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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial História Moderna e Contemporânea II

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

História Moderna e Contemporânea II

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© Editora Positivo Ltda., 2013Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.

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Ruben Formighieri

Emerson Walter dos Santos

Joseph Razouk Junior

Maria Elenice Costa Dantas

Cláudio Espósito GodoyLysvania Villela CordeiroAriete NasuliczLysvania Villela CordeiroJeferson FreitasTatiane Esmanhotto KaminskiJúnior Guilherme MadalossoAngela Giseli de SouzaTalita Kathy Bora / Luciano Daniel TulioJack Art / Robson Araújo / RJ LagesO

2 Comunicação

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@HIS1246Estandarte de Ur: a

guerra entre os povos

da Mesopotâmia

@HIS1246

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

C794 Cordeiro, Lysvania Villela.Ensino médio : modular : história : história moderna e contemporânea II / Lysvania

Villela Cordeiro ; ilustrações Jack Art, Robson Araújo, RJ Lages. – Curitiba : Positivo, 2013.: il.

ISBN 978-85-385-7261-9 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-7262-6 (livro do professor)

1. História. 2. Ensino médio – Currículos. I. Art, Jack. II. Araújo, Robson. III. Lages, RJ. IV. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIO

Unidade 1: Processos de independência na América

Unidade 2: Ideologias do século XIX

Unidade 3: Imperialismo

Unidade 4: La Belle Époque

Estados Unidos 5

América espanhola 13

Liberalismo 24

Socialismo 25

Anarquismo 26

Nacionalismo 27

Doutrina social da Igreja 28

Imperialismo na África 33

Imperialismo na Ásia 35

Estados Unidos nas Américas 39

Transformações de fim de século 45

Paz armada 52

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Inseridas no contexto das revoluções do fim do século XVIII e início do

século XIX, não é possível compreender as emancipações políticas

vivenciadas pelas colônias americanas sem compreender as

econômicas promovidas pela Revolução Industrial e do fortalecimento

que a burguesia vinha experimentando ao longo desse período. Tendo

em vista as diferenças entre os processos de colonização das

colônias inglesas, espanholas e portuguesas na América, é necessário

entender as especificidades de cada processo, mas sem esquecer

que os processos se inserem em um contexto mais amplo de

transformações.

Processos de independência na América

1

4 História Moderna e Contemporânea II

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Ensino Médio | Modular 5

HISTÓRIA

Estados Unidos

A emancipação política das colônias inglesas na América foi um movimento que teve repercus-

sões por todo o mundo, especialmente no Novo Continente. Pela primeira vez, uma colônia rompia com a metrópole e se declarava independente dessa. Os reflexos desse processo, assim como a possibilidade real de autonomia, favoreceram a organização de movimentos contestatórios da polí-tica colonial nas colônias espanholas e no Brasil, no período final do século XVIII e no início do XIX.

Treze Colônias

Inglesas na

América

@HIS1436

Para o historiador Leandro Karnal, a fundação do Estado americano trouxe consigo um projeto de nação que buscava no passado a referência de sociedade que se pretendia construir. Nesse sentido, ao eleger as representações da memória e da identidade a serem consolidadas, as elites inviabilizavam aqueles cuja história não era digna do simbolismo criado para a representação de nação que se pretendia forjar.

Um exemplo desse simbolismo é o Dia de Ação de Graças – Thanksgiving – no qual se celebra a amizade com os indígenas e o trabalho árduo dos primeiros colonos ingleses, pessoas laboriosas e religiosas que chegaram no Mayflower em busca de liberdade e igualdade. Celebrado até hoje como marco fundador da identidade, a história indica que não apenas de pioneiros e relações harmoniosas o passado se constituiu

FERRIS, Jean-Louis Gerome. O primeiro Dia de Ação de Graças. 1912-1915, 1 óleo sobre tela, color. Coleção privada, EUA.

A imagem anterior representa o Primeiro Dia de Ação de Graças, comemorado nas colônias. Em muitos filmes e séries de televisão dos Estados Unidos, essa comemoração é apresentada como um momento no qual as famílias se reúnem. No entanto, é importante perceber qual o significado histórico do feriado, ou seja, que história foi escolhida para ser perpetuada na memória das novas gerações.

Em grupos, pesquisem filmes, animações ou séries de TV que apresentem os personagens no Dia de Ação de Graças e debatam se a origem do feriado é discutida pelos personagens.

História do Dia de

Ação de Graças

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Para entender as relações que se constituíram ao longo do período colonial e que possibilitaram o processo de independência das Treze Colônias, é preciso retomar a colonização do território e as ações da metrópole no campo político e econômico.

As Treze Colônias inglesas, diferentemente das colônias ibéricas na América, tiveram como base de ocupação do território a iniciativa privada. Foram criadas companhias de colonização que, junta-mente com a iniciativa de grupos de imigrantes, foram responsáveis pela colonização do território entre os anos de 1607, com a fundação da Virgínia, e 1733, com a da Geórgia.

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A imigração tomou impulso e as colônias receberam muitos grupos distintos entre o excedente da população da metrópole, grupos religiosos que buscavam liberdade de culto – os peregrinos –, órfãos, mulheres, homens pobres, enfim, uma população bastante diferenciada. Espalhadas pelo território, com clima e geografia distintos, as colônias se desenvolveram distintamente. Apesar da dicotomia relacionada ao fato de as colônias de povoamento e de exploração não refletirem um projeto específico de ocupação do território pela Inglaterra, essa diferenciação é importante para a compreensão da economia e da autonomia política experimentadas pelos colonos.

Aos poucos, a sociedade foi se organizando e se constituindo com práticas próprias. A educa-ção formal foi uma preocupação dos colonos, considerando a preocupação dos protestantes com a leitura da Bíblia. A expansão da educação para as crianças foi mais forte nas colônias do Norte, inclusive com a aprovação de leis que regulamentavam a oferta da educação, como no exemplo de Massachusetts, de 1647.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 64-65. Adaptação.

Colônias inglesas fundadas entre os séculos XVII e XVIII

História Moderna e Contemporânea II6

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Ensino Médio | Modular 7

HISTÓRIA

Leandro Karnal salienta que a educação nas colônias inglesas possuía um caráter religioso, mas não clerical. Ela seria realizada e bancada por membros da comunidade. Esse vínculo com a educação teve, desde a educação primária até a universidade, grande influência no desenvolvimento das colônias. Apesar de taxas variáveis de analfabetismo (em geral homens brancos ricos eram a maioria dos alfabetizados), a educação formal nas colônias superava a das colônias ibéricas e a da Inglaterra na mesma época. A diversidade de crenças e as formas de relacionamento pessoal com o sagrado, representadas pelas inúmeras variações do protestantismo, também contribuíram para o desenvolvimento de um pensamento autônomo nas colônias.

Soma-se ao desenvolvimento cultural das colônias o desenvolvimento econômico. Ao ocuparem as terras localizadas na Região Norte, os colonos perceberam que, pelo clima, dificilmente poderiam produzir produtos para o comércio exterior. Já no Sul, com clima mais quente, a produção de produtos tropicais, como o tabaco, foi favorecida.

A Região Norte encontrou no comércio interno e na produção familiar a expansão econômica. A produção de navios e sua utilização no comércio de rum, de escravizados africanos, de cana--de-açúcar e de melado acabou ligando as Antilhas, a África e a América em uma atividade muito lucrativa (comércio triangular). A Europa também era inserida nas negociações comerciais e enviava para as colônias produtos manufaturados.

Esse processo possibilitou às colônias do Norte uma liberdade que, até então, era estranha às colônias. Apesar de proibida pela Inglaterra de exercer comércio, na colônia valiam mais as leis da oferta e da procura que as leis do Parlamento. Assim, as colônias do Norte se desenvolviam e construíam uma lógica de inserção no comércio ultramarino independente da metrópole.

À independência econômica, experimentada pelas colônias do norte, juntou-se uma grande imigração de outros povos europeus: franceses protestantes, escoceses, irlandeses e alemães, contribuindo ainda mais para certa autonomia em relação à Inglaterra. Nesse sentido, quando a metrópole passou a tentar manter uma ação mais efetiva de controle colonial, com leis, taxas e impostos, os colonos questionaram o cerceamento de suas liberdades e a possibilidade de escra-vização da América pela Inglaterra.

Ressaltou-se que a metrópole havia passado por um processo de desgaste econômico ocasionado pelo envolvimento de uma série de conflitos com outras nações europeias entre o fim do século XVII e o século XVIII e buscava, nas colônias, formas de ajustar os altos custos da defesa colonial. Aliam-se a esse processo o desenvolvimento da indústria inglesa e a necessidade de matérias-primas e mercado consumidor para os produtos metropolitanos.

Sendo um projeto principal do velho Satanás manter os homens distantes do conhecimento das Escrituras, como em tempos antigos quando as tinham numa língua desconhecida [...] se decreta para tanto que toda a municipalidade nes-ta jurisdição, depois que o Senhor tenha aumentado sua cifra para cinquenta famílias, dali em diante designará um dentre seu povo para que ensine a todas as crianças que recorram a ele para ler e escrever, cujo salário será pago pelos pais, seja pelos amos dos meninos seja pelos habitantes em geral. KARNAL, Leandro (Org.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. p. 48.

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História Moderna e Contemporânea II8

A cobrança de impostos e as taxações impostas pela Inglaterra aos colonos serviram de estopim para o debate sobre a liberdade constitucional e a separação política.

O historiador M. J. Heale explica que, para entender por que os colonos se rebelaram, é preciso compreender o ponto de vista deles frente às ações da Inglaterra. Para os colonos, a Inglaterra tentava escravizá-los, ou seja, as medidas impostas pela Coroa representavam a submissão a formas autoritárias de governo e eram uma investida contra a liberdade. Ressalta-se que o processo de colonização vivenciado pelos colonos ingleses permitiu uma autonomia diferente da experimen-tada na América espanhola e portuguesa. Para os ingleses, a reação dos colonos foi exagerada, considerando que as taxações impostas às colônias se revertiam em benefício para elas mesmas.

Com o correr dos anos, estruturas sociais relativamente complexas se haviam desenvolvido na maioria das colônias, ordenamentos hierárquicos nos quais as elites sociais, na maior parte nascidas e criadas na América do Norte, encravam a si mesmas como os dirigentes naturais da sociedade colonial. Esses ricos fazendeiros, proprietários de terras e grandes negociantes não eram aristocratas, no sentido britânico, mas constituíam uma classe de fidalgos que exercia considerável influência social e política. Essa pequena nobreza colonial, promovendo seus interesses nas Assembleias, sistematizou uma ideolo-gia que devia muita coisa ao pensamento constitucional inglês e que enfatizava os direitos e liberdades dos ingleses nascidos livres e as limitações do régio poder. Todo rei que procurasse ampliar aquele poder podia ser acusado de procurar escravizar seus súditos. Não eram, porém, apenas considerações ideológicas que moviam os interesses coloniais. Possuíam também interesses econômicos, e quando sofriam reveses financeiros é que questões de princípio constitucional pareciam mais importantes.HEALE, M. J. A Revolução Americana. São Paulo: Ática, 1991. p. 25.

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Ensino Médio | Modular 9

HISTÓRIA

Mesmo com a união das colônias em torno de objetivos comuns, pautados em garantias de di-reitos econômicos, havia grandes diferenças entre o Sul e o Norte no que dizia respeito à separação da Inglaterra. Considerando que o desenvolvimento do Sul esteve estritamente ligado ao mercado exportador externo de gêneros tropicais, com base no latifúndio e na mão de obra escravizada, as elites resistiram à separação com medo de um conflito em que escravizados e pobres entendessem que os ideais de liberdade se aplicavam também a eles. Essas diferenças se intensificaram nos anos seguintes, culminando com a Guerra Civil (1861-1865).

No entanto, o movimento ganhou força com a aplicação de medidas consideradas destrutivas à colônia. O boicote aos produtos ingleses, o não cumprimento das leis metropolitanas e as reações ao autoritarismo da Coroa por meio da imprensa e de assembleias foram a tônica das reclamações coloniais. A falta de representatividade no Parlamento foi um dos principais argumentos dos colonos para o não cumprimento das determinações metropolitanas.

Organizados, representantes dos colonos se reuniram no Congresso da Filadélfia (1774) e assina-ram uma petição na qual, ao mesmo tempo que prestavam lealdade ao rei, os colonos protestavam contra as medidas adotadas pela metrópole em relação à Colônia. A Inglaterra manteve tropas armadas na colônia e aos poucos aumentou o efetivo, que não demorou a entrar em choque com os colonos.

Pesquise as principais características das leis impostas pela Inglaterra às Treze Colônias e depois apresente uma síntese sobre suas consequências para o processo de independência. A seguir, apresenta-se uma linha do tempo com as principais leis, assim como alguns marcos temporais importantes.

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História Moderna e Contemporânea II10

Em julho de 1776, o segundo Congresso da Filadélfia decidiu pela separação e no dia 4 apre-sentou o texto da Declaração da Independência. Redigido coletivamente, o texto apresenta ideias iluministas e argumentos religiosos:

Quando, no Curso dos acontecimentos humanos, torna-se necessário a um povo dissolver os laços políticos que o ligam a outro e assumir, entre os poderes da Terra, situação independente e igual a que lhe dão direito as Leis da Natureza e de Deus, o correto respeito às opiniões dos homens exige que se declarem as causas que o levam a essa separação.DRIVER, Stephanie Schwartz. A Declaração de Independência dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. p. 44.

A Declaração da Independência apresenta várias influências dos escritos iluministas, espe-cialmente o contrato social, a rejeição da tirania e a busca da felicidade. Outros dois documentos foram importantes para a escrita do texto da declaração de Independência: a Declaração ou Carta de Direitos (Bill of Rights) e a Declaração de Direitos da Virgínia. A primeira, aprovada em 1689, na Inglaterra, estabelecia os limites para os direitos do rei e também protegia o Parlamento e suas leis. A segunda estabelecia a base para o governo local, assim como definia as liberdades fundamentais e foi uma grande influência na redação do documento da Declaração de Independência.

A Declaração foi enviada para todas as colônias para que a população tomasse ciência do rompimento com a Inglaterra. Por meio de jornais, a reprodução do documento foi se espalhando. Leituras públicas aconteciam, em geral, acompanhadas por grandes festividades, paradas, concer-tos, tiros de canhões e mosquetes e também pela destruição de imagens associadas à Inglaterra.

Desde 1775, os confrontos já aconteciam nas Treze Colônias e o conflito armado se estenderia até 1781, a guerra e a emancipação influenciaram os movimentos de independência das colônias espanholas, francesas e portuguesa na América, abrindo caminho para a fundação de novas nações.

A representação da fundação dos Estados Unidos da América demonstra bem a sociedade que liderou o movimento de independência: homens, brancos, burgueses, enfim uma elite que manteria o poder político na recém-criada nação. A obra representa a apresentação da Declaração de Independência por uma comissão formada por John Adams, Roger Sherman, Thomas Jefferson e Benjamin Franklin para John Hancock, presidente do Congresso Continental, assistida pelos signatários do documento e cidadãos

TRUMBULL, John. Declaração de Independência dos EUA. 1817. 1 óleo sobre tela, color., 365,76 cm x 548,64 cm. Museu do Capitólio Americano, Washington D. C.

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Ensino Médio | Modular 11

HISTÓRIA

Declarar a independência e efetivamente conquistá-la foram duas situações bastante diferentes. As inúmeras batalhas, as vidas perdidas em campanhas e o tempo demonstram que o reco-nhecimento da independência das Treze Colônias pela Inglaterra foi um processo longo. As negociações para o reconhecimento culminaram no Tratado de Paris, que estabeleceu as fronteiras dos Estados Unidos, assim como os territórios franceses, britâ-nicos e espanhóis na América.

Ao longo da guerra, os novos estados foram organizando go-vernos locais e também suas constituições estaduais, baseadas na defesa dos direitos individuais fundamentais. A divisão de poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário, assim como o controle recíproco entre os poderes, foi fundamental nessas constituições.

Leia os trechos a seguir da autoria de George Washington e Thomas Paine e depois responda às questões:

A crise é chegada em que devemos afirmar nossos direitos ou submeter-nos a todas as imposições que podem cair sobre nós, até que o costume e o hábito façam de nós escravos dóceis e abjetos, como os negros sobre os quais imperamos com tão arbitrária autoridade. George Washington, 1774.

Que coerência, ou decência [há em os colonos] queixarem-se em tão alto e bom som das tentativas de escraviza--los, quando mantêm como escravos tantas centenas de milhares. Thomas Paine, 1775.

HEALE, M. J. A Revolução Americana. São Paulo: Ática, 1991. p. 39.

a) Qual posição de George Washington quanto à escravidão pode ser percebida nesse trecho?

b) Qual é a posição de Thomas Paine sobre o tema expresso no trecho?

A derrubada de símbolos é uma das características das mudanças políticas nas sociedades. Nas colônias inglesas, o processo de independência exigia a criação de novos símbolos, que representassem a nova situação jurídica do território. Nesse sentido, a derrubada dos antigos marcos da Inglaterra se fazia essencial para a construção de uma memória nacional. Na cena, representada por William Walcutt, a população de Nova Iorque derruba a estátua do Rei George III

WALCUTT, William. A derrubada de George III. 1857. 1 gravura. color., 73 cm x 51,1 cm. Biblioteca do Congresso Americano, EUA.

Nos recém-criados Estados Unidos da América, a elite iniciava um trabalho de construção de símbolos e de uma identidade para o novo país republicano. A elaboração de uma constituição e a escolha da bandeira eram alguns dos passos necessários à formação de uma memória e uma identidade que unisse a população, de acordo com os princípios defendidos na luta pela emancipação.

Para a maioria pobre da população branca, os escravizados e os indígenas, a independência não significou melhoria concreta. Especialmente para os indígenas, já que ela representou a expansão dos colonizadores sobre seus territórios e a conquista do Oeste, que viria a dar aos Estados Unidos uma grande extensão territorial.

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I. A tradição parlamentar inglesa, com seu princípio de representatividade, foi essencial para a argumentação dos colonos contra o autoritarismo da metrópole.

II. A reação aos impostos e às taxas cobrados pela Inglaterra pode ser explicada pela experiência econômica vivenciada pelas Treze Colônias.

III. A liberdade almejada pelas colônias tinha como base uma sociedade ideal na qual todos seriam livres e iguais.

a) Está correta apenas a alternativa I. b) Estão corretas as alternativas I e II.c) Estão corretas as alternativas I, II e III.d) Estão corretas as alternativas II e III.e) Está correta apenas a alternativa III.

2.

A charge, de 1776, representa o enterro da Lei do Selo pelo primeiro ministro britânico George Grenville. Ele carrega o caixão para o túmulo no qual já haviam sido enterradas outras leis impopulares. A Lei do Selo, publicada em 1775, foi revogada no ano seguinte em consequência das violentas reações dos colonos contra os agentes britânicos. Sobre a taxação imposta pela Inglaterra às colônias, é correto afirmar:

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História Moderna e Contemporânea II12

1. Temos diante de nós todas as oportunidades e todos os incentivos possíveis para produzir a Constituição mais nobre e pura da face da Terra. Estamos capacitados a começar o mundo outra vez... O nascimento de um novo mundo está a nosso alcance, e uma raça de homens, talvez tão numerosa quanto a existente na Europa, está destinada a receber sua parcela de liberdade em consequência dos eventos dos últimos meses. (Thomas Paine, Senso comum, 1776).DRIVER, Stephanie Schwartz. A Declaração de Independência dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. p. 9.

O trecho acima, de autoria do inglês Thomas Paine, apresenta uma ideia presente no processo de indepen-dência dos Estados Unidos: a busca da liberdade como consequência do abuso de autoridade a que o governo inglês submetia seus súditos na América. Sobre esse processo, é correto afirmar:

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O movimento de emancipação

política da América espanhola pode ser

visualizado como uma onda que

parte das colônias de importância

econômica mais recente

para aquelas de colonização e

exploração mais antigas

América espanhola

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Fontes: PAZZINATO, A. L.; SENISE, M. H. V. História moderna e contemporânea. São Paulo: Ática, 1993. p. XV; Adaptação.SCHWARTZ, S. B.; LOCKHART, J. A América Latina na Época Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 481. Adaptação.

Colônias espanholas da América

(01) A Lei do Selo previa a taxação de todos os impressos da colônia por meio de selos a serem adquiridos junto aos agentes nomeados pela Coroa.

(02) As leis Townshend, promulgadas em 1767, instituíram o acréscimo nas tarifas sobre a importação de produtos básicos, como chá, vidro, tintas e papel.

(04) A Lei do Açúcar foi descumprida pelos colonos principalmente porque sua receita seria integralmente enviada à Inglaterra para custear as despesas com a corte.

(08) A Lei da Hospedagem tinha como objetivo baixar os custos com as tropas inglesas no território americano ao determinar que cabia aos colonos fornecer abrigo e alimento aos soldados ingleses.

(16) A Lei da Moeda, que proibia a emissão de papel de crédito nas colônias, tinha como objetivo restringir a autonomia colonial.

(32) Uma das reações à Lei do Selo foi a elaboração de um documento pelos colonos que invocava, para a colônia, os mesmos direitos dos cidadãos ingleses na metrópole. O ponto principal das reivindicações era o princípio da representatividade, no qual os colonos invocavam o direito de ter representantes no Parlamento para que as leis tivessem validade.

Ensino Médio | Modular 13

HISTÓRIA

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Para Simón Bolívar, um dos mais importantes líderes dos movimentos de independência das Américas, as nações deveriam ser livres, independentes e democráticas

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TOVAR, Martín Tovar y. Simón Bolívar. 1883. 1 óleo sobre tela, color. Palácio Federal Miraflores, Caracas.

Muitas mudanças importantes se iniciaram ou ganharam força na América hispânica no século XVIII. Entre elas podem-se citar: crescimen-to demográfico, crescimento na produção e no comércio internacional, estabilidade de preços, aliados a uma reorganização do comércio e das rotas marítimas, divisão e criação de novos territórios administrativos, crescimento dos militares e expulsão dos jesuítas.

Na Europa, o deslocamento do eixo do comércio para o Norte também favoreceu a mudança política das colônias. Espanha e Portugal não domi-navam mais o comércio colonial, pois cada vez mais os produtos partiam da Inglaterra e da França, por exemplo, diretamente para as colônias. Além de produtos, vinham para a América ideias que fomentaram a busca pela emancipação política dos Vice-Reinos Coloniais.

Nesse contexto, é importante salientar ainda a ascensão de Napoleão Bonaparte e as implicações de seu período expansionista no processo de independência das colônias de Espanha e Portugal. Entre 1810 e 1815, a Espanha esteve ocupada pela França e, com a deposição do Rei, o trono foi ocupado por José Bonaparte, irmão de Napoleão. De 1816 e 1828, com a derrota de Napoleão, Fernando VII retornou ao trono espanhol. O primeiro momento marcou o início das lutas pela independência a qual foi consolidada ao final do período. Todos os recém-criados países, com exceção do México (monárquico a princípio), tiveram como regime a Re-pública, inspirada no modelo dos Estados Unidos. Cuba e Porto Rico foram emancipadas apenas em 1898, finalizando as independências.

Todo esse processo que levou às independências, seja nos EUA, na América hispânica ou portuguesa, tem, para o historiador Fernando Novais, como pano de fundo a crise do sistema colonial. A crise foi resultado de uma série de fatores decorrentes do próprio processo de colonização, ou seja, derivava do sistema e de seu funcionamento. A colonização da América e seu povoamento refletiram-se no surgimento de um modelo de produção dependente, mas que foi se organizando em torno de uma experiência local, com a ascensão de classes sociais no nível econômico, refletido na política.

É esse conjunto representado por uma sociedade com interesses comerciais diferentes da metrópole que, com a Revolução Industrial atingindo a mecanização e passando a dinamizar cada vez mais as relações comerciais, começou a entrar em choque com as barreiras criadas pelo exclusivo colonial.

A influência dos ideais iluministas, nesse contexto, é importante, mas não se pode ignorar que as ideias de liberdade e igualdade encontraram, na América, outras interpretações. Os interesses das elites coloniais podiam ser contraditórios, como na questão do trabalho escravo. Portanto, a independência não significou o fim do trabalho escravo ou mesmo o fim do latifúndio, mas a ascensão e a consolidação política de uma elite colonial.

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Ninguém nega que em toda a América Espanhola houve intelectuais com ou sem batina, que se deixaram seduzir pelo enlevo de uma sociedade democrática, livre, não dogmática. Não se pode negar que tenham tido maior ou menor influência na redação de documentos, nas campanhas dos jornais, na elaboração de Constituições. Mas daí serem capazes de influir numa mudança das estruturas mais profundas da sociedade há um mundo de distância. POLMER, Leon. As independências na América Latina. In: FARIA, Ricardo; MARQUES, Adhemar M.; BERUTTI, Flávio C. História. Belo Horizonte: Lê, 1993. p. 171. v. 3.

Para o historiador Leon Polmer, deve-se estar atento à real introdução dos ideais iluministas nos processos de emancipação das colônias americanas. Reflita e responda: Analisando a situação atual dos países latinos, é possível afirmar que a independência

trouxe igualdade e liberdade a todos os membros da sociedade?

A Inglaterra teria um papel muito relevante nos processos emancipacionistas na América, apoiando as elites coloniais em sua luta e, ao mesmo tempo, avançando na influência comercial de seus produtos. O Brasil teve importância nesse contexto, especialmente por ser o palco de operações dos ingleses na América. O auxílio dado na transferência da Corte para o Brasil, assim como a influência dos agentes governamentais ingleses na política portuguesa na Colônia, demonstra a força da Inglaterra e sua consequente hegemonia nos negócios brasileiros. Buenos Aires era outro ponto de ação importante da Inglaterra. O comércio de couro, necessário à construção das máquinas usadas na mecanização da indústria inglesa, transformou a economia da região do Prata e consolidou a hegemonia da capital como principal porto colonial. O cresci-mento populacional e a especialização administrativa na cidade também contribuíram para a transformação da antiga, pobre e periférica sociedade platina.

A abertura dos portos aos ingleses foi uma ação que demonstrou essa relação entre os países inde-pendentes e a Inglaterra com objetivos comerciais. Em 1810, com as revoluções em Caracas, Buenos Aires, Nova Granada e Chile, iniciou-se o relacionamento comercial livre com os ingleses.

As lutas pela independência se iniciaram em 1810 e envolveram diferentes líderes, sendo consolidadas no final dos anos de 1820, com a independência do Uruguai. Muitos autores dividem esse processo em duas fases: 1810-1815 e 1816-1828. A segunda fase conta com o apoio efetivo dos ingleses.

As elites coloniais, conhecidas como criollos, detinham o poder econômico, mas seu poder e sua par-ticipação política foram paulatinamente diminuídos a partir das reformas dos Bourbons, desencadeadas na Espanha no fim do século XVIII. Os historiadores Schwartz e Lockhart defendem que a substituição dos criollos por espanhóis nos cargos políticos, além de outras reformas administrativas, impulsionaram a reação colonial de emancipação. Ao fim do processo, a América hispânica se fracionou em diversos territórios, governados pelas elites regionais que tiveram seu poder e interesses comerciais garantidos pelos futuros governos independentes.

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Uma exceção ao processo de independência, que teve repercussão em toda a América pelo seu caráter de luta étnica, foi o Haiti. A ilha de São Domingos, co-lônia francesa produtora de açúcar, era caracterizada pelo extensivo uso de mão de obra escrava, com grande número de africanos, devido às altas taxas de mortali-dade, o latifúndio, a monocultura e a dependência do mercado exportador. Em 1791, eclodiu uma revolução que terminou apenas em 1803 com a proclamação da independência. A população branca, minoria frente aos escravizados, foi massacrada em uma disputa que opôs brancos e negros. Com a liderança de Toussaint- -L'Ouverture e depois de Jean-Jacques Dessalines, a população teve sua independência reconhecida em 1825 pela França. A revolução negra levada a cabo no Haiti gerou medo nas elites escravistas em toda a América no fim do século XVIII e ao longo do XIX.

Autoria desconhecida. Retrato de Toussaint-L'Ouverture. 1803. Gravura francesa.

A luta pela independência muitas vezes levou os colonos e as tropas da Espanha a batalhas violentas. A representação da Batalha de Boyacá, ocorrida em 7 de agosto de 1819, deu a vitória às forças coloniais comandadas por Simón Bolívar. A independência foi proclamada em 20 de julho de 1810, mas apenas após Boyacá foi consolidada

TOVAR, Martín Tovar y. A Batalha de Boyacá na Guerra de Independência da Colômbia. 1819. 1 óleo sobre tela, color. Palácio Federal, Caracas.

Toussaint-L'Ouverture, líder da independência do Haiti

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Representação da Batalha de São Domingos entre tropas polonesas a serviço da França e de rebeldes

SUCHODOLSKI, January. Batalha em São Domingos. 1845. Museu Nacional, Polônia.

1. (UEL PR) Sobre a crise colonial e os movimentos pelas independências dos territórios americanos colonizados pelos espanhóis e portugueses, é correto afirmar:a) No caso da América hispânica, o movimento revolucionário que culminou com as inde-

pendências latino-americanas constituiu-se num empreendimento político levado a cabo pela coroa espanhola e também pelos camponeses e índios.

b) A relação com as respectivas metrópoles desagradava a elite crioulla cafeeira, pois esta consolidava o fortalecimento do comércio com outras nações interessadas nesse produto; assim, o vigor econômico dessas relações comerciais interferiu nas taxações impostas pela metrópole.

c) A Colônia de Portugal, denominada Brasil, referendou seu processo de independência adotando o Regime Republicano. A partir desse marco, a Princesa Isabel assinou a lei que libertou os escravos, permitindo que a sociedade se constituísse segundo os princípios liberais.

d) Os movimentos emancipacionistas das colônias espanholas e da portuguesa refletiram na política mundial, inaugurando uma etapa de livre comércio com as demais nações, o que dinamizou a economia hispano e luso-americana.

e) No início do século XIX, a Espanha vivenciava um processo de decadência interna. Essa debilidade e seus reflexos, tanto na metrópole quanto nas colônias, contribuíram para que os movimentos independentistas ocorressem.

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2. (UEL – PR) A luta pela independência na América espanhola implicou uma passagem de todo o poder político àqueles que já possuíam a maior parte do poder econômico. Mesmo que no curso das guerras pela independência muitos aventureiros surgidos no seio popular se hajam trans-formado em chefes militares afortunados e tenham ficado com parte do poder político que os latifundiários, donos de minas e grandes mercadores exigiam para si, isso não altera muito o quadro. De qualquer modo o comércio foi liberado, a aristocracia criolla

a riqueza expropriada aos trabalhadores nativos não perdeu mais a parte tributada à Espanha.POMER, Leon. As independências na América Latina. São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 12-13.

Assinale a alternativa correta em relação às características da luta pela independência da América espanhola:a) Lutas sociais com base nas ideias iluministas com a finalidade de implantação de socie-

dades republicanas.b) Inspiradas no modelo inglês e com estrutura baseada no pensamento liberal, buscou

instaurar monarquias parlamentares. c) Movimentos apoiados pela Inglaterra, que tiveram por objetivo a ruptura do chamado

Pacto Colonial, ou seja, o fim do monopólio comercial imposto pela metrópole espanhola.d) Movimentos sociais de caráter burguês antiescravistas com o objetivo de promover um

desenvolvimento capitalista do continente.e) A possibilidade aos trabalhadores nativos de acesso à propriedade da terra, transformando

a estrutura social.

3. Leia o texto e responda:A maioria dos países latino-americanos se tornou independente na década de 1820, resultado da ação dos “crioulos”. Referindo-se a esse processo, Lord Cannig, em 1824, afirmou: “A América espanhola é livre, se nós não planejarmos mal nossos interesses, ela é inglesa”.a) Identifique os “crioulos”.

b) Justifique a afirmação de Lord Cannig.

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Quadrinista A história em quadrinhos está presente em diversos tipos de publicações e agrada a pessoas de todas as

idades. Jornais, revistas e livros didáticos exploram essa forma linguística. Prova disso são os exemplos que estão sendo estudados nos livros de História.

As primeiras histórias em quadrinhos começaram a circular no início do século XX impulsionadas pelo desenvolvimento da imprensa e dos meios de comunicação de massa. Rudolph Töpffer, Wilhelm Bush e Georges Colomb são os europeus considerados precursores das histórias em quadrinhos. No Brasil, elas começaram a circular nas décadas de 1930 e 1940, sendo Angelo Agostini considerado o iniciador desse tipo de comunicação no país.

Se você aprecia histórias em quadrinhos, tem criatividade e alguma aptidão para o desenho ou artes gráficas, fica aqui uma sugestão de profissão que vem ganhando valorização e espaço no mundo do trabalho.

1. (UESC – BA)

Nos primeiros 250 anos da colonização europeia, a América ibérica teve alguma vantagem sobre a América inglesa. Nos 250 anos seguintes, período em que as colônias viraram países independentes e republicanos, o jogo inverteu-se brutalmente.

(PETRY, 2009, p. 140).

As peculiaridades dos diferentes ritmos de desenvolvimento dos países americanos podem ser explicadas a partir de uma questão de ordem histórica, presente na alternativa

(01) A presença da mão de obra escrava, indígena e africana, na América do Norte, ao contrário do que aconteceu em várias áreas da América Latina, onde foi adotado o trabalho livre e assalariado.

(02) Os modelos “colônia de exploração” e “colônia de povoamento”, que predominaram, respectiva-mente, na formação da América Latina e da América do Norte.

(03) A permissividade moral gerada pelo catolicismo conservador na América Latina, ao contrário do protestantismo liberal da América do Norte.

(04) Os rigores do clima tropical na América Latina, prejudicando a produtividade colonial, em contra-posição ao caráter ameno do clima da América do Norte.

(05) A fragilidade dos laços coloniais na América Latina com suas metrópoles, em relação ao rigoroso controle da Inglaterra sobre suas colônias da América do Norte, desde o início da colonização.

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5. (UEPG – PR) Assinale a alternativa que contém afirmação correta sobre a independência dos Es-tados Unidos:

a) A luta pela independência, que resultou da discordância entre a elite agrária colonial e o governo britânico, rompeu uma tradicional aliança entre esses dois polos.

b) A independência dos Estados Unidos repre-sentou um marco no processo de formação da sociedade capitalista burguesa, assentada nos princípios liberais e individualistas do Ilu-minismo.

c) Após a independência, os Estados Unidos en-frentaram vários problemas de natureza po-lítica e, especialmente, econômica, uma vez que a antiga colônia inglesa era bastante frá-gil economicamente.

d) A independência dos Estados Unidos ocor-reu num momento em que o ideal iluminis-ta declinava diante das propostas do Ancien Régime.

e) O I e o II Congresso Continental, realizados na colônia às vésperas da independência, já de-monstravam claramente o desejo irreversível dos colonos liderados por Abraham Lincoln de levar adiante a luta pela independência.

6. (UFRGS) Após a Guerra dos Sete Anos, a Inglater-ra passou a aumentar a taxação sobre as suas co-lônias norte-americanas, impondo uma série de medidas legais para incrementar suas receitas.

No bloco superior, abaixo, são citados cinco atos legais emitidos pela Coroa britânica; no inferior os objetivos pretendidos com a aplicação de três deles.

Associe adequadamente o bloco inferior ao su-perior.

1 - Lei do Açúcar (Sugar Act)

2 - Lei do Selo (Stamp Act)

3 - Atos Townshend

4 - Leis do Chá (Tea Act)

5 - Leis Intoleráveis

( ) Impedimento do contrabando e do comércio intercolonial

( ) Eliminação da concorrência das Antilhas fran-cesas

( ) Recuperação econômica da Companhia das Índias Orientais

2. (UNESP) Após a emancipação política e, no de-correr do século XIX, a vida institucional, na maioria dos países latino-americanos, foi marca-da pelas seguintes características:

a) prolongada instabilidade política, predomínio das oligarquias dirigentes e submissão das massas pauperizadas;

b) velhas oligarquias em crise e o desenvolvi-mento do populismo atrelado ao capital mul-tinacional;

c) predomínio do modo de produção capitalista que promovia a unificação política e a inte-gração econômica;

d) estabilidade política alicerçada em modelo re-publicano do governo;

e) sujeição dos políticos às exigências dos gru-pos oprimidos.

3. (UFSC) As independências na América inserem-se num processo mundial ocorrido no final do sé-culo XVIII e início do século XIX, que colocou em crise a organização do sistema colonial devido:

a) aos interesses de que os países da América servissem de mercado consumidor da produ-ção desenvolvida nas indústrias inglesas;

b) aos interesses das metrópoles em enviar pro-dutos agrícolas para suas colônias;

c) às necessidades da Europa da expansão do seu território;

d) às necessidades da Inglaterra na aquisição de produtos manufaturados;

e) aos interesses das metrópoles de organizarem sua produção independentemente das colônias.

4. (UNESP) As transformações na Europa Ocidental do século XVIII produziram e propagaram novas ideias econômicas, sociais, políticas e culturais. Esse contexto serviu de pano de fundo para a crise do antigo sistema colonial. O processo de libertação das Treze Colônias inglesas repercutiu como sopro revolucionário. E, no decurso da de-sagregação do Império Espanhol na América, os criollos rebelaram-se contra:

a) as rivalidades franco-inglesas;

b) a ideologia nacionalista assumida pela bur-guesia europeia;

c) o liberalismo econômico;

d) a igualdade de todos perante a lei;

e) as restrições mercantilistas.

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A sequência correta de preenchimento dos pa-rênteses, de cima para baixo, é

a) 4 - 3 - 2

b) 3 - 1 - 4

c) 1 - 5 - 4

d) 5 - 4 - 2

e) 2 - 3 - 1

7. (PUCPR) O chá veio da China e atingiu a Europa no início do século XVII, com o primeiro carrega-mento chegando em Amsterdã em 1609. A par-tir do século XVIII, a Inglaterra torna-se o princi-pal importador de chá da Europa. Nesse mesmo período, o chá consistiu em importante bebida da população dos Estados Unidos da América, ainda colônia inglesa. A partir desse contexto, marque a alternativa correta:

a) esse período é marcado pela questão dos im-postos, especialmente a aprovação, em 1773, do imposto inglês sobre o chá, produto im-portado e muito consumido pelos colonos.

b) Em meados do século XVIII, fortaleceram-se as relações entre colonos norte-americanos e a sua colônia inglesa, especialmente com o apoio dos colonos contra os invasores espanhóis.

c) Além do imposto sobre o chá, o Parlamento inglês aprovou também o imposto sobre o açúcar. No entanto, essa lei não foi tão grave, pois esse produto não era importante para os Estados Unidos, que, nessa época, quase não consumiam açúcar.

d) A Lei do Chá está relacionada ao episódio em que colonos ingleses, vestidos de índios, jo-garam um carregamento de chá no porto de Boston. Esse incidente radical levou a Ingla-terra a reconhecer a independência dos Esta-dos Unidos.

e) Os conflitos entre Inglaterra e França (Guerra dos Sete Anos – 1756-1763) estão relaciona-dos diretamente à Guerra de Secessão norte--americana.

8. (UFGO) A Inglaterra apoiou os movimentos de independência das colônias luso-espanholas de-vido ao(à):

a) receio da expansão comercial das colônias;

b) influência das ideias geradas pela Revolução Francesa;

c) influência das novas ideias políticas do século XVIII sobre a Espanha e Portugal;

d) necessidade de aumentar a produção indus-trial das colônias;

e) necessidade de assegurar novos mercados para seus produtos.

9. (ENEM) Em 2008 foram comemorados os 200 anos da

mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequên-cia de eventos importantes ocorreu no período de 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família real portuguesa permaneceram no Brasil.

Entre esses eventos, destacam-se os seguintes: Bahia-1808: Parada do navio que trazia a família

real portuguesa para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um possível ata-que de Napoleão.

Rio de Janeiro-1808: Desembarque da família real portuguesa na cidade onde residiriam du-rante sua permanência no Brasil.

Salvador-1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as na-ções amigas, ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à es-quadra portuguesa.

Rio de Janeiro-1816: D. João torna-se rei do Brasil e de Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I.

Pernambuco-1817: as tropas de D. João VI sufo-cam a revolução republicana.

GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe me-droso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e muda-ram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Pla-neta, 2007 (adaptado).

Uma das consequências desses eventos foi:a) a decadência do império britânico, em razão

do contrabando de produtos ingleses através dos portos brasileiros.

b) o fim do comércio de escravos no Brasil, por-que a Inglaterra decretara, em 1806, a proibi-ção do tráfico de escravos em seus domínios.

c) a conquista da região do Rio da Prata em re-presália à aliança entre a Espanha e a França de Napoleão.

d) a abertura de estradas, que permitiu o rom-pimento do isolamento que vigorava entre as províncias do país, o que dificultava a comu-nicação antes de 1808.

e) o grande desenvolvimento econômico de Por-tugal após a vinda de D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de manu-tenção do rei e de sua família.

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HISTÓRIA

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O século XIX foi marcado por revoltas e revoluções, especialmente na Europa, que dominava o mundo por meio do comércio, da diplomacia ou da conquista territorial. Pode-se então afirmar que o século XIX foi marcado pelos movimentos revolucionários.

Revoltas, revoluções, golpes, levantes são alguns dos termos utilizados por René Rémond para descrever os movimentos que ocorreram na Europa ao longo do século XIX. E ainda, segundo a afirmação do historiador, alguns vitoriosos, outros fragorosamente derrotados, mas todos promovidos contra a ordem estabelecida (social, política ou econômica).

Os movimentos que ocorreram durante o século XIX foram gestados a partir de ideologias que surgiram ou se fortaleceram ao longo do referido século. Portanto, para saber sobre os movimentos revolucionários, abordam-se inicialmente as suas matrizes gestadoras.

Ideologias do século XIX2

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Para iniciar o estudo das ideologias que caracterizaram o século XIX, responda às questões:

1. Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, ideologia pode ser definida como o conjunto articulado de ideias, valores, opiniões, crenças, etc., que expressam e reforçam as relações que conferem unidade a determinado grupo social (classe, partido político, seita religiosa, etc.) seja qual for o grau de consciência que disso tenham seus portadores. De acordo com a definição, é correto afirmar: a) Toda sociedade ou grupo humano é regido por uma ideologia, mesmo que seus integrantes

não tenham consciência da existência de tal ideologia.b) As ideologias podem ser alteradas rapidamente, não necessitando da ação humana.c) Não importa o período da história ou a sociedade humana da qual se trata, as ideologias

que regeram e regem as vidas humanas nunca sofreram alterações.d) É possível identificar sociedades nas quais nunca houve uma ideologia que norteasse a vida

de seus integrantes.e) Ideologia nunca esteve vinculada à organização política de um determinado grupo ou socie-

dade.

2. Sobre a burguesia, ao longo das idades Média, Moderna e Contemporânea, analise as afirmativas: I. Foi caracterizada pela dedicação ao comércio e às atividades bancárias. II. Classe conservadora, a burguesia sempre foi contra movimentos revolucionários. III. Promoveu a difusão das ideias iluministas porque desejava a implantação de uma socie-

dade na qual tivesse maior destaque e liberdade. IV. Na atualidade, a burguesia continua a ser a classe mais revolucionária nas sociedades

ocidentais.

De acordo com a análise das afirmativas, assinale a alternativa correta: a) Todas as afirmativas estão certas.b) Todas as afirmativas estão erradas.c) Apenas as afirmativas I e II estão certas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão certas.e) As afirmativas II e IV estão certas.

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HISTÓRIA

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Liberalismo

Ao longo dos séculos XVII e XVIII, o mundo ocidental foi influenciado pelo racionalismo e pelo Iluminismo, teorias que pregavam o uso da razão e a promoção de estudos para o desenvolvimento do conhecimento humano. Os ideólogos da Revolução Francesa (1789-1799) foram os filósofos ilumi-nistas que questionaram o Antigo Regime, as superstições, as tradições e tudo o que mais lembrasse tradição e passado.

O liberalismo tinha anseio por uma sociedade liberal e individual, em que os homens pudessem buscar o conhecimento e tomar as suas decisões. Como uma teoria filosófica, buscava a liberdade em todos os setores da vida humana e não apenas na economia, seu lado mais difundido.

Analise os documentos:

DELACROIX, Eugène. A liberdade conduzindo o povo. 1830. 1 óleo sobre tela, color., 260 cm x 325 cm. Museu do Louvre, Paris.

De acordo com a análise, responda:

a) Quais são as características que podemos atribuir à liberdade?

b) Observando a obra de Delacroix, qual é o preço a pagar pela conquista da liberdade?

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É que a liberdade não é uma condessaDo nobre Falbourg Saint-GermainÉ uma mulher forte, de poderosas mamasDe voz rouca e de beleza rudeÉ essa mulher, enfim que sempre bela e nua

Com a faixa tricolorRessurge de repente, entre os nossos muros sob o fogo da metralhadora, Para secar nossos olhos em pranto.

FRIEDLANDER, Walter. In: COLEÇÃO Grandes mestres da pintura. São Paulo: Folha de S.Paulo, 2007. p. 56. Eugène Delacroix.

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A ideologia liberal, tentando eliminar todos os ranços do autoritarismo do Antigo Regime, passou a propor a divisão dos poderes do Estado. À burguesia interessava uma política que favorecesse a implantação de uma economia mais participativa.

De acordo com a visão sociológica do liberalismo, leia o fragmento:

A conclusão é fácil de se adivinhar: o liberalismo é a expressão, isto é, o álibi, a máscara dos interesses de uma classe. É muito íntima a concordância entre as aplicações da doutrina liberal e os interesses vitais da burguesia.

Quem então tira maior partido, na França ou na Grã-Bretanha, do livre jogo da iniciativa política ou econômica, senão a classe social mais instru-ída e mais rica? A burguesia fez a Revolução e a Revolução entregou-lhe o poder; ela pretende conservá-lo, contra a volta de uma aristocracia e contra a ascensão das camadas populares. A burguesia reserva para si o poder po-lítico pelo censo eleitoral. Ela controla o acesso a todos os cargos públicos e administrativos. Desse modo, a aplicação do liberalismo tende a manter a desigualdade social.RÉMOND, René. O século XIX (1815-1814): introdução à história de nosso tempo. São Paulo: Cultrix, 2010. p. 31.

Socialismo

A ideia de uma sociedade igualitária é anterior à Revolução Industrial. Algumas sociedades agrárias europeias já haviam apresentado projetos para soluções de seus problemas rurais. Pode-se citar como exemplo o Manifesto dos Iguais, que foi proposto por Graco Babeuf em pleno processo revolucionário francês.

Movimento operárioO socialismo foi cooptado pelo movimento operário, que buscava alternativas para a vida de tra-

balho, sacrifícios e privações nas fábricas e nas vilas e cortiços. A Revolução Industrial foi a responsável pela criação de uma sociedade que apresentava dois

segmentos sociais bastante distintos – patrões e operários – muito próximos, mas separados por um grande abismo: de um lado, os proprietários dos barracões, das máquinas e das matérias-primas e, do outro, os trabalhadores que vendiam sua força de trabalho. E é essa sociedade dicotômica e próxima que vai fomentar o desenvolvimento da ideologia socialista.

Socialismo utópicoO socialismo, desde o seu surgimento, pregava uma sociedade sem classes, na qual não deveriam

existir privilégios. Os teóricos que passaram a estudar, defender e difundir o socialismo foram divididos em dois grupos: os socialistas utópicos e os socialistas científicos.

Os socialistas utópicos receberam tal denominação porque promoveram a crítica da condição de vida e de trabalho dos operários; entretanto, não apresentaram propostas ou soluções consideradas próximas da aplicação prática. Os principais socialistas utópicos foram os franceses Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen.

Após o processo revolucionário de 1789, a burguesia passou a acumular poder político e econômico. À medida que ascendia socialmente, passou também a ditar moda e padrões de comportamento

GIRON, Charles Alexandre. La parisienne, 1883. 1 óleo sobre tela, color., 200 cm x 91 cm. Petit Palais, Paris.

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HISTÓRIA

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William Godwin, um dos representantes do anarquismo, ao lado de Kroptkin e Bakunin

Karl Marx, autor, juntamente com Friedrich Engels, das obras Manifesto comunista e O capital

Socialismo científicoKarl Marx e Friedrich Engels ficaram conhecidos como representantes do socialismo científico

porque promoveram um grande estudo das sociedades humanas e da economia. Só então lançaram suas ideias para a implantação de uma sociedade mais justa e igualitária.

Desde suas obras de juventude, Karl Marx já demonstrava uma preocupação com a impossibilidade de o homem se realizar integralmente na sociedade de então. Observando a seu redor, Marx percebia que a exploração à qual era submetida a maioria dos cidadãos não permitia a eles conseguir um desenvolvimento completo de suas personalidades. Além disso, o trabalho, da maneira como era estabelecido, não representava prazer para aquele que produzia; muito pelo contrário, o trabalho era um jugo ao qual ele deveria se submeter para garantir sua subsistência. O fruto de seu trabalho era algo distante, uma vez que não lhe pertencia; a maioria da população trabalhava, mas eram os donos do capital que se apropriavam do resultado deste trabalho.

Marx acreditava que aquela situação teria de chegar ao fim. Uma nova sociedade deveria surgir um dia, na qual todos os homens tivessem a possibilidade de desenvolver plenamente todas as suas potencialidades, fossem elas no campo da arte, da ciência, do amor, etc. Esta nova sociedade onde viveria um homem novo, um homem total, seria a sociedade comunista. Comunismo, para ele, era o estágio da sociedade humana onde não mais existiriam exploradores e explorados, onde a exploração do homem pelo homem tivesse chegado a seu fim. O homem, a sociedade e a natureza formariam um todo harmônico; o sonho do Homem Integral estaria realizado. SPINGEL, Arnaldo. O que é comunismo. São Paulo: Brasiliense, 1987. p.12, 13.

Em 1848, Marx e Engels publicaram o Manifesto comunista, obra com todo o programa pro-posto para a Liga dos Comunistas. Os autores apresentaram um histórico de todas as formas

de opressão às quais os trabalhadores foram submetidos e ainda lançaram duras críticas ao capitalismo. Na obra, Marx e Engels conclamam os trabalhadores a promoverem a revolução

e a implantarem a ditadura do proletariado.À medida que a industrialização foi se alastrando e a exploração dos operários

aumentando, o socialismo encontrou fiéis seguidores dispostos a derrubar a ordem burguesa e a implantar uma sociedade sem classes sociais.

Anarquismo

O anarquismo é uma ideologia que encontra suas raízes modernas no pensamento iluminista. A sua difusão ocorreu de forma simultânea à do socialismo no meio operário.

O termo “anarquia” significa ausência de coerção, ou seja, a ausência de um governo esta-belecido e de governantes oficialmente escolhidos ou empossados.

William Godwin, Peter Kroptkin e Mikail Bakunin são considerados representantes do movimento que prega a inexistência de um governo estabelecido, o anticlericalismo, o ateísmo e a mais completa liberdade do indivíduo.NORTHCOTE, James. William Godwin, 1802.

1 óleo sobre tela, color., 74,9 cm x 62,2 cm. National Portrait Gallery, Londres.

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Giuseppe Garibaldi foi considerado um dos líderes da unificação da Itália, movimento que contou com forte apelo nacionalista

Leia o texto:

Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria pri-vilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.BAKUNIN, Mikhail Alexandrovich. Textos anarquistas. Porto Alegre: L&PM, 2006. p. 118.

Execrável: abominável.

De acordo com as ideias contidas no texto, analise as afirmativas: I. O texto apoia o socialismo, ideologia difundida no século XIX e que não acreditava em um governo

que promovesse a igualdade. II. Bakunin, autor do texto, não acreditava que poderia existir de fato um governo que implantasse uma

sociedade igualitária. III. O texto aponta a possibilidade de líderes, vindos das classes operárias, chegarem ao poder e se

manterem fiéis às propostas de igualdade.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta: a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas.c) Apenas as afirmativas I e II estão erradas. d) Apenas as afirmativas I e III estão erradas.e) Apenas as afirmativas II e III estão erradas.

Nacionalismo

O nacionalismo foi uma ideologia que esteve em voga na Europa do século XIX, em especial na segunda metade do referido século. E o sentimento de pertencimento a uma nação foi um projeto

dos governos que desejavam a união de toda uma população na tarefa de construção de uma grande nação.

Um dos motivos para o estímulo ao nacionalismo na Europa foram as fronteiras estreitas e muitas vezes disputadas por várias gerações de um mesmo povo. Outro motivo foi a industrialização e a disputa por mercados e territórios ultracontinentais.

É importante destacar o papel que tiveram os literatos, linguistas, poetas e historiadores que, em seus trabalhos, contribuíram para resgatar, engrandecer e valorizar os laços e características comuns que poderiam unir povos.NADAR, Félix. Retrato de Giuseppe Garibaldi em

1870. Coleção particular do fotógrafo Gaspard-Félix Tournachon.

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HISTÓRIA

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Os processos de unificação da Itália

e da Alemanha Fortemente imbuídos de espírito nacionalista, os sete Estados que ocupavam a Península Itálica

e os 38 que estavam localizados onde antes ficava o Sacro Império Romano-Germânico iniciaram um longo processo pela unificação territorial.

Mesmo depois do fim das campanhas napoleônicas, italianos e alemães solicitaram aos órgãos internacionais, como o Congresso de Viena (1814), a sua unificação e surgimento como Estados. Como o Império Austro-Húngaro, grande beneficiado dessa divisão territorial, sempre acabava por impedir o processo, houve movimentos armados.

Doutrina social da Igreja

Nas últimas décadas do século XIX, a Europa havia passado por grandes mudanças políticas, sociais e econômicas. A industrialização e o desenvolvimento da economia capitalista haviam criado uma sociedade dividida entre burgueses e operários. As desigualdades econômicas estavam favorecendo a formação de grupos e partidos que se confrontavam e causavam agitação. Foi nesse contexto que o papa Leão XIII, em 1891, publicou a encíclica Rerum Novarum, por meio da qual conclamava os industriais e comerciantes a promoverem ações com o objetivo de melhorar as condições de vida dos operários.

Realize uma pesquisa sobre os processos de unificação da Itália e da Alemanha. Utilize o quadro presente em seu material de apoio na página 52 e preencha-o com os dados solicitados.

1. Observe a tirinha:

© Joaquín Salvador Lavado (Quino). Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2008. p. 203.

Miguelito comenta com Mafalda e Filipe um dos princípios defendidos pelo socialismo, ideologia difun-dida na Europa ao longo do século XIX.

Assinale a alternativa que apresenta o princípio socialista abordado na tirinha:

a) A implantação de uma sociedade igualitária. b) O fim da propriedade privada dos meios de produção.c) A implantação da ditadura do proletariado.d) O fim da mais-valia.e) A implantação do salário mínimo.

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2. A respeito da sociedade liberal, leia o texto:

A sociedade repousa sobre a igualdade de di-reito: todos dispõem dos mesmos direitos civis. Contudo, em parte sem que o saiba, em parte deliberadamente, o liberalismo mantém uma de-sigualdade de fato e vai dar ocasião para a crítica dos democratas e dos socialistas.

O reconhecimento da igualdade de todos diante da lei, da justiça, do imposto não exclui a diferença das condições sociais, a disparidade das fortunas, uma distribuição muito desigual da cultura. Acontece mesmo que a sociedade liberal consagra em seus códigos algumas desigualda-des, como, por exemplo, entre homem e mulher, entre empregador e empregado.

Além da desigualdade de princípio e da de-sigualdade de fato, a sociedade liberal repousa essencialmente no dinheiro e na instrução, que são os dois pilares da ordem liberal, os dois pivôs da sociedade.

RÉMOND, René. O século XIX (1815-1814): introdução à história de nosso tempo. São Paulo: Cultrix, 2000. p. 44-45.

De acordo com o texto, responda:

a) Explique como o liberalismo, apesar de estabele-cer que todos os indivíduos possuem os mesmos direitos civis, possibilitou a formação de socieda-des que se caracterizam pela desigualdade.

b) Quais são os dois pilares nos quais repousa a sociedade liberal?

3. Sobre as ideologias difundidas na Europa, ao longo do século XIX, analise as afirmativas:

I. Estavam ligadas aos processos revolucionários ocorridos na Inglaterra e na França ao longo dos séculos XVII e XVIII.

II. Pode ser estabelecida uma estreita ligação en-tre a Revolução Industrial, as mudanças cau-sadas no mundo do trabalho e nas sociedades e a difusão de ideologias que pregavam a im-plantação de sociedades igualitárias.

III. Não pode ser estabelecida nenhuma relação entre as ideologias difundidas ao longo do século XIX na Europa e o Iluminismo.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta:

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as alternativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I e II estão certas.

d) Apenas as afirmativas II e III estão certas.

e) Apenas as afirmativas I e III estão certas.

4. A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada durante o processo re-volucionário francês iniciado em 1789, foi refor-mulada e adotada pela ONU, em 1948, com a denominação Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esse documento afirma:Artigo I. Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.Artigo II. Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta De claração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, seja de cor, sexo, língua, religião, opinião po lítica ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qual-quer outra condição.Explique de que maneira a sociedade liberal, nascida dos anseios da burguesia que inspirou o Iluminismo, subverte os princípios contidos no documento que foi elaborado a partir dos pres-supostos iluministas.

5. Leia o texto:

Desta vala imunda a maior corrente da indústria humana flui para fertilizar o mundo todo. Deste es-goto imundo jorra ouro puro. Aqui a humanidade atinge o seu mais completo desenvolvimento e sua maior brutalidade, aqui a civilização faz milagres e o homem civilizado torna-se quase um selvagem.

TOCQUEVILLE, Aléxis de. In: HOBSBAWM, Eric J. A era das re-voluções: 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 209. p. 354.

Esse texto faz referência à Revolução Industrial e evidencia:

a) a admiração de Tocqueville pelo progresso al-cançado pela humanidade com a Revolução Industrial.

b) o contraste entre o progresso técnico e as condições de vida dos trabalhadores fabris.

c) o desprezo de Tocqueville pelas mudanças que vi nham se operando no processo produ-tivo e que causavam a decadência econômica europeia.

d) a preocupação de Tocqueville com a suprema-cia inglesa no setor industrial.

e) a melhoria de vida dos trabalhadores euro-peus com a Revolução Industrial.

Ensino Médio | Modular 29

HISTÓRIA

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Nas unidades anteriores, estudou-se o conjunto de transformações pelo qual a Europa passou ao longo dos séculos XVIII e XIX. A industrialização iniciada na Inglaterra acabou por atingir as economias dos demais países do continente. Em função da industrialização, as políticas de expansão territorial dos países europeus foram revistas, uma vez que locais para a obtenção de matérias-primas tornaram-se primordiais para a manutenção dos parques industriais. A ampliação dos mercados consumidores também sofreu alterações, pois a grande concorrência por consumidores exigia políticas comerciais agressivas.

A burguesia, classe ligada ao capitalismo industrial e comercial, inaugurou o período de consumismo de massa, no qual a propaganda passou a fazer parte do negócio.

Na cena que se passa dentro de um ônibus, é possível observar um casal burguês rodeado de luxo e conforto e uma mulher da classe operária. As diferenças materiais entre os dois grupos de pessoas podem ser observadas na cena. Observe no teto do ônibus o espaço destinado às propagandas da época

JOY, George W. The Bayswater Omnibus. 1895. 1 óleo sobre tela, color., 172 cm x 120 cm. Museu de Londres, Inglaterra.

Imperialismo

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Propaganda do Sal de Fruta Eno do início do século XX. Cartazes como esse eram fixados no teto dos ônibus (Observe a imagem da página anterior)

O desenvolvimento tecnológico e a utilização de novas matérias-primas, como o ferro e o aço, provocaram um espantoso processo de urbanização e aceleraram a velocidade nas formas e meios de comunicação. Para manter toda essa economia aquecida, era necessária a expansão territorial. O imperialismo ou neocolonialismo foi a busca por colônias na África, sul da Ásia e Oceania. Todo o processo de conquista e dominação foi levado a cabo pelos países industrializados europeus.

A “empresa imperialista” tinha como bases a ação política, a ação econômica e ainda a ação humanitária. Pela ação política, desenvolviam-se planos de dominação e exploração de novos territórios. Pela ação econômica, os donos do capital destinavam grandes somas para o estabelecimento de núcleos de exploração. E, pela ação huma-nitária, os europeus criavam justificativas generosas para as ações estarrecedoras que promoviam.

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HISTÓRIA

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De acordo com os documentos e com seus estudos:

a) explique o significado imperialista da charge;

b) interpretando a imagem e o texto, explique o discurso criado pelos colonizadores para justificar o impe-rialismo.

“As raças superiores têm um direito perante as raças inferiores. Há para elas um direito porque há um dever para elas. As raças superiores têm o dever de civili-zar as inferiores [...] Vós podeis negar, qualquer um pode negar que há mais justiça, mais ordem material e moral, mais equidade, mais virtudes sociais na África do Norte desde que a França a con-quistou?” Discurso proferido por Jules Ferry no Parlamento francês, em 28 de julho de 1895.

Equidade: disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um; justiça.

Observe os documentos:

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O inglês Cecil John Rhodes desejava ligar todas as possessões britânicas na África através de ferrovias e do telégrafo. Seu lema era: “... do Cairo ao Cabo!”

32 História Moderna e Contemporânea II

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Imperialismo na África

Exploradores partiam para a África com a missão de atingir algum ponto importante do continente, evangelizar os povos africanos ou encontrar caminhos que levassem às tão esperadas riquezas. Os diários de tais viajantes com informações detalhadas sobre o continente passavam a ser instrumentos de conquista e exploração.Um dos maiores exploradores da África foi o jornalista escocês David Livingstone (1813--1873), que viajou à África com o objetivo de encontrar a nascente do Rio Nilo. Seus escritos contribuíram para a escravização de diversos povos africanos pelos colonizadores europeus. Em um de seus retornos à Europa, ele denunciou a escravidão desumana praticada pelos países europeus. Morreu no continente africano debilitado pela febre amarela

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A África foi o primeiro continente a ser explorado pelos europeus em função da sua proximidade geográfica e ainda por serem raros os povos africanos capazes de oferecer resistência à dominação europeia devido à fragilidade bélica e ao isolamento no qual viviam muitos dos povos africanos. Esse continente foi o primeiro alvo do imperialismo europeu e se converteu no continente mais explorado.

África colonial

Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 138-139. Adaptação.

Independência

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HISTÓRIA

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Leia o texto:

[...] Um belo dia, alguns anos antes de William Sheppard embarcar para a África, um cirurgião veterinário, com uma majestosa barba branca, mexia no triciclo do filho, em sua casa em Belfast, Irlanda. John Dunlop estava tentando resolver um problema que vinha atazanando os ciclistas havia anos: como conseguir rodar de modo mais confortável sem molas? Dunlop finalmente descobriu um jeito prático de solucionar o antigo problema, um aro inflável de borracha. Em 1890, a companhia Dunlop começou a produzir pneumáticos – desencadeando uma verdadeira febre de bicicletas e dando início a uma nova indústria que se ajustaria como uma luva ao advento do automóvel, como se veria pouco depois.

Os europeus conheciam a borracha desde que Cristóvão Colombo reparara na substância, nas então Índias Ocidentais. Em língua inglesa, o nome rubber surgiu no final do século XVIII, quando um cien-tista britânico observou que a substância conseguia apagar, ‘rub’, marcas de lápis. O escocês Charles Macintosh acrescentou o próprio nome ao léxico inglês, em 1823, quando descobriu como fabricar em massa algo que os índios das Américas já conheciam havia muito tempo: a borracha aplicada em tecido, para torná-lo impermeável. E assim surgiu o termo Macintosh ou mackintosh, usado até hoje para designar capa de chuva. Dezesseis anos depois, o inventor norte-americano Charles Goodyear deixou cair, acidentalmente, um pouco de enxofre sobre borracha quente. Descobriu então que a mistura resultante não endurecia depois de fria, nem ficava malcheirosa ou grudenta quando quente – resolvendo um grande problema para quem estava tentando fabricar botas ou capas de borracha. Mas foi apenas por volta de 1890, meia década depois, quando Dunlop adaptou aros pneumáticos nas rodas do triciclo do filho, que teve início, mundialmente, o boom da borracha. O mundo industrializado desenvolveu então um grande apetite não só por pneus de borracha, mas também por mangueiras, tubos, equipamentos de vedação e por aí afora, sem contar os isolantes de borracha para a fiação dos telégrafos, telefones e eletricidade que invadiam rapidamente o globo. De repente, as fábricas estavam correndo atrás da substância mágica, e o preço da borracha subiu sem parar durante toda a última década do século XIX. Em nenhuma parte, esse boom teve um impacto mais desastroso na vida das pessoas do que na floresta equatorial, quase metade das florestas do Congo do rei Leopoldo.HOCHSCHILD, Adam. O fantasma do rei Leopoldo: uma história de cobiça, terror e heroísmo na África Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 169.

Explique os motivos que levaram o autor a afirmar que a exploração de matérias-primas, como a borracha, foi desastrosa para os povos africanos.

História Moderna e Contemporânea II34

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Imperialismo na Ásia

A Ásia era cobiçada pelos europeus desde que os primeiros relatos das viagens de Marco Polo começaram a circular pelas cidades europeias. Ao longo do século XIX, a Ásia foi mais um dos polos de concentração de colônias.

Exploração inglesa na Índia e na China Desde o século XVII, a Inglaterra promovia o comércio com a Índia através da Companhia das Índias

Orientais, empresa britânica que controlava o comércio de produtos como o algodão, o chá e o ópio. Na China, os ingleses comercializavam o ópio em estado bruto, a porcelana e a seda.

Os ingleses não só exploravam as riquezas da Índia e da China, como também não respeitavam os costumes dos povos com os quais mantinham relações comerciais e de dominação. Tais atitudes levaram indianos e chineses a pegarem em armas com o objetivo de expulsar os ingleses de seus territórios e acabar com a opressão.

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Ásia Colonial

Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 138-139. Adaptação.

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Ensino Médio | Modular 35

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A execução de participantes do movimento

contribuiu para a intimidação da população

indiana

Após a derrota, a luta contra a exploração imperialista na China se deu por meio

de um grupo que promovia atentados terroristas contra

os estrangeiros. Foram denominados Boxers

Na Índia, podemos citar a Revolta dos Cipaios (1857), movimento promovido pelos soldados indianos que trabalhavam para o exército britânico e descobriram que a gordura de vaca, animal sagrado para os hindus, estava sendo distribuída para a lubrificação das armas. A revolta foi contida pelos ingleses, que impuseram uma dominação maior sobre a Índia.

Na China, o conflito ocorreu porque o imperador chinês resolveu proibir o comércio e o consumo de ópio. Os ingleses, que obtinham muito lucro com a plantação da papoula na Índia, a fabricação do ópio e a comercialização do produto em estado bruto na China, não aceitaram a ordem do imperador e deram início à Guerra do Ópio (1839-1860). O conflito contou com três fases e foi vencida pelos ingleses, que tiveram liberada a comercialização do produto no território chinês e ainda receberam como indenização a ilha de Hong Kong por cem anos.

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BEATO, Felice A. Enforcamento de dois rebeldes, 1858.

Execução de um boxer. [ca. 1900].

História Moderna e Contemporânea II36

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Tomando por base as principais características dos dois movimentos expansionistas promovidos pelos Estados europeus, complete este quadro:

Colonialismo Neocolonialismo

Período

Outra denominação

Revolução econômica europeia do período

Países pioneiros

Interesses europeus

Continentes colonizados

HISTÓRIA

Ensino Médio | Modular 37

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Sobre o imperialismo europeu no continente africano e seus reflexos até nossos dias, leia os textos a seguir:

Texto 1“Nem o imperialismo nem o colonialismo são um simples ato de acumulação

e aquisição. Ambos são sustentados e talvez impelidos por potentes formações ideológicas que incluem a noção de que certos territórios e povos precisam e imploram pela dominação, bem como formas de conhecimento filiadas à domi-nação: o vocabulário da cultura imperialista oitocentista clássica está repleto de palavras e conceitos como ‘raças servis’ ou ‘inferiores’, ‘dependência’, ‘expansão’ e ‘autoridades’.”SAID, Edward. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

Texto 2

“Na África, a miséria é tão grande e o ponto de partida para o crescimento tão baixo que os avanços conseguidos até agora nem sempre parecem fazer diferença. Metade da população ao sul do Saara, mais de 300 milhões de pessoas, vive em condições extremas de pobreza, ou seja, subsiste com menos de 1 dólar por dia. Essa é a má notícia. A péssima é que esse número permanece praticamente estável há quinze anos. Na maioria dos países africanos o crescimento populacional supera com folga o do produto interno bruto (PIB). Isso significa que a economia cresce, mas a renda per capita continua baixa. O contraponto com o restante do mundo é arrasador. Enquanto a renda per capita na região cresceu 25%, no Leste Asiático esse indicador aumentou oito vezes nos últimos 45 anos.SHELP, Diogo. A saga das duas Áfricas. Veja. São Paulo, ed. 2046, 6 fev. 2008.

Esses dois textos analisam a colonização europeia no continente africano e suas consequências até nossos dias. Discutam, em grupo, sob a supervisão de seu professor, as seguintes questões:

a) Consequências negativas do imperialismo europeu para o continente africano ontem e hoje.

b) Hoje, qual o papel europeu no continente africano?

c) Há fatores positivos em uma colonização?

38 História Moderna e Contemporânea II

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Estados Unidos nas Américas

A história dos Estados Unidos da América teve início com a formação de Treze Colônias voltadas para o Atlântico Norte. Mesmo antes de realizar a independência, os colonos já possuíam pretensões de expansão territorial. E a expansão, que ocorreu do Atlântico até o Pacífico, foi denominada Expansão ou Corrida para o Oeste.

Imperialismo estadunidense: expansão para o

OesteSair das regiões já urbanizadas ou pacificadas que formavam as primeiras colônias e se aventurar

pelo interior do continente não era tarefa fácil. Os motivos que levaram os colonos na busca de novos territórios foram a necessidade de novas áreas de pastagens, o aumento populacional nas terras que formavam as primeiras Treze Colônias, a chegada de novos imigrantes e a descoberta de ouro na região da Califórnia.

O território que os estadunidenses possuem na atualidade foi conquistado por meio da dizimação dos povos indígenas, da compra de territórios e da conquista por meio de guerras.

Depois de respondidas essas questões, produzam um texto em que as informações obtidas sejam expostas.

Ensino Médio | Modular 39

HISTÓRIA

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A expansão territorial estadunidense foi baseada em O Destino Manifesto, uma doutrina que afirmava ser o povo dos Estados Unidos o escolhido por Deus para dominar. E tal missão justificaria todos os massacres e extermínios que foram realizados em nome da ampliação territorial.

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Formação territorial dos Estados Unidos

Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 60. Adaptação.

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Analise a obra de John Gast e, depois, produza em seu caderno um comentário a res-peito dela. Perceba os elemen-tos retratados pelo artista que podem ser considerados sinais da ocupação do território pelo homem branco.

GAST, John. O destino manifesto. 1872. 1 óleo sobre tela, color., 45,085 cm x

54,61 cm. Gene Autry Western Heritage Museum, Los Angeles.

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História Moderna e Contemporânea II40

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À medida que os Estados Unidos iam ampliando suas fronteiras, também aumentavam suas pretensões de domínio político e econômico sobre a América Latina. Com tal intuito, em 1823, o presidente James Monroe criou a Doutrina Monroe, resumida no slogan “A América para os americanos”. Ele desejava diminuir a influência das potências europeias sobre os países latino-americanos com o objetivo velado de tomar tal posição.

Guerra Civil estadunidense (1861-1865)

O crescimento dos Estados Unidos foi rápido e espantoso, mas não foi homogêneo. O país podia ser dividido em duas regiões com características muito distintas: o Norte industrializado, urbano com a utilização da mão de obra livre; e o Sul agrícola, rural e escravista. Essas diferenças causaram diferentes formas de viver e, consequentemente, anseios e necessi-dades diferenciados. Aos sulistas interessava a permanência da mão de obra escrava, o incremento aos portos escoadores de algodão e o incentivo à monocultura algodoeira. Aos nortistas interessava o desenvolvimento do comércio interno, o incentivo à construção de ferrovias e ao trabalho assalariado.

Todas essas diferenças e divergências desembocaram na campanha eleitoral à presidência da república, que ocorreu em 1860. O Partido Republicano, majoritário no Norte, lançou como candidato Abraham Lincoln, cuja plataforma era a abolição do trabalho escravo. Os de-mocratas, representantes dos sulistas, lançaram Jefferson Davis, que prometeu a manutenção da escravatura.

Com a vitória de Lincoln, nas urnas, os sulistas decidiram se separar da União e formar um novo país nominado Estados Confederados da América. Jefferson Davis, o candidato derrotado, seria o presidente do novo país.

SMITH, William Morris. Oficiais da 50.° Cavalaria dos Estados Unidos nas proximidades de Washington, D.C. Junho de 1865. Biblioteca do Congresso, Petersburgo.

Agora, leia o fragmento da carta enviada pelo Cacique Seattle, da tribo Duwamish, em resposta à pro-posta de compra da terra feita pelo presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854.

O Grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O Grande Chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa da nossa amizade. Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O Grande Chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz, com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas – elas nunca empalidecem. Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal ideia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los?BROWN, Dee. Enterrem meu coração na curva do rio. Rio de Janeiro: Círculo do Livro, 1983. p. 134.

Você concorda com a doutrina do destino manifesto? Há algum povo que possui tal prerrogativa sobre os demais? Justifique sua resposta.

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1. (UESC – BA) Com o apogeu da sociedade indus-trial e do elogio ao trabalho, os povos que não acompanhassem o grau de desenvolvimento europeu eram condenados à inferioridade. As-sim, ampliam-se as correntes que explicam a inferioridade dos povos da África por meio de argumentos “ecológicos”, tais como o meio quente e o solo fértil, produzindo abundância de alimento, levavam os africanos a uma vida mais tranquila, ao recolhimento familiar. Toda essa riqueza natural propiciava menor desen-volvimento da inteligência e menor diligência.

(SANTOS, 2002, p. 55).

O racismo gerado no contexto do imperialismo industrial do século XIX relacionava-se com os objetivos europeus de:

a) estabelecer campanhas de evangelização e de orientação sanitária para os povos do conti-nente africano.

b) manter as correntes do tráfico africano em di-reção ao Novo Mundo.

c) integrar cidadãos africanos aos quadros polí-ticos europeus.

d) justificar e legitimar a dominação sobre os po-vos africanos, utilizando, para isso, o discurso civilizatório.

e) promover a cooperação política com os novos países africanos.

2. (UNICAMP – SP) No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as diferenças entre os povos: o racismo. No entanto, os argumentos raciais

ROCHE, Thomas C. Morte de um soldado confederado nas trincheiras, 1.° de abril de 1865. Biblioteca do Congresso, Washington, D.C.

MOORE, Ed Frank. Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos da América, 1865.

O presidente Lincoln foi assassinado pelo sulista John Wilkes Booth, fato que contribuiu para o aumento das rivalidades entre “yankees” e “confederados”

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A Guerra de Secessão, outra denominação que recebeu este conflito, teve início em 1861 e durou até 1865, quando o Sul se rendeu. A estratégia de guerra dos Yankees (denominação dos nortistas) foi o fechamento dos portos sulistas, impedindo a chegada de armas, munição, alimentos e remédios aos confederados (sulistas).

A guerra civil deixou cicatrizes ainda na atua-lidade muito visíveis. O Sul foi destruído pelos combates e sua população civil sofreu grande-mente. O trabalho escravo foi abolido por Lincoln em 1863, mas aos negros não foi destinado nenhum programa de assistência do governo

que promovesse o bem-estar social dos ex-escravizados, fato que contribuiu

para o aumento da discrimina-ção racial no país.

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encontravam muitas dificuldades: se os aria-nos originaram tanto os povos da Índia quanto os da Europa, o que poderia justificar o do-mínio dos ingleses sobre a Índia, ou a sua su-perioridade em relação aos indianos? A única resposta possível parecia ser a miscigenação. Em algum momento de sua história, os arianos da Índia teriam se enfraquecido aos se mistu-rarem às raças aborígenes consideradas infe-riores. Mas ninguém podia explicar realmente por que essa ideia não foi aplicada nos dois sentidos, ou seja, por que os arianos da Índia não aperfeiçoaram aquelas raças em vez de se enfraquecerem.

PADGEN, Anthony. Povos e impérios. Rio de Janeiro: Objeti-va, 2002, p. 188-194. (Adaptação)

a) Segundo o texto, quais as incoerências pre-sentes no pensamento racista do século XIX?

b) O que foi o Imperialismo?

3. (FATEC – SP) No caso da história americana, um dos eventos mais retratados pela memória social é, sem dúvida, a chamada Marcha para o Oeste. Mesmo antes do surgimento do cinema, esses temas já faziam parte das imagens da história americana. A fronteira foi um tema constante dos pintores do século XIX. A imagem das ca-ravanas de colonos e peregrinos, da corrida do ouro, dos cowboys, das estradas de ferro cruzan-do os desertos, dos ataques dos índios marcam a arte, a fotografia e também a cinematografia americana.

CARVALHO, Mariza Soares de. Disponível em:<http://www.historia.uff.br/primeirosescritos/files/pe02-2.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2009.

Entre os fatores que motivaram e favoreceram a Marcha para o Oeste está:

a) a possibilidade de as famílias de colonos tor-narem-se proprietárias, o que também atraiu imigrantes europeus.

b) o desejo de fugir da região litorânea afunda-da em guerras com tribos indígenas fixadas ali, desde o período da colonização.

c) a beleza das paisagens americanas, o que atraiu muitos pintores e fotógrafos para aquela região.

d) o avanço da indústria cinematográfica, que encontrou no Oeste o lugar perfeito para a realização de seus filmes.

e) a existência de terras férteis que incentivaram a ida, para o Oeste, de agricultores que bus-cavam ampliar suas plantações de algodão.

4. (UEMS) Desde a Guerra da Secessão ocorrida nos Estados Unidos (1861-1865), foram formuladas e adotadas várias leis para os negros. E o que elas preconizavam eram:

a) o não segregacionismo, sem perseguições ob-jetivando uma sociedade justa e igualitária.

b) a igualdade de direitos e oportunidades, sen-do os negros alvos de políticas especiais no processo de transição do estado de escravi-dão para a condição de cidadãos livres, de modo a integrá-los na sociedade americana.

c) direitos diferenciados em razão do momento histórico de abolição da escravidão, mas os negros podendo usufruir dos mesmos direitos civis, políticos e sociais do restante dos ameri-canos.

d) o segregacionismo, com o objetivo de preser-var a “supremacia branca”. Um conjunto de leis foram promulgadas de modo a separar os espaços de brancos e negros: cada qual fre-quentarem escolas próprias, instalações sepa-radas em lugares públicos, entre outros.

e) preparar os negros para a nova condição de cida-dãos livres, estimulando a participação política, oportunizando a escolarização e igualando gra-dativamente os direitos sociais para uma equipa-ração dos direitos estendidos aos brancos.

5. (PUC – SP) Primeira colônia americana a se tornar independente, em 4 de julho de 1776, os Estados Unidos assumiram no século XIX:

a) uma posição estimulante aos movimentos re-volucionários, contestando as estruturas tra-dicionais do poder vigente em grande parte na Europa.

b) uma intransigente defesa da intervenção do Estado nas atividades econômicas, visando a controlar os abusos da burguesia.

c) a identificação do Estado com a religião purita-na, que seria obrigatório a todos os cidadãos.

d) dentro do continente americano, uma política imperialista, impondo seus interesses econô-micos às demais nações.

e) uma política de expansão colonial em direção à África e à Oceania.

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HISTÓRIA

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As últimas décadas do século XIX foram marca-

das pelo desenvolvimento da produção industrial. A produção de bens de consumo, máquinas e meios de transporte e de comunicação transformaram a paisagem europeia.

As cidades sofreram um grande inchaço, pois a po-pulação aumentou muito mais dos que as benfeitorias, como saneamento básico, habitações populares, ruas com calçamento, escolas, hospitais e empregos. Os espaços urbanos passaram a ser divididos entre os bairros operários e os burgueses. Os dois grupos sociais conviviam em um mesmo espaço. Entretanto, havia clu-bes operários e clubes burgueses, parques frequentados pela elite e outros para o lazer da classe trabalhadora.

A energia elétrica, um dos benefícios trazidos pela Revolução Industrial,

possibilitou que a noite fosse também ocupada por diversão, como a seresta

O circo era uma das diversões preferidas da classe trabalhadora. Nessa imagem, a exibição dos lutadores para atrair espectadores para as lutas livres

BARTHOLOMÉ, Albert. Músicos em um corredor, 1883. 1 óleo sobre tela, color., 78 cm x 64 cm. Petit Palais, Paris.

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Transformações de fim de século

O período compreendido entre os anos de 1870 e 1914 na Europa foi denominado La Belle Époque ou “A bela época”, porque durante 44 anos o continente europeu esteve em paz e o progresso material trazido pela Revolução Industrial estava à disposição dos endinheirados que desejavam mais conforto em suas rotinas.

Em sua beleza arquitetal de visões tão múltiplas, Paris desfruta da alegria criativa da liberdade.

Esse ideal, proclamado tão alto desde a Revolução Francesa de 1789, encontra enfim, após um sé-

culo de progressos históricos complexos, uma realidade concreta: sufrágio universal, liberdade de

opinião, liberdade de associação e de imprensa, universidade independente e poderosa... Intelectuais,

escritores, jornalistas, políticos, numerosos e ativos, alimentam debates em torno de questões cruciais

(a preservação da República, a luta contra o antissemitismo, o lugar da Igreja na sociedade) e em

estados emocionais às vezes mais violentos (anarquismo, separação da Igreja do Estado).

Essa liberdade de opinião e de ação públicas encontra seu correspondente na liberdade dos

costumes. Nessa metrópole de 1 500 000 habi-

tantes, para além das convenções estabelecidas

e às vezes respeitadas, tudo pode acontecer. Há

lugar para todas as satisfações possíveis. As

pessoas se encontram nos ricos salões de Saint-

-Germain, do Quartier de La nouvelle Athènes

ou do Parque Monceau, para falar de literatura

ou poesia, política ou religião; a diversão é

assegurada pelos cafés-concertos! É lícito ir-se

à Comédie Française para aprimorar a cultura

clássica e logo depois se misturar com a gente

dos grandes bulevares! Os cavalheiros se

rejubilam de assistir a um nobre espetáculo

do Ópera e sair de lá após a representação

levando nos braços uma bela dançarina! Colunata do jardim interior do Petit Palais

De acordo com os documentos, responda:

a) Que informações presentes no texto podem ser relacionadas com as ideologias que estudamos ao longo do Ensino Médio?

b) Como o autor do texto aborda o contato entre indivíduos de diferentes classes sociais?

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CHAZAL, Gilles. Paris 1900. In: BÜEL, Romarie Sulger (Coord.). Paris 1900. São Paulo: Museu de Arte de São Paulo, 2002. p. 13.

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HISTÓRIA

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A Exposição Universal de 1900Quinta exposição universal a ser organizada em Paris, a Exposição de 1900 abriu suas portas em 15 de

abril. Estendia-se por 120 hectares e ocupava de um lado e de outro do Sena um vasto espaço, englobando Champs-Elysées, Invalides, Champ-de-Mars e Trocadero. À entrada da exposição, no Cours-la-Reine, havia sido erigida uma porta monumental sobre a qual estava uma alegoria da cidade de Paris. Mais para cima do rio, fora lançada a ponte Alexandre III, que unia os Invalides aos Champs-Elysées. Na margem direita, de um lado e de outro da avenue Nicolas II, erguiam-se o Petit e o Grand Palais. Na margem esquerda, a esplanada dos Invalides estava ornada com quatro palácios separados por duas fileiras de mastros com auriflamas, bandeiras, estandartes e brasões. No centro, erguia-se o Palácio da Cerâmica e do Vidro, e o da Indústria; ao longo do Sena, o Palácio das Manufaturas Nacionais e na orla da rue de Grenelle, o Palácio da Decoração e do Mobiliário. Vinte e quatro grandes pavilhões estrangeiros ornavam a rue des Nations, que unia, na mar-gem esquerda, a ponte dos Invalides à ponte de l'Alma. No Champ-de-Mars estendiam-se duas fileiras de palácios consagrados às letras, ciências, artes e indústrias. A principal atração era o Palácio da Eletricidade, que se erguia a 60 m de altura, todo iluminado nos dias de festa. Em frente ao Champ-de-Mars, na colina do Trocadero, pavilhões exóticos em forma de palácio chinês, pagode, bazar japonês ou mesquita apresentavam as principais realizações das colônias francesas e estrangeiras. Da ponte de l'Alma à ponte dos Invalides, a rue de Paris oferecia um agradável contraponto com a rue des Nations. Ornada de teatros, cafés, salas de concerto, lojas, propiciava numerosas atrações aos visitantes. Uma passarela rolante conduzia aos pontos principais da exposição, constituindo uma de suas maiores curiosidades. Quando encerrou suas portas em 12 de novembro, a Exposição Universal havia recebido a visita de mais de cinquenta milhões de pessoas.

MOREL, Dominique. O Petit Palais e a Exposição Universal de 1900. In: BÜEL, Romarie Sulger (Coord.). Paris 1900. São Paulo: Museu de Arte de São Paulo, 2002. p. 13.

A Bela Época teve como centro difusor de inovações, de novos costumes e comportamentos a cidade de Paris. Essa cidade sofreu grandiosa reforma a partir de 1853, quando o imperador Napoleão III nomeou o Barão Georges-Eugène Hausmann chefe do Departamento do Sena. O Barão de Hausmann foi o responsável pela abertura das largas avenidas, construção de pontes, estabelecimento de parques e jardins e todo o mobiliário de rua (bancos, postes, floreiras, fontes, protetores de raízes de árvores, etc.) que passaram a ser a marca registrada da “Cidade Luz”.

E para marcar o grande desenvolvimento trazido pela indústria e o engajamento da França com os novos tempos foram realizadas as exposições universais. Essas exposi-ções tinham por objetivo expor os avanços da indústria, as riquezas trazidas das colônias e a pujança das economias dos países participantes. Vários países eram convidados a organizar stands com o melhor de suas economias e, à medida que as exposições se sucederam, também passaram a exibir suas expressões culturais e artísticas.

As exposições universais foram precedidas pelas exposições de produ-

tos industriais. Na França, a primeira dessas exposições ocorreu no ano de

1798, durante o período do Diretório na República proclamada durante a Revo-

lução Francesa. As exposições voltadas para a indústria e suas produções

foram ampliadas e passaram a ser chamadas de exposições universais, denominação que comprova a visão

dos europeus de que eram o centro de todo o mundo desenvolvido e civilizado.

Após a leitura do fragmento, responda às questões a seguir:

1. Qual a importância dada à produção industrial na Europa do início do século XX?

2. Nesse contexto europeu do fim do século XIX e início do século XX, explique os objetivos das exposições universais.

3. Partindo da conjuntura europeia descrita no fragmento, estabeleça a relação entre o imperialismo e o desenvol-vimento econômico dos Estados europeus.

4. Qual a razão para a afirmação presente no fragmento: “A principal atração era o Palácio da Eletricidade...”?

História Moderna e Contemporânea II46

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Com o trem se tornando um meio de transporte de massa, as compa-nhias de estradas de ferro da França, com o objetivo de tornar acessível até mesmo às populações com menor poder aquisitivo visitar Paris durante a Exposição Universal de 1900, estabelece-ram passagens mais baratas nos vagões de 2ª. e 3ª. classes. Eram os chamados “trens do prazer”, ou seja, os trens de passeio

FRAIPONT, Gustave. Estradas de Ferro do Oeste, Exposição Universal de Paris, 1900. 1 cartaz, 106 cm x 75 cm. Petit Palais, Paris.

O Grand Palais, o Petit Palais e a Ponte Alexandre III foram as construções edificadas para a Exposi-ção Universal de 1900 em Paris. A Torre Eiffel havia sido construída para servir como portal de entrada para a Exposição Universal de 1889. O plano era desmontá-la após a exposição. Entretanto, tanto ela quanto o Grand e o Petit Trianon e a Ponte Alexandre III se tornaram cartões-postais da “Cidade Luz” e são provas arquitetônicas do entusiasmo da Bela Época na Europa.

O estilo estético que norteou todas as transformações ocorridas na Bela Época na França foi o Art Nouveau. Intimamente relacionado à Segunda Revolução Industrial que estava em curso, apresentou o vidro e o ferro como elementos marcantes do design e da arquitetura. O estilo Art Nouveau também influenciou a moda, o mobiliário e as peças decorativas. Os avanços tecnológicos na área gráfica, especialmente a técnica da litografia colorida, possibilitaram a impressão de livros e cartazes, contri-buindo para a difusão de informações e conhecimento.

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HISTÓRIA

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Entrada de acesso ao metrô de Paris. Exemplo do estilo Art Nouveau que caracterizou a Bela Época

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As reformas promovidas pelo Barão de Hausmann em Paris tiveram como característica a abertura de largas avenidas, os boulevards, especialmente nos locais onde se concentravam os edifícios públicos e as sedes dos poderes. Além da praticidade no deslocamento da população, tal plano urbanístico tinha por objetivo acabar com as ruas muito estreitas que, em caso de revoltas, eram ideais para as barricadas erguidas pelos revoltosos.

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Observe a imagem de Brasília.

Esplanada dos Ministérios, Brasília

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É possível estabelecer relação entre o plano urbanístico do Barão de Hausmann e o de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer para a construção de Brasília? Pesquise mais informações que sustentem sua resposta.

As artes plásticas também foram influenciadas e refletiram as mudanças políticas e econômicas que atingiram a Europa durante o período. E uma das escolas artísticas mais destacadas do período foi o Impressionismo. A esse respeito, leia o fragmento a seguir:

[...] o que começou como fenômeno literário, a partir das décadas de 1850 e 1860, ecoava no mundo artístico, notavelmente na obra de Manet e dos pintores impressionistas, à medida que eles tateavam incertos rumo ao que Baudelaire defendia como “a pintura da vida moderna”. Esta rejeitou abertamente a convenção estabelecida de perceber história, religião e mitologia como a substância da pintura, e advogava um olhar imparcial sobre os obstáculos da vida industrial e urbana. O poeta Gautier postulava que “um tipo moderno de beleza diferente daquele da Arte Clássica poderia ser alcançado se aceitarmos a civilização como ela é, com ferrovias, barcos a vapor, pesquisa científica britânica, aquecimento central e chaminés de fábricas”.

A ligação do grupo ao retrato do aqui e agora causou desagrado no meio artístico estabelecido, em especial o Salão Anual, garantidor das reputações artísticas e visto como legitimado da qualidade artística. A ênfase dos impressionistas tanto numa postura mais exploratória no que tange à representação da reali-dade (em especial por meio da luz e da cor) quanto numa extensão dos parâmetros de conteúdos aceitáveis originou embates artísticos famosos. O quadro de Manet exibido em 1863, Olympia, um nu que devia menos às representações das formas femininas idealizadas do passado do que ao mundo da prostituição contemporânea, causou grande furor. O Salão não era mais simpático a outros do círculo de Manet, cujas obras eram consistentemente recusadas exibição. O grupo respondeu criando um contra-Salão, o chamado Salon des Refusés, para exibir suas obras. Entre 1874 e 1886, houve oito exposições. Na primeira delas, o grupo foi denominado (por um crítico hostil criticando uma tela de Claude Monet) de “impressionista”. JONES, Colin. Paris: biografia de uma cidade. Porto Alegre: LPM, 2009. p. 362.

A denominação “Impressionismo”

foi originada no título da obra

Impressões do Sol Nascente, produ-zida por Claude

Monet em 1872. Outros expoentes do movimento im-pressionista, além de Claude Monet e Edouard Manet, são: Edgar Degas,

Paul Cézanne, Gustave Caillebotte,

Berthe Morizot, Camille Pizarro,

Auguste Renoir e Alfred Sisley.

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HISTÓRIA

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Manet representou uma versão de seu tempo para a Vênus de Ticiano e chocou o público ao apresentar elementos que caracterizavam a cena como o retrato da “atualidade”. As joias, o gato preto e a nudez natural e sem idealização tornam a cena contemporânea ao artista e aos de sua época. O título da obra, Olympia, é outro fator que levou à sua reprovação, pois era o pseudônimo utilizado por muitas prostitutas da época

MANET, Edouard. Olympia. 1863. 1 óleo sobre tela, color., 130 cm x 190 cm. Museu D´Orsay, Paris.

Claude Monet, considerado o iniciador do Impressionismo, retratou nessa obra o interior da Estação de Saint-Lazare, em Paris. O motivo que levou o artista a se interessar não pela bela fachada do edifício mas pelo seu interior foi o jogo de cores que o vapor dos trens trazia ao ambiente. Monet era apaixonado pelas cores e pelas pinturas ao ar livre. E as transformações trazidas pelas novas invenções não passaram despercebidas ao artista

MONET, Claude. A Estação Saint-Lazare. 1877. 1 óleo sobre tela, color., 75 cm x 104 cm. Museu D´Orsay, Paris.

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A denominada Bela Época é conhecida como um período de desenvolvimento, inovações, consumo e otimismo. Observe as obras a seguir.

PELEZ, Fernand. Sem asilo. c.1890. 1 óleo sobre tela, color., 87 cm x 100 cm. Petit Palais, Paris.

A Bela Época foi “bela” para todos? Jus-tifique sua resposta.

CLAIRIN, Georges-Jules-Victor. Retrato de Sarah Bernhardt. 1876. 1 óleo sobre tela, color., 250 cm x 200 cm. Petit Palais, Paris.

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HISTÓRIA

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Observe o infográfico que está em seu material de apoio e responda às questões:

1. Cite os dois países europeus detentores do maior comércio no continente:

2. Cite dois elementos que podem comprovar o poder da economia britânica:

3. Cite os dois melhores elementos que os países apresentavam para um confronto armado:

a) Inglaterra:

b) França:

c) Alemanha:

d) Rússia:

4. Em caso de um conflito armado, qual o elemento mais preocupante para a Itália?

5. Observe a Rússia no infográfico e tome por base os dados referentes à população. Analise e compare os números da população com os dados econômicos. Depois, em seu caderno, descreva a economia russa no início do século XX.

6. Observe, em seu material de apoio, a tabela que apresenta informações sobre as áreas territoriais de alguns países europeus. Verifique o território na Europa e as dimensões dos impérios coloniais conquista-dos em outros continentes. Calcule o número de vezes que Inglaterra, França, Alemanha e Itália tiveram os seus territórios aumentados. Para responder à atividade, utilize as tabelas presentes no material de apoio.

7. Ainda, em seu material de apoio, observe o documento Cardápios familiares – Inglaterra 1900. Após a análise do documento, responda:

a) Qual era a base da alimentação de uma família operária inglesa?

Paz armada

A Bela Época foi um período de paz e prosperidade na Europa. Entretanto, os países estavam promovendo uma grande corrida imperialista e também armamentista.

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1. (UFS – SE) A guerra mundial não pode ser expli-cada como uma conspiração de fabricantes de armas [...]. Não há dúvida de que a acumulação de armamento, que atingiu proporções temíveis nos últimos cinco anos anteriores a 1914, tornou a situação mais explosiva. [...] Porém a Europa não foi à guerra devido à corrida armamentista como tal, mas devido à situação internacional que lançou as nações nessa competição.

HOBSBAWM. Eric J. A era dos impérios 1875 – 1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 427. Trad. Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo.

Com base no texto e no conhecimento históri-co, analise as afirmações a seguir e assinale a(s) alternativa(s) correta(s):

a) A concorrência entre as várias potências con-duziu à liquidação do livre cambismo, na me-dida em que cada país elevou as tarifas alfan-degárias com a finalidade de proteger seu parque industrial da concorrência estrangeira.

b) No plano ideológico, a época se caracterizou pela intensificação da propaganda dos nacio-nalismos, como o pan-eslavismo, difundido na Rússia e atribuindo aos russos a função de proteger os demais povos eslavos.

c) As Américas, recém-libertadas da tutela eu-ropeia, desenvolveu seu parque industrial e juntamente com o Japão passou a disputar as áreas coloniais da África e da Indochina com os franceses e os austro-húngaros.

d) A Paz Armada permitiu o desenvolvimento de uma política agressiva do Estado brasileiro que modernizou sua frota de navios mercan-tes, concorrendo com os britânicos no forne-cimento de carvão e petróleo para a Europa.

e) A Primeira Guerra Mundial foi, em última ins-tância, o resultado de conflitos permanentes provocados pelo imperialismo das grandes potências europeias, agrupadas em dois blo-cos: a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente.

2. (UNESP) As raízes da Primeira Guerra Mundial en-contram-se, em grande parte, na história do século XIX. Pode-se citar como alguns dos fatores que de-ram origem ao conflito desencadeado em 1914:

a) a concentração da industrialização na Ingla-terra e o escasso crescimento econômico das nações do continente europeu.

b) a emergência de ideologias socialistas e revo-luções operárias que desajustaram as relações entre os países capitalistas.

c) a derrota militar da França e Prússia no pro-cesso de unificação alemã, e a incorporação da Alsácia e da Lorena à Alemanha.

d) o confronto secular entre a França e a Ingla-terra e a crise da economia inglesa provocada pelo bloqueio continental.

e) a política do “equilíbrio europeu”, praticada pelo Congresso de Viena, e o fortalecimento militar da Rússia na Península Balcânica.

b) Descreva as diferenças entre o cardápio dominical da família operária e da família de classe média baixa.

c) É possível estabelecer alguma relação entre o documento e a difusão do socialismo? Explique.

Ensino Médio | Modular 53

HISTÓRIA

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Material de apoio

UT 2 As ideologias do século XIXPágina 26.

Unificação Itália Alemanha

Situação após o

Congresso de Viena Estava dividida em Estados, dominados pelo

.

Estava dividida em Estados, dominados pelo

.

Estados líderes da

unificação Reino da . Reino da .

Líderes da unificação Rei .

Primeiro-ministro Cavour.

.

Imperador .

Primeiro-ministro Otto Leopold von Bismarck

Grupos nacionalistas

que lutavam pela

unificação

Jovem Itália: lutavam pela implantação de uma

.

Moderados: desejavam a adoção de um governo

comandado pelo .

Risorgimento: pregavam a implantação de uma

.

Etapas da unificação

1.ª) Victório Emanuel unificou os estados

do da península.

2.ª) Giuseppe Garibaldi com

unificou o .

3.ª) Ocupação das terras da .

1.ª) Áustria + X .

2.ª) Áustria X .

3.ª) Confederação da X

.

UnificaçãoEm 1871, foi coroado

rei da Itália unificada. passou a

ser a capital do novo Estado.

foi coroado imperador

da unificada, em 1871.

passou a ser a capital.

Questão Romana

(1871-1929)

Disputa entre o Estado italiano e a Igreja Católica

pelas terras eclesiásticas (

). A questão teve início entre o

Rei e o

. Foi resolvida em 1929 com a assi-

natura do (papa Pio

XI e Benito Mussolini), que determinou a criação

do .

História Moderna e Contemporânea II54

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Material de apoio

UT 4. La Belle Époque Página 53.

Pot

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Jack Art. 2012. Vetor.

Font

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XX.

São

Pau

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bril,

196

8. p

. 33.

Ensino Médio | Modular 55

HISTÓRIA

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O poder das potências em 1900

Área dos Estados Nacionais na

Europa (quilômetros quadrados)

Área aproximada dos impérios

coloniais ultramar (quilômetros quadrados)

Grã-Bretanha 194 655 16 894 500

Rússia 13 934 575

França 328 384 7 026 503

Alemanha 336 007 1 609 000

Áustria-Hungria 425 104

Itália 178 029 297 665

Aumento territorial das potências imperialistas europeias

Grã-Bretanha

França

Alemanha

Itália

Jack

Art

. 201

2. V

etor

.

Fonte: LLOYD, Trevor. Grã-Bretanha: reforma e luta partidária. In: HISTÓRIA do século XX. São Paulo: Abril, 1968. p. 131.

História Moderna e Contemporânea II56