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- Cefet I Marly Vianna - Universo I Mathias SeibelLuce - UFRGS I Mauricio Gonçalves - CientistaSocial I Mauricio Sabadini - UFES I MauricioVieira Martins - UFF I Mauro lasi - UFRJ I MiguelGonçalves Trujillo - Professor de Hist6ria I MiltonPinheiro - UNEB I Muniz Ferreira - UFBA INadia Fialho - UFPA I Nelson Prado Alves Pinto- Unicamp I Norma Alcantara - UFAL I OsvaldoCoggiola - USP I Paulo Barsotti - FGV I PauloCunha - Unesp I Paulo Denisar Fraga - Unifal-MGI Paulo Nakatani - UFES I Pedro Chadarevian- Unifesp I Plinio de Arruda Sampaio Filho -Unicamp I Raul Carrion - Historiador I ReginaManeschy - Soci61oga I Renato Perissinotto- UFPR I Ricardo Mueller - UFSC I RicardoMusse - USP I Rodrigo Jurucè - UEG I RodrigoOliveira Fonseca - UFSB I Ronaldo Rosas Reis-

UFF I Santiane Arias - Cientista Polf·.lca I SérgioLessa - UFAL I Sérgio Prieb - UFSM I SilvanaSoares de Assis - Professora da r sde pùbtìca ISilvio Costa - UCG I Simone Conti .nte - UFPA ISimone Wolff - UEL I Sofia Manzano - UESB IValério Arcary -IFSP I Vanderlei Souza Carvalho- Univasf I Vera Lucia B. Gomes - UFPAI VicenteGil- UFRJ IVicente Rodriguez - Unicamp IVictorHugo Klagsbrunn - UFF I Virginia Fontes - UFFI Vivian Aranha Sab6ia - UEMA I Wilma Pessòa- UFF I Wolfgang Leo Maar - UFSCar

In memoriamCiro Flamarion I CI6vis Moura I Edgard Carone IFlorestan Fernandes IlsaacAkcelrud I Jacob Go-render I Mauricio Tragtenberg I Nelson WerneckSodré I Reinaldo Carcanholo I Silvio Frank Alem

Colaboradores internacionais

Alfredo Sa ad Filho -Inglaterra I Angelo Novo - Portugall Atilio Bor6n -Argentina I Domenico Losur-do -Italia I Ellen Wood - Canada I Fredric Jameson - Estados Unidos I Gérard Duménil- França IGuido Oldrini - Italia I Guillermo Foladori - Uruguai Ilstvan Mészàros - Inglaterra I Jacques Bidet- França I James Green - Estados Unidos I James Petras - Estados Unidos I Joachim Hirsch -Alemanha I Marco Vanzulli - Italia I Maria Turchetto - Italia I Michael Uiwy - França I Michel Ralle- França I Nicolas Tertulian - França I René Mouriaux - França I Ronald Chilcote - Estados Unidos ISerge Wolikow - França I Victor Wallis - Estados Unidos I Vittorio Morfino - Italia

ENDEREçO PARA CORRESPOND~NCIA:

REVISTA CRITICA MARXISTAArmando Boito Jr.

Centro de Estudos Marxistas (Cemarx)Instituto de Filosofia e Cièncias Humanas (IFCH)Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Cidade Universitaria "Zeferino vez: - Distrito de Barào GeraldoRua Cora Coralina, 100

13.083-896 - Campinas - Sao Paulo - Brasil

Endereço na Internet:http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista

Sumàrio

ARTIGOS

Marxismo analitico e classes sociais 9Fabien Tarrit

Gramsci e a democracia nos Cadernos do carcere: a critica à teoria das elites 27Luciana Aliaga

A critica ao duplo revisionismo nos Cadernos do carcere 47Anita Helena Schlesener

Apresentaçào: Marxismo e cultura politica 63Danilo Enrico Martuscelli

A cultura civica de uma perspectiva marxista-sociol6gica 67jerzy j. Wiatr

Sodré e a dialética da forrnaçào social brasileira 85Marcos Del Roio

COMENTÀRIOS

Heidegger "inocente": um exorcismo da esquerda p6s-moderna 103Stefano C. Azzarà

"Viagem ao coraçào das trevas" do capitalismo 113Anselm jappe

DOCUMENTO

Apresentaçào 125Marco Vanzulli

Sobre o uso capitalista das rnaquinas no neocapitalismo 129Raniero Panzieri

DOSSIE A crise polftica no Brasil

Apresentaçào 145

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Junho de 2013 a 2015: as "placas tectònicas" começaram a se mover? 147Valerio Arcary

A crise politica do neodesenvolvimentismo e a instabilidade da democracia ... 155Armando Boito lr.

Brasil: variàveis estratégicas 163Valter Pomar

Avanços, contradiç6es e limites dos governos petistas 171Alfredo Saad Filho

Contribuiçào para entender a crise atual no Brasil 179lorge Almeida

RESENHAS

o outro Ocidente: sete ensaios sobre a filosofia da libertaçào, com um Prologode Enrique Dussel [Antonino Infranca] 187Marco Vanzulli

o Estado no centro da rnundializaçào: a sociedade civil e o tema do poder[lairne Osorio] 191Mafra Machado Bichir

Aço vermelho: os segredos da vitéria soviética na Segunda Guerra Mundial[loào Claudio Platenik Pitillo] 195Augusto César Buonicore

Darwinisme et marxisme [Patrick Tort e Anton Pannekoek] 199Breno Viotto Pedrosa

Rosa Luxemburgo ou o preço da liberdade [lòrn Schutrurnpf (org.)] 203Thiago Fernandes Franco

Riqueza e miséria do trabalho no Brasilili [Ricardo Antunes (org.)] 207Edilson losé Graciolli

Sem maquiagem: o trabalho de um milhào de revendedoras de cosméticos[Ludmila Costhek Abflio] 211Thafs Lapa

Mulher, Estado e revoluçào: politica familiar e vida social soviéticas,1917-1936 [Wendy Goldman] 215Joana EI-JaickAndrade

INFORMAçÒES E NORMAS PARA COLABORAçAO 219

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•marxista

o outro Ocidente:sete ensaios sobrea filosofia dallbertaçào, com umPrologo de EnriqueDussel

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ANTONINO INFRANCAMarilia: Préxis, 2074, 230p.

Marco Vanzul/i*

o outro Ocidente, obra de Toni Infranca que aparece agora em portuguès, ree-diçào revista de urn texto publicado antes em espanhol (2000), depois em francès(2004) e finalmente em italiano (2010), é constituido por urna série de ensaios.A abordagem da Filosofia da Libertaçào é seu tema principal. O livro representaurna introduçào à reflexào de Enrique Dussel na qual, como diz o mesmo Dusselno Prologo, Infranca "acrescenta algo de seu, o novo, abre novos e espaçososcaminhos ao proprio autor comentado, interpretado, usado". Nos ensaios quecompòem o livro, o pensamento de Dussel é exposto através de urna aproximaçàoaos autores latino-americanos que tornaram objeto de reflexào e ponto de força aespecificidade de urna posiçào latino-americana do pensamento (Darcy Ribeiro,Leonardo Boff, Rodolfo Kusch, Paulo Freire) e, desta maneira, é esclarecida adiferença entre a posiçào dusselliana e a Teologia da Libertaçào,

A Filosofia da Libertaçào nào se propòe a ser urna mera arte critica. De fato,segundo Dussel, a Filosofia da Libertaçào pretende desenvolver um "discursolatino-americano alternativo" e ao mesmo tempo realizar urna renovaçào fielà substància do pensamento de Marx. Esse segundo aspecto é reinvidicado pordiversos marxismos do século XX, inclusive por aqueles que mais parecem ter

* Professor da Universidade de Milano-Bicocca. E-mail: [email protected]. Resenha traduzidado italiano por Plinio Freire Gomes.

o outro Ocidente fAntonino InFranca]· 787

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188· Critica Marxista, n.42, p.187-189, 2016.

se distanciado da inspiraçào marxiana sobre pontos de decisiva importància. AFilosofia da Libertaçào, como todo marxismo, acredita constituir urn momentonovo que reatualiza Marx, respeitando e potenciando seus traços especificos.

O esforço analitico realizado por Dussel sobre textos marxianos testemunhafavoravelmente a genuidade dessa empresa. E, contudo, ele também se dirigea concepçòes filosòficas novecentistas, em si heterogèneas. Lendo os escritosde Dussel nào se pode deixar de notar, nos contextos em que sào explicitadasas categorias fundantes da Filosofia da Libertaçào, a forte presença sincréticadas concepçòes e da terminologia de Heidegger, Ricceur, Lévinas, entre outros.Em particular, pode-se dizer que o aspecto distintivo da Filosofia da Libertaçàoseja a utilizaçào enfatica da temàtica do outro de Lévinas, decJinada em chavehistòrico-ética e anticapitalista, posta a serviço da alteridade latino-americana econtra o centralismo do capital. E nào por acaso Infranca sustenta que "a éticaque falta ao marxismo é a Ética da Libertaçào" (p.23) e que a "Filosofia da Li-bertaçào retoma, portanto, nào apenas a força ética do marxismo, mas também ascategorias sobre as quais se baseia a anàlise de Marx: estranhamento e aliençào,exclusào, opressào, exploraçào" (p.32). É, porém, verdade que o ponto de vistado outro é posto numa perspectiva ética substituida pelo cristianismo, de modoa poder dizer que a Filosofia da Libertaçào tenta o enxerto sobre o marxismo deurna instància de tipo ético-religioso.

Dussel supòe que a categoria de "exterioridade" seja a "categoria por exce-lència" do pensamento marxiano, interpretada como reflexào que se faz anàliseconcreta da realidade de dominaçào capitalista a partir do ponto de vista do excJui-do; razào pela qual Marx analisava, avaliava, julgava urn sistema soci al a partirdas vitimas que esse sistema produz para existir (p.50). Poder-se-ia perguntar se anoçào de eurocentrismo (como defeito teorico imputado a Marx ou ao qual Marx,ao contrario, se subtrairia) acerta realmente no alvo ou é indice de um excessivocrédito de tipo hermenèutico dado ao elemento do sujeito interpretante (aqui ooprimido latino-americano) sobre a coisa interpretada. Em surna, Marx pode muitobem ser "latino-americano" sem deixar de ser "inglès", na medida em que na suaobra encontramos as categorias criticas fundamentais sobre as quais basear-se paraurna compreensào dos momentos "central" e "periférico" da superaçào do capital.

Dussel realiza urna reduçào de todas as categorias do pensamento filosoficoocidental a categorias de dominio - a propria "ontologia", a qual é associada ànietzscheana vontade de potència, é condenada como filosofia de dominio. Tra-ta-se talvez de urna aplicaçào sui generis da "destruiçào" da tradiçào ocidentaltentada por Heidegger - com um sinal politico evidentemente oposto em relaçàoàs posiçòes reacionarias do filosofo alemào. Por outro lado, a soberba é certa-mente urn aspecto caracterizante das categorias do pensamento ocidental moderno(sobretudo é seu mauvais càté quando se dirigem ao "outro", extemo e interno àsociedade ocidental, como mostra por exemplo a contra-histéria do liberalismode Domenico Losurdo). Contudo, estas dào testemunho de sua dimensào civili-

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zadora e emancipadora, utilizada e utilizàvel inclusive contra e além do projetohegemònico da burguesia. O proprio Infranca de resto recusa a condenaçào queDussel pronuncia contra a ética kantiana enquanto imperialista. Ainda mais porquea dificuldade de sair da tradiçào ocidental é evidente no caso de Dussel, cujascategorias se formam todas no interior da tradiçào ocidental da filosofia contem-poranea, da qual utiliza a carga antimetafisica (Heidegger, em particular). Destemodo, a totalidade da "tradiçào ocidental" é renegada enquanto "eurocèntrica",Mesmo o "marxismo-Ieninismo" é recusado como urn todo, porque produtivista,antiecològico, machista e burocratico. Tem-se a impressào que a recusa do "mar-xismo-Ieninismo" seja estendida a boa parte dos marxismos novecentistas. Essaindiferença em relaçào ao complexo das tradiçòes marxistas do século XX porparte da Filosofia da Libertaçào devem ter as raizes nào marxistas da filosofia deDussel, urna filosofia que se encontra, sobretudo, nurna relaçào de assimilaçàoe de dialogo (ainda que marcado por tentati vas de recusa e distanciamento) comoutras tradiçòes do século XX (sobretudo a hermenèutica).

Com essa especificidade, a Filosofia da Libertaçào revela-se como urnaperspectiva privilegiada para olhar nào apenas a América Latina, mas a propriarealidade europeia, o "centro", permitindo colher a ambiguidade do Ocidente,emancipador no "centro" e opressor na "periferia". Dessa maneira, Infranca fazcontinuamente bem ao chamar atençào dos intelectuais europeus contra o complexode superioridade com o qualjulgam o nivel teorico dos colegas latino-americanos-este, ~im, em muitos casos, exempl<? de eurocentrismo deteriorado e totalmenteautoreferencial. Infranca critica a Etica do Discurso de Karl Otto Apel, cujacomunidade de comunicaçào ideaI é completamente abstrata e recalcada sobredistinçòes sociopoliticas dominantes, sendo, portanto, urna comunidade que ex-clui o excluido. Em particular, é recusada a tentativa de associaçào entre Ética doDiscurso e Filosofia da Libertaçào, esta ultima submetida, a partir dessa operaçào,a urna espécie de esvaziamento teorico, reduzida à extrema genericidade, comoé proprio do discurso da pura racionalidade interumana (p. 169). Isso porém jus-tifica urna dicotomia como a expressa na p.222: "O intelectuallatino-americano,como Dussel, que denuncia a 'ocultaçào do Outro' metodicamente realizada peloPrimeiro Mundo pertence a urna comunidade real, mas o intelectual europeu oudo Primeiro Mundo à qual comunidade pertence?" - a menos que Infranca nàose refira ao pertencimento dos intelectuais do "Primeiro Mundo" à scheinbareGemeinschaft (comunidade aparente), à qual segundo Marx os individuos atéagora pertenceram. Além disso, porém, estamos seguros de que os préprios in-telectuais latino-americanos nào pertençam a essa comunidade aparente, que é,como diz sempre Marx na mesma passagem da Ideologia alemà, urn sucedàneo decomunidade que permite urna liberdade apenas no interior das relaçòes de classe?Palavras-chave: Enrique Dussel, Filosofia da Libertaçào, marxismo ocidental,

o outro Ocidente {Antonino Infranca] • 189

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