histórico do ministério público no brasil

Upload: thiago-torres-dos-santos

Post on 08-Aug-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/23/2019 Histrico do Ministrio Pblico no Brasil

    1/5

    Histrico do Ministrio Pblico no Brasil

    O Ministrio Pblico fruto do desenvolvimento do estado brasileiro e da democracia. A sua

    histria marcada por dois grandes processos que culminaram na formalizao

    do Parquetcomo instituio e na ampliao de sua rea de atuao.

    No perodo colonial , o Brasil foi orientado pelo direito lusitano. No havia o Ministrio Pblico

    como instituio. Mas as Ordenaes Manuelinas de 1521 e as Ordenaes Filipinas de 1603

    j faziam meno aos promotores de justia, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e de

    promover a acusao criminal. Existiam ainda o cargo de procurador dos feitos da Coroa

    (defensor da Coroa) e o de procurador da Fazenda (defensor do fisco).

    S no Imprio, em 1832, com o Cdigo de Processo Penal do Imprio, iniciou-se a

    sistematizao das aes do Ministrio Pblico.

    Na Repblica, o decreto n 848, de 11/09/1890, ao criar e regulamentar a Justia Federal,

    disps, em um captulo, sobre a estrutura e atribuies do Ministrio Pblico no mbito federal.

    Neste decreto destacam-se:

    a) a indicao do procurador-geral pelo Presidente da Repblica;

    b) a funo do procurador de "cumprir as ordens do Governo da Replbica relativas ao

    exerccio de suas funes" e de "promover o bem dos direitos e interesses da Unio." (art.24,

    alnea c)

    Mas foi o processo de codificao do Direito nacional que permitiu o crescimento institucional

    do Ministrio Pblico, visto que os cdigos (Civil de 1917, de Processo Civil de 1939 e de 1973,

    Penal de 1940 e de Processo Penal de 1941) atriburam vrias funes instituio.

    Em 1951,a lei federal n 1.341 criou o Ministrio Pblico da Unio, que se ramificava em

    Ministrio Pblico Federal, Militar, Eleitoral e do Trabalho. O MPU pertencia ao Poder

    Executivo.

    Em 1981, a Lei Complementar n 40 disps sobre o estatuto do Ministrio Pblico, instituindo

    garantias, atribuies e vedaes aos membros do rgo.

    Em 1985, a lei 7.347 de Ao Civil Pblica ampliou consideravelmente a rea de atuao

    do Parquet , ao atribuir a funo de defesa dos interesses difusos e coletivos. Antes da ao

    civil pblica, o Ministrio Pblico desempenhava basicamente funes na rea criminal. Na

    rea cvel, o Ministrio tinha apenas uma atuao interveniente, como fiscal da lei em aes

    individuais. Com o advento da ao civil pblica, o rgo passa a ser agente tutelador dos

    interesses difusos e coletivos.

  • 8/23/2019 Histrico do Ministrio Pblico no Brasil

    2/5

    Quanto aos textos constitucionais, o Ministrio Pblico ora aparece, ora no citado. Esta

    inconstncia decorre das oscilaes entre regimes democrticos e regimes

    autoritrios/ditatoriais.

    Constituio de 1824: no faz referncia expressa ao Ministrio Pblico. Estabelece que "nos

    juzos dos crimes, cuja acusao no pertence Cmara dos Deputados, acusar o

    procurador da Coroa e Soberania Nacional".

    Constituio de 1891: no faz referncia expressa ao Ministrio Pblico. Dispe sobre a

    escolha do Procurador-Geralda Repblica e a sua iniciativa na reviso criminal.

    Constituio de 1934: faz referncia expressa ao Ministrio Pblico no captulo "Dos rgos

    de cooperao". Institucionaliza o Ministrio Pblico. Prev lei federal sobre a organizao doMinistrio Pblico da Unio.

    Constituio de 1937: no faz referncia expressa ao Ministrio Pblico. Diz respeito ao

    Procurador-Geral daRepblica e ao quinto constitucional.

    Constituio de 1946: faz referncia expresa ao Ministrio Pblico em ttulo prprio (artigos

    125 a 128) sem vinculao aos poderes.

    Constituio de 1967: faz referncia expressa ao Ministrio Pblico no captulo destinado ao

    Poder Judicirio.

    Emenda constitucional de 1969: faz referncia expressa ao Ministrio Pblico no captulo

    destinado ao Poder Executivo.

    Constituio de 1988: faz referncia expressa ao Ministrio Pblico no captulo "Das funes

    essenciais Justia". Define as funes institucionais, as garantias e as vedaes de seus

    membros. Foi na rea cvel que o Ministrio Pblico adquiriu novas funes, destacando a sua

    atuao na tutela dos interesses difusos e coletivos (meio ambiente, consumidor, patrimnio

    histrico, turstico e paisagstico; pessoa portadora de deficincia; criana e adolescente,

    comunidades indgenas e minorias tico-sociais). Isso deu evidncia instituio, tornando-a

    uma espcie de Ouvidoria da sociedade brasileira

    Bibliografia consultada

    LOPES, J. A. V. Democracia e cidadania: o novo Ministrio Pblico . Rio de janeiro: Lumen

  • 8/23/2019 Histrico do Ministrio Pblico no Brasil

    3/5

    Juris, 2000.

    MAZZILLI, H. N. Introduo ao Ministrio Pblico . So Paulo: Saraiva, 1997.

    SALLES, C. A. Entre a razo e a utopia: a formao histrica do Ministrio Pblico. In:

    VIGLIAR, J. M. M. e MACEDO JNIOR, R. P. (Coord.). Ministrio Pblico II: democracia . SoPaulo: Atlas, 1999.

    Organograma do MPU

    Dvidas Freqentes

    Ministrio Pblico (MP), um quarto poder?

    Se Montesquieu tivesse escrito hoje o Esprito das Leis, por certo no seria trplice, mas

    qudrupla, a diviso de poderes. Ao rgo que legisla, ao que executa, ao que julga, um outro

    acrescentaria ele: o que defende a sociedade e a lei - perante a Justia, parta a ofensa de onde

    partir, isto , dos indivduos ou dos prprios poderes do Estado.

    VALLADO, Alfredo. Op. cit., In: MARQUES, J. B. de Azevedo.Direito e Democracia - O Papel

    do Ministrio Plbico. So Paulo: Cortez, 1984. p.10-11.

    Os doutrinrios divergem quanto ao posicionamento do Ministrio Pblico na tripartio dos

    poderes. A tese dominante no configurar a instituio como um quarto poder e sim como um

    rgo do Estado, independente e autnomo, com oramento, carreira e administrao prprios.

    Na Constituio de 1988, o MP aparece no captulo Das funes essenciais Justia, ou seja,

  • 8/23/2019 Histrico do Ministrio Pblico no Brasil

    4/5

    h uma ausncia de vinculao funcional a qualquer dos Poderes do Estado.

    Ministrio Pblico Federal (MPF) x Ministrio Pblico Estadual (MPE)

    O Ministrio Pblico pode ser FEDERAL ou ESTADUAL. No primeiro, h os Procuradores da

    Repblica que atuam junto aos Juizes Federais (Justia Federal) e pertencem ao MINISTRIO

    PBLICO DA UNIO. No segundo, existem os Promotores de Justia que exercem suas

    funes perante os Juzes de Direito (Justia Estadual) e pertencem a carreira do MINISTRIO

    PBLICO ESTADUAL.

    Estas distines entre o Ministrio Pblico FEDERAL e ESTADUAL, continuam na segunda

    instncia, isto , em grau de recurso. Quando a matria for federal, quem representar a

    sociedade sero os Procuradores Regionais da Repblica, sendo o processo distribudo para oTribunal Regional Federal. J no caso da matria ser estadual, quem atuar sero os

    Procuradores de Justia, junto aos Tribunais de Justia Estaduais.

    A rea de atuao do MPF pode ser observada atravs da leitura do art. 109 da CF/88 que

    dispe sobre a competncia para julgar e processar da Justia Federal. Todos os demais

    interesses sociais e individuais indisponveis, no relacionados com as pessoas mencionadas

    no art. 109, so atribuies do Ministrio Pblico Estadual. Igualmente, os rus de crimes no

    mencionados no referido art. 109, so acusados pelo Ministrio Pblico Estadual.

    A legislao assegura a possibilidade de atuao conjunta entre o Ministrio Pblico Federal e

    o Estadual, na defesa de interesses difusos e de meio ambiente.

    Ministrio Pblico Eleitoral, o que ?

    A Constituio de 1988 definiu o Ministrio Pblico como "instituio permanente, essencial

    funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime

    democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis."

    Percebe-se que o Ministrio Pblico o defensor do regime democrtico e por isso tem

    legitimidade para intervir no processo eleitoral.

    O Ministrio Pblico Eleitoral o Ministrio Pblico Federal (MPF) no exerccio das funes

    eleitorais. Tem-se assim que:

    Procurador-Geral da Repblica = Procurador-Geral Eleitoral e atua junto ao Tribunal Superior

    Eleitoral

    Procurador Regional da Repblica (membro do MPF) = Procurador Regional Eleitoral e atua

    junto aos Tribunais Regionais Eleitorais

    Promotor de Justia (membro do Ministrio Pblico Estadual) = Promotor Eleitoral e atua junto

  • 8/23/2019 Histrico do Ministrio Pblico no Brasil

    5/5

    a Juzes e Juntas Eleitorais

    Cabe a estes agentes, entre outras aes e intervenes:

    intervir na fiscalizao do processo eleitoral (alistamentos de eleitores, registro decandidatos, campanha eleitoral, excerccio do sufrgio popular, apurao dos votos,

    proclamao dos vencedores, diplomao dos eleitos);

    promover ao de inconstitucionalidade e representao interventiva da Unio nos

    Estados;

    promover ao penal contra aqueles que atentarem contra as instituies democrtica.

    O Ministrio Pblico Eleitoral age junto Justia Eleitoral, a fim de que esta cumpra a sua

    finalidade: garantir a verdade eleitoral e a soberania popular por meio do voto.

    Leia mais: Lei Complementar n 75/93 , art. 72 a 80.

    MARUM, J. A. O. Ministrio Pblico Eleitoral. In: VIGLIAR, J. M. M. e MACEDO JNIOR, R. P.

    (Coord.). Ministrio Pblico II:democracia. So Paulo: Atlas, 1999. p. 150-176

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp75.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp75.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp75.htm