homens vs mulheres no trabalho (histórico, realidade e perspectivas)

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UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CECE – CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS DÉBORA BEGNINI JÉSSICA CAROLINE ZANETTE HOMENS VS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO (Histórico, Realidade e Perspectivas) TOLEDO – PARANÁ

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Trabalho sobre homens vs mulheres no campo de trabalho

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Page 1: Homens vs Mulheres No Trabalho (Histórico, Realidade e Perspectivas)

UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CECE – CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

DÉBORA BEGNINI

JÉSSICA CAROLINE ZANETTE

HOMENS VS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO (Histórico, Realidade e Perspectivas)

TOLEDO – PARANÁ

Maio/2015

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UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CECE – CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

DÉBORA BEGNINI

JÉSSICA CAROLINE ZANETTE

HOMENS VS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO (Histórico, Realidade e Perspectivas)

TOLEDO – PARANÁ

Maio/2015

Trabalho apresentado como requisito parcial para a avaliação da disciplina de Controle de Qualidade do Curso de Engenharia Química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo.

Prof.Dr. Marcos Moreira

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................4

2. HISTÓRICO.............................................................................................................5

3. REALIDADE............................................................................................................9

4. CONCLUSÃO........................................................................................................18

5. REFERENCIAS.....................................................................................................19

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1. INTRODUÇÃO

As convenções do início do século, ditavam que o marido era o provedor do lar.

A mulher não precisava e não deveria ganhar dinheiro. As que ficavam viúvas, ou eram

de uma elite empobrecida, e precisavam se virar para se sustentar e aos filhos, faziam

doces por encomendas, arranjo de flores, bordados e crivos, davam aulas de piano etc.

Mas além de pouco valorizadas, essas atividades eram mal vistas pela sociedade.

Mesmo assim algumas conseguiram transpor as barreiras do papel de ser apenas

esposa, mãe e dona do lar, ficou, para trás. A partir da década de 70, quando as

mulheres foram conquistando um espaço maior no mercado de trabalho, o pensar

homens e mulheres em interação social, o cenário em que o conflito velado ou não

aparece, virou uma guerra dos sexos, no octógono de disputas chamado de mercado de

trabalho.

Atualmente, o mundo anda apostando em valores femininos, como a capacidade

de trabalho em equipe contra o antigo individualismo, a persuasão em oposição ao

autoritarismo, a cooperação no lugar da competição. As mulheres ocupam postos nos

tribunais superiores, nos ministérios, no topo de grandes empresas, em organizações de

pesquisa de tecnologia de ponta. Pilotam jatos, comandam tropas, perfuram poços de

petróleo. Não há um único trabalho masculino que ainda não tenha sido invadido pelas

mulheres. Não há dúvidas de que nos últimos anos a mulher está cada vez mais presente

no mercado de trabalho. Este fenômeno mundial tem ocorrido tanto em países

desenvolvidos como em desenvolvimento, e o Brasil não é exceção.

É importante, no entanto, ressaltarmos que a inserção da mulher no mundo do

trabalho vem sendo acompanhada, ao longo desses anos, por elevado grau de

discriminação, não só no que tange à qualidade das ocupações que têm sido criadas

tanto no setor formal como no informal do mercado de trabalho, mas principalmente no

que se refere à desigualdade salarial entre homens e mulheres.

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2. HISTÓRICO

A partir de eventos como a Revolução industrial, em meados do século XVIII,

que trouxe o desenvolvimento tecnológico e o crescimento da maquinaria, aliada às

duas primeiras Guerras Mundiais e a revolução feminista na década de 70, as mulheres

foram requisitadas pelo mercado de trabalho como mão de obra em decorrência da saída

da população masculina para a guerra, este movimento favoreceu a conquista de um

maior espaço na sociedade e, consequentemente, no mercado de trabalho.

Ao final da guerra, muitos homens morreram e os que sobreviveram ao conflito

foram mutilados e impossibilitados de voltar ao trabalho. Foi nesse momento que as

mulheres deixaram a casa e os filhos para levar adiante os projetos e o trabalho que

eram realizados pelos seus maridos.

No século XIX, com a consolidação do sistema capitalista inúmera mudanças

ocorreram na produção e na organização do trabalho feminino. Com o desenvolvimento

tecnológico e o intenso crescimento da maquinaria, boa parte da mão-de-obra feminina

foi transferida para as fábricas.

Desde então, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Ficou estabelecido

na Constituição de 32 que:

“sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente

salário igual;

veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã;

é proibido o trabalho da mulher grávida durante o período de quatro

semanas antes do parto e quatro semanas depois;

é proibido despedir mulher grávida pelo simples fato da gravidez”.

Mesmo com essa conquista, algumas formas de exploração perduraram durante

muito tempo. Jornadas entre 14 e 18 horas e diferenças salariais acentuadas eram

comuns. A justificativa desse ato estava centrada no fato de o homem trabalhar e

sustentar a mulher, desse modo a mulher não precisaria ganhar um salário equivalente

ou superior ao do homem.

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Com a ampliação da produção, as mulheres foram convocadas para substituir os

trabalhadores do sexo masculino, com salários menores. A remuneração do trabalho

exercido pelas mulheres era muito inferior ao dos homens o que fez com que surgissem

no século XIX lutas femininas por melhores condições de trabalho, alguns movimentos

reivindicando direitos trabalhistas, igualdade de jornadas de trabalho e direito ao voto.

Se as operárias russas do início do século XX recebessem bombons e flores em

comemoração ao Dia da Mulher, talvez se sentissem ofendidas. Afinal, quando os

protestos do dia 8 de março foram deflagrados, o que elas queriam mesmo eram

melhores condições de trabalho. Não agüentavam mais as jornadas de 14 horas e os

salários até três vezes menores que os dos homens.

Vale salientar que não eram só as mulheres que passavam por jornadas de

trabalho desumanas, homens também eram submetidos à extenuantes jornadas de

trabalho, porém a desigualdade maior vinha na questão dos salários, dos direitos e dos

tipos de cargos que eram dispostos a homens e mulheres.

Na época, as fábricas dos países desenvolvidos estavam atulhadas de homens,

mulheres e crianças. O movimento operário reagia à exploração desenfreada

organizando protestos, muitos com cunho socialista. Entre as reivindicações, o fim do

emprego infantil e remuneração adequada. A igualdade de gênero, porém, nunca era

pautada. Por mais que as trabalhadoras argumentassem, sua renda era vista como

complementar à do marido ou pai, e um pedido de salários iguais parecia afetar as

“exigências gerais”. É nesse contexto de eclosão popular, sindical e feminista que surge

o Dia Internacional da Mulher.

Os Estados Unidos foram, sem dúvida, um dos palcos dessa luta. Desde meados

do século XIX, os operários organizavam greves para pressionar os proprietários das

indústrias, principalmente as têxteis. Em terras americanas foi registrado o primeiro Dia

da Mulher, em 3 de maio de 1908. Segundo o jornal The Socialist Woman, “1.500

mulheres aderiram às reivindicações por igualdade econômica e política no dia

consagrado à causa das trabalhadoras”. No ano seguinte, a data foi oficializada pelo

partido socialista e comemorada em 28 de fevereiro. Em Nova York, reuniu cerca de 3

mil pessoas em pleno centro da cidade, na ilha de Manhattan.

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A celebração foi mais um dos elementos no caldo político que irrompeu na greve

geral dos trabalhadores do vestuário, em sua maioria mulheres jovens, em novembro de

1909. A paralisação durou 13 semanas e provocou o fechamento de mais de 500

fábricas de pequeno e médio portes. As condições de trabalho, no entanto, não

melhoraram muito. Os proprietários das indústrias continuavam forçando o

cumprimento de jornadas massacrantes. Para evitar que seus empregados saíssem mais

cedo, boa parte deles trancava as portas durante o expediente e cobria os relógios de

parede.

Em 1911, ocorreu um episódio marcante, que ficou conhecido no imaginário

feminista como a consagração do Dia da Mulher: em 25 de março, um incêndio teve

início na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York. Localizada nos três últimos

andares de um prédio, a fábrica tinha chão e divisórias de madeira e muitos retalhos

espalhados, formando um ambiente propício para que as chamas se espalhassem. A

maioria dos cerca de 600 trabalhadores conseguiu escapar, descendo pelas escadas ou

pelo elevador. Outros 146, porém, morreram. Entre eles, 125 mulheres, que foram

queimadas vivas ou se jogaram das janelas. Mais de 100 mil pessoas participaram do

funeral coletivo.

Porém, mesmo depois desta tragédia, as mulheres não foram respeitadas com

igualdade de condições de trabalho.

No Brasil, a industrialização teve início no Nordeste do país entre as décadas de

quarenta e sessenta do século XIX, especialmente, com a indústria de tecidos de

algodão na Bahia, que se deslocou progressivamente para a região Sudeste. Na

passagem deste século, o Rio de Janeiro reunia a maior concentração operária do país,

tendo sido superado por São Paulo apenas nos anos de 1920.

De modo geral, um grande número de mulheres trabalhava nas indústrias de

fiação e tecelagem, que possuía escassa mecanização. Na indústria têxtil, encontravam-

se 569 mulheres, que equivalia a 67,62% da mão-de-obra feminina empregada nesses

estabelecimentos fabris. Nas confecções, havia aproximadamente 137 mulheres. Já em

1901, as mulheres representavam cerca de 49,95% do operário têxtil, enquanto as

crianças respondiam por 22,79%. E ainda, muitas dessas mulheres eram costureiras e

completavam o orçamento doméstico trabalhando em casa, já que para os industrias esta

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era uma mão-de-obra barata e ainda reduziam o valor dos seus impostos obtendo o

máximo de lucro.

Entretanto, a mão-de-obra feminina foi sendo substituída progressivamente pela

masculina nas fábricas no início do século XX. Às mulheres cabiam apenas as funções

menos especializadas e mal-remuneradas, sua carga horária de trabalho variava de 10 a

14 horas diárias e estava sempre sob supervisão que era exercida por homens.

O movimento feminista brasileiro teve início em meados do século XIX, quando

um pequeno grupo de mulheres brasileiras declarou insatisfação com os papéis

tradicionais atribuídos pelos homens às mulheres, e também tentou provocar mudanças

no status econômico social e legal das mulheres.

Atualmente, assim como vem ocorrendo em todos os países ocidentais, a

participação feminina no mercado de trabalho brasileiro aumentou. E ainda, ressalta-se

que o emprego feminino já é maior, em nosso país, do que em muitos outros de igual ou

maior nível de desenvolvimento. O Relatório sobre Desenvolvimento Humano do

PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), de 1998, revelou que

no Brasil as mulheres representavam 44% da força de trabalho.

Estudos anteriores sobre o trabalho feminino e as características da inserção das

mulheres no mercado de trabalho brasileiro apontaram uma realidade caracterizada por

continuidades e mudanças. De um lado, as continuidades dizem respeito ao ainda

grande contingente de mulheres (cerca de 40% da força de trabalho feminina) que se

insere no mercado de trabalho em um pólo no qual se incluem as posições menos

favoráveis e precárias, quanto ao vínculo de trabalho, à remuneração, à proteção social

ou às condições de trabalho propriamente ditas.

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3. REALIDADE

As lutas que as mulheres enfrentam cotidianamente para superar as

desigualdades de gênero envolvem, em diferentes momentos da história e contextos

sociais, dramas, tragédias e resistências na família, na escola, no trabalho, na

comunidade, no partido, no sindicato. Em meio a tantas adversidades, no entanto, houve

avanços em diversas questões, apesar de ainda estarmos muito, muito distantes da

situação ideal. A luta pela equidade de gênero precisa ocupar os diferentes espaços e

dimensões da vida. É tarefa de todos e essencial na busca por uma sociedade em que

haja liberdade, igualdade e justiça na sociedade. Diversas pesquisas mostram como o

caminho a ser percorrido é longo.

De acordo com recente trabalho do IBGE, em parceria com a Secretaria de

Políticas para as Mulheres e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, usando dados

do Censo de 2010, comparados aos de 2000, a participação das mulheres com idade

ativa (16 anos ou mais) no mercado de trabalho cresceu de 50% (2000) para 55%

(2010), enquanto a participação dos homens caiu de 80% para 76%. Essa diferença de

participação entre homens (76%) e mulheres (55%) indica que há um contingente

potencial de mulheres que pode ingressar no mercado de trabalho e continuar

responsável pelo vigor futuro da formação da força de trabalho do país. O crescimento

da participação é maior para aquelas com mais de 30 anos, assim como a participação

das que vivem nas cidades (56%) é superior à das que vivem no meio rural (46%). O

ingresso da mulher no mercado de trabalho é uma transformação estrutural na

composição da força de trabalho e é responsável por criar ambiente favorável para

outras mudanças na situação de desigualdade de oportunidades.

A formalidade cresceu no mercado de trabalho brasileiro. Para as mulheres o

nível de formalização passou de 51% para 58% e a dos homens de 50% para 59%. É

provável que o emprego doméstico explique parte desse movimento menos intenso de

formalização entre as mulheres, pois as trabalhadoras domésticas correspondiam a 15%

das mulheres que trabalhavam (em 2000 eram 19%). O registro em carteira de trabalho

cresceu de 37% para 47% da força de trabalho masculina e para a feminina, foi 33% a

40%.

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As mulheres estudam mais e têm maior nível de instrução, mas possuem

formação em áreas que pagam menores salários e ocupam postos de trabalho com

menor remuneração. É recorrente ainda observar salários menores para mulheres que

ocupam funções idênticas às dos homens. Em 2010, o rendimento médio era de R$

1.587 para eles e de R$ 1.074 para elas, o que corresponde a 68% da remuneração

masculina. As diferenças diminuem nas maiores cidades e na maioria das capitais

brasileiras. A remuneração média do Nordeste é 43% menor que a do Sudeste (R$ 881

contra R$ 1575). O rendimento médio das negras ou pardas (R$ 727) representa 35% do

rendimento médio do homem branco (R$ R$ 2.086). O rendimento médio das mulheres

rurais é de R$ 480, inferior ao salário mínimo da época, de R$ 510.

No período analisado, dobrou o número de domicílios que tinham as mulheres

como responsáveis. Em 2000, eram 11 milhões (24,9%), em 2010, eram 22 milhões, o

que corresponde a 38,7% dos domicílios comandados por mulheres. Nas famílias de

casal com um filho, as mulheres são chefes em 24% dos casos (e 23% nos casos de

famílias sem filhos). Elas são ainda responsáveis por 87% das famílias formadas por

responsável sem cônjuge e com filho.

O emprego e a renda são dois componentes que criam condições para que as

mulheres se libertem das incontáveis situações de opressão e humilhação que vivem na

relação com os homens, o que lhes têm acarretado o ônus do cuidado dos filhos e, na

maior parte das vezes, dos idosos. O rendimento das mulheres tem crescente

participação na renda familiar.

COMPORTAMENTO DE LÍDERES

Quando o assunto é liderança, homens e mulheres guardam certas diferenças

quanto a seus comportamentos emocionais. As mulheres, por exemplo, toleram melhor

situações incertas do que os homens, se sentem mais confortáveis com adversidades do

que o sexo oposto e também lidam mais facilmente com as mudanças e prospera em

situações adversas.

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Essas foram algumas das conclusões de um estudo feito pelo Korn/Ferry

Institute, com mais de 4 mil presidentes de empresas nos Estados Unidos de ambos os

sexos.

Apesar de o estudo ter sido realizado com profissionais norte-americanos, a

professora de psicologia organizacional e do trabalho da PUC-SP (Pontifícia

Universidade Católica), Carmem Rittner, acredita que isso seja uma característica

também das brasileiras. Carmem ainda pontua que as mulheres, principalmente pelo

fato de serem (ou poderem ser) mães, tendem a se importar mais com a opinião dos

outros do que os chefes masculinos.

As mulheres, segundo explica Carmem, em situações em que não podem

controlar todos os elementos nem ter certeza do sucesso, apostam na equipe. Esse

comportamento é ligeiramente diferente dos homens. Essa análise confirma a outra

diferença entre os sexos apontada pelo estudo do instituto.

Essa diferença ocorre na empatia. As mulheres em geral se importam mais com

os sentimentos e as preferências dos demais membros da equipe do que os homens. Elas

também conseguem antecipar com mais facilidade a reação das pessoas do que os

líderes masculinos.

Segundo Carmem, as mulheres têm mais facilidade de interpretar o que o outro

quer e ainda sempre procuram levar em conta as opiniões. Essa habilidade de interpretar

melhor as coisas, na prática, quer dizer que as mulheres entendem melhor os sinais que

a equipe manda e, além disso, prestam mais atenção ao seu ambiente.

Essas características das líderes femininas estão novamente ligadas a uma série

de questões do próprio equipamento biológico. Ser mãe é algo que modifica a forma

como as mulheres leem o ambiente. "Elas precisam saber lidar melhor com incertezas,

sobretudo, por conta da dificuldade de interpretar os desejos e necessidades das

crianças", afirma Carmem.

A pontuação do estudo ainda mostrou que, em termos de energia, as mulheres

superam os homens. Na pesquisa, energia quer dizer energia mental e resistência do

profissional, levando em conta ainda sua capacidade de sustentar o pensamento analítico

por mais tempo.

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Em questões que envolvem o aspecto emocional do comportamento profissional,

esses foram os três elementos que os homens e as mulheres apresentam diferenças. Em

outros três aspectos, por outro lado, os sexos mostram plena similaridade.

Questões voltadas à compostura, humildade e confiança são aquelas em que

homens e mulheres não mostram diferenças, de acordo com a pesquisa. Dessa forma,

tanto homens como mulheres parecem ter a mesma capacidade de lidar com novos

estilos de trabalhos, trabalham da mesma forma sob pressão e não se frustram com

facilidade.

PROFISSÃO DE HOMEM E PROFISSÃO DE MULHER

Todos os dias Anderson Luiz Ferreira Pinto, 28 anos, veste o avental com

detalhes cor-de-rosa para trabalhar. Detalhista e delicado, seu desafio diário é moldar

sobrancelhas que valorizem o rosto de seus clientes, a maior parte mulheres, que atende

em Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ). A pergunta que mais escuta é: "você é gay?".

Sem se incomodar com o questionamento, ele responde que não. Luiz é casado há cinco

anos com uma mulher.

Apesar de, em poucas décadas, a igualdade entre homens e mulheres no mercado

de trabalho ter aumentado, ainda prevalece uma divisão silenciosa de profissões por

gênero. Quando alguém foge à regra, como Anderson, o estranhamento é inevitável.

Fatores históricos e culturais influenciaram a percepção de profissões que são

vistas até hoje como masculinas e outras como femininas.

"Em uma sociedade patriarcal, com o poder masculino muito forte, desde a

colonização, o trabalho feminino sempre foi secundarizado. Entendia-se a organização

de algumas tarefas como sendo uma extensão do lar, como as do cuidado, a cargo da

mulher", explica Mario Sergio Cortella, filósofo, escritor, pesquisador e professor do

programa de pós-graduação em Educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo).

As atividades mais ligadas ao ambiente doméstico e aos cuidados com os outros

foram, ao longo do tempo, ficando com as mulheres, como a docência, enfermagem,

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nutrição, o secretariado, entre outras. Cortella afirma que os trabalhos que exigem maior

capacidade intelectual sempre estiveram associados à natureza masculina, sendo esse

mais um resquício da cultura machista.

Para a pesquisadora Mayra Rachel da Silva, mestre em Políticas Públicas e

Sociedade, professora do curso de Serviço Social da Faculdade Ratio e da Faculdade

Cearense, em Fortaleza (CE), a divisão por gêneros não tem relação com características

naturais femininas ou masculinas. Essa separação é fruto de uma construção social,

predominantemente desfavorável às mulheres.

"As profissões social e culturalmente tidas como femininas apresentam caráter

subalterno, de menor prestígio e remuneração em relação às atividades exercidas pelos

homens", diz Mayra.

Ainda no século 21, os territórios masculinos e femininos permanecem bastante

demarcados em algumas áreas. É o caso da engenharia. Do universo de 1.083.182

engenheiros registrados no Brasil, apenas 13% são mulheres, segundo o Confea

(Conselho Federal de Engenharia e Agronomia). Porém, esse cenário tem se

transformado significativamente na última década. Em 2003, foram realizados apenas

2.960 registros do sexo feminino no Conselho. Em 2013, até o mês de novembro, 9.433

mulheres ganharam o título de engenheiras, um aumento de 318,7%.

Acostumada a ser uma das poucas mulheres nesse "clube do bolinha", Darlene

Leitão e Silva, conselheira do Confea, acompanha com entusiasmo a mudança de

cenário. Em 1993, foi a única mulher de sua turma a se formar em Engenharia Elétrica.

Dez anos depois, ela assumiu a função de diretora técnica responsável pela

concessionária de energia de Boa Vista (RR) e, atualmente, trabalha na Secretaria de

Infraestrutura do Estado de Roraima. "Não é fácil chegar a esses postos, mas, quando a

mulher tem essa oportunidade, consegue demonstrar que tem tanta capacidade quanto o

homem", afirma.

No caso de Darlene, foi o cunhado, também engenheiro eletricista, uma figura

paterna importante em sua vida depois de ter perdido o pai aos 14 anos, que a

influenciou na escolha da carreira. Mas esse é um caso raro. As mulheres, normalmente,

não recebem incentivo para profissões historicamente masculinas. 

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A segmentação das profissões já começa na infância, com brinquedos que

costumam reforçar os estereótipos culturais de cada gênero. Recentemente, uma

engenheira da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, resolveu tentar mudar

esse padrão, lançando em parceria com uma empresa de brinquedos um jogo de

engenharia para meninas, com um vídeo que acabou se tornando viral.

Outra área em que a presença feminina vem aumentando consideravelmente é a

construção civil. Segundo dados do Ministério do Trabalho, de 2000 a 2010, o número

de trabalhadoras nesse setor cresceu 65%. As mulheres desempenham, principalmente,

serviços de acabamento.

Na opinião de Mayra Rachel da Silva, que desenvolveu um estudo acerca das

relações de gênero e trabalho no âmbito da construção civil em Fortaleza, os canteiros

de obra também são lugares para atuação profissional das mulheres. Entretanto, ainda

falta muito para que o ambiente se torne ideal.

"Muitas mudanças precisam acontecer para que essas trabalhadoras possam

exercer sua profissão de forma digna", acredita a pesquisadora, que em seu

levantamento detectou problemas como assédio sexual e pouca participação política nos

sindicatos.

DIFERENÇAS SALARIAIS ATUAIS

Em um universo ainda masculino como o da tecnologia Daniela Sícoli

conquistou o Olímpio. Ela é gerente de recursos humanos da Microsoft no Brasil: “Nós

temos 30% de mulheres no nosso corpo de funcionários. Seis, oito anos atrás a gente

tinha não mais do que 22%”.

Exemplos como o da Daniela mostram que vem diminuindo a diferença entre

homens e mulheres no mercado de trabalho. Segundo a Catho, a participação feminina

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na liderança das empresas aumentou 109,93% desde 2002. Os cargos que mais

cresceram foram para vice-presidente, gerente, supervisora, presidente, diretora e

encarregada.

“Acontece por uma melhor qualificação das mulheres. Fizemos uma análise

desde 2002 a 2015 e isso levou a conclusão de que a participação das mulheres vem

subindo e isso se reflete na remuneração também das mulheres”, afirma Murilo

Cavellucci, diretor de gente e gestão da Catho.

O salário das mulheres tem subindo ano a ano mais do que o dos homens, mas

ainda há diferença na remuneração quando eles ocupam a mesma função. A pesquisa

anual da Catho indicou que os homens ganham, em média, até 30% a mais. Quanto

menor o cargo, maior é a diferença. No cargo de técnico, por exemplo, um homem

ganha R$ 2.300 e uma mulher R$ 1.800. Na gerência, o salário do homem é de R$

19.200 e o da mulher R$ 18.600.

“Podemos perceber que o salário das mulheres sobe mais do que o dos homens e

isso faz com que essa diferença historicamente apresentada venha diminuindo em

alguns cargos. Em cargos de alta liderança, diretores e vice-presidentes, essa diferença

média chega a ser menor que 4%. O que indica que a tendência é que a diferença da

remuneração entre homens e mulheres vai desaparecer num curto espaço de tempo”,

prevê Murilo.

Antes disso acontecer, vai ser preciso convencer o mercado. Muitas empresas de

recrutamento e seleção costumam olhar as mulheres com desconfiança e questionar se

elas serão capazes de equilibrar a vida pessoal e com a profissional.

“A mulher se afasta do mercado e como qualquer candidato o mercado muitas

vezes não entende que esse afastamento aconteceu por uma maternidade. Existe um

preconceito que ela se desatualizou, que ela de repente não merece mais ganhar tanto. A

mulher pode sim ter uma diminuição salarial e equiparada com um homem ela vai ficar

um pouco mais pra trás”, diz Juliana Alvarez, gerente da da Page Personnel.

Daniela teve que se afastar da empresa dois meses antes de dar a luz aos

trigêmeos porque não conseguia se locomover com o barrigão. Ela trabalhou de casa e

depois da licença maternidade voltou com tudo: “O que a gente mede aqui é o resultado,

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não importa efetivamente de onde você exerça o seu trabalho, o que a gente vai querer

ver é o impacto que você traz, o resultado que você traz”.

FIM DA DESIGUALDADE

Serão necessários mais de 70 anos para que a diferença salarial se acabe

totalmente. O alerta foi deixado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), num

documento que lembra os 20 anos da declaração adotada na Quarta Conferência

Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, que decorreu em Pequim em 1995, e a

propósito do dia Internacional da Mulher, que se assinalada a 8 de Março.

Apesar de mais países terem ratificado as normas internacionais, a OIT lembra

que as "mulheres continuam a ser confrontadas situações de discriminação e

desigualdade no trabalho". E, nota a OIT, “ao ritmo atual e sem uma ação orientada, a

equidade salarial entre mulheres e homens só será atingida em 2086, ou seja, dentro de

71 anos”.

“A principal conclusão 20 anos depois da Conferência de Pequim é que, apesar

dos progressos marginais, ainda temos pela frente décadas até que as mulheres

beneficiem dos mesmos direitos do que os homens no trabalho", afirma ShaunaOlney,

responsável do departamento de Género e Igualdade da OIT.

O governo português anunciou que vai iniciar negociações com as empresas

cotadas em bolsa para que estas se comprometam a incluir pelo menos 30% de mulheres

nos conselhos de administração até ao final de 2018.

A medida faz parte de um pacto elaborado pela secretária de Estado dos

Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, que aponta para a existência de

9,7% de mulheres nos conselhos de administração das empresas cotadas que

responderam a um inquérito.

Em Portugal, as mulheres recebem, em média, menos 13% do que os homens a

desempenhar as mesmas funções, enquanto na União Europeia a desigualdade salarial é

de 16,4%.

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JORNADA DE TRABALHO

O levantamento do IBGE também aponta que a jornada média semanal de

trabalho doméstico das mulheres caiu pouco mais de duas horas entre 2002 e 2012. A

jornada dos homens com esses mesmos afazeres, no entanto, praticamente não se

alterou.

“Esses resultados indicam uma redistribuição por parte das mulheres acerca do

seu tempo, embora os afazeres domésticos sejam uma atividade predominantemente

feminina e elas tenham um excedente de mais de 4 horas na jornada total

comparativamente aos homens na soma de ambas as formas de trabalho”, diz o estudo.

Segundo o levantamento, a jornada de trabalho total das mulheres em 2012 era

de 56,9 horas semanais, enquanto a dos homens era de 52,1 horas.

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4. CONCLUSÃO

A mulher tem jornada dupla de trabalho e, em geral, há uma desvalorização do trabalho doméstico, ou seja, uma desvalorização da mulher dona-de-casa em decorrência de uma valorização da “mulher profissional”. Também se pode perceber, acerca do trabalho feminino, a ideia de que as mulheres querem ser economicamente independentes e conquistar seu lugar na sociedade e, a partir daí podemos constatar a importância do trabalho remunerado como elemento valorizador das pessoas.

Quanto às diferenças na forma de trabalhar de homens e mulheres, são atribuídas às mulheres características tradicionalmente atribuídas ao sexo feminino, tais como ser sensível, delicada e caprichosa, entre outras, e que estão sendo atualmente consideradas positivas no âmbito profissional.

Nas últimas décadas alcançaram-se progressos notáveis em matéria de igualdade entre mulheres e homens. No entanto, os obstáculos a uma real igualdade permanecem e parece haver ainda um longo caminho a percorrer. Mesmo nos países considerados dos mais desenvolvidos do mundo, as mulheres continuam claramente mais sujeitas a situações de desvantagem, especialmente no mercado de trabalho.

Page 20: Homens vs Mulheres No Trabalho (Histórico, Realidade e Perspectivas)

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5. REFERENCIAS

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