Lei municipal específica, baseada no plano diretor, poderá delimitar área para aplicação de operações consorciadas.

§ 1o Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental.§ 2o Poderão ser previstas nas operações urbanas consorciadas, entre outras medidas:

I – a modificação de índices e características de parcelamento, uso e ocupação do solo e subsolo, bem como alterações das normas edilícias, considerado o impacto ambiental delas decorrente;II – a regularização de construções, reformas ou ampliações executadas em desacordo com a legislação vigente.

80

Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação urbana consorciada constará o plano de operação urbana consorciada, contendo, no mínimo:

I – definição da área a ser atingida;II – programa básico de ocupação da área;III – programa de atendimento econômico e social para a população diretamente afetada pela operação;IV – finalidades da operação;V – estudo prévio de impacto de vizinhança;VI – contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes e investidores privados em função da utilização dos benefícios previstos nos incisos I e II do § 2 o do art. 32 desta Lei;VII – forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado com representação da sociedade civil.

§ 1o Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na forma do inciso VI deste artigo serão aplicados exclusivamente na própria operação urbana consorciada.§ 2o A partir da aprovação da lei específica de que trata o caput, são nulas as licenças e autorizações a cargo do Poder Público municipal expedidas em desacordo com o plano de operação urbana consorciada.

Art. 34. A lei específica que aprovar a operação urbana consorciada poderá prever a emissão pelo Município de quantidade determinada de certificados de potencial adicional de construção, que serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no pagamento das obras necessárias à própria operação.

§ 1o Os certificados de potencial adicional de construção serão livremente negociados, mas conversíveis em direito de construir unicamente na área objeto da operação.§ 2o Apresentado pedido de licença para construir, o certificado de potencial adicional será utilizado no pagamento da área de construção que supere os padrões estabelecidos pela legislação de uso e ocupação do solo, até o limite fixado pela lei específica que aprovar a operação urbana consorciada.

Seção XIDa transferência do direito de construir

Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de imóvel urbano, privado ou público, a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura pública, o direito de construir previsto no plano diretor ou em legislação urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de:

I – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;II – preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural;III – servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda e habitação de interesse social.

§ 1o A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietário que doar ao Poder Público seu imóvel, ou parte dele, para os fins previstos nos incisos I a III do caput.§ 2o A lei municipal referida no caput estabelecerá as condições relativas à aplicação da transferência do direito de construir.

Seção XIIDo estudo de impacto de vizinhança

81

Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal.Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões:

I – adensamento populacional;II – equipamentos urbanos e comunitários;III – uso e ocupação do solo;IV – valorização imobiliária;V – geração de tráfego e demanda por transporte público;VI – ventilação e iluminação;VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por qualquer interessado.

Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.

CAPÍTULO IIIDO PLANO DIRETOR

Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei.Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.

§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.§ 2o O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:

I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade;II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.

§ 5o (VETADO) Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:

I – com mais de vinte mil habitantes;II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal;IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

82

§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no inciso V do caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas.§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.

Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:I – a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e de demanda para utilização, na forma do art. 5o desta Lei;II – disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35 desta Lei;III – sistema de acompanhamento e controle.

CAPÍTULO IVDA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE

Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos:

I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal;II – debates, audiências e consultas públicas;III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal;IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;V – (VETADO)

Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f do inciso III do art. 4o desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.Art. 45. Os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de suas atividades e o pleno exercício da cidadania.

CAPÍTULO VDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 46. O Poder Público municipal poderá facultar ao proprietário de área atingida pela obrigação de que trata o caput do art. 5o desta Lei, a requerimento deste, o estabelecimento de consórcio imobiliário como forma de viabilização financeira do aproveitamento do imóvel.

§ 1o Considera-se consórcio imobiliário a forma de viabilização de planos de urbanização ou edificação por meio da qual o proprietário transfere ao Poder Público municipal seu imóvel e, após a realização das obras, recebe, como pagamento, unidades imobiliárias devidamente urbanizadas ou edificadas.§ 2o O valor das unidades imobiliárias a serem entregues ao proprietário será correspondente ao valor do imóvel antes da execução das obras, observado o disposto no § 2o do art. 8o

desta Lei.Art. 47. Os tributos sobre imóveis urbanos, assim como as tarifas relativas a serviços públicos urbanos, serão diferenciados em função do interesse social.

83

Art. 48. Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração Pública com atuação específica nessa área, os contratos de concessão de direito real de uso de imóveis públicos:

I – terão, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se aplicando o disposto no inciso II do art. 134 do Código Civil;II – constituirão título de aceitação obrigatória em garantia de contratos de financiamentos habitacionais.

Art. 49. Os Estados e Municípios terão o prazo de noventa dias, a partir da entrada em vigor desta Lei, para fixar prazos, por lei, para a expedição de diretrizes de empreendimentos urbanísticos, aprovação de projetos de parcelamento e de edificação, realização de vistorias e expedição de termo de verificação e conclusão de obras.

Parágrafo único. Não sendo cumprida a determinação do caput, fica estabelecido o prazo de sessenta dias para a realização de cada um dos referidos atos administrativos, que valerá até que os Estados e Municípios disponham em lei de forma diversa.

Art. 50. Os Municípios que estejam enquadrados na obrigação prevista nos incisos I e II do art. 41 desta Lei que não tenham plano diretor aprovado na data de entrada em vigor desta Lei, deverão aprová-lo no prazo de cinco anos.Art. 51. Para os efeitos desta Lei, aplicam-se ao Distrito Federal e ao Governador do Distrito Federal as disposições relativas, respectivamente, a Município e a Prefeito.Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos envolvidos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o Prefeito incorre em improbidade administrativa, nos termos da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, quando:

I – (VETADO)II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado aproveitamento do imóvel incorporado ao patrimônio público, conforme o disposto no § 4o do art. 8o desta Lei;III – utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção em desacordo com o disposto no art. 26 desta Lei;IV – aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso em desacordo com o previsto no art. 31 desta Lei;V – aplicar os recursos auferidos com operações consorciadas em desacordo com o previsto no § 1o do art. 33 desta Lei;VI – impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos nos incisos I a III do § 4 o do art. 40 desta Lei;VII – deixar de tomar as providências necessárias para garantir a observância do disposto no § 3o do art. 40 e no art. 50 desta Lei;VIII – adquirir imóvel objeto de direito de preempção, nos termos dos arts. 25 a 27 desta Lei, pelo valor da proposta apresentada, se este for, comprovadamente, superior ao de mercado.

Art. 53. O art. 1o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a vigorar acrescido de novo inciso III, renumerando o atual inciso III e os subseqüentes: .(Vide Medida Provisória nº 2.180-35, de 24.8.2001)"Art. 1o ..............................................................................................................III – à ordem urbanística;......................................................." (NR)Art. 54. O art. 4o da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar com a seguinte redação:"Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO)." (NR)

84

Art. 55. O art. 167, inciso I, item 28, da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, alterado pela Lei no 6.216, de 30 de junho de 1975, passa a vigorar com a seguinte redação:"Art. 167. .......................................................I - ..............................................................................................................28) das sentenças declaratórias de usucapião, independente da regularidade do parcelamento do solo ou da edificação;......................................................." (NR)Art. 56. O art. 167, inciso I, da Lei no 6.015, de 1973, passa a vigorar acrescido dos seguintes itens 37, 38 e 39:"Art. 167. .......................................................I – .......................................................37) dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias da concessão de uso especial para fins de moradia, independente da regularidade do parcelamento do solo ou da edificação;38) (VETADO)39) da constituição do direito de superfície de imóvel urbano;" (NR)Art. 57. O art. 167, inciso II, da Lei no 6.015, de 1973, passa a vigorar acrescido dos seguintes itens 18, 19 e 20:"Art. 167. .......................................................II – .......................................................18) da notificação para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios de imóvel urbano;19) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia;20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano." (NR)Art. 58. Esta Lei entra em vigor após decorridos noventa dias de sua publicação.

5.C – Parcelamento do solo. Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979 (com alterações posteriores, em 1999 e 2004). Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências (foram inroduzidas algumas notas).

        Art. 1º - O parcelamento do solo para fins urbanos será regido por esta Lei.

        Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer normas complementares relativas ao parcelamento do solo municipal para adequar o previsto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais.

CAPÍTULO IDisposições Preliminares

        Art. 2º - O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das legislações estaduais e municipais pertinentes.         § 1º - Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes.         § 2º - considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na

85

abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou amplicação dos já existentes 1.        § 3º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99 2 )         § 4º Considera-se lote o terreno servido de infra-estrutura básica cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em que se situe.(Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 5º Consideram-se infra-estrutura básica os equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, redes de esgoto sanitário e abastecimento de água potável, e de energia elétrica pública e domiciliar e as vias de circulação pavimentadas ou não.(Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 6º A infra-estrutura básica dos parcelamentos situados nas zonas habitacionais declaradas por lei como de interesse social (ZHIS) consistirá, no mínimo, de: (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        I - vias de circulação; (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        II - escoamento das águas pluviais; (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        III - rede para o abastecimento de água potável; e(Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        IV - soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica domiciliar.(Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Art. 3º - Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal. (NR) (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99 3 )         Parágrafo único. Não será permitido o parcelamento do solo:         I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas;         II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados;         III - em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes;         IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação;         V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.

CAPÍTULO IIDos Requisitos Urbanísticos para Loteamento

        Art. 4º - Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:         I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de

1 No projeto de lei de 1998, oriundo da Câmara Federal – e que se transformou na “liberalizante” Lei nº 9.785/99 -, o conceito de desmembramento era mudado para o seguinte: “Considera-se desmembramento a subdivisão total ou parcial de gleba em lotes destinados à edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique a abertura de novas vias e logradouros públicos, ressalvados a modificação, a amplicação e o prolongamento dos já existentes ou a abertura de uma única via pública ou particular de acesso exclusivo aos novos lotes”. O texto foi muito corretamente vetado pelo Presidente da República.2 O texto vetado definia gleba da seguinte forma: “Considera-se gleba o terreno que não foi objeto de parcelamento aprovado ou regularizado e registrado em cartório”. As razões desse veto podem ser consultadas no texto “Para uma definição do conceito de lote” na apostila Temas de planejamento territorial (2005).3 A nova redação do dispositivo faz referência expressa ao plano diretor e introduz na lei a figura da zona de urbanização específica. A antiga redação era a seguinte: “Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas ou de expansão urbana, assim definidas por lei municipal”.

86

ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99 4 )         II - os lotes terão área mínima de 125 m2 (cento e vinte e cinco metros quadrados) e frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo quando a legislação estadual ou municipal determinar maiores exigências, ou quando o loteamento se destinar a urbanização específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes;        III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica; (Redação dada pela Lei nº 10.932, de 2004 5 )         IV - as vias de loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais, existentes ou projetad (as, e harmonizar-se com a topografia local.         § 1º A legislação municipal definirá, para cada zona em que se dívida o território do Município, os usos permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo, que incluirão, obrigatoriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os coeficientes máximos de aproveitamento. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 2º - Consideram-se comunitários os equipamentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer e similares.        § 3o Se necessária, a reserva de faixa não-edificável vinculada a dutovias será exigida no âmbito do respectivo licenciamento ambiental, observados critérios e parâmetros que garantam a segurança da população e a proteção do meio ambiente, conforme estabelecido nas normas técnicas pertinentes. (Incluído pela Lei nº 10.932, de 2004)        Art. 5º - O Poder Público competente poderá complementarmente exigir, em cada loteamento, a reserva de faixa non aedificandi destinada a equipamentos urbanos.         Parágrafo único. Consideram-se urbanos os equipamentos públicos de abastecimento de água, serviços de esgotos, energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e gás canalizado.

CAPÍTULO IIIDo Projeto de Loteamento

        Art. 6º - Antes da elaboração do projeto de loteamento, o interessado deverá solicitar à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, que defina as diretrizes para o uso do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e das áreas reservadas para equipamento urbano e comunitário, apresentando, para este fim, requerimento e planta do imóvel contendo, pelo menos:         I - as divisas da gleba a ser loteada;         II - as curvas de nível a distância adequada, quando exigidas por lei estadual ou municipal;         III - a localização dos cursos d'água, bosques e construções existentes;

4 Esta terá sido a pior inovação da lei de 1999. A redação original era a seguinte: “as áreas destinadas a sistema de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista para a gleba, ressalvado o disposto no § 1º deste artigo”. A ressalva era a seguinte: “A percentagem de áreas públicas previstas no inciso I deste arigo não poderá ser inferior a 35% da gleba, salvo nos loteamentos destinados a uso industrial cujos lotes forem maiores do que 15.000 m2 (quinze mil metros quadrados), caso em que a percentagem poderá ser reduzida”.5 Na redação original, falava-se em faixa no aedificandi (expressão latina que continua no caput do art. 5º), e incluía dutos. A segurança das dutovias agora está prevista no § 3º do mesmo dispositivo, incluído em 2004.

87

        IV - a indicação dos arruamentos contíguos a todo o perímetro, a localização das vias de comunicação, das áreas livres, dos equipamentos urbanos e comunitários, existentes no local ou em suas adjacências, com as respectivas distâncias da área a ser loteada;         V - o tipo de uso predominante a que o loteamento se destina;         VI - as características, dimensões e localização das zonas de uso contíguas.         Art. 7º - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, indicará, nas plantas apresentadas junto com o requerimento, de acordo com as diretrizes de planejamento estadual e municipal:         I - as ruas ou estradas existentes ou projetadas, que compõem o sistema viário da cidade e do Município relacionadas com o loteamento pretendido e a serem respeitadas;         II - o traçado básico do sistema viário principal;         III - a localização aproximada dos terrenos destinados a equipamento urbano e comunitário e das áreas livres de uso público;         IV - as faixas sanitárias do terreno necessárias ao escoamento das águas pluviais e as faixas não edificáveis;         V - a zona ou zonas de uso predominante da área, com indicação dos usos compatíveis.         Parágrafo único. As diretrizes expedidas vigorarão pelo prazo máximo de quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99 6 )         Art. 8º - Os Municípios com menos de cinqüenta mil habitantes e aqueles cujo plano diretor contiver diretrizes de urbanização para a zona em que se situe o parcelamento poderão dispensar, por lei, a fase de fixação de diretrizes previstas nos arts. 6º e 7º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Art. 9º - Orientado pelo traçado e diretrizes oficiais, quando houver, o projeto, contendo desenhos, memorial descritivo e cronograma de execução das obras com duração máxima de quatro anos, será apresentado à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal, quando for o caso, acompanhado de certidão atualizada da matrícula da gleba, expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis competente, de certidão negativa de tributos municipais e do competente instrumento de garantia, ressalvado o disposto no § 4º do art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 1º - Os desenhos conterão pelo menos:         I - a subdivisão das quadras em lotes, com as respectivas dimensões e numeração;         II - o sistema de vias com a respectiva hierarquia;         III - as dimensões lineares e angulares do projeto, com raios, cordas, arcos, ponto de tangência e ângulos centrais das vias;         IV - os perfis longitudinais, e transversais de todas as vias de circulação e praças;         V - a indicação dos marcos de alinhamento e nivelamento localizados nos ângulos de curvas e vias projetadas;         VI - a indicação em planta e perfis de todas as linhas de escoamento das águas pluviais.         § 2º - O memorial descritivo deverá conter, obrigatoriamente, pelo menos:         I - a descrição sucinta do loteamento, com as suas características e a fixação da zona ou zonas de uso predominante;         II - as condições urbanísticas do loteamento e as limitações que incidem sobre os lotes e suas construções, além daquelas constantes das diretrizes fixadas;         III - a indicação das áreas públicas que passarão ao domínio do Município no ato de registro do loteamento;         IV - a enumeração dos equipamentos urbanos, comunitários e dos serviços públicos ou de utilidade pública, já existentes no loteamento e adjacências.

6 Ampliou-se o prazo de vigência, que foi dobrado. Na redação original da lei, as diretrizes vigoravam pelo prazo máximo de 2 (dois) anos.

88

        § 3º Caso se constate, a qualquer tempo, que a certidão da matrícula apresentada como atual não tem mais correspondência com os registros e averbações cartorárias do tempo da sua apresentação, além das conseqüências penais cabíveis, serão consideradas insubsistentes tanto as diretrizes expedidas anteriormente, quanto as aprovações conseqüentes. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)

CAPÍTULO IVDo Projeto de Desmembramento

        Art. 10 - Para a aprovação de projeto de desmembramento, o interessado apresentará requerimento à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, acompanhado de certidão atualizada da matrícula da gleba, expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis competente, ressalvado o disposto no § 4º do art. 18, e de planta do imóvel a ser desmembrado contendo:(Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        I - a indicação das vias existentes e dos loteamentos próximos;         II - a indicação do tipo de uso predominante no local;         III - a indicação da divisão de lotes pretendida na área.         Art. 11 - Aplicam-se ao desmembramento, no que couber, as disposições urbanísticas vigentes para as regiões em que se situem ou, na ausência destas, as disposições urbanísticas para os loteamentos. (NR) (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Parágrafo único. O Município, ou o Distrito Federal quando for o caso, fixará os requisitos exigíveis para a aprovação de desmembramento de lotes decorrentes de loteamento cuja destinação da área pública tenha sido inferior à mínima prevista no § 1º do art. 4º desta Lei.

CAPÍTULO VDa Aprovação do Projeto de Loteamento e Desmembramento

        Art. 12 - O projeto de loteamento e desmembramento deverá ser aprovado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, a quem compete também a fixação das diretrizes a que aludem os artigos 6º e 7º desta Lei, salvo a exceção prevista no artigo seguinte.         Parágrafo único. O projeto aprovado deverá ser executado no prazo constante do cronograma de execução, sob pena de caducidade da aprovação. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Art. 13 - Aos Estados caberá disciplinar a aprovação pelos Municípios de loteamentos e desmembramentos nas seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        I - quando localizados em áreas de interesse especial, tais como as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim definidas por legislação estadual ou federal;         II - quando o loteamento ou desmembramento localizar-se em área limítrofe do Município, ou que pertença a mais de um Município, nas regiões metropolitanas ou em aglomerações urbanas, definidas em lei estadual ou federal;         III - quando o loteamento abranger área superior a 1.000.000 m2 (um milhão de metros quadrados).         Parágrafo único. No caso de loteamento ou desmembramento localizado em área de Município integrante de região metropolitana, o exame e a anuência prévia à aprovação do projeto caberão à autoridade metropolitana.         Art. 14 - Os Estados definirão, por decreto, as áreas de proteção especial, previstas no inciso I do artigo anterior.

89

        Art. 15 - Os Estados estabelecerão, por decreto, as normas a que deverão submeter-se os projetos de loteamento e desmembramento nas áreas previstas no art. 13, observadas as disposições desta Lei.         Parágrafo único. Na regulamentação das normas previstas neste artigo, o Estado procurará atender às exigências urbanísticas do planejamento municipal.         Art. 16 - A lei municipal definirá os prazos para que um projeto de parcelamento apresentado seja aprovado ou rejeitado e para que as obras executadas sejam aceitas ou recusadas.(Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 1º Transcorridos os prazos sem a manifestação do Poder Público, o projeto será considerado rejeitado ou as obras recusadas, assegurada a indenização por eventuais danos derivados da omissão. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 2º Nos Municípios cuja legislação for omissa, os prezes serão de noventa dias para a aprovação ou rejeição e de sessenta dias para a aceitação ou recusa fundamentada das obras de urbanização." (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Art. 17 - Os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo, não poderão ter sua destinação alterada pelo loteador, desde a aprovação do loteamento, salvo as hipóteses de caducidade da licença ou desistência do loteador, sendo, neste caso, observadas as exigências do art. 23 desta Lei.

CAPÍTULO VIDo Registro do Loteamento e Desmembramento

        Art. 18 - Aprovado o projeto de loteamento ou de desmembramento, o loteador deverá submetê-lo ao Registro Imobiliário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de caducidade da aprovação, acompanhado dos seguintes documentos:         I - título de propriedade do imóvel ou certidão da matrícula, ressalvado o disposto nos §§ 4º e 5º; (NR) (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        II - histórico dos títulos de propriedade do imóvel, abrangendo os últimos 20 (vinte) anos, acompanhado dos respectivos comprovantes;         III - certidões negativas:         a) de tributos federais, estaduais e municipais incidentes sobre o imóvel;         b) de ações reais referentes ao imóvel, pelo período de 10 (dez) anos;         c) de ações penais com respeito ao crime contra o patrimônio e contra a Administração Pública;         IV - certidões:         a) dos Cartórios de Protestos de Títulos, em nome do loteador, pelo período de 10 (dez) anos;         b) de ações pessoais relativas ao loteador, pelo período de 10 (dez) anos;         c) de ônus reais relativos ao imóvel;         d) de ações penais contra o loteador, pelo período de 10 (dez) anos;         V - cópia do ato de aprovação do loteamento e comprovante do termo de verificação pela Prefeitura Municipal ou pelo Distrito Federal, da execução das obras exigidas por legislação municipal, que incluirão, no mínimo, a execução das vias de circulação do loteamento, demarcação dos lotes, quadras e logradouros e das obras de escoamento das águas pluviais ou da aprovação de um cronograma, com a duração máxima de quatro anos, acompanhado de competente instrumento de garantia para a execução das obras; (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99 7 ) 7 Também aqui o prazo foi estendido em 1999. Na redação original, o cronograma tinha duração máxima de dois anos.

90

        VI - exemplar do contrato-padrão de promessa de venda, ou de cessão ou de promessa de cessão, do qual constarão obrigatoriamente as indicações previstas no art. 26 desta Lei;         VII - declaração do cônjuge do requerente de que consente no registro do loteamento.         § 1º - Os períodos referidos nos incisos III, b e IV, a, b e d, tomarão por base a data do pedido de registro do loteamento, devendo todas elas ser extraídas em nome daqueles que, nos mencionados períodos, tenham sido titulares de direitos reais sobre o imóvel.         § 2º - A existência de protestos, de ações pessoais ou de ações penais, exceto as referentes a crime contra o patrimônio e contra a administração, não impedirá o registro do loteamento se o requerente comprovar que esses protestos ou ações não poderão prejudicar os adquirentes dos lotes. Se o oficial do registro de imóveis julgar insuficiente a comprovação feita, suscitará a dúvida perante o juiz competente.         § 3º - A declaração a que se refere o inciso VII deste artigo não dispensará o consentimento do declarante para os atos de alienação ou promessa de alienação de lotes, ou de direitos a eles relativos, que venham a ser praticados pelo seu cônjuge.         § 4º O título de propriedade será dispensado quando se tratar de parcelamento popular, destinado as classes de menor renda, em imóvel declaração de utilidade pública, com processo de desapropriação judicial em curso e imissão provisória na posse, desde que promovido pela União, Estados, Distrito Federal, Municípios ou suas entidades delegadas, autorizadas por lei a implantar projetos de habitação. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 5º No caso de que trata o § 4º, o pedido de registro do parcelamento, além dos documentos mencionados nos incisos V e VI deste artigo, será instruído com cópias autênticas da decisão que tenha concedido a imissão provisória na posse, do decreto de desapropriação, do comprovante de sua publicação na imprensa oficial e, quando formulado por entidades delegadas, da lei de criação e de seus atos constitutivos. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Art. 19 - Examinada a documentação e encontrada em ordem, o oficial do registro de imóveis encaminhará comunicação à Prefeitura e fará publicar, em resumo e com pequeno desenho de localização da área, edital do pedido de registro em 3 (três) dias consecutivos, podendo este ser impugnado no prazo de 15 (quinze) dias contados da data da última publicação.         § 1º - Findo o prazo sem impugnação, será feito imediatamente o registro. Se houver impugnação de terceiros, o oficial do registro de imóveis intimará o requerente e a Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, para que sobre ela se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de arquivamento do processo. Com tais manifestações o processo será enviado ao juiz competente para decisão.         § 2º - Ouvido o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz decidirá de plano ou após instrução sumária, devendo remeter ao interessado as vias ordinárias caso a matéria exija maior indagação.         § 3º - Nas capitais, a publicação do edital se fará no Diário Oficial do Estado e num dos jornais de circulação diária. Nos demais Municípios, a publicação se fará apenas num dos jornais locais, se houver, ou, não havendo, em jornal da região.         § 4º - O oficial do registro de imóveis que efetuar o registro em desacordo com as exigências desta Lei ficará sujeito a multa equivalente a 10 (dez) vezes os emolumentos regimentais fixados para o registro, na época em que for aplicada a penalidade pelo juiz corregedor do cartório, sem prejuízo das sanções penais e administrativas cabíveis.         § 5º - Registrado o loteamento, o oficial de registro comunicará, por certidão, o seu registro à Prefeitura.         Art. 20 - O registro do loteamento será feito, por extrato, no livro próprio.

91

        Parágrafo único. No Registro de Imóveis far-se-á o registro do loteamento, com uma indicação para cada lote, a averbação das alterações, a abertura de ruas e praças e as áreas destinadas a espaços livres ou a equipamentos urbanos.         Art. 21 - Quando a área loteada estiver situada em mais de uma circunscrição imobiliária, o registro será requerido primeiramente perante aquela em que estiver localizada a maior parte da área loteada. Procedido o registro nessa circunscrição, o interessado requererá, sucessivamente, o registro do loteamento em cada uma das demais, comprovando perante cada qual o registro efetuado na anterior, até que o loteamento seja registrado em todas. Denegado o registro em qualquer das circunscrições, essa decisão será comunicada, pelo oficial do registro de imóveis, às demais para efeito de cancelamento dos registros feitos, salvo se ocorrer a hipótese prevista no § 4º deste artigo.         § 1º - Nenhum lote poderá situar-se em mais de uma circunscrição.         § 2º - É defeso ao interessado processar simultaneamente, perante diferentes circunscrições, pedidos de registro do mesmo loteamento, sendo nulos os atos praticados com infração a esta norma.         § 3º - Enquanto não procedidos todos os registros de que trata este artigo, considerar-se-á o loteamento como não registrado para os efeitos desta Lei.         § 4º - O indeferimento do registro do loteamento em uma circunscrição não determinará o cancelamento do registro procedido em outra, se o motivo do indeferimento naquela não se estender à área situada sob a competência desta, e desde que o interessado requeira a manutenção do registro obtido, submetido o remanescente do loteamento a uma aprovação prévia perante a Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso.         Art. 22 - Desde a data de registro do loteamento, passam a integrar o domínio do Município as vias e praças, os espaços, livres e as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo.         Art. 23 - O registro do loteamento só poderá ser cancelado:         I - por decisão judicial;         II - a requerimento do loteador, com anuência da Prefeitura, ou do Distrito Federal quando for o caso, enquanto nenhum lote houver sido objeto de contrato;         III - a requerimento conjunto do loteador e de todos os adquirentes de lotes, com anuência da Prefeitura, ou do Distrito Federal quando for o caso, e do Estado.         § 1º - A Prefeitura e o Estado só poderão se opor ao cancelamento se disto resultar inconveniente comprovado para o desenvolvimento urbano ou se já se tiver realizado qualquer melhoramento na área loteada ou adjacências.         § 2º - Nas hipóteses dos incisos II e III, o oficial do registro de imóveis fará publicar, em resumo, edital do pedido de cancelamento, podendo este ser impugnado no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da última publicação. Findo esse prazo, com ou sem impugnação, o processo será remetido ao juiz competente para homologação do pedido de cancelamento, ouvido o Ministério Público.         § 3º - A homologação de que trata o parágrafo anterior será precedida de vistoria judicial destinada a comprovar a inexistência de adquirentes instalados na área loteada.         Art. 24 - O processo de loteamento e os contratos depositados em cartório poderão ser examinados por qualquer pessoa, a qualquer tempo, independentemente do pagamento de custas ou emolumentos, ainda que a título de busca.

CAPÍTULO VIIDos Contratos

92

        Art. 25 - São irretratáveis os compromissos de compra e venda, cessões e promessas de cessão, os que atribuam direito a adjudicação compulsória e, estando registrados, confiram direito real oponível a terceiros.        Art. 26 - Os compromissos de compra e venda, as cessões ou promessas de cessão poderão ser feitos por escritura pública ou por instrumento particular, de acordo com o modelo depositado na forma do inciso VI do art. 18 e conterão, pelo menos, as seguintes indicações:         I - nome, registro civil, cadastro fiscal no Ministério da Fazenda, nacionalidade, estado civil e residência dos contratantes;         II - denominação e situação do loteamento, número e data da inscrição;         III - descrição do lote ou dos lotes que forem objeto de compromissos, confrontações, área e outras características;         IV - preço, prazo, forma e local de pagamento bem como a importância do sinal;         V - taxa de juros incidentes sobre o débito em aberto e sobre as prestações vencidas e não pagas, bem como a cláusula penal, nunca excedente a 10% (dez por cento) do débito e só exigível nos casos de intervenção judicial ou de mora superior a 3 (três) meses;         VI - indicação sobre a quem incumbe o pagamento dos impostos e taxas incidentes sobre o lote compromissado;         VII - declaração das restrições urbanísticas convencionais do loteamento, supletivas da legislação pertinente.         § 1º - O contrato deverá ser firmado em três vias ou extraído em três traslados, sendo um para cada parte e o terceiro para arquivo no registro imobiliário, após o registro e anotações devidas.         § 2º - Quando o contrato houver sido firmado por procurador de qualquer das partes, será obrigatório o arquivamento da procuração no Registro Imobiliário.         § 3º Admite-se, nos parcelamentos populares, a cessão da posse em que estiverem provisoriamente imitidas a União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas entidades delegadas, o que poderá ocorrer por instrumento particular, ao qual se atribui, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se aplicando a disposição do inciso II do art. 134 do Código Civil. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 4º A cessão da posse referida no § 3º, cumpridas as obrigações do cessionário, constitui crédito contra o expropriante, de aceitação obrigatória em garantia de contratos de financiamentos habitacionais. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 5º Com o registro da sentença que, em processo de desapropriação, fixar o valor da indenização, a posse referida no § 3º converter-se-á em propriedade e a sua cessão, em compromisso de compra e venda ou venda e compra, conforme haja obrigações a cumprir ou estejam elas cumpridas, circunstância que, demonstradas ao Registro de Imóveis, serão averbadas na matrícula relativa ao lote. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        § 6º Os compromissos de compra e venda, as cessões e as promessas de cessão valerão como título para o registro da propriedade do lote adquirido, quando acompanhados da respectiva prova de quitação. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Art. 27 - Se aquele que se obrigou a concluir contrato de promessa de venda ou de cessão não cumprir a obrigação, o credor poderá notificar o devedor para outorga do contrato ou oferecimento de impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de proceder-se ao registro do pré contrato, passando as relações entre as partes a serem regidas pelo contrato-padrão.         § 1º - Para fins deste artigo, terão o mesmo valor de pré-contrato a promessa de cessão, a proposta de compra, a reserva de lote ou qualquer outro instrumento, do qual conste a manifestação da vontade das partes, a indicação do lote, o preço e modo de pagamento, e a promessa de contratar.

93

        § 2º - O registro de que trata este artigo não será procedido se a parte que o requereu não comprovar haver cumprido a sua prestação, nem a oferecer na forma devida, salvo se ainda não exigível.         § 3º - Havendo impugnação daquele que se comprometeu a concluir o contrato, observar-se-á o disposto nos artigos 639 e 640 do Código de Processo Civil.         Art. 28 - Qualquer alteração ou cancelamento parcial do loteamento registrado dependerá de acordo entre o loteador e os adquirentes de lotes atingidos pela alteração, bem como da aprovação pela Prefeitura Municipal, ou do Distrito Federal quando for o caso, devendo ser depositada no Registro de Imóveis, em complemento ao projeto original, com a devida averbação.         Art. 29 - Aquele que adquirir a propriedade loteada mediante ato inter vivos, ou por sucessão causa mortis, sucederá o transmitente em todos os seus direitos e obrigações, ficando obrigado a respeitar os compromissos de compra e venda ou as promessas de cessão, em todas as suas cláusulas, sendo nula qualquer disposição em contrário, ressalvado o direito do herdeiro ou legatário de renunciar à herança ou ao legado.         Art. 30 - A sentença declaratória de falência ou da insolvência de qualquer das partes não rescindirá os contratos de compromisso de compra e venda ou de promessa de cessão que tenham por objeto a área loteada ou lotes da mesma. Se a falência ou insolvência for do proprietário da área loteada ou do titular de direito sobre ela, incumbirá ao síndico ou ao administrador dar cumprimento aos referidos contratos; se do adquirente do lote, seus direitos serão levados à praça.         Art. 31 - O contrato particular pode ser transferido por simples trespasse, lançado no verso das vias em poder das partes, ou por instrumento em separado, declarando-se o número do registro do loteamento, o valor da cessão e a qualificação do cessionário, para o devido registro.         § 1º - A cessão independe da anuência do loteador, mas, em relação a este, seus efeitos só se produzem depois de cientificado, por escrito, pelas partes ou quando registrada a cessão.         § 2º - Uma vez registrada a cessão, feita sem anuência do loteador, o oficial do registro dar-lhe-á ciência, por escrito, dentro de 10 (dez) dias.         Art. 32 - Vencida e não paga a prestação, o contrato será considerado rescindido 30 (trinta) dias depois de constituído em mora o devedor.         § 1º - Para os fins deste artigo o devedor-adquirente será intimado, a requerimento do credor, pelo oficial do registro de imóveis, a satisfazer as prestações vencidas e as que se vencerem até a data do pagamento, os juros convencionados e as custas de intimação.         § 2º - Purgada a mora, convalescerá o contrato.         § 3º - Com a certidão de não haver sido feito o pagamento em cartório, o vendedor requererá ao oficial do registro o cancelamento da averbação.         Art. 33 - Se o credor das prestações se recusar a recebê-las ou furtar se ao seu recebimento, será constituído em mora mediante notificação do oficial do registro de imóveis para vir receber as importâncias depositadas pelo devedor no próprio Registro de Imóveis. Decorridos 15 (quinze) dias após o recebimento da intimação, considerar-se-á efetuado o pagamento, a menos que o credor impugne o depósito e, alegando inadimplemento do devedor, requeira a intimação deste para os fins do disposto no art. 32 desta Lei.         Art. 34 - Em qualquer caso de rescisão por inadimplemento do adquirente, as benfeitorias necessárias ou úteis por ele levadas a efeito no imóvel deverão ser indenizadas, sendo de nenhum efeito qualquer disposição contratual em contrário.         Parágrafo único. Não serão indenizadas as benfeitorias feitas em desconformidade com o contrato ou com a lei.         Art. 35 - Ocorrendo o cancelamento do registro por inadimplemento do contrato e tendo havido o pagamento de mais de um terço do preço ajustado, o oficial do registro de imóveis

94

mencionará este fato no ato do cancelamento e a quantia paga; somente será efetuado novo registro relativo ao mesmo lote, se for comprovada a restituição do valor pago pelo vendedor ao titular do registro cancelado, ou mediante depósito em dinheiro à sua disposição junto ao Registro de Imóveis.         § 1º - Ocorrendo o depósito a que se refere este artigo, o oficial do registro de imóveis intimará o interessado para vir recebê-lo no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser devolvido ao depositante.         § 2º - No caso de não ser encontrado o interessado, o oficial do registro de imóveis depositará a quantia em estabelecimento de crédito, segundo a ordem prevista no inciso I do art. 666 do Código de Processo Civil, em conta com incidência de juros e correção monetária.         Art. 36 - O registro do compromisso, cessão ou promessa de cessão só poderá ser cancelado:         I - por decisão judicial;         II - a requerimento conjunto das partes contratantes;         III - quando houver rescisão comprovada do contrato.

CAPÍTULO VIIIDisposições Gerais

        Art. 37 - É vedado vender ou prometer vender parcela de loteamento ou desmembramento não registrado.         Art. 38 - Verificado que o loteamento ou desmembramento não se acha registrado ou regularmente executado ou notificado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, deverá o adquirente do lote suspender o pagamento das prestações restantes e notificar o loteador para suprir a falta.         § 1º - Ocorrendo a suspensão do pagamento das prestações restantes, na forma do caput deste artigo, o adquirente efetuará o depósito das prestações devidas junto ao Registro de Imóveis competente, que as depositará em estabelecimento de crédito, segundo a ordem prevista no inciso I do art. 666 do Código de Processo Civil, em conta com incidência de juros e correção monetária, cuja movimentação dependerá de prévia autorização judicial.         § 2º - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, ou o Ministério Público, poderá promover a notificação ao loteador prevista no caput deste artigo.         § 3º - Regularizado o loteamento pelo loteador, este promoverá judicialmente a autorização para levantar as prestações depositadas, com os acréscimos de correção monetária e juros, sendo necessária a citação da Prefeitura, ou do Distrito Federal quando for o caso, para integrar o processo judicial aqui previsto, bem como audiência do Ministério Público.         § 4º - Após o reconhecimento judicial de regularidade do loteamento, o loteador notificará os adquirentes dos lotes, por intermédio do Registro de Imóveis competente, para que passem a pagar diretamente as prestações restantes, a contar da data da notificação.         § 5º - No caso de o loteador deixar de atender à notificação até o vencimento do prazo contratual, ou quando o loteamento ou desmembramento for regularizado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, nos termos do art. 40 desta Lei, o loteador não poderá, a qualquer título, exigir o recebimento das prestações depositadas.         Art. 39 - Será nula de pleno direito a cláusula de rescisão de contrato por inadimplemento do adquirente, quando o loteamento não estiver regularmente inscrito.         Art. 40 - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, se desatendida pelo loteador a notificação, poderá regularizar loteamento ou desmembramento não autorizado ou executado sem observância das determinações do ato administrativo de licença, para evitar lesão aos seus padrões de desenvolvimento urbano e na defesa dos direitos dos adquirentes de lotes.

95

        § 1º - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, que promover a regularização, na forma deste artigo, obterá judicialmente o levantamento das prestações depositadas, com os respectivos acréscimos de correção monetária e juros, nos termos do § 1º do art. 38 desta Lei, a título de ressarcimento das importâncias despendidas com equipamentos urbanos ou expropriações necessárias para regularizar o loteamento ou desmembramento.         § 2º - As importâncias despendidas pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, para regularizar o loteamento ou desmembramento, caso não sejam integralmente ressarcidas conforme o disposto no parágrafo anterior, serão exigidas na parte faltante do loteador, aplicando-se o disposto no art. 47 desta Lei.         § 3º - No caso de o loteador não cumprir o estabelecido no parágrafo anterior, a Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, poderá receber as prestações dos adquirentes, até o valor devido.         § 4º - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, para assegurar a regularização do loteamento ou desmembramento, bem como o ressarcimento integral de importâncias despendidas, ou a despender, poderá promover judicialmente os procedimentos cautelares necessários aos fins colimados.         § 5º A regularização de um parcelamento pela Prefeitura Municipal, ou Distrito Federal, quando for o caso, não poderá contrariar o disposto nos arts. 3º e 4º desta Lei, ressalvado o disposto no § 1º desse último. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99 8 )         Art. 41 - Regularizado o loteamento ou desmembramento pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, o adquirente do lote, comprovando o depósito de todas as prestações do preço avençado, poderá obter o registro de propriedade do lote adquirido, valendo para tanto o compromisso de venda e compra devidamente firmado.         Art. 42 - Nas desapropriações não serão considerados como loteados ou loteáveis, para fins de indenização, os terrenos ainda não vendidos ou compromissados, objeto de loteamento ou desmembramento não registrado.         Art. 43 - Ocorrendo a execução de loteamento não aprovado, a destinação de áreas públicas exigidas no inciso I do art. 4º desta Lei não se poderá alterar sem prejuízo da aplicação das sanções administrativas, civis e criminais previstas.         Parágrafo único. Neste caso, o loteador ressarcirá a Prefeitura Municipal ou o Distrito Federal quando for o caso, em pecúnia ou em área equivalente, no dobro da diferença entre o total das áreas públicas exigidas e as efetivamente destinadas. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Art. 44 - O Município, o Distrito Federal e o Estado poderão expropriar áreas urbanas ou de expansão urbana para reloteamento, demolição, reconstrução e incorporação, ressalvada a preferência dos expropriados para a aquisição de novas unidades.         Art. 45 - O loteador, ainda que já tenha vendido todos os lotes, ou os vizinhos, são partes legítimas para promover ação destinada a impedir construção em desacordo com restrições legais ou contratuais.         Art. 46 - O loteador não poderá fundamentar qualquer ação ou defesa na presente Lei sem apresentação dos registros e contratos a que ela se refere.         Art. 47 - Se o loteador integrar grupo econômico ou financeiro, qualquer pessoa física ou jurídica desse grupo, beneficiária de qualquer forma do loteamento ou desmembramento irregular, será solidariamente responsável pelos prejuízos por ele causados aos compradores de lotes e ao Poder Público.

8 Trata-se de inovação importante para coibir a regularização meramente dominial – e não urbanística – dos loteamentos ilegais, tal como vinha sendo feito em nome do interesse social imediato dos adquirentes dos lotes.

96

        Art. 48 - O foro competente para os procedimentos judiciais previstos nesta Lei será sempre o da comarca da situação do lote.         Art. 49 - As intimações e notificações previstas nesta Lei deverão ser feitas pessoalmente ao intimado ou notificado, que assinará o comprovante do recebimento, e poderão igualmente ser promovidas por meio dos Cartórios de Registro de Títulos e Documentos da comarca da situação do imóvel ou do domicílio de quem deva recebê-las.         § 1º - Se o destinatário se recusar a dar recibo ou se furtar ao recebimento, ou se for desconhecido o seu paradeiro, o funcionário incumbido da diligência informará esta circunstância ao oficial competente que a certificará, sob sua responsabilidade.         § 2º - Certificada a ocorrência dos fatos mencionados no parágrafo anterior, a intimação ou notificação será feita por edital na forma desta Lei, começando o prazo a correr 10 (dez) dias após a última publicação.

CAPÍTULO IXDisposições Penais

        Art. 50 - Constitui crime contra a Administração Pública:         I - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins urbanos sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo com as disposições desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e Municípios;         II - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins urbanos sem observância das determinações constantes do ato administrativo de licença;         III - fazer, ou veicular em proposta, contrato, prospecto ou comunicação ao público ou a interessados, afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento ou desmembramento do solo para fins urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a ele relativo.         Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa de 5 (cinco) a 50 (cinqüenta) vezes o maior salário mínimo vigente no País.         Parágrafo único. O crime definido neste artigo é qualificado, se cometido:         I - por meio de venda, promessa de venda, reserva de lote ou quaisquer outros instrumentos que manifestem a intenção de vender lote em loteamento ou desmembramento não registrado no Registro de Imóveis competente;         II - com inexistência de título legítimo de propriedade do imóvel loteado ou desmembrado, ressalvado o disposto no art. 18, §§ 4º e 5º, desta Lei, ou com omissão fraudulenta de fato a ele relativo, se o fato não constituir crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Pena: Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de 10 (dez) a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País.         Art. 51 - Quem, de qualquer modo, concorra para a prática dos crimes previstos no artigo anterior desta Lei incide nas penas a estes cominadas, considerados em especial os atos praticados na qualidade de mandatário de loteador, diretor ou gerente de sociedade.         Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99 9 )         Art. 52 - Registrar loteamento ou desmembramento não aprovado pelos órgãos competentes, registrar o compromisso de compra e venda, a cessão ou promessa de cessão de 9 O texto corretamente vetado pelo Presidente da República dizia o seguinte: “As infrações previstas no art. 50 deixam de ser consideradas crimes se as irregularidades previstas nesta Lei forem sanadas até o oferecimento da denúncia”. Nas razões do veto é referido acórdão do STJ que diz o seguinte: “Não se justifica o trancamento da ação penal em face de o loteamento haver sido regularizado antes do oferecimento da denúncia. Cuida-se, in casu, de crime formal, que se caracteriza pela simples potencialidade de dano à Administração Pública, sendo irrelevante a ausência do prejuízo para os adquirentes dos lotes, porquanto a tutela jurídica alcança o bem particular per accidens” (v. texto integral no sítio da Presidência da República – www.planalto.gov.br).

97

direitos, ou efetuar registro de contrato de venda de loteamento ou desmembramento não registrado.         Pena: Detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa de 5 (cinco) a 50 (cinqüenta) vezes o maior salário mínimo vigente no País, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis.

CAPÍTULO XDisposições Finais

        Art. 53 - Todas as alterações de uso do solo rural para fins urbanos dependerão de prévia audiência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do Órgão Metropolitano, se houver, onde se localiza o Município, e da aprovação da Prefeitura Municipal, ou do Distrito Federal quando for o caso, segundo as exigências da legislação pertinente.         Art. 53-A. São considerados de interesse público os parcelamentos vinculados a planos ou programas habitacionais de iniciativa das Prefeituras Municipais e do Distrito Federal, ou entidades autorizadas por lei, em especial as regularizações de parcelamentos e de assentamentos. (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Parágrafo único. Às ações e intervenções de que trata este artigo não será exigível documentação que não seja a mínima necessária e indispensável aos registros no cartório competente, inclusive sob a forma de certidões, vedadas as exigências e as sanções pertinentes aos particulares, especialmente aquelas que visem garantir a realização de obras e serviços, ou que visem prevenir questões de domínio de glebas, que se presumirão asseguradas pelo Poder Público respectivo." (Incluído pela Lei nº 9.785, 29.1.99)        Art. 54 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

98

________________________________________________________________6. Direito de propriedade

Trata esta seção de aspectos do direito de propriedade, tal como estabelecido pelo novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que ”entrará em vigor” em 11 de janeiro de 2003) e pelo Código de Processo Civil (ações de usucapião e de demarcação e divisão). No que tange ao Código Civil, cumpre ressaltar algumas mudanças importantes em relação ao Código vigente, como se vê logo nos arts. 500/501, que disciplinam a venda ad corpus e ad mensuram. Também a despropriação judicial (art. 1.228/§§ 4º e 5º) constitui notável avanço. Os textos foram extraídos do sítio da Presidência da República, já indicado antes.

6.A - Código Civil. Propriedade imobiliária: modos de aquisição e perda, direitos de vizinhança, regras da compra e venda.

TÍTULO VI - Das Várias Espécies de ContratoCAPÍTULO I - Da Compra e Venda

Seção I - Disposições Gerais

Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.

§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.

Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.

TÍTULO III - Da PropriedadeCAPÍTULO I - Da Propriedade em Geral

Seção I - Disposições Preliminares

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o

99

estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.

Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.

Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.

CAPÍTULO II - Da Aquisição da Propriedade ImóvelSeção I - Da Usucapião

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

100

Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel.

Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.

Seção II - Da Aquisição pelo Registro do Título

Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.

§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.

Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule.

Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.

CAPÍTULO IV -Da Perda da Propriedade

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:I - por alienação;II - pela renúncia;III - por abandono;IV - por perecimento da coisa;V - por desapropriação.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.

Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.

§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize.

101

§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.

CAPÍTULO V - Dos Direitos de VizinhançaSeção I - Do Uso Anormal da Propriedade

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.

Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.

Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual.

Seção II -Das Árvores Limítrofes

Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes.Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular.

Seção III -Da Passagem Forçada

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra.

Seção IV -Da Passagem de Cabos e TubulaçõesArt. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em

102

proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa.

Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel.

Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança.

Seção V -Das Águas

Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior.Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer.

Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas.Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.

§ 1o Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento pelos danos que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como da deterioração das obras destinadas a canalizá-las.§ 2o O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.§ 3o O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as despesas de conservação.

Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287.Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e construam sobre ele, sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dos imóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras necessidades da vida.Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para os fins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação.

Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo aqueduto.

103

Seção VI -Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.

§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação.§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.§ 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.

Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.

Seção VII -Do Direito de Construir

Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho.Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho.

§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso.

Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.

Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade.

Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho.Art. 1.304. Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver adstrita a alinhamento, o dono de um terreno pode nele edificar, madeirando na parede divisória do prédio contíguo, se ela suportar a nova construção; mas terá de embolsar ao vizinho metade do valor da parede e do chão correspondentes.

104

Art. 1.305. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória até meia espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor dela se o vizinho a travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce.

Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capacidade para ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar caução àquele, pelo risco a que expõe a construção anterior.

Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, não pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente o outro condômino das obras que ali tenciona fazer; não pode sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes, correspondendo a outras, da mesma natureza, já feitas do lado oposto.Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário reconstruindo-a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conservação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada.Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências prejudiciais ao vizinho.

Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés ordinárias e os fogões de cozinha.

Art. 1.309. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes.Art. 1.310. Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou à nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais.Art. 1.311. Não é permitida a execução de qualquer obra ou serviço suscetível de provocar desmoronamento ou deslocação de terra, ou que comprometa a segurança do prédio vizinho, senão após haverem sido feitas as obras acautelatórias.

Parágrafo único. O proprietário do prédio vizinho tem direito a ressarcimento pelos prejuízos que sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias.

Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é obrigado a demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, para:

I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.

§ 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva.§ 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá ser impedida a sua entrada no imóvel.§ 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado direito a ressarcimento.

6.B - Código de Processo Civil (Lei nº 5.869, de 11.1.73, com diversas modificações posteriores). Procedimentos especiais. Ações de usucapião e de divisão e demarcação de terras particulares.

Relacionadas diretamente com o texto anterior, são reproduzidas agora as normas processuais que disciplinam usucapião, demarcação e divisão, todas ditas “ações reais imobilárias”. Cumpre notar a necessidade de participação do engenheiro - e do engenheiro

105

cartógrafo - nelas, se bem que, no tangente ao usucapião, certa jurisprudência equivocada tem permitido a substituição da planta do imóvel (requerida pelo art. 942) por simples croquis..................................................................................................................................................

DA AÇÃO DE USUCAPIÃO DE TERRAS PARTICULARES

Art. 941. Compete a ação de usucapião ao possuidor para que se Ihe declare, nos termos da lei, o domínio do imóvel ou a servidão predial.Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232. Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, os representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. Art. 944. Intervirá obrigatoriamente em todos os atos do processo o Ministério Público.Art. 945. A sentença, que julgar procedente a ação, será transcrita, mediante mandado, no registro de imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais.

CAPÍTULO VIIIDA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES

Seção IDas Disposições Gerais

Art. 946. Cabe:I - a ação de demarcação ao proprietário para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados;II - a ação de divisão, ao condômino para obrigar os demais consortes, a partilhar a coisa comum.

Art. 947. É lícita a cumulação destas ações; caso em que deverá processar-se primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes e condôminos.Art. 948. Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes considerar-se-ão terceiros quanto ao processo divisório; fica-lhes, porém, ressalvado o direito de vindicarem os terrenos de que se julguem despojados por invasão das linhas limítrofes constitutivas do perímetro ou a reclamarem uma indenização pecuniária correspondente ao seu valor.Art. 949. Serão citados para a ação todos os condôminos, se ainda não transitou em julgado a sentença homologatória da divisão; e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se proposta posteriormente.

Parágrafo único. Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação, condenando a restituir os terrenos ou a pagar a indenização, valerá como título executivo em favor dos quinhoeiros para haverem dos outros condôminos, que forem parte na divisão, ou de seus sucessores por título universal, na proporção que Ihes tocar, a composição pecuniária do desfalque sofrido.

Seção IIDa Demarcação

Art. 950. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-á o imóvel pela situação e denominação, descrever-se-ão os limites por constituir, aviventar ou renovar e nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda.

106

Art. 951. O autor pode requerer a demarcação com queixa de esbulho ou turbação, formulando também o pedido de restituição do terreno invadido com os rendimentos que deu, ou a indenização dos danos pela usurpação verificada.Art. 952. Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do imóvel comum, citando-se os demais como litisconsortes.Art. 953. Os réus que residirem na comarca serão citados pessoalmente; os demais, por edital.Art. 954. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 20 (vinte) dias para contestar.Art. 955. Havendo contestação, observar-se-á o procedimento ordinário; não havendo, aplica-se o disposto no art. 330, II.Art. 956. Em qualquer dos casos do artigo anterior, o juiz, antes de proferir a sentença definitiva, nomeará dois arbitradores e um agrimensor para levantarem o traçado da linha demarcanda.Art. 957. Concluídos os estudos, apresentarão os arbitradores minucioso laudo sobre o traçado da linha demarcanda, tendo em conta os títulos, marcos, rumos, a fama da vizinhança, as informações de antigos moradores do lugar e outros elementos que coligirem.

Parágrafo único. Ao laudo, anexará o agrimensor a planta da região e o memorial das operações de campo, os quais serão juntos aos autos, podendo as partes, no prazo comum de 10 (dez) dias, alegar o que julgarem conveniente.

Art. 958. A sentença, que julgar procedente a ação, determinará o traçado da linha demarcanda.Art. 959. Tanto que passe em julgado a sentença, o agrimensor efetuará a demarcação, colocando os marcos necessários. Todas as operações serão consignadas em planta e memorial descritivo com as referências convenientes para a identificação, em qualquer tempo, dos pontos assinalados.Art. 960. Nos trabalhos de campo observar-se-ão as seguintes regras:

I - a declinação magnética da agulha será determinada na estação inicial;II - empregar-se-ão os instrumentos aconselhados pela técnica;III - quando se utilizarem fitas metálicas ou correntes, as medidas serão tomadas horizontalmente, em lances determinados pelo declive, de 20 (vinte) metros no máximo;IV - as estações serão marcadas por pequenas estacas, fortemente cravadas, colocando-se ao lado estacas maiores, numeradas;V - quando as estações não tiverem afastamento superior a 50 (cinqüenta) metros, as visadas serão feitas sobre balizas com o diâmetro máximo de 12 (doze) milímetros;Vl - tomar-se-ão por aneróides ou por cotas obtidas mediante levantamento taqueométrico as altitudes dos pontos mais acidentados.

Art. 961. A planta será orientada segundo o meridiano do marco primordial, determinada a declinação magnética e conterá:

I - as altitudes relativas de cada estação do instrumento e a conformação altimétrica ou orográfica aproximativa dos terrenos;II - as construções existentes, com indicação dos seus fins, bem como os marcos, valos, cercas, muros divisórios e outros quaisquer vestígios que possam servir ou tenham servido de base à demarcação;III - as águas principais, determinando-se, quando possível, os volumes, de modo que se Ihes possa calcular o valor mecânico;IV - a indicação, por cores convencionais, das culturas existentes, pastos, campos, matas, capoeiras e divisas do imóvel.

Parágrafo único. As escalas das plantas podem variar entre os limites de 1 (um) para 500 (quinhentos) a 1 (um) para 5.000 (cinco mil) conforme a extensão das propriedades rurais,

107

sendo admissível a de 1 (um), para 10.000 (dez mil) nas propriedades de mais de 5 (cinco) quilômetros quadrados.

Art. 962. Acompanharão as plantas as cadernetas de operações de campo e o memorial descritivo, que conterá:

I - o ponto de partida, os rumos seguidos e a aviventação dos antigos com os respectivos cálculos;II - os acidentes encontrados, as cercas, valos, marcos antigos, córregos, rios, lagoas e outros;III - a indicação minuciosa dos novos marcos cravados, das culturas existentes e sua produção anual;IV - a composição geológica dos terrenos, bem como a qualidade e extensão dos campos, matas e capoeiras;V - as vias de comunicação;Vl - as distâncias à estação da estrada de ferro, ao porto de embarque e ao mercado mais próximo;Vll - a indicação de tudo o mais que for útil para o levantamento da linha ou para a identificação da linha já levantada.

Art. 963. É obrigatória a colocação de marcos assim na estação inicial - marco primordial -, como nos vértices dos ângulos, salvo se algum destes últimos pontos for assinalado por acidentes naturais de difícil remoção ou destruição.Art. 964. A linha será percorrida pelos arbitradores, que examinarão os marcos e rumos, consignando em relatório escrito a exatidão do memorial e planta apresentados pelo agrimensor ou as divergências porventura encontradas.Art. 965. Junto aos autos o relatório dos arbitradores, determinará o juiz que as partes se manifestem sobre ele no prazo comum de 10 (dez) dias. Em seguida, executadas as correções e retificações que ao juiz pareçam necessárias, lavrar-se-á o auto de demarcação em que os limites demarcandos serão minuciosamente descritos de acordo com o memorial e a planta.Art. 966. Assinado o auto pelo juiz, arbitradores e agrimensor, será proferida a sentença homologatória da demarcação.

Seção IIIDa Divisão

Art. 967. A petição inicial, elaborada com observância dos requisitos do art. 282 e instruída com os títulos de domínio do promovente, conterá:

I - a indicação da origem da comunhão e a denominação, situação, limites e característicos do imóvel;II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os condôminos, especificando-se os estabelecidos no imóvel com benfeitorias e culturas;III - as benfeitorias comuns.

Art. 968. Feitas as citações como preceitua o art. 953, prosseguir-se-á na forma dos arts. 954 e 955.Art. 969. Prestado o compromisso pelos arbitradores e agrimensor, terão início, pela medição do imóvel, as operações de divisão.Art. 970. Todos os condôminos serão intimados a apresentar, dentro em 10 (dez) dias, os seus títulos, se ainda não o tiverem feito; e a formular os seus pedidos sobre a constituição dos quinhões.Art. 971. O juiz ouvirá as partes no prazo comum de 10 (dez) dias.

108

Parágrafo único. Não havendo impugnação, o juiz determinará a divisão geodésica do imóvel; se houver, proferirá, no prazo de 10 (dez) dias, decisão sobre os pedidos e os títulos que devam ser atendidos na formação dos quinhões.

Art. 972. A medição será efetuada na forma dos arts. 960 a 963.Art. 973. Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias permanentes dos confinantes, feitas há mais de 1 (um) ano, serão elas respeitadas, bem como os terrenos onde estiverem, os quais não se computarão na área dividenda.

Parágrafo único. Consideram-se benfeitorias, para os efeitos deste artigo, as edificações, muros, cercas, culturas e pastos fechados, não abandonados há mais de 2 (dois) anos.

Art. 974. É lícito aos confinantes do imóvel dividendo demandar a restituição dos terrenos que Ihes tenham sido usurpados.

§ 1o Serão citados para a ação todos os condôminos, se ainda não transitou em julgado a sentença homologatória da divisão; e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se proposta posteriormente. § 2o Neste último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma sentença que os obrigar à restituição, a haver dos outros condôminos do processo divisório, ou de seus sucessores a título universal, a composição pecuniária proporcional ao desfalque sofrido.

Art. 975. Concluídos os trabalhos de campo, levantará o agrimensor a planta do imóvel e organizará o memorial descritivo das operações, observado o disposto nos arts. 961 a 963.

§ 1o A planta assinalará também:I - as povoações e vias de comunicação existentes no imóvel;II - as construções e benfeitorias, com a indicação dos seus fins, proprietários e ocupantes;III - as águas principais que banham o imóvel;IV - a composição geológica, qualidade e vestimenta dos terrenos, bem como o valor destes e das culturas.

§ 2o O memorial descritivo indicará mais:I - a composição geológica, a qualidade e o valor dos terrenos, bem como a cultura e o destino a que melhor possam adaptar-se;II - as águas que banham o imóvel, determinando-lhes, tanto quanto possível, o volume, de modo que se Ihes possa calcular o valor mecânico;III - a qualidade e a extensão aproximada de campos e matas;IV - as indústrias exploradas e as suscetíveis de exploração;V - as construções, benfeitorias e culturas existentes, mencionando-se os respectivos proprietários e ocupantes;Vl - as vias de comunicação estabelecidas e as que devam ser abertas;Vll - a distância aproximada à estação de transporte de mais fácil acesso;Vlll - quaisquer outras informações que possam concorrer para facilitar a partilha.

Art. 976. Durante os trabalhos de campo procederão os arbitradores ao exame, classificação e avaliação das terras, culturas, edifícios e outras benfeitorias, entregando o laudo ao agrimensor.Art. 977. O agrimensor avaliará o imóvel no seu todo, se os arbitradores reconhecerem que a homogeneidade das terras não determina variedade de preços; ou o classificará em áreas, se houver diversidade de valores.Art. 978. Em seguida os arbitradores e o agrimensor proporão, em laudo fundamentado, a forma da divisão, devendo consultar, quanto possível, a comodidade das partes, respeitar, para adjudicação a cada condômino, a preferência dos terrenos contíguos às suas residências e benfeitorias e evitar o retalhamento dos quinhões em glebas separadas.

§ 1o O cálculo será precedido do histórico das diversas transmissões efetuadas a partir do ato ou fato gerador da comunhão, atualizando-se os valores primitivos.

109

§ 2o Seguir-se-ão, em títulos distintos, as contas de cada condômino, mencionadas todas as aquisições e alterações em ordem cronológica bem como as respectivas datas e as folhas dos autos onde se encontrem os documentos correspondentes.§ 3o O plano de divisão será também consignado em um esquema gráfico.

Art. 979. Ouvidas as partes, no prazo comum de 10 (dez) dias, sobre o cálculo e o plano da divisão, deliberará o juiz a partilha. Em cumprimento desta decisão, procederá o agrimensor, assistido pelos arbitradores, à demarcação dos quinhões, observando, além do disposto nos arts. 963 e 964, as seguintes regras:

I - as benfeitorias comuns, que não comportarem divisão cômoda, serão adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação;II - instituir-se-ão as servidões, que forem indispensáveis, em favor de uns quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente;III - as benfeitorias particulares dos condôminos, que excederem a área a que têm direito, serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição;IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e reposições serão feitas em dinheiro.

Art. 980. Terminados os trabalhos e desenhados na planta os quinhões e as servidões aparentes, organizará o agrimensor o memorial descritivo. Em seguida, cumprido o disposto no art. 965, o escrivão lavrará o auto de divisão, seguido de uma folha de pagamento para cada condômino. Assinado o auto pelo juiz, agrimensor e arbitradores, será proferida sentença homologatória da divisão.

§ 1o O auto conterá: I - a confinação e a extensão superficial do imóvel;II - a classificação das terras com o cálculo das áreas de cada consorte e a respectiva avaliação, ou a avaliação do imóvel na sua integridade, quando a homogeneidade das terras não determinar diversidade de valores;III - o valor e a quantidade geométrica que couber a cada condômino, declarando-se as reduções e compensações resultantes da diversidade de valores das glebas componentes de cada quinhão.

§ 2o Cada folha de pagamento conterá: I - a descrição das linhas divisórias do quinhão, mencionadas as confinantes;II - a relação das benfeitorias e culturas do próprio quinhoeiro e das que Ihe foram adjudicadas por serem comuns ou mediante compensação;III - a declaração das servidões instituídas, especificados os lugares, a extensão e modo de exercício.

Art. 981. Aplica-se às divisões o disposto nos arts. 952 a 955.

110

________________________________________________________________7. Registro de Imóveis

A legislação reproduzida nesta seção, referente ao registro imobiliário, é bem conhecida e muito estudada, tendo sido extraída do sítio referido da Presidência da República (www.planalto.gov.br). Cumpre ressaltar que já estão contempladas as várias alterações efetivadas pela recente Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001, regulamentada em 2002, que, tentando acabar com a indústria da “grilagem” de terras, dentre outras medidas importantes criou o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR (modificando a Lei nº 5.868/72), além de inserir, na lei registral, a necessidade de que os memoriais descritivos dos imóveis rurais contenham as coordenadas geodésicas. Pode-se consultar, sobre o recente “sistema público de registro de terras”, o site do INCRA: www. incra.gov.br.

7.A - Lei geral dos registro públicos. Registro de Imóveis. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Excerto).

Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I - Das Disposições Gerais

CAPÍTULO I - Das Atribuições

Art. 1º Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei. (Redação dada ao caput e parágrafos pela Lei nº 6.216, de 30/06/75)

§ 1° - Os Registros referidos neste artigo são os seguintes: I - o registro civil de pessoas naturais;II - o registro civil de pessoas jurídicas;III - o registro de títulos e documentos;IV - o registro de imóveis;

§ 2º Os demais registro reger-se-ão por leis próprias.

TÍTULO V - Do Registro de Imóveis

CAPÍTULO I - Das Atribuições

Art. 167. No Registro de imóveis, além da matrícula, serão feitos: I - o registro:

1) da instituição de bem de família; 2) das hipotecas legais, judiciais e convencionais; 3) dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido consignada cláusula de vigência no caso de alienação da coisa locada; 4) do penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados e em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem eles;

111

5) das penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis; 6) das servidões em geral; 7) do usufruto e do uso sobre imóveis e da habilitação, quando não resultarem do direito de família; 8) das rendas constituídas sobre imóveis ou a eles vinculados por disposição de última vontade; 9) dos contratos de compromisso de compra e venda de cessão deste e de promessa de cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham por objeto imóveis não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua celebração, ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações; 10) da enfiteuse; 11) da anticrese; 12) das convenções antenupciais, 13) das cédulas de crédito rural; 14) das cédulas de crédito industrial; 15) dos contratos de penhor rural; 16) dos empréstimos por obrigações ao portador ou debêntures, inclusive as conversíveis em ações; 17) das incorporações, instituições e convenções de condomínio; 18) dos contratos de promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de unidade autônomas condominiais a que alude a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição de condomínio se formalizar na vigência desta Lei; 19) dos loteamentos urbanos e rurais; 20) dos contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em conformidade com o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, e respectiva cessão e promessa de cessão, quando o loteamento se formalizar na vigência desta Lei; 21) das citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias, relativas a imóveis; 22) (Revogado pela Lei nº 6.850, 12/11/80).23) dos julgados e atos jurídicos inter vivos que dividirem imóveis ou os demarcarem inclusive nos casos de incorporação que resultarem em constituição de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos incorporadores; 24) das sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas adjudicarem bens de raiz em pagamento das dívidas da herança; 25) dos atos de entrega de legados de imóveis, dos formais de partilha e das sentenças de adjudicação em inventário ou arrolamento quando não houver partilha; 26) da arrematação e da adjudicação em hasta pública; 27) do dote; 28) das sentenças declaratórias de usucapião, independente da regularidade do parcelamento do solo ou da edificação; (Redação dada pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001 - “Estatuto da cidade”)29) da compra e venda pura e da condicional; 30) da permuta; 31) da dação em pagamento; 32) da transferência de imóvel a sociedade, quando integrar quota social; 33) da doação entre vivos; 34) da desapropriação amigável e das sentenças que, em processo de desapropriação, fixarem, fixarem o valor da indenização; 35) da alienação fiduciária em garantia de coisa imóvel. (Incluído pela Lei nº 9.514, de 20/11/97)

112

36) da imissão provisória na posse, e respectiva cessão e promessa de cessão, quando concedido à União, Estados, Distrito Federal, Municípios ou suas entidades delegadas, para a execução de parcelamento popular, com finalidade urbana, destinado às classes de menor renda. (Item incluído pela Lei nº 9.785, de 29.1.1999)37) dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias da concessão de uso especial para fins de moradia, independente da regularidade do parcelamento do solo ou da edificação; (Item incluído pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)38) (VETADO) (Item incluído pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)39) da constituição do direito de superfície de imóvel urbano; (Item incluído pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)

II - a averbação: 1) das convenções antenupciais, e do regime de bens diversos do legal, nos registros referentes a imóveis ou a direitos reais pertencentes a qualquer dos cônjuges, inclusive os adquiridos posteriormente ao casamento; 2) por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos reais; 3) dos contratos de promessa de compra e venda, das cessões e das promessas de cessão a que alude o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, quando o loteamento se tiver formalizado anteriormente à vigência desta Lei; 4) da mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da reconstrução dos prédios, da edificação, da reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis; 5) da alteração do nome por casamento ou por desquite, ou, ainda, de outras circunstâncias que, de qualquer modo, tenham influência do registro ou nas pessoas nele interessadas; 6) dos atos pertinentes a unidades autônomas condominiais a que alude a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação tiver sido formalizada anteriormente à vigência desta Lei; 7) das cédulas hipotecárias; 8) da caução, e da cessão fiduciária de direitos relativos a imóveis; 9) das sentenças de separação de dote; 10) do restabelecimento da sociedade conjugal; 11) das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade, e incomunicabilidade impostas a imóveis, bem como da constituição de fideicomisso; 12) das decisões, recursos e seus efeitos, que tenham por objeto os atos ou títulos registrados ou averbados; 13) "ex-officio", dos nomes dos logradouros, decretados pelo poder público; 14) das sentenças de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro; 15) da rerratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca em favor de entidade integrante do Sistema Financeiro da Habitação, ainda que importante elevação da dívida, desde que mantidas as mesmas partes e que inexista outra hipoteca registrada em favor de terceiros; 16) do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência; 17) do Termo de Securitização de créditos imobiliários, quando submetidos a regime fiduciário; 18) da notificação para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios de imóvel urbano; (Incluído pela Lei nº 10.257, de 20.7.2001)19) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 10.257, de 20.7.2001)

113

20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano; (Incluído pela Lei nº 10.257, de 20.7.2001)

Art. 168. Na designação genérica de registro, considerando-se englobadas a inscrição e a transcrição a que se referem as leis civis. Art. 169. Todos os atos enumerados no artigo 167 são obrigatórios e efetuar-se-ão no cartório da situação do imóvel, salvo (Os arts. 169/II, 176, 225 e 246 foram alterados pela Lei 10.267, de 28 de agosto de 2001):

I - as averbações, que serão efetuadas na matrícula ou à margem do registro a que se referirem, ainda que o imóvel tenha passado a pertencer a outra circunscrição; II - os registros relativos a imóveis situados em comarcas ou circunscrições limítrofes, que serão feitos em todas elas, devendo os Registros de Imóveis fazer constar dos registros tal ocorrência; III - o registro previsto no nº 3 do inciso I do art. 167, e a averbação prevista no nº 16 do inciso II do art. 167 serão efetuados no cartório onde o imóvel esteja matriculado mediante apresentação de qualquer das vias do contrato, assinado pelas partes e subscrito por duas testemunhas, bastando a coincidência entre o nome de um dos proprietários e o locador.

Art. 170 O desmembramento territorial posterior ao registro não exige sua repetição no novo cartório.

CAPÍTULO II - Da Escrituração

Art. 172. No registro de Imóveis serão feitos, nos termos desta Lei, o registro e a averbação dos títulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos e extintos de direitos reais sobre imóveis reconhecidos em lei, inter vivos ou mortis causa que para sua constituição, transferência e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para a sua disponibilidade. Art. 173. Haverá no registro de imóveis, os seguintes livros:

I - Livro n. 1 - Protocolo;II - Livro n. 2 - Registro Geral;III - Livro n. 3 - Registro Auxiliar;IV - Livro n. 4 - Indicador Real;V - Livro n. 5 - Indicador Pessoal;

Parágrafo único. Observado o disposto no § 2º do art. 3º desta lei, os livros ns. 2, 3, 4 e 5 poderão ser substituídos por fichas.

Art. 174. O livro n. 1 - Protocolo - servirá para apontamento de todos os títulos apresentados diariamente, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 12 desta Lei.Art. 175. São requisitos da escrituração do livro nº 1 - Protocolo:

I - o número de ordem, que seguirá indefinidamente nos livros da mesma espécie;II - a data da apresentação;III - o nome do apresentante;IV - a natureza formal do título;V - os atos que formalizar, resumidamente mencionados.

Art. 176. O livro n. 2 - Registro Geral - será destinado à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no artigo 167 e não atribuídos ao Livro nº 3.

§ 1º - A escrituração do Livro nº 2 obedecerá às seguintes normas: I - cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta Lei; II - são requisitos da matrícula:

1) o número de ordem, que seguirá ao infinito;2) a data;

114

3) a identificação do imóvel, feita mediante indicação de suas características e confrontações, localização, área e denominação, se rural, ou logradouro e número, se urbano e sua designação cadastral, se houver;3) a identificação do imóvel, que será feita com indicação: (Redação dada pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001)

a - se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do CCIR, da denominação e de suas características, confrontações, localização e área; b - se urbano, de suas características e confrontações, localização, área, logradouro, número e de sua designação cadastral, se houver.

4) o nome, domicílio e nacionalidade do proprietário, bem como:a) tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da Cédula de identidade, ou à falta deste, sua filiação;b) tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda;

5) o número do o registro anterior; III - são requisitos do registro no Livro nº 2:

1) a data;2) o nome, domicílio e nacionalidade do transmitente, ou do devedor, e do adquirente, ou credor, bem como:

a) tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da cédula de identidade, ou, à falta deste, sua filiação;b) tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda;

3) o título da transmissão ou do ônus;4) a forma do título, sua procedência e caracterização;5) o valor do contrato, da coisa ou da dívida, prazo desta, condições e mais especificações, inclusive os juros, se houver.

§ 2º - Para a matrícula e registro das escrituras e partilhas, lavradas ou homologadas na vigência do Decreto nº 4.857, de 9 de novembro de 1939, não serão observadas as exigências deste artigo, devendo tais atos obedecer ao disposto na legislação anterior.§ 3º - Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do § 1º será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001)§ 4º - A identificação de que trata o § 3º tornar-se-á obrigatória para efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóvel rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001)

Art. 177. O Livro nº 3 - Registro Auxiliar - será destinado ao registro dos atos que, sendo atribuídos ao Registro do Imóveis por disposição legal, não digam respeito diretamente a imóvel matriculado. Art. 178. - Registrar-se-ão no Livro nº 3 - Registro Auxiliar:

I - a emissão de debêntures, sem prejuízo do registro eventual e definitivo, na matrícula do imóvel, da hipoteca, anticrese ou penhor que abonarem especialmente tais emissões,

115

firmando-se pela ordem do registro a prioridade entre as séries de obrigações emitidas pela mesma sociedade;II - as cédulas de crédito rural e de crédito industrial, sem prejuízo do registro da hipoteca cedular;III - as convenções de condomínio;IV - o penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados e em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem eles;V - as convenções antenupciais;VI - os contratos de penhor rural;VII - os títulos que, a requerimento do interessado, forem registrados no seu inteiro teor, sem prejuízo do ato praticado no Livro nº 2.

Art. 179. O livro n. 4 - Indicador Real - será o repositório de todos imóveis que figurarem nos demais livros, devendo conter sua identificação, referencia aos números de ordem dos outros livros e anotações necessárias.

§ 1º Se não for utilizado o sistema de fichas, o Livro nº 4 conterá, ainda, o número de ordem, que seguirá indefinidamente, nos livros da mesma espécie. § 2º Adotado o sistema previsto no parágrafo precedente, os oficiais deverão ter, para auxiliar a consulta, um livro-índice ou fichas pelas ruas, quando se tratar de imóveis urbanos, e pelos nomes e situações, quando rurais.

Art. 180. O livro nº. 5 - Indicador Pessoal - dividido alfabeticamente, será o repositório dos nomes de todas as pessoas que, individual ou coletivamente, ativa ou passivamente, direta ou indiretamente, figurarem nos demais livros, fazendo-se referência aos respectivos números de ordem.

Parágrafo único. Se não for utilizado o sistema de fichas, o Livro nº 5 conterá, ainda, o número de ordem de cada letra do alfabeto, que seguirá indefinidamente, nos livros da mesma espécie. Os oficiais poderão adotar, para auxiliar as buscas, um livro-índice ou fichas em ordem alfabética.

Art. 181 - Poderão ser abertos e escriturados, concomitantemente, até 10 (dez) livros de "Registro Geral", obedecendo, neste caso, a sua escrituração ao algarismo final da matrícula, sendo as matrículas de número final 1 (um) feitas no Livro 2-1, as de final 2 (dois) no Livro 2-2 e as de final 3 (três) no Livro 2-3, e assim, sucessivamente. Parágrafo único. Também poderão ser desdobrados, a critério do oficial, os Livros ns. 3 "Registro Auxiliar", 4 "Indicador Real" e 5 "Indicador Pessoal".

CAPÍTULO III - Do Processo do Registro

Art. 182. Todos os títulos tomarão, no protocolo, o número de ordem que lhes competir em razão da seqüência rigorosa de sua apresentação. Art. 183 - Reproduzir-se-á, em cada título, o número de ordem respectivo e a data de sua pre-notação.Art. 184 - O Protocolo será encerrado diariamente.Art. 185. A escrituração do protocolo incumbirá tanto ao oficial titular como ao seu substituto legal, podendo, ser feita, ainda, por escrevente auxiliar expressamente designado pelo oficial titular ou pelo seu substituto legal mediante autorização do juiz competente, ainda que os primeiros não estejam nem afastados nem impedidos. Art. 186. O número de ordem determinará a prioridade do título e esta a preferência dos direitos reais, ainda que apresentados pela mesma pessoa mais de um título simultaneamente.Art. 187. Em caso de permuta, e pertencendo os imóveis à mesma circunscrição, serão feitos os registros nas matrículas correspondentes, sob um único número de ordem no Protocolo.

116

Art. 188. Protocolizado o título, proceder-se-á ao registro, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, salvo nos casos previstos nos artigos seguintes. Art. 189. Apresentado título de segunda hipoteca, com referência expressa à existência de outra anterior, o oficial, depois de prenotá-lo, aguardará durante 30 (trinta) dias que os interessados na primeira promovam a inscrição. Esgotado esse prazo, que correrá da data da prenotação, sem que seja apresentado o título anterior, o segundo será inscrito e obterá preferência sobre aquele.Art. 190. Não serão registrados, no mesmo dia, títulos pelos quais se constituam direitos reais contraditórios sobre o mesmo imóvel.Art. 191. Prevalecerão, para efeito de prioridade de registro, quando apresentados no mesmo dia, os títulos prenotados no protocolo sob número de ordem mais baixo, protelando-se o registro dos apresentados posteriormente, pelo prazo correspondente a, pelo menos, um dia útil. Art. 192. - O disposto nos arts 190 e 191 não se aplica às escrituras públicas, da mesma data e apresentadas no mesmo dia, que determinem, taxativamente, a hora da sua lavratura, prevalecendo, para efeito de prioridade, a que foi lavrada em primeiro lugar.Art. 193. O registro será feito pela simples exibição do título, sem dependência de extratos.Art. 194. O título de natureza particular apresentado em uma só via será arquivado em cartório, fornecendo o oficial, a pedido, certidão do mesmo.Art. 195. Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título anterior, qualquer que seja a sua natureza, para manter a continuidade do registro.Art. 196. A matrícula será feita à vista dos elementos constantes do título apresentado e do registro anterior que constar do próprio cartório. Art. 197 Quando o título anterior estiver registrado em outro cartório, o novo título será apresentado juntamente com certidão atualizada, comprobatória do registro anterior, e da existência ou inexistência de ônus. Art. 198. Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indica-la-á por escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimi-la, obedecendo-se ao seguinte:

I - No protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação, a ocorrência da dúvida;II - após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da dúvida, rubricará o oficial todas as suas folhas;III - em seguida, o oficial dará ciência dos termos da dúvida ao apresentante, fornecendo-lhe cópia da suscitação e notificando-o para impugná-la, perante o juízo competente, no prazo de 15 (quinze) dias;IV - certificado o cumprimento do disposto no item anterior, remeter-se-ão ao juízo competente, mediante carga, as razões da dúvida, acompanhadas do título.

Art. 199. Se o interessado não impugnar a dúvida no prazo referido no item III do artigo anterior, será ela, ainda assim, julgada por sentença. Art. 200. Impugnada a dúvida, com os documentos que o interessado apresentar, será ouvido o Ministério Público, no prazo de 10 (dez) dias. Art. 201. Se não forem requeridas diligências, o juiz proferirá decisão no prazo de 15 (quinze) dias, com base nos elementos constantes dos autos. Art. 202. Da sentença, poderão interpor apelação, com os efeitos devolutivo e suspensivo, o interessado, o Ministério Público e o terceiro prejudicado. Art. 203. Transitada em julgado a decisão da dúvida, proceder-se-á do seguinte modo:

117

I - se for julgada procedente, os documentos serão restituídos à parte, independentemente de translado, dando-se ciência da decisão ao oficial, para que a consigne no Protocolo e cancele a prenotação;II - se for julgada improcedente, o interessado apresentará, de novo, os seus documentos, com o respectivo mandado, ou certidão da sentença, que ficarão arquivadas, para que, desde logo, se proceda ao registro, declarando o oficial o fato na coluna de anotações do Protocolo.

Art. 204. A decisão da dúvida tem natureza administrativa e não impede o uso do processo contencioso competente. Art. 205. Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30 (trinta) dias do seu lançamento no protocolo, o título não tiver sido registrado por omissão do interessado em atender às exigências legais. Art. 206. Se o documento, uma vez prenotado, não puder ser registrado, ou o apresentante desistir do seu registro, a importância relativa às despesas previstas no artigo 14 será restituída, deduzida a quantia correspondente as buscas e à prenotação. Art. 207. No processo, de dúvida, somente serão devidas custas, a serem pagas pelo interessado, quando a dúvida for julgada procedente.Art. 208. O registro começado dentro das horas fixadas não será interrompido, salvo motivo de força maior declarado, prorrogando-se o expediente até ser concluído.Art. 209. Durante a prorrogação nenhuma nova apresentação será admitida, lavrando o termo de encerramento no protocolo.Art. 210. Todos os atos serão assinados e encerrados pelo oficial, por seu substituto legal, ou por escrevente expressamente designado pelo oficial ou por seu substituto legal e autorizado pelo Juiz competente ainda que os primeiros não estejam nem afastados nem impedidos. Art. 211. Nas vias dos títulos restituídas aos apresentantes, serão declarados resumidamente, por carimbo, os atos praticados. Art. 212. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o prejudicado reclamar sua retificação, por meio de processo próprio. Art. 213. A requerimento do interessado, poderá ser retificado o erro constante do registro, desde que tal retificação não acarrete prejuízo a terceiro.

§ 1° A retificação será feita mediante despacho judicial, salvo no caso de erro evidente, o qual o oficial, desde logo, corrigirá, com a devida cautela.§ 2º Se da retificação resultar alteração da descrição das divisas ou da área do imóvel, serão citados, para se manifestar sobre o requerimento, em dez dias, todos os confrontantes e o alienante ou seus sucessores, dispensada a citação destes últimos se a data da transcrição ou da matrícula remontar a mais de vinte anos. § 3º O Ministério Público será ouvido no pedido de retificação.§ 4º Se o pedido de retificação for impugnado fundamentadamente, o Juiz remeterá o interessado para as vias ordinárias.§ 5º Da sentença do Juiz, deferindo ou não o requerimento, cabe o recurso de apelação com ambos os efeitos.

Art. 215. São nulos os registros efetuados após sentença de abertura de falência, ou do termo legal nele fixado, salvo se a apresentação tiver sido feita anteriormente. Art. 216. O registro poderá também ser retificado ou anulado por sentença em processo contencioso, ou por efeito do julgado em ação de anulação ou de declaração de nulidade de ato jurídico, ou de julgado sobre fraude à execução.

CAPÍTULO IV - Das Pessoas

118

Art. 217. O registro e a averbação poderão ser provocados por qualquer pessoa, incumbindo-lhe as despesas respectivas. Art. 218. Nos atos a título gratuito, o registro pode também ser promovido pelo transferente, acompanhado da prova de aceitação do beneficiado. Art. 219. O registro do penhor rural independente do consentimento do credor hipotecário. Art. 220. São considerados, para fins de escrituração, credores e devedores, respectivamente:

I - nas servidões, o dono do prédio dominante e dono do prédio serviente;II - no uso, o usuário e o proprietário;III - na habitação, o habitante e o proprietário;IV - na anticrese, o mutuante e o mutuário;V - no usufruto, o usufrutário e o nu-proprietário;VI - na enfiteuse, o senhorio e o enfiteuta;VII - na constituição de renda, o beneficiário e o rendeiro censuário;VIII - na locação, o locatário e o locador;IX - nas promessas de compra e venda, o promitente - comprador e o promitente - vendedor: X - nas penhoras e ações, o autor e o réu;XI - nas cessões de direitos, o cessionário e o cedente; XII - nas promessas de cessão de direitos, o promitente cessionário e o promitente cedente.

CAPÍTULO V - Dos Títulos

Art. 221. Somente são admitidos a registro:I - escrituras públicas, inclusive as lavradas em consulados brasileiros;II - escritos particulares autorizado em lei, assinados pelas partes e testemunhas, com as firmas reconhecidas, dispensado o reconhecimento quando se tratar de atos praticados por entidades vinculadas ao Sistema Financeiro de Habitação;III - atos autênticos de países estrangeiros, com força de instrumento público, legalizados e traduzidos na forma da lei, e registrados no cartório de Registro de Títulos e Documentos, assim como sentenças proferidas por tribunais estrangeiros após homologação pelo Supremo Tribunal Federal; IV - cartas de sentença, formais de partilha, certidões e mandados extraídos de autos de processo.

Art. 222. Em todas as escrituras e em todos os atos relativos a imóveis, bem como nas cartas de sentença e formais de partilha, o tabelião ou escrivão deve fazer referência à matrícula ou ao registro anterior, seu número e cartório. Art. 223. Ficam sujeitas à obrigação, a que alude o artigo anterior, as partes que, por instrumento particular, celebrarem atos relativos a imóveis.Art. 224. Nas escrituras, lavradas em decorrência de autorização judicial, serão mencionadas, por certidão, em breve relatório, com todas as minúcias que permitam identificá-los, os respectivos alvarás.

CAPÍTULO VI - Da Matrícula

Art. 225. Os tabeliães, escrivães e juizes farão com que, nas escrituras e nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os característicos, as confrontações e as localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos confrontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica no lado par ou do lado impar do logradouro, em que quadra e a que distância métrica da edificação ou da esquina mais próxima, exigindo dos interessados certidão do registro imobiliário.

119

§ 1º - As mesmas minúcias, com relação à caracterização do imóvel, devem constar dos instrumentos particulares apresentados em cartório para registro.§ 2º - Consideram-se irregulares, para efeito de matrícula, os títulos nos quais a caracterização do imóvel não coincida com a que consta do registro anterior.§ 3º - Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a localização, os limites e as confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001)

Art. 226. Tratando-se de usucapião, os requisitos da matrícula devem constar do mandado judicial. Art. 227. Todo imóvel objeto de título a ser registrado deve estar matriculado no Livro nº 2 - Registro Geral - obedecido o disposto no art. 176. Art. 228. A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro registro a ser lançado na vigência desta Lei, mediante os elementos constantes do título apresentado e do registro anterior nele mencionado. Art. 229. Se o registro anterior foi efetuado em outra circunscrição, a matrícula será aberta com os elementos constantes do título apresentado e da certidão atualizada daquele registro, a qual ficará arquivada em cartório. Art. 230. Se na certidão constar ônus, o oficial fará a matrícula, e, logo em seguida ao registro, averbará a existência do ônus, sua natureza e valor, certificando o fato no título que devolver à parte, o que ocorrerá, também quando o ônus estiver lançado no próprio cartório. Art. 231. No preenchimento dos livros, observar-se-ão as seguintes normas:

I - no alto da face de cada folha será lançada a matrícula do imóvel, com os requisitos constantes do art. 176, e no espaço restante e no verso, serão lançados por ordem cronológica e em forma narrativa, os registros e averbações dos atos pertinentes ao imóvel matriculado;II - preenchida uma folha, será feito o transporte para a primeira folha em branco do mesmo livro ou do livro da mesma série que estiver em uso, onde continuarão os lançamentos, com remissões recíprocas.

Art. 232. Cada lançamento de registro será precedido pela letra "R" e o da averbação pelas letras "AV", seguindo-se o número de ordem do lançamento e o da matrícula (ex: R-1-1, R-2-1, AV-3-1, R-4-1, AV-5-1, etc.).Art. 233. A matrícula será cancelada:

I - por decisão judicial;II - quando em virtude de alienações parciais, o imóvel for inteiramente transferido a outros proprietários;III - pela fusão, nos termos do artigo seguinte.

Art. 234. Quando dois ou mais imóveis contíguos, pertencentes ao mesmo proprietário, constarem de matrículas autônomas, pode ele requerer a fusão destas em uma só, de novo número, encerrando-se as primitivas. Art. 235. Podem, ainda, ser unificados, com abertura de matrícula única:

I - dois ou mais imóveis constantes de transcrições anteriores a esta Lei, à margem das quais será averbada a abertura da matrícula que os unificar;II - dois ou mais imóveis, registrados por ambos os sistemas, caso em que, nas transcrições, será feita a averbação prevista no item anterior, e as matrículas serão encerradas na forma do artigo anterior.

120

Parágrafo único. Os imóveis de que trata este artigo, bem como os oriundos de desmembramentos, partilha e glebas destacadas de maior porção, serão desdobrados em novas matrículas, juntamente com os ônus que sobre eles existirem, sempre que ocorrer a transferência de uma ou mais unidades, procedendo-se, em seguida, ao que estipula o item II do art. 233.

CAPÍTULO VII - Do Registro

Art. 236. Nenhum registro poderá ser feito sem que o imóvel a que se referir esteja matriculado. Art. 237. Ainda que o imóvel esteja matriculado, não se fará registro que dependa da apresentação de título anterior, a fim de que se preserve a continuidade do registro. Art. 238. O registro de hipoteca convencional valerá pelo prazo de 30 (trinta) anos, findo o qual só será mantido o número anterior se reconstituída por novo título e novo registro. Art. 239. As penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis serão registrados depois de pagas as custas do registro pela parte interessada, em cumprimento de mandado ou à vista de certidão do escrivão, de que constem, além dos requisitos exigidos para o registro, os nomes do juiz, do depositário, das partes e a natureza do processo.

Parágrafo único - A certidão será lavrada pelo escrivão do feito, com a declaração do fim especial a que se destina, após a entrega, em cartório, do mandato devidamente cumprido.

Art. 240. O registro da penhora faz prova quanto à fraude de qualquer transação posterior. Art. 241. O registro da anticrese no livro nº 2 declarará, também, o prazo, a época do pagamento e a forma de administração. Art. 242. O contrato de locação, com cláusula expressa de vigência no caso de alienação do imóvel, registrado no Livro nº 2, consignará também, o seu valor, a renda, o prazo, o tempo e o lugar do pagamento, bem como pena convencional. Art. 243. A matrícula do imóvel promovida pelo titular do domínio direto aproveita ao titular do domínio útil, e vice-versa. Art. 244. As escrituras antenupciais serão registradas no livro n. 3 do cartório do domicílio conjugal, sem prejuízo de sua averbação obrigatória no lugar da situação dos imóveis de propriedade do casal, ou dos que forem sendo adquiridos e sujeitos a regime de bens diverso do comum, com a declaração das respectivas cláusulas, para ciência de terceiros. Art. 245. Quando o regime de separação de bens for determinado por lei, far-se-á a respectiva averbação nos termos do artigo anterior, incumbindo ao Ministério Público zelar pela fiscalização e observância dessa providência.

CAPÍTULO VIII - Da Averbação e do Cancelamento

Art. 246. Além dos casos expressamente indicados no item II do artigo 167, serão averbados na matrícula as sub-rogações e outras ocorrências que, por qualquer modo, alterem o registro.

Parágrafo único - As averbações a que se referem os itens 4 e 5 do inciso II do art. 167 serão as feitas a requerimento dos interessados, com firma reconhecida, instruído com documento dos interessados, com firma reconhecida, instruído com documento comprobatório fornecido pela autoridade competente. A alteração do nome só poderá ser averbada quando devidamente comprovada por certidão do Registro Civil. § 1º As averbações a que se referem os itens 4 e 5 do inciso II do art. 167 serão as feitas a requerimento dos interessados, com firma reconhecida, instruído com documento dos interessados, com firma reconhecida, instruído com documento comprobatório fornecido pela autoridade competente. A alteração do nome só poderá ser averbada quando

121

devidamente comprovada por certidão do Registro Civil. (Redação dada pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001)§ 2º Tratando-se de terra indígena com demarcação homologada, a União promoverá o registro da área em seu nome. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001.)§ 3º Constatada, durante o processo demarcatório, a existência de domínio privado nos limites da terra indígena, a União requererá ao Oficial de Registro a averbação, na respectiva matrícula, dessa circunstância. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001.)§ 4º As providências a que se referem os §§ 2o e 3o deste artigo deverão ser efetivadas pelo cartório, no prazo de trinta dias, contado a partir do recebimento da solicitação de registro e averbação, sob pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), sem prejuízo da responsabilidade civil e penal do Oficial de Registro. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001.)

Art. 247. Averbar-se-á, também, na matrícula, a declaração de indisponibilidade de bens, na forma prevista na Lei. Art. 248. O cancelamento efetuar-se-á mediante averbação, assinada pelo oficial, seu substituto legal ou escrevente autorizado, e declarará o motivo que o determinou, bem como o título em virtude do qual foi feito. Art. 249. O cancelamento poderá ser total ou parcial e referir-se a qualquer dos atos do registro. Art. 250. Far-se-á o cancelamento:

I - em cumprimento de decisão judicial transitada em julgado;II - a requerimento unânime das partes que tenham participado do ato registrado, se capazes, com as firmas reconhecidas por tabelião;III - A requerimento do interessado, instruído com documento hábil.

Art. 251. O cancelamento da hipoteca só pode ser feito: I - à vista de autorização expressa ou quitação outorgada pelo credor ou seu sucessor, em instrumento público ou particular;II - em razão de procedimento administrativo ou contencioso, no qual o credor tenha sido intimado (artigo 698 do Código de Processo Civil);III - na conformidade da legislação referente às cédulas hipotecárias.

Art. 252. O registro, enquanto não cancelado, produz todos os seus efeitos legais ainda que, por outra maneira, se prove que o título está desfeito, anulado, extinto ou rescindido. Art. 253. Ao terceiro prejudicado é lícito, em juízo, fazer prova da extinção dos ônus, reais, e promover o cancelamento do seu registro. Art. 254. Se, cancelado o registro, subsistirem o título e os direitos dele decorrentes, poderá o credor promover novo registro, o qual só produzirá efeitos a partir da nova data. Art. 255. Além dos casos previstos nesta Lei, a inscrição de incorporação ou loteamento só será cancelada a requerimento do incorporador ou loteador, enquanto nenhuma unidade ou lote for objeto de transação averbada, ou mediante o consentimento de todos os compromissários ou cessionários. Art. 256. O cancelamento da servidão, quando o prédio dominante estiver hipotecado, só poderá ser feito com aquiescência do credor, expressamente manifestada. Art. 257. O dono do prédio serviente terá, nos termos da lei, direito a cancelar a servidão. Art. 258. O foreiro poderá, nos termos da lei, averbar a renúncia de seu direito, sem dependência do consentimento do senhorio direto. Art. 259. O cancelamento não pode ser feito em virtude de sentença sujeita, ainda, a recurso.

122

7.B - Sistema público de registro de terras. Cadastro Rural. Lei nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Cria o Sistema Nacional de Cadastro Rural e dá outras providências.

Art. 1º - É instituído o Sistema Nacional de Cadastro Rural, que compreenderá: I - Cadastro de Imóveis Rurais; II - Cadastro de Proprietários e Detentores de Imóveis Rurais; III - Cadastro de Arrendatários e Parceiros Rurais; IV - Cadastro de Terras Públicas.

§ 1o As revisões gerais de cadastros de imóveis a que se refere o § 4o do art. 46 da Lei no

4.504, de 30 de novembro de 1964, serão realizadas em todo o País nos prazos fixados em ato do Poder Executivo, para fins de recadastramento e de aprimoramento do Sistema de Tributação da Terra – STT e do Sistema Nacional de Cadastro Rural – SNCR. (Os arts. 1º, 2º e 8º foram modificados pela Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001.)§ 2o Fica criado o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR, que terá base comum de informações, gerenciada conjuntamente pelo INCRA e pela Secretaria da Receita Federal, produzida e compartilhada pelas diversas instituições públicas federais e estaduais produtoras e usuárias de informações sobre o meio rural brasileiro. § 3o A base comum do CNIR adotará código único, a ser estabelecido em ato conjunto do INCRA e da Secretaria da Receita Federal, para os imóveis rurais cadastrados de forma a permitir sua identificação e o compartilhamento das informações entre as instituições participantes. § 4o Integrarão o CNIR as bases próprias de informações produzidas e gerenciadas pelas instituições participantes, constituídas por dados específicos de seus interesses, que poderão por elas ser compartilhados, respeitadas as normas regulamentadoras de cada entidade.

Art. 2º - Ficam obrigados a prestar declaração de cadastro, nos prazos e para os fins a que se refere o artigo anterior, todos os proprietários, titulares de domínio útil ou possuidores a qualquer título de imóveis rurais que sejam ou possam ser destinados à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal ou agroindustrial, como definido no item I do Art. 4º do Estatuto da Terra.

§ 1º - O não-cumprimento do disposto neste artigo sujeitará o contribuinte ao lançamento “ex officio” dos tributos e contribuições devidas, aplicando-se as alíquotas máximas para seu cálculo, além de multas e demais cominações legais. § 2º - Não incidirão multa e correção monetária sobre os débitos relativos a imóveis rurais cadastrados ou não, até 25 (vinte e cinco) módulos, desde que o pagamento do principal se efetue no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a partir da vigência desta Lei. § 3o Ficam também obrigados todos os proprietários, os titulares de domínio útil ou os possuidores a qualquer título a atualizar a declaração de cadastro sempre que houver alteração nos imóveis rurais, em relação à área ou à titularidade, bem como nos casos de preservação, conservação e proteção de recursos naturais.

Art. 3º - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, fornecerá o Certificado de Cadastro de Imóveis Rurais e o de Arrendatários e Parceiros Rurais, na forma prevista nesta Lei.

Parágrafo único. Os documentos expedidos pelo INCRA, para fins cadastrais, não fazem prova de propriedade ou de direitos a ela relativos.

123

Art. 4º - Pelo Certificado de Cadastro que resultar de alteração requerida pelo contribuinte, emissão de segundas vias do certificado, certidão de documentos cadastrais, ou quaisquer outros relativos à situação fiscal do contribuinte, o INCRA cobrará uma remuneração pelo regime de preços públicos segundo tabela anual aprovada pelo Ministro da Agricultura. Art. 5º - São isentas do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural:

I - as áreas de preservação permanente onde existam florestas formadas ou em formação; II - as áreas reflorestadas com essências nativas. Parágrafo único. O INCRA, ouvido o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, em Instrução Especial aprovada pelo Ministro da Agricultura, baixará as normas disciplinadoras da aplicação do disposto neste artigo.

Art. 6º - Para fim de incidência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, a que se refere o Art. 29 da Lei número 5.172, de 25 de outubro de 1966, considera-se imóvel rural aquele que se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal ou agroindustrial e que, independentemente de sua localização, tiver área superior a 1 (um) hectare. Parágrafo único. Os imóveis que não se enquadrem no disposto neste artigo, independentemente de sua localização, estão sujeitos ao Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, a que se refere o Art. 32 da Lei número 5.172, de 25 de outubro de 1966. Art. 7º - O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incidirá sobre as glebas rurais de área não excedente a 25 (vinte e cinco) hectares, quando as cultive, só, ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (§ 6º do Art. 21 da Constituição Federal).

§ 1º - Para gozar da imunidade prevista neste artigo, o proprietário, ao receber o Certificado de Cadastro, declarará, perante o INCRA, que preenche os requisitos indispensáveis à sua concessão. § 2º - Verificada a qualquer tempo a falsidade da declaração, o proprietário ficará sujeito às cominações do § 1º do Art. 2º desta Lei.

Art. 8º - Para fins de transmissão, a qualquer título, na forma do Art. 65 da Lei número 4.504, de 30 de novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou dividido em área de tamanho inferior à do módulo calculado para o imóvel ou da fração mínima de parcelamento fixado no § 1º deste artigo, prevalecendo a de menor área.

§ 1º - A fração mínima de parcelamento será: a) o módulo correspondente à exploração hortigranjeira das respectivas zonas típicas, para os Municípios das capitais dos Estados; b) o módulo correspondente às culturas permanentes para os demais Municípios situados nas zonas típicas A, B e C; c) o módulo correspondente à pecuária para os demais Municípios situados na zona típica D.

§ 2º - Em Instrução Especial aprovada pelo Ministro da Agricultura, o INCRA poderá estender a outros Municípios, no todo ou em parte, cujas condições demográficas e sócio-econômicas o aconselhem, a fração mínima de parcelamento prevista para as capitais dos Estados. § 3o São considerados nulos e de nenhum efeito quaisquer atos que infrinjam o disposto neste artigo não podendo os serviços notariais lavrar escrituras dessas áreas, nem ser tais atos registrados nos Registros de Imóveis, sob pena de responsabilidade administrativa, civil e criminal de seus titulares ou prepostos. § 4º - O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que a alienação da área se destine comprovadamente a sua anexação ao prédio rústico, confrontante, desde que o imóvel do qual se desmembre permaneça com área igual ou superior à fração mínima do parcelamento.

124

§ 5º - O disposto neste artigo aplica-se também às transações celebradas até esta data e ainda não registradas em Cartório, desde que se enquadrem nas condições e requisitos ora estabelecidos.

Art. 9º - O valor mínimo do imposto a que se refere o Art. 50 e parágrafos 1 a 4, da Lei número 4.504, de 30 de novembro de 1964, será de 01/30 (um trinta avos) do maior salário mínimo vigente no País em 1 de janeiro do exercício fiscal correspondente. Art. 10 - Os coeficientes de progressividade e regressividade de que tratam os parágrafos do Art. 50 da Lei número 4.504, de 30 de novembro de 1964, não serão aplicados às áreas do imóvel que, comprovadamente, sejam utilizados em exploração mineral, ou que forem destinados a programas e projetos de colonização particular, desde que satisfeitas as exigências e requisitos regulamentares. Art. 11 - O Poder Executivo, no prazo de 30 (trinta) dias, regulamentará a aplicação desta Lei. Art. 12 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, em especial os parágrafos 1 e 2 do Art. 5º, e os artigos 7, 11, 14 e 15, e seus parágrafos, do Decreto- lei número 57, de 18 de novembro de 1966, o parágrafo 4 do Art. 5º do Decreto-lei número 1.146, de 31 de dezembro de 1970, e o Art. 39 da Lei número 4.771, de 15 de setembro de 1965.

6.C - Sistema público de registro de terras. Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR). Lei nº 4.974, de 6 de abril de 1966 (Excerto).

Fixa normas de Direito Agrário, dispõe sobre o sistema de organização e funcionamento do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, e dá outras outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:.................................................................................................................................................Art. 22 - A partir de 1º de janeiro de 1967, somente mediante apresentação do Certificado de Cadastro, expedido pelo IBRA e previsto na Lei n º 4.504, de 30 de novembro de 1964, poderá o proprietário de qualquer imóvel rural pleitear as facilidades proporcionadas pelos órgãos federais de administração centralizada ou descentralizada, ou por empresas de economia mista de que a União possua a maioria das ações, e, bem assim, obter inscrição, aprovação e registro de projetos de colonização particular, no IBRA ou no INDA, ou aprovação de projetos de loteamento.

§ 1º - Sem apresentação do Certificado de Cadastro, não poderão os proprietários, a partir da data a que se refere este artigo, sob pena de nulidade, desmembrar, arrendar, hipotecar, vender ou prometer em venda imóveis rurais. § 2º - Em caso de sucessão causa mortis nenhuma partilha, amigável ou judicial, poderá ser homologada pela autoridade competente, sem a apresentação do Certificado de Cadastro, a partir da data referida neste artigo. § 3o A apresentação do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR, exigida no caput deste artigo e nos §§ 1o e 2o, far-se-á, sempre, acompanhada da prova de quitação do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, correspondente aos últimos cinco exercícios, ressalvados os casos de inexigibilidade e dispensa previstos no art. 20 da Lei no

9.393, de 19 de dezembro de 1996. (A partir deste parágrafo, inclusive, a norma foi alterada pela Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001.) § 4o Dos títulos de domínio destacados do patrimônio público constará obrigatoriamente o número de inscrição do CCIR, nos termos da regulamentação desta Lei.

125

§ 5o Nos casos de usucapião, o juiz intimará o INCRA do teor da sentença, para fins de cadastramento do imóvel rural. § 6o Além dos requisitos previstos no art. 134 do Código Civil e na Lei no 7.433, de 18 de dezembro de 1985, os serviços notariais são obrigados a mencionar nas escrituras os seguintes dados do CCIR:

I – código do imóvel; II – nome do detentor; III – nacionalidade do detentor; IV – denominação do imóvel; V – localização do imóvel.

§ 7o Os serviços de registro de imóveis ficam obrigados a encaminhar ao INCRA, mensalmente, as modificações ocorridas nas matrículas imobiliárias decorrentes de mudanças de titularidade, parcelamento, desmembramento, loteamento, remembramento, retificação de área, reserva legal e particular do patrimônio natural e outras limitações e restrições de caráter ambiental, envolvendo os imóveis rurais, inclusive os destacados do patrimônio público. § 8o O INCRA encaminhará, mensalmente, aos serviços de registro de imóveis, os códigos dos imóveis rurais de que trata o § 7o, para serem averbados de ofício, nas respectivas matrículas.

6.D – Regulamentação da Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001 (Sistema público de registro de terras). Decreto nº 449, de 30 de outubro de 2002.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001,

DECRETA:

Art. 1º. A apresentação do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural - CCIR, exigida no art. 22 e nos seus §§ 1º e 2º da Lei no 4.947, de 6 de abril de 1966, far-se-á sempre acompanhada da prova de quitação do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, correspondente aos últimos cinco exercícios, ressalvados os casos de inexigibilidade e dispensa de sua comprovação, previstos no art. 20 da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, bem como os casos de imunidades, extinção e exclusão do crédito tributário. Art. 2º. Dos títulos de domínio destacados do patrimônio público constará obrigatoriamente o código do imóvel rural constante do CCIR, expedido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, relativo à área do patrimônio público cadastrada no Sistema Nacional de Cadastro Rural - SNCR.

§ 1º Quando for o caso de área pública rural destacada de outra maior, o beneficiário do título, no prazo de trinta dias, procederá à atualização cadastral do imóvel perante o INCRA.§ 2º Incumbe ao INCRA normatizar os critérios e procedimentos referentes à abertura de cadastros das áreas destacadas a qualquer título do patrimônio público fundiário, ficando obrigado a abrir de ofício cadastros individualizados para as áreas que por sua iniciativa fizer destacar, incumbindo aos demais órgãos públicos promoverem perante o INCRA os cadastros individualizados das áreas destacadas de terras sob sua administração.

Art. 3º. Nos casos de usucapião de imóvel rural, após o trânsito em julgado da sentença declaratória, o juiz intimará o INCRA de seu teor, para fins de cadastramento.§ 1º Para dar maior celeridade ao cadastramento do imóvel rural, poderá constar no mandado de intimação a identificação do imóvel na forma do § 3º do art. 225 da Lei no 6.015, de 31 de

126

dezembro de 1973, e o endereço completo do usucapiente.§ 2º Recebendo a intimação, o INCRA convocará o usucapiente para proceder às atualizações cadastrais necessárias.Art. 4º. Os serviços de registros de imóveis ficam obrigados a comunicar mensalmente ao INCRA as modificações ocorridas nas matrículas, decorrentes de mudanças de titularidade, parcelamento, desmembramento, loteamento, unificação de imóveis, retificação de área, reserva legal e particular do patrimônio natural, bem como outras limitações e restrições de caráter dominial e ambiental, para fins de atualização cadastral.

§ 1º O informe das alterações de que trata o caput deste artigo deverá ser encaminhado ao INCRA, até o trigésimo dia do mês subseqüente à modificação ocorrida, pela forma que vier a ser estabelecida em ato normativo por ele expedido.§ 2º Acompanhará o informe de que trata o § 1º certidão da matrícula atualizada, abrangendo as modificações mencionadas neste artigo.

Art. 5º. O INCRA comunicará, mensalmente, por escrito, aos serviços de registros de imóveis os códigos dos imóveis rurais decorrentes de mudança de titularidade, parcelamento, desmembramento, loteamento e unificação, na forma prevista no § 1º do art. 4º.Parágrafo único. Os serviços de registro de imóveis efetuarão na matrícula respectiva, de ofício, a averbação do novo código do imóvel fornecido pelo INCRA.Art. 6º. As obrigações constantes dos arts. 4º e 5º deste Decreto aplicam-se, inclusive, aos imóveis rurais destacados do patrimônio público. Art. 7º. Os critérios técnicos para implementação, gerenciamento e alimentação do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR serão fixados em ato normativo conjunto do INCRA e da Secretaria da Receita Federal.

§ 1º A base mínima de dados comum do CNIR contemplará as informações de natureza estrutural que vierem a ser fixadas no ato normativo referido no caput e as de interesse substancial das instituições dele gerenciadoras, bem como os dados informativos do § 6º do art. 22 da Lei nº 4.947, de 1966.§ 2º São informações de natureza estrutural obrigatórias as relativas aos dados sobre identificação, localização, dimensão, titularidade e situação jurídica do imóvel, independentemente de estarem ou não acompanhadas de associações gráficas.§ 3º Além do INCRA e da Secretaria da Receita Federal, todos os demais órgãos da Administração Pública Federal serão obrigatoriamente produtores, alimentadores e usuários da base de informações do CNIR.§ 4º As instituições gerenciadoras do CNIR poderão firmar convênios específicos para o estabelecimento de interatividade dele com as bases de dados das Administrações Públicas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.§ 5º As instituições gerenciadoras do CNIR deverão convidar e incentivar a participação de entidades da sociedade civil detentoras de bases de dados cadastrais correlatos, para interagirem com o esforço de alimentação e gerenciamento do CNIR.§ 6º O código único do CNIR será o código que o INCRA houver atribuído ao imóvel no CCIR, e deverá ser mencionado nos atos notariais e registrais de que tratam os §§ 6º e 7º do art. 22 da Lei nº 4.947, de 1966, e a alínea "a" do item 3 do art. 176 da Lei nº 6.015, de 1973.§ 7º O ato normativo conjunto previsto no caput estabelecerá as normas para compartilhamento e sistema de senhas e níveis de acesso às informações constantes do CNIR, de modo a não restringir o acesso das entidades componentes da rede de interação desse Cadastro aos informes de natureza pública irrestrita, sem, contudo, permitir acesso indiscriminado a dados de natureza sigilosa, privilegiada, de divulgação expressa ou implicitamente vedada em lei, ou potencialmente vulneradores do direito à privacidade.

Art. 8º Os custos financeiros de que tratam o § 3º do art. 176 e o § 3º do art. 225 da Lei nº

127

6.015, de 1973, compreendem os serviços técnicos necessários à identificação do imóvel, garantida a isenção ao proprietário de imóvel rural cujo somatório das áreas não exceda a quatro módulos fiscais.

§ 1º A isenção de que trata este artigo abrange a identificação do imóvel rural, nos casos de transmissão de domínio da área total cujo somatório não exceda a quatro módulos fiscais, na forma e nos prazos previstos no art. 10.§ 2º O INCRA proporcionará os meios necessários para a identificação do imóvel rural, devendo o ato normativo conjunto de que trata o art. 7º deste Decreto estabelecer os critérios técnicos e procedimentos para a execução da medição dos imóveis para fim de registro imobiliário, podendo, inclusive, firmar convênio com os Estados e o Distrito Federal, propiciando a interveniência dos respectivos órgãos de terra.§ 3º Para beneficiar-se da isenção prevista neste artigo, o proprietário declarará ao órgão responsável pelo levantamento que preenche os requisitos do caput deste artigo, de acordo com as regras a serem estabelecidas em ato normativo do INCRA.§ 4º A isenção prevista neste Decreto não obsta que o interessado promova, a suas expensas, a medição de sua propriedade, desde que atenda aos requisitos técnicos fixados no art. 9º.

Art. 9º A identificação do imóvel rural, na forma do § 3º do art. 176 e do § 3º do art. 225 da Lei nº 6.015, de 1973, será obtida a partir de memorial descritivo elaborado, executado e assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, e com precisão posicional a ser estabelecida em ato normativo, inclusive em manual técnico, expedido pelo INCRA.

§ 1º Caberá ao INCRA certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio. § 2º A certificação do memorial descritivo pelo INCRA não implicará reconhecimento do domínio ou a exatidão dos limites e confrontações indicados pelo proprietário.§ 3º Para os fins e efeitos do § 2º do art. 225 da Lei nº 6.015, de 1973, a primeira apresentação do memorial descritivo segundo os ditames do § 3º do art. 176 e do § 3º do art. 225 da mesma Lei, e nos termos deste Decreto, respeitadas as divisas do imóvel e os direitos de terceiros confrontantes, não caracterizará irregularidade impeditiva de novo registro, devendo, no entanto, os subseqüentes estar rigorosamente de acordo com o referido § 2º, sob pena de incorrer em irregularidade sempre que a caracterização do imóvel não for coincidente com a constante do primeiro registro de memorial georreferenciado, excetuadas as hipóteses de alterações expressamente previstas em lei. § 4º Visando a finalidade do § 3º, e desde que mantida a descrição das divisas do imóvel e os direitos de terceiros confrontantes, não serão opostas ao memorial georreferenciado as discrepâncias de área que não excederem os limites preceituados na legislação vigente.§ 5º O memorial descritivo, que de qualquer modo possa alterar o registro, será averbado no serviço de registro de imóveis competente mediante requerimento do interessado, contendo declaração firmada sob pena de responsabilidade civil e criminal, com firma reconhecida, de que não houve alteração das divisas do imóvel registrado e de que foram respeitados os direitos dos confrontantes, acompanhado da certificação prevista no § 1º deste artigo, do CCIR e da prova de quitação do ITR dos últimos cinco exercícios, quando for o caso.§ 6º A documentação prevista no § 5º deverá ser acompanhada de declaração expressa dos confinantes de que os limites divisórios foram respeitados, com suas respectivas firmas reconhecidas. § 7º Quando a declaração for manifestada mediante escritura pública, constituir-se-á produção antecipada de prova.§ 8º Não sendo apresentadas as declarações constantes no § 6º e a certidão prevista no § 1º,

128

o oficial encaminhará a documentação ao juiz de direito competente, para que a retificação seja processada nos termos do art. 213 da Lei nº 6.015, de 1973.

Art. 10. A identificação da área do imóvel rural, prevista nos §§ 3º e 4º do art. 176 da Lei nº 6.015, de 1973, será exigida, em qualquer situação de transferência, na forma do art. 9º, somente após transcorridos os seguintes prazos, contados a partir da publicação deste Decreto:

I - noventa dias, para os imóveis com área de cinco mil hectares, ou superior;II - um ano, para os imóveis com área de mil a menos de cinco mil hectares;III - dois anos, para os imóveis com área de quinhentos a menos de mil hectares; eIV - três anos, para os imóveis com área inferior a quinhentos hectares.

§ 1º Quando se tratar da primeira apresentação do memorial descritivo, aplicar-se-ão as disposições contidas no § 4º do art. 9º.§ 2º Após os prazos assinalados nos incisos I a IV, fica defeso ao oficial do registro de imóveis a prática de quaisquer atos registrais envolvendo as áreas rurais de que tratam aqueles incisos, até que seja feita a identificação do imóvel na forma prevista neste Decreto.

Art. 11. A retificação administrativa de matrícula, registro ou averbação, prevista no art. 8º-A da Lei nº 6.739, de 5 de dezembro de 1979, será adotada para as hipóteses em que a alteração de área ou limites promovida pelo ato registral venha a instrumentalizar indevida transferência de terras públicas, e objetivará apenas a reversão do registro aos limites ou área anteriores, seguindo-se preferencialmente o procedimento previsto nos parágrafos do art. 8º-A, mediante requerimento direto ao oficial do serviço registral da comarca de localização do imóvel, mas não suprime as competências de ofício e por provocação, que os arts. 1º e 5º da Lei nº 6.739, de 1979, fixam para o Corregedor-Geral da Justiça do Estado de localização do imóvel.Art. 12. O pedido de cancelamento administrativo da matrícula e do registro, previsto no art. 8º-B da Lei nº 6.739, de 1979, não suprime as competências de ofício e por provocação que os arts 1º e 5º da mesma Lei fixam para o Corregedor-Geral da Justiça do Estado de localização do imóvel, e será adotado para as hipóteses em que não seja possível o requerimento de que cuida o art. 8º-A da mesma Lei.

Art. 13. Nos casos de interesse da União e de suas autarquias e fundações, será competente para examinar o pedido de cancelamento de que cuida a Lei nº 6.739, de 1979, o juiz federal da seção judiciária a que as leis processuais incumbirem o processamento e julgamento da causa.Art. 14. O registro retificado ou cancelado na forma dos arts 8º-A, 8º-B e 8º-C da Lei nº 6.739, de 1979, não poderá ser realizado novamente, exceto se houver expressa autorização do ente público titular do domínio.Art. 15. O INCRA e a Secretaria da Receita Federal baixarão, conjuntamente, atos administrativos, visando à implantação do CNIR, no prazo de noventa dias a contar da publicação deste Decreto.Art. 16. Os títulos públicos, particulares e judiciais, relativos a imóveis rurais, lavrados, outorgados ou homologados anteriormente à promulgação da Lei nº 10.267, de 2001, que importem em transferência de domínio, desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, e que exijam a identificação da área, poderão ser objeto de registro, acompanhados de memorial descritivo elaborado nos termos deste Decreto.Art. 17. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

129

________________________________________________________________8. Perícias

8.A – Disciplina geral. Código de Processo Civil. Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973, com diversas modificações posteriores.

Extraídos do sítio da Presidência, os dispositivos reproduzidos abaixo integram dois títulos distintos do Código de Processo Civil, o primeiro tratando dos auxiliares da Justiça e o segundo cuidando das provas no procedimento ordinário. Lembre-se que o perito é um dos ditos auxiliares. Sobre o assunto há vasta bibliografia, podendo ser consultada aquela indicada no capítulo "Engenharia legal: perícias" da apostila O Direito na Cartografia. A disciplina de alguns procedimentos especiais, previstos pelo mesmo código, que demandam trabalhos de Engenharia está transcrita no nº 6-B, supra (ações de usucapião e de divisão e demarcação de terras particulares).

TÍTULO IV - Dos Órgãos Judiciários e dos Auxiliares da JustiçaCAPÍTULO V - Dos Auxiliares da Justiça

Seção II - Do Perito

Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.

§ 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. § 2º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. § 3º Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.

Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la (art. 423). Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer..................................................................................................................................................

TÍTULO VIII - Do Procedimento OrdinárioCAPÍTULO VI - Das ProvasSeção VII - Da Prova Pericial

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;

130

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;III - a verificação for impraticável.

Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1º Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

I - indicar o assistente técnico;II - apresentar quesitos.

§ 2º Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.

Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição. Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito. Art. 424. O perito pode ser substituído quando:

I - carecer de conhecimento técnico ou científico;II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assinado.

Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.

Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.Art. 426. Compete ao juiz:

I - indeferir quesitos impertinentes;II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.

Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.Art. 430. Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992:

Texto original: O perito e os assistentes técnicos, depois de averiguação individual ou em conjunto, conferenciarão reservadamente e, havendo acordo, lavrarão laudo unânime.Parágrafo único. O laudo será escrito pelo perito e assinado por ele e pelos assistentes técnicos.

Art. 431. Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992:Texto original: Se houver divergência entre o perito e os assistentes técnicos, cada qual escreverá o laudo em separado, dando as razões em que se fundar.Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. (Artigo incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Artigo incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

131

Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.

Parágrafo único. Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992:Texto original: O prazo para os assistentes técnicos será o mesmo do perito.

Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.

Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo. (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento.

Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.

Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.

Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência.

Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não Ihe parecer suficientemente esclarecida.Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.

Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra.

8.B – Perícias de Engenharia. CONFEA. Resolução nº 345, de 27 de julho de 1990. Na dicção oficial, “dispõe quanto ao exercício por profissional de Nível Superior das atividades de Engenharia de Avaliações e Perícias de Engenharia”.

Visando interpretar a lei, mas, de fato, ampliando-a, a Resolução do CONFEA apresenta outros problemas vários. O texto foi extraído do sítio do órgão: www.confea.org.br.

O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, em sua Sessão Ordinária nº 1221, realizada em 27 de julho de 1990, usando das atribuições que lhe confere o Art. 27, letra "f", da Lei nº 5.194, de 24 DEZ 1966,

CONSIDERANDO que as perícias e avaliações de bens móveis e imóveis, suas partes integrantes e pertences, máquinas e instalações industriais, obras, serviços, bens e direitos, é

132

matéria essencialmente técnica que exige qualificação específica;

CONSIDERANDO que as perícias e avaliações desses bens é função do diplomado em Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, dentro das respectivas atribuições fixadas no Art. 7º, alínea "c", da Lei nº 5.194, de 24 DEZ 1966, e discriminadas pela Resolução nº 218, de 29 JUN 1973;

CONSIDERANDO o disposto na Lei nº 7.270, de 10 NOV 1984;

CONSIDERANDO, nada obstante, as dúvidas que ainda surgem por parte de órgãos e entidades na aplicação de normas que exigem laudos de avaliação e perícia para determinados efeitos legais, tais como Lei nº 6.404/76, de 15 DEZ 1976, Lei nº 24.150/34 e Lei nº 6.649/79;

CONSIDERANDO, finalmente, o disposto nas Leis nº 8.020 e 8.031, ambas de 12 ABR 1990,

RESOLVE:

Art. 1º - Para os efeitos desta Resolução, define-se: a) VISTORIA é a constatação de um fato, mediante exame circunstanciado e descrição minuciosa dos elementos que o constituem, sem a indagação das causas que o motivaram. b) ARBITRAMENTO é a atividade que envolve a tomada de decisão ou posição entre alternativas tecnicamente controversas ou que decorrem de aspectos subjetivos. c) AVALIAÇÃO é a atividade que envolve a determinação técnica do valor qualitativo ou monetário de um bem, de um direito ou de um empreendimento. d) PERÍCIA é a atividade que envolve a apuração das causas que motivaram determinado evento ou da asserção de direitos. e) LAUDO é a peça na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia o valor de coisas ou direitos, fundamentadamente.

Art. 2º - Compreende-se como a atribuição privativa dos Engenheiros em suas diversas especialidades, dos Arquitetos, dos Engenheiros Agrônomos, dos Geólogos, dos Geógrafos e dos Meteorologistas, as vistorias, perícias, avaliações e arbitramentos relativos a bens móveis e imóveis, suas partes integrantes e pertences, máquinas e instalações industriais, obras e serviços de utilidade pública, recursos naturais e bens e direitos que, de qualquer forma, para a sua existência ou utilização, sejam atribuições destas profissões. Art. 3º - Serão nulas de pleno direito as perícias e avaliações e demais procedimentos indicados no Art. 2º, quando efetivados por pessoas físicas ou jurídicas não registradas nos CREAs. Art. 4º - Os trabalhos técnicos indicados no artigo anterior, para sua plena validade, deverão ser objeto de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) exigida pela Lei nº 6.496, de 07 DEZ 1977.

Parágrafo único - As Anotações de Responsabilidade Técnica dos trabalhos profissionais de que trata a presente Resolução serão efetivadas nos CREAs em cuja jurisdição seja efetuado o serviço.

Art. 5º - As infrações à presente Resolução importarão, ainda, na responsabilização penal e administrativa pelo exercício ilegal de profissão, nos termos dos artigos 6º e 76 da Lei nº 5.194/66. Art. 6º - A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

133

________________________________________________________________9. Direitos autorais

Nesta seção reproduz-se, na íntegra, duas leis de fevereiro de 1998 que cuidam dos direitos autorais ou da propriedade intelectual ou, ainda, dos direitos intelectuais. A Lei nº 9.610 é a norma geral sobre o assunto hoje, no Brasil, revogando a defeituosa legislação de 1973. Já a Lei nº 9.610 cuida especificamente da propriedade intelectual dos programas de computador. Junta-se, ademais, a Resolução CONFEA nº 453, de 15 de dezembro de 2000, que trata do registro de obras intelectuais no Conselho Federal de Engenharia (disponível em legislacao.confea.org.br). Sobre o tema, deve-se consultar na apostila o texto “A proteção autoral nos trabalhos cartográficos - princípios gerais”, que também está no portal MundoGEO (www.mundogeo.com.br), seção de artigos.

9.A - Direitos fundamentais. Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988

Art. 5º/XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas.

9.B - Lei geral dos direitos autorais. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICAFaço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

Título I - Disposições Preliminares

Art. 1º. Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos. Art. 2º. Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordo, convenções e tratados em vigor no Brasil.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na proteção aos direitos autorais ou equivalentes.

Art. 3º. Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis.Art. 4º Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorais. Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se:

134

I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao conhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por qualquer forma ou processo; II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e imagens, por meio de ondas radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer outro processo eletromagnético; III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por outra; IV - distribuição - a colocação à disposição do público do original ou cópia de obras literárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e fonogramas, mediante a venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse; V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao alcance do público, por qualquer meio ou procedimento e que não consista na distribuição de exemplares; VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística ou científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de fixação que venha a ser desenvolvido; VII - contrafação - a reprodução não autorizada; VIII - obra:

a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores;b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por ser desconhecido; c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto; d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação; e) póstuma - a que se publique após a morte do autor; f) originária - a criação primígena; g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da transformação de obra originária;h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa física ou jurídica, que a pública sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma; i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento, independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação;

IX - fonograma - toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros sons, ou de uma representação de sons que não sejam uma fixação incluída em uma obra audiovisual; X - editor - a pessoa física ou jurídica à qual se atribui o direito exclusivo de reprodução da obra e o dever de divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição; XI - produtor - a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa e tem a responsabilidade econômica da primeira fixação do fonograma ou da obra audiovisual, qualquer que seja a natureza do suporte utilizado; XII - radiodifusão - a transmissão sem fio, inclusive por satélites, de sons ou imagens e sons ou das representações desses, para recepção ao público e a transmissão de sinais codificados, quando os meios de decodificação sejam oferecidos ao público pelo organismo de radiodifusão ou com seu consentimento; XIII - artistas intérpretes ou executantes - todos os atores, cantores, músicos, bailarinos ou outras pessoas que representem um papel, cantem, recitem, declamem, interpretem ou executem em qualquer forma obras literárias ou artísticas ou expressões do folclore.

135

Art. 6º Não serão de domínio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios as obras por eles simplesmente subvencionadas.

Título II - Das Obras Intelectuais

Capítulo I - Das Obras Protegidas

Art. 7º. São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:

I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; III - as obras dramáticas e dramático-musicais; IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixa por escrito ou por outra qualquer forma; V - as composições musicais, tenham ou não letra; VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia; VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética; IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova; XII - os programas de computador; XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual.

§ 1º Os programas de computador são objeto de legislação específica, observadas as disposições desta Lei que lhes sejam aplicáveis. § 2º A proteção concedida no inciso XIII não abarca os dados ou materiais em si mesmos e se entende sem prejuízo de quaisquer direitos autorais que subsistam a respeito dos dados ou materiais contidos nas obras. § 3º No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a forma literária ou artística, não abrangendo o seu conteúdo científico ou técnico, sem prejuízo dos direitos que protegem os demais campos da propriedade imaterial.

Art. 8º. Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei: I - as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais; II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios; III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas instruções; IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais; V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou legendas; VI - os nomes e títulos isolados; VII - o aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas nas obras.

Art. 9º. À cópia de obra de arte plástica feita pelo próprio autor é assegurada a mesma proteção de que goza o original.

136

Art. 10. A proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e inconfundível com o de obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente por outro autor.

Parágrafo único. O título de publicações periódicas, inclusive jornais, é protegido até um ano após a saída do seu último número, salvo se forem anuais, caso em que esse prazo se elevará a dois anos.

Capítulo II - Da Autoria das Obras Intelectuais

Art. 11. Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica. Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos previstos nesta Lei.

Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária, artística ou científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional. Art. 13. Considera-se autor da obra intelectual, não havendo prova em contrário, aquele que, por uma das modalidades de identificação referidas no artigo anterior, tiver, em conformidade com o uso, indicada ou anunciada essa qualidade na sua utilização. Art. 14. É titular de direitos de autor quem adapta, traduz, arranja ou orquestra obra caída no domínio público, não podendo opor-se a outra adaptação, arranjo, orquestração ou tradução, salvo se for cópia da sua. Art. 15. A co-autoria da obra é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo ou sinal convencional for utilizada.

§ 1º Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou dirigindo sua edição ou apresentação por qualquer meio. § 2º Ao co-autor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente, são asseguradas todas as faculdades inerentes à sua criação como obra individual, vedada, porém, a utilização que possa acarretar prejuízo à exploração da obra comum.

Art. 16. São co-autores da obra audiovisual o autor do assunto ou argumento literário, musical ou lítero-musical e o diretor.

Parágrafo único. Consideram-se co-autores de desenhos animados os que criam os desenhos utilizados na obra audiovisual.

Art. 17. É assegurada a proteção às participações individuais em obras coletivas. § 1º Qualquer dos participantes, no exercício de seus direitos morais, poderá proibir que se indique ou anuncie seu nome na obra coletiva, sem prejuízo do direito de haver a remuneração contratada. § 2º Cabe ao organizador a titularidade dos direitos patrimoniais sobre o conjunto da obra coletiva. § 3º O contrato com o organizador especificará a contribuição do participante, o prazo para entrega ou realização, a remuneração e demais condições para sua execução.

Capítulo III - Do Registro das Obras Intelectuais

Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro. Art. 19. É facultado ao autor registrar a sua obra no órgão público definido no caput e no § 1º do art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973. Art. 20. Para os serviços de registro previstos nesta Lei será cobrada retribuição, cujo valor e processo de recolhimento serão estabelecidos por ato do titular do órgão da administração pública federal a que estiver vinculado o registro das obras intelectuais.

137

Art. 21. Os serviços de registro de que trata esta Lei serão organizados conforme preceitua o § 2º do art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973.

Título III - Dos Direitos do Autor

Capítulo I - Disposições Preliminares

Art. 22. Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou. Art. 23. Os co-autores da obra intelectual exercerão, de comum acordo, os seus direitos, salvo convenção em contrário.

Capítulo II - Dos Direitos Morais do Autor

Art. 24. São direitos morais do autor: I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; III - o de conservar a obra inédita; IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem; VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.

§ 1º Por morte do autor, transmitem-se a seus sucessores os direitos a que se referem os incisos I a IV. § 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e autoria da obra caída em domínio público. § 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a terceiros, quando couberem.

Art. 25. Cabe exclusivamente ao diretor o exercício dos direitos morais sobre a obra audiovisual. Art. 26. O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado sem o seu consentimento durante a execução ou após a conclusão da construção.

Parágrafo único. O proprietário da construção responde pelos danos que causar ao autor sempre que, após o repúdio, der como sendo daquele a autoria do projeto repudiado.

Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.

Capítulo III - Dos Direitos Patrimoniais do Autor e de sua Duração

Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:

I - a reprodução parcial ou integral;

138

II - a edição; III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; IV - a tradução para qualquer idioma; V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual; VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra; VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, onda ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário; VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante:

a) representação, recitação ou declamação; b) execução musical; c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; d) radiodifusão sonora ou televisiva; e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva; f) sonorização ambiental; g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado; h) emprego de satélites artificiais; i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados; j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;

IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero; X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas.

Art. 30. No exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais poderá colocar à disposição do público a obra, na forma, local e pelo tempo que desejar, a título oneroso ou gratuito.

§ 1º O direito de exclusividade de reprodução não será aplicável quando ela for temporária e apenas tiver o propósito de tornar a obra, fonograma ou interpretação perceptível em meio eletrônico ou quando for de natureza transitória e incidental, desde que ocorra no curso do uso devidamente autorizado da obra, pelo titular. § 2º Em qualquer modalidade de reprodução, a quantidade de exemplares será informada e controlada, cabendo a quem reproduzir a obra a responsabilidade de manter os registros que permitam, ao autor, a fiscalização do aproveitamento econômico da exploração.

Art. 31. As diversas modalidades de utilização de obras literárias, artísticas ou científicas ou de fonogramas são independentes entre si, e a autorização concedida pelo autor, ou pelo produtor, respectivamente, não se estende a quaisquer das demais. Art. 32. Quando uma obra feita em regime de co-autoria não for divisível, nenhum dos co-autores, sob pena de responder por perdas e danos, poderá, sem consentimento dos demais, publicá-la ou autorizar-lhe a publicação, salvo na coleção de suas obras completas.

§ 1º Havendo divergência, os co-autores decidirão por maioria. § 2º Ao co-autor dissidente é assegurado o direito de não contribuir para as despesas de publicação, renunciando a sua parte nos lucros, e o de vedar que se inscreva seu nome na obra. § 3º Cada co-autor pode, individualmente, sem aquiescência dos outros, registrar a obra e defender os próprios direitos contra terceiros.

Art. 33. Ninguém pode reproduzir obra que não pertença ao domínio público, a pretexto de anotá-la, comentá-la ou melhorá-la, sem permissão do autor.

139

Parágrafo único. Os comentários ou anotações poderão ser publicados separadamente. Art. 34. As cartas missivas, cuja publicação está condicionada à permissão do autor, poderão ser juntadas como documento de prova em processos administrativos e judiciais. Art. 35. Quando o autor, em virtude de revisão, tiver dado à obra versão definitiva, não poderão seus sucessores reproduzir versões anteriores. Art. 36. O direito de utilização econômica dos escritos publicados pela imprensa, diária ou periódica, com exceção dos assinados ou que apresentem sinal de reserva, pertence ao editor, salvo convenção em contrário.

Parágrafo único. A autorização para utilização econômica de artigos assinados, para publicação em diárias e periódicos, não produz efeito além do prazo da periodicidade acrescido de vinte dias, a contar de sua publicação, findo o qual recobra o autor o seu direito.

Art. 37. A aquisição do original de uma obra, ou de exemplar, não confere ao adquirente qualquer dos direitos patrimoniais do autor, salvo convenção em contrário entre as partes e os casos previstos nesta Lei. Art. 38. O autor tem o direito, irrenunciável e inalienável, de perceber, no mínimo, cinco por cento sobre o aumento do preço eventualmente verificável em cada revenda de obra de arte ou manuscrito, sendo originais, que houver alienado.

Parágrafo único. Caso o autor não perceba o seu direito de seqüência no ato da revenda, o vendedor é considerado depositário da quantia a ele devida, salvo se a operação for realizada por leiloeiro, quando será este o depositário.

Art. 39. Os direitos patrimoniais do autor, executados os rendimentos resultantes de sua exploração, não se comunicam, salvo pacto antenupcial em contrário. Art. 40. Tratando-se de obra anônima ou pseudônima, caberá a quem publicá-la o exercício dos direitos patrimoniais do autor.

Parágrafo único. O autor que se der a conhecer assumirá o exercício dos direitos patrimoniais, ressalvados os direitos adquiridos por terceiros.

Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.

Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude o caput deste artigo.

Art. 42. Quando a obra literária, artística ou científica realizada em co-autoria for indivisível, o prazo previsto no artigo anterior será contado da morte do último dos co-autores sobreviventes.

Parágrafo único. Acrescer-se-ão aos dos sobreviventes os direitos do co-autor que falecer sem sucessores.

Art. 43. Será de setenta anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre as obras anônimas ou pseudônimas, contado de 1º de janeiro do ano imediatamente posterior ao da primeira publicação.

Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto no art. 41 e seu parágrafo único, sempre que o autor se der a conhecer antes do termo do prazo previsto no caput deste artigo.

Art. 44. O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e fotográficas será de setenta anos, a contar de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de sua divulgação. Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público:

I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores; II - as de autor desconhecidos, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e tradicionais.

Capítulo IV - Das Limitações aos Direitos Autorais

140

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: I - a reprodução:

a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos; b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de qualquer natureza; c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo a oposição da pessoa nele representada ou de seus herdeiros; d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comercias, seja feita mediante o sistema Braile ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários;

II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro; III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra; IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aquelas a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem as ministrou; V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que permitam a sua utilização; VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de lucro; VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para a reproduzir prova judiciária ou administrativa; VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.

Art. 47. São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito. Art. 48. As obras situadas permanentemente em logradouros públicos podem ser representadas livremente, por meio de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos audiovisuais.

Capítulo V - Da Transferência dos Direitos de Autor

Art. 49. Os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio de licenciamento, concessão, cessão ou por outros meios admitidos em Direito, obedecidas as seguintes limitações:

I - a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza moral e os expressamente excluídos por lei;

141

II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante estipulação contratual escrita; III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo será de cinco anos; IV - a cessão será válida unicamente para os país em que se firmou o contrato, salvo estipulação em contrário; V - a cessão só se operará para modalidades de utilização já existentes à data do contrato; VI - não havendo especificações quanto a modalidade de utilização, o contrato será interpretado restritivamente, entendendo-se como limitada apenas a uma que seja aquela indispensável ao cumprimento da finalidade do contrato.

Art. 50. A cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre por escrito, presume-se onerosa.

§ 1º Poderá a cessão ser averbada à margem do registro a que se refere o art. 19 desta Lei, ou, não estando a obra registrada, poderá o instrumento ser registrado em cartório de Títulos e Documentos. § 2º Constarão do instrumento de cessão como elementos essenciais seu objeto e as condições de exercício do direito quanto a tempo, lugar e preço.

Art. 51. A cessão dos direitos de autor sobre obras futuras abrangerá, no máximo, o período de cinco anos.

Parágrafo único. O prazo será reduzido a cinco anos sempre que indeterminado ou superior, diminuindo-se, na devida proporção, o preço estipulado.

Art. 52. A omissão do nome do autor, ou de co-autor, na divulgação da obra não presume o anonimato ou a cessão de seus direitos.

Título IV - Da Utilização de Obras Intelectuais e dos Fonogramas

Capítulo I - Da Edição

Art. 53. Mediante contrato de edição, o editor, obrigando-se a reproduzir e a divulgar a obra literária, artística ou científica, fica autorizado, em caráter de exclusividade, a publicá-la e a explorá-la pelo prazo e nas condições pactuadas com o autor.

Parágrafo único. Em cada exemplar da obra o editor mencionará: I - o título da obra e seu autor;II - no caso de tradução, o título original e o nome do tradutor; III - o ano de publicação; IV - o seu nome ou marca que o identifique.

Art. 54. Pelo mesmo contrato pode o autor obrigar-se à feitura de obra literária, artística ou científica em cuja publicação e divulgação se empenha o editor. Art. 55. Em caso de falecimento ou de impedimento do autor para concluir a obra, o editor poderá:

I - considerar resolvido o contrato, mesmo que tenha sido entregue parte considerável da obra; II - editar a obra, sendo autônoma, mediante pagamento proporcional do preço; III - mandar que outro a termine, desde que consintam os sucessores e seja o fato indicado na edição.

Parágrafo único. É vedada a publicação parcial, se o autor manifestou a vontade de só publicá-la por inteiro ou se assim o decidirem seus sucessores.

Art. 56. Entende-se que o contrato versa apenas sobre uma edição, se não houver cláusula expressa em contrário.

142

Parágrafo único. No silêncio do contrato, considera-se que cada edição se constitui de três mil exemplares.

Art. 57. O preço da retribuição será arbitrado, com base nos usos e costumes, sempre que no contrato não a tiver estipulado expressamente o autor. Art. 58. Se os originais forem entregues em desacordo com o ajustado e o editor não os recusar nos trinta dias seguintes ao do recebimento, ter-se-ão por aceitas as alterações introduzidas pelo autor. Art. 59. Quaisquer que sejam as condições do contrato, o editor é obrigado a facultar ao autor o exame da escrituração na parte que lhe corresponde, bem como a informá-lo sobre o estado da edição. Art. 60. Ao editor compete fixar o preço da venda, sem, todavia, poder elevá-lo a ponto de embaraçar a circulação da obra. Art. 61. O editor será obrigado a prestar contas mensais ao autor sempre que a retribuição deste estiver condicionada à venda da obra, salvo se prazo diferente houver sido convencionado. Art. 62. A obra deverá ser editada em dois anos da celebração do contrato, salvo prazo diverso estipulado em convenção.

Parágrafo único. Não havendo edição da obra no prazo legal ou contratual, poderá ser rescindido o contrato, respondendo o editor por danos causados.

Art. 63. Enquanto não se esgotarem as edições a que tiver direito o editor, não poderá o autor dispor de sua obra, cabendo ao editor o ônus da prova.

§ 1º Na vigência do contrato de edição, assiste ao editor o direito de exigir que se retire de circulação edição da mesma obra feita por outrem. § 2º Considere-se esgotada a edição quando restarem em estoque, em poder do editor, exemplares em número inferior a dez por cento do total da edição.

Art. 64. Somente decorrido um ano de lançamento da edição, o editor poderá vender, como saldo, os exemplares restantes, desde que o autor seja notificado de que, no prazo de trinta dias, terá prioridade na aquisição dos referidos exemplares pelo preço de saldo. Art. 65. Esgotada a edição, e o editor, com direito a outra, não a publicar, poderá o autor notificá-lo a que o faça em certo prazo, sob pena de perder aquele direito, além de responder por danos. Art. 66. O autor tem o direito de fazer, nas edições sucessivas de suas obras, as emendas e alterações que bem lhe aprouver.

Parágrafo único. O editor poderá opor-se às alterações que lhe prejudiquem os interesses, ofendam sua reputação ou aumentem sua responsabilidade.

Art. 67. Se, em virtude de sua natureza, for imprescindível a atualização da obra em novas edições, o editor, negando-se o autor a fazê-la, dela poderá encarregar outrem, mencionando o fato na edição.

Capítulo II - Da Comunicação ao Público

Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais, composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações e execuções públicas.

§ 1º Considera-se representação pública a utilização de obras teatrais no gênero drama, tragédia, comédia, ópera, opereta, balé, pantomimas e assemelhadas, musicadas ou não, mediante a participação de artistas, remunerados ou não, em locais de freqüência coletiva ou pela radiodifusão, transmissão e exibição cinematográfica. § 2º Considera-se execução pública a utilização de composições musicais ou lítero-musicais, mediante a participação de artistas, remunerados ou não, ou a utilização de fonogramas e

143

obras audiovisuais, em locais de freqüência coletiva, ou quaisquer processos, inclusive a radiodifusão ou transmissão por qualquer modalidade, e a exibição cinematográfica. § 3º Consideram-se locais de freqüência coletiva os teatros, cinemas, salões de baile ou concertos, boates, bares, clubes ou associações de qualquer natureza, lojas, estabelecimentos comerciais e industriais, estádios, circos, feiras, restaurantes, hotéis, motéis, clínicas, hospitais, órgãos públicos da administração direta ou indireta, fundacionais e estatais, meios de transporte de passageiros terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo, ou onde quer que se representem, executem ou transmitam obras literárias, artísticas ou científicas. § 4º Previamente à realização da execução pública, o empresário deverá apresentar ao escritório central, previsto no art. 99, a comprovação dos recolhimentos relativos aos direitos autorais. § 5º Quando a remuneração depender da freqüência do público, poderá o empresário, por convênio com o escritório central, pagar o preço após a realização da execução pública. § 6º O empresário entregará ao escritório central, imediatamente após a execução pública ou transmissão, relação completa das obras e fonogramas utilizados, indicando os nomes dos respectivos autores, artistas e produtores. § 7º As empresas cinematográficas e de radiodifusão manterão à imediata disposição dos interessados, cópia autêntica dos contratos, ajustes ou acordos, individuais ou coletivos, autorizando e disciplinando a remuneração por execução pública das obras musicais e fonogramas contidas em seus programas ou obras audiovisuais.

Art. 69. O autor, observados os usos locais, notificará o empresário do prazo para a representação ou execução, salvo prévia estipulação convencional. Art. 70. Ao autor assiste o direito de opor-se à representação ou execução que não seja suficientemente ensaiada, bem como fiscalizá-la, tendo, para isso, livre acesso durante as representações ou execuções, no local onde se realizam. Art. 71. O autor da obra não pode alterar-lhe a substância, sem acordo com o empresário que a faz representar. Art. 72. O empresário, sem licença do autor, não pode entregar a obra a pessoa estranha à representação ou à execução. Art. 73. Os principais intérpretes e os diretores de orquestras ou coro, escolhidos de comum acordo pelo autor e pelo produtor, não podem ser substituídos por ordem deste, sem que aquele consinta. Art. 74. O autor de obra teatral, ao autorizar a sua tradução ou adaptação, poderá fixar prazo para utilização dela em representações públicas.

Parágrafo único. Após o decurso do prazo a que se refere este artigo, não poderá opor-se o tradutor ou adaptador à utilização de outra tradução ou adaptação autorizada, salvo se for cópia da sua.

Art. 75. Autorizada a representação de obra teatral feita em co-autoria, não poderá qualquer dos co-autores revogar a autorização dada, provocando a suspensão da temporada contratualmente ajustada. Art. 76. É impenhorável a parte do produto dos espetáculos reservada ao autor e aos artistas.

Capítulo III - Da Utilização da Obra de Arte Plástica

Art. 77. Salvo convenção em contrário, o autor de obra de arte plástica, ao alienar o objeto em que ela se materializa, transmite o direito de expô-la, mas não transmite ao adquirente o direito de reproduzi-la. Art. 78. A autorização para reproduzir obra de arte plástica, por qualquer processo, deve se fazer por escrito e se presume onerosa.

144

Capítulo IV - Da Utilização da Obra Fotográfica

Art. 79. O autor de obra fotográfica tem direito a reproduzi-la e colocá-la à venda, observadas as restrições à exposição, reprodução e venda de retratos, e sem prejuízo dos direitos de autor sobre a obra fotografada, se de artes plásticas protegidas.

§ 1º A fotografia, quando utilizada por terceiros, indicará de forma legível o nome do seu autor. § 2º É vedada a reprodução de obra fotográfica que não esteja em absoluta consonância com o original, salvo prévia autorização do autor.

Capítulo V - Da Utilização de Fonograma

Art. 80. Ao publicar o fonograma, o produtor mencionará em cada exemplar: I - o título da obra incluída e seu autor;II - o nome ou pseudônimo do intérprete; III - o ano de publicação; IV - o seu nome ou marca que o identifique.

Capítulo VI - Da Utilização da Obra Audiovisual

Art. 81. A autorização do autor e do intérprete de obra literária, artística ou científica para produção audiovisual implica, salvo disposição em contrário, consentimento para sua utilização econômica.

§ 1º A exclusividade da autorização depende de cláusula expressa e cessa dez anos após a celebração do contrato. § 2º Em cada cópia da obra audiovisual, mencionará o produtor:

I - o título da obra audiovisual;II - os nomes ou pseudônimos do diretor e dos demais co-autores; III - o título da obra adaptada e seu autor, se for o caso; IV - os artistas intérpretes; V - o ano de publicação; VI - o seu nome ou marca que o identifique.

Art. 82. O contrato de produção audiovisual deve estabelecer: I - a remuneração devida pelo produtor aos co-autores da obra e aos artistas intérpretes e executantes, bem como o tempo, lugar e forma de pagamento;II - o prazo de conclusão da obra;III - a responsabilidade do produtor para com os co-autores, artistas intérpretes ou executantes, no caso de co-produção.

Art. 83. O participante da produção da obra audiovisual que interromper, temporária ou definitivamente, sua atuação, não poderá opor-se a que esta seja utilizada na obra nem a que terceiro o substitua, resguardados os direitos que adquiriu quanto à parte já executada. Art. 84. Caso a remuneração dos co-autores da obra audiovisual dependa dos rendimentos de sua utilização econômica, o produtor lhes prestará contas semestralmente, se outro prazo não houver sido pactuado. Art. 85. Não havendo disposição em contrário, poderão os co-autores da obra audiovisual utilizar-se, em gênero diverso, da parte que constitua sua contribuição pessoal.

Parágrafo único. Se o produtor não concluir a obra audiovisual no prazo ajustado ou não iniciar sua exploração dentro de dois anos, a contar de sua conclusão, a utilização a que se refere este artigo será livre.

145

Art. 86. Os direitos autorais de execução musical relativos a obras musicais, lítero-musicais e fonogramas incluídos em obras audiovisuais serão devidos aos seus titulares pelos responsáveis dos locais ou estabelecimentos a que alude o § 3º do art. 68 desta Lei, que as exibirem, ou pelas emissoras de televisão que as transmitirem.

Capítulo VII - Da Utilização de Bases de Dados

Art. 87. O titular do direito patrimonial sobre uma base de dados terá o direito exclusivo, a respeito da forma da expressão da estrutura da referida base, de autorizar ou proibir:

I - sua reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo;II - sua tradução, adaptação, reordenação ou qualquer outra modificação;III - a distribuição do original ou cópias da base de dados ou a sua comunicação ao público;IV - a reprodução, distribuição ou comunicação ao público dos resultados das operações mencionadas no inciso II deste artigo.

Capítulo VIII - Da Utilização da Obra Coletiva

Art. 88. Ao publicar a obra coletiva, o organizador mencionará em cada exemplar: I - o título da obra;II - a relação de todos os participantes, em ordem alfabética, se outra não houver sido convencionada; III - o ano de publicação; IV - o seu nome ou marca que o identifique.

Parágrafo único. Para valer-se do disposto no § 1º do art. 17, deverá o participante notificar o organizador, por escrito, até a entrega de sua participação.

Título V - Dos Direitos Conexos

Capítulo I - Disposições Preliminares

Art. 89. As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão.

Parágrafo único. A proteção desta Lei aos direitos previstos neste artigo deixa intactas e não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou científicas.

Capítulo II - Dos Direitos dos Artistas Intérpretes ou Executantes

Art. 90. Tem o artista intérprete ou executante o direito exclusivo de, a título oneroso ou gratuito, autorizar ou proibir:

I - a fixação de suas interpretações ou execuções;II - a reprodução, a execução pública e a locação das suas interpretações ou execuções fixadas; III - a radiodifusão das suas interpretações ou execuções, fixadas ou não; IV - a colocação à disposição do público de suas interpretações ou execuções, de maneira que qualquer pessoa a elas possa ter acesso, no tempo e no lugar que individualmente escolherem; V - qualquer outra modalidade de utilização de suas interpretações ou execuções.

146

§ 1º Quando na interpretação ou na execução participarem vários artistas, seus direitos serão exercidos pelo diretor do conjunto. § 2º A proteção aos artistas intérpretes ou executantes estende-se à reprodução da voz e imagem, quando associadas às suas atuações.

Art. 91. As empresas de radiodifusão poderão realizar fixações de interpretação ou execução de artistas que as tenham permitido para utilização em determinado número de emissões, facultada sua conservação em arquivo público.

Parágrafo único. A reutilização subseqüente da fixação, no País ou no exterior, somente será lícita mediante autorização escrita dos titulares de bens intelectuais incluídos no programa, devida uma remuneração adicional aos titulares para cada nova utilização.

Art. 92. Aos intérpretes cabem os direitos morais de integridade e paternidade de suas interpretações, inclusive depois da cessão dos direitos patrimoniais, sem prejuízo da redução, compactação, edição ou dublagem da obra de que tenham participado, sob a responsabilidade do produtor, que não poderá desfigurar a interpretação do artista.

Parágrafo único. O falecimento de qualquer participante de obra audiovisual, concluída ou não, não obsta sua exibição e aproveitamento econômico, nem exige autorização adicional, sendo a remuneração prevista para o falecido, nos termos do contrato e da lei, efetuada a favor do espólio ou dos sucessores.

Capítulo III - Dos Direitos dos Produtores Fonográficos

Art. 93. O produtor de fonogramas tem o direito exclusivo de, a título oneroso ou gratuito, autorizar-lhes ou proibir-lhes:

I - a reprodução direta ou indireta, total ou parcial;II - a distribuição por meio da venda ou locação de exemplares da reprodução; III - a comunicação ao público por meio da execução pública, inclusive pela radiodifusão; IV - (VETADO) V - quaisquer outras modalidades de utilização, existentes ou que venham a ser inventadas.

Art. 94. Cabe ao produtor fonográfico perceber dos usuários a que se refere o art. 68, e parágrafos, desta Lei os proventos pecuniários resultantes da execução pública dos fonogramas e reparti-los com os artistas, na forma convencionada entre eles ou suas associações.

Capítulo IV - Dos Direitos das Empresas de Radiodifusão

Art. 95. Cabe às empresas de radiodifusão o direito exclusivo de autorizar ou proibir a retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões, bem como a comunicação ao público, pela televisão, em locais de freqüência coletiva, sem prejuízo dos direitos dos titulares de bens intelectuais incluídos na programação.

Capítulo V - Da Duração dos Direitos Conexos

Art. 96. É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão; e à execução e representação pública, para os demais casos.

Título VI - Das Associações de Titulares de Direitos de Autor e dos que lhes são Conexos

Art. 97. Para o exercício e defesa de seus direitos, podem os autores e os titulares de direitos conexos associar-se sem intuito de lucro.

147

§ 1º É vedado pertencer a mais de uma associação para a gestão coletiva de direitos da mesma natureza. § 2º Pode o titular transferir-se, a qualquer momento, para outra associação, devendo comunicar o fato, por escrito, à associação de origem. § 3º As associações com sede no exterior far-se-ão representar, no País, por associações nacionais constituídas na forma prevista nesta Lei. Art. 98. Com o ato de filiação, as associações tornam-se mandatárias de seus associados para a prática de todos os atos necessários à defesa judicial ou extrajudicial de seus direitos autorais, bem como para sua cobrança. Parágrafo único. Os titulares de direitos autorais poderão praticar, pessoalmente, os atos referidos neste artigo, mediante comunicação prévia à associação a que estiverem filiados.

Art. 99. As associações manterão um único escritório central para a arrecadação e distribuição, em comum, dos direitos relativos à execução pública das obras musicais e lítero-musicais e de fonogramas, inclusive por meio da radiodifusão e transmissão por qualquer modalidade, e da exibição de obras audiovisuais.

§ 1º O escritório central organizado na forma prevista neste artigo não terá finalidade de lucro e será dirigido e administrado pelas associações que o integrem. § 2º O escritório central e as associações a que se refere este Título atuarão em juízo e fora dele em seus próprios nomes como substitutos processuais dos titulares a eles vinculados. § 3º O recolhimento de quaisquer valores pelo escritório central somente se fará por depósito bancário. § 4º O escritório central poderá manter fiscais, aos quais é vedado receber do empresário numerário a qualquer título. § 5º A inobservância da norma do parágrafo anterior tornará o faltoso inabilitado à função de fiscal, sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis.

Art. 100. O sindicato ou associação profissional que congregue não menos de um terço dos filiados de uma associação autoral poderá, uma vez por ano, após notificação, com oito dias de antecedência, fiscalizar, por intermédio de auditor, a exatidão das contas prestadas a seus representados.

Título VII - Das Sanções às Violações do Direitos Autorais

Capítulo I - Disposição Preliminar

Art. 101. As sanções civis de que trata este Capítulo aplicam-se sem prejuízo das penas cabíveis.

Capítulo II - Das Sanções Civis

Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível. Art. 103. Quem editar obra literária, artística ou científica, sem autorização do titular, perderá para este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-á o preço dos que tiver vendido.

Parágrafo único. Não se conhecendo o número de exemplares que constituem a edição fraudulenta, pagará o transgressor o valor de três mil exemplares, além dos apreendidos.

Art. 104. Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes,

148

respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior. Art. 105. A transmissão e a retransmissão, por qualquer meio ou processo, e a comunicação ao público de obras artísticas, literárias e científicas, de interpretações e de fonogramas, realizadas mediante violação aos direitos de seus titulares, deverão ser imediatamente suspensas ou interrompidas pela autoridade judicial competente, sem prejuízo da multa diária pelo descumprimento e das demais indenizações cabíveis, independentemente das sanções penais aplicáveis; caso se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos dos titulares de direitos de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até o dobro. Art. 106. A sentença condenatória poderá determinar a destruição de todos os exemplares ilícitos, bem como as matrizes, moldes, negativos e demais elementos utilizados para praticar o ilícito civil, assim como a perda de máquinas, equipamentos e insumos destinados a tal fim ou, servindo eles unicamente para o fim ilícito, sua destruição. Art. 107. Independentemente da perda dos equipamentos utilizados, responderá por perdas e danos, nunca inferiores ao valor que resultaria da aplicação do disposto no art. 103 e seu parágrafo único, quem:

I - alterar, suprimir, modificar ou inutilizar, de qualquer maneira, dispositivos técnicos introduzidos nos exemplares das obras e produções protegidas para evitar ou restringir sua cópia; II - alterar, suprimir ou inutilizar, de qualquer maneira, os sinais codificados destinados a restringir a comunicação ao público de obras, produções ou emissões protegidas ou a evitar a sua cópia; III - suprimir ou alterar, sem autorização, qualquer informação sobre a gestão de direitos; IV - distribuir, importar para distribuição, emitir, comunicar ou puser à disposição do público, sem autorização, obras, interpretações ou execuções, exemplares de interpretações fixadas em fonogramas e emissões, sabendo que a informação sobre a gestão de direitos, sinais codificados e dispositivos técnicos foram suprimidos ou alterados sem autorização.

Art. 108. Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual, deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor e do intérprete, além de responder por danos morais, está obrigado a divulgar-lhes a identidade da seguinte forma:

I - tratando-se de empresa de radiodifusão, no mesmo horário em que tiver ocorrido a infração, por três dias consecutivos; II - tratando-se de publicação gráfica ou fonográfica, mediante inclusão de errata nos exemplares ainda não distribuídos, sem prejuízo de comunicação, com destaque, por três vezes consecutivas em jornal de grande circulação, dos domicílios do autor, do intérprete e do editor ou produtor; III - tratando-se de outra forma de utilização, por intermédio da imprensa, na forma a que se refere o inciso anterior.

Art. 109. A execução pública feita em desacordo com os art. 68, 97, 98 e 99 desta Lei sujeitará os responsáveis a multa de vinte vezes o valor que deveria ser originariamente pago. Art. 110. Pelo violação de direitos autorais nos espetáculos e audições públicas, realizados nos locais ou estabelecimentos a que alude o art. 68, seus proprietários, diretores, gerentes, empresários e arrendatários respondem solidariamente com os organizadores do espetáculos.

Capítulo III - Da Prescrição da Ação

Art. 111. (VETADO)

149

Título VIII - Disposições Finais e Transitórias

Art. 112. Se uma obra, em conseqüência de ter expirado o prazo de proteção que lhe era anteriormente reconhecido pelo § 2º do art. 42 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, caiu no domínio público, não terá o prazo de proteção dos direitos patrimoniais ampliado por força do art. 41 desta Lei. Art. 113. Os fonogramas, os livros e as obras audiovisuais sujeitar-se-ão a selos ou sinais de identificação sob a responsabilidade do produtor, distribuidor ou importador, sem ônus para o consumidor, com o fim de atestar o cumprimento das normas legais vigentes, conforme dispuser o regulamento. Art. 114. Esta Lei entra em vigor cento e vinte dias após sua publicação. Art. 115. Ficam revogados os arts. 649 a 673 e 1.346 a 1.362 do Código Civil e as Leis nºs 4.944, de 6 de abril de 1966; 5.988, de 14 de dezembro de 1973, excetuando-se o art. 17 e seus §§ 1º e 2º; 6.800, de 25 de junho de 1980; 7.123, de 12 de setembro de 1983; 9.045, de 18 de maio de 1995, e demais disposições em contrário, mantidos em vigor as Lei nºs 6.533, de 24 de maio de 1978 e 6.615, de 16 de dezembro de 1978.

150

9.C - Propriedade intelectual de programas de computador. Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998.

Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICAFaço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º. Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.

CAPÍTULO II - DA PROTEÇÃO AOS DIREITOS DE AUTOR E DO REGISTRO

Art. 2º. O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observado o disposto nesta Lei.

§ 1º Não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito do autor de reivindicar a paternidade do programa de computador e o direito do autor de opor-se a alterações não-autorizadas, quando estas impliquem deformação, mutilação ou outra modificação do programa de computador, que prejudiquem a sua honra ou a sua reputação.§ 2º Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a programa de computador pelo prazo de cinqüenta anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação. § 3º A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.§ 4º Os direitos atribuídos por esta Lei ficam assegurados aos estrangeiros domiciliados no exterior, desde que o país de origem do programa conceda, aos brasileiros e estrangeiros domiciliados no Brasil, direitos equivalentes.§ 5º Inclui-se dentre os direitos assegurados por esta Lei e pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País aquele direito exclusivo de autorizar ou proibir o aluguel comercial, não sendo esse direito exaurível pela venda, licença ou outra forma de transferência da cópia do programa. § 6º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos casos em que o programa em si não seja objeto essencial do aluguel.

Art. 3º. Os programas de computador poderão, a critério do titular, ser registrados em órgão ou entidade a ser designado por ato do Poder Executivo, por iniciativa do Ministério responsável pela política de ciência e tecnologia.

§ 1º O pedido de registro estabelecido neste artigo deverá conter, pelo menos, as seguintes informações:

I - os dados referentes ao autor do programa de computador e ao titular, se distinto do autor, sejam pessoas físicas ou jurídicas;II - a identificação e descrição funcional do programa de computador; e

151

III - os trechos do programa e outros dados que se considerar suficientes para identificá-lo e caracterizar sua originalidade, ressalvando-se os direitos de terceiros e a responsabilidade do Governo.

§ 2º As informações referidas no inciso III do parágrafo anterior são de caráter sigiloso, não podendo ser reveladas, salvo por ordem judicial ou a requerimento do próprio titular.

Art. 4º. Salvo estipulação em contrário, pertencerão exclusivamente ao empregador, contratante de serviços ou órgão público, os direitos relativos ao programa de computador, desenvolvido e elaborado durante a vigência de contrato ou de vínculo estatutário, expressamente destinado à pesquisa e desenvolvimento, ou em que a atividade do empregado, contratado de serviço ou servidor seja prevista, ou ainda, que decorra da própria natureza dos encargos concernentes a esses vínculos.

§ 1º Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do trabalho ou serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou ao salário convencionado. § 2º Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, contratado de serviço ou servidor os direitos concernentes a programa de computador gerado sem relação com o contrato de trabalho, prestação de serviços ou vínculo estatutário, e sem a utilização de recursos, informações tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com a qual o empregador mantenha contrato de prestação de serviços ou assemelhados, do contratante de serviços ou órgão público.§ 3º O tratamento previsto neste artigo será aplicado nos casos em que o programa de computador for desenvolvido por bolsistas, estagiários e assemelhados.

Art. 5º. Os direitos sobre as derivações autorizadas pelo titular dos direitos de programa de computador, inclusive sua exploração econômica, pertencerão à pessoa autorizada que as fizer, salvo estipulação contratual em contrário. Art. 6º. Não constituem ofensa aos direitos do titular de programa de computador:

I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda;II - a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que identificados o programa e o titular dos direitos respectivos;III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por força das características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação de forma alternativa para a sua expressão;IV - a integração de um programa, mantendo-se suas características essenciais,a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do usuário, desde que para o uso exclusivo de quem a promoveu.

CAPÍTULO III - DAS GARANTIAS AOS USUÁRIOS DE PROGRAMA DE COMPUTADOR

Art. 7º. O contrato de licença de uso de programa de computador, o documento fiscal correspondente, os suportes físicos do programa ou as respectivas embalagens deverão consignar, de forma facilmente legível pelo usuário, o prazo de validade técnica da versão comercializada.Art. 8º. Aquele que comercializar programa de computador, quer seja titular dos direitos do programa, quer seja titular dos direitos de comercialização, fica obrigado, no território nacional, durante o prazo de validade técnica da respectiva versão, a assegurar aos respectivos usuários a prestação de serviços técnicos complementares relativos ao adequado funcionamento do programa, consideradas as suas especificações.

152

Parágrafo único. A obrigação persistirá no caso de retirada de circulação comercial do programa de computador durante o prazo de validade, salvo justa indenização de eventuais prejuízos causados a terceiros.

CAPÍTULO IV - DOS CONTRATOS DE LICENÇA DE USO, DE COMERCIALIZAÇÃO E DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

Art. 9º O uso de programa de computador no País será objeto de contrato de licença.Parágrafo único. Na hipótese de eventual inexistência do contrato referido no caput deste artigo, o documento fiscal relativo à aquisição ou licenciamento de cópia servirá para comprovação da regularidade do seu uso.

Art. 10. Os atos e contratos de licença de direitos de comercialização referentes a programas de computador de origem externa deverão fixar, quanto aos tributos e encargos exigíveis, a responsabilidade pelos respectivos pagamentos e estabelecerão a remuneração do titular dos direitos de programa de computador residente ou domiciliado no exterior.

§ 1º Serão nulas as cláusulas que:I - limitem a produção, a distribuição ou a comercialização, em violação às disposições normativas em vigor;II - eximam qualquer dos contratantes das responsabilidades por eventuais ações de terceiros, decorrentes de vícios, defeitos ou violação de direitos de autor.

§ 2º O remetente do correspondente valor em moeda estrangeira, em pagamento da remuneração de que se trata, conservará em seu poder, pelo prazo de cinco anos, todos os documentos necessários à comprovação da licitude das remessas e da sua conformidade ao caput deste artigo.

Art. 11. Nos casos de transferência de tecnologia de programa de computador, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial fará o registro dos respectivos contratos, para que produzam efeitos em relação a terceiros.

Parágrafo único. Para o registro de que trata este artigo, é obrigatória a entrega, por parte do fornecedor ao receptor de tecnologia, da documentação completa, em especial do código-fonte comentado, memorial descritivo, especificações funcionais internas, diagramas, fluxogramas e outros dados técnicos necessários à absorção da tecnologia.

CAPÍTULO V - DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES

Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador:Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa.§ 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente:Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa.§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no País, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, produzido com violação de direito autoral.§ 3º Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede mediante queixa, salvo:

I - quando praticados em prejuízo de entidade de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo poder público;II - quando, em decorrência de ato delituoso, resultar sonegação fiscal, perda de arrecadação tributária ou prática de quaisquer dos crimes contra a ordem tributária ou contra as relações de consumo.

153

§ 4º No caso do inciso II do parágrafo anterior, a exigibilidade do tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, processar-se-á independentemente de representação.

Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de busca e apreensão, nos casos de violação de direito de autor de programa de computador, serão precedidas de vistoria, podendo o juiz ordenar a apreensão das cópias produzidas ou comercializadas com violação de direito de autor, suas versões e derivações, em poder do infrator ou de quem as esteja expondo, mantendo em depósito, reproduzindo ou comercializando.Art. 14. Independentemente da ação penal, o prejudicado poderá intentar ação para proibir ao infrator a prática do ato incriminado, com cominação de pena pecuniária para o caso de transgressão do preceito.

§ 1º A ação de abstenção de prática de ato poderá ser cumulada com a de perdas e danos pelos prejuízos decorrentes da infração.§ 2º Independentemente de ação cautelar preparatória, o juiz poderá conceder medida liminar proibindo ao infrator a prática do ato incriminado, nos termos deste artigo.§ 3º Nos procedimentos cíveis, as medidas cautelares de busca e apreensão observarão o disposto no artigo anterior.§ 4º Na hipótese de serem apresentadas, em juízo, para a defesa dos interesses de qualquer das partes, informações que se caracterizem como confidenciais, deverá o juiz determinar que o processo prossiga em segredo de justiça, vedado o uso de tais informações também à outra parte para outras finalidades.§ 5º Será responsabilizado por perdas e danos aquele que requerer e promover as medidas previstas neste e nos arts. 12 e 13, agindo de má-fé ou por espírito de emulação, capricho ou erro grosseiro, nos termos dos arts. 16, 17 e 18 do Código de Processo Civil.

CAPÍTULO VI - DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 16. Fica revogada a Lei nº 7.646, de 18 de dezembro de 1987.

9.D - Registro de obras intelectuais. Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Resolução nº 453, de 15 de dezembro de 2000.

Estabelece normas para o registro de obras intelectuais no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA, no uso das atribuições que lhe confere a alínea "f" do art. 27 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e,

Considerando o que estabelecem os arts. 19 e 20 da Lei n.º 9.610, de 19 de fevereiro de 1998;

Considerando que a Lei n.º 9.610, de 1998, contempla o CONFEA como órgão incumbido do registro para segurança dos direitos do autor de obra intelectual;

Considerando a necessidade de serem expedidas normas para o registro de obra intelectual na sua área de competência;

Considerando a necessidade de valorização da produção intelectual dos profissionais da Engenharia, Arquitetura, Agronomia e afins;

Considerando que a Unidade Fiscal de referência – UFIR foi extinta em 26 de outubro de 2000, por meio da Medida Provisória nº 1973-67;

154

Considerando que o valor cobrado para registro e publicação de obras intelectuais não está cobrindo os gastos com publicação no DOU - Diário Oficial da União,

RESOLVE:

Art. 1º. Os autores de projetos, esboços e obras plásticas concernentes à Engenharia, Arquitetura, Agronomia e demais profissões afins, poderão efetuar o seu registro no CONFEA, para efeito de segurança de seus direitos.Art. 2º. Quando o registro for requerido por pessoa jurídica, esta deverá juntar ao seu requerimento uma declaração de cessão de direitos patrimoniais, subscrita pelo autor ou pelos autores da obra, quando for o caso.

Parágrafo único. O registro de obra pode ser requerido pelo autor ou por meio de representante com poderes especiais.

Art. 3º. O CONFEA poderá recusar o registro de obras intelectuais mencionadas no art. 1º da presente Resolução se, por sua natureza, comportarem registro em outro órgão com que mantenham maior afinidade.Art. 4º. A responsabilidade decorrente do registro é exclusiva dos profissionais ou pessoas jurídicas que o requererem.Art. 5º. O pedido de registro da obra deverá ser dirigido ao Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, por meio dos CREAs, mediante requerimento com indicação de:

I – nome completo ou razão social do requerente;II – qualificação, residência e sede ou endereço do requerente;III – número da patente e data da publicação, quando houver; eIV – sistema de reprodução que houver sido empregado.

Parágrafo único. O requerimento, instruído com dois exemplares da obra ou das respectivas fotografias perfeitamente nítidas, conferidas com o original, com dimensões mínimas de 0,18m X 0,24m, deverá ser autuado e encaminhado pelo CREA ao CONFEA.

Art. 6º. Deferido o registro, por decisão do Presidente do CONFEA, este será lavrado em livro próprio, aberto e encerrado por este ou por pessoa expressamente designada, contendo:

I - o número de ordem;II - a descrição da obra com suas características;III - os esclarecimentos necessários à identificação da obra;IV - a data do registro; eV - a assinatura da pessoa encarregada pelo registro.

Parágrafo único. Efetuado o registro, dele será extraído o respectivo translado, que será enviado ao CREA para entrega ao interessado, juntamente com a via do exemplar ou fotografia.

Art. 7º O registro de obra intelectual e seu respectivo translado serão gratuitos, com as seguintes ressalvas:

I - correrão por conta do requerente as despesas provenientes de publicação no DOU, extração de certidão de registro e outras que se fizerem necessárias;II - o requerente deverá recolher, a título de registro e publicação, o valor de R$ 120,00 (cento e vinte reais), em nome do CONFEA, mediante depósito no Banco do Brasil S/A, Agência 0452-9, conta corrente 193.227-6, anexando o comprovante de recolhimento ao requerimento de registro da obra;III - não serão acatados pelo CONFEA requerimentos sem o comprovante de depósito bancário referido no parágrafo anterior; eIV - o CONFEA deverá manter os CREAs permanentemente informados sobre a agência bancária e o número da conta corrente em que o requerente deverá efetuar o respectivo depósito.

155

Art. 8º. A certidão de registro da obra intelectual, assinada pelo encarregado do mesmo e autenticada pelo Presidente do CONFEA, conterá transcrição integral do termo, o número de ordem do registro, do livro e a data em que o registro foi efetuado e publicado.Art. 9º. O registro da obra intelectual será publicado no DOU.Art. 10. Os registros efetuados nos CREAs, por força do art. 23 da Lei nº 5.194, de 1966, até a data da publicação da presente Resolução, ficam com validade assegurada.Art. 11. Esta Resolução entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2001.Art. 12. Ficam revogadas as disposições em contrário.

156

________________________________________________________________10. Legislação estrangeira

Ao contrário do que ocorre no Brasil, muitos países têm lei geral sobre a Cartografia, considerando a necessidade de disciplinar a produção oficial desta informação - haja vista seus múltiplos efeitos. Destacamos aqui a legislação da Espanha, da Itália e da Argentina, cujos textos não foram traduzidos.

Documento 1 - Argentina. Lei nº 22.963, de 3 de novembro de 1983. Lei da carta. Reproduzido de Edwin R. Harvey, Derecho de autor - legislación argentina, países del Mercosur, normas internacionales. Buenos Aires: Depalma, 1997, p. 388-394 (A respeito da Cartografia nos Estados americanos, por Rodolfo Nuñes de las Cuevas, v. apêndice II da obra de Fernand Joly, La Cartografía, tradução de Julio Morencos Tevar, Barcelona: Ariel, 1982).

Documento 2 - Espanha. Lei 7/1986, de 24 de janeiro. Ordenação da Cartografia. Extraído do sítio do Centro Nacional de Información Geográfica/Instituto Geográfico Nacional - www.cnig.ign.es/leycart.htm. Este instituto - cuja denominação data de 1977 - tem origem na “Junta Directora del Mapa de España”, criada em 1843 e destinada a levantar o “Mapa de España” com escala de 1:50.000 (sobre o tema, v. apêndice I da obra de Joly, citada acima, e Pedro Plans et al., Introducción a la Geografia General, Ediciones Universidad de Navarra, 1988, p. 222-224).

Documento 3 – Espanha. Lei 37/2003, de 17 de novembro. É a importante lei de ruído espanhola, elaborada em razão da Diretiva 2002/49 do Parlamento Europeu, sobre avaliação e gestão de ruído ambiental. A Cartografia é instrumento fundamental dessas atividades, como se verifica pela exigência dos mapas de ruído. Ambos os textos podem ser consultados no portal www.ruidos.org, de onde o primeiro foi extraído.

Documento 4 - Itália. Lei de 2 de fevereiro de 1960, nº 68. Normas sobre a cartografia oficial do Estado e sobre a disciplina da produção e dos levantamentos terrestres e hidrográficos. Extraído do sítio do Istituto Geografico Militare (Firenze) na Internet, que é o www. nettuno.it/fiera/igmi/igmit.htm (Legislazione sulla cartografia ufficiale di Stato). A respeito da Cartografia Ufficiale Italiana e o IGM, na Itália, consulte-se, dentre outros, Luigi Cuccoli & Stefano Torresani, Introduzione alla cartografia e alle rappresentazioni grafiche, Bologna, 1995.

10.A - ARGENTINA. LEY DE LA CARTA. Ley 22.963 (Sanción y promulgación: 3/11/1983 – Boletin Oficial: 8/11/1983).

Art. 1. – La representación del territorio continental, insular y antártico de la República Argentina, editada en el país en forma literaria o gráfica con cualquier formato y finalidad, así como la proveniente del extranjero destinada a ser distribuída en el país, deberá ajustarse estrictamente a la cartografia oficial establecida por el Poder Ejecutivo nacional a través del Instituto Geográfico Militar.

157

Del Instituto Geográfico Militar

Art. 2. – El Comando en Jefe del Ejército, por intermedio del Instituto Geográfico Militar, entenderá en la obtención de la cartografia básica del territorio continetal,insular y antártico de la República Argentina y su actualización permanente.

A los efectos de cumplir dicha misión, el Instituto Geográfico Militar empleará sus propios medios. En caso que ellos no sean suficientes – para la obtención de todo tipo de registro fotogramétrico, aeroespacial o de sensores remotos – dará prioridad al Comando en Jefe de la Fuerza Aérea o Comando en Jefe de la Armada según sus respectivas competencias. Los gastos que las tareas demanden serán abonados por el Instituto Geográfico Militar al Comando interviniente.

Art. 3. – Cuando el Instituto Geográfico Militar deba preparar material cartográfico que incluya la representación básica de limites internacionales y zonas de frontera especialmente aquellas áreas pendientes de demarcación por existir conflictos con otros países, deberá requerir la información necesaria de Ministerio de Relaciones Exteriores, Comercio Internacional y Culto y no podrá dar publicidad a la cartografía lograda sin aprobación previa de dicho Ministerio. Ello sin perjuicio de que el Ministerio lo mantenga informado sobre todo lo relacionado con el trazado de límites internacionales del territorio nacional.

Art. 4. – El personal que se destine para el cumplimiento de la presente ley deberá ser argentino y reunir las condiciones establecidas en la reglamentación correspondiente.

Unicamente por excepción, la que se producirá cuando deban realizarse tareas de caráter técnico para cuya ejecución no exista en el país personal argentino capacitado, podrá recurrirse a los servicios de personal extranjero contratado sempre que posea la capacidad y demás condiciones que la reglamentación establezca para el personal argentino.

Art. 5. – Los trabajos a que se refiere el art. 2 se ajustarán a las instrucciones técnicas confeccionadas por el Instituto Geográfico Militar y se tendrán en cuenta, dentro de lo posible, las recomendaciones de los congresos cinetíficos nacionales e internacionales. En tal sentido, dicho organismo podrá formar parte de sociedades técnico-científicas especializadas cuyos objetivos tengan relación con las tareas que son de su competencia.

Art. 6. – Los trabajos a que se refiere la presente ley, cuando comprenda límites internacionales, podrán ser motivo de acuerdo con el país limítrofe que corresponda con la interveción del Ministerio de Relaciones Exteriores, Comercio Internacional y Culto.

Art. 7. – Todas las publicaciones bibliográficas que edite el Instituto Geográfico Militar, correspondiente a los trabajos previstos en la presente ley, serán propriedad de la Rebública Argentina registrándoselas según las normas establecidas en la ley 111.723.

Art. 8. – Las marcas y señales de carácter permanete o transitorio que sea necessario establecer en el término serán consideradas como obras públicas nacionales. Se sancionará conforme a lo establecido en el Código Penal, a quien las destruyere o causare daño intencional.

Las autoridades nacionales, provinciales y municipales están obligadas a prestar su cooperación para la estabilidad y custodia de las mismas.

158

Art. 9. – Los operadores o delegados del Instituto Geográfico Militar debidamente autorizados por dicho organismo tendrán libre acceso a los inmuebles públicos o privados al solo efecto del cumplimiento de la presente ley.

En caso de oposición de los proprietarios o encargados, los operadores o delegados del Instituoto Geográfico Militar recurrirán al auxilio de la fuerza pública nacional o provincial, según la ubicación del inmueble previa autorización judicial.

Art. 10. – Los resultados analíticos y gráficos obtenidos se darán a publicidad en los casos y forma que establezca la reglamentación de la presente ley.

Art.11. – El Instituto Geográfico Militar queda autorizado para celebrar contratos directamente con los ministerios nacionales, gobiernos provinciales, reparticiones públicas nacionales, gobiernos provinciales, reparticiones públicas nacionales, provinciales, municipales y empresas mixtas y de derecho público que tuvieran interés en la realización de trabajos vinculados con la actividad del mismo.

Art. 12. – Toda vez que los organismos inidicados en el artículo precedente, con expeción del Comando en Jefe de la Armada, del Comando en Jefe de la Fuerza Aérea y de la Comisión Nacional de Límites Internacionales del Ministerio de Relaciones Exteriores, Comercio Internacional y Culto, proyecten efectuar trabajos geotopo-cartográficos en el territorio de la República Argentina, deberán dar intervención al Instituto Geográfico Militar, de acuerdo con lo que establezca la reglamentación de la presente ley.

Art. 13. – El Instituto Geográfico Militar, que tendrá carácter de organismo descentralizado, queda autorizado para contratar personal, adquirir, construír o arrendar materiales, instrumental, equipos, maquinarias y accesorios, edificios e instalaciones fijas, o cualesquiera otros bienes muebles o inmuebles necesarios para el cumprimiento de su misión, como así también para proveer a su mantenimiento, de acuerdo con el régimen de contrataciones que el Comando en Jefe del Ejército dictará a tales efectos.

Art. 14. – Todo el instrumental, vehículos y material con destino al cumplimiento de lo establecido en el art. 2 de la presente ley, que deba adquirirse en el extranjeropor no construírse o producirse en el país, queda liberado de los derechos de importación.

Art. 15. – Para atender los gastos e inversiones necesarios para el cumplimiento de la presente ley, el Instituto Geográfico Militar contará con los siguientes recursos:a) Las contribuciones que el Estado establezca anualmente en le presupuesto general de la Nación para el equipamiento y mantenimiento de su dotación de material, equipos e instalaciones que posibiliten un levantamiento regular anual de 50.000 km2 a escala 1:50.000 como mínimo.

Este renimiento serár incrementado proporcionalmente cuando se efectúen en su reemplazo levantamientos expeditivos.

El Instituto Geográfico Militar elevará anualmente el anteproyecto de presupuesto que contemple los recursos y erogaciones que demande la reglamentación de la presente ley.b) Los ingresos provenientes de las recaudaciones por trabajos autorizadosen el art. 11 de la presente ley.c) Los aportes extraordinarios que efectúe el Estado, como así también el producido de la regociación de títulos de la deuda pública, que el Poder Ejecutivo nacional queda autorizado a emitir en la cantidad anual necesaria para satisfacer la falta de recursos presupuestarios.d) Las donaciones y legados.

159

e) El producido de la venta de los elementos en desuso o rezago, como así también como el proveniente de los cargos y multas que por cualquier concepto, se apliquen a los contratistas y proveedores, y las bonificaciones que se obtengan por pronto pago. f) Todo otro recurso que recaudare el Instituto Gegráfico Militar como consecuencia de la explotación de sus actividades o por aplicación de las sanciones previstas en esta ley.

Los saldos de los fondos y créditos anuales no comprometidos que quedarem disponibles de un año para otro, se trasferirán al ejercicio siguiente.

De la descripción o representación del territorio nacional

Art. 16. – El Instituto Geográfico Militar tendrá a su cargo la fiscalización y aprobación de toda obra literaria o gráfica, documento cartográfico, folleto, mapa o publicación de cualquier tipo, en que se describa o represente en forma total o parcial el territorio de la República Argentina.

Art. 17. – Las autoridades nacionales, provinciales y municipales controlarán toda obra literária gráfica, documento cartográfico, folleto, mapa o publicación de cualquier tipo en que se describa o represente en forma total o parcial, el territorio de la República Argentina, que se edite, ingresse o circule en sus respectivos ámbitos de competencia, se ajuste a las normas establecidas en esta ley.

Art. 18 – Prohíbese la publicidad de cualquier carta, folleto o publicación de cualquier tipo que describa o represente en forma total o parcial el territorio de la Republica Argentina sea en forma aislada o integrando uma obra mayor sin la aprobación previa del Instituto Militar Geográfico.

El Comando en Jefe de la Armada, el Comando en Jefe de la Fuerza Aérea y la Coomisión Nacional de Límites Internacionales del Ministerio de Relaciones Exteriores, Comercio Internacional y Culto no requerirán la autorización del Instituto Geográfico Militar para la edición de los trabajos cartográficos de su competencia siguiendo sus técnicas específicas, sin perjuicio de mantener en ellos la exacta representación del territorio nacional.

Art. 19. – El Instituto Geográfico Militar no aprobará las publicaciones que no observen las siguientes prescripciones:a) La descripción o representación parcial o total del territorio continental, insular o antártico de la República Argentina, deberá ajustarse a la versión oficial establecida por el Instituto Geográfico Militar.b) La descripción o representación de la totalidad del territorio deberá incluir tanto la parte continental como la insular del mismo y la Antártida Argentina.c) La publicación de representación parciales del territorio nacional llevará imprensa, en forma marginal y a pequeña escala, un mapa completo del mismo, de conformidad con lo dispuesto en el inciso anterior, donde estará destacada la situación relativa del sector correspondiente.

Art. 20. – La Dirección Nacional del Derecho de Autor conforme con lo dispuesto por la ley 11.723 no inscribirá ninguna obra comprendida en los alcances de esta ley en la cual no conste la aprobación prevista en el art. 18.

Art. 21. – La Adminstración Nacional de Aduanas no permitirá que ingresen al país o se despachen al exterior publicaciones en las que se describa o represente el terriorio

160

continental insular y antártico de la República Argentina sin la aprobación prevista en el art. 18.

En caso necesario se dará intervención del Ministerio de Relaciones Exteriores, Comercio Internacional y Culto para que adopte las medidas de su competencia.

Art. 22 – Los gastos a que dé lugar la revisión de toda publicación de la naturaleza indicada en esta ley serán sufragados por los interesados de acuerdo con el arancel que fijará el Instituto Geográfico Militar.

De las sanciones

Art. 23. – Toda obra que se publique en infracción a la prohibición dispuesta en el art. 18 de la presente norma, será considerada ilegal y su editor responsable para las sanciones que esta ley establece.

El autor de la descripción o representación será, asimismo, punible si ésta contuviere inexactitudes geográficas que menos caben la integridad del território nacional.

Idéntica sanciones se aplicarán a quienes hicieren íngresar al país o distribuyere en el mismo, cualquier obra que contenga una descripción o representación total o parcial de la República Argentina no aprobada por el Instituto Geográfico Militar.

Art. 24. – Los que incurrieren en las contravenciones previstas en el artículo interior serán reprimidos con las siguientes sanciones:a) multa de guinientos pesos argentinos a quince mil pesos argentinos en caso de primera condena;b) multa de mil quinientos pesos argentinos a quince mil pesos argentinos en caso de segunda condena. El mínimo y máximo de la multa establecidos en este inciso se duplicarán en cada condena siguiente.c) decomiso del material en infracción a partir de la tercera condena;d) clausura de cinco a noventa días del local utilizado por el responsable a partir de la tercera condena.

Los montos de las multas establecidas en los incs. a y b serán actualizados semestralmente por la autoridad de aplicación de acuerdo con la variación del índice de precios al por mayor, nivel general, proporcionado por el Instituto Nacional de Estadística y Censos o en el que en el futuro lo reemplazare.

Art. 25. – Las infracciones serán comprobadas y sancionadas por la autoridad de aplicación que determine el decreto reglamentario, mediante un procedimiento sumario y escrito que asegure el derecho de defensa del infractor.

Art. 26. – Comprobada la existencia de una contravención a esta ley, la autoridad de aplicación podra ordenar el secuestro del material en infracción para lo cual podrá solicitar el auxílio de la fuerza pública.

Art. 27 – Las resoluciones que impongan las sanciones previstas en el art. 24 podrán ser apeladas dentro de los cinco días de notificadas por ante la Câmara Nacional de Apelaciones en lo Criminal y Correccional Federal de la Capital Federal. El recurso que tendrá efecto suspensivo deberá interponerse ante la autoridad de aplicación y se fundará en el elevará las actuaciones dentro del término de cindo dias y la Câmara resolverá sin más trámite.

161

Art. 28. - La multa deberá ser abonada dentro del término de diez días de notificada la sanción. En caso contrario la autoridad de aplicación expedirá con la constancia de quem la multa se halla firme, un certificado de deuda que tendrá fueza ejecutiva. Será competente en el juicio ajecutivo la justicia en lo contencioso-administrativo federal de la Capital Federal.

Art. 29. – La acción para reprimir las infracciones prescribe a los dos años a contar desde la publicación, edición, ingresso al país o distribuición del material en infracción, o desde el momento en que cesen dichas actividades si fuerem continuas.

Las sanciones prescriben a los dos años a contar desde la notificación de la resolución de la resolución firme que las impuso.

La instrucción de actuaciones dirigidas a la comprobación de la falta o la comisión de una nueva infracción por el responsable interrumpen el curso de la prescripción.

Art. 30. – Deróganse las leyes 12.696 y 19.278, así como los decrs. 8944/46 y 6474/69.

10.B - ESPANHA. LEY 7/1986, DE 24 DE ENERO, DE ORDENACIÓN DE LA CARTOGRAFÍA.

JUAN CARLOS I, REY DE ESPAÑA

A todos los que la presente vieren y entendieren. Sabed: Que las Cortes Generales han aprobado, y Yo vengo en sancionar la siguiente ley:

La multiplicidad de organismos públicos que en la actualidad desarrollan, de manera concurrente y en ocasiones inconexa, trabajos de cartografía, ha abocado a una situación en la que se hace posible la dispersión, y aun la duplicidad, de los recursos públicos destinados a este tipo de actuaciones.

En consecuencia, se hace necesario abordar por medio de una ley de ordenación de la producción cartográfica oficial, que asegure los mecanismos convenientes para conseguir, evitando aquellas dispersiones y duplicidades, una correcta rentabilidad de los recursos públicos afectados por las distintas Administraciones públicas a la realización de los trabajos de cartografía necesarios para el ejercicio de sus respectivos cometidos. La presente ley distingue, en materia de cartografía, las funciones de servicio público de interés general, que corresponden a la Administración del Estado, de las competencias instrumentales que han de ser desarrolladas por todos los organismos de las Administraciones públicas productores de cartografía oficial. Para ello, clasifica la cartografía oficial en básica, derivada y temática, incluyendo dentro de aquellas funciones de servicio público general a la cartografía básica y a la derivada en aquellas series que hayan de cubrir todo el territorio nacional. La ley responsabiliza a la Administración del Estado de la producción del mapa topográfico nacional a escalas 1:25.000 y 1:50.000 y a otras escalas que en el futuro se determinen por real decreto, previendo, tanto para estas series cartográficas de alcance nacional como para el resto de la cartografía realizada por las distintas Administraciones públicas, que la ejecución de los correspondientes trabajos pueda llevarse a cabo mediante fórmulas de cooperación entre las mismas.

Al servicio de los fines de coordinación perseguidos por la ley se crean dos importantes instrumentos: el Registro Central de Cartografía y el Plan Cartográfico Nacional.

162

Por último, la ley delimita el carácter y funciones del Consejo Superior Geográfico y prevé la integración en el mismo de representantes de las distintas administraciones territoriales, como mecanismo permanente de concertación para un más eficaz ejercicio de las funciones de planificación y de coordinación de la cartografía oficial, objetivo prioritario de la presente norma ordenadora.

Artículo primero Es objeto de la presente ley la ordenación de la producción cartográfica del Estado. Tendrá carácter de cartografía oficial la realizada con sujeción a las prescripciones de esta ley por las Administraciones públicas o bajo su dirección o control.

Artículo segundo A los efectos de la presente ley, la cartografía oficial se clasifica en básica, derivada y temática.

Artículo terceroUno. Es cartografía básica, cualquiera que sea la escala de su levantamiento, aquella que se realiza de acuerdo con una norma cartográfica establecida por la Administración del Estado, y se obtiene por procesos directos de observación y medición de la superficie terrestre. La norma cartográfica será establecida por orden del ministro de la Presidencia, tratándose de Cartografía Terrestre, o por orden del ministro de Defensa, en el caso de Cartografía Náutica.Dos. La norma cartográfica correspondiente a cada serie cartográfica especificará necesariamente el datum de referencia de las redes geodésica y de nivelación, el sistema de proyección cartográfica y el sistema de referencia de hojas, para la cartografía terrestre, y, además, por lo que respecta a la náutica, el datum hidrográfico al que estén referidas las sondas.Tres. Además de lo establecido en el apartado anterior, la norma cartográfica contendrá cuantas especificaciones técnicas sobre el proceso de formación del mapa sean necesarias para garantizar que éste refleja la configuración de la superficie terrestre con la máxima fidelidad posible según los conocimientos científicos y técnicos de cada momento. Cuatro. La cartografía básica será objeto de aprobación oficial, a propuesta del Consejo Superior Geográfico, por el mismo órgano de la Administración del Estado competente para establecer la norma aplicable.

Artículo cuartoUno. Cartografía derivada es la que se forma por procesos de adición o generalización de la información topográfica contenida en la cartografía básica preexistente.Dos. La Administración del Estado establecerá la Norma Cartográfica a que habrá de atenerse la formación de cartografía derivada para las series que hayan de cubrir todo el territorio nacional. El establecimiento de dicha norma se hará por orden del ministro de la Presidencia, si se trata de cartografía terrestre, o por orden del ministro de Defensa, si se trata de cartografía náutica. Tres. La cartografía correspondiente a estas series nacionales será objeto de aprobación poe el procedimiento establecido en el apartado cuarto del artículo anterior.

Artículo quinto

163

Uno. Cartografía temática es la que, utilizando como soporte cartografía básica o derivada, singulariza o desarrolla algún aspecto concreto de la información adicional específica.Dos. Los organismos públicos responsables de la realización y publicación de cartografía temática establecerán sus propias normas cartográficas, sin perjuicio de que puedan recabar para tal fin el asesoramiento del Consejo Superior Geográfico. Tres. La cartografía temática sólo será objeto de inscripción en el Registro Central de Cartografía en los supuestos en que, por razones de interés nacional, así lo acuerde el ministro de la Presidencia, previo informe del Consejo Superior Geográfico, y tratándose de cartografía temática militar, la aprobación del ministro de Defensa.

Artículo sextoUno. Es competencia de la Administración del Estado:a) A través del Instituto Geográfico Nacional:1. El establecimiento y mantenimiento de las redes nacionales geodésica y de nivelaciones.2. La formación y conservación de las series cartográficas a escala 1/25.000 y 1/50.000 que constituyen el Mapa Topográfico Nacional.3. La formulación de series cartográficas a otras escalas, de ámbito nacional, que en su momento fueren aprobadas reglamentariamente.b) A través del Instituto Hidrográfico de la Marina: la formación y conservación de la cartografía náutica básica.Dos. Cualesquiera otras producciones de cartografía básica o derivada que se realicen por los distintos organismos de las Administraciones públicas conforme a sus propias necesidades cartográficas y recursos disponibles serán coordinadas a través del Plan Cartográfico Nacional.Tres. El ejercicio de las competencias referidas en el presente artículo y la ejecución de los correspondientes trabajos podrán realizarse mediante acuerdos de cooperación entre los distintos órganos de las Administraciones públicas. Los acuerdos de cooperación que se celebren para la formación y conservación del Mapa Topográfico Nacional se realizarán preferentemente con los órganos cartográficos del Ministerio de Defensa.

Artículo séptimoUno. Sin perjuicio del registro que puedan crear las Comunidades Autónomas, la Administración del Estado, a través del Instituto Geográfico Nacional, formará y conservará el Registro Central de Cartografía, cuyo régimen jurídico y de funcionamiento se establecerán reglamentariamente.Dos. Todas las producciones de cartografía básica y de cartografía derivada correspondiente a series nacionales, realizadas por las distintas Administraciones públicas, serán presentadas, una vez aprobadas, para su inscripción en el Registro Central de Cartografía. Tres. La cartografía oficial registrada será de uso obligado por todas las Administraciones públicas para la formación de nueva cartografía derivada o temática. El régimen económico correspondiente a la utilización de cartografía oficial registrada será establecido en la forma que se determine reglamentariamente. Cuatro. En el Registro Central de Cartografía se inscribirán, igualmente, las delimitaciones territoriales establecidas y sus variaciones, acordadas por las administraciones competentes. Corresponde asimismo al Registro Central de Cartografía la formación y conservación del Nomenclátor Geográfico Nacional, en el que se registrarán las denominaciones oficiales de las Comunidades Autónomas, las provincias, las islas, los municipios, las entidades de población y formaciones geográficas, así como sus variaciones, debidamente aprobadas.

164

A los efectos del párrafo anterior, la inscripción tendrá carácter obligatorio y será requisito previo a la inclusión de dichas alteraciones de líneas y denominaciones en la cartografía oficial.

Artículo octavoUno. Para atender las necesidades de los servicios de la Administración del Estado, el ministro de la Presidencia, a propuesta del Consejo Superior Geográfico, elevará al Consejo de Ministros, para su aprobación un Plan Cartográfico Nacional, de vigencia cuatrienal, que, dentro de las disponibilidades presupuestarias, será desarrollado en programas operativos anuales y que podrá ser revisado durante su vigencia con arreglo al mismo procedimiento. Los programas de inversiones públicas del Estado que contengan recursos destinados a producción cartográfica no podrán incluir proyectos que no se correspondan con los objetivos del Plan Cartográfico Nacional, salvo razones de urgencia apreciadas por el Gobierno.El Plan no podrá contener previsiones de nueva ejecución de cartografía que figure ya inscrita en el Registro Central de Cartografía, salvo las de revisión o actualización de la misma en los supuestos autorizados por la normativa que al respecto se establezca.Dos. Para garantizar la unicidad técnica y la coordinación de los trabajos cartográficos, lo dispuesto en el último párrafo del apartado anterior será de aplicación a todas las Administraciones públicas en orden a sus propios planes y programas de producción cartográfica.Para la ejecución de dichos planes y programas, en lo que se refiere a cartografía básica y derivada, se precisará certificación del Registro Central de Cartografía acreditativa de que aquélla no ha sido realizada.Los referidos planes y programas serán coordinados con el Plan Nacional a través de la representación de dichas Administraciones en el Consejo Superior Geográfico.

Artículo novenoUno. El Consejo Superior Geográfico es el órgano superior, consultivo y de planificación del Estado en el ámbito de la cartografía. La composición de dicho órgano colegiado, en el que podrán integrarse, a iniciativa de sus respectivos órganos de gobierno, representaciones de las Administraciones autonómica y local, se determinará reglamentariamente.Dos. El Consejo Superior Geográfico ejercerá las funciones de coordinación y asesoramiento necesarias para la formación, revisión y ejecución del Plan Cartográfico Nacional.Tres. El Consejo Superior Geográfico propondrá las normas cartográficas para la ejecución de la cartografía básica y derivada a los órganos de la Administración del Estado competentes para su aprobación. Asimismo, informará, a instancia de los organismos interesados, las normas de cartografía temática elaboradas por los mismos.Cuatro. El Consejo Superior Geográfico será consultado en los procesos de elaboración de cuantas disposiciones afecten a la producción cartográfica oficial.

DISPOSICIONES ADICIONALES

Primera - Las reglas de la presente ley serán de aplicación a los aspectos cartográficos del Catastro. A tal efecto, se autoriza al Gobierno para dictar, por real decreto, las normas correspondientes.Segunda - Las personas físicas o jurídicas privadas que produzcan para sus propios fines cartografía básica o derivada podrán obtener su aprobación e inscripción en el Registro central de Cartografía y, en su caso, en el Registro de la correspondiente Comunidad

165

Autónoma. Una vez inscrita, dicha cartografía privada adquirirá validez de cartografía oficial ante los organismos de las Administraciones públicas.Tercera - Lo dispuesto en la presente ley se entiende sin perjuicio de la aplicación de la normativa vigente en materia de secretos oficiales y zonas de interés para la Defensa nacional. Cuarta - El Consejo Superior Geográfico se constituirá con arreglo a la nueva composición que se determine reglamentariamente dentro del plazo de seis meses, contados a partir de la entrada en vigor de la presente ley.

DISPOSICION TRANSITORIA

En el plazo de un año desde la entrada en vigor de esta ley, los distintos Ministerios, órganos de gobierno de las Comunidades Autónomas, Diputaciones, Cabildos Insulares, Ayuntamientos y entidades estatales autónomas presentarán al Consejo Superior Geográfico un inventario detallado de sus respectivas producciones de cartografía básica junto con la norma cartográfica aplicada en cada caso. En los seis meses siguientes, el órgano competente de la Administración del Estado resolverá, a propuesta del Consejo, acerca de las producciones que estime convalidadles, a la vista de la norma aplicada, y recabará de los organismos productores las correspondientes reproducciones de las mismas para su inscripción en el Registro Central de Cartografía.

DISPOSICION DEROGATORIA

Quedan derogadas la ley de 18 de marzo de 1944 y cuantas disposiciones se opongan a lo establecido en esta ley.Por tanto, mando a todos los españoles, particulares y autoridades, que guarden y hagan guardar esta ley.

Palacio de la Zarzuela, Madrid a 24 de enero de 1986.

JUAN CARLOS R.El Presidente del Gobierno, FELIPE GONZÁLEZ MÁRQUEZBOE de 29 de enero de 1986

10.C - ESPANHA. LEY DEL RUIDO. LEY 37/2003, DE 17 DE NOVIEMBRE.

CAPÍTULO I.DISPOSICIONES GENERALES.

Artículo 1. Objeto y finalidad.

166

Esta Ley tiene por objeto prevenir, vigilar y reducir la contaminación acústica, para evitar y reducir los daños que de ésta pueden derivarse para la salud humana, los bienes o el medio ambiente. Artículo 2. Ámbito de aplicación. 1. Están sujetos a las prescripciones de esta Ley todos los emisores acústicos, ya sean de titularidad pública o privada, así como las edificaciones en su calidad de receptores acústicos. 2. No obstante lo dispuesto en el apartado anterior, quedan excluidos del ámbito de aplicación de esta Ley los siguientes emisores acústicos:

a. Las actividades domésticas o los comportamientos de los vecinos, cuando la contaminación acústica producida por aquéllos se mantenga dentro de límites tolerables de conformidad con las ordenanzas municipales y los usos locales.

b. Las actividades militares, que se regirán por su legislación específica. c. La actividad laboral, respecto de la contaminación acústica producida por ésta en el

correspondiente lugar de trabajo, que se regirá por lo dispuesto en la legislación laboral.

Artículo 3. Definiciones. A los efectos de esta Ley, se entenderá por:

a. Actividades: cualquier instalación, establecimiento o actividad, públicos o privados, de naturaleza industrial, comercial, de servicios o de almacenamiento. b. Área acústica: ámbito territorial, delimitado por la Administración competente, que presenta el mismo objetivo de calidad acústica. c. Calidad acústica: grado de adecuación de las características acústicas de un espacio a las actividades que se realizan en su ámbito. d. Contaminación acústica: presencia en el ambiente de ruidos o vibraciones, cualquiera que sea el emisor acústico que los origine, que impliquen molestia, riesgo o daño para las personas, para el desarrollo de sus actividades o para los bienes de cualquier naturaleza, o que causen efectos significativos sobre el medio ambiente. e. Emisor acústico: cualquier actividad, infraestructura, equipo, maquinaria o comportamiento que genere contaminación acústica. f. Evaluación acústica: el resultado de aplicar cualquier método que permita calcular, predecir, estimar o medir la calidad acústica y los efectos de la contaminación acústica. g. Gran eje viario: cualquier carretera con un tráfico superior a 3 millones de vehículos por año. h. Gran eje ferroviario: cualquier vía férrea con un tráfico superior a 30.000 trenes por año. i. Gran aeropuerto: cualquier aeropuerto civil con más de 50.000 movimientos por año, considerando como movimientos tanto los despegues como los aterrizajes, con exclusión de los que se efectúen únicamente a efectos de formación en aeronaves ligeras. j. Índice acústico: magnitud física para describir la contaminación acústica, que tiene relación con los efectos producidos por ésta. k. Índice de emisión: índice acústico relativo a la contaminación acústica generada por un emisor. l. Índice de inmisión: índice acústico relativo a la contaminación acústica existente en un lugar durante un tiempo determinado. m. Objetivo de calidad acústica: conjunto de requisitos que, en relación con la contaminación acústica, deben cumplirse en un momento dado en un espacio determinado.

167

n. Planes de acción: los planes encaminados a afrontar las cuestiones relativas a ruido y a sus efectos, incluida la reducción del ruido si fuere necesario. ñ. Valor límite de emisión: valor del índice de emisión que no debe ser sobrepasado, medido con arreglo a unas condiciones establecidas. o. Valor límite de inmisión: valor del índice de inmisión que no debe ser sobrepasado en un lugar durante un determinado período de tiempo, medido con arreglo a unas condiciones establecidas. p. Zonas de servidumbre acústica: sectores del territorio delimitados en los mapas de ruido, en los que las inmisiones podrán superar los objetivos de calidad acústica aplicables a las correspondientes áreas acústicas y donde se podrán establecer restricciones para determinados usos del suelo, actividades, instalaciones o edificaciones, con la finalidad de, al menos, cumplir los valores límites de inmisión establecidos para aquéllos. q. Zonas tranquilas en las aglomeraciones: los espacios en los que no se supere un valor, a fijar por el Gobierno, de un determinado índice acústico. r. Zonas tranquilas en campo abierto: los espacios no perturbados por ruido procedente del tráfico, las actividades industriales o las actividades deportivo-recreativas.

Artículo 4. Atribuciones competenciales. 1. Serán de aplicación las reglas contenidas en los siguientes apartados de este artículo con el fin de atribuir la competencia para:

a. La elaboración, aprobación y revisión de los mapas de ruido y la correspondiente información al público.

b. La delimitación de las zonas de servidumbre acústica y las limitaciones derivadas de dicha servidumbre.

c. La delimitación del área o áreas acústicas integradas dentro del ámbito territorial de un mapa de ruido.

d. La suspensión provisional de los objetivos de calidad acústica aplicables en un área acústica.

e. La elaboración, aprobación y revisión del plan de acción en materia de contaminación acústica correspondiente a cada mapa de ruido y la correspondiente información al público.

f. La ejecución de las medidas previstas en el plan. g. La declaración de un área acústica como zona de protección acústica especial, así

como la elaboración, aprobación y ejecución del correspondiente plan zonal específico.

h. La declaración de un área acústica como zona de situación acústica especial, así como la adopción y ejecución de las correspondientes medidas correctoras específicas.

i. La delimitación de las zonas tranquilas en aglomeraciones y zonas tranquilas en campo abierto.

2. En relación con las infraestructuras viarias, ferroviarias, aeroportuarias y portuarias de competencia estatal, la competencia para la realización de las actividades enumeradas en el apartado anterior, con excepción de la aludida en su párrafo c, corresponderá a la Administración General del Estado. 3. En relación con las obras de interés público, de competencia estatal, la competencia para la realización de la actividad aludida en el párrafo d del apartado 1 corresponderá a la Administración General del Estado. 4. En los restantes casos:

a. Se estará, en primer lugar, a lo que disponga la legislación autonómica.

168

b. En su defecto, la competencia corresponderá a la comunidad autónoma si el ámbito territorial del mapa de ruido de que se trate excede de un término municipal, y al ayuntamiento correspondiente en caso contrario.

Artículo 5. Información. 1. Las Administraciones públicas competentes informarán al público sobre la contaminación acústica y, en particular, sobre los mapas de ruido y los planes de acción en materia de contaminación acústica. Será de aplicación a la información a la que se refiere el presente apartado la Ley 38/1995, de 12 de diciembre, sobre el derecho de acceso a la información en materia de medio ambiente. Sin perjuicio de lo previsto en el párrafo anterior, las Administraciones públicas competentes insertarán en los correspondientes periódicos oficiales anuncios en los que se informe de la aprobación de los mapas de ruido y de los planes de acción en materia de contaminación acústica, y en los que se indiquen las condiciones en las que su contenido íntegro será accesible a los ciudadanos. 2. Sobre la base de la información de la que disponga y de aquella que le haya sido facilitada por las restantes Administraciones públicas, la Administración General del Estado creará un sistema básico de información sobre la contaminación acústica, en el que se integrarán los elementos más significativos de los sistemas de información existentes, que abarcará los índices de inmisión y de exposición de la población a la contaminación acústica, así como las mejores técnicas disponibles. Artículo 6. Ordenanzas municipales y planeamiento urbanístico. Corresponde a los ayuntamientos aprobar ordenanzas en relación con las materias objeto de esta Ley. Asimismo, los ayuntamientos deberán adaptar las ordenanzas existentes y el planeamiento urbanístico a las disposiciones de esta Ley y de sus normas de desarrollo.

CAPÍTULO II.CALIDAD ACÚSTICA.

SECCIÓN I.ÁREAS ACÚSTICAS.

Artículo 7. Tipos de áreas acústicas. 1. Las áreas acústicas se clasificarán, en atención al uso predominante del suelo, en los tipos que determinen las comunidades autónomas, las cuales habrán de prever, al menos, los siguientes:

a. Sectores del territorio con predominio de suelo de uso residencial. b. Sectores del territorio con predominio de suelo de uso industrial. c. Sectores del territorio con predominio de suelo de uso recreativo y de espectáculos. d. Sectores del territorio con predominio de suelo de uso terciario distinto del

contemplado en el párrafo anterior. e. Sectores del territorio con predominio de suelo de uso sanitario, docente y cultural

que requiera de especial protección contra la contaminación acústica. f. Sectores del territorio afectados a sistemas generales de infraestructuras de

transporte, u otros equipamientos públicos que los reclamen. g. Espacios naturales que requieran una especial protección contra la contaminación

acústica. 2. El Gobierno aprobará reglamentariamente los criterios para la delimitación de los distintos tipos de áreas acústicas. Artículo 8. Fijación de objetivos de calidad acústica. 1. El Gobierno definirá los objetivos de calidad acústica aplicables a los distintos tipos de áreas acústicas, referidos tanto a situaciones existentes como nuevas.

169

2. Para establecer los objetivos de calidad acústica se tendrán en cuenta los valores de los índices de inmisión y emisión, el grado de exposición de la población, la sensibilidad de la fauna y de sus hábitats, el patrimonio histórico expuesto y la viabilidad técnica y económica. 3. El Gobierno fijará objetivos de calidad aplicables al espacio interior habitable de las edificaciones destinadas a vivienda, usos residenciales, hospitalarios, educativos o culturales. Artículo 9. Suspensión provisional de los objetivos de calidad acústica. 1. Con motivo de la organización de actos de especial proyección oficial, cultural, religiosa o de naturaleza análoga, las Administraciones públicas competentes podrán adoptar, en determinadas áreas acústicas, previa valoración de la incidencia acústica, las medidas necesarias que dejen en suspenso temporalmente el cumplimiento de los objetivos de calidad acústica que sean de aplicación a aquéllas. 2. Asimismo, los titulares de emisores acústicos podrán solicitar de la Administración competente, por razones debidamente justificadas que habrán de acreditarse en el correspondiente estudio acústico, la suspensión provisional de los objetivos de calidad acústica aplicables a la totalidad o a parte de un área acústica. Sólo podrá acordarse la suspensión provisional solicitada, que podrá someterse a las condiciones que se estimen pertinentes, en el caso de que se acredite que las mejores técnicas disponibles no permiten el cumplimiento de los objetivos cuya suspensión se pretende. 3. Lo dispuesto en este artículo se entenderá sin perjuicio de la posibilidad de rebasar ocasional y temporalmente los objetivos de calidad acústica, cuando sea necesario en situaciones de emergencia o como consecuencia de la prestación de servicios de prevención y extinción de incendios, sanitarios, de seguridad u otros de naturaleza análoga a los anteriores, para lo que no será necesaria autorización ninguna. Artículo 10. Zonas de servidumbre acústica. 1. Los sectores del territorio afectados al funcionamiento o desarrollo de las infraestructuras de transporte viario, ferroviario, aéreo, portuario o de otros equipamientos públicos que se determinen reglamentariamente, así como los sectores de territorio situados en el entorno de tales infraestructuras, existentes o proyectadas, podrán quedar gravados por servidumbres acústicas. 2. Las zonas de servidumbre acústica se delimitarán en los mapas de ruido medido o calculado por la Administración competente para la aprobación de éstos, mediante la aplicación de los criterios técnicos que al efecto establezca el Gobierno.

SECCIÓN II.ÍNDICES ACÚSTICOS.

Artículo 11. Determinación de los índices acústicos. 1. A los efectos de esta Ley, se emplearán índices acústicos homogéneos correspondientes a las 24 horas del día, al período diurno, al período vespertino y al período nocturno. 2. Las disposiciones reglamentarias de desarrollo de esta Ley podrán prever otros índices aplicables a los supuestos específicos que al efecto se determinen. Artículo 12. Valores límite de inmisión y emisión. 1. Los valores límite de emisión de los diferentes emisores acústicos, así como los valores límite de inmisión, serán determinados por el Gobierno. Cuando, como consecuencia de importantes cambios en las mejoras técnicas disponibles, resulte posible reducir los valores límite sin que ello entrañe costes excesivos, el Gobierno procederá a tal reducción. 2. A los efectos de esta Ley, los emisores acústicos se clasifican en:

a. Vehículos automóviles. b. Ferrocarriles. c. Aeronaves. d. Infraestructuras viarias.

170

e. Infraestructuras ferroviarias. f. Infraestructuras aeroportuarias. g. Maquinaria y equipos. h. Obras de construcción de edificios y de ingeniería civil. i. Actividades industriales. j. Actividades comerciales. k. Actividades deportivo-recreativas y de ocio. l. Infraestructuras portuarias.

3. El Gobierno podrá establecer valores límite aplicables a otras actividades, comportamientos y productos no contemplados en el apartado anterior. 4. El Gobierno fijará con carácter único para todo el territorio del Estado los valores límite de inmisión en el interior de los medios de transporte de competencia estatal. 5. Los titulares de emisores acústicos, cualquiera que sea su naturaleza, están obligados a respetar los correspondientes valores límite. Artículo 13. Evaluación acústica. El Gobierno regulará:

a. Los métodos de evaluación para la determinación de los valores de los índices acústicos aludidos en el artículo 12 y de los correspondientes efectos de la contaminación acústica.

b. El régimen de homologación de los instrumentos y procedimientos que se empleen en la evaluación y de las entidades a las que, en su caso, se encomiende ésta.

SECCIÓN III. MAPAS DE RUIDO.

Artículo 14. Identificación de los mapas de ruido. 1. En los términos previstos en esta Ley y en sus normas de desarrollo, las Administraciones competentes habrán de aprobar, previo trámite de información pública por un período mínimo de un mes, mapas de ruido correspondientes a:

a. Cada uno de los grandes ejes viarios, de los grandes ejes ferroviarios, de los grandes aeropuertos y de las aglomeraciones, entendiendo por tales los municipios con una población superior a 100.000 habitantes y con una densidad de población superior a la que se determina reglamentariamente, de acuerdo con el calendario establecido en la disposición adicional primera, sin perjuicio de lo previsto en el apartado 2.

b. Las áreas acústicas en las que se compruebe el incumplimiento de los correspondientes objetivos de calidad acústica.

2. En relación con las aglomeraciones a las que se refiere el apartado 1, las comunidades autónomas podrán:

a. Delimitar como ámbito territorial propio de un mapa de ruido un área que, excediendo de un término municipal, supere los límites de población indicados en dicho precepto y tenga una densidad de población superior a la que se determine reglamentariamente.

b. Limitar el ámbito territorial propio de un mapa de ruido a la parte del término municipal que, superando los límites de población aludidos en el párrafo anterior, tenga una densidad de población superior a la que se determine reglamentariamente.

Artículo 15. Fines y contenido de los mapas. 1. Los mapas de ruido tendrán, entre otros, los siguientes objetivos:

a. Permitir la evaluación global de la exposición a la contaminación acústica de una determinada zona.

b. Permitir la realización de predicciones globales para dicha zona. c. Posibilitar la adopción fundada de planes de acción en materia de contaminación

acústica y, en general, de las medidas correctoras que sean adecuadas.

171

2. Los mapas de ruido delimitarán, mediante la aplicación de las normas que al efecto apruebe el Gobierno, su ámbito territorial, en el que se integrarán una o varias áreas acústicas, y contendrán información, entre otros, sobre los extremos siguientes:

a. Valor de los índices acústicos existentes o previstos en cada una de las áreas acústicas afectadas.

b. Valores límite y objetivos de calidad acústica aplicables a dichas áreas. c. Superación o no por los valores existentes de los índices acústicos de los valores

límite aplicables, y cumplimiento o no de los objetivos aplicables de calidad acústica. d. Número estimado de personas, de viviendas, de colegios y de hospitales expuestos a la

contaminación acústica en cada área acústica. 3. El Gobierno determinará reglamentariamente los tipos de mapas de contaminación acústica, el contenido mínimo de cada uno de ellos, su formato y las formas de su presentación al público. Artículo 16. Revisión de los mapas. Los mapas de ruido habrán de revisarse y, en su caso, modificarse cada cinco años a partir de la fecha de su aprobación.

CAPÍTULO III.PREVENCIÓN Y CORRECCIÓN DE LA CONTAMINACIÓN ACÚSTICA.

SECCIÓN I. PREVENCIÓN DE LA CONTAMINACIÓN ACÚSTICA.Artículo 17. Planificación territorial. La planificación y el ejercicio de competencias estatales, generales o sectoriales, que incidan en la ordenación del territorio, la planificación general territorial, así como el planeamiento urbanístico, deberán tener en cuenta las previsiones establecidas en esta Ley, en las normas dictadas en su desarrollo y en las actuaciones administrativas realizadas en ejecución de aquéllas. Artículo 18. Intervención administrativa sobre los emisores acústicos. 1. Las Administraciones públicas competentes aplicarán, en relación con la contaminación acústica producida o susceptible de producirse por los emisores acústicos, las previsiones contenidas en esta Ley y en sus normas de desarrollo en cualesquiera actuaciones previstas en la normativa ambiental aplicable y, en particular, en las siguientes:

a. En las actuaciones relativas al otorgamiento de la autorización ambiental integrada. b. En las actuaciones relativas a la evaluación de impacto ambiental u otras figuras de

evaluación ambiental previstas en la normativa autonómica. c. En las actuaciones relativas a la licencia municipal de actividades clasificadas

regulada en el Decreto 2414/1961, de 30 de noviembre, por el que se aprueba el Reglamento de Actividades Molestas, Insalubres, Nocivas y Peligrosas, o en la normativa autonómica que resulte de aplicación.

d. En el resto de autorizaciones, licencias y permisos que habiliten para el ejercicio de actividades o la instalación y funcionamiento de equipos y máquinas susceptibles de producir contaminación acústica.

2. A efectos de lo previsto en el apartado anterior, las Administraciones públicas competentes asegurarán que:

a. Se adopten todas las medidas adecuadas de prevención de la contaminación acústica, en particular mediante la aplicación de las tecnologías de menor incidencia acústica de entre las mejores técnicas disponibles, entendiendo como tales las tecnologías menos contaminantes en condiciones técnica y económicamente viables, tomando en consideración las características propias del emisor acústico de que se trate.

b. No se supere ningún valor límite aplicable sin perjuicio de lo dispuesto en materia de servidumbres acústicas.

172

3. El contenido de las autorizaciones, licencias u otras figuras de intervención aludidas en los apartados precedentes podrá revisarse por las Administraciones públicas competentes, sin que la revisión entrañe derecho indemnizatorio alguno, entre otros supuestos a efectos de adaptarlas a las reducciones de los valores límite acordadas conforme a lo previsto por el segundo párrafo del artículo 12.1. 4. Ninguna instalación, construcción, modificación, ampliación o traslado de cualquier tipo de emisor acústico podrá ser autorizado, aprobado o permitido su funcionamiento por la Administración competente, si se incumple lo previsto en esta Ley y en sus normas de desarrollo en materia de contaminación acústica. Artículo 19. Autocontrol de las emisiones acústicas. Sin perjuicio de las potestades administrativas de inspección y sanción, la Administración competente podrá establecer, en los términos previstos en la correspondiente autorización, licencia u otra figura de intervención que sea aplicable, un sistema de autocontrol de las emisiones acústicas, debiendo los titulares de los correspondientes emisores acústicos informar acerca de aquél y de los resultados de su aplicación a la Administración competente. Artículo 20. Edificaciones. 1. No podrán concederse nuevas licencias de construcción de edificaciones destinadas a viviendas, usos hospitalarios, educativos o culturales si los índices de inmisión medidos o calculados incumplen los objetivos de calidad acústica que sean de aplicación a las correspondientes áreas acústicas, excepto en las zonas de protección acústica especial y en las zonas de situación acústica especial, en las que únicamente se exigirá el cumplimiento de los objetivos de calidad acústica en el espacio interior que les sean aplicables. 2. Los ayuntamientos, por razones excepcionales de interés público debidamente motivadas, podrán conceder licencias de construcción de las edificaciones aludidas en el apartado anterior aun cuando se incumplan los objetivos de calidad acústica en él mencionados, siempre que se satisfagan los objetivos establecidos para el espacio interior. Artículo 21. Reservas de sonidos de origen natural. Las comunidades autónomas podrán delimitar como reservas de sonidos de origen natural determinadas zonas en las que la contaminación acústica producida por la actividad humana no perturbe dichos sonidos. Asimismo, podrán establecerse planes de conservación de las condiciones acústicas de tales zonas o adoptarse medidas dirigidas a posibilitar la percepción de aquellos sonidos.

SECCIÓN II.PLANES DE ACCIÓN EN MATERIA DE CONTAMINACIÓN ACÚSTICA.

Artículo 22. Identificación de los planes. En los términos previstos en esta ley y en sus normas de desarrollo, habrán de elaborarse y aprobarse, previo trámite de información pública por un período mínimo de un mes, planes de acción en materia de contaminación acústica correspondiente a los ámbitos territoriales de los mapas de ruido a los que se refiere el apartado 1 del artículo 14. Artículo 23. Fines y contenido de los planes. 1. Los planes de acción en materia de contaminación acústica tendrán, entre otros, los siguientes objetivos:

a. Afrontar globalmente las cuestiones concernientes a la contaminación acústica en la correspondiente área o áreas acústicas.

b. Determinar las acciones prioritarias a realizar en caso de superación de los valores límite de emisión o inmisión o de incumplimiento de los objetivos de calidad acústica.

c. Proteger a las zonas tranquilas en las aglomeraciones y en campo abierto contra el aumento de la contaminación acústica.

173

2. El contenido mínimo de los planes de acción en materia de contaminación acústica será determinado por el Gobierno, debiendo en todo caso aquéllos precisar las actuaciones a realizar durante un período de cinco años para el cumplimiento de los objetivos establecidos en el apartado anterior. En caso de necesidad, el plan podrá incorporar la declaración de zonas de protección acústica especial. Artículo 24. Revisión de los planes. Los planes habrán de revisarse y, en su caso, modificarse previo trámite de información pública por un período mínimo de un mes, siempre que se produzca un cambio importante de la situación existente en materia de contaminación acústica y, en todo caso, cada cinco años a partir de la fecha de su aprobación.

SECCIÓN III. CORRECCIÓN DE LA CONTAMINACIÓN ACÚSTICA.

Artículo 25. Zonas de Protección Acústica Especial. 1. Las áreas acústicas en las que se incumplan los objetivos aplicables de calidad acústica, aun observándose por los emisores acústicos los valores límite aplicables, serán declaradas zonas de protección acústica especial por la Administración pública competente. 2. Desaparecidas las causas que provocaron la declaración, la Administración pública correspondiente declarará el cese del régimen aplicable a las zonas de protección acústica especial. 3. Las Administraciones públicas competentes elaborarán planes zonales específicos para la mejora acústica progresiva del medio ambiente en las zonas de protección acústica especial, hasta alcanzar los objetivos de calidad acústica que les sean de aplicación. Los planes contendrán las medidas correctoras que deban aplicarse a los emisores acústicos y a las vías de propagación, así como los responsables de su adopción, la cuantificación económica de aquéllas y, cuando sea posible, un proyecto de financiación. 4. Los planes zonales específicos podrán contener, entre otras, todas o algunas de las siguientes medidas:

a. Señalar zonas en las que se apliquen restricciones horarias o por razón del tipo de actividad a las obras a realizar en la vía pública o en edificaciones.

b. Señalar zonas o vías en las que no puedan circular determinadas clases de vehículos a motor o deban hacerlo con restricciones horarias o de velocidad.

c. No autorizar la puesta en marcha, ampliación, modificación o traslado de un emisor acústico que incremente los valores de los índices de inmisión existentes.

Artículo 26. Zonas de Situación Acústica Especial. Si las medidas correctoras incluidas en los planes zonales específicos que se desarrollen en una zona de protección acústica especial no pudieran evitar el incumplimiento de los objetivos de calidad acústica, la Administración pública competente declarará el área acústica en cuestión como zona de situación acústica especial. En dicha zona se aplicarán medidas correctoras específicas dirigidas a que, a largo plazo, se mejore la calidad acústica y, en particular, a que no se incumplan los objetivos de calidad acústica correspondientes al espacio interior.

CAPÍTULO IV.INSPECCIÓN Y RÉGIMEN SANCIONADOR.

Artículo 27. Inspección. 1. Los funcionarios que realicen labores de inspección en materia de contaminación acústica tendrán el carácter de agentes de la autoridad, a los efectos previstos en la Ley 30/1992, de 26 de noviembre, de Régimen Jurídico de las Administraciones Públicas y del Procedimiento Administrativo Común y podrán acceder a cualquier lugar, instalación o dependencia, de titularidad pública o privada. En el supuesto de entradas domiciliarias se requerirá el previo consentimiento del titular o resolución judicial.

174

2. Los titulares de los emisores acústicos regulados por esta Ley están obligados a prestar a las autoridades competentes toda la colaboración que sea necesaria, a fin de permitirles realizar los exámenes, controles, mediciones y labores de recogida de información que sean pertinentes para el desempeño de sus funciones. Artículo 28. Infracciones. 1. Sin perjuicio de las infracciones que puedan establecer las comunidades autónomas y los ayuntamientos, las infracciones administrativas relacionadas con la contaminación acústica se clasifican en muy graves, graves y leves. 2. Son infracciones muy graves las siguientes:

a. La producción de contaminación acústica por encima de los valores límite establecidos en zonas de protección acústica especial y en zonas de situación acústica especial.

b. La superación de los valores límite que sean aplicables, cuando se haya producido un daño o deterioro grave para el medio ambiente o se haya puesto en peligro grave la seguridad o la salud de las personas.

c. El incumplimiento de las condiciones establecidas, en materia de contaminación acústica, en la autorización ambiental integrada, en la autorización o aprobación del proyecto sometido a evaluación de impacto ambiental, en la licencia de actividades clasificadas o en otras figuras de intervención administrativa, cuando se haya producido un daño o deterioro grave para el medio ambiente o se haya puesto en peligro grave la seguridad o la salud de las personas.

d. El incumplimiento de las normas que establezcan requisitos relativos a la protección de las edificaciones contra el ruido, cuando se haya puesto en peligro grave la seguridad o la salud de las personas.

e. El incumplimiento de las obligaciones derivadas de la adopción de medidas provisionales conforme al artículo 31.

3. Son infracciones graves las siguientes: a. La superación de los valores límite que sean aplicables, cuando no se haya producido

un daño o deterioro grave para el medio ambiente ni se haya puesto en peligro grave la seguridad o la salud de las personas.

b. El incumplimiento de las condiciones establecidas en materia de contaminación acústica, en la autorización ambiental integrada, en la autorización o aprobación del proyecto sometido a evaluación de impacto ambiental, en la licencia de actividades clasificadas o en otras figuras de intervención administrativa, cuando no se haya producido un daño o deterioro grave para el medio ambiente ni se haya puesto en peligro grave la seguridad o la salud de las personas.

c. La ocultación o alteración maliciosas de datos relativos a la contaminación acústica aportados a los expedientes administrativos encaminados a la obtención de autorizaciones o licencias relacionadas con el ejercicio de las actividades reguladas en esta Ley.

d. El impedimento, el retraso o la obstrucción a la actividad inspectora o de control de las Administraciones públicas.

e. La no adopción de las medidas correctoras requeridas por la Administración competente en caso de incumplimiento de los objetivos de calidad acústica.

4. Son infracciones leves las siguientes: a. La no comunicación a la Administración competente de los datos requeridos por ésta

dentro de los plazos establecidos al efecto. b. La instalación o comercialización de emisores acústicos sin acompañar la

información sobre sus índices de emisión, cuando tal información sea exigible conforme a la normativa aplicable.

175

c. El incumplimiento de las prescripciones establecidas en esta Ley, cuando no esté tipificado como infracción muy grave o grave.

5. Las ordenanzas locales podrán tipificar infracciones en relación con: a. El ruido procedente de usuarios de la vía pública en determinadas circunstancias. b. El ruido producido por las actividades domésticas o los vecinos, cuando exceda de los

límites tolerables de conformidad con los usos locales. Artículo 29. Sanciones. 1. Las infracciones a las que se refieren los apartados 2 a 4 del artículo anterior podrán dar lugar a la imposición de todas o algunas de las siguientes sanciones:

a. En el caso de infracciones muy graves: 1. Multas desde 12.001 euros hasta 300.000 euros. 2. Revocación de la autorización ambiental integrada, la autorización o

aprobación del proyecto sometido a evaluación de impacto ambiental, la licencia de actividades clasificadas u otras figuras de intervención administrativa en las que se hayan establecido condiciones relativas a la contaminación acústica, o la suspensión de la vigencia de su vigencia por un período de tiempo comprendido entre un año y un día y cinco años.

3. Clausura definitiva, total o parcial, de las instalaciones. 4. Clausura temporal, total o parcial, de las instalaciones por un período no

inferior a dos años ni superior a cinco. 5. Publicación, a través de los medios que se consideren oportunos, de las

sanciones impuestas, una vez que éstas hayan adquirido firmeza en vía administrativa o, en su caso, jurisdiccional, así como los nombres, apellidos o denominación o razón social de las personas físicas o jurídicas responsables y la índole y naturaleza de las infracciones.

6. El precintado temporal o definitivo de equipos y máquinas. 7. La prohibición temporal o definitiva del desarrollo de actividades.

b. En el caso de infracciones graves: 1. Multas desde 601 euros hasta 12.000 euros. 2. Suspensión de la vigencia de la autorización ambiental integrada, la

autorización o aprobación del proyecto sometido a evaluación de impacto ambiental, la licencia de actividades clasificadas u otras figuras de intervención administrativa en las que se hayan establecido condiciones relativas a la contaminación acústica, por un período de tiempo comprendido entre un mes y un día y un año.

3. Clausura temporal, total o parcial, de las instalaciones por un período máximo de dos años.

c. En el caso de infracciones leves, multas de hasta 600 euros. 2. Las ordenanzas locales podrán establecer como sanciones por la comisión de infracciones previstas por aquéllas las siguientes:

a. Multas. b. Suspensión de la vigencia de las autorizaciones o licencias municipales en las que se

hayan establecido condiciones relativas a la contaminación acústica, por un período de tiempo inferior a un mes.

3. Las sanciones se impondrán atendiendo a: a. Las circunstancias del responsable. b. La importancia del daño o deterioro causado. c. El grado del daño o molestia causado a las personas, a los bienes o al medio

ambiente. d. La intencionalidad o negligencia.

176

e. La reincidencia y la participación. Artículo 30. Potestad sancionadora. 1. La imposición de las sanciones corresponderá:

a. Con carácter general, a los ayuntamientos. b. A las comunidades autónomas, en los supuestos de las infracciones siguientes:

1. Artículo 28.2.c, cuando las condiciones incumplidas hayan sido establecidas por la comunidad autónoma.

2. Artículo 28.2.e, cuando la medida provisional se haya adoptado por la comunidad autónoma.

3. Artículo 28.3.b, cuando las condiciones incumplidas hayan sido establecidas por la comunidad autónoma.

4. Artículo 28.3.c, cuando la competencia para otorgar la autorización o licencia corresponda a la comunidad autónoma.

5. Artículo 28.3.d, cuando la Administración en cuestión sea la autonómica. 6. Artículo 28.3.e, cuando la Administración requirente sea la autonómica. 7. Artículo 28.4.a, cuando la Administración requirente sea la autonómica.

c. A la Administración General del Estado, en el ejercicio de sus competencias exclusivas.

Artículo 31. Medidas provisionales. Una vez iniciado el procedimiento sancionador, el órgano competente para imponer la sanción podrá adoptar alguna o algunas de las siguientes medidas provisionales:

a. Precintado de aparatos, equipos o vehículos. b. Clausura temporal, parcial o total, de las instalaciones o del establecimiento. c. Suspensión temporal de la autorización ambiental integrada, la autorización o

aprobación del proyecto sometido a evaluación de impacto ambiental, la licencia de actividades clasificadas u otras figuras de intervención administrativa en las que se hayan establecido condiciones relativas a la contaminación acústica.

d. Medidas de corrección, seguridad o control que impidan la continuidad en la producción del riesgo o del daño.

DISPOSICIÓN ADICIONAL PRIMERA. Calendario de aplicación de esta Ley. 1. Los mapas de ruido habrán de estar aprobados:

a. Antes del día 30 de junio de 2007, los correspondientes a cada uno de los grandes ejes viarios cuyo tráfico supere los seis millones de vehículos al año, de los grandes ejes ferroviarios cuyo tráfico supere los 60.000 trenes al año, de los grandes aeropuertos y de las aglomeraciones con más de 250.000 habitantes.

b. Antes del día 30 de junio de 2012, los correspondientes a cada uno de los restantes grandes ejes viarios, grandes ejes ferroviarios y aglomeraciones.

.................................................................................................................................................

10.D - ITÁLIA. LEGGE 2 FEBBRAIO 1960, N. 68 (1). Norme sulla cartografia ufficiale dello Stato e sulla disciplina della produzione e dei rilevamenti terrestri e idrografici.

La Câmera dei deputati e il Senato della Repubblica hanno approvato:Il Presidente della Repubblica promulga La seguente legge:

Articolo 1 Sono organi cartografici dello Stato: - l'Istituto geografico militare;

177

- l'Istituto idrografico della Marina; - la Sezione fotocartografica dello Stato Maggiore dell'Aeronautica; - l'Amministrazione del catasto e dei servizi tecnici erariali; - il Servizio geologico. La cartografia ufficiale dello Stato è costituita dalle carte geografiche, topografiche, corografiche, nautiche, aeronautiche, catastali e geologiche pubblicate da un ente cartografico dello Stato e dall'ente stesso dichiarate ufficiali.Le carte aeronautiche e geologiche sono ufficiali limitatamente alle particolari rappresentazioni di carattere aeronautico e geologico che vi sono contenute.Sulle carte ufficiali è impressa, a cura dell'ente produttore, apposita stampigliatura.

Articolo 2 Sono documenti ufficiali annessi alla cartografia ufficiale i documenti geodetici relativi alle reti trigonometriche e di livellazione nonché i documenti relativi ai dati topografici, astronomici, gravimetrici e magnetici redatti dagli organi cartografici dello Stato, dalla Commissione geodetica italiana e dall'Istituto nazionale di geofisica ai fini dei rilevamenti o ad altri fini scientifici e tecnici.Sui documenti ufficiali è impressa, a cura dell'ente, della Commissione geodetica italiana o dell'Istituto nazionale di geofisica, che li producono, apposita stampigliatura.Alla Commissione geodetica italiana è devoluto l'incarico di coordinamento dei dati di non completa coincidenza forniti dai diversi organi.

Articolo 3 Nelle Province prive di cartografia ufficiale dello Stato possono essere utilizzati, come carte e documenti ufficiali, carte e documenti costruiti o redatti da enti pubblici e privati, purché, a giudizio del competente organo cartografico dello Stato, possiedano i necessari requisiti tecnici.

Articolo 4 Sono liberi la produzione e il commercio di carte e documenti che costituiscano una sostanziale rielaborazione sotto un nuovo aspetto (statistico, scientifico, turistico, storico, didattico) delle carte e dei documenti ufficiali in libero commercio.La riproduzione totale o parziale, da parte di organi non statali o di privati di carte e documenti ufficiali in libero commercio, per utilizzazione a scopi vari, compreso quello di corredarne pubblicazioni o poriodici, deve essere preventivamente autorizzata dall'organo statale produttore della carta o del documento.Le rielaborazioni e riproduzioni debbono contenere l'indicazione dell'organo statale produttore della carta e del documento riprodotto o rielaborato, al quale organo sono dovuti i diritti d'autore a norma dell'art. 11 della legge 22 aprile 1941, n. 633. I diritti predetti sono versati in Tesoreria con imputazione al bilancio di entrata.Salvo quanto disposto dal successivo art. 6, nulla è innovato circa la facoltà attribuita ai Comuni, ai sensi dell'art. 55 del regolamento approvato con regio decreto 8 dicembre 1938, n. 2153 (2), di rilasciare copie ed estratti.

Articolo 5 Per l'inserzione nelle carte geologiche, anche ufficiali, e nelle carte, piante o piani di cui al primo comma dell'art. 4 di particolari topografici non rappresentati nelle carte ufficiali dell'Istituto geografico militare in libero commercio, è necessaria la preventiva autorizzazione del direttore dell'Istituto geografico militare.

178

E' comunque vietata l'inserzione nelle carte, piante e piani suddetti dei particolari topografici aventi carattere di riservatezza ai fini della sicurezza nazionale, stabiliti con decreto del Presidente della Repubblica, su proposta del Ministro per la difesa, di concerto con il Ministro per le finanze.

Articolo 6 I fogli di mappa e le carte catastali che contengono particolari topografici dei quali sono vietate la riproduzione e divulgazione e quelli relativi alle zone dichiarate dal Ministero della difesa di particolare importanza ai fini della difesa nazionale non possono essere esposti alla pubblica consultazione.Le riproduzioni dei suddetti, fogli e carte catastali e gli estratti dei medesimi possono essere rilasciati a privati solo se redatti dai competenti uffici tecnici erariali e quando riguardino tipi di frazionamento conseguenti a domanda scritta di voltura.

Articolo 7Salve le limitazioni previste dalle vigenti disposizioni sulle servitù militari e quelle di cui al successivo art. 8, sono liberamente consentiti i rilevamenti che riguardino misurazioni per opere di ingegneria, in progetto o in costruzione, o per lavori di agrimensura e di estimo.Tuttavia, allorché trattisi di rilevamenti per opere idrauliche per bonifiche, canalizzazioni a scopo di navigazione o di irrigazione, grandi acquedotti, e di rilevamenti per vie di comunicazioni ferroviarie, tranviarie e rotabili o costruzioni di aeroporti privati, deve esserne data comunicazione all'Istituto geografico militare o allo Stato Maggiore dell'Aeronautica, qualora trattisi di rilevamenti per costruzione di aeroporti privati.Ad opera costruita, la ditta o l'ente costruttori sono tenuti ad inviare all'Istituto geografico militare gli elementi atti ad agevolare l'aggiornamento della cartografia ufficiale.

Articolo 8 I rilevamenti per qualsiasi scopo nelle zone militarmente importanti previste dalla legge 1° giugno 1931, n. 886, e successive modificazioni, debbono essere preventivamente autorizzati dal direttore dell'Istituto geografico militare. Tale autorizzazione non è richiesta per i rilevamenti catastali, che restano regolati dalle apposite disposizioni legislative vigenti in materia.I rilevamenti delle acque territoriali debbono essere preventivamente autorizzati dal direttore dell'Istituto idrografico della Marina. Sono esentati dal richiedere la preventiva autorizzazione gli organi dipendenti dal Ministero dei lavori pubblici per i rilievi idrografici necessari al Mistero stesso nonché i Consorzi autonomi dei porti.

Articolo 9 Ogni qualvolta sia ritenuto opportuno, per ragioni di sicurezza e di riservatezza ai fini della difesa, l'autorità militare ha facoltà di assumere e di eseguire, con proprio personale, rilievi che possano accorrere ad organismi statali o pubblici e a grandi imprese di pubblica utilità, stabilendo i prezzi e versandone l'importo all'Erario.

Articolo 10 E' fatto divieto di cedere a terzi, che non siano direttamente interessati a valersene per studi o lavori per i quali li abbiano richiesti, i rilevamenti indicati nel secondo comma del precedente art. 7 e nel primo e secondo comma del precedente art. 8 senza il preventivo benestare dei direttori dell'Istituto geografico militare o dell'Istituto idrografico della Marina.

179

Articolo 11 I rilevamenti aerofotografici, aerocinematografici ed aerofotogrammetrici saranno regolati da apposita legge (3).

Articolo 12Di ogni pubblicazione cartografica prodotta da organismi non statali o da privati riflettente il territorio e le acque sotto giurisdizione italiana, oltre alla trasmissione della normale cartografia di obbligo secondo le leggi in vigore, devono essere inviate a cura dell'editore due copie in edizione di prova all'Istituto geografico militare e, ove si tratti di carte a denominatore inferiore a 100.000, due copie in edizione definitiva alla Direzione generale del catasto e dei servizi tecnici erariali. Per le zone lambite dal mare devono essere inviate due copie in edizione di prova anche all'Istituto idrografico della Marina.

Articolo 13 Le disposizioni contenute negli articoli precedenti non si applicano alle carte, mappe, piante e schizzi già pubblicati alla data del 23 luglio 1959 dei quali è consentita la vendita fino ad esaurimento delle copie stampate alla data predetta e, comunque, non oltre cinque anni dalla data stessa.

Articolo 14Le infrazioni alla presente legge comportano il sequestro degli strumenti e apparati, delle lastre fotografiche, degli originali, tipi e copie della cartografia non autorizzata, senza pregiudizio delle altre sanzioni previste dalle leggi in vigore.

Articolo 15 E' abrogata la legge 2 giugno 1930, numero 1139 (4).

NOTE (1) Pubblicata nella Gazz. Uff. 1 marzo 1960, n. 52. (2) Regolamento per la conservazione del nuovo catasto dei terreni. (3) Attualmente è in vigore il R.D. 22 luglio 1939, n. 1732. (4) Recava norme sulla disciplina e sul controllo della produzione cartografica nazionale.

180