historico do tiro de guerra de mogi das cruzes

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HISTORICO DO TIRO DE GUERRA DE MOGI DAS CRUZES O Tiro de Guerra de Mogi das Cruzes é uma tradição centenária, com uma história gloriosa, que muito orgulha aos mogianos, pelos relevantes serviços prestados para os jovens e a comunidade mogiana. Desde a sua criação o Tiro de Guerra de Mogi das Cruzes já possuiu as seguintes denominações: - Tiro de Guerra 120 ou TG 120 / 1910-1945 Farda amarela/ doutrina militar francesa. - Tiro de Guerra 173 ou TG 173 / 1949-1968 Farda verde-oliva/doutrina militar NA. - Tiro de Guerra 02 - 173 ou TG 02-173 / 1968-1979 - Novo R/138 incluiu o CFC. - - Tiro de Guerra 02 - 052 ou TG 02-052 / 1979 – dias atuais - Farda verde-oliva e Farda camuflada. Obs: As numerações diferentes representam as mudanças havidas no R-TG/R 138. TIRO DE GUERRA 120 A fundação dessa utilíssima sociedade, em Mogi das Cruzes, foi resolvida em 04 de dezembro de 1910, por iniciativa dos senhores: Luiz Marcondes dos Santos e Manuel de Melo Freire. A ata da primeira assembleia geral foi assinada por 105 sócios fundadores, demonstrando que a iniciativa teve boa aceitação. Foi incorporado à Confederação do Tiro Brasileiro, por despacho de 31 de dezembro de 1910, sob o nº 120 e de 3ª categoria, para o que prestou valioso concurso o nosso distinto conterrâneo Sr. Benedicto Sérvulo de Sant’Ana. Embora contando logo de começo com 105 sócios (Atiradores), a sociedade não pode durante os primeiros vinte meses, após a fundação, preencher os seus fins, por falta de um instrutor e de armamento. Só em agosto de 1912 é que sua diretoria recebeu 60 carabinas “Camblain” e 4 fuzis “Mauser”, sendo, então nomeado instrutor o Aspirante Severino Prestes. E com grande entusiasmo teve início os exercícios de evoluções e de tiro. A diretoria dessa época teve como presidente o Sr. Coronel Benedito José de Almeida, que muito se esforçou para estabelecer as bases em que tinha de assentar o futuro da associação e pode ver em formatura cerca de 80 Atiradores fardados, inclusive os músicos da banda musical “União”, que se havia incorporado ao Tiro. A sociedade de Tiro seguia franco progresso, tanto que o seu presidente, coronel Benedito José de Almeida, mandou levantar a planta da linha de tiro e o respectivo orçamento, e enviou ao Ministério da Guerra um requerimento pedindo licença para organização de uma companhia de atiradores. No entanto, apesar da boa vontade e do entusiasmo generalizado, com a retirada do instrutor a sociedade entrou em declínio até cair em completa estagnação.

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Page 1: HISTORICO DO TIRO DE GUERRA DE MOGI DAS CRUZES

HISTORICO DO TIRO DE GUERRA DE MOGI DAS CRUZES

O Tiro de Guerra de Mogi das Cruzes é uma tradição centenária, com uma história gloriosa, que

muito orgulha aos mogianos, pelos relevantes serviços prestados para os jovens e a comunidade

mogiana.

Desde a sua criação o Tiro de Guerra de Mogi das Cruzes já possuiu as seguintes denominações:

- Tiro de Guerra 120 ou TG 120 / 1910-1945 Farda amarela/ doutrina militar francesa.

- Tiro de Guerra 173 ou TG 173 / 1949-1968 Farda verde-oliva/doutrina militar NA.

- Tiro de Guerra 02 - 173 ou TG 02-173 / 1968-1979 - Novo R/138 incluiu o CFC. - - Tiro de

Guerra 02 - 052 ou TG 02-052 / 1979 – dias atuais - Farda verde-oliva e Farda camuflada.

Obs: As numerações diferentes representam as mudanças havidas no R-TG/R 138.

TIRO DE GUERRA 120

A fundação dessa utilíssima sociedade, em Mogi das Cruzes, foi resolvida em 04 de dezembro de

1910, por iniciativa dos senhores: Luiz Marcondes dos Santos e Manuel de Melo Freire. A ata da primeira

assembleia geral foi assinada por 105 sócios fundadores, demonstrando que a iniciativa teve boa

aceitação.

Foi incorporado à Confederação do Tiro Brasileiro, por despacho de 31 de dezembro de 1910, sob

o nº 120 e de 3ª categoria, para o que prestou valioso concurso o nosso distinto conterrâneo Sr.

Benedicto Sérvulo de Sant’Ana.

Embora contando logo de começo com 105 sócios (Atiradores), a sociedade não pode durante os

primeiros vinte meses, após a fundação, preencher os seus fins, por falta de um instrutor e de

armamento. Só em agosto de 1912 é que sua diretoria recebeu 60 carabinas “Camblain” e 4 fuzis

“Mauser”, sendo, então nomeado instrutor o Aspirante Severino Prestes. E com grande entusiasmo teve

início os exercícios de evoluções e de tiro.

A diretoria dessa época teve como presidente o Sr. Coronel Benedito José de Almeida, que muito

se esforçou para estabelecer as bases em que tinha de assentar o futuro da associação e pode ver em

formatura cerca de 80 Atiradores fardados, inclusive os músicos da banda musical “União”, que se havia

incorporado ao Tiro.

A sociedade de Tiro seguia franco progresso, tanto que o seu presidente, coronel Benedito José

de Almeida, mandou levantar a planta da linha de tiro e o respectivo orçamento, e enviou ao Ministério

da Guerra um requerimento pedindo licença para organização de uma companhia de atiradores. No

entanto, apesar da boa vontade e do entusiasmo generalizado, com a retirada do instrutor a sociedade

entrou em declínio até cair em completa estagnação.

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Desse letargo só saiu em 5 de junho de 1916, pelo influxo da campanha de Olavo Bilac, em prol

do patriotismo e da valorização do serviço militar obrigatório.

Com novo ânimo reuniram-se o antigo Conselho Diretor e um grupo de sócios, sob a presidência

do coronel Benedito José de Almeida, a fim de tratarem da reorganização e de medidas para o

funcionamento da sociedade de tiro. Foi então solicitado apoio do Exmo. Sr. General Comandante da VI

Região, que atendendo pedido, nomeou para Instrutor o Sgt Rogério da Silva Andrade, que em seguida

assumiu as funções de seu cargo.

A sede social foi instalada em um prédio da municipalidade, cedido pelo Sr. Prefeito Capitão

Gabriel Pereira, patriota convicto e entusiasta pelos princípios do civismo e da cidadania.

No mês de julho realizou-se a assembleia geral dos sócios a fim de se proceder à eleição da

diretoria que deveria administrar a sociedade até o fim do ano. Esta diretoria contou com Dr. Deodato

Wertheimer na presidência, que não poupou esforços para dar ao Tiro o desenvolvimento que o dever e

o patriotismo exigem de todos os brasileiros. Pode ele ver aumentado o número de sócios e registrar

boa frequência nos exercícios militares, quando se deu a transferência do Sargento Rogério de Andrade

para Jundiaí. O Dr. Deodato Wertheimer e os seus dignos companheiros de diretoria não desanimaram,

porém, o presidente nomeou interinamente o cabo-atirador João Ximenes de Andrade para instrutor,

afim de não serem interrompidos os exercícios militares.

Em janeiro de 1917, foi eleito o novo Conselho Diretor, constituído dos Senhores: Dr. Deodato

Wertheimer, Coronel Henrique Lopes dos Santos, Leôncio Arouche de Toledo, Romeu Rocha, João

Ximenes de Andrade, Adelino Borges Vieira, Luiz Marcondes dos Santos, Coronel Carlos Machado, Álvaro

Arouche de Toledo e capitão Brasilio Marques. A comissão de contas foi composta pelos senhores: Mario

Fonseca, Manuel Alves dos Anjos e Mario Ramos Arantes. São também membros da Diretoria como

presidentes honorários, os senhores: Capitão Gabriel Pereira, prefeito do município, e o 1º Tenente

Octacílio de Faria Abreu, representante do Comando da VI Região Militar junto à sociedade. O Exmo. Sr.

General Luiz Barbedo nomeou para instrutor o Sargento Apio de Toledo Cabral, tendo a Intendência da

VI Região fornecido armamento “Mauser”, equipamento, ferramenta de sapa, corneta, tambores e

munição. Uma fase nova e promissora, cheia de entusiasmo, se inicia para a associação, com boa

frequência por parte dos sócios (atiradores) que nela se matriculam. A escrituração é posta de acordo

com as disposições regulamentares, organiza-se a Banda de Música, com elementos próprios; e uma

seção de enfermeiras da Cruz Vermelha. Sua situação foi se tornando cada vez mais animadora, a

sociedade contava com o entusiasmo e o patriotismo de todos que recebiam instrução militar.

A nova regulamentação de 1935, trouxe novos incentivos aos Tiros de Guerra, que se

proliferaram por todo o pais.

Em Mogi das Cruzes, a partir de 1936, a atuação do Tiro de Guerra 120 se destacou

sobremaneira, tanto nas atividades das instruções militares, como também perante a sociedade

mogiana, pois o Tiro de Guerra gozava de elevado prestígio, principalmente após a chegada do Sargento

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Alcides Machado, natural da região do Amazonas, patriota convicto, com elevada cultura e um

entusiasta das atividades esportivas.

Nessa época se destacava também a atuação do Cabo Faria (Astrogildo Faria) mogiano, que servia

no 4º Regimento de Infantaria, em São Paulo e colaborava como auxiliar da instrução do TG 120.

Um reservista do Tiro de Guerra 120, da turma de 1938, morador da cidade, embora tenha

nascido em São Paulo, ingressou em Escola Militar e realizou brilhante carreira militar, inicialmente no

Exército e depois se transferiu para a Aeronáutica chegando ao honroso círculo de oficias generais,

encerrando a carreira na ativa no posto de Tenente Brigadeiro. Ten Brig CLOVIS PAVAN, que entre os

diversos e importantes cargos que exerceu, destacamos os de Comandante do IV COMAR, em São Paulo

e o de Ministro Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em Brasília – DF.

Com o elevado nível de formação dos Reservistas do TG 120 e o advento da 2ª Guerra Mundial,

um grande número de mogianos foram convocados para a formação da Força Expedicionária Brasileira-

FEB.

O livro “MEMÓRIAS DE UM MOGIANO NA FEB” de Miled Cury, registra fatos da história gloriosa

do TG 120 e da guerra, que aqui passamos a transcrever: “Nessa época, 1939, eu já estava frequentando

o Tiro de Guerra 120 de Mogi das Cruzes. O Instrutor era o Sargento Alcides Machado, um militar

nascido no Amazonas, caxias como ele só, auxiliado pelo Cabo Faria, membro de tradicional família

mogiana”.

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Em 1945, após a guerra, os Tiros de Guerra, que até então funcionavam como sociedades civis (a

diretoria e o quadro social proviam as necessidades e o Exército fornecia o Instrutor, o armamento e a

munição), e foram extintos e recriados como Órgãos de Formação de Reserva do Exército, mantidos

através de convênio firmado entre o Exército e a Prefeitura Municipal, regulamentado pelo R-138 –

Regulamento de Tiros de Guerra e Escola de Instrução Militar.

As cidades com Quartéis e as cidades próximas as Unidades Militares, ficaram como tributárias

das Organizações Militares da Ativa (OMA), em consequência Mogi das Cruzes ficou sem o TG passou e

ter jovens convocados para o 6º RI-Regimento Infantaria de Caçapava, fazendo com que os jovens

mogianos permanecessem um ano incorporados àquela unidade militar.

TIRO DE GUERRA 173

Mogi das Cruzes sentiu muito a ausência do TG, a cidade se mobilizou e desenvolveu intensa

campanha visando a volta do Tiro de Guerra. A sociedade contava com a atuação de várias lideranças,

dentre as quais podemos destacar os nomes de Nesclar Faria Guimarães, Vereador à Câmara Municipal e

Diogo Dominguez y Dominguesz, do Rotary Club. Depois de muita luta, em 1949 o Ministério da Guerra

através da Portaria nº 104, de 14 de julho de 1949, criou um novo Tiro de Guerra para a cidade, que

recebeu a designação de TG 173, tendo como seu primeiro Diretor o Sr. Epaminondas Freire, Prefeito de

Mogi das Cruzes. Para as funções de Instrutor foi designado o 1º Sargento Amado Raymundo

Diefenthaler, que assumiu as funções no dia 27 de março de 1950.

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Para Sede do Tiro de Guerra 173, foi designado o prédio do patrimônio municipal, que tinha

servido de Sede do TG 120, situado na Rua Olegário Paiva nº 343.

POLÍGONO DE TIRO

Para instruir o processo de criação de Tiro de Guerra a Prefeitura fez juntar ao mesmo a planta do

polígono existente no bairro de São João, em terreno de sua propriedade. Acontece que com

loteamento e venda por preços baratíssimos desses lotes, a edificação foi tamanha que o polígono

praticamente desapareceu.

Nestas condições, para escolher outro local que se atendesse à aquele fim, o Sr. Epaminondas

Freire, Prefeito Municipal, designou o engenheiro da Prefeitura, Dr. Manoel de Oliveira Mello, para em

companhia do Sr. Sargento Instrutor desincumbirem-se daquele mister.

Percorridos todos os próprios municipais, a escolha recaiu sobre um local na Serra do Itapeti,

distante pouco mais de 4 quilômetros da sede do TG, que embora não satisfizesse 100% as exigências

regulamentares era seco, seguro e permitia o tiro até 300 metros.

A marcha para o local torna-se agradável por ser na sua maioria executada por dentro da mata e

quando não por caminhos dos quais se descortina um belíssimo panorama, além disso, constituía um

treinamento salutar e eficiente para os Atiradores.

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Ficou resolvido, a título precário, a instalação do polígono de tiro até que a Prefeitura tomasse

outras providências para atender as demandas do Tiro de Guerra.

Foram imediatamente iniciadas as obras iniciais para que dentro em pouco pudessem ser usadas

suas instalações. Os abrigos para os marcadores, caminhos e esplanadas para a construção da casa tipo

“Estande” foram feitos pelos atiradores e o 1º Sgt Amado, nos domingos e feriados.

TIRO DE GUERRA 02-173

No ano de 1968, entrou em vigor o novo R-138 – Regulamento para os Tiros de Guerra e Escolas

de Instrução Militar, que entre várias inovações, criava o CFC - Curso de Formação de Cabos de 2ª

Categoria do Exército e o número do TG passava a acrescentar o algarismo “02”, indicativo da Região

Militar que o TG pertence, passando o nosso Tiro de Guerra a ter a seguinte designação: TG 02-173.

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO TG

No dia 07 de maio de 1972, a cidade de Mogi das Cruzes foi agraciada com a inauguração da Sede

própria do TG 02-173, construída em uma área privilegiada da cidade com muito espaço e uma linha

arquitetônica moderna funcional e confortável. O prédio principal da sede é imponente, com um belo

hall de recepção, secretaria, arquivo, sala de reunião, copa, auditório, apartamento para visitantes, salas

de aulas, reserva de armamento e sanitários. No prédio do lado direito: corpo da guarda, alojamento,

depósitos, banheiros e vestiário. Do lado esquerdo foram construídas as instalações para a Junta de

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Serviço Militar. A sede ainda, dispõem de amplo pátio de formaturas, pátio para instruções e quadra de

esportes iluminada e ajardinamento com vasta área verde. Ao lado da Sede, com frente para a avenida,

foram construídas 5 residências para os Instrutores e seus familiares.

TIRO DE GUERRA 02-052 (DIAS ATUAIS)

No dia 18 de abril, O Diário Oficial nº 5.444, publicou a Portaria nº 878, de 27 de março de 1979,

do Ministro do Exército, em que dá nova numeração aos Tiros de Guerra e Escolas de Instrução Militar,

tendo o TG de Mogi das Cruzes recebido a seguinte designação: Tiro de Guerra 02-052. O prefixo “02”

corresponde a 2ª Região Militar e 052 número de ordem de criação dentro da Região Militar.

Abreviatura: TG 02-052.

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