histórias de amor
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As histórias de amor mais famosas.TRANSCRIPT
Eros e Psique
“Omnia Vincit Amor”
Esta frase em latim, da autoria de Virgílio, significa o amor vence tudo, o amor tudo suporta.
Eros, Deus Grego do Amor, também conhecido como Cupido (mitologia Romana, filho de Vénus) é protagonista de uma das mais bonitas histórias de amor de sempre.
Num reino longínquo, existia um rei muito poderoso que tinha três filhas, cuja beleza despertava o interesse de inúmeros pretendentes. Duas delas logo se casaram, mas uma, Psique, recusou-se a fazê-lo porque dizia ainda não ter encontrado o verdadeiro amor.
Os pais, preocupados com a solidão da filha, resolveram perguntar a um oráculo o que deveriam fazer, ao que o oráculo respondeu que deveriam vestir a sua filha de noiva e deixá-la no cimo de um monte. Eles assim o fizeram e Psique foi arrastada pelo vento até um reino maravilhoso, onde tudo era mágico.
Quando a noite chegou e Psique se foi deitar, sentiu a presença de alguém, que lhe disse ser o seu companheiro, mas que ela nunca o poderia ver, pois se o fizesse, correria o risco de o perder para sempre. A partir de então, Psique conheceu os momentos mais felizes da sua vida, onde tinha tudo aquilo que sempre sonhara. Amava e era correspondida, o que a fazia muito feliz. No entanto, os dias de felicidade não duraram muito, pois a rapariga começou a sentir saudades da família e resolveu ir visitá-los. As irmãs, cheias de inveja da sua felicidade, convenceram-na a ver o marido.
Quando chegou a casa, esperou que o marido adormecesse e acendeu uma vela para ver o seu aspeto. Ao
ver a sua beleza ficou tão emocionada que, por descuido, deixou cair um pouco de cera para cima do marido, o que fez com que acordasse. Ao ver que a esposa tinha quebrado a promessa, cumpriu com a sua palavra e abandonou-a para sempre.
Esta sofreu tanto, que passou a vaguear pelo mundo, até que sucumbiu a um sono profundo. Eros, ao ver o sofrimento da amada, pediu a Zeus que ressuscitasse a amada, pedido que foi concedido. Assim, Eros (um Deus Imortal) uniu-se a Psique (Mortal) - que passou a representar a Alma Humana – no Monte Olimpo, onde permaneceram felizes, vivendo o seu amor para toda a Eternidade.
A partir de então, o Amor e a Alma estão sempre unidos em todos os romances de Amor, pois estes têm a proteção de Eros e da sua inseparável Psique.
Psiquê renascida pelo beijo de Eros, Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque
Orfeu e Eurídice
Grande herói da Trácia, Orfeu era conhecido não pelas
suas qualidades de guerreiro, mas pelas suas qualidades
musicais. Filho de Apolo e da musa Calíope, recebeu do pai
uma lira como presente e aprendeu a tocar com tanta
dedicação e beleza, que ninguém conseguia ficar indiferente
ao encanto da sua música. Tanto os seres humanos como os
animais, e diz-se que até as árvores e os rochedos, se rendiam
ao seu fascínio.
Orfeu amava apaixonadamente a ninfa Eurídice. No dia do
casamento de ambos, esteve presente Himeneu para
abençoar a união, mas o fumo da sua tocha fez lacrimejar os
noivos, o que não trouxe augúrios favoráveis. Pouco tempo
depois, Eurídice passeava com as ninfas, quando foi
surpreendida pelo pastor Aristeu, que, ao vê-la, se apaixonou
perdidamente e tentou conquistá-la. Na sua fuga, Eurídice
pisou uma cobra e morreu da mordedura que esta lhe fez no
pé.
Orfeu, inconsolável, tocou e cantou aos homens e aos
deuses, mas nada conseguiu. Decidiu, então, descer ao reino
dos mortos para conseguir recuperar Eurídice. Perante o trono
de Hades e Perséfone, Orfeu cantou o seu desgosto e o seu
amor dizendo que, se não lhe devolvessem Eurídice, ele
próprio ficaria ali com ela, no reino dos mortos. Todos os
fantasmas que o ouviam choravam e Hades e Perséfone
ficaram tão comovidos que lhe devolveram Eurídice. Mas com
uma condição: Orfeu poderia levar Eurídice, mas não poderia
olhá-la antes de terem alcançado o mundo superior.
Caminhando na frente, Orfeu, que estava quase a chegar aos
portões de Hades, com receio de ter sido enganado por Hades,
virou-se para trás para confirmar se Eurídice o seguia. Esta,
com os olhos cheios de lágrimas, foi levada para o mundo dos
mortos, por uma força irreversível. Orfeu tentou alcançá-la,
mas sem êxito.
Profundamente triste, Orfeu ficou na margem do rio,
durante sete dias, sem comer nem dormir, suplicando a volta
de Eurídice. Depois, vagueou triste
e solitário pelo mundo, sem nunca
mais querer saber de mulher
alguma e repelindo todas aquelas
que o tentavam seduzir, até que
um dia, as mulheres da Trácia,
enfurecidas pelo seu desprezo, o
mataram. O seu corpo foi atirado
ao rio Ebro e levado até à ilha de
Lesbos, onde, durante muito
tempo, a cabeça de Orfeu, presa
numa rocha, proferia oráculos. A sua lira foi colocada num
templo de Lesbos.
Outra lenda diz que as musas enterraram Orfeu, em
Limetra, num túmulo onde o rouxinol canta mais suavemente
do que em qualquer outra parte da Grécia e a lira do jovem
apaixonado foi colocada por Zeus entre as estrelas. Orfeu
encontrou por fim Eurídice e, abraçando-a, nunca mais deixou
de contemplá-la.
in Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015.
Pigmalião e Galateia
Segundo a lenda, Pigmalião era escultor de grande nomeada na Ilha de Chipre. Para se entregar inteiramente à sua arte e, por outro lado, indignado com a prostituição a que se entregavam as mulheres da cidade de Amatonte, na Ilha de Chipre, onde se erguia um templo a Vénus, resolveu viver em rigoroso celibato. Vénus, sentindo-se ofendida com esta atitude de Pigmalião e para se vingar, fê-lo apaixonar loucamente por uma estátua de marfim, prodígio de graça e de beleza saído do seu cinzel, a que Vénus havia dado o nome de Galateia. A deusa do amor, no entanto, comovida pelas súplicas do desventurado, animou a estátua com o fogo da vida. Pigmalião casou com ela e teve um filho a que deram o nome de Pafos, que fundou a cidade do mesmo nome dedicada ao amor.
Como referenciar: in Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015.
FILÉMON E BÁUCIS
Um dia Zeus decidiu visitar a Terra. Vício de divindade
absoluta, julgaram uns, cedo passar-lhe-á, afinal nunca se
preocupou com os homens, achando-os criaturas inferiores,
sem importância e que mais valeria dizimar até. Contudo,
aquela teima era mais do que simples cisma, antes era a
procura por uma prova de que valeria a pena dizimar aquelas
pequenas criaturas desajeitadas de duas pernas e dois braços
que germinavam por toda a Terra. Dizimá-los-ia sob o pretexto
de acabar com a sua malvadez, pensava. E nisto Zeus
começou a arquitetar a melhor forma de o fazer.
Hermes gostava dos humanos. Nada de pessoal, achava
apenas uma criação bastante curiosa, afinal não os achava tão
pouco inteligentes quanto isso e até tinham as suas
peculiaridades que lhes davam interesse. Ofereceu-se,
portanto, a ir com Zeus seu pai até à Terra. Contudo, impôs-
lhe uma única condição. "Não dizimarás a humanidade", disse-
lhe, "se encontrarmos pelo menos duas pessoas honestas."
Zeus anuiu. Tomaram assim as suas formas humanas e
desceram dos céus, indo embrenhar-se nas ruas confusas e
sujas de uma cidade.
Hermes e Zeus vagueavam sem destino na cidade,
disfarçados de rudes maltrapilhos sem terra, pois que assim
seria mais fácil para Zeus determinar o carácter dos homens. E
os seus pensamentos confirmaram-se: por cada casa em que
entravam, por cada beco em que andavam, eram corridos
quais cães vagabundos que não merecessem pisar o solo no
qual caminhavam, como se poluíssem o ar que respiravam. Às
tantas uma pedra voou e acertou num braço do deus Hermes,
dando a entender que seria melhor saírem da cidade.
Saíram por entre vaias e urros. Sem olharem para trás,
tanto Zeus como Hermes se meteram bosque adentro, não
cuidando aonde iriam. Até que, ao fundo, avistaram uma
casinha modesta. À porta estava um homem idoso que dava
pelo nome Filémon acompanhado da sua velha mulher Báucis.
Os deuses aproximaram-se. "Que quereis?" "Somos pobres
andarilhos e necessitamos de um lugar onde descansar da
viagem" "Entrem, meus amigos, entrem! Entrem se estais
cansados da viagem!" Imediatamente puseram a mesa e
colocaram todas as iguarias que havia na mesa. Báucis lavou
os pés aos visitantes e cobriu-os com roupas novas, como se
de reis se tratassem. Hermes e Zeus entreolharam-se,
sorrindo. Afinal sempre havia almas benfazejas na Terra.
Por entre histórias e risos jantaram o pobre mas saboroso
jantar preparado por Báucis naquela noite. Até que, como se
Hermes continuasse com sede e pedisse mais leite, a velha
senhora deu conta que já não havia mais que beber. Assim,
muito triste, deu a notícia aos visitantes. "Meus senhores, peço
desculpa, as já não há mais leite no cântaro." "Minha senhora,
não sabemos, talvez ainda haja uma pequena gotinha que
valha a pena beber." Para convencer os visitantes, Báucis
inclinou o cântaro... e qual não foi o seu espanto quando dele
jorrou leite que nunca mais acabava! "Filémon, Filémon! Estão
deuses na nossa casa!" E prostraram-se aos pés de Zeus, que
os mandou levantar, dizendo "Sim, somos deuses, Zeus e
Hermes que, numa visita à Terra, não encontrámos ninguém
de valor até chegarmos à vossa humilde casa. Provaram que a
humanidade pode ainda ser prestável, humilde e boa e, como
presente, dou-vos o direito de me pedirdes um desejo."
Filémon e Báucis entreolharam-se: ambos sabiam o que lhes
apoquentava o coração fazia muito tempo. Assim, Filémon
tomou a palavra. "Rei dos deuses, nada mais te pedimos a não
ser que nenhum de nós morra antes do outro. Pedimos-te, por
favor, para que morramos no mesmo dia e não tenhamos que
sofrer da ausência." "Assim será." proclamaram os deuses e
desapareceram...
... Muitos anos se passaram desde a visita de Hermes e
Zeus à Terra. E uma tarde, igual àquela tarde em que
apareceram os dois viajantes, estando Filémon e Báucis
abraçados no banco à entrada da modesta casa, sentiram que
subitamente os seus corpos mudavam, que as suas pernas se
tornavam raízes e os braços, ramos. Olharam-se, assim, uma
última vez. "Filémon!" "Báucis!" "Adeus!" "Adeus..."...
Hoje, quem dá com a velha casinha modesta dos velhos
Filémon e Báucis, pode ver duas grandes árvores verdes e
frescas à porta. A sua sombra ainda hoje abriga do Sol aqueles
que passam e o roçar das suas folhas, embaladas pelo vento
que passa, ainda dão a impressão de dizer "Entrem, meus
amigos, entrem! Entrem se estais cansados da viagem..."…
Romeu e Julieta
Romeu e Julieta, a história trágica do amor de
dois jovens, é o título de uma tragédia de
Shakespeare (1597), uma obra imortal da literatura, que começa da
seguinte forma:
"Duas famílias
notáveis da linda
Verona, onde a
história se passa,
transformam em
guerra as
desavenças antigas,
manchando de
sangue as suas
mãos. E do seio
destas duas famílias inimigas nascem dois amantes predestinados".
A história desenrola-se em Verona, em Itália, incidindo na rivalidade
entre as casas dos Capuleto e dos Montéquio, que se envolviam
permanentemente em lutas. Romeu, filho de Montéquio, era o único que
se afastava das lutas o que intrigava as duas famílias. Certo dia, o jovem
revelou a seu primo Benvólio que estava apaixonado por Rosalina.
Entretanto, a Senhora Capuleto revelou à sua filha Julieta, de catorze
anos, que o seu parente Páris pretendia casar-se com ela.
Num jantar da família Capuleto, Romeu e os seus homens entraram
disfarçados com a curiosidade de ver o que se passava. Romeu viu,
então, pela primeira vez, Julieta e, deslumbrado com a sua beleza e
atitude, ficou perdidamente apaixonado. Um homem da casa dos
Montéquio, o primo Tebaldo, descobriu que o jovem disfarçado era
Romeu e quis atacá-lo. No entanto, o pai Capuleto impediu-o, já que a
conduta pacífica de Romeu fazia dele um filho amado da cidade de
Verona. Romeu, que pensava que Julieta era uma convidada da família,
cortejou-a e beijou-a, antes de saber, pela ama de Julieta, que esta era
uma Capuleto. Quando a festa acabou, Julieta perguntou à ama quem era
o jovem que tanto a impressionara e descobriu que estava apaixonada
por Romeu Montéquio, filho da casa rival. Romeu cortejou Julieta às
escondidas, no jardim da casa dos Capuleto, e ambos juraram um amor
tão fiel que repudiariam as respetivas famílias, caso fosse necessário.
Mais tarde, Romeu confessou a Frei Lourenço o seu amor por Julieta, e
este aceitou casá-los, em segredo. Romeu pediu à ama de Julieta que
dissesse à senhora que esta deveria encontrar-se com ele no
confessionário de Frei Lourenço para aí se casarem, tendo, todavia, de
voltar depois às suas casas.
Numa praça de Verona, Tebaldo encontrou Romeu e desafiou-o, assim
como aos seus companheiros. Apesar de Romeu não querer lutar,
Tebaldo feriu de morte Mercúrio, um dos seus amigos. O jovem Romeu
viu-se, assim, obrigado a matar Tebaldo e, em consequência desse ato,
foi expulso de Verona, por ordem do príncipe Escalo. Julieta pediu à ama
que preparasse um encontro de despedida com o seu marido Romeu,
que estava escondido na cela de Frei Lourenço. Desesperado, Romeu
pensou em suicidar-se, mas Frei Lourenço acalmou-o e aconselhou-o a
esconder-se em Mântua enquanto os ânimos não serenassem; em
seguida, anunciaria o casamento, que poderia proporcionar a
reconciliação entre as famílias.
Entretanto, o pai Capuleto pretendia que Julieta se casasse com Páris
logo que terminasse o luto pela morte de Tebaldo. Romeu despediu-se de
Julieta, visitando-a secretamente no seu quarto e, quando saiu, entrou a
mãe Capuleto, que informou à filha, não só da sua intenção de mandar
envenenar Romeu, como também do casamento com Páris. Perante a
mãe e o pai, Julieta invocou várias razões para não se casar, menos a
verdadeira, contudo o pai Capuleto, renitente, não lhe deu ouvidos.
Páris foi marcar com Frei Lourenço o casamento e, na mesma altura,
entrou Julieta que foi confessar-se ao clérigo. A sós, Frei Lourenço contou
a Julieta um estratagema para impedir o seu casamento com Páris.
Segundo o plano, Julieta deveria fingir que aceitava o casamento. Beberia
uma poção que a daria como morta e, quando estivesse no túmulo dos
Capuleto, seria resgatada por Romeu, entretanto avisado, fugindo,
depois, com ele para Mântua. Julieta assim fez, mas, à cautela, guardou,
entre as vestes, um punhal para utilizar caso a poção não resultasse.
Tudo aconteceu conforme o planeado, só que Romeu foi apenas avisado
da morte de Julieta e não da trama de Frei Lourenço explicada numa
carta a Frei João, que não conseguiu entregá-la a Romeu. Em Mântua,
Romeu comprou um veneno letal e dirigiu-se, em seguida, ao túmulo de
Julieta, em Verona.
Páris, que visitava o túmulo de Julieta, escondeu-se, quando Romeu e
o seu criado Baltasar se aproximaram do túmulo. Romeu despediu-se do
criado, entregando-lhe uma carta para o pai. Mas Baltasar, temendo
pelas ações de Romeu, escondeu-se também. Entretanto Páris revelou-se
a Romeu e, após uma luta, Páris caiu morto. Romeu, desesperado com a
morte da amada, bebeu o veneno e caiu ao lado do túmulo de Julieta. No
mesmo momento, Frei Lourenço aproximou-se para libertar Julieta do seu
túmulo e do seu sono. Julieta acordou e, encontrando o seu amado
morto, decidiu morrer também. Dado que Romeu não deixou nem uma
gota de veneno no frasco, pegou no punhal e cravou-o no peito. Quando
os guardas chegaram, depararam com todo o horror e logo correram a
chamar os Capuletos, os Montéquios e o Príncipe Escalo, que se
inteiraram de toda a verdade pelas revelações de Frei Lourenço e pela
carta de Romeu. As famílias, chocadas pela tragédia e pelo ódio que a
originou, resolveram reconciliar-se ali mesmo. Para a história ficou um
amor intenso e trágico que nem a morte conseguiu separar.
Pedro e Inês de Castro
D. Inês de Castro era uma fidalga galega, de rara formosura, que fez parte da
comitiva da infanta D. Constança de Castela, quando esta, em 1340, se
deslocou a Portugal para casar com o príncipe D. Pedro (1320-1367).
A beleza singular de D. Inês despertou desde logo a atenção do príncipe, que
veio a apaixonar-se profundamente por ela. Desta paixão nasceu entre D. Pedro
e D. Inês uma ligação amorosa que provocou escândalo na Corte portuguesa,
motivo por que o rei resolveu intervir, expulsando do reino Inês de Castro, que
veio a instalar-se no castelo de Albuquerque, na fronteira de Espanha.
D. Constança morre de parto em 1345 e a ligação amorosa entre D. Pedro e
D. Inês estreita-se ainda mais: contra a determinação do rei, D. Pedro manda
que D. Inês regresse a Portugal e instala-a na sua própria casa, onde passam a
viver uma vida de marido e mulher, de que nascem quatro filhos.
Os conselheiros do rei aperceberam-se das atenções com que o herdeiro do
trono português recebia os irmãos de D. Inês e outros fidalgos galegos,
chamaram a atenção de D. Afonso IV para aquele estado de coisas e para os
perigos que poderiam advir dessa circunstância, uma vez que seria natural
antever a possibilidade de vir a criar-se uma influência dominante de Castela
sobre a política portuguesa.
E persuadiram o rei de que esse perigo poderia afastar-se definitivamente,
se se cortasse pela raiz a causa real desse perigo: a influência que D. Inês
exercia sobre o príncipe D. Pedro, que um dia viria a ser rei de Portugal. Para
isso seria necessário e suficiente eliminar D. Inês de Castro.
O problema foi discutido na presença dos conselheiros do rei em Montemor-
o-Velho, e aí ficou resolvido que Inês seria executada sem demora.
Quando D. Inês soube desta resolução, foi ter com o rei, rodeada dos filhos,
para implorar misericórdia, uma vez que ela se considerava isenta de qualquer
culpa. As súplicas de Inês só momentaneamente apiedaram D. Afonso IV, que
entretanto se deslocara a Coimbra para que se desse cumprimento à
deliberação tomada. E a execução de D. Inês efetuou-se em 7 de janeiro de
1355, segundo o ritual e as práticas daquele tempo.
Anos depois, em 1360, D. Pedro I, já então rei de Portugal, jurou, perante a
sua corte, que havia casado clandestinamente com D. Inês um ano antes da sua
morte.
Cena da morte de Inês de Castro (quadro de Columbano, no Museu Militar, em Lisboa)
Túmulo de Inês de Castro, no Mosteiro de Alcobaça