NAS RELAÇÕESPESSOAIS

E EMPRESARIAIS

I M P A C T O SD O

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E-BOOK

GUIA II

Atividades essenciais e não essenciais

Alternativa empresarial para amanutenção dos empregos no póspandemia

Pagamento de tributos e as medidas deimpacto positivo

A (des)caracterização da mora noscontratos civis e empresariais

Devo pagar as mensalidades escolares?

Covid-19 e os motivos que tornaram aLGPD ainda mais importante

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O que eu preciso saber?

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Em continuidade ao guia lançado na semana passada – “Impactosdo COVID-19 nas relações de trabalho e outras implicações jurídicas”– e diante das notícias da última semana, a BORNHAUSEN &ZIMMER ADVOGADOS preparou este material, com informaçõesatualizadas, para que se possa abordar, da melhor forma possível, ograve quadro de insegurança jurídica ocasionado pela pandemia. Nunca é demais enfatizar a necessidade de se buscar orientaçãolegal para a atuação em tempos de crise.

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ATIVIDADES ESSENCIAIS E NÃO ESSENCIAIS A pandemia levou o Governo Federal a lançar mão de medidas parao enfrentamento da emergência de saúde pública. Veio a luz a Lei n.13.979, de 6 de fevereiro de 2020 com uma série de medidasrestritivas da atividade econômica. Todavia, como não poderia deixar de ser, das medidas previstasforam resguardados o “exercício e o funcionamento de serviçospúblicos e atividades essenciais” a serem definidos por decreto,conforme art. 9º. Logo em seguida, como decorrência lógica e frutoda Medida Provisória n. 926, de 2020 receberam proteção aquelesque servem aos serviços essenciais, sendo permitida a circulação detrabalhadores que possa afetar o funcionamento de serviçospúblicos e atividades essenciais. Resta saber o que são serviços essenciais, para além daquelesenumerados. O Decreto n. 10.282, de 20 de março de 2020 queregulamenta a Lei n. 13.979, de 6 de fevereiro de 2020 define osserviços essenciais como “aqueles indispensáveis ao atendimentodas necessidades inadiáveis da comunidade, assim consideradosaqueles que, se não atendidos, colocam em perigo a sobrevivência,a saúde ou a segurança da população” enumerando, comoexemplos, várias atividades. O decreto regulamentador n. 10.288, de22 de março de 2020 repete a fórmula ao dizer que: “É vedada arestrição à circulação de trabalhadores que possa afetar ofuncionamento das atividades e dos serviços essenciais de que trataeste Decreto”. O que é indispensável não se pode ignorar, não se podeinterromper. Veja-se a definição do dicionário Michaelis da palavraindispensável: ”1 Que não se pode dispensar ou prescindir; urgente.2. De grande necessidade para certa finalidade. 3 Que é costumeiroe não pode faltar. 1 O que é absolutamente necessário”.

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Muitas atividades não foram mencionadas na lista exemplificativado decreto, muito em razão de sua indispensabilidade eessencialidade já estarem estampados em outros diplomas legaiscomo a advocacia e o Poder Judiciário. Em Santa Catarina, o Chefedo Executivo no Decreto n. 515, de 17 de março de 2020 determinoua operação mínima da indústria (posteriormente, isso foi alteradopara a metade da capacidade). De igual modo, suspendeu as atividades e os serviços privados nãoessenciais, a exemplo de academias, shopping centers, restaurantese comércio em geral; as atividades e os serviços públicos nãoessenciais, no âmbito municipal, estadual e federal, que nãopuderem ser realizados por meio digital ou mediante trabalhoremoto; e a entrada de novos hóspedes no setor hoteleiro. Em 26 demarço foi prometida a retomada das atividades, mediante umcronograma gradual. Observa-se que em nenhum momento a legislação federaldeterminou a suspensão da atividade da indústria ou das atividadese os serviços privados não essenciais.Todas essas questões têmsolução, levando em consideração as características de cadaatividade econômica, não sendo possível apontar uma norma geralsobre o tema.

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ALTERNATIVA EMPRESARIAL PARA A MANUTENÇÃODOS EMPREGOS NO PÓS PANDEMIA Muito além de uma crise mundial de saúde e dos sistemas que aresguardam, a pandemia do Covid-19 (coronavírus), decretada pelaOrganização Mundial da Saúde, infere em todas as esferas sociais eeconômicas. Atualmente e especialmente no Brasil, onde está se iniciando aascensão de proliferação da doença, o que mais preocupa osempresários, depois da saúde dos seus empregados, por óbvio, écomo se manterão os negócios após esse período de isolamentosocial e paralisação das atividades. Será possível a manutenção dos empregos? Em meio ao caos que se instalou, o Governo editou a MedidaProvisória 927/2020 para tratar das medidas trabalhistas para oenfrentamento do estado de calamidade pública. Muito aguardada,a Medida Provisória deixou de abarcar expressamente um dosassuntos mais esperados na sua edição: a possibilidade de reduçãode jornadas e de salários, proporcionalmente.  Entretanto, em meio a situação excepcional que País se encontra,entendemos que a temática precisará ser enfrentada nos próximostempos, bem como, deverá acompanhar os mais recentes julgadosdos Tribunais Pátrios sobre o assunto. O Tribunal Superior do Trabalho, em recente decisão do final do anode 2019, posicionou-se favoravelmente à empresa que, de mútuoacordo, celebrou aditivo contratual com empregado prevendo aredução de sua jornada e a redução proporcional da suaremuneração, sendo observado, para tanto, o salário-hora dotrabalhador.

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Tal entendimento considera que a modificação da carga horáriapara menor possa ser realizada conjuntamente com a remuneraçãodo empregado, desde que não seja alterado o salário-hora recebido.Assim, em comum acordo, se empregado e empregador ajustaremformalmente a dita possibilidade, não haveria a alteração lesiva aocontrato de trabalho que trata o artigo 468, da CLT.  A Medida Provisória 927/2020 deu amplo poder de negociaçãoentre empregado e empregador, logo ao artigo 2º, prevendo que“durante o estado de calamidade pública [...] o empregado e oempregador poderão celebrar acordo individual escrito, a fim degarantir a permanência do vínculo empregatício, que terápreponderância sobre os demais instrumentos normativos, legais enegociais, respeitados os limites estabelecidos na Constituição”. Nesse sentido, com a amplitude de possibilidades que foi gerada apartir dessa redação, a celebração de novas tratativas, diretamenteentre trabalhador e empregador fica garantida, mantendo-se aforça do ajustado entre as partes.  Assim, justamente visando a preservação dos empregos, que é umdos principais motivos da edição da Medida Provisória, aflexibilização das jornadas de trabalho terá de ser enfrentada,resguardando-se o salário-hora do trabalhador, sem que isso sejaconsiderado infração à legislação vigente.

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POSSIBILIDADE DE PRORROGAÇÃO DO PAGAMENTO DETRIBUTOS FEDERAIS: Acerca da existência de norma válida evigente que garante a possibilidade de prorrogação do prazo derecolhimento de todos os tributos federais administrados pelaReceita Federal do Brasil por aproximadamente 2 (dois) meses,para todos os contribuintes que residam em Municípiosabrangidos por Decreto Estadual que declare estado decalamidade pública. Atualmente essa situação é verificada emquase todos os Estados da Federação, citando-se, mas não selimitando, os Estados de SP, RJ, SC, RS, MG, RO (...). 

FGTS: Através da MP 927/2020 houve a prorrogação dopagamento do FGTS relativo às competências de março, abril emaio de 2020, com vencimento, respectivamente, em abril, maioe junho de 2020. Os valores relativos a estas competênciaspoderão ser pagos em até seis parcelas mensais (sem incidênciade correção monetária, multa e demais encargos), comvencimento no sétimo dia de cada mês, a partir de julho/2020. Amesma medida também prorrogou o prazo de validade doscertificados de regularidade do FGTS por 90 (noventa) dias.

CERTIDÃO DE REGULARIDADE FISCAL EM ÂMBITO FEDERAL:Através da Portaria Conjunta 555/2020 se restou prorrogada por90 (noventa) dias a validade de Certidões de Regularidade Fiscalem âmbito federal (débitos perante a Receita Federal do Brasil eProcuradoria da Fazenda Nacional).

PAGAMENTO DE TRIBUTOS E AS MEDIDAS DEIMPACTO POSITIVO Confira abaixo os atos normativos e as medidas que podemimpactar positivamente empresas afetadas pela paralização dasatividades econômicas em razão da pandemia do coronavírus(COVID-19):

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CONTRIBUIÇÕES AO SISTEMA S: Houve a declaração de reduçãode 50% nas contribuições ao sistema S (SENAC, SESC, SENAI,SESI, SEBRAE, [...]) por três meses (aguarda-se aedição/publicação de ato normativo regulamentador).

COBRANÇA DE DÉBITOS FEDERAIS: A Procuradoria Geral daFazenda Nacional, através da Portaria n. 7.821/2020, suspendeupor 90 (noventa) dias atos de cobrança como apresentação deprotestos de certidões de dívida ativa, exclusão de contribuintesde parcelamentos e instauração de novos procedimentosadministrativos, bem como suspendeu os prazos em curso para aapresentação de defesas e recursos administrativos referentes aexclusão da anistia do Programa Especial de RegularizaçãoTributária – PERT.

IMPORTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E PRODUTOS MÉDICO-HOSPITALARES: Através da Resolução CAMEX n. 17/2020, houve aredução a zero das alíquotas de importação para produtos eequipamentos de uso médico-hospitalar até 30/09/2020 (osprodutos e equipamentos abrangidos podem ser verificados nolink da resolução).

PARCELAMENTO DE DÉBITOS FEDERAIS: Através da Portaria n.7.820/2020 houve a regulamentação de procedimento detransação extraordinária, que permite ao contribuinte pessoajurídica, através da plataforma REGULARIZE, pagar débitos comentrada de 1% do valor integral da dívida (dividido em até trêsparcelas), e o remanescente em até 81 meses. Para pessoas físicase empresário individual o débito pode ser parcelado em até 97meses (há variáveis como o reconhecimento expresso do débitoe desistência de discussão administrativa e judicial que devemser avaliadas antes da  adesão).

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TRANSAÇÃO/ACORDO ENTRE UNIÃO E DEVEDORES: Foiaprovada no Senado Federal a MP n. 899/19 (“MP do ContribuinteLegal”) que prevê hipóteses para que a Fazenda Nacional e oscontribuintes, resguardadas as previsões constantes da norma,possam realizar transação/acordo como forma resolutiva doconflito.

PRAZOS ADMINISTRATIVOS EM ÂMBITO FEDERAL: Através daPortaria RFB 543/2020 foram suspensos os prazos para a práticade atos processuais (defesas e recursos administrativos) perantea Receita Federal do Brasil até 29/05/2020. Também se restaramsuspensos, até a data citada, atos como a notificação delançamento de contribuintes em malha fina, procedimentos deexclusão de contribuintes de parcelamentos por inadimplência,registro de inaptidão no CNPJ por ausência de declaração,emissão eletrônica de despachos decisórios com indeferimentode pedidos de restituição, não homologação de compensações eoutros.

PRAZOS JUDICIAIS: Através da Resolução n. 313/2020 doConselho Nacional de Justiça, todos os prazos judiciais em cursono território nacional se restaram suspensos a partir de19/03/2020 até 30/04/2020 (vale acrescentar que alguns TribunaisEstaduais e Regionais Federais já haviam editado atosnormativos próprios suspensos os prazos processuais em dataanterior à Resolução do CNJ).

DECLARAÇÃO DE CAPITAIS BRASILEIROS NO EXTERIOR (CBE):Através da Circular BACEN n. 3.995/2020 se restou prorrogada adata final de entrega da declaração de Capitais Brasileiros noExterior – CBE, cujo prazo máximo se resta estendido até01/06/2020.

ESTADO DE SÃO PAULO: O Estado de São Paulo já adotoualgumas medidas em razão da influência econômica ocasionadapela pandemia do coronavírus (COVID-19), tal como a suspensãopor 90 (noventa) dias do protesto de dívidas de pessoas jurídicase físicas, a contar de 01/04/2020.

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ESTADO DO RIO DE JANEIRO: O Estado do Rio de Janeiro jáadotou algumas medidas em razão da influência econômicaocasionada pela pandemia do coronavírus (COVID-19), tais como:a prorrogação por 60 dias do prazo de pagamento deparcelamento de créditos tributários e não tributários; aprorrogação do prazo para entrega do DUB-ICMS relativo aosegundo semestre de 2019 para 30/04/2020; amanutenção/prorrogação da validade das Certidões deRegularidade Fiscal, vencidas a partir de 17/03/2020, por 60(sessenta) dias; a suspensão de todos os atos processuais emprocessos administrativos enquanto perdurarem as medidas deprevenção estabelecidas no Decreto Estadual n. 46.973/2020; asuspensão, por 60 (sessenta) dias, de inscrições de novos débitosem dívida ativa.

ESTADO DE SANTA CATARINA: A OAB/SC está atuando junto aoGoverno Estadual, Prefeitura Municipal de Florianópolis, CELESCe CASAN visando a prorrogação, por 90 (noventa) dias, dovencimento de pagamentos de tributos estaduais e municipais,bem como a cobrança pelos serviços essenciais de fornecimentode energia elétrica e água e esgoto.

MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS/SC: a Municipalidade editou oDecreto n. 21.365/2020 através do qual prorrogou o prazo para orecolhimento do ISSQN FIXO do ano de 2020 (vale alertar que setrata do ISSQN recolhido em valor fixo, por número deprofissionais, e não o ISSQN vinculado ao preço do serviçoprestado); o imposto devido e com vencimento em 20/04/2020,20/05/2020 e 20/06/2020, se restou prorrogado, respectivamente,para 20/07/2020, 20/08/2020 e 20/09/2020 (vale indicar que asparcelas devidas a partir de 07/2020 manterão as suas datas devencimento).

SIMPLES NACIONAL: Através da Resolução CGSN n. 152/2020,houve o diferimento/prorrogação do prazo para pagamento daparcela dos tributos federais para empresas enquadradas noSIMPLES NACIONAL por 6 (seis) meses.

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RISCOS TRIBUTÁRIOS COM REPERCUSSÕES NA ESFERA PENAL:Vale alertar que caso a empresa não consiga pagar tributos,recomenda-se avaliar a situação concreta com cuidado comoforma de mitigar riscos, pois existem alguns tributos cujo nãopagamento podem gerar responsabilização na esfera penal emrazão do seu não recolhimento.

ANISTIAS: Ainda não há nada concreto, mas diante do cenárioatual, com paralisação grave das atividades econômicas dediversas empresas dos mais variados setores da economia,espera-se que sejam editadas anistias pelos Entes Federativos(União, Estados e Municípios) como forma de minimizar oimpacto econômico negativo ao qual a iniciativa privada serásubmetida em razão das medidas governamentais dequarentena e drástico isolamento social.

[1] Os dados estão disponíveis no sítio da OMS:https://experience.arcgis.com/experience/685d0ace521648f8a5beeeee1b9125cd

[2] Declara situação de emergência em todo o território catarinense, nos termos do

COBRADE nº 1.5.1.1.0 - doenças infecciosas virais, para fins de prevenção e enfrentamento àCOVID-19, e estabelece outras providências

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A (DES) CARACTERIZAÇÃO DA MORA NOS CONTRATOSCIVIS E EMPRESARIAIS Como se sabe, as implicações do COVID-19 na economia global e asmedidas governamentais adotadas para contenção da pandemia,tais como a suspensão das atividades comerciais e industriais, estãogerando grande impacto nas relações civis e empresariais. Uma dasconsequências mais sensíveis é o inadimplemento contratual emvirtude da impossibilidade econômica ou material de cumprimentodas obrigações, atraindo os efeitos da mora e risco dedescontinuidade dos negócios. Configura-se a mora quando não ocorre o cumprimento daprestação contratual no tempo e modo convencionados pelaspartes. As consequências da mora são, via de regra, a aplicação decorreção monetária, juros e multa, bem como a possibilidade derescisão do contrato por culpa da parte inadimplente e aresponsabilização do devedor pelos prejuízos que vier a causar aocredor. Todavia, o devedor não incorre em mora quando o inadimplementonão for imputável à sua conduta, mas a fato extraordinário,imprevisível e inevitável que impede a execução do contrato naforma originalmente concebida pelas partes. Em contratos deexecução continuada ou futura, é possível aplicar as teorias daimprevisão ou da onerosidade excessiva, que viabilizam a revisão oua resolução do ajuste a depender das circunstâncias do casoconcreto. 

[1] Art. 394 do Código Civil.[2] Arts. 389, 395, 397 e 475 do Código Civil.

[3] Art. 396 do Código Civil.[4] Art. 317 do Código Civil.

[5] Arts. 478 a 480 do Código Civil.[6] Art. 248 do Código Civil.

[7] Art. 421 e 421-A do Código Civil.

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Neste contexto, é inegável que o ambiente excepcional criado peloCOVID-19 tem significativos reflexos nos contratos, pois pode alteraras premissas utilizadas para estabelecer o equilíbrio das prestaçõesde cada contratante no momento em que firmado o acordo devontades ou mesmo impedir a sua consumação. Ao estipular asbases negociais, não era possível prever que as condições decumprimento do contrato poderiam ser drasticamente alteradaspor uma futura pandemia que tornaria o ajuste inexequível ouextremamente oneroso.  Assim, a imprevisibilidade e inevitabilidade do impacto gerado pelapandemia do coronavírus podem relativizar a força dos contratos eautorizar a extinção sem ônus para a parte que ficou impossibilitadade cumprir a sua obrigação, afastando-se a responsabilidadedecorrente da mora. É o caso, por exemplo, do promotor de festas que ficou impedido deorganizar o casamento contratado em virtude de atogovernamental que proíbe a realização de eventos na dataaprazada ou da companhia aérea que cancelou a passagem porqueo aeroporto do local de destino foi fechado. Nestas hipóteses, aexecução do contrato se tornou impossível por fato irresistível parao prestador de serviço ou para o consumidor, autorizando aextinção sem ônus para nenhuma das partes. Também pode ser ocaso da locação comercial na qual o estabelecimento ficouimpedido de exercer sua atividade por determinado período emvirtude das restrições impostas por atos governamentais ou temsua rentabilidade drasticamente diminuída pela crise econômicagerada pela pandemia, tornando o contrato extremamente onerosopara o locatário. Tais circunstâncias podem igualmente viabilizar arescisão ou a revisão do contrato, afastando-se a caracterização damora.

[1] Art. 394 do Código Civil.[2] Arts. 389, 395, 397 e 475 do Código Civil.

[3] Art. 396 do Código Civil.[4] Art. 317 do Código Civil.

[5] Arts. 478 a 480 do Código Civil.[6] Art. 248 do Código Civil.

[7] Art. 421 e 421-A do Código Civil.

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a) os consumidores evitem o pedido de desconto nasmensalidades escolares; b) as entidades de defesa do consumidor busquem a conciliaçãoentre escolas e alunos, evitando a judicialização; e c) os contratos sejam mantidos, e eventuais rescisões unilaterais,por parte dos alunos, sejam objeto de pactuação, sugerindo-seque os reembolsos devidos ocorram em momento posterior àepidemia.

É importante frisar, contudo, que a impossibilidade decumprimento do contrato empresarial ou civil em virtude dosreflexos da pandemia deve ser verificada de acordo com o casoconcreto, pois a jurisprudência e a lei exigem efetiva comprovaçãodo desequilíbrio contratual. Da mesma forma, é preciso verificar ascaracterísticas e condições próprias de cada contrato, em especialse não há cláusula específica prevendo a manutenção daresponsabilidade mesmo na hipótese de descumprimento emvirtude da superveniência de fato inevitável e imprevisível ou se osimpactos de eventos como a pandemia não integram o riscoordinário do negócio. DEVO PAGAR AS MENSALIDADES ESCOLARES? A Nota Técnica nº 14/2020/CGEMM/DPDC/SENACON, do Ministérioda Justiça, trata dos efeitos jurídicos da suspensão de atividadesescolares em razão do COVID-19, sob o aspecto da relação deconsumo entre escolas particulares e seus alunos. A recomendação, em linhas gerais, é para que: 

Embora se trate de uma recomendação, sem efeito vinculante, essaorientação serve de importante baliza, tanto para os órgãos dedefesa do consumidor quanto para todos os particulares. Sugere-seque, nos comunicados oficiais dirigidos aos alunos, as instituiçõesde ensino façam menção expressa à Nota Técnica, ressaltando queestão adotando as recomendações do Ministério da Justiça.

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COVID-19 E OS MOTIVOS QUE TORNARAM A LGPDAINDA MAIS IMPORTANTE  Diante do cenário de congelamento da economia causado pelapandemia, a possibilidade de adiamento do início da vigência da LeiGeral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) é um dos assuntos quedevem ganhar força nas próximas semanas. A LGPD visa a protegeros dados de pessoas físicas no Brasil, tendo diversas implicações empraticamente todas as atividades dos setores público e privado.Caso nenhuma alteração ocorra, a lei deve entrar em vigor dentrode cinco meses, em agosto de 2020. O principal argumento favorável ao seu adiamento deve serlevantado pelas empresas: com a economia afetada, a adequação àLGPD será vista como um custo que acabará pesando noorçamento de grande parte das empresas. De igual forma, o setorpúblico, que já enfrentava grandes dificuldades para se adequar àsexigências da lei, sofrerá ainda mais com as medidas de urgênciadas últimas semanas. Serão muitos os argumentos que devemembasar os pedidos de adiamento da vigência da LGPD: licitaçõessuspensas, dificuldades no trabalho remoto, redirecionamento deesforços para combate à pandemia, dentre outras. Por outro lado, com o aumento das interações digitais causadaspelo isolamento, questiona-se se não seria justamente o momentode resguardar as informações que fluem por meio digital. Otrabalho remoto (home office) e as conversas por áudio/vídeotornaram-se muito mais frequentes, e como consequência, maisfrequente a exposição de dados de pessoas físicas em todo oplaneta.

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Outro ponto importante deve ser debatido: a utilização de dadospessoais para controle e combate à epidemia. Como resguardar asliberdades e direitos individuais e, concomitantemente, utilizardados de forma eficaz para elaborar estratégias de contenção dapandemia? Como exemplo real do dilema, surgem as polêmicasmedidas adotadas pelo governo italiano que monitora cidadãos quesaem de casa a partir da geolocalização de seus smartphones,permitindo que a polícia aplique multas e demais sanções. Comoserá feito, quem possui acesso e quando será cessado este controleexcepcional e agressivo dos cidadãos? A legislação brasileira atualpermitiria medida semelhante? Mesmo estando no período de vacância da LGPD, são muitas aslegislações que resguardam os direitos à proteção de dados dobrasileiro. Como exemplos, podemos mencionar o Código doConsumidor e o Marco Civil da Internet. Estes direitos devem serflexibilizados para facilitar o combate à COVID-19? Quais medidasde anonimização e pseudonimização de dados podem e dever seradotadas diante de um cenário de urgência? São questionamentoscomplexos, mas que não podem ser ignorados. Diante da ausênciada Autoridade Nacional de Proteção de Dados, a palavra finalcaberá aos demais órgãos do Executivo e Judiciário. Por fim, quanto à possibilidade de adiamento da LGPD, aflexibilização de algumas regras para pequenas e microempresaspode ser uma alternativa intermediária entre o adiamento e amanutenção do prazo de vacância atual. É de conhecimento geralque estas serão as principais afetadas com o necessário período deisolamento social que estamos passando. Além disso, são tambémas empresas que normalmente possuem menor capacidade detratamento de dados pessoais. Quanto às médias e grandesempresas, onde o processo de adequação à LGPD normalmentedura meses (e nesta altura, já deveria ter sido iniciado), perde força ajustificativa de que não haverá tempo hábil para a adequação, emespecial diante do primeiro adiamento já ocorrido (a LGPD entrariaem vigor em Fevereiro de 2020).

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