i, ii, iii joão

79
I, II e III João Silvio Dutra DEZ/2015

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Page 1: I, ii, iii João

I, II e III João

Silvio Dutra

DEZ/2015

Page 2: I, ii, iii João

2

A474 Alves, Silvio Dutra I, II e III João. /Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 79p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Comentário Bíblico. 3. Amor 4.Epístola. 5. Renúncia. I. Título.

CDD 230.227

Page 3: I, ii, iii João

3

Sumário

I JOÃO

I João 1...........................................................

5

I João 2..........................................................

17

I João 3..........................................................

31

I João 4..........................................................

41

I João 5..........................................................

52

II JOÃO

II João 1.........................................................

61

III JOÃO

III João 1........................................................ 73

Page 4: I, ii, iii João

4

I JOÃO

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5

I João 1

O Que Era Desde o Princípio

O Verbo; A Palavra, tradução do original grego

logos, que dá vida eterna, e que era desde o

princípio, encarnou e habitou entre nós num corpo

como o nosso, de modo que pôde ser contemplado

pelos olhos dos apóstolos, e sentido pelo seu tato, e

Sua voz foi ouvida por eles, de forma que puderam

anunciar o que viram e ouviram, quanto à comunhão

espiritual que é possível ter com Deus Pai e com seu

Filho Jesus Cristo (I João 1.1-3).

Palavra não é matéria. Especialmente a Palavra

Viva Divina.

Mas ao encarnar, o Verbo jamais deixou de ser o

Verbo, porque não é a carne a fonte da vida eterna,

mas o Verbo, o espírito divino, a essência da

natureza divina, da qual somos chamados a

participar pela nossa comunhão com o Deus triúno,

através da nossa união com o Seu Filho, que foi

dado pelo Pai para ser a nossa Cabeça.

A vida de Deus em nós não é um complemento da

nossa vida terrena. Ao contrário, esta vida natural

está destinada a ser aniquilada para que no porvir,

apenas exista aquilo que o próprio Deus é em Sua

natureza, a saber: espírito.

Por isso se diz de Jesus na profecia, de Isaías 11.2

que:

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6

“repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito

de sabedoria e de entendimento, o espírito de

conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento

e de temor do Senhor.”

Uma das razões de não encontrarmos uma só linha

no Novo Testamento, que fale de Jesus ou dos

apóstolos se esforçando por fazer uma crítica

acirrada a qualquer religião, porque esta vida do

Verbo não pode ser conhecida por dogma, preceito

ou culto religioso, mas por revelação do próprio

Cristo às almas perdidas.

Observe que na profecia que lemos anteriormente,

de Isaías 11.2, diz-se de Cristo, o mesmo que pode

ser aplicado aos cristãos, pois ali se fala de terem o

Espírito Santo, que foi tanto para Cristo quanto é

para eles, espírito de sabedoria e de entendimento,

o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de

conhecimento e de temor do Senhor.”

É por ignorância desta verdade que alguns se

entregam à ideia ilusória de tentar fazer convertidos

por meio do convencimento teológico, por meio de

comparação de religiões, tentando cada um de per

si, comprovar que a sua é a verdadeira.

Os eleitos serão alcançados pelo evangelho, que é o

poder de Deus para a salvação dos que nEle crerem,

e estes serão oriundos de todas as camadas sociais,

de todos os países, sem distinção de raça ou

religião.

Então, é pura perda de tempo se entregar a

confrontações religiosas, ou a debates teológicos,

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7

para se alcançar convertidos para Cristo, porque o

próprio Deus os atrairá irresistivelmente a se

entregarem a Seu filho, quer tenham sido

religiosos, ateus, ou qualquer outra coisa.

Jesus é espírito vivificante.

Por isso Ele diz que é a videira verdadeira, e aqueles

que se encontram nEle são como os ramos da

videira.

É daqui que entendemos o vigor com que o apóstolo

alerta os cristãos nesta epístola quanto aos

enganadores, que pretendiam negar esta qualidade

sobre-excelente, sobrenatural, especial e essencial

do espírito de Cristo, mormente quanto àqueles que

intentavam negar o fato de Ele ter encarnado num

corpo como o nosso, porque se esta falsa doutrina

fosse aceita, toda a obra da redenção seria

desacreditada, porque se Cristo não encarnou não

poderia ter oferecido o seu corpo como sacrifício

pelo pecado, nem poderia ter ressuscitado depois da

morte no Calvário, e assim todos os homens teriam

que permanecer mortos em seus pecados, e sem

qualquer esperança relativa à ressurreição dos seus

corpos, quando nosso Senhor voltar para arrebatar

os que nEle creem.

Se os apóstolos chegaram a conhecer a Jesus

segundo a carne, não foi somente deste modo que o

conheceram, porque o próprio apóstolo João afirma

nesta epístola que é pelo Espírito Santo que

conhecemos que o Senhor permanece em nós, e nós

nEle (I Jo 3.24; 4.11) e que é o Espírito que dá

testemunho da nossa união com Cristo (I Jo 5.7).

Page 8: I, ii, iii João

8

João não se referiu apenas ao homem divino que foi

visto, ouvido e apalpado por eles, mas ao Verbo que

dá a vida eterna.

É nesta condição que importa que Cristo seja

conhecido.

Então, ser o Verbo, no original grego Logos,

geralmente traduzido por Palavra, se refere muito

mais do que simplesmente à letra das Escrituras,

senão a todas as realidades espirituais que se

encontram em Cristo, e que foram descritas nas

Escrituras por meio de palavras.

Cristo é o Logos, mas transcende os conceitos sobre

o Logos, porque estes são apenas a expressão das

realidades que se encontram no Seu ser divino.

Alguém disse apropriadamente que somente falar

da virtude não é ser virtuoso.

Se o Logos fosse apenas palavra, seria possível

pensar que não houvesse uma correspondência entre

o que se afirma e a realidade.

Por isso, ao ter falado que o Verbo se fez carne, o

apóstolo se apressou em apresentar uma definição

mais clara daquilo que havia afirmado dizendo que

Deus é luz e que não há nEle qualquer treva (I João

1.5).

O verdadeiro conhecimento de Deus é feito na luz.

Não numa luz exterior, mas na luz que é o próprio

Deus.

O apóstolo quis mostrar o caráter deste

conhecimento de Deus, que é obrigatoriamente em

comunhão com Ele, porque é nEle que temos a luz

necessária para conhecê-lo pessoalmente.

Page 9: I, ii, iii João

9

Fora dEle há trevas espirituais.

Não há qualquer possibilidade de um verdadeiro

conhecimento de Deus sem a iluminação do

Espírito Santo, portanto é preciso que

permaneçamos nEle, para que Ele também

permaneça em nós.

É na união do Espírito Santo com o nosso espírito

que podemos ter o conhecimento por Sua

revelação ao nosso espírito, das coisas espirituais

que estão na pessoa de Deus, e que se discernem

somente espiritualmente.

Uma das principais coisas que os apóstolos viram

em relação à manifestação da vida eterna, por meio

de Cristo, é que a comunhão com Ele e com Deus

Pai gera a mais pura alegria espiritual (Jo 1.4).

Todos os que andarem na luz e que tiverem

comunhão com Deus haverão de experimentar esta

alegria.

A dispensação do evangelho não é uma dispensação

de terror e de tristeza, mas de paz e de alegria.

O terror que havia no Monte Sinai não existe para

aqueles que se aproximam do monte Sião, porque

aqui não se recebe a Lei escrita em tábuas de pedra,

mas escrita no novo coração, recebido na

regeneração pelo Espírito Santo.

O apóstolo João disse que é preciso andar na luz

para se ter comunhão com Deus e uns com os

outros.

Isto significa que é, portanto necessário, viver e

andar como nova criatura, e não na carne, segundo

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10

o velho homem, porque é desta forma que nos

voltamos do pecado para Deus, das trevas para a luz,

por coparticiparmos da Sua natureza divina, que é

quem na verdade triunfa sobre o pecado e a velha

natureza.

Como não há em Deus qualquer treva não é possível

ter comunhão com Ele se tivermos alguma treva em

nós.

A pessoa de Deus é ilustrada por uma luz pura, sem

qualquer obscurecimento.

Na verdade, não é possível contaminar a luz.

Não é possível sujar a luz.

Assim, se o ser de uma pessoa está na luz, isto

significa que não há impureza num tal espírito e

alma.

Esta é uma necessidade básica e importantíssima

para se ter uma verdadeira vida espiritual, que

cresça no conhecimento de Deus, e das realidades

relativas ao Seu reino.

O apóstolo estava vendo quanto os cristãos dos seus

dias estavam tentando tocar a vida cristã aparte da

comunhão espiritual necessária com o Pai e com o

Filho, e ainda que alguns estivessem se esforçando

neste sentido, estavam errando o alvo por não

levarem em conta a necessidade de se purificarem

do pecado, pela sua mortificação, para que pudesse

prevalecer neles o novo coração puro, recebido de

Deus na conversão.

O pecado deve receber a devida consideração da

parte dos cristãos.

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11

Eles não podem fechar os olhos para os seus

pecados e ainda assim tentarem agradar a Deus.

Eles já foram limpos pela Palavra do Senhor, mas

necessitam ainda lavarem continuamente os seus

pés, ou seja, mortificarem os resquícios do pecado

que permanecem na carne, enquanto vivem neste

mundo.

O Senhor viveu como pura luz neste mundo e

sempre foi e será pura luz.

João queria que todos os cristãos soubessem esta

verdade, para que também vivessem como luz,

andando na luz, ou seja, segundo a nova natureza,

impulsionada pelo Espírito Santo e pela Palavra de

Deus.

É por uma constante aproximação de nosso Senhor,

pela fé, que somos purificados continuamente pelo

Seu sangue.

Foi por este motivo que o apóstolo disse o seguinte:

“Se dissermos que temos comunhão com ele, e

andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a

verdade;” (v. 6).

E também:

“8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, nos

enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em

nós.

9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e

justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de

toda injustiça.

10 Se dissermos que não temos cometido pecado,

fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em

nós.” (v. 8, 10).

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12

João não está fazendo, como não poderia

fazer, qualquer apologia em favor do pecado, no

sentido de justificar o pecado ou mesmo o fato de

sermos pecadores.

Mas não poderia deixar de considerar a realidade de

que estamos sujeitos às tentações do diabo e da

carne, e do fascínio do mundo, e por isso,

necessitamos recorrer à fonte do sangue, da luz, que

é nosso Senhor Jesus Cristo, para sermos

purificados, pela mortificação do pecado, porque

Ele é o Cordeiro que tira o pecado de nós, que o

destrói, pelo lavar renovador e regenerador

do Espírito Santo, quando nos dispomos a

confessar que temos andado na carne, mas que não

estamos dispostos a seguir em tal inclinação carnal,

para que andemos no Espírito.

Como disse Paulo:

“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado,

para que abunde a graça?

De modo nenhum. Nós, que já morremos para o

pecado, como viveremos ainda nele?” (Rom 6.1,2).

Como ele prossegue nos ensinando na carta

aos Romanos, devemos entender que estamos

mortos com Cristo, que a Sua morte na cruz, foi

também a nossa morte, a morte do nosso velho

homem, para que não vivamos mais segundo a

inclinação da carne, mas segundo a do Espírito,

porque ressuscitamos para uma nova vida espiritual

que se chama novidade de vida, quando fomos

batizados na morte do Senhor, a qual é ensinada em

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13

figura no batismo das águas, assim como a

ressurreição para esta nova vida no Espírito.

Não há, portanto, mais nenhuma condenação ou

acusação contra o que é verdadeiramente cristão,

porque ele é considerado por Deus como

estando morto para tal viver na carne, tendo por

isso recebido a habitação do Espírito Santo no seu

novo nascimento.

O cristão é chamado a abandonar a vida que é

dirigida pelo pecado, porque não está mais debaixo

do domínio do pecado... o senhorio do pecado sobre

ele foi destruído por Cristo, que é agora o seu novo

Senhor, juntamente com a Sua graça.

Ele agora deve servir a Deus, à justiça do evangelho,

à vida que é segundo a piedade.

A confissão dos pecados não tem portanto o

objetivo de reduzirmos a influência do

pecado sobre nós, mas para que a luz e o sangue do

Senhor possam de fato exterminá-lo, pela sua

mortificação.

É preciso compreender que há uma pureza absoluta

na natureza de Deus, e que Ele requer também

pureza de nós, ainda que de caráter evangélico,

porque ela não existe em grau absoluto em nós neste

mundo, isto é, a nossa santificação é também de

caráter evangélico porque somos aceitos por Deus

pela nossa sinceridade e fé verdadeira em buscar

nEle tal pureza de coração, e não propriamente pelo

grau absoluto que ela exista em nós.

Na verdade não existe esta pureza no nosso coração

que é corrupto mais do que todas as coisas, e por

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14

isso é trocado por Deus de coração de pedra, para

coração de carne.

Isto não vem de nós, e nem se encontra em nós,

porque o recebemos do alto, do Senhor mesmo, pela

fé.

Por isso é preciso estar nEle para que sejamos

purificados.

É andando na luz, no Espírito Santo, numa fé

sincera, com uma boa consciência na nossa busca

do Senhor em espírito, que o Espírito Santo realiza

o trabalho da nossa purificação, através da

manifestação do Seu poder.

Por isso o apóstolo diz que são mentirosos todos

aqueles que dizem que têm tido comunhão com

Deus, mas nos quais falta esta sinceridade para

deixarem toda forma de impureza e pecado, porque

isto comprova obviamente que não estão andando

no Espírito, mas segundo a carne.

A muito mais se referiu João dizendo que caso

tentemos esconder a nossa condição de estar

vivendo deliberadamente na prática do pecado, e ao

mesmo tempo, afirmamos que não temos cometido

pecado, não somente somos mentirosos, como

chamamos a Deus de mentiroso indiretamente com

a nossa atitude, porque Ele afirma expressamente na

Sua Palavra que todos os homens são pecadores e

são purificados dos seus pecados somente pelo

sangue de Jesus.

Por isso o apóstolo disse que a palavra de Deus não

está em nós quando dizemos que não temos

cometido pecado, quando na verdade

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15

permanecemos na prática deliberada do pecado (v.

10).

Porque se a Palavra estivesse habitando ricamente

em nós, não teríamos esta atitude, porque seríamos

convencidos pela Palavra acerca da nossa real

condição, e nos arrependeríamos e buscaríamos a

graça do Senhor para sermos purificados.

“1 O que era desde o princípio, o que ouvimos, o

que vimos com os nossos olhos, o que

contemplamos e as nossas mãos apalparam, a

respeito do Verbo da vida

2 (pois a vida foi manifestada, e nós a temos visto,

e dela testificamos, e vos anunciamos a vida eterna,

que estava com o Pai, e a nós foi manifestada);

3 sim, o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos,

para que vós também tenhais comunhão conosco; e

a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho

Jesus Cristo.

4 Estas coisas vos escrevemos, para que a nossa

alegria seja completa.

5 E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos

anunciamos: que Deus é luz, e nele não há trevas

nenhuma.

6 Se dissermos que temos comunhão com ele, e

andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a

verdade;

7 mas, se andarmos na luz, como ele na luz está,

temos comunhão uns com os outros, e o sangue de

Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.

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8 Se dissermos que não temos pecado nenhum,

enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está

em nós.

9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e

justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de

toda injustiça.

10 Se dissermos que não temos cometido pecado,

fazemô-lo mentiroso, e a sua palavra não está em

nós.”

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17

I João 2

Uma Questão de Vida e Não de Religião

O primeiro versículo do segundo capítulo de I João

nos mostra de forma muito direta e clara qual é o

caráter da santificação evangélica, isto é, a

santidade que temos por meio da fé no evangelho, e

não por tê-la na nossa própria natureza terrena.

João mostra que o caráter desta santificação é uma

posição firme e resoluta contra qualquer forma de

pecado:

“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que

não pequeis;” (v. 1a).

Mas como ainda estamos na carne neste mundo ele

admite que sempre haverá necessidade de se

mortificar o pecado, pelo trabalho de crucificação

do carregar diário da cruz, e da confiança no

trabalho de Cristo como nosso Sumo Sacerdote e

Advogado à direita do Pai.

Então ele diz:

“mas, se alguém pecar, temos um Advogado para

com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” (v. 1b).

Aqui se demonstra melhor o caráter da santificação

evangélica, a saber, o fato de termos em Cristo um

intercessor e um mediador para a purificação de

todos os nossos pecados.

Então há esta oportunidade para uma constante

restauração e renovação espiritual, que está baseada

Page 18: I, ii, iii João

18

no sangue que Jesus derramou por nós na cruz, e no

seu trabalho como nosso Advogado à direita do Pai.

Assim temos esperança e confiança apesar de nos

ser exigido que não se faça qualquer concessão ao

pecado, ou que se tenha qualquer atitude indulgente

em relação às nossas fraquezas, as quais são obras

da carne, do velho homem, porque a nova criatura

é perfeita em santidade, e caso estivéssemos de fato

andando no Espírito, não estaríamos vivendo em

pecados, produzidos pela carne.

Por isso é requerida plena diligência, daqueles que

querem agradar a Deus e serem usados por Ele na

obra do evangelho (II Timóteo 2.21-26).

Aliás, este é o modo de vida que está proposto por

Deus para todos os cristãos, de forma que João se

dirigiu a todos eles quando lhes exortou a não

pecarem.

Porque o pecado, o diabo e o mundo nos

assediam bem de perto, sempre esperando a

oportunidade de nos levar a pecar.

Requer constante vigilância e oração para um viver

vitorioso sobre a carne, para que a carne seja

mantida na condição de ter sido crucificada em nós

juntamente com suas paixões e cobiças, pela nossa

identificação com a morte de Cristo.

Disto depende a manutenção da nossa preciosa

comunhão com o Deus Altíssimo.

Os cristãos podem se aproximar com confiança para

serem purificados de seus pecados, porque há um

Advogado de defesa no tribunal celestial

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19

constituído para defendê-los das acusações de

Satanás contra eles, por causa dos seus pecados.

Cristo não perderá uma só causa daqueles que se

aproximam dEle pedindo que seus pecados sejam

perdoados.

Ele os perdoará, defenderá e absolverá.

Não há outro Advogado que possa defender a nossa

causa porque somente Cristo morreu por nós.

Ele é a propiciação pelos nossos pecados que foi

inteiramente aceita pelo Pai, isto é, Ele próprio foi a

única oferta que Deus aceitou como sacrifício para

satisfazer inteiramente a Sua justiça que determina

a morte espiritual do pecador (morte espiritual =

falta de conhecimento de Deus e de comunhão com

Ele).

Morrendo no nosso lugar, Cristo satisfez então

inteiramente à justiça de Deus.

É neste sentido que Ele não é somente a propiciação

pelos pecados dos que se encontravam salvos nos

dias de João, mas de todos aqueles que viessem a se

salvar depois deles (I João 2.2a).

João falou sobre o modo como os cristãos devem

caminhar neste mundo, a saber, na luz.

De maneira que aquele que diz que está andando na

luz, deve viver e agir conforme está prescrito na

Palavra de Deus.

Jesus deixou mandamentos para serem guardados

pelos seus discípulos.

Estes mandamentos foram registrados pelos

apóstolos nos Evangelhos e nas epístolas, enquanto

viviam, de modo que o testemunho da verdade

Page 20: I, ii, iii João

20

permanecesse entre nós, em todas as épocas da

história da Igreja.

Cristo requer obediência a esta Palavra que Ele

ordenou que deveria ser guardada por nós.

A falta de obediência a esta Palavra impede o

conhecimento e o crescimento neste conhecimento

de Cristo (I Jo 2.3).

João acrescenta o argumento de que aquele que diz

que tem conhecido a Cristo, mas que não guarda

efetivamente os Seus mandamentos é mentiroso,

porque não está andando na verdade (v. 4), uma vez

que a única verdade relativa à vida com Deus está

somente na Palavra de Cristo, e se nós não estamos

guardando esta Palavra, dá-se, por conseguinte que

não estamos vivendo na verdade, em vidas

santificadas, mas no erro, de um viver segundo a

carne.

Não mentimos que não temos a vida do Espírito,

porque como cristãos a possuímos, mas mentimos

quanto ao fato de dizermos que andamos na luz, ou

seja, no Espírito, porque se estivéssemos andando

no Espírito, as obras da carne não prevaleceriam

sobre nós.

Assim é somente naqueles que guardam a Palavra

de Cristo que o amor de Deus é aperfeiçoado,

porque revelará e manifestará somente a estes a Sua

graça e poder.

Segundo João é por este meio que podemos saber

que estamos de fato no Senhor, porque aquele que

diz que está nEle, deve ser um imitador de Cristo

quanto ao modo de vida que Ele viveu (v. 5, 6).

Page 21: I, ii, iii João

21

A graça produz somente santidade.

A nova criatura não tem pecado, ou seja, a nova

natureza recebida do Espírito Santo na conversão.

Assim, se estamos vivendo segundo a nova

natureza, comprovamos que temos vencido o

pecado, porque este é o único modo dele ser

vencido.

Então é nisto que consiste o caminhar na luz

referido pelo apóstolo no capítulo anterior.

O Espírito Santo revelará aos que caminham de tal

modo o real significado dos mandamentos de

Cristo, e lhes capacitará a viverem em

conformidade com estes mandamentos, como por

exemplo, o de se autonegarem, carregarem a cruz, e

seguirem a Cristo diariamente, sobretudo o de

serem batizados e cheios do Espírito, e de andarem

no Espírito para serem purificados, renovados e

capacitados com poder para fazer a vontade de

Deus, abundando em boas obras.

Muitos alegam terem grande conhecimento dos

mistérios divinos; e conseguem fazer com que

muitas pessoas fiquem aprisionadas às suas

imaginações sedutoras, mas não é tanto ao que

afirmam que devemos dar atenção, mas ao fruto da

vida destas pessoas, se está de acordo com os

mandamentos de Cristo.

É pelo fruto que se conhece a árvore.

Certamente, se o seu caminhar não é um caminhar

segundo Cristo, e não andam como Ele andou; as

palavras não serão também inteiramente

correspondentes à verdade, porque Deus não lhes

Page 22: I, ii, iii João

22

concederá o verdadeiro conhecimento que é

possível somente por iluminação do Espírito.

Logo, quem está andando na luz é porque está

obedecendo à verdade; não a verdade que se alega

ser a verdade, por se imaginar na mente o que ela

seja, e que não está plenamente em conformidade

com o verdadeiro significado da revelação escrita

na Bíblia, que importa ser conhecido por revelação

do Espírito Santo ao nosso espírito.

Sem esta iluminação do Espírito todo o nosso

conhecimento das Escrituras pode ser falso ou

ineficaz.

Por isso há muitos que se declaram ortodoxos, e

fazem muitas feridas nas almas de homens piedosos

com o seu falso conhecimento ineficaz, porque é

mera letra segundo a sua própria compreensão

carnal, de uma Palavra que é espírito e vida, e que

importa ser aprendida e vivida em humildade e

submissão a Cristo, para que se tenha a instrução,

direção e capacitação do Espírito para não somente

entendê-la, mas também praticá-la.

Uma das características apontadas por João como

conhecimento e prática verdadeiros da Palavra é o

aperfeiçoamento no amor de Deus (v. 5), não no

amor natural, mas no amor espiritual de Deus.

No amor ágape.

Isto significa que aquele que tem realmente

obedecido a Palavra terá isto manifestado num viver

sobrenatural em amor a Deus e a seus irmãos em

Cristo.

Page 23: I, ii, iii João

23

Um amor de comunhão espiritual como o apóstolo

se referiu no primeiro capítulo, porque está de fato

caminhando na luz e na verdade.

Jesus colocou um desprezo no amor natural que é

inconstante e mutável, que pode inclusive se

transformar em ódio, quando disse que aqueles que

amam aos que lhes amam nada fazem demais com

isto, porque este é o amor natural que se manifesta

somente quando tudo vai bem no relacionamento.

Mas, para mostrar que é preciso amar com um amor

superior a este e que permanece para a eternidade,

ele disse que devemos amar os nossos inimigos,

porque somente com o amor espiritual que procede

de Deus é possível amá-los (Mt 5.44-48).

Um dos grandes inimigos e impedimento para o

amor cristão é o amor ao mundo.

Por isso o apóstolo alertou os cristãos quanto a isto

nos versos 12 a 17.

Os cristãos tiveram os seus pecados perdoados por

Cristo (v. 12).

Especialmente os cristãos maduros têm conhecido o

modo pelo qual importa que Deus seja servido, por

terem as suas faculdades exercitadas para

discernirem tanto o bem quanto o mal, e por isso

João os chama de pais, porque são como

verdadeiros chefes da família de Cristo (v. 13a).

Os jovens, apesar de não terem a mesma

experiência, têm, tanto quanto eles, já vencido o

Maligno, porque todos os que estão em Cristo não

estão mais sob o domínio de Satanás, já não

pertencem mais ao seu reino de trevas (v. 13 b).

Page 24: I, ii, iii João

24

Mas, apesar deste conhecimento de Cristo, desta

vitória sobre os poderes das trevas, desta força na

graça do Senhor, os cristãos devem se guardar de

muitas coisas para permanecerem num viver de

verdadeira vitória espiritual, e uma destas coisas é

se guardarem de amar o mundo (v. 15 a 17).

Todos devem se guardar do fascínio das coisas que

há no mundo, tanto cristãos jovens quanto velhos,

experientes e inexperientes, porque é possível

apagar o amor de Deus em nossos corações por

causa deste amor ao mundo.

Tudo aquilo que nós amarmos acima de Deus passa

a ser idolatria e ele não pode tolerar isto porque deve

ser amado acima de todas as coisas.

O amor ao mundo é inconsistente com o amor de

Deus.

Ninguém pode amar a dois senhores. Ou se ama ao

Senhor ou às riquezas. Deus é completamente

incompatibilizado com Mamon.

Nós somos provados na nossa fé e no nosso amor ao

Senhor pelas coisas que há no mundo, de modo que

demonstremos na prática se amamos mais as

criaturas do que ao Criador.

Se é o mundo que recebe a maior parte dos nossos

afetos, consequentemente nós deixaremos o Senhor

num segundo plano, e isto é inverter a ordem da

criação, porque importa que Ele tenha a maior parte

dos nossos afetos, para que possamos ter os nossos

afetos pelas demais pessoas e coisas manifestado

numa forma equilibrada e ordenada.

Page 25: I, ii, iii João

25

Por isso Jesus disse que não somos dignos dele, e

não poderemos segui-lo, se amarmos mais aos

nossos entes queridos e até a nós mesmos, mais do

que a Ele.

Depois de ter alertado a Igreja quanto ao perigo do

amor ao mundo, João falou do mistério da

iniquidade, daqueles que têm um espírito anticristo

aos quais João chamou de anticristos, porque o

escárnio e blasfêmias deles contra tudo o que é de

Deus e que é santo será revelado em toda a sua força

e plenitude quanto o Anticristo se manifestar sobre

a terra.

Assim, estes blasfemadores, desde há muito, estão

preparando o caminho para ele.

Estes são aqueles que foram plantados como joio na

Igreja pelo Inimigo para o propósito mesmo de

aprenderem sobre as coisas de Deus para logo

depois saírem blasfemando contra estas coisas (v.

18,19).

Não são poucos aqueles que ao longo da história da

Igreja têm agido desta forma a serviço de Satanás

para o seu grande propósito de blasfemar de modo

contundente e generalizado no futuro contra o nome

de Deus em toda a terra através do Anticristo e dos

seus seguidores.

É por esta razão que vemos a iniquidade se

multiplicando, e não diminuindo, à medida que o

tempo tem avançado.

Estes que apostataram do seio da Igreja e saíram

falando contra Cristo, na verdade nunca O

Page 26: I, ii, iii João

26

conheceram, e eram hipócritas na profissão de fé

que fizeram (v. 19).

Finalmente, o apóstolo advertiu contra o perigo da

apostasia de verdadeiros cristãos, por se deixarem

arrastar pelo erro destes insubordinados (v. 20 a 29).

Os cristãos verdadeiros têm a unção do Espírito

Santo e conhecem a verdade conforme são

ensinados pelo Espírito.

Portanto devem permanecer naquilo que ouviram

dos apóstolos (e que hoje temos na forma escrita,

como nesta epístola de João).

É permanecendo na Palavra do Senhor que

permanecemos nEle (v. 24, 27).

Por isso Jesus disse que se nós permanecêssemos na

Sua Palavra, permaneceríamos consequentemente

nEle e no Seu amor (João 15.7-10).

Os cristãos devem permanecer na unção do Espírito

que lhes ensina a verdade de Deus, para que não

venham a ser enganados (v. 26).

Se entristecerem o Espírito com os seus pecados,

por um viver carnal, não poderão contar com a

permanência nesta unção.

O assunto da nossa relação com Cristo Jesus é vida

eterna (v. 25) e por isso não devemos nos deixar

entreter ou enganar por meros debates relativos à

religião que nos afastem deste alvo supremo da

promessa de Deus para os cristãos em Cristo Jesus.

Ninguém se iluda com um ensino que glorifica a

Deus Pai e que desonra a Jesus Cristo, porque o

próprio Pai tem determinado que será honrado pela

honra que for dada ao Filho (João 5.23).

Page 27: I, ii, iii João

27

Tal é o ensino de muitos que rebaixam a Cristo da

sua condição de verdadeiro Deus que Ele é, junto

com o Pai e o Espírito Santo.

Por isso João afirmou no verso 23 deste capítulo:

“Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai;

aquele que confessa o Filho, tem também o Pai.”

Isto é mais do que confissão religiosa, porque é

confissão de testemunho em progresso em

santificação por permanecer na verdade da Palavra

por meio do poder do Espírito.

É assim que o cristão deve viver: se preparando para

o seu encontro com o Senhor.

Santificação é um assunto de permanecer no

Senhor, santos, inculpáveis e irrepreensíveis (v. 28)

para que Ele seja glorificado no modo pelo qual

vivemos neste mundo demonstrando a eficácia do

poder operante da Sua graça em nós.

Esta santificação consiste num caminhar na justiça

do evangelho, assim como o nosso Senhor é justo

(v. 29).

Aquele no qual estiverem faltando estas coisas será

vã a sua religião, por mais religioso que ele possa

ser.

“1 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para

que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um

Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.

2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não

somente pelos nossos, mas também pelos de todo o

mundo.

Page 28: I, ii, iii João

28

3 E nisto sabemos que o conhecemos; se guardamos

os seus mandamentos.

4 Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os

seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a

verdade;

5 mas qualquer que guarda a sua palavra, nele

realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E

nisto sabemos que estamos nele;

6 aquele que diz estar nele, também deve andar

como ele andou.

7 Amados, não vos escrevo mandamento novo, mas

um mandamento antigo, que tendes desde o

princípio. Este mandamento antigo é a palavra que

ouvistes.

8 Contudo é um novo mandamento que vos escrevo,

o qual é verdadeiro nele e em vós; porque as trevas

vão passando, e já brilha a verdadeira luz.

9 Aquele que diz estar na luz, e odeia a seu irmão,

até agora está nas trevas.

10 Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e

nele não há tropeço.

11 Mas aquele que odeia a seu irmão está nas trevas,

e anda nas trevas, e não sabe para onde vai; porque

as trevas lhe cegaram os olhos.

12 Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos

pecados são perdoados por amor do seu nome.

13 Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele

que é desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo,

porque vencestes o Maligno.

14 Eu vos escrevi, filhinhos, porque conheceis o

Pai. Eu vos escrevi, pais, porque conheceis aquele

Page 29: I, ii, iii João

29

que é desde o princípio. Eu escrevi, jovens, porque

sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós,

e já vencestes o Maligno.

15 Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se

alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.

16 Porque tudo o que há no mundo, a

concupiscência da carne, a concupiscência dos

olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim

do mundo.

17 Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas

aquele que faz a vontade de Deus, permanece para

sempre.

18 Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme

ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos

se têm levantado; por onde conhecemos que é a

última hora.

19 Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos;

porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido

conosco; mas todos eles saíram para que se

manifestasse que não são dos nossos.

20 Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e

todos tendes conhecimento.

21 Não vos escrevi porque não soubésseis a

verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma

mentira vem da verdade.

22 Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que

Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse

que nega o Pai e o Filho.

23 Qualquer que nega o Filho, também não tem o

Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai.

Page 30: I, ii, iii João

30

24 Portanto, o que desde o princípio ouvistes,

permaneça em vós. Se em vós permanecer o que

desde o princípio ouvistes, também vós

permanecereis no Filho e no Pai.

25 E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.

26 Estas coisas vos escrevo a respeito daqueles que

vos querem enganar.

27 E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica

em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos

ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito

de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira,

como vos ensinou ela, assim nele permanecei.

28 E agora, filhinhos, permanecei nele; para que,

quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e

não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda.

29 Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele

que pratica a justiça é nascido dele.”.

Page 31: I, ii, iii João

31

I João 3

Andar Como Filhos da Luz

O terceiro capítulo de I João é um desdobramento

e aprofundamento das coisas ensinadas nos

capítulos anteriores.

João começa afirmando a união vital e filial que há

entre o cristão e Deus.

O caráter desta união vital e filiação é em amor

espiritual.

Aqueles que amam o mundo não podem

permanecer neste amor, conforme o próprio Cristo

ensinou aos seus apóstolos.

A plenitude desta paternidade divina e desta filiação

dos cristãos a Deus será vista em plenitude quando

Cristo se manifestar na Sua volta.

Mas ainda que venhamos a trazer a plenitude da

imagem e semelhança com Cristo somente na Sua

volta, nós já somos filhos de Deus presentemente e

esta imagem e semelhança está sendo implantada

em nós pelo trabalho da graça, mediante o poder do

Espírito.

De forma que todos os que são de fato de Cristo e

que aguardam por esta perfeição absoluta na glória,

comprovam que a sua filiação a Deus é verdadeira

pelo fato de se purificarem, pela santificação do

Espírito, pela Palavra, porque o seu Senhor é

inteiramente puro (I João 3.3).

Page 32: I, ii, iii João

32

Todos aqueles que se rebelam contra este ensino

relativo à verdade da necessidade da nossa

santificação progressiva, e que permanecem na

prática habitual do pecado estão em estado de

rebeldia contra Deus, porque Ele classifica o pecado

como rebelião à Sua santa vontade (I JO 3.4).

Os cristãos que não se purificam viverão na Igreja,

em seus lares ou onde quer que seja como se fossem

pessoas do mundo, porque aqueles que resistem à

obra de santificação pelo Espírito, serão achados

vivendo seguindo a inclinação da carne e não a do

Espírito, e sabemos que a carne é inimizade contra

Deus, e não está sujeita à Lei de Deus e nem mesmo

pode estar, conforme dizer do apóstolo Paulo.

Os que estão na carne não podem ter prazer nas

coisas de Deus.

Definitivamente os cristãos devem abandonar toda

forma de impureza para que possam agradar

verdadeiramente ao Senhor.

Enquanto permanecerem rebeldes contra este

mandamento, não receberão graça da Sua parte

tanto para viverem em vitória, sobre estas

impurezas das quais devem se despojar por um

andar no Espírito, quanto para praticarem o que é

exigido deles em relação às boas obras de justiça,

como fruto de uma fé viva e operante.

Aqueles que vivem pela esperança de que serão um

dia completamente santos, devem viver de modo

digno desta esperança, a saber, purificando a si

mesmos no temor de Deus.

Page 33: I, ii, iii João

33

Nós vivemos em dias difíceis porque a teologia

liberal conseguiu triunfar obscurecendo a verdade

bíblica da diligência e perseverança para a

santificação pelo Espírito.

O apóstolo diz que Jesus se manifestou exatamente

para tirar os nossos pecados, e isto porque nEle não

há nenhum pecado (v. 5).

De modo que todo aquele que permanece de fato

nEle não viverá pecando; não terá o hábito de pecar,

mas o de se santificar (v. 6a).

Mas todos os que vivem na prática deliberada do

pecado não têm visto nem conhecido ao Senhor,

porque se o tivessem de fato visto e conhecido se

santificariam, porque seriam convencidos disto e

impelidos a isto, pelo Espírito, não apenas em suas

mentes, mas pelo mover e revelação do Espírito em

seus espíritos lhes incentivando a se santificarem (v.

6).

O mover do Espírito no interior do cristão o

conduzirá a se interessar pela causa da justiça

evangélica e a praticar a justiça, porque o Senhor é

justo.

Pelo Espírito, o cristão que se santifica aborrecerá o

mal e amará o bem (v. 7).

Se o pai do pecado é o diabo, como podem aqueles

que afirmam serem filhos de Deus permanecerem

na prática deliberada do pecado?

Jesus se manifestou exatamente para destruir as

obras do diabo, então nenhum cristão pode justificar

o ato de permanecer na prática deliberada do pecado

(v. 8).

Page 34: I, ii, iii João

34

Se forem genuínos eleitos, serão disciplinados e

corrigidos por Deus, porque conforme o dizer

do autor de Hebreus, não são bastardos mas filhos.

Aqueles que são do diabo fazem as obras do diabo,

assim como aqueles que são de Deus fazem as obras

de Deus.

Os filhos de Deus devem ser imitadores das obras

do seu Pai, não simplesmente por uma questão de

dever moral, mas pelo fato de ter sido implantada

neles uma nova natureza na regeneração do

Espírito, que é a semente de vida eterna semeada

neles.

Esta semente é santa e incorruptível.

Ela não pode ser destruída.

De forma que onde há esta semente haverá uma

chamada para um crescimento em santidade, e não

para a permanência na prática do pecado (v. 9).

Então, esta divina semente que é uma nova natureza

no cristão há de manifestar neles a sua filiação com

Deus, e praticarão a justiça e amarão os seus irmãos

(v. 10).

Por isso é absolutamente necessário que sejam

instruídos na sã doutrina, que lhes ensinará estas

verdades, para que nunca se desviem da maneira

pela qual importa viverem.

Um falso ensino poderá fazer com que esta semente

de vida eterna fique abafada e não germine

produzindo os devidos frutos.

Como dissemos antes, o caráter da união dos

cristãos com Cristo é vital.

É uma relação de Vida gerando vida.

Page 35: I, ii, iii João

35

De Vida espiritual e eterna que se manifesta na

nossa vida.

Não é apenas mero relacionamento social.

O relacionamento dos cristãos com Cristo e uns com

os outros é um relacionamento de manifestação de

vida, que gera comunhão e comunicação espiritual

de uns com os outros, porque formam no Senhor,

um só espírito com Ele (I Cor 6.17).

De modo que onde houver um verdadeiro mover do

Espírito há de se sentir esta unidade espiritual entre

os cristãos e Deus, e deles entre si.

Os que são como Caim estarão para sempre a

serviço do diabo e não podem amar com o amor de

Cristo.

Mas, se ordena aos cristãos que se amem uns aos

outros (v. 11), porque não são do Maligno como

Caim, mas de Deus.

Os que permanecem se identificando com as obras

das trevas, que não vêm para a luz de Jesus, são

chamados por Jesus, e pelo apóstolo, de filhos do

diabo, porque gostam de fazer as mesmas obras que

ele faz.

Mas, os que são de Deus são como Abel, que foi

morto por seu irmão Caim, porque suas obras eram

justas e as do seu irmão eram más (v. 12).

Os cristãos, especialmente depois de serem usados

por Deus trazendo danos ao reino de Satanás,

poderão provar as investidas que Satanás procurará

fazer contra eles através destes seus instrumentos

humanos, para tentar intimidá-los a não

Page 36: I, ii, iii João

36

prosseguirem adiante na sua consagração à vontade

do Senhor (v. 13).

No entanto, por maiores que sejam as investidas de

Satanás contra os cristãos, diretamente ou através

daqueles que estão debaixo da sua influência, eles

sabem que já passaram da morte para a vida

exatamente por causa deste amor e comunhão

espiritual que privam com seus irmãos, que é uma

das provas que têm a habitação do Espírito Santo

em seus corações (v. 14).

Tendo falado do ódio do mundo pelos cristãos, João

se apressou em esclarecer qual deve ser a atitude dos

cristãos, em sentido contrário, em relação ao

mundo.

Eles são odiados pelo mundo, mas devem amar a

todos os que estão no mundo, sejam cristãos ou não,

amigos ou inimigos.

Eles devem imitar o exemplo deixado pelo próprio

Cristo que fez o bem a todos os homens, sem

distinção, em Seu ministério terreno.

Deus é amor em Sua natureza, e foi por isso que

João disse que todo aquele que odeia a seu irmão é

homicida, e nenhum homicida pode ter a vida eterna

permanecendo nele (v. 15).

Um verdadeiro cristão não odiará a seu irmão,

porque o Espírito que nele habita lhe conduzirá a

amar a todos os que são nascidos de Deus tal como

ele.

Se Cristo deu a Sua vida pelos que são Seus, então

é um dever de todo cristão amar como Cristo nos

Page 37: I, ii, iii João

37

amou e dar a vida pelos seus irmãos, assim como

Ele deu a sua vida por nós (v. 16).

Este amor cristão se manifestará de modo prático no

atendimento de necessidades, inclusive materiais

(v. 17, 18).

Então, se amarmos, não somente saberemos que

somos da verdade, isto é, que somos de fato filhos

de Deus, como também teremos uma boa

consciência perante o Senhor, de modo que o nosso

coração não nos condenará, mas ainda que a nossa

consciência não seja uma boa consciência, não pelo

motivo de não estarmos cumprindo o nosso dever,

mas por ser uma consciência fraca e sensível, que

nos condene injustamente, maior é o testemunho de

Deus, de que nos tem dado a capacidade de amar e

de fazer o que Lhe é agradável (v 19, 20).

Entretanto, é importante cultivar uma boa

consciência de forma que o nosso coração não nos

condene, por estarmos cumprindo aquilo que nos

tem sido ordenado por Deus em relação a amarmos

os nossos irmãos, de modo que teremos confiança

para com Ele em tudo o que lhe pedirmos, sabendo

que Ele ouvirá as nossas orações porque temos

guardado os seus mandamentos e feito o que é

agradável diante dos Seus olhos, especialmente no

que se refere a mantermos a unidade do corpo de

Cristo, que é a Igreja (v. 21, 22).

Afinal, tudo o que temos foi recebido pela graça.

Page 38: I, ii, iii João

38

“1 Vede que grande amor nos tem concedido o Pai:

que fôssemos chamados filhos de Deus; e nós o

somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque

não conheceu a ele.

2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não

é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos

que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes

a ele; porque assim como é, o veremos.

3 E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se

a si mesmo, assim como ele é puro.

4 Todo aquele que vive habitualmente no pecado

também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.

5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os

pecados; e nele não há pecado.

6 Todo o que permanece nele não vive pecando;

todo o que vive pecando não o viu nem o conhece.

7 Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a

justiça é justo, assim como ele é justo;

8 quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo

peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se

manifestou: para destruir as obras do Diabo.

9 Aquele que é nascido de Deus não peca

habitualmente; porque a semente de Deus

permanece nele, e não pode continuar no pecado,

porque é nascido de Deus.

10 Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os

filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de

Deus, nem o que não ama a seu irmão.

11 Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o

princípio, que nos amemos uns aos outros,

Page 39: I, ii, iii João

39

12 não sendo como Caim, que era do Maligno, e

matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as

suas obras eram más e as de seu irmão justas.

13 Meus irmãos, não vos admireis se o mundo vos

odeia.

14 Nós sabemos que já passamos da morte para a

vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama

permanece na morte.

15 Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós

sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna

permanecendo nele.

16 Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua

vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos.

17 Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu

irmão necessitando, e fechar-lhe o seu coração,

como permanece nele o amor de Deus?

18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem de

língua, mas por obras e em verdade.

19 Nisto conheceremos que somos da verdade, e

diante dele tranquilizaremos o nosso coração;

20 porque se o coração nos condena, maior é Deus

do que o nosso coração, e conhece todas as coisas.

21 Amados, se o coração não nos condena, temos

confiança para com Deus;

22 e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a

receberemos, porque guardamos os seus

mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua

vista.

23 Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no

nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns

aos outros, como ele nos ordenou.

Page 40: I, ii, iii João

40

24 Quem guarda os seus mandamentos, permanece

em Deus e Deus nele. E nisto conhecemos que ele

permanece em nós: pelo Espírito que nos tem dado.”

Page 41: I, ii, iii João

41

I João 4

Não podemos esquecer que João começou esta

epístola falando sobre a encarnação do Verbo (Jesus

Cristo) para dar vida eterna aos homens que se

convertem do mundo a Ele.

É isto que João tinha em perspectiva ao escrever

tudo o que há nesta epístola.

Ele pretendia deixar registrado de modo muito claro

que toda negação da pessoa de Cristo e da Sua obra,

significa rejeitar a própria salvação, a vida eterna, o

amor sobrenatural de Deus, a habitação do Espírito

Santo, e tudo o mais que se refira aos dons que Deus

tem doado pela graça aos que creem em Cristo,

porque é somente nEle que é possível ter acesso a

todas estas realidades espirituais.

Se negamos a Cristo, negamos a possibilidade de ter

vida eterna, porque isto é possível somente por uma

conhecimento íntimo e pessoal do Senhor pela

participação da Sua própria vida.

É isto em resumo que João vinha dizendo ao longo

da sua epístola e que continuou dizendo neste

capítulo, conforme veremos adiante.

Como toda a vida que temos recebido pela fé é

espiritual e revelada pelo Espírito, porque a carne

para nada aproveita senão para gerar o que é terreno

e carnal, devemos ter muito cuidado em provar os

espíritos para saber sua a procedência, se são

espíritos enganosos, ou se são espíritos que

procedem de Deus.

Page 42: I, ii, iii João

42

Os espíritos dos falsos profetas que já se

encontravam em operação nos dias apostólicos não

provinham de Deus, porque não eram movidos pelo

Espírito Santo, e não davam testemunho da verdade

(v. 1).

Os gnósticos estavam atacando a Igreja nos dias de

João afirmando que Jesus não havia encarnado, e

então o apóstolo os classificou também como

espíritos que não eram de Deus, porque todo

espírito que é movido pelo Espírito de Deus

confessa que Jesus veio a este mundo e encarnou

para morrer pelos pecadores (v. 2, 3).

Estes gnósticos que negavam a encarnação de Jesus

foram chamados por João de espíritos do anticristo,

porque todos estes espíritos que se opõem ao

evangelho de Cristo e ao próprio Cristo estão

operando no mundo para dar sustentação às

blasfêmias do Anticristo quando ele se manifestar

(v. 3).

O espírito da falsidade e do engano que opera no

mundo e que se levanta contra a verdade de Deus

revelada em Cristo está agindo mas não fora do

controle do Espírito Santo que opera na Igreja e é

mais poderoso do que todos estes espíritos

enganosos, que operam no mundo, seja de

demônios seja de homens; de modo que não

poderão prevalecer contra a Igreja, porque os

crentes são assistidos pelo Espírito Santo que os

conduz em vitória sobre estes espíritos do engano

(v. 4).

Page 43: I, ii, iii João

43

Como estes espíritos são do mundo, e não são

inspirados pelo Espírito que nos foi dado do alto,

falam somente das coisas que são deste mundo

porque não podem discernir e conhecer as coisas

que são espirituais, celestiais e divinas.

Eles são ouvidos por aqueles que são do mundo

porque eles próprios são também do mundo. Eles

não são de Deus (v. 5).

Os que são do mundo não ouvem aqueles que são

de Deus, porque estes falam a verdade, movidos

pelo Espírito, e o mundo não ama a verdade senão a

mentira, por isso os que são do mundo dão ouvidos

aos espíritos do erro (v. 6).

Mas os que são pela verdade ouvirão aqueles que

pregam pelo Espírito Santo. Os que conhecem a

Deus ouvem aqueles que são de Deus, mas quem

não é de Deus não pode ouvi-los, porque as coisas

de Deus se entendem somente pelo Espírito, de

forma que aqueles que resistem ao Espírito não

podem conhecer a Deus e ouvir e entender as coisas

que são de Deus (v. 6).

O crente ama, e especialmente os seus irmãos em

Cristo. É fácil portanto de identificar quem é de

Deus, porque os que conhecem a Deus amam os

seus irmãos na fé. Quem não ama os crentes não

conhece a Deus, porque aquele que é nascido de

Deus amará a todos os que forem também nascidos

dEle (v. 7 a 9).

Jesus veio para nos desarraigar deste mundo

tenebroso. Assim, todo espírito que estiver a serviço

Page 44: I, ii, iii João

44

de Deus pregará e ensinará isto. Mas todo espírito

do mundo ama o mundo e prega e ensina o amor ao

mundo. Eles pensam somente no que é mundano e

o seu coração cogita somente sobre as coisas que

são do mundo. O seu coração está viciado em

pompa, prazer, dinheiro, fama e tudo o mais que é

deste mundo. Eles falam portanto daquilo que é do

mundo porque a boca fala daquilo que o coração

está cheio.

O reino de Jesus não é deste mundo e os crentes

apesar de estarem no mundo não são do mundo

tanto quanto não é o seu Senhor. Os crentes

buscarão em primeiro lugar o reino de Deus e os

interesses do Seu reino, que como dissemos, não é

deste mundo.

O mundo não pode viver no amor de Deus porque

este amor é conhecido por uma experiência pessoal

com o Espírito Santo que é quem derrama este amor

sobrenatural nos nossos corações.

Por isso João continuou dissertando sobre o amor de

Deus nos versos restantes deste capítulo. Ele tinha

convivido pessoalmente com Cristo em Seu

ministério terreno e havia testemunhado

pessoalmente que Ele não tinha somente amor, mas

que era o próprio amor, de modo que afirma que

Deus é amor (v. 8, 16).

O amor verdadeiro espiritual que é comunicado aos

crentes procede de Deus que é a fonte deste amor.

O Espírito Santo é Espírito de amor. A nova

natureza nos crentes é resultante deste amor do

Page 45: I, ii, iii João

45

Espírito. O fruto do Espírito é amor (Gál 5.22). O

amor procede do céu.

Então João disse que aquele que não ama com este

amor que procede do céu não conhece a Deus,

porque Deus é amor (v. 8).

E o grande argumento que comprova o amor de

Deus para conosco é que Ele enviou Jesus ao mundo

para que pudéssemos viver por meio dEle (v. 9), isto

é, Ele não veio e nos deu vida e se foi, mas nos

mantém vivos e não mortos, porque nos sustenta no

Seu próprio ser, assim como uma gestante carrega o

seu filho no ventre. Nós temos vida em Cristo

estando ligados vitalmente a Ele, e isto é feito por

uma ligação real e consciente do Senhor em relação

a nós, num trabalho amoroso e paciente que está

operando a nossa transformação em Seu próprio ser

divino. Então é um amor de compromisso,

responsabilidade, trabalho permanente em serviço

dedicado que Ele tem por nós. Há uma prova de

amor maior do que esta? Acrescente-se que para que

tudo isto fosse possível foi necessário, ainda que Ele

carregasse sobre Si, os nossos pecados e culpa,

morrendo no nosso lugar na cruz.

Não há de fato e nem pode haver maior amor do que

o do Senhor! Glorificado e exaltado seja para todo

o sempre o Seu santo nome!

Deus tomou a iniciativa e veio ao nosso encontro se

revelando a nós, embora estivéssemos desviados e

perdidos em nossos pecados. Nunca poderíamos

achá-l0 caso não nos tivesse amado e se revelado a

Page 46: I, ii, iii João

46

nós pela operação do Espírito Santo (v. 10, 19). Mas

o Espírito não poderia fazer este trabalho caso

Cristo não tivesse se oferecido como propiciação

pelos nossos pecados.

Se o amor de Deus por nós se revelou de tal forma,

então é óbvio que os crentes devem se amar

mutuamente (v. 11).

Nós somos amados e amamos um Deus invisível,

mas temos a firme convicção de que o temos

conhecido porque o Espírito tem aperfeiçoado o

amor de Deus em nós, dando-nos crescimento

espiritual, de modo que podemos testificar junto

com o Espírito que Jesus foi enviado de fato ao

mundo para morrer por nós e nos enviar o Espírito

para nos purificar dos nossos pecados e nos

capacitar a viver de modo agradável a Deus (v. 12 a

14).

De maneira que se nos amarmos uns aos outros

Deus permanece em nós, e temos verdadeira

comunhão com Ele (v. 12, 16), e além disso

sabemos que todo aquele que confessar que Jesus é

o Filho de Deus, Deus permanecerá nele pela

habitação do Seu Espírito, e tal pessoa permanecerá

em Deus (v. 15).

A Bíblia fala da necessidade de os crentes serem

santos e irrepreensíveis, e João nos ajuda na mesma

Bíblia a compreender que esta santidade e

irrepreensibilidade, é sobretudo em amor, porque é

deste modo que devemos viver neste mundo, de

forma que no dia do juízo tenhamos confiança que

não seremos condenados juntamente com o mundo,

Page 47: I, ii, iii João

47

porque poderemos estar de pé diante do Senhor,

sendo achados por Ele com nossas vidas

transformadas pelo Seu amor (v. 17, 18).

Assim, se os crentes estiverem de fato andando no

Espírito, amarão primeiramente a Deus, e por este

amor que devotam ao Senhor serão capacitados pelo

mesmo Espírito a amarem também os seus irmãos,

de modo que João afirma que aquele que amar a

Deus também amará o seu irmão, porque se não

amar a seu irmão a quem vê, como poderá estar

amando de fato a Deus a quem ele não vê?

O argumento do apóstolo é, em resumo, o seguinte:

quem estiver amando verdadeiramente a Deus,

consequentemente amará também aos seus irmãos,

e é este amor espiritual pelos irmãos, que comprova

que de fato estamos amando a Deus, porque não

vemos ao Senhor, mas vemos aos nossos irmãos e

saberemos o quanto temos sido de fato,

impulsionados pelo Espírito Santo, na medida em

que constatamos que há em nós este amor espiritual

pelos nossos irmãos em Cristo.

Evidentemente o amor referido pelo apóstolo é o

amor ágape, não o amor filéo de amizade, e muito

menos eros de caráter sensual. Como já nos

referimos anteriormente, este amor não é natural,

mas sobrenatural, de modo que ninguém se

incentive a sair praticando obras na carne a pretexto

de alegar o dever de amar seus irmãos, porque não

é a tal tipo de amor que Cristo se refere, porque este

amor na carne está cheio de justiça própria e de

orgulho, e não busca a glória exclusiva de Deus,

Page 48: I, ii, iii João

48

senão obter o aplauso dos homens, mérito pessoal

ou qualquer outro fim interesseiro egoísta. Que

Deus nos livre deste tipo de amor na Igreja, porque

é um amor falso que não edifica. Ao contrário

provoca divisões e constrangimentos no corpo de

Cristo.

O amor que procede de Deus fará com que seja

inflamado, renovado e manifestado da maneira

devida, o amor, paternal, filial, conjugal e fraternal,

estando os corações unidos e vinculados pelos laços

deste amor divino.

“1 Amados, não creiais a todo espírito, mas provai

se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos

profetas têm saído pelo mundo.

2 Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito

que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de

Deus;

3 e todo espírito que não confessa a Jesus não é de

Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do

qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está

no mundo.

4 Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes

vencido; porque maior é aquele que está em vós do

que aquele que está no mundo.

5 Eles são do mundo, por isso falam como quem é

do mundo, e o mundo os ouve.

6 Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos

ouve; quem não é de Deus não nos ouve. assim é

que conhecemos o espírito da verdade e o espírito

do erro.

Page 49: I, ii, iii João

49

7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o

amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus

e conhece a Deus.

8 Aquele que não ama não conhece a Deus; porque

Deus é amor.

9 Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco:

em que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo,

para que por meio dele vivamos.

10 Nisto está o amor: não em que nós tenhamos

amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e

enviou seu Filho como propiciação pelos nossos

pecados.

11 Amados, se Deus assim nos amou, nós também

devemos amar-nos uns aos outros.

12 Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns

aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é

em nós aperfeiçoado.

13 Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele

em nós: por ele nos ter dado do seu Espírito.

14 E nós temos visto, e testificamos que o Pai

enviou seu Filho como Salvador do mundo.

15 Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de

Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus.

16 E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus

nos tem. Deus é amor; e quem permanece no amor,

permanece em Deus, e Deus nele.

17 Nisto é aperfeiçoado em nós o amor, para que no

dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é,

somos também nós neste mundo.

Page 50: I, ii, iii João

50

18 No amor não há medo antes o perfeito amor

lança fora o medo; porque o medo envolve castigo;

e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor.

19 Nós amamos, porque ele nos amou primeiro.

20 Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu

irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão,

ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu.

21 E dele temos este mandamento, que quem ama a

Deus ame também a seu irmão.”.

Page 51: I, ii, iii João

51

I João 5

União Vital com Cristo

É dito tanto pelo Senhor Jesus quanto pelos

apóstolos, que o cumprimento da Lei consiste em

viver no amor.

De fato, se não tivermos comunhão com o Senhor

em Espírito, amando-o com todo o nosso coração,

alma e força, qual seria a real importância de tudo o

mais que fôssemos ou fizéssemos?

Daí o apóstolo Paulo ter afirmado que sem este

amor de Deus a governar nossas vidas nada somos,

e os nossos melhores esforços para nada aproveitam

para aquela vida que é eterna e sobrenatural e

divina.

Por isso Deus afirma, que nós somente O

encontramos quando o buscamos com todo o nosso

coração.

Certamente é um modo diferente de se referir ao

dever de buscá-Lo para um relacionamento

espiritual movido pelo amor.

Não se pode conhecer verdadeiramente a Deus, de

outra forma.

No quinto capítulo de I João, o apóstolo afirmou que

todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, isto é, o

Messias, o Ungido prometido em Isaías 61.1-3, é

porque nasceu de novo de Deus pelo Espírito, e todo

aquele que ama a Deus, o qual lhe deu este novo

nascimento, também amará a todos os filhos de

Page 52: I, ii, iii João

52

Deus que forem gerados por Ele, pela fé em Cristo

(I Jo 5.1).

Mas, para mostrar que o caráter deste amor não é

meramente sentimental, mas espiritual e baseado na

verdade que recebemos na implantação da nova

natureza que recebemos pela fé, João afirmou que

conhecemos que amamos de fato, os filhos de Deus,

se amamos a Deus e guardamos os seus

mandamentos (I João 5.2).

Jesus havia definido o amor a Ele como sendo a

guarda dos Seus mandamentos (João 14.15; 21),

isto é, aquele que O amar de fato comprovará este

amor pelo ato de guardar os Seus mandamentos; ou

seja, a verdadeira graça e piedade celestial e divina

habitando no cristão, lhe impulsionará no seu viver

diário, a produzir consequentemente este resultado

de ser capacitado a guardar os mandamentos do

Senhor, e a amar os seus irmãos na fé.

João acrescentou que os mandamentos do Senhor

não são penosos (v. 3).

Na verdade, quando andamos no Espírito, e não

somos dominados pela carne, cumprir os

mandamentos do Senhor é um prazer, porque a Sua

graça nos capacita a isto, e é o grande prazer do

cristão fiel honrar Àquele que o salvou e que se

tornou o Senhor da sua vida.

Tendo nascido de Deus o cristão vence o mundo por

meio da sua fé no Senhor.

Jesus venceu o mundo, e os que estão nEle também

vencem o mundo (v. 4, 5).

Page 53: I, ii, iii João

53

Ou seja, eles não agirão em conformidade com o

mundo, mas de acordo com o reino de Deus e a Sua

justiça.

Esta fé do cristão, que lhe foi dada como um dom

de Deus está bem fundada, em evidências que dão

testemunho da missão divina de Jesus Cristo.

João disse que Jesus veio pela água e pelo sangue, e

o Espírito Santo dá testemunho dEle, sendo Espírito

da verdade.

João viu sair água e sangue do lado de Jesus quando

ele foi perfurado pela lança de um soldado romano

quando estava na cruz.

A purificação de pecados no Velho Testamento

estava tipificada pelo uso da água e do sangue, e era

uma figura da purificação que é realizada por Jesus

Cristo, pelo sangue e água que Ele derramou na

cruz.

Além deste testemunho na terra que é dado pelo

Espírito, pela água e pelo sangue, há também o

testemunho acerca de Jesus que é dado desde o céu,

pelo Pai, pelo Espírito e pelo próprio Cristo.

Ele havia dito em Seu ministério terreno que não

dava testemunho de Si mesmo quanto à Sua missão

divina, porque este testemunho era dado pelo Pai, e

seria dado também pelo Espírito quando fosse

enviado por Ele como outro Consolador para estar

para sempre com os cristãos (v. 6 a 9).

O testemunho que o Pai e o Espírito deram do Filho

nas Escrituras foi inteiramente cumprido em Seu

ministério terreno, e o Pai também testificou desde

o céu que Ele era o Messias esperado, quando falou

Page 54: I, ii, iii João

54

a João Batista que Ele era o Seu Filho amado, e

quando também falou com os apóstolos no monte

da transfiguração que deveriam ouvir a Cristo.

O Espírito Santo tem dado testemunho acerca dEle

até hoje em dia e continuará dando até que Ele volte,

confirmando assim que as palavras e promessas de

Jesus são fiéis e verdadeiras.

Então a missão de Cristo não está fundada no

testemunho dos homens, mas no testemunho que o

próprio Deus e o Seu sangue derramado e a água

que saiu do Seu lado dão pela purificação de

milhões de pessoas, que têm achado a salvação

nEle, e das muitas que ainda serão salvas por Ele

dos seus pecados.

Nos versos 10 a 13 deste quinto capítulo, João

afirma que os cristãos têm em si mesmos o

testemunho de que Cristo é realmente o Salvador e

Senhor, porque isto se comprova pelas suas vidas

transformadas pelo Espírito.

Transformação esta que ocorreu na regeneração

(novo nascimento espiritual), e que tem progredido

na santificação pelo mesmo Espírito, por causa da

sua fé em Cristo.

Além desta transformação há a testificação do

Espírito com o espírito do cristão, confirmando que

ele é agora filho de Deus, e que alcançou a vida

eterna por meio de Jesus Cristo, por causa da sua

união com Ele.

É realmente somente pela íntima comunhão com

Jesus que se pode crescer na graça e no amor de

Deus.

Page 55: I, ii, iii João

55

A vida eterna está nEle, e se comprova de modo

quase visível, que há crescimento nesta vida

somente quando se permanece em Cristo pela fé.

Tal é a relação vital que há entre os cristãos que

permanecem em comunhão com Cristo, por

guardarem os Seus mandamentos, que tudo o que

pedirem ao Pai em oração, e que seja segundo a

vontade de Deus, lhes será concedido que sejam

ouvidos, não propriamente por causa deles, mas por

estarem assim tão intimamente associados a Cristo,

que obteve todos os méritos junto ao Pai, para

atender a todas as nossas necessidades.

O Pai nos atenderá porque pedimos em nome do Seu

Filho, e porque estamos efetivamente nEle (v. 14).

A resposta da oração poderá não ser dada

imediatamente, mas se nossa petição for feita pela

intercessão do Espírito Santo, e segundo a vontade

de Deus, é certo que seremos atendidos no momento

mesmo em que fizermos a nossa petição, ainda que

a resposta leve algum tempo para chegar a nós (v.

15).

João se referiu a um pecado que é para a morte, e

pelo qual não se deve orar.

Não se trata de um tipo específico de pecado, este

que é para morte, mas situações que ensejam um

juízo de morte da parte de Deus (v. 16).

Não se trata também de se pecar contra o Espírito

Santo, que é o único pecado que não será perdoado

aos homens, porque os cristãos não podem cometer

tal pecado, porque não resistiram ao Espírito. Ao

contrário, eles possuem a Sua habitação.

Page 56: I, ii, iii João

56

Apesar de toda injustiça ser pecado, Deus reserva

para Sua exclusiva autoridade exercer juízos de

morte física sobre aqueles que praticam

determinados pecados, não propriamente pela

natureza destes pecados, mas por causa da

Soberania do Seu juízo (v. 17).

Entretanto, nenhum cristão verdadeiro, o qual

nasceu de novo de Deus, não vive na prática

deliberada do pecado, e o Senhor Jesus encarnou

nascendo na manjedoura de Belém, exatamente

para o propósito de livrar os cristãos de viverem

escravizados ao pecado, de modo que fossem

retirados de debaixo do domínio do diabo (v.

18,19).

Jesus é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Veja que

é dito que Ele é a própria vida eterna.

Ele é o verdadeiro Deus e a verdadeira vida.

É nEle que temos a vida eterna, fluindo do Seu

próprio ser para o nosso espírito, em nossa

comunhão vital com Ele (v. 20).

O Senhor mesmo é quem nos dá entendimento

espiritual pela revelação do Espírito Santo, para

conhecermos a Ele próprio, que é a verdade e a vida.

João fechou sua epístola com uma exortação para

que os cristãos se guardassem da idolatria (v. 21),

uma vez que há somente um único e verdadeiro

Deus, sendo o único que é digno de todo o nosso

amor e adoração.

A Ele seja a glória pelos séculos dos séculos.

Amém!

Page 57: I, ii, iii João

57

“1 Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é

nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o

gerou, ama também ao que dele é nascido.

2 Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus,

se amamos a Deus e guardamos os seus

mandamentos.

3 Porque este é o amor de Deus, que guardemos os

seus mandamentos; e os seus mandamentos não são

penosos;

4 porque todo o que é nascido de Deus vence o

mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a

nossa fé.

5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que

crê que Jesus é o Filho de Deus?

6 Este é aquele que veio por água e sangue, isto é,

Jesus Cristo; não só pela água, mas pela água e pelo

sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque

o Espírito é a verdade.

7 Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a

Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.

8 E três são os que dão testificam na terra: o

Espírito, a água, e o sangue; e estes três concordam.

9 Se admitimos o testemunho dos homens, o

testemunho de Deus é este, que de seu Filho

testificou.

10 Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o

testemunho; quem a Deus não crê, mentiroso o faz,

porque não crê no testemunho que Deus dá de seu

Filho.

11 E o testemunho é este: Que Deus nos deu a vida

eterna, e esta vida está em seu Filho.

Page 58: I, ii, iii João

58

12 Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o

Filho de Deus não tem a vida.

13 Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no

nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes

a vida eterna.

14 E esta é a confiança que temos nele, que se

pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele

nos ouve.

15 e, se sabemos que nos ouve em tudo o que

pedimos, sabemos que já alcançamos as coisas que

lhe temos pedido.

16 Se alguém vir seu irmão cometer um pecado que

não é para morte, pedirá, e Deus lhe dará a vida para

aqueles que não pecam para a morte. Há pecado

para morte, e por esse não digo que ore.

17 Toda injustiça é pecado; e há pecado que não é

para a morte.

18 Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus

não vive pecando; antes o guarda Aquele que

nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca.

19 Sabemos que somos de Deus, e que o mundo

inteiro jaz no Maligno.

20 Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e

nos deu entendimento para conhecermos aquele que

é verdadeiro; e nós estamos naquele que é

verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é

o verdadeiro Deus e a vida eterna.

21 Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.”. (I João 5.1-

21)

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59

Page 60: I, ii, iii João

60

II JOÃO

Page 61: I, ii, iii João

61

II João 1

O autor da epístola se intitula o presbítero, palavra

grega que significa ancião. Não padece dúvida pela

semelhança de conteúdo e estilo que se trata do

mesmo autor de I João.

Quando João escreveu esta epístola já se encontrava

em idade muito avançada, e todos os demais

apóstolos já haviam morrido.

Jesus o manteve em vida até além dos noventa anos

de idade para dar cumprimento à palavra que havia

proferido acerca dele de que deveria permanecer até

que voltasse (João 21.22).

Jesus disse estas palavras em relação a João porque

Pedro lhe havia perguntado o que ocorreria com ele,

já que a Pedro revelou que a sua morte seria em

martírio.

Estas palavras de Jesus indicam que João não seria

martirizado como a maioria dos apóstolos, mas que

o manteria em vida por um tempo prolongado,

porque quando a Igreja estava debaixo de forte

perseguição, e quase todos os apóstolos haviam sido

martirizados, o Senhor consolou o Seu povo através

dos escritos de João, especialmente do livro de

Apocalipse, que foram todos produzidos por João,

por direção divina, quando a Igreja precisava ser

fortalecida por alguém que tinha sido testemunha

ocular do ministério de Jesus e da Sua ressurreição.

O velho e honorável apostolo estava agora

grandemente experimentado no serviço santo, e

Page 62: I, ii, iii João

62

tinha visto e provado mais do céu, do que quando

creu no princípio.

Por decênios ele havia sustentado o testemunho fiel

da verdade, em pleno conhecimento da vontade de

Deus conforme lhe fora revelado pessoalmente pelo

Senhor, e depois pelo Espírito, conforme promessa

que Jesus havia feito aos apóstolos de que seriam

instruídos em toda a verdade, pelo Espírito Santo.

Então ele sustentou e manteve a mesma doutrina

(ensino do evangelho) conforme havia transmitido

durante toda a sua vida, e manifesta esta verdade nas

poucas, mas significativas palavras que escreveu

nesta epístola.

Nesta sua segunda epístola, ele saudou a senhora

eleita e os seus filhos. Uma provável forma em

código de se referir a uma determinada igreja local.

Ele protesta o seu amor baseado na verdade

revelada pelos crentes desta igreja que ele chama de

senhora eleita, porque a Igreja é composta pelos

eleitos de Deus (v. 1).

E diz que não somente ele os amava, como também

todos os que conhecem a verdade, por causa da

verdade que permanece nos crentes e que para

sempre estará com eles (v. 1,2).

A verdade à qual João se refere é o próprio Cristo,

que havia se definido aos apóstolos em Seu

ministério terreno como sendo Ele próprio, o

caminho, e a verdade e a vida.

O mesmo Cristo havia proferido a eles que todo o

que viesse a Ele de maneira nenhuma seria lançado

fora, e é por isso que João afirma que a verdade

Page 63: I, ii, iii João

63

permanecerá para sempre naqueles que a têm

conhecido por uma experiência pessoal com ela.

O Espírito Santo habita nos crentes como um selo,

um penhor, uma garantia da salvação deles; de que

nada mais os separará do amor de Deus que está em

Cristo Jesus.

Então João disse que a graça, a misericórdia e a paz

da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, serão

com os crentes em verdade e amor (v. 3). Isto é,

estes dons permanecerão continuamente com os

crentes que permanecerem na verdade e no amor,

porque Jesus havia dito que aquele que permanece

nEle, permanece no Seu amor, e aquele que guarda

os Seus mandamentos é aquele que o ama.

João não está falando portanto que os crentes podem

experimentar o amor de Deus e andarem na verdade,

ainda que eles vivam contrariamente aos

mandamentos de Cristo. Ele está dizendo que aquilo

que Deus tem dado aos crentes Ele não retirará, mas

o modo de se desfrutar estas graças divinas é pela

perseverança no amor e na verdade, isto é, na

obediência aos mandamentos de Cristo.

Por isso ele disse que muito se alegrou no fato de ter

achado alguns dos filhos da senhora eleita andando

na verdade, segundo o mandamento que recebemos

de Deus Pai (v. 4). Na verdade sempre haverá em

cada Igreja não somente joio que não poderá andar

na verdade, porque não são salvos, como também

crentes desobedientes à verdade, e por isso João diz

que o motivo da Sua alegria era por aqueles que

estavam vivendo de modo obediente à vontade de

Page 64: I, ii, iii João

64

Deus, porque não há como se alegrar de fato com

aqueles que andam contrariamente aos

mandamentos de Deus e que por conseguinte

entristecem o Espírito Santo, e assim não

entristecem apenas ao Espírito, mas todos aqueles

que têm andado no Espírito.

Assim, para o propósito de reafirmar a doutrina de

Cristo àquela Igreja, ele lhes rogou que

permanecessem no mandamento que haviam

recebido desde o princípio do Senhor, de que se

amassem uns aos outros assim como Cristo lhes

havia amado, isto é, com o amor divino, e disse-lhes

que eles sabiam que não estava lhes pedindo para

cumprir um novo mandamento, senão o que havia

sido ordenado por Cristo desde o Seu ministério

terreno (v. 5).

João sabia por experiência própria, que não foi sem

razão que Jesus deixou um novo mandamento para

ser cumprido pela Igreja além dos mandamentos

morais da Lei de Moisés.

Amar com o próprio amor de Deus demanda que se

tenha comunhão íntima com Deus porque Ele é a

fonte do amor.

É principalmente por este amor que o coração de

pedra é quebrado, e que se recebe em seu lugar um

coração de carne, porque é impossível amar com o

amor de Cristo, com um coração de pedra.

É possível cumprir muitos mandamentos com um

coração de pedra, mas é absolutamente impossível

amar com um tal coração.

Page 65: I, ii, iii João

65

Então o crente que for cumprir este mandamento

terá primeiro que permitir a Deus que seja quebrado

por Ele, de maneira que terá que se autonegar para

poder amar com um amor que não se encontra nele

próprio e que lhe virá do alto, segundo o poder

operante do Espírito Santo.

O amor de Deus é derramado nos nossos corações

pelo Espírito Santo (Rom 5.5).

Então ao falar no mandamento do amor, tanto Jesus

quanto João estavam incluindo o cumprimento de

muitos mandamentos, de maneira que Paulo diz que

aquele que ama tem cumprido a Lei.

E Jesus havia afirmado que o amor ao próximo é o

cumprimento de toda a Lei e os Profetas.

Então João confirma tudo isto no verso 6 dizendo

que o amor é que andemos segundo os

mandamentos de Cristo, e que este mandamento foi

dado à Igreja desde o princípio para que ande nele.

Está muito claro para nós agora porque Paulo diz

em I Cor 13 que se não tivesse amor nada seria e

teria, ainda que fizesse muitas boas obras, e tivesse

muitos dons espirituais, porque é pelo amor a Deus

e ao próximo que se comprova o quanto temos

realmente tido comunhão com Deus e uns com os

outros.

Como é muito comum, transferir o grande objetivo

da religião para muitos alvos, o velho e

experimentado apóstolo apontou novamente para o

Norte do evangelho, indicando qual o caminho a ser

seguido.

Page 66: I, ii, iii João

66

Assim ele alertou a Igreja quando aos muitos

enganadores que haviam saído pelo mundo afora,

não confessando que Jesus veio em carne, isto é, que

Ele não havia de fato encarnado num corpo como o

nosso, porque era puro espírito.

Este era o ensino dos gnósticos nos dias de João e

que permaneceu atacando a Igreja nos primeiros

séculos.

João os chamou de enganadores e anticristos.

Eles estavam a serviço de Satanás procurando

demolir a sã doutrina, e assim afastarem as pessoas

da possibilidade de serem salvas por Cristo, e

também para enfraquecerem a fé dos crentes,

quanto ao fato de que não tinham em Cristo um

substituto que se ofereceu no lugar deles na cruz

para livrá-los dos seus pecados e da condenação

eterna (v. 7).

Então o apóstolo advertiu os crentes para que

olhassem por si mesmos, isto é, que vigiassem

contra estes enganadores, e permanecessem na sã

doutrina, conforme haviam sido instruídos pelos

apóstolos, porque poderiam perder o fruto do

trabalho que os apóstolos haviam feito com eles, de

maneira que perderiam galardões caso permitissem

serem desviados da verdade apostólica (v. 8).

Em Apo 3.11 Jesus fez a mesma advertência que o

apóstolo João fizera no verso 8:

“Venho sem demora; guarda o que tens, para que

ninguém tome a tua coroa.” (Apo 3.11).

O que temos alcançado com esforço em nossa

obediência ao evangelho é muito precioso e deve ser

Page 67: I, ii, iii João

67

guardado com toda vigilância e cuidado através de

uma vida piedosa de oração e obediência à verdade,

num viver perseverante e diligente.

Tal é o cuidado que se deve ter com a doutrina de

Cristo, que aquele que não permanece nela não tem

a Deus, porque é somente permanecendo nos

mandamentos de Cristo, no Seu ensino, que temos

tanto ao Pai quanto ao Filho. Esta é a única maneira

de permanecermos nEle e Ele em nós, a saber, sendo

obedientes à Sua Palavra (v. 9).

Esta é também a única maneira de sabermos que

somos verdadeiramente salvos, porque os que

foram salvos perseverarão na fé e na obediência à

Palavra de Deus.

Aquele que tem se desviado da Palavra tem portanto

se desviado do próprio Cristo. Por isso Ele nos

advertiu seriamente quanto a isto em Seu ministério

terreno.

É tão importante e vital para nossa vida espiritual e

vitória neste viver cristão, quanto ao zelo necessário

para que vivamos na doutrina de Cristo, que João

disse que se alguém vem ter conosco, isto é, para

um relacionamento de comunhão, e não traz esta

doutrina verdadeira, não devemos receber tal pessoa

em nossa casa, nem sequer saudá-la com a graça e

paz do Senhor, conforme era o costume dos cristãos

antigos. Isto quer dizer que não podemos ter como

amigos do peito quem não é amigo do peito dos

mandamentos de Jesus. Não podemos compartilhar

num mesmo espírito com aqueles que não andam na

verdade do Senhor (v. 10).

Page 68: I, ii, iii João

68

João diz que aquele que simplesmente saúda uma

tal pessoa, participa de suas más obras, porque está

no mesmo espírito de quem está no erro e não na

verdade (v. 11).

Quem anda no amor de Deus detestará o mal, o

pecado, e jamais será cúmplice daqueles que andam

nas obras infrutíferas das trevas.

Isto mostra de modo muito claro que o amor a que

João se refere como o cumprimento do novo

mandamento do Senhor é o amor ágape que

demanda pureza de coração e unidade de espírito

em obediência ao Senhor.

Finalmente o apóstolo se despede daquela Igreja

dizendo que tinha ainda muitas coisas para escrever,

mas esperava visitá-los e instruí-los face a face, para

que a alegria deles, e a sua própria, fossem

completas. Certamente esta alegria é o fruto do

Espírito que é decorrente de um andar na verdade.

Por isso João pretendia ir ter com eles, de maneira

que na comunhão no mesmo Espírito, por estarem

em obediência à vontade do Senhor, ele sela esta

comunhão dos crentes e o Seu agrado nela, gerando

grande alegria espiritual em seus corações (v.

12). Ele fala na saudação final da epístola, que uma

outra igreja, à qual ele chama de “tua irmã, a eleita”

estava saudando a senhora eleita, à qual havia

destinado esta sua epístola. Certamente se tratava da

igreja onde João se encontrava quando escreveu

esta epístola.

Page 69: I, ii, iii João

69

“1 O ancião à senhora eleita, e a seus filhos, aos

quais eu amo em verdade, e não somente eu, mas

também todos os que conhecem a verdade,

2 por causa da verdade que permanece em nós, e

para sempre estará conosco:

3 A graça, a misericórdia, e a paz, da parte de Deus

Pai e da parte de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão

conosco em verdade e amor.

4 Muito me alegro por ter achado dentre teus filhos

aqueles que andam na verdade, assim como

recebemos mandamento do Pai.

5 E agora, senhora, rogo-te, não como te escrevendo

um novo mandamento, mas aquele mesmo que

desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos

outros.

6 E o amor é este: que andemos segundo os seus

mandamentos. Este é o mandamento, como já desde

o princípio ouvistes, para que nele andeis.

7 Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo,

os quais não confessam que Jesus Cristo veio em

carne. Tal é o enganador e o anticristo.

8 Olhai por vós mesmos, para que não percais o

fruto do nosso trabalho, mas para receberdes pleno

galardão.

9 Todo aquele que vai além da doutrina de Cristo e

não permanece nela, não tem a Deus; quem

permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como

ao Filho.

10 Se alguém vem ter convosco, e não traz esta

doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o

saudeis.

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70

11 Porque quem o saúda participa de suas más

obras.

12 Embora tenha eu muitas coisas para vos escrever,

não o quis fazer com papel e tinta; mas espero

visitar-vos e falar face a face, para que a nossa

alegria seja completa.

13 Saúdam-te os filhos de tua irmã, a eleita.”

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72

III JOÃO

Page 73: I, ii, iii João

73

III João

Esta epístola foi destinada pelo apóstolo João a um

certo Gaio, ao qual ele chama de amado (v. 1,2).

João não se identifica como apóstolo, mas como

presbítero (ancião, pastor) como era seu costume

em suas demais epístolas.

O apóstolo Pedro também costumava se identificar

como um presbítero entre os demais presbíteros,

porque afinal, a principal missão dos apóstolos era

também a de apascentar o rebanho de Cristo (I Pe

5.1).

E esta missão de apascentar o rebanho do Senhor

deve ser realizada sobretudo em amor. No amor do

Espírito que une os corações daqueles que são do

Senhor e que andam na verdade. Daí João dizer que

amava a Gaio na verdade.

O voto para que Gaio tivesse saúde, foi vertido do

termo original grego hugiaíno, que tem vários usos

no Novo Testamento como por exemplo: são, sadio,

saudável em muitas passagens dos evangelhos,

como por exemplo em Lc 15.27; e de sadio na fé

como em Tito 2.2; sãs palavras, em II Tim 1.13, e

sã doutrina, como em II Timóteo 4.3; de maneira

que não se restringia simplesmente nas palavras do

apóstolo a votos de saúde física, mas de um viver

saudável em todos os sentidos, especialmente no

que é relativo à saúde espiritual.

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Quanto à referência que fizera de prosperidade da

alma de Gaio, a palavra no original grego para

próspera é eudóo, que é encontrada também em

outras duas passagens do Novo Testamento, a saber,

em Rom 1.10, em que tem o sentido de jornada

próspera, bem sucedida, e em I Cor 16.2, em que se

refere à prosperidade em recursos materiais e

financeiros; sendo que nesta última passagem, não

se fala de riqueza, mas de ser liberal em ofertar

segundo as suas posses; Isto é, que cada um deve

contribuir segundo as suas próprias possibilidades;

e não com o que não possui.

Portanto, estes votos de João a Gaio não servem de

base como muitos costumam fazer para apoiar a

doutrina da prosperidade material que ensina

falsamente que todo crente deve possuir

progressivamente cada vez mais, bens deste mundo,

e nem da saúde sempre perfeita, que afirma que

nenhum crente fica enfermo, senão somente aqueles

que não têm fé.

Cabe destacar que ao falar de prosperidade, João

não se referiu a prosperidade material, mas

prosperidade de alma (v. 2).

Agora, devemos admitir que um espírito próspero

no Senhor ajuda a nos manter saudáveis física e

emocionalmente.

O amor de Gaio pela verdade, e o seu caminhar na

verdade eram testemunhados pelos irmãos acerca

dele (v. 3).

E a verdade que foi testemunhada acerca de Gaio

era relativa ao amor que ele tinha pelos irmãos e

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pelos interesses da Igreja do Senhor; e do modo fiel

como ele agia, segundo a vontade de Deus, não

somente quanto aos crentes da Igreja local na qual

ele congregava, como também para com os irmãos

itinerantes, especialmente evangelistas que iam ter

com eles, aos quais ele recebia com verdadeiro amor

cristão.

O modo digno como Gaio recebeu estes irmãos que

foram visitar a sua igreja foi elogiado por João, uma

vez que, tais homens haviam saído em Nome do

Senhor, nada recebendo dos gentios para tal,

somente confiando na assistência que receberiam

dos santos para ministrar-lhes a verdade do

evangelho, do qual eles eram cooperadores (v. 7, 8).

Esta regra foi estabelecida pelo próprio Senhor, de

que aqueles que pregam o evangelho são dignos de

serem mantidos pelo próprio evangelho, através

daqueles aos quais ministram.

João escreveu para incentivar Gaio a continuar

procedendo com a mesma fidelidade que vinha

agindo até então para com a obra do evangelho, ao

mesmo tempo em que reprovou o comportamento

de um certo Diótrefes que agia como se fosse o dono

da Igreja, que não recebia não somente os que eram

enviados pelo Senhor para lhes ministrar, como se

opunha também ao próprio apóstolo João,

proferindo contra ele palavras maliciosas, valendo-

se da sua ausência entre eles.

Este jamais deve ser o comportamento de um

verdadeiro crente, porque a fé opera pelo amor.

Amor ao Senhor, amor aos irmãos, amor à obra do

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evangelho, e isto demanda morrer para o nosso eu e

vontade, para conhecer e fazer tão somente a

vontade do Senhor. Isto incluirá receber em amor

aqueles que Ele nos enviar para a nossa edificação,

e dar-lhes o tratamento digno que eles merecem

porque são embaixadores do evangelho, enviados

para a nossa própria edificação.

Então quão repreensível e contra o evangelho era o

comportamento de Diótrefes; e por isso João disse a

Gaio que quando fosse ter com eles, traria à

memória do tal Diótrefes, quão irregularmente ele

vinha procedendo em relação à Igreja, lançando fora

da mesma aqueles que lhes eram enviados.

A razão deste comportamento carnal é citada por

João no verso 11, no qual diz que quem faz o mal

não tem visto a Deus. Como poderia então o tal

Diótrefes agir de modo correto se não tinha

nenhuma comunhão com o Senhor?

Estes que procedem ainda hoje, tal como ele, como

donos da Igreja do Senhor, não podem fazer a

vontade de Deus, por maior que seja o zelo que eles

possam alegar ter por Sua obra; porque no fundo

querem notoriedade, fama, reconhecimento pessoal

egoísta, e não servir a Cristo e aos irmãos por um

amor verdadeiro e desinteressado, que é segundo o

Espírito.

Portanto, Gaio deveria permanecer na prática da

verdade e do amor tal como vinha fazendo até então,

e não seguir jamais o mau exemplo de Diótrefes (v.

11).

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Graças a Deus que levanta crentes fiéis para

servirem de apoio, exemplo e incentivo para o

comportamento dos muitos Gaios da Sua igreja, tal

como Demétrio, cujo testemunho foi também

elogiado pelo apóstolo João, do qual este disse que

até a própria verdade dava testemunho acerca de

Demétrio, assim como todos os crentes (v. 12).

Crentes fiéis virão portanto a receber bom

testemunho de todos que andam na verdade. Este é

um bom indicativo para sabermos de até que ponto,

temos de fato nos consagrado ao serviço do Senhor

de maneira fiel.

Certamente não teremos nenhum louvor da parte

dos Diótrefes, mas os Gaios e Demétrios darão bom

testemunho acerca de nós, quando estivermos

andando na verdade, compromissados com o reino

de Deus, do mesmo modo que eles estiveram em

seus dias.

Irmãos que andam na verdade são verdadeiros

amigos, porque aqueles que guardam os

mandamentos de Cristo não são apenas Seus amigos

como também de todos aqueles que também

praticam a Sua Palavra.

Não há como haver verdadeira amizade fora destas

bases, porque é somente andando na verdade e no

Espírito, que se pode viver o caráter da verdadeira

amizade cristã.

Por isso João se refere aos crentes que andam na

verdade como sendo amigos, e que estes devem se

saudar mutuamente como amigos que são em Cristo

Jesus.

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“1 O presbítero ao amado Gaio, a quem em verdade

eu amo.

2 Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas,

e que tenhas saúde, assim como é próspera a tua

alma.

3 Porque muito me alegrei quando os irmãos

vieram, e testificaram da tua verdade, como tu andas

na verdade.

4 Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir

que os meus filhos andam na verdade.

5 Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes

para com os irmãos, e para com os estranhos,

6 Que em presença da igreja testificaram do teu

amor; aos quais, se conduzires como é digno para

com Deus, bem farás;

7 Porque pelo seu Nome saíram, nada tomando dos

gentios.

8 Portanto, aos tais devemos receber, para que

sejamos cooperadores da verdade.

9 Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura

ter entre eles a primazia, não nos recebe.

10 Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que

ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas;

e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e

impede os que querem recebê-los, e os lança fora da

igreja.

11 Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz

o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto

a Deus.

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12 Todos dão testemunho de Demétrio, até a própria

verdade; e também nós testemunhamos; e vós bem

sabeis que o nosso testemunho é verdadeiro.

13 Tinha muito que escrever, mas não quero

escrever-te com tinta e pena.

14 Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos

face a face.

15 Paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os

amigos pelos seus nomes.”