homens de armas e de letras: formaÇÃo, experiÊncias e

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HOMENS DE ARMAS E DE LETRAS: FORMAÇÃO, EXPERIÊNCIAS E GOVERNO DAS CONQUISTAS PORTUGUESAS (SÉCULOS XVII-XIX) Fabiano Vilaça dos Santos 1 Armas e Letras Em 1645, João Pinto Ribeiro, guarda-mor da Torre do Tombo e um dos quarenta conjurados envolvidos no ato que levou à aclamação de D. João IV, deu a público em Lisboa um tratado denominado Preferência das letras às armas (RIBEIRO, 1645). O tratadista revisitava no século XVII a questão do “antagonismo entre a destreza do guerreiro e o gosto dos livros”, que já havia mobilizado expoentes do classicismo português, como o poeta Sá de Miranda e o cronista João de Barros (LISBOA; MIRANDA, 2011: 348), e deitava raízes na Antiguidade, quando Palas (também chamada Minerva ou Atena), deusa da sabedoria, da guerra e das ciências, foi representada armada, “por mostrar-se que armas, e letras conjuram em defesa, conservação, e aumento da República” (RIBEIRO, 1645: A). O preceito foi reafirmado no códex que o imperador bizantino Justiniano mandou elaborar, sendo interpretado do seguinte modo por João Pinto Ribeiro: “nasce a defesa da República da raiz de duas cousas, (...); convém a saber das armas e das letras” (RIBEIRO, 1645: A). As armas não eram simplesmente os apetrechos de guerra usados pelos soldados, “quais a espada, a carabina, ou mosquete, a couraça, e outras semelhantes”, “mas são armas neste sentido toda a disposição dos homens magnânimos para se porem em perigo combatendo, vencendo os tiranos, defendendo as leis, a pátria, e os parentes, discorrendo todos os degraus do que é honesto”, mediante o emprego da força ou potência dos instrumentos bélicos com base na disciplina militar, “contada entre as ciências” por ditar as regras e os preceit os necessários ao combate “honesto” ou moralmente justo. Disso se conclui “que as armas são a força usada com arte(RIBEIRO, 1645: A). As letras, por sua vez, eram entendidas como “as ciências que ensinam”. Ou, em uma referência a Aristóteles, “as letras não são as virtudes que elas ensinam e suas operações, mas 1 Professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Coordenador Adjunto do PPGH/UERJ.

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Page 1: HOMENS DE ARMAS E DE LETRAS: FORMAÇÃO, EXPERIÊNCIAS E

HOMENS DE ARMAS E DE LETRAS: FORMAÇÃO, EXPERIÊNCIAS E GOVERNO

DAS CONQUISTAS PORTUGUESAS (SÉCULOS XVII-XIX)

Fabiano Vilaça dos Santos1

Armas e Letras

Em 1645, João Pinto Ribeiro, guarda-mor da Torre do Tombo e um dos quarenta

conjurados envolvidos no ato que levou à aclamação de D. João IV, deu a público em Lisboa

um tratado denominado Preferência das letras às armas (RIBEIRO, 1645). O tratadista

revisitava no século XVII a questão do “antagonismo entre a destreza do guerreiro e o gosto

dos livros”, que já havia mobilizado expoentes do classicismo português, como o poeta Sá de

Miranda e o cronista João de Barros (LISBOA; MIRANDA, 2011: 348), e deitava raízes na

Antiguidade, quando Palas (também chamada Minerva ou Atena), deusa da sabedoria, da guerra

e das ciências, foi representada armada, “por mostrar-se que armas, e letras conjuram em defesa,

conservação, e aumento da República” (RIBEIRO, 1645: A). O preceito foi reafirmado no

códex que o imperador bizantino Justiniano mandou elaborar, sendo interpretado do seguinte

modo por João Pinto Ribeiro: “nasce a defesa da República da raiz de duas cousas, (...); convém

a saber das armas e das letras” (RIBEIRO, 1645: A).

As armas não eram simplesmente os apetrechos de guerra usados pelos soldados, “quais

a espada, a carabina, ou mosquete, a couraça, e outras semelhantes”, “mas são armas neste

sentido toda a disposição dos homens magnânimos para se porem em perigo combatendo,

vencendo os tiranos, defendendo as leis, a pátria, e os parentes, discorrendo todos os degraus

do que é honesto”, mediante o emprego da força ou potência dos instrumentos bélicos com base

na disciplina militar, “contada entre as ciências” por ditar as regras e os preceitos necessários

ao combate “honesto” ou moralmente justo. Disso se conclui “que as armas são a força usada

com arte” (RIBEIRO, 1645: A).

As letras, por sua vez, eram entendidas como “as ciências que ensinam”. Ou, em uma

referência a Aristóteles, “as letras não são as virtudes que elas ensinam e suas operações, mas

1 Professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Coordenador Adjunto do PPGH/UERJ.

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artes e disciplinas que ensinam estas virtudes e operações (RIBEIRO, 1645: A2). O bom

soldado, portanto, não era somente dotado de força, coragem e capacidade para empunhar suas

armas no campo de batalha. Mais do que isso, era aquele versado na disciplina militar, ciência

prática e operativa “que abriu o caminho verdadeiro de guerrear” (RIBEIRO, 1645: A2), a que

se somariam outros conhecimentos úteis. Como afirmou João Pinto Ribeiro, “em todas as

idades foram os letrados de préstimo nas armas”, a exemplo do governador da Síria, Caio

Cássio, reputado conhecedor de leis e general na guerra e na paz, quando “ressuscitava os

antigos costumes, exercitava as legiões, e com cuidado e providência dispunha as cousas como

se tivesse o inimigo em campo”. E concluiu: “Eis aqui quem são os letrados, que o maior deles

satisfaz melhor às obrigações de bom capitão que o mais industrioso general” (RIBEIRO, 1645:

F2). Este trecho ilustra, portanto, um propósito do tratado: “explicar a prioridade das letras na

formação de quem governa”, como afirmaram Tiago Miranda e João Luís Lisboa (LISBOA;

MIRANDA, 2011: 348).

Perfil geral dos governadores do Atlântico português

Em requerimento de 9 de outubro de 1822 sobre o pagamento dos soldos atrasados de

tenente-coronel, Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, que acabara de encerrar o governo de

Alagoas, tendo passando antes pelo do Rio Grande do Norte, afirmou: “os governadores das

províncias do Brasil sempre foram considerados mais como governadores militares do que

civis, pois que a sua alçada neste segundo ramo era sumamente limitada, e no primeiro é que

era muito mais extensiva” (AHM. Processos Individuais, caixa 466). Uma discussão sobre a

jurisdição exercida pelos governantes ultramarinos desviaria o foco da análise e excederia os

propósitos dessa exposição. É mais oportuno destacar na fundamentação do pedido de Sebastião

Francisco de Melo e Póvoas, um típico militar de carreira como tantos que ocuparam um cargo

na administração colonial, um perfil geral desses agentes.

Autor de uma tese que se tornou referência para os estudos sobre os critérios de

recrutamento e o processo de escolha dos governantes ultramarinos, Ross Bardwell afirmou na

década de 1970 a existência de um sólido background de serviços militares entre os

governadores do Atlântico Sul no século XVII, graças à sua participação na chamada “guerra

viva”, como Aires de Sousa Castro, João Furtado de Mendonça e D. João de Lencastre, fidalgos

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que combateram nas guerras da Restauração, comboiaram frotas mercantes para a América e

ocuparam postos militares importantes, a exemplo de D. João de Lencastre, comissário geral da

cavalaria, mestre de campo e mais tarde vice-rei do Estado do Brasil (BARDWELL, 1974: 68-

72). Para Bardwell, “os governadores coloniais foram tirados quase sem exceção das fileiras da

nobreza militar e de soldados profissionais”, constituindo uma espécie de elite de armas, que

não se restringia aos fidalgos. A administração colonial foi uma alternativa de ascensão social

para os chamados “soldados da fortuna”, homens sem distinção de nascimento, mas dotados de

tirocínio militar que, de acordo com Bardwell, integraram armadas de defesa, lutaram contra os

invasores holandeses, galgaram postos na hierarquia militar e acabaram no governo de

capitanias subalternas, como João Munhós em Sergipe e Manuel de Passos em Cacheu.

Críticas a esse perfil essencialmente militar aparecem tanto na obra de historiadores

quanto em fragmentos de correspondências dos próprios administradores coloniais. No século

XIX, João Francisco Lisboa tratou com certo desdém a figura dos governadores:

Escolhidos ordinariamente na classe dos militares, e reputado este gênero de

despacho um acesso na carreira, galardão de serviços passados, ou ainda mero

favor à posição ou família do agraciado, pouco se atendia nas nomeações aos

dotes civis e políticos indispensáveis em quem tinha de governar em regiões

afastadas, e onde era quase nula a ação fiscalizadora do governo supremo

(LISBOA, 1976: 377).

Na parte dedicada à “Administração” em Formação do Brasil contemporâneo, Caio

Prado Júnior definiu o governador colonial, deixando entrever a importância de outros atributos

formativos, como

(...) uma figura híbrida, em que se reuniram as funções do ‘Governador das

Armas’ das províncias metropolitanas; um pouco das de outros órgãos, como

do ‘Governador da Justiça’, do próprio rei. (...) E como o único modelo mais

aproximado que se tinha dele no Reino era o do citado governador das armas,

ele sempre foi, acima de tudo, militar, com prejuízo considerável para o bom

funcionamento da administração colonial (PRADO JÚNIOR, 1977: 301-302).

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A crítica ao perfil geral dos governadores também surgiu da experiência in loco. Em

carta enviada em 1751 a Diogo de Mendonça Corte Real, secretário de Estado da Marinha e

Ultramar, o governador e capitão-general Francisco Xavier de Mendonça Furtado referiu-se nos

seguintes termos ao Maranhão:

(...) aquela capitania se acha no último desamparo; necessita com a maior

brevidade de um governador, e governador que não só seja soldado, mas que

saiba da arrecadação da Fazenda Real; que cuide nas plantações, no comércio

e em instruir aquela rude gente, e que finalmente se não lembre de sorte

alguma do seu interesse particular (MENDONÇA, 1963, t I: 343).

Esta última advertência, em especial, toca em um aspecto de um modelo do governador

colonial delineado por Virgínia Rau, com base na carreira do governador-geral do Brasil

Antônio Teles da Silva (1642-1647), em Fortunas ultramarinas, texto que também se tornou

referência para os especialistas no estudo das trajetórias governativas. De acordo com a

historiadora portuguesa,

(...) os cargos ultramarinos foram sempre apetecidos pela melhor nobreza

portuguesa, não só porque no seu desempenho se alcançavam honras e mercês

públicas, como também se granjeavam, e rapidamente, boas fortunas. Servir a

Coroa nas tarefas militares e administrativas ultramarinas era um direito e um

dever do ‘vassalo’ nobre, morgado ou filho-segundo, e cumpriram-no com

coragem e pundonor muitos dos varões das casas nobres de Portugal. Mas a

dureza dos tempos e a vinculação dos bens, obrigaram de preferência e desde

bem cedo os ‘secundeiros’, avessos à vida eclesiástica, a fazerem carreira ou

a procurarem fortuna no além-mar (RAU, 1961).

Mesmo entre os secundogênitos, apontados por Nuno Monteiro como os que geralmente

ocuparam os cargos da governação do Império, houve exceções. Poeta, membro da Academia

dos Generosos, fundada em meados do século XVII, D. Fradique da Câmara e Toledo, um filho

segundo do conde de Vila Franca, donatário da Ilha de São Miguel, nos Açores, protelou o

quanto pode o embarque em Lisboa para São Luís, tentando negociar vantagens para assumir o

governo do Estado do Maranhão (DIAS, 2005: 169-170; AHU. Consultas Mistas, cód. 16, fls.

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171-178). Quase um século depois, João Egas de Bulhões e Sousa, também não embarcou para

Belém, de onde partiria para ser o primeiro governador da recém-criada capitania de São José

do Rio Negro e, alguns anos mais tarde, assumiu o lugar de vice-reitor do Colégio dos Nobres

(ANTT. RGM, D. José I, Livro 19, fl. 348).

Abraçar a carreira eclesiástica, engajar-se na tropa, ingressar na universidade e acabar

ou não no governo de uma capitania eram, de fato, alternativas comuns para filho segundos,

terceiros, sextos e até oitavos, como pude encontrar. Eram também mecanismos de reprodução

social pelos quais esses indivíduos, privados dos direitos reservados aos primogênitos,

adquiriam um estado na sociedade e contribuíam para o acrescentamento material e simbólico

de suas Casas. Os casos de D. Fradique da Câmara e de João Egas de Bulhões mostram que

alguns homens preferiram cultivar as letras e a erudição no Reino a enfrentar a dura faina da

governação em terras desconhecidas. Mas isso não significa que a formação militar, a obtida na

universidade e a administração colonial fossem incompatíveis. Ao contrário, o acúmulo e a

conjugação de conhecimentos e experiências – não apenas as adquiridas nos regimentos

militares, na “guerra viva” ou na circulação por diferentes cargos – podem ter contribuído

diretamente para a resolução de problemas, a construção de narrativas sobre as agruras da

governação ou mesmo para demonstrar que a rotina da administração exigia dos agentes mais

do que a capacidade de prover cargos, disciplinar tropas e organizar a defesa dos territórios sob

a sua jurisdição.

Armas e livros: aspectos da formação de governantes ultramarinos

Em 1819, antes de dar seu parecer sobre uma lista de livros enviada ao Desembargo do

Paço, o sexagenário Francisco de Borja Garção Stockler, militar de carreira, matemático

formado em Coimbra, ex-governador dos Açores e então censor régio, certificou a D. João VI

que a censura feita a certas obras literárias estava respaldada em sua erudição:

(...) cumpra-me ponderar a Vossa Majestade que tendo sido a carreira de meus

estudos determinada pela profissão de soldado, que abracei desde menino, as

ciências matemáticas e militares têm sido durante toda a minha vida o

principal objeto das minhas aplicações. É certo que um desejo ardente de

instrução me levou a dar algumas horas a outros gêneros de estudo,

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principalmente os da filosofia especulativa, e de alguns ramos da literatura

(VIANNA, 2019: 90).

Nem sempre é possível encontrar declarações tão explícitas do gosto e da dedicação dos

governantes coloniais a outros ramos de estudo ou a conhecimentos além de sua formação

militar. Esses elementos ficam ainda mais obscurecidos quando na investigação dos perfis e das

trajetórias recorre-se apenas às consultas mistas do Conselho Ultramarino, em que se encontram

as relações de serviços – militares – prestados pelos opositores ao governo de uma capitania,

submetidos ao escrutínio dos conselheiros, ou às cartas patentes de nomeação dos escolhidos

localizadas nos livros de registro de mercês ou nas chancelarias régias, que reproduzem a lista

dos préstimos apresentadas ao Conselho Ultramarino para fundamentar as candidaturas.

Quando a investigação das trajetórias se concentra nessas fontes, nos processos de habilitação

às ordens militares, ao Santo Ofício, ou nos pedidos de remuneração de serviços, deixando de

lado registros de outras inserções dos agentes, como as matrículas e os graus obtidos na

Universidade Coimbra, os seus testamentos e inventários ou os fragmentos da documentação

oficial em que os seus conhecimentos aparecem mais ou menos explicitamente, as conclusões

acabam por reforçar o perfil militar dos governantes que, embora não esteja sendo contestado

ou invalidado, pode ser acrescido de outros elementos. É possível, inclusive, realizar o

cruzamento de dados retirados das consultas do Conselho Ultramarino e das cartas patentes

com os registros de matrícula em Coimbra, de forma a delinear os percursos dos agentes até a

nomeação para um governo ultramarino. Em termos metodológicos, proponho uma ampliação

do foco nos trabalhos sobre trajetórias governativas, admitindo-as que são multifacetadas e que

os deslocamentos dos indivíduos são dotados de sentido, como na definição de Pierre Bourdieu

(2006: 183-191). Ao se restringir os percursos ao campo das armas, como se a frequência da

universidade, de fato muitas vezes descartada como opção de vida, não tivesse qualquer

importância, corre-se o risco de limitar as possibilidades de entendimento da própria ação

governativa.

Não é difícil encontrar exemplos de homens que saltaram dos bancos da Universidade

para as fileiras da tropa, abandonando os estudos para se engajar na “guerra viva”, como no

período das lutas pela Restauração de Portugal ou da Guerra da Sucessão Espanhola. Foi o caso

de Bernardo Pereira de Berredo e Castro, que renovou anualmente a matrícula em Cânones de

1700 até 1704, sem concluir o curso (AUC. AUC-IV-1ª D-1-3-37, fl. 213 e AUC-IV-1ª D-1-3-

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39, fl. 50v). Em 1706, conforme a sua carta patente de governador e capitão-general do Estado

do Maranhão, sentou praça de soldado no Regimento de Cavalaria de Moura e no mesmo ano

teve assinalada a sua participação em combates travados em Alcântara e Cidade Rodrigo,

durante a Guerra da Sucessão Espanhola (ANTT. CHANC. D. João V. Livro 49, fls. 261v-263).

Berredo notabilizou-se na administração devido à sua atuação em favor dos interesses

dos moradores do Maranhão e do Pará no cativeiro dos índios, contra os jesuítas, até mesmo

depois de voltar para Portugal. Por outro lado, também foi autor dos Anais históricos do Estado

do Maranhão (1749), obra em dois tomos a qual Berredo aparentemente dedicou as cerca de

duas décadas que se seguiram ao fim do seu governo, em 1722. Passou ainda um ano na

América dedicando-se a pesquisar a documentação produzida pela administração do Estado do

Maranhão, até retornar para o Reino, onde talvez tenha continuado a leitura dos livros e dos

manuscritos listados em um catálogo no início do primeiro tomo. Até a morte, sem ver os Anais

publicados, Berredo ainda enfrentou o difícil governo de Mazagão, no Marrocos, e inclinou-se

à poesia, como demonstram alguns sonetos de sua autoria encontrados na Biblioteca Nacional

de Portugal (BNP. Reservados. Fundo Geral de Manuscritos. Mss. 11, nº. 65 e 66. Poesias).

Também no Maranhão, Alexandre de Sousa Freire teve que recorrer no fim da sua

gestão à formação adquirida no Colégio de S. Pedro, onde se bacharelou em Artes, e no Colégio

de S. Paulo, no qual não concluiu o curso de Teologia. Típico representante da elite senhorial,

era filho segundo do 5º senhor de Mira e, por tal condição, um exemplo bem-acabado do fidalgo

que precisou buscar alternativas para se estabelecer, pois as regras de sucessão nos bens da Casa

beneficiariam o irmão mais velho. Alexandre de Sousa Freire teve uma das trajetórias mais

diversificadas que já estudei. Serviu na cavalaria em Mazagão enquanto a praça era governada

pelo pai, voltou ao Reino, matriculou-se em Coimbra e depois retomou a carreira das armas.

Sem estado definido, tentou a sorte na Bahia, casando-se com uma senhora da elite local e

constituindo a sua própria Casa. Depois de um novo período em Portugal, bastante endividado,

foi nomeado governador do Estado do Maranhão com quase 60 anos de idade (SANTOS, 2016:

31-50).

Uma análise em pormenor da administração de Sousa Freire com vistas a constatar a

interferência ou não de seus conhecimentos fora do campo das armas no tratamento dos

conflitos em torno da escravidão indígena, ainda não foi feita. O que se pode dizer, de modo

geral, é que a repercussão de suas ações em Lisboa ecoava a inimizade com os jesuítas e as

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relações de poder construídas no Estado do Maranhão; aspectos bem articulados em discursos

elaborados pelo próprio governador em sua defesa. Como o extenso memorial em que atacou

os inacianos, intitulado Verdades manifestas e restituídas na erudição dos fatos e dos sucessos

a inocência dos culpados e desempenho dos queixosos. Oferecidas ao Augusto e, Piedosíssimo

Rei D. João 5º Nosso Senhor, por Alexandre de Sousa Freire, do seu Conselho, Governador e

Capitão-general que foi do Estado do Maranhão, 1720 (BGUC, Reservados, Ms. 76).2 No

intuito de macular a imagem dos padres, culpou-os de desordens e conluios em diversas partes

do mundo, apoiando-se em bulas pontifícias, obras de teólogos e de missionários atuantes em

lugares como a China e o Japão, e em documentos produzidos por antigos governadores do

Estado do Maranhão.

No fim da vida, portanto, teve que recorrer à formação humanística do Colégio das Artes

e à teológica. No texto do memorial há diversas referências em latim a poetas como Cícero,

Virgílio e Horácio para ilustrar julgamentos de Alexandre de Sousa Freire sobre a corrupção

moral, os embustes e a ambição por riqueza dos religiosos da Companhia de Jesus, conforme o

trecho: “(...) mostrou-me o tempo ao depois (...) que os padres não só eram ricos, mas opulentos;

fazendo com Cícero a diferença, que vai da riqueza à superabundância” (BGUC, Reservados,

Ms. 76, fls. 2 e 14v). Com essa citação, dentre outras apoiadas em documentos e crônicas de

missionários, Sousa Freire evocava uma tradição retórica que “alude à utilidade do relato

histórico”, definida por Cícero na obra De oratore (55 a.C.): “a história é testemunha dos

séculos, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, mensageira do passado” (TEIXEIRA,

2008: 557).

Em outras palavras, a retórica das Verdades manifestas atribuía, com base na

experiência histórica, um caráter funesto à ação missionária jesuítica, comprometendo a

reputação dos padres e desfazendo ao mesmo tempo quaisquer impressões desfavoráveis que

pairassem sobre Alexandre de Sousa Freire na Corte (IHGB. Arq. 1.2.35, fls. 181-183v). Além

dos atritos com os jesuítas, o capitão-general cultivou afetos e desafetos no Maranhão e no Pará,

imiscuindo-se em redes de poder constituídas por oficiais régios e proprietários de terras.

Elementos dessa trama de relações aparecem em um escrito intitulado por Arthur Reis

Prestação de contas de um governante colonial do antigo Estado do Maranhão e Grão-Pará

2 A data parece ter sido atribuída posteriormente e está equivocada, pois em 1720 Alexandre de Sousa Freire não

tinha sido nomeado. Além disso, o título sugere que o memorial foi escrito no fim do seu governo.

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(REIS, 1986: 85-99).3 Em uma espécie de balanço do governo, Sousa Freire erigiu a imagem

do administrador e vassalo fiel que agiu com justiça e retidão no Real Serviço e, por isso, foi

incompreendido por seus subalternos. Valendo-se novamente da formação em Teologia,

possivelmente orientada pela vertente “tradicional e histórica” que primava pelo conhecimento

da Bíblia e a sua exegese (BRAGA, 1895: 662), começou o relato com uma citação do Livro

de Jó: “As tuas mãos, Senhor, me fizeram (...). E assim, repentinamente, tu me destrois?” (REIS,

1986: 85).

A narrativa aproximava-se de um modelo recorrente nos sermões do século XVII, nos

quais, segundo Alcir Pécora, “as Escrituras estão refiguradas nos eventos, de tal modo que a

história contemporânea aos pregadores é, especularmente, a versão mais atualizada do Texto”

sagrado (PÉCORA, 2000: 12). Fazendo uso de uma alegoria recorrente no Livro de Jó,

Alexandre de Sousa Freire comparou as injustiças que sofreu a “pedras de escândalo”,

referindo-se ao que na linguagem das Escrituras representava o tropeço, a queda em desgraça,

o afastamento da graça divina; por analogia, do favorecimento régio.

Além da análise de escritos produzidos por administradores coloniais, outras fontes que

permitem considerar a possibilidade da articulação de saberes diversos à prática governativa

são os testamentos e, principalmente, os inventários post-mortem, quando apresentam relações

de livros, manuscritos, mapas ou a mobília destinada a abrigar os exemplares descritos e

avaliados por livreiros contratados para este fim. Convém fazer duas advertências antes de

prosseguir. A primeira, parte das conclusões de Lisboa e Miranda de que “os poucos inventários

de bens de nobres falecidos que contêm livros não têm a uniformidade das bibliotecas dos

juristas. São poucas as bibliotecas, algumas pequenas, com poucas dezenas de livros, a maior

parte com existências na ordem das centenas” (LISBOA; MIRANDA, 2011: 359-366). A

segunda advertência, tomo de empréstimo a Peter Burke que analisou a recepção de O Cortesão,

de Castiglione, publicado na Itália em 1528, por meio de um estudo prosopográfico de

“possíveis leitores” da obra antes de 1700. Para Burke,

(...) as fontes – inventários de bibliotecas, por exemplo – nos dizem muito

mais sobre proprietários do que sobre leitores. Não se pode presumir que todo

dono de um determinado livro o tenha lido de fato. (...) Para piorar as coisas,

3 O manuscrito original encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP). Reservados, PBA 641, fls. 118-

127v.

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as bibliotecas mais bem documentadas são geralmente as maiores, e, como

bem o sabem alguns leitores, quanto maior a biblioteca, menor a probabilidade

de que o proprietário esteja familiarizado com seu conteúdo (BURKE, 1997:

17).

Ou seja, não é possível afirmar com certeza quantos títulos de uma biblioteca tenham sido

efetivamente lidos e o conteúdo absorvido por seus donos. Isso não impede que se esbocem ao

menos algumas interpretações sobre gostos e interesses de leitura e a circulação de livros.

Essas advertências me permitem dizer com segurança que não disponho de inventários

com bibliotecas ou livrarias numericamente expressivas, como as indicadas por Miranda e

Lisboa, que ultrapassavam a casa dos mil exemplares. Nem tão bem organizadas como a do

brigadeiro José da Silva Pais, cuja livraria foi cuidadosamente indexada e mencionada

separadamente em um codicilo apenso ao seu testamento (ARAÚJO, 1999: 149-185). O acervo

de propriedade de D. Marcos José de Noronha e Brito, 6º conde dos Arcos, não contava nem

uma centena de livros e manuscritos. Primogênito e herdeiro de uma Casa de Grandes da

aristocracia, recebeu formação militar e durante 15 anos praticamente seguidos foi governador

e capitão-general de Pernambuco (1745-1748), Goiás (1748-1755) e vice-rei do Brasil (1755-

1760). Não se sabe até que ponto a coleção foi constituída a partir de heranças ou pelo próprio

D. Marcos José, que pode ter se valido de alguns livros, em especial no tempo em que serviu

na América (ANTT. Feitos Findos. Inventários Post-mortem. Letra M, maço 197, nº 1).

Na livraria inventariada sem método, com muitos títulos e nomes de autores

incompletos, destacam-se obras de história de Portugal, memórias sobre reis e imperadores

estrangeiros, genealogias, referências sobre instrução militar, além de alguns poucos livros de

religião. O apreço do conde dos Arcos pela genealogia foi reconhecido por Borges da Fonseca,

que lhe dedicou a sua Nobiliarquia pernambucana. As Memórias do Senhor Du Guay Trouin,

comandante da invasão francesa ao Rio de Janeiro, em 1711, editadas pelo menos cinco vezes

ao longo do século XVIII, aliadas a títulos como O Valeroso Lucideno e o Castrioto Lusitano

talvez tenham ajudado o então governador de Pernambuco a exercitar a disciplina militar na

capitania em tempos de paz, tal como Caio Cássio na Síria, e, quem sabe, no caso dos dois

últimos impressos, a lidar com uma elite descendente daqueles que com seu sangue, vidas e

fazendas expulsaram os holandeses e restauraram a soberania de Portugal.

O cruzamento de fontes propicia também a identificação de possíveis leituras comuns.

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É significativo, portanto, encontrar no inventário do 6º conde dos Arcos e na correspondência

de Francisco Xavier de Mendonça Furtado a menção aos dois tomos da Milícia prática e manejo

da infantaria, de Bento Gomes Coelho, editada em 1740, três anos depois de o autor encerrar

o governo de Cabo Verde. Suponho que D. Marcos José e Mendonça Furtado leram o manual

com o mesmo propósito de ordenar e instruir os efetivos sob o seu comando, pondo em prática

a ciência operativa das armas, novamente tal como o governador da Síria mencionado no tratado

apresentado no início dessa exposição, antecipando-se a uma situação de guerra. Se o leram na

mesma época é uma suposição mais arriscada, embora seja interessante notar que ambos

estiveram à frente, respectivamente, do governo-geral do Estado do Brasil e do governo do

Estado do Grão-Pará e Maranhão, nos anos de 1750.

Antes da conclusão, um último personagem: D. Diogo de Sousa, militar, matemático,

governador de Moçambique, Maranhão, Rio Grande de São Pedro e vice-rei da Índia, onde

encerrou a carreira de administrador colonial. Ao ter ideia da dimensão de uma importante

biblioteca, compreendi o motivo de não ter encontrado no inventário de D. Diogo a relação dos

seus livros. No testamento apenso, assim expressou sua última vontade: “Deixo a meu irmão

D. Luís de Sousa todos os meus livros impressos, e manuscritos, e também os móveis que ao

tempo de minha morte se acharem na casa do meu escritório, onde aqueles livros estão”. Mas,

segundo o inventariante, no momento da avaliação, eles já haviam sido retirados por D. Luís de

Sousa, assim como toda a correspondência pessoal, títulos, patentes e uma “carteira de viagem”

de D. Diogo (ANTT. Feitos Findos. Inventários post-mortem. Letra C, maço 45, nº. 2).

Devia ser uma biblioteca vasta e diversificada, mas a sua ausência não impede que se

façam algumas inferências sobre o perfil do proprietário. Em primeiro lugar, D. Diogo, assim

como Berredo e Stockler, aproximavam-se de uma definição do homem de letras apresentada

por Chartier: aquele que não cultivava “apenas um gênero de estudos” (CHARTIER, 1995:

117-153). Fez parte de um seleto grupo de governantes egressos de instituições como o Colégio

dos Nobres e a Universidade de Coimbra reformada, cujas trajetórias foram tema da tese de

Nívia Pombo, indicados por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, então secretário de Estado da

Marinha e Domínios Ultramarinos, para a governação do Império. Quando estava no Maranhão,

ainda segundo a historiadora, D. Diogo se mostrara bastante entusiasmado em acolher os textos

com instruções para o progresso agricultura, impressos em Portugal sob os auspícios de D.

Rodrigo (SANTOS, 2013: 200-209).

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Em particular, a figura de D. Diogo de Sousa também pode ser associada à do explorador

que no Século das Luzes percorria os mares e terras desconhecidas a serviços das monarquias,

riscando, anotando e registrando em mapas e memórias as impressões de suas expedições. A

sua “carteira de viagem” podia conter valiosos apontamentos das experiências nos diferentes

lugares que governou. Não à toa ele foi incluído por Nuno Monteiro em um grupo de 19

indivíduos considerados “os mais destacados governadores do Império português” na virada do

século XVIII para o XIX. Eles não só ascenderam na hierarquia dos postos governativos, como

circularam por todo o ultramar, “do norte de África e ilhas Atlânticas ao Oriente, passando pelo

Brasil” e se especializaram “em servir à monarquia nesses remotos e amplos espaços, por vezes,

ao longo de muitos anos”, constituindo uma “elite imperial” (MONTEIRO, 2005: 105-107).

Ao lado da decepção por não encontrar a relação de livros de D. Diogo de Sousa restou

a satisfação de reconstituir, num esforço de imaginação, o seu lugar de guarda. O gabinete de

D. Diogo parecia sofisticado. Havia mesas de vários tamanhos, estantes para livros e partituras,

latas de mapas, uma escada elástica, uma escrivaninha de prata, um estojo de riscar e um

barômetro. Mas, infelizmente, não possuía mais livros.

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