tecla e afins 14

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 Ruriá Duprat: a produção musical do ganhador do Grammy MOOG MODULAR A recriação dos dinossauros Eliane Elias A pianista fala sobre o novo álbum, que marca seu retorno ao estilo que a consagrou Sidinho Leal Referência nas redes sociais fala sobre carreira e consultoria E mais : Como manter os dedos em forma Análise estrutural e harmônica Canção americana em bossa nova Os pioneiros do Hammond no Brasil    &     A    F    I    N    S Ano 2 - Número 14 - Junho 2015 www.teclaseans.com.br 

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revista teclas e afins ediçao 14

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  • Ruri Duprat: a produo musical do ganhador do Grammy

    MOOG MODULAR A recriao dos dinossauros

    Eliane EliasA pianista fala sobre o novo lbum, que marca seu retorno ao estilo que a consagrou

    Sidinho LealReferncia nas redes sociais fala sobre carreira e consultoria

    E mais: Como manter os dedos em forma Anlise estrutural e harmnica Cano americana em bossa nova Os pioneiros do Hammond no Brasil

    & A

    FINS

    Ano 2 - Nmero 14 - Junho 2015www.teclaseafins.com.br

  • 4 / junho 2015 teclas & afins

    Ano 2 - N 14 - Junho 2015

    PublisherNilton Corazza

    [email protected]

    Gerente FinanceiroRegina Sobral

    [email protected]

    Editor e jornalista responsvelNilton Corazza (MTb 43.958)

    Colaboraram nesta edio:Alex Saba, Eloy Fritsch, Ivan Teixeira, Jackson

    Jofre, Jos Osrio de Souza, Rosana Giosa, Turi Collura, Wagner Cappia

    DiagramaoSergio Coletti

    [email protected]

    Foto da capaDivulgao

    Publicidade/[email protected]

    [email protected]

    Sugestes de [email protected]

    Desenvolvido por Blue Note Consultoria e Comunicaowww.bluenotecomunicacao.com.br

    Os artigos e materiais assinados so de responsabilidade de seus autores. permitida a reproduao dos contedos

    publicados aqui desde que fonte e autores sejam citados e o material seja enviado para nossos arquivos. A revista no se

    responsabiliza pelo contedo dos anncios publicados.

    & A

    FINS

    Rua Nossa Senhora da Sade, 287/34Jardim Previdncia - So Paulo - SP

    CEP 04159-000Telefone: +55 (11) 3807-0626

    Quem faz msica so os msicos! Essa afirmao, por mais bvia que possa parecer, necessria nos tempos atuais, em que muita gente acredita em frmulas mgicas, equipamentos que tocam sozinhos, produes automticas e pouco estudo. Como disse Cesar Camargo Mariano, em entrevista na edio 13 de Teclas & Afins, talento fundamental. Mas s ele, na maioria das vezes, no o suficiente. Bem trabalhado, tende a aumentar. Mal aproveitado, um desperdcio. Mas os instrumentos musicais tambm fazem parte dessa equao. E por isso se chamam instrumentos, como tambm lembrado por Mariano. So ferramentas necessrias e preciosas, sejam elas quais forem. Mas nem msico nem instrumento consegue produzir msica sozinho. Em tempos em que a tecnologia divinizada e o talento diminudo, Teclas & Afins faz questo de deixar claro que a equao entre esses fatores s funciona quando o primeiro, o talento, se sobrepe ao segundo, a tecnologia. E, ao lado disso, est o conhecimento, o estudo, a dedicao e o trabalho. Essa nossa misso: transmitir informao para fermentar o talento, proporcionar a compreenso do fenmeno musical e ensinar como fazer bom uso da tecnologia, para que a equao tenha resultado positivo. Nesta edio, por exemplo, nossos entrevistados demonstram, na prtica, o sucesso dela. Sidinho Leal utiliza seu talento para extrair da tecnologia o que ela pode oferecer. Ruri Duprat, a coloca como meio para a produo de qualidade, seja para a indstria fonogrfica ou para a publicitria. Apresentamos tambm como a Moog, por meio de seus sintetizadores modulares, oferece ferramentas mais complexas para a criao musical. E o que falar de Eliane Elias? Talento, puro talento! Boa leitura!

    Nilton CorazzaPublisher

    EDITORIAL

  • junho 2015 / 5 teclas & afins

    VOCE EM TECLAS E AFINS 6O espao exclusivo dos leitores

    Entrevista 8Sidinho Leal

    Referncia nas redes sociais

    INTERFACE 12As notcias mais quentes do

    universo das teclas

    retrato 16Ruri Duprat

    A produo musical do ganhador do Grammy

    Vitrine 22Novidades do mercado

    materia de capa 28Eliane Elias

    Made In Brazil

    sintese 36A recriao dos

    sintetizadores modularesPor Eloy Fritsch

    42 livre pensarO Arquitetopor Alex Saba

    46 vida de musicoO que fazer para manter-se em formaPor Ivan Teixeira

    48 palcoEstrutura tecnolgicaPor Wagner Cappia

    50 puxando foleOs grandes festivais e competies mundiaisPor Jackson Jofre Rodrigues

    52 cultura hammondHammond no Brasil: os pioneirosPor Jos Osrio de Souza

    56 arranjo comentadoCano americana em ritmo de bossa novapor Rosana Giosa

    60 harmonia e improvisacaoAprendendo com os gigantes: anlise harmnica e estruturalpor Turi Collura

    NESTA EDIO

  • 6 / junho 2015 teclas & afins

    vOCE em teclas & afins

    Vamos nos conectar? Mestre Cesar! Parabns pela matria, Teclas & Afins (Fbio Augusto, em nossa pgina no Facebook)

    Dicas superpreciosas! Gostei bastante! (Jefferson Henrique Xavier, em nossa pgina no Facebook)

    Muito bom! Mestre Cesar! Existe essa entrevista completa, sem cortes, pra gente conseguir ver? Obrigado! (Daniel Sellanes, em nosso canal no Youtube)

    R.: Sempre dizemos que quando o entrevistado tem o que falar, nosso trabalho facilitado. Cesar Camargo

    Mariano, dolo de todos, extremamente inteligente, simptico e bem articulado. O resto da entrevista foi transcrito e

    est nas pginas da edio 13 de Teclas & Afins.

    timo review (Review Casio Privia PX-5S). Como pianista, fico at pensando em trocar meu FP-7F nesse a. Ser que vale a pena? Pois o Roland tambm tem boas teclas? Valeu! (IvaNovici R., em nosso canal no Youtube)

    Cara, parabns pelos timbres (Review ARP ODISSEY). Era exatamente o que eu precisava escutar para ter uma tima impresso! :D :D :D (Patrick Wichrowski, em nosso canal no Youtube)

    R.: A questo de escolha de um instrumento musical muito particular. Nosso objetivo com os reviews apresentar as opes com o ponto de vista de um msico acostumado a diversos

    equipamentos e marcas, citando os pontos positivos e negativos de cada um. Mas nada melhor que experimentar e ouvir o instrumento para decidir.

    Acabei de conhecer a revista por indicao do Cesar Camargo Mariano. S tem feras dos pianos e teclados nas entrevistas! Muito maneiro! Parabns! Desejo muito sucesso e felicidade na empreitada! (Sergio Marcio, em nossa pgina no Facebook)

    A revista mais completa do Brasil! ;) (Bruno Fonseca, em nossa pgina no Facebook)

    Muito legal a iniciativa para ns, tecladistas! (Rodrigo Vie, por e-mai)

    Parabns a revista est tima! Muito legal ver Rosana Giosa, Turi Collura, Wagner Cappia e muitos outros colaborando e valorizando a Teclas & Afins! Beijo e mais sucesso! (Geni Leika Hirano, em nossa pgina no Facebook)

    Matria bem escrita (Distoro no Hammond), objetiva e com contedo. Vale a pena ler! (Matheus Pagliacci, em nossa pgina no Facebook)

    R.: Agradecemos a todos. Esses comentrios nos fazem perceber que estamos no caminho certo. Nosso time de colunistas o melhor do mercado editorial brasileiro. Temos orgulho dessa equipe.

  • junho 2015 / 7 teclas & afins

    Mostre todo seu talento!vOCE em teclas & afins

    No importa o instrumento: piano, rgo, teclado, sintetizadores, acordeon, cravo e todos os outros tm espao garantido em nossa revista. Mas tem que ser de teclas!

    Como participar:1. Grave um vdeo de sua performance. 2. Faa o upload desse vdeo para um canal no Youtube ou para um servidor de transferncia de arquivos como Sendspace.com, WeTransfer.com ou WeSend.pt. 3. Envie o link, acompanhado de release e foto para o endereo [email protected]. A cada edio, escolheremos um artista para figurar nas pginas de Teclas & Afins, com direito a entrevista e publicao de release e contato.

    Teclas & Afins quer conhecer melhor voc, saber sua opinio e manter comunicao constante, trocando experincias e informaes. E suas mensagens podem ser publicadas aqui! Para isso, acesse, curta, compartilhe e siga nossas pginas nas redes sociais clicando nos cones acima. Se preferir, envie crticas, comentrios e sugestes para o e-mail [email protected]

  • 8 / junho 2015 teclas & afins

    Nilton Corazzaespecial

    Sidinho Leal: referncia em tecnologia

  • junho 2015 / 9 teclas & afins

    O explicadorespecial

    Tecladista desde os 17 anos, iniciando as atividades com grupos de jovens nas igrejas e tocando teclado arranjador em pequenas festas da cidade de Sabar, em Minas Gerais, Sidinho Leal passou por bandas de ax, pagode e samba at ingressar em uma banda de bailes em 2003. Foi a partir da que comeou a usar os recursos avanados dos workstations. Nessa poca, era preciso ler muito o manual para entender o funcionamento dos produtos. A partir de 2008 passei a pesquisar mais na internet, mas ainda no encontrava tutoriais. Em 2009, postei meu primeiro minitutorial, do Fantom X7, conta. Esse foi o incio de uma carreira voltada consultoria em tecnologia musical. Famoso pelos vdeos tutoriais que posta na internet, Sidinho Leal mantm a simplicidade ao falar do trabalho que realiza: Levo como base da minha criao ajudar para ser ajudado, sempre com muita simplicidade e sem humilhar ningum. Independentemente do valor do produto que o msico tem, sempre o tratar com respeito.

    Como ser reconhecido como profundo conhecedor da tecnologia voltada msica?No me considero um grande conhecedor da tecnologia aplicada msica, mas sou um cara que adora pesquisar sobre o assunto e fao isso com muito prazer. Uma coisa de que no abro mo repassar o que descubro nas novas tecnologias para os tecladistas que me seguem. Hoje, com equipamentos com preos

    mais acessveis no mercado, muitas pessoas esto entrando em escolas de msica para aprender a tocar, principalmente na rea das teclas. Com tantas novidades e a variedade no mercado, surge a dvida: Qual teclado devo comprar? . a que eu entro (risos). Tento filtrar uma lista para que o msico possa fazer a compra certa e investir em um instrumento que vai se encaixar no perfil de trabalho dele. Como venho fazendo isso h anos, de forma despretensiosa, com os famosos tutoriais, acabei ajudando muitos com esses vdeos. Com o passar do tempo, tentei caprichar um pouco mais na qualidade e isso foi trazendo visibilidade. Fico extremamente feliz e grato a essa massa tecladstica que curte e me motiva a produzir mais vdeos e repassar essas dicas.

    Como recebe feedback de suas postagens?Fico muito sem-graa, pois sou bem tmido. Mas tento responder a todos que me chamam nas redes sociais. Vejo alguns postando fotos com meu material e me deixa muito feliz saber

    Postando vdeotutoriais na internet sobre os recursos de diversos teclados, Sidinho Leal construiu uma slida reputao e conquistou milhares de seguidores

    Banda Brilhantina: 80% ao vivo

  • 10 / junho 2015 teclas & afins

    especial

    Tecnologia mo: faciltar o trabalho do msico

    que a pessoa confia no que digo, no que posto na internet. sinal de que tenho o dever de ser sempre honesto e sincero. Recebo isso com muito carinho e sempre atento para jamais faltar com a verdade.

    Qual foi a de maior sucesso?H um vdeo que produzi - e um dos mais amadores, feito em casa, em um quarto em reforma, com uma mquina fotogrfica que tem mais de 70 mil views no Youtube. um tutorial sobre sintetizador Roland Juno-Di. dos mais vistos no meu canal, mas h outros com muitos acessos tambm, como os novos vdeo-reviews, que venho produzindo, desde 2013, em parceria com a Roland Brasil.

    Qual foi seu primeiro teclado?Esse a gente nunca esquece: foi um Yamaha PSR540, em 1998, comprado com meu prprio dinheiro de shows. Mas o primeiro contato com as teclas foi em um Kawai FS690, em 1995.

    E qual foi o primeiro que exigiu de voc se aprofundar na programao?Este me lembro bem: foi um Roland Juno-G. Antes dele eu tinha um Roland JV-1000, mas ao saber do Juno, em 2006, com recursos de leitura de samples, tracks de udio, sequencer poderoso, adquiri o meu em 2007. Foi ento

    que comecei a buscar possibilidades que antes nem imaginaria, como programar multisamples, gravar violes, backing vocal e percusso, tudo no prprio teclado, dispensando Notebook ou PC. Achei isso sensacional. Mas para mim, na poca, era muito complexo. Foi a que precisei encarar o manual do proprietrio, que quase ningum l (risos), e aprender na marra a dominar os recursos. Isso foi abrindo caminho para os prximos, como Fantom X, Motif XS, Korg M3, Korg Kronos, Nord Stage, entre vrios outros que tive, e fui descobrindo os recursos. A fui aproveitando para postar vdeos sobre eles.

    A grande quantidade de tecnologia embarcada nos teclados no inibe a criatividade do msico?Esse um ponto que considero extremamente importante. Venho falando com vrios msicos que no devemos ser refns da tecnologia. Ela existe para ser usada, mas temos que ter bom-senso e saber dosar isso de forma que o msico esteja sempre ali, presente e atuante. Hoje, com tantos recursos, se deixar a coisa sem freio, o msico preguioso vai acabar gravando tudo, inclusive as bases (risos), e no show, apenas apertar o play. Isso j possvel h muito tempo. A tecnologia vem evoluindo tanto, que temos que ficar atentos. Cobro muito isso da galera: se preocupar em programar seu instrumento, mas tambm valorizar o tocar ao vivo. Vou citar meu exemplo: trabalho na Banda Brilhantina, em Belo Horizonte, desde 2008. Meu empresrio, Giuliano Kill, me contratou por justamente querer um msico que tivesse mais intimidade com a produo de VS (Virtual Sampler), que so trilhas de apoio para a banda ao vivo. Mas desde nosso primeiro contato, disse a ele: Giu, vamos usar o VS como apoio. Farei 70 a 80% dos teclados ao vivo no palco. O que vou gravar ser apenas o que realmente ficar

  • junho 2015 / 11 teclas & afins

    especial

    impossvel reproduzir em duas mos. E tem sido assim h 7 anos.

    Quais as habilidades que um tecladista deve ter hoje, alm de tocar bem?Tenho vrias referncias na msica: Michel Camilo, Cesar Camargo Mariano, Chick Corea, Dream Teather, chorinho em geral, MPB, msica erudita e pop internacional, alm de vrios outros gneros. Na verdade escuto de tudo um pouco, apesar de ser msico autodidata. Acredito que para um msico se tornar profissional preciso dominar um pouco de cada gnero, pois o mercado est muito verstil. Tocar um pouco de cada coisa importante, ainda mais para tecladistas, pois nosso instrumento imita vrios outros. bom conhecer um pouco de tudo para conseguir expressar nas teclas o mximo de verdade de cada instrumento.

    Para quais artistas tem prestado consultoria?Tenho muitos amigos para quem venho repassando dicas e, inclusive, programando seus instrumentos. Podemos citar Daniel Silveira (Mateus e Kauan), Marciano Santos Brigs (Jorge e Mateus), Felipe de Castro (Henrique e Diego) Marcinho Hiplito (Michel Tel), Daniel Pereira (Taeme e Thiago), Duda Mell (Humberto e Ronaldo), Wemerson Pequeno (Cristiano Arajo) e vrios outros. A lista bem grande (risos), pode acreditar.

    Quais as dvidas mais recorrentes?Geralmente esses msicos no tem tempo para ficar programando seus instrumentos, pois a logstica dos shows bem complicada. s vezes, no mesmo dia, fazem show em Londrina e a tarde viagem para Cuiab (risos). Isso gera um problema: o pouco contato que tm com seu instrumento. Ento, acabam me chamando para dar essas consultorias. Geralmente funciona. Eles chegam um pouco antes do show e programam seus instrumentos, ou levam algum arquivo para leitura. So quase sempre dvidas simples, como inserir novos sons, montar splits, ler programaes em teclados alugados por causa da logstica, coisas de tecladistas (risos).

    Quais seus projetos atuais? Atualmente estou trabalhando como tecladista na Banda Brilhantina em Belo Horizonte. Os trabalhos que fiz recentemente foram duas vdeo-aulas de programao em DVD: um do Korg Kronos, em meados de 2014, e um sobre o Yamaha Motif XS/XF, lanado em abril deste ano. Mas j tenho pedidos para preparar mais DVDs para vrios outros teclados do mercado. A aceitao desse material tem sido muito boa, pois isso, at ento, no existia. O msico tinha sempre o manual e alguns vdeo-dicas no Youtube, mas estes tm sido os primeiros DVDs especficos dos instrumentos.

    NA REDE

  • 14 / junho 2015 teclas & afins

    INTERFACE

    Em uma coletiva de imprensa realizada no Royal Festival Hall, o mundialmente famoso pianista e maestro Daniel Barenboim apresentou o piano especialmente encomendado por ele: o Barenboim-Maene Concert Grand. Depois de ver o piano do compositor Franz Liszt restaurado, em 2011, Barenboim ficou impressionado pela diferena de sonoridade entre o instrumento do sculo 19 - com cordas paralelas - e os pianos de concerto modernos, que tm cordas cruzadas diagonalmente. A transparncia e as caractersticas tonais dos instrumentos de cordas retas so muito diferentes do tom homogneo produzido pelo piano moderno. As vozes claramente distinguveis e as diversas cores por toda a tessitura do piano de Liszt me inspiraram a explorar a possibilidade de combinar essas qualidades com a potncia, a aparncia, a uniformidade de toque, a estabilidade de afinao e outras vantagens tcnicas dos modernos Steinway, conta o msico. Da ideia surgiu a encomenda de um novo modelo, inspirado por instrumentos do sculo 19 e projetado por Chris Maene, que possui diferenas tambm na construo da tbua harmnica e na estrutura de metal. O pianista teve o cuidado de salientar que o projeto no tinha surgido da insatisfao de seu prprio Steinway (que tambm estava no palco): Este piano tem perfil e som diferentes. como com instrumentos de cordas. Algumas pessoas preferem um Guadagnini, outras um Stradivarius.

    VOLTA AO PASSADO

  • junho 2015 / 15 teclas & afins

    INTERFACE

    O compositor brasileiro Eduardo Miranda mantm um dueto, no mnimo, inslito. Ao tocar as teclas do piano, os sons etreos e distantes produzidos pelo instrumento surpreendem tanto pela inovao quanto pela forma de produo: em vez de silcio, um biocomputador foi programado com pequenos organismos cultivados. Trata-se de um fungo, conhecido como bolor vimoso, que existe em zonas escuras e midas das florestas, explica Miranda. Quando cultivado em placas de circuitos, o fungo consegue armazenar informao, como um chip, o que permite que seja programado para reagir informao que lhe transmitida. De certa forma, o bolor ouve o que o pianista est tocando e muda seu estado. Dependendo de qual seja esse novo estado, ativa-se um conjunto de notas, que so enviadas por cabos a vrios eletroms instalados sobre as cordas do piano, que fazem que as notas toquem.

    Som de bolor

    Rikard Zander, o tecladista da banda de metal sueca Evergrey, acaba de lanar o primeiro single de seu trabalho-solo. O lbum conta com participaes de membros de bandas Evergrey e Avatarium e est musicalmente muito longe do metal que Rikard normalmente toca. Obviamente tem mais teclados e menos guitarras, mas acredito que as pessoas que esto familiarizadas com meu trabalho iro reconhec-lo, diz Rikard. Usando o nome RIKARD Z, o msico se arrisca como cantor na faixa The World Makes Sure Youll Die.

    Alm do metal

    Adeus John ToutMorreu em 1 de maio, vtima de insuficincia pulmonar, John Tout, tecladista da banda Renaissance no perodo de 1972 a 1979. De formao erudita, Tout era um virtuose, preferindo o piano aos sintetizadores.

  • 16 / junho 2015 teclas & afins

    interface

    Durante o ms de junho comemora-se o aniversrio de vrias personalidades ligadas ao mundo das teclas.PARABNS!

    5

    Martha Argerich (1941)

    8

    Robert Schumann (1812)

    Edgar Froese (1944)

    6

    21

    Brandon Flowers (1981)

    9

    Jon Lord (1941)

    8

    Nick Rhodes (1962)

    15

    Erroll Garner (1923)

    Larcio de Freitas (1941)

    20

    16

    19

    Hermeto Pascoal (1936)

    22

    Joo Carlos Martins (1940)

    25

    John Medeski (1965)

    28

    Ivan Lins (1945)

    8

    M Carvalho (1957)

    9

    Kenny Barron (1943)

    22

    Eumir Deodato (1942)

    24

    Patrick Moraz (1948)

    25

    David Paich (1954)

    12

    Chick Corea (1941)

    26

    Dave Grusin (1934)

  • 16 / junho 2015 teclas & afins

    Nilton Corazza

    Quem sai aos seus...

    RETRATO

    Pense em um msico brasileiro que conquistou um Grammy. E no estamos falando da verso latina, mas da americana, a original. Consegue imaginar em que categoria? Melhor lbum de Jazz Contemporneo. A faanha (indita antes dele) de Ruri Duprat, produtor do disco Randy in Brazil, do trompetista norte-americano Randy Brecker, em 2009. Pianista, maestro, arranjador, compositor, produtor e diretor musical, Ruri traz no sangue a linhagem de grandes msicos que ajudaram a construir a histria da msica brasileira. Filho de Rgis e sobrinho de Rogrio - um dos mais importantes nomes ligados ao tropicalismo - o msico coleciona outros feitos. Com 14 anos, baterista, fazia bailes em clubes do interior graas a uma autorizao do juizado de menores. Com 16 anos, foi convidado para tocar piano com o Altemar Dutra e um ano depois, acompanhava Z Rodrix e Belchior. Aos 19, a banda que mantinha com Marco Bosco, o Grupo Acar, foi convidada pra tocar por seis meses no Japo. Adorados por l, a carreira

    do msico se consolidou. Tocou com S & Guarabyra, entre outros artistas, produziu alguns discos, comps algumas campanhas publicitrias e participou como tecladista em algumas bandas de rock como o lendrio O Tero. Conseguiu uma bolsa de estudos na Berklee oferecida por Quincy Jones de maneira peculiar: descobri que ele tinha um programa de bolsas de estudos dentro da Berklee, conta Ruri. Na poca, tinha 21 anos e resolvi escrever para Quincy Jones no endereo que estava na contracapa do Thriller - um dos maiores sucessos de Michael Jackson produzido por ele. Enviei alguns dos meus trabalhos dizendo que gostaria de estudar na Berklee, mas no tinha recursos pra pagar as mensalidades. O famoso produtor respondeu, afirmando que havia gostado dos trabalhos e que estaria disposto a bancar os estudos de Ruri na escola. Cinco anos depois, estava formado, mas no sem sustos. Nas primeiras provas tirei A, A, A, A- e B+, conta. Estava superfeliz, at que me disseram: no trabalhamos com B+ para bolsas aqui. Tive que me dedicar ainda mais (risos).

    nico brasileiro a conquistar o Grammy, Ruri Duprat exerce a profisso de produtor se dividindo entre trilhas sonoras, lbuns de sucesso e criao publicitria

  • junho 2015 / 17 teclas & afins

    RETRATO

    Ruri Duprat:carreira e conhecimento slidos

    Fa

    bio L

    uiz

  • 18 / junho 2015 teclas & afins

    RETRATO

    A conquista do Grammy: Randy Brecker e Ruri Duprat

    Depois de ter aprendido o que pode na Berklee e ter trabalhado como assistente de seu tio, Ruri colecionou trabalhos de sucesso com msicos como Ed Motta, Flvio Venturini, Gilberto Gil, Stanley Jordan, Jane Monheit, Ray Lema, Carlinhos Brown, Chico Cesar, Lulu Santos e Lenine, entre outros. Como se no bastasse, trabalhou como Diretor Artstico e Regente da pianista Diana Krall na gravao do DVD Live in Rio. Houve uma concorrncia artstica para realizar o projeto, lembra Ruri. No fim, sobraram duas propostas e quem decidiu foi Diana Krall e Claus Ogerman. Acabei sendo escolhido justamente por meu perfil que rene o erudito e o popular. Eles no queriam uma orquestra puramente erudita. Nesse projeto, trabalhou tambm com Tommy LiPuma e com o engenheiro Al Smith.

    Reconhecido e requisitado como um dos melhores compositores de trilhas sonoras, tanto para cinema quanto para TV, divide seu tempo com a criao para o mercado publicitrio nos estdios Banda Sonora, em So Paulo, do qual proprietrio. Atualmente, Ruri trabalha sobre o prximo lbum de Ron Carter, lenda viva do Jazz, com a cantora brasileira Vitria Maldonado. O CD foi gravado com o Ron Carters Quartet, uma orquestra de aproximadamente 40 msicos e alguns convidados muito especiais como Roberto Menescal, o saxofonista Naylor Proveta, o acordeonista Toninho Ferragutti, o gaitista Omar Izar e o violista Alexandre de Leon, alm do premiadssimo trompetista norte americano Randy Brecker.Foi no Banda Sonora que Ruri Duprat recebeu a reportagem de Teclas & Afins, o compositor Maurcio Domene e a

  • junho 2015 / 19 teclas & afins

    RETRATO

    pianista Rosana Giosa para uma conversa superagradvel sobre produo musical, trilhas, teclas e muito mais. Leia alguns trechos a seguir e assista ao vdeo em nosso canal no Youtube.

    Como foi seu incio na msica?Iniciei com violo. Foi meu comecinho, com 4 anos. Meu pai, Regis Duprat, era violista na Orquestra Sinfnica Municipal e minha me, Ruth Mayer, tocava violino. Depois fui baterista por vrios anos. Estudei piano com vrias pessoas. Estudei com o Amilton Godoy e passei por diversos outros professores. Quando fui para a Berklee acabei aperfeioando mais. Mas no me considero um instrumentista espetacular, porque nunca me dediquei. Mas o que eu sabia foi o suficiente para fazer festivais de jazz pela Europa durante treze anos. A questo foi que abri demais meu leque, mesmo no comeo. Comecei produzindo, depois arranjando tambm. Gostava de compor. Ento no me dediquei ao piano como deveria.

    Como foi que os teclados entraram em sua histria?Eu achei que como baterista no teria muito futuro, pois j tinha interesses de arranjador. Meu pai era musiclogo tambm, ento o ambiente em casa era muito musical. A gente ouvia muita coisa, de bossa nova a Beatles, de Tchaikovsky a Boulez. Acabei conhecendo de Stockhausen a Fran Zappa. Havia muita coisa acontecendo, em pleno tropicalismo. Eu ia a casa do Rogrio, que era muito prximo de meu pai, ento estvamos sempre juntos. L estava Caetano, Gil, Gal, Tom Z, Rita Lee, Mutantes, Betnia. Muita gente o tempo inteiro. As primeiras pestanas que aprendi no violo foram com o Gil. A coisa do teclado veio porque achei

    que bateria no ia me levar muito longe. Eu tinha anseios harmnicos. Quando decidi tocar bateria, meu pai me disse: se voc quer tocar bateria, voc vai estudar percusso sinfnica, onde a bateria est inserida, e estudar msica direito. Fui para a Escola Municipal de Msica, fiz o exame e acabei passando. Fui estudar percusso sinfnica com o Ernesto de Lucca, que era o timpanista da Sinnica Municipal, orquestra em que meu pai tocava. Eu me desiludi. No comeo, voc faz exerccios com o metrnomo a 66 para o brao subir...exerccios para ansiedade. Praticamente um curso de autoajuda (risos). E eu querendo tocar batera como o Animal, dos Muppets. Piano complementar: estudei Hanon por trs anos, querendo morrer. Cad as msicas? Eu ouvia Genesis, Gentle Giant... Ento estudava dois exerccios do Hanon e ia buscar as harmonias que ouvia l. Com o tempo comecei a me divertir porque

    Diana Krall: convite irrecusvel

  • 20 / junho 2015 teclas & afins

    RETRATO

    Banda Sonora: estdio em que exibe os prmios conquistados

    conseguia tirar as harmonias do YES. Mas no tinha tcnica para fazer aquilo, mas tirava, parava o cassete para entender. Chegou uma hora em que voltar para a bateria no tinha mais sentido. Meu primeiro trabalho profissional, com 15 anos, foi tocar com o Altemar Dutra. Uma virada total. E eu era o maestro, porque o pianista sempre o maestro. No sabia nada, s escrever uma cifra, fazer um ritmo etc. At um dia em que fui fazer um show no Nordeste. Fomos Altemar, eu e o empresrio. Chegando l, a banda era superexperiente. Sabiam todo o repertrio dele. Tocavam muito melhor que eu (risos). Eles foram se empolgando e eu fazendo coisas que eu nunca tinha imaginado que existiam. Eu era o maestro do Altemar e o baixista ficava me passando as cifras: D, R, Sol, baixo em F...(risos). E eu passei o concerto inteiro a reboque dos caras. Os teclados mesmo entraram na minha vida quando fiquei no Japo com o Grupo Acar por seis meses. Ganhei muito dinheiro l e torrei tudo em teclados para trazer para o Brasil.

    O sobrenome Duprat ajudou ou atrapalhou?

    As duas coisas. Ajudou muito, com certeza. O Rogrio e o Regis tocaram na Municipal por mais de 15 anos. E eram muito queridos l dentro porque eram defensores do bem-estar da orquestra. Eram muito cultos. O Rgis, com 14 anos, j havia lido todos os filsofos que voc pode imaginar. E o Rogrio tambm. Eles tinham um nvel cultural um pouco acima da mdia para a orquestra e tomavam as dores do pessoal, reivindicando salrios, condies de trabalho etc. Por um bom tempo cheguei a reger a Jazz Sinfnica e outras orquestras e encontrei ex-colegas de meus pais. No comeo sempre tive uma fora muito grande: filho do cara!. Por outro lado, havia muita cobrana tambm.

    Voc, Rgis e Rogrio ouviram todo tipo de msica. Atualmente, faltam referncias musicais para os artistas que querem entrar no mercado?O cenrio preocupante. Fico pensando o que vem agora, depois do funk mirim. Nos anos 70 sem saudosismo a msica era muito mais sofisticada. As melodias, as dinmicas, que vo de pianssimo a fortssimo, o contexto harmnico.

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  • junho 2015 / 21 teclas & afins

    RETRATO

    Aconteciam mil coisas, se mudava de andamento. Se trazem um aliengena de Saturno para c, mostram um rock de hoje em dia, que est no mercado, e um rock dos anos 70, ele vai achar que este ltimo a evoluo do rock de hoje (risos). Estamos vivendo uma devoluo (risos). Msica de dana, eletrnica, por exemplo, adoro! Mas confesso que me enjoa um pouco pela previsibilidade. Os timbres, tambm j ouvi quinhentas vezes. Vi o David Guetta esses dias no Tomorrowland porque vejo todos. No vou a todos, mas vejo todos. No posso ficar fora. Mas, sinceramente, put your hands up, put your hands up, e as pessoas vibrando Eu acho que elas podiam vibrar muito mais, porque as coisas esto extremamente previsveis. Sem querer comparar, mas a msica de dana da dcada de 1940 era muito mais sofisticada musicalmente e usava um percentual muito maior do que msica. Eles tinham menos recursos e buscavam criar coisas diferentes. Tinham a vontade de buscar sonoridades novas. O eletrnico tem uma gama de sons incrivelmente grande, mas se acomodou em um por cento do que existe. sempre o High Pass Filter, o baixo eletrnico, som de batera sempre bumbo com kick. E olha que eu gosto, vou atrs, acho bacana. Eu sei que essas coisas funcionam. O Tommy Dorsey tambm funcionava, mas a vem o Duke Ellington, fica inquieto com aquilo e diz: gente, essa sonoridade j encheu! Vamos mudar um pouquinho?. Existia uma inquietude maior do que a dos eletrnicos que tm uma gama infinitamente maior de timbres. Quem se acomodou foi o gosto do pblico. E isso est valendo para tudo. As pessoas no percebem que esto ouvindo a mesma musiquinha sempre. A funo da msica mudou, migrou para o entretenimento.

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  • 22 / JUNHO 2015 teclas & afins

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  • JUNHO 2015 / 23 teclas & afins

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  • 24 / JUNHO 2015 teclas & afins

    VITRINE

    Saindo da GaragemMsica e BusinessRodrigo Kuster, Gabriel Machado e Vitor DuroEditora AtlasPreo de capa: R$ 55,00

    O livro se prope a contribuir com todos que esto ligados, direta ou indiretamente, ao mercado da msica. A obra recomendada para artistas, compositores, tcnicos, executivos e demais interessados em ter uma viso geral desse mercado, de seu nascimento at a atual exploso digital, entender a estrutura e os players deste universo e os modelos de negcio existentes, bem como como planejar estratgia, atuao e divulgao nesse segmento. Trata-se de uma obra ideal para quem compreende a necessidade de que seus atuais conhecimentos tcnicos sejam complementados pelos saberes do mundo dos negcios. A proposta que os conceitos explanados no livro acompanhem e estejam ao lado do msico no decorrer de sua trajetria, alm de servirem como incentivo para que aprimore suas capacidades. A publicao aborda alguns dos conhecimentos essenciais que iro criar e fortalecer o lado business: Msica como Negcio, Planejamento de Carreira, Marketing das Artes, Aspectos Econmicos, Aspectos Legais, dentre outros saberes imprescindveis.

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  • JUNHO 2015 / 25 teclas & afins

    O duo instrumental GranDense, formado pelo excelente tecladista Thiago Marques e o no menos competente baterista bano Santos tem como base peas autorais criadas e arranjadas unicamente para teclas e percusso, utilizando bateria, teclados, sintetizadores, pianos e (por conta da tradio gacha) acordeon (Gaita). Transitando por diferentes estilos, as msicas mesclam o rock instrumental com elementos eletrnicos, jazz, blues, heavy metal, com inseres de gneros gachos. A descrio do release, na verdade, no faz jus ao som do duo. Bastam alguns segundos de audio para perceber que finalmente algo de interessante surgiu na cena musical. O som agrada tanto aos aficionados pelos estilos que formam esse amlgama quanto aos que buscam algo inovador, mesmo que baseado em elementos pr-existentes. Audio obrigatria! (Nilton Corazza)

    GranDenseGranDenseIndependente

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  • 28 / junhO 2015 teclas & afins

    materia de capa NILTON CORAZZA

    Eliane Elias:de volta s origens

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  • junho 2015 / 29 teclas & afins

    Made In BrazilEliane Elias construiu uma slida carreira internacional explorando de forma muito particular - como poucos se propem a fazer - as confluncias e as possibilidades da bossa nova e do jazz, representadas no disco que marca o retorno da artista ao estilo que a consagrou

    materia de capa

    O novo lbum de Eliane Elias atingiu o primeiro lugar em audies no iTunes e no Amazon.com e estreou em terceiro lugar na Billboard Traditional Jazz Chart, nos Estados Unidos. Tambm atingiu o topo em paradas da Frana, da Espanha e de Portugal. Nada mal para a paulistana que h mais de 30 anos mudou-se para Nova York. E, tambm, nada surpreendente. Desconhecida do grande pblico no Brasil, a pianista e cantora foi para os Estados Unidos, com 21 anos, para tocar

    jazz. E fez isso to bem que se tornou a primeira mulher instrumentista a ganhar uma capa da Downbeat, mais importante publicao do gnero no mundo. Com cinco indicaes ao Grammy e quatro discos de ouro, ganhadora trs vezes do prmio de melhor disco vocal no Japo e primeiro lugar em vendas na Frana, com todas as gravaes entre os top five na Billboard Jazz Charts, Eliane Elias conquistou definitivamente um lugar no rol dos gigantes da msica.

  • 30 / junhO 2015 teclas & afins

    materia de capa

    Eliane Elias: inspirao para Diana Krall

    Eliane Elias comeou a estudar piano erudito aos 7 anos, influenciada pela me Lucy, tambm pianista. Aos 12, transcrevia os solos de grandes mestres do jazz. Trs anos mais tarde, era orientada por ningum menos que Amilton Godoy, cone da msica brasileira que a influenciou de maneira indelvel. A carreira profissional se iniciou aos 17, trabalhando com Toquinho e Vincius de Moraes e no circuito de jazz, apresentando composies prprias. Aps uma turn em 1981 com o baixista Eddie Gomez, foi encorajada a se mudar para Nova York, onde continuou seu aperfeioamento na Juilliard School of Music. Surgiu ento o convite para se juntar banda Steps Ahead, ao lado de Mike Mainieri, Michael Brecker, Peter Erskine e Eddie Gmez. Seu primeiro lbum foi uma colaborao

    intitulada Amanda, em 1984, com Randy Brecker, com quem se casou. Pouco tempo depois comeou sua carreira-solo, assinando com a Blue Note Records e lanando o lbum Illusions, de 1987, com Steve Gadd e Stanley Clarke. No ano seguinte, foi eleita Melhor Novo Talento em Jazz pela revista Critics Poll. Na sequncia vieram Cross Currents, com Eddie Gomez e Peter Erskine, e So Far So Close, produzido por Eumir Deodato. Foi indicada pela primeira vez ao Grammy em 1995, pelo lbum Solos and Duets, gravado com Herbie Hancock. De l para c, Eliane, cada vez mais, adicionou canes brasileiras a seu repertrio, notadamente da bossa nova alm de suas prprias composies, criando o estilo que a consagrou e influenciou artistas do porte de Diana Krall.

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  • junho 2015 / 31 teclas & afins

    materia de capa

    Estilo: cosmopolita com toques tropicais

    Made In Brazil marca o retorno da pianista a esse estilo que a consagrou, que mistura as razes brasileiras e sua voz sensual e atraente com o jazz instrumental consistente e suas habilidades de composio. O lbum tem repertrio dividido por meia dzia de composies autorais (criadas h dois anos, durante as frias em So Paulo) e outro tanto de clssicos da MPB, como Aquarela do Brasil. Gravado em So Paulo e com participaes de artistas como Roberto Menescal, Ed Motta, Take 6, Amanda Brecker e a Orquestra Sinfnica de Londres, o lbum apresenta as vrias facetas da pianista/cantora, que atuou tambm como arranjadora, compositora, letrista e produtora. Conversamos com Eliane Elias, que nos contou um pouco mais sobre o disco e o mercado fonogrfico atual.

    Qual foi o conceito que norteou a produo desse lbum dedicado ao Brasil?Esse lbum traz um pouco da histria de nossa msica, comeando com Ary Barroso, passando por Tom Jobim e Menescal, e com minhas composies, que so mais contemporneas. A ideia foi gravar no Brasil. a primeira vez que gravo no Brasil desde que me mudei para Nova York, em 1981. Foi uma gravao especial para mim.

    Voc acumulou vrias funes na produo desse lbum: pianista, cantora, arranjadora, produtora etc. Como atuar em diferentes frentes? Quais as dificuldades e as vantagens nesse tipo de trabalho? Em todos os meus lbuns trabalho em vrias frentes. A dificuldade que tenho que trabalhar demais, usar muitos chapus (risos), tomar conta de muitas coisas, de muitos aspectos da gravao. A vantagem que o resultado sonoro o que eu

    imaginei. As msicas retratam exatamente o que pensei.

    Made In Brazil um lbum feito nos moldes de superproduo, prtica no to comum nos dias de hoje. Por que essa opo?O que fao musicalmente e a opo que fao de produo so baseados no que imagino, no que eu espero escutar em cada uma das msicas e dos arranjos. Podendo, ou seja, estando em uma situao em que eu possa fazer o que fiz - ter orquestra, cordas adicionais etc -, claro que vou atrs do som que imagino.

    Como foi feita a escolha do repertrio no indito? Foi feito de forma orgnica. Existe um material muito vasto, uma grande quantidade de msicas que tenho vontade de tocar, cantar e gravar. Depende muito do momento em que estou selecionando o material, criando a ideia da produo, do

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  • 32 / junhO 2015 teclas & afins

    materia de capa

    lbum. A, as msicas vo vindo. claro, que estando no Brasil, no nosso clima, escutando nosso idioma, a coisa foi puxando mais para o Brasil e para certas msicas que eu tinha vontade de fazer, como Voc, Aquarela do Brasil, Tabuleiro da Baiana, guas de Maro. Mas fazer como idealizei.

    Vida (If Not You) e Driving Ambition parecem apresentar uma abordagem um tanto diferente da msica brasileira em comparao com as demais faixas do lbum. Quais foram as influncias atuais da msica brasileira que te inspiraram nas composies do disco?A msica brasileira, como tudo, tem passado por uma transformao. Este

    lbum traz o lado mais tradicional de nossa msica, samba exaltao e bossa nova. Vida e Driving Ambition trazem o que chamamos de straight eight notes, em uma mistura com backbeat. Mas ainda tem elementos da bossa nova. Antes de gravar Vida, telefonei para Ivan Lins. Disse a ele: Ivan, que tal uma msica que acabei de fazer que deveria ter sido sua? !. Roubei a frase que Jobim disse a algum (risos). uma msica que tem aquela levada, aquela coisa de Ivan Lins. Ele uma pessoa muito querida, um msico com o qual tive a oportunidade de trabalhar por vrias vezes. Apesar de ter a participao de Ed Motta, acho que Vida vem da inspirao daquela poca de Ivan Lins, o que maravilhoso.

    Mais que marketing: classe e beleza a servio da msica

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  • junho 2015 / 33 teclas & afins

    materia de capa

    Ento, tem a ver com a msica brasileira, mas no s com a bossa nova e o samba, mas com outro aspecto de nossa msica. Driving Ambition tambm. No que tenha a ver com Ivan Lins, mas com o backbeat misturado com bossa nova e com uma levada tipo calango, uma coisa interessante misturada com ritmo brasileiro. Um calango bem mais lento, mas com aquela antecipao do contrabaixo com a bateria que pode levar as pessoas a pensarem que tem mistura com msica latina tambm.

    Nesse disco h menos nfase na improvisao e mais nas melodias e nos arranjos. Por que essa escolha? Foi minha inteno. Este no um disco de jazz. o 25 disco que fao e cada um tem sua histria, sua inteno. A inteno deste era o de trazer essas msicas e mostrar esses arranjos. Ainda h momentos de improvisao, mas so mais curtos. Estou em uma fase de minha vida, j h alguns anos, em que acredito que essas improvisaes de cinco chorus, hum... Acredito que consegui me especializar em entregar a mensagem em um chorus apenas, se for o caso. Uma coisa que sempre quis fazer poder contar uma histria naquele chorus. No preciso ficar cinco ou seis chorus improvisando. Isso se torna mais agradvel para o ouvinte e me d oportunidade de fazer mais msicas em vez de fazer msicas to longas com tantas improvisaes.

    Jazz e bossa nova tm muitas intersees e at mesmo se influenciaram mutuamente. Para uma pianista que j trafegou por vrias linguagens, essa ligao ainda muito forte?Claro. Minha raiz brasileira. O Jazz fortssimo dentro de mim. Essa interseo sempre vai existir.

    A presena de um cast de notveis msicos brasileiros foi para oferecer o sabor daqui ao pblico internacional ou se deveu necessidade de ter gente ambientada aos ritmos? Ainda h dificuldade de msicos de fora daqui, notadamente os americanos, de reproduzirem a rtmica brasileira?A rtmica brasileira no representada ou reproduzida por americanos nem por msicos de lugar algum do mundo. Nossa autenticidade continua vindo do Brasil, com os brasileiros, especialmente quando se fala de instrumentos como violo, piano e bateria. No contrabaixo. tenho o Marc Johnson. No existe outro contrabaixista acstico que eu possa imaginar fazendo o que ele faz. Porque ele no somente um virtuose, mas traz aquela conversao, aquele dilogo do jazz, ainda mantendo os ritmos brasileiros. Johnson trabalha comigo h mais de 25 anos. Fora ele, no conheo nenhum msico estrangeiro que tenha esse suingue, especialmente quando falamos de instrumentos rtmicos e harmnicos como piano e violo. diferente em instrumentos-solo como o trompete, que podem tocar sobre o ritmo.

  • 34 / junhO 2015 teclas & afins

    Em Made In Brazil, voc utilizou tanto o piano acstico quanto o Fender Rhodes. Como foi isso? Escolhi onde usar de acordo com cada msica, com o som que tinha em mente. No tenho usado Fender Rhodes por anos. Fazia tempo que no usava keyboard, teclado algum em gravaes e shows. Mas, neste disco, achei bonito usar essa cor.

    A bossa nova ainda o principal produto musical da exportao do Brasil e o estilo que melhor o caracteriza para o pblico mundial? O que o pblico americano conhece hoje de msica brasileira? Falo no s de pblico americano, mas tambm de europeu. Eles conhecem Jobim e alguma coisa de Ary Barroso, por causa dos filmes de Walt Disney. Mas amam muito nosso ritmo e nossa harmonia, principalmente a beleza da msica brasileira da poca da bossa nova. Fao em mdia 220 dias de turn por ano e levo nossa msica para o mundo inteiro, juntamente com o jazz. Por conta disso, me tornei um nome importante em termos de representao dessa mistura de msica brasileira com jazz. Fao um tratamento especial nos arranjos das msicas que entrego, que do a chance para os instrumentistas, a pianista que sou e os virtuoses que trabalham comigo, tambm poderem se destacar

    com improvisaes e com seus solos. um show muito interessante.

    O mercado fonogrfico est em crise h alguns anos. Qual sua opinio a respeito da distribuio digital de msica? Como esse processo influencia na carreira de artistas e, principalmente, de instrumentistas?Est em crise, sim. Os CDs no vendem como antes. Mas, nem a msica digital. As pessoas fazem streaming no Spotify e no Youtube e escutam o que querem no momento que querem. Para os msicos, necessrio sair e tocar ao vivo. Ento, as pessoas que so capazes de criar lbuns porque contam com as enormes facilidades que os softwares oferecem, como refazer gravaes, afinar as vozes, arrumar os solos, podem fazer um disco. Mas, como preciso sair e tocar ao vivo... A prova fica a. O que acaba sobrevivendo o msico que realmente pode se apresentar ao vivo, que tem a capacidade de tocar tanto em gravaes quanto no palco. Os que criam msicas que so boas para vender discos, tudo arrumadinho, feito de forma, s vezes, com todos os recursos da tecnologia, no vo viver da venda desses lbuns. O msico tem que estar apto, ter a capacidade de trabalhar ao vivo, para ser querido, ser chamado, contratado e poder apresentar seu trabalho.

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    NA REDE

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  • 36 / junho 2015 teclas & afins

    SINTESE POR ELOY FRITSCH

    A recriao dos sintetizadores modularesA Moog Music est relanando os instrumentos clssicos da poca de ouro da msica composta para sintetizador - os modulares System 35, System 55 e o Model 15 - nos quais os engenheiros trabalharam quase que artesanalmente na recriao dos dinossauros analgicos, utilizando os projetos originais dos sintetizadores para fabricar as novas placas de circuito impresso

    Os sintetizadores digitais possuem antepassados pr-histricos, gigantes, cheios de fios, com muitos botes, monofnicos, complicados e caros, que, nas mos de grandes tecladistas, colaboraram na construo da histria da msica moderna. Os modulares pareciam centrais telefnicas antigas e era preciso conectar cabos para efetuar as ligaes entre os vrios mdulos geradores e transformadores do som. Os fabricantes de instrumentos eletrnicos

    desenvolveram os sintetizadores modulares comerciais principalmente na dcada de 1970, com o surgimento dos primeiros Moogs e Buchlas. Outras empresas lanaram modelos similares como Roland System-100m e System-700; Korg Ms-50; ARP 2500; E-mu Modular; Serge Modular; PPG 100, 200 e 300; Polyfusion; e Aries Modular. Vrios msicos utilizaram os dinossauros modulares. Dentre eles, Hans Zimmer, Vince Clark, Herbie Hancock, Frank Zappa, Steve

    Roach, Wendy Carlos, Jean Michel Jarre, Isao Tomita, Vangelis, John Cage, Hideki Matsutahe, Dick Hyman, Johan Timman, Larry Fast, Jan Hammer, Suzanne Ciani e Morton Subotnick. Vale lembrar que o showman e tecladista Keith Emerson, para delrio dos roqueiros brasileiros, trouxe seu Moog Modular (que parecia o painel da nave U.S.S. Enterprise) na ltima turn que fez com a banda de rock progressivo Emerson, Moog System 55: 55 mdulos

  • junho 2015 / 37 teclas & afins

    sintese

    Moog recriado: o engenheiro Herb Deutsch e o modelo de Keith Emerson

    Lake & Palmer por aqui.Apesar dos sintetizadores portteis serem mais prticos e populares, os dinossauros modulares ainda so utilizados e cobiados pelos tecladistas por causa da quantidade de sons que podem produzir e a qualidade dos timbres. Atenta a isso, a Moog Music est relanando os instrumentos clssicos da poca de ouro da msica composta para sintetizador: os modulares System 35, System 55 e o Model 15.

    RecriaoA Moog Music j havia criado a rplica do sintetizador modular de Keith Emerson e lanado no festival Mogfest em 2014, em comemorao aos 50 anos do equipamento. O primeiro modular do tecladista do ELP foi fabricado em 1970 e tinha 81 mdulos, sendo que 12 deles eram nicos. Foi o primeiro sintetizador dessa linha com presets para performance, j que era usado nas turns do grupo ingls. A recriao feita em 2014 possui os mesmos

    81 mdulos, construdos manualmente e soldados de acordo com os esquemas originais e orientaes dos manuais de servio. A experincia de trabalhar nos esquemas originais do sintetizador de Keith Emerson possibilitou a fabricao da linha de sintetizadores modulares Moog usada nos anos 1970 por grupos de rock progressivo, jazz e disco. O nmero do sistema Moog informa a quantidade de mdulos de sntese disponveis em cada modelo. Por exemplo, o Moog System 55 constitudo por 55 mdulos. A Moog est disponibilizando tambm alguns componentes importantes para estes modelos de sintetizadores, que so comercializados separadamente. Entre eles est um teclado de cinco oitavas, um sequenciador e o 960 Sequential Controller para os modelos 35 e 55. Dick Hyman, autor do clssico lbum The Electric Eclectics of Dick Hyman (1969), foi chamado pela Moog Music para ser um dos artistas a experimentar as rplicas de sintetizadores da Moog.

    Aniversrio: 50 anos de Moog Modular

  • 38 / junho 2015 teclas & afins

    O surgimento dos sintetizadores MoogO Dr. Robert Moog foi um personagem de grande importncia no desenvolvimento do sintetizador e da msica eletrnica. Nascido em Nova York, no ano de 1934, Moog, por meio dos equipamentos que desenvolveu, revolucionou o som e o papel dos tecladistas. Seus inventos mudaram o curso da histria da msica e permitiram que o sintetizador e a msica eletrnica assumissem importante papel. Os primeiros contatos com a msica vieram desde a infncia, quando Moog estudou piano. Na adolescncia passou a construir Theremins. Em 1957, graduou-se Bacharel em Fsica no Queens College, Bacharel em Engenharia Eltrica na Universidade de Columbia e PhD em Engenharia Fsica na Universidade Cornell. Em 1954, fundou a R. A. Moog Company projetando e construindo, junto com sua esposa, instrumentos eletrnicos em um pequeno apartamento. A empresa cresceu, vindo a tornar-se um negcio lucrativo no ano de 1964, quando lanou

    no mercado uma linha de equipamentos de sntese sonora.

    A ascenso dos sintetizadores MoogEm 1968, Wendy Carlos gravou o lbum Switched-On Bach, onde executou obras de Bach com o sintetizador modular Moog. O sucesso do lbum fez que a demanda desses instrumentos aumentasse consideravelmente. Bob Moog iniciou ento a criao de sintetizadores portteis. Construiu os Minimoog modelos A, B, e C, mas somente o modelo D obteve grande sucesso comercial. O Minimoog se tornou o sintetizador monofnico mais popular dos anos 70, tendo vendido aproximadamente 13.000 unidades entre os anos de 1971 e 1982. Antes da inveno desse equipamento, os sintetizadores modulares eram grandes e pouco prticos. O Minimoog foi o primeiro sintetizador porttil de sucesso, disponibilizando uma espcie de minilaboratrio de msica eletrnica para ser levado ao palco. Alm disso, serviu como base no desenvolvimento dos teclados

    SINTESE

    Switched-on Bach: poca de ouro dos sintetizadores comerciais norte-americanosDick Hyman: o original e o novo Moog System 55

  • junho 2015 / 39 teclas & afins

    posteriores. Em 1972, o nome da empresa de Moog mudou para Moog Music, Inc., e, dois anos depois, a companhia tornou-se uma diviso da Norlin Music, Inc., que ainda lanou alguns sintetizadores utilizando o nome Moog at fechar em 1987. Alguns dos principais sintetizadores Moog lanados na dcada de 1970 e 1980 foram: Liberation, Memorymoog, Micromoog, Minimoog, Minitmoog, Modular, Multimoog, Opus-3, Polymoog, Polymoog Keyboard, Prodigy, Concertmate MG-1, Rogue, Sanctuary, Satellite, Sonic Six, Source, Taurus. Robert Moog foi o presidente da Moog Music at 1977. Aps sair da empresa que carregava seu nome, recomeou a projetar e construir instrumentos em uma nova companhia, a Big Briar. A especialidade dessa empresa era o desenvolvimento de Theremins, porm, no ano de 1999, a empresa passou a desenvolver tambm pedais analgicos de efeito. Ainda em 1999, Moog desenvolveu, em parceria com a Bomb Factory, os primeiros efeitos digitais baseados nas tecnologias dos

    equipamentos Moog em forma de plug-ins para o software Pro Tools.

    O Minimoog VoyagerEm 2002, Robert Moog reabriu a Moog Music e produziu uma nova verso para o seu bem-sucedido Minimoog, o Voyager. Trata-se de um sintetizador analgico monofnico fabricado com a inteno de reproduzir o som do autntico Minimoog. O instrumento possui funes adicionais ao original como rotinas de modulao, MIDI, superfcie sensitiva ao toque e capacidade de armazenar e recuperar patches. Possui 44 teclas, trs osciladores analgicos estveis, dois filtros Moog (VCF), LFO, VCA e ADSR. A edio de aniversrio do Minimoog Voyager ainda possui um novo banco de presets criados por tecladistas usurios do equipamento, entre os quais Rick Wakeman. O Minimoog Voyager ainda pode ser programado por meio de um software para a edio de todos os parmetros de sntese, tanto na plataforma Mac quanto

    sintese

    Minimoog Voyager: verso atualizada do clssico

  • 40 / junho 2015 teclas & afins

    Eloy F. FritschTecladista do grupo de rock pro-gressivo Apocalypse, compositor e professor de msica do Instituto de Artes da UFRGS onde coordena o Centro de Msica Eletrnica. Lan-ou 10 lbuns de msica instru-mental tocando sintetizadores, realizou trilhas sonoras para cine-ma, teatro e televiso.

    PC. O editor permite carregar e salvar sons individuais bem como atualizar a verso do sistema operacional. Alm disso, dispe de um gerenciador para o banco de sons e a biblioteca de patchs por categorias de som, sensibilidade a mudanas no painel, gerador randmico de patchs com as funes de morphing, mixing e mutating form. A funo Genetic possibilita que novos presets sejam obtidos pela modificao de dois presets em conjunto. O Minimoog Voyager possui as verses Electric Blue, Rackmount, Performer, Signature e Aniversary. Cada uma delas possui um detalhe diferente, principalmente

    SINTESE

    Moog Theremin Polyphonic: produto inovador

    MoogfestMoogfest o festival em homenagem a Bob Moog que ocorre em Nova York reunindo grandes tecladistas e msicos da cena eletrnica que utilizam instrumentos Moog. Por este festival j passaram nomes como Keith Emerson, Eumir Deodato, Jordan Rudess, Rick Wakeman, Suzanne Ciane e Gherson Kingsley.

    em relao ao painel e a outras caractersticas como o nmero de presets, as cores e a funo do potencimetro do mixer externo para a escolha dos presets. O Minimoog Voyager Rackmount o modelo de sintetizador sem o teclado. Mesmo assim possui todas as funes de sntese do Minimoog Voyager podendo ser

    completamente controlado via MIDI. O Rackmount, assim como as mais recentes verses do Voyager, permite utilizar sete bancos de 128 presets. Robert Moog veio a falecer, aos 71 anos, no dia 21 de agosto de 2005, em Nashville, Carolina do Norte. A Fundao Bob Moog foi criada para servir como memorial e com o objetivo de continuar o trabalho desen-volvido por ele na rea da msica eletrni-ca, contando com a colaborao de vrios msicos. A Moog Music continuou o tra-balho pioneiro de seu fundador e desen-volveu outros instrumentos interessantes alm dos sintetizadores. Entre eles esto os novos modelos de Theremin como o Theremini e o Theremin Polyphonic.

  • ANOS DEPOIS, ELE RESSURGE! O LENDRIO SYNTH ANALGICO QUE TRANSFORMOU SUA GERAO.

    KORG.COM.BR

  • 42 / junho 2014 teclas & afins42 / junho 2015 teclas & afins

    livre pensar POR ALEX SABA

    O ArquitetoO lbum do Quaterna Requiem mantm a tradio do grupo de misturar, com maestria, a msica clssica com o rock, sem a pieguice de ter uma orquestra por trs, mas soando como uma poderosa sinfnica com muitos timbres sutis e exploses harmnicas e meldicas

    Estava sentado no escritrio do estdio, tentando no esbarrar na estante, datilografando alegremente esta coluna, quando Sev (o Faz Tudo aqui do estdio) esticou o olho da poltrona onde ele tirava

    um cochilo, interrompido pelo barulho da mquina de escrever, e leu o que eu comeara a escrever. Esticou as pernas e quase me derruba da cadeira. Entre um bocejo e outro, e ainda esticando os

    Quaterna Requiem: Kleber Vogel, Roberto Crivano, Elisa Wiermann, Claudio Dantas e Jorge Mathias

  • junho 2014 / 43 teclas & afins junho 2015 / 43 teclas & afins

    livre pensar

    braos - como se aquele cmodo pouco maior que uma cabine telefnica inglesa comportasse tanta folga - reclamou: Vai escrever sobre outro gringo?. Arranquei o papel da mquina e joguei na lata do lixo, que ele deveria ter esvaziado na semana anterior. O que voc sugere?, perguntei. Ele levantou e saiu para a sala de bateria, onde sabia que poderia continuar a cochilar sem que o barulho o atrapalhasse, mas antes disse: Sei l!.Fiquei ali sentado, olhando pela janela para a parede do prdio em frente, uma muralha de concreto muito sem graa sem nenhuma janela para fofocar, e me senti enclausurado. Por algum motivo, lembrei das histrias da Catedral de Notre Dame, do Quasimodo e, por associao de ideias, do Quaterna Requiem.Faz tempo que no tenho notcias deles. Pedi uma entrevista para Elisa Wiermann que, apesar de ter concordado, anda meio sumida. Dei uma olhada na estante e l estava ele, o ltimo disco do grupo: O Arquiteto. Talvez Sev esteja certo e seja hora de falar um pouco do que poucos conhecem. Essa coluna mesmo para isso, chamar a ateno para aquilo que no a recebe. Eu j tinha pensado em escrever sobre esse disco, mas estava com medo de abord-lo e a esse tema que escolheram, por alguns motivos. O maior deles o fato de tambm ser arquiteto - da as implicaes que comentar uma obra dessas traga. Mas deixando meus medos de lado, vamos nessa.

    O lbumA capa primorosa, caracterstica da banda. Assim que o disco comea a girar, surge nas caixas o piano de Elisa abrindo Preludium, uma composio climtica e perfeita para dar incio aos trabalhos.

    No daquelas que vai tocar no rdio por conta dos seus mais de 11 minutos, mas esse tempo bem aproveitado para entrarmos no clima de O Arquiteto. Aos 4:15 surge a bateria de Claudio Dantas com uma marcha, acompanhando a guitarra de Roberto Crivano, que alterna-se com o violino de Kleber Vogel (que j havia aparecido durante a primeira parte de Preludium). A guitarra de Crivano vai bem chorosa, at que,por volta dos 6 minutos, o clima muda completamente pra o velho e bom rock (progressivo, bem entendido) com uma levada mais leve, tirando-nos de uma certa opresso que a introduo nos colocou. um momento para respirar, com solos de Elisa, Vogel e Crivano. At agora voc poderia me perguntar: ora, falta algum? No que falte. No falei do Jorge Mathias (baixo) porque ele est onde deveria estar, l no fundo, ou l embaixo, nas suas frequncias graves dando suporte aos trs solistas junto de Dantas. O clima cresce e a msica se desdobra. Ouvimos influncias leves de Rick Wakeman na tcnica de Elisa e o final

  • 44 / junho 2014 teclas & afins44 / junho 2015 teclas & afins

    se aproxima, climtico e dramtico - como se poderia esperar -, mas preparando a entrada de Mosaicos. A segunda msica comea tambm climtica. Gotas, chuva, nvoa? Tanto faz. O piano de Elisa serve de base para o violo do convidado Phil Wiermann, coautor dessa faixa com Elisa, que assina todas as outras. O som do violo lindo. timo trabalho do engenheiro Renato Gomes do Estdio Hyt. Cordas e piano so a cortina para o solo de Wiermann, com alguns toques percussivos no violo (ou seria Dantas, discretssimo, l por trs?). Finda a bela Mosaicos, um imponente rgo de tubos abre Fantasia Urbana ao lado do violino de Vogel seguido discretamente pela guitarra de Crivano, mas logo com a companhia de Dantas e Mathias. Uma pea complicadinha, que me fez parar para pensar qual seria a diviso dela. Mas isso era somente a introduo. J aos dois minutos, algo muda e essa parece ser a tnica dessa pea de quase 12 minutos. Crivano abusa de chorar sua guitarra - fantstico ouvir algum com emoo e no uma mquina de tocar notas atrs de notas. A dobra com o violino de Vogel pura emoo. Guitarra e violino alternam-se mostrando talento e harmonia. Aos cinco minutos e pouco, a pea muda outra vez e Vogel improvisa sobre um tema em 6/4 (agora sim, eu contei). Solo de Elisa com um possvel herdeiro do saudoso Minimoog e Fantasia Urbana se transforma em algo perto de um xaxado. No me levem mal. No pejorativo, nunca, em se tratando dessa banda. As bandas nacionais costumam esquecer o pas em que vivemos. Mathias aparece mais aqui. No est s l atrs. Vem algumas vezes frente pra nos preparar para outra mudana. Crivano, com um

    longo sustain, do tipo de Latimer, logo alcanado por Vogel.

    Pausa (minha). Se essa pea tremendamente complexa, comeo a me preocupar (no bom sentido) com o que vou encontrar na Suite O Arquiteto, dividida em sete partes fora os quatro interldios. Fim da pausa.

    O tema fica familiar novamente pra preparar o final, mas o andamento discretamente crescente, preparando uma possvel exploso, vinda das constantes viradas de Dantas. muito suspense, mas um ralentando mostra qual o caminho escolhido pela compositora pra encerrar. Passamos para a Suite O Arquiteto, que comea sem muitas delongas com o mesmo rgo imponente ao fundo,

    livre pensar

    Elisa Wiermann: composio e alma

  • junho 2014 / 45 teclas & afins junho 2015 / 45 teclas & afins

    Quaterna Requiem: emoo e intelecto

    guitarra e violino frente e Mathias to discreto no baixo quanto Dantas (se ele que est nos sinos ou Tubular Bells).Cada movimento da sute dedicado a um arquiteto: Bramante (Donato di Angelo del Pasciuccio, renascentista 1444 a 1514); Mansart (Franois Mansart, um dos criadores da arquitetura francesa clssica, Paris, 1598 a 1666 ou Jules Hardouin-Mansart, o pice do barroco na Frana, principalmente pelo palcio de Versailles, 1646 a 1708); Frank Lloyd (Frank Lloyd Wright, arquiteto, escritor e educador, 1867 a 1959); Gaudi(Antoni Placid Gaud i Cornet, arquiteto catalo, um dos smbolos da cidade de Barcelona, arquiteto de novas concepes plsticas ligado ao modernismo catalo - variante local da art nouveau -, 1852 a 1926); Niemeyer (Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares considerado uma das

    figuras-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna, 1907 a 2012) so as cinco primeiras partes. Descronstruo e Postludium completam a obra.O que muito legal nesse lbum que ele mantm a tradio do grupo de misturar com maestria a msica clssica com o rock. No a pieguice de ter uma orquestra por trs, mas ser a prpria orquestra. As composies da Elisa tratam o grupo como uma pequena orquestra. No so um quarteto de cordas ou uma orquestra de cmara, mas uma poderosa sinfnica com muitos timbres sutis e exploses harmnicas e meldicas.A essa altura, acho que meu FT (faz tudo) ficar satisfeito. No que eu deva explicaes a ele, mas a ideia foi boa, mesmo sem a entrevista com a Elisa. Quem sabe eu a conveno e trago os detalhes dos bastidores? Me aguardem.

    livre pensar

  • 46 / JUNHO 2015 teclas & afins

    Atletas precisam manter a forma. Seus desempenhos dependem disso. Todos os dias acordam cedo, fazem alongamento, correm, saltam, nadam, levantam peso. Mantm vida saudvel e praticam seus respectivos esportes todos os dias, durante horas. o que os fazem melhorar as suas marcas.Participei de um programa de televiso em que um medalhista brasileiro revelou que os nadadores escrevem nas portas de seus armrios o tempo que almejam cumprir naquela determinada prova. Os campees do vlei acordavam mais cedo do que os novatos para o treino, porque sabiam que

    O que fazer para manter-se em formaNa msica, preciso praticar muito para obter bons resultados e a tcnica precisa ser apurada para conseguir executar trechos de alto grau de dificuldade com clareza e beleza

    o jogo se ganhava ali, todos os dias no treinamento.A msica no competitiva dessa forma, pois no existe nenhum trofu esperando o artista depois de uma bela apresentao. De qualquer forma, a exigncia que o corpo faz praticamente a mesma.Duvida? Um srio estudo realizado pelo cientista Aaron Williamon, em Londres, concluiu que o desgaste de um pianista em um show o mesmo de um atleta de alto rendimento como um maratonista. Interessante no? Imagine agora o seu desgaste, sem uma preparao de tcnica

    vida de musico por ivan teixeira

  • JUNHO 2015 / 47 teclas & afins

    adequada. Quantos pianistas que voc conhece tm alguma ite (que uma terminao para indicar inflamao) como tendinite, bursite, artrite etc.Alguns atletas, no treinam e so excelentes. So gnios. Duram menos, verdade, assim como os pianistas sem treinamento tcnico. Mas ainda sim, so excees. Na msica, no diferente. preciso praticar muito para obter bons resultados. A tcnica precisa ser apurada para conseguir executar trechos de alto grau de dificuldade com clareza e beleza. Se voc uma exceo e no precisa nada disso, eu no sei. Mas, se voc precisa praticar pelo menos todos os dias, ou quer comear a praticar, deixo aqui algumas dicas:1. Estude livros de tcnica de piano erudito. O estudo do piano existe h mais de 300 anos. Os clssicos detm pesquisa cuidadosa para uma tcnica que possibilita tocar qualquer estilo musical existente. Os melhores mtodos para adquirir velocidade, fora ou leveza, so estudos da escola clssica de piano, como Pozzoli, Czerny, Hanon etc.;2. Exercite escalas e arpejos para aperfeioamento da velocidade das mos. Execute as escalas maiores, nos sentidos ascendente e descendente, com as duas mos simultaneamente e com divises rtmicas diferentes: tercinas; colcheias; colcheia e semicolcheia (sincopa); semicolcheias. Faa isso tambm com as pentatnicas;3. Faa alongamento de ombros, braos, mos e dedos. Da mesma forma que um atleta precisa fazer aquecimento antes de entrar em uma partida, um pianista/

    tecladista precisa aquecer as mos antes de comear a tocar;4. Todos os mdicos (inclusive meu prprio pai) recomendam que faamos alguma atividade fsica. Mas evite esforos fsicos demasiados, que envolvam fora nos punhos ou risco de leso nos dedos. Musculao deve ser feita com muita cautela, porque o enrijecimento demasiado na musculatura dos ombros e pescoo pode causar certa amarrao nos braos, fazendo que se perca a leveza e a coordenao motora fina, to importante para tecladistas e pianistas. Para adquirir mais tcnica, voc ter que se dedicar ao instrumento. No existe frmula mgica e (ainda bem) nunca haver. Dedicao ao instrumento significa tempo e continuidade. A persistncia nos estudos ser recompensada na qualidade do seu som. Quem estuda sabe essa diferena s de olhar para o pianista sentado em frente ao piano. Para quem tem interesse em estudar, mas acha que tem pouca disponibilidade de tempo para isso, sugiro que desenvolva uma agenda na rotina de seu dia a dia. Uma proposta p no cho, que seja possvel, para que funcione alm mais da primeira semana da empolgao e depois fique esquecida. Ache um horrio especfico para estudar. Meia hora por dia? Uma hora por semana? No sei qual o tempo que voc tem disponvel, mas faa que esse tempo de estudo para praticar jamais diminua. Se possvel, aumente-o.

    vida de musico

    Ivan TeixeiraPianista de formao erudita, tecladista por sua prpria escolha, Ivan Teixeira proprietrio da produtora de udio IMUSI, produzindo, compondo e arranjando diversos projetos para cantores, cinema, publicidade e games. Trabalha com nomes importantes da msica brasileira e tem sua prpria carreira e seus discos gravados. Adora histria da msica, sintetizadores digitais, analgicos e virtuais.

  • 48 / JUNHO 2015 teclas & afins

    PALCO POR WAGNER CAPPIA

    Estrutura tecnolgicaA tecnologia existe, abundante e altamente acessvel nos dias atuais, e deve ser usada em toda a sua capacidade, mas encontrar a medida certa uma tarefa nem sempre simples

    Na edio anterior falei sobre o abuso no uso da tecnologia musical. Muitos artistas, na nsia de criar um projeto grandioso, confundem grandioso com exagerado. Aplicam uma infinidade de recursos tcnicos em seus registros e, em um show, se tornam escravos de samplers e clicks, deixando o controle por conta da mquina atrs do palco. No incio de minha carreira, quando compunha as msicas para um projeto, o foco era apenas a mensagem - o que dizer com a msica - e no economizava em notas e harmonias no convencionais para tentar transmitir tudo o que estava em minha cabea. Com o tempo, percebi que

    a mensagem estava chegando apenas para mim e no para o pblico. O tempo me fez entender que compor mais do que uma boa estrutura harmnica e meldica. Compor pensar nos termos tcnicos musicais, mas tambm, em como isso ir chegar at a plateia. Hoje, ainda trabalho com minhas harmonias um pouco tortas, mas, alm disso, procuro imaginar como a msica chegar ao palco: penso em iluminao, performances, imagens projetadas, samplers (sim, samplers!) e tudo o que pode garantir a transmisso da mensagem de forma limpa e equilibrada. O primeiro passo definir onde cada elemento (som, imagem, movimento

    Kraftwerk: msica, iluminao, grafismos e vdeos

  • JUNHO 2015 / 49 teclas & afins

    Wagner CappiaIniciou seus estudos em piano clssico em 1982, com formao pelo Conservatrio Dramtico Musical de So Paulo. scio-diretor do Conservatrio Ever Dream (Instituto Musical Ever Dream), tecladista, compositor e arranjador da banda Eve Desire e scio-proprietrio e responsvel tcnico do estdio YourTrack. Msico envolvido na cena metal, procura misturas de estilos que vo desde sua origem natural na msica erudita at a msica contempornea, mesclando elementos clssicos e de ambiente em suas composies. Especialista em tecnologia musical, performance ao vivo para tecladistas, coaching para bandas, professor de piano, teclado e udio. www.cappia.com.br - www.evedesire.com - www.institutomusicaleverdream.com

    etc) pode ser usado. E, no que tange ao instrumento, o que ser disparado como complemento execuo da pea.

    Sempre um complemento, nunca o contrrioO tecladista no complementa a tecnologia: a tecnologia complementa o tecladista! No palco, o computador passa a ser parte do instrumental. E muitos casos, nele que est todo o controle dos teclados. Com um software VST plugin host com recursos voltados para apresentaes ao vivo, possvel controlar timbres internos nos teclados, suas trocas ou a substituio por instrumentos virtuais de alta qualidade, hospedados no PC, alm dos gatilhos para samplers, MIDI, volumes, ordem de execuo roteamentos e outros recursos. O Brainspawn Forte (www.brainspawn.com), por exemplo, extremamente leve e intuitivo, projetado para o palco e capaz de controlar vrios equipamentos via mensagens MIDI, alm de oferecer recursos que facilitam a manuteno em uma situao de palco, tornando alteraes no previstas extremamente rpidas. Alm dele, existem outros, como Cantabile, Chainer, Mainstage (apenas Mac), VST host etc. Com o apoio de um software dessa categoria, as ideias e mensagens musicais desenvolvidas e prontas podem ser transmitidas de forma precisa e ao controle do msico, que decide quando tudo deve acontecer em cima do palco. Portanto, o segundo passo para garantir a transmisso da mensagem de forma limpa e equilibrada

    PALCO

    o trabalho de composio tcnica de cada msica. Qual timbre estar em cada teclado ou sampler, o envio de clicks e trilhas para outros msicos (bateristas, por exemplo), sequncias pr-gravadas etc. E, por fim, ensaio. Muito ensaio. Testar exaustivamente a estrutura construda para que tudo funcione perfeitamente. Ensaiar no somente a msica, mas o controle tcnico. Aperfeioar o que for possvel e tornar a mquina parte de seu instrumento.Depois que tudo estiver pronto e testado, deve-se criar uma contingncia a toda estrutura para quando o famoso e se entrar em ao. E se alguma coisa der errado, no funcionar? E se um dos teclados parar sem nenhuma explicao? E se as conexes falharem? Contra isso, devemos deixar os teclados programados para trabalharem de forma autnoma com os principais timbres ou similares aos VSTs que voc utilizou. Assim, o show no para. Apesar de resultar em uma verso um pouco mais simples do que a inicial, a msica no para! Existem vrias formas diferentes de aplicao de tecnologia. Esta, apesar de bastante comum, apenas uma delas. Alguns tecladistas optam, por exemplo, por estruturas baseadas apenas em recursos nativos dos prprios teclados. Mas para isso deve-se avaliar o custo de cada estrutura e definir a que mais se apresenta equilibrada nos quesitos custo-benefcio ou aplicabilidade ao cenrio pessoal. Vamos discutir mais sobre o assunto nas prximas edies. At l!

  • 50 / JUNHO 2015 teclas & afins

    pUXANDO FOLE POR Jackson Jofre Rodrigues

    Grandes festivais e competies mundiais Existem inmeros festivais e competies de acordeon em todo mundo, mas poucos msicos tem conhecimento e participam desses eventos

    H muitas competies ocorrendo no mundo todo, algumas com maior expressividade. Um dos maiores festivais o de Castelfidardo, na Itlia (www.pifcastelfidardo.it), dedicado somente ao acordeon acstico, em todas as categorias, do mirim at Senior e Master. Este ano o festival ocorre de 17 a 20 de setembro e as inscries vo at o dia 25 de agosto. H tambm o Festival Primus, na Finlndia, evento gigante com mecanismo similar ao do programa American Idol. Durante as etapas, a

    plateia de mais de 2.000 pessoas comparece com direito a gritos, bandeiras e faixas para assistir a apresentaes que incluem desde videoclipes da vida de cada competidor e seu pas, at banda e orquestra ao vivo acompanhando cada um. Outro festival importante o Roland V-Accordion Internacional Festival, dedicado exclusivamente marca e seu instrumento: o acordeon digital. dividido em trs etapas - seleo, final nacional e final mundial e tem

    Campees: Grayson Masefield e Pietro Adragna

  • JUNHO 2015 / 51 teclas & afins

    pUXANDO FOLE

    Jackson Jofre RodriguesAcordeonista e produtor musical, atuando no cenrio nacional com nomes como Gilbert Stein, Marlon e Maicon, Joo Neto e Frederico, Fernando e Sorocaba, Teodoro e Sampaio, Cristiano Arajo, Chitozinho e Xoror, Zez di Camargo e Luciano, Guilherme e Santiago, Banda Nanquin, Grupo Candieiro, Grupo Garotos de Ouro, Banda Moog e Banda Aurora Tocaia, entre outros. Tem mais de 40 discos gravados, 7 DVDs, indicao ao Prmio Tim 2003, considerado oito vezes o melhor acordeonista do Rio Grande do Sul. Foi Campeo Brasileiro de Acordeon Digital Roland, 4 lugar na final mundial de Acordeon Roland em Roma, 3 lugar na Copa do Mundo de Acordeon na Crocia realizando trs turns pela Europa, Oceania e EUA.

    seu encerramento em Roma, na Itlia.O maior dos festivais, contudo, a Copa do Mundo de Acordeon (www.coupemondiale.org), que a cada ano realizada em um pas diferente, reunindo os melhores acordeonis-tas do mundo, em todas as categorias, em duas semanas de competies, shows e troca de informaes. Este ano ser realizada de 6 a 11 de outubro na cidade de Turku, na Finln-dia. As inscries vo at 31 de agosto.

    Para participarQuando se pensa em competir em um festival mundial, primeiramente necessrio saber e estar consciente de que se ir enfrentar adversrios muito bem preparados tecnicamente. Alm desse fator, tambm se deve levar em considerao as tradies do acordeon internacional, tanto culturalmente, quanto os estilos e peas (obras, msicas) mais indicados. Como em qualquer outro tipo de competio, h os chamados ratos de festival, msicos que se dedicam quase que exclusivamente a se prepararem para esses

    Matthias Matzke: fenmeno alemo

    concursos, tornando-se conhecidos tanto da plateia quanto dos jurados e dos outros competidores. Os grandes festivais mundiais passam pelo crivo de autoridades do acordeon, representados pela CIA (Confederao Internacional de Acordeon). Para representar o Brasil nessas competies, importante contar com a autorizao do presidente da Associao dos Acordeonistas do Brasil, cargo atualmente ocupado pelo senhor Lauro Valrio.

    CampeesA cada ano, muitos so os vencedores nos diversos festivais que acontecem pelo mundo, apresentando ao pblico artistas de talento e capacidade invejveis. Um dos maiores Frederic Deschamps (veja a edio 11 de Teclas & Afins) que, alm de ser um grande vencedor, preparador de campees e faz parte do grupo que comanda o acordeon pelo mundo organizando e realizando competies e eventos. Entre os jovens nomes, podem ser citados Grayson Masefield (Nova Zelndia), Pietro Adragna (Itlia) e Matthias Matzke (Alemanha), todos alunos e discpulos de Deschamps.Tive o prazer de competir em dois destes festivais: o da Roland - de onde sa campeo nacional e quarto lugar na final mundial em Roma e a Copa do Mundo, na Crocia em que conquistei o terceiro lugar no ranking mundial, colocao indita para o Brasil at hoje. Confesso que uma experincia nica, inimaginvel e inigualvel.

  • 52 / JUNHO 2015 teclas & afins

    cultura hammond

    Hammond no Brasil: os pioneiros

    por Jose Osorio de Souza

    Em se tratando do rgo Hammond, sua presena existiu no somente no hit A Whiter Shade Of Pale da banda britnica Procol Harum, famoso e conhecido por todos:o msico nacional tambm usou esse instrumento com muita personalidade

    A melhor fonte musical para se beber a que vem das razes, dos mestres que fizeram algo pela primeira vez e criaram a msica. Contudo, muitos jovens no conhecem msica. E no digo apenas a escola erudita ou o blues/jazz, mas o pop-rock. Alm disso, muitos msicos brasileiros no conhecem msica brasileira. O rgo Hammond existiu no somente no hit A Whiter Shade Of Pale da banda britnica Procol Harum, famoso e conhecido por todos. O msico nacional tambm usou esse instrumento. E com muita personalidade. Alguns dos grandes

    nomes do Hammond no Brasil esto listados a seguir.

    Djalma FerreiraNasceu no Rio de Janeiro em 1913 e aprendeu piano e violino na Itlia. J tocava de ouvido aos 14 anos e, em 1932, aos 18 anos, apaixonou-se pelo estilo da pianista Carolina Cardoso de Menezes, passando a imit-la. Em 1936, j era um profissional. Vem dessa poca a amizade com grandes nomes da msica brasileira como Noel Rosa, Henrique Batista e Marlia Batista, por causa das participaes que fazia em

  • JUNHO 2015 / 53 teclas & afins

    cultura hammond

    programas no rdio. Sua vida empresarial, na rea de casas noturnas, tambm bem-sucedida, tendo inaugurado a boate Embassy em Lima, ao lado de Josephine Baker, e adquirido sua prpria casa de shows, a Gong, em La Paz.De volta ao Brasil, fundou a Drink, sendo o primeiro msico brasileiro a ter uma gravadora. Com carreira bem-sucedida com bandas, lanou crooners como Helena de Lima, Lus Bandeira, Miltinho e Jair Rodrigues, que embalados pela credencial de terem se apresentado ao seu lado ou mesmo feito parte dos Milionrios do Ritmo tiveram carreiras solo de sucesso. Montou tambm a boate Drink, que lhe rendeu grande prosperidade financeira.Com dificuldades fiscais para manter uma de suas casas noturnas e disposto a novos desafios, foi para Las Vegas. Os dois primeiros anos foram difceis, mas depois conseguiu se firmar, assinou contratos, tocou com gente importante e tornou-se parceiro de composio de Leonard Feather. Faleceu em 2004 em Las Vegas, aos 91 anos.

    Walter WanderleyNascido em Recife em 1932, foi casado com a cantora Isaurinha Garcia. Vendeu mais de um milho de cpias de seu lbum de lanamento Rain Forest. Influenciado por Tony Bennett e j com fama no Brasil no fim dos anos 50, foi com seu trio aos Estados Unidos em 1966, lanando seu primeiro single, Samba de Vero, de Marcos e Paulo Srgio Valle. Com isso, alcanou o segundo lugar nas paradas, chegando marca de um milho de cpias vendidas naquele pas. Pouco conhecido no Brasil, Wanderley teve reconhecimento internacional pelo trabalho realizado com a cantora Astrud Gilberto, consolidando sua carreira no meio jazzstico dos Estados Unidos. Morreu em 1986, em San Francisco.

    Ed LincolnNasceu em Fortaleza em 1932 e foi para o Rio de Janeiro em 1951, onde iniciou a carreira artstica tocando contrabaixo em clubes. Depois, passou para piano e ento para o rgo Hammond. Trabalhou com Lus Ea, Dick Farney e Luiz Bonf na dcada de 1950 e fez parte de conjuntos

  • 54 / JUNHO 2015 teclas & afins

    cultura hammond

    de casas noturnas, chegando a gravar um disco com o Trio Plaza. Seu estilo de tocar rgo, criado na dcada de 1960, tornou-se moda em bailes da poca. Gravou LPs pela Musidisc, gravadora da qual foi diretor musical e arranjador, e depois fundou seu prprio selo, o DeSavoya. Nos anos 70 lanou o lbum rgo e Piano Eltrico, pela CID, e em 1989 o disco Novo Toque, pela Elenco/Polygram. Cantores como Pedrinho Rodrigues, Silvio Csar, Orlandivo e Tony Tornado estiveram presentes em seu conjunto, alm de muitos outros instrumentistas consagrados. Trabalhou na dcada de 1970 para as cantoras Beth Carvalho e Elza Soares. famoso por ter usado pseudnimos em muitos discos, como Don Pablo de Havana, Les 4 Cadillacs, The Lovers, De Savoya Combo, Ed Kennedy, Claudio Marcelo, Danny Marcel, dentre outros. Morreu aos 80 anos de idade no Rio de Janeiro, em 2012.

    LafayetteLafayette Coelho Varges Limp nasceu no Rio de Janeiro em 1943. Comeou a ter aulas de piano no Conservatrio Nacional de Msica aos 5 anos, mas apesar da formao erudita, no final da dcada de 1950 se tornou msico de rock. Fez parte da famosa turma da Matoso, da Tijuca,

    da qual fizeram parte jovens que teriam relevncia no cenrio musical nacional dos anos 60 e 70, como Wilson Simonal, Roberto e Erasmo Carlos, Jorge Bem e Tim Maia. Em 1958, formou o conjunto Blue Jeans Rock, participando como pianista, mas s teria sucesso na dcada seguinte, ento como organista, integrando o conjunto Sambrasa. Convidado por Erasmo Carlos em 1964 para tocar piano em uma de suas gravaes, deparou-se no estdio com um rgo Hammond pondo-se a experimentar o instrumento. Erasmo gostou tanto que acabou utilizando Lafayette no rgo no lugar do piano. Convidado depois por Roberto Carlos, gravou com o rei de 1965 a 1970. Como o organista oficial do movimento, gravou mais de quarenta discos com artistas da Jovem Guarda. A sonoridade do movimento no seria a mesma sem Lafayette e seu Hammond B3, sendo considerado o primeiro a introduzir o rgo na msica popular brasileira. Lafayette iniciou sua carreira solo em 1965, lanando lbuns que apresentavam verses instrumentais

    Ed Lincoln: descobridor de talentos

  • JUNHO 2015 / 55 teclas & afins

    Jose Osrio de SouzaPianista de formao erudita, foi proprietrio de estdio e escola de msica e Suporte Tcnico da Roland Brasil. tecladista da noite, compositor e escritor. Ama histria e tecnologia dos sintetizadores e samplers, mas apaixonado por teclados vintages, blues, rock progressivo e msica de cinema. Atualmente atua como msico gospel na cidade de Itu (SP).

    cultura hammond

    de hits contemporneos. Todos fizeram muito sucesso, inclusive fora do Brasil, distribudos em outros pases. Alm dos vrios compactos lanados, gravou um total de mais de oitenta lbuns. Premiado com vrios trofus e discos de ouro, bateu recorde de vendagem e execuo, alm de ter excursionado em turns pela America Latina. Passou a integrar o conjunto Os Tremendes em 2004 e, a partir de 2009, gravou mais trs novos lbuns. Formou tambm a Lafayette Big Band, com foco na msica latina. Lafayette produziu uma discografia reconhecida em todo o mundo, e um orgulho para a cultura-Hammond nacional.

    Lafayette: sucesso internacional

  • 56 / JUNHO 2015 teclas & afins

    arranjo comentado por rosana giosa

    Cano americana em ritmo de bossa novaTransformar uma cano quaternria em bossa nova um recurso interessante e muito utilizado na msica popular

    Smile foi composta por Charlie Chaplin em 1936 para ser tema de seu ltimo filme mudo, intitulado Tempos Modernos. A letra, muito potica, e o ttulo foram colocados posteriormente, em 1954, por dois parceiros: John Turner e Geoffrey Parsons. A cano foi gravada por muitos cantores de diferentes estilos, como Michel Jackson, Nat King Cole e, aqui no Brasil, Braguinha e Djavan. uma cano quaternria que foi transformada em bossa nova cano a partir da segunda parte deste arranjo. Essa mudana de estilo um recurso interessante que funciona muito bem para este gnero, pois cria um clima ao mesmo tempo sensual e brasileiro e d nova roupagem ao arranjo. Outras canes estrangeiras tambm ficam muito bonitas quando usamos esse recurso. Como exemplos, podemos citar Estate, Speak Low e The Look Of Love, j gravadas em ritmo de bossa nova.

    SmileA melodia relativamente curta, de apenas 16 compassos, mas muito bonita e agradvel. Neste arranjo, ela se repete trs vezes com uma introduo e uma coda (ou final).Introduo: quatro compassos fazem o desenho de arpejos que acompanha a primeira exposio do tema.

    A1: o tema exposto com arpejos abertos e baixos invertidos, recurso muito bonito que j foi usado em outras canes publicadas nesta revista.

    A2: o tema se apresenta em ritmo de bossa nova com os acordes distribudos nas duas mos (veja compasso 21).

    A3: a bossa nova agora est apenas na mo esquerda, em sua forma estendida, j que a mo direita faz a melodia em oitavas com acordes no meio e fica impossibilitada de dividir as notas dos acordes com a mo esquerda.

    Coda: uma sequncia harmnica de 16 compassos foi criada para preparar o final, com um novo solo inspirado no clima dessa cano.

  • JUNHO 2015 / 57 teclas & afins

    Smile

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  • 58 / JUNHO 2015 teclas & afins

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  • JUNHO 2015 / 59 teclas & afins

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    Rosana GiosaPianista de formao popular e