história - pré-vestibular impacto - grécia - atenas 01

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Page 1: História - Pré-Vestibular Impacto - Grécia - Atenas 01

GE090409 – PE (M/T) / SF (M/T/N) / AC (M/T)

GRÉCIA – ATENAS 01

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

PROFº: PANTOJA / MARQUES

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

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Sabemos conciliar o gosto pelo belo com a simplicidade e o gosto pelos estudos com energia. Usamos a riqueza para a ação e não para a vã ostentação de palavras. Entre nós, não é vergonhoso reconhecer a pobreza; é-o, bem mais, não tentar evitá-la. Os mesmos homens podem dedicar-se a seus particulares e aos do Estado; simples artesãos podem ter bastante compreensão das questões de política. Não consideramos o homem ocioso, senão somente aquele que é inútil. É por conta própria que decidimos nossos negócios e fazemos os cálculos exatos. Para nós, não é a palavra que é nociva à ação, mas o não se informar pela palavra antes de se lançar à ação“.

PÉRICLES. Citado por: MOSSÉ, Claude. “Atenas: A História de uma Democracia”. Brasília: UNB, 1997, p.11.

V - ATENAS

5.1 O PERÍODO ARISTOCRÁTICO

A) CONSIDERAÇÕES INICIAIS: O primeiro momento da história política de Atenas desenvolveu-se concomitante ao início da pólis, era uma espécie de monarquia onde o poder estava nas mãos de um Basileu, função que provavelmente teria surgido a partir da evolução das atribuições que competiam ao Páter gentílico. Com o fortalecimento dos eupátridas1 percebemos uma crescente contestação aos poderes do Basileu, as pressões sofridas pelo soberano fizeram com que este lentamente perdesse força em benefício dos grandes proprietários de terras atenienses. Tal fato marcaria o início do período aristocrático, que iremos estudar neste primeiro tópico.

B) ORGANIZAÇÃO SOCIAL: A sociedade ateniense era constituída na fase aristocrática pelos seguintes grupos, basicamente:

EUPÁTRIDAS: Donos das grandes propriedades de terra em Atenas constituíam a “aristocracia de nascimento”, eram os únicos a possuir o título de cidadãos atenienses durante este período, podendo ocupar cargos públicos e tendo os direitos civis assegurados.

GEORGÓIS: Pequenos proprietários de terra, não possuíam direitos civis, não sendo, portanto, considerados cidadãos.

THETAS: A imensa camada de homens livres expropriados, sujeitos à escravização por endividamento.

Ao longo do desenvolvimento histórico de Atenas, novas camadas sociais foram ocupando posições de destaque em seu cotidiano, especialmente a partir da colonização – que estudaremos adiante -, dentre os novos personagens destacamos:

11 Aristocratas de origem gentílica. Detentores das melhores terras de

Atenas.

DEMIURGOS: De origens diversas – e controversas –, seriam os comerciantes e artesãos atenienses, compondo a princípio um segmento intermediário.

METECOS: Denominação dada aos estrangeiros que habitavam na cidade. Convém recordar que a idéia de forasteiro entre os gregos está relacionada com qualquer indivíduo oriundo do exterior da cidade, fosse grego ou não.

ESCRAVOS: Eram inicialmente poucos, mas acabaram crescendo em número e importância dentro desta sociedade. Estudaremos o tema mais detalhadamente em um tópico posterior.

C) ORGANIZAÇÃO POLÍTICA: A origem era o fator decisivo para a definição de direitos na Atenas aristocrática, fato que, conforme já dissemos, beneficiava apenas os eupátridas que detinham o controle de todos os órgãos políticos.

ARCONTADO: Com o declínio da autoridade do Basileu, seus poderes foram fracionados entre nove arcontes que seriam eleitos anualmente.

AREÓPAGO: Conselho formado com a finalidade de indicar os arcontes e fiscalizar as suas atividades.

D) A COLONIZAÇÃO ATENIENSE: O que se convencionou chamar de colonização entre os gregos também pode ser entendido como uma 2ª diáspora. Tendo em vista que a ruína do sistema gentílica expôs toda a fragilidade do território grego, no que diz respeito ao desenvolvimento da produção da terra, os anos que se seguiram foram marcados por uma verdadeira crise agrária que só poderia ser resolvida a partir da expansão dos domínios das principais cidades para outros pontos do Egeu e do Mediterrâneo. O estabelecimento das colônias em outros pontos do mundo antigo foi de uma importância tremenda para a história ateniense, pois favoreceu uma série de transformações expressas em diversos níveis. No plano econômico, houve um certo alívio na questão do

RUÍNAS DA ACRÓPOLE DE ATENAS

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FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!

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abastecimento de gêneros agrícolas, um comércio intenso foi desenvolvido com as colônias e outros centros, ampliando assim o contato entre Atenas e as sociedades do Mar Mediterrâneo. No plano cultural tivemos um notável incremento, impulsionado a partir do intercâmbio com as regiões conquistadas e com aquelas que Atenas mantinha relações comerciais, tal fato transformou esta cidade numa referência obrigatória em termos de produção intelectual. O incremento do comércio ainda favoreceria os demiurgos, que de meros coadjuvantes se transformaram em co-protagonistas da vida econômica de Atenas. Gradualmente, o enriquecimento dos comerciantes funcionaria como um estímulo para que passassem a reivindicar uma participação política igual a dos eupátridas. O aumento do número de escravos foi outra importante conseqüência da colonização. A expansão foi muitas vezes imposta e desta maneira, acabou fornecendo inúmeros prisioneiros de guerra. O aumento do fluxo de escravos dificultava o aproveitamento da mão-de-obra livre, forçando os thetas a contrair dívidas junto aos cidadãos, de modo que não conseguindo quitar seus empréstimos acabavam escravizados. Os georgóis também foram vitimados por esta situação.

VISÃO INTERIOR DAS RUÍNAS DA ACROPOLE ATENIENSE

E) AS LUTAS SOCIAIS: É impossível negar que as mudanças geradas pela colonização ateniense provocaram em demiurgos, georgóis e thetas, cada qual por um fator específico, um anseio por transformações de ordem política, social e jurídica. Este panorama daria início a um período de confrontações que acabaria provocando mudanças. No século VII a.C., Atenas já estava completamente envolvida nestes conflitos, demonstrando um período de grande instabilidade. Para uma melhor visualização, observe o quadro abaixo:

DENOMINAÇÃO PARTIDÁRIA

CAMADA SOCIAL

POSICIONAMENTO

Pediano Habitantes do Pédium (planície fértil)

Eupátridas

Conservadores: Buscavam manter o monopólio da cidadania ateniense.

Paraliano: Habitantes da Parália (litoral)

Demiurgos

Moderados: Buscavam a equiparação política com os eupátridas.

Diacriano: Habitantes da Diacria (Montanhas)

Georgóis e tetas

Radicais: exigiam reformas amplas de ordem política e econômica.

5.2 OS REFORMADORES ATENIENSES

O ambiente das lutas sociais em Atenas acabou por forçar os eupátridas a permitir algumas reformas que promoveriam mudanças internas a partir de propostas elaboradas pelos legisladores, dentre os quais destacamos as duas mais importantes:

A) A REFORMA DE DRÁCON (621 a.C.): Nos últimos anos do século VII a.C., o legislador Drácon estabeleceu a primeira tentativa de instituir um direito comum a todos, até aquele momento as leis em Atenas ainda assumiam um caráter consuetudinário – baseadas nas tradições orais, passando a ser escritas o que possibilitaria o acesso de toda a população ao conhecimento do código. As leis de Drácon foram uma conquista limitada, uma vez que os privilégios dos eupátridas permaneceram inalterados.

B) AS REFORMAS DE SÓLON (594 a.C.): Sólon foi eleito arconte em 594 a.C., era um aristocrata que desde muito cedo se envolvera com as atividades de comércio e as viagens ao exterior, ficando assim afastado dos eupátridas e bem mais próximo aos demiurgos. Preocupado com as agitações sociais promovidas por georgóis e tetas, insatisfeitos com o conservadorismo do código de Drácon. Sólon viria a proclamar a abolição da escravidão por dívidas, fato que jamais voltaria a se repetir em Atenas segundo a historiadora Claude Mossé. As leis de Sólon foram além da reforma sobre o endividamento nos campos, o legislador também teria alterado o conceito de cidadania baseado na origem, característica da Atenas aristocrática, passando a adotar uma nova divisão social baseada nos rendimentos anuais de cada indivíduo, esta nova ordem seria conhecida como Timocracia (governo dos ricos), onde os demiurgos seriam os grandes beneficiados ao se igualarem politicamente aos eupátridas.