histÓria dos papas

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8/3/2019 HISTÓRIA DOS PAPAS http://slidepdf.com/reader/full/historia-dos-papas 1/31 A HISTÓRIA DO PAPADO. SUA ORIGEM O Sistema Católico Romano começou a tomar forma quando o Imperador Constantino, convertido ao Cristianismo presidiu o l.o Concílio das Igrejas no ano 313. No Século IV construíram a primeira  basílica em Roma. As Igrejas eram livres, mas começaram a perder autonomia com Inocêncio I, ano 402 que, dizendo- se "Governante das Igrejas de Deus exigia que todas as controvérsias fossem levadas a ele."Leão I, ano 440, aumentou sua autoridade; alguns historiadores viram nele o primeiro papa. Naqueles tempos ninguém supunha que "S. Pedro foi papa", fora casado e não teve ambições temporais. O poder dos pretensos papas cresceu ainda mais quando o Imperador Romano Valentiniano III, ano 445, bajulado, reconheceu oficialmente a pretensão do papa de exercer autoridade sobre as Igrejas. O papado surgiu das rumas do Império Romano desintegrado no ano 476, herdando dele o autoritarismo e o latim como língua, embora o primeiro papa, oficialmente falando, foi Gregório no ano 600 d.C. A palavra "papa" significa pae, até o ano 500 todos os bispos ocidentais foram chamados assim: aos  poucos, restringiram esse tratamento aos bispos de Roma, que valorizados, entenderam que a Capital do império desfeito deveria ser Sede da Igreja.  Nicolau l, ano 858, foi o primeiro papa a usar Coroa. Usou um "Documento Conciliar falso (espúrio) dos Séculos 2.o e 3.o que exaltava o poder do papa e impôs autoridade plena r Assim, o "Papado que era recente, tomou-se coisa antiga." Quando a farsa foi descoberta Nicolau já não existia! O Vaticano projetou-se quando recebeu de Pepino, o Breve, ano 756, vastos territórios; essa doação foi confirmada pôr Carlos Magno, ano 774, quando ocupava o trono papal Adriano I. (Taglialatela, II pág. 44). Carlos Magno elevou o papado a posição de poder mundial, surgindo o "Santo Império Romano" que durou 1.100 anos. Mais tarde, Carlos Magno arrependeu-se pôr doar terras aos papas. No seu leito de morte sofreu "horríveis pesadelos". Agonizando, lastimava-se assim: "Como me justificarei diante de Deus pelas guerras que irão devastar a Itália, pois os papas serão ambiciosos, eis porque se me apresentam imagens horríveis e monstruosas que me apavoram devo merecer de Deus um severo castigo" (Piliati, Tomo I, ano 1776, Edson Thompson, Londres). O Vaticano derramou muito sangue, até ser invadido pôr Napoleão Bonaparte, em 1806. O papa foi  preso e perdeu suas terras; tentou reagir mais tarde, mas Vítor Emanuelli, ano 1870. derrotou novamente as "tropas do papa" tomando-se o primeiro Rei da Itália. Assim caiu o "Santo Império Romano"! O Papa vencido advertia: "Não somos simples mortais" Ocupamos na terra o lugar de Deus, estamos acima dos anjos e somos superiores a Maria, mãe de Deus, porque ela deu a luz a um Cristo somente, mas nós, podemos fazer quantos Cristos Referia-se a transubstanciação. (Gazzeta da Alemanha n.o 21 ano 1870). Até 1929, os papas ficaram confinados no Vaticano quando Mussoline e Pio XI legalizaram com o tratado de Latrão esse pequeno Estado religioso que atualmente é "controlado pela Cúria Romana, mas governado pôr 18 velhos Cordiais, que controlam a carreira dos bispos e monsenhores, o papa fica fora dessa pirâmide". (Est. S. Paulo 28-3-82).  No Brasil a liderança Católica está nas mãos de 240 bispos mais conhecidos pelas suas posições  políticas do que pela religiosidade. Estão divididos entre Conservadores, Progressistas e não

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A HISTÓRIA DO PAPADO. SUA ORIGEM

O Sistema Católico Romano começou a tomar forma quando o Imperador Constantino, convertidoao Cristianismo presidiu o l.o Concílio das Igrejas no ano 313. No Século IV construíram a primeira

 basílica em Roma.

As Igrejas eram livres, mas começaram a perder autonomia com Inocêncio I, ano 402 que, dizendo-se "Governante das Igrejas de Deus exigia que todas as controvérsias fossem levadas a ele."Leão I,ano 440, aumentou sua autoridade; alguns historiadores viram nele o primeiro papa. Naquelestempos ninguém supunha que "S. Pedro foi papa", fora casado e não teve ambições temporais.

O poder dos pretensos papas cresceu ainda mais quando o Imperador Romano Valentiniano III, ano445, bajulado, reconheceu oficialmente a pretensão do papa de exercer autoridade sobre as Igrejas.O papado surgiu das rumas do Império Romano desintegrado no ano 476, herdando dele oautoritarismo e o latim como língua, embora o primeiro papa, oficialmente falando, foi Gregório noano 600 d.C.

A palavra "papa" significa pae, até o ano 500 todos os bispos ocidentais foram chamados assim: aos poucos, restringiram esse tratamento aos bispos de Roma, que valorizados, entenderam que aCapital do império desfeito deveria ser Sede da Igreja.

 Nicolau l, ano 858, foi o primeiro papa a usar Coroa. Usou um "Documento Conciliar falso(espúrio) dos Séculos 2.o e 3.o que exaltava o poder do papa e impôs autoridade plena r Assim, o"Papado que era recente, tomou-se coisa antiga." Quando a farsa foi descoberta Nicolau já nãoexistia!

O Vaticano projetou-se quando recebeu de Pepino, o Breve, ano 756, vastos territórios; essa doação

foi confirmada pôr Carlos Magno, ano 774, quando ocupava o trono papal Adriano I. (Taglialatela,II pág. 44).

Carlos Magno elevou o papado a posição de poder mundial, surgindo o "Santo Império Romano"que durou 1.100 anos. Mais tarde, Carlos Magno arrependeu-se pôr doar terras aos papas. No seuleito de morte sofreu "horríveis pesadelos". Agonizando, lastimava-se assim: "Como me justificareidiante de Deus pelas guerras que irão devastar a Itália, pois os papas serão ambiciosos, eis porquese me apresentam imagens horríveis e monstruosas que me apavoram devo merecer de Deus umsevero castigo" (Piliati, Tomo I, ano 1776, Edson Thompson, Londres).

O Vaticano derramou muito sangue, até ser invadido pôr Napoleão Bonaparte, em 1806. O papa foi preso e perdeu suas terras; tentou reagir mais tarde, mas Vítor Emanuelli, ano 1870. derrotou

novamente as "tropas do papa" tomando-se o primeiro Rei da Itália.

Assim caiu o "Santo Império Romano"! O Papa vencido advertia: "Não somos simples mortais"Ocupamos na terra o lugar de Deus, estamos acima dos anjos e somos superiores a Maria, mãe deDeus, porque ela deu a luz a um Cristo somente, mas nós, podemos fazer quantos Cristos Referia-sea transubstanciação. (Gazzeta da Alemanha n.o 21 ano 1870).

Até 1929, os papas ficaram confinados no Vaticano quando Mussoline e Pio XI legalizaram com otratado de Latrão esse pequeno Estado religioso que atualmente é "controlado pela Cúria Romana,mas governado pôr 18 velhos Cordiais, que controlam a carreira dos bispos e monsenhores, o papafica fora dessa pirâmide". (Est. S. Paulo 28-3-82).

 No Brasil a liderança Católica está nas mãos de 240 bispos mais conhecidos pelas suas posições políticas do que pela religiosidade. Estão divididos entre Conservadores, Progressistas e não

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Alinhados. (Dom Luciano Cabral. Rev. Veja 30-1-80).

A ÚLTIMA NOITE DO PAPA SORRISO

Quantos papas, no curso da história, terão morrido envenenados? A pergunta é formulada por JohnCornwell, em seu livro Um Ladrão na Noite, que a Viking lançou recentemente, naInglaterra(1989), e cujo tema é a morte, até hoje não convenientemente esclarecida, do Papa JoãoPaulo I. E o autor cita um número muito maior de pontífices assassinados do que se poderia esperar.

João VIII, o primeiro papa a ser morto, foi envenenado em 882 por membros de sua própria corte. A poção demorou tanto a agir, que ele foi eliminado a pancada. Aproximadamente dez anos maistarde, o corpo do Papa Formoso, envenenado por uma facção dissidente do seu séqüito, foiexumado pelo seu sucessor, Estevão VII, solenemente excomungado, mutilado, arrastado pelas ruasde Roma e lançado às águas do Tíbre.

 No século dez, João X foi envenenado no cárcere por Marozia, filha de sua amante e mãe de JoãoXI. Ainda no mesmo século, foram envenenados Benedito VI e João XIV.

O novo milênio não se mostrou mais benévolo para os santos padres: o primeiro a ser envenenadofoi Silvestre II, conhecido como O Mago, por suas alegadas transações com o diabo, e, poucasdécadas depois, Clemente II e seu sucessor Dâmaso II - embora não se exclua a hipótese de esteúltimo ter sucumbido à malária. No apagar das luzes do século 13, Celestino V foi envenenado peloseu sucessor, Bonifácio VIII. Nos primeiros anos do século 14, Benedito XI teria morrido por ter ingerido vidro moído misturado com figos. Cerca de 150 anos se passaram, até a morte de Paulo II,depois de comer "dois grandes melões". Embora a causa da morte possa ter sido o pecado mortal dagula, suspeitou-se de veneno. E em 1503, Alexandre VI, o famigerado papa da família Borgia,morreu provavelmente envenenado de uma poção destinada à outra pessoa. A maneira de sua mortesugere arsênico: sua carne enegreceu; em torno de sua língua, monstruosamente aumentada,

formou-se espuma, e seu corpo ficou inchado de gases, tão intumescido que os encarregados do seusepultamento foram obrigados a pular em cima do seu estômago para que a tampa do caixão pudesse ser fechada.

 Nem todas as tramas tiveram êxito. Cerca de dez anos após a morte de Alexandre VI, o colégioelegeu Leão X, que o autor descreve como "um homem tão ávido por dinheiro, que leiloavachapéus cardinalícios". Cinco cardeais contrataram um cirurgião florentino para assassiná-lo pelaintrodução de veneno no ânus, ostensivamente para tratar das hemorróidas papais, mas aconspiração foi descoberta.

Teriam cessado os assassinatos pontifícios com o advento dos tempos modernos? Comwell não

responde à pergunta, mas, segundo o que ele descreve como "um livrinho infame intitulado OsDocumentos do Vaticano", de um certo Nino Lo Bello, um assassinato dessa natureza haviaocorrido em 1939. No princípio de fevereiro daquele ano, Pio XI, de 82 anos, planejava umdiscurso especial contra o fascismo e o anti-semitismo e denunciaria a concordata firmada comMussolini. II Duce tinha, pois, motivo forte para dar cabo do idoso papa. Conta-se que 24 horasantes de Pio ler o seu discurso para uma reunião especial de bispos, recebeu uma injeção de um Dr.Francesco Petacci. Além de suas funções médicas dentro do Vaticano, Petacci era o pai de ClaraPetaccí, amante de Mussolini. Os defensores da teoria da conspiração acreditam que Petacci tenhainjetado veneno no papa, pois ele morreu na manhã seguinte, antes de poder ler o seu discurso, cujotexto nunca foi encontrado".

E agora surge o caso de Albino Luciani, eleito no dia 26 de agosto de 1978, no quarto escrutínio,numa das eleições mais rápidas da história do Vaticano, e morto no dia 28 de setembro do mesmoano, um dos reinados mais curtos da história do papado. Mas não o mais curto de todos. Este triste

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 privilégio coube a Urbano VII, que, em 1590, ocupou o trono de São Pedro durante 13 dias,morrendo de morte natural, assim como Celestino III, que, em 1045, foi papa por 22 dias e MarceloII, que reinou 23 dias, em 1555. O único que teve morte violenta foi o já citado Dâmaso II, cujo

 papado, em 1048, durou 24 dias.

 No prefácio de Um Ladrão na Noite, John Cornwell escreve: "Esta é a história de uma investigação

das circunstâncias da morte súbita do Papa João Paulo I(...) e as alegações de que teria sidoassassinado por altos prelados da Igreja Católica Romana".O Vaticano esperava que o autor obtivesse provas conclusivas da falsidade dessas teorias. Cornwell se confessa um católico relapso.Passou sete anos estudando em seminários ingleses, mas deixou a Igreja em conseqüência de umadecisão consciente de rejeitar tanto a vocação como a fé em Deus. Não obstante, dedicou-se a um

 projeto de investigação de fenômenos "sobrenaturais", como a história de Padre Pio, o Estigmático;as mais recentes provas a respeito do Santo Sudário de Turím, e as aparições de Maria às criançasde Medjugorje, na Iugoslávia. Foram essas últimas que levaram o escritor a Roma, em outubro de1987. e ali foi súbita e surpreendentemente estimulado pelo Vaticano a considerar um projetointeiramente diferente: a verdadeira história da morte de João Paulo I.

O primeiro encontro de Cornwell foi com o Arcebispo John Foley, presidente da Comissão deComunicação Social, "um homem grande e calvo (...) o rosto inocente e redondo como uma bolacha". Depois de uma troca de amenidades, Foley surpreendeu o autor, dizendo: "Há quem digaque o Papa João Paulo 1 foi envenenado por um de nós, aqui, no Vaticano. Um de nós esta sendoapontado como ~ suspeito principal. E pena que alguém como você não escreve a verdade sobre oque realmente aconteceu (...) Estou certo de que seria mais interessante do que toda essa ficçãosensacionalista.'

Desnecessário dizer que john Cornwell aceitou a missão e acabou produzindo Um Ladrão na Noite,um trabalho minucioso e, supõe-se fiel a verdade, o que lhe falta em emoção e drama sobra lhe em

 precisão e inteireza. É, na verdade, mais um relatório do que uma obra de leitura e como relatóriodeve ser lido.

Cabe, aqui, uma Biografia de Albino Lucíani. Nasceu em I7 de Outubro de 1912. Filho de umoperário francamente socialista.Freqüentou o seminário locais e foi ordenado em 1935, sendo nomeado vigário - geral de Belluno,sua terra ttata!, Em 1948. Em 1958 foi designado bispo de Vittoria Vencto. A partir de 1969, quando

 já era Patriarca de Roma, passou a adotar um ponto vista mais de direita. Sua eleição como papacausou quase tanta estupefação com a sua morte 33 dias depois. Como podia o "candidato de Deus"escolhido com tal entusiasmo por cardeais orientados pelo "Espírito Santo" já estar morto?Como causa mortis, infarto do miocárdio. O papa que tinha 66 anos incompletos e goza de boasaúde. Não morrera dormindo, dizia o comunicado, mas sentado na cama lendo, com os ósculossobre o nariz.

 Na quinzena que se seguiu a morte do papa choveram declarações porta-vozes do Vaticano, demembros da papal, e de importantes testemunhas, oficiais ou não. Nessas declarações, Cornwelldetectou dez contradições que persistem até hoje e que envolvem um grave desacordo a respeito dosseguintes pontos:

1º Quem encontrou o corpo?

2º onde o corpo foi encontrado?

3º A causa oficial da morte.

4º A estimativa da hora da morte.5º A hora e a legalidade do embalsamamento.

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6º O que o papa tinha nas mãos no momento da morte.

7º O verdadeiro estado de sua saúde nos meses anteriores à sua morte.

8º O paradeiro dos objetos pessoais do papa que estavam na alcova papal.

9º Se a Cúria havia ou não ordenado e realizado uma autópsia secreta.

10º Se os embalsamadores haviam ou não sido chamados antes de o corpo ser oficialmenteencontrado.

Os boatos de que João Paulo I teria sido assassinado começaram a circular no dia mesmo de suamorte. Uma das primeiras suspeitas foi levantada por uma organização ligada ao ultratradicionalistaArcebispo Lefebvre: o papa fora assassinado por "liberais" da igreja católica, porque planejavaabolir as modificações introduzidas pelo Concilio Vaticano. Algumas das discrepâncias acimacitadas não haviam escapado à atenção do grupo.

A Rádio Vaticano anunciou no dia 29 de setembro que ao morrer, o papa lia A Imitação de Cristo, popular obra de devoção dos católicos. Outras fontes disseram que se tratava de sermões e discursosou, alternativamente de um discurso que iria proferir ante uma assembléia de jesuítas.

A agência noticiosa italiana ANSA por sua vez, afirmou que o corpo não fora encontrado pelosecretário papal. Padre John Magee, mas por uma irmã. Vincenza, que trazia o desjejum do

 pontífice, e que seus restos mortais foram descobertos. não às 5h3Omin, mas às 4h3Omin. Que teriaacontecido nessa hora crucial?

Mas o despacho mais estranho, também divulgado pela ANSA dizia que os embalsamadores, osirmãos Ernesto e Renato Signoracci, foram apanhados em suas casas por um carro do Vaticano àscinco horas da manhã e levados diretamente à morgue da pequena cidade-estado, onde começaramo seu trabalho. Em outras palavras, os irmãos haviam sido chamados antes da descoberta oficial do

corpo. O Vaticano nunca se pronunciou a respeito.

A teoria da conspiração dos tradicionalistas continuava a vir à tona, até atingir um bizarro auge em1983, no livro de Jean-Jacques Thierry, A Verdadeira Morte de João Paulo I segundo o qual osecretário de Estado, Cardeal Jean Villot, teria colocado um sósia no lugar de Paulo VI e de ter 

 planejado o assassinato de João Paulo 1, depois de o infeliz papa ter descoberto um ninho demaçons no Vaticano.

 No mesmo ano foi publicado Pontífice, de Max Morgan-Witts e Gordon Thomas, que tambémdefendia a teoria do assassinato, sugerindo que se tratava de um boato circulado pela KGB paradesacreditar o Vaticano.

Também em 1983 surgiu um roman-à-clef, intitulado A Batina Vermelha, do francês Roger Peyrefitte, que combinava uma trama da KGB com uma conspiração da Máfia, os maçons e oBanco do Vaticano. Usando para os seus personagens pseudônimos mal disfarçados (o ArcebispoPaul Marcinkus, por exemplo, chama-se Larvenkus), Peyrefitte sugere uma reviravolta namotivação: o papa não era um reacionário morto por liberais. Ao contrário: era um reformador liberal decidido a acabar com a corrupção. O pano de fundo da intriga era baseado em fatos bemconhecidos. O Banco do Vaticano tinha de fato fortes elos com Roberto Calvi, o ambicioso

 presidente do Banco Ambrosiano de Milão. Calvi, por sua vez, estava ligado a Michele Sindona, umadvogado e financista siciliano, que estivera preso nos Estados Unidos e na Itália por estelionato.Ambos eram amigos do presidente do Banco do Vaticano, o notório Arcebispo Paul Marcinkus, e

estavam associados a Licio GeIli, um financista italiano que controlava a loja pseudomaçônica P-2. No dia 17 de junho de 1982, após o colapso do Banco Ambrosiano, Calvi foi encontrado enforcadodebaixo de uma ponte em Londres. Até hoje não se sabe se foi suicídio ou assassinato, e, em 1986,

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Sindona morria envenenado numa prisão italiana. Em fins de 1987, Gellífora extraditado da Suíça para Itália, onde era procurado pela Justiça.

 No romance de Peyrefitte, Marcinkus e Villot assassinam o papa com veneno injetado. Ao crimeestão associados Calvi, Sindona e Gelli. O motivo imediato dos prelados era evitar a sua demissão.

 No caso de Marcinkus, sua exoneração teria posto a descoberto o envolvimento maior do Banco do

Vaticano em extensas negociatas com a Máfia e os maçons.Em 1984, o assunto ressurgiu num livro de David Yallop, Em Nome de Deus, com a volta de todosos personagens centrais. Assim como os autores que o precederam, Yallop, na opinião de Cornwell,é forte em motivação e mistérios circunstanciais e fraco em provas conclusivas que ligassem os

 prelados ao assassinato. E os teóricos da conspiração, fictícios ou reais, o que poderiam atribuir aesses homens de Deus para trair a sua vocação e correr o risco da excomunhão e danação eterna,sem falar nos castigos no mundo dos vivos? Na verdade, o único com um passado não imaculadoera Marcinkus, que, segundo revela Cornwell, esteve envolvido em escândalos financeiros já em1972, quando foi investigado pelo FBI por envolvimento na falsificação de bônus no valor de um

 bilhão de dólares. Sua amizade com Síndona e Calvi era conhecida. Os quatros autores são

unânimes em afirmar que o novo papa estava de olho nele e a ponto de expô-lo. As repercussões nomundo financeiro e as implicações para as finanças do Vaticano teriam sido incalculáveis. Até ondeiria Marcinkus para evitar o desastre?

Foi enfrentando esse labirinto de contradições que John Cornwell iniciou a sua investigação.Avistou-se com Deus (no sentido figurado, é claro) e todo mundo. Entrevistou o próprio Marcinkus,que, entre outras coisas, afirmou jamais se ter envolvido nas finanças do Vaticano. Esteve com DonDiego Lorenzo, o secretário italiano do papa morto. Compareceu a uma missa rezada por JoãoPaulo II e dele ouviu palavras de encorajamento: "Quero que você saiba que tem o meu apoio e aminha bênção neste seu trabalho."

Em janeiro, Cornwell procurou David YalLlop. que entrevistara a irmã Vincenza e os irmãosSignoracci. A primeira havia morrido em junho de 1983 e os embalsamadores se mostraram tãoconfusos em seu depoimento a YaIlop, e mais tarde a Cornwell, que a hipótese de uma escleroseavançada não podia ser afastada.

Antes de voltar a Roma, Cornwell se avistou com um cardiologista Americano que passava as fériasem Londres. O médico foi taxativo:

"Os cadáveres não ficam sentados, sorridentes e lendo".

De regresso ao Vaticano, o autor voltou a se encontrar com o Bispo John Magee, que lhe narrou um

episódio ocorrido um dia antes da morte de João Paulo I. O papa acusou dores e mandou chamar airmã Vincenza, recusando-se a ver um médico. Sentindo-se melhor, jantou bem, e Magee perguntou: "Santo Padre, já escolheu a pessoa que vai promover o retiro da próxima Quaresma?"Respondeu afirmativamente e acrescentou logo: "O tipo de retiro de que gostaria neste momentoseria uma boa morte".A morte, segundo Magee era um dos assuntos constantes de suas conversas.Seu papado seria de curta duração e ele seria substituído "pelo estrangeiro". E citou uma prece:

Senhor, concede-me a graça de aceitar a morte que me abaterá. No dia seguinte, Deus atendeu o pedido daquele homem modesto e bondoso, cujo mais constante pedido, formulado milhares devezes durante o seu curto reinado, era: "Senhor, por favor, leva-me".A magnitude de sua missão oassustava.

 Num dos últimos parágrafos de Um Ladrão na Noite, John Cornwell diz, mas não assegura:

"João Paulo, quase com certeza, morreu de embolia pulmonar, devido a uma condição de

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coagulabilidade anormal do sangue. Necessitava de descanso e medicação monitorada. Se estestivessem sido receitados, ele quase sem dúvida teria sobrevivido. As advertências de uma doençamortal estavam claras, à vista de todos. Pouco ou nada foi feito para socorrê-lo ou salvá-lo."

Como sempre, as doenças, vistas em retrospecto, são bem mais fáceis de diagnosticar e de curar.

(Extraído da Revista "Manchete" ano de 1989, Número 1942, Ano 38, p.30-34; Pedimos desculpascaso haja alguma falha, pois esta matéria foi scaneada de uma revista muito velha. O proprietárionos informou que a Revista Manchete queria pagar-lhe uma nota para que fosse recolhida domercado. Se isso é verdade não podemos afirmar, mas a matéria é contundente).

SUCESSÃO APOSTÓLICA por Paulo Cristiano da Silva

Todos conhecem o vocábulo "Papa" e designam-no ao supremo chefe da Igreja Católica ApostólicaRomana. Este termo vem do grego e significa "Pai". Já em latim ele é formado pela junção da

 primeira sílaba das duas palavras latinas: "Pater Patrum", que quer dizer "Pai dos Pais". Mas o

significado que os católicos mais gostam é: "Petri Apostoli Potestatem Accipiens", isto é, "aqueleque recebe autoridade do apóstolo Pedro". Segundo a doutrina católica, o papa é o sucessor de SãoPedro no governo da Igreja Universal e o Vigário de Cristo na terra. Tem autoridade sobre todos osfiéis e sobre toda a hierarquia eclesiástica. Além da autoridade espiritual exerce uma territorial(interrompida de 1870 a 1929), que, a partir de 1929, é limitada ao Estado da cidade do Vaticano. Éinfalível quando fala "ex-cathedra" em assuntos de fé e moral. Alguns títulos que o papa ostenta dãouma amostra deste desvario descomunal, são eles: Bispo de Roma, Primaz da Itália, Patriarca doOcidente, Vigário de Jesus Cristo, Servo dos Servos de Deus, Sumo-Pontífice da Igreja Universal,Sucessor do Príncipe dos Apóstolos, Soberano do Estado da Cidade do Vaticano, Arcebispo eMetropolita da Província Romana e Santo Padre.

O papado teve durante a história de sua existência seus altos e baixos. Recentemente, o atual papateve de pedir desculpas aos judeus pelo seu antecessor o papa Pio XII e se vê em palpos de aranhacom a questão do celibato. Apesar de toda esta imponência de chefe de Estado, líder espiritual damaior parcela de cristãos do mundo (1 bilhão) e administrador de um império financeiro que a cadaano acumula bilhões de dólares; algumas perguntas entretanto precisam ser feitas, tais como:existem provas bíblicas e históricas que indiquem ser o papa o sucessor do apóstolo Pedro? EPedro, foi o primeiro papa e gozou de supremacia sobre os demais apóstolos? Teria Pedro fundado aigreja de Roma e tornado ela a sede de seu trono episcopal? O escopo de nossa matéria é apresentar respostas adequadas a perguntas cruciais como estas, haja vista, a internet estar cheia de sites decunho apologético católico com o fito de refutar as verdades claras das escrituras sagradasapresentadas pelos evangélicos.

"TU ES PETRUS ET SUPER HANC PETRAM AEDIFICABO ECCLESIAM MEAM !"

Esta perícope de Mateus 16:18 é tão especial para a cúria romana, que mandaram grava-la emenormes letras douradas na cúpula da Basílica de São Pedro em Roma. Destarte ela é a fonte

 primacial de toda a dogmática católica. O "Tu es Petrus", carrega atrás de si um séqüito de outrasheresias erigidas em cima dos sofismas, dos textos deslocados de seus respectivos contextos,interpretados de modo arbitrário pelos teólogos e doutores papistas. É ele o genitor da infalibilidade

 papal, do poder temporal, e das demais aberrações teológicas, ilogismos e invencionices dessaigreja. Portanto, desmontar à luz da Bíblia todo este disparate teológico é desmoralizar a base emque se firma a eclesiologia do catolicismo.

A tese católica se firma em três questionáveis pressupostos principais a saber:

1. A primeira é a que diz que Cristo edificou a Igreja sobre Pedro, numa interpretação toda

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tendenciosa e arbitrária de Mateus 16:18,19.

2. A segunda é a que afirma que Pedro fundou e dirigiu a Igreja de Roma sendo martirizado tambémlá.

3. A terceira se firma na suposta sucessão apostólica numa cadeia ininterrupta até nossos dias; dePedro à Karol Wojtyla (João Paulo II ).

EM QUE PEDRA A IGREJA ESTÁ EDIFICADA?

O site católico http://www.lepanto.org.br/ApIgreja.html#Fund da "Frente Universitária Lepanto" éum site antiprotestante, e na página sobre a Igreja Católica, interpretando Mat. 16:18, traz a seguintedeclaração: "Esse ponto é muito importante, pois a interpretação truncada dos protestantes quer admitir o absurdo de que Nosso Senhor não sabia se exprimir corretamente. Eles dizem que Cristoqueria dizer: "Simão, tu és pedra, mas não edificarei sobre ti a minha Igreja, por que não és pedra,senão sobre mim." Ora, é uma contradição, pois Nosso Senhor alterou o nome de Simão para

"Kephas", deixando claro quem seria a "pedra" visível de Sua Igreja."

Essa bombástica assertiva nada mais é do que o ecoar das conjeturas conciliares pontificais. A princípio pode até impressionar, mas carece totalmente de fundamentos. Se não, vejamos: Jesus ao proferir a frase "E eu te digo que tu és Pedro,(Petrus) e sobre esta pedra(Petra) edificarei a minhaIgreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos Céus:e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus." estava afirmando querealmente era ele a "PEDRA" a qual seria edificada sua igreja. Para isto temos razões à saciedade:

1. Jesus ao se referir a Pedro usa o termo grego "Petros" que significa um "seixo", "pedregulho",mas ao se referir à edificação da Igreja diz ser edificada não sobre o "Petros" (Pedro), mas sobre a

"Petra", um rochedo inabalável. Ora, Jesus fez nítida diferença semasiológica entre "Petra" e"Petros": um é substantivo feminino singular e está na terceira pessoa; o outro masculino plural e seencontra na segunda pessoa. Demais disso, nunca o termo "Petra" é usado na Bíblia em relação ahomem algum, mas somente em relação a Deus. Outrossim, tal verso nem de longe insinua algumacoisa sobre Roma, sucessão apostólica e congênere. Os católicos conseguem ver o que não existe notexto!

2. A frase "Tu és o Cristo filho do Deus vivo" é a chave para entendermos toda a problemática.Jesus perguntou a "TODOS", e não somente a Pedro, Quem Ele era. A ele foi revelado confessar que Cristo era o Messias, o Filho de Deus, daí a frase: "Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas,

 porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te

digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja...", ou seja, sobre a confissão deque Ele era o Filho de Deus. A bem da verdade, a Igreja nunca poderia estar solidamente edificadasobre homem algum pois Pedro apesar de ter sido um grande apóstolo, foi no entanto, falível e

 passível de erro como demonstra de maneira sobeja o contexto imediato (Mat16: 23) e os demaisescritos neotestamentario.

3. O significado de "Petros" e "Petra" está de perfeito acordo com o contexto doutrinário e teológicodo N.T. Sendo "Petros" um fragmento tirado da grande rocha, há de se ver uma conotação comtodos os cristãos como petros, e isto é descrito pelo próprio Pedro: "vós também, quais pedras vivas,sois edificados como casa espiritual..." I Pedro 2:5 (ênfase acrescentada). Por sua vez todas elasestão edificadas sobre a grande Petra que é Jesus Efésios 2.20. Agora compare estes dois versos: "E

quem cair sobre ESTA PEDRA será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó..." "E eu te digo que tu és Pedro, e sobre ESTA PEDRA edificarei a minha Igreja..." (ênfaseacrescentada). Indubitavelmente, na primeira e na segunda sentença Jesus é a pedra. Desde a época

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do salmista (Sl. 118:22), passando pelo profeta Isaias, a palavra profética já anunciava o Messias,como a PEDRA DE ESQUINA (Is. 28:16). Jesus afirmou ser ele mesmo essa Pedra, Mateus21:42,44. Outrossim, é bom rememorar que na narrativa de Marcos a frase de Cristo: "Tu és Pedro,e sobre esta pedra edificarei a minha igreja", é omitida (Mc 8.27-30). Isto não é de poucarelevância, pois Marcos por muito tempo foi companheiro de Pedro (I Pe 5.13) e segundo Eusébio,foi deste que Marcos coletou suas informações para redigir seu evangelho. Pedro em nenhum

momento disse de si mesmo como a rocha ou pedra da igreja, se não, Marcos teria confirmado demodo enfático. Se porventura o dogma da superioridade de Pedro é verdadeiro e de tamanhaimportância, como a Igreja Católica ensina, não parece praticamente inconcebível que os registrosde Marcos e de Lucas se silenciem a respeito?

4. Kephas significa pedra ou Pedro? João nos dá a resposta: "E o levou a Jesus. Jesus, fixando neleo olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)." João1:42. Veja que Cefas ou Kephas, significa Pedro e não pedra! Para fazer jus à coerência e a lógica,Jesus deveria ter dito mais ou menos assim: "Tu és Kephas e sobre esta kephas edificarei..." ou "Tués Pedro e sobre este Pedro edificarei..." se não houvesse nenhuma diferença.

5. Teria Jesus mudado o nome de Simão Barjonas para Pedro ou apenas acrescentado? Ora, quandose muda um nome faz-se necessariamente uma substituição. O nome anterior não é maismencionado como no caso de Abrão para Abraão. Já no caso de Pedro apenas foi acrescentadocomo bem atesta Lucas "agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro" Atos 10:5,18,32 - 11:13 (ênfase acrescentada). Veja que é um nome acrescentadoe não mudado como querem os teólogos do Vaticano. Veja ainda que ele continuou sendo chamadode Simão (Atos 15:19) ou Simão Pedro (João 21:2,3,7) algo que no mínimo seria estranho se oantigo nome tivesse sido trocado. Querer ver nisto uma ligação da suposta supremacia petrina comrelação ao papado é ir longe demais!

6. Alardeia os católicos em ver na simbologia das chaves (v.19) uma supremacia jurisdicional sobretoda a cristandade. Conquanto sabemos ser a chave outorgada realmente a Pedro para "abrir" e"fechar", no entanto cabe salientar que foram as chaves do Reino do Céu e não da Igreja que foramdadas...e Reino do Céu não é a Igreja! O uso dessas chaves estavam antes nas mãos dos fariseus (cf.Lucas 11:52). Essas chaves representam a propagação do evangelho de arrependimento de pecados,

 pelo qual todos os cristãos, e não Pedro apenas, podem abrir as portas dos céus para os pecadoresque desejam ser salvos. Tanto é, que em Mateus 18:18 Jesus a confia aos demais apóstolos; Pedro

 portanto foi o primeiro a usa-la em Pentecostes, onde quase três mil almas foram salvas, depois ausou para pregar ao primeiro gentio Cornélio. É esta a chave que abre a porta, e não é prerrogativaexclusiva do hierarca católico. Ninguém tem poder de monopoliza-la como querem os CatólicosRomanos.

Certo site Ortodoxo comentando sobre o assunto em lide, disse com muita propriedade: "Para aIgreja una e indivisa a interpretação desta passagem do Evangelho é toda outra. Como disseOrígenes (fonte comum da Tradição patrística da exêgese), Jesus responde com estas palavras àconfissão de Pedro: este torna-se a pedra sobre a qual será fundada a Igreja porque exprimiu a Féverdadeira na divindade de Cristo. E Orígenes comenta: "Se nós dissermos também: 'Tu és o Cristo,Filho de Deus Vivo', então tornamo-nos também Pedro (...) porque quem quer que seja que se una aCristo torna-se pedra. Cristo daria as chaves do Reino apenas a Pedro, enquanto as outras pessoasabençoadas não as poderiam receber?". Pedro é, então, o primeiro "crente" e se os outros oquiserem seguir podem "imitar" Pedro e receber também as mesmas chaves. Jesus, com as Suas

 palavras relatadas no Evangelho, sublinha o sentido da Fé como fundamento da Igreja, mais do quefunda a Igreja sobre Pedro, como a Igreja Romana pretende. Tudo se resume, portanto, em saber se

a Fé depende de Pedro, ou se Pedro depende da Fé... Por isso mesmo, Cipriano de Cartago pôdeafirmar que a Sé de Pedro pertence ao Bispo de cada Igreja Local, enquanto Gregório de Nissaescrevia que Jesus "deu aos Bispos, através de Pedro, as chaves das honras do Céu". A sucessão de

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Pedro existe onde a Fé justa (ortodoxa) é preservada e não pode, então, ser localizadageograficamente, nem monopolizada por uma só Igreja nem por um só indivíduo. Levando a teoriada primazia de Roma às últimas conseqüências, seríamos obrigados a concluir que somente Roma

 possui essa Fé de Pedro - e, nesse caso, teríamos o fim da Igreja una, santa, católica e apostólica que proclamamos no Credo: atributos dados por Deus a todas as comunidades sacramentais centradassobre a Eucaristia." E mais "Afirma, depois, a Igreja de Roma que é ela a Igreja fundada por Pedro

e que essa fundação apostólica especial lhe dá direito a um lugar soberano sobre todo o universo.Ora a verdade é que, para além do fato de não sabermos realmente se Pedro foi o fundador dessaIgreja Local e o seu primeiro Papa (aliás, terão os Apóstolos sido Bispos de qualquer IgrejaLocal...?), temos conhecimento que outras cidades ou outras localidades mais pequenas podiam,igualmente, atribuir a si mesmas essa distinção, por terem sido fundadas por Pedro, Paulo, João,André ou outros Apóstolos. Assim, o Cânone do 6º Concílio de Nicéia reconhece um prestígioexcepcional às Igrejas de Alexandria, Antioquia e Roma, não pelo fato de terem sido fundadas por Apóstolos, mas porque eram na altura as cidades mais importantes do Império Romano e, sendoassim, deram origem a importantes Igrejas Locais..."

ONDE A PRIMAZIA DE PEDRO?

A dialética vaticana ávida por achar um nepotismo em Pedro em detrimento aos demais apóstolos,esquiva-se em seus sofismas teológicos. Procuram a qualquer preço encontrar nas sagradasescrituras um elo de ligação entre a "protagonização" de Pedro e a alegada supremacia do papa. Osargumentos apresentados são quase sempre furtados de seus contextos a fim de fortalecer essacadeia de quimeras teológicas. Para justificar tal devaneio, saem pela tangente arrazoando que:

a) A Pedro foi conferida com exclusividade a chave dos céus (Mat. 16:19).

b) A Pedro foi dado por duas vezes, cuidar com exclusividade do rebanho de Cristo (Lc. 22:31,32 -Jo 21:15,17).

c) Pedro foi o primeiro a pregar um sermão em Pentecostes. (At. 2:14)d) Pedro foi o primeiro a evangelizar um gentio. (At. 10:25)

e) Testemunha, diante do Sinédrio, a mensagem de Cristo. (At. 4:8)

f) No catálogo dos apóstolos (Mt 10:2-4; Mc 3:16-19; Lc 6:13-16; At 1:13), o nome de Pedrosempre é colocado em primeiro lugar.

g) Escolhe Matias para suceder Judas. (At. 1:15)

A pessoa que analisar o assunto pelas lentes papistas, tende a ficar impressionada com a avalanchede textos que colocam Pedro no topo da lista de exclusividades. A primeira vista, a abundância de primeiro, primeiro, primeiro tende a sustentar essa corrente. Entrementes, vamos expurgar doengodo romanista tais textos e veremos que não são tão pujantes quanto parecem.

a) A questão correspondente já está respondida de maneira sobeja neste opúsculo.

b) Os católicos frisam nestes textos a palavra "confirmar e apascentar" e vêem neles uma suposta primazia jurisdicional petrina. A falácia deste argumento está em não mostrar que o apóstolo Paulotambém "confirmava" as igrejas (cf. At. 14:22 - 15:32,41). Quanto ao "apascentar", esta tambémnão era uma exclusividade de Pedro pois todos os bispos consoante At. 20:28 deveriam ter estaincumbência. Para sermos coerentes deveríamos dar este "status" de primazia aos demais, pois nãosó apascentavam como confirmavam as igrejas.

c) Ora, Pedro ao pregar em pentecostes estava apenas fazendo uso das chaves para abrir a porta da

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salvação. Demais disso, alguém tinha de tomar a palavra e coube a Pedro o mais velho e intrépido.Mas... ao terminar a mensagem, ninguém o teve por especial, mas dirigiram-se a todos (At. 2:37)com a expressão: "Que faremos varões IRMÃOS?" (ênfase acrescentada). Dirigiram-se a toda aigreja e não apenas a Pedro.

d) Ao contrário do que pensam os católicos, o caso de Cornélio é um contragolpe no argumento

romanista pois Pedro teve de dar explicações perante a Igreja por ter se misturado e comido com umgentio. Raciocinemos, onde a primazia de Pedro neste episódio? Se a tivesse, porventura dariaexplicações perante seus supostos comandados? Certamente que não! Mas Pedro teve de seexplicar, por que não possuía nenhum governo sobre os demais.

e) A refutação segue o mesmo parâmetro da anterior.

f) É bom frisarmos que este primeiro lugar na lista de nomes é apenas de caráter cronológico e nãofuncional. Percebe-se que os quatro primeiros nomes da lista dos sinópticos são: Simão, André,João e Tiago são os primeiros a serem chamados para seguir o mestre e dentre eles coube a Pedroter uma prioridade cronológica. Não obstante em outros lugares como em Gálatas 2:9 seu nome nãoaparece nesta posição.

g) A miopia exegética é um mal constante na cúpula romana e leva-a a ver o que não está no texto!Lendo cuidadosamente At. 1:15-26 vemos que Pedro apenas expôs o problema, qual seja, a falta deum sucessor para o cargo de Judas, no entanto Matias foi eleito pela igreja por voto comum, e não

 por decisão de Pedro.

Os sofismas destes textos são flagrantes, contudo, a derrocada teológica peremptória destesargumentos, está nas atitudes de Cristo - o ÚNICO Sumo Pastor, Chefe Supremo, Cabeça eFundamento da Igreja - em não titubear e corrigir algumas precoces ambições de supremacia entreeles. Certa feita tal idéia foi sugerida ao mestre (Mateus 20:18-27) que no mesmo instante arechaçou dizendo: "...Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes

exercem autoridades sobre eles.Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, serávosso servo;..." (ênfase acrescentada). Noutra feita essa questão foi novamente levantada. (cf. Lucas22:24) Veja que se os apóstolos tivessem cientes desta utópica promessa, de maneira alguma teriamlevantado esta questão e o próprio pescador Galileu, ou mesmo Jesus, haveriam de esclarecer-lhes o

 primado de Simão Pedro sobre eles, a recordar a alegada promessa em Mateus 16:18. Mas não ofez, simplesmente por não existir.

O próprio Pedro desfaz essa lenda ao dizer que: "ninguém tenha DOMÍNIO sobre o rebanho..." (cf.I Pd. 5:1-3) Não se pode ver aí nenhum vestígio de superioridade, supremacia ou destaque sobre osdemais, pois ele mesmo se igualava aos outros dizendo: "...que sou também presbítero com eles..."

Pedro jamais mandou! Pelo contrário, foi mandado...e obedeceu (Atos 8:14) fazendo jus às palavrasde Jesus "Não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que oenviou." (Jo. 13:16)

PEDRO ESTEVE EM ROMA?

 Não obstante a Bíblia trazer um silêncio sepulcral sobre o assunto, os católicos afirmam ser fatoincontestável ter sido o apóstolo Pedro o fundador da igreja em Roma. Atribuem-lhe ainda um

 pontificado de 25 anos na capital do império e conseqüente morte neste lugar. É claro que estasligações são a-priori de valor inestimável, pois entrelaçadas vão robustecer a tese vaticana da

 primazia do papado. Contudo, não deixam de ser argumentos gratuitos! Há de se frisar que somentea chamada "(con) tradição", vem em socorro da causa romanistas nestas horas e mesmo assim demaneira dúbia. Vejamos:

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Pedro não pode ter sido papa durante 25 anos, pois foi martirizado no reinado do Imperador Nero, por volta de 67/68. Subtraindo vinte cinco anos, retrocederemos ao ano de 42 ou 43. Nessa épocanão havia se realizado o Concílio de Jerusalém (Atos 15), que se deu por volta de 48-49, Pedro

 participou (mas não deveria pois segundo a tradição, nesta época, ele estava em Roma), no entanto,foi Tiago quem o presidiu (Atos 15;13,19). Em 58, Paulo escreveu a epístola aos Romanos. E nocapítulo 16 mandou uma saudação para muitos irmãos, mas Pedro sequer é mencionado. Paulo

chegou a Roma no ano 62 e foi visitado por muitos irmãos (Atos 28;30 e 31). Todavia, nesse período, não há nenhuma menção de Pedro. O Apóstolo Paulo escreveu quatro cartas de Roma:Efésios, Colossensses, Filemon(62) e Filipenses(entre 67 e 68) mas Pedro não é mencionado emnenhuma delas. Se Pedro estava em Roma no ano 60, como se deve entender a revelação referidanos Atos dos Apóstolos 23:11, em que Jesus disse a Paulo: "Importa que dês testemunho de mimtambém em Roma?" Cadê o papa de Roma na ocasião?

É por estas e outras que não acreditamos que Pedro tenha fundado ou presidido a Igreja de Romacomo afirmam os católicos!

O INSUSTENTÁVEL SUPORTE DA TRADIÇÃO

A tradição é um dos pilares nos quais se assenta a teologia romanista. O principal órgão destatradição é a chamada "Patrística" que são os escritos dos primitivos cristãos. Essa tradição é derelevante valor à causa católica, pois dela advem toda a sofismática da tal "Sucessão Apostólica". Édela que é extraída a má interpretação de Mateus 16:18, da primazia de Roma, da correntesucessória de S. Pedro etc. Na verdade as coisas são bem diferentes quando analisadas de maneirahonesta.

Dos inúmeros "pais da Igreja", somente 77 opinaram a respeito do assunto de Mateus 16:18, sendoque 44 reconheceram ser a fé de Pedro a rocha. 16 deles julgaram ser o próprio Cristo e somente 17concordaram com a tese vaticana. Nenhum deles afirmavam a infalibilidade de Pedro e tão pouco otinham como papa. Exemplo disso é S. Agostinho que em seu Livro I, Capítulo 21 das Retratações

(Livro escrito no fim da sua vida, para retratar-se de seus escritos anteriores) expressamente afirmaque sempre, salvo uma vez, ele havia explicado as palavras Sobre esta pedra - não como sereferissem à pessoa de Pedro, mas sim a Cristo, cuja Divindade Pedro havia reconhecido e

 proclamado.

Diz certa fonte católica que: "Se a corrente da sucessão apostólica por alguma razão encontra-seinterrompida, então as ordenações seguintes não são consideradas válidas, e as missas e osmistérios, realizados por pessoas ilegalmente ordenadas - desprovidos da graça divina. Essacondição é tão séria que a ausência de sucessão dos bispos em uma ou outra denominação cristãdespoja-a da qualidade de Igreja verdadeira, mesmo que o bensino dogmático presente nela nãoesteja deturpado. Esse foi o entendimento da Igreja desde o seu início."

Pois bem, procurarei não ser prolixo ao historiar sobre essa questão. Todos sabem que o trono dos papas teve seus momentos de vacância, muitos papas conquistaram este título por dinheiro, alguns papas considerados legítimos foram condenados como hereges, outros pela ganância do cargoforam envenenados por seus rivais, ainda outros foram nomeados por imperadores; quando não,havia três ou mais papas se excomungando mutuamente pela disputa da cadeira de São Pedro. Semfalar é claro, da época negra da pornocracia. Não é debalde que na "Divina Comédia", DanteAlighieri, coloca vários papas no inferno! Há ainda uma tremenda contradição nas muitas listas dos

 pontífices romanos expostas por historiadores católicos, nas quais os nomes de tais sucessoresaparecem trocados ou faltando. Não creio que estes homens sejam os verdadeiros sucessores dacátedra de Pedro! A bem da verdade, essa tal sucessão ininterrupta e contínua dos papas é

totalmente arrebentada e falsa. É por demais ultrajante mesmo para uma mente mediana suportar tamanha incongruência!

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Pelo que foi resumidamente exposto acima, podemos concluir serenamente que: PEDRO NUNCAFOI PAPA E NEM O PAPA É O VIGÁRIO DE CRISTO.

OBRAS CONSULTADAS

 NOITES COM OS ROMANISTAS; M.H. Seymour -Edições Cristãs

DOZE HOMENS, UMA MISSÃO; ARAMIS C. DE BARROS - EDITORA LUZ E VIDA

O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS; EARLE E. CAIRNS - EDICÇOES VIDA NOVA

PEDRO NUNCA FOI PAPA NEM O PAPA É VIGÁRIO DE CRISTO; ANIBAL P. REIS -EDIÇÕES CAMINHO DE DAMASCO

QUEM FUNDOU SUA IGREJA; Pe. ALBERTO LUIZ GAMBARINI - EDITORA ÁGAPE(católico)

OS PAPAS ; AQUILES PINTONELLO - EDIÇÕES PAULINAS

A HIERARQUIA; Pe. JOSÉ COMBLIN - PAULUS

TRADIÇÃO: SUPORTE DO PAPADO?por Paulo Cristiano da Silva

" NÃO REFUTAREI APENAS AS ACUSAÇÕES LEVANTADAS CONTRA NÓS; FAREI COMQUE ELAS SE VOLTEM CONTRA SEUS PRÓPRIOS AUTORES " (Tertuliano, 220 d. C.)

A IMPORTÂNCIA DA TRADIÇÃO NO CATOLICISMO

O Concilio de Trento define a tradição como o "conjunto de doutrinas reveladas referentes à fé e amoral, não consignadas nas Escrituras Sagradas, mas oralmente transmitidas por Deus à Igreja"(Sessão IV, de 8 de Abril de 1546)

"A Sagrada Tradição", afirma O Concílio Ecumênico Vaticano II através de sua ConstituiçãoDogmática Dei Verbum "a Sagrada Tradição...transmite integralmente aos sucessores dos apóstolosa Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos..."

A teologia da idade Média escampada pelos Concílios Ecumênicos de Trento, do Vaticano I e do

Vaticano II, impingiu a tese de que o consenso unânime dos pais da Igreja se constitui em legitimarevelação. Ele é imprescindível e fundamental na Tradição.

A tradição é a fonte primordial de todas as doutrinas extrabíblica encontrada no bojo dogmático docatolicismo e o papado é uma delas. Por isso que somente após o concílio tridentino da contra-reforma, foi que apareceram as primeiras coleções de obras patrísticas - o primeiro órgão daTradição - fazendo frente à reforma protestante levada a cabo por Martinho Lutero. Era necessáriodar um status de autoridade à tradição a fim de dar suporte às heresias papais. O teólogo católicoVan Iersel, em seu artigo: "O uso da Bíblia na Igreja Católica", inserido no vol. V, de TemasConciliares na página 17, confessa: "...em oposição à reforma deu-se um lugar à Tradição ao ladoda Escritura, o que tornava muito relativo o valor da Bíblia".(ênfase acrescentada)

Foi assim que a tradição ganhou força junto às Escrituras, sendo até mesmo superior a esta pois,"Pela mesma Tradição...as próprias escrituras são nela cada vez melhor compreendidas..." sublinha

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o Concílio Vaticano II.

MALOGRO ROMANISTA

A assertiva da cúria papal de que havia unanimidade e consenso de opinião entre os pais da igreja,tornou-se um tanto utópica, quando se constatou que só numa coisa êles concordavam: - é quediscordavam em quase tudo.

Forjar a necessária concordância unânime era preciso!

Com esse propósito, o papa Leão X, em 28 de Abril de 1515, como produto da 10ª Sessão do 5ºConcílio de Latrão, emitiu a Bula "Inter Multiplices", estabelecendo os Índices Expurgatórios, cujoobjetivo consistia em examinar as obras patrísticas existentes. Muitas obras dos seis primeirosséculos dos pais da igreja foram repudiadas.

Em 8 de Abril de 1546, na 4ª Sessão do Concílio de Trento, foi levado a cabo o trabalho de"expurgo", anteriormente estabelecido pelo papa Leão X no Concilio de Latrão. Trechos inteiros

contra as pretensões (doutrinárias) romanistas refutadas pelos reformadores, foram extraídos ehouve muito enxerto...muitas frases e palavras foram interpoladas no intuito de se transformar osignificado dos textos ao sabor das interpretações desejadas. Como disse certo professor deseminário (católico) a um de nossos apologistas: "a interpretação dessas obras depende muito dequem as traduzem!".

Todavia é importante salientar que nem mesmo as passagens que são amiúde invocadas pelosapologistas católicos com o fito de angariar apoio ás pretensões da origem e desenvolvimento do

 papado, não são tão relevantes assim, e muitas são até mesmo distorcidas e deslocadas do seucontexto. Muita dessa tradição entra em contradição não só com a Bíblia mas mesmo entre si comoveremos.

A IGREJA PRIMITIVA

Ao contrário do que afirma a Igreja Católica, o cristianismo primitivo não estava divididohierarquicamente. Ademais, é um fato incontestável que não houve episcopado monárquico no

 primeiro século. As igrejas eram governadas por colegiados de bispos ou presbíteros que eramtermos usados de modo intercambiável (ver Atos 20.17 e 28; Tito 1.5 e 7). O teólogo católico JoséComblin, em seu livrete intitulado "Hierarquia", na página 18 é concorde em dizer que: "No meiodeles, Pedro tem um papel de porta-voz.", entretanto, alerta: "Mas ele não é como o superior. Sãotodos iguais.(ênfase acrescentada). Afirma ainda que nas primeiras comunidades cristãs não haviahierarquia, pois todos estavam unidos no colegiado apostólico e "cada igreja agia de modoindependente" (pág. 19).

Portanto, a tal supremacia de Pedro sobre os demais são argumentos inconsistentes, pueris que veioà tona apenas 200 anos depois da morte de Cristo, e que posteriormente foi usado para promover adoutrina do papado. Há de se ressaltar que em meados do século II, borbulhavam, muitas obrasapócrifas contendo histórias sobre este apóstolo, tais como: Os Atos de Pedro, Evangelho de Pedro,Apocalipse de Pedro e outras. Isto posto, declaramos que não há indício algum de que Cristo tenhafeito de Pedro o chefe, ou como costuma dizer o hierarca romano: o príncipe dos apóstolos. Tudoisto é argumento gratuito.

ENTÃO COMO SE DEU A ORIGEM DO PAPADO ?

Seja como for, uma coisa é certa: ela não se deu da noite para o dia. O desenvolvimento da séromana e a supremacia de seu líder se deram paulatinamente. A primeira menção desta igrejaaparece na epístola do apóstolo Paulo dirigida aos cristãos ali congregados. Algo que merece nossa

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atenção é que nesta epístola, Paulo manda saudações a diversos irmãos, mas em nenhum momentomenciona o suposto papa "São Pedro" ou sua primazia. Contudo, muitos fatores contribuíram paradar vida ao papado no cenário mundial; eis alguns deles:

AS TRADIÇÕES: No segundo século surgiu uma tradição propalada por Irineu de que tanto Paulocomo Pedro, haviam fundado e dirigido àquela igreja, posteriormente diz outra "tradição" levada a

cabo por Orígenes de que os dois haviam sido martirizados naquela cidade. Jerônimo chega a dizer que Pedro governou esta igreja durante 25 anos. Assim, mais e mais foi se solidificando a lenda deque Pedro havia fundado a igreja em Roma e transferido para lá o seu pontificado, sem ter contudoapoio bíblico. Este foi apenas o embrião da supremacia da igreja de Roma. Outrossim, visto àgrosso modo, muitos pais da igreja como Cipriano e Irineu deram a entender que a sé romana tinhaalgum tipo de supremacia sobre as demais, ainda que limitada.

AUMENTO DO PODER: Além disso, já numa época remota, a igreja de Roma tornou-se a maior, amais rica e a mais respeitada de toda a cristandade ocidental. Outro fator que contribuiu para aascendência da igreja romana e do seu líder foi a própria centralidade e importância da capital doImpério Romano. Logo apareceram cinco cidades que se destacaram como metrópoles: Roma,

Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém, os bispos destas regiões receberam o título de"Patriarcas". Apesar dos bispos das igrejas serem iguais uns aos outros na administração dos ritoslitúrgicos e na doutrina, eles começaram a distinguir-se em dignidade de acordo com a importânciados lugares onde estavam localizadas suas dioceses. Ao Bispo de Roma foi concedida a precedênciahonorária simplesmente porque Roma era então a capital política do mundo, ele foi considerado "o

 primeiro entre os iguais".

PREDOMINÂNCIA DO BISPO ROMANO (I) : Outro elemento importante é que desde cedo aigreja romana e os seus líderes reivindicaram direta ou indiretamente, certas prerrogativasespeciais.. No fim do segundo século, o bispo Vítor (189-198) exerceu considerável influência nafixação de uma data comum para a Páscoa, algo muito importante face à centralidade da liturgia navida da igreja. Relevante também foi o alvitre de S. Irineu (202) o qual, como ele mesmo confessa,

 procurou conscienciosamente um bispo que pudesse ser aceito pela maioria do episcopado, paradesempenhar a missão de árbitro nas questões disciplinares e nas dúvidas e controvérsiasdoutrinárias, que surgiam freqüentemente entre os bispos das várias igrejas.Esta proposta foi aceita quase imediatamente pela quase totalidade das igrejas, e fez que o Bispo deRoma começasse a ser consultado com freqüência, o que muito contribuiu para aumentar a suaautoridade,embora a primeira decretal oficial (carta normativa de um bispo de Roma em resposta formal àconsulta de outro bispo) só tenha surgido em 385, com Sirício. Por volta de 255, o bispo Estêvãoutilizou a passagem de Mateus 16.18 para defender as suas idéias numa disputa com Cipriano deCartago. E Dâmaso I (366-84) tentou oferecer uma definição formal da superioridade do bispo

romano sobre todos os demais.Essas raízes da supremacia eclesiástica romana foram alimentadas pelas atividades capazes demuitos papas. No quinto século destaca-se sobremaneira a figura de Leão I (440-61), considerado

 por muitos na verdade"o primeiro papa". Leão exerceu um papel estratégico na defesa de Romacontra as invasões bárbaras e escreveu um importante documento teológico sobre a pessoa de Cristo(o Tomo) que exerceu influência decisiva nas resoluções do Concílio de Calcedônia (451). Alémdisso, ele defendeu explicitamente a autoridade papal e usou muito o titulo "papa" (mais tardeGregório VII, reivindicou para a sé romana este título com exclusividade) articulando mais

 plenamente o texto de Mateus 16.18 como fundamento da autoridade dos bispos de Roma comosucessores de Pedro. Seu sucessor Gelásio I (492-96) expôs a teoria das duas espadas: dos dois

 poderes legítimos que Deus criou para governar no mundo, o poder espiritual - representado pelo papa - tinha supremacia sobre o poder secular sempre que os dois entravam em conflito.O Sínodode Sárdica declarava que se um bispo fosse deposto pelo sínodo de sua província, este poderia

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apelar para o bispo de Roma. Já o Sínodo de Palma declarava que o bispo de Roma não estavasubmisso a nenhum tribunal humano. O máximo de pretensão papal de supremacia se encontra noartigo 22 do Dictatus do papa Gregório VII em que se afirma que jamais houve erro na IgrejaRomana. Já Inocêncio III cria ser o papa, o verdadeiro "Vigário de Cristo" na terra. O imperador Valentiniano III num edito de 445, reconhece a supremacia do bispo de Roma: "Para que uma tola

 perturbação não venha a atingir as igrejas ou ameace a paz religiosa, decretamos - de forma

 permanente - que não apenas os bispos da Gália mas também os das outras províncias, não venhama atentar contra o antigo costume [de submeter-se à] autoridade do venerável padre (papa) daCidade Eterna. Assim, tudo o que for sancionado pela autoridade da Sé Apostólica será consideradolei por todos, sem exceção. Logo, se qualquer um dos bispos for intimado a comparecer perante o

 bispo romano, para julgamento, e, por negligência, não comparecer, o moderador da sua provínciadeverá obrigá-lo a se apresentar."

PREDOMINANCIA DO BISPO ROMANO (2) : Comitantemente às reivindicações eclesiásticascresceu também o poder temporal dos papas devido ao declínio dos principais rivais de Roma. O

 bispo de Jerusalém perdeu o poder após a destruição pelos romanos. O bispo de Éfeso perdeu o poder quando foi sacudida pelo cisma montanista. Alexandria e Antioquia declinaram logo também,

deixando Roma e Constantinopla como as maiores sedes do cristianismo primitivo. Todavia asguerras teológicas e os inúmeros cismas juntamente com as invasões dos mulçumanos, aos poucosforam minando a unidade dos orientais, deixando isolado o bispo de Roma. Este foi se solidificandocada vez mais no Ocidente como o "pai" dos cristãos. Coube a ele defender Roma dos ataques

 bárbaros. Muito ajudou, a conversão destes povos para o cristianismo romano; no que mais tardeiria desembocar no famigerado poder temporal.

FALSOS DOCUMENTOS : Essas teorias fictícias, que foram destinadas a ser reconhecidas comoverdadeiras por alguns séculos - entretanto mais tarde identificadas claramente como as fraudesmais habilmente forjadas - são duas: as Pseudo-Clementinas e os Decretos do Pseudo-Isidoro.

Os Escritos Pseudo-Clementinos - A Tentativa de Promover Pedro e a Sé de Roma ao Poder Supremo. Os escritos Pseudo-Clementinos eram "Homílias" (discursos) espúrios erroneamenteatribuídos ao Bispo Clemente de Roma (93-101), que tentavam relatar a vida do Apóstolo Pedro. Oobjetivo era um só: a elevação de Pedro acima dos outros Apóstolos, particularmente o ApóstoloPaulo, e a elevação da Sé de Roma diante de qualquer outra Sé episcopal. "Pedro", era alegado,"que foi o mais hábil de todos (os outros), foi escolhido para iluminar o Ocidente, o lugar maisescuro do Universo".

As "Homilias" foram escritas para amoldar a interpretação equivocada de Mateus 16:18-19, que "tués Pedro, e sobre esta rocha edificarei minha igreja . . . e dar-te-ei as chaves do reino do céu". Éequivocada porque a palavra "rocha" não se refere a Pedro, mas à fé em que "Tu és o Cristo, o Filhodo Deus Vivo" (v. 16). Não há mencionado na Bíblia um só sinal da primazia de Pedro sobre osoutros Apóstolos e, se uma primazia era pretendida, uma decisão de tal importância e magnitudecertamente teria sido mencionada na Bíblia em linguagem inequívoca. Em muitos casos o contrárioé verdadeiro; Paulo escreveu aos Gálatas, "eu me opus a ele (Pedro) em rosto, porque ele estavasendo censurável" (2,11); além disso, é bem sabido que Pedro negou Cristo por três vezes. Pedronão fundou a Igreja de Roma; ele efetivamente permaneceu em Antioquia por vários anos antes dechegar a Roma. Dizer que, assim como Cristo reina no Céu, Pedro e seus sucessores os papasgovernam a Terra, é uma afirmação contrária ao espírito do Evangelho e ao entendimento da Igrejaantiga. Cristo era e é a pedra angular e a Cabeça da Igreja, que consiste de todos os membros de SeuCorpo (cf. Col.1:24).

As Pseudo-decretais ou decretais pseudo-isidorianas (754 - 852). Eram falsificações entre as quaisse encontrava a tal "doação de Constantino". Neste documento constava uma suposta dádiva que oimperador fizera ao bispo de Roma, doando-lhe todas as terras do império em recompensa de umacura recebida. Colocava o bispo de Roma como"caput totius orbis" (cabeça de toda a terra), tanto

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sobre a igreja (poder espiritual) como sobre os territórios (poder temporal). Esta falsificação foiconsiderada autentica até o século XV, e ajudou muito o bispo romano reforçar o primado papal,dando um aparente fundamento jurídico às pretensões dos papas. Os papas usaram e abusaramdestes falsos documentos!

ELEVAÇÃO DO BISPO

Se existe algo que a história da Igreja ensina, este algo é que às vezes um forte zelo pela doutrina ouênfase demasiada em certos aspectos da vida desta que fora esquecido e tornou a ser resgatado,

 pode levar uma pessoa ou igreja voluntariamente ao erro. Um exemplo registrado nos anais dahistória é de Sabélio, que chegou a negar a Trindade ao tentar salvaguardar a unidade de Deus, Áriodescambou para uma interpretação anti-biblica do relacionamento de Cristo com o Pai em suatentativa de evitar aquilo que ele considerava ser o perigo do politeísmo.

A doutrina romana da "Sucessão Apostólica" e da elevação do poder do bispo sai igualmente destemolde. Tentando defender a fé ortodoxa das heresias vigentes da época, alguns pais da igrejacriaram um mecanismo de defesa contra os hereges (gnósticos) centralizado no poder dos bispos e aelevação deste sobre os presbíteros. Isto mais tarde foi deturpado e alargado pelo bispo de Roma.

Por volta do ano 110, Inácio bispo de Antioquia na Síria escreve sobre a importância do bispo naigreja, diz ele: " Cuidado para que todos obedeçam ao bispo, como Jesus Cristo ao Pai, e o

 presbiterato como aos apóstolos, e prestem reverência aos diáconos como sendo instituição deDeus. Que os homens não façam nada relacionado à Igreja sem o bispo. Que seja considerada umaapropriada Eucaristia àquela que é (celebrada) seja pelo bispo, seja por alguém a quem ele aconfiou. Onde o bispo estiver, ali esteja também a comunidade (dos fiéis); assim como onde JesusCristo está, ali está a Igreja Católica. Não é legal sem o bispo batizar ou celebrar festa decasamento; mas tudo o que ele aprovar, isso será aprovado por Deus, de modo que qualquer coisaque seja feita, seja segura e válida" (Inácio de Antioquia, Epístola à igreja em Esmirna 8). Nestamesma época Clemente de Roma escreve sua carta aos Coríntios para corrigir os cismas que estavahavendo entre eles, pois estes haviam chegado a ponto de expulsarem os presbíteros da igreja.Clemente escreve-lhes para impor a importância da hierarquia dos bispos. Mais tarde, Irineu, emsua obra apologética, "Contra Heresias", uma refutação aos argumentos gnósticos, que haviamapelado para a tradição, desenvolve uma linhagem histórica de sucessão episcopal desde osapóstolos até os bispos atuais, tomando como exemplo a Igreja de Roma, por ser a mais conhecidaentre todas.

Já no ano 200 existe um bispo em cada cidade se declarando cada qual sucessores dos apóstolos.Cada um procura mostrar que o primeiro da lista foi um apóstolo, assim temos as listas das

 principais igrejas da época:

Jerusalém: 1. Tiago, irmão de Jesus 2. Simeão 3. Justo 4.Zaqueu 5. Tobias...

Antioquia: 1. Pedro Evódio 2. Inácio 3. Heros 4. Cornélio 5. Eros...

Alexandria: 1. Marcos (evangelista) 2. Aniano 3. Abílio 4. Cerdo 5. Primo...

Roma: 1. Pedro e Paulo (?) 2. Lino 3. Anacleto ou Cleto 4. Clemente 5. Evaristo...

 Nesta época a hierarquia já era constituída por 1º- Bispo, 2º- Presbítero, 3º Diáconos. Mais tarde oConcílio de Nicéia estabelece um bispo para cada cidade. No entanto, apesar desta gradual elevaçãodo cargo do bispo, ainda não se fala em supremacia do Bispo de Roma sobre os demais, nem de

 papa, pois todos eram iguais e independentes, havendo uma união fraternal entre as várias igrejas.Se às vezes a sé romana parece elogiada em demasia é devido à sua posição política e territorial; édevido unicamente ao seu status de capital do Império.

ALEGAÇÕES CATÓLICAS

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Os católicos quando são pressionados pelos argumentos bíblicos esposados pelos evangélicoscontra o primado do papa, não conseguindo dar uma resposta bíblica satisfatória, vão se socorrer nachamada "Tradição". É preciso lembrar que a "Tradição" para o católico é a junção das obras

 patrísticas e o moderno "Magistério Eclesiástico" que é uma decorrência da infalibilidade da igreja,estabilizada na pessoa do romano pontífice através do Concílio Vaticano I. Desde já, rejeitamostotalmente o "Magistério Eclesiástico" por ser este muito posterior aos pais da igreja, produto do

catolicismo estruturado e organizado. Ficamos entretanto, com a "Patrística", todavia, somente comos escritos dos pais pré-nicenos, pois ainda a igreja de Roma não havia ainda se tornado Igrejaestatal, tendo sua riqueza e autoridade multiplicada pelas concessões de Constantino o que a tornoumais corrupta ainda. Os ditos pais pós-nicenos não possui a mínima autoridade em matéria de fé

 pois muitos deles já estavam contaminados com as heresias romanas.

A primeira alegação é a que aponta a suposta autoridade do bispo de Roma nos escritos dos pais daigreja, querendo dar uma certa autoridade à tese do primado do bispo de Roma. Dizem nossosantagonistas:

"As citações seguintes testemunham o que os primeiros cristãos pensavam sobre a primazia da

Igreja de Roma (e, conseqüentemente, a primazia do papa, sucessor direto de São Pedro) sobre asdemais." (Fonte: Agnus Dei)

Clemente de Roma

"Se, porém, alguns não obedecerem ao que foi dito por nós, saibam que se envolverão em pecado e perigo não pequeno" (Clemente de Roma, +100, Carta aos Coríntios 59,1).

Eles pretendem que a frase acima é alguma imposição de Clemente aos Coríntios. Nada mais longeda verdade! O teor da carta não deixa tal conclusão. O que Clemente fez foi ajudar aquela igreja queestava sem líderes, já que a igreja de Roma, era nesta época, bem estruturada e podia auxiliar a suaco-irmã na fé. Tanto é que ele prossegue dizendo: 2"Contudo, nós seremos inocentes deste pecado e

 pediremos em súplica e oração constante para que o Criador de tudo conserve intacto o número dosque foram contados entre Seus escolhidos em todo o mundo, por seu Filho mui amado, NossoSenhor Jesus Cristo, pelo qual nos chamou das trevas para a luz, da ignorância para o conhecimentoda glória de seu nome." Não há nenhuma imposição ou supremacia papal ! Teoricamente, nestaépoca, o apóstolo João ainda estava vivo e se Clemente estivesse impondo algo sobre a igreja,certamente João o teria repreendido como fez com certo Diótrefes, que gostava de exercer a

 primazia na igreja (III João 9).

Inácio de Antioquia

"Inácio... à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser 

chamada 'feliz', digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que portaa lei de Cristo, que porta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai"(Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos [Prólogo]).

"Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, desejo guardar aquilo queensinais e preceituais" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 3,1).

"Em vossa oração, lembrai-vos da Igreja da Síria que, em meu lugar, tem Deus por pastor. SomenteJesus Cristo e o vosso amor serão nela o bispo" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos9,1).

 Novamente perguntamos: onde está a supremacia do papa nesta carta? Ora, o prólogo é um elogio

ardoroso de Inácio. Ele também usou estes mesmos elogios aos Magnésios: "Inácio, tambémchamado Teóforo, à Igreja abençoada na graça de Deus Pai, em Jesus Cristo nosso Salvador, comquem eu saúdo a Igreja que está na Magnésia, próxima ao [rio] Meandro, e desejo a ela grande

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alegria em Deus Pai e em Jesus Cristo, nosso Senhor, em quem vocês poderão encontrar grandealegria." E mais, "Que eu possa alegrar-me convosco em todas as coisas, se o merecer! Mesmoacorrentado, não sou digno de ser comparado a qualquer de vós que estais em liberdade." ou aosefésios : "Inácio, também chamado Teóforo, àquela que é bendita em grandeza na plenitude de DeusPai, predestinada antes dos séculos a existir em todo o tempo, unida para uma glória imperecível eimutável, e eleita na Paixão verdadeira, pela vontade do Pai e de Jesus Cristo nosso Deus à Igreja

digna de bem-aventurança, que vive em Éfeso da Ásia, todos os bens em Jesus Cristo e oscumprimentos numa alegria impoluta." Se seguirmos esta linha de pensamento, não é justo tambémcolocarmos os Magnésios e os efésios em pé de igualdade aos Romanos ? Demais disso, Inácio dizalgo que vai ao encontro do argumento da primazia jurisdicional, pois no início de suas saudaçõesele põe a igreja de Roma em sua devida jurisdição quando diz: "à Igreja que preside na região dosromanos" (ênfase acrescentada) mostrando que esta igreja tinha sua própria jurisdição territorial enão possuía nenhum poder sobre as demais igrejas como querem os romanistas.

IRENEU

.. "Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades,

nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada econstituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradiçãoapostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através dasucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade ondeela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, énecessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foiconservada a tradição dos apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).

Este trecho de Ireneu é muito usado pelos católicos como prova de que a igreja de Roma tinha a primazia entre as outras. Entretanto é preciso escoimar tal alegação. Alarmado pelo pulular deheresias e de interpretações absurdas da Bíblia propaladas pelos seitários da época como Valentino,

Marcião, Menander, Cerinto, Basílio e outros, procurava ele pôr um dique a tamanha calamidade, propondo uma Igreja que pudesse tornar-se como que o padrão, seguindo meticulosamente, asucessão apostólica das mais importantes dioceses então existentes, pesquisando ao mesmo tempo aconservação da Doutrina e das tradições apostólicas, em cada uma delas. E conclui propondo comoexemplar a Igreja de Roma, por ser de maior autoridade, isto é, por ser a da Capital do Império. Énecessário salientar que esta questão de sucessões apostólica juntamente com a tradição foi umarranjo levantado como alternativa para combater os Gnósticos de então. Como diz Ireneu "Quandoestes são argüidos a partir das Escrituras, põem-se a acusar as próprias escrituras...". Os gnósticoscom o fito de defenderam suas heresias em relação a Deus e a Cristo como Demiurgo (criador),apelavam para as escrituras. Todavia quando eram refutados pelos apologistas através das própriasescrituras, apelavam para a chamada "tradição". Prosseguindo Ireneu diz: "...é impossível achar 

neles (nos textos bíblicos) a verdade se se ignora a tradição. Porque - (prosseguem dizendo) - essaverdade não foi transmitida por escrito e sim de viva voz...", o principal texto dos gnósticos era o deICo. 2.6. Ireneu deixou-se levar pelo mesmo raciocínio inventando uma defesa de modo inverso,"Quando", afirma ele, "...então passamos a apelar para a tradição que vem dos apóstolos e seconserva nas igrejas pelas sucessões dos presbíteros, opõem-se à tradição."

Os gnósticos diziam que sua doutrina era muito antiga e que havia recebido do próprio Jesus Cristo.Ireneu por sua vez repele tal asseveração dizendo que se havia uma doutrina pura e perfeita, estaforçosamente tinha que estar com as igrejas fundadas pelos apóstolos as quais (pelo menos emteoria) foram transmitidas aos seus sucessores. Desta maneira Roma entrou de contra golpe por vários motivos que nem de longe tem a ver com a tal primazia do papa. Vejamos:

1. Ireneu apela para o elo de sucessão de TODAS as igrejas e não somente de Roma. A razão elemesmo da ao dizer que "...seria demasiadamente longo, num volume como este, enumerar as

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sucessões de todas as igrejas..." , tanto é que mais adiante ele cita como exemplo Policarpo, bispode Esmirna, e seus sucessores.

2. Irineu escolheu Roma justamente, por que como já dissemos, era a principal Igreja do Império, amais rica e por isso a mais conhecida.

3. Outra razão era que muitos apócrifos petrinos (principalmente de origem gnóstica) circulavamem sua época, haja vista que os líderes hereges mencionados acima espalharam suas heresias emRoma no ministério de bispos como Higino, Pio e Aniceto; Ireneu apela (mesmo contra odepoimento das escrituras) para tais tradições e arbitrariamente atribui a fundação desta Igreja aPedro e Paulo, lançando o prestígio que Pedro possuía entre eles contra os mesmos, tentando assim,um contra golpe nos argumentos gnósticos.

Vale a pena ressaltar que a frase do trecho acima recolhido no site católico é deveras tendenciosaquando traduz, "Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário queesteja de acordo toda comunidade..." No livro "Antologia dos Santos Padres" de Cirilo FolchGomes, OSB - ed. Paulinas, traduz " Porque é com esta igreja (de Roma), em razão de sua mais

 poderosa autoridade de fundação, que deve..." (ênfase acrescentada) Não há nenhum indício de

superioridade devido a um suposto papa nela residente. Outrossim, Ireneu apela não para a igreja deRoma como autoridade final, mas para a igreja "Católica", ou seja, UNIVERSAL espalhada pelomundo todo, a comunidade de cristãos. Se de fato o apologista reconhecesse alguma superioridade,

 primazia jurisdicional, temporal ou espiritual no bispo de Roma; e neste como o sucessor de SãoPedro com todas as regalias e autoridade que os papas modernos se auto intitulam, teria no livro III24:1 de "Contra as Heresias", a preciosa oportunidade de afirmar que eles (os gnósticos) estavamseparados da ROCHA que é Pedro. Entretanto, observe o que ele diz: "Porque não estão fundadossobre a única rocha, mas sobre a areia, a areia dos muitos saibros", com certeza uma referencia à

 passagem de Mateus 7:24-26.

Infelizmente todo o silogismo de Ireneu acabou numa apagogia!

CIPRIANO

"O Senhor diz a Pedro: "Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus... O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os apóstolos depois de suaressurreição, dizendo: "Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo, se

 perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados, se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. Noentanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade

 partindo de um só. Sem dúvida, os demais apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única

a Igreja de Cristo... Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da Igreja? Confia estar naIgreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedrosobre a qual está fundada a Igreja?" (São Cipriano, +258, bispo de Cartago, Sobre a Unidade daIgreja).

À princípio devemos admitir que Cipriano cria que Roma era a cátedra de Pedro e asseguravanaquela época a unidade das igrejas, pois havia um vinculo de fraternidade entre todas elas como

 bem atesta Tertuliano, " ... Foi inicialmente na Judéia que [os apóstolos] estabeleceram a fé emJesus Cristo e fundaram igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem amesma doutrina e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando igrejas das quais, desde esse

momento, as outras receberam o enxerto da fé, semente da doutrina, e ainda recebem cada dia, paraserem igrejas. É por isso mesmo que serão consideradas como apostólicas, na medida em que foremrebentos das igrejas apostólicas. É necessário que tudo se caracterize segundo a sua origem. Assim,

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essas igrejas, por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que a primitiva Igrejaapostólica da qual procedem. São todas primitivas, todas apostólicas e todas uma só. Para atestarema sua unidade, comunicam-se reciprocamente na paz, trocam entre si o nome de irmãs, prestam-semutuamente os deveres da hospitalidade: direitos todos esses regulados exclusivamente pelatradição de um mesmo sacramento" ( Da Prescrição dos Hereges XIII-XX ).Contudo, cada igrejaera autônoma e possuía seus próprios patriarcas, o bispo de Roma não era o cabeça da cristandade

como mais tarde veio a ser cada vez mais reivindicado pelos papas. Seja como for, uma coisa écerta, "Ele admitia a seu modo o primado romano" ( A. Hamman, "Os Padres da Igreja" - Ed.Paulinas). Ainda dizia Cipriano que a Sé de Pedro pertence ao Bispo de cada igreja local.

Algo que vem a corroborar para a derrocada romanista é o fato de que este trecho em outras versõesnão deixa tanto em relevo o primado de Roma. Onde uma traz, "Confia estar na Igreja, quemabandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?", a outra se reserva aos dizeres: "Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja?" (ibdem)

Deve-se notar ainda que Cipriano escreveu esta carta para combater e rechaçar o cisma promovido por Felicíssimo em Cartago e concomitantemente enviou-a a Roma para combater o cisma que

 Novato criara na disputa do episcopado com Cornélio. O motivo principal do contraste entreCornélio e Novato foi a atitude oposta em relação aos "lapsos", isto é, os cristãos que, por temor das perseguições, tinham renunciado a própria fé e que, passadas as perseguições, pediam para ser readmitidos na comunhão da Igreja. Norteando-nos por este contexto podemos compreender o"porque" de Cipriano insistir na unidade da Igreja. Ele não estava exaltando o bispo de Roma, mascombatendo os cismas em Roma e em Cartago, onde era bispo.

SUJEIÇÃO AO BISPO DE ROMA, ONDE ?

 Não obstante a história mostrar muitos bispos de outras igrejas estarem unidos a Roma e considerar de algum modo sua preeminência, no entanto eles não titubeavam em repreende-lo quandonecessário. Posto que se trata de questões de primazia, é cabível acreditarmos que o Bispo romano

apesar de reivindicar uma posição privilegiada não possuía nenhum poder maior sobre as demaisigrejas. Algumas querelas que ficaram nos anais da história mostram isto de forma inequívoca. Naverdade muitos bispos romanos se curvaram perante a posição de alguns pais.

TERTULIANO

 Não se sabe ao certo quando se estabeleceu essa presunçosa aspiração do bispo de Roma.Entretanto, já em 220 A.D, Tertuliano em sua obra De Pudicitia, emprega o termo (papa) de maneirasarcástica - como era seu estilo - ao referir-se a vários bispos da Igreja primitiva, com a qualrompera anos antes. Já nesta época por exemplo, Tertuliano acusava o bispo Calixto de querer ser o

 bispo dos bispos. Este título ao contrário do que muitos pensam, não era monopólio do bispo

romano, muitos como Policarpo, Cipriano, Heraclas, Atanásio de Alexandria foram denominados de" PAPAS ". Tertuliano acabou rompendo por final com a Igreja de Roma.

POLICARPO E IRENEU

 No ano 155 o Bispo Policarpo de Esmirna visitou o Bispo Aniceto de Roma e teve com ele algumasdesavenças sobre algumas questões, e também a fim de persuadi-lo a aceitar a tradição estipulada

 pelo Apóstolo João de observar a Páscoa (Pascha), no dia judaico 14 de Nissan ou Passover, sejaqual fosse o dia da semana. O bispo romano havia recebido uma tradição diferente através de Pedroe dos evangelhos sinópticos, de acordo com a qual a Páscoa deve ser sempre celebrada noDomingo, o primeiro (ou oitavo), dia da semana judaica após Nissan 14. Diz Eusébio citando

Ireneu em sua História Eclesiástica (Livro V cap. XXIV) que nem Policarpo conseguiu persuadir Aniceto e nem este a Policarpo. No final ele acrescenta que "Aniceto cedeu a Policarpo". Mais tarde porém, o bispo Victor de Roma sofreu severas criticas por parte de Ireneu e outros bispos quando

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arbitrariamente quis impor sua autoridade desligando as Igrejas da Ásia por causa da tão chamadacontrovérsia "Quartodécima". Prossegue Eusébio relatando que o bispo romano foi, por muitos,duramente repreendido, "Também restam as expressões que empregaram para pressionar comgrande severidade a Vitor. Entre eles também estava Ireneu..."(ibdem).

CIPRIANO

Estêvão I (254-357), romano, sucedeu a Lúcio I depois de uma vacância de dois meses. Afirmouinsistentemente o primado, sobretudo nos contrastes com Cipriano, o influente bispo de Cartago,

 por problemas que se relacionavam com a disciplina eclesiástica ou questões teológicas, como a davalidade do batismo administrado por heréticos. Estêvão, que representava a tradição de Roma,Alexandria e Palestina, acreditava que esse batismo era válido, contrastado nisso também pelo bispoCipriano que seguia a mesma linha de Tertuliano e juntamente com os bispos da Ásia Menor, haviaconvocado dois sínodos para afirmar a não validade do batismo dos heréticos.

 Naquela ocasião, Estevão recusou-se até mesmo a receber os enviados de Cipriano. Rebatizar segundo ele era contrário à tradição e isso não podia ser tolerado. Por sua vez Cipriano retrucoucom a igreja romana apelando para a tradição de sua igreja. Convocando um novo Sínodo Cipriano

 pediu aos bispos que manifestassem suas opiniões, dizia ele: "Vamos, cada um por sua vez, declarar nosso sentimento em face deste problema, sem pretender julgar ninguém NEM EXCOMUNGAR osque forem de parecer diferente" (ênfase acrescentada). Duas coisas ficam evidentes nesta questão: Aalusão ao autoritarismo de Estevão; e o mesmo direito que o bispo romano possuía para"excomungar", Cartago o tinha igualmente. Também pela mesma época, dois bispos espanhóisdepostos por um sínodo espanhol, apelaram para Estevão e foram reintegrados a comunhão. Masum sínodo, reunido por Cipriano na Metrópole da África, anulou o ato de Estevão, confirmando osínodo espanhol. Ao que parece a unidade da Igreja Católica (Universal) , tão propalada pelo bispoAfricano em sua "De Unitate Catholicae Ecclesiae" estava sendo rompida.

 No ano de 418, reuniu-se em Cartago um Concílio de todos os bispos africanos, no qual foisancionado o seguinte Cânon:"Igualmente decidimos que os Presbíteros, Diáconos e outros Clérigos inferiores, nas causas quesurgirem, se não quiserem se conformar com a sentença dos bispos locais, recorram aos bisposvizinhos, e com eles terminem qualquer questão... E que, se ainda não se julgarem satisfeitos equiserem apelar, não apelem se não para os Concílios Africanos, ou para os Primazes das própriasProvíncias: - e que, se alguém apelar para a Sé Transmarina (de Roma) não seja mais recebido nacomunhão..."Por esta Regra Conciliar se vê que os Bispos Africanos não aceitavam e não admitiam que fosseaceita a jurisdição do bispo de Roma!

AS CONTRADIÇÕES DAS TRADIÇÕES

Dizia Gregório de Nissa : "Se um problema é desproporcional ao nosso raciocínio, o nosso dever é permanecer bem firmes e irremovíveis na Tradição que recebemos dos Pais" Contudo, Deus nãoconfiou na chamada "tradição oral", tanto é que mandou seus servos escreverem seu verbum sacrumem livros. A tradição com o passar do tempo corrompe o significado real das coisas. Muitastradições aceita pelas igrejas entravam em flagrante contradição quando confrontadas umas com asoutras, a titulo de ilustração temos o celebre caso da grande controvérsia sobre a páscoa já citadaneste estudo. De um lado estava as igrejas da Ásia sustentada por certa tradição recebida segundoeles pelo apostolo João de que a páscoa tinha de ser celebrada no 14 Nisan, já as do Ocidentealegavam que haviam recebido uma tradição diferente dada pelo apostolo Pedro e Paulo de quedeveria ser no domingo. Cada qual defendia ardorosamente sua posição. Será que Pedro e Joãotransmitiram "tradições" diferentes a estas igrejas ? Quem estava certo ?

Veja que tais tradições não passam de meras contradições! As interpretações equivocadas e muitasvezes forçadas de alguns dos pais e escritores da igreja primitiva, começaram a ser transformadas

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em regras de fé pelos Concílios através dos séculos. Estes dogmas que existem hoje em dia na igrejaCatólica, foi apenas outrora a interpretação particular de alguns dos pais da igreja e não a regra defé e prática de toda a igreja cristã, prova disso é que não havia unanimidade entre eles sobre váriosassuntos. Por exemplo, Tertuliano era radicalmente contra o batismo infantil, já Orígenes era afavor, Anselmo afirmava que Maria nasceu com a mancha do pecado original, Jerônimo era ao que

 parece contra a chamada "tradição oral", Hegesipo e Ireneu e Tertuliano afirmavam que Maria teve

filhos com José, Jerônimo defendia arduamente a virgindade perpétua de Maria, muitos eram afavor de que Pedro era o fundamento da igreja em Mateus 16:18, mas um número maior ainda eracontra essa interpretação, como por exemplo, Agostinho, bispo de Hipona, o decreto Gelasianoafirmava que o livro intitulado "o pastor de Hermas" era apócrifo e promulgava que não deveriameramente ser rejeitados mas também "eliminados de toda a Igreja Católica e Apostólica romana,sendo que os autores e seguidores desses autores devem ser amaldiçoados com a correnteinquebrável do anátema eterno." Já Atanásio admoestava que era útil para a leitura não havendomenção a ele como apócrifo. Muitas posições teológicas defendidas por uns, eram rejeitadas por outros, não havia um consenso geral como querem nos fazer crer os estudiosos católicos! A igrejacomeçou a transformar essas incongruências em dogmas somente após o século IV, por isso o PadreBenhard em 1929 escreveu: "...A Bíblia em si mesma, não é mais do que letra morta, esperando por 

um intérprete divino... Certo número de verdades reveladas têm chegado a nós, somente por meioda tradição divina." Ora, Jesus afirmou que a palavra de Deus é que é a verdade! Se há outrasverdades que não são reveladas pelas escrituras que é a depositária de toda a verdade, então não sãoverdades, mas tão somente inverdades!

MAIS CONTRADIÇÕES

Vejamos ainda o "Decreto Gelasiano" que ao se referir sobre a morte de Pedro e Paulo afirma queos dois foram martirizados ao mesmo tempo: "Acrescente-se também a presença do bem-aventurado apóstolo Paulo, "o vaso escolhido", que não em oposição - como afirmam as heresiasdos tolos - mas na mesma data e no mesmo dia, foi coroado com a morte gloriosa juntamente com

Pedro, na cidade de Roma, padecendo sob Nero César; e igualmente eles fizeram a supramencionada Santa Igreja romana especial para Cristo, o Senhor, e deram preferência de suas presenças e triunfos dignos de veneração perante todas as demais cidades existentes sobre a Terra."Dionísio é concorde com isto pois afirma: " Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro ePaulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram osmesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, ano170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na "HistóriaEclesiástica" de Eusébio, II,25,8). Entretanto Paulo diz o contrário, "Só Lucas está comigo. Toma aMarcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério." A tradição diz que Pedro estavacom ele mas Paulo desmente afirmando que só Lucas permanecia junto a ele antes de sua morte!

PERGUNTAS QUE OS CATÓLICOS PRECISAM RESPONDER 

Mostraremos aqui algumas perguntas que são barreiras insuperáveis à tese católica da fundação,estadia, governo e a morte de Pedro em Roma.

1. Se Pedro esteve em Roma, então por que a Bíblia não diz nada sobre isto, já que menciona muitascidades por onde passou como Jerusalém, Samaria, Lida, Jope, Cesaréia, Coríntios, Antioquia... massobre Roma no entanto, não diz nada?!

2. Porque Lucas "o historiador" não se preocupou em registrar nada sobre o "príncipe dos

apóstolos" e seu episcopado em Roma, pelo contrário voltando-se quase exclusivamente aoministério de Paulo?!

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3. Paulo escreveu sua epistola aos Romanos (56-58) enviando saudações a 26 pessoas mas o nomedo "Papa São Pedro" se quer é mencionado. Porventura deixaria Paulo de mencionar Pedro, casoestivesse ele em Roma e ai fosse bispo? Outrossim, Paulo ao enviar as "cartas do cativeiro", escritasem Roma envia saudações citando nominalmente 11 irmãos. Se Pedro estivesse em Roma teriaPaulo omitido seu nome em todas as quatro cartas ? Creio que não!

4. Demais disso, não teria Paulo invadido o território jurisdicional de Pedro ao enviar uma carta deinstruções corretivas àquela Igreja ? Onde estava Pedro que não instruía os romanos sobre a justificação pela fé ?

5. Entre os anos 60-61 Paulo chega preso em Roma (At. 28:11,31), Lucas registra que os irmãosforam vê-lo (At. 28:15). Mas onde estava Pedro que não foi receber seu colega de ministério?

6. Suetonius Tranquillus, pagão, na Biografia do Imperador Cláudio, diz: "Judacos, impulsoreCresto, assidue tumultuantes Roma expulit". Quer dizer: - O Imperador Cláudio expulsou de Romaos Judeus que viviam em contínuas desavenças por causa de um certo Cresto (Cristo). Ora, Cláudiofoi Imperador desde o ano de 41 até 54. Logo, durante esses treze anos não era possível que S.Pedro residisse em Roma.

 No Capítulo 18 dos Atos dos Apóstolos, lemos que Paulo, depois do célebre discurso no Areópago,seguiu para Corinto, onde se encontrou com Áquila e sua esposa Priscila, recentemente chegados deItália, pelo motivo de Cláudio Imperador ter mandado sair de Roma a todos os judeus. Ora, esteencontro do Apóstolo deu-se no correr da sua segunda viagem apostólica, isto é, entre os anos de 52a 54. Logo, ainda nesses anos Cláudio não permitia a permanência de judeus em Roma. Comoficaria lá São Pedro, que, como Apóstolo, devia necessariamente chamar a atenção geral sobre sua

 pessoa?

7. Se Pedro estivesse em Roma no ano 60 como se afirma a tradição, como então deve se entender as palavras de Jesus a Paulo em Atos 23:11 que diz: "Importa que dês testemunho de Mim tambémem Roma." Ora, onde estava Pedro "o Papa" da cristandade que não tornava conhecido o nome de

Jesus nesta cidade ?

8. Paulo foi a Roma a primeira vez prisioneiro, em virtude de haver apelado para o Tribunal deCésar, pelos anos de 60 ou 61, lá não encontrando cristãos entre os judeus. Ora, se S. Pedroestivesse em Roma pregando exclusivamente aos judeus como nos garante Eusébio, como se podeexplicar a ignorância dos principias judeus de Roma, que disseram a Paulo: "Quereríamos ouvir datua boca o que pensas, porque o que nós sabemos desta Seita (dos Cristãos) é que em toda parte acombatem". Então Pedro, durante dezoito anos, poderia permanecer desconhecido dos principais

 judeus de Roma? Ele, a quem fora confiado o Ministério aos circuncidados no dizer de Paulo (Gal.3,7-10) e de Eusébio Pámphili?

9. Ora, mas se Pedro estivesse preso, não seria esta a razão de sua omissão? Neste caso Paulo seriarelapso em não registrar este fato como fez com seus demais companheiros de prisão (cf.Colossenses 4:10 - Filemon 23).

10. Diz os estudiosos católicos que Pedro morreu no reinado de Nero em 69 d.c, outros coloca o anode 67, e ainda outros 64. A tradição diz que ele exerceu o episcopado durante 25 anos. Subtraindo25 de 69 chegamos ao ano de 44 onde afirma a tradição que Pedro chegou a Roma (Hist. Ecl. II -XIV) Esta tese encontra duas grandes dificuldades: A primeira é que o edito de Nero expulsando os

 judeus durou de 42 até 54, motivo também da expulsão de Áquila e Priscila. Pedro não seriaexceção tampouco! A segunda é que no ano 45, Pedro escreve sua primeira epistola, e que por sinalnão era de Roma mas de "Babilônia", cidade existente naqueles dias (I Pedro 5:13).

11. Se Roma tem a primazia por ser supostamente considerada a cidade em que Pedro alegadamenteexerceu seu ministério, então razão maior deveria ser dada a Antioquia pois diz a mesma tradição

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que antes de Pedro ir para Roma exerceu primeiro seu episcopado em Antioquia deixando lá seussucessores: Evódio e Inácio.

12. Porque estudiosos católicos como Rivaux, Fank, Hughes e Daniel Rops se contradizeram aofazer as listas dos bispos de Roma já que usaram a mesma tradição como fonte?

DESLIZES DOS SUPOSTOS PAPAS

O papa Marcelino entrou no templo de Vesta e ofereceu incenso à deusa do paganismo Foi, portanto, idólatra; ou,pior ainda; foi apóstata! Libório consentiu na condenação de Atanásio; depois, passou-se para o arianismo fato este confirmado até por Jerônimo. Honório aderiu ao maniqueísmo.Gregório I chamava Anticristo ao que se impunha como Bispo Universal; e, entretanto, BonifácioIII conseguiu obter do parricida imperador Focas este título em 607. Pascoal II e Eugênio IIIautorizavam os duelos, condenados pelo Cristo; enquanto que Júlio II e Pio IV os proibiram.Adciano II,em 872, declarou válido o casamento civil; entretanto,Pio VII, em 1823, condenou-o.Xisto V publicou uma edição da Bíblia e, com uma, recomendou a sua leitura; e aquele Pio VIIexcomungou a edição. Clemente XIV aboliu a Companhia de Jesus, permitida por Paulo III; e o

mesmo Pio VII a restabeleceu.

Vergílio comprou o papado de Belisário, tenente do imperador Justiniano. Por isso, foi condenadono segundo concílio de Calcedônia, que estabeleceu este cânone:O bispo que se eleve por dinheiroserá degradado. Sem respeito àquele cânone, Eugênio III, seis séculos depois, fez o mesmo queVergílio, e foi repreendido por São Bernardo. Deveis conhecer a história do papa Formoso: EstêvãoXI fez exumar o seu corpo, com as vestes pontificais; mandou cortar-lhes os dedos e o arrojou aoTibre. Estêvão foi envenenado; e tanto Romano como João, seus sucessores, reabilitaram a memóriade Formoso. Barônio o Cardeal chega a dizer que as poderosas cortesãs vendiam, trocavam e até seapoderavam dos bispados; e, horrível é dizê-lo, faziam papas aos seus amantes! Genebrardosustenta que, durante 150 anos, os papas, em vez de apóstolos, foram apóstatas. Deveis saber que o

 papa João XII foi eleito com a idade de dezoito anos tão-somente, e que o seu antecessor era filhodo papa Sérgio com Marózzia. Que Alexandre XI era... nem me atrevo a dizer o que ele era deLucrécia; e que João, o XXII, negou a imortalidade da alma, sendo deposto pelo concílio deConstança.

O papado continuou tendo seus períodos sombrios, marcados por imoralidade e corrupção. Umdesses períodos ocorreu entre o final do século IX e o início do século XI, quando a instituição

 papal foi controlada por poderosas famílias italianas. A história revela que um terço dos papas dessaépoca morreu de forma violenta: João VIII (872-882) foi espancado até a morte por seu próprioséquito; Estêvão VI (885-891), estrangulado; Leão V (903-904), assassinado pelo sucessor, SérgioIII (904-911); João X (914-928), asfixiado; e Estêvão VIII (928-931), horrivelmente mutilado, para

não citar outros fatos deploráveis. Parte desse período é tradicionalmente conhecida peloshistoriadores como "pornocracia", numa referência a certas práticas que predominavam na corte

 papal.

HISTÓRIAS QUE OS CATÓLICOS NÃO SABEM

Ora, a sucessão do bispado de Roma foi interrompida por mais de uma vez, como se convencerá oLeitor pela narração da História Eclesiástica do Cardeal Hergenroeter, completada pelo Mons. J PKirsch e traduzida para italiano pelo P. Enrico Rosa, jesuíta. Eis quanto nos contam essesconspícuos personagens, romanos como os que mais o sejam. No Terceiro Volume da Soterrai delaCheias, edição da Liberaria Fiorentina, de 1905, páginas 247 e seguintes:

Com a morte do papa Formoso, a 4 de abril de 896, começou uma era de profunda depressão para aSé romana, como nenhuma houve antes, nem depois... As facções políticas dela se apossaram,ameaçando de arrastá-la a barbárie dos tempos. Dentro de oito anos (896-904) sucederam-se nove

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Pontífices, BONIFÁCIO VI, eleito tumultuariamente, só reinou por quinze dias, pois que o partidoSpoletano entronizou um dos seus - ESTEVÃO VI (propriamente VII). Este ultrajou a memória deFormoso com cego furor... Mandou desenterrar seu cadáver e apresentá-lo perante um TribunalEclesiástico, que o declarou papa ilegítimo, e nula sua eleição! Em seguida atiraram o cadáver noRio Tibre... Em uma arruaça, Estevão foi apanhado e estrangulado no cárcere, em Junho ou Julho de897*

Sucedeu-lhe um sacerdote ancião de nome Romano, o qual só pontificou quatro meses. Assumiuentão o papado THEODORO II. que só durou vinte dias. JOÃO IX ficou até o estio de 900.BENTO IV até 903. LEÃO V foi, antes de um mês de pontificado precipitado por CRISTÓVÃO, eeste. no fim de Maio de 904, teve o mesmo fim às mãos de SÉRGIO III.Este (Sérgio) já desde o reinado de Teodoro II havia tentado apoderar-se do trono pontifício, sendo,

 porém, expulso e exilado. Depois de sete anos de exílio, chegou finalmente ao termo de suasambições. Ele havia sido sagrado bispo de Cere pelo papa formoso, o qual assim tentara afastá-lo daCorte romana, por ser elemento indesejável. Entretanto, tão logo assentado na curia pontifícia,declarou ilegítimas todas as ordenações conferidas por Formoso (portanto também a própriasagração episcopal!) perseguindo com ódio feroz a quantos daquele houvessem recebido aimposição das mãos. Sérgio III faleceu em Agosto de 911.

Paremos um momento para... respirar. Estes senhores que se sucederam mediante o assassinato unsdos outros; estes senhores que foram eleitos (?) à força de traições, de violências inqualificáveis;estes serão sucessores legítimos dos santos mártires Lino, Cleto e clemente? OH! NÃO! O bispadode Roma vagou nesse tempo, e os bispos posteriores já não podem ser considerados sucessores deaqueles aos quais os Apóstolos Pedro e Paulo confiaram a cura espiritual da Igreja Romana.A Sérgio III sucedeu Anastácio III de Agosto de 911 a Outubro de 913; depois veio LANDÃO, atéAbril de 914, e JOÃO X , filho da DITADORA MARÓCIA e do papa SÉRGIO III, primo do

 primeiro marido dela, o Príncipe ALBERICO, Marócia casara-se no ano de 905 em primeirasnúpcias com este Príncipe da linhagem dos Condes de Túsculo, liquidando-o no mesmo ano, para secasar com GUIDO, Marquês de Toscana, JOÃO X, que passava por filho do primeiro leito deMarócia, não podia ter mais de dez anos de idade, quando recebeu a sagração suprema, em 914.Durante 14 anos empunhou o Báculo Pastoral, até que, tendo veleidades de independizar-se, foimetido no cárcere, onde expirou em Junho de 928. No ano seguinte Marócia liquidou o segundomarido, e se fez reconhecer como SENADORA E PATRICIA, imperando sozinha.A João x sucedeu LEÃO VI, e, sete meses depois, ESTEVÃO VII. Em 931, outro filho de Maróciasubiu ao trono, com o nome de JOÃO XI. Em 932, Marócia casou-se com o Rei Hugo, irmão de seusegundo marido. João XI foi liquidado em 936, sucedendo-lhe LEÃO VII (936-939). ESTEVÃOVIII (propriamente IX), de 939-942; MARINO II, de 943-946; AGAPITO II, de 946-956; efinalmente OTAVIANO, neto de Marócia, e que foi o primeiro a mudar de nome ao galgar o trono

 papal. Tinha ele 18 anos de idade, e tomou o nome de JOÃO XII.Em toda primeira metade do Século X, tudo parecia fora dos eixos; a corrupção do século inundará

a igreja (romana) e nesta não mais existia disciplina... Roma, então envelhecida como Capital de um pequeno Principado, devia retornar pouco a pouco à sua antiga dignidade de Capital do Mundo e àsua sublime Missão - É o que se lê à página 252 do Volume acima citado da STORIA DELLACHIESA. Pois bem, assim com o OTÃO I, (Imperador desde o ano de 936) não se pode considerar sucessor de Constatino o Grande, e nem mesmo de Carlos Magno; assim, os bispos que se seguirama estes, não podem razoavelmente ser tidos e havidos como legítimos sucessores dos Bispos deRoma dos tempos apostólicos.Leiamos agora a página 271 do mesmo Volume da STORIA: - *JOÃO XIX, acusado de negligentee de avaro, reinou até 1032. A maior desgraça da igreja (romana) era que a sua família (dos Condesde Túsculo) mostrava-se convencida de que para sempre o pontificado (romano) era um bemhereditário de sua propriedade. E sem atender ao mérito de quem o ocupasse, esforçava-se por 

conservá-lo. Desta progênie haviam já saído seis papas, e agora o sétimo, rapaz ainda não de vinteanos, filho de Alberico, e irmão dos papas anteriores, chamava-se TEOFILACTO. Não foramouvidos os Cardeais, e o povo (que então tinha voz ativa nas eleições) foi comprado por bom

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dinheiro, sendo assim eleito em modo totalmente tumultuário, esse jovem licencioso, que com onome de BENTO IX, devia por onze anos (desde 1033 a 1044) ser o vitupério da igreja (romana) *.Até aqui os nossos Autores (os parênteses são nossos). Agora vamos resumir a história.TEOFILACTO que, ao ser eleito (?) papa em 1033, contava apenas 12 anos de idade, só veio amorrer em 1065, com 44 anos. Em 1044, rebentou uma revolta geral contra ele, BENTO IX seescapuliu, e em seu lugar foi coroado papa, JOÃO, bispo de Sabina, que tomou o nome de

SILVESTRE III. Mas, em Abril do mesmo ano, BENTO IX conseguiu voltar ao trono eexcomungou todos os rebeldes, mandando muitos deles para o outro mundo. Vendo-se, porém, em perigos contínuos, renunciou, no dia 1 de Maio de 1045, deixando a Cátedra de S. Pedro (incrível,mas verdadeiro!) a um Arcipreste chamado João Graciano, o qual tomou o título de GREGÓRIOVI, e gratificou com *Grossa somma di dinaro* ao seu abnegado e digno Antecessor! (Graciano eraum consumado jurista, e conhecia perfeitamente o valor dos argumentos áureos!)*BENTO IX, com a bolsa bem recheada, se retirou para um dos Castelos de sua nobre família,depois de assinar renúncia formal da Santa Sé, Pouco depois, porém, se arrependeu do mau passo e,apoiado pelos seus poderosos parentes, pretendeu voltar ao Trono. Nada mais natural! Rapaz de 22anos, cheio de vida e de santidade papal, que renunciara ao seu sublime Cargo não tanto pelodinheiro (que lhe sobrava), quanto pelo amor de uma filha do Conde Gerardo de Sasso (que lhe

fazia muita falta) nada mais natural, digo, - que pretendesse reassumir a Tiara, para repartir osgraves encargos da mesma com a sua direitíssima e digníssima Amásia, com a qual tentara se casar quando ainda era papa. Mas os cardeais o impediram.Assim ficou a Cátedra de S. Pedro com três Titulares: BENTO IX, que retirara a renúncia;SILVESTRE III, que recusava renunciar; e GREGÓRIO VI, que havendo adquirido por *grossasoma di dinaro* o Sólio Pontificio, julgava-se de pleno direito senhor do mesmo.A ÁGUIA DA GERMANIA (o Rei Henrique III) olfatando fácil e pingue presa, desceu em amploremigio até a Itália, e se fez coroar Rei da Lombardia a 25 de Outubro de 1046, em Pavia,solicitando de Gregório VI uma entrevista em Placência. Desta cidade seguiram ambos com grande

 pompa para Sutri, onde se reuniu um Concílio sob a Alta Direção de Henrique III. Neste Concílio,Gregório VI renunciou ( espontaneamente, já se vê!); de Bento IX não se disse palavra (para nãomagoar sua nobre família, certamente!); e Silvestre III foi aprisionado e recolhido ao aljube de umMosteiro, em castigo do seu pecado de simonia. Henrique III mandou então a Suidgero deBamberga, que subiu a Cátedra de S. Pedro com o título de CLEMENTE II. Este foi o segundo

 papa alemão. No mesmo dia da sua Coroação, 25 de Dezembro de 1046, CLEMENTE II, coroou aHenrique III e sua esposa Inês Imperadores do restaurado Sacro Romano Impero.Reflitamos um momento. Ou a venda da Cátedra de S. Pedro, feita por bento IX a Graciano foiválida, ou não foi. Se foi válida, já ninguém pode falar em pecado de simonia; e ficam plenamente

 justificadas as compras de bispados e as vendas das melhores Paróquias e dos Santuários(Aparecida do Norte, Bom-Fim de Salvador, etc) a frades estrangeiros, que se negociam em vários

 países (menos no Brasil!) Se aquela negociata de Bento IX não foi válida, segue-se que BENTO IX

continuou papa legítimo, havendo sido injustamente esbulhado por seis papas intrusos, postos na SéRomana pelo Imperador Henrique III, durante a vida de Bento IX.Mais outra: - Ou o Imperador tinha direito de nomear os papas, ou não! Se sim! Então houveocasião em que muitos eram papas legítimos ao mesmo tempo. Se não! Houve tempos em que aCátedra de S. Pedro ficou vacante, não obstante estar ocupada por vários apaziguados do Imperador.Com Henrique III viera o MONGE BENEDITINO ainda simples HILDEBRANDO, o qual desdeentão foi o verdadeiro Chefe da igreja Romana manobrando a seu bel-prazer meia dúzia de papas-titeres, e fazendo-se aclamar papa somente em 1078. Foi o celebérrimo GREGÓRIO VII, santocanonizado romano.HILDEBRANDO, porém, não obstante dotado de notável senso político e de admirável audácia,não possuia o poder de afugentar a MORTE! Bento IX, Conde de Túsculo, fazia desaparecer a todos

os alemães indicados por Hildebrando e entronizados por ordem de Henrique III, na Cátedra de S.Pedro.CLEMENTE II morreu a 9-10-47. Bento IX se prontificou para reassumir o Pontificado, mas os

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romanos, depois de terem conhecimento dos desejos de Henrique III, de reservar o Pontificado aseus súditos alemães, lhe pediram que houvesse por bem mandar sagrar um novo papa por eleescolhido livremente, Henrique III enviou da Alemanha a POPPONE, bispo de Brixen. Depois demuitas peripécias suscitadas pela oposição da família de Bento IX, Poppone foi entronizado emJulho de 1048, com o nome de DAMÁSIO II. Mas... faleceu repentinamente, por esse tempo, naAlemanha.

Henrique III viu-se então em talas para encontrar um novo papa... Nenhum alemão queria aceitar ahonra de ser Sucessor de S. Pedro!... O Imperador nomeou então a BRUNO, bispo de Toul, e seu parente (da família dos Condes de NORDGAU, na Alsácia). Este só se resignou a ser papa, com acondição de ser aceito pelos romanos em eleição popular, livre e pacífica. De Toul, seguiu ele paraBesanón, onde recebeu a guarda toda poderosa de Hildebrando, que se lhe fez companheiro deviagens desde Cluny até Roma. Entrou ele na Cidade a pé, descalço e com túnica de peregrino,sendo muito bem recebido, e coroando-se Sumo Pontífice com o nome de LEÃO IX.Em Maio de 1053, São Leão IX, Papa, envergando a farda de General, pôs-se a testa de aguerridoexército para combater os Normandos, que haviam invadido o Sul da Itália. A 18 de Junho seuexército foi totalmente derrotado e desbaratado, e o Sumo Pontífice, a-pesar-de santo e general, caiu

 prisioneiro. Nessa condição ficou detido em Benevento até que cedesse a todas as imposições dos

seus vencedores. Depois de completa Capitulação, foi posto em liberdade a 12-8-1054, reentrandono Palácio do Latrão a 3 de Abril. A 18 do mesmo mês pontificou solenemente na Basílica de S.Pedro, mas... no dia seguinte faleceu misteriosamente!... Assim foi-se São Leão IX, Patrono dosGenerais derrotados!Bastem estes fatos. Não é aqui o lugar de rememorar todos os casos em que a Sede Romana esteveem desordem; por exemplo, no começo do século 15, em que quatro papas legítimosexcomungavam; cada um deles excomungava três papas legítimos, e era declarado excomungado

 por cada um de seus três colegas Sucessores de São Pedro, infalíveis, Vigários de Cristo, etc, etc...(Veja o II Apêndice).Responda agora o Leitor: - Será o papa Pio XII legítimo Sucessor de S. Pedro? (Poderá ser legitimamente eleito papa, quem se acha incurso na excomunhão fulminada pelo Canon 2335?

DIVERGÊNCIAS E CONTRADIÇÕES

Se os papas não ambicionassem a "infalibilidade" não haveria razão para citações de suascontradições e divergências; como pôr exemplo o Papa Gregório I que condenava a idéia de um"Sacerdócio Universal nas mãos de um só homem". Mas foi o que fizeram.

Sobre o cisma do ocidente, vejam o que nos diz certo livro católico:

RETORNO DOS PAPAS A ROMA

O retorno dós papas a Roma não foi suficiente para que a paz fosse alcançada. Uma dura luta,

incentivada pelo clero e pelos mesmos cardeais, criara graves dificuldades no seio da Igreja,levando-a ao grande Cisma do Ocidente (de 1378 a 1418). Nesses quarenta anos a história do

 papado atravessara um período obscuro, marcado por lutas entre papas e antipapas que seexcomungavam mutuamente, usando qualquer subterfúgio para derrotar o adversário, chegando atéao emprego da guerra e do crime político. O poder papal, nessa época, está assim representado:

Em Roma : 

- Urbano VI (1378-1389)- Bonifácío IX(1389-1404)- Inocêncio VII (1404-1406)

- Gregório XII (1406-1417) (destituído no Concílio de Pisa, em 1409, abdicou no Concílio deConstança, em 1415)

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Em Avinhão :

- Clemente VII (1378-1394)- Bento XIII (1394-1424) - (destituído no Concílio de Pisa, em 1409, e novamente em Costança em1415)

Antipapas: 

 _Clemente VIII (1423-1429)- Bento X1V (1425-1430)

Em Pisa:

- Alexandre V: (14O9-141O)- João XXIII (1410 - 1419)(Destituído no Concílio de Constança em 1415).

Para se ter uma idéia da confusão que reinava na época entre os cristãos, basta lembrar que váriossantos apoiaram papas considerados ilegítimos. S. Catarina de Sena, por exemplo, apoiava o papade Roma, enquanto S. Vicente Ferrer e o Beato Pedro de Luxemburgo defendiam o papa deAvinhão.A Igreja acabou considerando legítimos somente os quatro papas romanos e antipapas os deAvinhão e Pisa.O Concílio de Constança (1414-1418) pôs fim ao grande Cisma com a eleição de Martinho V.

Extraído do livro católico: OS PAPAS, A. PINTONELLO, EDIÇÕES PAULINAS.

Tivemos também o Papa Leão X contemporâneo de Lutero que não cria na eternidade...

Os Papas S Clemente e Gelasio I nunca aceitaram a Transubstanciação, diziam que "A natureza do

 pão e do vinho não se alteram". Mas o Papa Inocêncio III, ano 1198, forçou e "decretou' atransubstanciação!

Como não é possível acarear esses papas os padres de hoje deveriam estudar a Bíblia pôr simesmos. Entre centenas de teólogos católicos que discordaram da transubstanciação temos o Abadede Fulda, Rubano Mauro e o Monge Ratramno do mosteiro de S. Pedro que diziam "A benção nãoaltera a substância." Também S. João Crisóstomo resistia e Santo Agostinho parecia zombar quandoescreveu. "Não se pode engolir Aquele que subiu vivo para o Céu". Mas a ignorância tomou-semoléstia geral

Muitos bispos e padres divergem de muitos dogmas que se fossem abolidos aplaudiriam, ensinam

 pôr Ofício. Necessitam da transubstanciação. Do Culto às imagens, do Purgatório e outras crendices para manter o sistema em pé. Se forem removidas, o catolicismo cai!

Divorciada dos Evangelhos a Igreja não consegue gerar seus próprios sacerdotes. "No Brasil ametade dos padres são estrangeiros" informa dom Luciano na Revista Veja de 30 de janeiro de1980.

O Estado do Vaticano é contra o divórcio, ficam "angustiados" quando ele é votado nos paísescatólicos mas mantém o "Tribunal de Rota" que anula casamentos de casais ilustres pôr grandessomas de dinheiro.

Induzem consciências sensíveis escravizando-as. Ha centenas talvez milhares de moças e senhoras,

sem identidade, envelhecendo enclausuradas em lúgubres conventos devido a fé falsa quereceberam. Ninguém sabe que tipo de tratamento recebem. O Catolicismo deveria recuperar suasmentes distorcidas, abrir os portões, devolvendo-as à sociedade. Cristo nunca propôs uma

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instituição assim. Ele disse que "Não se deve esconder uma luz". (Evangelho de Lucas 11:33)

Também o Vaticano não está em condições de falar sobre "Direitos Humanos" pôr conflitar com ahistória da Igreja. Falta espaço para comentar esse assunto, mas presentemente estão bloqueando o

 pedido insistente de 6 mil padres que desejam deixar a batina. (Est.S. Paulo 13-2-80). Mesmoassim, 1.264 padres deixaram a batina em 1982 e nos últimos 8 anos em todo mundo 34.144 padres

desertaram. (Inf. o Vaticano, Est. S. Paulo de 11-9-84).O afã de apresentarem-se como Estado político e religioso os tem levado a contradições:

Temendo o Comunismo abrigam-se no Ocidente, mas pôr desgraça, se houver uma reviravolta na política, esperam sobreviver porque "jogam nos dois times... "

 Nunca se ajeitaram com Democracia e Liberdade. Reclamam esse direito somente nos países ondenão dominam. Pio IX disse que "A Liberdade de Consciência foi o mais pestilento de todos oserros". (Encic. de 15-8-1954).

....

BENÇÃOS DO PAPA SE TRANSFORMAM EM MALDIÇÕES

Figuras públicas que foram "abençoadas" são atingidas por doenças e desgraças.

Recentemente o brasileiro Rubens Barrichello, piloto de fórmula 1 da equipe Ferrari foi com umacomitiva esportiva até o Vaticano presentear o Papa com uma réplica do carro F2004. E em trocadeste generoso presente o Papa abençoou o piloto brasileiro.Rubens que já possui fama de azarado na fórmula 1 tem motivos para ficar ainda mais preocupado.É que os fatos que vamos mostrar aqui, podem não passar de desastrosas coincidências, mas sãocapazes de arrepiar qualquer cristão: as "bênçãos" do papa vêm se transformando mesmo é emmaldição. Afora os inúmeros casos publicados até pela imprensa secular, atuais ou centenários, salta

aos olhos a quantidade de personalidades do meio artístico e político, que de uma hora para outra,viram suas vidas profissional e pessoal destruídas e lançadas no fundo do poço, após um encontrocom o papa.

A lista é imensa...

A escritora e pesquisadora de religiões Mary Schultze, autora do livro "A Deusa do TerceiroMilênio", deu uma lista destas personalidades e a influência das "bênçãos" do Papa na vida delas.Quando analisamos tantas "coincidências", não podemos deixar de alertar as pessoas no sentido de

 buscarem somente as bênçãos de Cristo, pois os fatos têm demonstrado que receber bênção do papa

 parece não ser um bom negócio.De acordo com a pesquisadora, é extensa a lista de figuras e personalidades da história que foram brindadas com a bênção papal e em seguida foram atingidas por algum infortúnio:

Brasileiros:

 Na lista de Mary, não faltam figuras brasileiras atingidas pela "bênção do papa", como por exemplo:

O ex-presidente Washington Luiz, foi deposto do cargo, em 1930, logo após ser abençoado peloPapa.Já a princesa Isabel foi "abençoada" com a sua expulsão do Brasil, depois de um encontro pessoalcom o papa.

O presidente brasileiro Campos Salles - foi assassinado poucos dias depois.O Presidente brasileiro Afonso Pena - morreu um mês depois.

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Dos tempos atuais, duas figuras queridas dos brasileiros também passaram por tribulações e,coincidência ou não,tinham recebido a bênção do papa:

O cantor Roberto Carlos, católico declarado, e sua esposa, Maria Rita, estiveram com João Paulo IIem sua última visita ao Brasil, em 97. Pouco mais que um ano depois, ela estava com câncer.

Já o craque Ronaldinho pediu para o papa abençoar, em 98, as alianças de noivadocom a modelo Suzana Wemer, antes da Copa da França. Resultado: além de ver terminado o seunoivado com a modelo, aconteceu o pior: o Brasil perdeu a Copa. E como se não bastasse,Ronaldinho passou as últimas semanas resistindo a uma campanha de difamação por parte daimprensa secular, que tentava envolvê-lo em um escândalo junto a uma agência de prostituição, naItália. Sem falar do problema no joelho que quase o colocou de vez fora dos gramados.

Outras figuras importantes:

O evangelista Billy Graam, mesmo conhecendo a fundo a Palavra de Deus, foi a Roma pedir a bênção do papa e, estranhamente, foi acometido do Mal de Parkinson (doença degenerativa dosistema nervoso que provoca tremores incontroláveis).

O papa abençoou Carlota de Bourbon e quando voltou de Roma, enlouqueceu.O príncipe Napoleão IV morreu logo após ter sido abençoado pelo papa, antes de seguir paraZuzulândia.Já o príncipe Rodolfo, da Àustria, se suicidou, em 1889, depois de um encontro com o papa.O jogador Maradona amargou a derrocada de sua brilhante carreira de outrora. Ele também pediu a

 bênção do papa, e recebeu. Coincidência ou não, perdeu o título do mais famoso campeão argentinoe a sua imagem nunca mais foi a mesma, pois não conseguiu se livrar das drogas até hoje.Afonso XII - morreu prematuramente.Princesa Lady Diana - Em 1997, morreu em violento acidente auto mobilístico algum tempo anteshavia ido a Roma pedir a bênção do papa.O Imperador da Áustria, Francisco José - sofreu a terrível derrota de Sadowa.

 Napoleão III - foi preso na Prússia e morreu exilado e destronado.Os navios "Santa Maria"e "América" - naufragaram com perda total.

Diz o ex-padre veneziano, Joseph Zachello que serviu o Papa por 34 anos:Em 1851 Pio IX concedeu a "Rosa de Ouro" ao Rei das Duas Sicilias. Em menos de um ano ele

 perdeu a coroa e o reino.Em 1866 Ele abençoou o Kaiser da Áustria. Em menos de um ano este imperador perdeu Veneza e aguerra seguinte.Em 1867 o Papa abençoou Maximiliano. Imperador do México. Logo em seguida ele foi destronadoe morto a tiros.Em 1895 O Arcebispo de Damasco deu a bênção papal às tropas e frota espanholas. Logo emseguida a Espanha perdeu ambas.Em 1897 O Núncio Apostólico abençoou o grande "Bazar da Caridade", em Paris. Cinco minutosmais tarde o prédio ardia em chamas e 150 pessoas da aristocracia pereceram, inclusive a filha daImperatriz da Áustria.Em 1906 Fugene Victoria (Ena), filha do Príncipe Henrique, casou com Afonso XIII, Rei daEspanha. sob a bênção papal. Ela havia sido obrigada a renunciar sua fé protestante e por isso foiabençoada. Embora, uma quinzena mais tarde, tenha escapado milagrosamente de um atentado, noqual 13 pessoas pereceram, seu vestido de noiva ficou todo respingado de sangue.Em 1923 O Papa lhe mandou a "Rosa de Ouro". Em 1931. ela e o marido foram exilados, quando aItália se transformou em República, por determinação do Papa. que precisava colocar no Governo

daquele país o seu protegido General Franco, para a II Guerra Mundial.Em 1924 Um rico proprietário de terras nos Estados Unidos - Mr. Edwards - converteu-se aoCatolicismo Romano. Dois anos depois foi a Roma receber a bênção do Papa. tendo morrido 4 dias

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após e deixou uma rica herança para o Vaticano.Parece coincidência... Mas é bom não arriscar. Quando Mussolini invadiu a Abissínia e varreu os

 pobres negros do mapa, o Papa o abençoou nessa "cruzada santa". Só que, pouco tempo depois,Mussolini e sua amante Clara Petacci foram linchados pelo povo.Já Winston Churchill, o Leão da II Guerra Mundial, foi a Roma receber a bênção do Papa. Perdeulogo o prestígio em seu país, mesmo tendo ganho essa Guerra para os Aliados.

Quanto a Roosevelt, mandou um representante ao Vaticano "apanhar" a bênção. Perdeu o respeitodo povo americano e morreu logo em seguida, sem contemplar a vitória para os Estados Unidos.Em 1951 A futura Rainha da Inglaterra foi pedir a bênção do Papa. Pouco tempo depois a Inglaterra

 perdeu os poços petrolíferos no Irã, o Canal de Suez e a guerra contra o Egito.E para encerrar, em 1958 o Cardeal Stritch. de Chicago, ao ser nomeado Representante no Vaticano,

 para lá se dirigiu. Adoeceu gravemente e o Papa, que havia abençoado sua viagem, não foi capaz devisitá-lo, quando ele teve de amputar um braço e morrer a poucas quadras da Catedral de São Pedro.

Diante do exposto acima só nos resta orar para que Deus proteja a vida e a carreira de Rubinho eque as "bençãos" do Papa não o alcance também, de modo que possa nos dar novamente a alegria eas vitórias que tanto nos brindava Airton Senna.

A Palavra de Deus é muito clara quanto à origem da bênção, que só pode vir do Senhor; e denenhum homem ou imagem, mas o catolicismo insiste em transferir para a figura do papa poderesque só pertencem a Deus. A leitura da Bíblia e a observância de seus mandamentos são capazes deatrair bênçãos sem medida sobre a vida do cristão, conforme diz a Palavra "O Senhor determinaráque a bênção esteja nos teus celeiros, e em tudo o que puser a tua mão: e te abençoará na tenda quete dá o Senhor teu Deus" (Deuteronômio 28.8).

Fonte:Livro A Deusa do 3º Milénio - Mary Sshultze - Ed. Gráfica Universal Ltda.Jornal Folha Universal 15/08/99 pág. 9bArtigos compilados pela redação do CACP

Que DEUS em CRISTO JESUS ABENÇOE A TODOS!!