hoje macau 18 jul 2011 #2412

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5200 assinaturas ACTIVISTAS QUEREM ACABAR COM CORRIDAS DE CÃES • ÚLTIMA Futuro edifício da Escola Portuguesa com problemas ANTIGO HOTEL ESTORIL ENTREGUE AOS USUÁRIOS DE DROGAS • PÁGINA 4 hoje AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 macau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEGUNDA-FEIRA 18 DE JULHO DE 2011 ANO X Nº 2412 André Carrilho SÁTIRA FAZ BEM À DEMOCRACIA • PÁGINA 10 Empregadas domésticas FALTA DE LEI GERA EXPLORAÇÃO • PÁGINA 4 TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 26 MAX 31 HUMIDADE 60-95% CÂMBIOS EURO 11.4 BAHT 0.3 YUAN 1.2 PUB O Leong mau Quando está a meio de uma reunião aborrecida da Organização Mundial da Saúde, o que fazer? Leong Weng Pan, chefe dos Recursos Humanos dos Serviços de Saúde, supostamente andava a assediar raparigas pela Internet. O homem, que tem cerca de 40 anos e é casado, está a ser acusado de envolver-se com várias jovens do Continente em pleno horário de expediente. Leong não quer comentar, mas o seu destino já está nas mãos do Executivo. > PÁGINA 6 Chefe dos Recursos Humanos dos SS acusado de assediar raparigas pela net durante trabalho Ter para ler

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Edição do Hoje Macau de 18 de Julho de 2011 • Ano X • N.º 2412

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Page 1: Hoje Macau 18 JUL 2011 #2412

5200 assinaturas

ACTIVISTAS QUEREM ACABAR COM CORRIDAS

DE CÃES• ÚLTIMA

Futuro edifício da Escola Portuguesa com problemas

ANTIGO HOTEL ESTORIL ENTREGUE AOS USUÁRIOS DE DROGAS

• PÁGINA 4

hoje

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10macau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 18 DE JULHO DE 2011 • ANO X • Nº 2412

André Carrilho

SÁTIRA FAZ BEMÀ DEMOCRACIA

• PÁGINA 10

Empregadasdomésticas

FALTADE LEI GERA EXPLORAÇÃO

• PÁGINA 4

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 26 MAX 31 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 11.4 BAHT 0.3 YUAN 1.2

PUB

O Leong mauQuando está a meio de uma reunião aborrecida da Organização Mundial da Saúde, o que fazer? Leong Weng Pan, chefe dos Recursos Humanos dos Serviços de Saúde, supostamente andava a assediar raparigas pela Internet. O homem, que tem cerca de 40 anos e é casado, está a ser acusado de envolver-se com várias jovens do Continente em pleno horário de expediente. Leong não quer comentar, mas o seu destino já está nas mãos do Executivo. > PÁGINA 6

Chefe dos Recursos Humanos dos SS acusadode assediar raparigas pela net durante trabalho

Ter para ler

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PUB.SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

2www.hojemacau.com.mo

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SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

3www.hojemacau.com.moACTUAL

A China conside-ra que o encontro entre o presidente dos Estados Uni-

dos, Barack Obama, e o Dalai Lama, líder espiritual tibetano, afectou as relações bilaterais, considerando ter sido uma interferência “gros-seira” nos seus assuntos internos.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou no sábado que “tal ato interferiu gros-seiramente nos assuntos internos da China, feriu os sentimentos do povo chinês e causou danos nas relações sino-americanas”.

A declaração da China surge algumas horas depois de Obama ter recebido o Da-lai Lama na Casa Branca. O encontro foi anunciado pela presidência norte-americana só na sexta-feira ao fim do dia e suscitou de imediato um protesto de Pequim que pediu o seu cancelamento, alertando que poderia afectar as relações bilaterais.

A reunião de sábado “ilustra o vigoroso apoio do presidente à preservação da identidade religiosa, cul-

AS autoridades de Pe-quim pretendem redu-

zir o número de partos por cesariana, método utilizado em metade dos nascimentos nos hospitais da capital chinesa. Em 2010, a China converteu-se no líder mun-dial de nascimentos por cesariana, técnica empregue em 46,2% do total de partos, indicam dados da Organi-zação Mundial de Saúde, que recomenda índices não superiores a 15% do total.

A revista médica inglesa “The Lancet” escrevia em 2010 que 25% das cesarianas na China não são necessárias e acrescentou que cinco

milhões de bebés nascidos através daquele método poderiam vir ao mundo por parto natural.

Segundo o jornal “Novo Pequim”, são as próprias mulheres que pedem maio-ritariamente a cirurgia em vez do parto natural, de forma a evitar “dor e impre-vistos”. “Apesar do custo superior ao parto natural – até cinco vezes mais – as mulheres preferem uma injecção de anestesia do que sofrer”, escreve o diário.

Além disso, os próprios médicos incentivam a cesa-riana, dado que um parto natural pode demorar 12 a

16 horas, enquanto a cirurgia pode acabar numa hora e evitar complicações, pode ler-se no site oficial chinês Wang Yi.

Devidos aos problemas derivados das cesarianas – como morte por reacção alérgica à anestesia, infec-ções e lesões noutros órgãos – as autoridades chinesas preparam um plano de formação de obstetras e parteiras para participarem em partos naturais.

Entre 1950 e 1970 a per-centagem de cesariana na China era de cinco por cento, tendo atingido os 30% nos anos 1980.

O papa Bento XVI exco-mungou o novo bispo

de Shantou (China), Lei Shiyin, ordenado em 14 de Julho sem a permissão da Igreja Católica Apos-tólica Romana, informou durante o fim-de-semana o Vaticano.

Em comunicado, o órgão máximo da Igreja Católica explica que neste caso foram aplicadas as sanções previs-tas no artigo 1382 do Código de Direito Canónico, que prevêem a excomunhão automática. A lei estabelece a sanção a quem confira a consagração episcopal sem mandato pontifício e

também a quem a receba. O Vaticano acrescenta que o sacerdote já foi informado de que não podia ser aceito pela Santa Sé como bispo. No dia de sua ordenação, o Vaticano expressou em comunicado sua “dor e pre-ocupação” pela “ordenação ilegítima” de outro bispo na China sem a permissão de Bento XVI, e justificou que o ato era “contrário à unidade da Igreja universal”.

O sacerdote José Huang Bingzhang foi ordenado bispo de Shantou (Guang-dong) em cerimónia pre-sidida pelo prelado Fang Xinyao, presidente da Asso-

ciação Patriótica Nacional, conhecida como “Igreja Patriótica”, controlada pelo Partido Comunista chinês.

Pelos dados do Vaticano, na China existem entre 8 e 12 milhões de católicos, divididos entre os perten-centes à Igreja controlada pelo governo comunista e a clandestina, fiel ao Vaticano e perseguida por Pequim.

O Vaticano e a China não mantêm relações di-plomáticas desde 1951 e, para retomá-las, Pequim exige que a Santa Sé rompa previamente com Taiwan e não “interfira” nos assuntos internos chineses.

COLOMBIANOS CONDENADOS À MORTE Dois colombianos foram condenados à pena de morte na China, com o ministério dos Negócios Estrangeiros da Colômbia a garantir que está a conduzir diligências para que a sentença seja reconsiderada. Num comunicado, o ministério indica que 13 cidadãos colombianos estão detidos na China por tráfico de droga, entre os quais Harold Carrillo e Guillermo Alvarez, entretanto, condenados à pena capital, bem como outros quatro sentenciados com pena de prisão perpétua.

CHUVAS DEIXAM 13 MORTOSDeslizamentos de terra causados por chuvas torrenciais que atingem a China já mataram 13 pessoas e outras centenas estão presas nos seus automóveis numa auto-estrada bloqueada por terra. Na província de Gansu, no norte do país, cinco pessoas morreram quando um autocarro e um camião foram apanhados num deslizamento de terra e outras oito pessoas morreram no hospital devido à gravidade dos seus ferimentos. Cerca de 800 pessoas em 300 veículos ficaram bloqueadas numa auto-estrada.

HANÓI VOLTA A SER PALCO DE PROTESTOS CONTRA A CHINAUm pequeno grupo de vietnamitas marchou ontem pelas ruas em mais um protesto contra a China por causa das disputas territoriais no Mar do Sul da China, depois de cerca de duas dezenas de manifestantes terem sido levados pela polícia. As pessoas autorizadas a realizar a marcha foram conduzidas pela polícia para uma zona afastada da área adjacente à embaixada da China em Hanói, enquanto que as outras foram encaminhadas pelas forças de segurança para autocarros com vidros negros. Na imagem, um dos manifestantes é levado à força por polícias vietnamitas.

Encontro de Obama com Dalai Lama azeda relações

Tigre ferido com reunião

PEQUIM QUER DIMINUIR NÚMERO DE PARTOS POR CESARIANA

Vir ao mundo naturalmentePAPA EXCOMUNGA BISPO CHINÊS ORDENADO SEM PERMISSÃO

Mal-estar religioso

tural e linguística do Tibete e à protecção dos direitos humanos dos tibetanos”, referiu a Casa Branca na sexta-feira.

O líder espiritual tibeta-no, exilado na Índia desde 1959, já tinha sido recebido pelo presidente norte-ame-ricano na Casa Branca em Fevereiro do ano passado, o que agravou a tensão entre a China e os Estados Unidos. A China considera que o Dalai Lama é um líder separatista, mas o monge nega alegando que defende a autonomia do Tibete, mas não reclama a independência.

SINCERIDADEApós o encontro, o Dalai Lama afirmou que o presi-dente norte-americano ma-nifestou uma “preocupação sincera” sobre os direitos humanos no Tibete. Barack Obama é “o presidente da maior democracia e, natu-ralmente, manifestou a sua preocupação com os valores humanos fundamentais, com os direitos humanos e com a liberdade religiosa”, disse o líder espiritual dos tibetanos. “Por isso, mostrou uma pre-

ocupação sincera acerca do sofrimento no Tibete, mas também em outros lugares”, acrescentou.

Descrevendo o encontro como uma “reunião espiri-tual”, o Dalai Lama afirmou sentir-se perto de Barack

Obama “a um nível huma-no”, recordando que as suas relações com outros presi-dentes dos Estados Unidos foram semelhantes.

A Casa Branca precisou que o encontro, fechado à imprensa, durou 44 minutos.

Obama recebeu o seu convi-dado na Sala dos Mapas e não no Salão Oval, onde recebe os chefes de Estado. Os Estados Unidos devem “permanecer fiel a seu compromisso de reconhecer que o Tibete é parte da China”, disse na sexta-feira um porta-voz do governo chinês, Hong Lei, exigindo que Washington “não interfira nos assuntos internos da China” e que o país “não faça nada que seja susceptível de prejudicar as suas relações com a China”.

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SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

Hotel Estoril abrigo de usuários de drogas, denuncia deputado

Perigo no antigo luxoVirginia [email protected]

AQUELE que pode vir a ser um dia o novo edifício da Escola Portuguesa de Ma-cau (EPM) é o retrato da

degradação do património histórico do território. Antes um hotel de luxo, o Estoril, na praça do Tap Seac, está a servir agora de abrigo a usuários de drogas. A denúncia partiu do depu-tado da Assembleia Legislativa Paul Chan Wai Chi, que acusa o Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici-pais (IACM) de estar a agir de forma negligente na preservação do edifício.

Numa interpelação dirigida ao Executivo, o democrata critica o facto do espaço pertencer agora à Administração sem nenhum plano a curto prazo de utilização. “O Go-verno deveria preservar o edifício e utilizá-lo para o desenvolvimento da indústria cultural ou mesmo instalar um serviço público lá dentro”, sugere Paul Chan Wai Chi, visivelmente aborrecido com o facto do antigo hotel estar às moscas.

Segundo o deputado, desde que o hotel fechou, na década de 90, nunca se estabeleceu nenhum projecto

A procura por empregadas domésticas em Macau

está a aumentar, assim com a necessidade de importar mu-lheres dispostas a realizar esse tipo de actividade. A falta de legislação específica para essas profissionais deixa-as muitas vezes à mercê de exploração e abusos por parte de agências ou patrões, e os casos sucedem--se, quase sempre condenados ao silêncio. O deputado da Assembleia Legislativa (AL) Ho Ion Sang apresentou uma interpelação escrita para de-nunciar o problema.

Com o rápido crescimento económico de Macau e o au-mento do número de famílias em que os dois pais trabalham fora, a procura de empregadas domésticas está também a cres-cer, bem como a necessidade da sua importação. De acordo com as estatísticas divulgadas pelo Gabinete para os Recur-sos Humanos (GRH), houve um aumento significativo de autorizações de importação

de trabalhadoras no início de Abril, atingindo o número de 8500 aprovações em Maio.

A “Lei da contratação de trabalhadores não residentes” tem sido aplicada, mas Ho Ion Sang defende que a legislação deve ser adaptada à natureza específica do trabalho domés-tico, de forma a distinguir as empregadas domésticas dos restantes imigrantes que tra-balham noutros ofícios. Por exemplo, a função de empre-gada doméstica pode até não ter as mesmas limitações nos horários de trabalho de outras profissões, mas isso não deve prejudicar os direitos daquelas mulheres a gozarem de folgas e feriados, defende o deputado eleito directamente pela tra-dicionalista União Promotora para o Progresso (UPP).

Na situação actual, no entanto, há empregadores que forçam as trabalhadoras do-mésticas a pegar na vassoura mesmo nos feriados, alguns compensando-as com dinheiro.

Havendo negociação entre as trabalhadoras e os seus empre-gadores, observa Ho, o que é certo é que não existe legislação clara que garanta a devida pro-tecção jurídica das empregadas nestes casos. Muito menos nos casos do trabalho doméstico em “part-time”, em que não existe qualquer responsabilização legal dos empregadores.

Na interpelação escrita apresentada na sexta-feira, Ho Ion Sang questionou se o Governo estaria disposto a considerar a criação de legisla-ção específica com o propósito de reduzir os conflitos e sal-vaguardar os direitos das em-pregadas domésticas, uma vez que existem lacunas na legis-lação escrita e situações pouco claras. O parlamentar sugeriu também que o Governo carre-gasse no acelerador da criação de políticas para a importação de empregadas domésticas da China Continental, de forma a proporcionar mais opções às famílias. - V.L.

O Governo terá distor-cido os resultados

da consulta pública refe-rente ao projecto do em-preendimento Jardins de Lisboa, na Taipa Pequena, com o objectivo de reflec-tir para fora um apoio popular maior do que o que existe na realidade. É essa a opinião dos depu-tados pró-democratas da Assembleia Legislativa (AL), desta vez reiterada por Ng Kuok Cheong. As vozes contrárias ao avanço do projecto, de acordo com os democra-tas, terão sido desta forma abafadas.

Votadas à estagnação durante mais de duas décadas, as terras reser-vadas para a segunda fase do empreendimento transformaram-se no alvo de uma grande polémica quando foram tornadas

públicas as intenções do promotor em alterar o uso previsto para os terrenos. Ng Kuok Cheong acusa do Governo de distor-cer deliberadamente os resultados da consulta pública ao reduzir o número de opiniões reco-lhidas na realidade, para criar a ilusão de haver mais vozes favoráveis ao avanço do projecto e, ao mesmo tempo, dar ao público a imagem de que o Governo está a dar grande importância às suas opiniões.

Na sua última inter-pelação escrita a respeito do projecto na Taipa Pe-quena, Ng Kuok Cheong questiona se o Governo se esqueceu de que a objecti-vidade e justeza eram os princípios mais impor-tantes num processo de consulta. E sublinha que

o Executivo pode assim estar a tentar arrastar um processo interactivo entre os residentes, o Governo e as comunidades para um nível negativo. Além disso, questiona se o Governo se existe algum mecanismo para evitar que os seus funcionários distorçam os resultados das auscultações públi-cas, e se considera publi-citar o conteúdo integral da “orientações norma-tivas para a consulta das políticas pública” para avaliação pública.

O também democrata Au Kam San também criticou o processo de consulta sobre o projecto Jardins de Lisboa e con-siderou pouco razoáveis as explicações do Go-verno para ter reduzido o número de opiniões recebidas. - V.L.

DEPUTADO QUEIXA-SE DE FALTA DE LEGISLAÇÃO

ESPECÍFICA PARA AS DOMÉSTICAS

Empregadas desprotegidas

DEMOCRATAS INSISTEM QUE O GOVERNO DISTORCEU

RESULTADOS DE CONSULTA PÚBLICA

Jardins silenciosos da Macaulónia

de reaproveitamento, o que levou com que, pouco a pouco, o edifício ficasse com um aspecto degradado sem nenhuma intervenção. “Nunca houve lugar a um reparo”, frisa Chan

Wai Chi. Como o acesso ao interior do prédio é “fácil” de acordo com o deputado, muitas pessoas sem-tecto têm-se ali instalado, juntamente com usuários de drogas. Vários residentes

da zona da avenida Sidónio Pais já se queixaram do problema ao democra-ta e temem que o local seja um perigo adormecido. O deputado revela que os seus assistentes visitaram o

local e encontraram muitas seringas usadas espalhadas um pouco por todo o lado.

Paul Chan Wai Chi pressiona o Governo para que tome uma medida imediata para resolver a questão – especialmente a de ser fácil entrar no edifício – e que apresente um projecto de restauro e conservação, bem como dê uma finalidade ao prédio.

Inaugurado na década de 60, o Hotel Estoril acolheu o primeiro casino de Macau. Era o local prefe-rido pela alta sociedade local para banquetes e convívios sociais. Depois de vários rumores que apontavam a transferência da EPM para o Tap Seac, em Março deste ano o Executivo confirmou que houve um acordo com Portugal para instalar ali a ins-tituição de ensino. Mas não há datas num assunto que vem sendo falado desde 2008.

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SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

5www.hojemacau.com.mo

PUB

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 210/11(Reparação coerciva)

Raimundo Vizeu Bento, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se pro-ceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e do artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 --- Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho conjugados com os artigos 58.º, n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, à notificação da transgressora do auto n.º 171/0708/2011, de 7 de Junho de 2011, sociedade “CIDADE CYBER NANGUANG, LIMITADA”, sita na Rua Um do Bairro de Iao Hon Edif. Iao Kai 2.º andar, Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte à da publicação dos presentes éditos, proceder ao pagamento da multa aplicada no aludido auto, no valor de Mop$30.000,00 (trinta mil patacas), por prática da transgressão laboral prevista no artigo 77.º e punida na alínea 5) do n.º 3 do artigo 85.º da Lei n.º 7/2008 – Lei das relações de trabalho, de 18 de Agosto, bem como, no mesmo prazo, proceder ao pagamento da quantia em dívida aos trabalhadores Lao Kuong Weng, Chu Hong Hou, Fan Kuai Meng, Wong Fan Tin, Che-ong Man Seng e Wong Wai Hong no valor total de MOP $ 197.857,20 (cento e noventa e sete mil, oitocentas e cinquenta e sete patacas e vinte avos), devendo ainda, nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do atrás citado prazo, fazer prova do pagamento efectuado.

A cópia do auto, a notificação, o mapa de apuramento e as guias de depósito deverão ser le-vantados, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo facultada a consulta do processo em causa, instruído por estes Serviços.

Decorridos os prazos, sem que tenha sido dado cumprimento à presente notificação, seguir-se-á a tramitação judicial, com a remessa do auto ao Juízo.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 12 de Julho de 2011.

O Chefe do Departamento,

Raimundo Vizeu Bento

SUBSÍDIOS de invalidez e cuidados de saúde gratui-

tos para deficientes são apenas para residentes permanentes. A decisão do Executivo em manter apenas beneficiários os permanentes do território manteve-se, mesmo depois de algumas alterações sugeridas pelos deputados. Votada na generalidade em Fevereiro, a proposta de lei relativa ao Regime de Atribuição de Sub-sídios de Invalidez e Cuidados de Saúde Gratuitos para Portadores de Deficiência foi sexta-feira discutida em sede da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL).

Chan Chak Mo, presi-dente da comissão, prevê que o diploma possa chegar à apreciação e votação na es-pecialidade à AL ainda antes das férias, que começam a 15 de Agosto. As preocupações dos deputados prendem-se sobretudo com o tratamento dos dados pessoais, que serão

APOIOS A PORTADORES DE DEFICIÊNCIA SÓ PARA PERMANENTES

Não há volta a daragora incluídos na proposta de lei, com o facto de não ser atribuído o apoio financeiro aos residentes não permanen-tes e com a retroactividade.

Para os membros da AL, a existência de outros diplo-mas que prevêem a entrega de subvenções aos não per-manentes, como a pensão de velhice, poderia ser motivo de repensar a atribuição deste apoio aos deficientes. Sem se demover, o Executivo manteve a convicção de que esta era “uma regalia a longo prazo”. Mesmo aceitando a decisão da Administração, Chan Chak Mo alertou que este seria um ponto a constar do parecer sobre o diploma, a ser entregue após mais uma reunião da comissão.

No que diz respeito ao

regime de retroactividade, que atribuirá subsídios desde 2009, o Executivo manteve a promessa, salientando que “esta era uma responsabilida-de que já tinha sido assumida há dois anos”. Assim, vai ficar assente na proposta de lei a entrega de apoios financeiros a portadores de deficiência res-peitantes a 2009, 2010 e 2011.

Para os membros da AL o período é demasiado abran-gente e pode trazer “dificul-dades administrativas” na atribuição do dinheiro. No entanto, o Executivo mostra--se preparado para este obstáculo, comprometendo--se a implementar medidas que tornem esta tarefa mais facilitada.

A proposta de lei tinha sido discutida na especiali-

dade pela primeira vez em Março deste ano, mas sem grandes consensos. Como noutros articulados recen-temente analisados pelas diversas comissões, este

DUAS DELEGAÇÕES A CAMINHO DE ÁFRICA PARA PROMOVER NEGÓCIOSUma delegação empresarial organizada pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e uma outra, pelo Fórum Macau, vão estar em África, esta semana, a promover relações, parcerias e oportunidades de negócio. A delegação empresarial organizada pelo IPIM deixou Macau ontem para participar no “Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, cuja edição de 2011 tem como palco Luanda. O encontro, que decorre entre 20 e 21 de Julho surge no âmbito do protocolo de cooperação celebrado entre os organismos de promoção do comércio e câmaras de comércio dos sete países de Língua Portuguesa que participaram no Fórum para a Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), em outubro de 2003.

diploma também fazia alu-são aos despachos do Chefe de Executivo como forma de classificação do grau de deficiência ou do valor a ser atribuído. Os deputados

quiseram que esse fosse um dos pontos a ser eliminado do documento, algo aceite e confirmado pelo Governo.

Na sexta-feira, Executivo e comissão reuniram-se pela última vez para entrega da versão final aos deputados. Agora, fica apenas a faltar mais um encontro em sede de comissão para que sejam ultimadas “mudanças de ordem técnica” na redacção do legislado, algo previsto para esta semana.

Os deputados afirmam estar “relativamente sa-tisfeitos com o texto”, até porque, avança Chan Chak Mo, “o Executivo aceitou a maior parte das alterações propostas pelos deputados”.

Estima-se que Macau terá cerca de 30 mil pessoas com deficiência, das quais 21 mil são portadoras de deficiência de grau ligeiro e moderado e as restantes nove mil de deficiência de grau grave e profundo.

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SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

6www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

Virginia [email protected]

O combate à placa bacteriana é alegada-mente uma das principais funções dos

vários tipos de elixir anti-séptico oral à venda no mercado. Ironicamente, foi detectado um excesso de bactérias em dois produtos do gé-nero, da marca Oral-B, em quatro diferentes embalagens, que obrigou à sua retirada das prateleiras em Hong Kong e Macau.

De acordo com o que foi anunciado pelo próprio fabricante, a Procter & Gamble, níveis microbianos elevados foram detectados em produtos de uma unidade fabril de Hong Kong, pelo que a sua retirada do mercado

foi imediatamente ordenada. Os produtos em causa são o elixir anti-séptico Oral-B Antica-vity Fluoride Rinse sem álcool (embalagem de 500 ml) e o elixir Oral-B Tooth and Gum Care Mouth Rinse sem álcool (60 ml, 500ml e 750ml) com datas de validade até 1 de Julho de 2011 a 30 de Junho de 2013. As farmácias e supermercados em Hong Kong e Macau já receberam a notificação do fabricante e proce-deram à retirada dos produtos das prateleiras. De acordo com o jornal “Ou Mun”, alguns supermercados de menor dimensão não terão ainda sido notificados, mas informaram que os produtos em causa não tinham grande saída (alguns estabelecimentos costumam abastecer-se com não mais do que meia dúzia

de frascos), pelo que os seus estoques não seriam grandemente afectados. Os supermer-cados referidos pelo diário comprometeram--se, no entanto, a cooperar caso recebessem as notificações da Direcção dos Serviços de Economia (DSE).

O encarregado de uma farmácia admitiu ter recebido a notificação na sexta-feira, tendo retirado de imediato os produtos. A mesma farmácia prometeu devolver, mediante a apresentação de recibo, o dinheiro aos con-sumidores que já tivessem adquirido o elixir. O fabricante tem uma linha aberta especial gratuita para esclarecer dúvidas dos consu-midores de Macau: 0-800-287 (de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

Gonçalo Lobo Pinheiro*[email protected]

ACONTECEU em Macau e, alegadamente, envol-ve um quadro superior dos Serviços de Saúde

(SS). Patrick Leong Weng Pan, chefe do Departamento de Recursos Humanos dos SS, é acusado no fórum chinês Tianya de assediar raparigas, julga-se já maiores de idade, da China Continental prometendo-lhes, entre muita coisas, casamento. “Não vou fazer comentários sobre esse assunto porque acredito que a verdade aparecerá”, afirmou Patrick Leong ao Hoje Macau.

A história já está a tomar pro-porções de escândalo em Macau com Patrick Leong a ser alvo de chacota pela comunidade chinesa do território, muito por culpa de no fórum CTM, desde sábado, também já ter sido colocada a nu a história revelada no portal chinês.

Uma das raparigas assediadas por Patrick Leong revela, qua-se ao pormenor, como tudo se processava. De acordo com um

A história começou a circular num website chinês na semana passada e este fim-de-semana chegou a Macau. Uma alegada vítima de Leong Weng Pan, chefe do Departamento de Recursos Humanos dos SS, denuncia que ele passava todo o horário de trabalho a fisgar jovens chinesas na Internet. A rapariga ficou desolada quando descobriu que não era a única. Por vingança, publicou a história e as fotos de Leong no mundo virtual

Chefe do Departamento de Recursos Humanos dos SS acusado de assediar raparigas

Namorico no horário de expediente

EXCESSO DE BACTÉRIAS OBRIGA RETIRADA DE PRODUTOS ORAL-B

O elixir da eterna sujidade

desabafo feito no fórum chinês Tianya, Leong, durante o seu horário de trabalho, recorreria ao software de conversação QQ para enamorar virtualmente raparigas do continente. “Alegava que era li-cenciado em psicologia e patologia clínica, ambas as graduações com distinção, bem como mestrados terminados”, escreveu a rapariga no fórum.

No seu périplo predador, Le-ong terá pedido às raparigas que ligassem as suas câmaras e dito que elas eram lindas. Segundo os relatos do Tianya, Leong en-corajava as mulheres a deixarem os seus namorados, dizendo que estes não as amavam. Depois de ganhar confiança com elas ao longo de horas a fio de conversas online – sempre no seu horário de expediente nos SS - dizia-lhes frases doces e exultava a sua posi-ção social. “Disse que era o chefe do Departamento de Recursos Humanos dos Serviços de Saúde (SS), que era uma pessoa muito ocupada e que era solteiro”, re-feriu a rapariga no Tianya.

Solteiro é algo que Leong não

é uma vez que, segundo o Hoje Macau apurou, é casado com uma médica do Hospital Conde de São Januário. Patrick Leong terá gasto, por dia e durante várias semanas, quatro a cinco horas, no compu-

tador do local de trabalho a falar com as raparigas. Uma delas terá mesmo visto, via câmara, o local de trabalho de Patrick Leong e este terá se vangloriado da sua posição dentro dos SS. “Mostrou-me todo

o seu gabinete, o seu secretário e os seus subordinados”, escreveu a menina, deslumbrada.

Na semana passada, durante uma suposta reunião da Organi-zação Mundial de Saúde (OMS), Leong terá mesmo falado com uma das raparigas via QQ no seu portátil. “Disse-me que a reunião estava a ser chata.”

A INTENÇÃO DE ENGANARO pior estaria para vir. Iludida, uma das raparigas abordadas por Patrick Leong terá mesmo termina-do com o seu namorado pensando que o chefe do Departamento de Recursos Humanos dos SS seria o seu porto de salvação. A menina terá sido confortada por Leong e este poderá ter-lhe dito que a amava, segundo o relato no fórum Tianya. Leong terá respondido que estava na idade certa para casar e que a rapariga seria a pessoa ideal.

Dia após dia, a rapariga acreditava totalmente nele. O seu testemunho é claro: “Acei-tei namorar”, referiu no fórum chinês Tianya. Leong prometeu tirar férias e terá revelado à me-nina que iria, em breve, visitá-la à China para a conhecer pesso-almente. Depois desse encontro a promessa: um casamento de sonho no Havai.

O inferno da jovem veio depois. Com o tempo a passar, terá pres-sionado Leong com os documentos e burocracias que envolvem um casamento. O responsável pelos recursos humanos dos SS terá mudado a sua forma de estar para com a menina. Com desculpas atrás de desculpas, Leong terá defendido que o “casal” precisaria de mais tempo para se conhecer melhor antes do grande encontro.

O director dos SS, Lei Chin Ion, e o secretário para os Assuntos Sociais e Culturais, Cheong U, já estão a par da situação, tendo já prometido uma explicação ao sucedido nos próximos dias.

A história tornou-se pública com a sua exposição no fórum da CTM, onde diversos utilizadores já criticaram a actuação de Patrick Leong e pedem mão pesada para os funcionários públicos que nas horas de trabalho não estejam a defender os interesses da RAEM. “É tudo uma questão de boa ima-gem da Administração Pública de Macau”, pode ler-se. - * Com V.L.

Foto divulgada na Internet por uma das alegadas vítimas

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SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

7www.hojemacau.com.mo

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O Índice de Preços Turísticos (IPT) em Macau registou no segundo trimestre do ano um aumento de 11,43%

em termos anuais, impulsionado principalmente pelo alojamento, indicam dados dos Serviços de Estatística e Censos (SEC) ontem divulgados. Os acréscimos mais sig-nificativos registaram-se nos índices de preços das secções “alojamento”, “bens diversos” e “produtos alimentares, bebidas alcoólicas e tabaco” que cresceram, 29,82, 16,81 e 10,48%, respectivamente.

Valores que aumentaram devido à expansão de preços dos quartos de hotel, dos bens alimentares e dos artigos de joalharia em ouro. Face ao primeiro trimestre, o índice em análise desceu 1,42%, provocando uma redução de 12,10%

no índice de preços da secção “alojamento”, em virtude da queda trimestral dos preços dos quartos de hotel.

Em contrapartida, o índice de preços das secções de “vestuário e calçado” e “divertimento e actividades culturais” cresceram 8,54 e 3,65%, respectivamente.

A variação do índice médio de preços turísticos dos quatro trimestres terminados no trimestre de referência, em relação aos imediatamente anteriores, aumentou 12,22%, tendo-se observado ascensões consideráveis nos índices “alojamento” (mais 24,33%) e “bens diversos” (mais 20,39%).

No cômputo do primeiro semestre de 2011, o IPT aumentou 12,99% face a igual período de 2010.

As receitas do sector do jogo em Macau totalizaram 124.735 milhões de patacas no primeiro semestre do ano, 99,51% das quais apuradas nos 34 casinos da cidade. Dados disponíveis na página electrónica dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (SICJ), indicam que aos 124.126 milhões de patacas das receitas brutas dos casinos, há ainda que juntar 609 milhões de patacas das receitas brutas das apostas de futebol, basquetebol, cavalos, cães e lotarias diversas. Na composição das receitas brutas do sector do jogo, o bacará, o mais popular entre os apostadores de Macau, representou 91,18% do total das receitas dos casinos e 90,73% das receitas globais de todo o sector. Já o bacará VIP, jogado nas mesas de grandes apostadores, teve um peso de 73,4% nas receitas dos casinos e de 73% em todo o sector, enquanto que o bacará jogado em mesas comuns representou 17,78% das receitas dos casinos e 17,69% das receitas totais. Em termos comparativos, os números do jogo quer do primeiro, quer do segundo trimestres de 2011 – respectivamente 58.835 e 65.900 milhões de patacas – são mais elevados que as 57.521 milhões de patacas apuradas em todo o ano de 2006.

Gonçalo Lobo [email protected]

DE acordo com dados re-velados num estudo en-comendado pelo Jockey Club de Hong Kong, a

população da região vizinha está cada vez mais a apostar nos casinos de Macau. Para trás estão a ficar as apostas no clube, que considera a situação uma “forte concorrência”. Os apostadores de Hong Kong - que compõem o grupo de segundos maiores apostadores em Macau, a seguir aos chineses do conti-nente - gastaram 22 mil milhões de patacas em jogo no território durante 2009. Em comparação, os resultados do clube de apostas em cavalos teve lucros de 21,8 mil milhões de patacas.

“Os cidadãos de Hong Kong estão a gastar cada vez mais dinheiro nos casinos em Macau contrariamen-te ao que sucede com o mercado de apostas em Hong Kong”, disse ao jornal “South China Morning Post” o chefe-executivo do Jockey Club, Winfried Engelbrecht-Bresges.

Para Engelbrecht-Bresges, o clube não enfrenta uma ameaça imediata, no entanto está a sofrer uma “forte concorrência” de Macau – muito por culpa das linhas abertas de crédito para grandes jogadores e as consequentes operações em massa. “Seria errado dizer que es-tamos em crise. Não é altura para isso pois a competitividade terá de ser medida num longo período de tempo”, referiu.

O clube continua as suas doa-

ÍNDICE DE PREÇOS TURÍSTICOS SUBIU 11,43% NO SEGUNDO TRIMESTRE

Turista a pagar bem

JOGAR É QUE ESTÁ A DAR

Fascínio com casinos deixa Jockey Club de HK a ver navios

Macau destrói cavalos de Hong Kong

ções à caridade – que atingiu um recorde de 1,62 mil milhões de patacas em 2010 -, coisa que só é possível com uma máquina bem oleada de apostas.

As apostas feitas no antigo

território português tiveram uma grande subida em quatro anos, passando de 9 mil milhões em 2005 para 22 mil milhões de patacas em 2009. Paralelamente, e apesar de não estar em prejuízo, o Jockey

Club viu a sua receita bruta crescer a um ritmo mais lento durante o mesmo período de quatro anos, com um aumento significativo de 13%, começando, em 2005-2006, num patamar a rondar os 19 mil milhões de patacas.

Engelbrecht-Bresges admitiu à imprensa de Hong Kong que pouco pode ser feito perante tal adversi-dade, uma vez que o mercado de apostas no território vizinho é muito limitado por “regras e regulamentos fiscais”, o que impede a inversão da tendência. “Em Hong Kong pagamos 50% e 75% de impostos sobre apostas em futebol e corridas de cavalos, respectivamente. Os 33 casinos de Macau pagam apenas 35% das suas receitas brutas como imposto directo para o Governo”, constata o chefe-executivo do

Jockey Club, clube que promove apenas apostas no futebol, corridas de cavalos e lotarias, sem previsão de planos de expansão.

De acordo com um porta-voz do Governo de Hong Kong, a política na região vizinha é para manter, ou seja, restringir o jogo ao número limitado de pontos de venda autorizados. “O jogo em Hong Kong não é para ser incentivado. Esta é a nossa política. Contudo estamos abertos a qualquer opinião que vise melhorar a compe-titividade do Jockey Club.”

O deputado do Conselho Executivo (LegCo) Wong Sing-chi também defendeu que o Jockey Club não deve ver Macau como um rival. “O clube é uma organização sem fins lucrativos e não pode en-veredar pelo caminho do império das apostas.”

NOVO MEMORANDO COM JAPÃO VAI PERMITIR MAIS VOOSA Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) e a entidade congénere do Japão renovaram um memorando de entendimento que vai levantar restrições, designadamente ao nível dos voos para Tóquio. De acordo com um comunicado divulgado na sexta-feira pela AACM, o Japão “acordou aumentar a capacidade para Tóquio à companhia aérea designada por Macau, autorizando sete voos por semana a partir de 2012”. Já em 2013, quando a capacidade do Aeroporto de Narita aumentar, prevê-se que sejam eliminadas “todas as restrições” de capacidade para a capital nipónica, estando a companhia aérea de Macau autorizada a operar voos para Tóquio sem qualquer limite de frequência.

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8www.hojemacau.com.mo vida

CRIAR um vasto santuário no Atlântico Sul onde as baleias possam viver sem medo de arpões, mesmo se a moratória à sua caça for levantada, é o objectivo dos

países sul-americanos. Está a decorrer em Jersey a reunião anual da Comissão Baleeira Internacional. “A lógica de um santuário é reforçar a moratória. Se um dia for levantada, teremos vastas regiões dos oceanos fechadas à caça comercial”, explica Vincent Ridoux, membro do comité científico da Comissão Baleeira Internacional (CBI).

Durante a reunião anual da comissão o Brasil e a Argentina apresentaram um projecto para criar um santuário para o Atlântico Sul, que se iria juntar aos dois grandes santuários já existen-tes: no oceano Índico (desde 1979) e no oceano Austral (1994). Porém, o projecto não tem gran-des hipóteses de ser adoptado este ano porque “faz parte das iniciativas a que o Japão se opõe, sistematicamente”, salienta Ridoux, membro da delegação francesa em Jersey.

Todos os anos, o Japão continua a caçar ba-leias no santuário do oceano Austral, alegando fins científicos. Para a próxima época, ainda não se sabia se Tóquio iria manter a caça por falta de dinheiro e pelos protestos ambientalistas. Mas na sexta-feira, a BBC noticiou que o Japão vai mesmo continuar a caçar nas águas da Antárctida. Na reunião da CBI, Joji Morishita,

SILÊNCIO, peixes, sombra e água fresca é tudo de que necessitam,

neste momento, dez jovens águias--pesqueiras trazidas da Suécia e da Finlândia para as margens do Alqueva, em Portugal. Na terça-feira passada, cinco já ocupavam as gran-des gaiolas de madeira montadas sobre palafitas, a poucos metros do espelho de água. Na sexta-feira à noite, segundo o jornal Público, chegariam mais cinco.

É a concretização de um projecto antigo para fazer com que a águia--pesqueira volte a reproduzir-se em Portugal. Esta espécie de ave de rapina (Pandion haliaetus) pode ser vista em muitos pontos do país, durante as suas migrações do Norte da Europa para África, no Outono. Mas a população nidificante, que caíra a pique desde o princípio do século passado até ficar reduzida a um único casal na costa alente-jana, desapareceu com a morte da fêmea, em 1997 - num episódio que

A ministra da Agricultura, Mar e Ambiente de Portugal, As-

sunção Critas, vai dispensar os colaboradores de usar gravata para poder reduzir a utilização do ar con-dicionado e poupar na despesa da electricidade e na pegada ecológica.

Assunção Cristas apresenta na sexta-feira a iniciativa “Ar Cool”, inspirada em boas práticas inter-nacionais e que visa concretizar o objectivo do programa do Governo de reduzir o consumo de energia na administração pública em 30% até 2020.

A alteração da temperatura ambiente dos edifícios do ministé-rio no Verão, estabilizando nos 25 graus, junta-se a outras medidas de sustentabilidade energética e ambiental, como o uso preferen-cial de meios electrónicos para as

comunicações entre gabinetes e serviços, a utilização de sistemas de videoconferência e a indicação para os equipamentos electrónicos serem desligados, em vez de man-tidos em “stand by”.

“A manutenção do conforto dos colaboradores do ministério poderá ser obtida através da utilização de uma indumentária menos formal, dispensando por regra o uso da gravata”, explica uma informação divulgada pelo ministério de As-sunção Cristas.

Esta medida será adoptada no gabinete da ministra e dos secretá-rios de Estado e em todos os edifí-cios do ministério para “reduzir a despesa global em electricidade e a correspondente pegada ecológica, todos os anos, entre 1 de Junho e 30 de Setembro”.

AS autoridades nipónicas detec-taram numa quinta de Asaka-

wa, a 65 quilómetros da central nuclear de Fukushima, forragem contaminada com césio radioactivo usado para alimentar o gado bovi-no, revelou a cadeia NHK.

A descoberta aconteceu depois de esta semana ter sido detectada carne contaminada procedente de uma quinta em Minamisoma, a 25 quilómetros da central, por os animais serem alimentados com forragem que continha altos níveis de césio radioactivo.

A carne contaminada foi vendida na província de Shizuoka, no Cen-tro do país, e alguma já tinha sido consumida, segundo a estação de televisão NHK. Uma empresa de pro-cessamento de alimentos comprou 27 quilos de carne àquela exploração a 10 de Junho e outros 13 quilos foram vendidos a vários restaurantes.

A alimentação animal foi detec-

tada com 73 vezes os níveis máxi-mos de césio definidos. A forragem permaneceu embalada no exterior das quintas durante quatro dias após o sismo e tsunami que dani-ficaram a central de Fukushima, no pioro acidente nuclear em 25 anos. Desde a aquisição da forragem para os animais, a quinta distribuiu 42 vacas a matadouros em Tóquio, Chiba, Senday e Yokohama.

O Governo japonês apelou aos proprietários da quinta que não ven-dam mais animais e às autoridades dos quatro municípios que efectuem rastreios à carne dos animais.

Ritsuo Hosokawa, ministro da Saúde japonês, disse aos jornalistas que todas as cabeças de gado na região de Fukushima, incluindo na cidade de Minamisoma, serão testadas. Ainda assim, segundo o ministro, a ingestão da carne, uma única vez, não ameaça a saúde hu-mana e as pessoas não precisam de se preocupar, cita a NHK. Por seu lado, a província de Fukushima decidiu inspeccionar todas as explorações de gado na zona de exclusão em redor da central nuclear. Mas, segundo alerta a televisão, esta inspecção poderá não acontecer por falta de equipamento para realizar os testes.

ÁGUIA-PESQUEIRA REGRESSA A PORTUGAL GRAÇAS A UM PROJECTO MUITO ANTIGO

Da Escandinávia para o Alquevaassinalou em tempo real a extinção regional de uma espécie. Desde en-tão, falharam todas as tentativas de se lançar um projecto de introdução da águia-pesqueira, uma das espé-cies de rapina mais emblemáticas de Portugal (ver textos acima sobre outras águias de grande porte).

Agora, dez delas vão passar uma breve temporada a adaptar-se à pai-sagem do Alentejo, antes de serem libertadas. Até 2015, mais dez por ano serão importadas.

As águias, com quatro a cinco semanas de vida, são colhidas do ninho, na Escandinávia, onde a es-pécie é abundante. Transportadas em aviões da TAP, são levadas para as gaiolas, onde permanecem durante mais três a quatro a semanas, com vista para o Alqueva e o montado. “A ideia de trazer juvenis é de fazer o imprinting do local, ou seja, elas têm de saber que são dali. Se trou-xéssemos adultos, voltavam para o mesmo sítio”, explica ao Público o biólogo Pedro Beja, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio) - uma organização privada, ligada à Uni-versidade do Porto, que tomou a iniciativa do projecto.

Quando forem soltas, terão à sua disposição estruturas de madeira po-

América do Sul quer santuário para proteger sete espécies de baleias

Japão contra e continua à caça

Planetaem números

58É o número de áreas em Portugal sob protecção ambiental.

JAPÃO | CARNE CONTAMINADA E CONSUMIDA

Césio no pasto

TIRAR A GRAVATA PARA POUPAR ENERGIA

“Ar Cool”com estilo “cool”

PROCURA DE PETRÓLEO IRÁ SUBIR EM 2012 “PUXADA” PELOS PAÍSES EMERGENTESA Agência Internacional de Energia (AIE) anunciou que as necessidades de petróleo irão crescer no próximo ano, mas apenas devido aos países de fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE). De acordo com a AIE, a procura global de crude irá crescer 1,5 milhões de barris por dia no próximo ano, face a 2010, para um total de 91 milhões de barris diários. Esta tendência não se irá fazer sentir no entanto dentro da OCDE, que junta os países industrializados, onde haverá aliás uma “descida ligeira” da procura. A agência, que é uma espécie de “braço” dos Estados-membros da OCDE para a energia, e representa os interesses dos países consumidores, lembra ainda que a 23 de Junho anunciou a libertação para os mercados de 60 milhões de barris de petróleo e produtos derivados.

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9www.hojemacau.com.mo

CRIAR um vasto santuário no Atlântico Sul onde as baleias possam viver sem medo de arpões, mesmo se a moratória à sua caça for levantada, é o objectivo dos

países sul-americanos. Está a decorrer em Jersey a reunião anual da Comissão Baleeira Internacional. “A lógica de um santuário é reforçar a moratória. Se um dia for levantada, teremos vastas regiões dos oceanos fechadas à caça comercial”, explica Vincent Ridoux, membro do comité científico da Comissão Baleeira Internacional (CBI).

Durante a reunião anual da comissão o Brasil e a Argentina apresentaram um projecto para criar um santuário para o Atlântico Sul, que se iria juntar aos dois grandes santuários já existen-tes: no oceano Índico (desde 1979) e no oceano Austral (1994). Porém, o projecto não tem gran-des hipóteses de ser adoptado este ano porque “faz parte das iniciativas a que o Japão se opõe, sistematicamente”, salienta Ridoux, membro da delegação francesa em Jersey.

Todos os anos, o Japão continua a caçar ba-leias no santuário do oceano Austral, alegando fins científicos. Para a próxima época, ainda não se sabia se Tóquio iria manter a caça por falta de dinheiro e pelos protestos ambientalistas. Mas na sexta-feira, a BBC noticiou que o Japão vai mesmo continuar a caçar nas águas da Antárctida. Na reunião da CBI, Joji Morishita,

da delegação japonesa, anunciou que o plano é voltar ao oceano austral. “Estamos agora a debater como vamos enviar de volta a nossa frota para o oceano austral”, disse Morishita, da Agência de Pescas japonesa.

A organização ambientalista Sea Shepherd também já garantiu que vai voltar à Antárctida, para dificultar a vida à frota do Japão.

Willie McKenzie, activista britânico da Greenpe-ace, considera que a criação de um novo santuário no Atlântico Sul – cujos limites iriam do Equador à fronteira do oceano Austral – permitiria proteger mais eficazmente as baleias nas suas migrações de milhares de quilómetros. “A baleia de bossa, por exemplo, passa a época de reprodução nas águas quentes e depois passa a época de alimentação nas águas frias, o que significa que o santuário do oceano Austral não chega para esta espécie”, explicou. “Ao criar um santuário maior, estaremos a proteger todo o ciclo de vida da baleia.”

Um santuário no Atlântico Sul iria beneficiar, pelo menos, sete espécies, entre elas a baleia azul e a baleia de bossa, segundo o biólogo costa-riquenho Javier Rodriguez, fundador da Fundação Promar. Além da conservação das baleias, “o objectivo dos países sul-americanos, apoiados pela África do Sul, é desenvolver uma actividade turística junto de uma população de baleias saudável”, através do whalewatching, lembra Vincent Ridoux.

O sapo-arco-íris-de-bornéu apa-receu ao fim de 87 anos na ilha

de Bornéu, uma descoberta que custou meses de procura a uma equipa de investigadores da Uni-versidade de Sarawak da Malásia, e que foi anunciada nesta quinta--feira pela associação ambientalista Conservation International (CI).

A última vez que o mundo oci-dental tinha visto esta espécie de anfíbio foi em 1924, quando cientistas europeus foram à ilha de Bornéu, no sudeste asiático. A única imagem que trouxeram de lá foi um desenho a preto e branco da Ansonia latidisca, o nome científico do sapo. “Des-cobertas excitantes como este sapo lindíssimo, e a importância enorme dos anfíbios para os ecossistemas sau-dáveis, são o que nos motivam para continuarmos à procura de espécies perdidas”, disse em comunicado Indraneil Das, cientista da Malásia, que liderou a equipa.

A aventura começou depois da International Conservation ter lan-çado uma campanha para a procura mundial das espécies de anfíbios que não são vistos há mais de dez anos. O sapo-arco-íris-de-bornéu

MESES DE PESQUISA LEVAM À REDESCOBERTA DE SAPO

A ressurreição do arco-íris

(tradução livre do nome comum em inglês) estava na lista Top 10 das rãs mais procuradas.

A equipa de Das tentou a sorte. Em Agosto do ano passado, os cientistas foram para uma região montanhosa na região ocidental da ilha de Bornéu, na fronteira entre a província de Sarawak na Malásia, e a província Kalimantan, que já pertence à Indonésia.

A equipa de Das andou meses à procura do sapo depois de o anoitecer, por altitudes superiores a 1300 metros, numa região que, segundo a CI, foi pouco explorada no último século. A equipa foi para zonas cada vez mais altas ao longo do tempo. Finalmente, uma noite, o cientista Pui Yong Min encontrou o sapo numa árvore, dois metros acima do solo. Tinha as patas compridas e

finas, pele enrugada pintada de várias cores. “Ver a primeira fotografia de uma espécie perdida há quase 90 anos desafia o que se acredita. É bom saber que a natureza consegue surpreender--nos quando estamos quase a perder a esperança, especialmente com o escalar da extinção de espécies”, disse em comunicado Robin Moore, espe-cialista em anfíbios da CI, que lançou o projecto da procura dos anfíbios, e recebeu num e-mail enviado por Das, a notícia da descoberta e a fotografia do sapo.

Ao longo dos dias, a equipa encontrou mais dois indivíduos desta espécie. Ao todo, foram vistos e medidos uma fêmea, um macho e um juvenil, que tinham respecti-vamente entre 5,1 e três centímetros de comprimento. Os três anfíbios fo-ram todos encontrados em árvores.

“A natureza ainda guarda segre-dos preciosos que estamos a desco-brir, é por isso que a protecção e a conservação são tão importantes. Os anfíbios são indicadores da saúde do ambiente, o que tem implicações directas para a saúde humana. Os seus benefícios não devem ser su-bestimados”, disse Indraneil Das.

Clickecológico

CHAMA-SE “BRUTUS”,TEM 80 ANOS E MEDECERCA DE SEIS METROS

• Um crocodilo gigante, com apenas três patas, foi fotografado na Austrália e a imagem está a correr mundo através da web. Os mais cépticos duvidam da veracidade da fotografia, mas a sua autora garante não ser montagem. O animal foi apelidado de “Brutus” pela companhia de passeios de barco do Rio Adelaide. Com cerca de 80 anos e quase seis metros, o animal perdeu uma das patas dianteiras num ataque de um tubarão. Para os operadores turísticos a presença de “Brutus” não é novidade, mas o salto raro do animal ao pé do barco deixou todos surpreendidos.

ÁGUIA-PESQUEIRA REGRESSA A PORTUGAL GRAÇAS A UM PROJECTO MUITO ANTIGO

Da Escandinávia para o Alquevasicionadas na margem da albufeira, com traves onde pousar e alimenta-dores com peixes. Mas provavelmen-te desaparecerão, dispersando pela região ou possivelmente migrando para África. A expectativa é a de que, ao chegarem à maturidade sexual, regressem para nidificar no Alqueva, identificado como sendo a sua ori-gem. Ninhos artificiais serão coloca-dos em ilhas da albufeira. “Elas não vão voltar à Finlândia ou à Suécia, isto é seguro”, garante Luís Palma, coordenador científico do projecto e que há décadas acompanha a sorte da águia-pesqueira em Portugal.

Não é uma iniciativa inédita. “Isto é feito nos Estados Unidos há 50 anos”, diz Luís Palma. Espanha também se lançou num projecto se-melhante, com aves importadas da Alemanha. Oito anos e uma centena de libertações depois, dois ou três casais voltaram a procriar no país.

Luís Palma afirma que metade das águias pode acabar por vir a

morrer, o que é natural. Os respon-sáveis do projecto estão conscientes de que, para ter resultado, o esforço terá de ser de longo prazo.

Para já, contam com 640 mil euros de financiamento para cinco anos. O dinheiro não vem do Estado, mas de uma empresa, a EDP, que ironica-mente é alvo sistemático de críticas por parte de organizações ambien-talistas, pelo impacto da construção de barragens em zonas de elevado interesse natural. Mas, segundo a EDP, apoiar um projecto como o da águia-pesqueira não é uma tentativa de amenizar os ataques. “Não é essa a nossa visão”, diz António Neves de Carvalho, director de ambiente e sustentabilidade da empresa. O projecto “dá continuidade à estra-tégia da EDP para acrescentar valor à biodiversidade”, diz Neves de Carvalho, salientando o facto de se poder repovoar as albufeiras com uma espécie que já terá sido comum em águas interiores no passado.

América do Sul quer santuário para proteger sete espécies de baleias

Japão contra e continua à caça

PROCURA DE PETRÓLEO IRÁ SUBIR EM 2012 “PUXADA” PELOS PAÍSES EMERGENTESA Agência Internacional de Energia (AIE) anunciou que as necessidades de petróleo irão crescer no próximo ano, mas apenas devido aos países de fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE). De acordo com a AIE, a procura global de crude irá crescer 1,5 milhões de barris por dia no próximo ano, face a 2010, para um total de 91 milhões de barris diários. Esta tendência não se irá fazer sentir no entanto dentro da OCDE, que junta os países industrializados, onde haverá aliás uma “descida ligeira” da procura. A agência, que é uma espécie de “braço” dos Estados-membros da OCDE para a energia, e representa os interesses dos países consumidores, lembra ainda que a 23 de Junho anunciou a libertação para os mercados de 60 milhões de barris de petróleo e produtos derivados.

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10www.hojemacau.com.mo CULTURA

Entrevista | André Carrilho, ilustrador e cartoonista, de passagem por Macau

“A caricatura deve sempre ser subversiva” Carlos [email protected]

SÁTIRA e subversão, um par que alimenta o mundo de André Carrilho, ilustrador,

design gráfico, cartoonista, sobretudo, um dos mais notá-veis da actualidade, regressa a Macau, 15 anos depois de ter abandonado o território. Aqui cresceu, aqui frequentou o Liceu nos anos 90, e aqui germinou o trabalho que lhe tem merecido uma galeria de prémios, distinções e re-conhecimento internacional. Carrilho colecciona uma miríade de colaborações em jornais e revistas portuguesas mas também internacionais, desde a norte-americana “New Yorker”, ao “New York Times”, ao britânico “The In-dependent”, ou ao espanhol “El Mundo”. Nesta entrevista ao Hoje Macau, explica como as suas primeiras experiências no território foram impor-tantes para se ter afirmado como artista gráfico, e como o cartoon e a caricatura são fun-damentais numa democracia adulta. Se em Macau, “não há cultura de sátira devia haver”, observa.Como é que a tua passagem por Macau marcou, ou não, o teu trabalho de ilustrador? Contribuiu, de alguma maneira, para que decidisse pela ilustração gráfica?Contribuiu muito. Cheguei a Macau com 16 anos, no Verão, e a minha mãe insistiu que eu tinha que ter um trabalho em ‘part-time’ para me ajudar a decidir por uma profissão. Na altura, estava indeciso entre arquitectura e design gráfico, mas o meu sonho sempre fora desenhar. O problema é que me diziam que o desenho não era uma profissão, que ia ficar na penúria. Nem sequer sabia que curso seria esse, “Desenho”. Portanto fui trabalhar para o atelier de arquitectura do meu tio Luís Sá Machado, em Macau, como uma espécie

“Quanto mais os jornais publicarem cartoons e caricaturas subversivas mais saudável é a democracia”

de aprendiz. Foi lá que tive a primeira experiência com o mercado real de trabalho. Fiz algumas artes finais, desenhos para cartões de natal, desenho de perspectiva, o melhor que podia dada a minha inexperiência. O meu tio e a sua sócia, Conceição Perry, foram alguns dos meus primeiros mentores, tiveram muita paciência comigo e ensinaram-me muito, principalmente como abordar problemas criativos. Foi nesse atelier que primeiro percebi que criação artística é um acto intelectual, de raciocínio lógico, antes de

Belas Artes em Lisboa mas eventualmente deixei a universidade para me dedicar à ilustração e, por algum tempo, ao design gráfico.Para quem não conhece o seu trabalho, que elementos caracterizam as suas ilustrações? Que traços procura representar?Sou mais conhecido como caricaturista, embora desenvolva trabalhos nas áreas de design gráfico, animação, BD e ilustração. Na caricatura tento sempre juntar várias linguagens gráficas, várias técnicas, procurando evidenciar tanto as características físicas como psicológicas do retratado. Uma vez em Macau, tem pensado alguma exposição, alguma colaboração. Pensa poder tirar partido desta sua estadia?Sim, penso tirar partido para descansar. Não tenho nada planeado na área profissional, mas também não tentei ter…Numa terra como Macau, em que não há cultura da sátira, do humor, em que as representações de figuras públicas são sempre muito literais, a ilustração, ou noutra linguagem, a caricatura, tem algum elemento de subversão?Bem, a caricatura deve sempre ser subversiva… E acho que quanto mais os jornais publicarem cartoons e caricaturas subversivas mais saudável é a democracia. A sátira e o humor são parte integrantes da liberdade de expressão, uma coisa não existe sem a outra. Não sei como está o panorama editorial em Macau, mas se não há cultura de sátira devia haver. E deve ser possível. Pelo menos quando trabalhei em Macau não me lembro de alguma vez ter sido censurado. Mas a sensibilidade chinesa é diferente da ocidental, principalmente na área do humor.

na China. E aí realmente senti benefício em ter vivido em Macau, utilizei essa experiência.Os seus primeiros trabalhos foram feitos em Macau. Como é que aconteceu? E como é que acabou por seguir este seu percurso?Em Portugal gostava de desenhar, mas fazia-o para mim e para a família. Nunca pensei nem sabia como chegar a publicar numa publicação periódica. Já em Macau, um dia fui para o Liceu e na cafetaria encontrei dois alunos do meu ano que viriam a ser meus amigos próximos, o Gonçalo Viana e o João Lam. E eles estavam a fazer uma coisa que nunca me tinha passado pela cabeça, um portfolio de cartoons para apresentar num jornal, no “Comércio de Macau”.

Aconteceu em algum momento consigo?No princípio mais do que agora. Lembro-me que os primeiros trabalhos que fiz no Liceu de Macau eram muito influenciados pela estética da aguarela chinesa e pela caligrafia oriental. Acho que o meu gosto pela tipografia e contrastes gráficos a preto e branco vem daí. Mas tematicamente não costumo ir a Oriente. Fico-me pelo que é mais próximo, que agora é Lisboa. Mas sem nacionalismos nem patriotismos bacocos. Outro dia tive que ilustrar um artigo para a “New Yorker” sobre a psicanálise

ser habilidade manual. E, quando envolve clientes, um acto de diplomacia. Passados uns meses, com a criação do jornal “Ponto Final”, comecei a trabalhar para a imprensa e deixei o atelier.Encontra alguns traços no seu trabalho, ou nos primeiros trabalhos, do imaginário da Ásia, ou dessa sua passagem por um território tão particular como Macau? Lembro de outros ilustradores (como os irmãos Marreiros, por exemplo) em que o imaginário histórico de Portugal está sempre muito presente.

Só me lembro de ter perguntado “Mas isso pode-se fazer?”. Inspirado pela iniciativa deles, fui para casa tentar ter ideias de cartoons para fazer um portfolio meu. E ao longo dos dias começamos a trocar ideias e desenhos, conversávamos sobre as nossas influências. Quando soube que ia ser criado um novo jornal, o “Ponto Final”, fui lá mostrar o meu trabalho e deram-me uma página para fazer o que eu quisesse, um cartoon editorial. Com 17 anos era algo impensável e impossível de acontecer em qualquer outra parte do mundo. Depois foi só seguir esse caminho, criando mais currículo e portfolio, conseguindo trabalhos cada vez melhores ao longo do tempo. Entrei para as

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11www.hojemacau.com.moEMMY AWARDS | SÉRIE “MAD MEN” REINA COM 19 NOMEAÇÕES

A série de televisão “Mad Men” recebeu 19 nomeações para os Prémios Emmy, incluindo a de Melhor Drama. A série dramática sobre a emergência da publicidade moderna e as mudanças sociais nos anos 1960 tem a possibilidade de vencer, pelo quarto ano consecutivo, os prémios decisivos para as séries dramáticas. Entre os nomeados estão ‘Boardwalk Empire’ (com 18 indicações), ‘Saturday Night Live’ (16) e ‘Game of Thrones’ e ‘30 Rock’ (13 cada).

Umberto Eco reescreve “O nome da rosa”

Versão aligeiradaO escritor italiano Umberto Eco vai reescrever o ro-mance “O Nome

da Rosa”, que lhe garantiu a notoriedade mundial, para o tornar “mais acessível a no-vos leitores”. Eco vai aligeirar várias passagens da obra as-sim como a linguagem usada no thriller medieval, com acção passada no século XV, para o aproximar das novas gerações e das novas tecnolo-gias. “O Nome da Rosa” teve origem na paixão declarada

A crise mundial será “o fim do império americano e a ascensão da China” disse o músico norte-americano Moby num concerto em Portugal na sexta-feira. “Tudo vai acabar bem, o mundo vai ficar bem mas isto será o fim do império americano e é a ascensão da China. A China neste momento é dona da América, da Europa. Com esta crise, a China é dona de toda a dívida”, disse o músico à Lusa momentos antes de subir ao palco do Festival Marés Vivas, na praia do Cabedelo, em Gaia, para interpretar alguns dos seus maiores sucessos. Aos 45 anos, Moby acredita mesmo que “é bom que o império americano chegue ao fim” até porque surgiu apenas quando “a Europa no século XX foi destruída por duas guerras”, e quando a “China

e a Rússia eram países comunistas” e os EUA “eram o único país estável”. “Agora, no século XXI, assiste-se à ascensão da Europa, da China, da Índia, da América do Sul e do sudeste asiático e a América vai continuar a decair. Daqui a 100 anos haverá um equilíbrio entre a China, a Índia, América do Sul e Europa”, alvitrou o cabeça de cartaz do segundo dia do Festival Marés Vivas. Em tom crítico, o nova-iorquino salientou ainda que um dos maiores erros cometidos pelos americanos, tal como pelos europeus, “foi o de olhar para outros países assumindo que eram iguais”. “A maior parte dos problemas políticos que estão hoje a acontecer, a um nível geopolítico, são o resultado do imperialismo. Seria útil ao ocidente estudar um pouco mais de História”, frisou.

O título surge como reco-nhecimento pelas con-

tribuições para a literatura e cultura chinesas. Louis Cha, ou Jin Yong, recebeu o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade de Macau (UMAC) numa cerimónia que teve lugar na ilha de Shangri-La, em Hong Kong. “Estou muito agradecido à UMAC por este título”, disse o homenageado, de acordo com um comunica-do publicado pelo gabinete de comunicação social do Governo da RAEM. O oc-togenário terá acrescentado que se sente “intimamente ligado a Macau”, cidade que já visitou várias vezes e que, recordou, também abriga uma Biblioteca ‘Jin Yong’. As obras de Cha têm um espaço reservado numa das salas do Clube Cultural, que fica numa antiga casa

de penhores, na Avenida Almeida Ribeiro.

Aos 87 anos, o especia-lista no estilo ‘wuxia’ (artes marciais) já vendeu mais de 100 milhões de livros. Obras como “The Book and the Sword” (que na tradução portuguesa significa “O Livro e a Espada”) ou “Fox Volant of the Snowy Moun-tain” (“Raposa Voadora da Montanha Nevada”), publicadas entre 1955 e 1972. Algumas transpostas para telenovelas e teatros, além de traduzidas nas mais diversas línguas como o inglês, japonês, francês, tai-landês, vietnamita, malaio e coreano.

Na cerimónia de atri-buição do título Honoris Causa, na sexta-feira, o reitor Wei Zhao homena-geou as conquistas do es-critor na literatura chinesa

e respectiva promoção da cultura sínica. “De uma forma quase unicamente chinesa, o grande espectá-culo de imaginação e extra-ordinário trabalho criativo de Louis Cha mostram ao mundo as maravilhas da língua chinesa”, declarou.

Nativo de Haining, pro-víncia de Zhejiang, Louis Cha chegou a ser jornalista, editor e fundador do jornal Ming Pao de Hong Kong. Está ligado ao Colégio de Humanidades da Universi-dade de Zhejiang, é investi-gador superior do Instituto de Estudos Chineses da Universidade de Oxford, em Inglaterra, professor por regime de acumulação da Faculdade de Literatura da Universidade de British Columbia, do Canadá, e é ainda conhecido pelos seus comentários políticos.

UMAC PRESTA HOMENAGEM A CÉLEBRE ESCRITOR CHINÊS

Honoris Causa para Jin Yong

do autor, um medievalista confesso, pelos livros e pela cultura da época.

O escritor tem por objecti-vo ultrapassar a dificuldade idiomática ou a densidade de várias passagens da obra, assim como chegar àqueles

que só conhecem excertos publicados na internet, através das potencialidades de uma nova edição digital.

Bompiani, a tradicional editora de Eco que publicou o romance em 1980, estabe-leceu o próximo dia 5 de

Outubro como data para o relançamento da obra, em nova e mais ligeira versão.

No romance, dois mon-ges, o franciscano Guilherme de Baskerville (personagem que conjuga as referências de Guillaume d’Ockham, o filósofo “invencível” inglês, Venerabilis inceptor do sé-culo XIV, com as referências literárias de Connan Doyle e um dos mistérios-chave de Sherlock Holmes, O cão dos Baskervilles), e o seu discípulo, o noviço Adso de Melk, investigam uma série de assassínios num mosteiro beneditino, todos relaciona-dos com um livro proibido.

A novela foi um verdadei-ro êxito de vendas, traduzida

em cerca de meia centena de línguas, com milhões de cópias vendidas em todo o mundo - mais de seis mi-lhões só no país de origem -, encontrando-se há anos entre os cem títulos fundamentais do século XX, escolhidos pelo vespertino francês Le Monde.

Em 1986, o cineasta fran-cês Jean-Jacques Annaud assinou a adaptação cinema-tográfica, com Sean Connery como Guilherme ou William de Baskerville, e Christian Slater como Adso de Melk.

O “Nome da Rosa” foi originalmente publicado em Portugal pela Difel, em 1983, com tradução de Maria Ce-leste Pinto, tendo, logo no pri-meiro ano, esgotado perto de cinco edições. À semelhança do que se passou noutros países, o romance revelou ao público português um autor até então conhecido apenas dos meios universitários por ensaios como Signo, Como se faz uma tese em ciências humanas, A definição da arte ou Leitura do texto literário.

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MOBY DIZ QUE CRISE SERÁ O “FIM DO IMPÉRIO AMERICANO”

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SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

12www.hojemacau.com.mo DESPORTO

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Joana [email protected]

TRANSMITIDO pela televisão a nível inter-nacional, mas ao vivo e a cores em Macau.

No sábado, o City of Dreams foi palco do campeonato de MMA (artes marciais mistas na sigla em inglês) “Legend 5”, numa exclusiva colabo-ração com a organização e a empresa do território. Dezoito lutadores da China, Austrália, Nova Zelândia, Filipinas, Japão e Coreia trouxeram “o melhor do MMA a Macau”, conjugando técnicas de Sanda (kickboxe chinês que introduz projecções), BBJ - Jiujitsu Brasileiro, Karaté, Wrestling e MuayThai em três rounds de cinco minutos.

A defender pela primei-ra vez o título de campeão “welterweight” (77 kg), Rod MacSwain, da Nova Zelân-dia, defrontou o coreano Bae Myung Ho. Mas o combate mais esperado da noite não foi o mais empolgante, com MacSwain a perder aos pontos dando a vitória a Bae Myung Ho, da por decisão unânime do júri, naquele que foi denominado pelos espec-tadores como “um combate parado e fraco”.

Entre os nove combates da noite, destaque ainda para Nam Yui Chul, da Coreia do Sul, que defrontou Rob

Vanessa [email protected]

A Federação Chinesa de Futebol está a tentou primeiro convencer José Antonio

Camacho a assinar pela sua selecção, mas mediante a nega do ex-treinador do Benfica, os chineses avançaram para Luis Aragonês, que está interessado em aceitar a proposta

Segundo o jornal “Sport”, as autoridades chinesas contactaram primeiramente Cama-cho e apresentaram-lhe um dossiê com todos os detalhes da estrutura de futebol da China. Nas negociações, os chineses prometeram ao antigo treinador do Benfica total liberdade na escolha dos jogadores, bem como na planifi-cação da equipa. A exigência é só uma: levar a China ao Mundial de 2014, no Brasil. No entanto, o treinador, que está desempregado desde que foi dispensado do Osasuna em

Fevereiro, não mostrou grande vontade de deixar Espanha. Sem um sim ou um não de Camanho, os chineses avançaram para outro nome na sua lista.

Aragonés, o homem que fez a Espanha campeã do mundo em 2010, mostrou-se mais aberto a embarcar na aventura. Apesar dos seus 72 anos, o técnico ouviu com interesse a proposta chinesa e contactou de imediato a sua equipa para saber com quem poderia contar. Ao que a imprensa espanhola avança, Aragonés está preparado para partir com três colaboradores, entre eles Jesús Paredes e César Mendiondo – este último ficaria res-ponsável pela selecção sub-21. O espanhol não se decidiu ainda pelo preparador físico.

Até agora, a China só conseguiu clas-sificar-se para um Mundial, o da Coreia/Japão, em 2002, tendo perdido os três jogos da primeira fase.

Grand Hyatt encheu no sábado para receber campeonato de artes marciais mistas

O melhor do MMA em Macau

SELECÇÃO CHINESA ASSEDIA TREINADORES ESPANHÓIS

China leva nega de Camacho e avança para Aragonés

Hill, da Austrália, lutador conhecido pelo seu “perigoso boxe”. Um combate intenso e empolgante, onde os dois oponentes preferiram optar pelo combate em pé e através de ataques com socos e ponta-pés, do que pelo chão. Depois de um primeiro round mais inclinado para a vitória de Rob Hill, o sul coreano obri-gou o adversário a abandonar mais cedo o ringue, ganhan-do por KO técnico antes do gongo soar para o final do segundo assalto.

O único evento chinês a ser transmitido pela televi-são para os EUA e o Canadá, e transmitido para toda a

China, Singapura, Indonésia, Filipinas e Nova Zelândia, juntou ainda Ken Hamamu-ra, japonês especialista em Karaté e BJJ - Jiujitsu Bra-sileiro, e Wang Sai, lutador da China perito em Sanda e também em BJJ. O japonês teve de ser retirado mais cedo do ringue devido a uma lesão no joelho, dando a vitória por KO técnico a Wang Sai, da China Top Team.

Também da mesma equi-pa e arrecadando o título de campeão “Bantamweight” (61kg), esteve Yao Honggang (China), que venceu Jo Nam Jin (Coreia do Sul) por deci-são unânime dos juízes.

A equipa do brasileiro Ruy Menezes, formado em Jiujitsu Brasileiro pela acla-mada academia dos irmãos Gracie, obteve ainda uma outra vitória “limpa”, com Li Jingliang (China, 20 anos) a vencer Alex Niu (China) por decisão unânime do juri. Classificado como um dos

melhores da noite, o com-bate juntou dois oponentes muito fortes no boxe e na luta em pé.

Na segunda parte e após o intervalo que ligava aos principais eventos, a plateia levantou-se para assistir ao combate mais polémico da noite: Yusuke Kawanago do

Japão defrontou o filipino Mark Striegl, numa luta que durou os três rounds inteiros mas que encerrou de forma inesperada. A nomeação de Striegl como vencedor, por dois dos três juízes, mere-ceu mais de dois minutos de assobios da plateia. A polémica decisão acendeu os comentários entre os espec-tadores, que demonstravam desilusão perante a derrota de Kawanago.

Quatro horas de com-bates trouxeram a Macau não só “dezoito dos mais conceituados lutadores de MMA da região”, como mais de 1500 pessoas de diversas nacionalidades para assistir ao evento, que teve lugar no salão do Grand Hyatt. Os bilhetes VIP, que incluíam estadia e viagem, esgotaram em duas semanas e chega-ram às 1300 patacas.

O City of Dreams pro-mete mais quatro eventos do género “Legend” nos próximos 12 meses, agora que detém a exclusividade do evento na Ásia.

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMOAVISO

Para dar resposta ao desenvolvimento dos sectores de hotelaria e de restauração de Macau, esta Direcção dos Serviços de Turismo está a fazer revisão do diploma que regula os hotéis e os estabelecimentos de restauração, decorrendo neste momento a consulta pública do respectivo projecto do diploma, cujo texto integral está disponível na página electrónica http://industry.macautourism.gov.mo/pt/consulta. A sua opinião pode ser apresentada até 31 de Agosto do corrente ano a estes Serviços através dos seguintes meios: Apresentação electrónica: [email protected] Envio por correio ou entrega pessoal: Direcção dos Serviços de Turismo Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, nos 335-341, Edifício Centro Hotline, 18.º andar Envio por fax: 2833-0518 Igualmente, realizar-se-á uma sessão para recolha de opiniões na data, hora e local abaixo indicado: Data: 1 de Agosto de 2011 2 de Agosto de 2011 (para associações da indústria de hotelaria, restauração e diversões) 3 de Agosto de 2011 (para associações dos outros sectores) Hora: Das 15H30 às 17H30 Local: 2.º andar do Centro das Actividades Turísticas Idioma: A sessão é realizada em cantonense, com interpretação simultânea para português e inglês. O interessado pode fazer a inscrição online em http://industry.macautourism.gov.mo/pt/consulta, ou enviar o seu nome e número de telefone por faz (2833-0518) a estes Serviços. Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Julho de 2011. A Directora dos Serviços, Substituta Maria Helena de Senna Fernandes

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[ ] CinemaCineteatro | PUB

[f]utilidadesSEGUNDA-FEIRA 18.7.2011www.hojemacau.com.mo

13

[Tele]visãowww.macaucabletv.com

15:45 Toy Story17:10 The Last Song19:00 Shanghai Knights21:00 Mighty Joe Young23:00 Toy Soldiers00:55 The Last Song

HBO 4113:00 Iron Man 2 15:15 The Secret Garden17:00 Little Miss Marker19:00 Young Guns Ii21:00 Cemetery Junction22:35 Eastbound & Down23:10 Salt00:50 Pirate Radio

CINEMAX 4212:30 Man’S Best Friend14:00 Gran Torino16:00 The Werewolf17:30 The Bride Of Frankenstein18:45 Fast & Furious20:30 Critters 2: The Main Course22:00 Hearts And Armour23:45 Harold & Kumar Escape From Guantanamo Bay

MGM 4312:30 A Star for Two14:15 The Dust Factory16:00 Miracle Beach17:30 September19:00 Flesh + Blood21:00 The Claim23:15 Love Cheat & Steal

DISCOVERY CHANNEL 5013:00 Mythbusters14:00 Storm Surfers16:00 Storm Chasers 2010: Why We Chase17:00 Dirty Jobs: Abandoned Mine Plugger18:00 Factory Made18:30 How Do They Do It?19:00 Get Out Alive:20:00 Man, Woman, Wild: Amazon21:00 Man Vs. Wild: Fan Vs Wild With Bear Grylls22:00 Beyond Survival With Les Stroud23:00 Gold Rush: Alaska00:00 Man Vs. Wild: Fan Vs Wild With Bear Grylls

(MCTV 63) Star World20:00 RAISING HOPE

Informação Macau Cable TV

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira 14:30 Entre Pratos15:00 Documentário – Mar das Índias16:00 Bom Dia Portugal17:00 Quem Quer Ser Milionário – Alta Pressão17:45 Resistirei18:30 Linha da Frente19:00 Liberdade 2120:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Portugueses pelo Mundo23:00 Verão Total: Especial “7 Maravilhas da Gastronomia” – Funchal

TVB PEARL 8306:00 Charlie Rose07:00 First Up07:30 NBC Nightly News08:00 Putonghua E-News08:30 ETV10:30 Inside the Stock Exchange11:00 Market Update11:30 Inside the Stock Exchange11:32 Market Update12:00 Inside the Stock Exchange12:02 Market Update12:30 Inside the Stock Exchange12:35 Market Update13:00 CCTV News - LIVE14:00 Market Update14:40 Inside the Stock Exchange14:43 Market Update15:58 Inside the Stock Exchange16:00 Get Squiggling!16:15 Penelope K, By the Way16:30 Gaspard and Lisa17:00 The Penguins of Madagascar17:30 Natural Born Hunters18:00 Putonghua News18:10 Putonghua Financial Bulletin18:15 Putonghua Weather Report18:20 Financial Report18:30 America’s Funniest Home Videos18:50 6 billion Others19:00 The Wall Street Journal Report19:30 News At Seven-Thirty19:50 Weather Report19:55 Earth Live20:00 The Pearl Report20:30 The Vampire Diaries21:30 Lonely Planet Roads Less Travelled22:30 Market Place22:35 House and The CEO Connection 23:35 World Market Update23:40 News Roundup23:55 Earth Live and Leading Brands of the World00:00 2400:55 The Wall Street Journal Report01:20 FIFA Football World01:50 European Art at the MET02:00 Bloomberg Television05:00 TVBS News05:30 CCTV News

ESPN 3013:00 Indonesia Open Presented By Enjoy Jakarta H/ls Day 414:00 FINA Aquatics World 201114:30 KIA X Games Asia 2011 - Show 115:30 The Open Championship 2011 Day 418:30 (Delay) Baseball Tonight International 2011 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 The Open Championship 2011 Highlights Day 421:00 Indonesia Open H/ls Day 422:00 Sportscenter Asia 22:30 The Open Championship 2011 Day 4

STAR SPORTS 3113:00 ATP - Skistar Swedish Open Final 14:30 MotoGP World Championship 2011 - Main Race Grand Prix Deutschland18:00 FIA Wtcc 2011 - Inside Wtcc 18:30 Vip Formula Drift Singapore19:30 ATP - Skistar Swedish Open Final 21:00 Game 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Sbk Superbike World Championship 2011 - Highlights22:30 Engine Block 2011 23:00 MotoGP World Championship 2011 - Main Race Grand Prix Deutschland

STAR MOVIES 4012:05 Romancing The Stone13:55 Dear John

NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 5112:30 Cockroach Confidential13:25 Saxon Gold: Finding The Hoard14:20 Ben Franklin’s Pirate Fleet15:15 Inside - Fish Wars16:10 Ancient Secrets: Mystery of The Silver Pharaoh17:05 Britain’s Underworld - Manchester18:00 Is It Real? - King Arthur19:00 Fight Masters - Special Forces20:00 Cockroach Confidential21:00 Rebuilding Titanic - Raising The Bow22:00 Helicopter Wars - Duel In The Desert23:00 Convoy: War For The Atlantic00:00 The Border - San Diego Front Line

ANIMAL PLANET 5213:00 The Web Of Life13:30 Fooled By Nature: Amazing Abodes14:00 Dogs 10115:00 Speed Of Life16:00 Pit Bulls And Parolees17:00 Human Prey: Killer Cats And Dogs18:00 Meerkat Manor19:00 Caught In The Moment: British Columbia20:00 The Web Of Life20:30 Fooled By Nature: Curious Coursthip21:00 Speed Of Life22:00 Pit Bulls And Parolees23:00 Human Prey: Killer Sharks00:00 Meerkat Manor: Divided Loyalties

HISTORY CHANNEL 5413:00 Modern Marvels14:00 First Apocalypse 16:00 Where Did It Come From? 17:00 The Universe18:00 Monsterquest19:00 Modern Marvels20:00 Top Shot22:00 Underwater Universe00:00 American Pickers

BIOGRAPHY CHANNEL 5513:00 Intervention14:00 Heavy15:00 Tough Love Couples16:00 Heath Ledger17:00 Four Heavenly Kings: Jacky Cheung18:00 Intervention19:00 Sell This House19:30 Caesars 24/720:00 Airline USA21:00 Four Heavenly Kings: Leon Lai22:00 My Ghost Story23:00 Celebrity Ghost Stories00:00 Psychic Kids

AXN 6212:15 Csi: Crime Scene Investigation13:05 House14:00 Breaking The Magician’S Code14:55 Numb3Rs15:45 Csi: Crime Scene Investigation16:35 So You Think You Can Dance19:15 Top Chef21:05 Chuck22:00 Csi: Miami22:55 Wipeout23:50 Chuck00:45 Top Chef

STAR WORLD 6312:10 Masterchef Australia13:05 Rules of Engagement13:35 Hell’s Kitchen15:25 Desperate Housewives16:20 Parenthood17:15 Live To Dance18:10 Melissa & Joey18:40 Masterchef Australia19:35 Cougar Town20:00 Raising Hope20:55 Traffic Light21:50 Desperate Housewives22:45 Masterchef Australia23:40 How I Met Your Mother00:05 Raising Hope

Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1-ANDRE. CHATA. 2-BOA. LAR. NIO. 3-ANDA. I. IDAS. 4-COADA. INES. 5-A. SABADOS. R. 6-TU. GOLAS. SO. 7-E. MALADIA. S. 8-CEDI. ETICA. 9-ZECA. S. ANAL. 10-ADA. REU. DEI. 11-SESTA. TRAMA.VERTICAIS: 1-ABACATE. ZAS. 2-NONO. U. CEDE. 3-DADAS. MECAS. 4-R. ADAGADA. T. 5-EL. ABOLI. RA. 6-AI. ALA. SE. 7-CR. IDADE. UT. 8-H. INOSITA. R. 9-ANDES. AINDA. 10-TIAS. S. CAEM. 11-AOS. ROSALIA.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Nome de homem. Importuna, maçadora. 2-Benéfica. A casa de habitação. Ninho. 3-Trabalha, funciona. Abaladas. 4-Passada através de filtro. Nome de mulher. 5-Dia da semana (pl.). 6-A pessoa com quem se fala. Parte do vestuário que cinge o pescoço (pl.). Ermo, salitário. 7-Doença. 8-Desisti em favor de outrem. Ciência da moral. 9-Nome de homem. Missa anual para sufrágio (Ant.). 10-Nome de mulher. Acusado. Doei. 11-Hora de descanso. Tece, entrelaça.

VERTICAIS: 1-Fruto do abacateiro. Procedimento rápido (Interj.). 2-O último numa série de nove. Concorda, dá de si. 3-Atribuidas. Mulheres atrevidas brejeiras (Gír.). 4-Golpe de adaga. 5-O (Ant.). Extingui, revoguei. Regimento de Artilharia (abrev.). 6-Gemido. Vamos!. Igreja patriarcal. 7-Cromo (s.q.). Anos. Nome antigo de actual nota musical dó. 8-Açucar produzido pelas fibras musculares. 9-Caminhes. Também, apesar. 10-Titias. Abatem-se. 11-Preposição e artigo (pl.). Nome de mulher.

SALA 1HARRY POTTER AND THEDEATHLY HALLOWS: PART 2 [B] Um filme de: David YatesCom: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 2MR. POPPER’S PENGUINS [A] Um filme de: Mark WatersCom: Jim Carrey14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3TRANSFORMERSDARK OF THE MOON [B] Um filme de: Michael BayCom: Shia LaBeouf, Markiss McFadden, Rosie Huntington-Whiteley14.00, 16.45, 19.30, 22.15

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OPINIÃOna margem

José I. Duarte

SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

14www.hojemacau.com.mo

Á períodos assim. As más notí-cias sucedem-se, as expectativas de evitar uma crise ou minorar

os seus efeitos sofrem choques consecutivos. A cada medida ou iniciativa tomada para contra-riar a maré respondem os acontecimentos com um abalo mais, uma mais nuvem negra, uma ameaça suplementar. Nestas circunstâncias, quando os eventos maltratam e os deuses pa-recem ter desertado, quando a complexidade das situações parece estabelecer-se para além da capacidade de compreensão imediata, ocorre a irresistível vontade de identificar culpados. E, logo, toca de persegui-los, castigá-los, invectivá--los, sabe-se lá que mais! Ajuda a descarregar a tensão. E fornece uma narrativa fácil, de boas - sempre nós e os nossos, as vítimas - e vis personagens - sempre os outros, que nos castigam.

Idealmente para que o papel de vilão funcione, ganhe foros de credibilidade e fácil adesão, os portadores das más novas devem ser, de preferência, entidades distantes, movidas por propósitos pouco evidentes e, inevitavelmente, suspeitos. Assim, a sua indiferença pelos nossos padecimentos (parece-nos evidente!) e a sua insensibilidade

Se os interesses em presença parecem contraditórios, quando não quase totalmente incompatíveis, se ninguém parece capaz de liderar credivelmente um processo que pareça viável, surpreende alguém que os agentes financeiros se retraiam? Alguém levaria a sério uma agência de notação que neste contexto ‘vendesse’ optimismo e recomendasse a compra de dívida grega ou portuguesa, só para dar dois exemplos?

Uma nUvem negra(corolário inevitável...) aos nossos esforços de resolução dos problemas justificam inteira-mente a nossa mais intensa hostilidade. Daí à execução simbólica vai um passo. Nisto, estamos todos unidos.

Há um problema neste tipo de narrati-vas: é que mesmo quando, como é o caso, o mensageiro não é particularmente simpático, matá-lo não resolve nenhuma das questões essenciais implicadas na mensagem de que é portador. Assim, podem discutir-se o tempo, os termos, a motivação, o fundamento téc-nico das recentes declarações das chamadas agências de notação ou, na expressão inglesa usualmente retida, rating. Haveria pano para mangas nesse debate (mas, não haja ilusões, não haveria inocentes). Todavia, em nada ele alteraria os factos fundamentais para a avaliação da situação da Europa e das perspectivas do Euro. Estes, com ou sem intervenção das agência de notação, seguiriam o seu curso.

Comecemos pela criação do Euro, propriamente. Desde sempre houve uma intenção, política na sua essência, de o lançar com o máximo número de adesões. E de, nos casos em que a participação na funda-

H ção fosse totalmente inviável, de garantir a adesão o mais rapidamente possível. Sem querer entrar aqui nos aspectos mais técnicos do problema, deve sublinhar-se que várias foram as vozes que chamaram a atenção para algumas inerentes fragilidades do proces-

so. Nomeadamente, as que resultavam da inclusão na união monetária de economias com características e dimensões muito di-versas. O que, na ausência de mecanismos comunitários de efectiva coordenação fiscal ou transferência orçamental, ou de um ver-dadeiro mercado de trabalho comunitário, criaria tensões inevitáveis e dilemas de polí-tica económica muito sérios quando aquelas economias se encontrassem em fases muitos distintas dos seus ciclos económicos. Veja-se, a esse propósito e a título de ilustração, a recente subida das taxas de juro determinada pelo Banco Central Europeu, sem a qual as economias que se encontram em recessão poderiam muito bem passar.

E nesta crise, que se vem arrastando peno-samente, que decisões ou orientações claras se vislumbram, ao fim de tantos meses, nas políticas da União? Vão os países em crise (cuja lista pode aumentar) pagar as dívidas até ao último tostão, sejam quais forem os custos sociais e económicos que tenham que suportar? Vão as entidades financei-ras, públicas e privadas, expostas àquelas dívidas ser obrigadas a aceitar prejuízos significativos, resultando em falências ou re-capitalizações a concretizar num contexto difícil para tal? Vão os países ricos da União pagar a liberalidades, reais ou presumidas, dos países agora em crise, perante a relati-va passividade dos seus contribuintes? Já alguém apresentou um modelo, um plano, um propósito, uma determinação, uma via de solução, que pareça simultaneamente definitiva, exequível e plausível?

Se os interesses em presença parecem contraditórios, quando não quase totalmen-te incompatíveis, se ninguém parece capaz de liderar credivelmente um processo que pareça viável, surpreende alguém que os agentes financeiros se retraiam? Alguém levaria a sério uma agência de notação que neste contexto ‘vendesse’ optimismo e recomendasse a compra de dívida grega ou portuguesa, só para dar dois exemplos? E alguns dos que hoje clamam contra a perfí-dia das agências não invocaram, em tempos menos críticos e não muito longínquos, aquelas mesmas notações como se elas, por si sós, justificassem ou legitimassem as medidas políticas por eles tomadas e os sacrifícios impostos?

A indignação, o protesto em uníssono das últimas semanas iludem: na aparência, porque sugerem uma falsa unidade de entendimento colectivo e de propósito das instituições europeias; na essência, porque distraem das questões críticas, quase suge-rindo o seu deliberado (obstinado?) escamo-teamento. Nada que tranquilize, portanto. A crise ainda não terminou a sua marcha.

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A felicidade não mora nos palácios, mas no coração.Padre Manuel Teixeira [1912-2003]

A vo l ta ao d ia em o i tenta mundosCarlos Picassinos

SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Patrícia Ferreira, Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

ISSE que a televisão imita a vida? Enganei-me. É a economia que imita a vida. Melhor dizendo. A

economia é a vida. De repente, um Gregor Samsa qualquer desperta e o mundo está transformado em contas, aritmética, no deve e haver. Em cada esquina, um amigo? Nada disso. Em cada rosto, igualdade? Qual quê! Em cada esquina, em todos os rostos, um merceeiro, um contabilista, um inspector de finanças. O ideal do meu concidadão é hoje ser gestor de empresas de sucesso, um empreendedor, e se quiser ser reconhecido como um tipo humanista, ah então aí, empre-endedor sim, mas social. É essa a nossa utopia moderna. À minha volta, entre o carapau e o bagaço, ninguém escapa ao FMI (quando não o FBI), ao déficit, ao endividamento externo, aos bens transaccionáveis, ás taxas intermediárias do IVA, ás privatizações. E, como se o comum dos mortais fosse o mais lídimo especialista de economia e finanças públicas, os jornais entregam-se a manchetes e títulos absolutamente incompreensíveis. Os ecrãs acumulam-se de economistas e especialistas e técnicos que reiteram, hora a hora, com direito a repetição, a desgraça das finanças, ou da pátria, que dá no mesmo, alertam que temos de viver com menos e nun-ca acima das possibilidades. Dizem-no com a mesma non chalance com que, segundos depois, anunciam em indisfarçável júbilo a contratação de um qualquer Mourinho, de segunda, por somas obscenas de perdulárias, ou uma real boda de vestidos sumptuosos e noivos diamantinos.

Até mesmo o presidente da república, lá do alto do seu hieratismo, ajuda ao pagode. Como um oráculo de Delfos lá vai excla-mando prosápias indecifráveis sobre contas públicas para libertar depois uns farisaísmos retóricos acerca do regresso à horta, à terra, e ao mar (quando, entretanto, não muito longe, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, vão por água abaixo).

Não sei se será de mim mas toda esta gosma elitista, para além da miserável piolheira como, há coisa de um século, lhe chamava o senhor D. Carlos, tornou-se, sobretudo, naquilo que eu já imaginava que viria a ser, uma entediante maçada. Neste abençoado país nada acontece, já tinha dito um dos amargurados da nação, um

Até mesmo o presidente da república, lá do alto do seu hieratismo, ajuda ao pagode. Como um oráculo de Delfos lá vai exclamando prosápias indecifráveis sobre contas públicas para libertar depois uns farisaísmos retóricos acerca do regresso à horta, à terra, e ao mar (quando, entretanto, não muito longe, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, vão por água abaixo)

Nós por cá todos bem

Belo ou um Sena. Tudo se resume à gestão dos dias, do quotidiano, sem um horizonte de entusiasmo, um instante de exaltação e mobilização, uma ideia que parta um prato ou risque um disco. A vida ficou feita nisto. Uma insuportável maçada.

E é neste estado de cepticismo agudo que olho para esta notícia de que o con-sumo de heroína estará a aumentar, em Portugal, entre os miúdos a partir dos 14 anos. E que drogas alucinógenas, com cogumelo mágicos à mistura, são agora o maná de fim de semana, entre os 15 e os 16 anos. Já para não falar da cocaína que, a bem dizer, mais valia a pena legalizar pelo corriqueiro que se tornou, uma linha aqui, outra linha acoli. Os número fazem parte de um estudo do Instituto das Dro-gas e da Toxicodependência que mostra ainda que substâncias como a cannabis ou o ecstasy estão a cair agora dos usos e costumes. Em suma, o que está dar é fumar chinesas o que, visto à letra, nem é assim essa tragédia toda que as nossas cassandras catastrofistas se preparam para alvitrar. É, apenas, um sinal da modernidade a que tivemos direito o que, com franqueza, já nem a mais breve comoção me provoca. Talvez um sorriso cínico, quanto muito, uma soporífera indiferença. No fundo, trata-se daquela injustiça poética que, há tanto tempo, consola os reveses da nação.

De resto, nada de estranho, nada de mais, nada de novo. Nós por cá continuamos todos bem.

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Page 16: Hoje Macau 18 JUL 2011 #2412

SEGUNDA-FEIRA 18.7.2011www.hojemacau.com.mo

INGLATERRA PRESSÃO C0NTRA MURDOCHO escândalo do caso das escutas associado à News Corporation de Rupert Murdoch pode vir a ter consequências nos impérios de media. O líder trabalhista, Ed Miliband, questionou as regras que permitirem a um indivíduo deter parte substancial da comunicação social. Murdoch, acusou, tem “demasiado poder sobre a vida pública britânica”. “Creio que temos que olhar para as situações onde uma pessoa pode deter mais de 20% do mercado dos jornais, a plataforma Sky e a Sky News”, disse Miliband. “É pouco saudável, porque uma quantidade de poder nas mãos de uma só pessoa leva claramente a abusos dentro da organização. Se queremos minimizar este abuso de poder, então este tipo de concentração é francamente perigoso.”

MALÁSIA CLUBE DAS ESPOSAS OBEDIENTESUm grupo defende que as mulheres devem ser como prostitutas para os maridos, de forma a evitar o divórcio, a violência doméstica ou que estes recorram aos serviços das trabalhadoras do sexo. A polémica está lançada na Malásia, mas também noutros países asiáticos que querem importar o conceito. As mulheres muçulmanas que queiram entrar no paraíso têm de fazer quatro coisas: rezar, jejuar no Ramadão, proteger a sua castidade e ser esposas obedientes. Pelo menos é o que diz Fauziah Ariffin, directora do Clube das Esposas Obedientes, recentemente criado na Malásia. Um clube que defende que as mulheres tratem melhor os maridos na cama e que sejam como prostitutas para eles, de forma a evitar o divórcio, a violência doméstica ou até mesmo que ele procure companhia fora de casa.

VENEZUELA CHÁVEZ FAZ QUIMIOTERAPIA EM CUBAO presidente da Venezuela partiu ontem de Caracas para cidade de Havana, em Cuba, onde, segundo o próprio, iniciará o tratamento de quimioterapia para o cancro de que padece. “Até à vitória sempre e até à vida sempre, Venezuela amada”, foram as últimas palavras de Hugo Chávez antes de entrar no avião presidencial. Da porta do avião, Hugo Chávez dirigiu uma saudação aos venezuelanos, vincando ter que cumprir “este novo passo”. O venezuelano foi operado de emergência em Cuba a 10 de Junho a um “abcesso pélvico” e, a 1 de Julho, enviou uma mensagem ao país a revelar que também tinha sido submetido a uma segunda operação, a 20 de Junho, durante a qual lhe foi extraído um tumor com células cancerígenas.

ZIMBABUÉ SEM FORMA DE EXECUTAR PRISIONEIROS Robert Mugabe não consegue arranjar ninguém que queira ocupar o cargo de carrasco e isso está a acumular presos no corredor da morte do Zimbabué. O lugar de carrasco está vago desde 2005 e ninguém responde aos anúncios de emprego colocados nos jornais, deixando os 55 condenados à espera que alguém os execute ou os perdoe. Entre eles, está um que já foi condenado há 13 anos.

SUDÃO VALAS COMUNS DESCOBERTAS Imagens de satélite revelaram a existência de valas comuns na sequência dos combates recentes no Sudão, denunciou um grupo de vigilância que foi criado pelo actor George Clooney. The Satellite Sentinel (O Satélite Sentinela, em português) diz que o aparente massacre aconteceu na cidade de Kadugli, na zona sul do estado do Kordofan, vizinho do Sudão do Sul, que é agora um Estado independente e, desde sexta-feira, o 193.º membro da Organização das Nações Unidas. Os combates surgiram no mês passado entre os rebeldes das montanhas Nuba e as forças armadas do Sudão, cujos porta-vozes militares negaram que tenham sido mortos civis. Cerca de 70 mil pessoas fugiram para escapar aos confrontos.

ALEMANHA PUTIN NÃO RECEBE PRÉMIOOs organizadores alemães dos Prémios Quadriga, que distinguem os “espíritos iluminados”, cancelaram a atribuição dos galardões deste ano devido à polémica em torno de um dos premiados, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin. “A crescente pressão era insuportável” e “o risco de uma escalada suplementar”, que contagiasse o prémio levando à sua anulação, foram os factores que pesaram na decisão. O prémio foi criado em 2003 para distinguir “modelos exemplares e espíritos iluminados que trabalham para o bem público”. Desde há uma semana, quando foi anunciado o nome do vencedor da edição deste ano, que os organizadores - a instituição privada Werkstatt Deutschland -, eram inundados por protestos que pediam que a decisão fosse revista.

car toonpor Steff

Petição contra corridas de cães com 5200 aderentes

Canídromo sob ataque

Filipa [email protected]

NO início de Junho, a edição de domingo do jornal “South China Morning Post”, de Hong

Kong, publicou uma reportagem sobre as corridas de cães em Macau. O artigo revelava que a Companhia de Corrida de Galgos de Macau – Yat Yuen, que gere o Canídromo, decretou a morte por injecção letal a 383 cães importados da Austrália no ano passado. De acordo com o jornal, os cães são portanto abatidos a uma média de um por dia na única pista de corrida de cães legal da Ásia. Só em Março foram mortos 45, a maior parte deles saudáveis e com menos de cinco anos.

A história correu mundo e ge-rou várias iniciativas de protesto. Depois de uma carta assinada por 24 grupos de defesa dos direitos dos animais da China enviada à primeira-ministra australiana Julia Gillard, pedindo a suspensão ime-diata da exportação de galgos para Macau e mostrando preocupação sobre a abertura de mais pistas de corridas de cães no país, agora um grupo chamado Grey2K EUA recolheu cerca de 5200 assinaturas numa petição online a pedir o fim da prática do desporto em Macau.

“Enquanto as corridas de gal-gos continuarem, os animais vão continuar a sofrer. Por favor ajude a acabar com esta crueldade terrível

em Macau”, lê-se no documento que será entregue ao Executivo, que me-receu os mais diversos comentários a descrever o desporto como sendo “vergonhoso para Macau”. Num deles um alguém escreve: “Macau está cheio de casinos, por que é que precisam de usar os cães para jogar também?”

Para Albano Martins, presidente da comissão executiva da Anima, a iniciativa não será tão louvável quanto parece. “Porquê esta senda só por Macau, quando em Macau são mortos 800 animais e na Austrá-lia e nos Estados Unidos são mortos muitos mais?”, questiona. Martins defende que o objectivo de acabar com os canídromos não deve ser limitado a Macau mas a todos os países que praticam o desporto. “Se mostrarem a mesma preocupação relativamente a todos os sítios onde os animais são usados para fins comerciais, direi que a iniciativa é consistente e coerente, de outra forma acho esquisito”, admite.

O presidente da Anima defende que no que toca ao problema local a questão exige pragmatismo. “Se-gundo as últimas contas, o Canídro-mo deu cerca de 300 milhões de lucro até agora. Acha possível fechá-lo? Por que é que não é possível fechar o Canídromo da Austrália, os dos Estados Unidos e os de outros locais do mundo?”, ironiza. Não acredi-tando que o Governo da RAEM vá intervir tendo em conta que se trata de uma actividade privada e

regulada, Albano Martins sustenta que a solução passa pela restrição da entrada dos animais em Macau, ou um acordo com a Austrália (de onde são importados) no sentido de eles regressarem ao país de origem.

“O que nós gostávamos que acontecesse, isso sim é pragmatis-mo, era que estes animais, finda a sua vida activa, tivessem direito a ter uma reforma e a viver o resto da sua vida em liberdade. Porque aqui não têm liberdade, como não têm nos EUA e na Austrália. Como qualquer outro animal eles têm direito a viver”, argumenta Martins.

Em Macau, os animais têm entre dois e três anos quando são impor-tados e mantidos no Canídromo para correrem cerca de quatro vezes por semana, mas são geralmente abatidos quando não conseguem terminar as corridas entre os três primeiros lugares durante mais de cinco corridas consecutivas. Como o Canídromo não permite que galgos “reformados” sejam transformados em animais de estimação, e as res-trições das quarentenas anti-rábicas impedem a sua exportação para Hong Kong, não há esperança para os cães depois da vida na pista. Uma situação que, de acordo com o presidente da Anima, não acontece apenas em Macau.

O “South China Morning Post” bem como várias associações de-claram já ter tentado entrar em contacto com o Canídromo, até agora sem qualquer sucesso.

CRISE AMERICANA

Cerca de 5200 pessoas já assinaram uma petição dirigida ao Gover-no da RAEM a favor do encerramento da pista de corrida de cães do território. Albano Martins diz que a iniciativa peca por falta de coerência e pragmatismo