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HUMANITATIS INSTITUTO DE FORMAÇÃO TRANSPESSOAL Curso de Psicologia Transpessoal Aplicada
KARIN CRISTINA DE SOUZA BARROS
PATRICIA MARIA SILVA SCHUMACKER
A GINETERAPIA COMO FERRAMENTA NO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO DA MULHER
JUNDIAÍ- SP
2017
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KARIN CRISTINA DE SOUZA BARROS
PATRICIA MARIA SILVA SCHUMACKER
A GINETERAPIA COMO FERRAMENTA NO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO DA MULHER
Trabalho de Conclusão de Curso
Apresentado ao Instituto Humanitatis como
requisito de conclusão do Curso de Psicologia
Transpessoal Aplicada. Coordenadora do
Curso Leyde Christina Righetti Rino
Resende.
JUNDIAÍ- SP
2017
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................4
2 SOBRE MÔNICA GIRALDEZ E A GINETERAPIA ...................................................6
3 INICIAÇÃO NOS MISTÉRIOS FEMININOS...........................................................8
4 O RESGATE DA SACRALIDADE DA ENERGIA FEMININA....................................11
5 AS QUATRO FASES DA DEUSA- INICIAÇÃO NOS MISTÉRIOS FEMININOS.........13
6 O PRIMEIRO RITO DE PASSAGEM: O NASCIMENTO - NO COMEÇO O SER ÚNICO
RESPIRAVA.........................................................................................................14
6.1 Arquétipo: Deusa Menina............................................................................14
6.2 O Despertar da Menina Arquetípica Dormida no Corpo da Adulta..............15
7 O SEGUNDO RITO DA PASSAGEM: A MENARCA..............................................16
7.1 Arquétipo: Deusa Donzela........................................................................... 16
7.2 SEXUALIDADE SAGRADA............................................................................. 17
7.3 O MITO- PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO. NASCIMENTO,
CRESCIMENTO, DECADÊNCIA, MORTE................................................................. 18
7.4 Na Idade de Ferro........................................................................................ 19
7.5 Sexualidade Sagrada: Nunca é tarde para começar...................................... 19
8 O TERCEIRO RITO DE PASSAGEM: A CONCEPÇÃO............................................. 21
8. 1 Aquetipo: A Deusa Mãe................................................................................ 21
8. 2 Maternidade Consciente: Na Busca do Elo Perdido....................................... 22
9 O QUARTO RITO DE PASSAGEM: O CLIMATÉRIO................................................24
9.1 Arquétipo: Deusa Anciã..................................................................................24
10 ACEITAR O PODER............................................................................................26
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................27
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................28
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1. INTRODUÇÃO
Esse artigo é um trabalho de conclusão de curso de Psicologia Transpessoal Aplicada
que visa integrar a visão, os fundamentos e as chaves terapêuticas da gineterapia como
ferramenta no processo de individuação da mulher.
Segundo Jung, o processo de Individuação nada tem de individualismo, muito pelo
contrário, é um processo que estimula o indivíduo criar condições para que cada um disperte o
melhor de si e do outro, confrontando os vários aspectos sombrios, reconhecendo-os e
despindo-se da persona e das imagens primordiais.
“O processo psicológico da individuação está intimamente vinculado a assim chamada
função transcendente...” (Jung, 2009, p. 854) .
É o estabelecimento e o desabrochar da totalidade originário, potencial. Os simbolos utilizados pelo inconsciente para exprimi - la são os mesmos que a humanidade sempre empregou para exprimir a totalidade, a integridade e a perfeição. Chamei a esse processo de processo de individuação. (Jung, 2008, p. 186)
A Gineterapia – A Arte de Cuidar da Mulher é o resultado de anos de pesquisa de
Mônica Giraldez, jornalista e terapeuta holística argentina, profunda conhecedora da Antiga
Tradição das Mulheres e Sacerdotisas da Deusa que traz uma sabedoria arquetípica, com
atenção no conheciemento da natureza e com vivências do Sagrado Feminino.
A Gineterapia é um veículo para prestar assistência ao corpo , à psique e ao espírito ,
usando chaves arquetipicamente femininas. Além de se enquadrar nas terapias, traz também o
conheciento do Feminimo Sagrado, da Antiga Tradição das Mulheres, adequado ao momento
presente.
O trabalho de Gineterapia se propõe a facilitar o processo de individuação, resgatando
as imagens arquetípicas nas fases da vida da mulher, suas correspondências cósmicas,
integrando todo conhecimento ancestral, transcultural e transreligioso que fazem parte do
Coletivo Arquetípico Feminino.
Toda o proposta do trabalho é essencialmente vivencial tendo como elementos a as
técnicas corporais, desenhos, pinturas, danças, cantos, aromas, florais, comidas,
dramatizações, integração da natureza e outros elementos que ajudam a ativar dentro de nós
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arquétipos da mitologia e da psiclologia sagradas entre outras técnicas transpessoais que
visam facilitar a conexão com a essência e as potencialidades da mulher.
O conceito de vivência foi apresentado por Dalthey apud Toro (2002, p. 29) que a
definiu como : “ algo revelado no complexo psíquico dado da experiência interna de um modo
de existir a realidade para um indivíduo”, ou seja, o instante vivido, o que se expressa no aqui e
agora.
Como a água de uma vertente, as vivências surgem como espontaneidade e frescura. As vivências possuem a qualidade do original e têm uma “força de realidade” que compromete todo o corpo. As vivências não estão sob o controle da consciência. Podem ser “evocadas”, mas não dirigidas pela vontade. Em certa medida, estão fora do tempo, da memória, da aprendizagem e do condicionamento. (Toro)
2. SOBRE MÔNICA GIRALDEZ E A GINETERAPIA
A Gineterapiafoi gerada ao longo da vida de Mônica Giraldez que desde jovem
questionava os padrões da educação patriarcal de sua época. Detinha muita familiaridade com
seus processos intuitivos e desde a infância teve contato com o Tarot e outras chaves de auto-
conhecimento. Ao iniciar sua carreira como jornalista aos 19 anos na Argentina, sentia cada
vez mais ligação com o mundo das terapias holísticas e astrologia. Viajou e morou em diversos
lugares e culturas, foi iniciada nas tradições Xamânicas Matrifocais e Artes da Deusa.
Gineterapia é a soma de dois vocábulos gregos, gyne: mulher e therapheia: cuidar,
tratar de. É uma experiência transformadora, uma arte de viver a vida e de cuidar do ser,
focalizada no conhecimento da natureza e necessidades da mulher.
Dentro de este processo a/o terapeuta é um canal que guia sem interferir, permitindo
que a pessoa que nos procura deixe de ser paciente para transformar-se em atuante,
condutora fundamental da evolução e desenvolvimento do tratamento na busca de tornar-se
inteira.
O Trabalho da Gineterapia se faz em processo individual ou em círculos, esse caminho
conecta os vínculos de confiança, de trocas e liderança circular tão esquecidos em nossa
cultura competitiva e ilusória. Utiliza-se de técnicas terapêuticas transpessoais e naturais que
facilitam a imersão nos processos de auto consciência e auto cura e vão desde meditações,
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visualizações criativas, danças, cantos, exercícios respiratórios, técnicas corporais, remédios
da natureza e alimentos, integração com a natureza, astrologia, contos, estudos e reflexões
baseados na mitologia e psicologia sagrada para ajudar na ativação destes arquétipos dentro
da mulher.
A Gineterapia como processo terapêutico e de individuação tem como objetivos :
Despertar o potencial de regeneração que reside no interior de toda mulher.
Restabelecer a consciência de nosso corpo multidimensional, compreendendo as inter-
relações entre todos os planos da existência.
Recuperar nossa perdida conexão com a Natureza e seus ciclos e reconhecer estes
ciclos em nós, como fases de evolução.
Aprender o uso de remédios da natureza, instrumentos e técnicas que nos ajudem a
melhorar nossa qualidade de vida.
Despertar a beleza essencial.
Aprender a reconhecer e realizar nossos desejos.
Multiplicar nossa prosperidade, valorizando o trabalho e as necessidades da mulher e
criando parcerias que beneficiem a todos.
Ativar o potencial artístico e criativo.
Criar uma cultura onde possamos ser livres e felizes.
3. INICIAÇÃO NOS MISTÉRIOS FEMININOS
São as provas e desafios que levam à mulher ao desenvolvimento pleno de seus
poderes. Os Mistérios Femininos são os Mistérios do Corpo e do Sangue da Mulher, os
Mistérios da Mãe e da Filha celebrados desde tempos muito antigos. Revelam a passagem
através das diferentes fases da vida feminina e sua conexão com os ciclos cósmicos.
Já eram celebrados no Paleolítico Superior há 35.000 anos, pelas sacerdotisas e
xamãs, segundo mostram as pinturas que ainda se conservam nas cavernas. Estes eram
também os Mistérios de Ísis no Egito e os famosos Mistérios de Elêusis. Nascimento,
menstruação, gestação, climatério, morte e renascimento. As aspirantes passavam um tempo
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dentro do útero terrestre; cavernas, templos, pirâmides ou as Kivas da América Nativa,
revivendo o período de gestação para renascer num nível de consciência cada vez maior.
Assim, aprendiam a curar, a desenvolver a visão, o dom de profecia, a comunicação com seres
sutis como fadas, gnomos e anjos e a receber a guia dos antepassados, das Deusas e Deuses,
das Estrelas, Constelações e Galáxias.
Posteriormente estes Mistérios foram substituídos pelos Mistérios do Pai e do Corpo e o
Sangue do Filho, e, durante a Inquisição, destruídos nas fogueiras. Após o término das
perseguições, chegou à era da descrença do século XVIII.
Tão grande foi o medo, que a maioria das mulheres tentaram adormecer seus poderes,
apagar a intuição e a visão e esquecer os sonhos, porque isso era „‟coisa do demônio„‟.
Aceitaram ser culpadas pelas desgraças da humanidade e, especialmente, por sentir prazer
através do sexo e da gestação. As antigas receitas que ajudavam a mulher a atravessar com
consciência e plenitude pelas transformações da vida foram destruídas e até desvalorizadas
pelas próprias herdeiras da Tradição.
Mas a Roda da Vida continua girando e a Deusa volta, através de sonhos e insights
revelando seus segredos para as mulheres de hoje.
O mistério é algo que está além dos frágeis poderes manipulativos, seus caminhos são
secretos e escondidos e seus ganhos não podem ser compartilhados facilmente.
O segredo não pode ser expresso através de palavras. O mistério é a própria
experiência.
A linguagem iniciática se expressa em símbolos e imagens, que são a linguagem de
nossos arquétipos inconscientes e do inconsciente coletivo.
As imagens e símbolos permitem que ambos os lados do cérebro se comuniquem,
despertando e unindo emoções e intelecto.
A integração do hemisfério direito do cérebro – o da percepção espacial intuitiva,
holística e criadora de novos paradigmas – abre as portas entre a mente consciente e
inconsciente; entre a visão da luz das estrelas e da luz fugaz.
O propósito da arte ritual é curar e conscientizar, estimular a informação oculta e
esquecida. Evocar os arquétipos e as imagens perdidas para nos curar no presente.
Recuperar a infância natural perdida e a partir desta consciência, harmonizarmo-nos com o
mundo dos seres invisíveis e com a natureza.
O verdadeiro processo é uma mudança de imagens que nos regem, fazendo com que
as intuições e recordações ancestrais apareçam e intervenham, indo muito além da razão.
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Ser iniciada em um mistério é passar por uma experiência mística que causa mudanças
irreversíveis.
A iniciação é a Morte e Renascimento simbólicos. É um rito de passagem que
transforma a quem passa pela experiência.
A iniciação é a entrada no reino no qual estamos quando perdidas, e aonde precisamos
ir para que possamos nos encontrar.
Ela nos chama para dentro e provoca em nós etapas de profunda introspecção.
Somente na obscuridade nutridora da Caverna Materna da Deusa Mãe, pode ter lugar a
gestação.
Passar por esta “escuridão” que envolve os momentos antes do nascimento de uma
nova Consciência Feminina dentro de você, é parte imprescindível do processo.
Quando avivamos a memória ancestral e genética, vamos buscar a fonte de nossa real
identidade: o Reino Arquetípico, onde vemos a nossa história com outra luz e significado.
Quando estamos no Reino da Experiência Arquetípica, compartilhamos o inconsciente
coletivo, trazendo conhecimento e energia tanto para a criação, quanto para a destruição.
É atrever-se a romper com postulados e sistemas de crenças e distinguir Cultura de
Natureza, Arquétipos que são modelos da psique profunda (forças potencializadoras), de
esteriótipos que são modelos culturais (forças opressoras).
É reconhecer internamente o que realmente somos, do que uma sociedade patriarcal
espera que sejamos. Implica o sofrimento de quebrar a personalidade cristalizada, as
estruturas rígidas, para nascer em uma nova forma e atravessamos muitas mortes numa só
vida.
A iniciadora é uma parteira da alma. É quem nos dá a mão para atravessar a transição.
É o fio condutor através do labirinto.
Os Mistérios Femininos são os Mistérios do corpo e do Sangue, os mistérios da Mãe e
da Filhacelebrados desde os tempos antigos. Os mistérios da menstruação, da gestação, do
climatério, a morte e o renascimento – todos os ritos de passagem que acontecem através do
CORPO. A Deusa se manifesta através do corpo da mulher. Por isso os mistérios do corpo
precisam ser ressacralizados e respeitados como sinal de sintonia da mulher com os ciclos da
natureza, da Mãe Terra.
A iniciada aprende a recuperar pouco a pouco a energia sexual, criativa e regenerativa
perdidas, abrindo um canal que corre por seu corpo alcançando um processo de combustão,
que converte a energia negativa em energia de força vital.
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O renascimento de si mesma não é uma imagem simbólica, nem uma metáfora poética,
é um PROCESSO REAL de conversão da energia que conduz à formação de um corpo sutil: O
CORPO DE LUZ.
4. O RESGATE DA SACRALIDADE DA ENERGIA FEMININA
Qual o sentido de resgatar e ressacralizar a energia feminina que a humanidade
venerou no passado, ou que ainda venera em locais “primitivos” ou em culturas diferentes das
nossas?
Uma das respostas, é que muitas mulheres que estão passando por experiências
parecidas, estão descobrindo que as coisas que vivemos como "excentricidades" pessoais, ou
como misteriosas extravagâncias sustentadoras de nossa secreta identidade, foram também
vividas por outras mulheres e que fazem parte de antigos mitos.
A tipologia feminina desenvolvida a partir dos aspectos da Deusa abre
extraordinariamente as possibilidades da mulher de hoje, que busca sair dos moldes rígidos de
uma cultura que mantém limitadas as potencialidades do feminino, incompatíveis por definição,
com o tipo de mentalidade que nos trouxe até o atual ponto de crise.
O estudo da Deusa e seus aspectos serve às mulheres, para rever o lugar que
ocupamos no mundo e para definir nossa parte na tarefa de devolvê-lo á ordem natural, a Paz
verdadeira.
O estudo da Deusa pode ajudar neste descobrimento onde sentimo-nos integradas a
algo maior de que a nossa própria biografia: um movimento maciço de recuperação humana,
em que as fêmeas da espécie estão fazendo as vezes de canais de transmissão de uma força
feminina, restauradora e regenerativa.
O poder da Deusa que se manifesta através das mulheres é uma matriz emocional que
convida a união e oferece uma sensação de voltar para casa.
Um círculo de mulheres reunidas constela um campo de poder que funciona como um
caldeirão espiritual e psicológico, aonde cada mulher do círculo é uma irmã que, como um
espelho, nos devolve reflexos de nós mesmas.
É o encontro com a "Mulher que existe no coração de todas as mulheres", o retorno a
nosso corpo, a nosso útero, ao útero da Terra. Re-consagrar o Planeta reencontrando o
sagrado em nós mesmas. Considerando cada lugar e cada pessoa sagrada, um ponto de luz
em uma grande teia, cujos filamentos tornam-se mais luminoso cada vez que nos
reconhecemos e criamos juntas conscientemente.
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Podemos, na realidade, fazer muito pela PAZ do universo, e chegou o momento de nós
mesmas o admitirmos.
Não foi por acaso que foi dada à mulher a tarefa básica de trazer novos seres humanos
para a terra; de servir, como dizem as Antigas Tradições, de vaso sagrado do renascimento
nos planos materiais.
5. AS QUATRO FASES DA DEUSA- INICIAÇÃO NOS MISTÉRIOS FEMININOS
Giraldez explica que as quatro fases da deusa - deusa menina, deusa donzela, mãe
divina e deusa anciã - são o desdobramento e formas de expressão da deusa-mãe, senhora da
vida e da morte. Quando entramos em contato com os quatro arquétipos básicos do divino
feminino e com a ressonância de nossos ciclos com os ciclos cósmicos podemos usar
plenamente nosso poder interno para revelar o mistério e transformarmos a nós mesmas e a
nossa cultura. é a totalidade de nosso ser que atua, os pedaços reunidos, reintegrados e
transformados em uma nova mulher que se dá à luz a si mesma
A obra de Giraldez é atravessada por recursos arquetípicos e por isso vale a pena abrir
um parêntese e recorrermos a Jung (2000, p. 16) para entendermos melhor o que é arquétipo:
“o arquétipo representa essencialmente um conteúdo inconsciente, o qual se modifica através
de sua conscientização e percepção, assumindo matizes que variam de acordo com a
consciência”. Para Jung, arquétipo traz um conhecimento que já existe em nós e se manifesta
de forma involuntária e essa soma de imagens psíquicas vai gerar um processo criativo, porém
vivencial, utilizado para explicar determinados fatos ainda não compreendidos pelo homem
primitivo, os mitos que são também ensinamentos.
Ainda por Jung (2000, p. 148), “a mentalidade primitiva não inventa mitos, mas os
vivencia.
6. O PRIMEIRO RITO DE PASSAGEM: O NASCIMENTO - NO COMEÇO O SER ÚNICO
RESPIRAVA
De quem é esse rosto que vimos quando abrimos os olhos pela primeira vez?
Onde estão essas memórias?
Aquelas lembranças estão confusas adentro de nos como essa imagem.
Quando pintamos ativamos as memórias e as recordações emergem nos sonhos e
acontecimentos.
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Nossa Natureza essencial é a potencialidade pura que busca expressar-se para passar
do não manifesto ao manifesto.
Quando nos damos conta de que nosso verdadeiro Eu é a potencialidade pura (TUDO
É POSÍVEL), nos alinhamos com o poder que expressa tudo no universo.
Sendo infinito ilimitado, também é felicidade pura. e Outros atributos são o
conhecimento puro, o silencio infinito, o equilíbrio perfeito, a invencibilidade, a simplicidade e a
alegria.
Essa é nossa natureza essencial; uma natureza de potencialidade pura.No começo tudo
é possível.
6.1 - Arquétipo: Deusa Menina
A menina traz em si, metaforicamente, o recomeço. O mito de uma criança sagrada que
nasce para salvar o mundo e que geralmente é perseguida pela ordem estabelecida que deseja
manter seu poder já instalado.
A força desse arquétipo requer nosso reconhecimento, ignora-la pode acabar com as
nossas mais sagradas inspirações, pois a semente da divindade que carregamos dentro de nós
precisa ser cultivada, aflorada para que nossos talentos sejam desenvolvidos.
Vamos crescendo e nos adaptando as circunstâncias da vida, ficando sujeitos aos
juízos de uma consciência imposta pela sociedade.
Quando vivemos em busca da referência externa e a aprovação dos outros, esperamos
constantemente uma resposta, nossa vida, portanto se baseia no temor e na necessidade de
controlar e dessa maneira entramos em um processo degenerativo até criar uma personalidade
alheia às necessidades do ser.
O nosso verdadeiro “Eu” está livre dessa busca, pois está imune às críticas, não teme
os desafios e não se sente inferior e nem superior a ninguém, pois entende que somos o
mesmo espírito com distintas formas.
A Deusa Menina representa a nossa potencialidade pura, a Criança Divina, O Louco do tarô. Outros atributos deste arquétipo são o conhecimento puro, o silencio infinito, o equilíbrio perfeito, a invencibilidade, a simplicidade e a alegria. Simboliza a natureza essencial do ser, uma natureza de potencialidade pura. Despertar a criança arquetípica em nós é despertar a liberdade de sonhar, de brincar e agir pela ação de nossa alma, abrir o campo da
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criatividade infinita. Evocar a linguagem interna da imaginação, do sonho da magia. Inspirar-nos a viver em conexão com a nossa essência, a praticar o silêncio, a nos vincular com a inteligência da natureza, seus mistérios, seus encantos. (GIRALDEZ)
6.2 - O Despertar da Menina Arquetípica Dormida no Corpo da Adulta
O resgaste da liberdade de sonhar e agir seguindo o impulso do espírito é o campo de
todas as possibilidades e da criatividade infinita.
Retomar os valores naturais, que são a correta expressão do espírito, o cuidar do
alimento, das vestes, do desejo entre outros. Relembrar a linguagem da imaginação, do sonho
e da magia. Assim vivendo de acordo com o “Eu” em uma constante autorreferência.
Praticar o silêncio, a conexão com a natureza também nos ajuda a acessar o campo
das potencialidades puras.
7. O SEGUNDO RITO DA PASSAGEM: A MENARCA
A menina se transforma em donzela através do rito de passagem com a menstruação.
A força do desejo torna-se seu maior poder. Esse poder está focalizado nos seus
ovários, onde estão guardadas suas sementes e como todo ser da natureza pode gerar vidas.
Ela começa a compreender o poder sagrado dos seus ciclos, do seu corpo, do seu
sexo, do seu fogo, compreende que pode dar forma a sua energia e começa o aprendizado de
trabalhar conscientemente a sua energia.
7.1 Arquétipo: Deusa Donzela
A donzela é a flor, a semente que desabrocha. As potencialidades ou os talentos se
desenvolvem e ela começa a descobrir qual é o seu dom, sua vocação, seu propósito de
encarnar nesse momento e nesse lugar. Negar o chamado e suas vocações em função das
pressões sociais leva as grandes frustrações e as doenças na fase adulta.
Os grandes desafios da Donzela são: escutar o próprio chamado; aprender sobre as
polaridades no plano físico, energético, psíquico e espiritual tanto em si como na relação com o
sexo oposto.
Este arquétipo retrata o poder da força do desejo presente nos ovários, onde estão depositadas as nossas sementes. É nesta
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fase que a mulher percebe o poder sagrado dos seus ciclos, do seu corpo, do seu sexo, do seu fogo. Ela é a flor desabrochada a partir da semente da menina. É a iniciação do trabalho consciente com a sua energia, quando a adolescente começa a descobrir qual é o seu dom, sua vocação, o chamado de sua alma. Os grandes desafios da Donzela são o de escutar o chamado de sua alma, encontrar a sua vocação e aprender sobre as polaridades do plano físico, energético, psíquico e espiritual através da relação com o masculino. (GIRALDEZ)
7.2 - SEXUALIDADE SAGRADA
A sexualidade sagrada é a ciência e a arte de articular os princípios masculinos e
femininos em nós e no nosso relacionamento com o parceiro. É a sexualidade no contexto
espiritual. É o retorno a origem que nos criou, faz-nos conscientes da fonte de energia
transformando-nos uno a ela. Uma vez conectados com esta energia, mesmo por alguns
momentos, nunca voltaremos a ser o mesmo.
A sexualidade sagrada é um caminho que não está ligado a religião ou crença.
Funciona em todos os níveis da vida, fortalecendo o corpo, sutilizando as emoções,
melhorando os processos de pensamentos e conduzindo ao equilíbrio que abram portas para a
percepção espiritual, fazendo-nos sentir mais vitais, saudáveis e radiantes.
Existem técnicas antigas que ensinam a levar energias através dos caminhos astrais do
corpo com o objetivo de produzir alquimia interna para magnetizar a medula espinhal, atraindo
a energia etérica ao fluido cerebrospinal e alterando suas propriedades elétricas. Esse é o
segredo da regeneração do fogo cósmico.
As técnicas de respiração e meditação limpam e desbloqueiam o latente túnel entre o
cóccix (a reserva sacra de fluido cerebrospinal) e a cavidade craniana e depois, o fluido
eletricamente carregado – também chamado Shakti, Fogo Cósmico ou Kundalini, inunda os
purificados canais do cérebro com energia cósmica.
Isto ativa o Terceiro Olho, assento da consciência individual, estimula as glândulas
pineal e pituitária, elos diretos a consciência cósmica.
Este processo transforma todo o sistema nervoso. Os sentidos se expandem e se produz uma
intensa vibração percorrendo o sistema nervoso central.
A maioria das pessoas conhece o sexo como alivio das tensões, mas desconhece a
qualidade orgásmica.
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E se ignoramos a capacidade de ter grandes explosões orgásmicas ou estados de
êxtase não podemos compreender a espiritualidade.
Este é o significado do Fogo Sagrado que se ascende na base da coluna. A energia
congelada, cristalizada, se derrete e transforma-se em uma com o parceiro, com as árvores,
com as estrelas, com o universo.
Porque na prática da sexualidade sagrada os parceiros se unem doando energia um
para o outro e criando um círculo onde a vida é renovada. Reconhecendo o corpo como o
complemento divino do espirito.
7.3- O MITO- PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO. NASCIMENTO, CRESCIMENTO,
DECADÊNCIA, MORTE
Apaixonado, o Deus busca sempre a Deusa. Ela é a Grande Mãe, que dá a luz a ele
como a Divina Criança do Sol, no solstício de Inverno (Natal ). Na primavera ele é o semeador
e a semente germina com a luz crescente, verde como os novos brotos. Ela é a iniciadora que
ensina a ele os Mistérios. Ele é o jovem touro, ela a sedutora. No verão, quando a luz é maior,
unem-se e a força da sua paixão sustenta o mundo. Mas a face de Deus se obscurece à
medida que o sol vai enfraquecendo, até que, quando o grão é colhido, ele também se sacrifica
( Cristo Crucificado ), para que todos possam ser bem nutridos. Ela é a ceifadora, o túmulo da
terra ao qual todo deve retornar. Durante longas noites, ele dorme em seu ventre, em seus
sonhos ele é o Senhor da Morte que rege a terra da juventude, além dos portais da noite e do
dia. Sua sepultura torna-se o útero do renascimento ( Cristo Ressuscitado ), pois no meio do
inverno ela dá novamente à luz a ele.
Este é o mito da Roda do Ano, baseado em lendas muito antigas, do fim do Paleolítico,
há mais de 35 mil anos. Ele dramatiza as mudanças do ano e a tradição de alguma forma se
conserva até os nossos dias.
7.4 Na Idade de Ferro
E a Deusa e o Deus copularam felizes nos campos e comeram dos frutos da terra no
decorrer das Idades de Ouro e Prata, até que nos começos da Idade de Ferro (Há 5.000 anos)
perderam definitivamente o paraíso. A Serpente, símbolo do poder sexual ascencionando pelos
chakras, chamada Kundalini na Índia, Urhek no Egito, Uraeus na Grécia, foi condenada a se
arrastar virando demônio; e o fruto divino do ventre das mulheres transformou-se numa raça
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amaldiçoada que carrega o pecado só por ter nascido, conjuntamente com a programação de
parir com dor e ganhar o pão com o suor de sua testa. Os povos do Deus Pai perderam o
prazer e a reverência pela vida e cultuaram a guerra e a escravidão. Os Amantes Sagrados
morreram tragicamente junto com a celebração dos mistérios e homens e mulheres
esqueceram a antiga sabedoria anulando pouco a pouco seus poderes naturais. A Deusa foi
estuprada, castigada, desterrada, engolida ou jogada no abismo; transformada em dragão e
serpente, em Cinderela ou em virgem escrava. O Deus perdeu sua virilidade gerando a seu
filho de forma antinatural. Homens e mulheres perderam os arquétipos sagrados
7.5 -Sexualidade Sagrada: Nunca é tarde para começar
O ato do amor é o mais elevado e oculto de todos os mistérios
A Sexualidade Sagrada e a ciência e a arte de articular os princípios masculino e
feminino dentro de nós e no relacionamento com o parceiro. É o caminho da felicidade e o
reconhecimento da fonte infinita de bem-aventurança.
A caminhada da Sexualidade Sagrada apresenta uma série de rituais e técnicas que
usam a enorme energia criativa da paixão sexual para levar-nos a um estado de consciência
superior.
A Sexualidade Sagrada não é uma licença para a luxúria ou desenfreio sexual, sua
prática exige grande disciplina. É sexualidade no contexto espiritual. É o retorno a origem que
nos criou, fazendo-nos conscientes da fonte de energia e transformando-nos em um com ela.
Este caminho nos leva a penetrar profundamente na dimensão física. Quando nos conectamos
com esta energia – mesmo que seja por alguns momentos- nunca voltamos a ser os mesmos.
Este caminho não é ligado a nenhum sistema de crenças ou religião. É um caminho de
ação que funciona em todos os níveis da vida, fortalecendo o corpo, sutilizando as emoções,
melhorando os processos de pensamento e conduzindo a um equilíbrio que possa abrir as
portas da percepção espiritual, fazendo-nos sentir mais vitais, saudáveis e radiantes.
Dizem que a nossa essência é amor, mas nossa civilização bloqueou a expressão do
amor, quando condenou a sexualidade, porque o amor é energia sexual transformada. Para
conhecer a verdade intrínseca do amor é preciso conhecer o sexo como poder divino.
Quando a energia sexual flui tudo se ativa. Temos força, saúde, vitalidade. Estamos
sintonizadas, em harmonia, criativos, vibrando, em equilíbrio
Este caminho te levará a penetrar profundamente na dimensão física e ao retorno a
Matriz Cósmica é a última iniciação.
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Para conhecer a verdade elementar do amor precisa-se aceitar a divindade do sexo e
aprender a dar culto através dos sentidos e da carne.
Nas sociedades matrifocais a sexualidade sagrada foi uma pratica difundida, um fio
condutor atravessando as civilizações.
8. O TERCEIRO RITO DE PASSAGEM: A CONCEPÇÃO
Cada mês o corpo feminino sofre uma série de mudanças. E essas transformações
operam não só no corpo, mas também na consciência e é importante que cada mulher tome
consciência de como reage a seu próprio ciclo para compreender como usar melhor suas
energias construtivas e destrutivas.
As fases são 4: pré-ovulatória, ovulatória, pré-menstrual e menstrual. Nossos ciclos e os
da lua estão intimamente relacionados e nosso corpo responde as fases lunares que são elas:
A lua crescente está relacionada com a Virgem. É a fase que vai desde o fim do
sangramento até o começo da ovulação. Energia generativa, dinâmica e inspiradora. Jovem
donzela.
A lua cheia está relacionada com a Mãe. É a fase de ovulação. Capacidade e força
para criar, sustentar e fortalecer uma nova vida.
A lua minguante está relacionada com a Feiticeira. Menor energia física, aumento da
sexualidade, interiorização e magia. Poder destrutivo no exterior e construtivo no interior.
A lua nova está relacionada com a Bruxa. Fase da menstruação. Retirada das energias
do mundo terreno para centrar a consciência no mundo espiritual.
O ciclo da lua branca é quando a ovulação acontece na lua cheia. Fertilidade.
Prosperidade.
O ciclo da lua vermelha é quando a ovulação acontece na lua nova. É centrado no
desenvolvimento interior. Lilith. Mulher Selvagem.
8. 1 Aquetipo: A Deusa Mãe
A Deusa Mãe é uma espécie em extinção. Senhora do lar e de todos os cuidados. Seu
reino é interior, sua sabedoria muito profunda. Cuida da energia e do espaço que ela e sua
família habitam. É a criadora das formas e a curadora natural.
Este arquétipo traduz a Senhora do Lar com todos os cuidados, reina no nosso interior e possui uma sabedoria muito profunda. Expressa em sua energia o cuidado da casa e tudo o mais que
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facilite os desejos e o conforto de sua família. A Mãe Divina é a mulher nutridora de alimentos e de amor e está fortemente vinculada ao arquétipo da Filha, relação sagrada de fases distintas da Deusa. Com o patriarcado essa relação se deteriorou e hoje o que se vê é o caminho da filha de volta para a casa, na busca da sua integridade psíquica e, como afirma Giraldez, “parir-se a si mesma a princípio e à sua mãe e às suas avós”.
8. 2 Maternidade Consciente: Na Busca do Elo Perdido
A quebra do elo entre a mãe e a filha vai além do relacionamento de uma mulher com
sua mãe pessoal. Parte do desequilíbrio de valores da nossa cultura que exaltam o masculino
em todas as ordens.
Na busca do modelo da super - mulher, que mede sua autoestima e valores de acordo
com os padrões masculinos de produtividade, realização econômica, casamento estável. Lutam
para não se parecer em nada com as mães dos anos 50, sem liberdade, deprimidas e
reprimidas. Entretanto, hoje, igualmente insatisfeitas e cansadas, a filha retorna ao caminho em
busca da mãe que nunca teve, de um novo modelo de mulher que está emergindo das
profundezas.
A descoberta dos anticoncepcionais e o progresso tecnológico dos eletrodomésticos
contribuíram para transportar as mulheres para o mundo dos homens que gradualmente
começaram a desvalorizar a vida do lar e a maternidade.
Entre os anos 60 e 70 as mulheres almejavam o autovalor e a independência da qual
suas mães tinham sido privadas, o que também significava rejeição ao casamento tradicional e
da dependência econômica e social.
Os traços associados com o feminino foram sendo reprimidos e desvalorizados. A
intuição, o sentimento, a subjetividade, capacidade de se relacionar e as reações emocionais
cederam lugar para uma educação racional e científica.
As mulheres puderam se expressar mais livremente, tornaram-se mais autoconfiantes,
aprendendo a viver sem tanta aprovação masculina, porém algumas assumiram uma postura
radical, identificando-se com aquilo que combatiam.
Dessa maneira surge a mulher dos anos 80, que paulatinamente conquista sua posição
profissional e econômica, todavia estressada, vazia, estéril e sem amor.
O preço do sucesso no mundo masculino foi a separação do corpo, das emoções e da
natureza.
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Contudo, agora, começa o retorno ao lar: recuperar, reaprender e recobrar, tomando
consciência da destruição dos valores egocêntricos e da emergência dos valores
transpessoais.
A mulher dos anos 90 quis reconectar se com sua feminilidade reprimida e ferida e
começou a questionar sua vida e suas insatisfações mais profundamente.
O preço do sucesso no mundo masculino foi a separações do seu próprio corpo, da
natureza e das suas emoções como também a perda do cento do seu poder e da ligação
adequadas com as forças que podem nutrir o “eu” feminino.
A Nova Mulher sente a necessidade de reencontrar sua integridade psíquica, de
mergulhar nas profundezas de seu próprio ser, para ligar-se com a raiz do seu gênero e voltar
a parir sem dor. Parir-se a si mesma a princípio e à sua mãe e às suas avós.
A mulher do futuro que já existiu no passado e está voltando no presente. Que deseja
relaxar, amar a si mesma, valorizar-se, reproduzindo-se num modelo cada vez mais pleno e
feliz que transcende os tempos.
9. O QUARTO RITO DE PASSAGEM: O CLIMATÉRIO
O climatério é a grande mudança. É o rito de passagem para a idade da sabedoria, a
dimensão da Deusa Anciã.
Como nas outras fases, o corpo gradualmente passa por mudanças. Aumenta o calor, a
visão dual é menor, mas o olho único se desperta. As emoções se agitam com as oscilações
dos hormônios, a máscara cai e a bruxa feia se apresenta com todo seu poder que é senso de
humor, liberdade e vontade. Nas sociedades matrifocais da antiguidade, que existem até hoje,
o climatério é considerado uma ponte para entrar na idade da sabedoria.
Importantes mudanças físicas e psicológicas favorecem este despertar, a glândula
pituitária, por exemplo, torna- se mais ativa e produz grandes quantidades de FSH (hormônio
estimulante dos folículos) e LH (hormônio luteinizante). Esta glândula que encontra- se entre os
olhos é o complemento fisiológico de um importante centro de energia espiritual ou “chakra”,
relacionado com a clarividência, chamado comumente de Terceiro Olho.
E os “calores” tão frequentes, na maioria das mulheres, considerados como um dos
maiores transtornos da menopausa representam a ascensão da famosa energia Kundalini,.
Todavia, a Anciã, mulher cheia de poder espiritual, curadora, conselheira, xamã e
educadora dos mais jovens está despertando novamente, tirando o véu de tabus e
preconceitos que ocultam, até para nós mesmas, a beleza desta fase da vida.
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Guardiã do conhecimento oculto, dos mistérios da sabedoria mágica, a rainha do
submundo, a sombra e todos os segredos que só a idade pode nos proporcionar.
9.1 Arquétipo: Deusa Anciã
A menopausa é um processo de renascimento da qual a mulher se emerge com novas
responsabilidades, novos espelhos e novo poder.
Nossa cultura não apresenta um modelo de mulher satisfeita na meditação, no silêncio,
portanto as mulheres tiveram que aprofundar nos ensinamentos mais antigos, ainda vivos, são
transmitidos pela tradição oral nas irmandades ocultas.
Lyan V. Andrews é uma das mulheres mais conhecidas no mundo por divulgar o
conhecimento xamânico através de vários livros bibliográficos.
Andrews (1995) relata: "Aprendi com minhas mestras xamãs que a menopausa é o
limiar do tempo mais sagrado da existência terrena da mulher. Entretanto, esse rito de
passagem é comumente silencioso uma jornada não mencionada e misteriosa"
Nos tempos mais remotos a imagem de uma velha mexendo o caldeirão, a feiticeira, era
a imagem de uma mulher bela, realizadora de mágicas, provedora de vida nova num sentido
espiritual e sagrado.
Entretanto, no mundo patriarcal, essa imagem mulher boa e de doce feiticeira passou a
ser vista como uma bruxa feia prostrada sobre um caldeirão fervente de trevas.
Contudo a mulher sábia ainda está viva pulsando pelo seu despertar.
A grande Deusa provê uma ponte para a jornada da mulher até uma vida sagrada e
iluminada que marca a segunda metade da evolução.
Esta é a dimensão da sabedoria, quando o corpo perde a força e mudanças significativas ocorrem: sobe o calor, redução da visão dual e o despertar do terceiro olho, desestabilização emocional decorrentes das oscilações hormonais e o surgimento da bruxa feia, com o cair das máscaras, com todo o poder do senso de humor, liberdade e verdade. Temos aqui a poderosa Senhora do Inverno que nos aguarda num lugar escuro e profundo que existe dentro de nós, onde se realiza o processo de transmutação, libertador do sofrimento, a beleza da morte, trazendo a sombra para ser reconhecida e acolhida. (GIRALDEZ)
10. Aceitar o Poder
Difícil de aceitar para as mulheres de nossa cultura porque nosso instinto foi negado e
reprimido, sufocado por falsas normas e idéias sobre nós e o mundo, impostas desde fora.
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Estamos habituadas a não usar nosso poder e ainda achar que ele não existe ou que é
outorgado por um homem ou por uma instituição ou universidade.
Para Vicky Noble - criadora do Tarot Mãe Paz e autora de vários livros - o xamanismo
feminino é o trabalho de relembrar-se a si mesma. Conforme diz: “Nós, mulheres, decidimos
nos curarmos da doença mundial do patriarcado - diz - Nos ensinaram que era impossível nos
curar sem drogas ou cirurgia . Mas nosso corpo possui seus próprios mecanismos curativos. O
corpo é algo mais do que um receptor sensual ou um veículo físico, é um instrumento
superconsciente que se conecta diretamente com a alma".
A mulher que consegue esta conexão recebe então os poderes da Deusa do Destino,
da Avó Aranha que tece os fios da vida em harmonia com os ciclos da natureza.
Torna-se dona da sua vida e, mais ainda, penetra na consciência da Irmandade
Feminina, compreendendo que ela, a Lua, as Estrelas, a Mãe Terra e todas as mulheres, são
uma mesma coisa.
11. Considerações Finais
O trabalho da Gineterapia está fundamentado na transmissão e iniciação dos mistérios
da identidade feminina. São eles:
Mistérios da Roda da Vida- As fases da vida da mulher e a ressonância dos
seus ciclos e com os ciclos cósmicos.
Mistérios do amor e Sexualidade- A mulher como iniciadora do homem e
regeneradora da vida. A integração dos opostos.
Mistérios da Concepção- O poder da transformação do ciclo menstrual. Criar e
gestar em todos os níveis.
Mistério da Transformação- A integração da sombra para lidar com as partes
feridas e rejeitadas. A Mulher Selvagem.
Misterio da Inteireza- Os aspectos da mulher divina. A constelaçõa interior
seguindo a Árvore da Vida. A irmandade.
A segunda fase do trabalho concerne às técnicas terapêuticas utilizadas como artes do
cuidado. São elas:
Chave das Estrelas – Nosso lugar no universo. O mapa natal: modelo da psique
individual
Terapias Energéticas
Remédios da Natureza
A Arte de Imterpretar: O terapeuta como Hermeneuta, Oráculos e Busca da
Visão.
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A terceira fase abrange quatro portais, sendo eles:
Conexões transpessoais : Arte ritual. Despertar dos poderes psiquicos e espirituais.
A Sabedoria Ancestral: Mitos do paleolítico e neolítico e o ritual como chave de
transformação.
As Mulheres Medicinas: Rituais Sagrados de nossas ancestrais americanas do norte e
do sul. A Aliança da Águia e do Condor.
Tradições Matricêntricas do Mundo: A sínteses das tradições matrifocais, as
Sacerdotisas de hoje.
Gineterapia penetra suavemente nas camadas das múltiplas dimensões que formam a vida
da mulher para encontrar o centro de poder no feminino arquetípico, reintegrando os aspectos
rejeitados, relegados, desconhecidos, e re-significando cada fase da existência.
Resgatar o feminino é permitir e aceitar que as emoções e os desejos fluam novamente,
que o corpo volte a ser vibrante, que a vida volte a circular dentro de si. A conexão com o seu
feminino vem do contato do que há de mais natural em si, é a essência.
O feminino precisa de ser aceito com seu mais puro amor e sacralidade. O feminino
representa o cuidado amoroso que se reflete nas relações com os outros, é a doçura, a
vitalidade, o amor.
Olhe para dentro e busque o feminino em si. A energia feminina detém em si todo o
potencial criador. Deixe que ela crie e deixe que ela renove o seu ser.
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Referências bibliográficas:
SOUSA,Valdomira Nair.Sobre Mulheres e Deusas.2017.Artigo (Pós-Graduação em
Gineterapia)- Instituto Tecnológico de Educação (ITECNE).Florianópolis-SC
Gineterapia cuidado da Mulher.Disponível em<www.fotografadoula.com/gineterapia> Acesso
em 01/03/2017
Gineterapia.Cuidado da Mulher.Cuidado da Vida .Disponível em<www.gineterapia.com/sobre-
3>Acesso em 01/03/2017
Psicoterapia Psicologia Junguiana<https://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/processo-de-
individuacao/> Acessado em 01/03/2017
Toro.
http://www.pensamentobiocentrico.com.br/content/bv/2014/tomos1e2debiodanza.pdfAcessado
em 01/03/2017
Apostila oficial do Curso de Formação – Gineterapia – A Arte de Cuidar da Mulher – 1ª Fase:
Iniciação nos Mistérios Femininos, 2014-2016