história memória e justiça - eduardo tergolina teixeira

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1 HISTÓRIA, MEMÓRIA E JUSTIÇA: A ANÁLISE A PARTIR DAS RUÍNAS Eduardo Tergolina Teixeira Se as coisas são inatingíveis... ora! não é motivo para não querê-las... que tristes os caminhos, se não fora a mágica presença das estrelas. Mário Quintana Lendo Walter Benjamin e Giorgio Agamben não há como não nos depararmos com questões de natureza hermenêutica e fenomenológica. Ambos sustentam a necessidade de esclarecermos graves situações havidas no seio da sociedade, sendo imperioso que consigamos retornar às coisas mesmas, mas, ao mesmo tempo, promovendo intensa intervenção interpretativa, no intuito de corrigir rumos para o adequado esclarecimento da história. Agamben afirma que somos todos devorados pela febre da história 1 . O fato de nos entregarmos ao passado, deixando-nos seduzir por sua imagem, é o que Benjamin chama de empatia, empatia do presente com o passado 2 . O maléfico historicismo traz em seu âmago esse vício, uma desídia, uma preguiça consubstanciada em ver a história como continuidade e linearidade. Nessa senda, Agamben ensina que é, de fato, contemporâneo pertencente, em realidade, ao seu tempo quem com este não coincide totalmente e não está, à integralidade, amoldado às suas pretensões, sendo, pois, em certo sentido, inatual. Todavia, justamente em função desse deslocamento, de tal anacronismo, que se perceberá e apreender-se-á esse tempo 3 . Na esteira do que expõe Benjamin, a empatia, deveras, seria uma renúncia à elaboração deste passado 4 , conforme Mate, uma renúncia ao indispensável esforço a que se logre capturar esse clarão 5 . Um clarão oriundo do passado, da escuridão. Nesse sentido, contemporâneo seria aquele que “mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro. Todos os tempos são, para quem deles experimenta contemporaneidade, obscuros. Contemporâneo é, justamente, aquele que sabe ver essa 1 AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó : Argos, 2010, 58. 2 MATE, Reyes. Meia-noite na História Comentários às teses de Walter Benjamin Sobre o conceito de história . trad. Nélio Schneider. São Leopoldo : Unisinos, 2011, p. 172. 3 AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 58-9. 4 MATE, Reyes. op. cit. p. 173. 5 Idem.

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HISTÓRIA, MEMÓRIA E JUSTIÇA:

A ANÁLISE A PARTIR DAS RUÍNAS

Eduardo Tergolina Teixeira

Se as coisas são inatingíveis... ora!

não é motivo para não querê-las...

que tristes os caminhos, se não fora

a mágica presença das estrelas.

Mário Quintana

Lendo Walter Benjamin e Giorgio Agamben não há como não nos depararmos com

questões de natureza hermenêutica e fenomenológica. Ambos sustentam a necessidade de

esclarecermos graves situações havidas no seio da sociedade, sendo imperioso que consigamos

retornar às coisas mesmas, mas, ao mesmo tempo, promovendo intensa intervenção interpretativa,

no intuito de corrigir rumos para o adequado esclarecimento da história.

Agamben afirma que somos todos devorados pela febre da história1. O fato de nos

entregarmos ao passado, deixando-nos seduzir por sua imagem, é o que Benjamin chama de

empatia, empatia do presente com o passado2. O maléfico historicismo traz em seu âmago esse

vício, uma desídia, uma preguiça consubstanciada em ver a história como continuidade e linearidade.

Nessa senda, Agamben ensina que é, de fato, contemporâneo – pertencente, em realidade, ao seu

tempo – quem com este não coincide totalmente e não está, à integralidade, amoldado às suas

pretensões, sendo, pois, em certo sentido, inatual. Todavia, justamente em função desse

deslocamento, de tal anacronismo, que se perceberá e apreender-se-á esse tempo3. Na esteira do

que expõe Benjamin, a empatia, deveras, seria uma renúncia à elaboração deste passado4, conforme

Mate, uma renúncia ao indispensável esforço a que se logre capturar esse clarão5. Um clarão oriundo

do passado, da escuridão.

Nesse sentido, contemporâneo seria aquele que “mantém fixo o olhar no seu tempo,

para nele perceber não as luzes, mas o escuro. Todos os tempos são, para quem deles experimenta

contemporaneidade, obscuros. Contemporâneo é, justamente, aquele que sabe ver essa

1 AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó :

Argos, 2010, 58. 2 MATE, Reyes. Meia-noite na História – Comentários às teses de Walter Benjamin Sobre o conceito de história.

trad. Nélio Schneider. São Leopoldo : Unisinos, 2011, p. 172. 3 AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 58-9. 4 MATE, Reyes. op. cit. p. 173.

5 Idem.

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obscuridade, que é capaz de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente.”6 O

contemporâneo, dessa forma, não se deixa cegar pelas luzes de seu tempo, conseguindo vislumbrar

nelas a sua inseparável escuridão, escuridão esta que lhe afronta, lhe interpela, lhe afeta muito mais

que a luz. “Contemporâneo é aquele que recebe em pleno rosto o facho de trevas que provém do seu

tempo.”7 Um clarão da escuridão.

Agamben assevera que os contemporâneos são raros. Para ser contemporâneo

exige-se coragem: “significa ser capaz não apenas de manter fixo o olhar no escuro da época, mas

também de perceber nesse escuro uma luz que, dirigida para nós, distancia-se infinitamente de nós.

Ou ainda: ser pontual num compromisso ao qual se pode apenas faltar.”8 Deveras, os

contemporâneos são raros. Não é suficiente ostentar boa memória e facilidade no aprender, deve-se

possuir, conforme nos ensina Trabattoni, escorado nas lições de Platão, “uma afinidade natural, não

corrompida, para com o bem e a virtude”9. No mesmo sentido também aponta Goldschmidt: “para

quem não tem afinidade com o objeto, de nada serviriam nem a facilidade de aprender nem a

memória”10

.

As narrações históricas maciçamente são produzidas por meio dessa (danosa)

empatia do presente em relação ao passado, mencionada por Benjamin. Não só se mostra – embora

enganosamente – prazeroso contar os fatos a partir da ótica dos que venceram, como também, em

regra e por razões óbvias, são os próprios vencedores que permanecem e se encarregam de

descrever o que aconteceu (evidentemente, conforme seu modo de ver as coisas). Benjamin ataca

este historicismo e a história universal, na qual este culmina11

e por meio da qual se reclama um

sentido mais profundo por trás da “mera” barbárie cometida, que requer personalidades heroicas,

cósmico-históricas, fatos de inevitável ocorrência, conformes à astúcia da razão, sendo inafastável,

nesse permeio, “pisar algumas florzinhas à beira do caminho”12

. Ao contrário dessa concepção,

Benjamin assevera ser necessário “escovar a história a contrapelo”13

, nadar contra a correnteza,

estancar a noção de história como escola de transmissão da violência14

.

Benjamin propõe uma história a partir dos esmagados, dos vencidos, questionando o

cortejo triunfal da história15

e a ideia de progresso (considerado como uma norma histórica)16

.

Conforme Mate, “o vencido sabe melhor do que ninguém que o que de fato ocorre não é a única

6 AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 63.

7 AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 64. 8 AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 65. 9 TRABATTONI, Franco. Oralidade e Escrita em Platão. trad. Roberto Bolzani Filho e Fernando Eduardo de

Barros Rey Puente. São Paulo : Discurso Editorial; Ilhéus : Editus, 2003, p. 198. 10

GOLDSCHMIDT, Victor. Os Diálogos de Platão – Estrutura e Método Dialético. trad. Dion Davi Macedo. São Paulo : Loyola, 2002, p. 4-5. 11

BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. Magia e Técnica, Arte e Política. trad. Sergio Paulo Rouanet. 7 ed. São Paulo : Brasiliense, 1994, p. 231. 12

MATE, Reyes. op. cit. p. 166. 13

BENJAMIN, Walter. op. cit. p. 225. 14 MATE, Reyes. op. cit. p. 175. 15

BENJAMIN, Walter. op. cit. p. 225. 16 BENJAMIN, Walter. op. cit. p. 226.

3

possibilidade da história. Há outras, como aquela pela qual ele lutou, que estão na lista de espera. O

vencido pode, portanto, converter a experiência frustrada em expectativa de história.”17

Benjamin

procura com afinco descolar o histórico do fático, a história é mais do que o que aconteceu – e tudo

necessita, inafastavelmente ser trazido para conhecimento –. O presente está imbricado nesse

passado, havendo entre eles um compromisso secreto18

. No pensar de Agamben, “somente quem

percebe no mais moderno e recente os índices e as assinaturas do arcaico pode dele ser

contemporâneo. Mas a origem não está situada apenas num passado cronológico: ela é

contemporânea ao devir histórico e não cessa de operar neste, como o embrião continua a agir nos

tecidos do organismo maduro e a criança na vida psíquica do adulto.”19

O progresso, conforme definição benjaminiana, trata-se de uma tempestade que nos

impulsiona de modo irresistível para o futuro20

, seduzindo-nos a nos esquecermos das ruínas e a nos

entregarmos ao mito da linearidade e da cronologia21

. Mas “o contemporâneo que está em questão

na contemporaneidade não tem lugar simplesmente no tempo cronológico: é, no tempo cronológico,

algo que urge dentro deste e que o transforma. E essa urgência é a intempestividade, o anacronismo

que nos permite apreender o nosso tempo na forma de um ‘muito cedo’ que é, também, um ‘muito

tarde’, de um ‘já’ que é, também, um ‘ainda não’. E, do mesmo modo, reconhecer nas trevas do

presente a luz que, sem nunca poder nos alcançar, está perenemente em viagem até nós.”22

Aos que venceram interessa apenas que se aceite o curso da história e o custo do

progresso. Não haveria razões para que se resgatasse a voz dos despojados, dos arrastados pelo

cortejo triunfal. Tal só atrapalharia o desenvolvimento da humanidade. Vê-se com clareza, por

conseguinte, que o esquecimento se mostra fundamental para os instrumentos de dominação.

Todavia, se quisermos tencionar entender o presente, precisaremos de uma chave, chave esta que

se encontra escondida no arcaico23

. E, para tanto, o contemporâneo deverá ir ao não-vivido, voltar a

um presente no qual jamais esteve24

.

Conforme Mate, existe um passado que “foi e continua sendo”; outro, porém, foi e “é

sido”: já não é mais. A memória trabalha com este passado ausente, o passado dos vencidos25

. Por

meio da memória, opera-se o que Benjamin chamou de virada copernicana26

. O passado dos

vencidos, na perspectiva da memória, não pode mais ser considerado como algo fixo, inerte,

estagnado, como o que foi e já não mais é; deve, isto sim, ser entendido como “o privado de vida”,

17 MATE, Reyes. op. cit. p. 180. 18

AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 70. 19

AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 69. 20

BENJAMIN, Walter. op. cit. p. 226. 21

SCHLESENER, Anita Helena. Os Tempos da História: observações sobre algumas teses de Walter Benjamin. História, pensamento e ação. Org. Antônio Carlos dos Santos. São Cristóvão : Universidade Federal de Sergipe, 2006, p. 176. 22

AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 66. 23

AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 70. 24 Idem. 25

MATE, Reyes. op. cit. p. 180. 26 Idem.

4

uma “carência”, “um desejo (frustrado) de realização.”27

Impende se promova esse resgate. Conforme

Benjamin expõe em sua Tese VII, “nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um

monumento da barbárie. E, assim como a cultura não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o

processo de transmissão da cultura.”28

É nessa perspectiva que, atentando-se para esse “passado

ausente do presente”, não se sustenta mais conceber os vencidos como florzinhas casualmente

pisoteadas à beira do caminho, mas sim como injustiça, frustração violenta de um projeto de vida29

.

Benjamin, nesse passo, assemelha a memória a raios ultravioletas hábeis a revelar

aspectos antes jamais vistos da realidade. O que se almeja não é restaurar o passado, mas construir

o presente a partir do passado, criar o presente com base nos materiais do passado30

, tal como leva a

efeito um colecionador (que, selecionando os objetos e vislumbrando o passado, renova o velho e o

dispõe em uma nova ordem)31

ou um arqueólogo (que escava, revolve e retira o soterrado,

peneirando os objetos)32

. E tal proceder de resgatar o passado a partir dos vencidos, conforme Mate

alerta, se mostra extremamente subversivo e inquietante (quer se analisando sob a ótica da

epistemologia, quer sob o viés da política), uma vez que contesta a autoridade do fático e acena que

a realidade não é apenas “o que chegou a ser”, mas também o possível, “o que foi possível então e

não pode ser, o que hoje sobrevive como possibilidade a ser estreada”33

.

A história – na ótica do historicismo –, indubitavelmente, ostenta mais dados que a

memória. Sabe mais que esta. Os dados são minudentemente descritos e catalogados, informações

colhidas, todavia, dentro da ótica da linearidade, da cronologia, da continuidade e do progresso. O

verdadeiro historiador, entretanto, deve constatar uma centelha de vida no meio da morte e

abandonar o estado de inconsciência34

. Despertando deste sono e pondo-se a escovar a história a

contrapelo, fará aflorar a riqueza da tristeza e do sofrimento, postos para debaixo do tapete pelo

historicismo e pela história universal. Trabalho infindo este, sem limites. Isso porque se descobre que

o passado não é imóvel, mas, sim, que se move, que “nunca esgotamos o passado e quando cremos

tê-lo capturado definitivamente, ele nos escorre por entre os dedos”35

. Com efeito, diante dessa

predisposição natural que o historiador de Benjamin deve ostentar, mais a disciplina necessária,

diante do esforço extraordinário que deverá empreender, haverá de buscar, na experiência daquele

que sofreu, a verdade. E, denotando a imensidão do périplo, inerente ao ofício, a ser percorrido,

rememoremos as palavras de Rohden:

27

Idem. 28

BENJAMIN, Walter. op. cit. p. 225. 29

MATE, Reyes. op. cit. p. 159. 30

MATE, Reyes. op. cit. p. 158. 31

SCHLESENER, Anita Helena. Os Tempos da História: observações sobre algumas teses de Walter Benjamin. História, pensamento e ação. Org. Antônio Carlos dos Santos. São Cristóvão : Universidade Federal de Sergipe, 2006, p. 178. 32

SCHLESENER, Anita Helena. op. cit. p. 179. 33 MATE, Reyes. op. cit. p. 160. 34

MATE, Reyes. op. cit. p. 161 35 MATE, Reyes. op. cit. p. 144

5

“É claro que podemos nos equivocar em nossas análises, afinal,

humanos que somos, nossas palavras possuem o mesmo teor de

efemeridade e podem não condizer com o real; porém, como amantes

que procuramos (o) saber, mesmo não encontrando o objeto desejado,

não nos esquivamos, não desistimos, nem sossegamos com o

compromisso de buscar a verdade das coisas.”36

E essa verdade, nos termos de Benjamin, vem indissociada da memória, provinda,

invariavelmente, da experiência do oprimido. É nesse diapasão que, embora a história “saiba mais”

que a memória, a memória “sente mais” que a história, porque oriunda do extraordinário esforço de ir

ao testemunho do sofrimento, da humilhação, da indignidade e do desconhecimento e resgatar a

verdade.

Essa expressão do sentimento, própria da memória, remonta a um sofrimento que vai

até o arcaico, até a origem. Da mesma forma que os dominadores atuais reputam-se herdeiros dos

opressores de outrora, o outro lado da moeda é que o sofrimento é replicado até a posteridade

(diagnosticando-se, inclusive, uma solidariedade entre os oprimidos das diferentes épocas). Daí a

razão inderrogável de devermos acertar as contas com nosso passado, entendermos os movimentos

de coerção, em função justamente do potencial mimético da violência e de sua avassaladora

condição de reprodução. Interessante observar, nessa esteira, a citação que Mate faz de Tadeusz

Borowski, na obra Nosso lar é Auschwitz:

Fomos nós que construímos as pirâmides, que extraímos o mármore e

as pedras das estradas imperiais, fomos nós que remamos nas galeras e

puxamos arados, enquanto eles escreviam diálogos e dramas,

justificavam suas intrigas com o poder, lutavam pelas fronteiras e pelas

democracias. Nós éramos a escória e o nosso sofrimento era real. Eles

eram estetas e mantinham discussões sobre aparências. Não há beleza,

se ela está baseada no sofrimento humano. Não pode haver uma

verdade que silencie a dor alheia. Não se pode chamar de bondade o

que permite que outros sintam dor.37

Embora a humanidade já tenha se deparado com horrores os quais, quiçá, beiram

Auschwitz, o traço singular e que causa espécie no nazismo é justamente o fato de tencionar-se, por

meio de uma política de Estado, apagar-se qualquer possibilidade de memória. De fato, tratou-se de

um projeto de esquecimento. “Não deveria sobrar nada: nenhum rastro físico do crime para que não

houvesse possibilidade de memória”.38

36

ROHDEN, Luiz. Filosofia como fenomenologia e hermenêutica à luz da Carta VII de Platão. Pensar sensível: homenagem a Jayme Paviani. org. Luiz Carlos Bombassaro, Claudio Almir Dalbosco, Evaldo Antonio Kuiava. Caxias do Sul : Educs. 2011, p. 89. 37

MATE, Reyes. op. cit. p. 163-4. 38 MATE, Reyes. op. cit. p. 165.

6

A memória, nessa toada, impede o segundo processo de degradação do vencido: o

primeiro é a derrota no âmbito dos fatos, o segundo, muito mais doloroso, é o esquecimento, a

impossibilidade do vencido de dar o seu testemunho. Calha observar o que dito por Ruiz:

No anverso da violência biopolítica encontram-se suas vítimas. Essas

(des)aparecem invisíveis nas estratégias de ocultação e esquecimento.

As estratégias de invisibilidade cometem uma segunda injustiça contra

as vítimas, as apagam da história. Elas foram injustiçadas uma primeira

vez quando sofreram a violência do Estado. Agora, pelas políticas de

esquecimento, pretende-se cometer uma segunda injustiça, anulando-se

seus rostos da história. No anverso do esquecimento da barbárie resiste

a testemunha.39

Jorge Semprún, citado por Mate, assevera que “dentro de pouco tempo já não

restarão sobreviventes que possam dar testemunho e o passado dos campos será coisa da história; a

história começa quando acaba a memória.”40

A memória permite uma ressignificação do presente a

partir do passado, um revolvimento dos fatos de extrema e fundamental produtividade, oportunizando

voz ao oprimido e a reconsideração das coisas postas. Este interpretar transmuda-se em verdadeira

condição de salvação.

Como dito, tem o historiador benjaminiano um longo trabalho pela frente. Além da

infinidade de elementos a serem colhidos, o fará contra a correnteza, o que lhe exigirá, ainda, maior

esforço. A coleta a ser realizada não é, meramente, dos dados catalogados e disponibilizados –

próprios à história –, tal coleta deve ir aos dejetos, ao sofrimento, uma coleta própria à memória. A

partir desta coleta, o historiador, dentro de sua finitude e de sua limitação, próprias aos humanos,

deverá conhecer o falso e também o verdadeiro. Os nomes, definições, imagens e conhecimentos

deverão ser postos à prova, esmiuçados, trabalhados, confrontados, friccionados, a partir do que

surgirá a abertura para a verdade. A respeito, Platão é categórico:

“Só depois de esfregarmos, por assim dizer, uns nos outros, e

compararmos nomes, definições, visões, sensações, e de discuti-los

nesses colóquios amistosos em que perguntas e respostas se formulam

sem o menor ressaibo de inveja, é que brilham sobre cada objeto a

sabedoria e o entendimento, com a tensão máxima de que for capaz a

inteligência humana.”41

No tempo da “globalização”, da “conectividade”, da “celeridade”, da “imediatidade” e de

tantos outros chavões, ao que menos se presta atenção é às ruínas. A forte tempestade que nos

39

RUIZ, Castor M. M. Bartolomé. A testemunha, um acontecimento. IHU On-Line, n° 375, Ano XI, 03.10.2011, http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id= 4113&secao=375, acessado em 26.10.2011. 40

MATE, Reyes. op. cit. p. 157. 41 PLATÃO. Diálogos. vol. V. trad. Carlos Albertos Nunes. Belém : Universidade Federal do Pará. 1975, p. 158-9.

7

impulsiona irresistivelmente para o futuro, para o progresso, sutilmente nos acena para a necessidade

de ignorarmos os vencidos. Os esmagados, aqueles que suportaram a condição de homo sacer,

permanecem para sempre prostrados, reclamando, de maneira eterna, que se vingue a dominação

sofrida. A história vira um agregar de dados, um somatório que não questiona a justiça dos

acontecimentos. A ela, a partir dessa visão, não cabe o questionamento, mas apenas o contar,

verificando se a explicação está “adequada”; se está, então, vai-se em frente para o próximo fato.

Benjamin critica a visão de história própria de Hegel, que deságua em um conformismo e

em um aguardar-se, pois – numa totalidade – o melhor sempre irá acontecer. O espiral, o “para o alto

e avante!” não seduz Benjamin; muito ao contrário. Ele denuncia essa lógica perversa, sustentando a

necessidade de, diante dessa aceleração despropositada, pisarmos, não em florzinhas, mas no freio.

Da mesma forma que critica Hegel, também critica Marx. Assenta que – não obstante se mostre

louvável sua tese, almejando uma sociedade sem classes – não consegue se desvencilhar de uma

totalidade e de uma linearidade na história, da ideia de progresso, bebendo, pois, na mesma fonte do

fascismo.

Mas, então, o que quer Benjamin?

Por certo que o pensador não idealiza que voltemos às cavernas. Muito pelo contrário,

Benjamin é um iluminista, entusiasta do desenvolvimento. Todavia, o progresso deve ser meio, e não

fim: “tomar a humanidade como meio para alimentar e servir ao deus do progresso não é o mesmo

que submeter o potencial instrumental do progresso aos interesses da humanidade” 42

, diz Mate em

comento à Tese XIII; inclusive, sendo de se ressaltar que, relativamente à questão do progresso,

Benjamin enfatiza que a exploração desregrada da natureza tem o condão de necessariamente

desaguar na exploração humana.

Nesse diapasão, deve-se modificar a concepção de fazer história (e, por conseguinte, a

própria ideia de Filosofia da História). O historicismo, a ideia de uma linearidade, de uma história que

soma dados, computa acontecimentos (e somente os mais importantes), deve dar lugar ao

materialismo histórico, ao historiador benjaminiano. Historiador este que se preocupa não só com os

fatos monumentais, com o ocorrido, mas, sobretudo, com o que não chegou a ser, com o que não

aconteceu, com o que restou vencido, com a memória, uma reflexão a partir dos devastados: “o dado

é só uma parte da realidade. O dado é o momento fático da realidade, aquilo que teve lugar; porém,

da realidade também faz parte o que não chegou a ser”43

. Pisar no freio é indispensável. Daí

Benjamin ilustrar o historiador de sua escola como um anjo, que, a despeito da tempestade que

irresistivelmente o carrega rumo adiante, está com a cabeça voltada para trás, analisando as ruínas,

o sofrimento, os destroços acarretados com a passagem do furacão44

.

A atenção deve se voltar sobremaneira às ruínas, e Benjamin, a fim de explicar sua tese,

se serve da ideia de mônada de Leibniz. Assim como a mônada – algo extremamente minúsculo que

42 MATE, Reyes. op. cit. p. 280. 43

MATE, Reyes. op. cit. p. 343. 44 BENJAMIN, Walter. op. cit. p. 226.

8

representa o todo –, também a ruína proporciona o entendimento da totalidade. Benjamin fala de uma

ânfora quebrada, relativamente a qual cada caco, embora distinto em suas dimensões, é fundamental

para a reconstrução da peça. Os buracos nessa peça são justamente o presente, que deve ser

preenchido com o sentido provindo do passado, por meio da memória. Vários cacos, nenhum idêntico

ao outro, indispensáveis à formação do todo, ao conhecimento da história; somente dessa forma,

pela memória, evitando-se o esquecimento, se poderão vingar aqueles que um dia estiveram na

condição de homo sacer, de desprotegidos, despojados, esmagados.

A monadologia diz bem o que Benjamin tem em mente: a unidade que representa o todo:

uma obra que pode explicar uma vida; uma vida que pode explicar uma época; uma época que pode

explicar a história. Nada pode, então, ser perdido para que se explique a história e se faça Justiça. O

passado, dessarte, está prenhe de significado para o presente, sendo a correta leitura daquele a

única forma de explicar este. Deve-se evitar a todo custo o esquecimento, pois cada instante se

mostra fundamental, propício a se fazer Justiça, uma vez que aí brota a oportunidade revolucionária,

viabilizadora do tempo pleno:

“Esta reformulação da teoria da secularização passa por recuperar para a

política o conceito messiânico do tempo pleno, isto é, a ideia de que o

instante presente não é o resultado do anterior e antessala do seguinte,

mas que todo instante tem um valor absoluto: pode mudar tudo, porque traz

consigo uma oportunidade revolucionária.”45

O passado reclama atenção, está ávido a falar. O historiador benjaminiano deixa o

pretérito aparecer, sendo sua intervenção precisamente no sentido de, abrindo alas, lhe conceder um

microfone e um alto-falante, oportunizando-lhe a reivindicação para que se faça justiça.

Benjamin crê na necessidade de se fazer justiça agora, por isso, dá valor a cada

instante. Cada momento, para o autor, como dito, é portador da oportunidade revolucionária, daí

porque não vislumbra a ideia de um tempo vazio, homogêneo, mas vê cada instante como repleto de

possibilidade, carregado do que chama de “farpas messiânicas”, por cujas fendas é possível escutar

ecos remotos, promotores do poder de fazer justiça.

Platão assevera ser a “coisa em si” inapreensível para o homem mortal. A condição

limitada deste, produtora de juízos irremediavelmente arbitrários, restritos e engessados (em maior ou

menor grau), o impede de acessar, em plenitude, a “coisa em si”, o objeto, o existente em realidade.

Em função disso, o indivíduo necessitaria do logos. Este permitiria ao ser humano valer-se de uma

intuição (não a intuição direta e imediata, não mais à disposição do homem), mas de uma intuição

ocasional. Veja-se o que dito por Trabattoni:

“A intuição difícil, irregular e ocasional produzida pela ‘centelha’ seria, de

qualquer modo, uma pálida cópia da intuição imediata disponível à alma,

45 MATE, Reyes. op. cit. p. 358.

9

antes de nascer. Talvez fosse preciso retocar ligeiramente, a favor do

segundo termo, a proporção entre Philo e sophós na palavra ‘filósofo’; mas

permaneceria verdadeiro que o homem, como amante do saber e não sábio,

deve ater-se ao logos e a tudo o que, de algum modo, tem a capacidade de

demover e ‘conduzir’ a alma.”46

Com o duríssimo trabalho e permanente esforço (além da predisposição natural)47

acontece o insight, a abertura para a verdade, para a “coisa em si”. Tal acesso, ainda assim e por

certo, é ocasional, limitado e indireto e propende para o indizível. Essa inclinação ao indizível,

todavia, não pode nos determinar o silêncio, que nos calemos; ao contrário, devemos, isso sim, a

todo custo tentar dizê-lo, balbuciá-lo.

Interessante promover-se um paralelo, no particular, com as ideias de Benjamin. O

pensador observa que o trabalho e o esforço do historiador do materialismo histórico é hercúleo – e

contra a correnteza –. A lógica dominante deve ser suplantada por uma lógica messiânica, que traga

justiça aos devastados, que imponha a ideia de que não há progresso enquanto houver exploração e

dominação. Cada instante, como dito, traz consigo “farpas messiânicas”, hábeis a deflagrar a

mudança esperada pelos vencidos. Cada momento carrega uma oportunidade revolucionária capaz

de promover a almejada redenção. Por tal razão, todos os instantes são significantes, não existindo

uma só situação passível de ser relegada.

O historiador, tal como um catador, recolhe os dejetos, no intuito de propiciar a justiça

aos vencidos, dar chance ao que “não foi”. O objetivo é o tempo pleno, o mundo messiânico, em que

há uma atualidade total e integral, em que nada é perdido, tudo se encontra às claras e o acerto de

contas é feito. Aí sim, há, em verdade, uma história universal. Benjamin diz que, atualmente, o que se

toma por tal é, na realidade, uma espécie de “esperanto”. De fato, a teoria da linguagem de Benjamin

inspira-se na Bíblia: no paraíso, a linguagem era nominativa, de sorte que o nome reproduzia

exatamente o ser das coisas, expressão da essência lingüística da coisa. Diante da perfeita

correspondência entre nome e coisa, não havia necessidade de se elaborarem frases a fim de

esclarecer ao outro o que se tencionava dizer48

. Isso durou até Adão e Eva sucumbirem. A partir de

então, para se dizerem as coisas, nominá-las, explicá-las, tornou-se necessária a linguagem

convencional, repleta de frases, expressões e incompletudes, por vezes truncada, e com inúmeras

variações, modificando-se de região para região (ainda que com o intuito de, eventualmente, dizer a

mesma coisa). Embora seja o almejado, a essência lingüística é, em tese, inalcançável, essência esta

que, pretendida pelo dito (das Gesagte), é o significado (das Gemeinte)49

. A língua messiânica, nessa

toada, haverá de resgatar essa correspondência perdida, essa correlação direta e imediata entre

46

TRABATTONI, Franco. op. cit. p. 203. 47

GADAMER, Hans-Georg. Dialogue and Dialectic: Eight Hermeneutical Studies on Plato. trad. P. Christopher Smith, New Haven : Yale, 1980, p. 118. 48

MATE, Reyes. op. cit. p. 363. 49 MATE, Reyes. op. cit. p. 364.

10

nome e coisa. Libertando-se do fardo da linguagem convencional, promoverá a extraviada evidência

entre significado e palavra, nos moldes da era adâmica.

Mas, para Benjamin, essa essência linguística é, sim, alcançável. A justiça deve se

fazer aqui e agora. Dessa forma, a língua messiânica deve ocorrer aqui e agora, não devendo ser

transposta para um momento além ou para um outro mundo. E aí, uma grande diferença entre os

pensamentos de Platão e Benjamin. Segundo se percebe, para Benjamin, a redenção, o mundo

messiânico, o tempo pleno, a correspondência direta entre nome e coisa e, portanto, o acesso direto

à verdade se promovem, sim, neste mundo, descabendo entender-se tal contexto como inatingível ao

homem mortal. Ao passo que, na atualidade, não há mais que um esperanto – cuja universalidade

não promove uma diferenciação qualitativa de cada língua, uma vez que não rompe com a incessante

dialética entre o dizer e o não-dito (afigurando-se uma mera simplificação gramatical) –, “com a

realização da língua se acaba a indizibilidade e também a intencionalidade de toda língua. Então,

cada palavra diz tudo o que a coisa é e não necessita construir frases para dar-se a entender, pois a

palavra é significativa em si mesma” 50

.

Diante do valor universal que Benjamin confere ao singular, o agora – tal como a

mônada, que representa o todo – se traduz em uma abreviatura da história da humanidade, hábil a

potencializar a salvação (ostenta um valor decisivo, portanto). Como exigência de justiça, deve

prefigurar o tempo pleno, conforme a lógica messiânica (aí está a força do agora). Enquanto o

Messias salva materialmente, o agora salva o sentido de um momento passado, trata, pois, de uma

salvação hermenêutica51

. Aí, portanto, a diferença entre filosofia e teologia, entre o agora e o

Messias. Veja-se o que dito por Mate a respeito do agora:

Pois bem, ele poderá prefigurar a plenitude da humanidade, se esse agora

for entendido como modelo ou figura da salvação que, ao fim e ao cabo, é o

próprio da lógica messiânica. O agora prefigura a salvação na medida em

que salva o sentido de um momento do passado. É uma salvação

modestamente hermenêutica. O Messias – ele, sim – salva materialmente.

A diferença entre o agora, que prefigura, e o tempo messiânico, que é o

prefigurado, é dupla: quantitativa, já que aquele só se refere a momentos

determinados e este a todo o tempo da humanidade; e qualitativa, no

sentido de que aquele só salva o sentido e este pretende salvar

materialmente. Estamos diante de uma obra filosófica e não teológica.52

O agora, enquanto modelo ou exemplo do tempo pleno, acarreta duas questões: a

uma, inarredável concluir-se pela existência de uma relação entre o que é posto como modelo e o

que é exemplificado e, a duas, o exemplo/modelo evidencia um aspecto do exemplificado, sem,

entretanto, esgotá-lo; não há uma pretensão de total e completa identificação entre o exemplo/modelo

50 MATE, Reyes. op. cit. p. 365. 51

MATE, Reyes. op. cit. p. 374. 52 MATE, Reyes. op. cit. p. 376.

11

e o exemplificado/prefigurado. Deveras, o agora está em relação com o tempo pleno (ambos têm em

comum a lógica messiânica), mas não o esgota. O agora diz respeito à salvação de sentido de um

acontecimento específico perdido no passado (sendo exigência de redenção), enquanto o tempo

messiânico realiza a redenção à humanidade. “Nesse modesto agora, está a salvação da

humanidade em abreviatura”53

. O agora, a despeito de não realizar a exigência de justiça – o que

está a cargo do Messias –, a mantém viva, “a teologia tem a ver com o tempo messiânico; a filosofia

tem a ver com o tempo do agora”54

. Não obstante não salve, o agora tematiza a felicidade, extrai o

acontecimento da linha causal, do passado, e o apresenta como exigência de justiça às gerações

seguintes. Reclama o direito de felicidade a todos, não só aos vencedores, mas também aos

esmagados, transforma “em perguntas sonoras os silêncios dos que, das sarjetas da história, já foram

condenados a ser história natural”55

.

Nesse diapasão, o passado morto é convertido em vivo56

pelo historiador

benjaminiano, contemporâneo, inatual. Somente aí, pela memória, a partir da experiência mais

próxima ao estado de arrasado, se conseguirão explicações para o presente, respostas a perguntas

até então insolúveis e, o mais importante, redenção do desejo frustrado. De fato, somente a redenção

pode pôr fim à dominação, somente a lógica messiânica pode suplantar a exploração, apenas o

tempo pleno recobrará a justiça, aqui e agora. E isso, conforme Benjamin, deve se dar na política,

esta é a seara própria para se examinarem as farpas messiânicas, se perquirir o clarão que produz a

centelha, se buscar a salvação que promoverá a mudança.

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53

MATE, Reyes. op. cit. p. 377. 54 MATE, Reyes. op. cit. p. 378. 55

MATE, Reyes. op. cit. p. 391. 56 MATE, Reyes. op. cit. p. 348.

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