hoje macau 9 jul 2015 #3368

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HOTEL ESTORIL VOZES DO BOTA ABAIXO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 9 DE JULHO DE 2015 ANO XIV Nº 3368 De mãos atadas HABITAÇÃO ECONÓMICA GOVERNO ASSUME INEFICIÊNCIA PÁGINA 7 PÁGINA 4 Raimundo do Rosário admite que é necessário melhorar a Lei de Habi- tação Económica que não permite ao Governo resolver as situações de frac- ções não ocupadas. Embora existam sanções para o sub-arrendamento e outras utilizações, a falta de ocupação não está contemplada na lei. O Se- cretário para os Transportes e Obras Públicas pondera agora avançar para uma reforma parcial do diploma en- quanto não chega a revisão global. PUB Ter para ler AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB hojemacau h Discórdia nas alturas Apetites sexuais A Obra ao Negro OPINIÃO TÂNIA DOS SANTOS MARGUERITE YOURCENAR PÁGINA 14 LIVRO O lado escuro do Jogo e outras histórias PÁGINA 6 GRANDE PLANO PÁGINA 3 ATERROS

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Hoje Macau N.º3368 de 9 de Julho de 2015

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hotel estoril

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De mãos atadasHabitação económica governo assume ineficiência

Página 7

Página 4

Raimundo do Rosário admite que é necessário melhorar a Lei de Habi-tação Económica que não permite ao Governo resolver as situações de frac-

ções não ocupadas. Embora existam sanções para o sub-arrendamento e outras utilizações, a falta de ocupação não está contemplada na lei. O Se-

cretário para os Transportes e Obras Públicas pondera agora avançar para uma reforma parcial do diploma en-quanto não chega a revisão global.

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Ter para ler

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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Já que falamos tanto da Grécia, recuemos até 550 anos antes da nossa era quando os filósofos entenderam estar perante uma doença caracterizada pela “vontade de tudo possuir”. Mas como era possível haver gente nesse tempo com a veleidade de tudo ter, com uma sede interminável de posse, com um abismo cravado em si de insaciabilidade perante os bens do mundo?Jean Paul Vernant, um grande helenista, explica : “A riqueza substitui todos os valores porque ela tudo pode comprar. É então que o dinheiro conta, o dinheiro faz o homem. Ora, contrariamente a todos os “outros poderes”, a riqueza não comporta qualquer limite: nada nela marca o seu termo, os seus limites, o seu fim. A essência da riqueza é a desmedida”.

A riqueza, o desejo de possuir mais, instala-se como uma febre, uma loucura, e tal foi percebido melhor pelos filósofos da Antiguidade grega do que pelos homens contemporâneos. Quantos vemos a correr até ao fim da vida, com o único fito de acumularem mais dinheiro que não lhes vai servir para nada?Nesse delírio, os homens de hoje esmagam quem estiver no seu caminho, não olham a danos cola-terais. Nem sequer aos danos que infligem neles mesmos.Finalmente, a pleonaxia é uma doença mental que se aproxima do desespero, que é irmã da gula e prima da inveja. Com o advento do ca-pitalismo como regime dominante, assistimos à sua transformação em ideologia superior. Atascados numa espécie de darwinismo social,

esses doentes afirmam a pleonaxia como sentido máximo da vida, não entendendo que a doença os impede de viver.Seriam coitados se à sua volta não espalhassem o mal, não destruíssem os valores alheios, as vidas dos outros, em nome da sua pleonaxia. São, é certo, lamentáveis enquanto seres humanos, pri-sioneiros que estão de uma cegueira, de um traço de paranóia anal (cumulativa), neles instilado por uma sociedade também doente, fixada nas contas e na acumulação. O mundo precisa de crescer e as pessoas de analisar as suas acções para não se deixarem submergir com algo que lhes foi imposto mas que eles julgam ser o zénite de uma vida quando, na verdade, se limitam a atingir o seu nadir.

UMA MUlhER muçulmana reza durante uma cerimónia religiosa no mês do Ramadão e na noite em que se celebra a primeira revelação do Corão feita ao profeta Muhammad pelo Anjo Gabriel. Os muçulmanos acreditam que desde a noite de ontem até à manhã de hoje, a bênção e o perdão de Alá são grandes, pelo que todos os pecados são perdoados e as preces ouvidas.

Pleonaxia ou a vontade de tudo possuir

“O aumento do imposto do consumo é uma das medidas internacionalmente reconhecidas com maior eficácia na redução da quantidade de consumo de tabaco, principalmenteentre os jovens”Governo• Sobre o aumento do impostode tabaco que vai a votos hoje

“Faleceu uma grande mulher que deixa um legado muito importante, com uma vida marcada pela democracia e causas sociais. Estará sempre ligada à luta contra o fascismo e a fundação do PS. É um exemplo de cidadania e humanismo”TiaGo Bonucci Pereira• Líder da secção do PS em Macau

“Se forem definidos os critérios, legislação e diplomas legais, a RAEM será capaz de desenvolver uma parte de transplantação”ServiçoS de Saúde• Sobre transplante de órgãos

“Se o mural deve ser conservado? Temos de ouvir as opiniões,mas a minha é que é melhor demolir e depois reconstruir”

Lau veng Seng, deputado nomeado, sobre o projecto de recuperação do Hotel estoril | P. 7

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3grande planohoje macau quinta-feira 9.7.2015

a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Pú-blicas e Transportes (DSSOPT) garante que

há condições para se erguerem prédios altos na Zona B dos no-vos aterros, apesar das críticas de residentes e deputados de que os empreendimentos vão obstruir a vista da Igreja da Penha.

No programa “Macau Talk” de ontem do canal chinês da Rádio Macau, um ouvinte com apelido Sou mostrou-se preocupado com o que diz ser falta de coordenação entre o limite de cem metros de altura de edifícios que vão surgir na Zona B dos novos aterros, ao lado da Torre de Macau, e a Colina da Penha, que tem apenas 60 metros da altura. As mesmas críticas já tinham vindo a ser feitas pelos activistas da Macau Concelears e deputados, mas o Executivo garante que já tudo foi analisado.

Ao responder, o vice-director substituto da DSSOPT, Cheong Ion Man, defendeu que a construção na-quela zona está em primeiro lugar na lista de trabalhos dos novos aterros, sendo este o local onde vão ficar os edifícios destinados a órgãos políti-cos e judiciais. O responsável diz que foi tida em conta a vista da Colina e até a chamada “lei da sombra”.

Continua a causar controvérsia a construção dos prédios judiciais com cem metros de altura na zona junto à Torre de Macau. Governo diz quehá condições eque não se pode irsó pelos gostos,mas residentese deputadosnão concordam

Aterros Prédios altos na zona B alimentam discórdia

Não me tapes a vistaFace ao limite de altura,

Cheong assegura que, quando o plano director dos novos aterros foi elaborado, foram considerados os factores de questões aeronáuticas e a visibilidade do património mun-dial, que não pode – de acordo com a UNESCO – ser tapado.

Cheong Ion Man diz ainda que foi feita uma análise por um grupo interdepartamental e especialistas

que mostra que “a Zona B tem condições técnicas para se cons-truírem prédios altos”, sobretudo nos espaços perto da Torre Macau, e que “já foram analisadas as pro-postas mais viáveis”.

ElEs não sabEm tudoApesar de ontem o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, ter explica-

do que ainda não há decisão sobre a altura dos prédios no local, até porque é necessário terminar as consultas públicas, o responsável também aponta que a população em geral não tem conhecimentos técnicos e profissionais. Raimundo diz que “alguns irão dar a opinião conforme o seu gosto pessoal e a matéria de consulta implica muitos factores técnicos e por isso nem

sempre a população em geral tem o entendimento necessário, pelo que o Governo vai elaborar as políticas, tendo em consideração o resultado obtido na consulta pública, acompanhado de estudos técnico-profissionais e só assim sairá a versão final”.

Mesmo assim, os deputados Kwan Tsui Hang e Pereira Couti-nho não estão contentes e ontem também se insurgiram contra a altura dos prédios da Zona B impe-direm a vista da Colina da Penha.

Ao Jornal do Cidadão, Kwan Tsui Hang disse considerar que estes edifícios devem ser integra-dos nas zonas ao redor do local, sendo que não há ali prédios com tanta altura.

Mais ainda, como Macau irá poder gerir as suas próprias águas marítimas, Kwan prevê que o terri-tório tem condições para aumentar a área de terrenos. Assim, pede que o Governo pensa de novo no design de toda a cidade, sem au-mentar a altura das construções e destruir os raros espaços de lazer em Macau. “A sociedade já aceita que na Zona A se vá construir um grande número de habitações, resolvendo a necessidade urgente da população.”

Também o deputado Pereira Coutinho deixou criticas no mesmo meio de comunicação sobre o limi-te de cem metros de altura destruir a vista da zona dos Lagos Nam Van e pediu que o planeamento da área tenha como prioridade a protecção do património e as características culturais do local.

Hoje em dia, recorde-se, o espa-ço está a servir de estacionamento para os autocarros, tendo em redor diversos espaços de lazer, como campos desportivos.

Cheong Ion Man lembrou que na 2ª fase de consultas públicas já foi apresentado o projecto de criação de um “corredor visual de paisagens” para assegurar a pro-tecção da vista da Colina da Penha e do Porto Exterior. O subdirector substituto frisou também que em todos os novos aterros ainda não existem casos de concessão de terrenos.

Flora [email protected]

“A sociedade já aceita que na Zona A se vá construir um grande número de habitações, resolvendo a necessidade urgente da população”KwAN tsui HANg Deputada

“O Governo vai elaborar as políticas, tendo em consideração o resultado obtido na consulta pública, acompanhado de estudos técnico- -profissionais”rAimuNDo Do rosário secretário para os transportese obras Públicas

ZOnA A EspAçO cOm “ quAlidAdE dE vidA”

• O Governo mostrou ontem o projecto para a Zona A dos novos aterros, na zona norte, onde vão ficar mais de 30 mil fracções de habitação pública e outras instalações comunitárias. Em comunicado, o Governo garantiu que haverá espaços de lazer e corredores verdes no local, como o que se vê na foto.

“A Lei da Habi-tação Econó-mica que está em vigor não

permite ao Governo resolver o problema de forma eficaz”. Quem o afirmou foi o Secre-tário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, que falava on-

Habitação Económica Secretário aSSume inSuficiência legiSlativa

Está na hora de meditartem sobre a não ocupação das fracções de habitação económica pelos candidatos a quem foram atribuídas estas casas.

Apesar de na lei em vigor estar definido que este tipo de habitação é destinada a uma residência efectiva e permanente, esta nem sempre é respeitada. “Não há dúvida que o artigo 5 desta lei diz que estas habitações se destinam a residência efectiva e perma-nente, no entanto na parte das sanções não está prevista ne-nhuma para esta situação [da não ocupação da habitação]. Estão previstas as sanções aos ocupantes que destinem a fracção para outros usos que não a habitação, está também prevista uma sanção [em caso de] sub-arrendamento, mas não está prevista nenhuma sanção para a não habitação”, explicou o Secretário aos jornalistas, depois da segun-da reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública.

Não existindo ainda uma definição clara do que é efec-tivamente uma habitação não ocupada, Raimundo do Rosário admite uma “insu-ficiência legislativa” que necessita de clarificação. O Secretário explicou que

Uma lei que precisa de ser melhorada. É assim que Raimundo do Rosário explica a incapacidade do Governo em solucionar a questão da não ocupação das fracções atribuídas. O IH está a trabalhar no assunto e não se fecha a hipótese a uma revisão parcial da lei, enquanto a global não está concluída

o Governo terá que tomar agora uma decisão de fazer uma revisão parcial – relati-va a esta matéria – antes da revisão global da lei.

“Está a decorrer uma con-sulta pública sobre a revisão da Lei de Habitação Social e segue-se uma revisão da Lei da Habitação Económica e a decisão a tomar é se o assunto merece ou não um tratamento independente, isto é, não espe-rar pela revisão global da lei e proceder já a uma revisão parcial para tratar desta ma-téria”, argumentou.

O presidente da Comis-são de Acompanhamento, Chan Meng Kam, explicou aos jornalistas que o Gover-no está mais inclinado para esperar pela revisão global. O também deputado frisou que a Comissão considera que é necessário simplificar o processo burocrático de candidatura e por isso é pos-sível, sem especificar quais, que se “levantem algumas restrições” para as candi-daturas da habitação social.

IH atento Um segundo ponto em aná-lise na reunião foi a capaci-dade de resposta do Instituto de Habitação (IH). Confor-me explicou o Secretário, apesar da existência desta

insuficiência legislativa isto “não significa que o IH não esteja a fazer nada”.

Desde o princípio do ano, afirmou Raimundo do Rosário, o instituto tem leva-do a cabo vários inquéritos, verbais ou escritos, sobre os motivos que levam os candidatos seleccionados a não ocuparem as casas.

“A [justificação] mais vulgar é que [os ocupantes] estão a fazer uma renova-ção das suas habitações”, explicou o Secretário, garantido que o Governo vai continuar a fazer o acompanhamento e fisca-lização.

Filipa araú[email protected]

4 hoje macau quinta-feira 9.7.2015políticA

Conselho da Culturacom dois novos membrosPeter Siu Pei tak e Sam Peng vo são os dois novos membros do conselho consultivo da cultura. anunciada ontem, através de um despacho publicado em Boletim oficial, a nomeação entrou em vigor a 5 de Junho. Peter Siu Pei tak foi um dos doadores de elementos antigos ao museu de macau. também outros doze elementos do mesmo conselho foram reconduzidos no cargo, entre eles carlos marreiros, José chui Sai Peng, eddie Wong e ambrose So.

Terrenos silenciososSobre os 16 terrenos que não reuniram condições para a declaração de caducidade, Raimundo do Rosário recusou-se falar sobre o assunto por este estar agora sob a investigação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). “Relativamente aos 16 terrenos nada direi. Foi tudo entregue ao CCAC e portanto enquanto isto estiver a ser investigado nada mais poderei dizer sobre o assunto”, rematou.

Comissão à porta mesmo feChada

• Pela segunda vez, o presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, não esperou que os jornalistas acabassem de entrevistar Sou Chio Fai para começar a confe-rência de imprensa que tem lugar no final de cada

reunião e onde os jornalistas são informados do que aconteceu e colocam questões. Depois de três horas de espera, os jornalistas tentaram algumas declarações do presidente, levando a este momento de perguntas à porta do elevador da AL.

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5 políticahoje macau quinta-feira 9.7.2015

O Consulado--Geral de Portugal em Macau conseguiu aumentar os eleitores recenseados em 43,5%. Contudo, Vítor Sereno garante que a campanha em prol do recenseamento não vai ficarpor aqui

CCP Recenseados no consulado-GeRal aumentaRam 43,5%

Os números da satisfação

D ePOiS de uma intensa campanha em prol do recen-seamento, Vítor

Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau, é um homem satisfeito. em de-clarações à imprensa, Sereno confirmou que o número de eleitores aumentou 43,5% face a Abril, quando apenas pouco mais de 11 mil pessoas estavam recenseadas no Consulado. Actualmente são 15.795 recenseados, incluin-do 4799 novos eleitores. Os dados foram avançados de-pois dos cadernos eleitorais terem sido encerrados, no âmbito da campanha em prol do recenseamento obrigató-rio, condição essencial para votar nas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), depois da mudança na lei.

“este foi um processo novo e estou satisfeito pela capacidade de resposta das associações e pela minha equipa de trabalho. Uma su-bida de 43,5% é significativa em termos de todos os postos consulares do mundo”, refe-riu Vítor Sereno.

O cônsul-geral de Portu-gal em Macau não deixou de agradecer às associações de matriz portuguesa que cola-boraram com o processo. A Associação dos Trabalha-dores da Função Pública (ATFPM), Casa de Portugal em Macau (CPM) e Asso-ciação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) co-

laboraram enviando os seus representantes para dar uma ajuda, pelo período de uma quinzena por associação. A Associação dos Macaenses (ADM), Santa Casa da Mi-

sericórdia (SCM) e escola Portuguesa de Macau (ePM) também participaram.

Apesar do processo para o CCP estar concluído, Vítor Sereno garante que a campanha pelo recen-seamento não acaba aqui. “Quero continuar a apelar ao recenseamento, por-que temos mais dois actos eleitorais importantes. O grande fluxo de eleitores deu-se agora, mas queremos deixar a mensagem de que o recenseamento continua-rá aberto”, disse Sereno, referindo-se às legislativas e presidenciais em Portugal.

Receios infundadosDepois de José Pereira Cou-tinho, líder da lista candidata ao CCP, ter revelado receios

Justiça Sónia Chan em Pequimpara falar de acordo judiciário sónia chan foi a Pequim esta semana para visitar o ministério da segurança Pública e outros serviços relacionados, a fim de aprofundar mais os debates sobre assuntos de cooperação judiciária. segundo um comunicado, é apenas revelado que as questões “importantes do acordo” estão a seguir a bom ritmo, mas nada mais. o acordo, recorde-se, refere-se à entrega de infractores em fuga. “chen Zhimin, Vice-ministro do ministério da segurança Pública, recebeu a secretária para a administração e Justiça e ambas as partes trocaram opiniões sobre o reforço do intercâmbio dos regimes jurídicos entre o interior da china e a Raem, bem como melhoramento do mecanismo da cooperação judiciária na matéria penal”, pode ler-se.

Fumos oleosos Associação pede urgência nas Normas de emissão

A Associação Profis-sional de equipa-

mento Ambiental coloca em causa a determinação do Regime das Normas de emissão de Fumos Oleosos e, por isso, apela a que a entrega da proposta à Assembleia Legislativa (AL) aconte-ça o mais rápido possível.

Terminada as consul-tas públicas sobre o regi-me, levadas a cabo pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), o presidente da Associação em causa, Chan Lin Chong, mos-trou-se desconfiado da verdadeira intenção do Governo em melhorar o problema da emissão dos fumos oleosos dos esta-belecimentos de comidas e bebidas. O presidente justifica a sua suspeita, segundo cita o Jornal exmoo, pela ausência de qualquer informação quatro meses depois de terminadas as consultas.

Chan Lin Chong ex-plicou que entre os seis mil estabelecimentos que viram ser-lhes emitidas licenças de negócio, quatro mil já montaram equipamentos qualifica-dos para o tratamento de fumos oleosos, permitin-do que 90% dos fumos possam ser eliminados caso os equipamentos tenham manutenção e limpeza, por pessoal qualificado, de forma periódica.

O presidente apela a que o Governo acelere a implementação das nor-mas e a sua supervisão, sugerindo que quando os estabelecimentos pe-direm ou renovarem as licenças de negócio lhe seja exigida a montagem de equipamentos qualifi-cados. f.f.

sobre a grande afluência às urnas no consulado, a 6 de Setembro, devido à falta de pessoal, Vítor Sereno garante que tudo será resol-vido. “Vamos preparar-nos para um cenário de grande afluência às urnas”, disse, esperando muitos votos para o CCP. “Mesmo com uma única lista candidata espero que tenha o maior número de votos possível, porque é um sinal de vitalidade do posto consular e da nossa comunidade.” Recorde-se que no último acto eleitoral para o CCP votaram cerca de duas mil pessoas. Para este ano, a equipa de Coutinho espera mais 40 a 50% de eleitores.

andreia sofia [email protected]

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Faz-se saber que em relação ao concurso público n.º 19/P/15 para o <<Empreitada de Fornecimento, Substituição e Testes de Três (3) Unidades Resfriadoras de Líquidos “Chiller” de Condensação a Ar ao Centro Hospitalar Conde de São Januário dos Serviços de Saúde>>, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 23, II Série, de 10 de Junho de 2015, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo.

Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, e também estão disponíveis no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo) e que foram juntos ao respectivo processo.

Serviços de Saúde, aos 3 de Julho de 2015

O Director dos ServiçosLei Chin Ion

ANÚNCIO

Novos fuNcioNários escolhidosSereno confirmou também que já estão escolhidos os cinco novos funcionários que irão trabalhar no Consulado, sobretudo na área do registo civil, que ficou “bastante deficitária” desde as saídas de trabalhadores. Actualmente existem mil processos em atraso nesta área.

resposta a coutiNho Vítor Sereno não quis fazer grandes comentários às críticas de Pereira Coutinho sobre o funcionamento do Consulado-Geral. “Penso que os números são inequívocos e não posso fazer qualquer comentário. Só pretendo providenciar o maior número de serviços aos cidadãos portugueses. Estamos no bom caminho e se hoje olharmos para trás estamos melhores. Há dois anos, a imagem de marca deste Consulado eram as filas que se formavam às 5h30 da manhã que, com todo o respeito, me faziam lembrar os países africanos onde servi. Hoje isso não acontece.” Sereno também não comentou as declarações de Coutinho, que defendeu a “prata da casa” para representar Portugal junto do Fórum Macau, ou seja, um representante bilingue e mais conhecedor do terreno.

O vice-presidente do grupo Forefront of the Macao Gaming, Lei Kuok Keong, publicou

um livro onde descreve e regista os protestos levados a cabo por traba-lhadores de Jogo no ano passado e este ano. Lei Kuok Keong aponta as dificuldades destes funcionários e fala ainda da “face obscura” desta indústria de Macau.

Chama-se “Início e Fim dos Movimentos dos Trabalhadores de

“A urgência em sair à rua não é tão grande como no ano passado, mas não significa que não aconteçam mais movimentos no futuro”Lei KuoK Keong Vice-presidente do grupo Forefront of the Macao gaming

É a segunda obra sobre manifestações em Macau e é da autoria de Lei Kuok Keong, vice-presidente do Forefront of the Macao Gaming. O autor fala de ilegalidades “que não são tratadas” dentro do sector

Jogo Lançado Livro sobre manifestações e “iLegaLidades”

A luta volta dentro de momentosJogo – a Escuridão da Indústria de Jogo de Macau” e o autor refere que a obra testemunha o ambiente so-cial depois do desenvolvimento do sector predominante desta cidade. Foi lançado já no início deste mês e Lei prevê que vá vender apenas cem exemplares da obra.

Em declarações ao HM, Lei Kuok Keong afirmou que o “fim” é apenas a maré de movimentos dos trabalhadores que começou em Junho e acabou em Setembro do ano passado, sendo que este fim não significa a desistência de uma luta.

“A luta ou a expressão destes pedidos razoáveis dos funcionários das operadoras de Jogo vai depender da situação da economia. Como actualmente não está muito positiva, a urgência em sair à rua não é tão grande como no ano passado, mas não significa que não aconteçam mais movimentos no futuro”, revela.

Por baixo da mesaNo que toca à outra parte do nome do livro – escuridão da indústria

de Jogo -, Lei revelou que o livro aponta “ilegalidades existentes nos casinos”. Exemplificando, o responsável fala da existência de uma maneira de “jogar por baixo da mesa”, ou seja, através das

operadoras de Jogo como inter-mediário, e de donos de salas VIP ou de associações que jogam com clientes “em segredo”, obtendo assim mais lucro e fugindo do alto imposto do Governo.

Lei diz que essa ilegalidade nunca foi combatida já desde há muitos anos, apesar do Governo Central estar a tentar combater a corrupção. Lei quer através do livro questionar a Polícia Judiciária (PJ) sobre a não tomada de medidas efi-cazes no combate a esta ilegalidade.

Apesar disso, o autor admitiu ainda que existem outras ilegali-dades que são do conhecimento de todos os trabalhadores do sector, ainda que o livro não as registe devido à falta de provas e por uma questão de “segurança”.

O deputado Ng Kuok Cheong escreveu também um prefácio para o livro, onde foi apontado o proble-ma grave de capacidade de suporte de Macau depois do aumento das mesas de Jogo e do número de turistas. O deputado aponta ainda como uma estratégia o investimen-to duplo nos empreendimentos do Cotai que, diz, “é obviamente para manter as licenças de Jogo”.

Flora [email protected]

6 hoje macau quinta-feira 9.7.2015sOciedade

A nova opção de es-tudo no ensino su-perior - os cursos

associativos - foi o tema central da última reunião da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), presidida por Chan Chak Mo, que decorreu ontem.

“Trocámos impressões, com os deputados, sobre o projecto de Lei do Ensino Superior, em especial sobre o terceiro capítulo, que está relacionado com os cursos e os graus”, começou por explicar Sou Chio Fai, coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES).

A existir apenas no Ins-tituto Milénio, o Governo tem intenção de colocar esta opção em prática em todos os estabelecimentos de en-sino superior, e, por isso, a reunião serviu para respon-der a algumas perguntas da Comissão. “Os deputados fizeram algumas pergun-tas sobre a ligação com o resto dos cursos, tal como os cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento, e qual a ligação com deste cursos [associados] com outros países ou regiões”, adicionou o coordenador.

Os cursos associados têm duração de dois anos e não equivalem à licenciatura.

ensino Cursos AssoCiAdos poderão integrAr todAs As instituições

Créditos para facilitar a vida“Este tipo de acordo não existe em Portugal, mas existe na América e Hong Kong (...) e tem duração de dois anos. Depois de

acabados, com o diploma de associados, os [alunos] podem fazer o terceiro ano do curso de licenciatura”, explicou.

Para o coordenador, este tipo de curso traz várias van-tagens, como por exemplo, a possibilidade de obter um diploma [de associado]

sem fazer os quatro anos de licenciatura. “Os alunos antes de acabar um curso de quatro anos, da licenciatura, podem depois de dois anos ter um diploma de associa-do. Segunda [vantagem] é a mobilidade internacional e regional”, aponta, expli-cando que depois de obter o diploma os alunos podem obter créditos para terminar uma licenciatura em outros países. Os alunos que estu-dam e não têm tempo para acabar uma licenciatura de quatro anos, podem também usufruir com este tipo de curso.

UCm na mira Relativamente à cedência de oito edifícios do antigo campus da Universidade de Macau (UM) para a Universidade da Cidade de Macau (UCM), o coordena-dor explicou que ainda não existe data para a assinatura do acordo, mas será antes do próximo ano lectivo.

Depois das várias críti-cas apresentadas à UCM, Sou Chio Fai explicou que efectivamente existe mar-

gem de manobra de todas as instituição para melhorias. “Não posso dizer qual é a situação ideal da qualidade do ensino superior, posso dizer que todas as insti-tuições de ensino superior em Macau têm espaço para melhoramento em termos de qualidade de ensino. O Governo está a tomar várias medidas para melhorar a qualidade do ensino supe-rior”, defendeu.

A UCM é uma das ins-tituições públicas do ensino superior e de serviços gover-namentais que vai receber parte das instalações, deci-são que não só foi feita de acordo com “estudos”, mas também mereceu o acordo, em 2014, do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultu-ra, tendo sido aprovada pelo Chefe do Executivo.

Recorde-se que o arren-damento de oito edifícios do antigo campus pela UCM tornou-se bastante polémico por esta instituição de ensino estar ligada ao deputado e empresário Chan Meng Kam. A UCM deverá abrir portas em Setembro do pró-ximo ano e espera acolher seis mil alunos, mais dois mil do que os que possui actualmente.

Filipa araú[email protected]

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R ealizou-se ontem a segunda reunião plenária do Conselho do Patrimó-nio Cultural (CPC), ten-

do sido apresentado pela primeira vez o projecto de renovação do edifício do antigo Hotel estoril. apenas três membros deram a sua opinião no sentido de se realizar uma total demolição da actual estrutura, incluindo o deputado nomeado lau Veng seng, também empresário do ramo imobiliário.

Hotel estoril DefenDiDa Demolição Do préDio e fachaDa

Um dia a casa vem abaixo“se pudéssemos coordenar com

outras instalações à volta seria muito bom, uma vez que a área utilizada não é muito grande. Como uma área tão pequena acho que vai ser difícil [recu-perar], era bom conseguir aproveitar os recursos do solo. se o mural deve ser conservado? Temos de ouvir as opiniões, mas a minha é que é melhor demolir e depois reconstruir”, disse o deputado nomeado pelo Chefe do executivo.

outro membro disse não con-siderar “muito adequado recuperar o edifício porque está num estado degradado”, sendo que “para um melhor aproveitamento do solo é melhor a reconstrução”.

outro integrante do CPC pediu mais estudos sobre o assunto. “es-tou de acordo com o planeamento proposto, mas para o desenvolvi-mento desta área temos de fazer um estudo sobre o valor arquitectónico

e teremos de ver como preservar o edifício. Muitas pessoas dizem que é um espaço com memória colectiva mas do meu ponto de vista temos de estudar se é mes-

mo importante do ponto de vista arquitectónico”, apontou.

Vista protegidaNa apresentação do projecto, feita pelo Chefe de Gabinete do secretário para os assuntos sociais e Cultura, lai ieng Kit, foi apresentado um edifício cujo interior está “em ruínas há algum tempo, numa situação muito degradante”. Quanto à fachada do hotel, concluída em 1965, “algumas pessoas acham que a fachada original deve ser mantida por forma a manter

a memória colectiva, mas muitos defendem a sua destruição e desen-volvimento”, explicitou lai ieng Kit.

o Chefe de Gabinete de alexis Tam garantiu que o novo projecto não irá pôr em causa a visualização da colina da guia. “Temos rigorosa-mente de proteger a vista da colina da guia, que tem 70 metros de altura e temos de seguir esse principio quando reconstruirmos. Prevemos uma reconstrução com uma altura não superior à actual (16 metros), uma vez que o espaço disponível é limitado”, concluiu.

andreia sofia [email protected]

Três membros do Conselho do Património Cultural, incluindo o deputado lau Veng seng, defendem a demolição da actual estrutura do antigo Hotel estoril, incluindo a fachada. Ficou garantido que o projecto não vai tapar a vista da Colina da Guia

“Algumas pessoas acham que a fachada original deve ser mantida por forma a manter a memória colectiva, mas muitos defendem a sua destruição e desenvolvimento”lai ieng Kit gabinete do secretário para os assuntos sociais e Cultura

7 sociedadehoje macau quinta-feira 9.7.2015

EscavaçõEs Em coloanE concluídas EstE mêsa reunião de ontem serviu para também para apresentar os mais recentes resultados da segunda fase das escavações arqueológicas que estão a decorrer na Rua do estaleiro, em Coloane. a responsável pela apresentação do Governo garantiu que “este mês vamos conseguir concluir esses trabalhos”. os especialistas vindos da China propuseram a realização de escavações mais profundas e demarcação de zonas. a reunião serviu ainda para a apresentação dos trabalhos no Beco Central e Rua das estalagens, e ainda sobre a 39ª reunião do Comité do Património Mundial da uNesCo.

Jockey Club Companhiaquer ver contrato renovadoa companhia de corridas de cavalos de macau perdeu mais de 50 milhões de patacas em 2014, mas ainda assim quer ver o seu contrato renovado este ano. os dados fazem parte do relatório anual da empresa referente ao ano passado, ontem publicado ao Boletim oficial. até 31 de Dezembro de 2014, a empresa que gere o Jockey club de macau perdeu 51,25 milhões de patacas, mais dez milhões do que o ano passado. a empresa, que recebeu a primeira concessão 1978, “está a preparar para aplicar a renovação do contrato de concessão de corridas pelo Governo da raem”, que termina a 31 de agosto deste ano, depois de anos de renovações. a empresa, administrada por angela leong, é a segunda relacionada com corridas de animais que tem vindo a perder receitas, já que também o canídromo tem visto também os números baixar.

lixo serviço da Csr é “de nível médio alto”

o ambiente não enganaa qualidade dos serviços da Com-

panhia de Resíduos sólidos de Macau (CRs) foi avaliada como

de nível médio alto, mas há aspectos a melhorar. o anúncio foi feito através de comunicado pelo executivo, que não identifica a entidade que fez a ava-liação. o Governo situa o desempenho da empresa em “médio”.

“os aspectos sobre o nível das con-dições de higiene e limpeza das ruas, a rapidez e a qualidade da intervenção em casos de emergência, bem como o controlo de odores e as suas medidas de atenuação são trabalhos que ainda têm de ser melhorados”, pode ler-se no comunicado do executivo.

esta é a primeira avaliação da CRs desde que a empresa voltou a ficar com o serviço de limpeza urbana, recolha e transporte de resíduos em abril do ano

passado. Depois de meses de suspensão, por causa de um recurso que corria em tribunal interposto por outra empresa que não aceitou a decisão do execu-tivo em adjudicar os serviços à CsR, a Direcção dos serviços de Protecção ambiental (DsPa) anunciou em 2012 que seria novamente esta empresa – que ficou ligada ao caso de corrupção do ex--Secretário Ao Man Long – a ficar com o serviço por ter tido a avaliação mais alta no concurso.

académicos anónimosNo comunicado, o Governo explica que a avaliação foi feita “independentemente por terceiros”, referindo-se a uma “instituição académica” cuja identidade não revela. a avaliação baseou-se em 30 factores relacio-nados com a limpeza urbana, a manutenção e gestão, a preservação do ambiente, entre

outros, de forma a avaliar os níveis das condições de higiene e limpeza.

“Com a fiscalização in loco de todas as zonas e a recolha dos respectivos dados, o relatório desta avaliação contribui para proporcionar, de uma maneira objectiva, mais dados quantitativos sobre a qualidade e o desempenho dos serviços prestados neste ramo”, assegura o Governo, que diz que foram apresentadas sugestões à CRs, como aperfeiçoar o planeamento das rotas de veículos de transporte de resíduos, acrescentar e actualizar atempadamente os equipamentos e melhorar os serviços.

a companhia tem um contrato com o Governo de dez anos e o executivo garante que vai exigir que esta continue a elevar a qualidade de serviços e a fiscalizar o trabalho.

Joana [email protected]

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

ernestina • J. rentes de Carvalho“Ernestina” é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de famílias ficcionadas. É um fresco de Trás-os-Montes, dos anos 1930 aos anos 1950, um romance que transcende o relato regionalista e que transpôs fronteiras, transformando-se num fenómeno editorial na Holanda.

exTRemamenTe alTo e incRivelmenTe peRTo • Jonathan Safran FoerOskar Schell tem nove anos e é inventor, francófilo, tocador de tamborim, ator shakesperiano, joalheiro, pacifista. Além disso, está a empreender uma busca urgente e secreta através das cinco zonas de Nova Iorque a fim de encontrar a fechadura onde entra uma chave misteriosa que pertencera ao pai, morto no atentado contra o World Trade Center. Oskar, uma inspirada criação do autor, é encantador, exasperante e inesquecível.

Adriana Calcanhotto elogia Universidade de Coimbra

E STeve em Hong Kong nos últimos dois anos, quando começou, mas agora chega a Macau.

O Festival “Kill The Silence” – “O Silêncio Não é Opção, em Português” - acontece na Live Music Association (LMA) durante quatro dias este mês e promete trazer música, filmes e muito mais ao território.

“Kill The Silence” é um festival experimental de arte, que mistura diferentes géne-ros de actividades. Este ano, à RAEM, chegam artistas de Portugal, EUA, Suíça e Itália, além dos locais que represen-tam Macau e Hong Kong.

A abrir, no dia 12 de Julho, está o tema “Música em Fil-mes”. Das 21h00 à meia-noite, pode assistir-se a espectáculos musicais que vão actuar como bandas sonoras ao vivo, já que acompanham filmes e vídeos experimentais de Macau e Hong Kong. A banda de rock local ‘Forget the G’ vai acom-panhar os filmes do produtor cinematográfico de Macau Ao Ieong Weng Fong, enquanto Kai-Ho, realizador de Hong Kong, apresenta as suas curtas-

ADRIANA Calcanhotto teceu, recentemente,

um elogio à “excelência” da Universidade de Coimbra. A célebre cantora brasileira destacou a forma como a mais antiga universidade nacional privilegia “o amor ao conhecimento”, um exemplo que, no seu en-tender, deveria ser seguido pelo Brasil.

A propósito de uma deci-são da Academia Brasileira de Letras de não premiar livros de poesia lançados em 2014 - que a artista apoia -, Calcanhotto escreveu, num artigo de opinião publicado em finais de Junho no jornal brasileiro O Globo, que o Brasil precisa de mais rigor e de alimentar um desejo de

excelência tanto na literatu-ra, como na educação.

É aqui que a Universi-dade de Coimbra aparece como modelo a seguir. “Na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde tantos bra-sileiros estudaram e fizeram sua formação ajudando a criar uma ideia, uma noção de Bra-sil, que não existia, segundo o grande historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, a nota máxima, ainda hoje, é 20”, realçou a cantora.

De acordo com Adriana Calcanhotto, “na Universi-dade de Coimbra, está, antes de tudo, o amor ao conhe-cimento”. “Precisamos [de] aprender a admirar a exce-lência, a desejá-la”, defendeu a artista.

Música ao vivo, filmes e sessões com artistas. Está aí o Festival “Kill The Silence”, que traz a Macau quatro dias de entretenimento no espaço da LMA

LMA Festival “Kill the silence” chega a Macau para quatro dias de Festa

“O silêncio não é opção”

-metragens pela primeira vez, ao som da música de improviso de Wilmer Chan.

O segundo dia, 14 de Julho, e o terceiro, 17 de Julho, são dedicados ao tema “Swiss Underground” e apre-sentam, das 20h00 às 24h00, o grupo LUFF – Lausanne Underground Film & Music Festival e o So-so Film de Macau com curtas metragens seleccionadas. O evento terá

ainda música ao vivo, com o co-programador musical . . . (a.k.a. Nikola Mounoud) e será seguido de uma sessão sobre cinema.

Fim de FeSTaO quarto dia, marcado para o dia 18, encerra o “Kill The Silence” e prolonga-se, por isso, das 19h00 às 4h00 com música ao vivo. Nesta noite, actuam Mounoud (da Suíça), Caligine

+ Callum Duo (Itália e EUA), Underture (Hong Kong e Ma-cau), Grand Guignol (Macau), open& (Portugal), KUNG Chi--Shing + Nerve (Hong Kong) e Faslane, Sinking Summer, N1D, Noise808 e Faye, todos de Macau.

“Convidámos artistas que cobrem uma abrangente di-versidade de géneros, desde o experimental, ao Freeform Jazz ao EDM”, explica a or-

Museu do Oriente mostraPortugal no outro lado do Mundo

A complexa interacção artística e cultural en-

tre a europa e a Ásia, dos séculos XvI ao XIX - pe-ríodo também conhecido como a era das especiarias - está representada através de um oratório Namban de finais do século XVI; uma tela com uma vista panorâ-mica de Macau, atribuída ao pintor escocês William An-derson, de finais do século XVIII; e uma caixa de jogo chinesa, do século XIX; entre 300 objectos decorati-vos, porcelanas, mobiliário, ourivesaria, pintura, gravu-ra e têxteis, de colecções públicas e privadas de Portugal, Austrália, Índia, Singapura e estados Unidos da América.

As obras expostas reve-lam a influência do comércio internacional de especiarias no intercâmbio artístico entre europa e Ásia, cuja herança pode ser sentida, ainda hoje, na actual estética globalizada.

O percurso expositivo começa precisamente com o núcleo dedicado a Portugal,

o grande impulsionador de uma visão global do mundo e detentor do monopólio do comércio internacional de especiarias durante os séculos XV e XVI.

A internacionalização tem sido uma aposta do Museu do Oriente desde a sua abertura, em 2008. Prova disso são as exposi-ções organizadas na Ásia, em 2012, nomeadamente, em Banguecoque, Pequim e Macau, e o empréstimo de peças significativas do seu acervo para grandes mostras como «Japão, Terra de Encantos», em Florença, no Museo degli Argenti di Palazzo Pitti, e «Do Nô a Mata Hari, 2.000 anos de Teatro na Ásia», no Musée Guimet, em Paris.

«Navios do Tesouro: Arte na Era das Especiarias» está patente até 30 de Agos-to na Art Gallery of South Australia, na cidade de Ade-laide, podendo depois ser visitada, de 10 de Outubro a 31 de Janeiro de 2016, na Art Gallery of Western Austrália, em Perth.

hoje macau quinta-feira 9.7.20158 EvEntos

“O ‘Kill The Silence’ vai permitir aos espectadores ter acesso a estilos de músicas diferentes e de diferentes locais do mundo.”

U m a equipa de ar-queólogos japoneses descobriu 24 novos

geóglifos no deserto peruano de Nazca, que podem figurar entre os mais antigos da zona, confirmaram ontem os inves-tigadores da Universidade de Yamagata à agência Efe.

Estas formas geométricas traçadas no solo foram en-contradas a um quilómetro e meio a norte da cidade de Nazca e incluem uma figura parecida a uma chama e ou-tras representações menos re-conhecíveis que remontariam aos séculos III e V antes de Cristo, segundo os cientistas da universidade japonesa.

O maior geóglifo encon-trado, com cerca de 20 metros de comprimento, tem uma aparência zoomórfica, se-gundo os investigadores que fizeram a descoberta durante a mais recente investigação em Nazca, levada a cabo entre os meses de Dezembro e Janeiro.

Esta descoberta foi comu-nicada ao Governo do Peru, tendo sido também apresen-tada numa conferência de imprensa em Yamagata, no norte do Japão.

Património de todosa equipa da universidade começou a investigar no terreno em Nazca em 2004, tendo desde então encon-trado 41 figuras, as quais foram reconhecidas como Património da Humanidade pela UNESCO.

Estes geóglifos estão actualmente ameaçados pela “expansão das áreas urba-nas”, alertou o arqueólogo masato Sakai, responsável pela investigação, desta-cando a necessidades de os “preservar” e de “partilhar a sua importância com a popu-lação local”, em declarações reproduzidas pela agência nipónica Kyodo.

apesar da sua antiguida-de, estas célebres e enigmáti-cas figuras foram descobertas só depois de 1930 porque a planície da superfície do deserto só permitia que os desenhos se vissem na íntegra a partir do ar ou de colinas circundantes.

Arqueólogos jAponeses descobrem 24 novos geóglifos

Geometrias no Peru

a confirmar-se a data estimada pelos arqueólogos japoneses tratar-se-ia das mais antigas representações de algumas das obras mais conhecidas das Linhas de

Nazca, como beija-flores ou macacos.

Património mundial da UNESCO desde 1994, as Linhas de Nazca, com mais de 2.000 anos de antiguidade,

lmA Festival “Kill the silence” chega a Macau para quatro dias de Festa

“o silêncio não é opção”

ganização, da qual faz parte o grupo moWave, em comuni-cado “Nos últimos dois anos, conseguimos trazer mais de 42 grupos de artistas de diferentes locais à volta do mundo. O ‘Kill The Silence’ vai permitir aos espectadores ter acesso a estilos de músicas diferentes e de diferentes locais do mundo.”

Os bilhetes estão já à venda, sendo que o passe de quatro dias – à venda até 11

de Julho – custa 250 patacas. Os bilhetes individuais cus-tam 120 patacas para o dia 12, 50 para os dias 14 e 17 de Julho e 180 patacas para o dia do encerramento. Os bilhetes podem ser compra-dos na Livraria Portuguesa e na Livraria Pinto, podendo ainda ser adquiridos na porta da Lma.

Joana [email protected]

CCM Peça de teatro “a Falta” no palco em Setembro

a peça de teatro “a Falta” sobe ao palco

do Centro Cultural de ma-cau (CCm) em Setembro. Concebida pelo Teatro Gecko, a obra – “uma peça de teatro físico” – envolve dança, arte circense e mí-mica. “Levando o público

às profundezas da psique de Lily, uma mulher que decide voltar atrás no tem-po para explorar as suas memórias mais íntimas, ‘a Falta’ é uma combinação de imagens e movimentos, música e efeitos sonoros, já descrita como uma manta

são representações de figuras de diferentes complexidades, que vão desde simples linhas até imagens de animais e plantas, no deserto de Nazca, no Peru.

hoje macau quinta-feira 9.7.2015 9 eventos

TDM com concurso para assinalar dez anos de patrimónioa tdM vai realizar um concurso de curtas metragens para celebrar os dez anos do património de Macau. os trabalhos, subordinados ao tema “o nosso património”, devem ser entregues entre os dias 10 e 20 de Julho e devem ter a duração máxima de um minuto e formato de alta definição (imagem horizontal em formato 16:9). os vídeos devem ser produzidos utilizando câmara, tablete ou qualquer dispositivo móvel, sendo que o ficheiro tem de ser enviado por email (para [email protected]) ou para a conta Wechat (tdmcommsdept). as curtas metragens seleccionadas serão emitidas na plataforma da tdM na internet, nas aplicações móveis e nos programas de informação.

viva de ilusões visuais”, realça a organização.

apresentada através de diversas expressões artísti-cas, a peça é dirigida pelo director artístico amit La-hav. O Teatro Gecko é uma companhia britânica multi--premiada e internacional-mente reconhecida. a peça que traz agora a macau já “foi um sucesso no Festival Show Case de Edimburgo em 2013 e aplaudida desde então em diversas salas e festivais, tendo andado em digressões pelo Reino Unido e entre continentes, da américa do Sul à Ásia”.

além do espectáculo, os actores do Teatro Ge-cko orientam ainda um workshop de teatro físico concebido para explorar fisicalidade, foco, trabalho de equipa e improvisação. Dedicada a participantes com experiência teatral, a sessão decorre no dia 4 de Setembro de 2015 e as inscrições custam cem patacas. Incluída na mesma série de actividades, o CCm apresenta uma tertúlia pré--espectáculo sobre teatro fí-sico, que tem entrada livre.

a peça está marcada para o dia 5 de Setembro, pelas 20h00 e é aconselhável para maiores de 13 anos. Os bilhetes custam 180 patacas e estão já à venda.

ccm

10 hoje macau quinta-feira 9.7.2015

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fichas de leitura* Manuel afonso Costa

A Obra ao Negro é o tes-temunho histórico de uma época – estamos no início do Século

XVI – onde se cruzam alguns obscurantismos medievais e os conflitos dos tempos moder-nos, com a afirmação de novos regimes e Estados, perdidos em constantes guerras e conflitos. A visão de um Renascimento de luz é abafada, nesta obra de Yourcenar pelos conflitos em torno da questão religiosa, fru-to da reforma protestante e da contra-reforma.

Em A Obra ao Negro acompa-nhamos a vida de Zenão, médi-co, filósofo e alquimista, quando este, após levar uma vida inspira-da no hedonismo, cultivada por uma profunda reflexão interior, temperada contudo pelo espíri-to pragmático do Renascimento, se estabelece em Bruges, sua ci-dade natal. Valendo-se de uma falsa identidade (a do médico Sebastião Theus), é persegui-do pela Inquisição, e acaba por sofrer junto da mesa do Santo Ofício a condenação à morte. Tal como Sócrates, Zenão, na sua última expressão de liber-dade, escolhe o suicídio em vez da dolorosa morte pelo fogo. Yourcenar retrata de modo ím-par diversos aspectos da história, da sociedade e da vida durante o Renascimento. No grande palco de A Obra ao Negro assistimos às rivalidades entre Francisco I, rei de França e de Carlos V, sobe-rano do Sacro Império Romano Germânico, aos longos deba-tes do Concílio de Trento, mas

O espíritO dO renascimentO

Yourcenar, Marguerite, A Obra ao Negro, Dom Quixote, Lisboa, 1998Descritores: Literatura Francesa, Romance Histórico, Renascimento e Reforma, 275 p., ISBN: 972-20-0003-9

Cota: 821.133.1-31 Yo

Marguerite YourCenar (1903-1987), de seu nome, Marguerite de Crayencour, nasceu em Bruxelas a 8 de Junho de 1903, de pai francês e mãe belga. É uma escritora francesa naturalizada americana em 1947, autora de romances, contos e de obras autobiográficas, foi também poeta, tradutora, ensaísta e crítica literária. Da sua vasta obra que a autora confessa ter sido escrita “com um pé na erudição e outro na magia”, constam títulos como As Memória de Adriano, A Obra ao Negro, O Tempo, Esse Grande Escultor, Contos Orientais, O Golpe de Misericórdia – obra adaptada ao cinema pelo realizador alemão Volker Schlöndorff, Mishima ou a Visão do Vazio, entre outros. Considerada como a última dos Humanistas, Marguerite Yourcenar foi a primeira mulher eleita para a Academia Francesa, a 6 de Março de 1980. Morre na Ilha dos Montes Desertos, no Maine (Estados Unidos) a 17 de Dezembro

de 1987, com 84 anos. Marguerite Yourcenar foi educada de forma privada e de maneira excepcional: lia Jean Racine com oito anos de idade, e o seu pai ensinou-lhe latim e grego em tenra idade. Em 1929, publicou o seu primeiro romance, Alexis ou o Tratado do Vão Combate  influenciada pela leitura de Gide, escrito num estilo muito rigoroso e clássico. Trata-se de uma longa carta em que um homem, músico de largo reconhecimento, confessa à sua esposa a sua homossexualidade e a decisão de a deixar. Na década de 1930, escreve e publica Fogos (1936), composto por textos de inspiração mitológica e religiosa, em que a autora trata de diversas formas o tema do desespero amoroso e dos sofrimentos sentimentais, tema que foi retomado mais tarde em Le Coup de grâce (1939), romance curto sobre um triângulo amoroso durante a guerra russo-polaca de 1920. Em 1939, publicou os Contos

Orientais a partir da experiência das suas viagens pelo Oriente. Em 1939, dez anos depois da morte de seu pai e com a Europa conturbada pela proximidade da Segunda Guerra Mundial, mudou-se para os Estados Unidos, onde passou o resto de sua vida, obtendo a cidadania em 1947 e ensinando literatura francesa até 1949. As suas Mémoires d´Hadrien (Memórias de Adriano), de 1951, tornaram-na internacionalmente conhecida. Este sucesso seria confirmado com L’Œuvre au Noir (A Obra em Negro, 1968), uma biografia de um herói do século XVI, chamado Zénon, atraído pelo hermetismo e a ciência. Publicou ainda poemas, ensaios (Sous bénéfice d’inventaire, 1978) e memórias (Arquivos do Norte, 1977), manifestando uma atracção pela Grécia e pelo misticismo oriental patente em trabalhos como Mishima ou A Visão do Vazio (1981) e Como a Água que Corre (1982).

também aos conflitos nascentes entre os trabalhadores das tra-dicionais tecelagens flamengas com a chegada das inovações técnicas, e logo na primeira li-nha aos conflitos religiosos após o cisma que causou a Reforma e a importância da Inquisição cujo poder, à época, extrapolava a esfera espiritual, estabelecen-do alianças temporais capazes de decidir o destino das socie-dades.

Convém notar que a História não é aqui uma tela de fundo, onde Yourcenar faz viver Zenão, o seu protagonista. Não é tam-bém uma mera ilustração da épo-ca, mas o próprio mundo em que age e pensa Zenão.

Yourcenar explicita muito do esforço por ela empreendido para dar vida e cor a Zenão, na “Nota da Autora” que se encon-tra no fim do romance:

“[...] para dar à sua perso-nagem fictícia aquela realidade específica, condicionada pelo tempo e o lugar, sem o que o ‘ro-mance histórico’ não passa de um baile de máscaras bem ou mal su-cedido, [a romancista] não teve à sua disposição senão factos e datas da vida passada, isto é, a História” (p.319).

*No quadro da colaboração de Manuel afonso Costa com a Biblioteca Central de Macau-instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.

L onge vão os tempos em que a língua falada era um legado de fábulas e um canto em ver-so que se soletrava em forma

de uma Constituição oral das regras de um país, de maneira a produzir uma re-ceptividade comunicante de unidade e completude de esfera onírica, no tempo da Barcarolas, dos Cânticos, dos Trova-dores, das orações e das Trovas.

ela articulava-se para produzir efei-tos, desejar bênçãos, aperfeiçoar a melodia interna, profetizar e unir o in-consciente colectivo. Tudo isto foi a um tempo bem distinto da linguagem do agora, com ritmos e ciclos outros, que dava ao Verbo o papel de profe-cia. A cultura era também esta maneira de oralidade imensamente poética que merece ser vista com alguma consciên-cia mais precisa quando falamos deste género literário. Vivemos hoje o fim de todo este ciclo: a língua não serve mais este propósito ou estes vários propósi-tos, tendo, na era da comunicação, sido práticamente abolida a sua imanência. Continuamos arduamente a produzir cultura, ferreamente empenhados em compreender tudo de todas as maneiras, a falar como nunca, a produzir sons e a jogar todos os verbos de forma a comu-nicar sempre mais, não se sabendo exac-tamente o quê.

Com o recurso ao pensamento indivi-dual todas as formas de relato são agora possíveis, todas as misturas argumentati-vas, todos os diálogos, todas as línguas, toda a verificação automática da sua nor-ma, enfim, querer ser compreendido por meio da palavra tornou-se uma obsessão ilimitada e quase perturbadora. Informar, passar a mensagem, factualizar, argumen-tar, dizer, desdizer, tudo isso os discursos abusivos e a comunicação aceleram numa vertigem sem paralelo.

estamos então no tempo de todos os recursos linguísticos e fonadores, pois que o Homem é o resultado da lingua-gem e o seu cérebro vai-se desocultan-do no exercício dela, de forma quantas vezes imprevisível , como no tempo em que o cérebro ainda possuía alucinações auditivas e os patriarcas, xamãs, profetas as ouviam a partir do seu lóbulo frontal e escreviam e ditavam coisas que ainda agora nos deleitamos e curvamos de pura admiração. ora os seus cérebros estavam formados para outros raios co-municantes sem dúvida, porque hoje, não ouvimos mais essas “vozes”, nem elas nos ditam coisa nenhuma. Ficamos a sós uns com os outros a falar, por vezes

mesmo a sós, outras porque nos disse-ram que não podemos estar calados, que todos temos uma palavra a dizer e assim por diante. As “vozes” hoje são ouvidas por escribas de editoras que lhes dita um outro, tão humano quanto ele, para relatar algo, que certamente vende e enche o mundo de papel, histórias es-sas quase sempre plausíveis, chamando para o poder humano aquele que algures tinham Deus e outras sublimes forças.

Um escriba já não é o homem com acesso ao vocabulário e ao sinais gráfi-cos mas um ente que escrevinha o que um outro pensa muitas vezes de si mesmo. esta total separação de fontes ordenou que todos tentassem escrever a sua histó-ria em moldes e formas unitá-rias, tiradas de todos, para que todos possam participar na vida uns dos outros em depoimento humano tão falível quanto as narrativas não batem certo. os Faraós, que tinham linguagens e formas de lucubração metodo-lógica talvez pouco desenvoltas e não estariam propriamente a falar com o redactor, este teria também que saber interpretar a voz de um “deus”. não se sabe muito bem o que é que os Fa-raós disseram, a não ser aque-le, o Aqueneton, que resolveu acabar com a casta sacerdotal, talvez demasiado palavrosa para as suas ideias monoteístas. Mas havia o labor do escriba!

A dialéctica, essa arte da ora-tória, cresceu não como factua-lidade de enumerar coisas, mas tão somente pela “beauté do verbe”. Falar era uma arte maior, que não tinha de contar factos ou dizer o que se sabia. era a pura interpretação inteligente da maneira de argumentar sem um sentido pré-determinado: poder-se-ia falar da coisa falada e renun-ciar a ela num atalho da própria maté-ria verbal. Devia ser delicioso. Ajudava a dar ao pensamento a antecipação de uma acção, a percorrer memorandos de informação, que são cultura armazena-da. Aliás, as religiões monoteístas apli-caram brilhantemente estes princípios nas orações, nas preces, nos salmos e na retórica que transmitiam com bases só-lidas das fontes linguísticas que foram o latim e o grego.

esqueçamos tudo isto, porque o que não se exercita se esquece, claro,

e vamos para o hoje do mundo falante. nada disto parece sequer fazer senti-do, nós os detentores da informação estamos tão nus destas verdades como despidos face a nós mesmos, as línguas são agora ferramentas ao serviço da nos-sa escalada de solidões várias, onde não vem colmatar nenhuma esfera desprote-gida e direi até grandiosa. o que se disse hoje, amanhã diz-se de novo de outra maneira para assim nos dar a sensação que dizemos coisas novas. Meia perver-sa meia grotesca, serve-se dos aconte-cimentos ao redor (ao redor agora é a

Terra toda) dando o brilho artificial de que quase sempre a própria informação se reveste.

Há o lado monocórdico, que tanto fala da morte como da vida, como do sexo como da paz, com a mesma inex-pressiva dose informática, de modo que tudo se resume a acontecimentos no grande entulho das coisas sensíveis, factuais, os responsos a estas várias desgraças há muito que foram esque-cidas e a felicidade é tudo quanto se almeja. Só que para ela há códigos que não lembram ao diabo, erguidos como

grandes paragonas, tão politicamente correctos que ninguém ousa desafiar. Caso o faça, fica morto porque, quem não fala assim, não está do lado certo da jornada.

olhando apenas o factor som do aparelho fonador, descobriu-se que a voz feminina pode provocar depressão nos homens e que pode estar associada ao grande número de agressões por par-te destes. É uma conclusão que aponta para um total reaccionarismo mas que não deixa de ser interessante, porque corrobora com a ideia de Lou Salomé

quando afirmou que a loucura afecta o desregramento voca-bular na mulher enquanto que nos homens lhes retrai o dom da palavra, ou seja, a um provo-ca autismo, a outro a obsessão linguística.

estou certa que o futuro di-tará novas abordagens no fenó-meno comunicante, outros ór-gãos que ainda desconhecemos se irão aos poucos desenvolver deste aparelho, quiçá ainda ru-dimentar, se ampliarão outros, com novos símbolos gráficos como acesso à telepatia, onde o poder comunicante se desen-volverá como hoje só é possível nas máquinas de sonhar e que todo este ruído a que fomos sujeitos findará, porque não foi afinal por causa dele que fo-mos enquanto criaturas melhor compreendidos. Aliás, nunca os afectos recuaram tanto pe-rante a exigência de os analisar, nunca tantos se entenderam tão mal. Aqueles que nos dizem o que é essencial saber, reunir-se--ão na nossa esfera de empatias melhoradas, sem longe e sem distância, como um Fernão Ca-pelo gaivota, para nos sussur-rarem ao ouvido o seu precioso

entendimento e dele nascerá a esfera de um conhecimento que amplia a lingua-gem em muitos saberes.

Levados pelas vozes de uma esque-cida nau Catrineta talvez as histórias sejam então de pasmar.

Que queres então, meu gajeiro? Que alvissaras te hei-de dar? Quero só a tua alma para comigo levar. Pegou-lhe um anjo nos braços,não o deixou afogar. Deu um estouro o demónio.E sossegou logo o mar.

AméliA VieirA

11 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 9.7.2015

A NAU CATRINETA

Banco central fornece mais liquidez para estaBilizar Bolsas

Mercados em ebuliçãoO Banco Popular

da China anun-ciou ontem uma nova série de

medidas para dotar de maior liquidez a entidade estatal de crédito, a Comissão Regula-dora do Mercado de Valores da China, com o objectivo de estabilizar os mercados bolsistas.

Em comunicado, o banco central disse que apoiará o “desenvolvimento estável” das bolsas chinesas, que perderam quase um terço do seu valor durante as últimas três semanas e continuam em baixa.

O banco avançou com estas medidas, que incluem emissões de títulos financei-ros ou refinanciamento de empréstimos, pouco depois da abertura da sessão nas bolsas de Xangai e Shen-zhen, com os respectivos índices de referência a per-derem 6,97% e 4,44% no início das transacções.

A medida do banco cen-tral inclui num novo pacote de políticas adoptadas on-tem por várias instituições chinesas relacionadas com a bolsa que visam acalmar os mercados que atravessam um período de máxima vo-latilidade.

OutrOs esfOrçOsA Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China também anunciou ontem que a CSF, uma en-tidade de crédito marginal que financia as corretoras no investimento em bolsa, vai aumentar as suas compras de acções de pequenas e mé-

pub

dias empresas que cotizam para aumentar a liquidez do mercado.

Além disso, esta em-presa de crédito vai con-tinuar a fornecer “grande liquidez” a empresas de maior dimensão, disse o porta-voz da Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China, Deng Ge, citado pela agência oficial Xinhua.

A Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China juntou-se também aos esforços para estabilizar os mercados e permitir às seguradoras investir mais em bolsa.

12 china hoje macau quinta-feira 9.7.2015

Q uASE duas centenas de espectá-culos, dez filmes e doze séries de televisão vão assinalar o 70.º ani-

versário do final da segunda guerra mundial na China, num programa sem precedentes que incluirá uma parada militar em Pequim.

Trata-se do primeiro desfile do género organizado pelo governo chinês para festejar a “Vitória da China na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa” e ocorrerá no dia 3 de Setembro, que este ano será feriado nacional.

A produção de alguns dos 187 espectáculos previstos - um pacote de diversos formatos e para diferentes públicos, desde concertos sinfónicos a marionetes e acrobacia - começou há já três anos, indicou esta semana Dong Wei, vice-ministro chinês da Cultura.

Segundo foi anunciado, está também prevista a estreia de três séries de desenhos animados e a edição de mais de cem livros e de 20 publicações electrónicas.

“O objectivo é ilustrar o duro caminho do povo chinês até à vitória, evidenciando o papel de ancoradouro que o Partido Comunista Chinês desempenhou na guerra e salientando a contribuição do campo de batalha oriental para a vitória na Guerra Anti-Fascista Mundial”, disse Tian Jin, vice-ministro da Administra-ção Estatal da Imprensa, Publicações, Rádio, Cinema e Televisão.

DOs livrOsNos manuais escolares chineses, a “Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa”

começou no dia 7 de Julho de 1937, quando tropas japonesas estacionadas no nordeste da China atacaram uma guarnição à entrada de Pequim.

O referido ataque assinala o início de uma invasão generalizada da China, que ao longo de oito anos causaria mais de 35 milhões de baixas entre a população chinesa, civis e militares, e cuja memória alimenta ainda um vivo contencioso entre os governos dos dois países.

Instituído há um ano como “Dia Na-cional da Vitória da China na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa”, o 3 de Setembro assinala a rendição do Japão, ato realizado a bordo de um navio norte--americano no dia 2 de Setembro de 1945.

Centenas de projeCtos MarCaM fiM da ii Guerra Mundial

O caminho para a vitória

O banco central disse que apoiará o “desenvolvimento estável” das bolsas chinesas, que perderam quase um terço do seu valor durante as últimas três semanas e continuam em baixa

Assim, as seguradoras que recebam autorização poderão investir até 10% dos seus activos numa só grande empresa, quando até agora o máximo permitido era 5%.

Também a plataforma Intercâmbio Financeiro de Futuros da China anunciou que eleva desde ontem para 20%, desde os 10% anterio-res, o valor do contrato de fu-turo a pagar nas transacções que se realizam no índice de futuros CSI 500, para deter a especulação.

QueDa cOntínuaAs autoridades chinesas tinham, este fim de sema-na, lançado um conjunto de medidas, que incluía também apoios de liquidez do banco central à CSF, que permitiram uma melhoria de desempenho nas bolsas na segunda-feira, mas na terça-feira voltaram a cair e ontem mantinham a meio da sessão a tendência de queda.

Estima-se que existam 90 milhões de investidores par-ticulares nas bolsas chinesas, muitos deles sem conheci-mentos financeiros prévios e com investimentos realizados recentemente, atraídos pelas contínuas subidas registadas entre Novembro e até meados de Junho.

Na terça-feira, o Banco Popular da China (BPC) anunciou uma injecção de 50 mil milhões de yuans no mer-cado monetário, através de operações de mercado aberto.

Esta foi a quarta injecção consecutiva de dinheiro feita

pelo BPC através da venda com acordo de recompra (Repo, em inglês), desde do dia 25 de Junho.

Os acordos de recompra constituem uma forma de financiamento em que a instituição financeira cede títulos da sua cartei-ra como contrapartida de um empréstimo e, simul-taneamente, se obriga a recomprá-los numa data preestabelecida.

A diferença entre os pre-ços de venda e de recompra constitui o juro pago pelo devedor.

tempo T1 aguaceiros ocasionais min 26 max 31 hum 60-90% • euro 8.82 baht 0.23 yuan 1.28

João Corvofonte da inveja

Aconteceu Hoje 9 de JUlHO

Morre Vinícius de Moraes• A 9 de Julho de 1980, morreu Marcus Vinícius de Melo Moraes, escritor e diplomata brasileiro. Nascido em 1913, no Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes foi um dos mais populares poetas brasileiros e ficou conhecido como o poeta do amor. Licenciado em Letras e em Direito, em 1943 ingressou na carreira diplomática e, em 1953, compôs o primeiro samba.Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia a alcunha “poetinha”, Vinícius notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boémio inveterado, fumador e apre-ciador de uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. Dramaturgo, jornalista e compositor, o poetinha casou-se por nove vezes. A sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. Ainda assim, sempre considerou que a poesia foi a sua primeira e maior vocação e que toda sua actividade artística deriva do facto de ser poeta. Em 1930 entrou na Faculdade de Direito do Catete. Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto do Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal “A Manhã”.Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice--cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius actuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buar-que de Holanda. No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Acto Institucional Número Cinco.O motivo apontado para o afastamento foi o seu comporta-mento boémio que o impedia de cumprir as suas funções. Na madrugada de 9 de Julho de 1980, Vinicius de Moraes começou a sentir-se mal na banheira da casa onde morava, vindo a falecer pouco depois.

O que fazer esta semana?HojeINAUgURAçãO DA ExPOSIçãO“O LEgADO DE AMíLCAR CABRAL”Casa garden, 18h30 (até 31/07)entrada livre

Sexta-feiraCONCERTO DA BANDA BRAIDS Live Music Association, 21h30Bilhetes entre as cem e as 120 patacas

SábadoCONCERTO MACAU SOUL SwINg Bar Macau Soul (Rua de São Paulo), 20h00 entrada livre

Diariamente ExPOSIçãO “SAUDADE” (ATé 30/9)MgM Macau entrada livre

“A ARTE DE IMPRIMIR” (ATé DEzEMBRO)Centro de Ciência de Macauentrada livre

ExPOSIçãO “AO RISCO DA COR - CLAUDE VIALLATE FRANCk CHALENDARD”galeria do Tap Seac (até 9/08)entrada livre

ExPOSIçãO “wHO CARES” (ATé 28/07)Armazém do Boi, 16h00entrada livre

ExPOSIçãO “DE LORIENT AO ORIENTE - CIDADES PORTUáRIAS DA CHINA E FRANçA NA ROTA MARíTIMADA SEDA” Museu de Macau (até 30/08) entrada livre

ExPOSIçãO DE ARTES VISUAIS DE MACAU (ATé 2/8)Pintura e Caligrafia ChinesasEdifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00entrada livre

MUSICAL “A BELA E O MONSTRO”(ATé 26/6, DE qUINTA A DOMINgO)Venetian Macau Bilhetes entre as 280 a 680 patacas

ExPOSIçãO “VALqUíRIA”, DE JOANA VASCONCELOS(ATé 31 DE OUTUBRO)MgM Macau, grande Praça entrada livre

C i n e m aCineteatro

Sala 1

minionS [a]FALADO EM CANTONÊSFilme de: Pierre Coffin, kyle Balda14.15, 16.00, 21.30

minionS [3d] [a]FALADO EM CANTONÊSFilme de: Pierre Coffin, kyle Balda17.45

Ted 2 [c]Filme de: Seth MacFarlaneCom: Mark wahlberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman19.30

Sala 2polTergeiST [c]Filme de: gil kenanCom: Sam Rockwell, Rosemarie Dewitt14.15, 18.00, 21.30

polTergeiST [3d] [c]Filme de: gil kenanCom: Sam Rockwell Rosemarie Dewitt19.45

Ted 2 [c]Filme de: Seth MacFarlaneCom: Mark wahlberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman16.00

Sala 3TerminaTor: geniSyS [c]Filme de: Alan TaylorCom: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke14.30, 16.45, 21.30

TerminaTor: geniSyS [3d] [c]Filme de: Alan TaylorCom: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke19.15

h o j e h á f i l m e

Pior que não querer ver é não querer que os outros vejam.

Não é uma obra-prima, mas é um bom filme para darmos umas risadas ao fim-de-semana. “21 Jump Street” traz-nos Jonah Hill, Channing Tatum e Dave Franco, entre outros, a fazer o que fazem melhor: comédia. Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Jonah Hill) são dois polícias à paisana num liceu, onde estão para tentar desman-telar uma rede de narcotráfico. O problema é que um se torna demasiado popular e as coisas não correm exactamente como planeado. joana Freitas

“21 juMp Street”(pHil lord, cHriStopHer Miller)

13hoje macau quinta-feira 9.7.2015 (F)utilidades

14 opiniãosexanál iseTânia dos sanTos

hoje macau quinta-feira 9.7.2015

[email protected]

Apetites sexuais

E xistEm expectativas (talvez demasiadas) para a intensida-de do desejo sexual de acordo com género, orientação sexual e faixa etária. Estamos habi-tuados a pensar na sexualidade dos jovens adultos como o vibrante tempo de um apogeu sexual sem igual, que mais tarde entra em declínio. Por

razões de cariz biológico e social, há quem se veja menos inclinado à dita actividade quan-do rugas e momentos de impotência atacam. Compreensível. Nas minhas viagens já comuns e tempos de lazer obrigatórios à frente de um ecrã cheio de possibilidades cinematográficas, vi-me especialmente interessada nestas representações de amor e de sexo na terceira idade quando surgiu a oportunidade de rever os meus queridos shirley maclaine e Christopher Plummer num romance-drama septuagenário. Uma apaixonada por cinema de algumas déca-das atrás como sou e conhecedora das suas carreiras no seus tempos áureos, ver dois grandes actores nos seus corpos actuais, que

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AnúncioHM-2ª vez 9-7-15

Proc. Execução Ordinária nº. CV3-14-0128-CEO 3º Juízo Cível

EXEQUENTE: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU), S.A., com sede em Macau, na Avenida da Amizade, nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar.------------------------------------------------------EXECUTADOS: LEI CHEK SANG e CHU SOU LENG, ambos ausentes em parte incerta, e com última domicílio conhecido em Macau, na Alameda da Tranquilidade, nº 228, Edifício Jardim Hoi Keng, Bloco 1, 15º andar A.---------

***FAZ-SE SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos,

correm ÉDITOS DE TRINTA (30) DIAS, a contar da data da segunda e última publicação dos respectivos anúncios, citando, os executados, para no prazo de VINTE (20) DIAS, decorridos que sejam os dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP$996,326.16 (Novecentas e noventa e seis mil, trezentas e vinte e seis patacas e dezasseis avos), e demais acréscimos legais, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de não o fazer ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora e seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia, com a adver-tência de que é obrigatória a constituição de advogado, do citado diploma, caso sejam opostos embargos ou tenha lugar a qualquer outro procedimento que siga os termos do processo declarativo.-----------------------------------------------------

Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secre-taria Judicial nas horas normais de expediente.---------------------------------------

Macau, 24 de Junho de 2015

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lembram o da minha avó (por razões óbvias), foi estranho, mas ainda assim, agradável de se ver. surpreendeu-me especialmente a tentativa de recriação da famosa cena na Fonte de Trevi do filme La Dolce Vita de Federico Fellini, enquanto viajavam em Roma, no seu momento de loucura ‘carpe diem’. Com uma sexualidade assumida e um decote de dimensões invejáveis, maclaine e Plummer vibram com a possibilidade de um final feliz, para todo o sempre e além. Com aquele brilhozinho nos olhos que persiste há décadas.

Apesar de diversas fontes de entrete-nimento terem-se debruçado sobre esta temática da sexualidade dos mais velhos (vários filmes e séries ultimamente), muitos ainda atribuem o rótulo de tarados a quem se considera que a vontade para sexo já deveria ter caído em desuso. Está mal, porque a fornicação não é coisa dos mais novos. Até mesmo aqueles com distúrbios na aprendizagem, a sexualidade e o desejo existem e não são fáceis de explicar nem eles próprios do entenderem. muitos são os técnicos que trabalham com esta população

e que tentam incutir a uma sociedade superfi-cial e dada à juventude que todos eles têm certas vontades. Parece que a taradice também fica para quem não se en-quadra nas expectativas do indivíduo ‘funcional’ (seja lá o que isso for). Em Londres trabalha uma amiga onde se estabelecem programas de educação sexual para pais de jovens com dificuldades mentais, também sugerindo o recurso a profissionais do sexo, ademais a formação destes pres-tadores de serviços para lidar com os desafios das pessoas diferentes, com concepções sexuais diferentes, mas deveras com o mesma vontade de sexar como qualquer um de nós.

isto das expectativas lixam-nos a vida, sem dúvida. Vai dos homens serem ‘uber’ sexuais e estarem sempre prontos, a mulheres serem reca-tadas e constantemente com dores de cabeça. E se o contrário acontecer é porque os homens são impotentes e as mulheres uma safadas. Por mais críticos que sejamos relativamente à sexualidade em geral,

parece impossível não nos deixarmos in-fectar com estes macaquinhos na cabeça. Quantas (quantas!) vezes não ouvi das minhas queridas amigas discursos que os perpetuam? Eu incluída. Há um sentimento de surpresa e confusão se um homem está

Porque se há injustiça neste mundo, são destas mesmas mulheres que se vêem numa encruzilhada moral por quererem mais sexo e não se sentirem na posição de incitar

sem vontade. Proveniente de muitas coisas, muitas vidas. mas confusão porque nos põe num papel de pro-actividade que nos torna nas taradas da relação. se mentes tradicionais vêem promiscuidade, eu vejo empowerment. Porque se há injustiça neste mundo, são destas mesmas mulheres que se vêem numa encruzilhada moral por quererem mais sexo e não se sentirem na posição de incitar. Um empowerment sexual genuíno de consequências, às ve-zes, frustrantes, mas possíveis de serem solucionadas. A forma mais original li de alguns terapeutas sexuais que sugerem dar de comer um ao outro (literalmente, dar comida à boca) para a restabelecer o ape-tite sexual no casal. A ligação que não me foi muito clara, mas de apetite em apetite alguma coisa se arranja.

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R ecoRdo-me de quan-do tinha os meus sete ou oito anos os meus avós levarem-me à Tourada, na Praça de Touros Amadeu Gaudêncio, no montijo. Recordo-me ainda de ter adorado lá ir, de berrar tantos “olés” que demorava dias até recuperar a voz.

depois deixei de ir, por razões várias, mas continuaria a tomar contacto com a Toura-da através da televisão, e já mesmo antes de entrar na adolescência, não conseguia perceber o que me tinha levado a berrar aqueles “olés” todos durante a infância – será porque no pequeno ecrã a sensação é diferente do que ao vivo, na Praça de Touros? Foi já em 1996, em macau, que voltei a ir à Tourada, na arena improvisada montada no antigo campo dos operários, exacta-mente no mesmo local onde se situa hoje o Grand Lisboa, e mais uma vez, nada. Nem um olézinho para a mostra, e saí dali com a mesma sensação de quem vai ao futebol e o jogo termina a zeros, sem uma única oportunidade de golo para ambas as equipas.

cheguei à conclusão que se calhar não gosto de Tourada. Enfim, não me enche as medidas, e se me fazia vibrar quando tinha sete ou oito anos, talvez seja um espectá-culo indicado para essa idade, não sei, pelo menos para mim foi assim, e pode ser que haja algo ali que me tenha escapado. ou então faz apenas parte daquilo que eu sou, e se mais ninguém tem nada a ver com isso, também não me assiste o direito impor isso a ninguém. Só que aos olhos do politicamente correcto, pós-moderno, neo-higienista e afinal-quando-é-que-estes-gajos-se-calam, no momento em que eu tomo consciência de que não gosto de Tourada devo, aliás tenho a obrigação de exigir o fim desse espectáculo – o que não pode ser bom para mim, não pode ser bom para ninguém, é claro. É? claro que não. Que soberba mais fascista seria essa, da minha parte.

mas à revelia, ou ao “que se lixem” os tipos que até gostam de ver a besta ali às voltas com um cavalo e um indivíduo montado nele trajando uma indumentária sexualmente ambígua, há outros que tam-bém pensam deste modo, e em Portugal algumas celebridades juntam-se ao coro da indignação anti-Tourada, exigindo o fim das transmissões televisivas das mesmas (um pequeno passo para acabar com a programação medíocre, bastando para tal exigi-lo?), bem como o aumento da idade mínima para se poder entrar num destes espectáculos, que é actualmente de seis anos. Valham-nos as celebridades para nos dizer como devemos agir e pensar. Afinal, os pais e encarregados de educação daquele país não têm o discernimento ou bom senso para determinar ao que devem os seus filhos assistir, ou não. Se calhar não sabem o que passa na Praça de Touros, e julgam tratar--se da distribuiçāo gratuita de rebuçados!

(Con)Tradições (Vivam as Forças Armadas!)

Caminhamos a passos largos para a ditadura das boas vontades, atrás de elites de arengue que só botam faladura, e ainda se aproveitam da facilidade com que as massas se agitam, sem procurar ir ao fundo das questões

e de facto nem eu pensava estar exposto a tal violência naquela idade tão sensível, em que as crianças são tão influenciáveis. Devia ser uma criança problemática, visto que após ver uma tourada não tinha vontade de espetar bandarilhas nos costados dos meus amiguinhos, nem marrar com a professora, lá na escola.

Não posso ser a favor da Tourada, pois além da componente sádica, o espectáculo em si é um tanto ou quanto rústico, a ati-rar para o marialva e para o chuleco. mas também já não há tantas corridas de touros como havia antigamente; há 20 anos havia mais, há 50 muito mais e há 100 nem se fala, e não foi graças ao activismo que o número se tem vindo a reduzir. estive em Barcelona há coisa de seis ou sete anos, e pela cidade via-se cartazes anunciando uma dessas corridas, e actualmente as Touradas estão banidas em toda a catalunha, e não se realizam em muitas outras províncias de espanha, supostamente por falta de interes-se. Assim é, uma vez que o público se vai tornando mais consciente e exigente, além de ter dois olhos na cara para constatar o óbvio, sem que ninguém os oriente, como se fossem invisuais ou retardados mentais. É a evolução natural das coisas, para quê apressar? Porque é mais divertido confron-tar, molestar e insultar quem (ainda) gosta?

Não dá para alinhar com os partidários da anti-Tourada, e especialmente por esse mes-

bairro do or ienteLeocardo

15 opiniãohoje macau quinta-feira 9.7.2015

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AnúncioHM-1ª vez 9-7-15PROC INTERDIÇÃO N.º CV1-15-0022-CPE 1.º Juízo Cível

REQUERENTE: O MINISTÉRIO PÚBLICO.REQUERIDO: LEONG CHIN NENG, nascido em 21/10/1996, em, Macau, titular do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da R.A.E.M., residente em Macau, Centro de Serviços Complexos Hong Lok, Rua Alegre Ed. Hong Lok San Chun, Bloco 2, 3.º andar G.

***A MERETÍSSIMA JUIZ DO 1º JUÍZO CÍVEL DO

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M.FAZ SABER QUE, foi distribuída neste Tribunal, em 16

de Junho de 2015, uma Acção Especial de Interdição por Anomalia Psíquica, com o número acima indicado, que o Ministério Público move contra LEONG CHI NENG, a fim de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

Tribunal Judicial de Base de RAEM, aos 29 de Junho de 2015.

A JUIZ

mo motivo: julgam-se os donos e senhores do bom gosto, o pináculo da modernidade, dispostos a mostrar o caminho certo como quem toca uma manada. Fazem-se compa-rações absurdas com o circo Romano ou o sacrifício de Virgens, outras “tradições” do passado, segundo eles, mas talvez fosse bom lembrar que até 1948, data em que se assinou a declaração universal dos direitos do Homem, com a carta da oNU, não ha-via assim tanto respeito pela vida humana como se vê hoje de entusiasmo pela taurina. Quiçá os touros precisam da sua própria organização, a “omuuu”.

e é um animal que teima em não colaborar, aquele. Apregoa-se a “horrível crueldade” que o espectáculo represen-ta, mas depois de levar com o primeiro ferro no lombo, o bicho continua para ali a correr como se nada fosse, quando o ideal seria ficar no chão a mugir de dores, tão alto que não deixasse ninguém indiferente. Pa-rece que logo aí acabam as comparações com os humanos, que nem com dois ou três casacos de cabedal aguentariam uma investida deste tipo na coiraça. os indecisos juntam à indecisão tam-bém alguma estupefac-ção: “Afinal onde é que está a hedionda tortura? É muito pior assistir a um frango degolado a estrebuchar”. Ah, mas aí justifica-se, pois é para comer! Que alívio, e assim até parece que a

criatura que ali está a desesperar enquanto se desvanece o seu sopro de vida fica sorridente e tudo. da única vez que tive curiosidade em saber para onde vão os touros depois da lida, disseram-me que “iam para o matadouro”, e mais tarde a sua carne seria “oferecida a um orfanato”. Parece-me bem, pois assim as refeições dos pequenotes menos afortu-nados variam do habitual pão...que o diabo amassou.

caminhamos a passos largos para a di-tadura das boas vontades, atrás de elites de arengue que só botam faladura, e ainda se aproveitam da facilidade com que as massas se agitam, sem procurar ir ao fundo das ques-tões – afinal são tantas, desde o franguinho da guia que passou a “cadáver” até mais recentemente aos caracóis, que levaram a que um grupo de alucinados protestasse a favor destas criaturas exibindo cartazes onde se lia “e você? Gostava de ser cozido vivo?”. demos graças pelas Forças Armadas, pois por muito que não simpatizemos com a ideia, são o único garante da democracia, dotando-nos de protecção contra esta corja de mortos-vivos. Olé!

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Um caso deviolência na TaipaOntem ao final do dia ocorreu um acto de violência na via pública, na zona da Taipa. Segundo o relato de um residente português ao HM, a vítima era uma rapariga que terá sido espancada pelo pai em público, junto ao restaurante Banza. A polícia terá chegado ao local e acompanhado a vítima. Até ao fecho da edição não foi possível saber junto da PSP mais informações sobre o caso.

MUST Aumenta desconfiançaface à economiaA confiança dos consumidores em relação à economia, emprego e aquisição de imóveis voltou a baixar face ao primeiro trimestre do ano, segundo o inquérito promovido pela Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST) que testa a confiança dos consumidores de Macau. O índice de confiança ficou abaixo dos cem pontos, quanto o máximo são 200 pontos. Enquanto que o índice de emprego se situou nos 118,17 pontos, o de compra de casa ficou apenas nos 51,2 pontos. Quanto à confiança sobreos preços, aumentoude forma ligeira.

Transporte dedoentes por bombeiros aumentou 8,83% Dados do Corpo de Bombeiros referentes ao primeiro semestre revelam que as saídas de ambulância para transporte de doentes aumentou 8,83% face a 2014, registando-se um total de 19.751 casos. Já os incêndios sofreram uma quebra de 8,17% face ao ano passado, num total de 528 ocorrências. Segundo o CB, “as principais causas de incêndios prendem-se com actividades domésticas quotidianas relacionadas com esquecimento do fogão ligado e negligência em deixar chamas. O decréscimo do número de incêndios mostra o resultado dos nossos trabalhos de sensibilização e da colaboração dos cidadãos”. O CB realizou, nos primeiros seis meses do ano, um total de 696 operações de salvamento, mais 17,97%, e 1982 serviços especiais, mais 0,92%. No geral, o CB tratou de 22.958 ocorrências, mais 7,9%.

Reforçonas ligações meteorológicas

Decorre hoje o segun-do dos três dias da

8ª Conferencia Técnica de Meteorologia – CMA, SMG, IPMA – que, reunindo vários especia-listas em meteorologia, pretende promover o de-senvolvimento conjunto e o intercâmbio das enti-dades meteorológicas da China, Macau e Portugal.

No discurso de inau-guração, Fong Soi Kun, Secretário-Geral do Se-cretariado Permanente do Fórum para a Coo-peração Económica e Comercial entre a China e os Países da Língua Portuguesa, afirmou que “os trabalhos meteoroló-gicos precisam as coo-perações internacionais e regionais”, esperando poder continuar a manter “as amizades tripartidas e as relações cooperativas na área de meteorologia para que desempenhem as próprias vantagens e aprendizagens mútuas”.

Fong Soi Kun es-pera ainda promover conjuntamente o desen-volvimento de serviços e técnicas meteorológi-cas, a fim de aumentar e alargar as capacidades de competição tripartidas para enfrentar os desafios e oportunidades na co-munidade meteorológica internacional e regional no futuro.

Hélia Correia dediCa Prémio Camões à GréCia

“Sem a qual não teríamos nada”

A escritora portuguesa Hélia Correia, Prémio Camões 2015, dedicou à Grécia o maior galar-

dão literário de língua portuguesa durante a cerimónia de entrega, que decorreu na terça-feira, no Palácio Foz, em Lisboa.

“Quero dedicar este prémio a uma entidade que é para mim pessoalíssima: à Grécia, cuja voz ainda paira nas nossas mais precio-sas palavras, entre as quais, quase intacta, a palavra poesia. À Grécia, sem a qual não teríamos aprendido a beleza, sem a qual não teríamos nada. Viva a Grécia”, foram as últimas palavras do discurso da escritora.

A autora - que conquistou este ano o galardão em Junho, no va-lor de 100 mil euros - trajava um vestido azul e uma ‘écharpe’ em tecido branco sobre os ombros, que, sublinhou, foram escolhidos “ao pormenor”, em forma de homena-gem, por serem as cores da Grécia.

No final da cerimónia, Hélia Correia foi questionada pelos jornalistas sobre a decisão de de-dicar o prémio à Grécia, que vive actualmente uma crise política e económica, após o “não” dos gre-gos, neste domingo, às propostas dos credores. “A Grécia de hoje está a revelar-se um país tão heróico como a Grécia Antiga. Eu pensava nas duas nações em termos muito separados, porque se passaram muitos séculos, e muitas ocupa-

“A Grécia de hoje está a revelar-se um país tão heróico como a Grécia Antiga”, disse a escritora na cerimónia de entrega do prémio

ções e civilizações os distanciam”, justificou.

“Mas, de repente eles estão lá: só o orgulho grego e o sentido da dignidade humana e da nobreza da democracia é que pode conseguir o género de reacção que estes gre-gos nossos contemporâneos estão a ter. Cada vez vejo mais neles os meus gregos da Grécia clássica”, acrescentou.

A investigadora Rita Marnoto, professora na Universidade de Coimbra, e presidente da edição deste ano do Prémio Camões, subli-nhou, na cerimónia, que a escrita de Hélia Correia - 66 anos, nascida em Lisboa, com estudos em filologia românica e teatro clássico - “possui uma inquietante serenidade”.

A línguA mAis forteA escritora recebeu o Prémio Ca-mões das mãos do ministro da Cul-tura do Brasil, Juca Ferreira, e do secretário de Estado da Cultura do Governo português, Jorge Barreto

Xavier, que sublinhou a felicidade “do momento mais simbólico do nosso calendário cultural em termos da celebração do valor da literatura de língua portuguesa”. Também sublinhou que a importância “é a de projectar a língua como instru-mento comum que nos liga e que nos permite, no futuro, chegar mais longe. O português é a língua mais falada no hemisfério sul”.

Por seu turno, Juca Ferreira, o ministro brasileiro da Cultura, declarou: “Na verdade é uma lín-gua só, universal, expressa-se em todos os continentes e insere-se em contextos culturais distintos, mas é a mesma língua”. “Precisamos de evoluir na cooperação cultu-ral. Esse prémio é uma forma de reconhecimento, instituído pelos dois países, mas na verdade é uma celebração da literatura em língua portuguesa, incluindo os africanos”, salientou o ministro brasileiro aos jornalistas, no final da cerimónia.

Juca Ferreira revelou que a cooperação entre os dois países vai caminhar por outros territórios: “Estamos a pensar em estreitar o trabalho das bibliotecas portu-guesas e brasileiras, realizar mais encontros e festivais literários”.

Portugal, Brasil e os outros países africanos “precisam diaria-mente de estreitar os seus laços, mas isso não cabe só aos governos, mas também aos portugueses, bra-sileiros e africanos”.