histÓria viva - nº 98 - 2011 - paulo freire, o professor da esperanÇa

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    histria

    viva

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    BIOGRAFIA

    O professorda esperanaPrestes a ser declarado Patrono da Educao

    Brasileira, o intelectual pernambucano revolucionou

    o ensino no pas ao criar um mtodo pedaggico

    libertador, baseado na conscientizao social e

    no dilogo

    por Mth Cd

    PAULO FREIRE

    N a ltima entrevista que concedeu, em 1997, o sonhador e revolucionrioeducador Paulo Freire surpreendeu-se com a pergunta final do jornalistaEdney Silvestre:

    Professor, como o senhor quer ser lembrado?

    Esta tima. Esta tima. Essa uma pergunta muito gostosa. Eu vou

    aprender a fazer essa pergunta a outras pessoas. Sabe que eu nunca tinha

    pensado nisso? Eu gostaria de ser lembrado como algum que amou o mundo,

    as pessoas, os bichos, as rvores, a Terra, a gua, a vida.

    Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, nobairro de Casa Amarela, em Recife, Pernambuco. Quarto e ltimo filho do

    militar Joaquim Temstocles Freire e da dona de casa Edeltrudes NevesFreire, ele sempre se referiu aos irmos mais velhos Armando, Stella e Te-mstocles com muito afeto e carinho. Especialmente a Temstocles, irmocompanheiro das travessuras de criana e das dificuldades quando adultos.

    Em sua primeira infncia, Paulo foi muito feliz. Teve de seu pai e de suame o que toda criana precisa: ateno, cuidado, carinho e amor. Sua me,uma lutadora, enfrentou muitas dificuldades e batalhou incansavelmentepara que o filho realizasse seu maior sonho: estudar. Seu pai tocava violo,cantava e lia livros de histrias infantis para embalar o sono do menino.

    E foi do pai que Paulo recebeu os primeiros ensinamentos dos valoresmorais e convices ticas e polticas que orientaram sua vida. O garoto

    Cronologia

    1921

    Paulo Reglus Neves Freirenasce em Recife.

    1937

    Ingressa no Colgio OswaldoCruz de Recife.

    1947

    Forma-se bacharel em direito.

    1954

    Comea a trabalhar no Seside Pernambuco.

    1960

    Obtm o ttulo de doutor emfilosofia e histria da educao.

    1963

    Criao do mtodo PauloFreire.

    1964

    Parte para o exlio aps o golpemilitar.

    1980Volta para o Brasil. Torna-se pro-fessor da PUC-SP e da Unicamp.

    1989

    Assume a Secretaria da Educa-o da cidade de So Paulo.

    1992

    Fundao do Instituto PauloFreire (IPF) em So Paulo.

    1997

    Morre na cidade de So Paulo.

    O educadorem 1988,quando suaPedagogia dooprimido jera umareferncia paradocentes domundo inteiro

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    BIOGRAFIA

    habituou-se a ouvir e a respeitar as

    opinies dos outros desde jovem.Presenciou em sua prpria famliaa prtica da tolerncia e do respeitoreligioso. Seu pai era adepto do espi-ritismo kardecista, enquanto a mee os irmos eram catlicos.

    Com a quebra da Bolsa de Valoresde Nova York, em 1929, a crise econ-mica mundial atingiu a famlia Freire.Seu pai hipotecou a casa em Recife.Em abril de 1932, Paulo mudou-secom a famlia para Jaboato dos Gua-rarapes, uma pequena cidade a 18 kmda capital pernambucana. A famliateve muita dificuldade para aceitar adecadncia social e financeira, que osobrigou a trocar uma casa com jardime quintal com pssaros e rvores fru-tferas em Recife por uma residnciasimples em Jaboato dos Guararapes.

    Dois anos depois da mudana,Paulo teve de enfrentar outra tragdia:a morte do pai, em 1934, quando ti-nha apenas 13 anos. Desse momentoem diante, sua adolescncia foi mar-cada por muita dificuldade e pobreza.Paulo conheceu a fome real. A neces-sidade o fez invadir quintais alheios epegar frutas para se alimentar.

    As condies desfavorveis, noentanto, no diminuram seu desejode estudar. E a vida em Jaboato

    dos Guararapes no foi apenas detristeza e desgraa. Ele se divertianas peladas de futebol e aprendeu anadar no rio Jaboato, a assobiar e acantar, a dialogar na roda de amigos,a namorar e a valorizar ainda mais oestudo e o conhecimento. Eu achoque uma das coisas melhores queeu tenho feito na minha vida, me-lhor do que os livros que eu escrevi,foi no deixar morrer o menino que

    eu no pude ser e o menino que eufui, em mim, afirmou o educador jadulto, em um depoimento registra-do no livro Convite leitura de PauloFreire, de Moacir Gadotti.

    Sua me ensinou-lhe as primei-ras palavras utilizando gravetos sombra das mangueiras no cho doquintal da sua casa em Recife. Assim,o menino comeou a ler o mundo sua volta. Mais tarde, essa forma deaprendizado teria grande influnciana criao do mtodo Paulo Freire.

    J alfabetizado, aos 6 anos, eleentrou para a escola particular deEunice Vasconcelos, sua primeira pro-fessora, a quem ele sempre chamoude professorinha. Foi com Euniceque ele aprendeu a escrever no pa-pel quantas palavras pudesse paradepois discutir o significado de cadaexpresso. Fui criando naturalmenteuma intimidade e um gosto com asocorrncias da lngua os verbos,seus modos, seus tempos... A profes-

    sorinha s intervinha quando eu mevia em dificuldade, mas nunca tevea preocupao de me fazer decorarregras gramaticais, declarou o edu-cador em uma entrevista revistaNova Escola, em dezembro de 1994.

    Em 1937, aos 16 anos, Paulo ingres-sou no ensino secundrio do ColgioOswaldo Cruz, uma conceituadainstituio de ensino de Recife. Eles conseguiu frequentar um colgioparticular graas peregrinao desua me pelas escolas da cidade embusca de uma bolsa de estudo para ofilho. O elevado padro de qualidadedo colgio foi fundamental para oseu desenvolvimento intelectual ehumanista. Finalmente ela encontrouo Colgio Oswaldo Cruz, e o donodesse colgio, Aluzio Arajo, que foraantes seminarista, casado com uma se-nhora extraordinria, a quem eu queroum imenso bem, resolveu atender opedido de minha me. Eu me lembroque ela chegou em casa radiante edisse Olha, a nica exigncia que o dr.Aluzio fez que fosse estudioso, lem-braria o professor em uma entrevista

    concedida revistaEnsaio

    em 1985.Por sua dedicao aos estudos,por sua capacidade de aprender e

    Aula dealfabetizaode adultos no

    Brasil em 1984:o mtodo

    desenvolvidopor Freire na

    dcada de 1960se tornou um

    modelo

    nessa rea

    m.

    Soler-roca/UNeSco

    Acho que uma das coisas melhores queeu tenho feito na minha vida foi no

    deixar morrer em mim o menino que fui

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    poucos, na prtica social de quetomamos parte. No nasci professorou marcado para s-lo, embora mi-nha infncia e adolescncia tenhamestado sempre cheias de sonhosem que rara vez me vi encarnando afigura que no a de professor.

    Aos 22 anos, Paulo Freire ingres-sou na Faculdade de Direito do Recife.O curso era a nica possibilidade narea das cincias humanas, por issono foi bem uma escolha, mas a ni-ca opo para fortalecer a formaohumanstica que recebera no ColgioOswaldo Cruz. Na verdade, ele queriafazer um curso superior de formao

    de professores para o secundrio,mas naquele tempo isso s era pos-svel na cidade do Rio de Janeiro.

    Nessa poca Paulo conheceu aprofessora primria Elza Maia CostaOliveira, com quem se casou, em1944, e teve cinco filhos Maria Ma-dalena, Maria Cristina, Maria de Ftima,Joaquim e Lutgardes. J formadoem direito, voltou a lecionar lnguaportuguesa no Colgio Oswaldo Cruz.

    Em 1947, Paulo Freire assumiu ocargo de diretor do setor de educa-o e cultura do Servio Social daIndstria (Sesi) de Recife, entidadepara a qual trabalhou at 1964. Foil que ele entrou em contato com aeducao de adultos trabalhadorese aprofundou seus estudos sobre asrelaes entre alunos, professorese pais. Essas experincias lhe per-mitiram conhecer mais de perto arealidade da classe trabalhadora eas peculiaridades de sua linguagem.

    A partir desses estudos, educarpara Paulo Freire ganhou outradimenso: tratava-se de discutir

    as condies materiais de vida dotrabalhador comum. Ele comeouento a estudar a linguagem dopovo e a desenvolver trabalhos re-lacionados educao popular. Suaatuao nessa rea o levou a realizara pesquisa que resultou em suatese de doutoramento em filosofiae histria da educao. O trabalho,intitulado Educao e atualidadebrasileira, foi defendido em 1959.

    de respeitar as pessoas, Paulo Freirefoi convidado a se tornar professorde lngua portuguesa do ColgioOswaldo Cruz em 1941, permanecen-do no cargo at 1947. Era a realizaode um sonho, sobre o qual ele mes-mo escreveria mais tarde: Ningumnasce feito. Vamos nos fazendo aos

    O professorpernambucan( esq.)conversa com presidente JoGoulart ( dir.)em fevereirode 1964. Doismeses depois,sua experinci frente doPrograma

    Nacional deAlfabetizaoseria abortadapelo golpemilitar

    a

    gNciaeSTado

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    compreender-me e a compreend-lo melhor, diria ele mais tarde emuma conversa com Frei Betto citadapor Moacir Gadotti no livro PauloFreire: uma biobibliografia.

    Em 1971, junto com outros bra-sileiros exilados, Paulo Freire criou

    o Instituto de Ao Cultural (Idac)para prestar servios educacionaisa naes do Terceiro Mundo, prin-cipalmente aos pases africanos sob

    jugo portugus que lutavam pelaindependncia. Entre 1975 e 1980, elee sua equipe desenvolveram progra-mas nacionais de alfabetizao e edu-cao popular em Guin-Bissau, So

    Tom e Prncipe, Cabo Verde e Ango-la. O Idac realizou atividades poltico-educativas tambm na Austrlia, Itlia,Nicargua, ilhas Fiji, ndia e Tanznia.

    o reTorNo ao BraSil Finalmente,depois de 16 anos no exterior, PauloFreire voltou ao Brasil em junho de1980. Foi um momento histricopara a educao brasileira: aos 57anos, ele desembarcou no aeropor-to de Viracopos, em Campinas, SoPaulo. Dezesseis anos de ausnciaexigem uma aprendizagem e umamaior intimidade com o Brasil dehoje. Vim para reaprender o Brasil,declarou ao chegar.

    Seu desejo era voltar para suaterra natal, Recife, mas devido s res-tries ainda impostas pelos militaresfixou residncia em So Paulo. Logofoi convidado a lecionar na Facul-dade de Educao da Universidade

    Estadual de Campinas (Unicamp) eno Programa de Estudos Ps-Gra-duados em Educao (superviso ecurrculo) da Pontifcia UniversidadeCatlica de So Paulo (PUC-SP).

    Em So Paulo, Paulo Freireparticipou da fundao do Vereda Centro de Estudos em Educao,instituio dedicada ao desenvolvi-mento de pesquisas e formaode professores envolvidos com

    De 1952 at 1964, Paulo Freiredesenvolveu uma intensa atividadena Universidade de Recife como li-vre-docente da Faculdade de Belas-Artes e professor assistente de ensi-no superior de filosofia na Faculdadede Filosofia, Cincias e Letras, alm

    de criar o servio de extenso cul-tural da instituio.

    No incio da dcada de 1960,ele comeou a construir aquilo queficaria conhecido como mtodoPaulo Freire em decorrncia de seuengajamento no Movimento deCultura Popular (MCP) em Recife e daparticipao na campanha De p nocho tambm se aprende a ler e naCampanha de Alfabetizao de An-gicos, ambas no Rio Grande do Norte.

    Na Campanha de Alfabetizaode Angicos, em 1963, Paulo Freiredesenvolveu um mtodo peda-ggico inovador, que ensinava oscamponeses a ler partindo daexperincia concreta de vida deles,despertando-os para a luta pelacidadania e por transformaessociais. Entre os meses de janeiro emaro daquele ano, 300 trabalhado-res rurais foram alfabetizados graasao mtodo Paulo Freire.

    O xito em Angicos levou PauloFreire a coordenar o Programa Na-

    cional de Alfabetizao (PNA) dogoverno Joo Goulart, que pretendiaalfabetizar 5 milhes de adultos em20 mil crculos de cultura. A experin-cia, no entanto, seria abortada pelogolpe militar de 31 de maro de 1964.

    O Programa Nacional de Alfa-betizao foi extinto, e Paulo Freire,preso duas vezes. A embaixada daBolvia foi a nica que o aceitoucomo refugiado poltico. Em se-tembro de 1964, o educador partiupara um exlio de 16 anos. Duranteesse perodo, morou na Bolvia, noChile, nos Estados Unidos, na Suae em alguns pases da frica antesde voltar ao Brasil em 1980.

    Paulo Freire viveu no Chile entre1964 e 1969, onde escreveu seu livromais importante, Pedagogia do opri-mido, publicado no Brasil apenas em1974. Em seguida foi para os EstadosUnidos, onde lecionou na Universi-dade Harvard por dez meses. Em1970, trabalhou como consultordo Departamento de Educao doConselho Mundial das Igrejas, emGenebra, na Sua. A atuao noConselho Mundial deu projeomundial ao seu pensamento. Paramim, o exlio foi profundamentepedaggico. Quando, exilado, to-mei distncia do Brasil, comecei a

    Paulo Freirerecebe o ttulo

    de cidadopaulistano

    das mos daprefeita LuizaErundina, que

    o nomeousecretrio daEducao de

    So Pauloem 1989

    l

    iacoSTacarvalho/FolhapreSS

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    educao popular, e de diversosmovimentos populares pela demo-cratizao do Brasil.

    Em 1986, sua esposa, Elza, mor-reu aps 40 anos de convvio, fatoque o deixou muito abalado. Aalegria de viver ressurgiu, porm,quando uma ex-aluna do ColgioOswaldo Cruz de Recife reapareceucomo sua aluna-orientanda no cur-so de mestrado da PUC. Seu nomeera Ana Maria Arajo, e ela era filhade Aluzio Arajo, proprietrio doColgio Oswaldo Cruz. Casaram-seem maro de 1988.

    O matrimnio foi seguido poruma nova alegria: em janeiro de1989, o educador viu a candidata doPartido dos Trabalhadores (PT), do

    qual foi um dos fundadores, venceras eleies para a prefeitura de SoPaulo. Ao assumir o cargo, Luiza Erun-dina logo anunciou o nome de seusecretrio da Educao: Paulo Freire.

    frente da pasta, ele reformouescolas, estruturou os colegiados,reformulou os currculos escolares,capacitou professores, revitalizouos conselhos escolares e os grmiosestudantis e criou o Movimento

    de Alfabetizao da Cidade deSo Paulo (Mova-SP) para jovens eadultos, em parceria com os movi-mentos populares.

    Conforme havia planejado, PauloFreire afastou-se da Secretaria daEducao em 1991 e retomou suasatividades como docente da PUC-SPe escritor. No ano seguinte publicououtro importante livro, Pedagogiada esperana Um reencontro com a

    pedagogia do oprimido. Finalmente,em 2 de maio de 1997, um infartolevou um dos mais importantes pro-tagonistas da histria da educao noBrasil. Seu legado, porm, continuavivo: uma proposta de educaolibertadora, baseada na conscienti-zao, no dilogo e na humanizao,

    que segue sendo uma refernciafundamental na formao do pensa-mento educacional e social brasileiro.

    E esse personagem excepcionalest prestes a receber mais umahomenagem. No dia 19 de setembrode 2011 o educador completaria 90anos e recentemente ele voltou a serassunto na Cmara dos Deputados.Em 19 de maio deste ano foi aprovadoum Projeto de Lei apresentado porLuiza Erundina, que declara PauloFreire Patrono da Educao Brasileira.Agora falta apenas a aprovao doSenado para que a medida seja san-cionada pela presidenta da Repblica.Em algum lugar, o professor deveestar se lembrando daquela gostosapergunta de Edney Silvestre.

    MARTINO CONDINI graduado em histriapela Universidade da Cidade de So Paulo (Unicid).Mestre em cincias da religio e doutor em educa-o-currculo pela Pontifcia Universidade Catlica

    de So Paulo (PUC-SP), autor dos livros DomHelder Camara: um modelo de esperana (2008) eHelder Camara, um nordestino cidado do mundo(2011), ambos publicados pela editora Paulus.

    PARA SABER MAIS

    Pedagogia do oprimido. Paulo Freire. Paz e Terra, 2011.

    Pedagogia da esperana Um reencontro com a pedagogia do oprimido. Paulo Freire. Paz e Terra, 2006.

    Paulo Freire Uma histria de vida. Ana Maria Arajo Freire. Villa das Letras, 2006.

    Paulo Freire Uma biobibliografia. Moacir Gadotti. Cortez, 1996.

    Convite leitura de Paulo Freire. Moacir Gadotti. Scipione, 1991.

    Momentohistrico: oeducador recebido poramigos noaeroporto deViracopos em

    junho de 1980Depois de 16anos de exlioele estava de

    volta ao Brasil

    NairBeNedicTo/NimageNS