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BRASIL Crise Penitenciária Impulsiona Reforma Audiências de Custódia Ajudam a Combater a Superlotação no Maranhão HUMAN RIGHTS WATCH

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Page 1: Human Rights Watch · 2012, de acordo com o 2Mapa da Violencia 2014 , um estudo acadêmico baseado em dados do Ministério da Saúde. Em janeiro, a polícia prendeu 36 homens em uma

BRASILCrise Penitenciária Impulsiona ReformaAudiências de Custódia Ajudam a Combater a Superlotação no Maranhão

H U M A N

R I G H T S

W A T C H

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Corredor dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. © 2015 Human Rights Watch

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Embora o direito internacional preveja a obrigação dosEstados de promoverem essas audiências, elas raramenteocorrem no Brasil, onde muitos presos esperam por mesesaté serem levados a um juiz. Em quase metade dos casosque fizeram parte do programa piloto conduzido no Estadoque registrou os piores índices de violência em prisões dosúltimos anos, os juízes decidiram que não cabia prisãoprovisória e determinaram a liberação dos detidos. Noscasos em que as decisões foram baseadas apenas nosdocumentos policiais, os juízes determinaram a liberaçãodo detido em apenas 10 por cento dos casos, embora odireito internacional preveja que a prisão provisória deveser último recurso, privilegiando a liberdade.

Em janeiro de 2015, a Human Rights Watch visitou oComplexo Penitenciário de Pedrinhas, o maior doMaranhão, e entrevistou 25 presos e 17 parentes dedetentos atuais ou egressos do complexo, assim comojuízes, promotores, defensores públicos, advogados dedefesa, ex-agentes penitenciários, autoridades locais erepresentantes da Sociedade Maranhense de DireitosHumanos, uma organização não-governamental.

As audiências de custódia previnem casos de encarce-ramento arbitrário e ilegal de suspeitos de crimesnão-violentos enquanto estes aguardam julgamento. Elaspermitem que os juízes tenham mais informações paradecidir se alguém foi detido legalmente e se estãopresentes os elementos para se determinar a prisãoprovisória.

A Human Rights Watch concluiu que, sem essasaudiências, os detidos que aguardam para serem levadosà presença de um juiz pela primeira vez podem passarmeses em prisões superlotadas, sob intensa pressão parase juntarem a facções criminosas.

Mais de 90 presos foram mortos nas prisões maranhensesnos últimos dois anos, a maioria por membros de facçõesrivais, de acordo com dados do Conselho Nacional deJustiça1 e da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.Membros dessas facções criminosas mutilaram suasvítimas, realizaram sequestros e extorsões dentro dasprisões e estupraram visitantes, de acordo comdeclarações de presos e autoridades à Human RightsWatch.

Ao longo da última década, duas facções se formaramdentro de Pedrinhas: o Primeiro Comando do Maranhão(PCM), cujos membros são majoritariamente do interior doEstado, e o Bonde dos 40 (uma referência às pistolascalibre 40), cujos membros são principalmente da capital,São Luís. Inicialmente criadas pelos presos para seproteger contra a violência dentro das prisões, essasfacções cresceram até controlarem unidades inteirasdentro do complexo penitenciário.

Esses grupos também ampliaram suas atividades ilegaispara fora dos muros prisionais e agora dominam bairrosinteiros de São Luís. Durante os últimos anos, os crimesviolentos cresceram dramaticamente no Estado doMaranhão. O índice de homicídios triplicou entre 2002 e

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SUMÁRIO EXECUTIVOUm programa piloto realizado no Maranhão está ajudando a reduzir o número de presos provisórios, uma dasprincipais causas da superlotação das prisões e do recrutamento de novos membros por facções criminosas.O programa possibilita que novos detidos sejam levados rapidamente à presença de um juiz para uma“audiência de custódia”, que determina se eles devem ser mantidos presos provisoriamente ou liberados.

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2012, de acordo com o Mapa da Violencia 20142, umestudo acadêmico baseado em dados do Ministério daSaúde.

Em janeiro, a polícia prendeu 36 homens em uma festa emSão Luís após ligações anônimas relatarem à polícia que afesta era organizada por uma facção criminosa, emboratestemunhas e familiares entrevistados pela Human RightsWatch tenham insistido que eles não eram membros denenhuma facção. No entanto, ao chegarem em Pedrinhas,os detidos pediram para serem colocados em celas commembros do Bonde dos 40, pois moram em bairrosdominados por essa facção e temiam serem mortos sefossem presos juntamente com membros do PCM. A HumanRights Watch concluiu que esta é uma receita clara para orecrutamento de novos membros pelas facções criminosas,

com consequências que perdurarão muito além dalibertação desses presos.

O crescimento das facções criminosas se deu em grandeparte por causa da falta de segurança dentro das prisões,que se agravou com a superlotação, disseram autoridadeslocais à Human Rights Watch. Em outubro de 2014, mais de6.500 pessoas estavam presas nas unidades prisionais doMaranhão, que foram construídas para abrigar um máximode 3.605 presos, de acordo com um relatório do poderjudiciário estadual.

Sessenta por cento desses presos estão em prisãoprovisória, diz o relatório. Eles são rotineiramentecolocados em celas com criminosos condenados, em umaclara violação dos padrões internacionais.

O direito de uma pessoa detida de ser levada à presençade um juiz sem atrasos é um direito fundamental previstono direito internacional e consagrado em tratadosratificados pelo Brasil, incluindo o Pacto Internacionalsobre os Direitos Civis e Políticos e a Convenção Americanade Direitos Humanos. Ele se aplica a todas as prisões, sem

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Um detento no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. © 2015 Human Rights Watch

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exceção, e se destina a colocar sob controle judicial aprisão de um indivíduo sujeito a uma investigação criminal.Este indivíduo deve ser fisicamente conduzido à presençado juiz, de modo a permitir indagações sobre o tratamentodispensado a ele enquanto sob custódia policial.

As audiências de custódia também são cruciais paraprevenir a tortura e os maus-tratos pela polícia – um sérioproblema no Brasil. O juiz Fernando Mendonça disse àHuman Rights Watch ter identificado sinais de maus-tratosem três casos durante as audiências de custódia doprograma piloto, os quais encaminhou ao MinistérioPúblico. As evidências físicas dos maus-tratosprovavelmente teriam desaparecido se os presos tivessemque esperar meses até serem conduzidos à presença deum juiz.

Um projeto de lei apresentado ao Congresso Nacional em2011 (PLS n. 554/2011) prevê a obrigatoriedade dasaudiências de custódia em todo o país, mas o Congressoainda não decidiu sobre esta questão. Em fevereiro de2015, o Estado de São Paulo iniciou seu próprio programade audiências de custódia, em parceria com o ConselhoNacional de Justiça. Outros estados deveriam seguir oexemplo.

Resultados da PesquisaDurante anos, a ausência de audiências de custódia noMaranhão resultou na prisão ilegal de indivíduos suspeitosde terem cometido crimes de menor gravidade que nãodeveriam ser mantidos presos provisoriamente de acordocom a legislação brasileira. Encher as prisões com pessoasque legalmente não deveriam estar alí contribui para asuperlotação, um fator determinante para o crescimentodas facções criminosas no Maranhão.

Presos provisórios são rotineiramente colocados nacompanhia de criminosos condenados, outra violação dodireito internacional que tem contribuído para o seurecrutamento por parte das facções.

Familiares, autoridades locais e os próprios presosdisseram à Human Rights Watch que indivíduos que nãofaziam parte de uma facção anteriormente são impelidos ajuntarem-se a uma delas ao chegarem à prisão. Quandonovos detentos chegam, agentes prisionais perguntam aqual facção eles pertencem, alocando-os nas unidadescontroladas por aquele grupo. Os presos também podempedir para serem encaminhados a uma unidade "neutra" sedisserem que não são membros de nenhuma facção. Noentanto, tanto presos quanto autoridades disseramacreditar que as facções também estavam presentesnaquela unidade.

O Subdefensor Público-Geral do Estado do Maranhão disseà Human Rights Watch que, nos casos envolvendosuspeitas de crimes relacionados a drogas, a primeiraaudiência perante um juiz acontece "na melhor das circun-stâncias" entre 90 a 120 dias após a prisão. "Isto significaque as facções têm 120 dias para convencer a pessoa ajuntar-se à ela", declarou o Subdefensor.

Para os presos suspeitos de terem cometido outros tiposde crime, a espera é frequentemente ainda maior,declararam as autoridades. A Human Rights Watchencontrou casos de presos provisórios que ficaram aténove meses na prisão sem serem apresentados a um juiz.

Uma espiral de violência nas prisões finalmente levou oMaranhão a adotar as audiências de custódia a partir deoutubro de 2014. Dali até dezembro, 20 por cento dosindivíduos presos em flagrante em São Luís foramencaminhados para audiências de custódia, de acordo como primeiro relatório oficial do programa piloto. Avaliaçõespreliminares mostram que as audiências ajudaram aprevenir casos de encarceramento arbitrário de suspeitosnão-violentos e que sua implementação pode ser feita pormeio da colaboração entre as autoridades locais e apolícia.

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Detentos no Complexo Penitenciário dePedrinhas, onde presos provisóriosdividem celas com presos condenados. © 2015 Human Rights Watch

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Superlotação das Prisões e o Crescimentodas Facções Criminosas no MaranhãoAs prisões maranhenses padecem há anos com asuperlotação, o que tem contribuído para a falta decontrole dentro delas e para o crescimento das facçõescriminosas.

Em outubro de 2014, 6.538 indivíduos estavam detidos emum sistema com capacidade para 3.605, de acordo com umrelatório do poder judiciário estadual. O complexo dePedrinhas possuía 152 detentos em uma unidadeconstruída para 96 e 252 em outra unidade comcapacidade para 104. Durante visita em janeiro de 2015, aHuman Rights Watch verificou que havia entre 12 e 16pessoas em três celas, cada uma com capacidade para 8pessoas. Uma das celas abrigava 9 detentos, mas possuíaapenas três camas de concreto.

A superlotação faz com que seja extremamente difícil aosagentes prisionais manter o controle e proteger os presosuns dos outros, disseram dois ex-agentes de Pedrinhas àHuman Rights Watch. Um deles disse que, por muitos anos,não havia agentes suficientes em Pedrinhas para entrarcom segurança nas unidades e nas celas "para evitaratrocidades e crimes". Como resultado, os agentesnormalmente ficavam para fora dos portões de ferro dospavilhões. Por anos, as celas permaneceram destrancadasem Pedrinhas e os presos circulavam livremente dentro dospavilhões.

Os presos de São Luís frequentemente agrediam os presosvindos do interior do Estado, que eram encaminhados aPedrinhas devido à falta de espaço em instalações maispróximas de suas residências, disseram autoridades. Parase defender, os presos do interior fundaram o PCM,levando os presos de São Luís a criarem o Bonde dos 40."O Estado deixou as facções tomarem conta do sistemapenitenciário", disse à Human Rights Watch o vice-presidente do Sindicato dos Servidores do SistemaPenitenciário do Maranhão, Cézar Castro Lopes, que é ex-agente penitenciário.

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Com a falta de camas, colchões ou mesmo espaço para se deitar no chão, ospresos dormem em redes no Complexo Penitenciário de Pedrinhas © 2015 Human Rights Watch

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Violência das Facções CriminosasAs facções criminosas foram responsáveis por um aumentodramático no número de mortes dentro das prisões doestado em 2013. Naquele ano, sessenta presos forammortos, a maioria no Complexo de Pedrinhas, comparadocom os 7 do ano anterior, de acordo com dados doConselho Nacional de Justiça e de organizações não-governamentais. Houve 32 mortes no estado em 2014 e 3entre janeiro e o dia 23 de março de 2015.

A maioria das vítimas é atacada por integrar ou sersuspeita de integrar uma uma facção rival. "É uma guerra",disse à Human Rights Watch o detento Moisés MagnoSoares Rodrigues, o "Saddam", líder do PCM, ao referir-se àviolência entre sua facção e o Bonde dos 40.

Ubiracy Pereira Aranha, de 22 anos, foi uma vítimaincidental dessa guerra. Ele foi morto com um tiro nacabeça no dia 10 de outubro de 2013, depois que membrosdo PCM invadiram a área onde presos do Bonde dos 40eram mantidos e os atacaram indiscriminadamente,durante uma rebelião. Oito outros presos foram mortosnaquele dia e 20 ficaram feridos. Ubiracy havia sidocondenado por homicídio por sua participação em umassalto no qual um de seus cúmplices matou o dono de umrestaurante. No dia em que foi morto, ele sairia por duassemanas em liberdade condicional, disse sua mãe àHuman Rights Watch.

Em alguns casos, membros dessas facções criminosasmataram presos de facções rivais colocados em uma celaou pavilhão controlado por eles. A.J., um detento, declarouque em junho de 2013 as autoridades penitenciárias dePedrinhas transferiram 16 membros do Bonde dos 40 parauma área ocupada por membros do PCM. Ele atribuiu adecisão à negligência do diretor da prisão, que não seimportou em verificar a quais facções os presospertenciam. Por uma janela, A.J. viu membros do PCMmatarem três dos presos transferidos com facas artesanaise um revólver. Os outros membros do Bonde dos 40conseguiram escapar, alguns deles feridos, disse ele.

Em vários casos, presos adotaram práticas macabras paraencobrir essas mortes. Ronalton Silva Rabelo, de 32 anos,foi preso provisoriamente em setembro de 2012 sobsuspeita de roubo. Ele foi dado como desaparecido em 1ºde abril de 2013, de acordo com o arquivo policial sobre ocaso obtido pela Human Rights Watch. J.K., um de seuscompanheiros de cela, disse à polícia que, alguns diasantes, oito membros dos Anjos da Morte (ADM), umafacção menor, entraram na cela e agarraram Ronalton. Umdeles telefonou para os líderes da ADM para pedirautorização para matá-lo, a qual foi concedida. Osmembros do ADM esquartejaram Ronalton e cozinharam os

pedaços de seu corpo para disfarçar o odor dedecomposição, jogando-os no lixo em seguida, disse J.K.Outra testemunha, P.Y., corroborou a história e disse queRonalton foi morto porque, antes de ser detido, ele teriaferido um homem que depois foi preso na mesma unidade.

A polícia decidiu não abrir um inquérito policial depois quealguns presos disseram ter ouvido rumores de queRonalton teria pago 40.000 reais a dois servidores daprisão para que estes facilitassem sua fuga. Um dos presosque deu essas declarações estava entre os responsáveispela morte de Ronalton citados por JK. A família da vítimadisse não acreditar que ele tenha fugido, uma vez que eleseria solto dali a poucos dias.

Outro detento, Rafael Alberto Libório Gomes, de 23 anos,foi dado como desaparecido em 2014 e seus restos mortaisesquartejados foram encontrados alguns dias depois,enterrados dentro da prisão.

Em outros casos, membros das facções criminosasmutilaram os corpos de suas vítimas e os deixaramexpostos. As primeiras decapitações nas prisões doMaranhão ocorreram durante uma rebelião em Pedrinhasem 2010 e desde então os presos decapitaram suas vítimasem diversas ocasiões, disseram autoridades locais. Emjaneiro de 2014, um vídeo3 gravado pelos próprios presos epublicado na internet pelo jornal Folha de São Paulomostrava os corpos decapitados de três dos quatro presosmortos por seus companheiros em dezembro de 2013.

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Celas do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. © 2015 Human Rights Watch

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Separação de Membros das Facções CriminosasO governo do Maranhão declarou estado de emergência nosistema penitenciário e tropas da Polícia Militar e da ForçaNacional foram empregadas em Pedrinhas em outubro de2013, depois que uma rebelião deixou 9 presos mortos e20 feridos. Membros das facções criminosas tambémqueimaram ônibus em São Luís e a violência levou escolasa suspender as aulas.

Um ano depois, em uma tentativa de reduzir a violência, asautoridades do sistema penitenciário começaram a alojarmembros de cada uma das facções criminosas emunidades diferentes dentro do Complexo Penitenciário dePedrinhas. Anteriormente, esses presos eram colocadosjuntos nas mesmas unidades e, embora separados emdiferentes pavilhões, tinham mais oportunidade de contatoentre si, disse Paulo Rodrigues da Costa, Defensor Públicoque foi diretor do sistema penitenciário entre setembro edezembro de 2014. As autoridades também começaram amanter os presos trancados em celas, em vez de deixá-loslivres dentro dos pavilhões. Desde então, o número demortes caiu dramaticamente. Entre 1º de outubro de 2014 e20 de março de 2015 houve cinco mortes em Pedrinhas. Noentanto, o controle dos líderes das facções criminosassobre os presos dentro de cada unidade aumentou, deacordo com várias autoridades estaduais com as quaisfalou a Human Rights Watch.

Pressão para Ingressar em FacçõesCriminosasQuando novos presos condenados ou provisórios chegama Pedrinhas, eles são inicialmente encaminhados para oque é conhecido como "a triagem", onde há celas paramembros do Bonde dos 40, do PCM e para presos que nãopertencem a nenhuma facção. Autoridades do sistemapenitenciário perguntam aos recém-chegados se sãomembros de alguma dessas facções e os alocam em celasde acordo com suas respostas.

Os presos que se declaram membros de uma facção sãotransferidos para uma das cinco unidades prisionais docomplexo designadas para alojar membros desses grupos.Aqueles que se declaram "neutros" são levados a umaunidade conhecida como "Cadet" (Casa de Detenção), aqual, em tese, não teria influência das facções. No entanto,autoridades do sistema penitenciário e juízes disseram àHuman Rights Watch suspeitar que haja membros dasfacções também lá. As mulheres são mantidas em umasétima unidade dentro do complexo.

Detentos disseram à Human Rights Watch que sofremintensa pressão para se juntarem a alguma das facções.Um preso provisório declarou que membros do Bonde dos40 e do PCM telefonaram para sua esposa para dizer queele precisava juntar-se a uma facção. Ele está sendomantido em uma unidade especial de isolamento para suaprópria proteção.

O.S., de 42 anos, cumpre pena em uma instalação deregime semiaberto em São Luís, onde presos que jácumpriram parte de suas penas podem sair durante o diapara trabalhar, devendo retornar à noite. Ele trabalha nominimercado de seu irmão, em um bairro controlado peloBonde dos 40. Ele disse que, em Pedrinhas, se sentiuforçado a ficar em celas do PCM porque veio do interior doEstado. "Na cadeia, ou tu vas correndo ao PCM, ou Bonde;não tem neutro, não", disse ele.

Agora, membros do Bonde dos 40 o consideram uminimigo, ainda que nem ele, nem seu irmão, sejammembros formais do PCM, declarou O.S. Eles sãoameaçados por membros da facção presentes no bairro etemem a morte todos os dias. O Bonde dos 40 matou umterceiro irmão deles na frente de sua residência em SãoLuís, em agosto de 2013.

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A Suposta Festa do Bonde dos 40Na noite do dia 16 de janeiro, a polícia vasculhou umaresidência onde ocorria uma festa em São Luís apósreceber ligações anônimas denunciando que ela teria sidoorganizada pelo Bonde dos 40. Os policiais disseram terencontrado no local duas armas e uma quantia de drogas,embora não tenham conseguido identificar a quempertenciam. Eles deixaram as mulheres e adolescentesirem embora e prenderam 36 jovens, declarou uma mulherque estava presente na festa à Human Rights Watch. Apolícia prendeu todos em flagrante por porte ilegal dearma, indução ao uso de droga e corrupção de menores.Um juiz manteve a prisão provisória de todos após leiturado inquérito policial, mas não chegou a ver nenhum delespessoalmente.

A Human Rights Watch entrevistou dois dos jovens detidos,além de parentes de outros nove. Todos insistiram que afesta nada tinha a ver com o Bonde dos 40 e que nem elesnem seus parentes, eram parte da facção.

Mesmo assim, quando chegaram a Pedrinhas, os jovenspediram para serem colocados em celas ocupadas pormembros do Bonde dos 40. Um deles, G.H., disse quetodos moravam em um bairro controlado por essa facção eque a imprensa já havia os identificado de formaequivocada como membros dela no dia da prisão. "Todomundo tem medo de morrer" [se encaminhados para umacela com membros do PCM], disse ele. G.H., de 23 anos, écasado e tem um filho. Ele trabalha com carteira detrabalho assinada para uma empresa de entregas.

Outro jovem preso, R.C., de 20 anos, frequentava à épocada prisão o curso de Lógistica Portuária do Senai, umaescola profissionalizante, mas não conseguirá seu diplomaporque faltou às aulas por mais de três dias consecutivosdevido à prisão, disse sua mãe, proprietária de um petshop. Ela disse que ele decidiu ir à festa de última hora,

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Entrada para a Casa de Detenção (Cadet), uma das unidades do ComplexoPenitenciário de Pedrinhas. © 2015 Human Rights Watch

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quando amigos o chamaram enquanto ele estava indojogar futebol. Ele planeja cursar faculdade e estudarengenharia mecânica. "Nunca o vi usar drogas", diz ela."Ele gosta muito de festas, gosta de dançar".

H.Y., de 27 anos, outro dos jovens presos na festa, trabalhacomo pedreiro, com carteria de trabalho assinada, parauma empresa que presta serviços à Vale do Rio Doce, amultinacional mineradora. Ele é casado e tem dois filhos.Ele disse temer perder seu emprego por estar na prisão. Eledisse não possuir um advogado.

B.T., cujo sobrinho de 18 anos foi um dos presos, disse quemesmo depois de sua soltura, os jovens detidos terão queter muito cuidado para não entrar por engano em bairrosdominados pelo PCM. "A partir desse episódio, a vida deles

não vai ser a mesma, só quem puder mudar de Estado",disse ela. "Eles vão perder a liberdade de ir e vir".

A polícia militar do Maranhão conduziu outras duasgrandes operações de apreensão em duas festassupostamente organizadas pelo Bonde dos 40, entresetembro de 2014 e janeiro de 2015.

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Pixação da facção Primeiro Comando do Maranhão dentro do ComplexoPenitenciário de Pedrinhas. © 2015 Human Rights Watch

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Audiências de Custódia no MaranhãoEm resposta à onda de violência nas prisões do Maranhão,um comitê composto por representantes do governo doestado, do Poder Judiciário, da Defensoria Pública, doMinistério Público e das diferentes forças policiais, propôsiniciativas para enfrentar as causas do problema, incluindoa superlotação dos presídios. Uma de suas propostas foi aimplementação de audiências de custódia para indivíduospresos em flagrante.

Embora as autoridades brasileiras já estejam obrigadaspelo direito internacional a realizarem essas audiências, oprograma piloto demostrou que elas ajudam a reduzir onúmero de presos provisórios dentro do sistema. Asaudiências previnem a manutenção de prisões arbitrárias epermitem que juízes melhor decidam, com base em

evidências fáticas, sobre a necessidade e legalidade de semanter um suspeito encarcerado.

De acordo com as normativas editadas pela CorregedoriaGeral da Justiça do Maranhão, as audiências de custódiadevem acontecer em até 48 horas a partir da prisão. Nelas,os juízes devem decidir apenas sobre a aplicabilidade daprisão provisória, não sobre a suposta responsabilidade dosuspeito pelo crime de que está sendo investigado. Deacordo com a legislação brasileira, para manter o suspeitopreso preventivamente, o juiz deve concluir que o mesmo:pode atrapalhar o andamento do processo, ameaçandotestemunhas ou destruindo provas; apresenta risco defuga; é uma ameaça à "ordem pública ou à ordemeconômica"; ou violou as condições de uma liberdadecondicional.

A prisão preventiva deve ser considerada apenas se: oindivíduo for suspeito de ter cometido um crime comsentença máxima superior a quatro anos de prisão; se jáfoi condenado por crimes anteriores; se está envolvido emsuspeita de crime de violência doméstica e familiar ou; se

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Pixação da facção Bonde dos 40 marca território na entrada do bairroLiberdade, em São Luís. © 2015 Human Rights Watch

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há dúvidas sobre a identidade do suspeito. Os juízespodem também determinar a fiscalização eletrônica dosuspeito por meio de uma tornozeleira com rastreamentovia GPS, obrigando que ele durma em sua própria casacomo condição para responder ao processo em liberdade.

Entre os dias 17 de outubro e 5 de dezembro, 84audiências de custódia foram conduzidas no estado, deacordo com o primeiro relatório oficial da iniciativa. Osjuízes decidiram pela manutenção da prisão preventiva de43 suspeitos e liberaram os outros 41, quase 50 por centodo total. Durante o mesmo período, os juízes liberaramapenas 10 por cento dos detidos que não passaram poraudiências de custódia.

Vários juízes disseram que a ausência das audiências decustódia levou à detenção de pessoas que deveriam terdireito à liberdade provisória. Estes casos incluem presossuspeitos de terem cometido crimes de menor gravidade,para os quais não haveria pena de prisão, mesmo em casode condenação.

C.V., por exemplo, passou mais de dois meses na prisãosob a suspeita de ter comprado uma motocicleta roubada,embora não tivesse qualquer condenação anterior e ocrime a ele imputado não preveja pena de prisão em casode condenação. Quando ele foi preso, o delegado depolícia estabeleceu uma fiança de 724 reais, a qual C.V.não foi capaz de pagar, de acordo com o processo. ADefensoria Pública fez uma petição em favor de sualiberação e ele foi colocado em liberdade provisória. Suapermanência na prisão por mais de dois meses custou aoscontribuintes cerca de 5.000 reais.

No caso dos jovens presos na suposta festa do Bonde dos40, os juízes que promovem o programa piloto deaudiências de custódia se interessaram pelo caso erealizaram as audiências quase duas semanas depois queeles já se encontravam em Pedrinhas . O juiz encarregadodo caso determinou que os jovens deveriam ser colocadosem liberdade provisória, uma vez que não apresentavamnenhum risco à sociedade. Ele observou ainda que apolícia não ofereceu nenhuma prova que ligasse osdetidos às armas e drogas supostamente encontradas nafesta, e não havia “nem mesmo a presunção de que sejamintegrantes de organização criminosa”.

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Interior da Casa de Detenção (Cadet), uma das unidades do ComplexoPenitenciário de Pedrinhas. © 2015 Human Rights Watch

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O Direito à Audiência de Custódia na Legislação InternacionalO direito de ser conduzido à presença de um juiz sematrasos é consagrado em tratados ratificados pelo Brasil,incluindo o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis ePolíticos (ICCPR) e a Convenção Americana dos DireitosHumanos. O Comitê de Direitos Humanos das NaçõesUnidas, que é responsável por interpretar o ICCPR, declarouaos Estados que o direito se aplica "em todos os casos,sem exceção" e que o período entre a prisão de umacusado e sua audiência perante uma autoridade judicial"não deve exceder poucos dias", mesmo durante estadosde emergência. O detido "deve ser levado fisicamente àpresença do juiz", disse o Comitê, uma vez que "a presençafísica dos detidos em uma audiência cria a oportunidadepara indagações sobre o tratamento que receberamenquanto sob custódia".

Outros países da América Latina já incorporaram estedireito em suas leis nacionais. Na Argentina, por exemplo,o Código de Processo Penal federal exige que nos casosde prisão sem ordem judicial o detido seja levado a umaautoridade judicial competente dentro de seis horas.

No Chile, quando um indivíduo é preso em flagrante, omesmo deve ser levado dentro de 12 horas a um promotor,que deve liberá-lo ou levá-lo à presença de um juiz em até24 horas a partir do momento da prisão. Na Colômbia,suspeitos presos em flagrante devem ser apresentados aum juiz em no máximo 36 horas. No México, esse período éde 48 horas.

Em contraste, o Código de Processo Penal brasileiro prevêque, quando um adulto é preso em flagrante, apenas osdocumentos policiais precisam apresentados a um juizdentro de 24 horas, não o preso em pessoa. Os juízesavaliam a legalidade da prisão e decidem pela aplicaçãoou não da prisão preventiva e outras medidas cautelaresbaseados exclusivamente em documentos escritos. Eles sóchegam a ver o indivíduo detido durante sua primeiraaudiência, frequentemente meses após a prisão.

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BRASIL: CRISE PENITENCIÁRIA IMPULSIONA REFORMA

Pátio na Casa de Detenção (Cadet), uma das unidades do ComplexoPenitenciário de Pedrinhas. © 2015 Human Rights Watch

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A Audiência de Custódia comoSalvaguarda contra a TorturaAs regras estabelecidas pela Corregadoria Geral da Justiçado Maranhão para a realização das audiências de custódiatambém instruem os juízes a observarem sinais de maus-tratos físicos ou psicológicos nos detidos. O juiz FernandoMendonça disse ter encontrado sinais de maus-tratos emtrês casos durante as audiências de custódia conduzidaspor ele entre outubro de 2014 e o fim de janeiro de 2015, osquais ele encaminhou ao Ministério Público. Tais sinaisfísicos de uma possível tortura provavelmente teriamdesaparecido antes que um juiz pudesse ver os detentos,caso as audiências de custódia não tivessem ocorrido.

A tortura ainda é um problema sério no Brasil. Em umapesquisa anterior sobre o tema, a Human Rights Watch

encontrou evidências contundentes, em 64 casos desupostos abusos, de que as forças de segurança ouautoridades penitenciárias torturaram pessoas sob suacustódia ou contra elas dispensaram tratamentos cruéis,desumanos ou degradantes. Os abusos frequentementeocorreram nas primeiras 24 horas sob custódia policial. A

Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos recebeu, pormeio de um serviço telefônico, 2.374 denúncias de tortura etratamentos cruéis, desumanos ou degradantes ocorridosem prisões ou delegacias de polícia em 2014, um aumentode mais de 25 por cento em relação a 2013, de acordo comnúmeros fornecidos à Human Rights Watch.

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Detentos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. © 2015 Human Rights Watch

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O Futuro das Audiências de Custódia no BrasilNo programa piloto do Maranhão, as audiências decustódia são realizadas apenas em São Luís e,normalmente, apenas para suspeitos detidos durante odia. Os juízes que trabalham durante as noites e finais desemana resistem em conduzi-las, alegando que é difícilconciliar as audiências com a jornada normal de trabalho,de acordo o primeiro relatório oficial sobre o programa. Orelatório também conclui que isto resulta em tratamentodesigual aos suspeitos e que as audiências de custódiadeveriam ocorrer em todos os casos. Os juízes queconduziram o programa piloto disseram à Human RightsWatch que esperam ampliar as audiências de custódia parao resto do estado e para todos os casos em São Luís dentrodos próximos anos.

O Conselho Nacional de Justiça tem recomendado queoutros Estados comecem a realizar audiências decustódia. O órgão apoiou o início do programa piloto emSão Paulo, que também contou com o suporte doMinistério da Justiça. O programa começou no dia 24 de

fevereiro. As audiências estão sendo realizadas atualmentenas regiões central e sul da capital do Estado, mas devemser expandidas para o resto da cidade nos próximosmeses, segundo o Conselho Nacional de Justiça. Alémdisso, as autoridades judiciais do Estado do Piauí disseramque irão criar uma comissão para preparar um programa deaudiências de custódia.

O projeto de lei que se encontra em tramitação noCongresso exige a realização de audiências de custódiadentro de 24 horas a partir da prisão em todo o territórionacional. O projeto argumenta que a realização semdemoras dessas audiências perante um juiz garante aintegridade física e psíquica dos detidos, previne a torturae permite aos juízes o controle efetivo da legalidade daprisão.

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BRASIL: CRISE PENITENCIÁRIA IMPULSIONA REFORMA

Detento no Complexo Penitenciário de PedrinhasLiberdade, em São Luís. © 2015 Human Rights Watch

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1 Disponível em http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/Relatorio_CNJ_-_Inspecao_-_Complexo_Penitenciario_de_Pedrinhas_no_Maranhao_-_Dez-2013_4_copiar.pdf

2 Disponível em: http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_JovensBrasil.pdf3 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1394160-presos-filmam-decapitados-

em-penitenciaria-no-maranhao-veja-video.shtml

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Juiz Fernando Mendonça conduz uma audiênciade custódia em janeiro de 2015. © 2015 Human Rights Watch

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