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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UNIR) CAMPUS DE ARIQUEMES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (DECED) CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA ISAIAS FELIPE PEREIRA SANTOS O ENSINO RELIGIOSO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES-RO

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UNIR)

CAMPUS DE ARIQUEMES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (DECED)

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ISAIAS FELIPE PEREIRA SANTOS

O ENSINO RELIGIOSO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES-RO

ARIQUEMES

2016

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ISAIAS FELIPE PEREIRA SANTOS

O ENSINO RELIGIOSO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES-RO

Trabalho como requisito obrigatório para obtenção de nota parcial da Disciplina de: Elaboração de Trabalho Monográfico do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UNIR/ Ariquemes. Orientador específico: Prof. Me. Hugo Athanasios Fotopoulos.

Ariquemes

2016

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Dados de publicação internacional na publicação (CIP)Biblioteca setorial 06/UNIR

S237eSantos, Isaias Felipe Pereira

O ensino religioso em uma escola pública do Município de Ariquemes. Isaias Felipe Pereira Santos. Ariquemes-RO, 2016.

47 f.

Orientador (a): Prof.(a) M.e Hugo Athanasios Fotopoulos.

Monografia (Licenciatura em Pedagogia) Fundação Universidade Federal de Rondônia. Departamento Pedagogia, Ariquemes, 2016.

1. Ensino religioso. 2. Educação religiosa - Brasil. I. Fundação Universidade Federal de Rondônia. II. Título.

CDU: 37:2 Bibliotecária Responsável: Fabiany M. de Andrade, CRB: 11-686.

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DEDICATÓRIA

Ao meu orientador professor Hugo

Athanásios Fotopoulos.

A toda equipe do DECED por me ensinarem

durante esses anos.

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos em especial.

A Deus pela benção e bondade de me conceder a oportunidade de estar

realizando esse curso e realizando este trabalho.

Ao meu orientador Hugo, que me ajudou com seus conselhos, orientação e

acreditou na capacidade da realização dessa pesquisa sendo bastante positivo.

A minha família pelo incentivo e colaboração e em especial a minha mãe

que sempre me apoiou a estudar, me incentivando com força e vontade.

A minha noiva Fernanda, acadêmica de psicologia que me ajudou e

contribuiu para a minha formação.

A todos os Doutores e Mestres do departamento do DECED que me

ensinaram e acreditaram na capacidade dos acadêmicos.

A todos que fizeram parte diretamente ou indiretamente tem os meus

agradecimentos.

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RESUMO

O desenvolvimento histórico da educação pública do Brasil está estreitamente ligado à religião católica do país. Com cinco séculos de história esta discussão está presente na esfera acadêmica como tema de pesquisa. Esta pesquisa apresenta as relações com educação e religião, mais especificamente discute a presença do ensino religioso no ensino fundamental da escola pública do município de Ariquemes. O Ensino Religioso esteve presente em todo processo educacional do País, desde a época da colonização até ao período republicano, e no final do século XX a LDBEN (1996) resolveu criar uma identidade pedagógica para essa disciplina permitindo a inclusão da mesma como componente curricular da educação básica. A pesquisa tem como objetivo de estudo a realidade do ensino religioso na escola, e como corpo teórico de estudo Arcanjo e Hanashiro (2010), Ribeiro (1995), Oliveira (2005), Neto e Maciel (2006), Moreira (2007), Costa (2011), contribuíram com o entendimento das transformações que aconteceram na educação do Brasil, a pesquisa traz a Constituição e a LDB para as discussões realizadas acerca da capacitação, material pedagógico e nível de satisfação do discente realizada em uma escola pública municipal. A metodologia abordada foi quanti e qualitativa com perguntas objetivas, entrevistas e questões fechadas, os resultados da pesquisa foram alcançados percebendo que não há capacitação, falta de material pedagógico e profissionais capacitados para ministrar a disciplina.

Palavras- Chave: Ensino Religioso. Educação Brasileira.

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ABSTRACT

The historical development of Brazil's public education is closely linked to the Catholic religion of the country. With five centuries of history, this affinity between one and another is still present in the academic sphere and research topic. This research presents the relationship with education and religion, specifically discusses the presence of religious education in elementary school public school in the city of Ariquemes. Religious Education was present in the whole educational process of the Country, from the time of colonization to the period republishing it is seen, and in the late twentieth century LDBEN (1996) decided to create a pedagogical identity for this discipline allowing the inclusion of same as curricular component of basic education. The research is the study of objective reality of religious education at school, and how to study theoretical body Arcanjo and Hanashiro (2010), Ribeiro (1995), Oliveira (2005), Neto and Maciel (2006), Moreira (2007) Costa (2011), contributed to the understanding of the transformations that took place in Brazil's education, bringing the Constitution and the LDB for discussions about the training, teaching materials and student satisfaction level held in a Municipal public school. The methodology was discussed with objective quantitative and qualitative questions interviews and closed questions, the survey results were achieved realizing that there is no training , lack of teaching materials and trained professionals to administer discipline

Words- Key: Religious Education. Brazilian Education.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11

2 MOMENTOS DA HISTÓRIA...................................................................................13

2.1 O encontro..........................................................................................................14

2.2 Período Jesuítico................................................................................................18

2.3 O Marquez de Pombal e D. João VI ..................................................................20

2.5 A educação no período republicano................................................................24

3 HISTÓRICO DO ENSINO RELIGIOSO NAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL......26

3.1 A procura de identidade....................................................................................27

4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO....................................................................34

4.1 Cenário de pesquisa..........................................................................................34

4.2 Participantes da pesquisa.................................................................................35

5 ANÁLISE DOS DADOS..........................................................................................36

5.1 Dados obtidos por meio da direção.................................................................36

5.2 Dados obtidos por meio da docência...............................................................38

5.3 Dados obtidos por meio dos discentes...........................................................40

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................44

REFERÊNCIAS..........................................................................................................46

ANEXOS....................................................................................................................49

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1 INTRODUÇÃO

O intuito em realizar essa pesquisa aconteceu desde os primeiros

momentos que iniciamos nossa caminhada na Universidade, não pesquisamos por

uma questão pessoal mas porque percebemos que a temática escolhida não era

escolhida com frequência como tema de pesquisa pelas pessoas, talvez por ser

uma questão muito particular de cada individuo. A verdade é que sendo questão

pessoal ou não a religião está presente na vida de quase todas as pessoas sendo

manifestada de diferentes maneiras e para tais é apresentada na escola como

disciplina do Curriculum escolar.

Desta forma reconhecemos a escola como uma instituição educacional

receptível a frequência de muitas pessoas, sendo caracterizada como espaço físico

que agrega diferenças, ou seja, que é vista por diversos ângulos, essas diferenças

são manifestadas de acordo com o indivíduo e está visível tanto na sua aparência

como no seu comportamento, notável nos seus conceitos e preconceitos,

concepção e forma de ver o mundo, que foram influenciados pelo seu convívio:

familiar, escolar, religioso ou profissional.

A Religião é um tema de abordagem delicada e não é caracterizada apenas

como uma crença individual, mas também porque a mesma faz parte do processo

da história e da civilização humana e tem um peso considerável na política e

sociedade de vários governos e países, criando assim, a concepção de liderança

para quem a professa tornando-se um dos elementos fundamentais de muitas

famílias e que podem ser repassadas nas vidas das mesmas por muitas gerações.

O Brasil sendo um país tolerante, concede liberdade religiosa para as

pessoas, tendo o indivíduo autonomia de escolher, praticar, aderir à religião que

desejar de forma individual ou coletiva, no espaço privado ou no espaço público

sem que sofra qualquer coação ou discriminação religiosa em face disso. Essa

liberdade também está presente no Sistema educacional das escolas públicas

mesmo sendo um ambiente laico, a mesma apresenta um componente da matriz

curricular optativa para os alunos, sem que sofram danos particulares. A liberdade

religiosa está discretamente ligada a dignidade da pessoa, com seus modos,

costumes, falas, ações e expressões (SILVA, 2015).

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Com base nessa exposição a pesquisa buscará compreender a seguinte

questão: Como está sendo ministrado o Ensino Religioso em uma Escola Municipal

de Ariquemes-RO?

O objetivo geral desta pesquisa é analisar sobre qual embasamento teórico

está sendo ministrada a disciplina de Ensino Religioso em Escolas do Município de

Ariquemes. Por seguinte analisar quais os critérios são utilizados para as matriculas

dos alunos e quantos estão matriculados. Identificando a existência ou não do

material pedagógico ou se os profissionais que ministram essa disciplina são

capacitados, analisando também o nível de satisfação dos alunos da escola na

disciplina.

Na segunda sessão a pesquisa trará o histórico desde a colonização do

Brasil, ressaltando como os índios foram dominados e obrigados a aprender o

ensino da fé que Portugal tinha como modelo o ensino jesuítico, passando pelo seu

fim com a chegada de Marquês de Pombal, passando por outros períodos da

História do Brasil e se estendendo até o período republicano.

A terceira sessão abrangerá a legislação brasileira que aborda o Ensino

Religioso, dando ênfase aos períodos da história, ressaltando as mudanças que

houve no decorrer do tempo e as reformas que as Constituições fizeram no Ensino

Religioso.

A pesquisa na quarta sessão utilizará como metodologia entrevistas e

questionários elaborados para os alunos, para o professor que ministra a disciplina,

e o gestor da escola, trazendo dados sobre estes atores que ministram e interagem

com a disciplina de ensino religioso e como ela é ofertada na escola pública do

município de Ariquemes.

Na quinta sessão abrangerá a análise dos dados dos envolvidos na

pesquisa, relatando todo o processo de pesquisa e analisando o mesmo.

Por conseguinte será apresentado nas considerações finais a

apresentação dos dados resumidamente e as conclusões obtidas a respeito da

pesquisa.

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2 MOMENTOS DA HISTÓRIA

Por volta de 1500 a Igreja Católica predominava exercendo grande

influência sobre os reis de vários países e de seus “súditos”, sendo estes

dominados e regidos por ela, em Portugal não era diferente o Papa exercia

domínio, porém o rei exercia certa autoridade sobre a Igreja. A Igreja não tinha

apenas poder sobre a religião, ela tratava de assuntos pertinentes a religião e

assuntos pertinentes aos governos onde a igreja e o rei entravam em um mesmo

“acordo” político ou financeiro, e essa aliança era muito comum, principalmente

quando se tratava de interesses econômicos e governamentais (ARCANJO;

HANASHIRO, 2010).

Naquela época era proibido ter qualquer tipo de exemplar bíblico, não podia

ler à Bíblia e ter acesso à mesma se assim o fizessem corriam o risco de serem

queimados vivos caso a lei proposta fosse desobedecida. É nesse contexto que

entra Lutero traduzindo a Bíblia em 40 idiomas e criando a Igreja Protestante dando

um acesso mais vasto para a religião e criando fiéis em todo o mundo. Alguns reis

para diminuírem a influência da Igreja Católica aderiram à fé protestante juntamente

com os súditos de seu reino (ROCHA, 2010).

Para tentar recuperar o espaço perdido pela Igreja Católica o Papa Paulo III

depois de 1500 fez uma grande reunião com os bispos para resolver questões

religiosas e essa reunião foi chamada (Concílio de Trento), onde foram estipuladas

novas ordens vindas da Igreja. Portugal acatou essas ordens como lei dando

espaço para a criação da Companhia de Jesus, liderada por Inácio de Loyola. Os

participantes da Companhia de Jesus levavam o título de soldados de Deus e

carregavam a missão de propagar a fé de forma pública e as verdades pregadas

pelo cristianismo (ARCANJO; HANASHIRO, 2010).

Ainda enfatizando sobre o assunto:

Todo aquele que nesta nossa companhia, que desejamos seja assinalada com o nome de Jesus, quiser militar como soldado de Deus debaixo da bandeira da cruz e servir ao único Senhor e ao Romano Pontífice, Vigário seu na terra, depois de fazer votos solenes de castidade perpétua, assente consigo que é membro de uma Companhia, sobretudo fundada para de um modo principal procurar o proveito das almas na vida e doutrina cristã, propagar a fé pela pública pregação e ministério da palavra de Deus, pelos exercícios espirituais e obra de caridade, e nomeadamente ensinar aos meninos e rudes as verdades do cristianismo, e consolar espiritualmente

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os fiéis no tribunal de confissão. (Rodrigues, F, 1931 apud ARCANJO; HANASHIRO, 2010, p. 111)

Segundo Arcanjo e Hanashiro (2010), em março de 1549 chega ao Brasil

Tomé de Souza com seis padres jesuítas, chefiados pelo padre Manoel de

Nóbrega. Neste momento da História Moderna começa o Período jesuítico no Brasil

que se estende até 1759.

Um colégio particular bem montado com ordens definidas foi posto para

monitorar a pedagogia jesuítica em 1560 e nessa mesma época foi criada uma

escola de preparação que formava estudantes, em 1572 foi impressa pela primeira

vez o manual pedagógico português Ratio Studiorium1 redigido por um padre e seu

texto foi promulgado para todas as escolas da companhia para ajudar aos

lecionadores que estavam começando contendo todas as gramáticas, métodos e

objetivos da teologia, estava também normas e instruções que foram direcionadas

a todos os professores e diretores de escolas jesuítas, seguindo quase sem

alteração até 1832 (ARCANJO; HANASHIRO, 2010).

Naquela época a elite era preparada para a atividade intelectual pautado

num modelo religioso (Católico), mesmo que muitos de seus membros não

chegassem a ser sacerdotes. A companhia de Jesus tornou-se o domínio do campo

educacional (ARCANJO; HANASHIRO, 2010).

Os jesuítas eram os únicos educadores profissionais tendo uma formação

de aproximadamente 12 anos, sendo os dois primeiros anos de preparação de

alma para servir a Deus através de exercícios espirituais específicos de meditações

na palavra de Deus e orações, os demais anos de estudo era de preparação para

ensinar (ARCANJO; HANASHIRO, 2010).

2.1 O encontro

Em concomitância com o período jesuítico houve a colonização portuguesa

em terra brasileira onde os portugueses se encontraram com os índios causando

um encontro no mínimo curioso, sendo os portugueses com suas roupas pomposas

e os índios querendo saber o que estava acontecendo, com curiosidade de

descobrir objetos como pentes, espelhos entre outros, os quais eram inúteis para a

1 Plano e Organização de Estudos da Companhia de Jesus

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sua cultura, os portugueses queriam que os índios assumissem os usos e

costumes da Europa, ensinando sua língua, cultura, forma de se comportar, como

se vestir e até mesmo como se alimentar, chegaram aqui e não levaram em conta a

tradição que os índios já vinham carregando durante séculos, desrespeitando

religião, língua, cultura, costumes e a vida deles, impondo seus desejos e inclusive

sua escolarização. (ARCANJO; HANASHIRO, 2010).

Para Darcy Ribeiro (1995), a chegada dos Europeus no Brasil aconteceu

como algo espantoso para os Índios, assimilando aquilo com uma visão mítica do

mundo que tinham, com a possibilidade de acreditarem que os Europeus fossem

seres de outro mundo, seriam eles o Deus a quem eles prestavam rituais

constantes aqui antes de tudo acontecer. Não há como interpretar esse encontro,

pois se pode considerar que os índios ao mesmo tempo em que eram ferozes eram

pacíficos, ao mesmo tempo em que eram espoliadores pelo acontecimento inédito

em que lhes estava lhes ocorrendo eram doadores.

A observância do choque de culturas e identidades no começo da formação

do Brasil é notável, pois se pode notar que um povo refinado de cultura

especificada, rica e trabalhada, se encontrava com um povo do outro lado do

continente que tinham outras formas de viver a vida, com o contato direto com a

riqueza da natureza. Esse contato com a natureza é visto pelas tribos indígenas até

aos dias atuais como uma riqueza inigualável, não apenas para dizerem que

possuem um pedaço de terra, mais para ter como garantia de sobrevivência e

também preservarem suas raízes e costumes que para eles são tão valiosos.

Os índios não criaram nenhum tipo de medo e receio com a chegada dos

Europeus, ficaram simplesmente admirados com a forma com que eles agiram,

presenteando, mostrando objetos europeus, roupas, calçados, penteados sem

contar com a cor dos olhos e a pele clara, o que para os índios era uma coisa nova

que estava diante dos seus olhos e digna de curiosidade e admiração. Os

Europeus foram sutis na sua chegada apresentando o melhor de si, claro que ao

descerem do navio, as aparências não eram tão boas, pois não cheiravam bem e

suas roupas estavam transformadas em trapos pela longa viagem no mar, mais

depois de um banho, e uma retocada no visual tiveram outra aparência e foram

observados pelos índios de outras formas.

Para Ribeiro (1995) esse contato não passou pela cabeça deles que

aquelas pessoas diferenciadas, bonitas que estavam bem arrumadas, perfumadas

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bem penteadas que chegaram lhes presenteando iriam fazer algum mal para eles,

muito pelo contrário a impressão que tiveram era que eram semideuses dispostos a

ajudar e trazer a resposta para seus rituais e talvez até salvação.

Provavelmente seriam pessoas generosas perceberam os índios, até

mesmo por causa da doação de pequenos objetos criando uma concepção que

eles não chegaram para retirar nada de ninguém e sim para fazerem doações,

criando assim um mundo belo, ali jamais ninguém saquearia nada, maltrataria

ninguém ou espoliaria nada, para eles eram dignas de louvor e respeito pelas suas

atitudes e ações.

Ainda para Ribeiro (1995) existia certa ingenuidade por parte dos índios,

pois os europeus lhes ludibriaram, os fizeram acreditar que seriam levados para

uma terra boa de felicidade, sem suor, cansaço, sofrimento, uma terra perfeita e

sem males, eles acreditaram no “mundo perfeito” que os europeus criaram, tanto é

que depois do pau-brasil os índios foram a principal mercadoria de exportação para

a metrópole.

É necessário ressaltar que o tempo foi o principal instrumento que fez os

povos indígenas perceberem a realidade que eles estavam cercados, pois aos

poucos foram percebendo que o seu povo estava acabando, e sua cultura estava

também sumindo, e é extraído dessas observações o fim da ingenuidade e a visão

da realidade que lhes sobreveio, perceberam na verdade a catástrofe em que agora

estavam submetidos. Considera-se que os índios são um povo guerreiro, bravo,

forte, corajoso e que não teme a nada, mais ao acompanhar essa história percebe-

se que a principal ferramenta que lhes venceram foi a de não perceber o mal pelo

começo e cortar pela raiz, causando neles uma tristeza profunda, agora tempos

depois, quando os portugueses estavam dominando caíram em si e viram tudo que

tinham conquistado sendo destruído e desmoronado.

Pouco mais tarde, essa visão idílica se dissipa. Nos anos seguintes, se anula e reverte‐se no seu contrário: os índios começam a ver a hecatombe que caíra sobre eles. Maíra, seu deus, estaria morta? Como explicar que seu povo predileto sofresse tamanhas provações? Tão espantosas e terríveis eram elas, que para muitos índios melhor fora morrer do que viver. Mais tarde, com a destruição das bases da vida social indígena, a negação de todos os seus valores, o despojo, o cativeiro, muitíssimos índios deitavam em suas redes e se deixavam morrer, como só eles têm o poder de fazer. Morriam de tristeza, certos de que todo o futuro possível seria a negação mais horrível do passado, uma vida indigna de ser vivida por gente verdadeira. (RIBEIRO, 1995, p. 43).

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Sobre esses povos que agora perceberam a dureza da realidade o que lhes

restava as alternativas que tinham era aceitar a situação, fugir ou até mesmo se

matar, alguns que puderam entraram mata adentro, carregando as doenças

advindas de Europa e até morrendo pelo caminho, se dizimando para não

conviverem com aquela realidade tão cruel e pesada que congelasse nos seus

pensamentos pelo resto de suas vidas.

A porta de escape que os europeus ofereceram aos índios foi a pregação

missionária, eles tentavam trazer um respaldo através da pregação que aquele

sofrimento desumano era advindo dos seus pecados, guerras, disputas tribais por

território e maioridade, idolatria a deuses estranhos que nem mesmo eles sabiam

que existiam, tentando implantar a religião europeia nos indígenas, desrespeitando

também sua religião, e o que aprenderam com seus pais em uma tradição que se

seguia de século em século.

Na mente dos índios estava tudo confuso, o bem e o mal, virtude e o

pecado, ruim com o bom. A cristandade aparecia para eles como um mundo de

dores, sofrimento, enfermidades dolorosas mortais, pecado, vinha manchando a

reputação deles e tirando qualquer tipo de valor que eles conquistaram (RIBEIRO,

1995).

Depois disto muitos que tinham fugido mata adentro e viveram nesses

lugares criando filhos e filhas montando tribos escondidas dos Europeus lugares

distantes voltaram novos índios que nasciam e cresciam movidos pela curiosidade

retornavam para o lugar onde estavam os europeus, atraídos de forma irresistível

pelas ferramentas, adornos e até mesmo o gosto pela aventura os traziam de volta,

a vontade de ver os navios chegando às praias cheios de bem preciosíssimos e

pessoas diferentes os fazia voltar, sujeitando-se a imposição nos modos de vida

que recebiam, aceitando as condições de até mesmo serem seus soldados de

guerra, flecheiros que guerreavam contra aqueles que decidiram não se submeter a

tal ordem, os índios arredios, achando isso melhor que rotina da vida tribal que já

havia perdido o brilho (RIBEIRO, 1995).

Segundo Rocha (2010), no começo da formação do país, os indígenas que

já estavam aqui foram alfabetizados e ao mesmo tempo catequizados pelos

jesuítas e nota-se que o ensino e a religião naquela época caminhavam juntos,

principalmente por interesse de Portugal que tinha o objetivo de expandir a sua fé e

crença por todos os lugares e também no meio de suas colônias.

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2.2 Período jesuítico

Como já fora dito antes, em março de 1549 com a chegada ao Brasil Tomé

de Souza com seis padres jesuítas, chefiados pelo padre Manoel de Nóbrega tem

inicio o período jesuítico no nosso país. Além de haver interesses duplos, tanto na

esfera política quanto na religiosa, os Europeus quando chegaram às terras

brasileiras criaram certas indagações em suas mentes, e chegando em frente as

praias e avistando aquelas tribos indígenas todas aquelas pessoas tão diferentes e

iguais ao mesmo tempo, indagaram, teriam elas fé? Teriam elas um Deus? Eram

seres humanos? Teriam Salvação? Ou simplesmente seres nômades sem eira nem

beira, essas dúvidas que surgiram contribuíram também para a catequização dos

índios, criando os portugueses imagem dos índios como seres canibais,

completamente cheios de impiedade, pecado, abominação e que precisavam

imediatamente de um banho espiritual, perdão e discipulado (RIBEIRO, 1995).

Na cidade de Salvador foi fundada a primeira escola elementar de ensino

básico, durante todo esse período chegaram inúmeros padres jesuítas construindo

e formando escolas de instruções elementar com colégios direcionando uma

educação não somente para os índios, mas para as crianças da terra, sendo elas

brasileiras ou portuguesas erguendo a bandeira da religião de Portugal o

catolicismo prevalecendo sobre os colonos pois havia proibição de outras seitas

(ARCANJO; HANASHIRO, 2010).

Segundo Oliveira (2005), os Jesuítas se dedicaram a pregação da fé

católica como trabalho educativo e percebeu que não adiantava qualquer trabalho

educativo religioso para conversão a fé católica se os índios não soubessem ler e

escrever, pois na cultura indígena não havia escrita, as crianças aprendiam com os

próprios pais através da visualização, dessa forma era necessário criar um sistema

de ensino.

A noção de educação indígena não é igual a nossa ou igual aos países

europeus da época, não envolvia leitura e escrita de línguas, pois se baseavam no

bom conviver e na sobrevivência. A educação que se praticava entre as populações

indígenas era inversa a europeia, pois era sem marcas e repressão, era

simplesmente harmoniosa, mesmo sem leitura e escrita (ARCANJO; HANASHIRO,

2010).

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De Salvador o ensino jesuítico estendeu-se para as terras do sul, e em

1570, vinte e um anos após a chegada as influências do ensino jesuítico havia

composto cinco escolas de instrução elementar (Ilhéus, Porto Seguro, Espírito

Santo, São Vicente e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Bahia, Pernambuco

e Rio de Janeiro). (OLIVEIRA, 2005).

As escolas jesuítas na sua totalidade foram regulamentadas por um

documento que fora escrito por Inácio de Loiola, o “Ratio atque Instituto Studiorum”,

mais conhecido como Ratio Studiorum, o ensino das primeiras letras não foi só o

que os jesuítas ensinaram, além do ensino das primeiras letras que era o curso

elementar, eles ensinavam os cursos de Letras de Filosofias considerados

secundários, o curso de Ciências Sagradas e Teologia, de nível superior para

formação dos sacerdotes. Estudava-se no curso de Letras a Gramática Latina,

Humanidade e Retórica, no curso de Filosofia estudava-se Metafísica, Lógica,

Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais (OLIVEIRA, 2005).

O interesse no Brasil era mútuo: Portugal queria a participação dos Índios

na colonização, os colonizadores queriam produção de trabalho e escraviza-los e

os jesuítas queriam a catequização, e todos foram alcançados através das

missões, que tiveram início com a chegada do padre José de Anchieta com a

principal intenção de converter os índios ao catolicismo, se aproximando de tribos

desconhecidas e tentando fazer contato, morando nas aldeias, transformando-as

como podiam, construindo igrejas, desarmando os Índios e impondo a cultura

Europeia através da moral, vestes, maneira de se comportar, falar e andar,

ensinado sobre diversos tipos de estudos como: agrícolas, linguísticos, religiosos

entre outros partilhando acerca de um sacramento de um só Deus que a Igreja

Católica pregava, e tempos depois os colonos espanhóis expulsaram os jesuítas do

seu território sendo confiscadas suas (casas, colégios e residências) onde a mão

de obra do Índio passou a ser escravizada livremente (ARCANJO; HANASHIRO,

2010).

Foram duzentos e dez anos, tempo em que os jesuítas permaneceram com

mentores da educação, e pelo fato de agora os jesuítas terem uma influência

gigantesca, Portugal se sentiu ameaçado, temendo perder o controle mandou

expulsar cerca de quinhentos jesuítas das colônias portuguesas, que foi tomada por

decisão do Marques de Pombal (1759), primeiro ministro de Portugal de 1750 a

1777 iniciando o período pombalino (ARCANJO; HANASHIRO, 2010).

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Quando os jesuítas foram expulsos tinham 25 Residências, 36 Missões e

17 Colégios e Seminários, além de Escolas de primeiras letras instaladas e

Seminários menores, pois haviam casas da Companhia de Jesus em todas as

cidades, é nesse contexto que se percebe uma grande ruptura histórica na

educação brasileira, que tinha um sistema já implantado e consolidado como

modelo educacional á mais de dois séculos (OLIVEIRA, 2005).

2.3 O Marquês de Pombal e D. João VI

Para os que não eram indígenas não existia muito acesso a educação e

também para as crianças que já moravam aqui, era priorizada a educação para as

classes mais altas sem também muita diversidade de educação, usando o Ratio

Studiorum, dando prioridade de intelecto para os ricos e deixando a mão de obra

para os pobres.

Durante anos institutos foram criados para que os pobres tivessem uma

instrução básica acerca da educação gratuita onde se aprendia a ler e a escrever e

também foi criado colégio para as meninas, mas a própria cultura da época se

contradizia, defendendo a ideia de que pobre teria que trabalhar sendo criança ou

adulto e a mulher não teria que se prender nem a ler nem a escrever sabendo que

no futuro viveria apenas para ser mãe e para os serviços domésticos (ARCANJO;

HANASHIRO, 2010).

Marquês de Pombal não começou a agir por impulso, ele agia da maneira

mais fácil e provável que beneficiasse Portugal, decretando liberdade dos indígenas

e concedendo-lhes o direito de casamento com europeus para miscigenação,

permitiu um maior controle de Portugal sobre o Brasil por meio das fronteiras, antes

que Portugal perdesse a fama de grande metrópole e ficasse na miséria, pois na

Europa já era considerada pobre, de fato o Marquês já sabia que eles por si só não

conseguiam dominar todo o território, era mais fácil europeizar com a miscigenação

do que criar grupos.

Desta forma os jesuítas perderam a posse dos indígenas causando

decaídas no Sistema Educacional, pois houve uma grande rivalidade entre as

ideias iluministas de pombal e a educação de base religiosa jesuítica. Inspirados

nas ideias iluministas, Pombal empreende uma profunda reforma educacional,

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substituindo a metodologia eclesiástica jesuítica pelo pensamento pedagógico da

escola pública e laica (NETO; MACIEL, 2006).

Em 1759 surge um ensino público financiado pelo e para o Estado, não

mais aquele atrelado a Igreja, mais tinha seu objetivo de formar o indivíduo

adotando uma orientação de formar o nobre, simplificar e abreviar os estudos

fazendo com que o maior número de pessoas se interessasse por cursos

superiores, propiciar o aprimoramento da língua portuguesa, queriam também a

diversificação do conteúdo incluindo os de natureza científica os tornando mais

práticos e possíveis, tanto indígenas, como africanos e mestiços passavam a

educação para o seus filhos conforme sua cultura e sua língua (ARCANJO;

HANASHIRO, 2010).

Nesse contexto é possível observar que desde o “Descobrimento”, o Ensino

Religioso sofre uma adequação nos períodos da história, pois com muitas rupturas

e divisões, fica impossibilitado de vê-lo no seu real significado.

Antes do Período Pombalino não havia um Sistema educacional único e

coeso no para todos, cada um recebia uma educação diferenciada da sua

realidade, índios, africanos, mestiços e brasileiros eram priorizados para a

catequização e não para a educação pois a Igreja Católica não queria perder seu

espaço e sua influência e também para a mão de obra escrava. A sociedade na

época era agrária e escravista, os colonos não tinham o interesse voltado na

educação, daí fortalece o analfabetismo.

Haviam projetos de extensão de educação, porém as escolas eram criadas

de formas diferenciadas, sendo algumas escolas para os pobres e outras para a

burguesia, o descaso pela sabedoria prevalecia sendo mantido por algumas

classes mais abastadas e pequenos números de pobres, os quais tinham uma

educação completamente diferente do seu nível e da sua realidade pois o país era

e é completamente miscigenado criando a mesma educação desigual, impondo

religião a todos os negros, brancos, pardos e mestiços reprimindo a implantação de

outras doutrinas religiosas (ARCANJO; HANASHIRO, 2010).

Em sua administração Pombal tenta atribuir a Companhia de Jesus todos

os males da educação na colônia e metrópole, fazendo com que os jesuítas fossem

responsabilizados pela decadência cultural e educacional na sociedade de

Portugal. Essa aversão aos jesuítas era percebida no Marquês, tanto que foi

considerado antijesuitista, pois os catequizadores representavam resistência as

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tentativas de implantação do Iluminismo, filosofia que se espalhava por toda

Europa. Para o ideal iluminista a educação e o direito caminham juntos e são muito

importantes, pois ambas é o centro dos pensamentos (NETO; MACIEL, 2006).

Para o ideal iluminista, a nova sociedade exige um novo homem que só poderá ser formado por intermédio da Educação. Assim, apesar de o ensino jesuítico ter sido útil às necessidades do período inicial do processo de colonização do Brasil, já não consegue mais atender aos interesses dos Estados Modernos em formação. Surge, então, a ideia de Educação pública sob o controle dos Estados Modernos. Portanto, a partir desse momento histórico, o ensino jesuítico se torna ineficaz para atender às exigências de uma sociedade em transformação (NETO; MACIEL, 2006, p. 471).

Pombal aboliu o sistema tradicional jesuíta de educação, influenciado pela

corrente de pensamentos e ideologias em franco crescimento em solo europeu,

dessa forma instituiu outros métodos, com o objetivo de causar uma mudança

brusca e assim seu projeto pedagógico está constituído de algumas propostas, que

são:

[...] secularização do ensino; valorização da língua portuguesa; papel e importância do estudo do latim, realizado por intermédio da língua portuguesa (uma das razões do estudo do latim era a possibilidade de simplificar e abreviar a duração dos estudos); redução do número de anos destinados aos estudos nos níveis de ensino inferiores, visando fundamentalmente aumentar o número de ingressos nos cursos superiores; apresentação de um plano de estudos para todos os níveis de ensino, do fundamental (que se inicia a partir dos sete anos de idade) até os níveis superiores de ensino; disciplinas que compõem sua proposta pedagógica são, em sua maioria, literárias, tais como: português, latim, retórica, poética e filosofia (lógica, moral, ética, metafísica e teologia), direito (direito civil e direito canônico), medicina (anatomia), grego, hebreu, francês, italiano, anatomia, física (aritmética e geometria); proposta de escola pública e gratuita para toda a população portuguesa, como medida de reduzir o analfabetismo da sociedade portuguesa (NETO; MACIEL, 2006, p. 473).

Com essa influência Pombal faz várias reivindicações, tais como:

[...] a abertura de escolas públicas em todos os bairros para que ninguém ficasse sem frequentá-las; recomenda uma transformação de comportamento dos professores em relação aos seus alunos, visando a melhoria da relação professor/aluno; recomenda que a universidade deva ser aberta à comunidade e aos membros da comunidade, mesmo sem serem do meio acadêmico, para assistirem às aulas ministradas; sugere a criação de colégios para pobres, a fim de capacitá-los com hábitos do mundo burguês e da nobreza; também apresenta algumas considerações sobre a educação das mulheres. Considera importante que as mulheres

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frequentem as escolas para adquirirem conhecimentos necessários à administração do lar (NETO; MACIEL, 2006, p. 474).

Segundo Seco e Amaral (2006), com a chegada de Marquês de Pombal e a

quebra das influências jesuíticas abolindo parte do seu sistema de ensino e tirando

o seu domínio dos povos Indígenas, esse sistema de educação e religião que

caminhava junto começou a perder seu território, pois uma educação que estava

basicamente sendo priorizada para os indígenas que estavam sofrendo uma

lavagem cerebral agora estava tendo o objetivo de alcançar a todos e não só com o

desígnio de formar militantes de uma companhia ou sacerdotes mais simplesmente

tendo o seu alvo em educar as pessoas. A chegada do Marquês provocou muitas

mudanças no sistema educativo brasileiro.

Observa-se que a primeira fase da educação brasileira durou anos, com

decaídas, rupturas, mudando algumas vezes o sistema educativo, impossibilitando

o educando hoje de perceber qual o verdadeiro significado do ensino religioso, pois

o sistema do mesmo foi interrompido, por isso o sistema hoje vem também

tentando reparar essas mudanças, com suas políticas educacionais.

Com a chegada de D. João VI no Brasil (Séc. XIX), uma série de ações

foram desencadeadas que repercutiu no contexto educacional, por ser preciso um

preparo educacional diversificado foram criados cursos de preparo mais

especializado; é criada a academia militar em (1810), Escola Politécnica em (1874),

curso de cirurgia (1808), tais implementações representavam também a ruptura do

ensino religioso jesuítico, ainda que fosse parcial, e caminhando para um avanço

científico, essa fase é uma passagem de acontecimentos marcantes, o fim do

tráfico negreiro, a mudança definitiva do regime político (república), destaca-se

também a iniciativa da industrialização (MOREIRA, 2007).

É necessário ressaltar conforme a observação feita que o as mudanças que

houveram no processo industrial refletiram na formação do processo educacional,

pois com a fase de transição para república, há reformas em quase todas as

instituições existentes, surgiram novas ideias no contexto educacional, a liberdade

de ensino, inserção ao magistério pela carência de professores que havia no Brasil,

liberdade de credo religioso e liberdade de abertura de outras escolas e tendências

pedagógicas diferenciadas.

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2.5 A educação no período republicano

A Ideia de laicidade, liberdade ao ensino, gratuidade de escola primária,

ensino politécnico acrescentado no ensino superior juntamente com o ensino de

direito, de medicina e o militar foram resultados dos princípios orientadores da

Reforma Benjamin Constant (1890), ministro dedicado a educação após a

Proclamação da República, com essas reformas que aconteceram no Brasil,

percebe-se que existia certa influência positivista nelas, mais também essas

influências educacionais poderiam ser consideradas neutras, assim não se podia

definir qual a ideia em teoria que a educação brasileira estava tomando. Pelo fato

do desenvolvimento do setor cafeeiro estar acontecendo pode-se considerar o

pensamento positivista como fruto desse crescimento que trouxe imigração e

influências (MOREIRA, 2007).

Com todas essas mudanças que agora estão havendo no Brasil república o

“Ensino Religioso” passa por um tipo de crise, pois a religião católica romana

também passa por uma crise em 1891 e o Estado pede separação da Igreja, a

República pede uma especificidade a mais para ministrar o ensino religioso, que ele

fosse ministrado só em alguns estabelecimentos específicos, como por exemplo,

nas escolas de cunho religioso e não mais naquelas escolas que fossem mantidas

pelo poder público, as influências que causaram essas ideias foram influenciadas

pelas ideias da liberdade religiosa, regida pelo princípio da laicidade do Estado,

constando na Assembleia Constituinte e na Implantação do novo regime (COSTA,

2011).

Pode-se observar que a falta de clareza da realidade educacional marcou

essa a fase, pois deixava lacunas no que tange ao ensino, com reviravoltas na

constituição, uma fase marcada pelo mercantilismo, incertezas e debates

constantes a respeito do rumo da educação e também do ensino religioso, resultou

em muito tempo desperdiçado, dúvidas e debates, o país não cresceu com um

sistema político organizado, e isso também influenciou bastante na esfera

educacional.

Na República a ideia de o ensino ser laico, incomodou a Igreja, pois

discussões começaram a surgir com a intenção de excluir o ensino religioso, do

texto da constituição de 1891, regendo a laicidade. A Igreja Católica ainda tinha á

intenção de catequizar dentro das escolas públicas brasileiras, essa ideia vinha

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sendo fermentada durante 400 anos da história brasileira, então era uma ideia

calçada e forte, digna de respeito e consideração, mais que estava sendo barrada

pelo grande e forte sistema (COSTA, 2011).

Um fato merece ser apontado como novo, pois o ministro da Educação e

Saúde Francisco Campos (1931), visa uma reforma educacional de caráter

Nacional, e nesta o ministro deu a possibilidade de pensar no Ensino Religioso

como sendo de caráter facultativo, através do decreto de 30 de abril de 1931 e na

constituição de 1934 o Ensino Religioso passa a ser assegurado como tal (COSTA,

2011).

Para Ribeiro (2001), a educação brasileira após a Proclamação da

República toma outro rumo, causando desavenças nos interesses da Igreja

Católica Romana que estava perdendo o seu poder de influência, pois agora estaria

tendo sua liberdade só em escolas de cunho religioso, o país se tornando república

teria mais autonomia, agora tudo seria a seu ver, com seu modo de trabalhar, com

mais autoridade e liberdade, tendo mais domínio sobre suas leis, criando e

recriando suas constituições

Pode-se analisar que essa expressão facultativa permanece nas demais

constituições até aos dias atuais, fazendo parte de um dos componentes

disciplinares das Escolas Públicas.

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3 HISTÓRICO DO ENSINO RELIGIOSO NAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL

As Constituições que ocorreram no Brasil tem uma posição quanto ao

Ensino Religioso, estas posições tem influências consideráveis pois foram

construídas em diferentes períodos e fases do Brasil.

Durante o período do Brasil Império de 1824 teve a Constituição que ficara

conhecida como ”Constituição do Imperador” definia que:

Art. 5 – A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, se forma alguma exterior de templo.

Após a proclamação da República em 1889 fora criada a 1ª Constituição do

Brasil República em 1891 que em um primeiro momento já relata a liberdade de

culto e em um segundo momento assim definia o ensino religioso:

Art.72 Parágrafo 3º - Todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer pública e livremente o seu culto. [...] Parágrafo 6º - Será leigo o Ensino Ministrado nos Estabelecimentos públicos. Nenhum culto ou Igreja gozará de subvenção oficial nem terá relações de dependência ou aliança com o Governo[...].

Durante a Era Vargas ainda no período constitucionalista foi criada a

Constituição de 1934, surgem ideias que defendem a liberdade e laicidade no

ensino.

Art. 153 – O ENSINO RELIGISO será de frequência facultativa e ministrada de acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno, manifestada pelos pais ou responsáveis e constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais.

Ainda durante a Era Vargas no período do Estado Novo a Constituição de

1937 institui o Ensino Religioso no ensino primário, normal e secundário, porém sem

obrigação.

Art. 133 – O ER poderá ser contemplado como matéria do curso ordinário das escolas primárias, normais e secundárias. Não poderá, porém, constituir objeto de obrigação dos mestres ou professores nem de frequência compulsória por parte dos alunos.

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Após a Era Vargas e com o início do período conhecido como

Redemocratização do Brasil, a partir de 1946 fora criada a Constituição dos Estados

Unidos do Brasil definindo um perfil do aluno e mantendo a matricula facultativa.

Art. 168 Parágrafo 5º - O ER constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, e de matrícula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo representante legal ou responsável.

Durante o Período da Ditadura Militar no Brasil, o Ensino Religioso continuou

sendo ofertado, porém pouca coisa foi alterada na Constituição do Brasil de 1967

que relata que: “IV. O ER de matrícula facultativa constituirá disciplina dos horários

normais das escolas oficiais de grau primário e médio [...]”. (BRASIL, 1967).

Anda na Emenda Constitucional de 1969 o Ensino Religioso continua

relatando que foi definido na Constituição de 1967, defendendo a mesma posição

nesse período onde diz que: “Nº 1 V. O ER de matrícula facultativa, constituirá

disciplina dos horários normais das escolas de grau primário e médio [...]”. (BRASIL,

1969).

Na Constituição de 1988 não foi diferente, apesar de o Ensino Religioso está

a procura da sua identidade, continua sem reparos onde no Art. 210 - §.1º: “O ER,

de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas

públicas de ensino fundamental”. (BRASIL, 1988).

3.1 A procura da identidade

A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), foi

publicada em 1961, durante a sua elaboração debates surgiram entre dois grupos,

um liderado pela Igreja Católica que era a AEC (Associação da Igreja Católica), CRB

(Conferência dos Religiosos do Brasil) e CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil), este grupo defendia o ensino religioso nas escolas públicas o outro grupo

que era a ABE (Associação Brasileira de Educação) estava a favor do ensino laico

contrariando o ensino religioso na escola pública, após intensos debates desse dois

grupos a Igreja Católica consegue se sobressair influenciando a LDB de 1961 que

tratou o ensino religioso como:

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Art. 97. O ensino religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de matrícula facultativa, e será ministrado sem ônus para os poderes públicos, de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável. § 1º A formação de classe para o ensino religioso independe de número mínimo de alunos.§ 2º O registro dos professores de ensino religioso será realizado perante a autoridade religiosa respectiva.

Depois desse Período em 1971 surgiu uma nova LDB, Lei 5.596, movida por

muitas reinvindicações dos profissionais da educação que coloca o ensino religioso

como apenas de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos

estabelecimentos oficiais de 1º e 2º graus. 

É notável a consideração da educação brasileira quanto ao ensino

religioso, apesar das mudanças que houve, o ensino religioso nunca deixou de ser

lecionado, tanto no começo da formação do país como nos dias atuais, sendo hoje

considerado como umas das disciplinas da escola, porém não tendo influência

como no princípio, mas recebendo o seu espaço na educação como sempre, dessa

maneira percebe-se a presença da ministração da disciplina com menos influência.

Em cada período da História brasileira o ensino religioso se apresentou de uma

forma diferente, e as Constituições também passam a referir o ensino religioso, em

algumas ocasiões foi obrigado a ministração de uma religião especifica utilizada

para catequização, em outras apenas o ensino sem o objetivo de catequizar e hoje

está sendo ofertado como disciplina facultativa, sendo obrigado a escola ofertar,

mas não obrigando o aluno se matricular.

Segundo (Figueiredo 1993, apud BEZERRA, 2008, p. 23), em meados da

década de 1980, as discussões em torno do ensino religioso surgem com uma

dimensão maior, os grupos defensores da disciplina se mobilizaram para garantir o

ensino religioso na constituição, contra essa medida se posicionaram fortemente a

ANDE (Associação Nacional de Educação), e professores universitários organizaram-se em defesa de um ensino laico, afirmando que a escola pública deveria se libertar dos encargos do ensino religioso, com várias discussões que não havia sido resolvidas surgem duas conferências em educação, uma em Goiânia e outra em Brasília e apesar de toda oposição o ensino religioso foi incluído na Constituição Federal de 1988 e para servir de base para a disciplina houve a criação do FONAPER (Fórum

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Nacional Permanente do Ensino Religioso), esse fórum foi criado com o objetivo de acompanhar, organizar e subsidiar o esforço de professores, associações e pesquisadores que lutam pela promoção do ensino religioso no âmbito escolar.

A LDBEN n. 9.394, promulgada em 20 de Dezembro de 1996 em seu artigo

33, deixa formulado que, o ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui

disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo

oferecido sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências

manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter confessional ou

interconfessional.

A Constituição garante o Ensino Religioso na instituição escolar, porém

sofre uma discriminação, sendo o mesmo considerado sem identidade, pois não há

clareza quanto ao seu papel específico no ambiente escolar, o mesmo perdeu a

sua função catequética, pois a escola é uma instituição autônoma que segue seus

próprios objetivos e princípios, na área da educação do saber e da cultura

(WAGNER; JUNQUEIRA, 2011).

É importante ressaltar que uma reflexão sobre o Ensino Religioso se

desencadeando nas décadas de setenta, oitenta e noventa, abordando a

pluralidade cultural religiosa presente nas escolas públicas, e em consequência

dessa abordagem era necessário uma proposta de Ensino Religioso que

valorizasse o pluralismo e a diversidade cultural.

A busca de identidade e redefinição do papel do ensino religioso na escola

junto com a discussão da sua manutenção na legislação foi muito significativa no

processo de revisão constitucional de 1988, efetivando mudanças nessa

perspectiva (WAGNER; JUNQUEIRA, 2011).

Quando da Constituinte, que culminou com a promulgação da constituição de 1988, foi organizado um movimento nacional para garantir o Ensino Religioso. A emenda constitucional para o Ensino Religioso foi a segunda maior emenda popular que deu entrada na Assembleia Constitucional, pois obteve 78 mil assinaturas. (WAGNER; JUNQUEIRA, 2011, p. 40).

Com o Ensino Religioso sendo discutido na Constituição de 1988, outro

passo foi dado, tirando a ideia de catequizar, a busca de proposta pode-se

encontrar em elementos do substitutivo do deputado Jorge Hage, para a emenda

da Lei de Diretrizes e Bases, considerando que a educação hoje se caracteriza por

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um pluralismo de ideias pedagógicas onde a escola não é caracterizada como um

sistema que mecaniza as pessoas, mas garante o respeito ao pluralismo de ideias

que nela existe, e por ser uma fonte de cultura (WAGNER; JUNQUEIRA, 2011).

De acordo com Wagner e Junqueira (2011, p. 40), algumas medidas foram

tomadas a respeito disso:

[...] O primeiro projeto de autoria do deputado Nelson Marchezan (PSDB-RS), não introduziu grandes alterações; propôs simplesmente a retirada da expressão “sem ônus para os cofres públicos”. A justificativa está baseada no princípio de que o Ensino Religioso é componente curricular da Educação Básica e de importância para a formação do cidadão e para o seu pleno desenvolvimento como pessoa humana. Por consequência, é parte do dever constitucional do Estado em matéria educacional.

Observa-se que o deputado que fez o projeto com a pretensão de valorizar

o Ensino Religioso, pois a expressão “sem ônus aos cofres públicos” fazia com que

a disciplina fosse ministrada sem remuneração. O político acreditava que

desvalorizava muito e não tinha necessidade de chegar a tal ponto, alegando que o

Ensino Religioso faz parte da formação do cidadão e seu pleno desenvolvimento

como pessoa humana.

O segundo projeto de autoria do deputado Maurício Requião (PMDB-PR), propunha alterações significativas na redação do artigo 33 da LDB. Pretendia que o Ensino Religioso fosse parte integrante da formação básica do cidadão, sendo o que vedava qualquer forma de doutrinação ou proselitismo. Dizia que os conteúdos deveria respeitar a diversidade cultural brasileira e deveriam ser definidos parâmetros curriculares nacionais, de comum acordo com as diversas denominações religiosas ou entidades que as representam. (WAGNER; JUNQUEIRA, 2011, p. 41)

Observa-se que várias mudanças ocorreram na Lei, para que fosse retirada

uma concepção de Ensino Religioso que catequizasse, e sim que também fosse

considerada parte integral da formação do ser humano continuando com a sua

influência, muitas polêmicas foram levantadas a respeito disso, mas foi encarada

positivamente pela LDB, que considerou que o Ensino Religioso estava se

localizando e tendo sua própria identidade.

Segundo (Zimmermann 1998, apud OLIVEIRA, 2005, p.14):

Pela primeira vez na história brasileira foram criadas oportunidades de sistematizar o ensino religioso, não sendo doutrinação religiosa e nem, se confundindo com o ensino de uma ou mais religiões, mas tendo como

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objetivo a compreensão de busca do transcendente e do sentido da vida, dando segurança e critérios ao exercício responsável pelos valores universais, base da cidadania.

Uma estrutura para a disciplina estava sendo organizado pela LDB, e a

resposta de como essa reagiu a constituição foi de uma forma positiva, quando a

Lei de Diretrizes e bases da Educação foi aprovada, o interesse pela ministração da

disciplina aumentou, buscando solucionar a questão da identidade e fomentando

ideias e com o objetivo de guardar os princípios de liberdade religiosa e do direito

do cidadão que frequentava a escola pública, onde nenhum cidadão em face disso

poderia ser discriminado por motivo de crença (WAGNER; JUNQUEIRA, 2011, p.

43).

O texto de lei, que dá nova redação ao artigo 33 da LDBEN n. 9.394/96,

assim ficou estabelecido:

Art. 33 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas do ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.§ 1. Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores.§ 2. Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso (BRASIL, 1997).

A argumentação Republicana de separação entre “Estado e Igreja” foi

tomada pela Constituição proibindo a União, Estados e Federação ter qualquer

envolvimento ou relacionamento com instituições religiosas e seus líderes, foi

nesse contexto que o Deputado Roque Zimmermann (PT-PR), membro da

Comissão de Educação, Cultura e Desporto apresentou o documento que foi muito

bem pensado, colocando a disciplina de ensino religioso como sendo de matrícula

de caráter facultativo (WAGNER; JUNQUEIRA, 2011, p. 44).

É notável a preocupação da Constituição quanto ao respeito e a cultura de

cada pessoa, dessa forma para que nos sistemas de ensino não houvesse nenhum

tipo de constrangimento com questões religiosas, para isso os professores que

interagem com essa disciplina, seguem normas estabelecidas para habilitação e

preparação.

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O Ensino Religioso está presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN) sendo o PCNER (Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino

Religioso) nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN, 2013, p. 114) é apresentado

da seguinte forma:

O currículo da base nacional comum do Ensino Fundamental deve abranger obrigatoriamente, conforme o artigo 26 da LDB, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso

Segundo Cavaliere (2007), pelo acesso exagerado de informações o

Ensino Religioso deve ser apresentado como uma questão para a educação

brasileira, não necessariamente nova, mais uma questão que venha trazendo o

objetivo de renovar as suas determinações, pois as religiões a cada ano que passa

ocupa o seu espaço no meio social e político, sendo assim o indivíduo nos dias

atuais deve ter a liberdade e escolha se vai ou não estudar a disciplina de Ensino

Religioso e o que vai estudar na disciplina.

Para Silva (2015), todo o indivíduo tem liberdade religiosa que é expressa

também por liberdade de pensamento, liberdade de consciência, liberdade de

mudar de religião ou crença e liberdade de observância de religião isolada ou

coletivamente, em público ou em particular. Essa liberdade também é apresentada

pelo indivíduo ao receber o Ensino Religioso podendo os pais dos alunos ou quem

os representem escolher que seus filhos recebam a educação religiosa que melhor

atenda suas convicções, sendo elas religiosas ou filosóficas.

O Art. 26, § 3º, da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH),

relata que o indivíduo tem direito de receber a educação religiosa conforme as suas

próprias convicções e se forem menores de idade, de acordo com as convicções de

seus pais ou responsáveis, através disso percebe-se que a escola tem uma árdua

tarefa de se enquadrar e caminhar de acordo com a sociedade e legislação

cumprindo a liberdade e laicidade do Estado.

De acordo com Cury (2004), o Estado tornou-se laico, moderno e a cada

ano que passa vai distanciando-se da religião, dessa forma a laicidade ao condizer

com a liberdade de expressão, não pode conviver com um Estado portador de uma

confissão religiosa, por outro lado o Estado laico não adota Religião, respeitando

todas. Partindo desses pressupostos Cury (2004), relata que o Ensino Religioso é

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um ensino problemático, por envolver um distanciamento do estado laico e o

particularismo próprio de cada indivíduo.

Percebe-se que em todos os períodos que o Ensino Religioso aparece no

cenário, aparece como uma polêmica recorrente recheada de discussões e

dúvidas, na intuição e esperança de que as resoluções das discussões causadas

pelo mesmo podem ser resolvidas em um determinado período de tempo, todavia

aparece como uma polêmica recorrente.

4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

As pesquisas realizadas sobre o ensino religioso na escola pública de

Ariquemes utilizou-se da metodologia de revisão bibliográfica em um primeiro

momento para abordar as teorias e aprofundar as discussões sobre o tema

pesquisado. Em um segundo momento realizou-se a pesquisa de campo que teve

como suas características a pesquisa qualitativa mediante a utilização de perguntas

elaboradas direcionadas para a direção criando um perfil da gestão que interagem

com a disciplina de Ensino Religioso nesta instituição de ensino. E utilizou-se

também, qualitativa e quantitativa que atuou por meio de questionários abertos e

fechados com a finalidade de coletar dados sobre parte do corpo docente e parte do

corpo discente, criando assim, um banco de dados para melhor estudar o fenômeno

pesquisado.

Para Lakatos e Marconi (2003), são apresentadas duas grandes divisões

nas técnicas as quais são: documentação indireta que abrange a pesquisa

documental e a bibliográfica, documentação direta que se divide em observação

direta intensiva por meio de observação e entrevista e observação direta extensiva

por meio de questionários e formulários, à qual se tomou como base também para o

procedimento metodológico dessa pesquisa.

Para Severino (2014), a metodologia da pesquisa qualitativa é realizada com

o objetivo de visar os aspectos qualitativos de uma questão, tendo como uma de

suas ferramentas entrevistas e questões abertas, enquanto a quantitativa se dá

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através de uma fórmula de matemática para extrair os resultados do assunto

pesquisado, quantidade e levantamento sendo que se utilize números para chegar

ao resultado desejado.

4.1 Cenário da Pesquisa

A pesquisa foi realizada no ano de 2016 em uma escola pública da rede

municipal de ensino fundamental da cidade de Ariquemes, sendo a mesma

localizada em comunidade periférica do município.

A escola pesquisada trabalha com alunos do 1º ao 9º ano do ensino

fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos),funciona nos períodos diurno e

noturno com 257 alunos de modo integral, sendo 177 nos anos iniciais do Ensino

Fundamental; 80 dos anos finais do Ensino Fundamental e 115 da modalidade

(EJA).

O quadro docente da Escola é formado por 18 professores efetivos que atuam

na 1ª fase do Ensino Fundamental e na 2ª fase do Ensino Fundamental e EJA,

destes professores 100% possuem nível superior.

4.2 Participantes da pesquisa

Os participantes da pesquisa foram o gestor da Escola, especificamente o

Diretor o qual eu caracterizei como (G), um (01) Professor que leciona a disciplina

de Ensino Religioso ao qual caracterizei como (P) e os alunos de três (03) turmas

do segundo ciclo do Ensino Fundamental aos quais nomeei como (T1), (T2) e (T3)

que correspondem ao: sexto (6º), sétimo (7º) e oitavo (8º) ano, sendo as três

turmas do período vespertino. Os nomes dos entrevistados na pesquisa não serão

divulgados por questões éticas.

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5 ANÁLISE DOS DADOS

Nessa sessão serão apresentados os dados obtidos por meio da pesquisa,

e executada de forma hierárquica, começando na gestão da escola com quatro (04)

questões abertas passando pelo professor com cinco (05) questões abertas e

terminando nos alunos com um levantamento feito por meio de um questionário

objetivo.

5.1 Dados obtidos por meio da direção

Nas questões elaboradas para o diretor (G), a primeira questão tinha o

objetivo de compreender o processo de matricula no Ensino Religioso e foi

elaborado alguns subitens para entender melhor esse fenômeno da disciplina.

Desta forma, fora questionado quais os critérios utilizados para a matrícula dos

alunos na disciplina de Ensino Religioso? Quantos alunos da escola eram

matriculados nessa disciplina? Se existiria rejeição ou não por parte dos alunos e

também por meio dos pais? E se no ato da matrícula a disciplina realmente seria

ofertada dando a opção de escolha para os pais ou responsáveis e aos alunos de

se matricularem, e o G afirmou que:

todos os alunos do segundo ciclo do ensino fundamental são matriculados na disciplina de Ensino Religioso, no ato da matrícula a disciplina não é dado o poder de opção para os alunos ou pais, pois o que é oferecido nas aulas da disciplina foge um pouco do ensino religioso por falta de capacitação dos professores e material pedagógico que não é disponibilizado.

Como se pode observar na pesquisa realizada na instituição de ensino

municipal não existem critérios de ofertas facultativas para as matrículas no ensino

religioso, não corroborando com aquilo que está previsto na Lei, ressaltando

também que foge um pouco do “Ensino Religioso”, com a intuição de explicar que o

que é oferecido na escola não tem o teórico específico para a disciplina, a Lei relata

que a matrícula na disciplina deveria ser opcional. A Lei do Artigo 33 da LDB relata

que:

Art. 33 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das

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escolas públicas do ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

Na segunda questão elaborada a pergunta direcionada para o G tinha o

objetivo de compreender quais os critérios utilizados para a escolha do professor

para lecionar a disciplina de Ensino Religioso? O mesmo afirmou com a seguinte

resposta: “não existe critérios para a escolha, qualquer professor de qualquer

formação está apto para lecionar se dispondo para completar sua carga horária”.

Como se pode observar a escola não seleciona o professor que irá

lecionar a disciplina podendo ser prejudicial tanto para o professor que não tem um

preparo, quanto para o aluno que está receptível aos conhecimentos do professor,

pois, se não há critérios para a escolha não é relevado a formação, especialização

e preparação do profissional, dessa forma a disciplina tem como importância

apenas completar a sua carga horária não apoiando aquilo que está previsto na Lei.

O Artigo 33 da LDB, Inciso I que diz que: “Os sistemas de ensino

regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino

religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos

professores”.

Na terceira questão elaborada para G, era para que o mesmo ressaltasse

sobre quem estava apto para lecionar a disciplina de ensino religioso e o mesmo

respondeu que: “todos os professores que se dispõe podem lecionar podendo

assim então completar sua carga horária”.

Na quarta pergunta elaborada para o G, tinha como objetivo saber se havia

capacitação para o professor que se dispusesse a lecionar a disciplina de Ensino

Religioso e que: “não há capacitação para os professores que ministram a

disciplina de ensino religioso”.

Analisando a resposta de G, é notável, há falta de apoio e auxílio da

Secretaria Municipal de Educação para a Instituição de Ensino, pois o que o

mesmo responde não corrobora com a Lei do Artigo 33 da LDB, onde no Inciso I,

ressaltando que os Sistemas de Ensino estabeleceriam as normas para habilitação

e admissão dos professores.

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5.2 Dados obtidos por meio da Docência

As questões que foram elaboradas para o professor (P) tinha o objetivo de

avaliar qual o nível de preparação e capacitação do professor que estivesse

ministrando a disciplina de ensino religioso.

A primeira questão tinha o objetivo de saber qual a formação do P e o

mesmo ressaltou o seguinte: “sou formado em Ciências Físicas, Biológicas e

Matemática com Pós-Graduação em Matemática”.

Observa-se que o P leciona a aula de ensino religioso somente para

completar a sua carga horária sem ter a habilitação ou capacitação específica

contrariando o que está prescrito no Artigo 33 da LDB, podendo não lecionar uma

aula de qualidade, com grande chance de prejudicar o aluno e se prejudicar, não

tendo nem fornecendo o conhecimento que lhe é necessário, sendo também uma

formação que não concede os conhecimentos filosóficos necessários, o que

poderia contribuir para ministrar a disciplina.

Na segunda questão a pergunta tinha como objetivo saber qual era a

religião do P com o objetivo de compreender se a sua religião influenciava na

ministração da disciplina e P relatou: “sou católico e a minha religião não influencia

na ministração das aulas de Ensino Religioso”. Fazendo referência a religião do P,

é notável que o mesmo não defenda seus conceitos e preconceitos dentro sala de

aula com relação a religião.

Logo em seguida a terceira questão tinha o objetivo de ter conhecimento de

qual era o material pedagógico utilizado para a ministração da disciplina de Ensino

Religioso? E como estavam sendo ministradas as aulas? O P relatou: “não tem livro

específico, retiro o material da internet e trabalho muito com vídeos, a escola é

laica”.

Com relação ao material pedagógico utilizado, o P relata que não lhe é

fornecido material específico, fugindo da legislação, pois a mesma descrita no

referencial teórico diz que os sistemas de ensino devem regulamentar o

procedimento para a escolha dos conteúdos a serem ministrados e não serem

retirados da internet e trabalhados por meio de vídeos como o P relatou.

Na quarta questão elaborada a finalidade era avaliar qual o nível de

aceitação do conteúdo que era ministrado e o P ressaltou: “os alunos gostam das

aulas e dos textos reflexivos”.

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Segundo o que o P relatou, os alunos nunca tinham apresentado nenhuma

posição negativa quanto ao conteúdo ministrado na disciplina, os mesmos

simpatizavam com as aulas ministradas e nunca haviam reclamado.

Na quinta questão elaborada a pergunta tinha a meta de compreender se

havia capacitação para a ministração do Ensino Religioso o P respondeu: ”não, se

existem profissionais capacitados nessa área não temos na escola”.

Percebe-se pela pergunta aberta direcionada ao P que a instituição não

tem profissional preparado adequadamente para lecionar a disciplina, pois a

mesma não tem capacitação para a disciplina, não corroborando com o que está

prescrito em Lei que defende a habilitação dos profissionais pelo sistema de

ensino.

5.3 Dados obtidos por meio dos discentes (T1) (T2) e (T3)

A análise dos dados com os alunos foi realizada nos primeiros 15 dias do

mês de julho de 2016, em um ambiente adequado, as salas de aula limpas e

organizadas com ar-condicionado, a pesquisa quali-quanti foi efetivada com a

permissão dos professores para entrada na sala de aula, foram avaliados 46

alunos, da faixa etária de 12 a 17 anos sendo todos os alunos adeptos há apenas

duas religiões, catolicismo e protestantismo.

Gráfico 01 – Discriminação dos dados coletados com T1

O gráfico tem como objetivo de analisar o nível de contentamento dos

discentes com os conteúdos que são ministrados na disciplina de ensino religioso

da instituição municipal de ensino pesquisada que nos mostra que 62% dos

discentes acreditam que o ensino religioso precisa de melhorias, porém 38% dos

discentes acreditam que não há o que melhorar, dos alunos pesquisados um

acredita que precisa de haver melhorias citou que é preciso “orar” para melhorar a

disciplina sendo o único da T1 que explicou o porquê da sua inconformidade, os

inconformados deixaram transparecer que davam pouca importância para ela, pela

falta de material pedagógico, ressaltando os alunos que a disciplina não reprova.

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62%

38%

Em sua opinião a disciplina de Ensino Re-ligioso precisa melhorar?

Sim Não

Gráfico 2 – Discriminação dos dados coletados com T2

O gráfico do T2 por sua vez nos relata que 35% dos discentes acreditam

que há necessidade de uma melhoria do ensino, logo 65% dos alunos acreditam

que não precisa haver melhorias, dos alunos pesquisados, aqueles que acreditam

que o a disciplina precisa melhorar, apresentaram vários motivos, os quais foram:

“precisa ter aula”; “precisa falar mais sobre a bíblia”; “precisa abordar mais sobre as

religiões”, “falta de explicação”, uma aluna também relatou: “o professor precisa

entender mais sobre o assunto”.

35%

65%

Em sua opnião a disciplina de Ensino Religioso precisa melhorar?

SIM NÃO

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Gráfico 3 – Discriminação dos dados coletados com T3

90% alunos do T3 consideram que há uma necessidade de melhoras na

disciplina enquanto 10% não veem necessidade de melhoria, dos inconformados

com a disciplina, vários foram os motivos que eles apresentaram, sendo eles: “falta

de falar sobre várias religiões”; “falar sobre a bíblia e Deus”; uma aluna da T3 citou:

“poderia ter livros pra estudarmos”.

Os gráficos apresentados tem o objetivo de avaliar o nível de satisfação das turmas

do 6º, 7º e 8º com relação as aulas ministradas na disciplina de Ensino Religioso.

Como se pode observar a grande maioria de todos os discentes pesquisados vê a

necessidade de o Ensino Religioso melhorar, percebe-se que a insatisfação de

alguns discentes está clara quanto as aulas ministradas, insatisfação que é

ocasionada pela falta de professores capacitados, de material pedagógico e de

conteúdos que deveria haver na disciplina.

Estes problemas remetem a falta de compromisso do Sistema de Ensino ou

Secretaria Municipal de Educação em cumprir o seu dever com a escola e

profissionais, pois o dever do Sistema de Ensino conforme a LDB é admitir os

profissionais e capacitá-los, os atores que interagem com essa disciplina não estão

recebendo nenhum tipo de capacitação.

90%

10%

Em sua opnião a disciplina de Ensino Religioso precisa melhorar?

Sim Não

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No intuito de pesquisar o Ensino Religioso no município desde os critérios

utilizados para a matrícula na disciplina permeando pela capacitação dos

professores e nível de satisfação dos alunos concernente as aulas ministradas,

percebe-se que no decorrer dos anos essa disciplina vem passando por várias

mudanças a procura de sua identidade e localização.

O Ensino Religioso tem seu espaço nos PCNs, LDB, e é notável um

interesse elevado por esse assunto, pois quando o mesmo foi instalado como

disciplina de caráter científico e constante da grade curricular do ensino básico

brasileiro após a alteração na promulgação da Lei 9.394 nas Diretrizes e Bases da

Educação Nacional de 20 de dezembro de 1996. O tema está sendo bastante

procurado também, principalmente quando foi retirada a expressão “sem ônus aos

cofres públicos” expressão tal que em minha opinião desvalorizava os profissionais

e o ensino por falta de remuneração.

Fazendo referência às exposições anteriores tive como objetivo

compreender como estaria sendo ministrada a disciplina estudada nos dias de hoje,

se o que o Sistema de Ensino está oferecendo está corroborando ou não em

sintonia com o que a legislação está dizendo, existindo capacitação ou não para os

profissionais, se a disciplina está mesmo sendo facultada no ato da matrícula ou

simplesmente estão se matriculando e não estão dando oportunidade de escolha,

pois os Sistemas de Ensino tem a necessidade de trabalhar de acordo com aquilo

que está previsto em Lei.

Para tal pesquisa foram utilizados alguns métodos que me direcionariam

aos objetivos, por meio de questões objetivas feitos com alguns servidores da

escola pública alcancei as respostas para as minhas perguntas se tratando das

matrículas dos alunos, capacitação dos docentes, material pedagógico utilizado e o

nível de satisfação dos discentes.

Ao analisar as perguntas que foram respondidas pelos participantes da

pesquisa, tive a conclusão que o Sistema de Ensino ao mesmo tempo em que tem

o seu lado positivo tem o seu lado negativo e em algumas ocasiões deixa a desejar

com os profissionais da educação, pois observando as qualidades que são

encontradas, na escola pode-se enxergar que existe sim oferta da disciplina, mas

se pode notar defeitos com relação a essa questão não na escola, mas no Sistema

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de Ensino, defeito tal que é visto pela falta de capacitação e fornecimento de

material pedagógico aos atores que interagem com a disciplina de Ensino

Religioso, em que a mesma não é vista pelos discentes com a mesma seriedade

que as outras, mais sendo colocada com menos relevância pelo fato de não ter

preparo nem material.

Ao analisar os discentes que foram pesquisados percebi que o nível de

insatisfação foi mais elevado que o de satisfação, e essa insatisfação se dá

também através da falta de conhecimento dos discentes do que deve ser

ministrado nas aulas e até mesmo sobre o que é o Ensino Religioso, a insatisfação

pode ser percebida nos pesquisados devido aos mesmos perceberem há falta de

material pedagógico e o preparo daqueles que lecionam a disciplina, tendo pouca

prioridade, não sendo muito relevada e com menos importância.

Procurando encontrar aproximações conclusivas das respostas obtidas na

pesquisa, percebi que a Instituição de Ensino do município pesquisada não têm a

disponibilidade nem autonomia de reivindicar ao Sistema de Ensino a capacitação e

material pedagógico que deveria ser fornecido, tendo que andar com as suas

próprias “pernas” não tendo o devido auxílio que deveria ter, partindo desses

pressupostos a mesma fica de mãos atadas a espera da organização e boa

vontade do poder público e suas políticas para a educação, que muitas vezes não

cumpre com o seu papel prejudicando não só a escola, mais o gestor, professores

e alunos.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A - GESTÃO

1. Critério para matrícula dos alunos na disciplina de Ensino Religioso.

a: Quais os critérios utilizados para tornar facultativa a disciplina?

B: Quantos alunos são matriculados na disciplina?

C: Existe rejeição á disciplina pelos pais ou alunos?

2. Quais os critérios para a escolha do professor?

3. Quem está apto a lecionar?

4. Existe capacitação para o professor que leciona Ensino Religioso?

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ANEXO B - PROFESSOR

1. Qual a sua formação?

2. Qual a sua religião? Ela influência nas aulas que você ministra na disciplina de Ensino Religioso?

3. Qual o material pedagógico utilizado para a ministração da disciplina de Ensino Religioso?

4. Qual a aceitação do conteúdo?

5. Existe capacitação na área de Ensino Religioso?

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ANEXO C - ALUNOS

GÊNERO:

( ) MASCULINO ( ) FEMININO

IDADE: __________

TURMA:

( ) 6ºANO ( ) 7º ANO ( ) 8º ANO

QUAL A SUA RELIGIÃO?

( ) CATÓLICO ( ) EVANGÉLICO ( ) OUTROS

EM SUA OPINIÃO O ENSINO RELIGIOSO PRECISA MELHORAR?

( ) SIM ( ) NÃO

POR QUÊ?