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HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM CIRURGIA GERAL VICTOR HUGO LAURO SOARES ÍLEO BILIAR POR FÍSTULA COLÉDOCO- DUODENAL: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA FORTALEZA-CE 2016

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Page 1: HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA PROGRAMA DE RESIDÊNCIA …

HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM

CIRURGIA GERAL

VICTOR HUGO LAURO SOARES

ÍLEO BILIAR POR FÍSTULA COLÉDOCO-

DUODENAL: RELATO DE CASO E REVISÃO DE

LITERATURA

FORTALEZA-CE

2016

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VICTOR HUGO LAURO SOARES

ÍLEO BILIAR POR FÍSTULA COLÉDOCO-

DUODENAL: RELATO DE CASO E REVISÃO DE

LITERATURA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Cirurgia Geral, sob a orientação do Professor Dr. Francisco de Assis Costa

FORTALEZA-CE

2016

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AGRADECIMENTOS

A família e aos amigos que foram a base e a sustentação

Aos companheiros residentes, por compartilhar os momentos.

Aos meus preceptores, pela paciência e dedicação.

Ao paciente, em sua totalidade.

Page 4: HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA PROGRAMA DE RESIDÊNCIA …

RESUMO

O íleo biliar é uma obstrução mecânica provocada pela impactação de um ou

mais cálculos biliares no interior do lúmen de qualquer parte do trato

gastrointestinal. É uma doença que acomete tipicamente pacientes idosos,

sendo responsável por um quarto dos casos de obstruções intestinais não-

isquêmicas em pacientes com mais de 65 anos de idade, frequentemente

diagnosticada com atraso de dias após as manifestações iniciais. A

apresentação clínica é a de obstrução intestinal precedida por sinais e

sintomas de comprometimento das vias biliares. Os achados radiológicos na

radiografia simples incluem obstrução intestinal, pneumobilia e cálculo biliar em

localização aberrante. A ultra-sonografia de vias biliares associada as

radiografias abdominais podem sugerir o diagnóstico de íleo biliar. A tomografia

computadorizada (TC) também pode fornecer informações úteis em casos de

diagnósticos duvidosos. O tratamento depende do local da pedra impactada,

sendo a cirurgia necessária na maioria dos casos. A grande parte dos casos de

íleo-biliar são decorrentes de fístulas provenientes da vesícula biliar. O objetivo

do estudo é retratar uma situação rara e inusitada de uma fístula colédoco-

duodenal devido coledocolitíase originada 04 anos após colecistectomia e

apresentar uma revisão de Literatura acerca desta rara doença, procurando-se

enfatizar aspectos relacionados à fisiopatologia, manifestações clínicas,

achados radiológicos e tratamento.

PALAVRAS-CHAVES: íleo biliar; fístula colecistoentérica; obstrução intestinal;

enterolitotomia, fistula colédoco-duodenal, bouveret

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ABSTRACT

Biliary ileus is an obstruction caused by mechanical impacted one or

more gallstones within the lumen of any part of the gastrointestinal

tract. It is a disease that typically affects older patients, accounting

for a quarter of cases of non-ischemic bowel obstructions in patients

over 65 years of age, often diagnosed late days after the initial

manifestations. The clinical presentation is that of intestinal

obstruction preceded by signs and symptoms of impaired bile ducts.

Radiological findings on plain radiographs include intestinal

obstruction, pneumobilia and gallstone in aberrant location. The

biliary tract ultrasonography associated abdominal radiographs may

suggest the diagnosis of biliary ileus. Computed tomography (CT)

can also provide useful information in cases of doubtful diagnosis.

Treatment depends on the location of the impacted stone surgery

being required in most cases. The vast majority of cases of bile-

ileum are due to leaks from the gallbladder. The objective is to

portray a rare and unusual situation of a choledochoduodenal fistula

due choledocolitiasis originated 04 years after cholecystectomy and

present a literature review about this rare disease, seeking to

emphasize aspects related to the pathophysiology, clinical

manifestations, radiological findings and treatment.

KEYWORDS: biliary ileus; colecistoentérica fistula; bowel

obstruction; enterolitotomia, choledochoduodenal fistula, bouveret

Page 6: HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA PROGRAMA DE RESIDÊNCIA …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO………………………………………. 8

2 METODOLOGIA……………………………………. 9

3 RELATO DE CASO………………………………… 10

4 REVISAO DE LITERATURA E DISCUSSÃO DO

CASO......................................................................

14

4.1 FISIOPATOLOGIA.................................................. 14

4.2 APRESENTAÇÃO CLINÍCA................................... 15

4.3 ACHADOS RADIOLÓGICOS................................ 16

4.4 TRATAMENTO.................................................................... 17

5 CONCLUSÃO..................................................................... 19

6 BIBLIOGRAFIA.................................................................. 20

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2. Tomografia em corte sagital evidenciando cálculo dentro de alça

intestinal............................................................................................................11

Figura 2. Tomografia em corte transversal evidenciando cálculo dentro de alça

intestinal.............................................................................................................12

Figura 3. Colangioressonâncioa evidenciando dilatação do colédoco..............12

Figura 4. Colangioressonância evidenciando fístula colédoco-duodenal. ........ 13

Figura 5. Extração cirúrgica do cálculo . .......................................................... 13

Figura 5. Extração cirúrgica do cálculo .............................................................14

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1. INTRODUÇÃO:

O íleo biliar, descrito pela primeira vez pelo Dr. Erasmus Bartholin, em 1654, é

uma obstrução mecânica provocada pela impactação de um ou mais cálculos

biliares no interior do lúmen de qualquer parte do trato gastrointestinal (1). De

acordo com relatos da década de 1990, o íleo biliar é uma complicação rara de

cálculos biliares que ocorre em 1% a 4% de todos os casos de obstrução

intestinal e em menos de 25% dos casos de obstrução intestinal em pacientes

com idade superior a 65 anos. Em pacientes com colelitíase, apenas 0,3-0,5%

desenvolvem íleo do cálculo biliar (2). A pessoa mais jovem relatada na

literatura tinha 13 anos; e o mais velho, 97 anos de idade. Como esperado, há

predominância do sexo feminino uma vez que a doença do trato biliar é

conhecida por ocorrer com maior freqüência no sexo feminino (1; 3).

Quatro razões principais podem ser as responsáveis pelo número elevado de

cursos letais em pacientes com íleo biliar. Primeiro de tudo, o íleo biliar é uma

doença do idoso. A média de idade na maioria dos estudos é de

aproximadamente 72 anos; em segundo lugar, doenças concomitantes, tais

como doenças cardiorrespiratórias e / ou diabetes mellitus são freqüentes nos

pacientes acometidos; em terceiro lugar, devido a sintomas incomuns, o

diagnóstico é difícil, sendo relatado um atraso médio de 4 dias desde o início

dos sintomas até a admissão hospitalar; e em quarto lugar, a recuperação no

pós-operatório também é dificultada uma vez que complicações relacionadas à

idade, tais como pneumonia ou insuficiência cardíaca, são mais freqüente do

que as próprias complicações associadas ao tratamento cirúrgico (4). A

mortalidade é descrita como elevada, chegando a 60% no século 19 (5) caindo

para em torno de 40% em 1960 e 15-18% na década de 90 (3). Nos Estados

Unidos, o íleo biliar representa apenas 0,095% dos casos de obstrução

intestinal mecânica (6) O manejo adequado dos casos agudos de íleo biliar é

controverso (1; 6).

No presente estudo, descreve-se o caso de uma paciente de 75 anos admitida

na Emergência de um hospital de atenção terciária em saúde da cidade de

Fortaleza – Ceará-Brasil com quadro de abdome agudo obstrutivo, na qual se

identificou a presença de cálculo biliar localizado em duodeno. Em seguida,

apresenta-se uma revisão de Literatura acerca desta rara doença, procurando-

se enfatizar aspectos relacionados à fisiopatologia, manifestações clínicas,

achados radiológicos e tratamento.

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2. METODOLOGIA

2.1 LOCAL DO ESTUDO

O presente estudo foi desenvolvido no Hospital Geral de Fortaleza

(HGF), localizado na Rua Ávila Goulart, nº 900, bairro Papicu, Fortaleza – CE.

2.2 MÉTODO

2.2.1 Revisão de Prontuário

Foi, inicialmente, feita revisão de prontuário do paciente durante o

período em que esteve internado na enfermaria da cirurgia geral, além de

acompanhamento ambulatorial do HGF.

2.2.2 Pesquisa Bibliográfica

Foi realizada, a seguir, pesquisa bibliográfica em literatura pertinente,

nacional e internacional, abrangendo relatos de casos, estudos de casos,

artigos de revisão, artigos originais, consensos e metanálises.

2.2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão

Os artigos selecionados para a revisão tiveram como critérios relevância

e publicação em revistas conhecidas e confiáveis. Foram descartados, após

leitura, os artigos que não apresentavam metodologia adequada ou não

abordavam a área de interesse.

2.3 ASPECTOS ÉTICOS

Os aspectos éticos foram obedecidos de modo a respeitar a Resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde, sendo guiada

pelos princípios bioéticos de autonomia, beneficência, não maleficência e

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justiça. As informações relatadas neste trabalho só serão utilizadas para fins

científicos, e o anonimato dos sujeitos participantes é preservado.

2.4 NORMAS ADOTADAS

Este trabalho foi realizado segundo os padrões estabelecidos pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para apresentação e

elaboração de trabalhos acadêmicos.

3. RELATO DE CASO:

Uma paciente de 75 anos deu entrada na Emergência de um hospital

terciário da cidade de Fortaleza (Ceará- Brasil) no dia 22 de setembro de 2014

com quadro de dor abdominal em baixo ventre associado a náuseas, vômitos e

parada de eliminação de flatos e fezes há cerca de uma semana. Como co-

morbidades, a paciente relatou ser hipertensa, negou diabetes e referiu

cirurgias prévias de nefrectomia em 2004 por nefrolitíase e colecistectomia em

2011 por quadro de colelitíase sintomática (paciente trazia consigo

ultrassonografia pré-colecistectomia evidenciando hepatocolédoco dilatado

medindo 2,7 cm com volumoso cálculo também de 2,7 cm próximo à papila).

Ao exame físico, a paciente mostrava-se com estado geral regular,

anictérica, acianótica, afebril, hipocorada (2+/4), taquipnéica e taquicárdica. A

ausculta cardio-pulmonar revelava ritmo cardíaco regular com bulhas

normofonéticas sem sopros e presença de creptações pulmonares difusas com

redução dos murmúrios vesiculares em base pulmonar direita. Ao exame

abdominal, observava-se um abdome globoso, distendido, com ruídos

hidroaéreos ausentes, estando difusamente doloroso à palpação,

principalmente em hipogástrio. O toque retal revelou ausência de fezes na

ampola retal. Os pulsos periféricos eram palpáveis, sendo observado edema

(2+/4) em membros inferiores, sem cianose.

Os exames laboratoriais revelavam sinais de inflamação aguda com

leucocitose, enzimas hepáticas dentro dos limites da normalidade.

Demonstraram, ainda, comprometimento da função renal (uréia: 206 mg/dL e

creatinina de 4,7 mg/dL), além de hipocalemia (2,8 mEq/L) e hipoalbuminemia

(2,9 g/dL), tendo a paciente sido submetida a seis sessões de hemodiálise até

regularização da função renal.

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A radiografia abdominal revelava dilatação de alças intestinais em nível

de delgado, sem evidências aparentes de cálculo. A tomografia

computadorizada de abdome com contraste evidenciou leve dilatação das vias

biliares intra-hepáticas, colédoco ectasiado com até 2 cm em segmento

proximal/médio, estando o segmento intra-pancreático com calibre normal,

além de formação densa ovalada, medindo 1,9 cm x 1,4 cm em alça de

intestino delgado sugestiva de cálculo.

Figura 1 – Tomografia em corte sagital evidenciando cálculo dentro de alça

intestinal

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Figure 2 – Tomografia em corte transversal evidenciando cálculo dentro de alça

intestinal

A colangioressonância evidenciou ausência de vesícula biliar, dilatação do

colédoco e fístula colédoco-duodenal.

Figure 3 – Colangioressonância evidenciando colédoco dilatado

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Figure 4 – Colangioressonância evidenciando fístula colédoco-duodenal

Paciente foi submetida à vídeolaparoscopia diagnóstica seguida de enterotomia

para retirada de cálculo e enterorrafia, evoluindo sem intercorrências no pós-

operatório.

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Figure 5 – Extração do cálculo biliar de alça de íleo

Figure 6 - Extração do cálculo biliar de alça de íleo

A grande parte dos casos de íleo-biliar são decorrentes de fístulas

provenientes da vesícula biliar com o duodeno. O caso retrata uma situação

rara e inusitada de uma fístula colédoco-duodenal devido coledocolitíase

originada 04 anos após colecistectomia, sendo identificado apenas um trabalho

na literatura que relatava situação semelhante.

4. REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO:

3.1 FISIOPATOLOGIA:

Íleo biliar é uma condição rara que pode surgir quando um cálculo biliar entra

no trato intestinal, geralmente como resultado de uma fístula interna entre a

vesícula biliar e duodeno (7).

Fístulas entero-biliares ocorrem secundariamente a doenças biliares e a

doenças de estruturas adjacentes, estando normalmente associadas com

cálculos biliares, embora também tenham sido relacionadas com úlcera

péptica, trauma abdominal, doença de Crohn e neoplasias do trato biliar, do

intestino e da cabeça do pâncreas (8). Na maioria dos casos, o íleo biliar é

precedido por um quadro de colecistite aguda, causando inflamação e

aderências na área do leito da vesícula biliar. As aderências e o processo

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inflamatório, em associação com a pressão exercida pelo cálculo biliar,

contribuem para a formação de uma fístula com o intestino delgado ou grosso

(5).

Como mostrado por Reisner e Cohen, a impactação do cálculo pode ocorrer

em qualquer porção do intestino, bem como no estômago com as relatadas

proporções: no íleo (60,5% dos casos), no jejuno (16,1%), no cólon (4,1%), no

duodeno (3,5%) e no estômago (14,2% dos casos). O íleo biliar ocorre mais

freqüentemente no íleo terminal e na válvula ileo-cecal devido ao estreitamento

da luz e peristaltismo menos ativo dessas localizações (9).

Na maioria dos casos, o cálculo é eliminado juntamente com as fezes, sem

causar obstrução intestinal, mas em alguns casos o cálculo é grande o

suficiente para impactar, causando obstrução (1; 5; 10). O tamanho do cálculo

desempenha um papel importante na determinação do quadro obstrutivo;

enquanto a maioria dos autores concorda que cálculos menores do que 2-2,5

cm serão eliminados sem causar obstrução, cálculos maiores do que 5 cm,

muito provavelmente serão impactados na luz intestinal. A presença de

estenoses ou anormalidades no lúmen intestinal que promovam o

estreitamento da luz em relação ao tamanho habitual também aumentarão as

chances de impactação do cálculo (5; 11).

3.2 APRESENTAÇÃO CLÍNICA:

A apresentação clínica do íleo biliar é a de obstrução intestinal, a qual

geralmente é precedida por sinais e sintomas de comprometimento das vias

biliares. O diagnóstico é normalmente realizado com 2-4 dias de atraso, com o

correto diagnóstico pré-operatório em apenas 50-75% dos casos (1; 3; 10).

Clinicamente, a apresentação pode ser a de obstrução intermitente que

melhora apenas para reaparecer mais tarde. Isto é chamado de "fenômeno de

descida", em que o cálculo vai migrando e impactando-se intermitentemente ao

longo do lúmen intestinal e continua a migrar distalmente, até que seja

totalmente eliminado ou permaneça definitivamente impactado (1; 5; 12).

Nos casos em que há manifestação clínica de obstrução intestinal, o cálculo é

mais comumente encontrado no íleo terminal, que é a parte mais estreita do

intestino. Em menor grau, o cálculo pode estar impactado no íleo proximal ou

no jejuno, especialmente se a pedra for grande o suficiente. A obstrução

duodenal é relativamente rara e representa apenas uma minoria de dos casos

(3; 10).

Se o íleo biliar ocorrer em pacientes idosos com co-morbidades (como o

diabetes mellitus, por exemplo), os sintomas intermitentes, muitas vezes vagos,

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podem atrasar o diagnóstico por dias (1). A apresentação é tipicamente não-

específica, e muitas vezes com sintomas intermitentes de náuseas, vômitos,

distensão abdominal e dor. É necessário direcionar uma atenção maior para

aqueles pacientes que têm história do colelitíase e sintomas como náuseas,

vômitos, distensão abdominal e dor. No passado, confirmar o diagnóstico era

uma tarefa difícil, porém o advento da tomografia computadorizada e da

ressonância magnética tornou mais fácil o diagnostico dos casos de íleo biliar

(9; 13).

A Síndrome Bouveret é uma complicação rara de cálculos biliares, em que se

forma uma fístula colecistoduodenal na qual o cálculo é impactado no duodeno,

causando obstrução à saída do conteúdo gástrico. Esta condição foi descrita

pela primeira vez na literatura por Bouveret em 1896. A partir de então até o

ano de 2000, apenas cerca de 180 casos haviam sido descritos na literatura

(14; 15). Uma variante da síndrome Bouveret, em que a obstrução é

secundária a uma distensão da vesícula biliar também foi descrita (16).

Clinicamente, a Síndrome Bouveret apresenta-se com sinais e sintomas de

obstrução à saída do conteúdo gástrico, dor abdominal, náuseas e vômitos. Se

o cálculo não estiver obstruindo totalmente o lúmen duodenal, a apresentação

será de obstrução parcial. Além disso, a apresentação pode vir associada a

outras complicações da doença da via biliar, tais como a pancreatite. A

Síndrome Bouveret também foi relatada ser precedida ou apresentar-se como

hemorragia digestiva alta (17; 18).

3.3 ACHADOS RADIOLÓGICOS:

Radiologicamente, radiografias simples de abdome diagnosticam íleo de

cálculos biliares em cerca de 50% dos casos (10; 19). Os achados à radiografia

em casos de íleo biliar foram resumidos por Rigler, Borman and Noble em 1941

como uma tétrade de: (a) obstrução intestinal parcial ou completa, (b)

pneumobilia ou contraste na árvore biliar, (c) cálculos biliares aberrantes e (d)

alteração na posição de um cálculo anteriormente observado (20). Em 1978,

Balthazar e Schechter descreveram um quinto achado, que é a descoberta de

dois níveis de fluido de ar em quadrante superior direito da radiografia

abdominal secundário ao ar na vesícula (21). Curiosamente, a ausência de

aerobilia, que pode ser facilmente detectada por ultrassonografia abdominal,

pode ser uma das razões para o diagnóstico tardio. Além disso, a ausência de

uma calcificação importante do cálculo reduz a chance de um diagnóstico

precoce. Em 50% dos casos, o diagnóstico é frequentemente confirmado

durante uma laparotomia (1).

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A ultra-sonografia tem-se mostrado mais útil do que as radiografias no

diagnóstico de íleo biliar. Os estudos de Ripolles T et al demonstraram que,

dentre as alterações tipicamente encontradas na ultrassonografia abdominal do

íleo-biliar, destacam-se a dilatação intestinal (44,44%), a presença de fluido

extraluminal (14,81%), cálculos ectópicos (14,81%), anormalidades da vesícula

biliar (37,04%), e pneumobilia (55,56%) (13).

A tomografia computadorizada (TC) também pode fornecer informações úteis

em casos de diagnósticos duvidosos. A TC é um exame útil para estimar o

tamanho e o número de cálculos biliares impactados e o ponto de transição

entre a região de dilatação e de colapso da alça intestinal acometida (22; 23).

Na síndrome Bouveret, um estômago dilatado é esperado na radiografia, uma

vez que a obstrução é ao nível da saída gástrica (24). A Tomografia

Computadorizada normalmente mostra pneumobilia, obstrução intestinal e um

ou mais cálculos biliares no lúmen intestinal (24; 25). Fístulas

Colecistoentéricas também foram visualizadas em estudos baritados (14; 26),

ultra-sonografia (27), endoscopia (17; 18; 27; 28), e colangiopancreatografia

retrógrada endoscópica (CPRE) (29).

3.4 TRATAMENTO:

O objetivo do tratamento de cálculos biliares no íleo é aliviar a obstrução

intestinal, removendo o cálculo. Estabilizar o paciente e corrigir as co-

morbidades são também importantes para melhorar o resultado do tratamento

(5). A maioria dos relatos indica que cálculos menores do que 2,5 cm

normalmente passam através do lúmen intestinal espontaneamente,

justificando, assim, a adoção de tratamento conservador (descompressão por

drenagem nasogástrica) antes de ser tomada a decisão de remover o cálculo

através da abordagem cirúrgica (3; 30).

O íleo biliar geralmente requer cirurgia de emergência para aliviar a obstrução

intestinal. Não há procedimento cirúrgico uniforme para esta doença por causa

de sua baixa incidência (22; 31). O manejo cirúrgico do íleo biliar é controverso

e inclui: (1) enterotomia com extração do cálculo; (2) enterotomia e extração do

cálculo combinada com colecistectomia e fechamento da fístula; (3) apenas

ressecção intestinal; e (4) ressecção intestinal com fechamento da fístula (3; 6;

32).

A abordagem cirúrgica restrita à enterotomia com extração do cálculo

permanece como o método cirúrgico mais comum devido à sua baixa

incidência de complicações (6). Os estudos de Pavlidis TE et al compararam a

mortalidade da entrolitotomia combinada com reparação da fístula e

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18

colecistectomia (16,9%) em relação à mortalidade por enterolitotomia isolada

(11,7%) (33).

O fechamento espontâneo do trajeto da fístula é observado em mais de 50%

dos casos (10). Se não houver cálculos biliares remanescentes, a fístula, muito

provavelmente, irá fechar-se espontaneamente, desde que o ducto cístico e a

árvore biliar estejam patentes, permitindo que a bile possa fluir livremente (3;

19; 10).

A obstrução intestinal requer enterolitotomia com uma incisão longitudinal na

borda anti-mesentérica proximal ao local de impactação. É necessário que haja

um fechamento cuidadoso da enterotomia a fim de evitar o estreitamento do

lúmen intestinal, motivo pelo qual se costuma empregar um fechamento

transversal da enterotomia (34). A escolha do procedimento cirúrgico é

determinada em grande parte pelo estado clínico. Pacientes com íleo biliar são

geralmente idosos e portadores de co-morbidades, dessa forma a abordagem

restrita à enterotomia com extração do cálculo parece mais adequada do que

técnicas mais invasivas (6; 35).

No entanto, 5% dos pacientes que se submetem a enterolitotomia restrita

podem vir a desenvolver sintomas biliares, e 10% podem necessitar de uma

reoperação não-planejada. Na presença de cálculos residuais, a prevalência

estimada de recorrência variou de 5% a 17%, e mais da metade destas

recidivas ocorreram dentro de um período de 6 meses após o início do quadro.

Uma coorte retrospectiva e outras revisões de literatura acerca do íleo biliar

revelaram uma prevalência de malignidade biliar em 2% a 6% dos casos (6;

36).

Notou-se que o fechamento da fístula, se conduzido com urgência ou como

uma emergência durante o procedimento inicial, foi independentemente

associado com uma maior prevalência de mortalidade quando comparada à

abordagem restrita à enterotomia com extração do cálculo. A explicação dessa

observação pode se encontrar no fato de que os pacientes idosos têm múltiplas

co-morbidades e uma área mais densamente edemaciada em torno da

obstrução. A ressecção intestinal é por vezes necessária, particularmente na

presença de uma perfuração intestinal (34).

A abordagem por métodos assistidos via vídeo-laparoscopia têm sido relatada

por Sarli et al (37), que tratou com sucesso três mulheres com diagnóstico de

íleo biliar. Seus pacientes tiveram recuperações pós-operatórias sem

intercorrências. No entanto, a abordagem por videolaparoscopia é um pouco

mais desafiadora em casos de intestinos mais dilatados e edemaciados (37;

38).

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Alguns tipos especiais de íleo biliar, como a síndrome de Bouveret (cálculos

impactando no duodeno causando obstrução à saída do conteúdo gástrico), e

cálculos localizados no estômago ou no cólon são adequados para opções

terapêuticas não-cirúrgicas em cerca de 20% dos pacientes, como, por

exemplo, o emprego da laserlitotripsia na síndrome de Bouveret (27), ou o

emprego de litotripsia extra-corpórea por ondas de choque (39), ou mesmo

apenas a extração endoscópica (40) podem ser alternativas terapêuticas

rápidas e promissoras embora alguns autores argumentem que no emprego de

técnicas que promovem fragmentação dos cálculos, as pedras menores podem

impactar-se distalmente, causando obstrução em outros pontos (41).

Historicamente, infecções de feridas operatórias e deiscências têm sido citadas

como sendo as complicações mais comuns no pós-operatório em 25% a 50%

dos casos de íleo biliar. Em contraste com o que foi publicado até agora,

estudos mais recentes demonstram que a complicação pós-operatória mais

comum tem sido a insuficiência renal aguda seguida pela infecção do trato

urinário e infecções de feridas operatórias. Complicações gastrointestinais

relacionados com fístula e abscessos intra-abdominais são mais frequentes em

pacientes submetidos a enterotomias com fechamento da fístula. Se a vesícula

biliar for preservada no procedimento inicial, uma colecistectomia deve ser

agendada posteriormente. Isto se deve ao fato de que 5% dos pacientes

submetidos restritamente à enterolitotomia desenvolvem sintomas biliares, com

risco de refluxo de fístula patente e consequente malignidade biliar (1; 6; 10).

4 CONCLUSÃO:

Em conclusão, o íleo biliar é uma condição rara que surge geralmente como

resultado da formação de uma fístula entre a vesícula e o trato intestinal

conseqüente a doenças das vias biliares; sendo a fístula entre o colédoco e o

duodeno extremamente rara.

Radiologicamente, radiografias simples de abdome diagnosticam íleo de

cálculos biliares em cerca de 50% dos casos, apresentando, como sinais

típicos, a presença de pneumobilia, a obstrução do intestino delgado e o

cálculo biliar ectópico.

Se o íleo biliar ocorre em pacientes idosos com co-morbidades, os sintomas

intermitentes e vagos frequentemente podem atrasar o diagnóstico por

intervalo de dias. Um alto índice de suspeição deve ser aventado em pacientes

idosos com sintomas gastrintestinais intermitentes, atentando-se para a

investigação por meio de exames com sensibilidade alta, como a tomografia

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computadorizada do abdome, a fim de que se consiga o diagnóstico e o

tratamento precoce, bem como a redução da mortalidade.

O tratamento depende do local de impactação do cálculo. Para cálculos

localizados próximo à saída do estômago, o tratamento endoscópico ou a

litotripsia podem ser úteis; caso contrário, a cirurgia aberta, a laparoscopia ou

enterolitotomia assistida por laparoscopia podem ser preferíveis. A abordagem

cirúrgica restrita à enterotomia com extração de cálculos continua sendo o

método cirúrgico de escolha devido à sua baixa incidência de complicações.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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