histórico da eugenia no brasil

3
Histórico da Eugenia no Brasil: O termo Eugenia foi criado por Francis Galton (1822-1911), que o definiu como: "O estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja fisica ou mentalmente." Galton publicou, em 1865, um livro "Hereditary Talent and Genius" onde defende a idéia de que a inteligência é predominantemente herdada e não fruto da ação ambiental. Parte destas conclusões ele obteve estudando 177 biografias, muitas de sua própria família. Galton era parente de Charles Darwin (1809-1882), que publicou "A Origem das Espécies" em 1858. Muitos eugenistas famosos passaram pelo Brasil, dentre eles o francês Joseph Arthur de Gobineau, autor de "Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas", este era amigo íntimo de D. Pedro II e foi o principal incentivador da migração européia para o Brasil. Outro famoso foi o Suiço Jean Louis Rodolphe Agassiz. O Brasil foi o primeiro país sul-americano a ter um movimento eugenista organizado, a partir da criação da Sociedade Eugênica de São Paulo (1918). O movimento eugênico brasileiro é bastante heterogêneo, mas vale destacar sua atuação junto à saúde pública e o saneamento, bem como à psiquiatria e “higiene mental” ao longo das décadas de 1920 e 1930, o que permite verificar algumas das principais questões nas quais a questão urbana se relaciona ao pensamento eugênico. Outros países que tiveram movimentos eugênicos organizados foram: Chile, e Argentina, que teve como expoente José Ingenieros , em 1900 Ingenieros publicou um texto, posteriormente divulgado como um livro, denominado "La simulación en la lucha por la vida".

Upload: marcela-belo

Post on 31-Dec-2014

23 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Histórico da Eugenia no Brasil

Histórico da Eugenia no Brasil:

O termo Eugenia foi criado por Francis Galton (1822-1911), que o definiu como:

"O estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja fisica ou mentalmente."

Galton publicou, em 1865, um livro "Hereditary Talent and Genius" onde defende a idéia de que a inteligência é predominantemente herdada e não fruto da ação ambiental. Parte destas conclusões ele obteve estudando 177 biografias, muitas de sua própria família.

Galton era parente de Charles Darwin (1809-1882), que publicou "A Origem das Espécies" em 1858.

Muitos eugenistas famosos passaram pelo Brasil, dentre eles o francês Joseph Arthur de Gobineau, autor de "Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas", este era amigo íntimo de D. Pedro II e foi o principal incentivador da migração européia para o Brasil. Outro famoso foi o Suiço Jean Louis Rodolphe Agassiz.

O Brasil foi o primeiro país sul-americano a ter um movimento eugenista organizado, a partir da criação da Sociedade Eugênica de São Paulo (1918). O movimento eugênico brasileiro é bastante heterogêneo, mas vale destacar sua atuação junto à saúde pública e o saneamento, bem como à psiquiatria e “higiene mental” ao longo das décadas de 1920 e 1930, o que permite verificar algumas das principais questões nas quais a questão urbana se relaciona ao pensamento eugênico.

Outros países que tiveram movimentos eugênicos organizados foram: Chile, e Argentina, que teve como expoente José Ingenieros , em 1900 Ingenieros publicou um texto, posteriormente divulgado como um livro, denominado "La simulación en la lucha por la vida".

A Era Vargas:

O então presidente Getúlio Vargas cometeu muitos erros ao colocar o Brasil do lado errado da guerra, quando declarou guerra ao eixo em 1942.

Contudo no período anterior à guerra, Vargas criou uma política eugênica que visava "o fortalecimento do homem brasileiro", em seu governo preocupou-se em dar melhores condições de saneamento e qualidade de vida á população.

O que Vargas não suportava era a idéia de que os milhões de alemães e italianos instalados no Sul e São Paulo viessem a tornar-se hostis aos interesses do Brasil, (ele já havia experimentado esta ira em 1932 durante a Revolução constitucionalista).

Foi exatamente o que ocorreu, pois haviam muitos espiões em Santos-SP, e no Sul que colaboravam com a Gestapo, bem como grupos paramilitares que lutariam contra o Brasil no caso de uma invasão alemã ou italiana ao país. Esse é um dos motivos de a base aérea

Page 2: Histórico da Eugenia no Brasil

americana ter sido instalada em Natal -RN. O que se seguiu foi uma grande perseguição às colônias alemãs e italiana no país, sobretudo em São Paulo (Incluo nesta lista meu avô, que foi detido por falar italiano em público).

Fato é: As instituições mais importantes do eixo no Brasil estavam instaladas na cidade de São Paulo, e havia um plano alemão da formação de um bloco de países no Cone Sul caso vencessem a guerra. (possivelmente hoje viveríamos num balneário de tranquilidade).

Mas Vargas também tinha bem como havia uma política de branqueamento da população no norte do país, que chegou a ser estudado pelos Institutos "Adolfo Lutz" e pelo atual Instituto "Oswaldo Cruz".Dentre suas metas estavam o aumento da população branca em detrenimento da mestiça.

Renato Kehl e Belisário Penna:

A Sociedade Eugênica de São Paulo foi responsável pelos primeiros trabalhos sistematizados em eugenia no Brasil. Nome central dessa instituição, e do eugenismo brasileiro, é o do ativista e médico Renato Ferraz Kehl . Entre 1917 e 1937, Kehl divulgou ativamente o movimento, publicando dezenas de livros relacionados à eugenia, bancando folhetos, proferindo conferências e participando de debates.

Inicialmente, Kehl não admite a aplicação das leis darwinistas ao melhoramento da raça humana. Convulsões econômicas e sociais (fatores que poderiam interferir na evolução progressista da humanidade) provocariam somente uma luta de homem contra homem, o que não caracterizaria a luta darwinista. Em seu livro de 1923, Kehl defende a idéia de que “instruir é eugenizar, sanear é eugenizar”.Kehl apresenta uma abordagem que denomina bio-social – chave para compreender as propostas e a atuação de Renato Kehl ao final dos anos 1930. De uma recusa à aplicação das leis “naturais” ao âmbito social em 1923, Kehl passa em 1937 a declarar que:

"Não há solução para os males sociais fora das leis da biologia. Não há política racional, independente dos princípios biológicos, capaz de trazer paz e felicidade aos povos. Eis por que a política, por excelência, é a política biológica, a política com base na eugenia".

Kehl tinha pleno conhecimento das práticas eugênicas na Europa, inclusive na Alemanha de Hitler. Após a Segunda Guerra Mundial, continua publicando livros, voltando-se aos estudos de medicina legal e criminologia, mas acaba encerrando a carreira já em 1947. Aparentemente, no período pós guerra tornara-se insustentável a defesa da Eugenia após o Holocausto nazista. Contudo a Sociedade Eugênica Brasileira permaneceu viva até fins da década de 60 durante a ditadura militar . E de acordo com alguns até os dias atuais (mesmo que debaixo dos panos).