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Antônio RenatoG msso

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I S r O R I C O de

Para estudantes òa Bíblia

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ANTÔNIO RENATO GUSSO

PANORAMA HISTÓRICO DE ISRAEL

PARA ESTUDANTES DA BÍBLIA

CURITIBA2006

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Copyright©2003 por

Antônio Renato Gusso.Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:

A. D. Santos EditoraRua Cândido Lopes, 342 - Centro80.020-060 - Curitiba - Paraná - Brasil+55(41)3324-9390

www.adsantos.com.br [email protected]

Capa:Ijmaua Marinho

Diagramação; Manoel Meneses

Impressão e acabamento:RÈpmet

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

GUSSO, Antônio Renato.Panorama Histórico de Israel para Estudantes da Bíblia / Antônio Renato Gusso —Curitiba: A. D. SANTOS EDITORA, 2003. 254 pISBN - 978-85-7459-075-2

1. Bíblia. História dos eventos bíblicos 2. História de IsraelCDD- 221.83

3®Edição: Março/2007: 2.000 exemplares

Proibida a reprodução total ou pardal, por quaisquer meios a não ser em dtações breves,

com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:

SANTOSE D I T O R A

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S u m á r i o

1. INTRODUÇÃO............................................................. 1

2. A PRÉ-HISTÓRIA DE ISRAEL...............................32.1. O Mundo Bíblico Antes dos Patriarcas.............3

2.1.1. A Vida Social em Canaã..............................52.1.2. A Vida Social na Mesopotamia.................62.1.3. A Vida Social no Egito...............................7

2.2. O Período Patriarcal..............................................92.2.1. Os Patriarcas na Mesopotamia.................92.2.2. Os Patriarcas em Canaã..............................1

2.2.3. Os Patriarcas no Egito................................12.3. Genealogia dos Patriarcas.....................................142.4. Para Complementar................................................

2.4.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período....................................................... 2.4.2. Questões Para Revisão................................1

3. A FORMAÇÃO DA NAÇÃO.....................................173.1. Os Descendentes de Jacó Saem do Egito.........173.2. Deus Estabelece um Pacto com os

Descendentes de Jacó............................................213.3. Israel no Deserto.....................................................

3.3.1. O Motivo que os Levou ao Deserto.......223.3.2. Os Acontecimentos no Deserto...............233.4. Para Complementar...............................................

3.4.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período......................................................3.4.2. Questões Para Revisão................................2

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4. A CONQUISTA DE CANAÃ.....................................274.1. A Situação Cananéia..............................................27

4.1.1. Composição Social e Política emCanaã.......................................................................4.1.2. A Religião Cananéia.....................................304.1.2.1. O deus E l....................................................4.1.2.2. O deus Baal...............................................314.1.2.3. As deusas Asera, Astarte e Anate..........32

4.2. A Invasão Israelita..................................................4.2.1. A Entrada na Terra Prometida.................344.2.2. O Desenrolar da Conquista......................35

4.3. Para Complementar...............................................4.3.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período......................................................

4.3.2. Questões Para Revisão.......................................375. O PERÍODO DOS JUÍZES........................................39

5.1. O Sistema De Governo Teocêntrico.................395.2. Como Surgiram os Problemas............................41

5.2.1. A Explicação Teológica..............................45.2.2. A Explicação Natural..................................4

5.3. A Atuação dos Libertadores.................................45.4. Para Complementar...............................................

5.4.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período......................................................5.4.2. Questões Para Revisão................................5

6. OS PRIMÓRDIOS DA MONARQUIA...................556.1. O Estabelecimento da Monarquia......................566.1.1. O Primeiro Rei de Israel............................566.1.2. A Decadência de Saul..................................

6.2. O Reinado de Davi...............................................6.2.1. Como Davi Chegou ao Poder..................60

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6.2.2. A Política Expansionista de Davi.............626.2.3. Os Problemas da Sucessão de Davi........62

6.3. O Reinado de Salomão..........................................636.3.1. Como Salomão Firmou-se no Trono.....646.3.2. As ReaÜ2 ações de Salomão.......................656.3.3. A Decadência Espiritual de Salomão......67

6.4. Para Complementar................................................6.4.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período.......................................................6.4.2. Questões Para Revisão................................6

7. A DIVISÃO DO REINO.............................................717.1. Motivos que Levaram à Divisão.........................72

7.1.1. A Explicação Teológica..............................7

7.1.2. A Explicação Natural..................................77.2. Como Ficou Dividido o Reino...........................787.2.1. A Parte Norte................................................77.2.2. A Parte Sul.....................................................

7.2.3. Quadro Explicativo do Reino Dividido.. 817.3. Resultados da Divisão...........................................82

7.3.1. As Conseqüências Religiosas....................827.3.2. As Conseqüências Políticas.......................837.4. Para Complementar................................................

7.4.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período.......................................................7.4.2. Questões Para Revisão................................8

8. O REINO DE ISRAEL.................................................88.1. A Situação Política de Israel.................................858.2. A Situação Econômica e Social de Israel...........878.3. A Situação Religiosa de Israel..............................888.4. O Fim do Estado de Israel...................................98.5. Os Principais Líderes de Israel............................92

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8.5.1. Os Profetas de Israel...................................928.5.2. Os Reis de Israel..........................................95

8.6. Para Complementar................................................8.6.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período.......................................................18.6.2. Questões Para Revisão................................10

9. O REINO DE JUDÁ.....................................................109.1. A Situação Política de Judá...................................109.2. A Situação Econômica e Social de Judá...........1059.3. A Situação Religiosa de Judá................................109.4. O Fim do Estado de Judá.....................................1089.5. Os Principais Líderes de Judá..............................11

9.5.1. Os Profetas de Judá.....................................119.5.2. Os Reis de Judá............................................ 1

9.6. Para Complementar................................................19.6.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período.......................................................19.6.2. Questões Para Revisão................................12

10. O CATIVEIRO BABILÓNICO...............................125

10.1. Os Dominadores...................................................110.1.1. Nabopolassar..............................................12610.1.2. Nabucodonosor.........................................12710.1.3. Evil-Merodaque.........................................12810.1.4. Neriglissar....................................................10.1.5. Labashi-Marduque.....................................129

10.1.6. Nabonido e Belsazar.................................1210.2. A Diáspora.............................................................10.2.1. O Significado do Termo Diáspora.......13110.2.2. Como Aconteceu a Diáspora..................13110.2.3. A Importância da Diáspora.....................133

10.3. A Cidade de Babilônia.........................................134

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10.4. As Condições do Povo Cativo..........................13810.4.1. A Condição Social.....................................13910.4.2. A Condição Religiosa................................110.4.3. A Condição Política..................................1

10.5. A Duração do Cativeiro...................................... 110.6. Para Complementar.............................................

10.6.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período.......................................................110.6.2. Questões Para Revisão............................148

11. A COMUNIDADE PÓS-EXÍLICA........................14911.1. Os Novos Senhores.............................................150

11.1.1. Os Persas Chegam ao Poder...................15111.1.2. A Política Persa Para Com os Deportados............................................................... 1511.1.3. Os Líderes do Império Persa..................154

11.2. Os Grupos que Voltaram Parajudá................15611.2.1. O Grupo de Zorobabel...........................15711.2.2. O Grupo de Esdras...................................111.2.3. O Grupo de Neemias...............................16

11.3. As Condições Gerais da Comunidade Põs-Exflica................................................................ 111.3.1. A Situação Política.....................................111.3.2. A Situação Religiosa..................................111.3.3. A Situação Econômica-Social.................166

11.4. Para Complementar.............................................16811.4.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período.......................................................11.4.2. Questões Para Revisão.............................1

12. O PERÍODO GREGO................................................1712.1. O Surgimento de um Novo Império...............17212.2. O Auge do Período Grego.................................1

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12.3. A Divisão do Império Grego............................17612.3.1. Os Ptolomeus.............................................177

12.3.2. Os Selêucidas..............................................17812.4. Questões Para Revisão........................................182

13. O PERÍODO DOS MACABEUS.............................1813.1. A Revolta Contra os Selêucidas........................183

13.1.1. A Situação Desesperadorados Judeus Fiéis......................................................13.1.2. A Deflagração da Revolta........................185

13.2. As Conquistas de Judas Macabeu..................... 18613.3. O Período de Prosperidade Advindo da

Independência........................................................113.4. A Decadência da Nação......................................191

13.5. Para Complementar............................................. 113.5.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período.......................................................113.5.2. Questões Para Revisão.............................19

14. SOB O DOMÍNIO DE ROMA................................19514.1. A Administração Romana...................................19

14.2. Os Imperadores.....................................................114.2.1. Augusto........................................................14.2.2. Tibério..........................................................14.2.3. Calígula.........................................................14.2.4. Cláudio.........................................................14.2.5. Néro.............................................................. 2

14.2.6. Galba - Otão - Vitélo................................2014.2.7. Vespasiano...................................................214.2.8. Tito...............................................................14.2.9. Domiciano...................................................214.2.10. Nerva..........................................................214.2.11. Trajano.......................................................2

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14.2.12. Adriano.....................................................14.3. A Atuação dos Herodes......................................20414.4. A Atuação dos Governadores...........................20614.5. As Religiões no Império Romano....................20714.6. A Guerra com os Judeus.....................................20814.7. Para Complementar............................................. 2

14.7.1. Algumas Informações BíblicasSobre o Período.......................................................214.7.2. Questões Para Revisão............................211

15. CONCLUSÃO............................................................... 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................214

ANEXO - RESENHAS DE LIVROS SOBREHISTÓRIA DE ISRAEL....................................................

Uma Visão Geral da História de Israel......................225História de Israel para Estudantes de Teologia......227Israel e as Nações.........................................................Uma Visão Crítica da História de Israel....................230

As Religiões de Israel....................................................Uma Visão Conservadora da História de Israel......235

Esboço Histórico de Israel...........................................237História Política dos Judeus.........................................239Confusão de Gêneros...................................................

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Panorama Histórico de Israel 1

1. INTRODUÇÃOEscrever a história de Israel é uma tarefa fora do co

mum. Quem se lança a esta dura empreitada logo vai enfretar o desafio de perguntas importantes e difíceis, quando nimpossíveis de serem respondidas, que vão surgindo no d

correr do trabalho. As dificuldades já aparecem no mometo em que se procura definir o significado do próprio term“Israel” e delimitar a época de seu surgimento e de seu deparecimento. Parece simples, mas apontar com certa magem de exatidão o nascimento de Israel e deixar claro o qeste termo exprime é algo muito complicado. Afinal, a pr

pria palavra Israel, na Bíblia, é utilizada com, pelo mennove sentidos diferentes.1 A tarefa de apresentar um panorama histórico par

estudantes da Bíblia, como é o caso neste trabalho, tambénão é simples. Não é fácil decidir, entre tanta riqueza de dtalhes, o que deve constar e o que deve ficar de fora do re

to. Contudo, dentro do possível, aqui serão abordados, dforma geral e resumida, todos os pontos que sejam indispesáveis para ajudar o leitor a ter uma compreensão mais cldos acontecimentos narrados na Bíblia. Minúcias que dizerespeito a acontecimentos paralelos e nações vizinhas, ainque importantes, serão evitados ao máximo, mas, havendinteresse, poderão ser encontrados na bibliografia apresetada.

Como a história de Israel, da mesma forma que a doutros povos, não surge em um vácuo, para que haja ummelhor compreensão dos seus inícios, a primeira parte des

* GUSSO, A. R.Como entender a Bíblia?: orientações práticas pa ra melhor compreender as Escrituras Sagradas. Curitiba : A. D. Santos Editora, 1998. p. 66-70.

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panorama estará apresentando uma análise do que pode schamado de “Pré-História de Israel”, o período que está lgado a Israel mas que ainda não faz parte dele, pois espovo, ou nação, não existia naquela época. Nela será viscomo estava se desenvolvendo a vida social em Canaã, Ege Mesopotâmia, locais extremamente importantes na histria bíblica, antes e durante a existência dos chamados, na aalidade, “Patriarcas”, os antepassados de Israel.

Em seguida, o relato estará apresentando como que nação foi formada. Feito isto, seguirá em uma ordem cronlógica que passará pela conquista de Canaã, o chamado Peodo dos Juizes, os primórdios da monarquia, a divisão dreino e o desenvolvimento individual de cada uma das pates, Reino do Norte, Israel, e Reino do Sul, Judá, desde oseus primeiros passos até o desaparecimento como estadoindependentes, conquistados, respectivamente, pela Assíre Babilônia.

Também será visto, na seqüência, como foi a vida dpovo cativo na Babilônia e, logo após, como aconteceu o rtorno para Judá e como se desenvolveu a comunidade pó

exüica, debaixo do poderio persa, grego e romano, com breve intervalo de independência na época dos MacabeusNo decorrer do texto algumas passagens bíblicas

serão apresentadas. Sempre que isto ocorrer, estará sendutilizada a Edição Revista e Atualizada no Brasil, traduzem português por João Ferreira de Almeida, e publicada pe

Sociedade Bíblica do Brasil em 1969. Quando aparecalguma citação bíblica na língua hebraica ela estará senfeita da Bíblia Hebraica Stuttgartensia.

2 Antônio Renato Gusso

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Panorama Histórico de Israel 3

2. A PRÉ-HISTÓRIA DE ISRAEL

Israel, assim como as outras nações, não surgiu donada, tem uma rica pré-história que deve ser analisada coatenção para que se possa entender melhor as suas caractrísticas. Por isso, ainda que o objetivo deste trabalho seapresentar uma visão geral da História de Israel propriamete dita, neste capítulo inicial, serão dadas informações gera respeito de algumas nações ou regiões além de pessoque, mesmo existindo antes de haver uma nação, ou mesmum povo, com este nome, acabaram por influenciar de umou outra forma na existência posterior desta.

Em seguida, então, será apresentado, em linhas gerais, como era a vida social nas regiões do chamado MunBíblico ainda antes dos Patriarcas; como viviam os Patricas; como aconteceu a entrada do futuro Israel no país dEgito; como foi a permanência neste lugar e como conseguram sair e formar uma nova nação.

2.1. Q Mundo Bíblico Antes dos Patriarcas __________

Muitos ao lerem o Livro de Gênesis na Bíblia ficamcom a impressão de que os Patriarcas surgiram ainda no incio da humanidade, mas isto não passa de um engano. Nãfoi algo intencional da parte do autor ludibriar seus leitorecontudo, isto acaba acontecendo pela maneira breve comolivro descreve (em apenas onze capítulos - Gn 1-11) a crção do universo, a queda do homem de seu estado originpor causa do pecado, a degeneração da raça e a destruição mundo antigo pelo dilúvio, antes de, em seguida, passartratar de forma bem mais detalhada (em trinta e nove capít

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los - Gn 12-50), um período de tempo comparativamentbreve apresentando os ascendentes mais famosos de Israe

Quando se pensa em Israel, ou em seus antepassadosos Patriarcas, não se deve pensar, então, no alvorecer da hmanidade, como tem sido o costume de alguns; é preciso l var em conta que o ser humano, com as característicaatuais, já existia muito tempo antes. Como afirma Brighexiste um período de tempo muito maior separando o surgmento dos Patriarcas no cenário mundial e início da civilizção no Oriente Próximo do que o qual o separa da épocatual/Em outras palavras, para ficar claro, o período que vdo surgimento da humanidade até o de Abraão, que aparecpela primeira vez no final de Gn 11, é bem maior do que período aproximado de 4000 anos que vai deste até os nosos dias, que aos olhos do estudante moderno está tão distante.

Os pontos que seguem, após os gráficos representantes da relação tempo/narrativa em Gênesis, mostrando umpouco da vida social em Canaã, Egito e Mesopotâmia, podrão deixar mais claro aquilo que foi dito acima, e lançar lu

à compreensão da História de Israel como um elemento nacente em meio a um mundo altamente civilizado e não emuma fase primitiva da humanidade.

GÊNESIS 1-11 GÊNESIS 12-50

4 Antônio Renato Gusso

Espaço de Tempo Espaço de Tempo

N arrativa N arrativa

Inicioda ■■■ ► Abraão ■ ► AtualidadeHumanidade Espaço de tempo + ou — 4 000anos

desconhecido

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2.1.1. A Vida Social em CanaãPanorama Histórico de Israel 5

As evidências arqueológicas têm demonstrado qupor volta do ano 8000 a.C., ou seja, 6000 anos antes da époatribuída às peregrinações de Abraão e sua família pelos tritórios de Canaã, esta região já estava ocupada por comudades bem desenvolvidas. A “sociedade natufiana”, assidenominada porque seus indícios foram encontrados, peprimeira vez, nas cavernas próximas do Wadi en-Natuf, dtestemunho desta realidade/ Ela era formada por pessoaque estavam passando do sistema de vida em cavernas paos aldeamentos.

Ainda que esta sociedade tenha existido por volta d5000 anos antes da escrita, pelo menos de acordo com adescobertas divulgadas até o momento, acabou deixandpara a posteridade um testemunho claro de sua forma socipor meio dos objetos que utilizava.4 Eles continuavamcomo seus antepassados, vivendo principalmente da caçpesca e da pilhagem, mas a presença de foices e vasilhas pedra e osso, além de outros indícios, demonstram que havam aprendido a cultivar e, também, a domesticar certos anmais.5

A cidade de Jericó tem seus inícios ligados à este ditante VIII milênio. E evidente que, desde a sua fundação, é que assim pode ser chamado o seu início, se passaram váos séculos até que pudesse vir a ser classificada como umcidade. Por volta do VII e VI milênio isto é evidente. Ela eprotegida por uma fortificação de pedras e possuía casaconstruídas de tijolos de barro. Seus moradores, em algucasos, pintavam suas casas, utilizavam esteiras de junco pcobrir os pisos, fabricavam pequenas estátuas de pessoasanimais, já haviam domesticado cães, porcos, ovelhas e bo

3 Ibid.„ p. 17.CAJ.J .AWA Y, I, A. :1 //ií A>/A/. Rio de Janeiro ;JUERP, 1$8‘6, p- fW>.5 BRIGHT, op. cit i p. 18,

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Infere-se, pelo tamanho da cidade e pela dificuldade de encontrar terras aráveis nas proximidades, que seus habitates se utilizavam de alguma forma de irrigação para ajudar plantio, e a presença de instrumentos fabricados com matriais procedentes da Anatólia, do Sinai e do litoral, podeestar revelando que havia um razoável intercâmbio comercal com regiões consideravelmente distantes para a época.

Jericó não é um caso isolado em Canaã. Descobertarecentes têm demonstrado que por volta do VII milênioexistiam outras inúmeras vilas e aldeias permanentes, esplhadas por toda a região. Quando Abraão deixou a sua ternatal, a Mesopotâmia, e partiu para peregrinar em Canaobedecendo à ordem de Deus, esta região já contava comuma história de mais de cinco mil anos como civilizada7,

que demonstra que ela já estava bastante avançada. Com Abraão, então, pode-se dizer que estava começando a Préhistória de Israel, em um período social bem desenvolvidmas as particularidades do início da História da Humanidde, por esta mesma época, já estavam perdidas nos temporemotos.

2.1.2. A Vida Social na Mesopotâmia ________________

Mesopotâmia é um nome grego que significa “EntreRios”. A região tomou esta nomenclatura por estar localizda entre os rios Eufrates e Tigre. Nela podem ser atestados

presença de aldeamentos, ainda que rudimentares, desde VII milênio. Era o princípio organizacional de futuras ciddes estados que viriam a surgir nos milênios posterioreSeus templos, suas construções, seus documentos, escritoque surgiram nos últimos séculos do IV milênio8, demontrando o grau de civilização que haviam alcançado, têm im

6 Antônio Renato Gusso

6 BRIGHT, ap. ç it, p. 19-20.^ Ibid.,p. 20.8 Ibid 22 27

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pressionado estudantes e pesquisadores de todas as épocae nos apresentam um povo bem superior àquele que geramente se tem em conta quando se pensa no início da História de Israel.

Não há nenhuma dúvida que Abraão e seus familiaresão originários de uma região rica, onde havia, por sua épca, cidades bem urbanizadas, construções espetaculares, ucomércio bem desenvolvido e intensa atividade política, blica, religiosa e cultural.

2.1.3. A Vida Social no Egito______________________

No Egito, os indícios mais antigos de uma sociedadque vivia em aldeamentos têm sido datados da última pardo V milênio, seguramente há mais de dois mil anos distates, no tempo, da época de Abraão. Depois desta época váras culturas têm sido identificadas de forma ininterrupttanto no Alto quanto no Baixo Egito. Comparadas com aque se desenvolveram na Mesopotamia, pela mesma épocelas podem ser consideradas atrasadas mas, mesmo assim

era a base para uma sociedade altamente desenvolvida qu viria logo.9No IV milênio, o Egito, já havia estabelecido algum

tipo de governo unindo as diversas aldeias. Eles empreendam trabalhos de drenagem e irrigação, conheciam e utiliz

vam o cobre, e mantinham algum tipo de intercâmbio

internacional com Canaã e Mesopotâmia, o qual pode seatestado pelos tipos de cerâmicas destas regiões encontradem seus sítios arqueológicos.10

Este intercâmbio com a Mesopotâmia deve ter cessado por volta do século XXIX, mas existem indícios claros que o Egito continuou a manter relações com a Região d

Panorama Histórico de Israel 7

9 BRIGHT, op. cif , p. 30-31.10 Ibid '31

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Canaã e com a Fenícia nos séculos seguintes.11Além disestá comprovado que por volta do ano 2650 a.C., os egípci

já tinham capacidade e condições de construírem obras tãespetaculares como a pirâmide de degraus do rei Djoseristo a mais de 600 anos antes do aparecimento dos antepasados famosos de Israel.

A foto da pirâmide de degraus do rei Djoser, a seguié uma boa amostra do que os egípcios daquela época era

capazes de fazer em matéria de construções. Olhando paela e tentando desvendar os mistérios que envolvem umconstrução tão complexa em época tão remota, não se podduvidar que sua edificação é fruto da engenhosidade e cria

vidade de um povo bastante avançado na arte de construir.

8 Antônio Renato Gusso

Pirâmide de Degraus do Rei Djoser - Data estimada: 2650 a.C.

Apenas concluindo este ponto é importante destacaruma vez mais, que os Patriarcas não surgiram no meio de u

vácuo histórico. Antes deles, a humanidade civilizada já psuía uma longa trajetória que se perde no tempo. Hoje edia é de conhecimento e aceitação geral que, por volta 8000 a.C., ou não muito distante disto, os homens estavarealizando grandes feitos como, por exemplo, em Canaãconstrução de Jericó, uma fortaleza militar; na Mesopot11 Ibid., p. 32.12 KITCHEN K A jEgito São Paulo : Edições Vida Nova 1983 p 465-466

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mia, entre o V e IV milênios, construções de grandes templos, e, no Egito, próximo a 2700 a.C., pode-se atestar construção de grandes pirâmides.1’

2.2. O Período Patriarcal __________________________

Pode-se dizer que o Período Patriarcal, na narrativbíblica, vai do surgimento de Abraão110 capítulo 11 do Li vro de Gênesis até o primeiro capítulo do Livro de Exodo, qual apresenta uma lista dos filhos dejacó, antes de começa narrar um novo período da história. Não se pode ser dogmático em questão de datas para um estágio tão distante ntempo como este, mas, uma data aproximada, mesmo ha vendo muitas diferenças nas opiniões apresentadas pelos etudiosos da questão, pode ser estipulada. Gottwald propõum período que vai no máximo do ano 2300 a.C. até o an1300 a.C.14, Thompson, por sua vez, procurando ser mapreciso, sugere que ele seja colocado entre 1900 e 1600 a.C Tomando como base estes dois estudiosos, talvez seja prudente ficar dentro dos seguintes limites: 2300 - 1900 parainício do período e 1600 - 1300 para o término.

A seguir será apresentada, em linhas gerais, comtranscorreu a trajetória dos Patriarcas, a qual começou na Msopotâmia, mais especificamente em Ur dos Caldeus, passpor Canaã e terminou no Egito, como a Bíblia a descreve.

2.2.1. Os Patriarcas na Mesopotâmia________________

A história dos Patriarcas tem o seu início ligado à cdade de Ur dos Caldeus. Nela vivia Terá e seus filhos, dentos quais se destacaria, mais tarde, Abraão, como aquele q

Panorama Histórico de Israel 9

^ CROATO, J. S.História da Salvação. Caxias do Sul: Edições Paulinas, 1968. p. 33-34.^ GOTTWALD,N. K.Introdução SociokteráriaàBíbkaHebraica. São Paulo: Edições Paulinas, 1.988. p. 66-67.15 'THOMPSON J AE P t i lSã P l Edi õ Vid N 1983 1213

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receberia algumas promessas de Deus e, por crer incondicinalmente nelas, se tornaria conhecido como o Pai da Fé.

A narrativa bíblica não explica o por que, mas Terresolveu deixar Ur dos Caldeus e partir para a terra de CanEsta viagem nunca foi concretizada. Terá e os seus chegram à Harã e lá permaneceram. A viagem só continuou dpois da morte de Terá, quando Abraão, nesta época aindconhecido como Abrão, recebeu um comunicado divin

para partir, ao qual atendeu prontamente levando consigsua esposa Sarai, a qual, mais tarde, seria chamada de Saseu sobrinho Ló, bens e várias pessoas que o serviam ocomo sugere Francisco, que o seguiram pela sua causa, hdar uma terra prometida por Deus16 (Gn 11:26-12:5).

A Mesopotâmia desta época estava enfrentando um

grande confusão política17, o que pode ter motivado Terá, pquestão de prudência, a partir de sua cidade. Inclusive, existindícios de que ela foi destruída, pelos elamitas, por volta 1950 a.C. Sua permanência em Harã pode ser explicada pelamelhança desta com Ur. Elas eram ambas cidades bem dese

volvidas e centros de adoração do deus lua18, o qual Terá de

ter adorado, já que a Bíblia o apresenta como idólatra (|s 24:2 Ainda que não se possa determinar, com exatidão, motivo que levou Terá e seus familiares a deixarem Ur e parem para Canaã, em um primeiro momento, e mesmo que viagens realizadas pelos nômades e seminômades daquela éca estejam relacionadas, principalmente, com questões políti

e econômicas, não se deve esquecer que o caso de Abraão é pecial. Ele saiu de sua terra atendendo à uma necessidade esritual. Está claro que o seu objetivo era religioso19. Ele deixseus parentes e seu lar atendendo a uma chamada divina.

10 Antônio Renato Gusso

10 FRANCISCO, C. T.Genesis, Rio de Janeiro : JUERP, 1988. p. 214.17 BRIGHT, op. cit., p. 57.^ KIDNER, D.Genesis: introduçâo e comentärio. Säo Paulo : Ediçoes Vida Nova, 1991. p. 104.* DANA, H. E.O mundo do Novo Testamente: um estudo do ambiente histôrico e cultural do Novo Test Rio de

Janeiro: JUERP, 1980. p. 138-139.

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2.2.2. Os Patriarcas em CanaãPanorama Histórico de Israel 11

Abraão havia recebido a promessa divina de que possuiria a terra de Canaã (Gn 13:14-18) mas, de fato, ele memo nunca a possuiu, isto ficou para os seus descendentemuitos séculos mais tarde. Ele acabou por ser proprietárioapenas, de um pedaço de terra em Hebrom, o qual compropor preço justo para sepultar sua esposa Sara (Gn 23). L

também foram sepultadas Rebeca e Lia, além dele mesm(Gn 25: 8,9), seu filho Isaque (Gn 49:31), e seu neto Jac(Gn 50:12,13).

Em Canaã Abraão teve vários filhos de suas esposas concubinas, os quais foram, depois de receberem presentedo pai, mandados embora, antes de sua morte, para que Isa

que o filho da promessa ficasse livre da presença deles (G25:1-6). Ainda que aos olhos do cristão moderno esta atitudpossa parecer incoerente é bom pensar que isto pode ter evtado problemas quanto à chefia do grupo depois da morte d Abraão. Assim, pode-se dizer que sua atitude radical amandar os filhos embora foi, no máximo, um mal necessrio. Algo desagradável mas que deveria ser feito.

Isaque não foi uma figura de grande destaque na tradção bíblica 1, contudo, aparece como o herdeiro das promesas divinas feitas a seu pai Abraão. Conseguiu aumentar a riqueza pessoal e chegou a agir como uma espécie de chefe estado ao fazer aliança com os filisteus (Gn 26). Seus filhforam Esaú e Jacó, sendo este chamado mais tarde de IsraeFoi ele quem se destacou como o receptor das promessas d vinas que iriam ser cumpridas em sua descendência, as chmadas tribos de Israel, oriundas de seus doze filhos.

^ DATTLER FGênesisSão Paulo : Edições Paulinas 1984 p 146

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As promessas divinas que não se cumpriram literamente nos Patriarcas podem deixar o leitor moderno confu

so. Para que se possa entender melhor a aparente resignaçãpor parte dos Patriarcas quanto a isto, é bom lembrar queles não viam a vida após a morte como o cristão a vê na atalidade. Eles não esperavam muita coisa para si mesmos dpois que morressem a não ser a continuidade da vida emseus descendentes. Sendo assim, na mentalidade dele

quando o descendente recebesse o cumprimento da promessa também o seu ascendente a receberia. Antes de encerrar esta parte, também, é preciso desta

car que os antepassados de Israel, os Patriarcas, não eram únicos a peregrinarem em Canaã por aquela época. Certamete, muitos outros povos estavam nas mesmas condições qu

os descendentes de Abraão. Deve-se ainda dizer que eles nuca viveram como beduínos livres no deserto; se apresentacomo seminômades, criadores de gado miúdo, e podem ter dedicado ao comércio, o que os pré-dispunha a manter a pazrelações amistosas com os que estavam próximos.21

2.2.3. Os Patriarcas no Egito _______________________ Jacó depois de roubar a bênção que Isaque iria da

para Esaú precisou fugir para não ser morto pelo seu irmãPassou vários anos na região de Harã de onde voltou riccom esposas e filhos (Gn 28-33). Na volta, depois de fazerpazes com seu irmão, procurou se estabelecer em Siquéonde comprou uma propriedade, provavelmente com a intenção de fixar residência naquela região.22 Não consegurealizar o seu desejo devido à atuação inconveniente de sefilhos Simeão e Levi que, para vingar a honra de Diná, irmdeles que havia mantido relações sexuais com um home

12 Antônio Renato Gusso

21 FRANCISCO, C. T.Giittm. Kio de Janeiro :JUBRP, 1988. p. 214.a2 BRIGHT, op.ctafp. 57.

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que tinha o mesmo nome da cidade, mataram os homens dlocal e saquearam tudo o que puderam, levando, inclusivmulheres e crianças cativos, se fazendo, assim, odiosos aolhos dos povos vizinhos (Gn 34). Desta forma, Jacó volta peregrinar em Canaã até que foi, com toda a sua famípara o Egito, fugindo da fome que arrasava a terra. Foi palá a convite de seu filho José o qual, por intrigas dentro damília, havia sido vendido pelos seus irmãos, mas, que momento, se encontrava em posição privilegiada, desenv vendo a função de Administrador deste país.

O Faraó da época, desconhecido dos historiadoremodernos, agradecido a José pelos bons serviços que este nha prestando à nação, acolheu muito bem a Jacó e sua famlia. Recebeu pessoalmente a Jacó e uma comitiva forma

por parte de seus filhos em uma entrevista e deu-lhes a regde Gósen para que habitassem (Gn 47). José, antes deste encontro de sua família com Fara

já os havia orientado como deveriam proceder duranteconversa que teriam com o soberano, demonstrando queram pastores a muito tempo, para que se estabelecessem

terra de Gósen. Ela era uma região fértil, próxima do rNilo, e ficava em uma das fronteiras do Egito em direçãoCanaã, local apropriado para uma saída rápida do país se f

* • 23se necessário.Na opinião de muitos, os Patriarcas entraram no Eg

to na época em que este era dominado pelos hicsos. Isto e

plicaria, em parte, a benevolência demonstrada para co Jacó e seus filhos, pois existe a possibilidade destes conqtadores, semelhante aos antepassados do povo de Israel, s

1 • ' • 24rem de origem semítica.Como pôde ser visto até aqui, a trajetória dos Patria

cas teve o seu início na Mesopotâmia, passou por Canaã

Panorama Histórico de Israel 13

.FRANCISCO» ep. eit , p; 349.34 BRIGHT i 70 73

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terminou no Egito, de onde saíram os descendentes de Jacpara formar a nação de Israel.

A seguir, será apresentado um gráfico demonstrandode forma lógica a genealogia dos Patriarcas, baseado nas formações presentes no livro de Gênesis.

14 Antônio Renato Gusso

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Panorama Histórico de Israel 15

2.4, Para Complementar __________________________

2.4.1. Algumas Informações Bíblicas Sobre o Períodoa) Todo o Livro de Gênesis;b) Livro de Êxodo 1:1-6;c) Livro de 1 Crônicas 1:1 -2:2;

d) Livro de Jó2’;e) Salmo 105:1- 23.

2.4.2.Questões Para Revisão_______________________

a) Por que é difícil de apresentar uma história de Israel?b) Qual o motivo de, muitas vezes, termos a impressão d

que os Patriarcas surgiram já no início da humanidadec) Quais regiões formavam o mundo bíblico na época do

Patriarcas?d) Qual foi a promessa que Abraão recebeu, em relação

Canaã, e quem a herdou?e) Como explicar o não cumprimento imediato da pro

messa envolvendo Canaã e a aceitação disto pelos Patriarcas?

f) Como que os Patriarcas foram parar no Egito?

g) Descreva a seqüência da trajetória dos Patriarcas.

A data de escrita do Livro de Jó é assunto de extrema dificuldade e grandes discórdias, mas A. Bentzenseu livroIntrodução ao Antigo Testamento,no volume 2, na página 201, ao discorrer sobre isto, não temeafirmar: “é óbvio que o poeta descreveu o Seu herói como pertencendo à era patriarcal”.

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Panoram a Histórico de Israel 17

3.A FORMAÇÃO DA NAÇÃO___________________

No capítulo anterior foi visto que a trajetória patriacal teve seu final com a entrada de Jacó e sua família no Eto. Ainda que isto não possa ser provado por evidênciaarqueológicas concretas, o testemunho na tradição de Israé tão eloqüente que seria incoerência descartar esta possibdade, como alguns historiadores o têm feito, concluindo q

Abraão, Isaque e Jacó não passaram de figuras imaginárrepresentativas de determinados clãs. Toda a história posrior de Israel vai contra esta idéia, pois entre as tribos hav

uma consciência clara de sua história, a qual estava ligadapatriarcas e à escravidão no Egito de onde Deus os tirou. Aqui será visto de que forma os descendentes de Jac

saíram do Egito, firmaram um pacto com o Deus que os bertou, se tornando uma nação, e passaram longos anos pregrinando pelo deserto, antes de conquistarem a terra qu

lhes havia sido prometida.

3.1. Os Descendentes de Jacó Saem do Egito ________

Muitos anos se passaram depois que Jacó e sua famlia entrou no Egito antes que de lá saíssem. No início e, amesmo, por séculos, eles se desenvolveram e viveram becom aqueles que os haviam acolhido, mas, com o passar tempo, não só os patriarcas morreram, também, a situaçãpolítica sofreu alterações. O primeiro capítulo do Livro Êxodo informa que assumiu o poder um novo rei que nãconheceu a José. Isto é, não sabia, ou não reconhecia, o q

este antepassado dos filhos de Israel havia feito pelo bem Egito Na realidade por esta ocasião uma nova dinast

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pode ter assumido o poder sobre o Egito. Uma dinastia reamente egípcia, a qual teria expulso os dominantes anteriorque, possivelmente, eram de origem estrangeira.26

Não se sabe ao certo o que aconteceu na área políticaporém, pela tradição bíblica é reconhecido que os descedentes de Israel, de hospedes, foram transformados em ecravos, o que acabou por levá-los a saírem da terra que oacolhera por tantos séculos e deve ter influído sobremaneina formação da nova nação que viria a surgir daquele grude pessoas.

Há uma boa possibilidade de que Ramsés II tenhasido o faraó da opressão. Ele foi um grande construtor e laçou mão do trabalho forçado de inúmeros escravos27, entr

os quais podem ter estado os antepassados de Israel. Também é importante notar que no Egito há escassez de pedrasde mármores, o que reflete muito bem a situação dos decendentes de Jacó como a Bíblia os apresenta, fazendo tijlos para suprir os projetos de construção do governo.28

Depois de muito sofrimento, retratado em poucas li

nhas no relato bíblico, surge o libertador. Ele era Moisés: hmem culto, descendente de Levi, criado pela filha do faraNão se apresentou como libertador por vontade própria, tinha certeza de que era um enviado de Deus para libertar seu povo e cumpriu a sua missão com a ajuda de seu irmã

Arão.

Isto aconteceu depois de uma impressionante demonstração de poder por parte de Deus a faraó e seus súdtos em um período indeterminado, mas que não se devimaginar como sendo muito breve, pela natureza das pragque afligiram o Egito. A observação da relação das pragque sobrevieram sobre o Egito ajudam a perceber que o pe

18 Antônio Renato Gusso

26 COLE, R. A. Exwlo: int rodução e comentário . São Paulo : Edições Vida Nova, s/d. p. 52..27 JOH NS ON P Hi ó i d J d Ri d J i I Edi 1989 36

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ríodo foi longo. Veja o que aconteceu: 1) as águas foratransformadas em sangue; 2) rãs se reproduziram em abudância; 3) os homens e o gado foram infestados por piolho4) enxames de moscas invadiram o Egito; 5) os animais fram atingidos por uma peste; 6) os homens e animais foraatingidos por úlceras e tumores; 7) uma grande chuva de pdras atingiu as plantações; 8) gafanhotos invadiram o Egi9) o Egito foi envolto em trevas; e 10) foram mortos todoos primogênitos dos egípcios e de seus animais. Para qtudo isto tenha acontecido deve ter se passado um tempo rlativamente longo.

Só depois da décima praga é que faraó permitiu que povo liderado por Moisés partisse, contudo, ainda não erafim. Ele haveria de tentar evitar uma vez mais que seus esc

vos fossem libertos. Perseguiu-os e acabou por ser derrotdo, definitivamente, quando procurou cruzar o Mar do

Juncos29, da mesma forma que os fugitivos o haviam feidepois que este, milagrosamente, foi aberto dando passage

A

ao povo (Ex 14).Como se poderia esperar, toda está história, tão im

pressionante, da saída dos descendentes de Jacó do Egitnão possui nenhuma linha sequer escrita nas narrativas egcias. Seria demais para eles narrarem em suas memórias, qcostumeiramente só apresentavam vitórias, tamanha derropara um grupo de escravos. Como bem salienta Bright, esprar encontrar a narrativa destes acontecimentos nos anais dEgito seria o eqüivalente a encontrar os relatos a respeito crucificação de Cristo nas narrativas do Imperador RomanPara ele, o acontecido não possuía nenhuma importânciMas, seja como for, o testemunho bíblico é tão forte que nãdeixa a menor dúvida quanto à esta libertação.30 Mais tarpor várias vezes, os profetas de Israel e também os salmist

Panorama Histórico de Israel 19

COLE, op. cit., p.p. 42-44 c 113.BRIGHT | A Hi tó i <i I lSã P l Edi õ P li 1985 156

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evocaram a saída do Egito como o maior dos milagres acotecidos em sua história. Tanto que este fato foi relembradperiodicamente por meio da festa da Páscoa.31

Também pode ser aceito como uma evidência extra-bíblica da estada de Israel no Egito a utilização de nomeegípcios nos primeiros tempos da nação. Isto ocorre especalmente entre membros da tribo de Levi. Alguns deles sãMoisés, Finéias, Merari, Ofini e, talvez, o próprio Aarão, mão de Moisés.32 Não haveriam muitas razões para que utilizassem nomes egípcios em Israel se eles não estivesse vivendo no Egito.

Também não é fácil apresentar uma data exata paraestes acontecimentos envolvendo Israel no Egito. A Bíblnão se preocupa em fornecê-la. Contudo, Fohrer, baseadono fato de que o Egito estava sendo apertado por inimigoque vinham de várias direções nas proximidades dos ano1234 - 1230, sugere esta época como sendo propícia parafuga.33 Shultz, sendo mais maleável, afirma que poucos erditos modernos se arriscariam a apontar uma data fora dperíodo de 1450 - 1200 a.C.34 Bright, por sua vez, defendque todas as evidências têm apontado para o século treze, que coloca Setos I, o restaurador de Avaris, como sendo possível faraó da opressão e Ramsés II o da época do êxodo.35 De fato, Israel aparece, pela primeira vez como povem uma inscrição datada como sendo de 1220 a.C., onde faraó Mernepta conta suas vitórias. A vitória pode não teacontecido, pois os faraós apresentavam até derrotas comtriunfos, mas a citação prova que Israel já estava fora do Egto por esta época.36

20 Antônio Renato Gusso

SHULTZ,S. ]. A H istória de hr a el no A ntigo Tesltmeuto. Sã o Paulo : Edições Vida Nova, 1988. p. 43.32 BRIGHT, op. cit, p. 154.

33 FOHRER, G.Hixíóridí ! íí ReUgiUo íle lsrvei. São Paulo : Edições Pau linas, 1982. p. 79.34 SH ULTZ , op. c it , p. 46.35 BRIGHT op cit p 158

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3.2. Deus Estabelece um Pacto com os Descendentes de Jacó

Panorama Histórico de Israel 21

Não é de concordância geral a maneira como Israel stornou uma nação. Johnson, por exemplo, opina que o nascimento da nação aconteceu no exato momento em que Jacteve seu nome mudado, por Deus, para Israel,37 conformestá narrado em Gênesis 32:22-32. Este acontecimento

contudo, ainda que seja de extrema importância para a futra nação, pois aí surgiu o nome Israel, não deve ser tomadcomo o início. Eles, ainda que numerosos, por esta ocasiãnão passavam de uma família ou clã que viria a se tornar upovo em especial.

Deus, quando se revelou a Moisés, chamando-o par

tirar os descendentes de Jacó do Egito, e levá-los à terra quhavia sido prometida a tanto tempo atrás ao patriarca Abrão, demonstrando assim que ela continuava válida para a sposteridade, já se referiu a eles como um povo. Ele diss“certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito(Ex 3:7). Mas, isto não significa que Israel já era uma naç

organizada. Ao que parece, isto aconteceu no momento emque Deus, utilizando Moisés como intermediário, estabelceu um pacto com eles, três meses depois que saíram do Egto (Êx 19).

A partir daquele momento, depois de confirmado opacto, eles passariam a ser um reino de sacerdotes, uma n

ção santa, ou separada para Deus. Deixavam de ser um aglmerado de pessoas ou de clãs, sem muitas ligações, comeram, e passavam a ser um estado, ainda que não nos moldmodernos, organizado em torno de seu rei exclusivo: Iavé

Não passaram a ter nenhum governo humano central, contudo, por uns duzentos anos, enfrentando as mai

severas condições adversas, Israel conseguiu manter intac

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a sua identidade como um povo. Isto não se explica de outmaneira a não ser pelo sentimento que tinham de estar lig

dos por um pacto solene, o qual fazia deles um povo govenado por um mesmo Deus.38

3.3. Israel no Deserto ____________________________

Era de se esperar agora, depois de Israel ter se tomado uma nação, que logo se concretizaria a promessa de hedar a terra de Canaã. Mas não foi isto o que aconteceuParece que a nação, ainda jovem, não estava preparada paesta conquista. Próximo do monte Sinai eles completaramprimeiro ano de libertação e, um mês depois, levantaraacampamento e partiram para a ocupação da terra promeda. Porém, poucos dias mais tarde, tiveram que adiar a invsão que só foi reiniciada trinta e oito anos depois (Nm33:38).39

3.3.1. O Motivo que os Levou ao Deserto _____________

Estava tudo pronto para a invasão de Canaã. O tabernáculo, que pode ser considerado uma espécie de santuárportátil, o qual serviria como um lugar de revelação, ondebuscava a orientação divina para as questões difíceis40, estpronto, garantindo assim a presença e ajuda de Deus. povo já havia sido contado, dando aos líderes uma boa n

ção da força que possuíam, e as tribos estavam dispostas eposições estratégicas para a marcha, mas o relatório apresetado por parte dos espiões que foram fazer um levantameto no local a ser invadido foi desanimador.

22 Antônio Renato Gusso

38 BRIGHT, op. cit., p. 192.S! UJl.rZ, op. cit., p. 73.40 1 OHRLÍR op cit p 95

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Eles reconheceram que a terra, assim como constavda promessa, realmente era boa. Contudo, julgaram-se incpazes de enfrentar povos tão poderosos como aqueles que habitavam em Canaã. Por isso desanimaram o povo. Eles fram tão convincentes ao descreverem Canaã como uma tera impossível de ser conquistada, que o povo em gerapensou em retornar para o Egito e quase apedrejaram a Josué e Calebe, dois dos espiões que discordavam dos demaiestavam prontos para a invasão (Nm 13-14).

Esta rebeldia resultou em um castigo imediato. A nação foi condenada a permanecer no deserto até que todoaqueles que tinham vinte anos para cima estivessem morte, para que isto fosse confirmado imediatamente, os espiinfiéis morreram de praga, sobrando apenas os dois que fram fiéis.41

3.3.2. Os Acontecimentos no Deserto _________________

Quando se fala em deserto na Bíblia, não é necessáriimaginar uma região arenosa impossível de se viver por mto tempo. Talvez uma expressão melhor, em português, fose “lugar desabitado”, pois foi, principalmente, por lugarassim que o povo de Israel vagou antes de partir, pela seguda vez, para Canaã.

Certamente, muitas coisas importantes aconteceramneste período de tempo em que Israel ficou aguardando

momento de invadir Canaã. Contudo, as informações sobreocorrido são escassas. Elas estão limitadas ao Livro de Númros, o qual no original é chamado debembbar (""Q"T0Ü3) quesignifica “no deserto”, nome este que o descreve melhor quo tradicionalmente utilizado nas versões em português.

Panorama Histórico de Israel 23

^ YVENHAN, G. J.Núm eros: introdução e comentário.São Paulo: Edições Vida Nova, 1991. p, 129.

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Este livro mostra, entre outras coisas, algumas das dficuldades enfrentadas no deserto, como a rebelião de CorData e Abirão (ver capítulo 16 de Números), a morte de Mriã e Arão (capítulo 20), vitórias em batalhas (capítulo 21uma lista pormenorizada das localidades em que Israel acampou (capítulo 33), porém não passa de uma pálidamostra daquilo que deve ter ocorrido em todos aqueles ano

Na verdade não há como descrever com segurança oque aconteceu no deserto. Os fatos devem ter ocorrido dforma muito mais complexa do que o Livro de Númeroapresenta, além do que, poucos dos lugares mencionados nBíblia podem ser identificados com segurança nos dias atuaContudo, pode-se afirmar que este foi um tempo muito importante para Israel. Não há dúvida de que foi neste períodque ele se firmou como povo e desenvolveu a sua religião.4

Ainda que em dificuldades no deserto, foi ali que Isrel passou a agir como nação. Era agora um povo organizadque agia em conjunto e estava ligado por um líder: Moisémas, estava unido, principalmente, pelo mesmo Deus quadoravam. Só faltava mesmo a terra para se estabeleceremComo conseguiram conquistá-la será visto no capítulo sguinte.

24 Antônio Renato Gusso

42 IJR IG irr op cit p 158 159

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Panorama Histórico de Israel 25

3.4. Para Complementar _________________________

3.4.1 .Algumas Informações Bíblicas Sobre o Períodoa) O Livro de Êxodo;b) O Livro de Levítico;c) O Livro de Números;

d) O Livro de Deuteronômio;e) O Salmo 105:23-43;f) O Salmo 106:1-33;g) O Salmo 136.

3.4.2. Questões Para Revisão ________________________

a) Explique a falta de evidências arqueológicas a respeide Israel no Egito, no período que vai de José até Moisés.

b) Como se supera a falta de evidências arqueológicas sbre Israel no Egito, neste período?

c) Quando “nasceu” a nação de Israel?d) C o m o foi organizado o primeiro governo de Israel?e) Por que foi adiada a entrada de Israel em Canaã?f) Por quanto tempo foi adiada a entrada de Israel em Ca

naã?g) Como era o deserto no qual Israel habitou por tantos

anos?h) Cite dois fatos importantes que aconteceram enquanto

Israel estava no deserto.

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4.A CONQUISTA DE CANAÃ

Depois de tantos anos no deserto, finalmente, seaproxima o momento tão esperado de entrar na terra prometida. O grande líder Moisés, avisado da proximidade sua morte, transfere a liderança para Josué, um dos que havam visitado Canaã, como espiões, a quase quarenta anoatrás, e dá suas últimas instruções ao povo, antes da invasãconforme se encontram no Livro de Deuteronômio. A horaera chegada. A promessa estava para se cumprir. Porém, terra que os esperava, manando leite e mel, conforme figude linguagem utilizada na Bíblia para descrever a sua fertdade extrema, não estava despovoada. Lá habitavam váripovos que não estavam dispostos a ceder os seus territórioaos invasores. Os israelitas teriam que lutar muito ainda paquilo que almejavam.

Neste capítulo, com a intenção de se deixar mais clarcomo foi que ocorreu a conquista de Canaã por parte de Israel, serão apresentados dois pontos fundamentais. O primeiro estará demonstrando como estava a situação políticsocial e religiosa dos povos que lá habitavam, e o segundtratará da invasão propriamente dita. Estarão sendo respondidas as seguintes questões: como foi iniciada a invasãcomo se desenvolveu e até onde conseguiu chegar.

4.1. A Situação Cananéia _________________________

Antes de prosseguir utilizando o nome Canaã, parecebom esclarecer ao que se refere este termo, pois é normanos dias de hoje aludir à esta região, que aqui está sendo trtada, empregando-se o nome Palestina. A intenção do us

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de Canaã, neste trabalho, no lugar do termo Palestina, mapopular na atualidade, é evitar um anacronismo. O Antig Testamento sempre se referiu à esta região como sendo Cnaã e ele está correto também nesta questão. O nome Paletina é relativamente moderno e deriva da palavra “Filistiaqual poderia ser traduzida como país dos filisteus(Felisttm - □ 'n t^ S ) .43 Somente mais tarde na história de Israel é queste povo vai se destacar, e muito mais tarde ainda é que a gião vai tomar este nome. Ainda não está totalmente claro quando e por que região passou a ser chamada pelo nome de Palestina, uma ferência direta aos filisteus, inimigos históricos de Isramas é certo que em 135 d.C. os romanos assim a cham

vam.44 Esta nomenclatura para a região pode não passar

uma afronta por parte dos romanos contra os descendentede Israel que, mesmo frágeis, comparativamente, tantas dculdades causaram para o grande império.

Desta forma, o nome Canaã, neste trabalho, está sendo utilizado para a mesma região atualmente tratada pomuitos escritores como Palestina, a faixa de terra que vai d

proximidades do deserto do Egito até às fronteiras da Síri

4.1.1. Composição Social e Política em Canaã _________

Canaã, ainda que habitada por vários povos, formavuma unidade cultural. Suas cidades eram bem construíd

fortificadas e, em alguns casos, bem planejadas, possuinsistema de esgoto e de abastecimento de água retirada fontes cavadas em rochas, como em Jerusalém, para enfretar os períodos de dificuldades durante os cercos dos inimgos. Os líderes das cidades, contrastando em muito comgrande massa de liderados, moravam em casas de boa qua

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^ BEEK, M. A.Histór ia <k Is ra el Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967. p. 15.44 Ibid.

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dade e dominavam o comércio que se estendia muito alé

de suas fronteiras, chegando ao Egito, Mesopotâmia e lugres mais distantes.45 Ainda que unidos por uma cultura comum, o povo de

Canaã, pela ocasião da invasão israelita, não estava orgazado em um forte sistema político, pelo contrário, eles se oganizavam em cidades-estado independentes, ou semi-indpendentes, em sua maioria vassalos do Egito. Se uniamapenas quando enfrentavam algum perigo externo para fazrem frente ao inimigo comum, como foi, em parte, o caso dIsrael.46 Esta fraca unidade de Canaã, que nunca conseguse tornar um império coeso, pode ser explicada pelos fatorgeográficos e pelas pressões das grandes nações vizinhas qse utilizavam de seu território como se fosse um estado tampão.47

As cidades, em sua maioria, eram pequenas. O goveno era exercido por um rei leal a faraó. Este rei, juntamencom uma classe de nobres hereditários, dominava a maiorda população formada por camponeses, pode-se dizermeio-livres. Não havia uma classe média expressiva e os pbres e escravos eram em grande número. A situação para etes era muito difícil. Eles estavam sempre à disposição parguerra e, sobrecarregados de impostos, trabalhavam apenpara sobreviver. A situação se agravava, ainda mais, quano Egito procurava ignorar as intermináveis discórdias quhaviam entre as lideranças das cidades, deixando-as se abarem mutuamente.48 Pode-se imaginar que o descontentamento por parte dos menos favorecidos era geral, o que oenfraquecia por ocasião da necessidade de defesa.

Um outro fator complicador era a presença de grandes grupos de salteadores formados por elementos sem tra

4^ BRIGHT, J.História de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p. 150.^ SWULTZ, S. ]. A H istória de Is ra el //o A ntigo 'Testamento. S ão Pau lo: Edições Vida Nova, 1988. p. 89.47 SHULTZ i 89

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dição ou lugar fixo na sociedade estabelecida. Verdadeirobandos de “piratas”, que recebiam mercenários desconten

tes, escravos fugitivos e marginalizados em geral, como semembros. Estes, chamados ‘Apiru, causavam problemaconstantes para a sociedade organizada. Nas cartas de Amana são encontrados os apelos, desesperados, que os governantes locais faziam ao Egito pedindo ajuda paracombatê-los.49 Israel, quando entrou em Canaã, pode te

sido confundido pelos moradores locais como se fosse maium destes grupos e, realmente, existe a possibilidade de queles tenham sido os ‘Apiru mencionados nas cartas d

Amarna50.Por ocasião da invasão israelita o Egito havia perdido

a sua influência sobre as cidades-estado de Canaã, ficand

estas sem nenhum tipo de poder central. Muitos dos reidestas cidades, aproveitando a ocasião, procuraram amplios seus domínios combatendo e conquistando os seus viznhos. Fator este que gerou uma desunião maior ainda dqual já havia e pode ter ajudado em muito a infiltração de Irael na região.51

4.1.2. A Religião Cananéia__________________________

Quando se começa a estudar a religião praticada emCanaã se percebe com mais clareza os motivos pelos quaIsrael deveria destruir todos os povos que lá habitavamMuitos eram os deuses e deusas dos cananeus e possuíamem seus cultos, como elemento de destaque, a atividade sxual, o que é próprio de uma comunidade agrícola. Comdependiam da boa produção, buscavam nos deuses, pomeio do culto da fertilidade, a garantia de boas colheitaComo era de se esperar, a atividade cultual envolvendo

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49 Ibid. p. 177. AIICIII -R, )r., G. I.. M erece Confiança o Antigo Testam ento? São Paulo: Rdições Vida Nova, 1986. p. 192.

^ MH' /GI\R M Hi tó i d I lSà L ld lidit Si d l 1972 17

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“prostituição sagrada” se confundia, facilmente, com a protituição secular.52

Um ambiente religioso tal como este era, sem dúvidaum fator de risco muito elevado para a moral do povo de Israel. Eles não poderiam conviver com tamanhas aberraçõee, ao mesmo tempo, serem fiéis ao Deus moral e santo quos havia resgatado da terra do Egito. Uma descrição das características principais de alguns dos deuses adorados emCanaã, como segue, poderá ajudar o leitor a ter uma visãmelhor desta realidade religiosa e da necessidade que Isratinha de permanecer separado dos demais povos.

.1.2.1. O deus El _________________________________

Ainda que a palavra El possa se referir tanto ao Deus verdadeiro quanto para ídolos, na forma de título, ele surgnos tabletes de Ras Shanra como um nome próprio empregado para um dos deuses adorados em Canaã.53 Este é o nomdo deus-pai que, mesmo inativo e desempenhando papel secundário no culto, nominativamente ocupava a primeira pos

ção no panteão.54 Ele era esposo da deusa Asera, com a quase cria, gerou mais setenta deuses e deusas. Também era cosiderado o criador, conhecido como pai-touro e representadoà semelhança de um touro entre um rebanho de vacas.55

.1.2.2. O deus Baal _______________________________

A palavra Baal significa senhor, possuidor ou maridoEla era empregada como título de diversas divindades locaespalhadas por Canaã. Em cada localidade havia um Baaum “senhor”, por isso aparece muitas vezes, na Bíblia, em

^ FOI1RUR, G. íliilóriii th Religião ile Israel. São Paulo: lú iições Paul mas, 1982. P, 48-65-^ BRU CIl, K F.De/i.i. SSo Paulo: Kdições Vida Nova, 1983. p. 409.

BRIGJÍT, «p.cit., p. 151.55 SC HU LT X, op- cit., p. 90.

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sua forma plural,baalins, (no original:be‘alim — ÍT biH ) alémde aparecer precedendo um nome próprio como: Baal-Peo

Baal-Zefon e outros, descrevendo uma certa divindadrelacionada com um local. Com o passar do tempo, porém,palavra foi se tomando o nome próprio utilizado para ogrande deus da fertilidade dos cananeus.56

Este Baal principal, que acabou assumindo o títulogeral como seu nome próprio, era o deus Hadade, consid

rado o filho mais velho de El e Asera. Era ele quem, na mitlogia canaanita, governava os deuses e controlava os céus terra, sendo o responsável pelas chuvas, tempestades e, cosequentemente, pela fertilidade e vegetação.57

A morte e a ressurreição de Baal eram aspectos importantes da religião de Canaã. Isto correspondia à morte

ressurreição da natureza. Pensava-se que as forças da naturza seriam reativadas por meio dos rituais praticados peloadoradores. Rituais estes que envolviam relações homossxuais, prostituição sagrada e outras práticas orgíacas.58

Como um último e extremo argumento contra a adoração e a permissão ao culto a Baal pode ser citado o Liv

de Jeremias, o qual mostra a influência deste deus em épobem posterior à entrada de Israel em Canaã. Em Jeremia19:5 está escrita uma acusação de Deus contra Israel, qudiz: “...edificaram os altos de Baal, para queimarem seuslhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordnei, nem falei, nem entrou no meu pensamento”.

4.1.2.3. As deusas Asera, Astarte e Anate _____________

Estas três deusas, consideradas por alguns como sefosse apenas uma que se confunde por causa dos nomes5~'C' I'AY NI:’,, D. KBüíj /. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p.\l(i.57 SHULTZ, op. cit., p. 90.58 BRIGHT, op. cit., p. 152.5<J A1.LEN, 11. B. Ashimt. São Paulo: Rdiçõcs Vida Nova, 1998. p. 1190.

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eram bastante semelhantes a Baal e surgiam como divinddes de várias localidades. Eram deusas do sexo e da guerrepresentadas, por seus devotos, com características sexuaexageradas e como praticantes de um sadismo depravadoComo se pode ver, quando os israelitas passavam a adoralgum dos deuses cananeus, a sua falta era muito grave, poas práticas realizadas nestes cultos: prostituição masculinafeminina, homossexualismo e sacrifícios humanos, entre otras brutalidades, se opunham claramente à sua própria região.60 Quando agiam assim, se colocavam como traidorde seu Deus e iam contra a base de sustentação da nação.

4.2. A Invasão Israelita___________________________

Agora que já foram analisadas as condições de Cananas proximidades do século XIII a.C., fica mais fácil de compreender como aconteceu a invasão israelita. Contudtambém este assunto não é matéria de consenso entre os estudiosos da questão. Só para se ter uma idéia da complexidde da matéria é bom informar que, como a própria Bíblia dmargem para duas interpretações, pois mostra em um quadro Israel unido conquistando tudo rapidamente e em outruma ocupação, que parece lenta, efetuada por tribos indivduais, alguns chegam mesmo a pensar que a invasão unificda não passa de uma idealização do autor.61 Porém, comserá visto a seguir, esta interpretação extremada não podmais se sustentar diante das evidências arqueológicas encotradas na região. A verdade é que Josué, ainda que lideranum exército inferior àqueles que os aguardavam em Canadeve ter conseguido muitas vitórias aproveitando-se do elmento surpresa, pois suas armas eram insuficientes diante inimigos tão poderosos. Eles, provavelmente, lutavam co

Panorama Histórico de Israel 33

<’*1A JJ .ü N , R. B. Asttíwf. São Paulo: LúJições Vida Nova, 1998. p. 1189-1190.lll

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lanças, paus, flechas e algumas poucas espadas, contra povque possuíam até mesmo carros para combate62.

4.2.1. A Entrada na Terra Prometida__________________

Depois de longos anos no deserto, finalmente, Israeestá às portas da terra que lhe foi prometida. Faltava um teritório para que se firmasse como uma nação e este seriagora, conquistado com muita luta. A entrada em Canaã não poderia ter sido mais gloriosa. Ela aconteceu nas proximidades da cidade de Jericacompanhada por um evento extraordinário, que Israel spoderia mesmo considerar um milagre efetuado por Deuque lhes estava dando a terra: as águas do rio Jordão pararapara que eles pudessem passar.Este fato está narrado no capítulo 3 do Livro de Josue seus detalhes, é claro, nunca poderão ser confirmados plas evidências extra-bíblicas. Mas, parece importante menonar que no ano 1927 de nossa era, na localidade de Adatualmente identificada pelo nome de Damieh, situada a

km de distância do local da travessia, o rio Jordão, que neparte é ladeado por penhascos de pedra calcária, teve o securso interrompido durante vinte e uma horas e meia, comresultado da queda de um grande bloco de pedra, com cerde 45 m de altura, em seu leito.63

Tenha sido algo semelhante ou não, ao que foi narra

do acima, que aconteceu a Israel, quando da invasão de Cnaã, a verdade é que eles conseguiram entrar na terra de umforma especial e, corretamente, creditaram este feito a DeuLogo em seguida, deram início às conquistas e deixaram urastro de destruição que, no geral, pode muito bem ser atetado pelas evidências arqueológicas da região. Ainda q

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62 W llIGH T, G. U.arqueologia Bíblka. Madrid: Edicioncs Cristandad , 1975. p. 101.63 SUULTZ op cit p 92

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muitas das cidades destruídas por Israel, conforme o relat

bíblico, não tenham sido identificadas pelos arqueólogos ao momento, outras o foram e confirmam tanto a destruiçã violenta quanto a ocupação por um povo de hábitos maisimples, apontando assim para os israelitas.64

4.2.2. O Desenrolar da Conquista ____________________

Para se compreender como ocorreu a conquista eharmonizar os relatos de Josué e Juizes, Wright chama atenção para dois grupos de dados arqueológicos. Um delmostra que Canaã, por volta de 1300 a.C., sofreu uma peturbação violentíssima e teve muitas de suas cidades comptamente destruídas, e outro, mostra que várias das cidadeescavadas foram reconstruídas e destruídas novamente, duma a quatro vezes, no decorrer dos séculos XII e XI a.CDesta constatação poder-se-ia deduzir que: primeiramenthouve uma onda irresistível de conquistas como bem mosto Livro de Josué, levada a efeito por todas as tribos em cojunto, e que, posteriormente, foi necessário travar uma luconstante para manter e reconquistar as posições de cada trbo individualmente.65 Assim se explica a aparente contração no relato bíblico.

Além disso, as muitas provas das terríveis destruiçõeocasionadas em Betei, Laquis, Eglon, Debir e Hasor, durate o século XIII a.C., sugerem que aconteceu uma campanhbem planejada de conquistas naquela região, a qual podmuito bem, ser relacionada com a ordem descrita nos captulos 10 e 11 do Livro de Josué. A intenção clara destas campanhas foi a de, primeiramente, ocupar territórios, paraprovavelmente, mais tarde, estabelecer a nação66.

Panorama Histórico de Israel 35

w B R IG ir r, op. cie., p. 166-169. V ll IG I IT,Ci. E. Arqueologia Bíblica. Madrid: Edicioncs Cristandad, 1975. p. 100-101.

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Também parece estar estabelecido nos dias atuais quIsrael, inicialmente, ocupou as regiões montanhosas de C

naã.67 Enquanto isso, permaneceram nas partes planas grades cidades, fortes demais para serem conquistadas. Elacontinuaram por um bom tempo ainda com um sistema feudal, dependentes do Egito. Muitas cidades-estado, depois chamada invasão dos “povos do mar”, entre os quais deveram estar os filisteus, se organizaram em monarquias e, se

dúvida, estavam melhor preparados para dominar a regiãdo que Israel, que se mantinha unido por uma confederaçãde cunho religioso, sem nenhuma figura política forte paorganizar a nação68. O próximo capítulo vai estar tratanddestas dificuldades que ocorreram em seguimento às conquistas iniciais do grupo de Josué, no chamado Período d

Juizes.

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^ CLEMENTS, R. E.0 Mundo do Antigo Israel São Paulo: Paulus, 1995. p. 74.68 WRIGHT, op. cit, 126-128.

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4.3. Para Complementar ________________________

4.3.1.Algumas Informações Bíblicas Sobre o Período

a) O Livro de Deuteronômio (Composto, principalmente, por discursos de Moisés preparando o povo para aconquista de Canaã)

b) O Livro de Josué;c) O Livro de Juizes 1:1- 2:10.

4.3.2.Questões Para Revisão ________________________

a) Por que não é correto utilizar o termo Palestina paradescrever a região de Canaã na época da conquista?

b) Como eram as cidades de Canaã neste período da conquista?

c) Dê uma breve descrição da organização política em Cnaã na época da conquista.

d) Como você descreve a influência do Egito em Canana época da conquista?

e) Quem eram os “Apiru”?f) Escreva a respeito da religião praticada em Canaã quan

do da conquista.g) Explique quem era Baal.h) Como aconteceu a invasão israelita de Canaã?

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5.O PERÍODO DOS JUIZES

O período dos Juizes foi marcado por muitos problemas. Israel havia se estabelecido em Canaã, nos lugares qlhe foi possível e, naturalmente, levando-se em conta o sesistema tribal, dividiu as suas forças, dando oportunidadpara que os povos vizinhos se recuperassem e, até mesmservissem como uma ameaça séria à continuidade do sistma. Nesta época, depois de um período inicial de assentmento, eles estiveram muito perto de deixar de existir compovo independente.

Neste capítulo, para que se entenda melhor este período, será apresentado o sistema de governo praticado poIsrael, analisada a raiz dos problemas que surgiram e ameçaram a nação, verificada como aconteceu a atuação dos bertadores e demonstrado o por quê e como esta forma deliderança deixou de existir. E bom lembrar que a maioria dinformações, conhecidas até o momento, a respeito destépoca da história de Israel, procedem do Livro de JuizeComo ele não apresenta os acontecimentos em uma seqüência cronológica, fica muito difícil de se estabelecer com cteza a trajetória do povo nesta época.69

5.1. O Sistema de Governo Teocêntrico_____________

Israel diferia muito de seus vizinhos quanto ao modelo de governo. Enquanto estes possuíam um sistema de go verno formal com reis e príncipes na liderança dos negócido estado, pode-se dizer que, Israel não possuía nem estad

^ I3RIGIÍT, ].H istória de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p. 226.

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Não havia nada que pudesse lembrar ou sugerir uma admnistração estatal organizada. Os clãs, ou tribos, permane

am independentes, unidos apenas pelo vínculo religioso.Este sistema, chamado por Bright de anfictionia, nãfoi algo exclusivo de Israel, ele pode ser encontrado em váos outros locais como, em período um pouco posterior, nItália e na Grécia, de onde recebeu este nome. Inclusive, gumas das anfictionias conhecidas, semelhantes a de Isra

também eram formadas por doze participantes.70 O que fzia a diferença desta liga tribal e das outras era o fato exclu vo da aliança realizada entre Israel e seu Deus, que o havtirado da escravidão no Egito.71

Israel levava muito a sério este sistema governamental. Eles se consideravam como vassalos de Iavé e não adm

tiam a idéia de ter um rei humano dizendo-lhes o qudeveriam fazer. Isto seria traição, iria contra o tratado de vasalagem estabelecido por Deus. Ainda que com o passar dtempo, diante das dificuldades oriundas da falta de um g verno semelhante aos das outras nações, alguns tenham prcurado mudar o sistema, e mais tarde foi mudado, nest

período, a idéia de monarquia era totalmente abominada plos israelitas de coração, como pode ser visto na reação Gideão quando alguns pensaram em fazer dele o primeirei de Israel (Jz 8:22-23).

Como Liga Tribal, que era, e não uma unidade nacional propriamente dita, Israel não tinha uma capital, nem u

estafe para desempenhar as funções governamentais. Istpoderia caracterizar alguma espécie de governo central o qiria contra as estipulações da Aliança feita com Iavé. Eleram regidos pelas leis feitas por Deus e, sendo assim, prática, enquanto estivessem debaixo destas leis, por Eeram governados.72 Contudo, a confederação tinha o se

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™ BRIGH T, J.H istória de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p. 210-211.71 CUNDALL, A. E. Jui-~es: int rodução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1992. p. 36.

jOHNSO N P Hi tó i d J d Ri d j i Edit I g 1989 50

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ponto focal no local de adoração onde se encontrava a Arcda Aliança. Aí eles se reuniam nas épocas de festas, não para adorar mas, também, para resolverem os diversos prblemas de interesse geral que afligiam ou interessavam às bos. Provavelmente, por estas ocasiões, as tribos eramrepresentadas por seus líderes.73 Seria inconcebível imagiuma reunião completamente aberta para todos os membrodas comunidades envolvidas nesta liga.

Parece que por esta época dos juizes, de forma maiexata no período de Eli, o santuário central em Silo é qumantinha as tribos unidas. A Bíblia não é clara, quanto a ismas deixa margem para se concluir que este local foi destrdo pelos filisteus, quando da morte em campo de batalhdos filhos de Eli. Este acontecimento deve ter forçado algu

mas mudanças e levou Samuel, considerado o último dos juzes, a cumprir os seus deveres religiosos em vários locacomo Mispá, Ramá, Gilgal, Belém e outros, conforme a ncessidade surgia.74 Ainda que ele fosse um líder reconhecipor todos, não desempenhava suas funções em um lugar exclusivo, evitando, com esta atitude, a cristalização de u

ponto de poder no território desta ou daquela tribo, o quepoderia colocar em cheque a igualdade de direitos e obrigções que havia entre os membros da Liga e igualá-lo aos g vernantes de outras nações.

5.2. Como Surgiram os Problemas _________________

Não faltavam problemas para Israel neste períodoFoi uma época de adaptações, na qual precisaram aprenderser nação ao mesmo tempo em que se esforçavam para sobreviver diante dos desafios que surgiam. Isto fica evidenquando se percebe que Israel, depois de um período de con

Panorama Histórico de Israel 41

73 BRIGHT, op. cit-, p- 210.SHU LTZ J SA H i tó i d I l A tig T t tSã P l Edi õ Vid N 1988 118 119

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quistas, no qual as tribos, certamente, atuaram em conjun(de outra forma não teria sido possível chegar aonde cheg

ram, ao menos sem a ajuda de um milagre de Deus), passaum período de guerras defensivas, no qual lutavam, deseperadamente, pela sobrevivência.

A seguir, será analisado de duas formas, separadamas semelhantes, o por quê de terem surgido tantos problmas para Israel. Em primeiro lugar será vista a explicaç

teológica desta realidade e logo depois a possível argumenção natural. As duas se complementam e são insepatáveis

5.2.1. A Explicação Teológica_______________________

A explicação teológica a respeito das dificuldades efrentadas por Israel está na Bíblia. O autor do Livro de Juiznão teve dificuldades para enxergar nos altos e baixos da nção o castigo de Deus por causa da desobediência aos prceitos do pacto que havia sido estabelecido por Iavé. Dmesma forma, via no livramento o resultado do arrependmento do pecado nacional e do retorno a estes mesmos preceitos. Por isso, ele escreve a parte principal de seu livenfatizando um círculo de episódios, que se repetem por se

vezes, demonstrando a trajetória do povo que se resume empecados, sofrimentos, súplicas e livramentos.

Para ele, todas as vezes que Israel pecava, quebrandos preceitos da Aliança, que exigiam a sua permanência dbaixo do domínio de seu Deus-Rei e que não tivesse nenhum contato com divindades rivais,75 sofria justas puniçõdo Deus soberano. Quando se arrependia e clamava suplcante pelo perdão, acabava por ser agraciado, da parte dDeus, com o livramento da dificuldade ou perigo que o est va ameaçando.

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75 BRIGHT, op. cit. p. 199.

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Já nos primeiros capítulos do Livro de Juizes fica evdente que Israel está sofrendo por causa da desobediênci

Eles não destruíram todas as nações que Deus havia manddo destruir (Jz 1:27-36); acabaram por fazer alianças compovo da terra, atitude esta que não poderiam tomar, pois tnham sido proibidos por Deus (Jz 2:2); acabaram por ser ifluenciados pela religião dos povos de Canaã e passaramadorar aos deuses cananeus (Jz 2:13) e a se misturarem co

os antigos moradores da terra através de casamentos, o qutambém lhes estava proibido (Jz 3:6). O resultado de todesta desobediência foi o castigo de Deus, a quem eles, comsúditos que eram, deviam obediência.

5.2.2. A Explicação Natural ________________________

A explicação natural da razão por que Israel enfrentotantos problemas nesta fase de sua existência conta com váos fatores. O primeiro mostra que aconteceu algo muito intressante com o povo de Israel. Ao mesmo tempo em que elconquistaram foram conquistados. Israel unido demonstrogrande força ao entrar em Canaã, como as evidências arquelógicas têm atestado, mas culturalmente eles eram bem infeores aos seus conquistados. Muitas das cidades destruídas peles foram reconstruídas, em seguida, demonstrando um n

vel cultural bastante inferior ao dos predecessores.76Este fato deve ter levado Israel a depender de seus v

zinhos, daqueles que não foram destruídos, em muitas áreda vida quotidiana. Daí o por que acabaram por se misturaraté mesmo a assumir, em parte, ainda que não oficialmentaspectos da religião de Canaã. Como observa Bright: “Finevitável que alguns israelitas vissem a religião agrária coparte necessária da vida agrária, e começassem a fazer sacrcios aos deuses da fertilidade. Outros, sem dúvida, acom

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76 CU NDA LL, op. cit., 34.

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daram a adoração de Iahweh com a adoração de Ba‘al,começaram até mesmo a confundir os dois”.77 E claro qu

este envolvimento de Israel com povos de outras culturasreligiões acabou por enfraquecê-lo. Aspectos culturais e rgiosos, que os distinguiam como uma unidade, um grupo epecial, separados por Deus dos demais, foram afetados.

Um outro fator que dificultou a ação por parte de Israel como uma unidade, no período seguinte ao estabelecime

to na terra, e os enfraqueceu sobremaneira, foram as posiçõgeográficas que assumiram. Eles não possuíram uma unidaterritorial perfeita. Ocuparam, principalmente, as áreas motanhosas de Canaã, pois não conseguiram desalojar muitdos povos que viviam nas planícies e se mostravam fortelançando mão de carros para o combate enquanto eles se lim

tavam a combater a pé e com armamento inferior.78 A faixa costeira ficou fora do controle deles e os poucos que nela se estabeleceram foram feitos súditos ou se icorporaram aos povos locais. Mesmo nas regiõemontanhosas permaneceram grupos inimigos por muittempo, como é o caso clássico dos Jebuseus, na cidade de J

rusalém, que só foram desalojados, ou dominados, na épodo rei Davi, criando dificuldades enormes para Israel, qnão podia permanecer unido enquanto nações inimigas empecilhos naturais, como, por exemplo, o profundo vado Jordão que estava entre as tribos orientais e ocidentaiseparava-os uns dos outros.79

Para complicar ainda mais a situação havia grande rivlidade entre as tribos, e algumas vezes acabavam em guerabsurdas, como a que está registrada em Juizes 12:1-6. Oainda, se colocavam uma contra a outra por causa de crimcometidos por um membro de uma tribo contra o de outra. Smostravam incapazes de resolver problemas desta nature

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77 BRIGHT, op. cit, p. 229.78 BRIG HT , op. c it, p.226.79 Ibid 227

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de forma sábia e desapaixonada. Nenhuma das tribos s

dava por vencida e, para defender o seu membro, ainda quinfrator, acabavam por partir para a luta armada, agravando problema em vez de fazer justiça (Juizes 19 e 20).8H

Diante de tudo o que foi exposto até aqui, só dá parapensar que Israel continuou, razoavelmente unido por tanttempo (na opinião da maioria dos eruditos modernos cercde duzentos anos81), porque tinha uma profunda consciêncde sua origem comum e da Aliança que haviam feito coDeus. Quanto aos seus problemas, sem dúvida, possuemboas explicações naturais, mas nenhuma que vá contra a eplicação teológica apresentada pelo autor do Livro de Juizepois não há como separar o Deus de Israel da História de Irael, pois Ele se revelou na história. Se Israel tivesse segui

as ordens estipuladas na Aliança os problemas naturais team sido evitados e a história da ocupação teria sido outrbem diferente da que aconteceu.

5.3. A Atuação dos Libertadores___________________

Ao que parece, alguns dos juizes atuaram ao mesmotempo só que em regiões diferentes. O Livro de Juizes, principal fonte de informações deste período, seguindo umtendência normal de sua época, não se preocupa em narraos fatos em ordem cronológica, e, com isso, acaba passandao leitor moderno uma idéia errada quanto à duração da épca assim denominada. Portanto, se forem feitos os cálculobaseando-se nas evidências internas do livro, se chegaráum período muito maior do que ele o foi na realidade. Aguns, utilizando este método, têm encontrado um períodode aproximadamente 400 anos, o que não bate com as evdências externas que apontam para um período bem maicurto, como já foi visto.

80 BRIGHT, op. cit., p. 233.

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Shultz, prepara um quadro, basicamente, como segue, apenas com pequenas modificações na posição dos el

mentos e uma correção em um dos itens,82 demonstrando cronologia que pode ser observada, no texto bíblico, para era dos juizes. Mas, alerta que têm sido propostos entre qurenta e cinqüenta métodos diferentes para se determinar abrangência do período, o que bem mostra a dificuldade dse chegar à alguma conclusão baseando-se apenas no text

Seja como for, é interessante observar a cronologia possívde se deduzir do texto bíblico. Ela pode ficar assim:

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8 anos - Opressão mesopotâmica - 3:840 anos - Otniel - livramento e descanso -3:1118 anos - Opressão moabita - 3:1480 anos - Eúde - livramento e descanso -3:30

20 anos - Opressão cananéia - Jabim 4:340 anos - Débora e Baraque - livramento edescanso 5:31

7 anos - Opressão midianita .. 6:140 anos - Gideão - livramento e descanso- 8:283 anos - Abimeleque - rei títere - 9:22

23 anos - Tola - período de judicatura - 10:222 anos - Jair - período de judicatura - 10:318 anos - Opressão amonita - 10:86 anos - Jefté - livramento e descanso -12:77 anos - Ibsã - período de judicatura - 12:9

10 anos - Elom - período de judicatura - 12:11

8 anos - Abdom - período de judicatura- 12:1440 anos - Opressão filistéia - 13:120 anos - Sansão - feitos e período de - 15:20

judicatura410 anos no total.83

^ Schultz atribui ao período dc judicatura dc Klom 19 anos, mas o texto bíblico registra, apenas, 10 anos.83 SCHULTZ, op. cit., p. 100

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O termo juizes, quando se refere aos líderesépoca em evidência, é uma tradução não muito adequadpara a palavra hebraicashôfetím Neste caso, seriamais apropriado traduzi-la por “libertadores”84, pois grande maioria destas pessoas atuaram desta forma em momentos que parte da nação sofria opressão externa. Estesentido fica claro em Juizes 2:16 onde está escrito: “MasSenhor suscitou juizes{shôfetím - □’’ÈDSEj), que os livraram damão dos que os despojavam”. A função de julgar, ainda quna opinião de alguns possa ter sido praticada pelos juizechamados menores85, talvez, tenha sido exercida, apenapor Débora (Jz 4:4-5) e, mais tarde, por Samuel e seus filh(1 Sm 7:15-17; 8:1-3).

Os juizes que aparecem no Livro de Juizes, normalmente são chamados de maiores e menores. Isto não se baseia em suas qualidades ou importância mas se devesimplesmente, à extensão das narrativas sobre seus feito

Aqueles que recebem maior atenção no Livro de Juizes, ocpando maior espaço na narrativa, são chamados de maioreos que aparecem em pequenas informações são os menoreEles eram pessoas carismáticas, revestidas pelo Espírito dIavé para desempenharem a função de líderes diante dpovo que estava sendo oprimido pelos inimigos. De certforma, eles foram os precursores dos reis e, nas horas de difculdades, em sua maioria, conseguiram unir o povo para ltar em conjunto contra o inimigo comum.86

Segue um breve histórico dos personagens que podem ser considerados juizes nesta fase de Israel. A ordemem que serão apresentados não deve ser tomada como cronológica, ela estará baseada na seqüência bíblica:

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^ FRANCISCO, C. T.Introdução ao An tigo Testamento. Rio de Janeiro : JU ERP, 1979. p. 75.BRIGHT, op. cit., p. 241.SELLIN E Introdução ao A ntigo TestamentoSão Paulo : Edições Paulinas 1978 p 290

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1 - Otniel:Era filho de um homem chamado Que-naz, o qual era irmão do famoso Calebe, o outro espia qu

juntamente com Josué, estava pronto para invadir Canadesde o primeiro momento, logo depois da saída de Israedo Egito. Assim como seu tio, Otniel também era um valente guerreiro e uma de suas aventuras foi registrada duas vzes na Bíblia, em Josué 15:13-19 e Juizes 1:11-15. Pela atuação destemida neste episódio ganhou de prêmio a filh

de seu tio como esposa. Ele libertou o povo que estava sendo oprimido, por 8 anos, pelo desconhecido Cusã-Risataimrei da Mesopotâmia e, segundo o relato bíblico, atuou comjuiz por 40 anos (Jz 3:7-11).

2 - Eúde: Os poucos versículos que falam dele oapresentam como um homem de fé e muita coragem. Ele er

um homem canhoto, da tribo de Benjamim, e atuou como lder libertador depois de ter matado Eglom, o rei dos moabtas, a quem estavam pagando tributo. Suas ações levarammorte cerca de 10.000 soldados de Moabe e proporcionaramum período de 80 anos de paz (Jz 3:15-30).

3 - Sangar: Pouco se sabe sobre Sangar. Seu nome

não era hebreu, pode ser de origem hitita ou hurriana, o qulevanta a possibilidade dele ser cananeu ou, ao menos, uelemento resultante da miscigenação de Israel com os povolocais. Ele é chamado de Filho de Anate, fato este que podestar apontando para a sua ascendência, como tendo algumligação com a deusa conhecida por este nome, ou para um

cidade da região da Galileia.87 Ele lutou contra os filisteus 3:31) e foi citado no cântico de Débora (Jz 5:6).4 - Débora e Baraque: A atuação destes dois está re

gistrada no Livro de Juizes no trecho que vai de 4:4 até 5:3Débora, a única mulher no grupo dos juizes, é apresentadcomo juíza, profetiza e poetisa, sem dúvida uma pessoa dmuita capacidade. Ela convocou Baraque para lutar contr

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B7 CUNDAI L op cit p 79-80

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Sísera, general de Jabim, chamado rei de Canaã, provav

mente por ser o rei de Hazor, a principal cidade cananitapor estar liderando uma liga de cidades-estado da região.Ele contava com um exército profissional que fazia uso novecentos carros de ferro, preparados para a guerra. Podse imaginar, por este detalhe, a aflição que os israelitas es

vam passando por aquela época.5 - Gideão:Era da tribo de Manassés e livrou Israel

da opressão dos Midianitas. Depois de conseguir uma grade vitória com um pequeno grupo de soldados, recebeu umproposta para que reinasse sobre Israel. Não aceitou o con

vite, demonstrando que tinha consciência de que Iavé erarei de seu povo. Contudo, o nome de um de seus filhos, Abmeleque, significando “meu pai é rei”, pode estar demontrando que ele era visto pelo povo como um tipo de rei. Elteve muitas mulheres e muitos filhos e, infelizmente, ainque aparentemente sem intenção, Gideão acabou levando povo à idolatria, quando confeccionou um objeto, ainda nãidentificado com precisão, chamado de “estola sacerdotal”.

6 - Abimeleque:Sua história esta registrada em Juizes 9:1-57. Ele era filho de Gideão com uma concubinamatou quase todos os seus irmãos para assumir o comandregional. Acabou sendo proclamado rei pelos habitantes dSiquém e dominou por apenas 3 anos. A extensão de seu renado era limitadíssima. A Bíblia só cita Siquém, Bete-M Arumá e Tebes como estando debaixo de seu poder.90 Sebreve governo de terror acabou quando, ferido por uma pedra lançada de uma torre de defesa, por uma mulher, pedique seu escudeiro o matasse. Ele não foi um libertador e, pisso, alguns nem o consideram entre os juizes, foi um opresor nacional que governou de forma tirana uma pequen

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88 Ibid. p. 90-81.89 CUNDALL, op. cit, p. 118-119.

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porção do povo de Israel. Aparece nesta lista por ter govenado parte de Israel neste período.

7 - Tola: Não se sabe praticamente nada deste juizque é citado de passagem em Juizes 10:1-2. Ele era da tride Issacar, julgou Israel por 23 anos e foi sepultado na cidade Samir, que possui localização incerta,91 na região monnhosa de Efraim.

8 - Jair:Era da tribo de Gileade. Atuou como juiz por22 anos e alcançou grande prestígio.92 Isto se deduz do tex(Jz 10:3-5) que afirma que ele tinha trinta filhos que possam trinta cidades, chamadas Vilas de Jair,93 e cavalgavamtrinta jumentos. Foi sepultado em Camom, local que foidentificado com as ruínas que estão a 1600 metros de ditância, ao noroeste, da moderna Qumên.94

9 - Jefté: Oque se sabe dele pode ser visto em Juizescapítulos 11 e 12. Seu pai se chamava Gileade, o mesmnome do neto de Manassés que deu origem ao clã que assiera conhecido, e sua mãe foi uma prostituta. Sendo hostizado pelos meio-irmãos, devido à sua condição de ilegítimseparou-se da família e acabou por formar um grupo dbandidos. Isto deu a ele condições de se firmar como um der de certa importância. Mais tarde, em um momento de dficuldades, os anciãos de Gileade recorreram a ele papoderem fazer frente aos Amonitas que os estavam oprmindo. Jefté conseguiu derrotar os Amonitas mas, nestmesma ocasião, acabou por fazer um voto insensato o qulevou sua filha única a ser sacrificada. Este acontecimenregistrado no Livro de Juizes, tem sido discutido a séculoscontinua a ser um problema para autores modernos. Cundall, porém, diz que “todos os primitivos comentaristas historiadores concordaram em que Jefté verdadeirament

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'n Ibid. n. 132.M Jb,d.^ IJLLF .Y, J. P. U.Havotc-jair. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 696-697.94 CUNDALI., op. cit., p. 132.

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ofereceu sua filha em sacrifício de fogo. Não foi senão nIdade Média que surgiram tentativas bem intencionadamas erradas, para suavizar o significado claro do texto”. Alem deste erro grave, Jefté acabou por se envolver em umguerra civil contra os efraimitas. A não intervenção das otras tribos neste acontecimento pode estar demonstrandoque a união entre elas, por esta ocasião, estava bastante delitada.

10 - Ibsã: O Antigo Testamento dedica apenas três versículos a este juiz (Jz 12:8-10). Pela informação de quetinha trinta filhos e trinta filhas pode-se deduzir que era umpessoa rica. Seus filhos e filhas se casaram com pessoas fora de seu clã e, depois de atuar como juiz por sete anos que pode ser um número simbólico), morreu e foi sepultadem Belém. Como a tribo dejudá, no Período dos Juizes, prticamente está separada da vida intertribal, seria melhor pesar nesta localidade, Belém, como sendo uma cidade dZebulom que ficava a aproximadamente 16 quilômetros anorte de Megido, e não na conhecida Belém de Judá.96

11 - Elon:Este só aparece em Juizes 12:11-12. Era deZebulom e atuou por dez anos como juiz. Foi sepultado emuma cidade chamada’Ayalon (p> K ) ou’Eylon f l l^N) ,transliterada na maioria das versões bíblicas modernas pao português como Elon, seu próprio nome, já que o texto bblico original, sem os sinais massoréticos,97 aponta para epossibilidade, onde se observa a mesma forma hebraicpara ambos os termos.

12 - Abdon:Sua carreira está descrita, resumidamente, em apenas três versículos da Bíblia (Jz 12:13-15). Seu se chamava Hilel e era oriundo da localidade de Piratom

55 O JN D A LL , op. cit., p. 142.96 Ibid. p. 146

97 Sinais massoréticos são símbolos que foram colocados no Tex to H ebraico do An tigo Teslnmento para ajudna leitura, já que no original ele não possuía vogais, era composto só por consoantes;, o que era uma granddifi ld d ã h i b l

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Atuou como líder durante oito anos e, pela referência bíblisobre seus filhos, em número de quarenta, e netos, em nmero de trinta, formando um grupo formidável de setenmembros que cavalgavam setenta jumentos, pode-se cocluir que era uma pessoa de grande prestígio e riqueza.99

13 - Sansão: A história deste, que muitos penpoder ser classificado como juiz, pois suas atitudes destoafortemente dos demais, ocupa quatro capítulos do Livro d

Juizes (Jz 13 -16). Ele era filho de um homem chamado Mnoá, oriundo da tribo de Dã, e sua mãe o concebeu de formmilagrosa, pois ela era estéril, cumprindo-se nele uma pmessa de Deus feita através de seu anjo. Ele começou a vrar Israel da opressão dos Filisteus (Jz 13:5). Foi upersonagem polêmico, nazireu, misto de super homem e d

linqüente juvenil que, sem a ajuda de seu povo, criou muiproblemas para os filisteus. Não há muito que se possa dizsobre ele, é um personagem difícil de se entender, mas “suhistórias refletem autenticamente a situação da fronteira .dfilisteus antes do desencadeamento da guerra. Pode muibem ser que os incidentes de fronteira desta espécie tenha

em grande parte incitado os filisteus a uma ação agressicontra Israel”.100Para encerrar este capítulo ainda merece destaque

informação de que o Livro de Rute possui este períodcomo pano de fundo e que Eli, o sacerdote do santuário dSilo, Samuel e seus filhos Joel e Abias, ainda que não se

mencionados no Livro de Juizes, também foram juizes. E1 Samuel 4:18b está escrito que Eli “julgou” a Israel por período de quarenta anos, em 1 Samuel 7:15 está a informção, ainda que exagerada se interpretada literalmente, de qSamuel “julgou” a Israel durante todos os dias de sua vidaem 1 Samuel 8:1-3 nota-se que Samuel, em sua velhice, co

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99 Ibid. p. 146.

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tituiu seus filhos Joel e Abias por juizes sobre Israel, em Bseba. Estes, contudo, foram rejeitados, com a acusação dque aceitavam suborno e não eram justos em seus julgametos.

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5.4. Para Complementar

5.4.1. Algumas Informações Bíblicas Sobre o Períodoa) O Livro de Juizes;b) O Livro de Rute;c) O Livro de 1 Samuel 1-8;

d) O Salmo 106:34-48.5.4.2. Questões Para Revisão ________________________

a) Qual é a maior fonte histórica a respeito do Períoddos Juizes?

b) Explique como era o sistema de governo de Israel durante o Período dos Juizes.c) Como foram explicados, teologicamente, os problem

enfrentados por Israel no Período dos Juizes?d) Como podem ser explicados de maneira natural o

problemas de Israel no Período dos Juizes?e) Qual título ficaria melhor para os Juizes de Israel nes

período?f) Qual é o tempo aproximado que cobre o Período do

Juizes?

g) Por que alguns juizes são chamados de maiores e otros de menores?h) Cite os nomes de, pelo menos, cinco juizes de Israeli) Qual livro da Bíblia apresenta Eli, Samuel e seus filh

Joel e Abias, como juizes em Israel?

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6 . OS PRIMÓRDIOS DA MONARQUIA __________

Depois de aproximadamente dois séculos de existência o sistema Teocentrico de Governo utilizado por Israchega ao fim. Eles não podiam mais continuar a fazer fren

aos seus adversários, que se desenvolviam cada vez mais eprocuravam conquistar, sem um elemento político unificdor de suas forças. Não podiam ficar esperando que surgisum “libertador” a cada investida das nações vizinhas. Enecessário um sistema que lhes desse segurança permanencom um exército profissional, e viram na Monarquia, form

utilizada por seus agressores, a única saída para este probma. A transição não foi feita de maneira muito fácil. Ped

um rei era o equivalente a duvidar do cuidado e proteção Iavé, o verdadeiro Rei de Israel. Por isso, o profeta Samuao ser procurado pelos líderes para que constituísse um r

sobre eles, demonstrou todo o seu desagrado. Só concordocom a idéia depois de ter certeza da permissão divina, mmesmo assim mostrou ao povo algumas das desvantagenque teriam ao servirem a um rei além de deixar claro queatitude deles era pecaminosa (1 Sm 8-12).

Assim mesmo eles levaram adiante o plano e deram

início à uma instituição que sobreviveria por mais de quatrcentos anos em Israel. Aqui, neste capítulo, será apresentaum resumo do que aconteceu nos primórdios da monarquio período que vai desde o estabelecimento da monarquicom seu primeiro rei, ainda uma época de transição, até o nal do reinado de Salomão, quando Israel atingiu o seu ptencial máximo como estado.

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6.1. O Estabelecimento da Monarquia

O estabelecimento da monarquia em Israel aconteceem um momento de grave crise, e não poderia ser diferena necessidade é o que impulsiona a busca de novas alterna

vas. Os filisteus que haviam chegado em Canaã quase mesmo tempo que Israel, depois de passarem praticamentodo o Período dos Juizes em conflito com eles, se tornand

cada vez mais perigosos, parece que atingiram o auge e, pois da vitória estrondosa que conseguiram em Silo, algutempo depois de 1050 a.C., inclusive levando a Arca do Ccerto para a Filistia, estavam colocando a existência de Isel como um todo em risco.101

Samuel, um dos últimos guardiões da Liga Anfictiôn

ca estava velho e seus filhos não seguiam os seus passos. guma coisa precisava ser feita para salvar a integridade dtribos de Israel. Era hora de mudanças, não dava mais pacontinuarem desorganizados e separados diante de inimigtão poderosos.

6.1.1. O Primeiro Rei de Israel_______________________ Saul foi o primeiro rei de Israel. Chegou à esta pos

ção através da indicação do profeta Samuel, e firmou-se ndepois de vencer uma batalha contra os amonitas, quanddemonstrou possuir dons carismáticos da mesma forma qualguns dos juizes, os libertadores, os possuíam.102

Seu reinado se apresenta como um estágio de transção entre o período dos juizes e a implantação do estado. Eatuou de forma semelhante a dos juizes, porém à frente dtodas as tribos e não de apenas uma, ou algumas. Foi um mlitar que pouco fez em termos de política interna, chamad

BRIG HT , 1.História àe ísrael. São Paulo: luliçõ es Paulinas, 1085. p. 238-241.102 Ibid. p. 243-244.

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para resolver problemas com a opressão estrangeira.103 Jutamente com seu filho Jônatas demonstrou grande habilid

de nas batalhas. Conseguiram, com poucos soldadolibertar a parte central de Canaã, que estava no poder dos listeus, dando ânimo aos hebreus, bem como aos cananeque sofriam com o inimigo comum.104

O tipo de monarquia desenvolvida por ele foi diferente da praticada por seus vizinhos, tanto cananeus quan

filisteus. Certamente, não era moldado no sistema de cidde-estado feudal como os demais, continuou semelhanteantiga ordem anfictiônica, só que agora com um líder acmado como rei.105

Saul não efetuou nenhuma modificação drástica à etrutura interna de Israel. Não desenvolveu nenhuma máqu

na administrativa ou burocrática e deixou a organizaçtribal da mesma maneira que a encontrou. Não possuía ugrande harém nem contava com oficiais para o auxiliarecom exceção de Abner, seu parente, que esteve à frente dexército que era recrutado dentre as tribos. Morava em umfortaleza e não em um palácio e se preocupava em form

uma força militar permanente (1 Sml4:52), pois durantodo o seu reinado esteve em guerra.106

6.1.2. A Decadência de Saul_________________________

A história do primeiro rei de Israel não é de muitaglórias. Depois de determinado tempo de reinado, que havcomeçado tão bem, Saul passou a agir de forma muito estnha demonstrando, várias vezes, estar fora de seu juízo nomal.

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FOI IRKR, G.Historia da Religião de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1982. p. 148.^ BKHK, M. A.História de Isra el Rio dc (aneiro; Xahar Editores, 1967. p, 55.105 BRIG HT, op. cit, p. 245-246.106 BRIGHT, op. cit., p. 247.

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Parece que as dificuldades começaram assim que elperdeu o apoio do profeta Samuel. Em 1 Sm 13:4b-15, Sauapresentado como usurpador da função sacerdotal, enquanto que, no capítulo 15, do mesmo livro, “está escrito que e violou o herem - uma característica da lei sagrada, relativGuerra Santa”.107 Sem o apoio de Samuel, que demonstquerer continuar mantendo o essencial da antiga ordemcomo era feito com os juizes, e tendo que demonstrar constantemente ser um líder carismático para manter o seu grupo, se tornou uma pessoa depressiva,108 que emdeterminados momentos apresentou verdadeiros atos dloucura que a Bíblia credita como resultado da atuação um espírito maligno que se apossava dele (1 Sm 19:8-11)

A situação de Saul piorou muito quando ele veio a ssentir ameaçado pela popularidade de seu genro Davi. Vedo que este era um herói nacional e que o povo o admiravmais do que ao próprio rei, pois até seu filho Jônatas era samigo leal, procurou de várias formas tirá-lo de seu camnho. Não hesitou em tirar a vida dos sacerdotes que atuavaem Nobe, por terem ajudado a Davi em uma de suas fugae, com este ato marcou a separação completa entre seu go

verno e a ordem anfictiônica. A atitude foi tão absurda qunem seus servos, colocando as suas vidas em risco, pois conheciam o temperamento do rei, quiseram atender à ordem de execução dos sacerdotes (1 Sm 21-22). Para compcar ainda mais a situação, Saul acabou deixando de ladoluta com os filisteus para continuar a gastar energias procrando Davi que havia formado um grupo de guerreiros, l vando, assim, a nação a se precipitar em um cisma que traria dificuldades.109

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107 Ibid. p. 249.11,8 Ib,d

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Logo o esperado se concretiza. Os filisteus, provavemente, percebendo a fraqueza do rival que estava dividid

inclusive, pensando que podiam contar com a ajuda dDavi, ou ao menos com a sua não intervenção, pois aparentemente havia passado para o lado deles e estava a serviço Aquis, rei filisteu da cidade de Gate (1 Sm 27), se lançarambatalha para conquistar os territórios de Israel. Foram vitorosos e levaram Saul e seus filhos Jônatas, Abinadabe e M

quisua à morte (1 Sm 31:2), abrindo a oportunidade paraestabelecimento de um novo rei em Israel.

6.2. O Reinado de Davi___________________________

Com a vitória conseguida pelos filisteus no monte

Gilboa a situação de Israel parecia sem esperanças. Mauma vez os filisteus se instalaram nas montanhas centrais Canaã e, ainda que não se aventurassem até a Transjordânnem muito para o interior da Galiléia, passaram a domingrande parte da região. Com isto, conseguiram ocupar, aprximadamente, a mesma extensão de terras que ocupavam

antes das ações militares de Saul. Contudo, Davi iria reveresta situação e colocar o seu povo, em pouco tempo, na vanguarda das outras nações.110

Muitas coisas poderiam ser ditas a respeito do reinado de Davi, o mais importante rei de todos os tempos parIsrael, mas, devido ao objetivo deste escrito, nas próximas

nhas serão apresentados, apenas, três pontos básicos de sucarreira: A maneira como chegou ao poder, algum tempperto de 1000 a.C.; como desenvolveu sua política expansinista; e que problemas ocorreram quando da sua sucessão

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110 Ibid. p. 254.

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6.2.1. Como Davi Chegou ao Poder

Davi era por assim dizer o candidato natural à sucessão de Saul. Ele era um herói nacional, amado por muitos.havia demonstrado grande capacidade militar à frente dparte do exército de Saul (1 Sm 18:12-16) e tinha sido ungirei de Israel pelo profeta Samuel, quando Saul ainda vivMesmo assim, não passou a dominar sobre todas as tribo

imediatamente, precisou aguardar o momento certo e fazuso de suas habilidades políticas.Na verdade, quando aconteceu a morte de Saul, em

campo de batalha, seu reino ficou dividido. Davi, seu genracabou sendo proclamado rei de Judá, e Isbosete, filho dSaul, sucedendo ao pai, se tornou rei de Israel, a parte nor

da região onde estavam estabelecidos.111Esta divisão, de cta forma, nunca mais deixaria de existir. A partir daquele mmento dois estados estavam nascendo.

Os filisteus a esta altura, com grande poder na regiãodevem ter permitido a Davi assumir tal posição, provavemente, pelo fato dele ser um de seus vassalos e, também

porque o antigo reino de Saul, agora dividido em duas partera do interesse deles.112 O arrependimento por esta decisãerrada não deveria demorar para vir aos filisteus. Este eraprimeiro passo de Davi para assumir a liderança de todo Israel e transformá-lo em um grande Império.

O segundo passo aconteceu quando da morte de Is-

bosete. Ele esteve no poder, reinando sobre Israel, as tribodo norte, por apenas dois anos (2 Sm 2:10). Não teve a forde Saul e, depois de perder seu general Abner, o qual fmorto logo após ter se passado para o lado de Davi com a itenção de transferir-lhe o reino, acabou sendo assassinadpor dois de seus oficiais. Após o que, os anciãos de Israe

^* * MET ZG ER , M.História fie Israel. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1972. p. 62-65.^ BRUCE I7 FIsraelatui the NationsGrand Rapids Michigan: William B Eerdmans Publishing Company 1983 p 28

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vendo que não havia outro em condições de reinar, procurram Davi em Hebrom e pediram-lhe que os governasse.

Davi, é claro, aceitou o pedido e passou a ser rei d Judá e de Israel ao mesmo tempo e tomou algumas medidimportantes para a união e consolidação de seu reino. Entelas está a escolha de sua nova capital. Ele optou por Jerulém, que era uma cidade habitada por jebuseus. Além da dade ser fortificada estava em lugar estratégico, por n

pertencer a nenhuma das tribos de Israel. ísto ajudou a nacausar sentimento de inveja, como poderia acontecer shouvesse escolhido uma dentre elas.113

Johnson observa que toda a operação levada a efeitpor Davi para transferir sua capital para Jerusalém foi umação política. Segundo ele, interpretando o texto de 2 Sam

el 5:6, Davi utilizou, apenas, as tropas profissionais para econquista, a parte do exército formada pelas tribos ficou fora. Assim, foi Davi e seus homens quem conseguiram a tória, nenhuma tribo poderia alegar que teve participação conquista da cidade que viria a ser a capital. Este ato, inclu

ve, deve ter influído na maneira como ela passou a ser ch

mada: “Cidade de Davi”.114 A hipótese levantada por Johnson é bastante viáveestá de acordo com outras ações de Davi que sabia se condzir muito bem no campo político. Contudo, deve ser levadem conta também, que em 1 Crônicas 11:4 a conquista de Jrusalém, aparentemente, está sendo descrita como uma aç

conjunta de todo o “Israel”. A questão ainda não está totamente esclarecida.

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113 BEEK, M. A.H isfm a de Israel Rio d t Janeiro: Zahar Ed itores, 1967.p. 60. JO HN SON , P. Historia dosjude/ts. Rio de Jane iro: Imago Ed itora, 1989. p. 65.

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6.2.2. A Política Expansionista de Davi

O novo estado teve que partir para a luta imediatamente. Os filisteus perceberam logo que as tribos de Isranovamente unidas eram um perigo, e que elas não continuriam mais debaixo do poder deles. Davi tinha que ser destr ído. Contudo, foi exatamente o contrário que aconteceu. Ofilisteus foram derrotados de tal forma que Israel se aposso

de vasto território que lhes pertencia e, mais tarde, como evdência da supremacia israelita, e do fim do poder filistepode-se encontrar contingentes de seus combatentes prestando serviço mercenário para Davi, aquele a quem eles quriam derrotar.115

Com os filisteus derrotados Davi leva a Arca da Al

ança para a cidade de Jerusalém, o que deve ter servido de tor positivo para a união das tribos e passa a realizar váriconquistas. Definitivamente, Israel deixava de lutar guerrde sobrevivência ou defesa e passava para uma época de epansão nunca vista igual antes ou depois de Davi. Com rapdez impressionante se transformou em uma potência qu

não ficava devendo nada, em poder, às outras de sua épca.116 Basta dar uma olhada na relação de vitórias de Davi 2 Samuel 8:1-14, onde aparecem Edom, Moab e Síria, enoutras nações, para comprovar esta afirmação.

6.2.3. Os Problemas da Sucessão de Davi _____________

Como tudo na vida passa, Davi, depois de tantas conquistas, também passou. Quando da sua velhice o impériestava estabelecido e Israel, com uma nova fisionomia, jánha abandonado quase todos os antigos costumes da épocdos juizes. Contudo, algumas coisas permaneciam, entre e

115 BRIGHT, op. cit, p. 258-260.116 Ibid. p. 26(1-267.

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o desejo de ver um carismático à frente da liderança dpovo. A sucessão dinástica ainda não havia sido utilizaCom isto estava criado um problema para a sua sucessãQuem assumiria a coroa no lugar de Davi que mostrava nais de cansaço?

Pelo menos dois dos filhos de Davi procuraram mostrar ao povo que tinham estes dons e, portanto, estavam atos e desejavam o lugar do rei. Isto aconteceu com Absalque liderou uma revolta armada contra Davi (2 Sm 15-18com Adonias, mais tarde, que se declarou rei quando seu pestava em seus últimos dias (1 Rs 1).

Não dava mais para esperar e, antes que algo pioacontecesse, Davi passou o comando para seu filho Salmão. Este, herdando um império bem estruturado, compltaria a obra do pai, incrementando ao máximo a estrutuestatal. Contudo, em termos de extensão territorial, Israhavia chegado ao máximo, a partir daqui só viria a diminas suas possessões.

6.3. O Reinado de Salomão _______________________ Salomão deve ter iniciado o seu reinado por volta d

ano 970 a.C. e pode ter seguido no poder até, aproximadmente, 930 a.C.,117 quando faleceu.118 Foi uma trajetóriaglória, paz e muito progresso material para o estado, porécom um alto preço social a ser pago por grande parte da ppulação.

Salomão é uma figura extraordinária e muito tem sidescrito a respeito de sua pessoa. Contudo, para este trabalhbasta mostrar como foi que ele se firmou no trono, tão ambicionado, do império formado por Davi; quais foram algmas de suas principais realizações e como, depois de toda

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117 HU BBA RD JRI'irsf& Second KingxChicago: Moody Press 1991 p 20

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sua contribuição positiva para o estado, acabou sendo um

péssimo exemplo para o seu povo, decaindo em sua vida epiritual.

6.3.1. Como Salomão Firmou-se no Trono ____________

O início da carreira de Salomão foi bastante conturbado. Ele sabia que haviam outros pretendentes ao trono eno momento preciso, após a morte de Davi, quando se visó no poder, agiu com todo o rigor necessário. Não pouponenhum daqueles que o colocavam em risco. Um a um, coforme surgiam as possibilidades politicamente favoráveforam sendo removidos de seu caminho, deixando-o livrpara governar com autoridade e liberdade de ação.

O primeiro a ser eliminado foi seu irmão AdoniasEle já havia tentado usurpar o trono quando Davi ainda er

vivo. Mas, quando soube que o rei tinha estabelecido Salmão em seu lugar, voltou atrás, temendo por sua vida, e clocou-se como servo, pedindo clemência. Salomão aceitouseu pedido e prometeu que não lhe faria nenhum mal, desdque nele não viesse a ser achada alguma maldade (1 R1:50-53). Pouco tempo após a morte de Davi, Adonias, pintervenção de Bate-Seba, mãe de Salomão, pediu Abisagconcubina de Davi, para ser sua mulher. Este fato pode parecer irrelevante para o leitor moderno, mas, com esta atitde, ele estava indicando “que ainda não desistira dreivindicar o trono”,119 pois a posse do harém real era um nal do poder de governar (2 Sm 3:8; 12:8; 16:20-22).120 Ifoi suficiente para que Salomão o condenasse à morte.

Ao que parece, Adonias estava sendo apoiado em suintenção de golpe de estado por Joabe, antigo general dDavi, e também pelo sacerdote Abiatar. Salomão agiu rápi

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119 BRIGHT op cit p 276

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e se livrou dos dois. Mandou matar a Joabe e colocou Bnaia, em seu lugar, como comandante do exército, e substuiu o sacerdote Abiatar por Zadoque, exilando aquele ncidade de Anatote (1 Rs 2:26-35).

Restava ainda um homem que significava perigo pao seu reino: Simei, o parente de Saul que se atreveu a amaçoar a Davi, publicamente, quando este fugia de AbsalãoSm 16:5-14). Havia, inclusive, um pedido de Davi a Salom

para que Simei não morresse de forma pacífica (1 Rs 2:8-Não demorou muito e também este foi executado. Iniciamente Salomão designou-lhe uma espécie de exílio. Ele npoderia sair da cidade de Jerusalém para nenhum outro lugsob pena de perder a vida se desobedecesse. A desobediêcia aconteceu três anos depois quando ele foi até à cidade

Gate à procura de alguns de seus escravos que haviam fudo. Como Salomão o havia advertido fez; mandou que Joida o executasse sem piedade, e assim o reino foi firmado so seu domínio (1 Rs 2:36-46).

6.3.2. As Realizações de Salomão ____________________

Depois de firmado no comando geral da nação, Salomão se mostrou um excepcional estadista. Acabou levandIsrael a atingir um estágio econômico e social nunca alcançdo antes e que não se repetiria jamais.

Salomão não demonstrou grande interesse por con

quistas militares. Havia recebido um vasto império de sepai Davi e tinha como missão organizá-lo e desenvolvê-lDaí praticou um programa excelente de política externa, fzendo alianças que garantiram-lhe a paz necessária para mlhor explorar o potencial da nação. Entre as alianças pode destacar a feita com o rei do Egito, de quem ele recebeu um

das filhas em casamento, fato este que bem mostra o seu poder, bem como a decadência do Egito, já que não era cosiu

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me dos faraós da época do Império darem suas fühas nemmesmo aos reis da Babilônia ou Mitanni, que foi um poderso império que dominou a Alta Mesopotamia por muitos sculos, atingindo seu auge por volta de 1450 a.C., quand

Tutmósis III reinava no Egito.121Outra aliança importante foi feita com Tiro. Ela que

havia sido iniciada por Davi foi desenvolvida e trouxe grades benefícios para os dois países em matéria de exportaçãe importação de produtos como trigo e óleo de oliva, queram mandados para Tiro, e madeira-de-lei, que ia para Isrel para ser utilizada nos projetos de construção de Salomã

Além disto, esta aliança abriu novos caminhos para o comécio e a industria de Israel.122

Salomão, ainda que tenha desenvolvido um reino dpaz, também reforçou a defesa nacional preparando umgrande exército profissional que passou a se utilizar de caros de combate, arma nunca utilizada antes em Israel. Sabse que ele construiu quatro mil estábulos, possuía mil e qutrocentos carros e tinha doze mil homens aptos para diriglos.123 Estes carros eram adquiridos no Egito, o melhoconstrutor da época, e os cavalos vinham da Cilicia, conheda como a terra dos melhores cavalos. Ele não apenas adquriu carros e cavalos para o seu exército mas, percebendo qera o controlador das rotas de comércio entre Egito e Síri

veio a se tornar o intermediário de um negócio muito lucra vo. Só era possível adquirir carros egípcios com cavalos Cilicia através de sua agência. Sem dúvidas, este importamonopólio lhe trouxe muitos lucros.124

Salomão também ficou conhecido por suas construções maravilhosas. Elas foram espalhadas pelo império mse destacaram sobre tudo na cidade de Jerusalém onde est121 BRIGHT, on. cit., p. 138, 278.122 Ibid.123 Ibid. p. 279.

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vam as principais instalações militares, os palácios e, prinpalmente, o templo, que foi construído por um arquiteto dcidade de Tiro.125 Quanto ao modelo do templo que muitodefendiam ser algo exclusivo de Israel, tem sido provado plas escavações efetuadas na Síria, em 1936, pela Universde de Chicago, de que se trata de um tipo de arte arquitetura comum no século X a.C. Portanto, deve ser crditado aos estrangeiros que dirigiram a obra, ao menos, planos finais da construção.126 Ele não era o único local adoração de Iavé no reino, além dele, haviam outros santurios espalhados pela nação, contudo, o de Jerusalém, becomo seu sacerdócio, veio a ter preeminência sobre os otros das zonas rurais.127

Também é importante destacar que o reinado de Salomão foi um propulsor para o desenvolvimento da cultude forma geral. A escrita deve ter sido utilizada em larga cala, devido ao desenvolvimento natural da burocracia estal e a música e a salmodia tomaram grande impulso comconstrução do templo. O próprio Salomão passou a ser co

nhecido, internacionalmente, pela sua sabedoria e habilidde como compositor de provérbios.128

6.3.3. ADecadência Espiritual de Salomão ____________

A vida de Salomão, depois de tudo o que ele fez par

o estado e religião de Israel, termina de uma maneira imprsionante e, de certa forma, inexplicável. Tanto que algupensam que o relato bíblico a respeito de seus últimos di(1 Rs 11) não é digno de confiança, ou que é contraditórioRealmente, não é fácil de se compreender como que um hmem tão sábio e que atingiu tanto sucesso veio a falha125 BRIGHT, op. cit, p. 285-286.126 SHULTZ , S. J. A História de Isr ael no A ntigo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988. p. 143-144.

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como ele falhou, em pontos básicos, ao final de sua vidMas, a Bíblia, de forma muito clara e corajosa, mostra o q

aconteceu.O erro inicial de Salomão foi o de se envolver commulheres estrangeiras. Além da filha de faraó, a egípcia, tomou mulheres moabitas, amonitas, edomitas, sidôniashetéias, o que era expressamente proibido pela Lei de Mo

A

sés (1 Rs 11:1-2; Ex 34:16), já se prevendo as conseqüenc

espirituais destes relacionamentos. Não se sabe exatameno por que, se por motivos diplomáticos ou para ultrapasssoberanos de outras nações em uma demonstração de grandiosidade, mas ele acabou formando um harém com setcentas esposas e mais trezentas concubinas, as quaiserviram de influência negativa para a sua vida espiritual

Infelizmente, observa-se que ao final de sua carreirSalomão se tomou um idólatra. A Bíblia informa que ele s viu a Astarote que era uma deusa dos sidônios e que, asscomo havia construído o templo para Iavé, Deus de Israetambém construiu um santuário, ainda que não nos mesmomoldes, deve ter sido um local a céu aberto, para Camo

deus de Moabe e outro para Moloque, deus de Amom (1 R11:5-7), ao qual eram oferecidas crianças em sacrifício.130conseqüências negativas destas ações absurdas não tardaam a aparecer, como se verificam claramente pela ocasiãosua sucessão.

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13(1 HU BB ARD, J R , op. c it , p. 68.

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6.4. Para Complementar __________________

6.4.1.Algumas Informações Bíblicas Sobre o Período

a) O Livro de 1 Samuel 8-31;b) O Livro de 2 Samuel;c) O Livro de 1 Reis 1-11;

d) O Livro de 1 Crônicas 3, 10-29;e) O Livro de 2 Crônicas 1-9;f) Grande Parte do Livro de Salmos;g) O Livro de Provérbios;h) O Livro de Cantares.

6.4.2. _Questões Para Revisão _________________

a) Por que Israel pediu um rei?b) Quem foi e como atuou o primeiro rei de Israel?

c) Como Davi chegou a ser rei?d) Explique o provável motivo de Davi ter escolhido Je

rusalém como capital.e) Escreva a respeito da sucessão de Davi.f) Como Salomão se firmou no trono?g) Descreva em poucas palavras como foi o reinado d

Salomão.h) Escreva a respeito da decadência espiritual de Sal

mão.

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7.A DIVISÃO DO REINO

Davi havia reinado sobre Judá e Israel, ao mesmotempo, por um longo período, mas quando chegou o momento de ser sucedido por seu filho Salomão, estas duas pates principais do Império, ainda, demonstravam uma certindependência entre elas. Tem-se a impressão de que se trtavam de dois estados governados pelo mesmo rei, unidoem certo sentido, entre outras coisas, pela tradição em comum, pela ascendência e pela religião, porém separados plas fronteiras territoriais e tendências políticas. É

significativo para esta interpretação perceber que Salomãsemelhante a Davi, acabou por se tornar rei sobre Israel Judá (1 Rs 1:35), e não sobre uma unidade denominada Irael-Judá, ou algo semelhante, e que, ao final de seu reinadpor ocasião de sua morte, logo surgiram líderes da parte dnominada Israel pleiteando diante do sucessor do trono im

perial melhores condições para o estado deles (1 Rs 12:1-4)Não havia mais como permanecerem unidos. As duapartes que já tinham suas diferenças e possuíam ambiçõepolíticas contraditórias, com a falta de alguém com a capadade e o carisma de Davi, ou a sabedoria de Salomão, só pderiam mesmo tomar rumos diferentes, e foi isto o que

aconteceu. Se tornaram dois estados independentes, aindque irmãos, separados, que em algumas ocasiões se ajudram e em outras se portaram como verdadeiros rivais se enfrentando em guerras.

Realmente, a situação do reino ou dos reinos que tiveram as suas origens na Aliança Anfictiônica é algo muito i

teressante. Quando estavam unidos, debaixo do poder dDavi e Salomão, estavam divididos por alguns motivos, m

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quando se encontraram separados, continuaram unidos pooutros, havia, principalmente, um forte laço espiritual e u

sentimento de parentesco entre as duas partes. Isto transpreceria durante toda a continuidade de suas histórias, prinpalmente nas mensagens de seus profetas.

Seja como for, houve a divisão política e territorial nas próximas linhas, será apresentado como isto aconteceSerão discutidos os motivos que levaram à esta divisão,

ponto de vista teológico e também do natural, descrita constituição das duas partes, aqui chamadas de Parte NorteParte Sul, e analisados os resultados deste acontecimenque mudou a história dos descendentes de Jacó.

7.1. Motivos que Levaram à Divisão _______________

Não são poucos os leitores apressados da Bíblia qulamentam profundamente a divisão que houve no reino dexado por Salomão, pensando que se uma outra pessoa tivese assumido a coroa, e não Roboão, a situação haveria de sido diferente. Muitas vezes, esta divisão tem sido credita

apenas à atitude insensata de Roboão, o filho sucessor de Slomão. Mas, esta é apenas uma parte da história. A própBíblia mostra que a questão é mais complexa e que existoutros personagens importantes envolvidos nela.

Para que o assunto fique mais claro, aqui serão aprsentadas duas explicações básicas para o ocorrido, sen

que elas não se excluem, pelo contrário, se complementaSerá analisada, em primeiro lugar, a explicação teológica pos fatos e, a seguir, em segundo lugar, o que pode ser chamdo de explicação natural, pois se trata do levantamento dconseqüências lógicas que resultam das atitudes tomadas los envolvidos na questão.

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7.1.1. A Explicação Teológica _______________________

A explicação teológica pode ser tirada, principalmete, dos capítulos 11 e 12 do Primeiro Livro dos Reis, que rão alguns de seus versículos aqui transcritos, e dos capítu10 e 11 do Segundo Livro das Crônicas. Ela aponta, antes tudo, para o culpado pela divisão. Este ônus enorme recsobre o sábio Salomão.

Como diz Baxter: “embora Deus possa conferir mutos privilégios, Ele jamais concede o privilégio de pecanão, nem mesmo para alguém tão especial como Salmão”.131 As atitudes erradas deste monarca, que não seguo exemplo dado por Davi seu pai quanto à lealdade ao sDeus, atraiu a ira divina sobre si, o que veio a resultar, mtarde, na divisão do reino. O texto bíblico a seguir, 1 Rs 11:9mostra isto claramente:

v.9 “Pelo que o Senhor se indignou contra Salomãopois desviara o seu coração do Senhor Deus de Israeque duas vezes lhe aparecera.

v.io E acerca disso lhe tinha ordenado que não seguise a outros deuses. Ele, porém, não guardou o que oSenhor lhe ordenara. v.ii Por isso disse o Senhor a Salomão: Visto que asim procedeste e não guardaste a minha aliança, neos meus estatutos que te mandei, tirarei de ti este reno, e o darei a teu servo. v.i2 Contudo não o farei nos teus dias, por amor de

Davi, teu pai; da mão de teu filho o tirarei. v.i3 Todavia não tirarei o reino todo; darei uma triboteu filho, por amor de Davi, meu servo, e por amor d

Jerusalém, que escolhi.” Ao mesmo tempo em que a explicação teológic

apresenta o rei Salomão como o culpado pela divisão, ap^ ' BAXTER, ]. S. Exam inai as llscrih tr as: Ju izes a lit/er. São Paulo : Edições Vida Nova, 1993. p. 113-114.

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senta Deus como o autor da mesma. Portanto, antes de se lamentar pela divisão em si, que foi causada por Deus, talv

fosse melhor deplorar as atitudes erradas de Salomão, quacabaram por levar à esta ruptura.O texto de 1 Reis 11:29-33 não dá margens à dúvidas

Na opinião do escritor desta parte da Bíblia, Deus mesmoquem divide a nação. Segundo ele, Deus já havia dado a Jerboão, um servo de Salomão, enquanto este rei ainda er vivo, a promessa, por meio de um profeta, de que ele reinarsobre a maior parte das tribos. Isto aconteceu assim:

v.29 “Sucedeu nesse tempo que, saindo Jeroboão d Jerusalém, o encontrou o profeta Aias, o silonita, ncaminho; este se tinha vestido de uma capa nova, e estavam sós os dois no campo.

v.3o Aias pegou na capa nova que tinha sobre si, rasgou-a em doze pedaços, v.3i e disse a Jeroboão: Toma dez pedaços, porque asim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei oreino da mão de Salomão, e a ti darei dez tribos,

v .32 Porém ele terá uma tribo, por amor de Davi, meuservo, e por amor de Jerusalém, a cidade que escolh

de todas as tribos de Israel. v.33 Porque Salomão me deixou e se encurvou a Astarote, deusa dos sidônios, a Camos, deus de Moabe, e Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andou nomeus caminhos, para fazer o que é reto perante mima saber, os meus estatutos, e os meus juízos, como fe

Davi, seu pai.”Nesta história toda, explicada teologicamente, Jeroboão e Roboão não passaram de instrumentos de DeusNem um nem outro, nos textos bíblicos a este respeito, leva culpa do ocorrido. Jeroboão, recebeu de Deus as tribos dnorte, como castigo para a dinastia davídica, por causa dpecados de Salomão, e Roboão, agiu de forma insensata pinfluência divina. Assim explica o autor de 1 Reis as atitu

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incoerentes e de verdadeiro “suicídio político” de Roboãfilho de Salomão, ao deixar de lado os conselhos de seus s

bios e seguir os de seus amigos, o que resultou na divisãoRs 12:1-14): “O rei, pois, não deu ouvidos ao povo; porqueste acontecimento vinha do Senhor, para confirmar a pal

vra que havia dito por intermédio de Aias, o silonita, a Jerboão, filho de Nebate” (1 Rs 12:15). Para ele estavexplicado: Deus dividiu o reino, por culpa de Salomão, peinstrumentalidade de Roboão e Jeroboão.

7.1.2. A Explicação Natural _________________________

Como já foi dito, a explicação natural a respeito dcomo aconteceu a divisão do reino não é contraditória à telógica, uma complementa a outra. Assim como na teológise percebe que Salomão foi o culpado pelo cisma, tambéna natural chega-se a uma conclusão semelhante. Salomlevou a nação ao máximo. Ele organizou o Estado de umforma que jamais seria superado, mas o povo pagou um alpreço por estas conquistas e assim que foi possível procurram modificar a situação.

Salomão modificou completamente o sistema queunia as tribos umas às outras. Elas deixaram de fazer parte uma aliança anfictiônica, onde deviam lealdade mútua cobase em um compromisso feito diante de Deus, e passaramdever lealdade ao Estado que mantinha, inclusive, o culoficial. Foram divididas em doze distritos administrativonem sempre respeitando os territórios das antigas tribos assimilando a população cananita, cada um com um govenador (1 Rs 4:7-19). Naturalmente, foram surgindo classsociais dentro do novo sistema. Ele acabou por dividir a ppulação em proprietários, trabalhadores, assalariados e artocratas, além de criar na corte uma geração nascida nriqueza que considerava o povo simples como verdadeiro

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objetos que poderiam ser manipulados conforme o desejdos dominadores.132

Os projetos espetaculares de Salomão que trouxeramtanto orgulho para a nação, também trouxeram muitas difculdades para aqueles que tinham que pagar a conta. Apesde toda a sua genialidade no campo do comércio, as constrções que levou a efeito, a manutenção de seu exército profsional, a burocracia administrativa, os gastos extraordinárcom o culto e a vida de luxo na corte, entre outras despesaparece que formavam um conjunto de gastos maior do quereceita, criando um problema financeiro crônico, o qual prcurava amenizar sobrecarregando os súditos com impostos.1

Como apenas os impostos não eram suficientes parfazer frente aos ambiciosos planos de construção do rei, S

lomão acabou por lançar mão da corvéia, ou seja, obrigoque pessoas de seu povo trabalhassem gratuitamente paraEstado. Este expediente era largamente utilizado no mundantigo, mas em Israel foi Salomão quem o introduziu. Dajá havia se utilizado da mão de obra escrava de seus conqutados (2 Sm 12:31), Salomão também se utilizava do trab

lho da população cananita de seu império (1 Rs 9:20-22mas a obrigação estendida aos israelitas, como foi feito (1 5:13-14), era uma novidade, diga-se de passagem, extremmente desagradável e impopular. A antiga e orgulhosa unidos clãs havia perdido toda a sua força.134

Este quadro exposto acima deve ter criado um clim

de grande insatisfação em boa parte dos súditos de Salomã Até que, em determinado momento, Jeroboão filho de Nebate, um efraimita, incentivado pelas previsões feitas peprofeta Aias, que lhe prometia a parte norte do reino pardepois da morte de Salomão, não querendo esperar mais,

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152 BRIGHT, f.História de Ism d São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p. 290-294.133 Ibid.p. 289-290.134 Ibid.p. 291-292.

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rebela contra o rei. Contudo, Salomão estava muito bem fmado no trono, não seria fácil destituí-lo. Jeroboão precisfugir para o Egito, preservando a sua vida, e por lá ficou que se apresentassem condições mais favoráveis para a satuação, o que aconteceu no momento da morte de Salmão, o qual foi sucedido pelo insensato e inexperiente Rboão (1 Rs 11:26-40).

Jeroboão foi chamado do Egito por líderes de Israeparte norte do reino, e atuou como porta voz destes diantdo rei Roboão. Este fato, por si só, demonstra que Jeroboãhavia ficado conhecido como um líder capaz quando se clocou contra Salomão, atitude que lhe rendeu o exílio nEgito, para evitar a morte, e, ao mesmo tempo, revela a fqueza da posição política do novo rei, que se dispôs a negciar com um perigoso rebelde.135Pior do que ter que negociar com um rebelde foi a insensatez demonstrada no decorrer das negociações. A situção era delicada, mas ainda poderia ter um final mendrástico, se é que as reivindicações eram legítimas e não anas um artifício para se iniciar a revolta. Jeroboão, em no

das tribos do norte, estava reivindicando uma diminuição carga que Salomão havia imposto sobre os ombros de sesúditos. As palavras registradas em 1 Reis 12:4 bem demotram a que ponto chegou a tirania de Salomão. Nelas, Jerboão diz a Roboão: “teu pai fez pesado o nosso jugo; agopois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado ju

que nos impôs, e nós te serviremos”.Diante de tal pedido, Roboão demonstrou todo o seudespreparo político. Consultou, em primeiro lugar, a opinidos sábios que aconselhavam a Salomão, sem dúvida umatitude louvável. Mas, ao invés de seguir os conselhos dadpor eles, que alertavam para a necessidade de ceder um po

co naquele momento, ele optou por seguir a opinião de se

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amigos, com os quais havia crescido na opulência, desnhecedores das realidades que envolviam o povo. Com is

ameaçou ser mais rígido ainda do que Salomão havia sidando aos líderes das tribos do norte bons motivos para qprosseguissem com o movimento de separação.

7.2. Como Ficou Dividido o Reino _________________

Roboão não aceitou passivamente a divisão de sereino, logo reuniu um grande exército, com soldados das bos de Judá e de Benjamim, para tentar reaver o seu domnio. Pela narrativa bíblica se percebe que ele só não dcontinuidade a este plano devido aos apelos insistentes um profeta chamado Semaías. A mensagem dele, falan

em nome de Iavé, que evitou o confronto, foi a seguint“Assim diz o Senhor: não subireis, nem pelejareis con vossos irmãos, os filhos de Israel; cada um volte para a casa, porque eu é que fiz isto...” (1 Rs 12:24).

Também se pode imaginar que não teria sido prudente da parte de Roboão dar continuidade aos seus planos a

da que assim o desejasse. Ele se encontrava enfraquecipoliticamente e em condições inferiores as de seu adverrio,136 uma ação militar naquele momento poderia ter sidfim de seu reinado. Não havia mais como evitar: o reino tava dividido! Daqui para a frente, nas narrativas apresendas na Bíblia, geralmente, a não ser que o contexto mostr

contrário, e em muitas ocasiões o faz, será empregado nome de Israel para a parte norte do que era o reino unido Judá para a parte sul. Na seqüência serão apresentados mares detalhes de como ficou esta divisão.

78 Antônio Renato Gusso

CíIBIZRT, P.O sIJ rtv sd e S amu ele dos Reis: da lendapara a história. São Paulo: lídiçòcs Paulinas, 1987. p. 50.

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7.2.1. A Parte NortePanoram a Histórico de Israel 79

O sistema tribal há muito tempo estava modificadocom os elementos de umas totalmente integrados em outr(1 Rs 12:17), contudo, a terminologia tribo continuou a utilizada. Sendo assim, a Bíblia informa que a parte norgovernada por Jeroboão, ficou composta por dez tribos (Rs 11:31). Ela tomou para si o nome de Israel e comumené chamada de Reino do Norte na literatura atual que trata dquestões que a envolvem.

Um outro nome dado para o Reino do Norte é“Efraim”. Este era o nome da tribo de Jeroboão, que lideroo movimento separatista. Como ela estava localizada próma de Benjamim e Judá representava a oposição a estasmuitas vezes, seu nome foi utilizado para designar todastribos do norte.137

Inicialmente a capital da parte norte foi estabelecidem Siquém/ Depois passou para Penuel e, em seguida, pa

Tirza.138 Esta permaneceu, nesta condição, por algumas cadas, até que perdeu a posição para Samaria, a qual foi cotruída, como propriedade real, em um local neutro adquiripor Onri, quinto rei de Israel. Com esta atitude, ele, de formsemelhante a utilizada por Davi no passado, em relação a rusalém, abrandou as relações entre israelitas e a parte dcananeus que haviam sido incorporados ao seu reino.139

A parte norte, Israel, atuou como uma unidade polítca por mais ou menos duzentos e nove anos, cobrindo o príodo que vai, aproximadamente, do ano 931 até 722 a.Cquando foi conquistada pela Assíria. Dezenove reis de nodinastias diferentes estiveram no poder, o que demonstragrande instabilidade política que prevaleceu na maior pado tempo de sua existência.

SCHU LTZ, S. J. A História de Is ra el no Antiga Testamenlo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988. p. 151-152.jyj A História de IsraelRio de Janeiro: Z ahar Editores 1967 p 78

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7.2.2. A Parte Sul

A parte sul do reino, a que ficou sendo governada poRoboão, filho de Salomão, tomou para si o nome de JudInicialmente este nome havia sido utilizado para um dos lhos de Jacó, depois foi empregado para toda uma tribo fomada por descendentes deste personagem e então, quandda divisão do reino, passou a designar a parte sul do mesmformada pelas tribos de Judá e Benjamim.

Na literatura atual que trata do período da monarquiamuitas vezes, esta parte sul, o reino de Judá, é chamada Reino do Sul, para diferenciá-la da parte norte, Israel, também conhecida como Reino do Norte.

Judá se mostrou muito mais estável, politicamente falando, do que Israel. Em todo o período de sua existênciacomo monarquia autônoma, que foi das proximidades dano 931 até, mais ou menos, 586 a.C., quando foi totalmensubjugado pela Babilônia, contou com apenas uma dinastifrente do governo. Foram, aproximadamente, 345 anos dgoverno exercido ininterruptamente por vinte descendentede Davi.

A capital também permaneceu sempre a mesma. Jerusalém nunca perdeu esta condição, provavelmente, garatida pela presença do templo e da Arca da Aliança em seterritório, elementos de forte poder de união do povo. Tantoque foi um fator de preocupação para o rei Jeroboão que, tmendo pela diminuição de seu poder, pois havia a possibidade de seus súditos irem à Jerusalém para cultuaremprovidenciou algo semelhante, ainda que inferior, no Reindo Norte (1 Rs 12:27-29).

Para que se possa gravar melhor como que ficou dividido o reino, a seguir, será apresentado um “quadro explictivo do reino dividido”, resumindo os pontos básicosreferentes à parte norte e à parte sul. Para uma melhor com

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preensão da história posterior a este acontecimento, evitado confusões, inclusive, seria melhor para o estudante t

estes dados na memória.

Panorama Histórico de Israel 81

7.2.3. Quadro Explicativo do Reino Dividido

AS DUAS PARTES

APARTENORTE A PARTE SUL

NOMEBÍBLICO Israel JudáNOME

MODERNO Reino do Norte Reino do Sul

CAPITAL Siquém/Penuel/ Tirza/Samaria Jerusalém

PRIMEIROREI Jeroboão(930-910 a.C.) Roboão(931-913 a.C.)QUANTIDADE DE DINASTIAS Nove Uma140

NÚMERO DE REIS

Dezenove Vinte: sendo 12 até a

época da queda deSamaria e mais 8 até oCativeiro Babilónico

PERÍODO APROX. DE EXISTÊNCIA

931-722 931-586

QUANTIDADE DEANOS

209 345

CONQUISTADOSPOR Assíria Babilônia

ÚLTIMO REI Oséias(731-722 a.C.)

Zedequias(597-587 a.C.)

Houve apenas um a breve interrupção no domínio da família de Davi quando Atália, filha de jezabel, no ande 841 a.C.> se apossou do trono (2 Rs 11 e 2 Cr 22-23).

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7.3. Resultados da Divisão

A divisão do reino acabou por trazer várias mudançae graves conseqüências para ambas as partes. Não há possbilidade, em um trabalho como este, de se fazer uma análipormenorizada de todas as implicações deste fato mas, nseqüência, serão apresentadas algumas das influências quefizeram sentir em duas das áreas de maior importância: a re

giosa e a política.7.3.1. As Conseqüências Religiosas __________________

Logo depois da divisão político territorial acabou poacontecer, também, uma divisão religiosa, entre Judá e Isrel. Jeroboão, rei de Israel, temendo que seus súditos, ao ireadorar no templo em Jerusalém, fossem influenciados a tomarem posição ao lado do rei de Judá, providenciou doisantuários para que rivalizassem com este. Um foi edificana cidade de Betei e o outro em Dan (1 Rs 12:26-29).

O temor de Jeroboão não era sem fundamento, defato, ao ir adorar em um templo que pertencia oficialmentao rei de Judá, onde se pregava que a dinastia de Davi havrecebido o direito de reinar eternamente sobre todo o Israe(o conjunto formado por Israel e Judá), o adorador corria risco de ser influenciado a deixar de considerar Jeroboãcomo um rei legítimo. Portanto, inicialmente, a sua atitudfoi um passo importante para a consolidação de seu reino

O problema maior na atitude de Jeroboão foi que eleacabou por instituir um culto nos moldes praticados pelocananeus. Ao fazer dois bezerros de ouro e colocá-los nolocais de culto, ele deu início a um processo de sincretismque se tornaria crescente até atingir o auge na época do r Acab, principalmente pela influência da rainha Jezabel, prcesa fenícia de Sidom. Com o passar do tempo, estes beze

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ros que eram símbolos do deus da fertilidade, Baal, passara representar a Iavé,141 indo contra a Lei de Moisés, desfirando, assim, a religião que haviam recebido dos seus anpassados. Inevitavelmente, a partir disto, entraram em udeclínio religioso, e uma confusão tal, que se refletiu de fma negativa em grande parte da população. Muitos, em Isel, sem saber como agir, ainda na época do profeta Eli

estavam indecisos, procurando servir ora a Baal ora a Iavou aos dois ao mesmo tempo(1 Rs 18:21).

7.3.2. As Conseqüências Políticas ____________________

As conseqüências políticas resultantes da divisão, com

não poderiam deixar de ser, foram desastrosas. O império dmoronou rapidamente. Nem Israel nem Judá, ocupados coos seus problemas internos, tinham forças ou vontade para etar a ruína. Os países que antes estavam debaixo do poder reino unido, aproveitam a ocasião e vão se tomando indepedentes. Em alguns casos, passaram até mesmo a ser uma am

ça para os novos reinos, como aconteceu com Damasco qcolocou em perigo a parte norte de Israel.142O grande império conquistado a duras penas

Davi e desenvolvido ao seu potencial máximo, debaixo governo do sábio rei Salomão, se desintegrou rapidamenDele restaram duas partes que formaram dois estados de s

gunda categoria, com pouquíssima influência internacionmuitas vezes tributários, e em constante perigo de serem vadidos pelas potências da época.

Pode-se presumir, ainda, que a situação econômicresultante desta divisão política foi catastrófica. O não cebimento dos tributos que os países outrora vassalos lhpagavam, a perda do monopólio das rotas comerciais ao lon

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da costa e através da Transjordânia e as lutas internas, que estenderam por muitos anos, devem ter ievado os dois novoestados a passarem por momentos de grandes dificuldades.1

No próximo capítulo serão abordados de forma maisespecífica os dois reinos e seus líderes. Disto poderão surgmais alguns esclarecimentos quanto às conseqüências reliosas, políticas, econômicas e outras oriundas desta divisã

7.4. Para Complementar _________________________ 7.4.1. Algumas Informações Bíblicas Sobre o Período

a) O Livro de 1 Reis 11-12;b) O Livro de 2 Crônicas 9-11.

7.4.2. Questões Para Revisão ________________________

a) Explique se na época de Salomão assumir o reino haviou não algum indício de divisão entre Israel e Judá.

b) Qual é a explicação teológica para a divisão do Reino?c) Qual é a explicação natural para a divisão do reino?d) Escreva a respeito das conseqüências religiosas oriun

das da divisão do reino.e) Escreva a respeito das conseqüências políticas oriunda

da divisão do reino.f) Como se chama na Bíblia o Reino do Norte?g) Como se chama na Bíblia o Reino do Sul?h) Escreva a respeito da estabilidade ou instabilidade pol

tica em ambos os reinos.

m BRIGHT, op. cit., p. 306-307.

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8. O REINO DE ISRAEL

Ainda que os dois reinos, Israel e Judá, tenham sdesenvolvido lado a lado por um bom período e possuammuitas coisas em comum, pois eram estados irmãos, oriu

dos do mesmo núcleo, neste livro, por questão de clarezevitando-se quebrar o ritmo da narrativa passando de umpara o outro a cada instante, serão tratados em capítulos dferentes. Aqui será apresentada uma visão geral do que foiReino de Israel, que teve uma história mais breve, e no captulo seguinte o Reino de Judá, que continuou a existir, comestado independente, ou semi-independente, pois foi tributário durante grande parte de seu tempo de existência, pomais de 130 anos após o desaparecimento de Israel como nção autônoma.

Muitos detalhes precisarão ser omitidos, mas, aquserão apresentadas importantes informações a respeito dsituação política, econômica, social e religiosa do Reino Israel, bem como chegou ao seu fim, além de um breve resmo da atuação de seus principais líderes.

8.1. A Situação Política de Israel __________________

Um dos fatores políticos que mais se destaca no Reino de Israel é a instabilidade interna. Só nos primeiros ciqüenta anos de sua existência o trono foi tomado pela forçpor três vezes. Isto mostra que em Israel não era reconhecda a sucessão dinástica. A tradição vinda da época dos juizque requeria do líder dons carismáticos, ainda estava viva,1

1,1 BRIG HT, J.H istória de Israel. São Paulo: Hdições Paulinas, 1985. p. 315-316.

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neste ponto assim permaneceu por muito tempo, tanto éque nove dinastias se revezaram no poder do Estado durante o seu período histórico.

A estabilidade política para o Reino de Israel só foconseguida a partir do reinado de Onri que ocorreu no curtperíodo que vai do ano 885 a 874 a.C.145 Ele deu início a umdinastia que conseguiu se manter no poder até a terceira gração, o que levou Israel a restaurar suas forças e começartrilhar um caminho de prosperidade no exato momento emque forças externas, como o reino arameu de Damasco, colocavam a segurança nacional em perigo. Sua política modlada na de Davi e Salomão que buscava paz interna, relaçõamigáveis com Judá e íntimas relações com os fenícios, aléde mão forte contra os arameus, foi continuada por seu filh

Acab, tornando Israel uma nação de certa importância nocenário internacional, fato este que adiou o seu desaparecmento.146

Mais a frente, Jeú, em uma carnificina sem igual, acbou com a dinastia de Onri, e sua própria dinastia ocupou trono por quase um século, período nunca igualado por ou

tra em Israel. O golpe de estado praticado por ele levou Israel a uma situação difícil, perdendo, inclusive, por estocasião, território para seus vizinhos agressivos. A nação frestabelecendo-se aos poucos e durante o reinado do quartmonarca desta dinastia atingiu o seu auge. Jeroboão II foi autor desta proeza. Ele conseguiu levar a nação a gozar d

grande prestígio internacional e a uma época de prosperidde sem igual, desde os dias de Davi e Salomão. Contudo, ceca de três décadas depois, toda esta pompa seria levada aesquecimento pela ação da Assíria que avançava cada vmais.147

86 Antônio Renato Gusso

^S C H U L T Z , |. S. A História de Is rael no Atiiigo'l'e<Uimento. São Paulo: Hdiçõe.s Vida Nova, 1988. p. 150,169.146 BRIGHT, op. cit., p. 318-323.1̂ 7 SCM U1.T '/, |. S.A História de Israel no A ntigp Teshm en to .São Paulo: Kdições Vida Nova, 1988. p. 185-188.

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8.2. A Situação Econômica e Social de Israel ________

Não é fácil descrever a situação econômica e socide Israel, como um todo, sem apresentá-la fase por fase. Acondições variavam de acordo com as tendências políticdo momento e, sendo assim, uma hora estavam bem enquanto em outra, não muito depois, estavam em sérias diculdades. Seja como for, aqui serão apresentados alguexemplos tirados dos momentos de prosperidade da naçãa época da dinastia de Onri e a do reinado de Jeroboão INo restante do tempo, quando Israel se encontrava em séras dificuldades internas ou externas, as condições econômcas e sociais, naturalmente, também eram difíceis.

As evidências são claras em apresentar o reinado dfamília de Onri como um período de prosperidade para Isrel. A construção da cidade de Samaria é um dos principtestemunhos deste fato. A arqueologia tem demonstradque esta cidade, iniciada por Onri e concluída por Acab, posuía fortificações excelentes, sem paralelo na região. Tabém é notório que o progresso não se limitou à SamariOutras cidades-chave receberam atenção semelhante e amas ofensivas foram aperfeiçoadas. Dentre elas se destacforça composta por carros e cavalos para combate. Em Mgido foram encontrados estábulos que, de início, se pensohaverem pertencidos ao rei Salomão, mas que agora se sasão do século IX, com capacidade de abrigar cerca de 450 calos, o que demonstra vim poder considerável para a época.14

Estas evidências de riqueza e força, contudo, não indicam que todos em Israel tinham vida confortável. Os tetos dos Livros dos Reis parecem mostrar que a situação dpessoas comuns do povo não era das melhores. Os pobresurgem como vítimas de um sistema grosseiro que os colcava à mercê dos ricos. Em determinadas ocasiões era' IB URIGH T, op. c it, p. 323-324.

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obrigados a tomar empréstimos a taxas elevadas o que acbava por comprometer as suas terras os seus filhos e os seupróprios direitos de liberdade, podendo o devedor até stornar escravo do credor (2 Rs 4:1).

O início do século VIII foi difícil para Israel. do período próspero da dinastia de Onri as dificuldades votaram e foram se agravando até chegarem ao ponto de levIsrael a pagar tributo para a Assíria, para que pudessem se vrar da pressão dos arameus de Damasco, que não lhes d vam descanso. A prosperidade acabou por chegar noreinado de Jeroboão II. O comércio com os fenícios aumentou sensivelmente as riquezas da nação, contudo, foram d

vididas de forma muito desigual, o que gerou forteprotestos por parte dos profetas, principalmente de Amós.150

Mais uma vez a nação estava bem em termos de economia estatal enquanto grande parte da população passavnecessidades e era explorada pelos mais ricos. Os ricos nham condições de possuir diversas casas (Am 3:15), se inressavam por móveis caros (Am 6:4), e gozavam a vida eprazeres físicos (Am 3:12, 4:1, 6:6), enquanto os pobreram extorquidos desavergonhadamente, e desconsideradopelos administradores da lei (Am 5:10,12) sempre se saiamal.151 Não foi por pouco que a ênfase da mensagem d Amós, um dos profetas desta época, foi a justiça social. Eestava esquecida nesta fase da história de Israel.

8.3. A Situação Religiosa de Israel _________________

A situação religiosa de Israel não poderia ser pior Aquilo que começou como um expediente político por part

88 Antônio Renato Gusso

l _J Ibid. p. 324-325 ASU RMKNDI, ). A m óseO sê ia s. São Paulo: Hdições Paulinas, 1992. p. 7.

^ MOTYER I AA M à A óS P l ABU Edi 1991 1

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de Jeroboão, quando da divisão do reino, para evitar quseus súditos tornassem a servir a casa de Davi, evoluiu paum culto altamente sincretista e idólatra, que tinha pouqusima relação com a religião oficial praticada na época do no unido.

Como já foi mencionado neste trabalho, a crise religosa chegou ao seu ponto máximo durante o reinado de Aca(874-853 a.C.). Este havia se casado com Jezabel, filha Etbaal, rei dos sidônios, a qual se mostrou uma adoradoradivulgadora incansável de Aserá e, principalmente, do deBaal Melcart. Ela conseguiu que fosse construído um templo para Baal na capital do reino, Samaria, e sustentou cennas de profetas com os recursos do governo, para que estestivessem trabalhando entre o povo.152 Com estas e outratitudes procurou, claramente, estabelecer a adoração a Bcomo religião oficial do estado, desprezando completamete a tradição espiritual de sua pátria adotiva.153

Durante este período a religião de Iavé correu o riscde desaparecer do Reino de Israel. Ainda que Acab permnecesse nominalmente como adorador de Iavé, ele permitque Jezabel levasse a efeito uma terrível campanha de perguição e extermínio contra aqueles que se opunham à supolítica religiosa. Isto de forma obvia, colocou em risco tdos os verdadeiros seguidores de Iavé, que não poderiaconcordar com o culto rival, e levou os seguidores não tãfervorosos a mudarem o alvo de sua adoração.

De forma especial a ira da rainha se voltou contra oprofetas de Iavé. Ou eles passavam para o seu lado, pregado apenas o que a realeza queria ouvir, ou eram mortos sepiedade, se não se escondessem para escapar de seu fur(1 Rs 18:4). A situação chegou a tal ponto que o profeta Eas, desanimado, diante das evidências, concluiu que esta

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1.2 SCHULTZ, np. cit., p. 1(19-170.

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só na tarefa de oposição a este culto. Ele fornece um resumsombrio da situação religiosa da época quando declara e

1 Rs 19:10: “...Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus doExércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliançderribaram os teus altares, e mataram os teus profetas à epada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida.”

Parecia ser o fim da religião de Iavé e a consagraçãtotal de Baal em Israel, mas nem tudo estava definido. Je

mais tarde, com um golpe-de-estado, conseguiu tomar o pder e eliminar Jezabel juntamente com todos os membros família real e aqueles que tinham relações com a côrte. Aldisso, destruiu o templo de Baal e assassinou a todos os seprofetas, devolvendo, com isto, a posição de Deus de Israpara Iavé.154 Contudo, o culto continuou a ser prestado d

forma irregular. O estrago estava feito e suas conseqüênciseriam notadas até o final do reino. O sincretismo e o pagnismo não mais deixariam a religião de Iavé em Israel, q voltou a florescer, porém, fora do padrão original. Basta lo Livro de Amós para se perceber o quão longe dos precetos da Aliança estava o culto de sua época, com a ênfase nritual, dissociado da vida moral e justiça social, e no LivroOséias, para perceber que o povo estava tão confuso, em ssincretismo, que chegava a chamar Iavé pelo nome de Ba(Os 2:16).

8.4. O Fim do Estado de Israel ____________________

Logo depois da morte dejeroboão II, em 753 a.C., Israel, entrou em uma fase de decadência que o levaria ao fi A rápida e violenta sucessão de seis reis em um breve espade tempo, cerca de trinta anos, já aponta para o desespero situação interna da nação. Para piorar ainda mais, no cenáinternacional, a Assíria estava estendendo os seus domíni

90 Antônio Renato Gusso

154 BRIGHT, op. cit., p. 333-334.

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e tinha grande interesse em toda a região da Síria, vizinha estava situada próxima, ao norte de Israel, Canaã e Egito

Não demorou muito e Tiglate-Pileser III, tambémconhecido como Pul, em uma campanha que se desenrolode 743-738 a.C.,155 impôs tributos a vários estados destareão, incluindo Hamat, Tiro, Biblos, Damasco e Israel. Em spolítica expansionista, no que foi seguido por seus sucessres, não se contentava em apenas receber tributos, este eraprimeiro passo para uma conquista total e definitiva. Assque houvesse qualquer esboço de reação por parte dos tribtários, ele reprimia prontamente, deportando os culpadosanexando suas terras às províncias do império.156

Quando o poderoso Tiglate-Pileser III faleceu, em727 a.C., o rei Oséias de Israel, pensando que o sucessor trono imperial, Salmanaser V, não teria capacidade pamanter os seus domínios, e confiando no apoio do Egito, qual não era suficiente, se rebelou e deixou de pagar os tribtos exigidos. Foi um erro fatal! Salmanaser V tomou prodências imediatas e marchou com seus exércitos contSamaria. A cidade resistiu ao assédio por três anos, mas ntinha como se salvar e acabou capitulando.157

Alguns têm atribuído a conquista de Samaria a SargãII,158 mas, ainda que ele se vanglorie várias vezes de ter ecutado este ato, a Bíblia está correta em afirmar que Salmnaser foi o autor deste feito. Sargão II, logo após se apoderdo trono da Assíria, por ocasião da morte de Salmanaser apenas regularizou a situação da cidade de Samaria comuma província do império, debaixo da direção de um govnador assírio.159

Nesta ocasião, final do verão ou outono de 722/721a.C., Israel deixou de existir como nação independente. M

SCHULTZ, op. cit., p. 189.156BRIG!JT,op. cit., p. 362.157 SC H U l.TZ .op. cit.,p. 190-191.

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tarde, muitos cidadãos de Samaria foram deportados paoutras partes do Império Assírio, na Alta Mesopotâmia

Média, ao mesmo tempo em que pessoas de outras regiõconquistadas foram levadas para a região de Samaria. Diresultou uma mistura muito grande de povos, costumes e rligiões que, em conjunto com os restantes de Israel, mais tde, vieram a dar origem aos conhecidos samaritanos.160

8.5. Os Principais Líderes de Israel ________________ Não foi possível, nas linhas anteriores, ao ser apre

sentada a trajetória de Israel, falar algo a respeito de várdos líderes que estiveram atuando no período. Por isso, nete ponto, quase como um apêndice ao capítulo, mas fazendparte dele, com o objetivo de dar uma visão mais ampla que aconteceu, e providenciar informações para futuras pequisas, será apresentado um resumo que mostra os princpais profetas e os reis da nação.

8.5.1. Os Profetas de Israel__________________________

Os profetas não são exclusivos do meio de Israel Judá, ou da religião de Iavé. Na verdade, é algo comum tre, praticamente, todos os povos do Antigo Oriente MédiSó no Egito ainda não foi confirmado de todo esta práticSemelhante aos profetas de Iavé, também os profetas do

deuses entravam em êxtase, procuravam prever o futurolevavam mensagens de exortação ao povo e aos governa161tes.

Em Israel, ao lado de grande número de profetas profissionais que estavam ligados ao culto ou a serviço de algrei, haviam os profetas individuais. Estes eram em peque

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160 ibid.pOHRER G História àa Religião fie IsraelSão Paulo: Edições Paulinas 1982 p 273-279

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número, mas, com o passar do tempo, foram reconhecidoscomo aqueles que estavam certos. Eles falavam em nome d

Iavé e estavam comprometidos única e exclusivamente comEle.162 Alguns destes é que serão apresentados aqui.1 - Aias;Conhecido como o silonita, morador de Silo,

Profetizou que o reino seria dividido em dois, depois da mote de Salomão, ficando dez tribos debaixo do poder de Jeroboão (1 Rs 11:26-40). Mais tarde, já no final de sua vida, pre

a morte do filho de Jeroboão, o desaparecimento de sua dinastia e a futura destruição do Estado de Israel (1 Rs 14:1-192 -Elias: O ministério de Elias está registrado em

1 Rs 17-19, 21 e 2 Rs 1,2. Seu nome significa “Iavé é Deuo que bem descreve a sua função de mostrar ao povo de Israeconfuso com o culto a Baal, praticado e imposto pela mo

narquia, principalmente por Jezabel, quem era o Deus verddeiro. Ele atuou, no século IX a.C., na época dos reis Acabe Acasias e deve ter sido transladado em época próxima a dascensão de Jeorão ao trono de Israel. Ele seguia a tradiçãda profecia de êxtase que vinha desde a época de Samuel ao que parece, estava de certa forma ligado ao movimentdas escolas de profetas que continuavam a existir em suépoca (2 Rs 2:3-7).163

3 - Eliseu:Filho de um homem de boas posses chamado Safate, foi servo e sucessor do profeta Elias no séculIX a.C. Seu nome significa “Deus é Salvação” e, provavemente, era natural de Abel-meolá. Seu ministério, levadofrente das escolas de profetas, foi marcado por sinais e mar

vilhas e, se contado desde a sua chamada, se desenvolvedurante os reinados de Acabe, Acazias, Jeorão, Jeú, Jeoace Joás em um período que cobre mais de cinqüenta anos. Anarrativas a respeito de suas ações se encontram em 1 Rs 1e 2 Rs 2-9.164

Panorama Histórico de Israel 93

162 Ibid. p. 291.^ SMITII , B. L. Mlias. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 491-493.SMITI I B I }LHsettSão Paulo: Kdíções Vida Nova 1983 p 494-496

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Jezreel, Lo-Ruamá e Lo-Ami, isto se os nomes que estão gistrados no livro bíblico que traz o seu nome não forem

apenas simbólicos. Ele deve ter começado a profetizar econdições bastante semelhantes às enfrentadas por Amóum pouco antes ou um pouco depois do final do ministérideste,170 e deve ter prosseguido até bem próximo da quede Samaria em 722/721 a.C.171

8 - Oded:Repreendeu o exército de Israel, na do rei Peca, quando este levou prisioneiros de Judá para a dade de Samaria. Foi atendido, e os prisioneiros foram trados, vestidos, alimentados e libertados (2 Cr 28:1-15).

8.5.2. Os Reis de Israel _____________________________

Como são muitos os reis de Israel e o objetivo destelivro não é se alongar em detalhes a respeito dos mesmoaqui serão apresentados alguns pontos essencialmente báscos sobre eles, como: nomes, descendência, tempo de reindo (baseado na cronologia proposta por Beek)172, um ooutro feito e os principais textos bíblicos em que aparecem A intenção é fornecer subsídios para futuras pesquisas e duma visão geral de quem foram eles, indo um pouco além dum simples quadro.

1 - Jeroboão (931-910 a.C.): (1 Rs 12-14) - Foi o meiro rei de Israel. Era filho de um homem chamado Nebate. Havia sido servo de Salomão e assumiu o reino logo apa morte deste, quando dividiu o reino que esteve unido sob poder de Davi e Salomão, com Roboão, que ficou sendo primeiro rei de Judá. Seu nome provavelmente signifique “Povo Aumenta”. Ele edificou santuários em Dã e Betei, parivalizarem com o templo de Jerusalém, onde colocou do

Panorama Histórico de Israel 95

CRABTREE, A. R.O U rro de Oséias. Rio dc Janeiro: C asa Publicadora Batista, 1961. p .l 1.

HUBBARD, D. A.Oséias: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1993. p. 25.^ BEEK, M. A.História de Israel. Rio de Janeiro: Z ahar Editores, 1967. p. 80-112.

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bezerros de ouro. Com isto, acabou por incentivar a idolatre o sincretismo religioso em Israel.173

2 - Nadabe (910-909sl.C.Y. (1 Rs 14:20 e 15:25-28) -Era filho de Jeroboão. Seu nome significa “Generoso” o“Nobre”. Reinou por apenas dois anos e foi assassinado poBaasa, quando participava de uma campanha contra Gibetom, que pertencia aos filisteus.174

3 - Baasa (909-886 a.C/l: (1Rs15:27-16:7)- Seu pai

se chamava Aias e era de família humilde. Exterminou descendentes de Jeroboão, esteve durante todo o seu reinado em atrito com o Reino de Judá, e deu prosseguimento política religiosa implantada por Jeroboão.175

4 -Elá (886-885 a.C.^:(1 Rs 16:8-14) - Seu nome significa “Terebinto”.176 Chegou ao trono sucedendo seu p

Baasa e reinou menos de dois anos. Quando se encontravembriagado na casa de seu mordomo, Arsa, foi assassinadpor Zinri, comandante da metade dos carros de guerra de Irael, que passou a reinar em seu lugar.

5 -Zinri (885 a.C/>: (1 Rs 16:8-20) - Reinou, se assimse pode dizer, por apenas sete dias. Assumiu o poder assas

nando o rei Elá e todos os descendentes de Baasa. Quandpercebeu que o golpe de estado tinha sido frustrado, poiOnri, o comandante do exército, também foi feito rei assimque recebeu a notícia da morte de Elá, depois de cercado e

Tirza, se fechou em um palácio e o queimou sobre si, morendo no incêndio.

6 - Onri (885-874 a .O :(1 Rs 16:15-28) - Aindaa Bíblia dedique a ele tão poucos versículos, foi um dos pricipais reis de Israel, estabelecendo a dinastia de maior infência. Ele construiu a capital Samaria e levou Israel a ter ubom relacionamento internacional. Firmou alianças com

96 Antônio Renato Gusso

HUBBARD, D. A. Jeroboão. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 803.174 DO UG LAS, J. D. Nadabe. São Paulo: Ediçõe.s Vid a Nova, 1983. p. 1092.

W AIT E, J. C. J .Baasa.São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 177.

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Fenícia, deve ter conseguido algum contato com a Assíriaque lhe garantiu a não agressão por parte da Síria, subjugMoab e viveu em paz com Judá. Seu reinado foi uma épode prosperidade material acompanhada por decadência regiosa.177

7 - Acab (874-853 a.C/):(1 Rs 16:29-22:40) - Seunome significa “O Irmão é Pai”. Era filho de Omri, a quemsucedeu no trono de Israel, e foi casado com Jezabel, filhde Etbaal, rei de Sidom. Manteve relações amistosas co Judá e morreu em batalha contra a Síria. Durante seu reindo, por influência de Jezabel, que procurou impor a adorção a Baal, a religião de Iavé esteve perto de ser banida país. O profeta Elias, que atuou neste período, foi o grandopositor à sua política religiosa.178

8 - Acazias (853-852 a.Q:(1 Rs 22:52-2 Rs 1:18) -Era filho e sucessor do rei Acabe. Ainda que traga em senome, que significa “Iavé Agarrou”, lembranças da religioriginal de Israel, provavelmente influenciado por sua m

Jezabel, era adorador de Baal. Durante seu breve reinadteve que amargar a rebelião de Moabe (2 Rs 1:1) e um frac

sado projeto marítimo em conjunto comjosafá, rei de Jud(2 Cr 20:35-37). Acabou morrendo em conseqüência dos frimentos que sofreu quando caiu pelas grades de um quartalto na cidade de Samaria.179

9 - Torão (852-841 a.C.):(2Rs 1:17-9:29) - Seunomesignifica “Iavé é Exaltado”. O relato de sua história, na B

blia, esta misturado com histórias a respeito do profeta Elseu. Ele também era filho de Acabe e Jezabel e foi sucessde seu irmão Acasias porque este morreu sem ter filhos.18

Acabou sendo assassinado por Jeú que, por ordem do profeta Eliseu, havia sido ungido rei sobre Israel.177 SC H U i;rZ , op. cit., p. 167-169.

WISKMAN, D. I. Acabe. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. n. 25-26.170 ' .

W A IT H J. C. J. A ca bas. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 28.W A IT E J C JJo rõ o São Paulo: Edições Vida Nova 1983 p 858-859

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10 - Teú (841-814 a.C.):(2 Rs 9-10) - Seu nome temsignificado incerto, possivelmente se trate de uma abrevição que pode ser traduzida como “Iavé é Ele”. Ele era chamado de filho de Ninsi, que era de fato seu avô. Seu pai schamava Josafá. Ele foi o fundador da mais duradoura dnastia de Israel. Assassinou o rei Jorão para assumir o seu lgar e promoveu uma onda de massacres em Israel parfirmar o seu reino. Mandou matar Jezabel e a todos os proftas de Baal. Foi pressionado pela Síria e, a partir das poucinformações extra bíblicas a respeito de sua pessoa, deduz-que tenha se submetido a Salmanaser III para garantir oapoio da Assíria contra este país vizinho (Síria) e seu rei Hzael.181

11 - Jeoacaz (814-798 a.C. :̂(2 Rs 13:1-9) - Seu nomesignifica “Iavé Tem Segurado”. Assumiu o governo no lugde seu pai Jeú e administrou com muita dificuldade.182 Fduramente oprimido pela Síria a ponto de lhe restarem, emseu exército, apenas, cinqüenta cavaleiros, dez carros dcombate e dez mil soldados de infantaria.

12 - Teoás (Toás) (797-782 a.C.):(2 Rs 13:10-14:15) -Era filho de Jeoacaz a quem sucedeu no trono. Aproveitoufase de decadência pela qual passava a Síria para estabilizaseu governo e fazer uma boa administração. Levou a efeituma campanha contra Judá, aceitando um desafio do re Amazias, da qual saiu vitorioso. Saqueou Jerusalém, o templo e os tesouros reais de Judá e os levou, juntamente com

alguns cativos, para a cidade de Samaria.18313 - Teroboão II (781-753 a.C/>:(2 Rs 14:23-29) -Foi um dos mais notáveis governantes de Israel. Reinou poquarenta e um anos, sendo doze destes em co-regência comseu pai Jeoás, e conseguiu levar Israel a gozar de uma pro

98 Antônio Renato Gusao

181 WAITE, J. C. J. Jm . São Paulo : Edições Vida Nova, 1983. p. 824-825.182 W AIT E, J. C. J. Jeoacaz Sâo P!lulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 792.183 DOUGLAS, J. D. Joãs. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 847.

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peridade nunca vista desde os tempos de Salomão. Comprosperidade veio a imoralidade, a injustiça social e o cu

desvinculado dos preceitos da Aliança, o que levou Amósmais tarde, Oséias a pregarem contra esta situação.18414 - Zacarias (753-752 a.C/);(2 Rs 15:8-12) - Assu

miu o reino em lugar de seu pai, Jeroboão II, e conseguiu rnar por apenas seis meses, pois foi assassinado por Salufilho de Jabes. Ele foi o último governante da dinastia de Jeú

15 - Salum (752 a.C^:(2 Rs 15:10-15) - Dele foi osegundo mais breve reinado em Israel.186 Depois de assasnar Zacarias e tomar o seu lugar, só conseguiu ficar no poddurante um mês. Foi assassinado por Menaém, filho dGade, que tomou o seu lugar no trono.

16 - Menaém (752-742 a.C/l:(2 Rs 15:13-22) - Seu

nome significa “Consolador”. Era um militar que chegou trono matando o usurpador Salum. Para fortalecer sua posção no governo acabou pagando tributo para a Assíria questava sendo governada na época pelo poderoso Tiglate-Pleser III).187

17 - Pecaías (741-740 a.C/>:(2 Rs 15:22-26) - Reinou

como sucessor de seu pai Menaém. Foi assassinado no sgundo ano de seu governo por Peca, comandante de seexército. Ao que parece esteve, assim como seu pai, debaido poder da Assíria durante todo o seu reinado. O seu nomsignifica “Iavé Abriu”.188

18 - Peca (739-732 a.C/1:(2 Rs 15:23-16:9) - Seu

nome significa “Abertura”. Ele era filho de um homem chmado Remalias e assumiu o governo no lugar de Pecaíasquem assassinou. Se aliou a Rezim, rei da Síria, para fafrente ao poder Assírio. Juntamente com seu colega da Sí

Panorama Histórico de Israel 99

184 SCIIULTZ, OP. CIT., p. 187-188.m Ibtd. p. 188.1K6 Ibid.^ DOUGLAS, ]. D. Menaêm. São Paulo: Kdições Vida Nova, 1983. p. 1024-1025.^ MILLARD, A. R.Pecaias. São Paulo: Hdições Vida Nova, 1983. p. 1239.

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procurou, em vão, forçar os reis de Judá, Jotão e seu sucesor Acaz, a fazerem parte da aliança. Teve o país invadi

pela Assíria, ocasião em que cedeu mais da metade da naçe logo depois, foi assassinado por Oséias filho de Elá, prov velmente com o apoio de Tiglate-Pileser que tinha interesem ter um aliado no governo de Israel.189

19 - Oséias (731-723 a.C/>:(2 Rs 15:30,17:1-6) - Foio último rei de Israel. Subiu ao poder, assassinando Pec

com o apoio da Assíria mas, quando da morte de Tiglate-Pleser, procurou, com o apoio do Egito, se livrar da carga dtributos que tinha de pagar. Em sua época, Salmaneser Vsucessor de Tiglate-Pileser, não querendo perder sua possesão, invadiu Israel, cercou Samaria por três anos e acabcom o Estado de Israel que foi incorporado ao Império Asírio.190

100 Antônio Renato Gusso

189 WISEMAN, D. J.Pica. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 1234.190 SCHULTZ, op. cit., p. 190-191.

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8.6. Para Complementar ________________________

8.6.1. Algumas Informações Bíblicas Sobre o Períodoa) O Livro de 1 Reis 12-22;b) O Livro de 2 Reis 1-17;c) O Livro de 2 Crônicas 10,13,16-18, 25;

d) O Livro de Amós;e) O Livro de Oséias.

8.6.2. Questões Para Revisão _______________________

a) Por que provável motivo, no início de Israel, o trono

era tomado à força?b) Escreva algumas linhas a respeito do reinado de Onri.c) Quem exterminou com a dinastia de Onri e por quanto

tempo durou a dinastia que a sucedeu?d) Apresente um breve resumo do reinado de Jeroboão

II.e) Escreva a respeito da situação econômica de Israel.f) Escreva a respeito da situação religiosa de Israel.g) Como aconteceu o desaparecimento do estado de Israel?h) Cite o nome de quatro dos profetas de Israel.

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9.O REINO DE JUDÁ

No capítulo anterior foi apresentada uma visão gerada trajetória do Reino do Norte, chamado Israel, desde o seinício, quando da divisão do reino que havia sido governadpor Salomão (931 a.C.), até o seu final, como estado, quanfoi anexado ao Império Assírio (722 a.C.). Neste, de formsemelhante, será apresentada a trajetória da outra parte dreino dividido, o Reino do Sul, conhecido na Bíblia com

Judá.Sendo assim, seguindo o mesmo esquema do capítul

anterior, mas abrangendo um período maior, que vai da divsão do reino (931 a.C.) até o fim do Estado de Judá (58a.C.), quando passaram a fazer parte do Império Babilónicaqui serão analisadas: a situação política, a situação econômca e social, e a situação religiosa de Judá. Além disto, será to como foi que Judá chegou ao fim e apresentado umresumo da atuação de seus principais líderes, alguns de se

profetas de mais destaque e todos os seus reis.

9.1. A Situação Política de Judá ___________________

Judá, assim como Israel, com a divisão do reino, stornou um estado relativamente fraco e logo despertou o desejo de governantes estrangeiros ávidos por maiores conquistas. Susac, rei do Egito, que já estava envolvidindiretamente com a divisão entre Israel e Judá, pois havhospedado a Jeroboão quando este precisou fugir de Salomão por ocasião da primeira tentativa de se apoderar do reno, não esperou muito para tirar vantagens da nova situaçãEle invadiu os domínios de Judá e, ainda que pelo relato b

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blico se tenha a impressão de que o ataque foi dirigido smente à Jerusalém e que Roboão evitou maiores estragopagando um pesado tributo, segundo o próprio relato de Ssac, confirmado por evidências arqueológicas, nesta ocasiforam tomadas mais de 150 localidades do novo reino. O etrago só não foi maior porque Susac, com problemas intenos no Egito, precisou abandonar as suas conquistas.191

Isto era apenas o início das dificuldades com potências estrangeiras. Com o passar dos anos, o perigo de sereobrigados a se submeter a esta ou aquela nação, através acordos defensivos, pagamento de tributos e mesmo depedência plena, seria constante. Tanto o Egito, quanto a Síria

Assíria e a Babilônia viriam, em épocas diferentes, tirar vtagens da fraqueza de Judá.

O relacionamento político com Israel, o ReNorte, foi instável. Em alguns momentos lutaram entre sem outros fizeram alianças e combateram inimigos comunalém de desenvolverem projetos comerciais em conjuntNa época do rei Jorão, de Israel, os reinos estavam tão achgados que Jeorão, filho de Josafá, rei de Judá, recebeu Atáfilha ou irmã de Acabe, como esposa (2 Rs 8:18,26, 2 Cr 222:2)192. No geral, ainda que as duas nações possuíssem mtas diferenças, elas eram tratadas como irmãs e, como é posível notar pela atuação e pregação de alguns profetas,separação entre elas era parcial. Ezequiel, mais ou mencento e trinta anos depois que Israel havia deixado de exiscomo Estado, ainda chamava sua capital, Samaria, de irmde Jerusalém, capital de Judá (Ez 23).

Quanto à política interna no Reino de Judá, ainda qutenha enfrentado turbulências diversas, pode-se afirmar qfoi desenvolvida de uma forma muito mais tranqüila do qa praticada em Israel. Em Israel, ao que parece, havia uma

104 Antônio Renato Gusso

BR KiI íT, f,História de Isra el São Paulo: fidiçõcs Paulmas, 1985. p. 308-310.192 lillIG H T , op. eu., p. 320-321.

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ficuldade muito grande em se aceitar o princípio da sucessdinástica natural, a qual foi interrompida por várias vez

Isto colocava os governantes em constante perigo e alertpois poderiam, a qualquer momento, ser substituídos por gum revolucionário aventureiro. Em Judá não havia esproblema. Era de aceitação, aparentemente geral, que o trno pertencia à família de Davi, fato este que proporcionauma certa estabilidade, não dando oportunidade para qu

surgissem outros pretendentes ao governo. Na realidade,sucessão dinástica só foi quebrada uma vez, e por poucanos, quando Atália, esposa estrangeira de Jeorão, depoismorte do rei Acazias, seu filho, matando a quase todos herdeiros naturais, assumiu a liderança da nação (2 22:7-12).

9.2. A Situação Econômica e Social de Judá _________

A situação econômica no Reino de Judá teve suas fses fortes e fracas. Não há dúvidas que no início do novo etado, depois de Roboão ter sido obrigado a pagar um pesad

tributo ao Egito, o país tenha passado por um grave problma econômico e ficado em posição de inferioridade mateal em relação ao Reino de Israel. Na opinião de Ellisoevidências sugerem que Judá precisava de Israel prospepara que também gozasse de prosperidade.193 Se isto ecorreto, a situação econômica dos dois era bastante parecid

Digno de nota, quanto à expansão econômica, foi oreinado de Uzias (791-740 a.C.). O rei se interessava pagricultura e criação de animais, e providenciou condiçõfavoráveis, escavando poços em regiões desérticas e contruindo torres de proteção, para que a produção nacional desenvolvesse cada vez mais. Também reconquistou as m

Panorama Histórico de Israel 105

^ E L IJS O N , [f.L. jrnlá. São Paulo: Edições V ida Nova, 1983. p- 874.

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nas de ferro e cobre em Elate e conseguiu o controle de importantes cidades e rotas comerciais que davam acesso a

Egito e à Arábia. O que trouxe grande desenvolvimento paseu estado, que continuou mesmo depois do período dabundância vivido por Israel sob o comando de Jeroboão II.1

Quanto às condições sociais em Judá é importantedestacar que houve uma certa homogeneidade notável enta população por muito tempo. Ainda no final do século oit

vo as cidades de Judá não apresentavam, com regularidadcasos extremos de riqueza ou de pobreza. Nisto eles diferam em muito do Reino do Norte, Israel. Contudo, eles nãestavam livres deste mal, e, como Isaías e Miquéias mostracom o avanço do paganismo sob Acaz, deixando-se de ladas estipulações da Aliança com Iavé, destacaram-se as di

renças e os pobres sofreram injustiças e foram oprimidopelos ricos (Is 3:13-15; Mq 3).195

9.3. A Situação Religiosa de Judá __________________

Naturalmente, a religião de Iavé em Judá sofreu me

nos intervenções externas do que a praticada em Israel. Oseu relativo isolamento e a falta de outros santuários princpais, são conhecidos apenas os de Hebrom, Berseba e Gibeom, aumentou em muito a influência da cidade de

Jerusalém e de seu templo,196 centro religioso da nação, cando uma certa unidade de crença religiosa, além de polític

Contudo, as condições religiosas da nação andaram muitdistantes do que se poderia chamar de ideal.Como a monarquia, da mesma forma que nas outras

nações, era uma instituição sagrada197 e fazia do rei o sprincipal líder religioso, as condições espirituais variava1)_1SCHULTZ, S. |. A H istór ia de Is ra el no A ntig oT esíam eu to. São Pauto: I klições V ida Nova, 1988. p. 196-198.

1,5 BRIG HT , op.'cit., p. 372.I% E U JSO N , op. cit., p. 876.197 BRIGH T op cit p 276

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conforme a política seguia o seu rumo. Quando o rei era u verdadeiro adorador de Iavé tendia a levar a nação, em grade parte, também a ser, como foi o caso de Ezequias e Josiaque efetuaram reformas religiosas importantes. Quando rei se voltava para a idolatria, automaticamente, levava mtos do povo com ele. Um exemplo claro disto está na vida Manassés. O autor do Segundo Livro dos Reis afirma quepovo não deu atenção à Lei de Moisés e se desviou dos camnhos propostos por Iavé seguindo a seu líder Manassés. Etas são as palavras exatas: “Eles, porém, não ouviram;Manassés de tal modo os fez errar, que fizeram pior do quas nações, que o Senhor tinha destruído diante dos filhos dIsrael” (2 Rs 21:9).

Em determinadas épocas o comportamento religioso

atingiu níveis extremamente baixos. Alguns dos reis, comfoi o caso de Acaz, na época da opressão, ou da aliança, Assíria, partiram para a idolatria e o sincretismo. Acaz nteve escrúpulos em colocar um altar pagão no recinto dtemplo em Jerusalém (2 Rs 16:10-17), certamente por mado de Tiglate-Pileser rei da Assíria, nem de oferecer sacr

cios a deuses estrangeiros (2 Cr 28:22-25) e, mesmo, oferecer seu filho em sacrifício (2 Rs 16:1-4).Com o passar dos anos a religião oficial de Judá, bas

ada, principalmente, nas promessas de Iavé feitas ao rDavi, foi se desvinculando das obrigações morais e socida Aliança do Sinai e se tornando paganizada. Foi surgin

um sentimento errado de que Iavé, como protetor de Judáem troca de um culto meticuloso em seus detalhes rituaideveria abençoar a nação independentemente do comportmento moral e da atitude em relação ao sincretismo e a idotria de seus adoradores (Is 1:10-20).198 Isto só podermesmo levar ao caos como levou.

Panorama Histórico de Israel 107

1 8 Ibid p 386

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Nota-se que na época próxima ao fim da monarquiahavia um sentimento religioso de pura superstição. Aindque o profeta Jeremias alertasse a nação quanto à impossiblidade de se resistir ao inimigo, na ocasião a Babilônia, afmando ser a invasão resultado da desobediência ao Deunacional, muitos esperavam que Iavé interviesse a qualqumomento para salvá-los, pois confiavam cegamente nas prmessas feitas a Davi e na presença do templo, praticamentcomo um grande amuleto entre eles (Jr 7:1-15), que os protgeria independentemente de suas ações estarem ou não emacordo com os preceitos da Lei Mosaica.

9.4. O Fim do Estado de Judá _____________________

Com o declínio do poder da Assíria surge a Babilônicomo potência dominadora mundial. Depois de algumaconquistas, no ano 605 a.C., sob o comando de Nabucodonosor, filho do rei Nabopolassar, os babilónicos se lançaramem uma campanha vitoriosa contra o Egito em Cárquemis.199 Esta primeira intervenção babilónica na região nãcausou muitas mudanças políticas em Judá. Eles que já há guns anos vinham sendo vassalos do Egito, simplesmentpassaram a estar submissos à Babilônia.200 O rei Jeoaquide Judá, teve que entregar tesouros retirados do templo d

Jerusalém e permitir que alguns reféns fossem levados paraBabilônia201 (2 Rs 24:1; Dn 1:1). No mais, a vida continunormal. Contudo, o fim estava se aproximando rapidamente, era apenas uma questão de tempo.

Em dezembro de 598 a.C. o rei Nabucodonosor retornou com seu exército ao ocidente. Segundo Josefo, o re

Jeoaquim foi surpreendido pois pensava que os babilónico

108 Antônio Renato Gusso

Ibid. p. 440.20()BRU CE,F. F.Israeland the Nations. Grand Rapids, Michigan: William B. Ecrdnwis Publishing Company, 1983. p. 86.

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marchavam contra o Egito e não contra sua nação. Contudestava claro que o alvo agora era Jerusalém. Certament

Jeoaquim havia parado de pagar o tributo exigido pelos balónicos, se voltando para os egípcios, ainda que alertado peprofeta Jeremias do perigo desta política. Não podendo rsistir ao poderio do inimigo, em março de 597 a.C., Jeruslém se rendeu. Como Jeoaquim morreu em 6 ou 7 ddezembro de 598 a.C., quem se rendeu, de fato, foi seu fil

e sucessor, que reinou apenas três meses, Joaquim.202Por esta ocasião, a segunda intervenção babilónicem Judá, além dos tesouros do templo e da casa do rei, fram levadas muitas pessoas para a Babilônia. Entre os ca

vos estavam o próprio rei, sua mãe, suas mulheres, seuoficiais, artífices, ferreiros e soldados. No lugar de JoaquiNabucodonosor estabeleceu como rei em Judá a Mataniatio paterno do rei cativo, mudando o seu nome paraZedequias (2 Rs 24:8-17).

A Crônica Babilónica, que se encontra no Museu Brtânico, se referindo a estes fatos citados acima relata: “Nsétimo ano, no mês de kislev, [Nabucodonosor] revistosuas tropas e, havendo marchado para a terra de Hatti, sitioa cidade de Judá, e no segundo dia do mês de Adar tomoucidade e capturou o rei. Designou ali um rei de sua próprescolha, recebeu seu pesado tributo e [os] enviou para a Bbilônia”.203

Zedequias também veio a se rebelar contra Nabucodonosor e, em resultado disto, Jerusalém, mais uma vez, fsitiada. O cerco da cidade começou em janeiro de 588 a.Calcançou sucesso em agosto de 586 a.C., quando começoudestruição final de Jerusalém no período do Antigo Testmento. O rei tentou fugir mas foi capturado. Levado para cidade de Ribla, diante do rei da Babilônia, assistiu à exe

Panorama Histórico de Israel 109

SCHULTZ, op. cit., p. 223-224. JO HNSO N, P. Histöria dosJndm s. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1989. p. 85.21,4 SCHULTZ, op. cit., p. 224.

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ção de seus filhos. Depois teve seus olhos vazados e foi l vado cativo para a Babilônia onde morreu (2 Rs 24:18-25:7

Assim chegava ao fim o Estado de Judá no períododo Antigo Testamento. Nabucodonosor não colocou outrorei no lugar de Zedequias. Gedalias, filho de Aicão, um afuncionário de Judá que havia ajudado Jeremias em situções de dificuldades, foi estabelecido como governadoMas, dentro de pouco tempo foi assassinado por Ismael,

der de um movimento contra a Babilônia. A partir deste mmento em diante não são mais conhecidas as ações dNabucodonosor em relação a Judá. Não se sabe se ele colcou outro governador no lugar de Gedalias ou, se simplemente, levou Judá a fazer parte de Samaria, como os Persafizeram no período posterior.205

No Livro de Jeremias ainda há uma breve informaçãa respeito de uma quarta leva de prisioneiros para a Babinia, que aconteceu no ano vinte e três do reinado de Nabucodonosor, o que eqüivale, aproximadamente, ao ano 58ou 581 a.C.206 Porém, não se encontram nela maiores detlhes de como e porque foi que isto aconteceu (Jr 52:30).

9.5. Os Principais Líderes de Judá _________________

Seguindo o mesmo esquema do capítulo anterioronde foi tratado dos principais líderes de Israel, aqui serapresentados alguns dos principais líderes de Judá. A inte

ção é fornecer um resumo bastante breve, dos líderes seleonados, que possa ajudar em pesquisas posteriores e dauma visão geral do trabalho deles, indo um pouco além um simples quadro cronológico.

110 Antônio Renato Gusso

METZGER, M.História de Israel. São Leopoldo: Editora Smodal, 1972. p, 120.2<l̂ IJA RRISON, R. K. Jem m as elM wentaçÕ es: introduçã oe com entário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1980. p. 152.

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9.5.1. Os Profetas de Judá

Durante a época do reino unido, e mesmo antes, osprofetas já atuavam como portadores da mensagem dDeus, e quando o reino foi dividido lá estavam eles para lembrarem à nação de suas obrigações. Eles foram figuras dgrande importância, pois influíam diretamente sobre a vido povo e os destinos do reino. Como “rei e religião - são iseparáveis nas sociedades antigas”207, estes foram os doprincipais problemas que eles tiveram que enfrentar.

Aqui serão apresentados alguns destes heróis que arriscavam suas vidas em nome de Iavé, indo, muitas vezecontra uma sociedade corrupta e reis impiedosos.

1 - Semaías: É o primeiro profeta, na Bíblia, a atuano recém nascido Reino de Judá (931 a.C.). Falando enome de Iavé ele evitou a guerra que Roboão estava deteminado a travar contra Israel, para manter a sua soberansobre todas as tribos e, também, predisse a vitória de Sisque, rei do Egito, sobre Judá. Ainda registrou, por escritparte da história do primeiro rei de Judá. Estas informaçõese encontram em 1 Rs 12:21-24, no texto paralelo de 2 C11:1-4 e em 2 Cr 12:1-15.

2 - Ido: É chamado de profeta e vidente, termos in-tercambiáveis no Antigo Testamento, e atuou como escritodos atos dos reis Roboão e Abias (2 Cr 12:15 e 13:22).

3 - Azarias:Seu nome significa “Iavé tem Ajudado”.Era filho de um homem chamado Odebe e atuou como incentivador do rei Asa, em sua reforma religiosa (2 Cr 15).2

4 - Hanani:Também atuou durante o reinado do rei Asa. Repreendeu o rei por ter feito uma aliança com BenHadade, rei da Síria, contra Baasa, rei de Israel que o estacombatendo. O profeta acabou sendo lançado no cárcer

2(17 ASURM EN D1, J.0 P rofetim o: das origens à època rnoâertm■São Paulo: Edições Pau linas, 1988. p. 21.200 NORMAN , J. G .G . Abarias . São Paulo: Edições Vida Nova, 1983 p. 174.

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por causa desta intervenção nos negócios do rei (2 C16:1-10).

5 - Jeú: Repreendeu o rei Josafá por ter ajudado o rei Acabe, de Israel, a combater a Síria (2 Cr 19:1-3). Era filhoHanani e registrou os feitos de Josafá em um livro (2 C20:34).

6 - Taaziel: Encorajou o povo e o rei Josafá, duranteuma reunião no templo, quando precisaram enfrentar um

investida de Moabe e Amom em conjunto, contra Judá (2 20:1-30).7 - Eliezer: Seu nome significa “Iavé é Minha Aju

da”. Era filho de um homem chamado Dodava. Profetizoao rei Josafá que sua frota de navios que estava em EziomGeber iria naufragar, como punição divina pelo fato dele t

feito aliança com o perverso rei de Israel, Acazias (2 C20:35-37).2098 -Obadias: Pouco se sabe a respeito deste profeta e

da época exata em que ele exerceu o seu ministério. A pilhgem da parte de Edom, contra Judá, conforme está registrda no livro que leva o seu nome, tem sido datada, pel

menos, de cinco formas diferentes, 926, 845, 790, 597 e 5a.C., o que bem mostra a dificuldade do assunto. Seu nomsignifica “Servo de Iavé” e sua mensagem é altamente nacnalista, não criticando em nada a sua nação.210

9 - Toei: Quase nada se sabe a respeito deste profeta.Ele era filho de um homem chamado Petuel Q11:1), que sgnifica Engrandecido de Deus, e tem algumas de suas profcias registradas no livro que leva o seu nome. Quanto época de seu ministério é assunto de grande controvérsia; mesmo tempo que alguns eruditos concluem ser ele um doprimeiros profetas clássicos, que atuaram no século IX, otros pensam que ele é do período Pós-Exílico.211

112 Antônio Renato Gusso

209 KITCHEN, K. A. Elk^er. São Paulo; Edições Vid a No va, 1983. p. 494.COELHO FILHO, I. G.Ohastias e Sofonias: nossos contemporâneos. Rio de Janeiro: JUE RP , 1993. p. 9-11.211 R A U rro deJoelSão Paulo: Edições Vida Nova 1983 p 849

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10 - Zacarias: Era filho de um sacerdote chamado Joiada, não deve ser confundido com o profeta Pós-Exílicfilho de Berequias, que tinha o mesmo nome e tem um Livda Bíblia com suas profecias. Censurou o rei Joás por cauda idolatria deste, e , em conseqüência foi morto, apedrejadno pátio do templo, por ordem do rei (2 Cr 24:17-22).

11 - Isaías:Sem dúvida, foi um dos principais profetas de Judá. Seu ministério se desenvolveu por um períod

que foi desde o reinado de Uzias, passou pelo de Jotão Acaz, e se encerrou no de Ezequias. Era filho de um homemchamado Amoz, que a tradição, sem provas concretasaponta como sendo irmão do rei Amasias. Ele atuou diretmente junto à nobreza, em Jerusalém. Seu nome signific“lave deu Salvação” e tem muito haver com a sua mensage

de confiança exclusiva em Deus para livrar a nação do podde seus inimigos,212 principalmente da Assíria, que eragrande ameaça externa para Judá em sua época.

12 - Miquéias: Foi contemporâneo de Isaías, poisatuou na época dos reis Jotão, Acaz e Ezequias, só que deenvolveu o seu ministério no interior e não na capital. Se

nome é uma pergunta muito significativa e soa, praticamete, como um desafio. Ele significa: “Quem é como Iavé? Ainda que fosse originário do Reino do Sul, ele pregou tancontra os pecados do povo de Judá como os de Israel. Preocupado com os problemas sociais, atacou de forma dura odesmandos dos poderosos e a corrupção na justiça.213

13 - Naum: A raiz do nome deste profeta tem o sentido de “consolar”. O livro que traz o seu nome o apresentcomo natural da cidade de Elcós, localidade desconhecidaté o momento, mas que deve ser situada em Judá. Os dadohistóricos que transparecem em seu livro, queda de Tebadestruição de Nínive e poder assírio intacto, apontam para

Panorama Histórico de Israel 113

^ RIDERBOS, J.Isaias: introdução e comentário. SSo Paulo: Edições Vida Nova, 1990. p. 9-10.213 COELHO FILHO, I. G. Miqnêias, nosso contemporâneo. Rio dejaneiro: |UERP, 1995. p. 11-13.

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época do reinado de Manassés, na metade do século VIcomo seu período de atuação. Uma das épocas mais desatrosas para a religião de Judá.214

14 - Sofonias: Ainda que apareça na introdução doLivro de Sofonias os nomes de quatro de seus ascendenteele é pouco conhecido. Seu nome, que significa “Iavé Ocutou”, só aparece uma vez na Bíblia e não há certeza de queele era. Só para que se tenha uma amostra das dificuldadpara identificá-lo melhor, basta informar que alguns estudisos o classificam como de origem humilde, de escravos mmo, enquanto outros, em completo contraste, defendemque ele era descendente da família real. O que se pode dizcom segurança é que ele profetizou em algum período dépoca do reinado de Josias (640 - 609 a.C.), provavelmenantes da reforma religiosa promovida por este, pois, aindcombate o culto a ídolos em seu livro (Sf 1: 4-5).15 - Teremias: Ele é um dos profetas mais conhecidos da Bíblia. Deve ter nascido durante o reinado de Manasés, em Anatote e começou a pregar por volta de 626 a.C., décimo terceiro ano do reinado de Josias. Seu ministério estendeu até à época do cativeiro babilónico (587 a.C.) e ch

gou a ministrar, de Jerusalém, por carta, aos exilados na Bbilônia. Era de família sacerdotal, provavelmentdescendente da linhagem de Abiatar, que foi exilado e

Anatote pelo rei Salomão. Patriota fervoroso, teve um mnistério muito difícil, pregando o castigo de Deus à naçãcorrompida. Seu nome significa “Iavé Ajuda”.215

16 - Hulda:Foi uma profetiza, esposa de Salum, moradora de Jerusalém, que foi consultada a favor do rei Josino ano de 621 a.C., quando foi encontrado o “Livro da Leno templo. E digno de nota ela ter sido consultada em um

114 Antônio Renato Gusso

214 AM SL RR , S. O rProfetas e os U rro s Proféticos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992. p. 148.

2^ FRANCISCO, C. T.Introdução ao Antigo Teslam nto. Rio de janeiro: JU liRP , 1979. p. 169.

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época onde Jeremias e Sofonias estavam profetizando.216 Edeveria ser uma pessoa de muita influência.

17 - Habacuque:Não se sabe praticamente narespeito da vida particular de Habacuque. Sua profecia, qestá registrada na Bíblia, pode ser datada entre o período q

vai do ano 612 ao 605 a.C. Seu nome significa “Afeto” “Abraço” e ele se mostra preocupado com o fato dos cadeus, povo de uma nação mais ímpia do que Judá, estar se vindo de instrumento divino para castigá-los.217

9.5.2. Os Reis de Judá______________________________

No ponto anterior foram apresentados alguns dosprofetas de Judá. Outros existiram e fazem parte dos relatobíblicos, enquanto outros ainda, que certamente atuaramdurante a época do reino dividido, não nos são conhecidohoje em dia. Quanto aos reis, em menor número e tendoseus feitos preservados nas crônicas oficiais, há um volummaior de informações. Contudo, aqui serão apresentadoresumidamente nos mesmos moldes do capítulo anterior.

A apresentação será feita em ordem cronológica e estará fornecendo alguns dos dados principais de cada um doreis que atuaram no Reino do Sul, Judá, desde o seu início o fim, com o cativeiro babilónico. Constará do resumo: nome do rei; o período de reinado (baseado na cronologproposta por Beek)218, textos bíblicos onde podem ser encontradas outras informações e alguns dos feitos, positivoou negativos, mais marcantes.

1 - Reoboão (Roboão) (931-915 a.C.V(1 Rs 12:1-214:21-31; 2 Cr 9:31-12:26) - Foi o último governante do Rno Unido, ainda que tenha reinado por pouco tempo, e oprimeiro de Judá, posição em que se manteve por dezesse

Panorama Histórico de Israel 115

GRAY , M.Hulda. São Paulo: Edições Vidn Nova, 1983. p. 727.217 FRANCISCO op cit p 165

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anos. Era filho de Salomão com uma princesa amonita chmada Naamá. Seu reino, depois de dividido, foi compostpelas tribos de Judá e Benjamim, enquanto as outras formram o Reino de Israel, governadas por Jeroboão. Governocom muita dificuldade, esteve envolvido em guerras comReino do Norte, foi oprimido por Sisaque, rei do Egito eainda que a princípio seu povo tenha sido fiel à religião Iavé, com o tempo passou a praticar a idolatria. Seu nome gnifica “Que o Povo se Expanda”.2192 - Abias (Abião) (914 - 912 a.C.):(1 Rs 15:1-8; 2 Cr13:1-22) - Era filho de Reoboão. Reinou em lugar de seu pdepois da morte deste, por um período de três anos. Deucontinuidade à política de seu pai e ativou a guerra crônicom Israel, com o que conseguiu debilitar o Reino do Nort

conquistando Betei, Efrom, Jesaná e territórios vizinhos.22 Apesar de ter um nome que significa “Meu Pai é Iavé”, a Bblia condena sua conduta religiosa.

3 - Asa (911 - 871 a.C.):(1 Rs 15:9-24; 2 Cr 14:116:14) - Era filho de Abias e o sucedeu no trono. Incentivdo pelo profeta Azarias, filho de Odede, executou uma r

forma religiosa de grandes proporções em Judá. Chegou, amesmo, a depor sua mãe Maaca da posição de rainha-mãpelo fato dela ter feito uma imagem de Aserá. Ameaçado pBaasa, rei de Israel, se aliou ao rei Ben-Adad, da Síria, o qlhe rendeu um duro protesto da parte do profeta Hananique via nesta aliança uma demonstração de falta de fé. D

pois de um longo reinado, faleceu acometido de uma gravenfermidade nos pés.4 - Tosafá (870 - 849 a.C.):(1 Rs 22:41-50; 2 Cr

17:1-21:1) - Sucedeu a seu pai Asa no trono de Judá. Foi uadministrador hábil, que edificou fortalezas e construiu ciddes-armazéns. Atuou como um religioso piedoso, preocup

116 Antônio Renato Gusso

219 DO UG LAS, J. D.Reoboão. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 1392-1393.

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do em ensinar a Lei de Moisés a seu povo (2 Cr 17:5-9)acabou com a inimizade que havia de longa data entre JudIsrael, fazendo alianças com Acabe e Jorão. Mais tarde, esalianças trariam dificuldades enormes para o seu reino e pa dinastia de Davi, que por pouco não foi exterminada p Atália. Seu nome significa “Iavé Tem Julgado”.221

5 - Teorão (Torão) (848 - 842 a.C.):(2 Rs 8:16-24; 2Cr 21:1-20) - Era casado com Atália, da casa de Onri, dintia de Israel, mulher dominadora e adoradora de Baal. Já início de seu reinado, Jeorão, matou a todos os seus irmãopossivelmente, querendo eliminar qualquer oposição futu Ainda que não exista nenhuma prova concreta, a respeidisto, é bem possível que ele tenha tomado esta atitude saguinária orientado por sua esposa. Seu reinado foi brevMorreu de uma terrível infecção intestinal que muitas dolhe causou por um período de dois anos.222 O estado caótide seu reinado pode ser descrito pelas palavras do autor Crônicas que diz: “se foi sem deixar de si saudades” (2 21:20).

6 - Acazias (841 a.C.):(2 Rs 8:25-29; 2 Cr 22:1-9) -Reinou por pouco tempo, cerca de um ano. Também é conhecido por outros dois nomes na Bíblia; é chamado de Jeacaz em 2 Cr 21:17, e de Azarias em 2 Cr 22:6. Aconselhapor sua mãe Atália e seu tio Jorão, rei de Israel, deu contindade à política religiosa de seu pai.223 Aliou-se com Isrpara lutar contra a Síria e morreu assassinado por Jeú, us

pador do trono de Israel, pela ocasião de uma visita que fe Jorão.7 - Atália (841-835 a.C.V.(2 Rs 11:1-21; 2 Cr

22:10-23:21) - Ainda que seu nome transmita uma mengem favorável à religião de Iavé, ele significa “Iavé é Exa

Panorama Histórico de Israel 117

WAIT E, ]. C. J . Jo sa jà . SÃo Pau lo: Edições Vida Nova, 1983. p. 861-862.222 BRIGHT, op. cit, p. 336.

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do”,224 suas atitudes a negavam totalmente. Tomou posse dtrono, após a morte de seu filho Acazias, assassinando a t

dos os possíveis herdeiros do reino. Só escapou o pequen Joás, um de seus netos, que foi escondido por Jeoseba, umtia do bebê. Implantou um reinado de terror no qual exaltoao máximo o baalísmo. Foi a única pessoa fora da linhagede Davi a assumir o trono de Judá, também a única mulhee, ainda que tenha reinado de forma soberana, não recebe nBíblia o título de rainha.225

8 - Toás (Teoás) (835-796 a.C.):(2 Rs 12:1-21; 2 Cr23-24) - Quando tinha sete anos de idade, depois de ter pasado seis anos escondido, foi proclamado rei de Judá peação do sacerdote Joiada. Nesta mesma ocasião foi mortasua avó, a rainha usurpadora do trono, Atália. Enquanto sacerdote Joiada era vivo, o rei, certamente orientado poeste, desenvolveu um bom governo e restaurou, em grandparte, a religião de Iavé emjudá. Após a morte de Joiada, prém, permitiu a idolatria e acabou mandando matar o profta Zacarias, filho de Joiada, que lhe fez oposição. Acabosendo assassinado por seus próprios servos quando se encontrava em sua cama enfermo. Foi enterrado em Jerusalémmas não nos sepulcros dos reis. Seu nome significa “Iavtem Dado”.226

9 - Amazias (795-767 a.C.):(2 Rs 14:1-22; 2 Cr25:1-28) - Era filho de Joás a quem sucedeu no trono d

Judá. Assim que se firmou no governo matou a todos os paticipantes do assassinato de seu pai. Conseguiu reunir umgrande exército e conquistar os edomitas, mas ao levar odeuses deste povo para Jerusalém, aos quais passou a adoraatraiu sobre si a oposição. Desafiou o rei de Israel, Jeoás, pquem foi vencido e feito prisioneiro, trazendo grandes dif

224 GRAY, M. Alalia . São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 167.22í’ CLEMENT’S, R. E.O M undo do A ntigo Testamento:perspectivas sociológicas, an tnpo lógicas epoli/icas.

Paulus, 1995. p. 355.22í*DO UG LAS, J. D. foás. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 846-847.

118 António Renato Gusso

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culdades para seu país. Foi vitima de uma conspiração em Jrusalém. Fugiu para Laquis onde foi perseguido e morto p

seus inimigos. Seu nome significa “Iavé é Poderoso”.22710 - Uzias (Azarias) (766-739 a.C/>:(2 Rs 15:1-7;2 Cr 26:1-23) - Foi conhecido por dois nomes diferentes. primeiro, Uzias, significa “Iavé é Minha Força” e o outr Azarias, “Iavé tem Ajudado”. Assumiu o trono aos dezesseanos de idade por ocasião da morte de seu pai Amazias.

reino de judá experimentou uma época de grande prosperdade durante sua administração e, aproveitando-se do decnio temporário da Assíria, alcançou algumas vitóriaimportantes contra os filisteus, os árabes e os amonitas. Atcado de lepra, ao final de seu reinado, quando tentou quemar incenso no altar do templo, atribuição dos sacerdoteafastou-se da vida pública enquanto seu filho Jotão cuidodos negócios do reino.228

11 - Totão (739-735 a.C.):(2 Rs 15:32-38; 2 Cr 27:1-9) -Era filho do rei Uzias e sua esposa Jerusa, filha de ZadoquComeçou a reinar com a idade de vinte e cinco anos e deu sqüência à boa administração de seu pai. Seu nome signifi“Iavé é Perfeito”.229

12-Acaz (735-716a.C.V.(2Rs 16:1-20;2 Cr28:1-27) -Era filho de Jotão. Seu nome é uma forma abreviada d

Jeoacaz. Peca, rei de Israel, e Rezim, rei da Síria, procurarsubstituí-lo no trono por um rei títere, com a intenção dformar uma força única para resistirem ao poder da Assír

Acaz, ignorando os conselhos do profeta Isaías que pregava confiança em Iavé, pediu auxílio a Tiglate-Pileser, rei Assíria, e foi livre de seus opressores, que foram conquisdos nesta ocasião. Porém, a aliança com a Assíria iria custlhe muito caro. Por exigência do rei da Assíria retirou teso

Panorama Histórico de Israel 119

W AIT R, }. C. J- A m adas. São Paulo: Edições Vida Nova , 1983. p. 57.22fi VTAITu, J. C. J.U^va.r. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 1644.229 DOUGLAS, J. D. Jotão. São Paulo: Kdições Vida Nova, 1983. p. 872.

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tos do templo em Jerusalém e introduziu cultos estrangeiroChegou a um nível tão baixo em sua vida religiosa que, sguindo costumes pagãos, ofereceu alguns de seus filhos esacrifícios.230

13 - Ezequias (716-686 a.C.):(2 Rs 18:1-20:21; 2 Cr29:1-32:33) - Foi um dos mais notáveis reis de Judá. Era filde Acaz e pode ter reinado juntamente com ele em um perodo de co-regência, antes de assumir o governo total. Sacdiu o jugo assírio e procurou recolocar o culto a Iavé no selugar de direito, promovendo uma reforma religiosa, rea vando e purificando o templo e pondo os levitas em seupostos de trabalho. Foi acometido por uma doença incurá

vel mas recebeu a promessa divina, por intermédio do profta Isaías, depois de ter orado, de que seria curado e aindteria mais quinze anos de vida. Seu nome significa “IavéMinha Força”.231

14 - Manassés (696-642 a.C.):(2 Rs 21:1-18; 2 Cr33:1-20) - Seu nome significa “Fazendo Esquecer-se”.2Começou a reinar com a idade de doze anos, provavelmenem co-regência com seu pai. Era filho do rei Ezequias e Hfzibá e esteve no comando da nação, contando o período emcompanhia do pai, por longos cinqüenta e cinco anos. Foum dos piores reis de Judá. Ignorou a religião de seu paipassou a promover todo tipo de cultos estranhos à fé emIavé. Era adivinho, praticava feitiçaria, colocou imagens escultura para serem adoradas no templo de Jerusalém e ofreceu, como oferta queimada ao deus Moloque, alguns dseus filhos. Próximo ao final de seu reinado foi levado catià Babilônia, pelo rei da Assíria, onde arrependeu-se de suações e se voltou para Iavé. Depois de libertado reassumiucomando de Judá e promoveu uma reforma religiosa, ma

120 Antônio Renato Gusso

SCHULTZ, op. cit, p. 199-200.

231 W AIT E, J. C. J. Ezequias. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 583-584.232 SCH ER IFFS , R. J. A. Manassés. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 990.

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esta não foi suficiente para reparar os estragos que ele mmo já havia causado.

15 - Amom (642-640 a.C.):(2 Rs 21:18-26; 2 Cr33:20-25) - Parece que, em seu curto reinado, desfez as úmas obras de seu pai Manassés levando a nação a retornaidolatria. Acabou sendo morto por seus próprios servos, vtima de uma conspiração, em sua casa.

16 - Tosias (640-609 a.C.):(2 Rs 21:24-23:30; 2 Cr34:1-35:27) - O povo que vingou a morte do rei Amom tabém elevou seu filho, Josias, com a idade de oito anos, trono. Seu nome significa “Iavé Sustenta” e sua mãe se cmava Jedida. Ele foi um dos mais piedosos reis de Judá. rebelou contra o jugo da Assíria, negando as honrarias qeram prestadas aos seus deuses em Judá, por aquela épocadesenvolveu uma reforma religiosa em toda a nação, atingdo, até mesmo, partes do extinto Reino do Norte, como a rgião da Galiléia. Acabou morrendo, no auge de sua carrede uma forma trágica em batalha contra o exército de Necrei do Egito, quando tentava evitar que este atravessasse suterras para ir em ajuda dos assírios que resistiam às forças bilónicas em Harã.233 O profeta Jeremias, na ocasião, copôs uma lamentação em homenagem ao rei Josias (2 C35:25).

17 - Jeoacaz (Salum) (609 a.C.):(2 Rs 23:30-34; 2Cr 36:1-4) - Com a morte de Josias sobrevem um pesadesobre Judá. Jeoacaz, também conhecido por Salum (22:11), filho de Josias, foi feito rei, mas esteve no goverpor apenas três meses. Faraó Neco, aproveitando a sua vitria sobre Josias, vai até Jerusalém, prende o rei Jeoacaz leva para o Egito onde, mais tarde, viria a morrer; coloca uirmão deste em seu lugar e impõem um pesado tributo

Judá.

Panorama Histórico de Israel 121

233 WAITE, J. C. J. Josias . São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 868-869.

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18 - Eliaquim (Teoaquim) (609-598 a.C.): (2 Rs

23:35-24:7; 2 Cr 36:5-8) - Era irmão de Jeoacaz, filho de Joas, e foi colocado no comando da nação pelo Faraó NecoSeu nome original era Eliaquim (“Deus estabelece”)234 e mudado pelo Faraó, como sinal de vassalagem, para Jeoquim (“Iavé Tem Estabelecido”).235 Continuou vassalo dEgito até que, em 605 a.C., a Babilônia se assenhoreou da

gião e, levando alguns cativos como reféns, o fez tributáriElem e sm o ch e g ou a ser levado para a Babilônia, mas deveter retornado depois de ter assumido compromissos com novo senhor (2 Cr 36:6). Mais tarde, pensando que a Babinia estava enfraquecida, deve ter se rebelado e deixado pagar o tributo. Isto atraiu as forças babilónicas que sitiara

Jerusalém. Eliaquim morreu durante este cerco, talvez ebatalha.236

19- Joaquim (Jeconias) (597 a.C.):(2 Rs 24:8-17; 2Cr 36:9-10) - O jovem Joaquim começou a reinar, em lugde seu pai, Eliaquim, com apenas dezoito anos. Sua admintração durou só três meses, ao fim do que foi levado paraBabilônia, juntamente com sua mãe e muitos outros cativolíderes da comunidade.

20 - Matanias (Zedequias) (597-586 a.C.):(2 Rs24;18-25:7; 2 Cr 36:11-21) - Último rei de Judá. Seu nooriginal era Matanias (“Dom de Iavé”) e foi mudado pelo da Babilônia, Nabucodonosor, para Zedequias (“Justiça dIavé”), quando o colocou como vassalo no trono de Judá elugar de seu sobrinho Joaquim. Ignorando os avisos do prfeta Jeremias acabou se rebelando contra a Babilônia, o qlevou a nação à derrocada total. Depois de pelo menos dzoito meses de cerco o exército da Babilônia invadiu Jerulém, destruiu a cidade e levou muitos cativos, entre eles

122 Antônio Renato Gusso

234 yo u N G , E. ].liliaquim. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 491.^ WISEMAN, D. J.Jeoa cpdm.São Paulo : Edições Vida Nova, 1983. p. 792.

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Panorama Histórico de Israel 123

próprio Zedequias que após ter assistido à execução de sefilhos teve seus olhos furados.237

Era o fim da monarquia e do Estado de Judá. Zedequias foi substituído, pela intervenção de Nabucodonosopor um governador e não por outro rei, ficando claro o rebaixamento do status de Judá no Império Babilónico. Onovo líder, imposto pelo dominador, se chamava Gedaliacomo já foi visto em ponto anterior, e esteve por pouco tem

po administrando o que sobrou de Judá, pois logo foi assasinado por um grupo liderado por Ismael, que era da famíreal. Com medo de represálias, boa parte do povo e mesmos líderes que ainda havia no meio dele, fugiram para o Eto, deixando a região praticamente abandonada. Com esgrupo que partiu para o Egito foi levado, contra à sua pró

pria vontade, o profeta Jeremias. As últimas notícias a repeito dele mostram que deve ter passado lá os últimos dide sua vida, pregando a mensagem de Iavé, também, para habitantes desta nação (Jr 43:8-13).

9.6. Para Complementar _________________________

9.6.1.Algumas Informações Bíblicas Sobre o Período

a) O Livro de 1 Reis 12-22;b) O Livro de 2 Reis 8-25;

c) O Livro de 2 Crónicas 10-36;d) O Livro de Obadias;e) Talvez o Livro de Joel;f) O Livro de Isaías 1-39;g) O Livro de Miquéias;

237 WAITK J C JZedequiasSão Paulo: Edições Vida Nova 1983 p 1675 1676

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h) O Livro de Naum;

i) O Livro de Sofonias;j) O Livro de Jeremias;k) O Livro de Lamentações de Jeremias1) O Livro de Habacuque.

9.6.2.Questões Para Revisão ________________________

a) Quais são os anos que marcam o início e o fim do Rno de Judá?

b) Por que a política interna de Judá foi mais tranqüila que a de Israel?

c) Quem foi a pessoa que colocou em risco a dinastia Davi em Judá?

d) Escreva a respeito da situação social de Judá.e) Qual foi o império que acabou com o Estado de Judá?

f) Como aconteceu o desaparecimento do Estado d Judá?g) Cite os nomes de quatro dos profetas de Judá.h) Escreva, de forma resumida, como foi o reinado de J

sias.

i) Cite os nomes do primeiro e do último rei de Judá.j) Descreva em poucas palavras o ministério do profe

Jeremias.

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Panorama H istórico de Israel 125

1 0 . O CATIVEIRO BABILÓNICO

O cativeiro babilónico surgiu como uma conseqüência natural para Judá que, separado do outrora poderoso império liderado por Davi e Salomão, da mesma forma quIsrael, o Reino do Norte, se tomou um pequeno e fraco paentre nações fortes e ávidas de expansão territorial. Macedo ou mais tarde, se dependesse apenas de suas habiliddes para sobreviver, inevitavelmente, isto aconteceria comaconteceu.

Sendo assim, sem muitas surpresas, o Estado de Judáseguindo o mesmo caminho trilhado por Israel, havia chegaao fim. Contudo, a história de seu povo ainda teria lancsurpreendentes, continuaria a se desenvolver independentmente da existência ou não de um país organizado de formsoberana como tal. Era o início da transição de um estágde nação para uma comunidade de fé que, mais tarde, se epalharia pela face da terra.

Aqui serão abordados alguns pontos básicos parauma melhor compreensão do período. Sob o título de “ODominadores” serão apresentados os líderes que comandram o chamado “Império Neobabilônico”, desde sua implantação até à sua derrocada total diante do poder Persliderado por Ciro. Também será visto: como aconteceu, que é e qual a importância da “Diáspora” para a religião ddescendentes de Jacó, além de serem apresentadas alguminformações a respeito do local e duração do cativeiro e dcondições social, religiosa e política do povo que lá estev

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10.1. Os Dominadores

O Império Neobabilônica foi de curtíssima duraçãoCerca de vinte e cinco anos depois de ter arrasado com Jue deportado parte de sua população para a Babilônia, apósmorte do grande líder'Nabucodonosor, começava a sua dcadência.238 Corroído pela instabilidade política criada pfalta de um governante capaz de unir as diferentes facçõe

mais uma vez o domínio das nações trocaria de mãos. Comtudo na vida também ele passou.No curto período de sua existência (626 - 539 a.C.),

Império Neobabilônico, contou com o governo de sete soberanos. São eles: Nabopolassar; Nabucodonosor; Evil-Mrodaque; Neriglissar; Labashi-Marduque; Nabonido

Belsazar. Com a intenção de apresentar um breve resumde sua história, nas linhas que seguem, cada um destes g vernantes será apresentado individualmente.

10.1.1. Nabopolassar_______________________________

Nabopolassar foi o fundador do Império Neobabilônico.239 Em 626 a.C., após ter resistido a um cerco por pados assírios, contra os quais havia se rebelado, assumiu o tno da Babilônia. Era o início da mudança de poder mundiLogo os caldeus da Babilônia, que eram um grupo forte procedência araméia, dominariam várias partes do OrienPróximo tomando o lugar da Assíria no comando das nções.240

Este grande líder foi quem deu rumo à política intena e externa da Babilônia que seguiu por aproximadamenum século. Enfrentou algumas derrotas no campo militmas se mostrou, sobretudo, um diplomata de muito sucess

BRIGHT, |. História de Israel. São Paulo: lidíçõ cs Paulinas, 1985. p. 475.23* DOW, |. L. Di-^jonario delia Bibbia Milano: Garzanti Editorc s.p.a., 1993. p. 269.

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aproveitando-se do bom modelo administrativo que já havsido utilizado pelos assírios. Destacou-se, ainda, como contrutor, dedicando-se, especialmente, à tarefa de restaurtemplos babilónicos.241

Quando morreu, em agosto do ano 605 a.C.,242 deixou para seu filho Nabucodonosor, com quem dividia a fução de comandante das forças babilónicas, o caminho aberpara a conquista total do Oriente Antigo. O mais difícil emesmo havia feito, faltava apenas a consolidação do impérque agora era uma questão de tempo.

10.1.2. Nabucodonosor_____________________________

Nabucodonosor ao assumir o lugar de seu pai no trono não teve muito trabalho para levar o Oriente Antigo a tornar babilónico. Tirando a batalha de Cárquemis, na quderrotou os egípcios, e uma tentativa frustrada contra o memo Egito, no inverno de 601/600 a.C., as demais campanhna Síria não encontraram resistência que venha a merecgrande destaque, incluindo sua atuação contra Judá.243 Nhavia quem pudesse medir forças com seu exército.Ele é muito citado na Bíblia pelo fato de ter sido oconquistador que levou Judá para o cativeiro. Existe a posbilidade de que seu nome signifique “Nabu protegeu os dreitos de sucessão”. Isto pode estar apontando para algumrisco que ele correu de ser preterido como príncipe herdeir

ao mesmo tempo em que mostra a sua devoção à esta dividade, para a qual construiu templos.244 Os nomes, na antigüdade, não necessariamente acompanhavam a pessoa potoda a vida, como nos dias atuais, eles podiam ser, e erammudados conforme as circunstâncias.

Panorama Histórico de Israel 127

241 DONNER, op. cit., p. 413.242 BRIGHT, op. cit., p. 44U.243 DONNER, op. cit, p. 414.

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Nabucodonosor era um homem bastante religioso eserviu a vários deuses. Construiu e reparou templos també

a Marduque, e providenciou vestes e ofertas regulares paas estatuas divinas, além de levantar um zigurate e provideciar um caminho para procissões sagradas na própria cidada Babilônia. Cidade esta que foi embelezada seguindo-

várias sugestões de sua esposa Amitis.245Quanto à sua loucura, conforme registrada no Livro

de Daniel, no capítulo quatro, ainda não foi encontrada nnhuma evidência'texterna que a possa corroborar. Contuddeve ser levado em conta que, infelizmente, pouco se saberespeito dos últimos trinta anos de reinado deste poderoslíder.246 Sabe-se, porém, que ele não teve a felicidade que pai teve de deixar um herdeiro à altura de tal império. Equanto viveu a Babilônia gozou de estabilidade, mas logo pois de sua morte teve início a decadência.247 Nos sete anque se seguiram o trono foi ocupado por três monarcas difrentes, o que bem aponta para a instabilidade política queinstalou com a morte de Nabucodonosor.248

10.1.3.Evil-Merodaque ____________________________

Evil-Merodaque, também conhecido como Avil-Marduque, era filho de Nabucodonosor e reinou no lugar destapós a sua morte, a partir do ano 561 a.C., quando Joaquirei de Judá, completava trinta e sete anos de cativeiro.249

Ele é pouco conhecido, e não poderia ser diferente

pois reinou por apenas dois anos, os quais foram suficientpara Flávio Josefo classificá-lo como um governante áspe Teve um fim trágico. Foi assassinado por seu cunhado Nerglissar, que assumiu o seu lugar no trono da Babilônia.250245 WISEMAN, op.c i t , p. 1086, 1087.246 IbkI.

247 AM SLE R, S.O s Profetas e o s U rro s Proféticos. São Paulo: Edições Paulinas, 1992. p. 31 )4.

248 BRIGHT, op. cit, p. 476.24^ HUBBARD, ]r., R. L.First SeamdKings. Chicago: Moody Press, 1991. p. 238-239.2^ SCHU LTZ S |A História de I srael no Antigo TestamentoSão Paulo: Edições Vida Nova 1988 p 225

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Panoram a H istórico de Israel 129

10.1.4. Neriglissar _________________________________

Provavelmente, Neriglissar seja o mesmo Nergal-Srezer que aparece como oficial de Nabucodonosor no relatdo Livro de Jeremias no capítulo trinta e nove. Ele tambénão reinou por muito tempo, morreu quatro anos após ter sapossado do trono.251 Era filho de um homem rico, propritário de muitas terras e deve ter conseguido se firmar no trno por ter liderado uma revolução com o auxílio do exércie o apoio dos sacerdotes ou, ainda, por direito de sucessãpor ser esposo de uma filha de Nabucodonosor. Como senome aparece em documentos babilónicos desde 595 a.Cele deveria ser de meia idade, ou mesmo um tanto idosquando começou a reinar, o que fez de forma bastante agresiva.252

10.1.5. Labashi-Marduque __________________________

Foi um rei sem expressão para o império babilónicoEle era filho de Neriglissar e governou no lugar deste poapenas alguns meses. Logo foi deposto e assassinado dexando o trono para o usurpador Nabonido.253 Ainda não ssabe se ele teve tempo de fazer algo digno de nota para o rno. Ao que parece, pela falta de evidências, não foi possívfazer nada. A Babilônia estava sofrendo com a escassez dederes capazes.

10.1.6. Nabonido e Belsazar_________________________

As carreiras destes dois governantes ainda estão en voltas em um certo mistério. Documentos têm mostradoque Nabonido foi o último governante da Babilônia, mas

251 BRIGHT, op. cit., p. 477.

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Bíblia, no Livro de Daniel, apresenta Belsazar como aquque governou até a conquista dos medos e persas.

Isto se explica pelo fato de Nabonido, forçado pelacircunstâncias, ter deixado seu filho Belsazar como regena Babilônia enquanto se retirou para a cidade de Tema Arábia, onde demonstrou interesse no comércio com car vanas e em promover o culto à deusa-lua.254 Ele foi obrigaa se retirar por ter caído em desgraça diante dos comerciates da cidade da Babilônia e dos sacerdotes de Marduquque deixaram de lucrar com o culto a este deus a partir momento em que o rei passou a se esforçar em honrar outdivindade. Ele chegou, claramente, a tentar colocar a deulua, Sin, na posição mais alta do panteão babilónico,255 o atraiu sobre si a ira dos que adoravam Marduque ou luc

vam com o culto dirigido a ele.Seu reinado chegou ao fim em 539 a.C., quando atropas do conquistador persa Ciro invadiram a Babilôniaforam bem recebidas pela população descontente e ansiopor mudanças. Seu filho Belsazar foi executado por esta osião, mas o rei Nabonido, ao que parece, mesmo tendo si

feito prisioneiro, deve ter sido solto mais tarde e tratado forma favorável.256

10.2. A Diáspora ________________________________

Para tratar deste assunto de forma completa seria necessário um livro à parte. Não é esta a intenção neste pontMas, também, não seria sensato passar adiante sem aprovtar a oportunidade e dar uma palavra a respeito deste aconcimento tão importante que veio a ser um dos principafatores de influência na forma futura da religião judaica.

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04 SCHULTZ, op. cit, p. 227.255 BRIGHT, op. cit, p. 477.

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isso, aqui serão abordados três itens importantes sobre o asunto: Será explicado o significado do termo“ diáspora” \feitauma apresentação de como ocorreu e qual a sua importâcia.

10.2.1. O Significado do Termo Diáspora _____________

Como é fácil de se perceber, o termo“diáspora” não

fazia parte do vocabulário corrente dos exilados na Babinia. A língua grega, à qual pertence esta palavra, ainda levmuitos anos para se tornar importante para os povos domundo. Sendo assim, a utilização dela, à esta altura dacontecimentos, deve ser tomada como um anacronismnecessário para se explicar o início de um fenômeno que s

ria descrito por este termo no faturo.Diáspora (SiaOTTOpá), literalmente, significa dispersão257 e descreve, inicialmente, o movimento populaciondos habitantes de Judá, saindo de sua terra, por vários mo vos, e se estabelecendo em outras nações, porém sem perdos vínculos com a terra natal, principalmente com a religi

que manteve o seu ponto central em Jerusalém. Não só oque saíram de Judá, mas, ainda os descendentes destes, qcontinuaram a viver em comunidades como seus antepassdos, entre outros povos, ligados religiosamente à Jerusaléreceberam esta designação.

10.2.2. Como Aconteceu a Diáspora__________________ Pode-se dizer que o cativeiro imposto pela Babilôni

levou o povo de Judá à diáspora. O Reino do Norte, Israehá muito tempo havia sido misturado entre as nações, manão conseguiu manter as suas características peculiares, p

sando, então, a ser assimilado por outros povos. O que ac

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bou acontecendo até mesmo na própria pátria comoresultado da política ocupacional da Assíria que levou etrangeiros para habitarem no meio dos que ficaram em Israe

Com Judá a situação se desenrolou de forma diferente. Foram para o cativeiro mas puderam viver em comuniddes, ou colônias, mantendo antigas tradições e o desejnatural de um dia voltar para a terra natal, o que os mantecom uma identidade própria.

Depois que Nabucodonosor levou parte significativda população de Judá para a Babilônia, a qualidade de vidos que ficaram deve ter sofrido uma grande queda. A mairia dos líderes, intelectuais e outros especializados em atidades importantes para a nação, haviam sido levadodeixando uma grande lacuna no país. Para fugir da situaçcaótica, e também da ira do rei babilónico, depois do assasnato de Gedalias, o governador colocado por este sobre oque permaneceram em Judá, muitos partiram para o EgitLá foram bem recebidos e deram continuidade à suas videm colônias onde, aparentemente, chegaram a prosperar.2

Provavelmente, vários outros grupos, além daquelque obrigou o profeta Jeremias a acompanha-lo, se dirigirapara o Egito conforme a situação exigia. Também é possívpresumir que eles procuraram outros lugares para se refugrem. Pelo texto do Livro de Jeremias nota-se que muitos, fgindo dos babilónicos, foram para Moab, Edom e Amomde onde voltaram quando a situação melhorou (Jr 40:11 -1Contudo, deve ser levado em conta a real possibilidade muitos terem permanecido nestes países, ou terem retorndo para eles assim que as condições voltaram a ser desfav

• 259raveis.Nesta época ainda não é possível de se falar em um

diáspora em toda a terra, mas era o início de uma tendênci

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MRSTliR H IThe Heart ofH ebrew History; a study ofthe QldTestamentNashville: Broadman Press 1980 p 251

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irreversível. Israel estava tomando uma nova forma. Não etaria mais limitado por uma área geográfica ou por algupoder político. Não havia mais possibilidade de voltar, forma completa, ao antigo padrão260, apenas como naçãestava se tornando uma comunidade de fé entre as nações

10.2.3. A Importância da Diáspora ___________________

A importância dadiáspora é incalculável. Ela não sópreservou a base da religião de Iavé, que era praticada e

Judá, entre seus membros, mesmo depois do desaparecmento do Estado propriamente dito, e longe da cidade de Jrusalém, como acabou preparando o caminho para ocristianismo que viria mais tarde. O Novo Testamento testmunha claramente a atuação do apóstolo Paulo em locafora da Judéia, principiando o seu trabalho pelas sinagogque serviam como locais de culto para os judeus dadiáspo- ra.2('' Eles estavam dispersos por toda a terra e por meio dsua religião, com base no Antigo Testamento, sem saber, etavam fazendo um trabalho que seria fundamental para a e

pansão rápida da religião Cristã. Estavam preparando caminho para a vinda do cristianismo. Algumas colônias espalhadas pelo mundo, como po

exemplo a estabelecida em Elefantina, no Egito, acabarapor preservar uma religião muito semelhante com a que epraticada em Jerusalém. Os desta localidade chegaram, amesmo, a construir um templo bastante parecido ao que h via sido destruído pelos babilónicos. Outros, porém, establecidos próximos ao rio Nilo, deixaram Iavé de lado acabaram se tornando idólatras.262

Seja como for, não há dúvidas, se não fosse adiáspora, a dispersão de grupos oriundos de Judá para outras naçõe

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/íl" BRIGHT, op. cit, p. 469.261 WALLS A KDispersãoSão Paulo: Edições Vida Nova 1983 p 433

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mas que permaneceram vivendo em comunidades, praticado a mesma religião e ligados ao antigo país de onde saíra

seus antepassados, por laços religiosos, a história de Israpoderia ter terminado com a conquista de Judá pela Babilnia. Não haveria como reconstruir uma nação daquilo qusobrou e, quem sabe, a própria história do cristianismo terde ser outra, pois as duas estão intimamente ligadas.

10.3. A Cidade de Babilônia _____________________ Ainda que muito das descrições antigas a respeito d

famosa cidade de Babilônia, capital do império de Nabucdonosor e de seus sucessores, possam ter sido exageradanão há dúvidas de que se trata de uma das mais belas metrpoles da antigüidade. O povo que foi levado da comparat vamente pequena Jerusalém e seus arredores para lá, deve ficado impressionado com a beleza e o poder que viram nquele lugar.263 Ela estava em um estágio de progresso, gradiosidade e beleza, muito além do que poderia ser imaginapelos cativos oriundos de Judá.

Na atualidade, muito do que era esta grande cidade jfoi revelado e tem confirmado a sua fama. Ela foi localizapor arqueólogos modernos à cerca de 80 km da atual cidade Bagdá no Iraque. Sua área de ocupação urbana possuuma forma triangular e ocupava um espaço de 13 km qudrados de superfície atravessados pelo famoso rio Eufrates

rodeado, em toda a sua extensão, por dois cinturões de mralhas que atingiam a impressionante altura de 25 metros.2 A entrada na cidade era possível através de oito por

tões, ou grandes e esplêndidas portas que eram conhecidpelos seguintes nomes: Porta de Adad, Porta de LugalgirPorta de Ishtar, Porta de Sin, Porta de Marduk, Porta de Za

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263 HESTER, op. cit. p. 251-252.26"*I J\PPLB AA Bibfi H j d i i ã d hi ó i fi l iSã P l Edi õ P li 1984 102

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bara, Porta de Enlil, Porta de Minurta, Porta de Urash e Pota de Gula.265 Seus nomes são uma demonstração clara dpoliteísmo que reinava no local, pois na maioria, senão tdos, reverenciavam diferentes deuses que eram adorados ncidade.

Veja na foto a seguir um pouco da beleza destas portas.

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266Réplica da porta de Ishtar na Babilônia

fÜIb‘d

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Existem informações de que a cidade era compostpor mais de seiscentos quarteirões que possuíam, cada u

deles, um jardim em seu centro.267 Nela também havia ugrande monumento, em forma de torre de degraus, recobeta com azulejos azuis, com aproximadamente noventa mtros de altura, conhecido como Zigurate Etemenankconstruída em homenagem ao deus Marduk. Ele marcavacentro da cidade268 e demonstra bem a capacidade despovo nas áreas da engenharia e arquitetura.

A beleza de seus templos, palácios, praças, ruas e mnumentos, além dos famosos jardins suspensos, deram à dade o privilégio de ser colocada entre as “Sete Maravilhdo Mundo”. Com certeza, o texto do Livro de Daniel qumostra Nabucodonosor orgulhoso de sua cidade, é umamostra real do sentimento de glória que ela evocava em sprincipal benfeitor. Nele está escrito: “Ao cabo de doze mses, passeando sobre o palácio real da Babilônia, falou o redisse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei parcasa real, com o meu grandioso poder, e para glória da minmajestade?” (Dn 4: 29-30).

As evidências arqueológicas têm apresentado um N

bucodonosor, aparentemente, mais humilde, todo reverenaos deuses que adorava mas, assim mesmo, bastante orglhoso dos feitos que havia executado na cidade. Um exeplo está nas inscrições encontradas nas pedras calcáriapolidas e recobertas com asfalto, utilizadas na pavimentaçde uma rua com 900 metros de extensão, especialmente fepara a procissão religiosa em homenagem ao deus MarduEm cada pedra foi colocada a seguinte mensagem: “Eu sNabucodonosor, rei de Babilônia, filho de NabopolassaFui eu quem pavimentou as ruas de Babilônia com blocos pedra tirados das montanhas, para a procissão do supremSenhor Marduk. Que Marduk me conceda a vida eterna!2

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HESTF.R, op. cit., p.251,252.268 LÃPPL E,op . c i t , p . 102-105.269 Ib id l04

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Também foi encontrado nos escombros do templodedicado ao deus Marduk, edifício que é conhecido pe

nome de Esagila, um tijolo contendo uma inscrição de Nbucodonosor. Ela é mais uma prova de que este soberanfoi um dos personagens principais nas obras de embelezmento da cidade. Neste tijolo está escrito o seguinte:

“Nabucodonosor, rei de Babilônia, que venera osgrandes deuses... sou eu.

Já que Marduk, o supremo Senhor, levantou minhacabeça, eu, cheio de temor, louvo a Marduk, o deusmeu criador. (E) a torre de degraus de Babilônia, Etemenanki, com asfalto e azulejos azuis, eu a fiz resplandecer como o dia. Para sua cobertura usei cedro(em abundância?). Marduk, meu Senhor, volve se

olhar propício sobre estas minhas obras e dá-me a vida dos dias eternos! Etemenanki, recorda semprna presença de Marduk, meu Senhor, a (minha) piedade!”.270

As poucas informações aqui apresentadas são suficentes para demonstrar a grandiosidade de Babilônia e leva

leitor a fazer um certo julgamento das reações dos exiladao chegarem neste local, ainda que a maioria deles tenha vido em colônias próximas da cidade e não propriamennela. Não existem registros, mas é possível inferir de tudoque foi dito neste ponto, que os exilados ficaram surpresocom o que encontraram em Babilônia e, provavelmentemuitos devem ter chegado à pensar que os deuses daquepovo eram mais poderosos do que Iavé. Estava na hora dserem reformulados alguns conceitos teológicos populareentre o povo de Judá, para desfazer estes mal entendidos,os profetas que atuaram no cativeiro se encarregariam distComo será visto, mais adiante, a crise e o choque religios

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2711 LÀPPI.E, op. cit, p. 105.

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cultural acabariam por trazer crescimento espiritual para verdadeiros adoradores do Deus de Israel.

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Maquete representando a cidade da Babilônia'

10.4. As Condições do Povo Cativo_________________

As condições do povo que foi levado para o cativeirna Babilônia, muitas vezes, têm sido interpretadas de formparcial e errada por alguns que fazem uma leitura superficda Bíblia e que, além disso, não procuram outras fontes informação além dela mesma. Como a Bíblia, corretamenapresenta este cativeiro como sendo um castigo da parte Deus contra seu povo rebelde, logo se pensa em algo paredo com campos de concentração como na era moderna e epessoas acorrentadas, prestando serviços forçados, debaixdas ordens cruéis de feitores implacáveis.

^ Foto retirada de:http://ww\v.angelfirc.com/me/babÍlonÍabn\sil/ em 13/08/2002.

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Para que esta imagem falsa não permaneça, nestponto, será apresentado um relato das condições do pov

cativo. Sem muitos detalhes, serão abordados os aspectsocial, religioso e político vivenciados pelo povo de JudáBabilônia, o que demonstrará que a situação não era tão dicil quanto normalmente se imagina.

10.4.1. A Condição Social __________________________

Não é mais possível estabelecer o número exato docativos que foram levados para a Babilônia. Mas parece qeram poucos se comparados com os que ficaram em Judou fugiram para outros países. Porém, é notório que estecativos foram tirados da camada superior da população.2

Eram políticos, nobres, comerciantes, sábios, artesãos, prfetas, sacerdotes e outros bem qualificados. Isto deve tsido de fundamental importância para a relativamente bestadia dos mesmos no cativeiro. Era um grupo seleto, nãuma multidão desorientada. Eles estavam aptos para sobr viver e manter a própria identidade cultural e social como

fizeram. Eram pessoas com potencial para influenciar àqules que com eles conviviam e provaram isto ao se desenv verem mesmo em condições adversas.

Hoje está claro que o sofrimento do povo cativo eramais interno, saudades da pátria e orgulho ferido, do que eterno. Eles foram assentados à força emxolônias na.Babilnia mas não levavam vida de escravos Tinham relativliberdade, construíam casas, cultivavam, praticavam o cmércio e continuaram organizados em famílias.273 As conções de vida não eram das piores. Ainda que não existadocumentos descrevendo a situação de forma completa, opoucos indícios são favoráveis. Um destes indícios são

2?2 FOHRER, G.H istória da R eligião de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1982. p. 381.DON NER, H. História de Israel e dos Povos Vizinhos. São Leopoldo: Editora Sinodal; Petrópohs : Ed itoraVozes 1997 p 435 436

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plaquetas encontradas em Nippur. Elas mostram que umdos mais importantes bancos da época pertencia a uma dfamílias para lá deportadas. Os documentos, inclusive, valém da época do cativeiro, o que pode estar apontando pao fato deles terem permanecido espontaneamente na Bablônia depois da libertação,274 ou autorização para o regress

Na verdade, muitos aproveitaram as oportunidadeoferecidas pelo cativeiro e se tornaram pessoas ainda maiscas. O contraste entre aqueles que moraram na Babilôniaos pobres que permaneceram em Judá se tornou enorme não poderia ter sido diferente. Em Judá ficaram, em sua moria, os pobres e com pouco preparo, em um país arrasadpela guerra. Para a Babilônia foram os ricos e preparados encontro com as oportunidades oferecidas pela capital dmaior potência da época. Deixando-se de lado os inconvenentes e o orgulho ferido, para muitos, o cativeiro pode tsido um bom negócio.

Também é bom notar que foi no cativeiro que os hebreus passaram a fazer uso da Língua Aramaica, que virise tornar a sua própria língua oficial pelos séculos que se guiriam até à Era Cristã. Ela foi uma herança das tribos améias que há muito tempo haviam penetrado na Babilôniase tornado o elemento principal da população. Ainda qunão se possa exagerar a contribuição desta troca de idiomdeve ser levado em conta que eles passaram a fazer uso, nmalmente, de uma língua internacional, utilizada largamena diplomacia.

10.4.2. A Condição Religiosa _______________________

A deportação da camada social mais elevada de Judpara a Babilônia pode ter causado uma crise muito séria

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BEEK, M. A.História de Isn iel Rio de Janeiro: Z ahat Editores, 1967. p. 114.SCHU LTZ, S. J. A História de Is ra el no Antigo Testam ento. São Paulo: Hdições Vid a Nova, 1988. p. 238.

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religião deste povo. Em primeiro lugar, não havia mais teplo e, para a maioria do povo, ele era a morada de Iavé. Aldisso, para alguns, restava a impressão de que seu Deus h

via se mostrado mais fraco do que os deuses da Babilônprincipalmente do que o deus Marduk, o principal deles, dqual se pensava que os babilónicos haviam recebido a vitria. Esta situação pode ter levado muitos dos exilados a adtarem as divindades do conquistador.276

Mesmo aqueles que desejavam ser fiéis a Iavé, enquanto cativos na Babilônia, enfrentaram dificuldades esrituais. Para muitos, assim como ocorria com os vizinhos

Judá: Edom, Moabe e outros, a atuação de Deus se restringà sua terra, ao seu país. Na mente deles, Iavé atuava em Judnão havia como ser adorado na Babilônia. A seguinte fras“Como porém, haveríamos de entoar o canto do Senhor emterra estranha?” (SI 137:4) pode ser reflexo desta forma deem Deus, reformulada pelos ensinos do profeta Ezequieque alertou o povo para a onipresença de Iavé, o Deus qudiferente dos demais deuses, poderia ser adorado em quaquer lugar.277

Segundo Fohrer, foi nesta situação de cativeiro e crisque a religião de Israel acabou por mostrar a sua verdadeforça, atraindo várias pessoas de outros povos para o semeio. Para este autor, foi nesta época que surgiu a noção dIsrael ser enviado à todas as nações. Foi neste ambiente qsurgiu no coração dos que ficaram firmes na religião de Judo sentimento de missão.278 Ficou claro que a religião deveultrapassar os limites da nação que no momento nem existcomo tal. Nesta época, e logo após, devem ser buscadas origens do Judaísmo.279

Panorama Histórico dc Israel 141

276 BOH RER , G.H istória da Religião de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1982. p. 385-386.

277 HESTE R, H. I.The H eart of Hebrew H istoty: a study oj/he Old Testament. Nashville: Broadman Press, 1980. p. 254.278 FOHRER, op. cit, p. 388.BRIGH T J História de IsraelSão Paulo: Edições Paulinas 1985463

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Isto estava de acordo com a narrativa de Ezequiel arespeito da partida da glória de Deus de seu templo em Jersalém. Uma nova realidade espiritual estava sendo revelaaos adoradores de Iavé. O Deus deste povo não estava limtado a uma cidade ou a um templo. Ninguém poderia “domesticá-lo”, limitando a sua esfera de ação. Ele estava nmeio de seu povo, livre e soberano, inclusive com a possiblidade de abandoná-lo de vez se a resposta à sua oferta d vida fosse rejeitada.280

Infelizmente, não é de conhecimento, na atualidadeexatamente como se organizou a prática da religião no ca

veiro. O que existem são suposições baseadas em poucaevidências. Provavelmente foi no cativeiro babilónico qsurgiu, ainda que de forma primitiva, o culto na sinagogmas não há nada que comprove de forma cabal esta práticPois nem o Antigo nem o Novo Testamento, e nem mesmoos Livros Apócrifos, dão qualquer informação que possa tuar de forma clara a origem dela.

Também não se sabe o que aconteceu com os cantores, sacerdotes, levitas e outros servidores do templo. O quse tomou prática importante, ainda que já era exercida antdo exílio, foi a intensificação da guarda do sábado e do ritda circuncisão.282 Como não havia maneira de continucom a pratica de sacrifícios pela ausência do templo, locpróprio para estes rituais, a ênfase religiosa foi mudando nturalmente e deve ter culminado em uma procura maior peprática da Lei de Moisés.

Como pode ser visto, os cativos enfrentaram umanova realidade religiosa, mas ela não foi de todo má, até mmo foram esclarecidos alguns conceitos errôneos a respeide Deus e do culto que lhe era devido. Eles estavam no ca

ASURMENDI, (.O Pm jeüsmo: das origens à época moderna. São Paulo: Edições Paulinas, 1988. p. 73.^ FENSIIAM, C. F.Sinagoga. São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 1531.

DONNER, M.H istória de Isra el e dos Povos Vizinhos. São Leopoldo: Ed itora Sionodal; Petrópo lis: Editora Vozes, 1997. p. 437,438.

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veiro mas possuíam liberdade para praticar a sua religiãNão havia mais como praticá-la em seus detalhes, como efeito em Jerusalém. Por isso, orientados pelos profetas Ezquiel, Jeremias, ainda que por carta desde a terra natal, e poutros líderes religiosos anônimos, como o chamado “Dêutero-Isaías”, puderam se adaptar à nova situação e dar connuidade à religião de Iavé.

10.4.3. A Condição Política _________________________

Ainda que Judá tenha deixado de ser um estado, coma conquista babilónica, e passado a fazer parte de uma pr

víncia do conquistador, as atividades políticas não cessaratotalmente. Mesmo que enfraquecidos, os líderes continuram a influenciar o povo em suas decisões e, até mesmo,fazer política na própria Babilônia. O Livro de Daniel, indpendente da data de sua escrita, é uma amostra desta possiblidade.

O fato de Nabucodonosor ter levado cativo e mantido na Babilônia o reijoaquim (Jeconias), antes do golpe fapara o estado de Judá, deve ter sido um fator de enfraquecmento político para o país. Ainda que outros tenham reindo neste período, é evidente que muitos continuavam considerar o rei exilado como o legítimo soberano de JudPorém, embora isto tenha se refletido negativamente na tera natal, no cativeiro pode ter sido um fator positivo. Os ex

lados contavam com a presença de um líder reconhecidoficialmente, até mesmo pelo inimigo. Judá chegou a ter dois reis no exílio ao mesmo tempo

Também o rei Zedequias foi levado para a Babilônia, o qdeve ter causado uma situação bastante estranha para Judque tinha dois reis no cativeiro e nenhum reinando de fato

Zedequias foi mantido no cárcere até o dia de sua mort(Jr 52:11) ainda durante o reinado de Nabucodonosor ma

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ao que parece, manteve o status de rei pois, segundo Josefpor ordem do imperador, foi sepultado “a maneira dosreis”.283

Existem indícios de que alguns judeus no exílio se en volveram em distúrbios contra o governo da Babilônia, que atraiu represálias sobre seus líderes (Jr 29) e, provavmente, o próprio rei Joaquim (Jeconias), mesmo tendo sidrecebido bem pela corte babilónica, após alguns anos devter se rebelado. Ele acabou sendo preso, ao que tudo indicpor causa de seu envolvimento ou suspeita de envolvimeto, com movimentos de libertação.284

Quando Evil-Merodaque assumiu o trono da Babilônia, em lugar de seu pai Nabucodonosor, libertou o rei Joquim da prisão e deu-lhe uma pensão (2 Rs 25:27-30). Istalém de estar narrado no Antigo Testamento, é confirmadpor fontes babilónicas. Também Flávio Joséfo, ainda qunão se possa aceitar tudo o que ele escreveu, afirma quEvil-Merodaque, além de dar muitos presentes a Joaquimdeu-lhe o cargo de “grão mordomo de seu palácio”.285 Esfato mostra que, mesmo no estrangeiro, ele tinha uma consderável atuação política, inclusive na corte babilónica. Cotudo, não se sabe, atualmente, qual foi o verdadeiro papdeste entre os exilados. A liderança de fato parece que eexercida pelos profetas e pelos anciãos.286 Estes últimos, clusive, aparecem, no Antigo Testamento, reunidos, aparetemente com liberdade, na casa do profeta exilado Ezequi(Ez 8:1).

Os dados disponíveis na atualidade a respeito desteassunto, e de todos os outros envolvendo o cativeiro babilónico, são extremamente escassos, mas apontam para umatuação política ativa, mesmo nas condições adversas. Mo

J OSE FO , KHistória dos Hebreus: obra mnpleta. Rio de J aneiro: CPA D, 1990. p. 250.BRIGHT,J.História de Jsrael. Sao Paulo; Kdições PauHnas, 1985. p. 467.

283 |0SF.F0, op. Cít.p. 254.28^ SELTZER R MP J d P J d i IRi d J i A K di 1990 25

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tram que os judeus não se alienaram politicamente e, ainque em tetra “estranha”, cultivavam o sonho de voltar a suma nação.

10.5. A Duração do Cativeiro _____________________

O período de tempo que o povo levado de Judá, eseus descendentes, passaram no Cativeiro Babilónico, ap

rentemente, não deveria ser matéria de dúvida. Afinal, é uquestão, apenas, de datas, e estas podem ser bem estabeledas nesta época. Contudo, a matéria não é tão simples assim

Para algumas pessoas, o tempo que este povo permaneceu como cativo tem sido um grande problema. Isto devdo à dificuldade de conciliar o período, facilmente datad

com a declaração de Jeremias, falando em nome de Deuque disse: “Assim diz o Senhor: Logo que se cumprirem pBabilônia setenta anos atentarei para vós outros e cumpripara convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vopara este lugar” (Jr 29:10).

Tomando-se como literal a promessa feita por intermédio de Jeremias, e muitos o fazem, o povo deveria volpara a terra de Judá depois de, exatamente, setenta anos cativeiro. Se eles voltaram antes de se cumprir este períodprofecia de Jeremias não está correta. Partindo-se des“verdade” assentada, que são setenta anos literais, muit

voltam-se para novos cálculos, procurando conciliar as dacom aquilo que pensam ser a promessa da Bíblia.

Hester, querendo mostrar que a profecia de Jeremiasdando um período de setenta anos literais para o cativeiestá correta, apresenta duas possibilidades de cálculos pse chegar a este número. Na primeira, o profeta tinha em vta a data da primeira leva de cativos para a Babilônia e607/6 a.C. e o primeiro grupo que retornou à Jerusalém e536 a.C. Na segunda, toma-se como base de cálculo a co

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quista e destruição de Jerusalém em 586 a.C. e a data do incio da reconstrução do templo, em 516 a.C., depois da voldo último grupo de exilados, o que daria o tempo de setentanos. Contudo, declara que, muitas vezes, o tempo é contado em apenas cinqüenta anos, iniciando em 587 a.C. e termnando em 537 a.C..287

Harrison, mostrando-se um pouco mais flexível emsuas considerações, afirma que o número setenta, no Livrde Jeremias, é arredondado, contando a partir de 605 a.Caté, mais ou menos, 536 a.C.288 Mas, ao que parece, o maprudente mesmo é tomar este número setenta como simbólico, o que é outra opção bastante viável. Neste caso, ele etaria indicando um longo período de servidão289 e não exatidão do período.

Deixando-se a questão da profecia de Jeremias delado, não querendo harmonizá-la com qualquer data quseja. O que está muito claro é que no ano de 605 a.C. foramlevados os primeiros cativos, como reféns, para a Babilôniano ano 538 a.C, sessenta e sete anos depois, Ciro, no primero ano de seu reinado sobre o império da Babilônia, procla

mou um decreto ordenando que a comunidade dos judeus o culto em Jerusalém fossem restabelecidos.290 Oficialmenera o fim do cativeiro, embora não fosse o aval para voltarem a ser uma nação.

Como foi visto nas linhas anteriores, este período daHistória de Israel ainda se encontra um tanto obscuro. Nem

poderia ser diferente. Esperar que um povo cativo, não organizado em estado, tivesse tempo, forças e vontade para rgistrar em detalhes os acontecimentos de sua época, seriesperar demais. Portanto, até o momento, é preciso se con

146 Antônio Renato Gusso

287 I IESTER, H. I.The Heart of! I eb iw Histo y: a study of the Old '\estament. Nashville: Broadman Press, 1980. p. 253-254.2^ HARRISON, R. K. Jeremias e lam en tações : in trodução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova , 1980. p. 101).

CRAICíIE, P.C et a).Wore! h ibim ! Commentary. Dallas; Word Books, Publisher, 1991. p. 366.2')<1B RIGHT, J.História de Israel São Paulo: Edições Paulinas , 1985. p. 440, 489.

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formar com as informações encontradas nos registros bab

lónicos e os poucos indícios extraídos da Bíblia.Contudo, fica claro, pelo que aqui foi exposto, que Cativeiro Babilónico foi um fator de transformação radicpara Judá e sua religião. Eles nunca mais seriam os mesmO processo era irreversível. Deixaram de existir como Esdo mas continuaram como comunidade de fé, o que foi fu

damental para o desenvolvimento posterior da religiãjudaica e, mesmo, do cristianismo que viria bem mais tardComo pode ser visto, mesmo sendo apresentado

pela Bíblia como um castigo da parte de Deus, contra spovo desobediente, o Cativeiro Babilónico acabou por tomar um fator positivo para o progresso da religião de Iav

Nele foram deixados de lado alguns conceitos incompatíve lançados os alicerces para uma nova etapa, onde Deus pasa a ser entendido de uma forma mais clara. Assim, aquque parecia ser totalmente negativo para Judá, acaba por transformado em um fator fundamental para a apresentaçãde Deus ao mundo.

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A ênfase maior, como não poderia deixar de ser emum trabalho como este, será dada à comunidade estabeleci

em Judá, o palco principal dos acontecimentos bíblicoContudo, ainda que de forma mais superficial, também srão abordadas algumas questões que dizem respeito às cmunidades espalhadas por outras partes do vasto impéricomandado pelos persas.

11.1. Os Novos Senhores__________________________

O Império Neobabilônico, como é de conhecimentogeral, foi de curta duração, cobrindo um espaço de tempde, aproximadamente, oitenta e sete anos, desde sua fundção pelo poderoso Nabopolassar, em 626 a.C., e sua extição, em 539 a.C., quando era comandado pelo poucoconhecido Nabonido, em conjunto com seu filho BelsazaPor falta de líderes que fossem capazes de dar continuidadpolítica de Nabopolassar e seu famoso filho Nabucodonosor, os caldeus, depois de terem alcançado o topo da lideraça mundial, logo deixaram o poder escapar de seu contro

sendo obrigados a dar lugar para os persas, os quais viriamser, a partir de então, pelos próximos dois séculos, os novosenhores da maior parte do mundo conhecido na época.

A seguir será visto em destaque: 1) como que os persas chegaram ao poder mundial; 2) qual a política destes n

vos senhores em relação aos cativos que haviam sid

levados de seus territórios para outros, tanto pelos assírioquanto pelos babilónicos que os precederam na liderançdos povos que agora lhes estavam sujeitos; e 3) quais foraos líderes que governaram este novo império.

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11.1.1. Os Persas Chegam ao Poder __________________

Ao que parece, o grande culpado pelo fim do ImpériBabilónico foi Nabonido. Ele, com uma política desastrarecheada de inovações religiosas, procurando abertamencolocar a deusa Sin na posição de maior destaque no pantebabilónico, deixando em posição inferior o deus Marduconseguiu atrair sobre si a inimizade de seu povo e, parti

larmente, dos influentes sacerdotes de Marduk, os quais friam pesados prejuízos com a política adotada pelo rei.2Este e outros acontecimentos, como o fato de ter se ausentdo da capital por um período de mais ou menos dez anodeixando a administração aos cuidados de seu filho Belsazacabou por trazer uma certa instabilidade interna para o i

pério. A queda era apenas uma questão de tempo, o qual ndemorou a passar. Quando ele percebeu que estava em umsituação delicada procurou mudar a sua política, retornanà cidade de Babilônia e reverenciando o deus Marduk. Os forços foram em vão, a Babilônia já estava dividida e muisó esperavam o momento certo para aclamar outro rei no l

gar de Nabonido.Por esta mesma época (550 a.C.), surgia também uperigo externo para a Babilônia. Seu mais temível adversáo estado Medo, mudou de mãos, quando Ciro, o persa, um

vassalo da Média, e unido a ela por laços familiares, comdou uma revolta bem sucedida que acabou por transferir-lo comando do Império Medo. Os feitos deste novo conquitador não parariam por ai. Logo passou a expandir as suconquistas chegando a formar um império como nunca havsido formado antes. Babilônia, ainda que tenha sobrevivipor mais alguns anos, não tinha como enfrentar tamanho pderio. Sua queda já estava sendo esperada por muitos.293

2)2 BRIGHT, J.História de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p. 477.293 BRIGHT op cit p 478'479

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Finalmente, nos últimos meses do ano 539 a.C., astropas de Ciro sitiaram a cidade de Babilônia.294 O gener

babilónico Gobrias, que havia passado para o lado de Ciroentrou na cidade com suas tropas sem precisar lutar e, poucos dias mais tarde, o próprio Ciro foi recebido pelo povo ncapital como um libertador e não como um conquistadorNabonido, inicialmente conseguiu escapar, mas depois fopreso e Ciro assumiu o trono do Império Babilónico como

rei legítimo.29511.1.2. APolítica Persa Para Com os Deportados _______

Ciro foi um homem de extrema habilidade políticaEle procurou governar de forma pacífica tratando seus conquistados com grande consideração. Para um líder daqueépoca de tantas atrocidades, era um homem de espírito generoso.296 Não só os babilónicos usufruíram desta nova maneira de governar mas, também, todos os povos quepassaram para o seu comando quando o Império Babilónicfoi conquistado. A forma como ele é tratado no Livro de Isa

ías, sendo chamado de pastor e ungido de Iavé (Is 44:28 45:1) é uma boa amostra de suas qualidades e de quão elevda era a sua reputação, inclusive, entre o povo judeu.

Sua maneira diferente de dominar se destacou, principalmente, pelo tratamento que dispensou aos povos que foram deportados de suas pátrias para a Babilônia. Elpermitiu que cada um voltasse para o seu próprio lugar dorigem, se assim o desejassem, e levassem com elesos deuses que haviam sido “presos” anteriormente, por seus antecessores no trono. A inscrição que se encontra em umcilindro de cerâmica mandado fazer por ele, é uma boamostra de sua política para com os que haviam sido levad

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294 STEINM ANN, J.0 Bvro da co>colação de Israele os profetas da i vita do exílio. São Paulo: Edições Paulinas, 1976. p. 157.295 BRIGHT, op. cit., p. 487-488.296 HESTER, H. 1. 7'he heart o fh eb m v history: a study ojth e Qld'Vestament. Nashville: Broadman Press, 1980. p.258.

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cativos para a Babilônia e para com os seus deuses que tabém haviam sido transferidos para lá. Algumas de suas

nhas dizem o seguinte:“Eu, Ciro, o rei do império mundial, o grande e poderoso ro rei de Babel, o rei da Suméria e o rei de Acade (...), por cgoverno Bei e Nabu se afeiçoaram e cujo reinado desejavpara alegrar seu coração - depois de entrar pacificamente Babel, sob júbilo e alegria, estabeleci a sede régia no paláci

soberano (...) Marduque, o grande senhor, alegrou-se com mnhas [boas] ações. Ele abençoou graciosamente a mim, Cio rei que o venera, e Cambises, meu filho biológico, asscomo todas as minhas tropas. Em bem-estar nós [vivemoalegremente diante dele (...) Sob a ordem de Marduk, o gransenhor, mandei que os deuses da Suméria e de Acade, os quNabonid havia trazido para Babel, causando a ira do senhdos deuses, ocupassem em bem-estar uma morada agradávem seus santuários. Que todos os deuses que levei para sucidades falem, dia após dia, diante de Bei e Nabu em favorprolongamento de meu tempo de vida, que digam palavrem meu favor e falem a meu senhor, Marduk: Em favor dCiro, o rei que te venera, e seu filho Cambises (...)”297

Os judeus, já no primeiro ano do reinado de Ciro obtiveram permissão para retornar a Judá. Seu decreto permtindo este retorno pode ser encontrado em 2 Cr 36 etambém no Livro de Esdras. Assim está escrito na versão Esdras 1:2-4:

“Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus docéus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de ledificar uma casa em Jerusalém de Judá. Quem dentre vóde todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jeruslém de Judá e edifique a casa do Senhor, Deus de Israel: elo Deus que habita em Jerusalém. Todo aquele que restar ealguns lugares em que habita, os homens desse lugar o ajuda

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297 In: DON NIiR , H.Históriaât IsradeàospmosiT^jnbos. São Ix‘opoldo: Sinodal; Petrópoli.s: Vozes, 1997. p. 444-445.

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com prata, ouro, bens e gados, afora as dádivas voluntáripara a casa do Senhor, a qual está em Jerusalém.”

Em uma rápida leitura desta passagem da Bíblia, deconsiderando-se as evidências externas a respeito deste mnarca, pode-se ter a impressão de que ele era um convertiao Deus de Israel. Porém, como pode ser visto, inclusive, inscrição do cilindro citado acima, Ciro era extremamenpoliteísta ou, ao menos, assim se mostrava, procurand

agradar a todos os povos e seus deuses na tentativa de obtpara si os seus possíveis favores. Seja como for, esta caracrística de sua política foi o que permitiu que os judeus voltsem para Jerusalém e dessem início à reconstrução dtemplo e, mesmo, da nação.

Tanto Ciro quanto a maioria de seus sucessores lan

çaram mão desta nova fórmula de governo. A maior parte seus oficiais eram medos ou persas dando, quando possívatribuições de responsabilidades para príncipes locais, sepre respeitando as tradições de cada um dos povos subjugdos, ao mesmo tempo em que mantinham um controlfirme do Império por meio de uma burocracia complexa.29

11.1.3. Os Líderes do Império Persa __________________

A tarefa de alistar em ordem cronológica os reis qugovernaram o Império Persa, em alguns casos, se torna batante complicada. Por exemplo, a história tem mostrado forma clara que o primeiro comandante do Império, o quconquistou a Babilônia, foi Ciro. Contudo, o texto bíblico Daniel 5:31, tratando da mudança de mãos do poder babilnico, afirma que um soberano chamado Dario se apoderodo reino. Isto tem levado os estudiosos da questão à váritentativas de solução, mas sem uma definição totalmente tisfatória. Alguns têm deduzido que Dario foi um govern

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dor ao lado de Ciro299, outros que ele era um general perchamado Gubaru, colocado por Ciro para comandar o reinda Babilônia300 mas, ao que parece, até o momento, aquelque defendem que Ciro e Dario, desta época, pois mais tardoutros adotaram este nome, não são duas pessoas mas', simdois nomes diferente para um mesmo líder, ainda que comdificuldades, têm boas possibilidades de estarem corretos

Segue uma relação dos governantes e dos períodosaproximados em que estes governaram, elaborada por Hebert Donner.301 Não se defende aqui que ela esteja totalmente correta. A questão é mais complicado do que possaparecer a princípio e, em alguns detalhes, precisa continuaberta. Mas ela serve como um ponto de partida para auxíldo estudante.

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Governantes do Império PersaGovernantes Período

Ciro II 559-530Cambises II 530-522Dario I Hystaspes 522-486Xerxes I 486-465/4 Artaxerxes I Longimanus 465/4-425Dario II 424-404 Artaxerxes II Mnemon 404-359/8

Artaxerxes III Ochos 359/8-338 Arses 338-336Dario III Codomanos 336-331

299 FRANCISCO, C. T.Introdução ao Vetíjo Testamento. Río de Janeiro: JUE RP, 1979. p. 285.MERRJL, E. H.História de Isr ael no A ntigo Testamento: o reino de sacerdotes que Deus colocou entre as naçõ R io de Ja

neiro: CPAD, 2001. p. 514.DONNER, op. cit., p. 444.

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Na relação defendida por Bright, além de apareceremalgumas diferenças nos períodos de governo, aparece uXerxes II, entre Artaxerxes I Longimanus e Dario II, o quteria reinado em um breve período no ano 423 a.C.302 Complicando ainda mais a situação, em Esdras e Ester, surge urei persacham ado A ssuero. Kidner, tentando resolver oproblema, explica que Assuero é a forma hebraica dkhshctyarsha, o qual, em grego, resulta na forma Xerxes. As

suero, então, seria o mesmo Xerxes I.303 Também é importante destacar, neste ponto, que depois do ano 445 a.C. não aparece nenhum registro a respeidas relações entre os governantes persas e os judeus. Sabeapenas que continuaram debaixo do poder destes até que tranferiram a lealdade, automaticamente, para Alexandre o Gran

em 331 a.C., quando este conquistou o Império Persa.304

11.2. Os Grupos Que Voltaram Para Judá __________

Com certeza grande parte das pessoas que foram le vadas para o cativeiro babilónico morreram nele. O períodde tempo que ele durou (entre 50 e 70 anos) deve ter sido suficiente para que a maioria dos deportados tenha morridsem ver a libertação. Boa parte daqueles que não morrerajá estavam com idade avançada, tendo dificuldades para zer uma viagem tão longa, quando Ciro permitiu que voltasem. Portanto, quando se fala da volta do cativeiro, deve-ter em mente que os grupos de viajantes eram formados, esua maior parte, por pessoas que nunca haviam estado em

Judá. Para muitos deles não se trata exatamente de uma vota, mas da ida para a terra dos antepassados em busca de umnova perspectiva de vida econômica, social e religiosa.

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302 BRIGHT, op. cit, p. 648.KIDNHR, D. Esdras e Neeniias: introdução e co mntá rio. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989. p. 54.BAN WE LL, B. O.Pérsia, persa .São Paulo: Edições Vida Nova, 1983. p. 1276.

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A história nunca poderá responder, com certeza, quafoi o número de pessoas que partiu para Judá em busca desnova vida. A maior parte permaneceu vivendo na Babilône em outros locais do império, onde estavam bem estabelecdos, tratando de seus negócios e unidos às suas famílias. que se sabe, é que ao menos três grupos distintos, em épocdiferentes, fizeram esta viagem. Outros grupos menores, ofamiliares, naturalmente, também devem ter feito o mesmporém não se conhecem os registros destes movimentos.

Aqui serão apresentados os grupos conhecidos que“retornaram” com os líderes Zorobabel, Esdras e NeemiaSerá visto sob que condições voltaram e como enfrentaramas adversidades para levar a efeito a viagem e as dificuldaencontradas na nova terra.

11.2.1. O Grupo de Zorobabel _______________________

O primeiro grupo a deixar a Babilônia e partir para Judá foi o liderado por Zorobabel (Ed 2:2). Este homem erneto do rei Joaquim e deve ter se tornado o líder natural dpovo, quer a sua missão tenha sido oficial, ou seja, em nom

do governo persa, ou oficiosa, por livre iniciativa.305 ComoLivro de Esdras, em seu primeiro capítulo, apresenta umoutra pessoa encarregada por Ciro de levar os objetos dtemplo até Jerusalém, alguns têm concluído que, inicialmete não era Zorobabel o líder dos que voltaram do cativeiromas sim um tal de Sesbazar, o qual pode ter sido seu tio.306questão é difícil e ainda não está totalmente esclarecida, h

vendo, inclusive, quem pense que se tratam de dois nomediferentes (Sesbazar e Zorobabel) para a mesma pessoa. Ma opinião de Kidner parece sensata. Depois de debater cadponto de vista atual a respeito do problema da identidade dSesbazar ele conclui dizendo:

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305 D. Ex/ras e N eemias: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989. p. 38. W IN WARD, S. P. A g uid e to the prophets . London: Hodder and Stoughton, 1968. p. 190.

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“Restam-nos, conforme parece, apenas duas alternativas viáveis: ou ele era um oficial estrangeiro (se o títu

príncipe de Judá pode significar legitimamente governadoou, a despeito do silêncio da narrativa, Sesbazar era o nomoficial de Zorobabel, cuja linhagem é citada somente quané mencionado com seu próprio nome.

Tenho dificuldades em escolher entre estas alternati vas, mas pela margem de probabilidade sou atraído pela p

meira.”307 Ainda que não possa haver uma certeza absoluta dposição política de Zorobabel em um primeiro momentofica claro pelo texto de Esdras 2:2 que ele estava à frente primeiro grupo que retornou à Judá e, que alguns anos matarde, em 520 a.C., o profeta Ageu se dirigia a ele chama

do-o pelo título de governador(pehâh —PinSl) de Judá (Ag1:1). O termo pehâh, utilizado naquela ocasião “é uma pala vra emprestada do acadiano, um lembrete de que Zorobabfora nomeado por um rei persa.”308

Ninguém deve imaginar que esta primeira volta ocoreu da noite para o dia, às pressas. Isto não era necessári

como foi na época da saída do Egito, nem viável. Eles presavam de um certo tempo, e o tinham, para se organizarepara uma mudança como esta. O fato comprovado de queles foram liberados já no primeiro ano do reinado de Cinão quer dizer que tenham partido no mesmo ano. Serimais viável pensar em alguns anos de preparativos e acert

gerais antes de se lançarem a esta aventura.309Seria bom pensar na composição deste primeiro grupo que partiu para Judá, como a união de dois tipos de pesoas. Ele, provavelmente, era formado por aqueles idealistque, independentemente da situação em que se encontra

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307 Ibid. p. 161.3Í)S BALDW IN, J. G. Ageu, Z acariaseMalaqmas: introdução e ementário. São Paulo: HdiçÕes Vida Nova, 1991. p. 29-30.3<l') DONNER, H.História de Israel e dospovos vizinhos.São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 1997. p. 465.

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vam na Babilônia, desejavam partir para a terra dos antepsados e formar o verdadeiro Estado de Israel, dentro domoldes exigidos por Deus, como deveria ter permaneciddesde a antigüidade, e por aqueles que ainda não haviaconseguido se estabelecer de forma adequada no país do exlio. Para estes o retorno era uma chance de recomeço, quesabe conseguindo reaver as antigas propriedades da famílou reassumindo suas tradicionais posições de liderança nsociedade como era o caso dos sacerdotes e outros possíveservidores do templo que no exílio haviam perdido suas fuções.

O grupo que retornou não era muito grande, mas eraexpressivo, ao que parece cerca de cinqüenta mil judeus.3

Vontade de trabalhar certamente não lhes faltava e assique retornaram deram início às reformas necessárias. Encontraram um país em ruínas e adversários desejosos de impedir a sua restruturação. Depois de enfrentarem muitadificuldades, com o incentivo dos profetas Ageu e Zacarialíderes fundamentais neste período de recomeço, conseguram reconstruir o templo de Jerusalém, mais de vinte anodepois de terem recebido a permissão de Ciro para este empreendimento (Ed 1-6).

11.2.2. OGrupo de Esdras __________________________

Esdras, descendente do primeiro Sumo-Sacerdote d

Israel, Arão (Ed 7:1-5), ele mesmo sacerdote e escriba, peto nas escrituras (Ed 7:6), foi o líder de um outro grupo djudeus que partiu da Babilônia para Jerusalém. Uma leiturápida do livro bíblico que leva seu nome pode dar a impresão de que isto aconteceu logo em seguida à conclusão dtemplo, sob a direção de Zorobabel e Josué. Contudo

deve-se ter em conta que isto ocorreu cerca de sessenta ano

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mais tarde. Este é o período que separa o capítulo seis do cpítulo sete de Esdras.311

O grupo de pessoas que acompanhou Esdras nesta viagem foi muito menor do que o grupo dos pioneiros comZorobabel. Mas, também era um grupo respeitável. Pelos rgistros do Livro de Esdras percebe-se que o grupo era fomado por cerca de mil e oitocentos homens, sem contar aesposas filhas e servos.312

Eles partiram com a autorização e certa ajuda do reda Pérsia, Artaxerxes I, por volta do ano 457 a.C.. Se reuram antes da partida próximo a um rio chamado Aava, hode localidade desconhecida, e depois dos últimos prepara

vos que envolveu um jejum pedindo a ajuda de Deus parajornada, iniciaram a viagem de aproximadamente 1600 k

que fizeram em um tempo de quatro meses (Ed 7:7-9).Esdras, entre outras atividades, atuou em Judá de formdecidida contra o pecado dos casamentos mistos que estavasendo praticados pelo povo e, inclusive, pelos seus lídereCom muita determinação levou-os a voltarem atrás, apesar todas as conseqüências sociais envolvidas no problema. S

atuação foi fundamental para Judá, a ponto de ele ter sido cosiderado pela tradição como um segundo Moisés. Conform Josefo, a atuação de Esdras foi reconhecida pelo seu povcomo de grande valia, o que lhe proporcionou um enterro, dpois de boa velhice, com grandes honras em Jerusalém.313

11.2.3. O Grupo de Neemias ________________________

O historiador Flávio Josefo afirmou que Neemiaspartiu para Jerusalém somente após a morte de Esdras.31Evidentemente, isto não passa de um engano deste escrito

31 * K.IDNER, D. Eíí/ra.(e N eemias: introdução e comentário. São Paulo-. Edições Vida Nova, 1989. p. 66.

^ BAXTER, J. S. Exa/ninai as escrituras: E ^eq nida Nlalaquias. São Paulo: Edições Vida Nova, 1995. p. 294. JOSE FO, F.História dos bebmís: obra completa. Rio dc Janeiro CPAD , 1990. p. 265.3 u ‘lbidp 265

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do passado. O próprio Livro de Neemias testemunha que odois foram contemporâneos e mostra que estavam trabalhando juntos na reforma religiosa (Ne 8) assim como na ddicação dos muros da cidade de Jerusalém, reconstruídpelo povo liderado por Neemias (Ne 12:36).

Partindo do texto bíblico não há como duvidar queos dois atuaram, pelo menos em determinada época, ao memo tempo em Jerusalém. Contudo, eruditos modernos têmquestionado a seqüência bíblica para a ida dos dois pa

Judá. Eles defendem que a ordem deve ser Neemias-Esdre não Esdras-Neemias, como está na Bíblia.315 Mas, Kidnanalisando as hipóteses levantadas por estes estudiosos cocluiu escrevendo o seguinte:

“Parece razoável dizer que nenhuma das objeçõesmaiores ou menores, à ordem bíblica dos eventos é compusiva, e indicam que nada mais forte do que a probabilidadrealmente alegada pela maioria dos estudiosos para qualquuma das reconstruções sugeridas. Sendo este o caso, a nartiva que já possuímos certamente deve ter precedência sobas narrativas que não temos. E à parte do direito prioritárdo real sobre o hipotético, nada daquilo que discutimos tepeso suficiente para contrabalançar a vasta improbabilidade que nosso autor, tão dedicado nos pormenores, e comacesso aos registros das suas personagens principais, escrina primeira pessoa, não tinha idéia de como estes homens relacionavam entre si, ou deixaram de se relacionar, nem quem antecedeu a quem”.316

Não há como verificar na atualidade quantas pessoaacompanharam a Neemias neste empreendimento. Certamente não foram muitas. Mas ele chegou a Jerusalém acopanhado de oficiais do exército e cavaleiros, a seu serviçalém de cartas do rei para os governadores das regiões vi

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^ DON NI ill, II. I lis/ona d e Israel e dos po vo s vizinhos. São l.xjopoldo: Hditora Sinodal; Petrópolis : I'.ditorziVozes 1997 p 473 475

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nhas, apresentando-o como o novo governador de Judá. Ogrupo deve ter sido pequeno mas seleto, provavelmente ecolhido pelo próprio Neemias e, sob a sua liderança, foi dfundamental importância para implementar as reformas quse faziam necessárias. Entre elas, uma das mais impressnantes, foi a reconstrução dos muros da cidade em apenacinqüenta e dois dias (Ne 6:15), depois de estarem destrudos a cerca de cento e trinta anos.

11.3. As Condições Gerais da Comunidade Pós-Exílica

Quando se fala em comunidade pós-exílicas é melhopensar no conjunto das “comunidades judaicas” espalhadpelo Império Persa e não apenas no grupo que vivia em

Judá. Como já foi visto, relativamente poucos voltaram paa terra de seus antepassados. A maioria estava bem estabecida no exílio e permaneceu onde estava. Por isso, ainda qCiro tenha permitido que os judeus se deslocassem paraantiga pátria, é bom lembrar que eles continuaram “espalhdos”, em comunidades, por vários locais.

Como a babilônia permaneceu como um centro da vida judaica por séculos, é possível deduzir que lá continuexistindo uma forte comunidade. Também existem algumevidências de uma comunidade judaica, pouco conhecida, Sardis, na Asia Menor e no Baixo Egito, além da razoavmente conhecida comunidade de Elefantina, situada juntoprimeira catarata do rio Nilo.317 Não é possível aqui, e nem outros locais onde se possa usar mais espaço, descrever edetalhes a situação destas comunidades, pois elas são pouconhecidas. Mas nesta parte serão dadas algumas informaçõgerais a respeito da situação política, religiosa e econômica-cial dos judeus que viveram debaixo do domínio persa.

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11.3.1. A Situação Política __________________________

A situação política dos judeus não era melhor do qua dos outros povos que estavam sendo dominados pelopersas. Não é por que lhes foi permitido voltar para Judá quse pode falar em autonomia política jDara este período. Isteria que esperar ainda muito tempo. A volta não significoindependência mas sim permissão para que eles fossem paa terra de seus antepassados, agora domínio persa, e restarassem um local de interesse do império. Não era a volta dEstado de Judá, ainda que muitos assim devem ter pensadprincipalmente por causa da liderança de Zorobabel que edescendente do rei Davi. Naturalmente, os profetas AgeuZacarias, chegaram a ver nele a possibilidade de se cumpri

promessa do Messias que levaria Israel à uma nova era.3Mas isto não se concretizou, Judá era uma província da Pésia e assim permaneceria até passar para os gregos quandestes assumissem o comando.

Ainda que em algumas ocasiões, nem sempre, judeuestiveram governando a província de Judá, como foi o ca

de Zorobabel e Neemias, não há dúvidas que eles representavam o governo central e estavam ocupando este cargoprincipalmente, para defenderem os interesses persas. Dfato, em alguns períodos, Judá foi até mesmo administradpelos líderes de Samaria, com a ajuda dos sumo sacerdoteos quais cuidavam das questões locais.319 Isto é uma bo

amostra da condição política limitada que eles possuíam.Como povo, os judeus não tiveram grande participação política no Império Persa, era mais um grupo de subjugados entre tantos outros mas, como indivíduos, algunconseguiram galgar postos importantes dentro da estruturestatal. Esta foi a situação de Daniel, Neemias, Ester, Ma

318 BALD W IN J GAgeu '/ acarias t MalaqniasSão Paulo: l ídições Vida Nova 1991 p 42

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doqueu e provavelmente outros menos conhecidos ou totalmente desconhecidos dos historiadores modernos. Sem

entrar em detalhes a respeito destes personagens conhecidona atualidade, os quais devem ser procurados na bibliografatual que trata diretamente dos livros bíblicos, é importandizer que eles ilustram bem as possibilidades que um judepoderia ter dentro do sistema político do império.

Estas possibilidades de ascensão, é claro, não estavam

limitadas aos judeus, como é possível notar no Livro de EsteHamã, um provável descendente de Agage, rei amalequitinimigo de Israel na época de Saul,320 também conseguiu, ada que por breve período, ser uma pessoa de grande destaquno Império Persa, a ponto de conseguir do rei permissão parexecutar todo o povo judeu espalhado pelo império (E3:7-11). Aqueles que interessavam ao governo, por uma ooutra razão, foram bem aproveitados na administração.

11.3.2. ASituação Religiosa ________________________

A situação religiosa dos judeus no período pós-exílico, sob o domínio persa, não era das melhores e variava coforme a época e localização da comunidade. Se por um ladalguns obtiveram uma compreensão mais elevada de Iavésua religião, outros acabaram optando por um culto altamente sincrético. Este foi o caso da comunidade de Elefantna. Contrariando claramente as determinações do Livro dDeuteronômio construíram um templo dedicado a Iavéonde lhe ofereciam sacrifícios e o adoravam ao lado de otras divindades também cultuadas. Eram judeus, do mesmsangue que seus parentes de Judá ou outras localidades, mpraticavam uma religião, ainda que em alguns aspectos smelhante, com pontos totalmente contrários à religião histó

i 321rica de seu povo.

164 Antônio Renato Gusso

,2<) BALDWIN, J. Ci. Mster. introdução e com entário. São Paulo : F.dições Vida Nova, 1986. p. 64^ B RIG HT \ Histór ia de Israe lSão Paulo: Edições Paulinas 1985 p 510 511

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Certamente, entre aqueles que partiram para Judá

quando liberados por Ciro, haviam muitos adoradores sincros de Iavé, esta era a maior motivação para que enfrentasem o desafio do recomeço. Mas mesmo assim, logo fnecessário que os profetas Ageu e Zacarias os estivessem icentivando a fazer aquilo que deveriam fazer em nome da rligião. Basta ler o primeiro capítulo do Livro de Ageu pa

perceber que Iavé já havia passado para segundo plano nlista de prioridades daqueles que haviam deixado a Babilôpara restaurarem o culto correto a Iavé em Jerusalém. A pegunta que o profeta faz aos líderes e ao povo de Judá: “Acaé tempo de habitardes vós em casas apaineladas enquantesta casa permanece em ruínas?” (Ag 1:4), revela o desca

com que eles estavam tratando o principal símbolo de Iavem Jerusalém, seu templo, a morada de Deus. A pregação destes profetas surtiu um bom efeito e

logo a comunidade de Judá respondeu de forma favoráveEm poucos anos reconstruíram o templo em Jerusalém. Porém, ainda que não se possa datar com muita precisão a ép

ca dos fatos narrados no Livro de Malaquias, ele é uma fortestemunha da apostasia, falta de respeito e desinteresse dosacerdotes e do povo em geral quanto à Lei de Moisés, quocorreu não muito depois da construção do chamado, atuamente, segundo templo.322 Ao que parece isto ocorreu pelnão cumprimento das promessas feitas por Ageu e Zacar

as,323 as quais foram interpretadas como prestes a ocorreremas que, realmente, apontavam para um futuro não muitpróximo.

Mais tarde, ou conforme alguns, ainda na época dofatos narrados em Malaquias,324 com a atuação de EsdrasNeemias, a religião de Judá passa por mais alguns ajuste

322SCHU I.TZ, S. J. A história de Is ra el no A utigo 7'estamento. São Paulo: Kdiçôes Vida Nova, 1988. p. 399-400.323 yA'1'1 -!S, K. M.Ij >sprojetas deiA ntigno Testamento:proclamando sus mensajespara eld ia de hoy.Nashville: Casa

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acaba por se tornar o germe do judaísmo nascente.325 Fodado um valor cada vez maior à Lei, diminuindo a ênfacultual e profética. À medida em que o valor da Lei foi crcendo a fé profética foi diminuindo.326 Estas mudanças cotribuíram para uma maior popularidade da religião de JudEla, ainda que mantendo o seu ponto central no templo e ncidade de Jerusalém, cada vez mais se desprendia de um dterminado local, dando oportunidade para que os judeus doutras partes do Império, ainda que longe da terra berço dsua religião, também pudessem participar efetivamente

vida religiosa da comunidade de fé que agora ultrapassavafronteiras.

11.3.3. A Situação Econômica-Social _________________

Assim como nos outros povos espalhados pelo Império Persa, também entre o povo judeu existiam pessoas rcas e pobres, as quais participavam de dois grupos cada vemais distintos. Fora da Judéia, em termos gerais, os judeuocupavam uma boa posição na sociedade e tinham posse

suficientes para que não desejassem partir para a terra natde seus antepassados em busca de uma nova vida. Eles est vam em condições, inclusive, de ajudar aqueles que retornasem (Ed 1:4). Na Judéia, nota-se uma grande diferença entaqueles que haviam retornado do cativeiro e aqueles que h

viam permanecido na terra de Judá. Afinal, quando Judá f

levado ao cativeiro ficaram os pobres na terra que havia sidarrasada (Jr 52) e aqueles que voltaram consideravam-se verdadeiro “Israel”.327

O Livro de Neemias é uma boa amostra das condições sociais e econômicas do povo de Judá em sua épocaNeemias, quando trabalhava na capital do império, na cidad

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DON NER , H.História de Israel e dos p oros n in h os. São Leopoldo: SinodaJ; Petrópoíis: Vozes, 1997. p. 488.326 G. História da religião de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1982. p. 448-449.

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de Susã, recebeu notícias da Judéia por intermédio de seumão Hanani que de lá havia chegado. Ao perguntar como e

tavam aqueles que não foram para o exílio recebeu a seguiresposta: “...Os restantes, que não foram levados para o elio e se acham lá na província, estão em grande miséria e dprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suportas queimadas a fogo.” (Ne 1:3). Esta ainda era a situaçdaqueles que não foram para o exílio, não daqueles que vtaram do exílio, isto cerca de oitenta anos depois de tereobtido de Ciro a permissão para reconstruírem Jerusalém

Ainda no Livro de Neemias fica claro o abismo quhavia sido aberto entre os ricos e os pobres. Os pobres est vam passando fome e pegavam dinheiro emprestado papagar os seus impostos, enquanto os ricos aproveitando a tuação difícil, desconsiderando a Lei de Moisés, ganhavmais dinheiro, cobrando juros, aumentando a aflição de secompatriotas desfavorecidos, tomando-lhes, até mesmo, ofilhos como escravos em pagamento das dívidas. Nada pderia mostrar esta situação tão dramática, entre pessoas qse diziam irmãs, como o texto bíblico que relata a queixa povo diante de Neemias. Eles diziam, acusando os rico“...Nós somos da mesma carne como eles e nossos filhos stão bons como os deles; e eis que sujeitamos nossos filhosnossas filhas para serem escravos, algumas de nossas filhaestão reduzidas à escravidão. Não está em nosso poder evtá-lo; pois os nossos campos e as nossas vinhas já são de otros.” (Ne 5:5).

Fica como destaque da comunidade pós-exílica, nperíodo persa, a sua condição de universalidade. Ou seja vima comunidade que não está limitada por fronteiras. Ainque existissem grupos diferentes, em várias partes do imprio, alguns até destoando claramente dos demais na prátido culto, como a comunidade de Elefantina, havia um senmento de união. Existia um vínculo racial e religioso, ain

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g) O Livro de Zacarias

h) O Livro de Malaquias

11.4.2. Questões Para Revisão _______________________

a) Como foi que Ciro conquistou a Babilônia?b) Escreva a respeito da política de Ciro para com os po

vos subjugados e seus deuses.c) Quanto tempo, mais ou menos, depois da destruição

do templo de Jerusalém por Nabucodonosor aconteceu o início da volta dos cativos da Babilônia?

d) Explique a conversão, ou não, de Ciro ao Deus verda

deiro.e) Escreva a respeito da função de Zorobabel em Judá.f) Destaque os nomes dos líderes dos três grupos que re

tornaram para Judá, de acordo com o relato bíblico.g) Por quanto tempo, aproximadamente, ficaram destruí

dos os muros de Jerusalém antes de serem reconstruídos na época de Neemias?h) Escreva a respeito das condições políticas de Judá e

dos judeus neste Período.i) Escreva a respeito das condições religiosas das comu

nidades judaicas no Período Persa.j) Escreva a respeito das condições sociais dos habitantes

de Jerusalém no Período Persa.

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com Filipe da Macedônia, o auge sob Alexandre o Grandea caminho do fim com os Ptolomeus e Seleucidas, sempdestacando os pontos importantes relacionados com o povjudeu, sem dar muita importância para outras questões, também importantes, mas não relacionadas diretamente comeste povo e com o objetivo deste livro.

12.1. O Surgimento de um Novo Império ___________ Como tudo na vida passa a glória da Pérsia e seus re

também passou. Por volta do ano 400 a.C. o poder mundicomeça, mais uma vez, a mudar de mãos. Os persas vãsaindo do cenário e dando lugar para os gregos que mais tade também, por sua vez, seriam substituídos pelos romanosO começo do fim do Império Persa aconteceu naépoca de Artaxerxes II Menemon, que reinou entre 404 358 a.C. Seu reinado foi marcado pela revolta do Egito, qconseguiu sua independência em 401 a.C., e pela revolta terna encabeçada por Ciro, o Moço, irmão do rei persa. F

tos estes que incentivaram o surgimento da chamad“Revolta dos Sátrapas”, ou seja, dos governantes. Rebelique acabou sendo controlada e não conseguindo derrubar império, mas que o enfraqueceu sobremaneira.329

Depois da morte de Artaxerxes II assumiu Artaxerxes III Ochus. Ele conseguiu dar ainda um pouco de vida a

império acabando com seus possíveis rivais internos, seus mãos e suas irmãs, e sufocando as revoltas que surgiam ptodos os lados. Chegou inclusive a reconquistar o Egito, qujá estava independente por um período de aproximadamente sessenta anos. Mas, quando tudo parecia caminhar pauma época de tranqüilidade, ele foi morto por envenena

mento. O mesmo aconteceu com seu filho e sucessor Arse

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que conseguiu se manter no poder por apenas dois ano

(338-336). Acabou assumindo o poder Dario III Codomnus, que conseguiu permanecer por apenas mais cinco an(336-331 a.C.), sendo morto por um de seus governador(sátrapas) quando tentava fugir do grego Alexandre O Grade que, com seus soldados, entrava triunfante nas principacidades controladas pelos persas.330

12.2. O Auge do Período Grego ___________________

Ao mesmo tempo em que Artaxerxes III desenvolviseu governo sobre a Pérsia, Filipe II da Macedônia ia, graalmente, consolidando cada vez mais seu poder sobre os e

tados gregos. No ano da morte de Artaxerxes III, 338 a.Cele conseguiu colocar todos debaixo de seu governo. Cotudo, pouco tempo depois, em 336 a.C., assassinado, deixo cargo para seu filho Alexandre,331 de apenas 20 anos de ide, que levaria o Império Grego ao auge em pouco tempo.

Alexandre era uma pessoa muito culta, sedenta d

conquistas. Foi educado pelo famoso filósofo Aristótelesde forma obcecada, desejava levar sua influência a todospaíses conhecidos. Aproveitando-se da momentânea frqueza dos medos-persas deu início às suas campanhas vitoosas que só pararam com sua morte, aos 32 ou 33 anos didade, treze anos após ter assumido o poder.

As informações sobre Alexandre e suas ações sãbastante confusas, por vezes envoltas em lendas, mas atbui-se a ele a fundação de setenta cidades, todas moldadconforme o estilo grego. Também é certo que ele e seus sodados, no afa de disseminar a cultura grega, conhecida comhelenismo, casaram-se com mulheres orientais, misturanassim as culturas.332

Ibid. p. 553-563.

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Conta ainda Josefo que, Alexandre, depois de teconquistado Tiro, precipitou-se contra Jerusalém. Ocasiã

em que o Sumo-sacerdote judeu, em um sonho, teria recebdo uma revelação divina a respeito de como deveria trataconquistador. Foi-lhe revelado que as portas deveriam sabertas para ele e flores deveriam ser espalhadas por todacidade, enquanto o próprio Sumo-sacerdote, revestido coseus trajes especiais de ofício, acompanhado dos demais

cerdotes, vestidos de branco, deveria ir ao encontro de Alxandre, sem temor.335 Assim foi feito, segundo este historiador judeu, e a r

ação de Alexandre foi extremamente favorável. Pois ele, ver o Sumo-sacerdote e sua comitiva, reconheceu na ceum de seus antigos sonhos, quando, ainda na Macedônipreocupado em como poderia fazer para conquistar a Ási

viu Jaso, em suas vestes sacerdotais e recebeu dele uma pa vra de ânimo e certeza de que venceria os persas. Diante dso, Alexandre abraçou o Sumo-sacerdote e outrossacerdotes e, entrando em Jerusalém, foi até o templo sacficar a Deus, segundo orientações de Jaso.336

Jaso aproveitou a boa vontade do conquistador e suplicou-lhe que fosse permitido aos judeus, tanto os que mravam na Judéia como na Babilônia e Média, viveresegundo as suas leis, além de serem isentados do tributo nsétimo ano, pagando apenas nos outros seis. Ao que Alexadre respondeu de forma positiva, além de estender a possiblidade de participação de judeus em seus exércitos, comliberdade de praticarem sua religião.337

Mesmo que detalhes deste testemunho de Josefo nãodevam ser levados em consideração, por faltarem outros tetemunhos históricos que os comprove, fica claro que, no g

Panorama Histórico de Israel 175

115 Ibid. p. 553-563.336 joSEFO,F. H islóría dos hebreus: obra completa. Rio de Janeiro:CPAD, 1990. p. 274.337 Ibid.

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ral, as relações entre Alexandre e os judeus foram boas. Eque vinham já ha muitos anos sendo leais aos dominadorpersas, com quem também tinham boas relações, na ocasipassaram a ser leais aos gregos. Não deve ter havido muitmudanças na situação política e religiosa que vinham vivciando. Praticamente, só mudaram os dominadores. Judcontinuou a ser uma província, não possuindo rei nem autnomia política, tendo o Sumo-sacerdote como autoridadmáxima de seu povo.

12.3. A Divisão do Império Grego _________________

Logo após a morte prematura de Alexandre o Grande, na Babilônia, causada por doença, seu império começdesmoronar. Como não deixou herdeiros capacitados paragoverno, seus generais passaram a disputar o controle dimpério, o que resultou em uma inevitável divisão.

Quatro dos generais de Alexandre acabaram herdando partes significativas de seu império. Foram eles: Ptomeu, Seleuco, Lisímaco e Cassandro. Destes, sã

importantes para a história aqui narrada, Ptolomeu e Seleco. Eles tiveram influência direta sobre Judá, que estava calizada entre o Egito dos Ptolomeus e a Síria doSelêucidas, tornando-se assim um lugar estratégico paradois novos impérios que viriam a se tornar rivais.

As lutas constantes entre os dois e seus sucessoredeixaram Judá em situação bastante difícil. Ambas as paqueriam a posse deste território que servia de corredor paas tropas e, com isto, Judá mudou de mãos várias vezes curto espaço de tempo. Aquilo que na antigüidade havia spositivo para enriquecer a antiga nação de Israel, sob o cmando de Salomão, sua posição geográfica especial ligaimportantes pólos comerciais, neste período foi fator desgraça, atraindo sobre a província a cobiça dos conquidores

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12.3.1. Os PtolomeusPanorama Histórico de Israel 177

O Império Ptolomeu teve seu foco central no Egito,com Alexandria como capital. Seu domínio durou muitoanos e a famosa rainha Cleópatra, que morreu em 30 a.C., o último membro da dinastia dos Ptolomeus.338

Sob os Ptolomeus, os judeus tiveram uma relativa lberdade. Muitos, ainda que deportados para o Egito, na ép

ca do primeiro Ptolomeu, souberam e puderam aproveitabem as oportunidades comerciais e condições de trabalhque tiveram. As condições acabaram sendo favoráveis a ponto que outros foram por vontade própria tentar a vidanas cidades gregas que estavam sendo fundadas. Em espeal, muitos foram para a cidade de Alexandria, onde form

ram uma grande colônia. Lá os Ptolomeus fundaram umgrande biblioteca com obras antigas preciosas, cuidadas pbibliotecários que se tornaram notáveis, iniciando o estudda gramática grega e dando atenção especial à crítica de te

339tos.Na Judéia, na época dos Ptolomeus, o sumo sacerdo

te era o governador. Ele trabalhava em conjunto com o conselho de sacerdotes e anciãos fazendo com que as leifossem cumpridas. O Templo de Jerusalém era o centro d vida religiosa dos judeus, que podiam celebrar suas festas ligiosas com normalidade, recebendo, inclusive, peregrin vindos de todas as partes. Foi dada ênfase especial à Lei nte período e a interpretação foi bastante desenvolvida. O qunão estava bem, na Judéia desta época, era a situação econmica. As guerras, a imigração e o pagamento dos impostempobreceram a população.340

^ G UN D RY, R.Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1981. p. 4.33J ’fEN N EY , M. C.O N ono Testamento: sua origem e análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989. p. 55-57.

^ TENNEY, M. C. O N ovo Testamento: sua origem c análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989. p. 56.

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Foi na época dos Ptolomeus, mais especificamentno período de Ptolomeu Filadelfo (285-246), que começoutradução do Antigo Testamento Hebraico para a língua grga, a chamada Septuaginta (LXX). O trabalho foi feito Egito, ao que parece, para beneficiar os judeus que já copreendiam melhor o grego do que o hebraico e, ainda quetradição e as lendas que envolvem esta versão da Bíblia, amem que a tradução foi realizada por judeus da Judéia, escialmente levados para o Egito para desempenhar estrabalho, alguns defendem que é provável que tenha sido alizado por egípcios mesmo.341

Ainda que os detalhes a respeito do surgimento dest versão não possam ser esclarecidos até o momento, e qumuito sobre este assunto venha sendo considerado com

lenda, o que é incontestável é a grande contribuição que deu à disseminação do judaísmo e, mais tarde, do cristianmo, que assumiu este trabalho como sua primeira Bíblia. época de Cristo ela já estava espalhada entre os judeus dispersão e pode-se imaginar o quanto foi útil aos primeirmissionários esta Bíblia escrita em linguagem universal.

várias citações dela feitas no Novo Testamento, inclusivsão um forte testemunho de sua importância.

12.3.2. Os Seleucidas ______________________________

Após muitas tentativas fracassadas da parte dos Se

lêucidas para conquistarem a Judéia, por meio de invasõou alianças matrimoniais, Antioco III, finalmente, ao derrtar os Ptolomeus do Egito, em uma batalha junto às nascetes do rio Jordão, em 198 a.C., consegue anexá-la aos sedomínios.342 A partir daí a situação dos judeus começarimudar de forma drástica.

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GUNDRY, R.Panorama th Not-v Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1981. p. 5.

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Inicialmente os judeus receberam bem os novos dominadores. Até mesmo lutaram ao lado deles contra os excitos dos Ptolomeus. Provavelmente, eles esperavam verfim da guerra e ter melhor sorte sob os Selêucidas e, inicmente, foi isto mesmo o que aconteceu. Antíoco III tratoos muito bem. Entre outros benefícios, ordenou que os rfugiados voltassem para suas terras; que os escravizados fsem libertos; que houvesse redução nos impostos; qutivessem liberdade de culto; que fossem isentados de taxtodos os trabalhadores do templo, os escribas e os membrdo conselho dos anciãos; e que fossem abolidas as taxas

Jerusalém por três anos, para que a cidade pudesse se rec• 343perar economicamente.

Antíoco III, em poucos anos, 187 a.C., depois de senvolver em guerras com os romanos e ser derrotado, acbou sendo morto ao saquear um templo em Elão, com a itenção de conseguir dinheiro para cobrir as exigências Roma. Em seu lugar assumiu seu filho, Seleuco IV, que sistiu no poder até 175 a.C.,344 quando foi assassinado pseu tesoureiro Heliodoro, em uma tentativa de tomada dpoder. Contudo, quem passou a reinar foi o irmão de Seleco IV, Antíoco IV (Epifânio), que havia estado como reféem Roma e de lá voltava pronto para tentar unir o Impérimpondo o politeísmo grego como religião do Estado.34Começava o triste caminho para o final do Império Selêuda e vislumbravam-se dificuldades e mais dificuldades pos judeus.

Antíoco IV, seguindo seus planos de helenização dpovo que lhe estava subjugado, destituiu Onias III de secargo de sumo sacerdote, em Jerusalém, e colocou Jasoem seu lugar. A missão deste era transformar Jerusalém e

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m Ibid p. 566, 567.344 Ibid p. 570.

HALE D B /fit dii íi t d d N T t tRi d J i JU E RP 1983 13

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uma cidade grega. Nesta época foi construído um ginásio cidade, onde jovens judeus se exercitavam despidos, no es

1° grego, e cultos a deuses pagãos eram realizados antes d• ~ 146 competiçoes/Os costumes estavam sendo transformados. A fre

qüência aos teatros gregos, a adoção de roupas gregas, a utzação de cirurgias para que fossem removidas as marcas circuncisão, e a adoção de nomes gregos, em lugar de jude

se tornavam cada vez mais populares. Aqueles que se opnham a esta paganização da cultura eram tratados comoHa- sidim, que significa algo equivalente a puritanos.347

A situação que estava ruim ainda iria piorar muito Antíoco IV substituiu mais uma vez o sumo sacerdote e Jerusalém. Tirou o cargo de Jasom, que ele mesmo havia c

locado nesta posição, e deu-o a Menelau, uma pessoa quprovavelmente, nem tenha pertencido a alguma família scerdotal, mas que ofereceu-lhe um tributo mais elevado. T“negociata” envolvendo este cargo tão importante deve tdesgostado profundamente os judeus piedosos.348

Depois disso Antíoco IV partiu para o Egito na tenta

tiva de conquistá-lo. O que ele não esperava é que neste epsódio seria humilhado por Laenus, um embaixador Romanque se encontrava no Egito, aliado de Roma na época. Cota-se que este embaixador romano fez um círculo ao redode Antíoco IV e exigiu que ele prometesse, antes de pisfora do círculo, se retirar do Egito, juntamente com suas tr

pas. O que ele, conhecendo o poderio romano, resolveu fa349zer.Neste meio tempo, Jasom, o sumo sacerdote deposto

para ceder o lugar a Menelau, recebeu a falsa notícia da mte de Antíoco IV. Imediatamente deixou seu exílio, foi pa

GUNDRY, R.Panorama doN oro Ttslamenlo. São Paulo: Edições Vid a Nova, 1981. p. 5.

547 Ibid.348 Ibid. p. 7349 Ib d

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Jerusalém e retomou seu ofício, depondo Menelau. Atitu

esta interpretada por Antíoco como um ato de revolta Amargurado pela vergonha passada no Egito, Antíoco Inão teve dúvidas, enviou seu exército para Jerusalém reingrando assim Menelau no cargo de sumo sacerdote. O prblema maior é que foram além disto. Aproveitaram a ocasipara saquear a cidade e matar muitos dos judeus.350

Dois anos mais tarde, em 168 a.C., Antíoco envioumais uma vez, seus soldados até Jerusalém. Eles foram cmandados pelo general Apolônio e chegaram com a missde coletar tributo, declarar ilegal a prática da religião judae estabelecer o paganismo à força. Como resultado a cidafoi saqueada, muitos foram mortos, mulheres e crianças f

ram escravizadas, manuscritos do Antigo Testamento foradestruídos, um altar a Zeus foi colocado no templo, animaconsiderados impuros pela Lei de Moisés foram sacrificadno altar do templo351 e muitas outras abominações foram cmetidas. A situação para os judeus praticantes da religiãocou insustentável. Uma reação a tudo isto, naturalmente, i

acontecer.

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350 GUNDRY, R.Panorama do Novo Tet/amen/o. São Paulo: 1klições Vida Nova, 1981. p. 7.351 Ibid 7 8

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13. O PERÍODO DOS MACABEUS

Conhecer algumas informações a respeito do Períoddos Macabeus é indispensável para melhor compreenderBíblia, principalmente porque nele podem ter acontecidocumprimento de várias promessas divinas feitas a Judcomo nação no Antigo Testamento. Como será visto, emordem cronológica, neste período a Judéia passou por grades dificuldades, conseguiu vitórias impressionantes, lideda por Judas Macabeu, e chegou a gozar uma época dpróspera independência para, em seguida, mais uma vez, etrar em decadência.

13.1. A Revolta Contra os Selêucidas _______________

Como foi visto no capítulo anterior, os Selêucidassob a liderança de Antíoco IV, Epifânio (chamado por aguns de Epimanes, que significa “o louco”)352, colocaramjudeus que desejavam permanecer leais à sua religião euma situação bastante difícil. Chegou o momento em queles não tiveram outras escolhas, simplesmente pereceriaou lutariam por suas vidas e pela religião que professavam

Segue um breve relato a respeito da situação desespradora dos judeus nesta época e como foi a deflagração drevolta.

13.1.1. ASituação Desesperadora dos Judeus Fiéis _____

A situação na Judéia não era difícil para todos. Haviaaqueles que aceitavam passivamente e até desejavam352 TO GN INI, E. O per íodo interinblico. São Paulo: Louvores do Coração, 1987. p. 87.

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paganisação de sua cultura e religião, enquanto outros, p

questão de fé, não conseguiam conviver com a influêncdos deuses gregos. Os primeiros, é claro, sentiam-se becom as inovações, mas os outros não podiam aceitar o qulhes estava sendo imposto.

Antíoco IV, em sua vontade de helenizar a Judéianão compreendendo o porquê dos judeus piedosos não s

submeterem à sua política, ultrapassou todos os limites bom senso e a cada momento só aumentava o ódio desteEle acabou implantando uma guarnição militar em uma dadela grega murada dentro de Jerusalém. Ela era conhecpelo nome de Acra e, mais do que uma guarnição militpara os judeus fiéis à religião, era um símbolo odioso do dmínio estrangeiro, e vima colônia de pagãos e judeus renedos, dentro da cidade santa.353

Percebendo que a resistência judaica estava baseadem sua religião, Antíoco, fez o que pode para destruí- Além de proibir a sua prática, sob pena de morte, implantaltares em várias partes do território para que animais impros fossem sacrificados sobre eles. Os pagãos foram obrigdos a cooperar no esforço de levar os judeus a participaredos cultos idólatras, e muitos judeus piedosos foram obrigdos a comer carne de porco e a praticar ritos consideradopor eles como abomináveis.354

Além de tudo isso os judeus passaram a ser forçadosparticipar de uma festa em honra ao deus Dionísio (o memo Baco), e do sacrifício mensal que era feito em homengem ao aniversário do rei. Como se fosse pouco, emdezembro de 167 a.C., foi introduzido no templo de Jeruslém o culto ao deus Zeus Olímpico. Lá foi erigido um altaesta divindade e, provavelmente, também construída um

184 Antônio Renato Gusso

BRIG HT , I.H istória de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p.575.354 Ibid. '

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imagem dela355 que, poucos dias depois, recebeu o sacrifíde uma porca,356 em ato de culto, elementos altamente ofesivos aos adoradores de Iavé.

Diante de situação tão difícil como esta não haviamuito o que fazer. Ou os judeus fiéis pereciam em nome dfé, ou, como outros haviam feito, renegavam a religião dseus pais e assim seriam absorvidos pela religião e cultu

grega imposta pelo dominador, com o objetivo de unir o seimpério, ou lutavam pelos seus ideais. Mesmo em desvangem a luta foi a escolha.

13.1.2. A Deflagração da Revolta ____________________

A deflagração da revolta partiu de um velho sacerdotchamado Matatias, filho de Simão, neto, ou bisneto,357 dHasman, que vivia em Modim, um pequeno lugar entre Jersalém e Jope. Ele era descendente direto do famoso primero sacerdote de Israel, Arão, irmão de Moisés,358 e tinhcinco filhos, João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas, que m

to o ajudaram.Este homem, Matatias, sendo o principal de sua vilafoi procurado por emissários do rei selêucida para que desexemplo aos demais moradores do lugar oferecendo um scrifício público aos deuses gregos. Ele que vinha lamentado diante de seus filhos a deplorável situação da Judéia,

defendendo que seria melhor morrer pela defesa da religiãherdada de seus pais do que viver sem honra, teve a oportunidade de mostrar a sua fé. Respondeu aos emissários qunão se sujeitaria ao pedido que lhe estavam fazendo e qunem ele nem seus filhos trairiam a religião de seus antepasdos.359

^ B RIG HT, J .História de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p.575.356 'PENNEY, M. C.0 N ovo T estamento; sua origem e análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989. p. 59.^ GUNDRY R HPanorama do N ovo TestamentoSào Paulo: Edições Vida Nova 1981 p 9

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Diante da negativa de Matatias, um outro judeu, certamente temendo pelas duras conseqüências que viriam sbre o povo por causa do ato de desobediência, adiantou-spara sacrificar conforme o pedido do rei, mas o ato não fconcluído. Matatias, em uma reação surpreendente, emcompanhia de seus filhos, matou o judeu bem como Apeleo oficial do rei, e seus soldados. Feito isto, destruiu o altaconclamou os demais à luta e fugiu em companhia de famí

as inteiras de simpatizantes para a região montanhosa.Como informa Bright, também juntaram-se a eles outros judeus que fugiam da perseguição e bom número de Hsidim, pessoas religiosas que viriam a dar origem aoconhecidos fariseus do Novo Testamento e aos essêniosque produziriam os famosos Papiros do Mar Morto na co

munidade de Qumran.360 Estava começando a Revolta dMacabeus.Matatias, alguns meses depois de ter dado início à re

volução que era não só uma luta contra os exércitos da Sírgovernada por Antíoco IV, mas também uma guerra civcontra os judeus que haviam abraçado a cultura e religiã

dos gregos, adoece e morre. Antes de morrer, porém, passoo comando de seu grupo a seu filho chamado Judas, tambéconhecido como Macabeu, nome que significa malho, omartelo. Este, com a ajuda de seus irmãos, levaria a naçãoindependência.

13.2. As Conquistas de Judas Macabeu ____________ A história confirma que Judas era a pessoa certa n

lugar certo para fazer frente aos inimigos dos judeus naqueocasião. A atuação dele comandando os rebelados foi tãmarcante que o episódio como um todo ficou conhecido

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3íi<) GUNDRY R HPanorama do N oro TestamentoSao Paulo: Edições Vida Nova 1981 p 9

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como a Revolta, ou a Guerra, dos Macabeus, em uma alusclara ao herói deste período.

A primeira vitória dos “Macabeus” liderados por Judas foi contra uma parte dos exércitos de Antíoco comandda pelo general Apolônio, chamado por Josefo dgovernador de Samaria,361 que pode ser o mesmo que esteà frente do saque a Jerusalém um ou dois anos antes. Ele ptiu de Samaria e foi derrotado e morto em um lugar desc

nhecido da Judéia.362Com certeza, esta primeira vitória foi importante nãsó para confirmar Judas como um bom comandante matambém para ajudá-lo na tarefa de armar melhor o seu excito. O despojo conseguido com o saque efetuado ao acampamento dos vencidos deve ter providenciado armas

mantimentos para os soldados de Judas.Uma segunda força foi mandada à Judéia com a tarede deter o movimento dos Macabeus. Era um grupo aindmaior de soldados, na ocasião comandados por Serão. Sgundo Josefo, o general Serão era governador da Baixa Sí Assim como o primeiro, também este exército foi derrot

do,363 dando a Judas e seus comandados a auto-confiannecessária e a impressão de que ninguém mais os poderia ter. Enquanto Antíoco, ocupado em uma campanha contros partos, não podia mandar seu exército principal contra

Judéia,364 a popularidade de Judas crescia e, com ela, o núro daqueles que se alistavam em seu exército de libertaçã

Antíoco, então, instruiu Lísias a tomar frente da quetão com Judas. Lísias enviou para a Judéia uma força conderável, comandada por três generais, Ptolomeu, NicanorGórgias. Estes, mesmo em superioridade numérica e de amamentos, também não resistiram às táticas do Macabe

361 JOSEFO, F.História do s hebreus: obra completa. Rio de Janeiro: CPAD , 1990. p. 289.BRIGHT, J.História de Israel São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p.581.

365 JO SE FO , F.História do s hebreu.?. obra completa. Rio de jane iro: C PAD , 1990.p. 289.364 BRIGH T. j.H istória de Israel. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p .581.

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Antes de ser atacado, aproveitando-se do elemento surpres Judas atacou. Derrotado, no próximo ano, o próprio Lísia

com um exército ainda maior, se apresentou para combat Judas e seus soldados365 mas, sendo batido, retirou-se efuga com os que lhe restaram. Foi para Antioquia onde prparou outro grupo para fazer frente ajudas.366

Aproveitando-se da momentânea desarticulação dSíria, Judas e seus soldados marcharam para Jerusalém. chegando dominaram a guarnição selêucida que estava inslada na cidadela Acra e passaram a retirar do templo os deses e o próprio altar que havia sido profanado. No lugar deconstruíram outro. Recolocaram os sacerdotes fiéis em secargos ministeriais e reconsagraram o templo com muita fta. Isto aconteceu, provavelmente, em dezembro de 164, o165 a.C. (existe uma incerteza de um ano para as datas dselêucidas), três anos após o templo ter sido profanado. Esdata marca o início da conhecida festa judaica de Hanuk(consagração),367 que relembra o dia em que o templo foi consagrado por Judas Macabeu.

Judas não parou por aí. Continuou lutando, inclusivcontra os idumeus, Amonitas, Moabitas, Samaritanos, Galeus, Árabes, Filisteus e outros. Semelhante ao rei Davi, das subjugou todos os seus inimigos das nações vizinhas,3garantindo assim a independência da Judéia. Por seu lad Antíoco IV morreu em desespero, logo após receber a notcia das vitórias de Judas, deixando a continuação da guepara seu filho e sucessor,369 ainda menor, Antíoco V, que tutelado por Lísias.370

Na continuidade, Judas chegou a pedir ajuda aos romanos mas, ainda que tenha recebido uma resposta amig

365 íbid.366JOSEFO, f . op. cit., p. 290.367 BR IG H T.J. op. ci t, p.582.3fi8 XOGNINI, E.O perío do intetiríblico. São Paulo : Louvores do Coração, 1987. p. 92.

^ TENNEY, M. C. O N o v oTestamento: sua origem e análise. São Paulo: Edições Vida No va, 1989. p. 59.370'rOC'.NINI, E.op .àf . t p. 93.

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vel, auxílio de fato nunca recebeu.371 Só conseguiu com idesagradar parte de seus seguidores que o abandonaram, duzindo seu exército de forma drástica, segundo algunscerca de apenas 3000 soldados.372 Este grande herói judacabou morrendo, em combate, no ano 160 a.C. e, sepultadem Modim, foi sucedido por seu irmão Jônatas. A guerainda continuou até 143 a.C. quando outro irmão de JudaSimão, foi reconhecido por Demétrio, que era um pretendente ao trono da Síria. No ano 142 a.C. Simão conseguiuDemétrio a isenção de todos os impostos e a liberdade potica. Então terminavam as lutas dos Macabeus e a Judéia,nalmente, ganhava a sua independência total,373 que duraaté o ano 63 a.C.

13.3. O Período de Prosperidade Advinda da Independência __________________________________

Judas e Jônatas juntos, estiveram à frente da naçãpor aproximadamente 30 anos. Simão, sozinho, por sua veteve mais tempo para trabalhar. Ele esteve liderando sepovo por um período igual à soma do período de liderande seus irmãos, mais 30. Em sua época a Judéia experimetou um progresso a muito tempo não visto.374 Ele conseguum tratado com Roma que reconhecia a independência d

Judéia e recomendava o estado judáico aos amigos, súditoaliados do Império Romano. Com isto, as condições econmicas da nação melhoraram, a justiça passou a ser admintrada por tribunais, e a religião voltou ao seu curso normpassando por um despertamento.375

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171 TENNIÍY, M. C.<p. iA, p. 59-60.,72TOGNINI, II »p. d l , p. 88.373 THNNKY, M. C.tp. dl., p. 60.374 TOGNINI, E.op. d!., p. 97.3"75 te n N E Y , M. C. O N o tTeslíiimnlo: s m origtm t análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989. p. 60.

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Um dos mais tocantes testemunhos do progressodesta época, e que faz o leitor se lembrar de promessas div

nas feitas a Judá no Antigo Testamento, está registrado nPrimeiro Livro dos Macabeus. Como a maioria dos leitoreevangélicos da Bíblia não conhecem a passagem, pois este

vro não faz parte daqueles que compõem as versões da Bblia Evangélica, mas apenas das de origem Católica, valepena citá-la por completo como segue.

v.4 “Na Judéia reinava paz, enquanto vivia SimãoProcurou o bem-estar de seu povo, e este se agradoudo seu poder e reputação.

v.s Com toda a glória que ele adquiriu, tomou Jopecomo porto e construiu um acesso para as ilhas domar.

v.6 Alargou as fronteiras de seu povo e estendeu suautoridade sobre todo o país. v.7 Ajuntou muitos dos judeus prisioneiros do estrangeiro, apoderou-se de Gazara de Betsur e da cidadede Jerusalém que purificou de suas manchas, e ninguém ousava opor-lhe resistência. v.8 Os que cultivavam a terra trabalhavam em paz; solo dava suas colheitas e as árvores dos campos seufrutos.

v.9 Os velhos assentavam-se nas praças públicas e entretinham-se com o bem comum; os jovens revestiam-se com troféus e com equipamentos de guerra,

v.io Forneceu víveres às cidades e tomou resoluçõepara edificar praças fortes, de modo que, em toda aparte, até às extremidades da terra, celebrava-se senome. v. ii Estabeleceu a paz em seu país, e todo o Israeexultava de alegria.

v . 12 Cada um podia assentar-se sob sua parreira ou figueira, sem recear o inimigo.

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v.i3 Não houve ninguém para atacá-los, e os reis, neta época, foram abatidos.

v.u Protegeu os humildes entre seu povo, Zelou pellei e exterminou os ímpios e os perversos. v.i5 Contribuiu para o esplendor do templo e enriqueceu o tesouro.” (1 Macabeus 14:4-15)Como se vê, os judeus da época foram grandes deve

dores de Simão. Esta paz e prosperidade foram o resultadde uma administração sábia, baseada, principalmente, na plomacia.

13.4. A Decadência da Nação______________________

No final da vida de Simão, e no período que segue, perigo para a Judéia não vinha de fora mas de dentro, das ltas internas pelo poder. O próprio Simão e dois de seus flhos, foram assassinados por seu genro Ptolomeu, no an135 a.C. O filho que restou, João Hircano, agindo rápidconseguiu se apoderar de Jerusalém e fazer com que Ptolmeu fugisse para o Egito, desistindo de tomar o poder. Opróprio João tornou-se sumo sacerdote e chefe de estado. 37

Seguindo o exemplo do pai, João Hircano sabiamente, não tomou para si o título de rei, mas apenas de príncippara não provocar a ira dos tradicionais que defendiam sercargo real apenas para descendentes de Davi, como as Escturas Sagradas mostravam. Mesmo tomando este cuidadacabou por se desentender com o partido político-religios

dos Hasidim (fariseus) ao ter sua condição de sumo sacerdte questionada. Isto veio por meio de uma falsa acusação qdizia ter sido a mãe dele prisioneira de guerra, o que o dequalificava para o cargo. Contrariado, isto o levou a apoiapartido dos helenistas (saduceus).377

^76 Y i^N K Y , M. C.O N o v oTestamnto:u k j origem e análise. São Paulo: lídiçÕes Vida Nova, 1989. p. 60-61.

DAN A, H. H. 0mundo do N ovo T estamento: um estudo do am biente histórico e cultural do N ovo Testam Rio dc Ja neiro : JUURP, 1980. p. 70.

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Mais tarde, quando da morte de João Hircano, ficouclaro que os ideais dos Macabeus já haviam ficado para treles tinham dado lugar a projetos particulares ambiciosos poder. João deixou o comando da nação à sua esposa e aseu filho mais velho, Judá Aristóbulo. Mas este, não queredo dividir as glórias do poder, acabou prendendo tanto su

• • i 37 8mãe quanto seus irmãos, e passou a governar sozinho.Segundo Josefo, ele não só prendeu sua mãe mas fe

com que ela morresse de fome. Também acabou matandseu irmão Antígono, que lhe era fiel, e que a princípio havsido convidado por ele mesmo para dividir o poder. Prov

velmente não cometeu mais absurdos porque morreu antedoente e desgostoso da vida, tendo reinado por apenas um

379ano.

A viúva de Aristóbulo, Salomé Alexandra, casou-scom seu cunhado mais velho, Alexandre Janeu, que govenou com dificuldades, enfrentando vários distúrbios.380 Edesprezou os fariseus e atraiu sobre si o ódio deles. Chegouser atacado por eles, em determinada ocasião, quando mintrava no templo. Em seu revide matou seis mil patriotas e

Jerusalém, o que só aumentou a oposição. Foram tantas dificuldades que ele teve com os fariseus que aconselhou sesposa Salomé Alexandra a se aliar com eles depois que o cedesse. Isto ela fez assim que assumiu, levando-os ao pder.381

De acordo com Josefo, Alexandre Janeu, matou tam

bém um de seus irmãos, que havia demonstrado pretensõeao trono, enquanto a outro tratou bem, pois contentou-seem levar uma vida comum, longe do poder.382 Com certeos ideais religiosos dos Macabeus haviam desaparecido.

378 TE NN EY , M. C. 0 N ovo Testamento: sua origem e análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989. p. 61.379 JO SE FO , F.H istória do s hebrvm: obra completa. Rio de Janeiro : CPAD , 1990. p, 314-315.380 TENNEY, M. C.op. át., p. 61.

DANA , H. E. 0mun do do N ovo Testamento: um estudo d<>ambiente histórico e cultura l do Novo Testame Rio dejaneiro: JU E RP , 1980. p. 71.IH2 jQ i |>H úfá i d h b ib l Ri d J i CPAD 1990 315

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Com a morte de Salomé Alexandra, Aristóbulo II, an

tecipando-se a seu irmão mais velho Hircano II, que possuo direito de sucessão, assumiu o poder. Logo, aliando-se asaduceus, ele também destituiu do sacerdócio a seu irmãHircano II que contava com o apoio dos fariseus e, comisso, deflagrou o reinicio da guerra civil. Movimento este qchamou a atenção de Roma.

Por aquela época o general romano Pompeu foi atéDamasco para receber homenagens e presentes dos reis d Ásia. Os irmãos rivais, então, aproveitaram a ocasião papedir apoio cada um para a sua causa. Aristóbulo, querendagradar, mandou uma videira de ouro para Pompeu. Pellado de Hircano, compareceu diante do general romano serepresentante Antípater. Ambos desejavam o apoio deRoma para poderem governar. Depois de muita indecisãofinalmente, Roma optou tomar o partido de Hircano e recolocá-lo no sacerdócio, bem como dar-lhe o governo civiainda que, na prática, quem governou mesmo foi AntípateContudo, esta “vitória” de Hircano e Antípater, aliados aofariseus, custou a vida de milhares de judeus que resistiraem Jerusalém e a independência da Judéia. A partir daquemomento a Judéia passava a pagar tributo a Roma e, loganexada à Síria, passaria a fazer parte de mais uma provín

■JOl

romana. Aristóbulo acabou sendo levado para Roma em com

panhia de um significativo grupo de prisioneiros de guerrEstes devem ter formado o núcleo da colônia judaica qumais tarde, viria a dar início a igreja cristã na capital do imrio.

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13.5. Para Complementar

13.5.1. Algumas Informações Bíblicas Sobre o Período384

a) O Livro de Daniel (Ainda que a história de Daniel tenha se passado no cativeriro Babilónico, entrando noperíodo dos persas, alguns eruditos têm defendido queele foi escrito no período dos Macabeus)

b) O Livro de Juditec) O Primeiro Livro dos Macabeusd) O Segundo Livro dos Macabeus

13.5.2. Questões Para Revisão _______________________

a) Descreva, em poucas palavras, a situação dos judeusob o domínio de Antíoco Epifâneo.b) Como aconteceu a deflagração da Guerra dos Macabeusc) Apresente um breve resumo das campanhas de Juda

Macabeu.d) Qual o significado do nome Macabeu?e) Como a Judéia conseguiu sua independência?f) Como foi o governo de Simão?g) Qual o nome do livro que melhor descreve a situação

da Judéia na época de Simão?h) Resuma a situação da Judéia após a morte de Simão.

i) Quais eram os partidos político-religiosos aliados Aristóbulo e Hircano na disputa do poder na Judéia?

j) Em que resultou o pedido de ajuda a Roma, da partedas duas facções rivais da Judéia, comandadas por Hircano e Aristóbulo?

Os livros de Judite , Primeiro e Segundo Macabeus, não fazem parte da Bíblia aceita pelos evangélicos. E les encontram, apenas, nas versões da Bíblia Católica, onde são considerados como parte do chamado SegundoOAnon ou seja cjue foram incorporados mais tarde à lista de livros considerados inspirados

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14.SOB O DOMÍNIO DE ROMA

Roma, fundada no século VIII a.C., e organizadcomo república no século V, foi expandindo cada vez maos seus domínios territoriais, conquistando Cartago, a cid

de rival da África do Norte, a parte oriental da bacia do Mditerrâneo, com as investidas de Pompeu, e a Gália, com vitórias de Júlio César. Depois da morte de Júlio Cesar, O vio venceu as forças de António e Cleópatra, no ano 31 a.Cem uma batalha naval na Grécia, e com isto passou a serprimeiro imperador romano, levando Roma a um períod

de paz garantido pela força, conhecido comoPax Romana, que muito contribuiu para a expansão do cristianismo qunasceria nos anos posteriores.

A história deste poderoso império é fascinante, muitrica em detalhes e merece ser tratada com atenção mas, aqlevando-se em consideração o objetivo deste livro, só pod

rão ser abordados aqueles pormenores que ajudam diretmente na melhor compreensão de textos da Bíblia. Portantem linhas gerais, será abordado a seguir, a forma de admintração romana, seus imperadores relacionados com o perído bíblico, seu domínio pela instrumentalidade doHerodes, alguns dos governadores, e a guerra com os ju

deus. Outros temas relacionados, também importantes, poderão ser encontrados em livros de introdução ao Novo Testamento ou que descrevam o pano de fundo deste período.

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14.1. A Administração Romana

Teoricamente o imperador romano era um funcionário público sujeito à vontade do povo, representada pelo snado. Mas, na prática, a situação era bem outra. Ele possupoderes ilimitados, inclusive o poder de veto sobre as decsões do senado que era formado por pessoas ricas e influetes e não por representantes escolhidos pelo povo. Assim,senado, ainda que possuísse um certo poder, muitas vezenão passava de um fantoche nas mãos do imperador que erde fato, o supremo chefe da nação.386

Quanto ao Império em si, para ser administrado, fodividido em onze províncias mas, mesmo assim, foi dadcerta liberdade de ação para os países conquistados. Cadum podia, por exemplo, ter seu rei local, desde que em cocordância com o governo central, ainda que, ao mesmo tempo, também permanecia nele um governador, juiz ouprocônsul, romano, além de um grupo de “publicanos”, fucionários públicos que tinham a tarefa de cobrar os impostodo povo subjugado. As questões locais poderiam ser reso

vidas no próprio país, e as de suma importância eram levadpara serem resolvidas em Roma,387 como foi o caso do julgmento de Paulo.

Os impostos arrecadados eram vários. O principaera o territorial, mas muitos outros pessoais suplementartambém existiam, chegando-se ao ponto de cobrar impostaté daqueles que desejassem permanecer solteiros. Eleeram pagos em mercadorias ou moedas e sua maior parte eutilizada como benefício para a administração local e obrde melhoramento público. Outra parte ia para Roma. Partdos impostos das províncias senatoriais iam para a admintração da província da Itália e para cobrir as despesas e pe

,Wl DANA, 11. E. O mun do do Novo Testam ento: nm estudo do ambiente histór ico e cu ltura l do Novo Testam Rio de Janeiro : JUURP, 1980. p. 132-133.

^ TOCiNINI, li. O per ío do interinblico. São Paulo: Louvores do Coração, 1987. p. 114.

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mitir o funcionamento do senado. Das províncias imperiaiam para a administração e o melhoramento da cidade dRoma, para as despesas pessoais do imperador e para o sutento do exército388 que, presente em todas as nações coquistadas, garantia a manutenção da paz.

A intenção da divisão do Império Romano em pro víncias era impedir que os procônsules romanos admini

trassem as nações aos seus cuidados visando o lucro própriComo visto acima, eram dois os tipos de províncias, as sentoriais e as imperiais. As primeiras, as senatoriais, estavsob a guarda do senado romano. Era o senado quem nome

va os procônsules, normalmente pelo período de um ano,quem cobrava a prestação de contas da parte deles. As s

gundas, as imperiais, como o nome já indica, eram governadpor procuradores nomeados diretamente pelo imperadorEstes tinham exércitos permanentes à disposição deles exerciam a autoridade civil e militar. Prestavam contas próprio imperador.389 Tanto os procônsules, como os procuradores, e ainda outros funcionários públicos atuantes n

administração, eram popularmente chamados de governdores.Nas províncias imperiais maiores, ou mais importan

tes, o procurador era um ex-membro do senado, já nas mnores o governador era escolhido entre os oficiais dcavalaria. A Judéia estava entre as menores, imperiais. E

era uma província procuratória sob a administração Síria.governador da província não estava só na administração lcal. Ele dispunha de um concílio composto por magistradoe cidadãos de influência.390

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DANA, H. E.O m undo do N ovo Testamento: um estudo do ambiente histórico e cu ltural do No vo Testam Rio delaneiro: JU ERP, 1980. p. 135.GUNDRY R H Panorama d o Novo TestamentoSão Paulo: Edições Vid a Nova 1981 p 11

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Aqui serão apresentadas algumas informações a repeito dos imperadores que atuaram no período bíblico. apresentação será feita em ordem cronológica e destacarprincipalmente, os eventos relacionados com a Bíblia, povo judeu e o cristianismo. Outros detalhes serão evitadao máximo.

14.2.1. Augusto (27 a.C. - 14 d.C.) ___________________

Augusto foi o primeiro imperador. Ele conseguiu opoder máximo no ano de 31 a.C., mas não utilizou o odiotítulo de rei, insistindo em ser chamado de“imperator”, pala

vra latina que significa comandante-em-chefe.391 Alguanos depois de assumir o poder, em 27 a.C., recebeu oficimente do senado a função de comandante-chefe das forçaarmadas do império. Mais tarde, em 23 a.C., o mesmo sendo o declarou governador vitalício, de forma que seus podres sobre o império tinham base constitucional.

Durante seu governo muitas reformas foram feitasForam excluídos alguns membros indignos do senado, fdesmobilizado parte do exército, soldados veteranos licenados foram colocados em colônias, foi criado um exérciprofissional regular que se tornou uma escola de cidadãoforam dados bônus a alguns veteranos que passaram a mor

nas províncias se tornando guias da comunidade em relaçà lealdade a Roma, procurou-se melhorar a moral do povfoi renovada a religião do Estado, foi introduzido o culto imperial nas províncias, tentou-se restaurar a vida familiar, realizado censo da população, organizada a polícia e os serços contra incêndio na cidade de Roma. Em resumo, dentr

14.2. Os Imperadores ___________________________

391 DANA H 11op dl p 140

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das condições da época, ele conseguiu colocar o império eordem, promovendo paz e prosperidade.392

Foi no período de governo de Augusto que ocorreu onascimento de Jesus. O nome dele é citado em Lucas 2:1, formando de onde partiu a ordem para o recenseamento lgado a este acontecimento que levou Maria e José até Belé

14.2.2. Tibério (14 - 37 d.C)_________________________

Com a morte de Augusto assumiu oimperium (poderpara governar), aos cinqüenta e seis anos de idade, seu filadotivo Tibério. Político experiente, viveu a maior parte sua vida envolvido com os negócios do Estado, de início dmonstrava ter plenas condições para desenvolver um bomtrabalho. Contudo, se tornou um homem amargurado, soltário, altivo, temido e odiado, nunca chegando a ser populaSua morte trouxe um certo alívio ao senado,393 e tambémoutros cansados de suas crueldades.394

Tibério foi quem colocou Pôncio Pilatos como go vernador da Judéia. Ele Protegeu Herodes Antipas e tevdesavenças com Agripa I que, em certa ocasião, foi demitipor ele e, em outra, foi encarcerado. Parece que a projeçãdo cristianismo, em sua época, foi muito pequena, a pontdos cristãos lhe passarem despercebidos.395 Mas, é impotante lembrar que seu nome é Citado no Novo Testamento(Lucas 3:1-2) e que neste período Jesus desenvolveu seu mnistério, morreu e ressuscitou.

Panorama Histórico de Israel 199

3.J2 TE NNEY , M. C.0 Noro Tesfamii/o: ma origem e análise. São Paulo: Edições Vid a Nova. 1989. p. 34.393 Ibid. p. 35.

DANA, H. E.0 mun do do N ovo Testamento: tan estudo do ambiente histórico e cultural do N ovo Testam Rio de

Ja neiro ;JU E R P, 1980. p. 141.‘ ̂ DAN A, H. E.0 mun do do N ovo Testamento: um estudo do ambiente histórico e cultural do Nov o Testam Rio deJaneiro :JU E R P 1980 p 141

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14.2.3. Calígula (37-41 d.C.)

Calígula foi um dos mais cruéis imperadores romnos.396 Eleito pelo senado como sucessor de Tibério, no icio de seu governo foi tão popular quanto Tibério havia siimpopular. Conseguiu isto anistiando presos políticos, redzindo impostos e promovendo festas públicas. Com o pasar do tempo, talvez afetado pela própria popularidadmostrou sinais de fraqueza mental fazendo-se adorar comum deus. Chegou, inclusive, a mandar colocar uma estásua no templo de Jerusalém, o que só não aconteceu porqele morreu antes, assassinado por um de seus tribunos.3Não é difícil de se imaginar o quão dura foi a vida de judeucristãos convictos nesta época.

14.2.4. Cláudio (41 - 54 d.C.)________________________

Com a morte de Calígula foi levantada no senado idéia de ser restaurada a república, mas a guarda pretoriaaclamou Tibério Cláudio Germânico como imperador. E

assumiu e passou a administrar o império de uma forma btante burocrática, utilizando-se de juntas e secretários. Esua época os judeus foram expulsos da cidade de Roma pcausa de tumultos instigados por um tal de Chrestus. Exidúvida se Chrestus era mesmo o nome de algum líder revlucionário ou se é uma outra forma para o nome Cristo,

que poderia estar indicando que os distúrbios foram causdos pela pregação a respeito de Jesus como o Cristo.398Uma provável alusão a este acontecimento está reg

trada no livro de Atos onde diz: “Depois disto, deixandPaulo Atenas, partiu para Corinto. Lá encontrou certo judchamado Aqüila, natural do ponto, recentemente chegad

-y" Ib id .

'^TI LN N E Y , M. C. ON oro Testam ento: sna or in tn e análise.São Paulo : Lidições Vida Nova. 1989. p. 35-36.

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da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláuddecretado que todos os judeus se retirassem de Roma...” (18:1-2).

14.2.5. Néro (54 - 68 d.C.) __________________________

Nos cinco primeiros anos de governo, Néro, filhoadotivo de Cláudio e legítimo de Agripina, sua quarta mlher, orientado pelo filósofo Sêneca, um de seus conselhros, até que governou bem. Depois, cansado dasintervenções de sua mãe no governo mandou matá-la, e patiu para uma época de extravagâncias e opressões jamais vtas no império.

Entre as suas vítimas estiveram os cristãos. Acusadodo incêndio causado por ele mesmo em Roma, os cristãoforam mortos aos milhares. Diz a tradição que nesta époforam executados os apóstolos Pedro e Paulo.

Néro, depois de enfrentar várias revoltas e acabasendo condenado pelo senado, fugiu de Roma procurandsalvar a própria vida. Quando percebeu que não havia comcontinuar fugindo, pediu que um de seus servos o matass

14.2.6. Galba (68 d.C.) - Otão (69 d.C.) - Vitélio (69 d.C.)

Após a morte de Nero houve um certo vácuo de poder. O exército percebeu que tinha força para determinaquem seria o imperador, independentemente do senado. Oproblema era chegar à um consenso a respeito de quem ocparia o cargo. Os generais Galba, Otão e Vitélio, nesta sqüência, em um período de dois anos, assumiram a funçãContudo, logo foram destronados pagando com as vidas pretensão de serem imperadores.

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14.2.7. Vespasiano (69 - 79 d.C.)

Vespasiano, comandante do exército do oriente, foproclamado imperador, pelos seus soldados, quando estavocupado com um cerco à cidade de Jerusalém, procurandabafar uma revolta dos Judeus. Ao ser proclamado imperdor, deixou o restante do trabalho em Jerusalém sob a reponsabilidade de seu filho Tito e foi cuidar de outroassuntos do império.

14.2.8. Tito (79-81 d.C.) ___________________________

O governo de Tito foi muito breve e não lhe deu tempo para grandes realizações. Mas, mesmo assim, Tito foi udos imperadores mais populares da história de Roma. Os d

vertimentos públicos e sua generosidade para com o povgarantiram sua popularidade e, até mesmo, acalmaram o snado, desconfiado que ele seguiria os desmandos de seu pEm seus dias aconteceu a grande catástrofe da destruiçãdas cidades de Pompéia e Herculano, na baia de Nápoles, vtimas das erupções do vulcão Vesúvio.400

14.2.9. Domiciaiio (81 - 96 a.C.) _____________________

Domiciano era irmão de Tito. Chegou ao poder eleito pelo senado e procurou levantar o nível moral do povrestringindo as corrupções do teatro e combatendo a prost

tuição pública. Ele construiu templos às antigas divindadromanas e suprimiu as religiões estrangeiras. Tinha um escial cuidado contra aquelas que procuravam conquistadeptos, como é o caso do cristianismo. Exigiu que lhe fosprestada adoração e, ainda que faltem documentos compr vando, foi atribuída a ele uma grande perseguição contra

TENN EY, M. C.O NovoTcstamnto: sua origem e análise. São Paulo: Edições Vida Nova. 1989. p. 39.

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cristãos. Nem os familiares se sentiam seguros diante demuito menos o senado. Acabou, como outros, sendo assasinado.401

A escrita do livro de Apocalipse pode ter como pande fundo as perseguições de Domiciano e a tradição temapontado a morte do apóstolo João neste período.

14.2.10. Nerva (96 -98 d.C.) ________________________

Nerva teve pouco tempo para governar e não há muito o que dizer a respeito dele e da relação com cristãos ou jdeus. Sua administração foi livre de dificuldades internSeu maior feito foi preparar Trajano como um sucessor qupudesse manter o Governo com mão forte.402

14.2.11. Trajano (98- 117 d.C.)______________________

Trajano era espanhol de nascimento. Homem determinado, soldado de profissão. Com várias expedições algou as fronteiras do império. Em sua época, maiprecisamente 115 d.C., foi suprimida uma revolta dos J

deus.40314.2.12. Adriano (117 -138 d.C.) ____________________

Adriano provocou a ira dos judeus proibindo o ritoda circuncisão e ordenando que fosse construído um santu

rio ao deus romano Júpiter no local exato onde antes estavo templo de Jerusalém, que foi destruído no ano 70 d.C. Islevou a uma revolta, abafada em 135 d.C., que resultou fim da possibilidade de existência de um estado judaico.4

401 Ibid. p. 39-40.402 TE N NE Y, M. C.O Noro Testamento: sua origem e análise. São Paulo : Edições Vida Nova. 1989. p. 40.m Ibid.

GUNDRY, R. I I.Panorama do Noro Ttstawtnio. São Paulo: Edições Vida No va, 1981. p. 16.

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Depois de Adriano a História de Roma ainda continua, e também a de seus imperadores. Mas, já não diz respto ao período bíblico, assunto de interesse neste livro

Assim, aqui é encerrada a descrição dos imperados que minteressam ao estudante da Bíblia.

14.3. A Atuação dos Herodes ______________________

Como já foi mencionado, os romanos permitiam quegovernantes locais também exercessem uma parte do podedesde que estivessem cumprindo aquilo que lhes era deteminado pelo poder central. Na Judéia, este poder foi exercdo pela dinastia de Herodes, que chegou ao poder por meide Antípater, um idumeu (provindo de Edom), conselheirde Hircano, pai de Herodes O Grande.

Herodes então, aos olhos dos judeus, era um estrangeiro. Teve inclusive que assumir o poder à força, depois dter sido designado pelo senado romano como rei dos judeusIniciou seu reinado aos 22 anos de idade em 37 a.C. e permneceu firme, cometendo todo tipo de crimes, inclusive matando filhos e esposas, até sua velhice, quando morreudoente no ano 4 d.C.

Ainda que tenha embelezado o templo de Jerusalémtornando-o uma verdadeira obra de arte, não participava dfé dos judeus. Seus propósitos eram políticos e a maneircomo se utilizava dos sacerdotes para seu benefício irritavos religiosos sinceros. Um pouco a respeito de seu péssimcaráter aparece no relato de Mateus 2:1-18, quando mandmatar as crianças na esperança de, com elas, executar também o pequeno Messias que havia nascido.

Com a morte de Herodes O Grande, o imperador Augusto resolveu dividir o reino entre seus filhos. Arquelafoi nomeado etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia; Felippassou a ser o tetrarca da Ituréia Traconites Gaulanites

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Auranites e Batanéia; e Antipas, se tomou tetrarca da Galéia e Peréia.405

Como destaque nos textos bíblicos aparece Herode Antipas, que foi repreendido por João Batista por ter se d vorciado de sua esposa para se casar com Herodias, mulhde um seu meio irmão. Repreensão esta que custou a vida

João Batista (Mc 6:17-29 e Mt 14:3-12). Também é dignonota ter Jesus o chamado de raposa (Lc 13:32) e, o encontdele com Jesus, por ocasião do julgamento de Cristo (L23:8-12).

Herodes Antipas, depois de tantos erros, acabou sendo deposto pelo imperador Calígula, em 39 d.C., e desterdo para a Gália, para onde foi acompanhado pelaHerodias.406

Arquelau, por causa de seus excessos, acabou sendremovido do cargo pelo imperador Augusto, em 6 d.C. Joe Maria, ao regressarem do Egito, para onde tinham fugide Herodes O Grande, com Jesus, ao saberem que Arquelaestava reinando na Judéia, acabaram indo para a Galiléia, ptemerem este homem (Mt 2:19-23).

Filipe, mencionado no Novo Testamento apenas emLucas 3:1, parece ter sido melhor do que seus irmãos, tratado o povo com justiça. O nome da cidade de Cesaréia de Flipe, mencionada em Mateus 16:13 e Marcos 8:27, é umhomenagem a ele e ao imperador. Morreu em paz no ano 3d.C. Depois de um período sob o comando romano da Síripor ordem do imperador Calígula, sua tetrarquia foi passapara Agripa I, seu sobrinho.407

Agripa I foi quem mandou matar Tiago, filho de Zebedeu, além de prender o apóstolo Pedro e outros cristãoda época (At 12), e Agripa II, seu filho, foi quem ouviu Pau

Panorama Histórico dc Israel 205

^ GUNDRY, R. I I.Panorama do N ora '!'estamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1981. p. 15.406 XOGNINI, E.O per íod o Ínteri)íblÍco. São Paulo: Lou vores do Coração, 1987. p. 126.TENN EY, M. C. ON ovo Testam ento: sua origem e análise.São Paulo: Edições Vida Nova. 1989. p. 66.

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quando estava preso e, para salvar a vida, apela para o tribnal de César (At 25 e 26).

14.4. A Atuação dos Governadores_________________

Após a remoção de Arquelau o território passou a seadministrado por governadores romanos. Somente no período de 41-44 d.C. é que foi governado pelo rei Herode

Agripa I, que administrou a Judéia bem como o restante dregião depois conhecida como Palestina.408 Quatorze govenadores atuaram na região entre os anos 6 e 70 d.C. Destesomente três são mencionados no Novo Testamento.

O primeiro que aparece na Bíblia é Pôncio PilatosEle foi nomeado pelo imperador Tibério e permaneceu nocargo por um longo período (26-36 d.C.) devido a políticdeste imperador. Na opinião de Tibério, era convenienteque os governadores ficassem mais tempo no cargo, assimseria menor a tentação de saquear os seus súditos com a intenção de se enriquecerem no curto período de governo.40Pilatos teve papel importante no julgamento de Jesus, de

xando que ele fosse morto às mãos do povo, mesmo con vencido de sua inocência (Mt 27:11-26, Mc 15:1-14, L23:1-25, João 18:28-19:16).

Outros que aparecem no Novo Testamento são, Antônio Félix e Pórcio Festo, como está registrado no livro d Atos 23-26, envolvidos com as questões do julgamento d

Paulo. Também é importante destacar, ainda que não seja ctado no Novo Testamento, o governador Géssio Floro(65-73), pois ele, ao pilhar o tesouro do templo de Jerusalélevou o povo à revolta, que viria a resultar na destruição dcidade em 70 d.C.

GUN DRY , R. H.Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1981. p. 16 e 19.

DA NA , II. E. Omun do do N ovo T estamento: um estudo do am biente histórico e cultural do N oto Testame Rio dejaneiro: JUERP, 1980. p. 141.

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É bom lembrar que durante todo o tempo em que osjudeus foram governados pela família de Herodes e por otros estrangeiros, boa parte da administração local, envo

vendo as questões diárias do povo, continuou sendrealizada pelos sacerdotes e pelo Sinédrio, uma espécie Supremo Tribunal Judaico, presidido pelo sumo sacerdot

14.5. As Religiões no Império Romano______________ Não cabe aqui uma descrição das muitas religiõe

existentes no Império Romano, o que pode ser encontradcom facilidade nos livros de introdução ao Novo Testameto, mas se faz necessário uma palavra geral a respeito como elas eram tratadas, quer fossem nacionais ou estrageiras.

Roma sabia bem do valor da religião, por isso permtia e incentivava o culto aos numerosos deuses nacionaiMuito do dinheiro público era empregado na adoração dodeuses de interesse nacional, que eram encarados como fatres de desenvolvimento do império, e de quem se esperavboa fortuna para a nação e para o lar.410

O interesse do Estado na religião não era moral nemespiritual mas, apenas utilitário. Enquanto uma religião s

via bem o propósito de ajudar o progresso do império erbem vista, quando deixava de fazer isto era tratada com inferença pelo imperador e, se por ventura, mostrasse ser ufator negativo para o desenvolvimento dos interesses do Etado atraia sobre si a ira imperial.411 O culto ao imperadouma boa amostra do interesse prático do Estado Romano nreligião. A participação, ou não, neste culto, era uma prode lealdade ao imperador.

Panorama Histórico de Israel 207

DANA, H.\l. O mundo do Noro Testamento: um estudo do ambiente histórico e cultural do N ovo Testam Rio de Janeiro: JU liR P, 1980. p. 137.'4U Ib id p- 138.

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Roma era bastante tolerante com as religiões estrangeiras, tanto é assim que ocorreu um “sincretismo” em larescala entre os deuses gregos e romanos. Mas, tolerância nsignificava liberdade. O próprio Estado arrogava-se o direde determinar que deus podia ou não podia ser adorado classificava as religiões em duas categorias: a) lícitas, qunham a aprovação e se fosse preciso a proteção do governob) não ilícitas, que não eram proibidas, ou consideradas igais, mas que não recebiam a aprovação nem a proteção governo.412 O cristianismo, a princípio foi consideradcomo apenas uma facção do judaísmo, religião lícita e, assnas primeiras décadas escapou da observação mais atenta Estado. Mais tarde, quando ficou clara a sua autonomia, psou a ser uma religião ilícita e, na época de Domiciano, de

do ao seu crescimento e força alcançados, passou a stemido como uma ameaça ao império e foi consideradcomo uma religião fora da lei.

14.6. A Guerra com os Judeus_____________________

Para encerrar este panorama histórico é necessáridestacar ainda que sempre existiram judeus inconformadcom a dominação romana. Muitos não aceitavam o jugo quando viam uma oportunidade se revoltavam. Grande pate destes estavam entre os fariseus e, principalmente, entos zelotes, nacionalistas extremados, sempre prontos pamorrer e matar, fosse quem fosse, pela liberdade da pátrna esperança de que Deus lhes viria em socorro na hora ddificuldade nacional.

Homens assim é que acabaram levando a nação ao fnal de sua história, em duas grandes e desesperadas revolt A primeira foi na época do governador Géssio Floro, quado este, depois de incitar o povo contra o império roman

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**^ DANA, I I. E.O mundo do Novo Testamento: um estudo do ambiente histórico e cultural do Novo Testam Rio de

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cometendo todo tipo de injustiças, tentou saquear o templlevando os patriotas a se rebelarem.

A revolta trouxe sobre eles o exército do general romano Vespasiano, que foi proclamado imperador durantetrabalho de acabar com a revolta dos judeus. Como Vespsiano precisou tratar de outros assuntos do império, por casa da nova função que passou a exercer, deixou seu filh

Tito com a tarefa de levar adiante o fim da revolta dos jdeus. Isto ele fez com muita firmeza, destruindo a cidade

Jerusalém e também o seu templo, no ano 70 d.C.,413 cuprindo assim a profecia de Jesus que se encontra em M13:1,2; Mt 24:1,2 e Lc 21:5-9.

A outra grande e última revolta foi no período d132-135 d.C. Os sacrifícios e a adoração no templo, cesram no ano 70 d.C., com a destruição da cidade de Jeruslém. Mas muitos do povo ainda resistiam seguindo sreligião e seus costumes. Os rabinos, em uma medida subtutiva, criaram uma escola na cidade costeira de Jamnonde pudessem ser feitos estudos mais profundos da lei d

Antigo Testamento e, assim, a situação incerta continuou a

a época do Imperador Adriano. Quando este determinoque fosse construído um santuário a Júpiter no terreno dtemplo destruído, nova rebelião teve início.414

O líder da rebelião foi Bar Cochba, que chegou a ssaldado por muitos, entre eles pelo mestre fariseu Akibcomo se fosse o próprio Messias.415 Os romanos não toler

ram a atitude dos judeus. Em 135 d.C. já haviam abafadorebelião. Em seguida, reconstruíram a cidade de Jerusalem estilo romano, baniram todos os judeus que viviam nee os proibiram de entrar na cidade,416 colocando assim uponto final no estado judaico.

GUN DR Y, R. I I.Pan orama do N ovo ’['estamento. São Paulo: Edições Vid a Nova, 1981. p. 13.414 Ibid p. 16.

BRIGTH , J.H istória de Israel. São Paulo : Edições Pauhnas, 1985. p. 632.

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Como foi dito no início do livro, é difícil de se chega uma conclusão segura de onde começa e onde termina história de Israel. Para alguns ela ainda não terminou, connua com o moderno Estado de Israel. Mas, deste ponto emdiante, após o banimento dos judeus da cidade de Jerusalémnão existindo mais um estado judaico, parece ser melhpassar a falar da história do que surgiu de Israel e não de

mesmo. Ou seja, a história do judaísmo, a religião dos judeque nasceu no cativeiro babilónico, se desenvolveu no peodo intertestamentário, continuou a existir depois do fim destado, e continua na atualidade, com muito vigor, e do crtianismo, que surgiu dentro do judaismo do primeiro sécue assumiu a posição de “O Israel de Deus” (G1 6:16).

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14.7. Para Complementar _______________________

14.7.1. Algumas Informações Bíblicas Sobre o Período

Todo o Novo Testamento

14.7.2. Questões Para Revisão _______________________

a) Quem foi o primeiro imperador romano?b) Descreva a administração das províncias romanas.c) Escreva a respeito dos impostos cobrados por Roma.d) Qual o significado da palavra latinaimperator?

e) Como foi para os cristãos e judeus o período de governo do imperador Cláudio?f) Na época de qual imperador, segundo a tradição, foram

mortos Pedro e Paulo?g) Descreva a maneira como Vespasiano chegou ao pode

imperial.h) Apresente um resumo do governo de Herodes o Gran

de.i) Quais são os governadores romanos citados na Bíbliaj) Que ato do governador Géssio Floro levou os judeus à

revolta?k) Descreva a situação das religiões no Império Romano1) Como aconteceu o fim do estado judaico?

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15.CONCLUSÃO

Chegando-se ao fim deste panorama da história de Irael para estudantes da Bíblia, percebe-se que o assunto éextrema complexidade e que a compreensão do mesmpelo menos em suas linhas gerais, é indispensável para aqles que pretendem obter uma interpretação mais acurada dEscrituras Sagradas. Todo esforço em relação a isto será rcompensado com uma melhor compreensão dos textos dBíblia.

Os pontos que aqui foram abordados são suficientepara dar ao leitor uma visão geral dos acontecimentos, obdecendo-se a seqüência cronológica dos fatos, facilitancom isto a contextualização das narrativas bíblicas e, conqüentemente, uma intrepretação mais perto da realidadEste foi o objetivo principal do livro e por isso muitos pomenores, de propósito, foram deixados de lado. Mas, desjando-se informações mais precisas, ou melhor, madetalhadas, sobre qualquer dos assuntos apresentados, o ltor deverá recorrer à bibliografia selecionada. Nela existlivros, como o de John Bright, por exemplo, que discutemfundo detalhes de Israel e das nações envolvidas em sua htória, que não poderiam ser tratados em um escrito comeste.

O início da caminhada foi dado, mas aquele que desja conhecer a fundo a Palavra de Deus ainda tem muito tereno para percorrer. Prossigamos, então, para o alvo, ncerteza da recompensa que haveremos de receber, uma mlhor compreensão do tesouro chamado Bíblia.

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224 Antônio Renato Gusso

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Panorama Histórico de Israel 225

ANEXO - RESENHAS DE LIVROS SOBRE HISTÓRIA DE ISRAEL

Uma Visão Geral da História de Israel _____________

BEEK, M. A.História de Israel. Trad. Jorge E. M. Fortes. Riode Janeiro: Zahar Editores. 1967. 184 p.

O autor deste livro, M. A. Beek, não é muito conhecdo no Brasil. As poucas informações a seu respeito se econtram na própria obra aqui resenhada. Nela, maiprecisamente nas notas apresentadas pelos editores, na cotra capa, os leitores descobrem ser ele um erudito holandque, na época da publicação, atuava como professor da U

versidade de Amesterdã. A versão deste livro, em português, é uma traduçã

de tradução, o que pode ter influído de forma negativa esua qualidade. A obra original se chamaGeschiedenis Van Israel e tem registrado o seuCopyright inicial no ano de 1957, demostrando, assim, que foi publicada em português dez anapós o seu lançamento. A versão portuguesa foi traduzida edição inglesa, publicada em 1963 por Hodder & StoughtLtd., de Londres, que levou o seguinte título: A ShortH istoy of Israel, from Abraham to Bar Cochba.

O título utilizado na versão inglesa está mais de acodo com o conteúdo do livro do que o título em portuguêsEste promete uma história completa, o que não tem no livre aquele, de antemão, concordando, inclusive, com a prposta que o autor faz em sua introdução, avisa que a obestá limitada a um resumo histórico que vai, descrito epoucas páginas, da época dos patriarcas até à revolta con

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o poderio romano, liderada por Bar Cohba, em aramaicoque significa “Filho da Estrela”.

O linguajar utilizado nesta versão é um tanto quantoantiquado, e nem poderia ser diferente, pois já tem mais dtrinta anos. Termos arcaicos como deputação, talvez umtradução literal do termo inglês “deputation”, onde atuamente se usa delegação, e o uso de algarismos romanos, paindicar os capítulos dos textos bíblicos citados, onde na atalidade se usam os arábicos, podem causar algum descoforto ao leitor moderno, porém, nada que não possa sersuperado com um pouco de paciência.

A obra é apresentada de forma breve e relativamentesimples, em vinte e quatro capítulos que não possuem subdivisões. Ela é simples mas bem documentada. O autor ci

várias autoridades no assunto, como: J. Bright, G.E. Wrigh A. Alt, G. von Rad, H.H. Howley, M. Noth, A. Parrot e outros, não tão conhecidos como estes, para confirmar as informações fornecidas e dar peso às suas propostas.

Ainda que seja um livro importante, também, contémalgumas falhas graves. Uma delas é que o autor procurou d

uma quantidade muito grande de informações em pouco espaço. Não são poucas as ocasiões em que um personagemintroduzido na narrativa sem ser apresentado antes. Isto difculta a compreensão daqueles que não estão familiarizadocom o assunto e, pelo visto, são justamente estes que o autor pretende alcançar, já que sua obra é um resumo histórico

Outra é o movimento de vai e vem que acontece, principamente, do capítulo 17 em diante, quando o autor avança e rtrocede, várias vezes, na seqüência cronológica ao narrar fatos. Por questões de clareza do assunto teria sido melhoseguir a ordem dos acontecimentos, desviando-se, apenaem casos de grande necessidade.

Para finalizar, pode-se dizer que o livro é bom paraaqueles que já estão familiarizados com a história de Israe

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pretendem apenas recapitular os pontos principais. Para oprincipiantes na matéria não será tão útil quanto outro, dmesmo assunto, que trate os pontos principais de formamais clara e objetiva.

História de Israel para Estudantes de Teologia ______

BRIGHT, John.História de Israel 3. ed. Trad. Euclides Carneiro da Silva. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. p. 69Este livro é uma tradução da 2? edição do original, re

vista e atualizada pelo próprio autor, que foi escrito em inglês e publicado por“The Westminster Press", em Filadélfia, noano de 1972, com o título de“A. History o fIsrael”.

Não se encontram na versão em português, infelizmente, maiores informações a respeito do autor. Porém, ese mostra um conhecedor profundo não só da história de Israel mas, também, daqueles povos antigos que mantiveraalgum tipo de contato importante com esta nação. Por outrfonte, informação pessoal do teólogo católico romano An

tônio Quirino de Oliveira, um de seus ex-colegas de expedções, é sabido que o professor John Bright é cidadãoamericano, de fé evangélica, que trabalhou em escavaçõarqueológicas em Israel.

A obra é apresentada em seis partes, como seguemsub-divididas em várias outras: 1) Antecedentes e Primó

Adios, a Idade dos Patriarcas; 2) Exodo e conquista; 3) A Mnarquia de Israel, Período da Auto-Determinação Naciona4) A Monarquia (cont.), Crise e Decadência; 5) A TragédiDepois da Tragédia - Os Períodos Exüico e Pós-Exüico; e Período de Formação do Judaísmo. Todas elas são discutdas em detalhes, dando ao leitor uma carga bastante grandde informações, muito úteis, para se compreender o todo as minúcias das questões envolvidas.

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O livro, propositadamente, não apresenta nenhummapa, e se mostra limitado na descrição de áreas territoriaO autor pressupõem que o leitor estará acompanhando a letura com um atlas a seu alcance e sugere para isto o uso d

Atlas Histórico da Bíblia de Westminster. Por outro lado, apresenta, no final da obra, além das referências bíblicas que aprecem no texto e um vasto índice analítico, uma série dquadros cronológicos que cobrem o período que vai de antes do ano 2000 a.C. até o ano 150 d.C., onde, na opiniãdele, pode-se dizer que termina a “História de Israelcomo Is rael - para ser continuada na história do judaísmo” (p. 626). informação que aparece na ficha catalográfica, então, infomando que o livro trata da história até o ano 70 d.C., não verdadeira.

John Bright não se contenta em apenas relatar fatoshistóricos, ele está sempre dando a sua interpretação desteacontecimentos. Isto, em alguns pontos, o torna antipáticopara o leitor acostumado com a narrativa bíblica, pois, nesempre sua opinião está de acordo com a deste ou daquelescritor da Bíblia. Um exemplo disto, entre vários outropode ser visto na maneira como ele apresenta Davi como aguém que é bem sucedido por causa de suas habilidades plíticas, enquanto nas narrativas bíblicas ele surge com vencedor por ser totalmente dependente de Deus.

Seja como for, é um livro de grande importância. Tal vez o mais completo do gênero editado no Brasil. Foi escriespecialmente para estudantes de teologia e deve ser lidcom atenção e ter presença garantida na biblioteca, para cosultas periódicas, de todos aqueles que se interessam, espcialmente, pelo Antigo Testamento, e querem estar beminformados sobre os detalhes da História de Israel, parcompreendê-lo melhor.

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Israel e as NaçõesPanorama Histórico de Israel 229

BRUCE, F. F.Israel and the nations:from the Exodus to th fa li o f the second temple. Grand Rapids, Michigan : William BEerdmams Publishing Company, 1983, 254 p.

Frederick F. Bruce, M.A.(Cantab.), D.D.(Aberd.),apresentado no próprio livro como professor de ExegeseCriticismo Bíblico na Universidade de Manchester, na Ingterra, e autor e editor de vários livros na área de teologia. Brasil, em português, existe um livro de sua autoria comseguinte título: “Merece Confiança o Novo Testamento?”qual foi publicado pela Edições Vida Nova, em uma primra edição no ano de 1960 e outra em 1990.

A particularidade deste livro a respeito da História Israel, que tem o seu Copyright em 1963, como proposta título, é a maneira como o autor apresenta as relações denação com as outras que a dominaram, foram dominadou, mesmo, se aliaram a ela. Em suma, ele não apresentarael de forma isolada mas, sim, em seus relacionamencom os povos com quem tinha contato.

A obra é dividida em 28 breves capítulos sem nenhma outra subdivisão. Os 11 primeiros capítulos cobrem períodos que ele chama de Princípio de Israel até o ExíBabilónico e ocupam, apenas, 84 páginas. O restante, e170 páginas, cobre o período da Volta do Cativeiro até à dtruição do segundo templo pelos romanos. O autor gasmais tempo e espaço com esta segunda parte por entendeexatamente, que ela é a menos conhecida dos interessadna História de Israel.

Para tornar a mensagem mais atraente, seguindo a sgestão de seus editores, nesta edição, F.F. Bruce, adicionoobra várias ilustrações, fotografias de moedas, de mon

mentos e de inscrições, além de mapas e quadros cronolócos e genealógicos dos reis de Israel e outras nações b

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como de Sacerdotes e procuradores que estiveram ligadoao comando da nação. Ainda que a maioria destes acessóritenham sido adicionados mais tarde e surjam no livro nesempre nos locais mais adequados, podem ser muito úteisinteressantes para os estudiosos destas questões.

O livro é superficial em alguns pontos, como não poderia deixar de ser pela vastidão da matéria, e profundo eoutros. Apresenta, baseado na própria Bíblia, em descobetas arqueológicas e reflexões particulares, detalhes de granimportância, principalmente para quem está interessado nperíodo Intertestamentário.

Para encerrar a apreciação vale dizer que esta obra dBruce mereceu a seguinte observação, nas palavras do cnhecido historiador John Bright: “Este livro apresenta umexcelente esboço da história de Israel... escrito com espledida clareza”. Uma avaliação como esta, feita por tão emnente estudioso, bem mostra o valor do livro. Ele será dgrande utilidade na biblioteca de professores e pregadorque necessitam de um conhecimento geral do assunto parmelhor compreenderem e exporem as mensagens da Bíblia

Uma Visão Crítica da História de Israel ____________

DONNER, Herbert.História de Israel e dos povos vizin Trad. Cláudio Molz e Hans A. Trein. São Leopoldo Petrópolis: Editora Sinodal e Vozes, 1997. 535p. 2v.

Herberter Donner é um erudito alemão que estudoucom Albrecht Alt e Siegfried Morenz. Seu livro, em dois vlumes, aqui resenhado, foi editado pela primeira vez e1983, com o título original deGeschichte des Volkes Israel un seiner Nachbarn in Grund^ügen: Teil 1: Von den Anfänge

Staatenbildungs^eit. A tradução para a Língua Portuguesa foifeita a partir da 2! edição alemã, datada de 1994.

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O próprio autor se encarrega de explicar no prefáciode sua primeira edição, para que não surjam dificuldades

interpretação, que o título “História de Israel e dos povos vzinhos” não é de todo adequado. Ele não tem a intenção dreconstruir a História de Israel e, paralelamente, ainda edetalhes, as histórias do Egito, Síria, Filistéia e outras naçõpróximas a Israel. Isto seria impossível. O que ele pretendemostrar que a História de Israel não pode ser tratada dentr

de um vácuo. Ela precisa ser analisada à luz de seus relacnamentos com as outras nações. A História proposta por Donner está baseada firme

mente na crítica veterotestamentária das últimas décadaEm alguns casos ele simplesmente ignora o que os textos bblicos apresentam de forma clara e trabalha em cima das opniões dos críticos. Um exemplo é a maneira como elclassifica a história dos bezerros de ouro em Êxodo 32como uma etiologia criada para combater a utilização dooutros bezerros de ouro mandados fazer por Jeroboão I, rede Israel (p. 121). Acaba tratando, ainda, a passagem bíblque narra a história de como Saul saiu a procurar algumas jmentas e voltou para casa como rei ungido, em pé de iguadade com os contos de fada (p.206); e apresenta areconstrução de Jericó como não sendo verdadeira, maapenas uma tentativa feita por um revisor deuteronomistade comprometer o rei Acabe (p.317).

O livro foi escrito em uma linguagem difícil. Para entendê-lo é necessário ter um conhecimento razoável doproblemas críticos do Antigo Testamento além de vasto vocabulário técnico. Um exemplo desta dificuldade é a utilizção da palavra “etnogênese” na p.97, sem nenhuma outrexplicação, como se fosse um termo comum, bem conhecdo para os leitores brasileiros. A utilização de muitas figude linguagem também complicam. Elas não são adequad

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para uma obra técnica como esta. Talvez este problema sefruto do trabalho dos tradutores.

O segundo volume traz o seguinte subtítulo: “Daépoca da divisão do reino até Alexandre Magno”. Isto fcom que o leitor imagine que a matéria está limitada a esperíodo. De fato, ela vai mais longe. Ainda que seja em fma apenas de conclusão, são tratados, superficialmente, períodos dos Macabeus e do domínio Romano até o ano 135 d.

A obra apresenta alguns mapas, um quadro cronológico que vai de 1730 a.C. até 106 d.C. e uma vasta bibliogfia, a qual é de pouca utilidade para o estudante brasileirIsto devido à dificuldade da língua, pois a grande maioria dlivros que fazem parte dela estão escritas em alemão, alguem inglês, e pela impossibilidade de encontra-las em bibltecas nacionais. Em suma, é uma obra difícil, porém impotante. Leva o leitor a pensar e questionar os conceitopreestabelecidos, além de apresentar uma outra alternativpara a interpretação da História de Israel, a baseada na crít veterotestamentária. Deve ser lida por todos aqueles qupossuindo uma boa base a respeito da crítica do Antigo Tetamento, desejam conhecer algumas das possibilidades interpretação da História de Israel deste ponto de vista.

As Religiões de Israel ____________________________

FOHRER, Georg.História da Religião de Israel. Trad. JosuéXavier, São Paulo: Edições Paulinas, 1982. 513 p.Georg Fohrer é erudito conhecido internacionalmen

te. Entre suas muitas obras publicadas estão: História de Irael, Estudos Sobre a Profecia Veterotestamentária, EstudoSobre a Teologia e a História Veterotestamentária, Tradiçã

e História do Êxodo, Estruturas Teológicas do Antigo Testamento e, ainda, Introdução ao Antigo Testamento, que

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do de textos de um mesmo livro, produzidos em datas muidiferentes, para confirmar ou apoiar algum ponto de sua iterpretação histórica, pode acabar por confundir àqueles qnão estão acostumados com as datas de cada possível docmento. Parece que faltou, ao menos, uma explicação intrdutória de como seria utilizada esta teoria no decorrer dobra, com o objetivo de facilitar a compreensão dos leitore

A obra não é de fácil leitura, nem poderia ser, o assunto é bastante profundo. Ela é fruto de um trabalho árduo poparte do autor que demonstra grande erudição na área emque se propôs a escrever bem como nas áreas afins, como tologia, exegese e hermenêutica do Antigo Testamento. Dfato, neste livro, se percebe que Fohrer não consegue se

vrar de sua bagagem intelectual a respeito de outras área

permanecer somente no campo da história, como o seu título promete. Em determinadas partes o leitor fica em dúvidse a matéria tratada é realmente História ou Teologia. Isto confirma, em parte, pela própria editora da obra no Brasque apresenta no índice para catálogo sistemático o seguin“1. Antigo Testamento: Teologia”, “2. Judaísmo: História

Em alguns casos, também, principalmente quandoestá tratando dos profetas Amós, Oséias, Isaías, MiquéiaSofonias e Jeremias, dentro da divisão “A profecia israelnos séculos VIII e VII a.C.”, nas páginas 289-327, o autoage como um comentarista bíblico, indo a detalhes do texem foco e apresentando várias passagens dos livros profé

cos aqui citados. A bibliografia apresentada é bastante vasta, dando umamostra da seriedade com que o autor trabalhou e da profudidade em que ele abordou a questão. A maioria dos livros tados foram publicados em alemão ou inglês e, infelizmengrande parte, estão fora do alcance dos estudantes brasile

ros, não só pela dificuldade das línguas mas, principalmete, pela inexistência dos mesmos em bibliotecas nacionais.

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Este livro deve ser lido com paciência e senso crítico Tem grande valor teológico e histórico e pode ajudar a compreender melhor alguns pontos relevantes da Palavra dDeus. Contudo, deve ser levado em conta que o autor, quando atua como historiador, pois a obra é histórico-teológicseguindo as tendências da história científica moderna, prcura deixar Deus de fora da mesma, como se este não agisna história, contraditando claramente a narrativa bíblica qmostra Deus se relacionando na história com o homem e mundo.

A leitura não é apropriada para iniciantes. Ela é indcada para os níveis de pós-graduação, por exigir do leitconstante raciocínio e conhecimentos gerais de teologia, ctica, exegese e história do Antigo Testamento, para um mlhor aproveitamento.

Uma Visão Conservadora da História de Israel ______

MERRIL, Eugene H.História de Israel no Antigo Testamento: o reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. Trad. Ro-mell S. Carneiro. Rio de Janeiro: CPAD, 2001. 577 p.

Eugene H.Merril é professor de Antigo Testamentono Seminário Teológico de Dallas. Ele é autor de vários artgos publicados, entre outros, nos seguintes periódicos: Jour- nal o f Evangelical Theological Society, Westminster Theologic

Journal e Journal o f Northwest Semitic Languages. Também é autor de vários livros, destacando-se entre eles um comentárisobre os livros proféticos de Ageu, Zacarias e Malaquiasum Panorama histórico do Antigo Testamento.

Seu livro aqui resenhado é uma tradução feita da primeira edição em inglês, publicada nos Estados Unidos d América pela editora Baker Books, no ano de 1987, com o ttulo original“Kingdom o fPriest/’ (Reino de Sacerdotes). O título original, por si só, já aponta para algo mais do qu

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apenas um relato histórico a respeito de Israel, mais do qisto, ele contempla uma interpretação teológica que se des

ca no decorrer da obra. Por outro lado, o título em português descreve bem os limites da obra na questão históricEla fica praticamente restrita ao Antigo Testamento, seguido a ordem canônica de seus livros, tendo seu início em Gnesis e o seu final com uma palavra a respeito da época Malaquias.

O autor apresenta, no geral, um ponto de vista bastante conservador a respeito da História de Israel mas, também, não dispensa algumas das posições um pouco maliberais desde que estejam bem confirmadas. Como exemppode ser visto a sua declaração de que o povo de Israel asair do Egito, no êxodo, cruzou o “Mar dos Juncos” e não “Mar Vermelho”, como a tradição, em alguns setores, ainprocura sustentar. Ele demonstra ter um gosto especial pelquestões de cronologia, e suas observações, ainda que upouco cansativas e longas, podem ser de grande proveitpara aqueles que se preocupam com estas questões.

O livro posuí nove tabelas cronológicas, dezenovmapas, um índice de textos bíblicos citados e um índice temas, abordando principalmente nomes de pessoas e locadades, que podem ser úteis para algumas pesquisas. Ele eescrito em letras médias e linhas separadas por espaços batante agradáveis para a leitura. O vocabulário as vezes se tna um pouco pesado e até grosseiro pela utilização dpalavras estrangeiras sem a devida tradução (como flashback, p. 145;termini a quo e ad quem, p. 149;cul-desac, p. 144 etc.) eoutras fora do uso normal em português como o termo “macho” se referindo a pessoas do sexo masculino (p.51 e 107além de algumas figuras de linguagem pouco apropriadpara este tipo de literatura (“Moisés era morto e o manto dmediador da aliança agora repousava sobre os ombros de Jsué”, p. 90; ou “A vara de Yahweh”, p. 468). Estas e, talve

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outras falhas do gênero, como a utilização de “Jeova” paindicar o nome de Deus nos primeiros capítulos e a troc

dele por “Yahweh” nos demais, sem nenhuma explicaçãpoderiam ter sido evitadas com uma revisão mais acuradatradução em foco.

O livro é de agradável leitura e muito útil para estudantes do Antigo Testamento que desejam entender melhoprincipalmente, as questões cronológicas envolvendo a h

tória de Israel, especialmente de um ponto de vista conse vador.

Esboço Histórico de Israel ________________________

METZGER, Martin.História de Israel. Trad. Nelson Kirst e

Silvio Schneider. São Leopoldo: Editora Sinodal, 197p. 213.

Este livro de autoria de Martin Metzger foi publicadprimeiramente, em língua alemã. Seu título original é:Grun- driss der Geschichte Israels e foi colocado à disposição do público no ano de 1963, levando nove anos para ser lançada

versão portuguesa objeto desta resenha.Dividindo a matéria em dez capítulos, o autor, pro

curou apresentar uma visão geral da história de Israel. Isele fez muito bem discorrendo sobre os seguintes temas qforam divididos em vários pontos: 1) A época anterior à vsedentária; 2) A tomada da terra; 3) Israel no período pré-tatal; 4) O primeiro período do reinado em Israel; 5) Os esdos autónomos de Israel e Judá; 6) A supremacia da Assí7) Sob o poder da Babilónia; 8) O Decreto de Ciro e a rconstrução do santuário de Jerusalém; 9) O período helentico; e 10) O período romano.

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contra esta afirmação errônea fala disto. Só pode ter siduma falha dos tradutores.

Só resta dizer que o livro é muito importante para todos aqueles que desejam obter um conhecimento a nível mdio da história de Israel. Não é uma obra profunda, o autonão se propôs a isto, mas também não é superficial. Fica eum meio termo se tomando ideal para quem necessita ir upouco além dos conhecimentos básicos sobre esta disciplina

História Política dos Judeus ______________________

PAUL, André.Ojudaísmo tardio: história política. Trad. BênoniLemos. São Paulo: Edições Paulinas, 1983.211 p.

Este livro é a primeira parte de uma obra em dois tomos. Nele é abordado de forma minuciosa e atraente a Hitória Política dos Judeus. O autor informa que o segund volume é dedicado à história literária.

Para apresentar o assunto, André Paul o divide emquatro partes. Na primeira é feita uma retrospectiva dos ftos políticos relacionados com os judeus, desde as conquitas de Alexandre Magno, em 336 a.C., até Adriano, em 1d.C. Ele chama esta seção de “O Filme dos Acontecimentos” e, realmente, este título descreve bem a seqüência eseguida apresentada. Partindo de Alexandre é narrada sconturbada sucessão, a condição da Palestina mudando d“donos” por diversas ocasiões, e as conseqüências que levram à insurreição dos Macabeus. “O Filme” não pára e segmostrando os sucessos dos Macabeus: como que eles consguiram chegar ao sumo-sacerdócio e a tornarem-se reis Amoneus, antes de serem arruinados pelas lutas internas chegarem ao fim debaixo do poderio romano. Também descrito como surge no cenário político a família de Her

des, a qual foi um instrumento helenístico nas mãos do Im

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pério até a época dos procuradores e apresentadas, em notanexas, diversas narrativas do historiador Flávio Josefo.

Na segunda parte, Paul, apresenta a “diáspora” comsendo a situação dos judeus dispersos pelo mundo, poréunidos pela existência de um templo central em JerusaléEle dá uma vista geral do que é a diáspora, como começoqual a sua condição estabelecida em terras estranhas e quasua influência na política mundial da época. Afirma, ain

que em vários locais, a diáspora chegou a criar excelencondições de autonomia para os judeus, a ponto de admintrarem verdadeiros estados dentro do Estado, tendo, inclus

ve, uma espécie de governador intitulado etnarca. Edefende ainda que a diáspora foi grandemente favorecipelo processo de urbanização implantado por AlexandMagno e seus sucessores e, para fortificar esta posição, apsenta um breve relato de cada cidade grega da Ásia e de otras localidades, enfatizando a forma de vida comunitádos judeus, os quais se distinguiam do restante da populção.

A terceira parte leva o nome de “A Terra Nacional”Ela descreve de forma geral a Judéia colonizada, mostranas dificuldades que passou por estar localizada entre os rivptolomeus e selêucidas. A influência grega foi tão granque a própria cidade de Jerusalém chegou a ser chamapelo nome de Antioquia.

Neste ponto é retomado o tema da guerra civil e socal à qual terminou com a luta pela independência levaavante pelos Macabeus. Também é visto como estes, apósindependência, partiram para as conquistas, terminando confrontação com o Império Romano, já na época dos reHasmoneus.

Paul mostra também como estavam as condições dacidades gregas na Palestina desta época. Como que elas ram subjugadas pelos nacionalistas e a tomada de posição

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vorável delas ao lado de Roma na guerra de 66. Por últimdescreve a resistência nacionalista contra Roma. Esta, apeda má vontade de grande parte da população que não querguerra, foi levada adiante pelos idumeus, sicários, zelotes,mão Bargiora, João de Giscala e seus seguidores. Descrecomo ocorreu a esmagadora derrota mas alerta que o judaímo não acabou aí. Ele continuou através daqueles que sopunham à guerra e teve seu grande líder em Johanam beZakkai, o qual saiu de Jerusalém antes da derrota e conseguse establecer em paz na cidade de Jamnia.

A quarta e última parte se refere à “sinagoga”. Com desaparecimento do templo em Jerusalém, que era a bapara o Estado Judeu, caem por terra as esperanças da naçãSem ele não existia mais Estado Judáico, e nem diáspormas apenas uma comunidade chamada “sinagoga”. Paraautor, a partir desta mudança, cessa a história política dos jdeus e passa a existir a história do judaísmo, a religião queidentifica.

Com o declínio das condições políticas e sociais dogrupos judeus da Palestina e do Egito, destaca-se a influêndo grupo babilónico. E no terceiro século, surge a figura d“exilarca”( o chefe do exílio), o qual teve muito poder, tensua autoridade se espalhado por todos os lugares onde havam judeus. Ele foi uma espécie de “papa” da “Sinagoga U

versal”, que era a nova situação dos judeus.Concluindo, o autor nos mostra que, surpreendente

mente, dos escombros do sistema de Estado Judeu, com subase no templo, surge a Comunidade e a Doutrina, “Sinagga e Torá”. Não mais uma nação mas uma comunidade e rligião.

O livro é de fácil leitura e seu conteúdo uma ótimfonte de informações a respeito da história política dos jdeus no Período Intertestamentário.

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Confusão de Gêneros

SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testame Trad. João Marques Bentes. São Paulo: Sociedade Rligiosa Edições Vida Nova, 1988. 413 p.

Não foi possível obter informações atuais do Dr. Samuel J. Shultz, mas, na época em que terminou de escreveste livro, em Janeiro de 1960, atuava como professor, p

mais de dez anos, no Wheaton College em Illinois, EstadUnidos da América. Sua formação na área de Antigo Testmento contou com a influência do Dr. Robert H. Pfeiffer dUniversidade de Harvard e dos Drs. Allan A. MacRae e Laird Harris do Faith Theological Seminary.

Este trabalho do Dr. Shultz, em sua forma original

foi publicado, primeiramente, por Harper e Row, Publishers, em New York. Ele foi escrito em Inglês e recebeuseguinte título: “The Old Testament Speaks”, o qual deixclaro qual é a fonte principal do material apresentado, o prprio Antigo Testamento.

O assunto é tratado em vinte e cinco capítulos nemsempre em seqüência muito lógica. Depois de uma breve itrodução enfatizando o Antigo Testamento em si, destacando-se, em linhas gerais, a origem e o conteúdo, comocorreu a transmissão do Texto Hebraico, quais são as vesões de maior importância e qual o significado desta parte Bíblia, o autor discorreu, baseado principalmente no texdo Antigo Testamento, sobre os acontecimentos marcanteacontecidos desde o que ele chamou de Período dos Comços, antes ainda da Era Patriarcal, até o Período Pós-Exílicquando despontaram as figuras dos profetas Ageu, Zacarie Malaquias. Sendo assim, a informação que aparece em contracapa, dando conta que o autor tentou “fornecer ao letor um quadro claro dos alicerces - geográficos, arqueolócos, históricos e lingüísticos - das idéias que emergiram

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obra útil para aqueles que precisam obter informações gerae introdutórias, do ponto de vista evangélico tradicional, respeito desta literatura. Leitura recomendada para leigointeressados em ter uma visão panorâmica dos assuntos dhistória e introdução e, no máximo, para o nível de Bachar

em Teologia, como informações preliminares.

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