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1 História Oral, ética e política: um debate necessário. BLUME, L.H.S. História Oral, Ética e política: um debate necessário 1 Luiz Henrique dos Santos Blume 2 Este artigo pretende apresentar alguns questionamentos e indagações em pesquisas com fontes orais. Desde 2004 venho lidando com narrativas orais, especialmente de pescadores artesanais e marisqueiras. Dentre estes, alguns pescadores que são lideranças das colônias de pescadores Z-34, Z-19, Z-62, e também mulheres que aprenderam as artes da pesca com seus maridos, vizinhas, familiares. Este diálogo com os pescadores e marisqueiras de Ilhéus insere-se numa perspectiva de construir outras histórias, buscando nas muitas memórias de sujeitos sociais excluídos da região de Ilhéus e Itabuna outras perspectivas historiográficas na região sul da Bahia. No entanto, isto não tem sido fácil, pois além das lutas para considerar experiências de homens e mulheres pobres na sua luta cotidiana pela sobrevivência, é preciso ainda enfrentar resistências no interior da universidade, onde vários campos de luta política e acadêmica tem se colocado contrários à presença física, política, ou mesmo de forma a não dar visibilidade às experiências desses sujeitos. Dessa forma, tem sido preciso justificar e defender pesquisas com fontes orais, que se diferenciam de padrões, normas e pressupostos técnico-científicos no interior da universidade. Estas dificuldades de diálogo deram-se, seja pela incompreensão da viabilidade “científica” dessas fontes, seja pelos preconceitos arraigados na universidade, seja por posições políticas institucionalizadas que deixam de fora dos saberes acadêmicos o cotidiano e o conhecimento das pessoas comuns. Para alguns estreitos nichos de produção científica, tais sujeitos poderiam fornecer apenas informações aos pesquisadores acadêmicos. Dificuldades em transitar pelas instâncias e comissões internas de avaliação da UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz, na qual sou professor e pesquisador, serviram para formular um questionamento mais intenso e complexo acerca das dimensões éticas, políticas, acadêmicas e institucionais das relações entre a pesquisa realizada por historiadores que lidam com fontes orais, 1 Este texto foi escrito inicialmente como parte de alguns apontamentos para servir como provocação para uma apresentação ao ST proposto por mim e pelo prof. Dr. Leno José Barata Souza, que por motivos particulares não poderá comparecer ao simpósio. Agradeço-lhe gentilmente as contribuições e correções no texto.

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História Oral, ética e política: um debate necessário. BLUME, L.H.S.

História Oral, Ética e política: um debate necessário1

Luiz Henrique dos Santos Blume2

Este artigo pretende apresentar alguns questionamentos e indagações em pesquisas com

fontes orais. Desde 2004 venho lidando com narrativas orais, especialmente de pescadores

artesanais e marisqueiras. Dentre estes, alguns pescadores que são lideranças das colônias de

pescadores Z-34, Z-19, Z-62, e também mulheres que aprenderam as artes da pesca com seus

maridos, vizinhas, familiares.

Este diálogo com os pescadores e marisqueiras de Ilhéus insere-se numa perspectiva de

construir outras histórias, buscando nas muitas memórias de sujeitos sociais excluídos da região de

Ilhéus e Itabuna outras perspectivas historiográficas na região sul da Bahia.

No entanto, isto não tem sido fácil, pois além das lutas para considerar experiências de

homens e mulheres pobres na sua luta cotidiana pela sobrevivência, é preciso ainda enfrentar

resistências no interior da universidade, onde vários campos de luta política e acadêmica tem se

colocado contrários à presença física, política, ou mesmo de forma a não dar visibilidade às

experiências desses sujeitos. Dessa forma, tem sido preciso justificar e defender pesquisas com

fontes orais, que se diferenciam de padrões, normas e pressupostos técnico-científicos no interior da

universidade.

Estas dificuldades de diálogo deram-se, seja pela incompreensão da viabilidade “científica”

dessas fontes, seja pelos preconceitos arraigados na universidade, seja por posições políticas

institucionalizadas que deixam de fora dos saberes acadêmicos o cotidiano e o conhecimento das

pessoas comuns. Para alguns estreitos nichos de produção científica, tais sujeitos poderiam fornecer

apenas informações aos pesquisadores acadêmicos.

Dificuldades em transitar pelas instâncias e comissões internas de avaliação da UESC -

Universidade Estadual de Santa Cruz, na qual sou professor e pesquisador, serviram para formular

um questionamento mais intenso e complexo acerca das dimensões éticas, políticas, acadêmicas e

institucionais das relações entre a pesquisa realizada por historiadores que lidam com fontes orais,

1 Este texto foi escrito inicialmente como parte de alguns apontamentos para servir como provocação para uma

apresentação ao ST proposto por mim e pelo prof. Dr. Leno José Barata Souza, que por motivos particulares não

poderá comparecer ao simpósio. Agradeço-lhe gentilmente as contribuições e correções no texto.

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História Oral, ética e política: um debate necessário. BLUME, L.H.S.

especialmente com grupos e populações tradicionais, populares, e as perspectivas hegemônicas de

ciência e produção de conhecimento na universidade.

É preciso fazer este debate, articulando-se às recentes discussões envolvendo associações de

pesquisadores das diversas áreas afins às ciências humanas e sociais e a CONEP, que resultaram na

elaboração de minuta de resolução contemplando, ainda que minimamente e parcialmente, as

discussões realizadas pelas entidades que compõem o Fórum das Ciências Humanas e Sociais.

Assim, trago muito mais apontamentos de minha experiência enquanto pesquisador com

fontes orais – entrevistas, na busca de um sentido ético-político para as pesquisas que envolvam a

metodologia da História Oral e os sujeitos com os quais dialogamos, postulando finalmente, a

História Oral também como um exercício de alteridade e de igualdade. Por fim, pretendo tecer

algumas reflexões a partir da experiência de organizar um acervo de fontes orais como parte de um

projeto de iniciação ao ensino no curso de Licenciatura em História da UESC.

O lugar social da pesquisa: de onde falo

Entendo que é importante situar de qual perspectiva de história oral partem minhas

preocupações. Além de ser um método e uma técnica de investigação em ciências humanas e

sociais, entendo que a história oral é também um lugar de militância política e acadêmica, uma

forma de repensar os postulados de uma História “radical”, tratando-a

“como una práctica que cuestiona los fundamentos de la disciplina, a la vez que abre caminos

convergentes entre investigación y activismo político.” [POZZI & NECOECHEA, 2008, p. 01]

Em pesquisa anterior (BLUME, 2011)3, trouxe como problemas iniciais os modos de vida e

trabalho de pescadores artesanais e os impactos nesta modalidade de pesca, com as novas formas de

organização da pesca e dos mercados de abastecimento em Ilhéus. Desde as primeiras conversas

com pescadores e marisqueiras em Ilhéus, seguidas de leituras e discussões, algumas possibilidades

de análise surgiram com os avanços e recuos concernentes ao processo de construção das

problemáticas da pesquisa.

2 Doutor em História Social. Professor Adjunto “B” na UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz. 3 Trabalho realizado como parte da pesquisa para a elaboração da tese de Doutorado em História “Viver de tudo que tem

na maré”: tradições, memórias e vivências de marisqueiras em Ilhéus, BA, 1960-2008, apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em História da PUCSP em 25.07.2011.

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Ao lidar com narrativas orais, movido por um interesse que revela também uma experiência,

ainda que de segunda mão, através das histórias de minha família de pescadores, minhas memórias

podem também revelar desejos, que são possíveis apenas na forma de sonhos e utopias. Esta forma

de perceber a memória como reativação e experimentação dos sonhos de criança, que só são

possíveis na memória, trouxe-me às zonas cinzentas da minha experiência familiar. Ao revisitar

estas zonas, em choque com as realidades atuais, o desejo não realizado na infância, da permanência

de minha família na comunidade da Caçandoca, zona rural do município de Ubatuba, litoral norte

de São Paulo, levou-me até às histórias das marisqueiras e pescadores, em Ilhéus.

Assim, este diálogo se fez num tenso e às vezes contraditório sentido de historiador que, ao

ouvir as narrativas das marisqueiras e pescadores, em Ilhéus, reporta-se à infância. Hoje, revisito as

minhas memórias, nas histórias de família, projetando imagens de sonhos ucrônicos de uma

comunidade de pescadores presentes nas minhas lembranças pessoais. Este fato, que poderia levar-

me à acusação de “psicologismo”, poderia ser, de outra forma, uma motivação originária para a

elaboração desta investigação.

Dessa forma, revisitando as minhas lembranças pessoais e familiares, em diálogo com as

narrativas orais de pescadores artesanais, penso em trazer ao debate as permanências e mudanças

nos modos de vida de pescadores artesanais de Ilhéus, atravessadas por conflitos e vivências do/no

presente; na luta por espaços e lugares nos mercados de abastecimento de Ilhéus: feiras, ruas; nas

políticas públicas destinadas à pesca e, em especial, na pesca artesanal.

Estas reminiscências trazem logo de início um debate sobre a questão da intersubjetividade

no lidar com fontes e narrativas orais. Qual é o limite tênue entre autobiografia e as memórias

narradas por sujeitos na pesquisa? Para problematizar tais questões, trago algumas reflexões de

Luísa Passerini. A autora apresenta alguns significados da intersubjetividade. O primeiro é

responder à pergunta “quem são os sujeitos da História, e como se explicita sua capacidade de

decisão?” (PASSERINI, 2006, p. 04). Outra questão é buscar o que chama de “terceira área de

significados de subjetividade”, qual seja, a subjetividade dos historiadores e da intersubjetividade.

Conforme a autora, a partir das reflexões da teoria feminista, os pesquisadores “vem explorando e

avaliando as relações entre os sujeitos, no sentido da contribuição do sujeito individual, e no sentido

da fundação do pacto social”. (PASSERINI, op. Cit.)

Ao problematizar a construção da fonte oral, atravessada por relações entre sujeitos, a autora

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traz o tema da intersubjetividade sem cair num esquema puramente idealista ou psicologizante.

Neste caso em questão, este conceito serve para situar a minha relação enquanto pesquisador com

os narradores, e os narradores e aquilo que me contam:

“A fundação da memória oral reside, precisamente, no fato de que a investigação assume um tecido

de narrações preexistentes à entrevista como expressão de uma intersubjetividade a despeito da qual,

os investigadores devem encontrar um modo de concordar e de registrá-la.”[ PASSERINI: 2006, p

14]

Além disso, trata-se de perceber de que forma estes pré-textos ganham forma e organizam

sentidos, no diálogo entre pesquisador e entrevistados, no momento da entrevista, lugar de encontro

de sujeitos posicionados, mediados por relações de classe, etnia, gênero e outras. Tais narrativas

constroem significados e sentidos ao mesmo tempo em que se estabelecem, entre entrevistador e

entrevistado, pesquisador e narradores, relações de confiança, ética, buscando transitar para além

dos limites colocados por uma tradição historiográfica que ainda se pauta na relação objetividade-

subjetividade, almejando a transposição de tais limites através do estabelecimento da co-autoria.

Ao trabalhar as narrativas, estamos lidando com processos reais, com sujeitos, homens e

mulheres, pescadores artesanais e marisqueiras, que estão disputando mercados, mantendo os

modos de vida e trabalho nas artes da pesca artesanal em Ilhéus. Dessa forma, a luta de classes não

fica ausente da explicação histórica. Estes processos reais se tornam visíveis, quando diferentes

tradições e gerações de pescadores se posicionam, no presente, ao narrar suas dificuldades atuais, ao

mesmo tempo em que defendem a manutenção dessas tradições das artes da pesca. Projetam futuros

possíveis, com mais qualidade de vida, apostando na organização da venda dos mariscos em grupo,

como no caso das marisqueiras do bairro Teotônio Vilela. Ou ainda, através da realização de

mutirões para a construção da sede da AMMA – Associação das Marisqueiras do Alto do Mambape,

ou então, procurando medir força com os pesquisadores da UESC, como foi o caso da marisqueira

Dulciene, conhecida como “Cica”, que no nosso primeiro encontro recusou-se a gravar uma

entrevista, embora tenha feito várias críticas às ações da colônia de pescadores, aos pesquisadores

da UESC, e outras observações importantes.

Nas narrativas desses pescadores, percebi embates pela manutenção de modos de viver e

trabalhar das artes da pesca que preservam saberes, práticas e locais de exploração como os

mangues e rios de Ilhéus. Estas artes da pesca tecem redes de organização e produção dos

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pescadores e marisqueiras, constituindo-se enquanto sujeitos de modos de vida e trabalho da pesca

artesanal, e ainda os situam nos embates cotidianos pela manutenção e reorganização destes modos

de vida. Pude perceber diferentes interesses nos grupos que articulam redes de apoio e lutam por

seus direitos, seja nas colônias de pescadores, seja nas associações de marisqueiras, ou nos embates

e disputas com órgãos governamentais e instituições acadêmicas que lidam com a pesca artesanal.

Dessa forma, os sujeitos lidam com a cultura nos processos de organização e preservação de

saberes. Ao mesmo tempo, constroem outras redes, fortalecem-se enquanto grupos, na venda,

exploração do pequeno mercado de mariscos na cidade. Na lida cotidiana pela sobrevivência, têm

embates com a própria categoria de pescadores artesanais, uma vez que percebem a escassez dos

ambientes naturais de coleta e cata dos mariscos. Constituem grupos que se articulam, procurando

inserir-se enquanto sujeitos nesta rede de interesses da pesca artesanal.

Assim, estas marisqueiras e pescadores artesanais, vivendo nas margens da cidade de Ilhéus,

nas áreas de mangue, beira dos rios, nas áreas de invasão do mar, tornam visíveis seus modos de

vida e trabalho. Estas artes da pesca estão presentes no processo de ocupação de mangues, na

exploração do ambiente natural, nos embates por visibilidade e espaços de representação. Tais

embates podem se dar no âmbito do Estado (colônias, cooperativas, federações, órgãos

governamentais como a BAHIAPESCA, SEAP, UESC) ou nas associações e organismos não

governamentais, tais como AMMA (Associação de Marisqueiras do Alto do Mambape), APESMAR

(Associação de Pescadores e Marisqueiras do São Miguel), CÁRITAS (órgão da Igreja Católica

Brasileira para a promoção de projetos sociais com grupos de populações de baixa renda) e CPP

(Conselho Pastoral dos Pescadores da Bahia).

Ao trazer para a narrativa certas queixas e reclamações, os pescadores e marisqueiras tornam

visíveis para outros interlocutores sua luta cotidiana pela manutenção de seus modos de vida e

cultura. Assim, as narrativas dos pescadores artesanais e das marisqueiras deverão ser entendidas

como construção de memória como direitos. Em outro sentido, é preciso perceber as transformações

pelas quais passa a cultura. Esses embates revelam tradições em disputa, indicando tendências para

a modernização das práticas de pesca, na direção de organizarem-se para o consumo e a produção

de mercadorias. De certo modo, os modos de vida e trabalho artesanais também procuram inserir-se

no mercado capitalista moderno, porém, sem perder a possibilidade de manter o controle e o

domínio desta produção e comercialização do pescado, alternando ritmos de vida e trabalho, na casa

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e no mangue, na praia e na feira.

Estas afirmações pressupõem que a pesquisa realizada em História Oral, na nossa

compreensão, deve ter a perspectiva de ir além do âmbito institucional, acadêmico, da objetividade

da pesquisa, mas, na intersubjetividade destas experiências, aprofundar e reavaliar posições

políticas dos intelectuais de esquerda dos anos 1970 e 1980, que tentaram em vão serem portadores

de um sentido para a História e para os movimentos sociais.

Dessa forma, as pesquisas que lidam com fontes orais procuram também ser um instrumento

para a formulação de um sentido ético-político para a História Oral, estabelecendo um diálogo com

os sujeitos e, dessa forma, contribuir para a construção da memória popular.

História Oral como um “experimento em igualdade”:

A perspectiva apresentada por Alessandro Portelli nos traz uma inquietação ética,

metodológica e política: fazer do lugar da entrevista, na História Oral, um experimento em

igualdade. Esta também tem sido a perspectiva apresentada nos estudos de História Social e de

história oral, em particular dos trabalhos de KHOURY (2006), PASSERINI (2006), PEIXOTO

(2013), PORTELLI (1997, 2010a, 2010b), SALVATICI (2006), SCHWARZSTEIN (2008).

Estes autores advogam a perspectiva da história oral enquanto um experimento em

igualdade, em que os sujeitos narradores e os sujeitos pesquisadores encontram um espaço de

diálogo e, a partir das diferenças, construam perspectivas de igualdade social. Neste sentido, não

cabe uma metodologia que engesse procedimentos metodológicos para a entrevista, representados

por roteiros pré-estabelecidos ou questionários estruturados em que se esperam determinadas

respostas às situações-problema para a tabulação de dados quantitativos e qualitativos.

De resto, como salienta Portelli (1996, 2010a, 2010b), o pesquisador não deve sair a campo

com uma “agenda” pré-estabelecida esperando apenas por corroborações junto aos narradores orais.

Pelo contrário, sem abrir mão do método, deve permanecer aberto ao insuspeito, ao “indizível” e ao

silêncio que possibilitam problematizações que atualizam as perspectivas de história social.

Assim, é preciso trazer elementos nestas pesquisas que busquem partir de uma perspectiva

ética e política de produzir um experimento em igualdade, incorporando com legitimidade as

dimensões históricas que os sujeitos-narradores trazem no momento da entrevista.

Então, as entrevistas com os sujeitos-narradores têm como ponto de partida as pesquisas já

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realizadas ou também o que chamamos de “entrevista de abertura” para construirmos roteiros de

entrevistas sem nos limitarmos e∕ou nos condicionarmos às orientações elaboradas.

Como na lição política que Portelli recebeu de mineiros negros do Kentucky, Estados

Unidos, quando a Sra. Cowans, mulher do pastor e ex-mineiro Cowans, afirmou: “sempre existe

uma barreira, não importa se parecerem gentis, não importa se falarem direito. Você sempre vai ser

negra. Sempre existe uma linha”. (2010a, p. 33-34).

Concordando com o autor, entendemos ainda que nós, historiadores orais, não somente

“estudamos” os “informantes”, mas “aprendemos com eles e permitiriam por sua vez serem

“estudados” de volta” (PORTELLI: 1996, p. 22).

A partir do diálogo inicial com alguns pescadores artesanais e marisqueiras, percebi uma

intrincada rede de relações sociais presentes na pesca artesanal em Ilhéus. De início, pretendia ter

como foco principal as organizações dos pescadores artesanais presentes na cidade, as colônias de

pescadores. Entre o momento que iniciei esta pesquisa, em julho de 2004, até 2011, outras formas

de organização e associação entre os pescadores artesanais e marisqueiras foram criadas.

Naquele início da pesquisa, a referência de organização dos pescadores artesanais era a

colônia de pescadores Z-34, do bairro do Malhado. A partir do contato e do diálogo com os

pescadores e marisqueiras, percebi que além das colônias de pescadores existentes em Ilhéus, as

marisqueiras hoje se organizam para poderem manter as suas atividades de marisqueiras e

pescadoras artesanais, atuando como suas representantes, seja no âmbito da comercialização dos

mariscos, seja como interlocutoras junto aos órgãos representativos do Estado, como o Ministério

da Pesca, BAHIAPESCA, CEPLAC, EBDA, universidades e outras entidades.

A criação de outras organizações de pescadores artesanais, tendo à frente as mulheres

marisqueiras, revela mudanças na relação entre os pescadores artesanais de Ilhéus. Nos diálogos

com estas marisqueiras e pescadores, percebi tensões e oposições dos sujeitos que apontam para

diferenças nas formas de organização e a procura de alternativas à representação tradicional dos

pescadores artesanais, através das colônias de pescadores.

Estas, geralmente lideradas por homens, têm se mantido durante décadas como as únicas

representações legais e institucionais dos pescadores artesanais. Porém, a partir da Constituição de

1988, as mulheres passaram a ter o direito de se “colonizarem”, para obterem os benefícios dos

pescadores artesanais. Em períodos anteriores, somente os homens, geralmente os maridos, eram

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“colonizados”, cabendo às mulheres e crianças o trabalho de auxiliares na pesca e produção dos

peixes.

Ao conversar com estas mulheres que praticavam a arte da pesca da mariscagem, percebi o

quanto este modelo patriarcal de organização familiar e de organização das colônias estava

mudando. Apesar das marisqueiras em geral afirmarem que aprenderam as artes da pesca com seus

maridos, outras já tinham experiências de lidar com a pesca artesanal. Porém, a sua participação na

pesca artesanal modificou-se, principalmente nestes últimos anos, e passaram então a assumirem a

condição de marisqueiras – pescadoras artesanais.

A pesquisa, que tinha, inicialmente, uma perspectiva de buscar dialogar com as lideranças

das colônias de pescadores e com pescadores artesanais, passou a ter como principais interlocutoras

as marisqueiras de Ilhéus. A partir das conversas4 que tive com Dona Júlia, Dona Tertulina, Dona

Eliúdes, Dulciene, Lúcia, Rosemeire, Maria Helena, pude perceber movimentos de mudança e de

resistência destas mulheres, ao defenderem o seu direito à aposentadoria, seguro-defeso,

organização de cooperativas, escolarização e, principalmente, ao trabalho como marisqueiras,

definindo-se como pescadoras, participantes ativas desse mundo do trabalho da pesca artesanal.

A partir desses diálogos, foi possível perceber outros elementos, que não estavam presentes

nos objetivos iniciais desta pesquisa: a luta pela sobrevivência empreendida por estas mulheres e

outros pescadores artesanais que narram suas dificuldades na pesca e mariscagem, mas fazem

questão de afirmar que a pesca e os mariscos lhes proporcionaram criar os filhos, auxiliando os

maridos ou mesmo assumindo a condição de “chefes de família”.

Depois de ter realizado as entrevistas, percebi o quanto a questão da sobrevivência e da luta

pelos modos de vida e trabalho tradicionais dos pescadores artesanais em Ilhéus fizeram-me

repensar as ideias iniciais sobre a pesca artesanal, pescadores e políticas públicas para a pesca. Mais

do que apresentar uma disputa entre “modernização” e “tradição”, as narrativas indicam tensões

4 Entrevistas realizadas com as marisqueiras: Maria Eliúdes Oliveira da SILVA (30.04.2007); Júlia Dias de CASTRO

(60 anos); Tertulina da Silva MOTA (59 anos); Maria Helena Castro dos SANTOS (32 anos), nos dias 12/11/2005 e

11.09.2008; Rosemeire Maria MARQUES (13.09.2008); Sônia Roseno dos SANTOS (36 anos); Jucélia Jesus de

SOUZA (30 anos); Maria Luciene Santos de SOUZA (Lúcia), (44 anos); Milena Santos PEREIRA (18 anos), em

17.09.2008. E ainda a entrevista realizada por Fabiana Andrade, com RODRIGUES, Antônio José (38 anos); SANTOS,

Dulciene Costa – “Cica” (42 anos), em 09.01.2009.

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entre os pescadores artesanais em Ilhéus, na indicação de caminhos e perspectivas de futuro para a

pesca artesanal.

A história oral radical acabou?

A História Oral, desde a “revolução dos paradigmas”, em fins dos anos 1970, vem sendo um

importante instrumento de renovação metodológica e teórica da História Social. Apesar de ainda

despertar entre os historiadores de formação mais tradicional grande desconfiança, a História Oral,

sobretudo por ter sido identificada com uma “história vista de baixo” e em muitos casos ainda não

obter o status de história acadêmica (PORTELLI, 2010b), tornou-se epistemologia importante para

as pesquisas em História Social que tomam como fontes históricas as narrativas orais. Conforme

KHOURY, avançamos muito nas pesquisas que lidam com fontes orais. No entanto, é preciso

entender que a entrevista é um encontro e não uma observação. Segundo a autora, “ainda estamos

longe de tornar visível o diálogo como trabalho e trabalho político, que cruza e atravessa

fronteiras sociais e culturais” (2006, p.43).

Outras experiências que procuraram aliar militância política com perspectivas de história

social “radical” também fazem parte de um escopo de praticantes de história ora. O historiador sul-

africano Sean Fiel, da Universidade do Cabo, trouxe importante contribuição do Centre for Popular

Memory, criado em 1997 na universidade, como uma das possibilidades de aliar uma perspectiva

socialmente crítica com o refinamento das investigações em história oral.

Em comunicação no X Congresso Internacional de História Oral, em 2010, em Praga, na

República Tcheca, questionou se uma perspectiva radical de História Oral teria chegado ao fim,

tornando-se uma história “respeitável” perante o universo acadêmico (FIELD, 2012).

Para o autor, os primeiros trabalhos de História Oral na África do Sul remontam à luta contra

o apartheid, regime segregacionista que existiu por quase 50 anos naquele país. A História Oral era

uma ferramenta acadêmica legítima para a luta contra o apartheid. No governo de Nelson Mandela

(1999-2004), criou-se a Comissão da Verdade e da Reparação, presidida pelo bispo anglicano e

militante histórico antiapartheid Desmond Tutu. Isto deu um novo impulso à História Oral e o valor

dos testemunhos por uma “nova história sul-africana”. Entre os anos 2000-2010, houve uma nova

retomada da História Oral, fora da academia. Ocorreram experiências no ensino de história em

escolas públicas e particulares, nas quais a disciplina História Oral passou a ser oferecida nos

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currículos escolares do Ensino Médio, que fazem histórias locais, de comunidades e grupos

populares. Atualmente na África do Sul existem Centros de Memória Popular que realizam este

trabalho com as escolas secundárias.

A expansão da História Oral como disciplina escolar e sua popularização trouxe alguns

problemas: como a História Oral pode se tornar refém de uma história nacionalista, visto que a

história da África do Sul pós-apartheid é uma história de glorificação do CNA e da luta anti-

apartheid. Como avançar nas problemáticas e continuar com uma história oral radical? A questão

hoje posta aos historiadores e pesquisadores que militam no campo da história oral é com quem

falamos?

Concordamos com o pesquisador Leno Barata Souza, para quem a história oral, enquanto

metodologia de investigação social avançou em pesquisas que buscam compreender melhor modos

de viver e de significar os espaços urbanos por parte de moradores e trabalhadores. Entrevistar

pessoas é um passo que se mostra tão importante como coletar fontes impressas, tendo em vista que

em vários momentos da investigação, apenas pelas narrativas orais conseguimos lançar novas

perspectivas sobre o cotidiano das classes populares, como as vivenciadas pelos moradores das

ribeiras e águas fluviais da cidade de Manaus (SOUZA, 2012).

Concluindo: experiências de “praticar” história oral: o Laboratório de História Oral no

CEDOC-UESC.

Em 2013 elaboramos um projeto de ensino que foi contemplado com o edital de propostas

de apoio ao ensino de graduação na UESC. O projeto apresentado Laboratório de História Oral:

ensino e pesquisa com fontes orais, parte do pressuposto de que ensinar a ensinar e a pesquisar não

são habilidades estanques, mas fazem parte de uma perspectiva de um ensino de História crítico,

pois entende que não há dicotomia entre ensino e pesquisa e, principalmente, sem fontes não há

pesquisa histórica.

Além disso, traz a perspectiva de trazer outras memórias, e com isso, quando as narrativas

orais problematizam a pesquisa histórica documental e trazem novos sujeitos para a História, é

possível construir muitas histórias. Conforme FONSECA & SILVA (2011) é preciso entender que os

professores da educação básica são sujeitos produtores de conhecimento histórico e, dessa maneira,

as fronteiras do mundo acadêmico e o cotidiano escolar estão em movimento dialético. É necessário

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História Oral, ética e política: um debate necessário. BLUME, L.H.S.

ouvir o professor de História, e fazer da experiência uma categoria central que possa superar e

quem sabe, aproveitando-se os conhecimentos históricos produzidos no cotidiano escolar, renovar-

se a prática e também as aulas de História na academia?

No entanto, os autores Silva e Fonseca alertam para a “mitificação” da prática, como se não

houvesse uma necessária práxis. É preciso não incorrer no erro da “mitificação da teoria”, espaço

reservado aos conhecimentos produzidos nos centros de pesquisa e universidades, e o “chão da

escola”, onde os professores apenas reproduziriam os conhecimentos e saberes “científicos”

apreendidos na universidade. Tal concepção descarta que a formação é um processo, “um percurso

formativo, de ensino e aprendizagem, desenvolve-se por meio de diferentes agentes e em diferentes

espaços educativos” (FONSECA & SILVA: 2011, p.25).

Dessa forma, é preciso não perder de vista que o princípio da natureza do trabalho docente é

a autonomia e a liberdade de exercício. Portanto, tomo as preocupações de FENELON para quem

não cabem mais “reformulações” e “propostas” salvadoras que excluam a participação dos

profissionais da educação básica e o principal sujeito do conhecimento: os estudantes. Conforme a

autora:

Se ao contrário, considerarmos que a História faz sentido como fonte de inspiração e de

compreensão, não apenas porque pode fornecer os meios de inter-relação com o passado, mas

também porque nos permite elaborar o ponto de vista crítico através do qual se pode ver o presente,

outras perspectivas de interesse pela história se abririam para todos nós profissionais e especialmente

para nossa situação no ensino e na pesquisa (2009, p.33).

A utilização de fontes orais no ensino de História na educação básica tem sido provocativa e

problematizadora. A historiadora argentina Dora Schwarztein (2008) tem sido uma das pioneiras na

articulação de pesquisa em História Social e experiências de investigação histórica no ensino

básico. Assim, trouxe uma importante contribuição, ao relatar e apresentar algumas questões a partir

da experiência do projeto “Historia oral en las escuelas de las zonas de acción prioritaria”, na

cidade de Buenos Aires.

Conforme a autora, as mudanças no ensino de História colocam aos profissionais do ensino

de História pelo menos quatro desafios: a necessidade de interessar aos alunos; ensinar uma história

com protagonistas, uma história viva, e que os alunos entendam que toda experiência humana é

relevante para o conhecimento histórico; dar resposta aos novos conteúdos, que coloquem a

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História Oral, ética e política: um debate necessário. BLUME, L.H.S.

necessidade da aquisição de capacidades e atitudes como o espírito crítico e outras habilidades para

resolver os problemas que os alunos venham descobrir; fazer que os conteúdos sejam

compreensíveis.

Concordamos ainda com a autora, quando afirma: “La historia oral ofrece respuestas

complejas y estimulantes a la problemática de los nuevos enfoques en la enseñanza de la historia, a

la par que, con la necesaria preparación, es factible de ser aplicada en aula” (SCHWARZSTEIN:

2008, p.132).

Neste sentido, entendemos necessária a preparação dos estudantes para o trabalho com

fontes orais, aproveitando-se experiências como as do Laboratório de História Oral, implantado no

CEDOC- Centro de Documentação e Memória Regional da UESC. A participação dos estudantes

do curso de Licenciatura em História da UESC na organização do acervo de fontes orais do

CEDOC serve como exercício e laboratório de práticas de ensino e pesquisa com fontes orais no

ensino básico.

Nossa perspectiva é construir experiências de ensino e pesquisa no ensino básico, utilizando-

se das fontes orais. Tem como finalidade proporcionar exercícios para serem utilizados no ensino e

na pesquisa em História em que a experiência de docência esteja articulada à produção, análise e

interpretação de fontes orais como exercício da dimensão da pesquisa e da formação docente dos

estudantes do curso de História da UESC.

Fontes Orais: Entrevistas

CASTRO, Júlia Dias de (60 anos); MOTA, Tertulina da Silva (59 anos); SANTOS, Gileno Ferreira

dos (75 anos); SANTOS, Maria Helena Castro dos (32 anos); Teresa e Naiara (s/identificação).

Entrevista realizada por Luiz Henrique dos Santos Blume. Local e data: Residência de D. Júlia e Sr.

Gileno, no bairro Teotônio Vilela, Ilhéus, em 11.09.2008. Duração: 0:38:41. Gravado em áudio

.wma. (390MB).(15 págs.)

CASTRO, Júlia Dias de (60 anos); MOTA, Tertulina da Silva (59 anos); SANTOS, Gileno Ferreira

dos (75 anos); SANTOS, Maria Helena Castro dos (32 anos). Entrevista realizada por Luiz

Henrique dos Santos Blume e Fabiana de Santana Andrade, na residência de D. Júlia e Sr. Gileno,

no bairro do Teotônio Vilela, em Ilhéus, em 12/11/2005. Gravada em Fita Cassete. (Fita 1, Lado A e

Lado B; Fita 2, Lado A). Duração aproximada: 1:30. (30 págs.)

MARQUES, Rosemeire Maria. (47 anos) Entrevistado por Luiz Henrique dos Santos Blume. Local

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História Oral, ética e política: um debate necessário. BLUME, L.H.S.

e data: residência da marisqueira, no bairro São Miguel, Ilhéus, em 13.09.2008. Gravado em Fita

Cassete 1 (Lado A e Lado B) e áudio .wav, 16.5 MB. Duração 1:08:25.(34 págs.).

RODRIGUES, Antônio José (38 anos); SANTOS, Dulciene Costa – “Cica” (42 anos). Entrevista

realizada por Fabiana Andrade. Local e data: residência de Dona Sione, no bairro São Miguel, em

Ilhéus, BA, em 09.01.2009. Duração: 0:41:59. Gravado em áudio wav. (9,61MB) (20 págs.)

SANTOS, Sônia Roseno dos, (36 anos); SOUZA, Jucélia Jesus de, (30 anos); SOUZA, Maria

Luciene Santos de (Lúcia) (44 anos); PEREIRA, Milena Santos (18 anos). Entrevistado por Luiz

Henrique dos Santos Blume. Local e data: residência de Dona Maria Luciene Santos de Souza

(Lúcia), no Alto do Mambape, em 17.09.2008. Gravado em áudio .wav, 13.4 MB. Duração: 0:53:36.

(31 págs.)

SILVA, Maria Eliúdes Oliveira da. (68 anos) Entrevistado por Luiz Henrique dos Santos Blume e

Fabiana de Santana Andrade. Local e data: residência da marisqueira, no bairro São Miguel, em

Ilhéus, no dia 30.04.2007. Gravação em áudio .wav, 13.2 MB. Duração: 0:58. (21 págs.)

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FONSECA, S.G.; SILVA, M.A. da. Ensinar História no século XXI: em busca do tempo

entendido. 4. ed. Campinas: Papirus Editora, 2011.

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