i. apresentação da campanha “trabalhadoras e trabalhadores … · 2020-07-10 · 1 i....
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I. Apresentação da campanha A Campanha “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam
Vidas” faz parte da atuação internacional no enfrentamento a pandemia de
corona vírus da ISP - Internacional dos Serviços Públicos que é
uma confederação sindical internacional - sindicato global - que representa
30 milhões de trabalhadores em todo o mundo. No Brasil a campanha foi
lançada em 31 de março de 2020 pelas entidades afiliadas e ampliou-se
também para entidades não afiliadas à ISP, o nome das entidades
participantes pode ser visto no site da campanha.
II. Informações metodológicas Os dados apresentados a seguir foram coletados pela aplicação de
uma enquete em formulário eletrônico entre profissionais de saúde e de
serviços essenciais do setor privado e público do dia 27 de março a 15 de
junho de 2020.
O total de questionários contabilizados nos dados apresentados
abaixo somam 3.636 respondentes.
Algumas questões foram respondidas apenas por pessoas que se
identificaram como profissionais de saúde e outras como profissionais das
demais áreas de serviços essenciais. Nestes casos as respostas serão
identificadas a qual grupo pertencem.
III. Perfil dos respondentes
Em relação ao estado onde está situado o local de trabalho dos
respondentes 1.357 declaram trabalhar em São Paulo, 528 no Ceará, 459
no Rio de Janeiro, 138 em Minas Gerais, 126 em Santa Catarina, 116 no
Mato Grosso, 105 em Sergipe.
2
O gráfico e a respectiva tabela abaixo mostram o número de
respostas segundo o estado do local de trabalho das/os respondentes.
Estado Respostas
São Paulo (SP) 1.357
Ceará (CE) 528 Rio de Janeiro (RJ) 459
Minas Gerais (MG) 138 Santa Catarina (SC) 126
Mato Grosso (MT) 116
Sergipe (SE) 105 Paraná (PR) 99
Bahia (BA) 98 Rio Grande do Sul (RS) 98
Rio Grande do Norte (RN) 85 Maranhão (MA) 66
Goiás (GO) 55
Mato Grosso do Sul (MS) 55 Pernambuco (PE) 52
Espírito Santo (ES) 47
Paraíba (PB) 27
Pará (PA) 26
Amazonas (AM) 24 Piauí (PI) 17
Tocantins (TO) 17 Distrito Federal (DF) 16
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Acr
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AC
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Ala
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L)
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(SC
)
São
Pau
lo (
SP)
Serg
ipe
(SE)
Toca
nti
ns
(TO
)
2 8 3 24 98
528
16 47 55 66 1165513826 27 99 52 17
459
85 987 5
126
1357
10517
1. QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR ESTADO
3
Alagoas (AL) 8 Rondônia (RO) 7
Roraima (RR) 5 Amapá (AP) 3
Acre (AC) 2 TOTAL 3.636
➢ Trabalhador saúde, sexo, vínculo de emprego e função:
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Sim Não
86%
14%
2. Você é um/a trabalhador/a da saúde?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Feminino Masculino Deseja nãoinformar
Em Branco
75%
23%
1% 1%
3. Qual seu sexo
4
Qual a sua função? *
Função % Respostas
Enfermeiro/a 33% 1.028
Técnico/a em enfermagem 14% 434
Agente de endemias 12% 363
Odontólogo/a 8% 68
Agente Comunitário de Saúde 6% 177
Outra 6% 175
Psicólogo/a 6% 174
Assistente social 5% 156
Auxiliar de enfermagem 4% 122
Área administrativa 3% 98
Médico/a 2% 69
Nutricionista 1% 41
0%10%20%30%40%50%60%70%
27%
0%
64%
2% 0% 3% 3%
4. Qual seu vínculo de emprego
0%
10%
20%
30%
40%
Ag
en
te C
om
unitá
rio
de
Sa
úd
e
Ag
en
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Fis
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rape
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Mé
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o/a
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dic
o/a
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Nutr
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Psic
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6%12%
3%1%1% 0%5%4%
0%
33%
1%0%0%2%0%1%8%
0%6%
0%
14%
0%6%
5. Qual a sua função? *
5
Farmacêutico/a 1% 37
Área de recepção / acolhimento 1% 32
Área de limpeza e conservação 1% 25
Em Branco 1% 24
Fisioterapeuta 0% 14
Sanitarista 0% 12
Fonoaudiólogo/a 0% 9
Terapeuta ocupacional 0% 9
Biólogo/a 0% 6
Área de segurança 0% 3
Médico/a Veterinário/a 0% 2
Profissional de educação física 0% 1 * Questão respondida somente por profissionais de saúde
Qual sua área de trabalho?**
Função % Respostas
Assistência Social 50% 278
Outros 17% 96
Educação 13% 75
Segurança Pública 6% 33
Água e Saneamento 5% 30
Sistema prisional 5% 27
Fisco e/ou Tributos 1% 6
Energia 1% 4
Judiciário 1% 4
Funerária ou Cemitérios 1% 3
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
2% 0%
63%
0%
16%
1% 1% 0% 1% 1% 2%
13%
6. Qual sua área de trabalho?**
6
Asseio e Conservação 0% 1
Coleta de Resíduos Sólidos 0% - ** Questão respondida somente por trabalhadoras e trabalhadores de
serviços essenciais que não se declararam da profissionais de saúde
De acordo com os gráficos acima, o perfil da maior parte dos
respondentes foram de profissionais da área de saúde (3.056 respostas),
mulheres(2.714) e servidoras públicas (2.339).
Entre os respondentes que se declararam como Profissionais de
Saúde as funções com maior destaque foram: Enfermeiros/as com 33%;
Técnicos/as em enfermagem com 14% e Agentes de endemias com 12%.
Já entre os demais 580 profissionais de serviços essenciais metade
dos respondentes declararam sua função como Assistentes sociais e 13%
como Educação.
Em relação ao vínculo de emprego continuamos com 64% dos
respondentes declarando serem Servidores Públicos.
A idade média das/os respondentes foi de 42 anos. A menor idade
de foi de 19 anos e a maior de 76 anos.
7
➢ Jornada, transporte e locais de trabalho
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Seis horas Oito horas 12 horas Mais de 12 horas
30%
36%
24%
10%
7. Qual tem sido sua jornada diária de trabalho nas últimas semanas
0%
20%
40%
60%
A pé Carropróprio
Taxi, Uber,aplicativos...
TransportePúblico
Outro
12%
52%
4%21%
12%
8. Qual o meio de transporte que você utiliza para ir ao trabalho
0%
50%
100%
Sim Não
4%
94%
2%
9. Em seu trabalho está sendo oferecida hospedagem para trabalhadores e trabalhadoras que não podem
retornar às suas casas por conviverem com pessoas do Grupo de Risco?
8
Em relação a jornada de trabalho 34% relatam fazer 12 ou mais horas
de trabalho diariamente, o que tratando-se da saúde e serviços essenciais
é excessivo. O principal meio de transporte relatado é o uso de carro
próprio, porém 48% utilizam outros meios. Um número muito pequeno de
trabalhadores e trabalhadoras (4%) relata existir oferta de hospedagem
para que não precisem retornar para a residência e portanto expondo a
respectiva família ao risco de contaminação.
➢ Equipamento de proteção individual e treinamento
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
11%
65%
52%
31% 28%
76%
39%
12% 10%
10. Em relação aos Equipamentos de Proteção individual - EPIs: assinale quais destes estão sendo fornecidos por
seu Local de Trabalho para você?
9
* Questão respondida somente por profissionais de saúde
0%
20%
40%
60%
80%
Sim Não
37%
63%
11. A quantidade destes EPIs fornecida por seu Local de Trabalho é suficiente para troca e
higienização?
0%
20%
40%
60%
80%
Sim Não
30%
69%
12. Você passou por treinamento adequado para atender pacientes com suspeita de Coronavirus?
Cuidados Pessoais, Protocolo da Anvisa, Etc?*
10
** Questão respondida somente por trabalhadoras e trabalhadores de
serviços essenciais que não se declararam da profissionais de saúde
Esperava-se que Equipamentos de Proteção Individual – EPIs como
máscaras, luvas e aventais fossem oferecidos em número muito maior de
profissionais do que os percentuais apresentados aqui, especialmente pelo
perfil de trabalhadores respondentes.
Tão grave quanto perceber que somente metade dos respondentes
relatam receber máscaras de proteção é a informação de que para 63% dos
respondentes os EPIs fornecidos são em quantidade insuficiente para a
devida troca e higienização.
A expectativa era de que com o passar do tempo, o número de
pessoas que afirmam receber EPI’s aumentasse pois mais tempo gestores
públicos e empregadores privados tiveram
para adquirir e distribuir estes materiais mas isso não ocorreu.
Outra grande preocupação é a afirmação de que a maioria, tanto de
profissionais de saúde (69%), quanto de outros trabalhadores e
trabalhadoras de serviços públicos (77%) não receberam treinamento
0%
20%
40%
60%
80%
Sim Não
21%
77%
13- Você passou por treinamento adequado para o trabalho que está desenvolvendo junto a população?**
11
adequado para lidar com as situações de atendimento decorrentes da
pandemia.
➢ Sofrimento psíquico e assédio moral
Os dados acima guardam provável relação com a falta de
equipamentos de proteção, treinamento adequado e jornada excessiva de
trabalho, sendo que a maioria relata estar tendo algum tipo de sofrimento
psíquico relacionado ao trabalho em função do momento.
Outro dado que chama atenção é o volume e a dramaticidade dos
relatos apresentados em uma pergunta não obrigatória, mas respondida
por 55% dos participantes da enquete, sobre comentários gerais em relação
às condições de trabalho. Um grande volume destes comentários detalham
os dramas vividos pelos trabalhadores e trabalhadoras em condições de
risco sem equipamentos e tendo que lidar com situações para as quais não
foram devidamente capacitados.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Sim Não Em branco
54%
45%
1%
13. Você está tendo algum sofrimento psíquico em função desse momento no trabalho?
12
Realizamos também uma análise comparativa sobre as diferenças em
relação às respostas a esta pergunta segundo o gênero declarado pelos
respondentes:
Feminino - Comparativo - Sofrimento Psíquico
Masculino - comparativo - Sofrimento Psíquico
Deseja não informar sexo - comparativo - Sofrimento Psíquico
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Sim Não Em branco
57%
42%
1%
14. Você está tendo algum sofrimento psíquico em função desse momento no trabalho?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Sim Não Em branco
44%
55%
1%
14. Você está tendo algum sofrimento psíquico em função desse momento no trabalho?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Sim Não Em branco
74%
21%
6%
14. Você está tendo algum sofrimento psíquico em função desse momento no trabalho?
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Claramente percebemos uma maior incidência de sofrimento
psíquico entre as mulheres e aqueles que preferem não declarar seu gênero
do que em homens, esta foi a única questão a demonstrar variações mais
significativas de respostas segundo o gênero do respondente, nas demais a
variação não parecer ser significativa.
57% das mulheres informaram passar por sofrimento psíquico neste
período, já entre respondentes homens a porcentagem é de 44%, o que nos
dá margem para analisar essa questão a partir das desigualdades de gênero:
dupla – ou tripla- jornada de trabalho feminina, menores salários, maior
precarização das relações de trabalho, falta de compartilhamento das
tarefas domésticas com a família, mulheres como chefas de família e
portanto maiores reponsabilidades, pressão e sobrecarga de trabalho,
agravadas por exposição ao assédio moral e/ou sexual.
Embora haja essa diferença entre homens e mulheres nos índices de
sofrimento psíquico, esse indicador é alto para ambos sexos e somado aos
demais dados indica que temos pessoas trabalhando com medo devido à
baixa proteção, ausência de treinamento específico, equipe escassa e ainda
mais reduzida, vendo colegas serem contaminados e morrerem, arriscando
a si mesmos ( muitos são do grupo de risco) e ainda contaminar as
respectivas famílias e ainda exercendo uma jornada de trabalho exaustiva.
Segurança e sigilo dos dados:
O uso dos dados deve garantir o sigilo de informações pessoais dos
respondentes.
As tabelas e dados completos não serão publicados ou fornecidos a
pessoas de fora das organizações parceiras sob risco de expor os
14
trabalhadores e as trabalhadoras a retaliações por parte de empregadores
ou gestores por suas denúncias e opiniões aqui expressas.