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I Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas - ANAIS - ISSN: 357-7630

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  • I Seminrio da Rede

    Internacional de Escolas Criativas

    - ANAIS -

    ISSN: 357-7630

  • I Seminrio da Rede Internacional

    de Escolas Criativas

    - ANAIS -

  • COORDENAO GERAL DO EVENTOMarilza Vanessa Rosa Suanno - UFG/UEG/RIECVivianne Fleury de Faria - CEPAE/UFGMaria Jos Oliveira de Faria Almeida - CEPAE/UFGJoo Henrique Suanno - UEG/RIEC COMISSO ORGANIZADORACarla Conti - UEGAlcir Horcio da Silva - CEPAE/UFGDeise Nanci de Castro Mesquita- CEPAE/UFGFabiana Perptua Ferreira Fernandes- CEPAE/UFGIone Mendes Silva Ferreira - CEPAE/UFGMaria Jos Oliveira de Faria Almeida- CEPAE/UFGNeisi Maria da Guia Silva- CEPAE/UFGPitias Alves Lobo- CEPAE/UFGRusvnia Luza Batista Rodrigues da Silva- CEPAE/UFGSirley Aparecida de Souza- CEPAE/UFG Wanderley Alves dos Santos- CEPAE/UFGMarilza Vanessa Rosa Suanno - UFG/UEG/RIECVivianne Fleury de Faria - CEPAE/UFGJoo Henrique Suanno - UEG/RIEC

    REALIZAO

  • Universidade Federal de Gois UFG

    Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao - CEPAE

    Universidade Estadual de Gois UEG

    Unidade Universitria de Inhumas UnU Inhumas

    Rede Internacional de Escolas Criativas - RIEC

    I Seminrio da Rede Internacional

    de Escolas Criativas

    - ANAIS -

    Goinia, 2014

  • I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas - ANAIS | 7

    Sumrio

    Apresentao ..............................................................................................................................................13

    Participacin del GIAD en la apertura del I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas (26 a 28 de maro de 2014 en Goiania, Brasil) ........................................19

    1 Seminario RIEC en Goias - Palabras de bienvenida ..................................................................25

    Escolas convidadas ...................................................................................................................................31

    ANAIS

    A [bio]fotografia como ferramenta multidisciplinar no ensino da educao ambiental nas escolas pblicas ...........................................................................................................35

    A carta mediando um evento de letramento ................................................................................41

    A criatividade e o ldico no ensino da ginstica para crianas ...............................................47

    A culinria hispano-americana nas aulas de espanhol ................................................................53

    A escola mundialmente conectada criao colaborativa de um website para o Colgio Jad. Salomo, Anpolis, Gois...........................................................................................61

    A escuta do desejo da criana, as brincadeiras populares e a criatividade ..........................63

    A experincia da construo de um vdeo na educao fsica escolar ..................................69

    A experincia esttica na educao infantil: para alm de uma pedagogizao .............75

    A expresso ldico-criativa ....................................................................................................................81

    A fotolinguagem como metodologia transdisciplinar ................................................................99

    A implementao das novas aes pedaggicas de incluso no CEPAE/UFG ................. 111

    A importncia do ldico na construo do conhecimento matemtico ........................... 117

    A importncia dos brinquedos e brincadeiras na educao infantil ................................... 121

    A literatura em questo: possibilidades pedaggicas ............................................................. 127

    A princesa e o sapo: em busca da criatividade no ensino de ingls como lngua estrangeira e o uso de TICS ................................................................................................... 133

    A produo de poemas em lngua estrangeira para alunos iniciantes .............................. 141

    A transdisciplinaridade como ferramenta de uma aula de lingua e cultura francesa estrangeira .............................................................................................................................. 147

    Acessibilidade como ferramenta de educao ambiental e incluso social na Trilha Ecolgica Curumim do Instituto Federal Goiano Cmpus Ceres ..................... 153

  • 8 | ANAIS - I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas

    Adaptao e complementao de materiais didticos para o ensino de lngua inglesa na educao bsica: relato de experincia .................................................................... 159

    frica, um embarque cultural: mostra de cultura africana e afro-brasileira no Dia da Conscincia Negra no Colgio Desafio ...................................................................... 167

    lbum de figurinhas: o jogo como estmulo leitura .............................................................. 173

    Amigos do peito: relato de uma prtica criativa ........................................................................... 181

    Animando o ensino nas sries iniciais: a produo de stop-motion nas aulas de geografia ............................................................................................................................................. 187

    Apresentando o projeto AlfaDown A informtica como processo facilitador da alfabetizao de pessoas com Sndrome de Down ............................................................. 193

    Apropriao dos resultados dos grficos das escalas de proficincia das avaliaes em larga escala em Gois .............................................................................................. 197

    Artes daqui, dali e de todo lugar! ..................................................................................................... 205

    Artes integradas: uma abordagem propcia criatividade na escola ................................. 211

    Articulando saberes e transformando a prtica: caminhos para uma prtica pedaggica criativa ............................................................................................................................... 219

    As histrias populares sobre assombraes em Inhumas e cidades vizinhas.................. 227

    As polticas, usos e desafios do celular na escola: ensino mdio .......................................... 233

    A aplicao de tcnicas cognitivas comportamentais no atendimento de crianas e adolescentes sob a perspectiva de diversos autores ........................................... 241

    Brincadeiras musicais: dilogo entre musicalizao e formao integral da criana .................................................................................................................................................. 253

    Carta: um gnero que humaniza ...................................................................................................... 261

    Cervantes, Portinari e Drummond: a arte revisita a arte .......................................................... 267

    Cidade: espao de partilhar saberes ............................................................................................... 269

    Colgio Estadual do Crimia Oeste e a experincia do ensino integral ............................. 275

    Construo do conhecimento cientifco em espaos informais: Projeto Educacional Arte e Vida Jardim Olmpico .................................................................................. 281

    Contribuio da cultura corporal de movimento para a I fase do ensino fundamental por meio do multiculturalismo .............................................................................. 287

    Contribuies das artes circenses para a expresso corporal e criatividade dos alunos ................................................................................................................................................. 295

    Criatividade e curiosidade nas aulas em uma escola de tempo integral .......................... 303

    Criatividade e o papel do professor ................................................................................................ 309

    Curiosidades: voc sabia? Chocolate: de onde vem essa delicia? ........................................ 315

  • I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas - ANAIS | 9

    Cursinho popular Faz Arte: um projeto de extenso materializando a educao popular no CEPAE ................................................................................................................................... 319

    Desarrollo de proyectos de aprendizaje: iniciando la investigacin en las clases de lengua espaola del CEPAE .......................................................................................................... 323

    Discurso sobre mulheres em msicas: efeitos de sentidos a partir do posicionamento dos sujeitos ............................................................................................................. 331

    Escola Municipal de Tempo Integral Daniel Batista: perspectivas criativas e inovadoras ............................................................................................................................................. 339

    Educao ambiental como ferramenta de recreao uma nova abordagempedaggica na rede pblica de ensino .......................................................................................... 347

    Educao aqutica = o ldico, a msica e a gua enquanto elementos fundamentais na proposta de ensino para crianas com deficincia ................................. 351

    Educao em sade: experincias com o ensino de jogos e brincadeiras integrados ao contedo sade ......................................................................................................... 357

    Educao infantil: lugar de encantamento e experincias... Quer embarcar? ................. 363

    Elementos mediadores em brincadeiras ....................................................................................... 369

    Ensinando cincias com prticas cotidianas ................................................................................ 377

    Entreatos: arte teatral e lngua portuguesa em conjuno .................................................... 381

    Escola Criativa e Ecoformadora: A experincia da EBM Visconde de Taunay Blumenau-SC ........................................................................................................................................... 389

    Escola Letras de Alfenim: experincias de educao criativa ................................................. 399

    Escola Municipal Vila Rosa Projeto Juntando Peas, Contando a Histria ..................... 407

    Escola, sujeitos e educao integral numa perspectiva Inclusiva ........................................ 455

    Escrita criativa como metodologia de ensino a partir de uma breve anlise quanto a educao escolar, os letramentos e as novas tecnologias ................................... 461

    Espao da Arte: trabalhos manuais na escola Estmulo ao aprendizado e divulgao de conhecimento ............................................................................................................ 467

    Espanhol em ambiente virtual de aprendizagem ...................................................................... 471

    Esporte e Lourival brincadeira total................................................................................................ 477

    Estgio com indcios transdisciplinares Projeto de trabalho sobre cooperao internacional pela gua ....................................................................................................................... 481

    Estgio Supervisionado I: uma proposta crtico-emancipatria para o ensino da ginstica artstica .............................................................................................................................. 489

    Experincias com a literatura infanto-juvenil no ensino fundamental do CEPAE/UFG ......................................................................................................................................... 493

  • 10 | ANAIS - I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas

    Filosofia e escola: uma experincia de formao no Cepae/UFG com a produo de textos sobre A sociedade de consumidores e sua promessa de felicidade .............. 501

    Formao continuada de professores da educao infantil e dos anos iniciais ............. 509

    Fuxico: apenas um olhar ...................................................................................................................... 513

    Projeto de trabalho: Horrio Intermedirio .................................................................................. 519

    Implantao de jogos pedaggicos como instrumento de educao ambiental nas trilhas ecolgicas do Instituto Federal Goiano Campus Ceres .................................. 525

    Inovao em aulas de cincias: uma proposta para o trabalho com os estados fsicos da matria .................................................................................................................................... 531

    Jogos pedaggicos: possvel aprender brincando nas aulas de cincias e biologia? ................................................................................................................................................. 539

    Jogos, brinquedos e brincadeiras: a expresso do ldico nas comunidades indgenas de So Gabriel da Cachoeira/AM relatos trazidos na bagagem ................... 547

    Jornal na escola: um exerccio para pensar o mundo ............................................................... 553

    Leitura literria na escola e o poder da influncia: o curioso caso dA mocinha do Mercado Central .............................................................................................................................. 559

    Ler o mapa e interpretar o mundo. .................................................................................................. 567

    Literatura infantil, cinema e dramatizao em aulas de ingls como lngua estrangeira ................................................................................................................................................ 573

    Manuais para formao de educadores ambientais ................................................................. 579

    Meliponrio do CEPAE: o uso das abelhas nativas no contexto escolar Uma interao entre o ensino e o meio ambiente .................................................................... 585

    Meu memorial, minha vida ................................................................................................................. 591

    Movimento corporal: sua origem e sua relao com os movimentos no nosso cotidiano.................................................................................................................................................... 597

    Nos tempos da vov: (re) conhecendo o modo de vida dos nossos antepassados familiares ....................................................................................................................... 603

    O crculo restaurativo como prtica educativa no CEPAE/UFG ............................................. 611

    O ensino do jud como possibilidade para a minimizao da violncia escolar ............ 617

    O frescobol nas aulas de Educao Fsica do CEPAE: possibilidades pedaggicas de um jogo fora de seu habitat natural ..................................................................................... 623

    O jogo como metodologia de ensino aprendizagem em ecologia ..................................... 633

    O ldico e a abordagem do conhecimento matemtico ......................................................... 639

    O pensamento complexo de Edgar Morin no ensino mdio do CEPAE-UFG .................. 645

    O riso como potncia para o letramento literrio: anlise e proposta

  • I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas - ANAIS | 11

    pedaggica ............................................................................................................................................... 651

    O ser na escola criativa: suas aprendizagens, suas relaes humanas e o desenvolvimento de valores ....................................................................................................... 659

    O TCC do CEPAE ...................................................................................................................................... 675

    O uso da histria em quadrinhos na aula de matemtica: uma perspectiva criativa e significativa ............................................................................................................................ 681

    O uso do vdeo como recurso didtico nas aulas de cincias ................................................ 689

    Oficinas temticas no ensino de lngua inglesa na escola ...................................................... 697

    Olhos e olhares: a pesquisa como prtica das cincias fisicas no ensino fundamental primeira fase ................................................................................................................ 703

    Os Bichos e a Bicharada: plano de ao do Grupo 2 da Unidade de Educao Infantil /CEPAE/UFG - 1 semestre de 2014 .................................................................................. 709

    Os desafios da leitura e escrita em meio digital .......................................................................... 715

    Os sentidos da Escola Vila .................................................................................................................... 721

    Pequenos clics: o olhar das crianas nas fotografias ................................................................. 729

    Pipoesia: prtica pedaggica e leitura do texto potico .......................................................... 737

    Prtica pedaggica Aprendizes do Joo de Barro .................................................................... 743

    Prticas escolares inovadoras: o ensino da dana nas aulas de educao fsica ............. 747

    Prmio de excelncia no ensino em formao inicial de professores na University of Toronto Canad ......................................................................................................... 753

    Preveno AIDS: atrele seu vago essa ideia! Uma proposta interdisciplinar ......................................................................................................................................... 759

    Problemas de matemtica, leitura e escrita: aulas de atendimento criativas no ensino fundamental ........................................................................................................................ 765

    Programa Alfa Azul: apoiando talentos para um mundo solidario ...................................... 777

    Projeto: conhecendo minha histria ............................................................................................... 781

    Projeto candombl: conhecer para respeitar ............................................................................... 787

    Projeto ler uma aventura... Escrever demais! ......................................................................... 793

    Projeto educar e conscientizar: por um mundo melhor, sem drogas! ................................ 801

    Projeto Jovens de Futuro no CEAOS: transformando prticas pedaggicas com protagonismo juvenil .................................................................................................................. 809

    Projeto Revoada a prtica como base para a aprendizagem musical ............................. 815

    Projeto rdio e jornal na escola ......................................................................................................... 821

  • 12 | ANAIS - I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas

    Projetos criativos e inovadores na universidade......................................................................... 827

    Reflexes sobre a formao docente por meio do Ponto de Apoio deGeografia e Matemtica nas sries iniciais no CEPAE .............................................................. 833

    Reflexes Sobre os Corpos Corpo em Cena .............................................................................. 841

    Respeito no trnsito bom e criana gosta! ............................................................................... 847

    Sequncia didtica com o uso de livro literrio: Morreu tio rico! Rubio ficou rico! .................................................................................................................................................855

    Shantala: cuidando de si, do outro e ressignificando o toque ............................................... 861

    Somos diferentes, mas no desiguais! Reflexes sobre relaes etnicorraciais no espao da educao infantil ........................................................................................................ 869

    Speaking Club: interao, mediao e tecnologias..................................................................... 877

    Sustentabilidade: conhecer para preservar, regenerar e reutilizar....................................... 885

    Teoria comportamental como alternativa de metodologia para o transtorno do dficit de ateno e hiperatividade uma possibilidade? ................................................ 891

    Trilha Micolgica: criao de um jogo didtico para o ensino do contedo de fungos no ensino mdio................................................................................................................ 897

    Um novo design de currculo para o curso superior: uma proposta interdisciplinar ......................................................................................................................................... 899

    Um pedacinho da frica na educao infantil por meio da linguagem artistica............ 907

    Um projeto, uma feira e muita aprendizagem............................................................................. 915

    Uma proposta interdisciplinar para o ensino fundamental .................................................... 925

    Uma proposta pedaggica de alfabetizao e letramento por meio de software educativo ................................................................................................................................ 933

  • I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas - ANAIS | 13

    Apresentao

    O I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas ocorre em Goinia, no ms de maro de 2014 e foi organizado e realizado, em par-ceria, entre a Rede Internacional de Escolas Criativas RIEC, o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao - CEPAE/UFG e a Universidade Estadual de Gois UEG/Inhumas.

    O evento visa promover o intercmbio entre instituies de ensino, professores, projetos e prticas pedaggica da educao infantil, do ensi-no fundamental, do ensino mdio e do ensino universitrio. O Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao - CEPAE e a Unidade de Educao Infantil UEI/CEPAE so instituies educativas que tm nas ltimas d-cadas desenvolvidos projetos com indcios de cultura criativa e inovadora e a partir deste evento passa a integrar a RIEC relatando e publicando suas aes, assim como iniciam o processo de intercmbio com outras escolas criativas vinculadas a RIEC.

    Os objetivos especficos do evento so: a) promover a apresentao da Rede Internacional de Escolas criativas - RIEC equipe de professores do CEPAE e participantes do evento; b) possibilitar que os professores do CEPAE apresentem RIEC os trabalhos criativos que desenvolvem; c) pro-mover intercmbio entre escolas, professores da educao bsica e sociali-zar as prticas pedaggicas criativas e inovadoras; d) estimular a produo de relatos de experincias de projetos e prticas pedaggicas criativas e ino-vadoras para publicao nos anais do evento (formato CD Rom com ISSN) e que podero ser posteriormente ampliados para futuras publicaes como captulos de livros da RIEC; artigos de dossi sobre escolas criativas; comunicao oral em eventos internacionais da RIEC (Forum Internacio-nal de Inovao e Criatividade - INCREA/Barcelona); e) filmar relatos de experincia a ser editado e disponibilizado no site da RIEC; f) estabelecer

  • 14 | ANAIS - I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas

    parcerias entre pesquisadores que investigam instituies educativas cria-tivas; g) impulsionar projetos de formao de professores com indcios in-terdisciplinares, transdisciplinares e ecoformadores como o Laboratrios Interdisciplinares de Formao de Educadores - LIFE/CAPES, assim com projetos educacinais criativos vinculados ao PIBID/PROLICEN/PRODO-CENCIA/PET/outros; alm de h) Identificar, investigar, analisar e difundir o potencial inovador e criativo de escolas brasileiras no sculo XXI.

    Rede Internacional de Escolas Criativas - RIEC

    A Rede Internacional de Escolas Criativas - RIEC uma Comuni-dade de Cincia com Conscincia comprometida com o presente e o futuro da sociedade e da educao. Objetiva reconhecer os potencias das escolas que tem uma viso transformadora, criativa e inovadora da educao e da sociedade. Desta forma, a RIEC visa:

    [...] contribuir para criar um clima de mudana, de transformao das ins-tituies educativas desde o planejamento s prticas mais inovadoras e criativas. Queremos criar redes de escolas e instituies que possam inter-cambiar entre si. (TORRE, 2012, p. 11-12).

    Concebe-se que a criatividade desenvolvida em contextos sociais, relacionais, mediados e que as escolas so espaos que podem contribuir neste sentido.

    A criatividade est em cada criana, em cada jovem e adulto como conscin-cia submergida, como fora transformadora que emerge em determinadas condies familiares, socioculturais e de adversidade. As escolas criativas facilitam a emergncia desses potenciais que fazem que cada um encontre seu Elemento, que ao dizer Ken Robinson, o lugar e momento no qual nos gosta fazer as coisas que nos fazem bem, as disfrutamos e compartilhamos. (LORENZO RAMREZ, PUJOL, VIOLANT, 2012)

    A RIEC tem a intencionalidade de investigar escolas criativas e con-tribuir para o reconhecimento e a socializao de projetos e processos ins-

  • I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas - ANAIS | 15

    titucionais, construdos coletivamente, e que sejam criativos, transforma-dores, fruto de uma nova conscincia e que seja nutrida por uma cultura de mudana, uma cultura transformadora, assim sendo:

    A finalidade da Rede Internacional de Escolas Criativas criar uma cons-cincia coletiva a partir de centros pioneiros, inovadores e criativos para transoformar uma educao transmissora em uma educao transforma-dora baseada em valores, potenciais humanos e competncias para a vida. Construir as bases para futuras reformas desde o dilogo entre um novo saber pedaggico inter e transdisciplinar, a experincia docente e a gesto administrativa.

    Os princpios que inspiran a RIEC so sustentabilidade, ecologia dos saberes, ruptura com a lgica da fragmentao disciplinar do conhecimen-to e tem por base terica o Declogo sobre Transdisciplinariedade e Ecofor-mao (2008, 2011). A inovao considerada como um desafio que visa superar concepes e propostas educacionais, assim busca-se identificar:

    Escolas que possuem uma viso transformadora e criativa da educao e da sociedade a partir do prprio entorno. Escolas que esto aprendendo e transmitindo uma nova conscincia e valores humanos.

    Escolas Criativas, na compreenso da RIEC, so instituies que tem caractersticas superadoras das prticas institudas e naturalizadas nas es-colas, por isso transcendem, pois so instituies que recriam suas con-cepes, fundamentos, valores e prticas. Assim, buscam transformar as pessoas, os projetos e processos escolares, os contextos e a realidade social. Em outras palavras, a Ata de Criao da RIEC (2012, p. 1) define que:

    Entendemos as escolas criativas como aquelas instituies educativas que vo mais alm de onde partem (transcendem), que do mais do que pos-suem e sobrepassam o que delas se espera (recriam), que reconhecem o melhor de seus alunos e professores (valoram), que crescem por dentro e por fora buscando em tudo a qualidade e a melhora (transformam). Em ou-tras palavras, aqueles centros que desenvolvem os potenciais criativos dos alunos, valores humanos, sociais, de convivncia, liberdade e criatividade, competncias para a vida, iniciativa e capacidade empreendedora, dando

  • 16 | ANAIS - I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas

    importncia ao desenvolvimento humano e ambiental sustentveis e obje-tivando sempre conjugar conhecimento com reconhecimento. Comparti-lham um olhar transdisciplinar e ecoformador da educao.

    Ao se identificar escolas criativas pretende-se que em um futuro pr-ximo se possa oportunizar que estas dialoguem sobre o trabalho docente que desenvolvem. Tal iniciativa pode contribuir para o intercmbio de es-colas e assim contribuir para impulsionar uma cultura de transformao, de mudanas de conscincia, valores, princpios que provoquem a criao de novas relaes com o planeta, com o ser humano e com as sociedades. O reconhecimento de aes criativas, projetos criativos, instituies criati-vas pode inspirar outras escolas a construrem inovaes em seu contexto institucional. Considera-se como fundamental a mudana de cultura ins-titucional em prol do reconhecimento do papel da criatividade e da trans-disciplinaridade na elaborao de inovaes que sejam transformadoras.

    A RIEC criou o instrumento de pesquisa denominado Vadecrie1 para reconhecer escolas criativas, tal instrumento apresenta parmetros, indica-dores, categorias de anlise.

    [...] este instrumento que propomos (Vadecrie) no tem a inteno de ava-liar, examinar e qualificar, seno de valorar e reconhecer potenciais, vises, cultura e prticas inovadoras. Contribui para a observao, a anlise e a aplicao para verificar o que se est alcanando e o que se pode melhorar. um referente para a autoanlise institucional. uma escala orientadora pela qual pode-se subir a nveis superiores de qualidade, de conscincia e compromisso. Deixar de lado por um momento as barreiras de qualifica-es para pensar a educao com outros critrios (TORRE, 2012, p. 12).

    Reconhecer escolas criativas visa tambm estimular que outras es-colas se desafiem a serem criativas, inovadoras e capazes de pensarem out-ras possibilidades para melhorar a qualidade educativa e formativa de suas instituies. A fim de identificar escolas criativas foram definidos como indicadores no Vadecrie (TORRE, 2012): a) liderana estimuladora e cria-tiva; b) professor criativo; c) cultura inovadora; d) criatividade como valor;

    1. Instrumento para valorar el desarrollo creativo de las instituciones educativas VADECRIE.

  • I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas - ANAIS | 17

    e) esprito empreendedor; f) viso transdisciplinar e transformadora; g) currculo polivalente; h) metodologia inovadora; i) avaliao formadora e transformadora e j) valores humanos, sociais e ambientais.

    Os fundamentos terico-prtico da criatividade, da inovao e da cultura de mudana esto pautados na ruptura com o paradigma educa-cional vigente, e alicerado na perspectiva transdisciplinar e no paradigma emergente.

    Para que se construa uma inovao educacional fundamental que se gere uma tenso diferencial (TORRE, 2012) entre o que se tem e o que se deseja; da tomada de conscincia de uma situao problemtica ao de-sejo de solucion-lo e assim construir mudanas. As pessoas criativas so, segundo Torre (2012), mais sensveis para a percepo e tomada de cons-cincia dos problemas (investigativos e prticos), bem como para a busca pela soluo destes.

    Para criar e inovar h de se perceber um problema e ter a necessidade de pensar e construir rupturas, transformaes, reorganizaes ante o iden-tificado. Enfim, preciso tomar conscincia do que se almeja transformar. De acordo com Torre (2012) para identificar escolas criativas deve-se con-siderar dimenses de inovao, sejam elas dimenses contextuais, pessoais, constitutivas, processuais e avaliativas.

    O que significa considerar que uma inovao que emerge de uma situao problema, se constri em um contexto institucional, envolto em cultura, histria e pessoas. E para que um problema se converta em prin-cpio de inovao e mudana necessrio que haja pessoas com iniciativa, capazes de criar ideias, propostas, projetos e que sejam reconhecidas pelo grupo e dedicadas a pensar a inovao.

    As ideias e concepes no esto nos problemas, nem nos projetos seno nas pessoas. [...] Todo projeto inovador leva implcita uma contraproposta de valor (TORRE, 2012, p. 17).

    O pensamento complexo (Edgar Morin), o paradigma ecossistmico (Moraes) e a transdisciplinaridade (Morin, Nicolescu) podem inspirar pro-

  • 18 | ANAIS - I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas

    jetos inovadores a partir de suas rupturas e transformaes almejadas. A RIEC visa investigar as escolas que criam e inovam, assim como suas bases epistemolgicas e metodolgicas.

    Em junho de 2012, a Universidade Estadual de Gois UEG assi-nou Acordo de Adeso a Red Internacional de Escuelas Creativas - Cons-truyendo la Escuela del Siglo XXI - RIEC sendo representada e coordenada pelos professores Marilza Vanessa Rosa Suanno e Joo Henrique Suanno. A partir de ento, desenvolvem o projeto de pesquisa2 Escolas Criativas que visa reconhecer, analisar e difundir o potencial inovador e criativo da escola do sculo XXI.

    Em parceria com outros professores e pesquisadores de outros esta-dos do Brasil constituem o Grupo de Pesquisa em Rede Internacional Inves-tigando Escolas Criativas e Inovadoras cadastrado no CNPq: http://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=460970871AHR3C.

    O I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas ter a apre-sentao de aproximadamente 120 comunicaes orais, contando com a presena de 400 ouvintes.

    Vamos compartilhar nossos trabalhos.

    Marilza Vanessa Rosa Suanno UFG/UEG/RIECJoo Henrique Suanno - UEG/RIEC

    Viviane Fleury CEPAE/UFGCoordenao Geral do Evento

    2. Projeto de pesquisa financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico/ CNPq (Processo: 406004/2012-9) e pela Fundao de Pesquisa do Tocantins/FAPT (Processo: 2012.2030.000128).Grupo de Pesquisa em Rede Internacional Investigando Escolas Criativas e Inovadoras (CNPq): http://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=460970871AHR3C

    http://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=460970871AHR3Chttp://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=460970871AHR3Chttp://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=460970871AHR3Chttp://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=460970871AHR3C
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    Participacin del GIAD en la apertura del I Seminrio da Rede Internacional de Escolas

    Criativas (26 a 28 de maro de 2014 en Goiania, Brasil)

    Nria Lorenzo-Ramrez, Nria Rajadell-Puiggros, MAntonia Pujol-Maura, Joan Mallart-Navarra,

    Saturnino de la Torre-de la Torre, Montserrat Gonzlez-Perea, Lluis Sola-Descamps, Nria lvarez-Bertran

    1. PRESENTACIONES y SALUDOS MS QUE CORDIALES

    En primer lugar presentarnos y saludarles. En representacin del GIAD estamos aqu la Dra. Maria Antnia

    Pujol Maura, la Dra. Nria Rajadell Puiggros, la profesora Nria Alvarez-Bertran, y yo misma, la Dra. Nria Lorenzo Ramrez.

    El Grupo de Investigacin y Asesoramiento Didctico (GIAD) es un grupo de la Universidad de Barcelona. En este grupo trabajamos juntos, aprendemos juntos, hacemos clases juntos e intentamos hacer aportaciones para mejorar la educacin infantil, primaria y secundaria. No slo trabaja-mos en la formacin inicial y permanente del profesorado y de los diferen-tes profesionales de la educacin (pedagogos, psicopedagogos y educadores sociales), sino que nos sentimos muy conectados a nuestra realidad escolar y educativa.

    La mejor teora, es tener una buena prctica. La mejor propuesta terica es la que se ensaya en las aulas, con los alumnos y las alumnas. La universidad ha de estar vinculada al contexto profesional y hacer transfe-rencias para la mejora y el desarrollo, y ms, en los escenarios actuales de complejidad, que nos exigen nuevas estrategias de innovacin, relacin y generacin de conocimiento cientfico y profesional.

    Nuestros saludos a todas las personas que estn hoy en esta sala, en el Campus Samambaia. Nuestros saludos son ms que cordiales porque sen-

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    timos un enorme cario, respeto y reconocimiento profesional y personal por Joao Henrique y Marilza Suanno, personas que han estado en nuestra universidad, que han participado en los Forums de Innovacin y Creativi-dad y con las que hemos hecho publicaciones, hemos compartido saberes y hemos hecho aprendizajes.

    2. FELICITACIONES y MEJORES DESEOS

    En segundo lugar, felicitar a todas las personas que han hecho que este encuentro sea posible y las instituciones que lo han facilitado: el Cen-tro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educaao (CEPAE) de la Universidade Federal de Gois (UFG) y a la Unidade Universitrio de Inhumas (UnU) de la Universidade Estadual de Gois (UEG).

    Felicitar a todos los maestros y maestras de escuelas, a los compae-ros y compaeras de universidad que estn en la sala y que van a participar durante estos tres das, (26 a 28 de marzo de 2014) en este I Seminrio da Rede Internacional de Escolas Criativas. Nuestros mejores deseos para to-dos, esperamos que participando en este seminario se vayan con muchas ideas, propuestas, deseos de nuevas prcticas, nuevas lecturas y aprendiza-jes. Esperamos que los 196 autores que presentaran sus trabajos, experien-cias, reflexiones e investigaciones sobre escuelas creativas disfruten de sus presentaciones y se sientan reconocidos.

    Esperamos que las ms 452 personas inscritas y todos los organiza-dores del seminario salgan de l con energas positivas, deseos de cambio e innovacin. En este seminario deseamos que tengan la oportunidad de:

    IDENTIFICAR buenas prcticas. En este seminario van a reflexio-nar sobre sus capacidades y los activos que tienen en su equipo, en su escuela y en sus prcticas profesionales para hacer de la escuela un espacio de aprendizaje, expresin y creatividad.

    Que se sientan INSPIRADOS a travs del intercambio de conoci-mientos, prcticas y experiencias para innovar y facilitar la creati-vidad en las escuelas.

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    Que la INTERACCIN que se va a producir a lo largo de estos tres das facilite proyectos conjuntos y que los encuentros con las personas y los equipos de maestros vaya ms all de estos tres das.

    Se ha ENCENDIDO una llama para trabajar la creatividad en las escuelas y en las aulas, as que nuestros mejores deseos son para que entre todos seamos capaces de avivar y mantener el fuego.

    3. CONExIN HUMANA y CALOR

    Queremos explicar a todas las personas que ms all de la conexin tecnolgica a travs del skype, nos hace ilusin estar presentes aqu porque hay tambin una conexin humana que para nosotros tiene un valor muy importante.

    Ms all de nuestro trabajo como investigadores y docentes universi-tarios el valor de las relaciones humanas es fundamental. No slo comparti-mos filosofa y metodologa de investigacin, maneras de entender los pro-cesos educativos, el cambio institucional, sino tambin como la comunidad investigadora tiene que relacionar se, compartir y generar conocimiento cientfico.

    En este sentido queremos explicitar que hay una especial conexin humana entre el Grupo del GIAD y Marilza y Joao. Ms all esta relacin, nos gustara que una vez encendida la llama que inaugura este semina-rio todas las personas nos sintisemos juntos, participando de la misma hoguera.

    4. CUL ES EL TRABAJO QUE PODEMOS COMPARTIR y CREAR?

    Una pregunta que se estarn haciendo es qu podemos compartir? y cmo? La verdad es que no se puede abordar la respuesta a esta pregunta sin explicar cual es el futuro presente del GIAD y cul es el proyecto de trabajo que tenemos entre manos para los prximos aos.

    El GIAD tiene tres ejes de trabajo:

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    Eje 1: Escuelas creativas: estrategias y recursos.

    Eje 2: Infancia y familia: contextos y relaciones para el desarrollo.

    Eje 3: Accin- investigacin formacin: posibles mejoras en el contexto.

    En cada uno de estos ejes tenemos tres tipos de objetivos que orien-tan nuestros trabajos: objetivos de investigacin, objetivos de internaciona-lizacin y objetivos de transferencia a la educacin.

    Cules de estos objetivos desearamos compartir con ustedes?

    1. Identificar, describir y analizar buenas prcticas de intervencin educativa en las que se facilite la creatividad de los estudiantes y tambin su relacin con la propuesta pedaggica y organizativa de la institucin.

    2. Promover el reconocimiento de las innovaciones didcticas y faci-litar la creacin de redes de centros y equipos docentes.

    3. Utilizar y validar diferentes instrumentos de evaluacin de la crea-tividad partiendo del instrumento VADECIRE (Valoracin del Desarrollo Creativo de Instituciones Educativas).

    4. Ampliar el trabajo dentro de la Red Internacional de Escuelas Creativas (RIEC) elaborando un plan de trabajo con profesorado universitario, escuelas y profesorado de educacin infantil, prima-ria y secundaria.

    5. Facilitar el trabajo en red promoviendo la investigacin, facilitan-do la internacionalizacin y la transferencia del conocimiento a travs de la web y de los diferentes encuentros que se puedan orga-nizar en los diferentes pases.

    6. Implementar los conocimientos generados a partir de la investi-gacin para mejorar y potenciar la creatividad en el proceso de enseanza y aprendizaje y en la gestin del aula.

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    5. PARA FINALIZAR: UNA INVITACIN y UN DESEO

    Para finalizar invitarles a todos a participar en el VI Forum Interna-cional de Innovacin y Creatividad: Escuelas y Aulas Creativas que cele-braremos en Barcelona los das 3 y 4 de julio de 2014.

    Nos despedimos con un poema de Fernando Pessoa en su propia lengua, en el que se expresa lo que deseamos para estos das: que sean en-teros y brillen.

    SER ENTERA

    Para ser grande, s inteiro: nada Teu exagera ou exclui. S todo em cada coisa. Pe quanto s No mnimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.Fernando Pessoa

    MUCHAS GRACIAS por esta conexin cientfica, humana y festiva. Un abrazo y los mejores deseos para todos en nombre de todas las personas del grupo GIAD desde el Campus Mundet de la Universidad de Barcelona.

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    1 Seminario rieC en GoiaS

    Palabras de bienvenida

    Saturnino de la Torre y GIAD

    Prof. Dr. Saturnino de la Torre Universidade de Barcelona/UB

    Buenos das. Es un placer poder comunicarme con todos vosotros.Bom dia. um prazer poder comunicarme com vocs.

    Os habla Saturnino de la Torre como Coordinador General de RIEC y en representacin del grupo GIAD, sabiamente coordinado por tres gran-des mujeres: M Antonia Pujol, Nuria Lorenzo y Nuria Rajadell.. A travs de esta intervencin queremos estar presentes y hacemos nuestro ese mara-villoso Encuentro que tiene lugar estos dias en Goiania.

    Sean, pues, nuestras primeras palabras de felicitacin Parabens!- a los organizadores y de bienvenida -Benvida- a los asistentes de este primer seminario RIEC. Felicitacin por la iniciativa y el esfuerzo que sabemos representa organizar un evento como este y el derroche de entusiasmo para que RIEC vaya ms all de meras experiencias particulares. Felicitaciones en particular a Joo Henrique Suanno y Marilza Suanno que tanto estn

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    haciendo en este sentido impulsando la investigacin y la prctica de la creatividad en la regin de Goiania.

    Ben vinda aos assistentes, educadores comprometidos de Brasil. No es por acaso que estis aqu. Al dar prioridad a este Encuentro sobre otros compromisos, estis demostrando la importancia que tiene para vosotros y vosotras el cambio en la educacin. Pero no un cambio cualquiera, sino un cambio basado en la creatividad como valor y estrategia. No es un grupo incidental formado casualmente, sino que existen entre nosotros lazos in-visibles basados en los valores humanos y en el amor ala proceso de trans-formacin de las personas basado en l educcin. Por eso os doy una bien-venida llena de afecto y cario familiar. Formais parte de nuestra familia, de nuestra Red RIEC. Con vosotros crecemos. Por eso es importante este I Seminario que surge como fruto de un trabajo previo de los organizadores.

    Quisiera trasmitir tres mensajes cortos que sirvan como referentes del presente y del futuro, del pensar y del sentir, para llevar adelante ese cambio creativo que soamos y que solo se puede hacer realidad con la conviccin y la unin de educadores como vosotros.

    1) Por qu y cmo nace la Red Internacional de Escuelas Creativas?

    El proyecto de Escuelas Creativas se ha ido madurando durante va-rios aos. Nace en el seno del grupo GIAD pero no llega a hacerse realidad en un primer momento. Se pone en prctica por primera vez en el estado de Sta Catarina (Brasil) y aparece la primera referencia en 2009 en la obra en portugus Uma escola para secolo XXI. Pero no se formaliza como Red hasta 2012, como un resultado del IV Forum sobre Innovacin y Creati-vidad, conscientes de la necesidad de conectar las diferentes experiencias e iniciativas innovadoras de instituciones educativas y docentes. Son mu-chos los docentes con inquietudes, sensibilidad y conciencia de cambio que precisan conectarse, pero faltan mecanismos y propuestas efectivas. Es por ello que la Red RIEC es una manera de estar conectados para apoyar y reconocer las buenas prcticas que se estn llevando a cabo en muchas instituciones educativas de Espaa e Iberoamrica. Somos como una co-

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    munidad invisible pero real. Brasil es un campo propicio a la creatividad en la educacin. Los estados de Sta Catarina y Goias son sin duda dos focos de enorme potencial. Este I Seminario significa una piedra fundamental en la construccin de esa escuela que soamos y queremos. Cada uno de los asistentes es un sembrador dispuesto a compartir y aprender de los dems. El futuro de la educacin de la regin de Goiania y de otras regiones est en vuestras manos. Vosotros sois pioneros en este sentido. Este primer semi-nario ser un referente de futuros encuentros en los que se compartan, se aprenda y se reconozca a todos aquellos que estn haciendo el esfuerzo de ir abriendo surcos. Porque como he dicho en varias ocasiones reconocer es recrear. Vaya, pues, mi reconocimiento como Coordinador de RIEC y del grupo GIAD de la Universidad de Barcelona a esta valiosa iniciativa.

    2) Los tres ejes de RIEC.

    Aunque son varios los ejes que vertebran el Proyecto RIEC, me refe-rir a tres principalmente, como son los de investigar, polinizar y reconocer.

    a) Una de las metas de RIEC es investigar y profundizar en lo que signi-fica escuela y aula creativa en el contexto de cada entorno educativo. No es un concepto genrico valido para todas las instituciones. Este es justa-mente el eje del VI Forum INCREA que tendr lugar los dias 3 y 4 de julio en Barcelona. De igual modo que se puede ser creativo a travs del arte, la ciencia, la tecnologa o las actividades cotidianas, es posible pensar en escuelas e instituciones creativas con elementos en comn y caractersticas diferenciales. Precisamos investigar para Identificar aquellos parmetros que mejor describen a las instituciones pioneras y transformadoras. Por ser creativas comparten elementos como liderazgo estimulador, profesorado creativo, cultura innovadora, espritu emprendedor, visin transdiscipli-nar, currculo polivalente, evaluacin transformadora, valores humanos, sociales y medioambientales. Sin embargo cada escuela encarna esos pa-rmetros y valores haciendo hincapi en aspectos diferentes como medio ambiente, nuevas tecnologas, proyectos creativos ecoformadores, valores humanos, aprendizaje compartido, etc. De ah la conveniencia de validar el

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    instrumento creado para Valorar el desarrollo creativo de las instituciones Educativas (VADECRIE). No se trata de un instrumento de control, sino de reconocimiento y valoracin en positivo. El grupo GIAD, y yo personal-mente, invito a los asistentes a este primer Seminario sobre RIEC a tomar en consideracin y aplicar en sus respectivos centros este cuestionario. Es-tamos dispuestos a facilitar su utilizacin.

    b) Polinizar los saberes y experiencias. Intercambiar experiencias y co-nocimientos, movilizar personas, crear encuentros y espacios de dilogo, compartir informes y publicaciones, fomentarlo en seminarios, En otras palabras tratar de transferir el conocimiento a la prctica, polinizar o dar vida a nuevas experiencias. Una red viva que permita el intercambio y la interaccin entre instituciones y personas comprometidas con otra manera de ver la educacin. Son muchos los centros, en Espaa e Iberoamrica, que estn llevando a cabo experiencias valiosas, pero no son suficientemente conocidas. La red quiere ser un cauce e instrumento de comunicacin. Este Seminario es un ejemplo evidente y significativo de polinizacin.

    c) Reconocer para alentar y estimularlas buenas prcticas. Quien es re-conocido en su esfuerzo crece, se implica, se transforma y transforma a los otros. El reconocimiento es una fuente de transformacin personal e institucional. El reconocimiento ha sido un motivo inicial y queremos que siga siendo un objetivo importante de la Red. Por eso hay que promover el reconocimiento de las buenas prcticas creativas all donde se den; en el profesorado, en las instituciones o centros, en las Secretarias de Edu-cacin. Encuentros como este pueden ser un excelente escenario para el reconocimiento porque con ello estamos alentando a que sigan adelante. El reconocimiento puede realizarse desde la direccin de los centros, desde los grupos o asociaciones reconocidas, desde la propia RIEC o desde ins-tituciones universitarias o Secretarias de Educacin, siempre y cuando se den las condiciones para ello. Que realmente se cumplan los criterios o pa-rmetros que nos permitan hablar de instituciones innovadoras y creativas. De ah la importancia de la investigacin.

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    3) La toma de conciencia como estrategia de cambio.

    Tomar conciencia de la escuela que tenemos y la que queremos para nuestros hijos es el punto de partida. Y por eso estamos aqu. Para compar-tir esa conciencia de que hemos de caminar hacia una escuela y una educa-cin creativa, basada en valores humanos, solidarios, de tica y convivencia. Hemos de cambiar el discurso del rendimiento acadmico por el lenguaje del Desarrollo humano como dice Thomas Armstrom en su obra As me-lhores escolas. Los polticos y administraciones estn obsesionados por el rendimiento en trminos de calificaciones. Las escuelas creativas priorizan la autonoma y la libertad para que cada estudiante encuentre su Elemento. Por eso afirmo que no se puede imponer el cambio sin antes desarrollar con conciencia interior de que es necesario y posible realizarlo. Ese es el sueo del sembrador. Porque me siento soador y sembrador de un mundo ms humano, en el que florezcan hermosas plantas como la creatividad, la Paz, la convivencia, la solidaridad, la conviccin de que formamos parte de un todo ms amplio. Cada uno de nosotros es una clula de un cuerpo ms grande que es la humanidad, como afirma Ervin Laszlo (2009) en su obra el Cambio cuntico. Cada uno de nosotros somos un punto de esa red o trama que nos une. De ah la importancia de adoptar una mirada compleja y transdisciplinar. Ella nos permite mirar ms all de las individualidades y considerar a la educacin y a la sociedad como un nico cerebro global. Termino con las palabras: El cerebro global es la energa cuasi neuronal y la red de procesamiento de informacin creada por 6.000 millones de seres humanos en el planeta, que interactan de muchas maneras, tanto pblicas como privadas, y a muchos niveles, tanto locales como globales.

    Mi pensamiento y corazn estn con vosotros estos das. xito.

    Saturnino de la Torre

    Coordinador RIEC Grupo GIAD

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    Escolas convidadas

    1. Escola VILADiretora: Ftima LimaverdeEmail: [email protected]: www.escolavila.com.brMunicpio: Fortaleza-Cear/BrasilEscola privada com atuao na rede pblicaPesquisadora da RIEC: Patrcia Limaverde - [email protected] 2. Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Amlia de Souza SilvaDiretora: ELIS ROSANA LIMAE-mail: [email protected]: Balnerio Rinco - Santa Catarina/BrasilEscola PblicaPesquisadora da RIEC: Marlene Zwierewicz - [email protected] 3. Centro Educacional e Profissional Lydio de BridaSecretria de Educao: Brgida MariotiMunicpio: Urussanga - Santa Catarina/BrasilE-mail: [email protected] PblicaPesquisadora da RIEC: Marlene Zwierewicz - [email protected] 4. Escola Municipal de Tempo Integral Daniel BatistaDiretora: Ludimila Barbosa OliveiraMunicpio: Palmas Tocantins/BrasilFacebook: Escola Municipal de Tempo Integral Daniel BatistaEscola PblicaPesquisadora da RIEC: Maria Jos de Pinho - [email protected] 5. Escola Bsica Municipal Visconde de TaunayDiretora: Roseli de [email protected] pblica MunicipalPesquisadora RIEC: Vera Lcia de Souza e Silva - [email protected]

    http://www.escolavila.com.br/
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    6. Centro de Educao Infantil Hilca Piazera Schnaider Coordenadora Pedaggica: Diana Sueli Vasselai [email protected] BrasilCEI da Rede Pblica MunicipalPesquisadora RIEC: Vera Lcia de Souza e Silva - [email protected] 7. Escola de Tempo integral Joo Lobo FilhoDiretora: Simone Jos de Ftima Nascimento AndradeE-mail: [email protected]: Inhumas - Gois/BrasilEscola PblicaPesquisadoras RIEC: Marilza Vanessa Rosa Suanno - [email protected] e Lindalva Pessoni - [email protected] 8. Colgio Logosfico de GoiniaDiretora: Valria Aparecida [email protected] Municpio: Goinia Gois/BrasilEscola PrivadaSite: http://www.colegiologosofico.com.br/7/unidade+goiania+home/default.aspxPesquisador Joo Henrique Suanno - [email protected] 9. Escola Tarsila do AmaralDiretora: Edna P. MarchiniSite: http://www.escolatarsiladoamaral.com.br/E-mail: [email protected] PrivadaPesquisadoras RIEC: Edna P. Marchini 10. Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao - CEPAEDiretora: Maria Jos Oliveira de Faria AlmeidaE-mail: [email protected]: Goinia Gois/BrasilInstituio PblicaPesquisadoras RIEC: Marilza Vanessa Rosa Suanno - [email protected]: Vivianne Fleury de Faria - [email protected] e Ione Mendes Silva Ferreira - [email protected]

    http://www.escolatarsiladoamaral.com.br/
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    11. OISE - Ontario Institute for Studies in EducationUniversity of Toronto/CanadPesquisadora: Gisela Wajskop - [email protected] PROFESSORES COnVIDADOS: 1. Projeto Robtica pedaggicaProf. Juliano Miranda - [email protected] RIEC: Marilza Vanessa Rosa Suanno - [email protected] 2. Expresso Ldico-CriativaProfa. Rosa Elena Bautista CelyPesquisadora RIEC: Edna P. Marchini

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    A [bio]fotografia como ferramenta multidisciplinar no ensino da educao

    ambiental nas escolas pblicas

    Jder de Castro Andrade Rodrigues

    Vanessa Oliveira Leito

    notvel que a relao dos alunos com as novas tecnologias midi-ticas se faz cada vez mais presente no cotidiano da sala de aula. Munidos de aparelhos celulares, tablets, smartphones, cmeras digitais e outros equi-pamentos eletrnicos, eles acabam vivenciando uma cibercultura (LVY, 1999) que trazida para o ambiente escolar.

    A partir deste contexto, preciso pensar em novas metodologias e tecnologias educacionais utilizadas na escola, pois para Loureiro,

    A educao no o nico, mas certamente um dos meios de atuao pelos quais nos realizamos como seres em sociedade ao propiciarmos vivn-cias de percepo sensvel e tomarmos cincia das condies materiais de existncia; ao exercitarmos nossa capacidade de definirmos conjuntamente os melhores caminhos para a sustentabilidade da vida; e ao favorecermos a produo de novos conhecimentos que nos permitam refletir criticamente sobre o que fazemos no cotidiano. (LOUREIRO, 2004, p.16)

    Nesse sentido, a escola desafiada a ser mais que um ambiente de apropriao do conhecimento e se v forada a desestabilizar a mesmice do quadro e giz, por isso, os professores precisam estar atentos aos novos interesses de seus alunos, usando-os como recursos fundamentais para o sucesso de suas prticas pedaggicas. Um exemplo de como envolv-los na busca do conhecimento cientfico e na construo de suas percepes ambientais usando biofotografias como ferramenta didtica no ensino de cincias e na Educao Ambiental.

    Por este ngulo, este trabalho vem propor que se pense a biofoto-grafia como uma imagem contendo aspectos naturais, biolgicos, antro-

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    polgicos, sociais e/ou culturais que abordem temas relacionados ao humana, biodiversidade e meio ambiente. Dessa maneira, ela configura uma importante ferramenta para se despertar a percepo ambiental no espectador-aluno, pois elas proporcionam uma gama de sensaes. Alm disso, o contato com a fotografia pode permitir que coisas esquecidas ou nunca vistas sejam percebidas, educando o sujeito para a imaginao e para um olhar multifacetado que vai alm da imagem cristalizada que se tem naquele momento. (SILVEIRA; ALVES, 2008, p.142)

    Dessa maneira, propor o uso da biofotografia como ferramenta didtica nos processos de ensino realizados na Educao Ambiental de nossas escolas pblicas, uma tentativa de melhorar as prticas peda-ggicas ambientais, tanto no ensino formal como no no-formal. Muito vem se discutindo sobre os meios e instrumentos utilizados para tal e perceptvel que, na Educao Bsica, existem professores especializados em suas respectivas reas, mas preciso fomentar a necessidade e a im-portncia da realizao de aes e projetos multidisciplinares que insiram efetivamente os alunos na construo do conhecimento e na Educao Ambiental para que no fique a cargo apenas do professor com formao em Cincias Biolgicas ou Cincias Naturais. Como afirmam Manzano e Diniz (2004, p.153):

    A escola um lugar privilegiado para se discutir as questes ambientais, podendo tais discusses contribuir para o processo ensino/aprendizagem sob diferentes aspectos, por exemplo: apresentando elementos relativos aos contedos, englobando disciplinas variadas, tais como Cincias, Geografia, Histria; elementos relativos s condutas e atitudes, que vo desde prticas de higiene e sade at respeito ao colega e a si mesmo; ou ainda elementos relativos poltica, cidadania e tica, permitindo o desenvolvimento de ci-dados conscientes e crticos.

    Corroborando com os autores, a proposta aqui vislumbrada que os produtos miditicos (como as imagens digitais fotografias), produzidos por equipamentos eletroeletrnicos de fcil acesso para professores e alu-nos, possam ser usados para se construir um trabalho multidisciplinar e

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    contextualizado para e na Educao Ambiental, configurando uma tecno-logia da informao e comunicao (TIC) e abordando conceitos relacio-nados cincia, tecnologia, sociedade e ambiente (CTSA).

    Diante dos problemas enfrentados pela humanidade relacionados s questes ambientais, observa-se uma espcie de modismo nos estudos de temas que abordem o meio ambiente, a biodiversidade, a preservao da natureza e outros. Entretanto, pouco se sabe sobre as diferenas conceituais destes aspectos abordados na temtica ambiental.

    Nesse sentido, necessrio definir e relacionar os conceitos da Edu-cao Ambiental pois para Tristo (2005, p.253):

    As palavras comuns, freqentemente utilizadas nos discursos sobre a Edu-cao Ambiental, comeam a parecer sem sabor e a soar irremediavelmente falsas e vazias. Sabor e saber tm a mesma raiz etimolgica. Precisamos resgatar o sabor do saber que est no desejo de mudar a vida. As lingua-gens vagas e totalizantes que impregnam os campos do sentido da Educao Ambiental tornam o cotidiano estressante e (des)potencializam as prticas dos sujeitos sociais.

    Este fenmeno abordado pela autora revela a potencialidade da Edu-cao Ambiental diante da construo de um sujeito crtico e preocupado com as questes ambientais, tornando-se verdadeiramente capaz de trans-formar a sociedade a partir do momento em que ele leva para seu cotidiano, as prticas assimiladas atravs do processo de ensino-aprendizagem. Nes-se contexto, preciso um olhar criterioso diante das prticas pedaggicas adotadas por educadores ambientais, pois existe uma expectativa de que elas podem minimizar ou acabar com os problemas ambientais.

    Para isso, a escola precisa desenvolver projetos multidisciplinares en-volvendo todos os funcionrios, alm dos pais e membros da comunidade na qual ela est inserida. Alm disso, um projeto de Educao Ambiental precisa funcionar ao longo de todo o ano letivo escolar e os registros fo-togrficos feitos por professores ou mesmo pelos alunos-participantes nas aes metodolgicas desenvolvidas ao longo do projeto, demonstrariam diferentes percepes acerca do meio ambiente. Portanto, no ficariam li-

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    mitadas apenas ao sinnimo de natureza e que uma fotografia que repre-senta o meio ambiente deveria conter no apenas elementos tipicamente naturais, bonitos e preservados, como tambm outras formas de interaes entre sociedade e meio ambiente.

    Desenvolvendo um projeto multidisciplinar usando as biofotogra-fias, os alunos conhecero outras diversas abordagens socioambientais fundamentais para a formao do sujeito ecolgico esperado pela Educa-o Ambiental. A partir desta anlise, pode-se inferir que as atividades de-senvolvidas para a Educao Ambiental no ficariam limitadas e fragmen-tadas nas disciplinas, fator que no promove um maior entendimento por parte dos alunos. Nesse sentido, Santos e Mortimer (2001, p.104) afirmam que no basta uma simples apresentao da questo ambiental. essen-cial que os alunos tenham uma boa compreenso do problema ambiental e identifiquem as diferentes alternativas existentes.

    Diante desta perspectiva, preciso um olhar sobre a formao inicial e continuada dos professores e, principalmente, o desenvolvimento de pro-jetos pedaggicos em nossas escolas que usem estratgias e metodologias multi, inter e transdisciplinares a fim de desenvolver a formao de sujeitos ecolgicos participativos, pois para Guimares e Inforsato:

    Para a superao da crise ambiental, h necessidade da superao do saber cientfico compartimentalizado, superespecializado. H, portanto, a neces-sidade de uma produo epistemolgica contempornea em cincia e a ne-cessidade de formar ambientalmente profissionais que, por sua atividade, interfiram de alguma maneira na qualidade do meio ambiente, at porque, em ltima instncia, a qualidade do meio ambiente que vai garantir a qua-lidade de vida em uma sociedade mais justa. (GUIMARES; INFORSATO, 2012, p.738)

    Uma das dificuldades para se trabalhar a Educao Ambiental numa proposta multi, inter e transdisciplinar a aceitao por parte de profes-sores de outras reas do conhecimento. Durante a realizao de projetos desse tipo, poucos professores se disponibilizam a usar as tecnologias em suas aulas dentro da proposta da Educao Ambiental, a qual necessita da

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    utilizao de metodologias e procedimentos didticos que sejam interdisci-plinares. Nesse sentido, Silveira e Alves (2008, p.135) afirmam que:

    Devido freqente dificuldade de estabelecer dilogo entre as diversas re-as de conhecimento, essas metodologias se apresentam muitas vezes de-ficientes e incapazes de refletir o esprito da Educao Ambiental. Alm disso, no s os procedimentos metodolgicos, mas tambm os materiais didticos e paradidticos tm-se mostrado deficientes e, freqentemente, no condizem com a proposta da Educao Ambiental Crtica. A ttulo de ilustrao, podemos citar a considerao de Carvalho et al. (1996) de que grande parte dos materiais com enfoque pedaggico apela apenas para a participao poltica no mbito individual, contradizendo os princpios da Educao Ambiental, que apontam para a necessidade de uma atuao par-ticipativa de toda a sociedade quando se busca a soluo dos problemas ambientais.

    Dessa maneira, os professores podem lanar mo de outros recur-sos miditicos como vdeos e a internet para que os alunos-participantes acompanhem outros trabalhos do gnero realizados em outras escolas, pro-movendo a troca de experincias e o compartilhamento de aes, recursos e, consequentemente, do conhecimento. Isso pode ser feito at mesmo pe-las redes sociais, como os blogs e fanpages.

    Por fim, preciso pensar a Educao Ambiental como fator pri-mordial para a construo das relaes positivistas entre cultura/nature-za/sociedade/meio ambiente. Nesse sentido, usar as biofotografias como ferramenta pedaggica prazeroso para os alunos e pode desenvolver um carter de denncia e de responsabilidade para as questes ambientais. En-tretanto, mesmo que o resultado do processo educativo no se reverta em prticas cotidianas significativas, as lembranas, os olhares e as percepes desenvolvidas se eternizam na memria e nos registros fotogrficos.

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    Referncias

    LVY, P. Cibercultura. (Trad. Carlos Irineu da Costa). So Paulo: Editora 34, 1999.

    LOUREIRO, C. F. B. Educar, participar e transformar em educao ambiental. In: Revista brasileira de educao ambiental / Rede Brasileira de Educao Ambiental. n. 0, 2004. 140p.

    SILVEIRA, L. S.; ALVES, J. V. O Uso da Fotografia na Educao Ambiental: Tecen-do Consideraes. In: Pesquisa em Educao Ambiental, vol. 3, n. 2 p. 125-146, 2008

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    A carta mediando um evento de letramento

    Telma Maria Santos de Faria Mota1, CEPAE/UFG

    Luzia Rodrigues da Silva2, CEPAE/UFG

    O presente trabalho relata experincias vivenciadas em eventos de letramentos mediados pelo gnero textual carta, nos quintos anos da pri-meira Fase do Ensino Fundamental, CEPAE/UFG - Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada Educao. Estes eventos tm como suporte terico a concepo Bakhtiniana de linguagem (BAKHTIN, 1995), as noes de gnero discursivo (BAKHTIN, 2010), o letramento como prtica social (STREET, 1993; SANTOS, 2011), em que se destaca o aspecto social da escrita.

    O letramento escolar concebe a leitura e a escrita como elementos constitutivos do processo de socializao. A prtica de escrita vinculada a determinados eventos, ressignificando a prtica escolar para desempenhar seu papel social e romper com o reducionismo do ensino da lngua materna nesse caso, o Portugus que contempla apenas a forma, em detrimento s necessidades socioculturais dos alunos.

    Segundo Santos (2008, p.119), a discusso em torno das prticas de letramento oferecidas aos alunos atesta a necessidade de ressignificao do ensino da escrita em nossas escolas. Contudo, para que isso se concretize numa perspectiva Bakhtiniana, a linguagem deve ser concebida na sua to-talidade e integrada vida humana, ao mesmo tempo que reflete, refrata as relaes sociais, polticas, econmicas e ideolgicas. Nessa dimenso so-cial, o dilogo considerado como a categoria bsica da linguagem.

    1. Especialista em Alfabetizao - Mestranda do Programa de Ps Graduao em Ensino na Educao Bsica e Professora do CEPAE/UFG. Email: [email protected]

    2. Doutora em Lingustica e Professora do CEPAE/UFG. Email: [email protected]

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    Segundo o ponto de vista de Bakhtin (1988), toda interao dia-lgica e faz parte de um processo contnuo de comunicao, que se ma-terializa por meio das palavras, que so tecidas a partir de uma multido de fios ideolgicos e servem de trama a todas as relaes sociais em todos os domnios (BAKHTIN, 1988, p. 41). A natureza dialgica da linguagem tem contribudo para que possamos compreender a leitura e a escrita como processos enunciativos. Por isso, defendemos o trabalho pedaggico com gneros discursivos para que seja mais significativo para o aluno, de manei-ra a aproxim-lo das situaes reais do uso da escrita. Nessa perspectiva, selecionamos o gnero carta para trabalhar a sua verticalidade. Por que a escolha deste gnero discursivo?

    Tal escolha, em eventos de letramento do quinto ano do Ensino Fun-damental, d-se por este gnero oferecer a possibilidade de o aluno se co-locar como sujeito sciohistrico e cultural, discutindo, argumentando, defendendo e contrapondo idias, confirmando que usar a escrita um componente para ajudar uma luta poltica (STREET, p. 52).

    Os eventos mediados pela carta tambm possibilitam momentos de leitura de textos de outros gneros: artigo de opinio, editorial, entrevista, notcia, enfim toda a diversidade textual, principalmente os textos jornals-ticos, que fomentam discusses e pesquisas sobre um determinado tema, favorecendo os debates para tomada de posio e de opinio.

    Partindo desse pressuposto, elaboramos sequncias didticas que, segundo Dolz e Schneuwly (2002, p.97 apud MARCUSCHI, 2009, p. 213, devem ser organizadas sistematicamente em torno de um gnero para que seu uso seja mais adequado. Alm disso, ressaltam esses autores, conforme Marcuschi (2009) que tais sequncias, assim organizadas, possibilitam a produo de textos, inicialmente com ajuda e mediao do professor e dos alunos. Posteriormente, os alunos, com mais autonomia, produzem textos individuais.

    A efetivao de eventos de letramento nessa perspectiva, como de-fendida por Geraldi (1997), possibilita condies necessrias produo de um texto. Contrapondo-se realidade escolar em que os alunos escrevem

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    apenas com o objetivo de cumprir uma tarefa para o professor, sendo este o seu nico interlocutor, esse autor considera que a criana tem de estar em situao real de escrita. Assim, ela necessita ter o que dizer, razes para dizer, para quem dizer e estratgias para dizer (1997). Levando isso em considerao, a escola amplia as interaes dialgicas da criana em seu contexto social, que vai alm dos muros escolares. A linguagem no pode ser usada como se fosse neutra, servindo apenas de instrumento para trans-misso de certos contedos desligados da vida da criana, no pode ainda ser entendida como uma habilidade a ser adquirida atravs da associao de estmulos e respostas, de forma passiva e mecnica. Do contrrio, o pa-pel do outro e da interao dialgica ficaria esquecido.

    O texto passa a ser, ento, para ns alfabetizadores/as, elemento b-sico. Entendemos que o processo de aquisio de leitura e escrita deve ser iniciado a partir da interao dos alunos com unidades de sentido que, em nossa concepo, so os textos. Por isso, importante que desde o incio a criana tambm use a escrita como um meio de interagir com outros interlocutores. Segundo Braggio (1992, p.81), a criana no escreve por es-crever, toda vez que escreve, ela tenta comunicar alguma coisa, mesmo que sua escrita ainda esteja representada por rabiscos, que a criana l como portadores de significados.

    Tal pressuposto terico nos ajudou quanto ao redimensionamento de nossa prtica pedaggica. O processo de aprendizagem da leitura e da escrita fundamentado no texto, que se configura como unidade mnima de sentido. Desse modo, as histrias, as listas, os dirios, os textos informa-tivos e argumentativos, as cartas passaram a ser abordados dentro de uma perspectiva mais funcionalista e social, tendo em vista, principalmente, o interlocutor.

    A escolha do gnero carta se deu pela sua estrutura interativa, con-creta e dialgica, em criao de eventos de letramento na sala de aula, local de discusso, de debates, de interao de conhecimentos sobre um tema. Quanto ao ensino, Macdo (2010, p. 457) afirma: O foco principal so as prticas de letramento e as interaes construdas em salas de aula de crian-as que esto em fase de alfabetizao.

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    A carta possibilita ter um interlocutor determinado, ela assume uma posio responsiva. Sua resposta vai favorecer o dilogo entre enunciados, num emaranhado de discursos sem fim. Para Bakhtin (1995, p.132), a cada palavra da enunciao que estamos em processo de compreender, fazemos corresponder uma srie de palavras nossas, formando uma rplica.

    Ns, professores do CEPAE/UFG, ao longo dos anos, vimos estru-turando e organizando o Projeto de Ensino de Portugus. Assim, optamos por selecionar alguns gneros para serem verticalizados em cada ano (s-rie) escolar. Para o quinto ano, foi selecionada a carta.

    Em nossos planejamentos semanais, foram elaboradas atividades pedaggicas a partir de uma sequncia didtica com projetos interdiscipli-nares de leitura e interpretao de textos dos gneros diversos e oportunos temtica.

    Quanto carta, ela foi selecionada por ser considerada um gnero que, segundo Bazerman (2006), desempenha um papel especial na forma-o dos muitos outros gneros, e ainda por seu carter interativo e persua-sivo. Mesmo a carta ficcional serve de entretenimento e de exerccio comu-nicativo na construo de vnculos que podem ser estabelecidos.

    Para a sistematizao e o aprofundamento do ensino da carta, per-passamos vrias atividades com outros gneros discursivos, principalmente o jornalstico, como o editorial, pois na escrita do gnero carta de solicita-o ou reivindicao os argumentos devem ser persuasivos.

    Uma carta dirigida a um deputado Federal, que lutava pela PEC 115, em defesa do cerrado goiano, teve auditrio real. Para entendimento do tema cerrado goiano, os alunos leram em mdia cinco textos informati-vos sobre o bioma cerrado, sua fauna, flora, biodiversidade. Leram tambm outros dois textos sobre o planeta Terra e o uso indevido da gua. Os tex-tos dialogavam entre si, possibilitando leituras intertextuais, para que os alunos produzissem textos informativos sobre o tema e chegassem carta.

    Para a escrita do texto informativo, os alunos contavam com a orien-tao de uma planificao de texto. O professor, como mediador, expunha no quadro-giz um roteiro para que as informaes necessrias no fossem

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    perdidas. Outro momento importante era a ida sala de computao para que pudessem pesquisar e ler mais textos sobre o tema Cerrado Goiano. Na oportunidade, mandvamos e-mails para os envolvidos com a PEC 115.

    Depois de estarem bem interagidos e familiarizados com o tema, os alunos comeavam a escrita da carta em que se colocavam favorveis aprovao da medida provisria. Em seguida escrita, era feita uma tro-ca dos textos entre os pares, os mediadores mais diretos, para perceberem alguma incoerncia quanto estrutura, forma, ao aspecto ortogrfico e semntico, entre outros.

    Logo aps, o professor mais uma vez fazia a reviso dos textos junto aos alunos para que eles pudessem reescrev-los e envi-los aos seus des-tinatrios, via correio. A pretenso mais significativa deste evento de letra-mento escolar, situado, era que os alunos se colocassem como sujeitos de mudana, se sentissem cidados e que, mesmo de forma basilar, conseguis-sem perceber a fora da escrita em nossa sociedade letrada.

    A partir dos estudos e das anlises no decorrer de alguns anos, con-clumos que, de fato, possvel trabalhar com os gneros discursivos, isto dependendo do modo como o professor conduz as atividades. A nosso ver, elas devem ser feitas de forma questionadora, levando os alunos a tomarem uma posio frente a um determinado problema. Percebemos que a carta um gnero que se constitui um instrumento para a formao do leitor crtico, alm de contribuir para o exerccio da cidadania.

    O uso da carta e de outros gneros faculta o movimento de escrever para um interlocutor real, possibilitando s crianas escrever e reescrever seus textos, porque elas sabem que existe algum que precisar compreen-der seus escritos, ento elas escrevem, fazem reviso dos textos e se sentem autores/as do que escreveram. Sendo assim, o movimento de escrita e re-escrita do texto torna-se menos rduo no processo de escrever porque se tornam significativos.

    O trabalho com os gneros, em especfico a carta, foi considerado uma forma de interlocuo com outros possveis leitores. Alm disso, esse gnero facilitou, na sala de aula, o desenvolvimento de um processo de re-

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    faco de textos, pois eles eram constantemente revisitados por seus auto-res e colegas.

    Referncias bibliogrficas

    BAKHTIN, Mikhail Marxismo e Filosofia da Linguagem. So Paulo: Hucitec, 1988.

    _____. Esttica da Criao Verbal. Martins Fontes. So Paulo, 2010.

    BAZERMAN, Charles. Gneros Textuais, Tipificao e Interao. So Paulo: Cortez, 2006.

    BRAGGIO, Silvia Lucia Bigonjal. Leitura e Alfabetizao: da concepo mecanicis-ta sociopsicolingustica. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1992.

    MARCUSCHI, Luiz Antnio. Produo Textual, Anlise de Gneros e Compreen-so. So Paulo: Parbola Editorial, 2009.

    GERALDI, Joo Wanderley. Portos de Passagem. So Paulo: Martins Fontes, 1993.

    MACDO, Maria do Socorro Alencar Nunes. Prticas de Letramento nos Primeiros Anos Escolares. In: MARINHO, Marildes e CARVALHO, Gilcinei Teodoro. Cultu-ra, escrita e letramento. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

    SANTOS, Ivoneide Bezerra de Arajo. Projetos de letramento e formao de profes-sores de lngua materna. Natal: EDUFRN, 2011.

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    A criatividade e o ldico no ensino da ginstica para crianas

    Caroline dos Santos Aguiar, UEG

    Fabola de Moraes Santos, UEG

    Ma. Renata Carvalho dos Santos, UEG

    INTRODUO

    O ensino da ginstica para crianas deve contribuir para o desen-volvimento infantil no s no nvel motor, mas levando em considerao o sujeito como um todo. Assim, situamos a ginstica como uma linguagem corporal, sendo um objeto de comunicao e produo cultural.

    O corpo constitudo a partir das relaes que estabelece com o mundo e das experincias culturais que acumula ao longo da vida. As pr-ticas corporais (e nelas se inserem a ginstica) participam dessa construo, bem como, veiculam significados e sentidos aos sujeitos, contribuindo para um processo educativo (MARCASSA, 2004).

    Compartilhamos a compreenso de Marcassa (2004), quando situa a ginstica como uma forma de expresso e comunicao pertencente ao universo das linguagens artsticas contemporneas, em contraposio s ginsticas esportivas e a do mundo fitness. Desse modo, no relato de ex-perincia que segue optamos por trabalhar com a ginstica geral, por ser uma proposta que inclui os fundamentos da ginstica, mas que transcende os aspectos tcnicos do ensino dessa prtica. Alm disso, inclui-se a possi-bilidade de expresso do movimento gmnico como fonte de comunicao interna (reconhecimento do corpo, das suas possibilidades de movimento e do seu desenvolvimento) e externa (contato e interao com o outro ser social que compartilha o mesmo meio e cultura).

    O ensino da ginstica para crianas deve contribuir para o desen-volvimento infantil no s no nvel motor, mas levando em considerao o

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    sujeito como um todo. Assim, situamos a ginstica como uma linguagem corporal, sendo um objeto de comunicao e produo cultural.

    A aproximao do ensino da ginstica ao mundo da criana deve ser realizada buscando dar sentido a essa atividade associando com os aspectos culturais em que o sujeito est inserido. A partir disso, o processo de ensino aprendizagem dessas (e de outras) prticas corporais deve levar em consi-derao dois aspectos importantes:

    (1) cada conduta motora tem uma histria a ser considerada; 2) o conheci-mento corporal, tanto quanto o conhecimento intelectual, deve ser significa-tivo, isto , referir-se a um contexto do mundo vivido, ter correspondncia na experincia concreta da criana. (FREIRE, 1997, p. 113)

    Dessa forma, para comear o trabalho temos que entrar em contato com o mundo da criana, levando em considerao toda sua bagagem cul-tural e social vivida anteriormente. preciso estimular a criatividade, e esta se desenvolve na interao de aspectos da realidade e a suas relaes com a fantasia da criana, dessa forma a juno desses dois aspectos auxilia na cognio do movimento, pois este se materializa na realidade por meio da vivencia da criana no processo criativo.

    A fantasia um aspecto importante para a criana, sendo ela a for-ma de representar o mundo exterior, ou seja, o faz-de-conta a realidade da forma que a criana compreende, portanto quando a criana brinca ela representa a sua realidade, sua cultura. Para Freire (1997, p. 43),

    Durante o ato de imaginar, nada se interpe fantasia infantil, mas, durante a ao corporal que o acompanha, verifica-se uma busca de ajustamento ao mundo exterior, uma espcie de acomodao. Por outro lado, a ao imagi-nada no tem origem na mente apenas, mas na relao concreta da criana com o mundo.

    Segundo Piaget (1991), a criana busca assimilar o mundo real as suas estruturas ao seu eu. Em um processo contnuo de assimilao, aco-modao e equilibrao, os estmulos e interao com o social provocam o desenvolvimento de diversos aspectos, como o cognitivo, motor e afetivo.

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    Partindo disso, o desenvolvimento , portanto, uma equilibrao progres-siva, uma passagem contnua de um estado de menor equilbrio para um estado de equilbrio superior.

    Outro aspecto importante dentro desse referencial terico construtivis-ta refere-se aprendizagem a partir de um esquema motor. Freire (1997) ex-plica que cada assimilao exige uma acomodao, ou seja, o esquema motor que permite manipular um objeto no serve de imediato para a manipulao de outro, dessa forma cada atividade motora existe uma assimilao e uma acomodao diferente, e Freire denomina este aspecto de esquema motor.

    A criatividade no ensino da ginstica deve ser incentivada a fim de provocar novos estmulos, experincias e criao de movimentos pelas crianas. Entende-se que educar corporalmente uma criana, exige tam-bm ensin-la o porqu de se movimentar, e instig-la a descobrir outras possibilidades a partir do movimento apreendido.

    Portanto, o objetivo desse trabalho foi ensinar a ginstica para crianas de 6 a 9 anos, considerando as suas experincias motoras e culturais para de-senvolver a criatividade, compreenso e execuo dos movimentos gmnicos.

    CAMINHOS TRILHADOS

    Foram realizadas 20 intervenes com o contedo de ginstica em um projeto de extenso da Universidade Estadual de Gois - unidade uni-versitria Eseffego (Escola Superior de Educao Fsica e Fisioterapia de Gois), para crianas de ambos os sexos na faixa etria de 06 a 09 anos.

    A organizao da aula consistia, primeiramente, em uma brincadeira ou um jogo corporal que era um momento de incorporar habilidades b-sicas para a aprendizagem dos fundamentos ginsticos. Segundo Alves et al.(2011,p.3)

    A ao pedaggica realizada a fim de desenvolver a capacidade corporal, no apenas propicia o desenvolvimento motor, mas cria situaes que fa-vorecem o desenvolvimento da sociabilidade, da cooperao e do respeito mtuo, possibilitando aprendizagens significativas.

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    Portanto, esses jogos corporais tinham como intuito despertar na criana um grau maior de motivao, o qual o professor pode utilizar como estratgia de ensino para aprendizagens significativas, no caso especifico os fundamentos ginsticos.

    Aps essa primeira parte era realizado exerccios de fora e flexi-bilidade para auxiliar no desenvolvimento dos fundamentos bsicos. A terceira parte da aula consistia em um trabalho, geralmente realizado em duplas ou pequenos grupos, para a aprendizagem do fundamento da ginstica propriamente dito. Ao final da aula era proposto um proces-so criativo aos alunos, no qual eles criavam uma pequena sequncia de movimentos, envolvendo principalmente aqueles fundamentos trabalha-dos na semana envolvido com alguma histria. Essa parte da aula era denominada de showzinho e tambm serviu de instrumento avaliativo da interveno.

    RESULTADOS ALCANADOS

    A avaliao foi realizada de forma contnua, pois atravs de diferen-tes instrumentos foi possvel analisar os processos criativos, a interao da turma e o desenvolvimento motor das crianas.

    A estratgia do show foi realizada toda sexta feira (ltimo dia de aula da semana), e considerava a capacidade do aluno para trabalhar em gru-po, alm de inventar e reinventar fundamentos ginsticos a partir de sua cultura e vivncia. Algumas aulas foram filmadas e ao longo do processo de interveno foram analisadas para verificar se os objetivos do projeto estavam sendo alcanados e o desenvolvimento da turma. Alm disso, aps todas as aulas eram sistematizadas pelos professores a observao da mes-ma com o intuito de destacar os principais fatos ocorridos (tais como difi-culdades, superaes, etc.).

    Especialmente dois alunos se destacaram no decorrer das aulas, pois conseguiram avanar nos aspectos de cooperao e socializao. No in-cio das aulas, tais crianas eram dispersas e no conseguiam trabalhar em grupo e sempre se afastavam. No final das intervenes foi possvel perce-

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    ber um avano, porque eles estavam trabalhando, dialogando e at mesmo construindo sequncias coreogrficas com os grupos.

    Atravs da anlise dos vdeos foi possvel perceber, principal-mente, a evoluo da capacidade da turma de criarem movimentos e contextos para os fundamentos ginsticos. No incio das aulas havia uma imensa dificuldade e at recusa de alguns alunos de particip