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1 HISTÓRIA DE SERGIPE: UM LIVRO SINGULAR Autor: Augusto Almeida de Oliveira Filho * Coautor: André Augusto Andrade ** Coautor: Marcus Aldenisson de Oliveira *** Eixo 5. Educação e Ensino de Ciências Humanas e Sociais Resumo: O trabalho analisa a contribuição do professor Acrísio Tôrres Araújo, no ensino de História de Sergipe na Escola Normal em fins dos anos de 1965 e 1975. Esta análise tem como objetivo o livro didático de História de Sergipe produzido em 1970 pela Livraria Regina Ltda. O estudo está embasado nos conceitos difundidos pela História Cultural de autores como Chartier, e Darnton. A partir destes autores, procura-se compreender o processo de produção do impresso e de sua apropriação no interior da unidade escolar, bem como as condições de produção do livro didático objeto da análise. Palavras-chave: Acrisio Tôrres Araujo, Historia de Sergipe, Livro Didático Abstract: The work analyzes professor Acrísio Tôrres Araujo’s contribution in the teaching of History of Sergipe in Normal School at the end of the years 1965 and 1975. This analysis has as its goal the didactic book History of Sergipe produced in 1970 by Regina BookstoreLtd. The study is based on the concepts disseminated by Cultural History, particularly in the texts of Roger Chartier and Darnton, respectively, studies on the printed and on the school culture. From these authors, we try to understand the process of producing the printed and its appropriation within the school unit, as well as the conditions of production of the didactic book object of the analysis. KeyWords: History of Sergipe, Acrísio Tôrres Araujo, Didactic Book. Este trabalho propõe-se analisar o livro didático de história de Sergipe, produzido no início do ano de 1970, de autoria do professor Acrísio Torres, e editado pela Livraria Regina. A análise do livro fundamenta-se na perspectiva da Nova História Cultural, que nas duas décadas de 60 e 70 do século XX, abriu novos caminhos para as pesquisas no campo educacional. Novos espaços foram abertos, sob novos olhares. Uma obra que esclarece este processo de mudança nas orientações da pesquisas em História obra de Thompson 1 , a mineira da teoria, fonte rica em conhecimentos e revelações a respeito da construção do conhecimento e da

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HISTÓRIA DE SERGIPE: UM LIVRO SINGULAR

Autor: Augusto Almeida de Oliveira Filho* Coautor: André Augusto Andrade**

Coautor: Marcus Aldenisson de Oliveira***

Eixo 5. Educação e Ensino de Ciências Humanas e Sociais Resumo: O trabalho analisa a contribuição do professor Acrísio Tôrres Araújo, no ensino de História de Sergipe na Escola Normal em fins dos anos de 1965 e 1975. Esta análise tem como objetivo o livro didático de História de Sergipe produzido em 1970 pela Livraria Regina Ltda. O estudo está embasado nos conceitos difundidos pela História Cultural de autores como Chartier, e Darnton. A partir destes autores, procura-se compreender o processo de produção do impresso e de sua apropriação no interior da unidade escolar, bem como as condições de produção do livro didático objeto da análise. Palavras-chave: Acrisio Tôrres Araujo, Historia de Sergipe, Livro Didático Abstract: The work analyzes professor Acrísio Tôrres Araujo’s contribution in the teaching of History of Sergipe in Normal School at the end of the years 1965 and 1975. This analysis has as its goal the didactic book History of Sergipe produced in 1970 by Regina BookstoreLtd. The study is based on the concepts disseminated by Cultural History, particularly in the texts of Roger Chartier and Darnton, respectively, studies on the printed and on the school culture. From these authors, we try to understand the process of producing the printed and its appropriation within the school unit, as well as the conditions of production of the didactic book object of the analysis. KeyWords: History of Sergipe, Acrísio Tôrres Araujo, Didactic Book.

Este trabalho propõe-se analisar o livro didático de história de Sergipe,

produzido no início do ano de 1970, de autoria do professor Acrísio Torres, e editado

pela Livraria Regina. A análise do livro fundamenta-se na perspectiva da Nova

História Cultural, que nas duas décadas de 60 e 70 do século XX, abriu novos

caminhos para as pesquisas no campo educacional. Novos espaços foram abertos,

sob novos olhares. Uma obra que esclarece este processo de mudança nas

orientações da pesquisas em História obra de Thompson1, a mineira da teoria, fonte

rica em conhecimentos e revelações a respeito da construção do conhecimento e da

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pesquisa histórica. Este autor chama a atenção para o risco de se construir um

conhecimento histórico ancorado em construções teóricas desvinculadas das

experiências do indivíduo histórico.

Para a História da Educação, esses novos caminhos foram importantes.

Renovaram os estudos no campo educacional. A influência da História Cultural

possibilitou inovações nos objetos de pesquisas, nas abordagens e nas fontes. Tais

inovações possibilitaram à disciplina História da Educação a ampliação do campo de

pesquisa. Assim, segundo Carvalho “a convergência de interesses em torno de uma

nova compreensão da escola, das práticas escolares que a constituem e de seus

agentes reconfiguram o campo da pesquisa educacional e, com ele, o da História da

Educação”2.

Lopes3 enfatiza, que no interior da História Cultural, vários campos de

pesquisa estão enriquecendo os estudos na área da História da Educação, dentre

eles, podemos citar a História do Livro Didático. Um trabalho muito que corrobora

com esta afirmação de Lopes é a pesquisa de Araujo4, o perfil do leitor colonial.

Neste estudo, o autor ampliou o horizonte dos dados recolhidos em pesquisa de

campo para o desenvolvimento de uma amostragem críitica e descritiva e livros e

leituras no Brasil Colônia e sua provável influência na produção intelectual brasileira

do período estudado.

Este trabalho procura responder às seguintes questões: De que forma o livro

História de Sergipe para o curso normal, do professor Acrísio Tôrres, fez parte do

cenário escolar na década de 1970? Como foram apropriados pelos professores e

acolhidos pelas alunas? Esse livro representou alguma mudança na forma de

ensinar história na época? Qual o conteúdo ensinado por esse livro? Estes

questionamentos se enquadram na perspectivas da História Cultural e é, a partir

desta, que o texto do professor Acrísio Tôrres foi analisado.

Para Lopes5, nas últimas duas décadas, aproximadamente, a área de

História da Educação sofreu uma verdadeira revolução, seja em seus contornos

teórico-metodológicos, seja no alargamento de seus objetos e de suas fontes.

Influenciada pelo Marxismo e pela Nova História, a História da Educação passa por

uma renovação significativa e não tem se limitado apenas a estudar as instituições

escolares, movimentos educacionais ou o pensamento pedagógico.

Nesse sentido, foi significativo esta pesquisa sobre o livro didático de

História de Sergipe para as alunas do curso normal. A História da educação tem se

3

relacionado no interior da História Cultural com a História do Livro e da Leitura. A

história do livro6 é, hoje, uma área fortemente interdisciplinar, reunindo contribuições

de várias tradições de estudos em diferentes países. Para Darnton7, o objetivo da

história do livro é compreender como as ideias foram transmitidas através da

imprensa e como a exposição à palavra imprensa afeta o processamento e o

comportamento da humanidade durante os últimos quinhentos anos. A história do

livro é definida por Mckenzie como sociologia dos textos. Estudar o passado do livro

é estudar seu conteúdo. As ideias de Araujo8 e Eco9 confirmam este pensamento de

Mckenzie.

A literatura existente hoje sobre o livro didático aponta Chartier como um

grande estudioso dessa área. Para ele, o livro é entendido como um objeto material,

diferente de outros suportes escritos cuja coerência e completude, resultam de uma

intenção intelectual ou estética. De acordo esse autor10, os livros evidenciam os

procedimentos de produção, de circulação e de apropriação. Os estudos recentes11,

influenciados pela renovação dos estudos da disciplina História da Educação,

apontam para novos estudos e abordagens, indo além da abordagem ideológica.

Baseado nas idéias de Chartier e Darnton, Luiz Carlos Villata12 se propõe a analisar

a historiografia do livro didático da História do Brasil.

Kazumi Munakata13 analisa os fatos que permearam a produção do livro

didático nas décadas de 1970/ 80. O livro didático é uma obra mercadológica,

vinculada aos interesses das empresas editoriais, movimentos provocaram uma

mudança no processo de produção e industrialização do livro didático.

Outro trabalho significativo sobre o livro didático é o estudo de Circe

Bittencourt14, com o objetivo de ultrapassar estudos fragmentários anteriores,

produzidos em períodos anteriores. Bittencourt procura pensar no livro didático de

forma ampla, desde o momento da concepção até sua utilização em sala de aula.

Em Sergipe, as pesquisas sobre o livro didático são escassas, o que torna

esta proposta de estudo significativa, ao contribuir, ainda que de forma modesta,

para que diminua a lacuna existente em nosso Estado. José Calazans15, em seu

trabalho “Aracaju e outros temas sergipanos”, procurou fazer um balanço dos temas

relevantes para a historiografia sergipana e seu grau de estudos. O autor apresenta

três obras didáticas, produzidas em Sergipe: Resumo didático para o uso das

escolas públicas de Sergipe16, Meu Sergipe17 e História de Sergipe18.

4

O estudo do tema teve como objetivo ser uma contribuição à pesquisa

educacional em Sergipe, ao contemplar como objeto o Livro Didático de História de

Sergipe editado pela Livraria Regina Ltda19.

Para desenvolver este estudo analítico do Livro História de Sergipe, do

professor Acrísio Tôrres, estivemos embasados teórico-metodológico na área da

História Cultural. Tendo como suporte as ideias de Chartier, Darnton, entende o livro

como um objeto material de múltiplas utilidades. Propõe examinar a produção dos

livros, embora esta possa apresentar variantes de tempo, espaço e o público ao qual

se destina. Entendendo o processo de produção de impressos como um processo

global e que este sofre possíveis variações ao longo do tempo.

Munakata20 também entende o livro como um objeto material, constituído

basicamente de tinta e pincel. Em seu estudo, o livro didático é um tipo de livro que

é transportado, constantemente, da casa do leitor para um lugar específico que se

chama escola e desta para o ponto inicial.

Carvalho21, em seus estudos, entende que o livro é um objeto cultural que

guarda as marcas de sua produção e de seus usos. O livro funciona como produto

de estratégia editorial em complexa correspondência com estratégias político-

pedagógicas determinadas.

O estudo dos aspectos materiais identificaram pontos significativos sobre o

texto de Acrísio Tôrres. A análise qualitativa dos dados e informações permitiram

entendimento da produção, da circulação e dos modos de apropriação que os

professores e os alunos fizeram do livro didático. O estudo das diferentes fontes

levantadas nos diversos arquivos sergipanos, bem como através de pesquisas

bibliográficas sobre estudos referentes à temática, terá como base as contribuições

teóricas da História Cultural, da História das Disciplinas Escolares22, da História do

Livro e da Leitura23 e da História da Educação.

Acrísio Tôrres Araújo, intelectual, que em meados dos anos sessenta e

setenta, produziu diversas obras didáticas nas áreas de História, Geografia, Estudos

Sociais e Cultura Sergipana, destinados aos ensinos primário e normal. O curso

pedagógico recebeu uma atenção especial do de Araújo, de acordo com o autor24 o

livro de História de Sergipe foi escrito para o curso normal no segundo semestre de

1969 e foi editado no início dos anos de 1970, pela Livraria Regina25, tendo sido

patrocinado pela Política Educacional do Governo de Lourival Baptista.

5

O estudo do livro do professor Acrísio Tôrres Araújo focalizou o texto em um

conjunto de práticas escolares que contribuirá para a formação dos professores

sergipanos entre os anos de 1960 e 1970. Neste contexto, de acordo com Santos26,

é importante considerar a trama social na qual esses livros foram produzidos,

procurando pensar não só nas condições sociais em que foram produzidos, mas a

materialidade das obras. A materialidade da obra é compreendida a partir do que diz

Munakata, ao entender o livro como um objeto material:

(...) Geralmente confeccionado em papel, sobre o qual aderem letras e outras figuras desenhadas à tinta, segundo uma técnica denominada impressão, cuja invenção data do século XV; esse objeto produziu segundo em processo de trabalho bem definido, e aparece primordialmente como mercadoria, mesmo que as intenções sejam de outra ordem que não a mercantil27.

Para Munakata, a análise do livro didático deve considerar uma grande

variedade de elementos que torna o manual escolar um objeto cultural.

Livros não são meramente idéias, sentimentos, imagens, sensações, significações que o texto possa representar. Nem tão pouco é o texto abstrato. Pois esse texto, até que as pessoas normalmente vêm apenas idéias, sentimentos imagens e etc. É constituído de letras (confeccionadas com tinta sobre o papel) segundo uma família tipo ou face de tipo de fonte que lhes dá homogeneidade. Uma família de tipo compreende todas as letras do alfabeto ou em caixa alta (maiúsculas) e caixa baixa (minúsculas) todos os numerais e todos os sinais como vírgula, ponto, aspas, hífen, travessão e etc. – e isso em vários tamanhos (corpos) e estilo (redondo ou normal, itálico, negrito, sublinhado, VERSAL-VERSALATE etc.).Basicamente, há duas grandes famílias de tipos: as serifadas (isto é com serifa, que são pequenos traços horizontais que se colocam nas extremidades das letras) e as sem serifa28.

As pessoas entrevistadas relembraram o passado e construíram

representações de atos da história. O conceito de representação pode ser entendido

em dois sentidos: “como instrumento de um conhecimento mediato que faz o objeto

ausente através da sua substituição por uma imagem capaz de reconstruir em

memória e o de figurar tal como ele é” ou “como relação simbólica que consiste na

representação de um pouco moral através das imagens ou das propriedades das

coisas materiais”29.

6

As representações construídas a partir da rememoração são atos de

intervenção no caos das imagens30. É também uma tentativa de organizar em tempo

sentido e vivido do passado, e finalmente, reencontrado através de uma vontade de

lembrar – ou de um fragmento que tem a força de iluminar e reunir outros conteúdos

conexos, “fingindo abarcar toda uma vida”31. Assim, os contatos com o professor

Araújo, seus amigos e ex-alunas afirmam que seria um prazer rememorar momentos

tão importantes de suas vidas.

(...) a reconstrução do passado, a relembrança se serve de inúmeros pontos de referência, de campos de significados, porque o fundamento de recordação é dado por um “sentimento de realidade” que se origina em contingências existenciais, pois está subordinado ao tempo e ao espaço, imbricado na ordem de acontecimentos físicos e sociais, em estreita com a família, com os grupos sociais, com as comunidades de convívio, com um universo, enfim, de pessoas, coisas e imagens que são reconhecidas pelos homens em sociedade32.

Para Maluf, a recordação é por natureza construtiva “(...) a elaboração de

imagens mnemônicas para revelar momentos marcantes da história de vida é o

resultado de um ponto de observação presente, que julga e seleciona fatos

pretéritos33. Foi a partir do tempo presente e do lugar34 que os entrevistados

selecionaram e receberam o tempo vivido na Escola Normal e com o professor

Araújo.

A entrevista realizada com Araújo35 resultou em um relato autobiográfico, no

qual o autor, a partir do presente, rememorou o passado pela vida atual e pelo lugar

social que ocupa, elaborou uma auto-interpretação do seu passado.

A partir da compreensão acima, a lembrança é um ato pessoal, ou seja, é a

expressão individualizada da memória. Além disso, lembrar é ao mesmo tempo

acionar a memória para recapturar o passado e selecionar os eventos vividos. que

sejam revelados, uma vez que os mesmos traduzem os conteúdos factuais e

imprimem neles uma significação.

Pouco depois eu folheava e lia passagens de Felibello Freire, que me lembraram o seu amigo e incentivador, o cearense Capristano de Abreu; verifiquei que seu importante trabalho, embora carente de retificações em muitos pontos, só chegava até meados do século XIX. Essas mesmas constatações e observações podem ser aplicadas no que diz respeito à geografia e outras ramificações da ponderável cultura de Sergipe36.

7

De acordo com a citação acima, Araújo percebeu que o livro didático de

Laudelino Freire estava defasado e precisava de retificações. Para o autor, ficou

claro que os livros didáticos de História de Sergipe e também de Geografia não

estavam de acordo com a realidade educacional dos anos de 1960. Araújo começou

a pensar em escrever livros didáticos sobre Sergipe a partir desta constatação.

Inclusive, no período, recebeu incentivo do Professor Alcebíades Melo Vilas Boas,

no ano de 1966, dono do Colégio Tobias Barreto. Este fato, levou Araújo a incluir

História de Sergipe na disciplina História do Brasil. Aos poucos, os conteúdos foram

sistematizados para serem utilizados nas suas aulas ministradas em várias escolas

da capital: Tobias Barreto, Nossa Senhora de Lourdes.

Em 1966, Araújo estreou no mercado editorial, com a publicação do livro

Pequena História de Sergipe, publicação que dependeu dos contatos e de apoios

que seu autor conseguiu mobilizar no começo da sua carreira profissional em

Sergipe37. Segundo Santos38, depois de ter alcançado sucesso editorial com seus

compêndios didáticos, ao final de 1967, Araújo juntou as críticas da primeira edição

de sua Pequena História de Sergipe, as quais surgiram reparos e, produziu, de

forma ampliada.

No ano de 1969, de acordo com Araújo39, foi escrito a obra História de

Sergipe para o curso normal, editado pela Livraria Regina, no ano de 1970. Este

livro nasceu como exigência de ensinar História de Sergipe no curso pedagógico e

do sucesso editorial dos livros do autor utilizados na escola primária. Dois outros

fatores que favoreceram o surgimento deste texto foram dois pedidos do professor

Manoel Cabral Machado e da Diretora da Escola Normal, Professora Maria das

Graças de Azevedo.

Para melhor compreender a importância do trabalho de Acrísio Tôrres

Araújo, são importantes perceber as representações e imagens sobre a obra e seu

autor em jornais e em textos de seus prefaciadores.

Esta parte do texto procura inserir e coletar, aqui opiniões expressas por

pessoas, amigos, ex-alunos, intelectuais de momentos diferentes para a época

sobre a pessoa de Acrísio Torres Araújo.

Para o jornalista Antônio Francisco de Jesus o livro de Araújo estava sendo

muito esperado, como fica claro no texto que segue:

8

Prossegue em ritmo acelerado os trabalhos de impressão do mais que esperado livro ”Pequena História de Sergipe”, do professor Acrísio Torres de Araújo. Segundo fomos informados, ele pretende tirar um milheiro nesta primeira edição o que, segundo nos parece, vai voar nos primeiros dias, pois, diversos pedidos já estão sendo feitos tanto por pessoas como livrarias de outras partes do Brasil onde sergipanos possuem colônias.40

Ainda de acordo com o jornalista acima;

O filósofo, advogado, historiador e poeta cearense Dr. Acrísio Tôrres Araújo, aqui radicado há mais de dois anos, fez um profundo estudo da nossa terra durante esse período de tempo em que aqui esteve, estudo este que será impresso e publicado brevemente. (...) Pelo estilo empregado, tem o prof. Acrísio Araújo esperança que seu livro seja incluído entre os livros didáticos nos currículos das escolas de Sergipe.41

Aquele jornalista destaca a importância da obra de Araújo, suas qualidades

intelectuais42 e a intenção de Araújo de que o seu livro fosse incluído nos currículos

escolares do Estado de Sergipe.

Em reportagem do Jornal “O Diário de Aracaju”, de 12 de Janeiro de 1966 ,é

comentado o esforço do historiador cearense em oferecer aos sergipanos uma

História de Sergipe.

Há mais de 2 anos que o cearense aqui radicado estuda a história do nosso Estado, através de documentos dos tempos Colônias, do Império e da República, existentes nos Arquivos e nas Bibliotecas. Este homem, o Dr. Acrísio Tôrres Araújo - filósofo, advogado, historiador e poeta. O seu livro intitulado - Pequena História de Sergipe. O original já se encontra na Livraria Regina Ltda., desta capital, para ser impresso (...) A obra é prefaciada pelo professor Virgílio Sant’Anna, um dos maiores historiadores e dos melhores professores de Sergipe. Pelo estilo empregado, tem o Professor Acrísio Araújo grande esperança que o seu trabalho literário seja incluído nos currículos escolares como livro didático. Cremos que os sergipanos saberão dar o seu apoio a este homem que sacrificou mais de 2 anos de sua preciosa vida em profundos estudos sobre nosso Estado, a fim de nos oferecer uma obra realmente útil e científico.43

Após apoio recebido do jornal A cruzada e do Diário de Aracaju, Araújo teve

os seus ânimos e as suas esperanças revigorados e:

9

(...) foram mesmo dissipando os livros de desânimo que haviam partilhado levemente o meu espírito ante as primeiras dificuldades. Vez por outra, alguém, um futuro leitos, aparecia na tipografia, e apontando a nota do jornal, indagava quando o livro estaria pronto, e, nesses interessados alguns eu passei a ver centenas de outras; procurei o jovem jornalista e lhe apertei reconhecidamente a mão.44

Para Calazans45, depois do livro de Elias Montalvão46, que tratava da

História e Geografia de Sergipe, os quais não eram mais adotados nas escolas

sergipanas, os professores e alunos ficaram sem meios de conhecer a História de

Sergipe. Araújo, com o seu texto, tomou a incumbência de preencher a lacuna,

escrevendo uma História para o 3º ano primário.47

Quanto ao aspecto lingüístico, o autor ao escrever um texto deve, de acordo

com Chartier, levar em consideração as competências de cada leitor e sua prática

de leitura. Cada grupo, cada comunidade define como irá usar os impressos, ler e

interpretá-los48. O professor Araújo, ao escrever História de Sergipe para o ensino

pedagógico, teve a preocupação de fazê-lo de forma clara e objetiva, com textos

estruturados e forma simples na escrita, no encadeamento da idéias, dos parágrafos

e dos conteúdos.

A partir da idéia apresentada no texto “Duas Palavras”, está claro a

preocupação do autor com o estudo e a pesquisa, quando ele coloca que “a

professora deveria conhecer bem os fatos nele narrados, compreendê-los nas suas

inter-relações para poder ensinar com amor às crianças sergipanas”. É relevante

chamar a atenção para o fato de que a pesquisa, para o professor Acrísio Tôrres, é

de fundamental importância para a vida da futura professora. Quando o autor, ao

final de cada capítulo, chama a atenção para as leituras complementares de cada

capítulo, mostra também a inter-relação da História com a Geografia, História do

Brasil, aspectos da cultura popular, político, social, econômico e cultural da vida

humana. Ele deixa claro que a história não é um aspecto isolado da vida social. A

divisão dos capítulos e conteúdos segue o esquema tradicional como nos livros das

décadas de sessenta e setenta, dando muita ênfase ao aspecto factual, político e

administrativo da História. Esta divisão linear da História e as palavras contidas no

texto “Duas Palavras”, subtendem-se um tipo de História Mestra.

Neste texto, o professor Araújo mostra-se confiante na capacidade

intelectual dos futuras professoras. De acordo com o professor, a formação das

10

novas gerações é importante no sentido de formar bem os sergipanos que escolhem

a missão de professor.

O discurso é recheado de amor à terra, de nacionalidade e patriotismo de

forma que: “é preciso cultura e compreensão”. Neste discurso percebe-se

claramente a ideologia patriótica e nacionalista que se pretende incutir nos

professores e nos seus futuros alunos embutida ao longo do texto, nos conteúdos de

História de Sergipe. A História é entendida como um suceder de fatos linearmente

organizados. A partir desta idéia de História, o livro é organizado em três grandes

períodos: o colonial, a monarquia e a república. Este último divide-se em quatro

partes. Todas as partes vêm acompanhadas de um texto introdutório. Araújo

desenvolve o texto numa linguagem clara e simples, acessível às alunas. A ausência

de ilustrações e exercícios no corpo do texto foi justificada para tornar o livro mais

barato. A ausência de ilustrações, exercícios e o formato pequeno do livro, foi devido

à falta de recursos, de acordo com o autor.

Tendo como suporte o conceito de representação de Roger Charter, as

análises aqui apresentados através das apropriações de intelectuais sergipanos que

comentaram as obras do professor Acrísio Tôrres Araújo em jornais ou prefaciados,

suas obras e as representações que emergiram das memórias do professor Araújo,

bem como de suas ex-alunas e amigos foi possível concluir que o texto produzido

representou uma mudança no ensino de História de Sergipe, na medida em que

sistematizou os conteúdos, trouxe novos temas para debates.

Araújo é um intelectual do seu tempo49. Procurou criar um livro com uma

linguagem clara e objetiva, com palavras e frases de fácil compreensão. É evidente

também que a obra foi escrita para facilitar a formação pedagógica e intelectual das

professoras da Escola Normal e auxiliar na formação da identidade dos sergipanos.

História de Sergipe, de Araújo, procura atingir seu objetivo debruçando-se

sobre o aspecto político-administrativo nos campos da periodização e dos agentes

da História. O texto estudado inclui temas marginalizados, diminui lapsos temporais

e favorece novas abordagens pedagógicas, diferenciando a presente obra

analisada, dos livros didáticos que a precederam. Apesar dos aspectos inovadores,

o texto de Araújo, ao longo de todos os seus capítulos, norteia a sua história através

de fatos ligados às questões políticas que marcaram nosso estado desde sua

conquista até meados do ano de 1969.

11

Diante do exposto, pode se considerar o texto História de Sergipe para o

curso normal um manual inovador, na medida em que propõe uma linguagem

acessível, inclui temas históricos antes fora de livros didáticos, estudados por

alunos. Chama a atenção para as aulas globais50, aspecto inovador para o ensino de

História, então, muito memorialista, além de trazer para o debate daquele momento

histórico a importância do ensino de História de Sergipe nas escolas públicas e

particulares, a partir da restauração do referido ensino no interior da Escola Normal.

Para Belo51, a história do livro e da leitura torna-se história cultural e social,

contribuindo assim para compreender a formação do espaço pública, a vida privada,

a propaganda política. É possível entender alfabetização, a afirmação do

nacionalismo ou a cultura de massas em um dado momento. Estes e outros

aspectos poderão ser levantados sobre impressos escolares a partir de novos

questionamentos e pesquisas.

NOTAS * Aluno de Mestrado em Educação da Universidade Tiradentes; Grupo de Pesquisa: História das Práticas Educacionais; E-mail: [email protected]. ** Aluno de Mestrado em Educação da Universidade Tiradentes; Grupo de Pesquisa: História das Práticas Educacionais. *** Aluno de Mestrado em Educação da Universidade Tiradentes; Grupo de Pesquisa: História das Práticas Educacionais. 1 THOMPSON,E.P. A miséria da teoria.Rio de Janeiro: Zahar, 1981. Nesta obra o autor analisar o pensamento de Althusser, ao tempo que desmonta ao longo da exposição o pensamnento mecanicista e autoritário da teoria de autor citado, salientando seus equívos. 2 CARVALHO, Marta Maria Chagas de. “Usos escolares do impresso: questões de historiografia”. In: Cadernos de História e Filosofia da Educação. São Paulo: FEUSP. 2002. Vol. III, n. 5, p. 155-177. 3 LOPES, Eliane Maria Teixeira: GALVÂO, Ana Maria de Oliveira. História da Educação. Rio de Janeiro: DP&A. 2001. 4 ARAUJO, Jorge de Souza. Perfil do leitor colonial. Salvador:UFBA, Ilhéus: UESC,1999. Nesta obra o autor desenvolve uma pesquisa histórica e bibliográfica que dialoga com outras áreas das ciências humanas. 5 LOPES, op.cit. 6 FONSECA, Thais Nívia de Lima. História & ensino de história. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. (Coleção História &... Reflexões). 7 DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette: mídia, cultural e revolução. Trad. Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 109-172. 8 Op.cit. A leitura de Araujo permite uma contínua reflexão sobre a pesquisa, a história e a educação no Brasil na medida em que vai quebrando mitos construídos

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sobre a Educação no Brasil. Araujo dialoga com vários estudos já realizados no campo da leitura (história, sociologia, filosofia, linguística, etc). 9 Ver ECO, Umberto e SEBEOK, T.A. (orgs.). O signo de três. São Paulo: Perspectiva,1991. 10 CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa/Rio de janeiro: Difel/Bertrand, 1988. 11 VEIGA, Cynthia Greive; FONSECA, Thais Nivia de Lima e . História e historiografia da educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 12 VILLATA, L. C. O livro didático de história do Brasil: perspectivas de abordagens. Pós-História: Revista de Pós-graduação em História. São Paulo; n° 09. 2001. p. 39-59. 13 MUNAKATA, op. cit. 14 BITTENCOURT, C. Mª F. Os confrontos de uma disciplina escolar: da história sagrada a história profana. In: Revista Brasileira de História. São Paulo. V 13, n° 25/26, p. 193-221, set. 1992/ ago. 1993. 15 SILVA, José Calazans B. da. Aracaju e outros temas sergipanos. Aracaju, Gov. de Sergipe. FUNDESC, 1992. 16 FREIRE, Laudelino. História de Sergipe. Aracaju. Tipografia do “Estado de Sergipe”, 1898. 17 MONTALVÂO, Elias. Meu Sergipe: ensino de História e Corografia. Aracaju, Tipografia Comercial, 1916. 18 ARAÙJO, Acrísio Torres. História de Sergipe: 3º ano primário, 2ª ed. Livraria Regina, Aracaju, 1967. 19 SANTOS, Elissandra Silva. Livraria Regina: nota sobre a aventura do livro em Aracaju (1918-1976). Monografia de conclusão de curso. São Cristóvão, 2004. 20 MUNAKATA, op. cit. 21 CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Usos escolares do impresso: Questões de Historiografia. In: Cadernos de História e Filosofia da Educação. v. I n° 1 São Paulo: Faculdade de Educação, 1993, p. 165-177. 22 OLIVEIRA, Luiz Eduardo. A legislação pombalina sobre o ensino de línguas: suas implicações na educação brasileira(1757-1827). Maceió:EDUFAL, 2010. 23 SOUZA, Rosa Fátima de. Templos de civilização: a implantação da escola primária graduada no Estado de São Paulo (1890-1910). São Paulo: UNESP, 1998. 24 ARAÚJO, Acrísio Tôrres. Entrevista concedida ao autor, em 22/ 09/ 2004. 25 SANTOS, op. cit. 26 SANTOS, op. cit. 27 MUNAKATA, op. cit. 28 CHARTIER, op. cit, p. 20. 29 CHARTIER, op. cit. 30 MALUF, op. cit. p. 30. 31 MALUF, op. cit, p. 29. 32 Idem, p. 30. 33 Idem, p. 76. 34 Idem, ibdem. 35 ARAÚJO, op. cit. 36 Idem, p. 120. 37 Idem, ibdem. 38 Idem, p. 126 39 ARAÚJO, Acrísio Tôrres. Carta ao autor, 06/ 12/ 2004. 40 A CRUZADA, Aracaju, 06 de janeiro de 1966, p. 7.

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41 A CRUZADA, Aracaju, 09 de janeiro de 1966, p. 9. 42 Winock, Michel. O século dos intelectuais. Trad. Eloá Jacobina.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. 43 SANTOS, op. cit. p. 123. 44 CALAZANS, p. 27. 45 CALAZANS, op. cit. 46 MONTALVÂO, op.cit. 47 CALAZANS, op. cit. 48 CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre certezas e inquietações. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Ed. Universidade /UFRGS,2002. 49 Ver PAIVA, Vanilda Pereira. Paulo Freire e o nacionalismo desenvolvimentista. 2ª ed. São Paulo: Edições Loyola,1983. 50 Aulas globais: metodologias proposta. 51 BELO, André. História & livro e leitura. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

FONTES CARTA: ARAÚJO, Acrísio Tôrres. Carta ao autor, 06/ 12/ 2004. ENTREVISTAS: ARAÚJO, Acrísio Tôrres. Entrevista concedida ao autor, em 22/ 09/ 2004. JORNAIS: A CRUZADA, Aracaju, 06 de janeiro de 1966, p. 7. A CRUZADA, Aracaju, 09 de janeiro de 1966, p. 9. DIÁRIO DE ARACAJU, Aracaju, 8 de março de 1966, p. 7. GAZETA DE SERGIPE. Aracaju, novembro de 1998. GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 22 de maio de 1973, p. 2. GAZETA DE SERGIPE, Aracaju, 18 de maio de 1973, p. 2.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Leila Angélica oliveira de. “Para formação do bom Sergipano”: um estudo do livro didático Meu Sergipe de Elias Montalvão (1916). São Cristóvão (SE). 55f. Monografia (Graduação em História) – Departamento de História, Centro de Educação e ciências Humanas, Universidade Federal de Sergipe, 2002. ARAÚJO, Acrísio Tôrres. História de Sergipe. Aracaju: Livraria Regina, 1967, p. 79. ____________. Thetis versus Thetis. In: Gazeta de Sergipe, Aracaju, 22 de maio de 1973, p. 2. ____________.História de Sergipe: 3º ano primário, 2ª ed. Livraria Regina, Aracaju, 1967.

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ARAUJO, Jorge de Souza. Perfil do leitor colonial. Salvador:UFBA, Ilhéus: UESC,1999. BELO, André. História & livro e leitura. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. BITTENCOURT, C. Mª F. Os confrontos de uma disciplina escolar: da história sagrada a história profana. In: Revista Brasileira de História. São Paulo. V 13, n° 25/26, p. 193-221, set. 1992/ ago. 1993. CALAZANS, José. “Prefácio”. In: Pó dos Arquivos. Brasília: Thesaurus Editora Ltda. p. 9. CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Usos escolares do impresso: Questões de Historiografia. In: Cadernos de História e Filosofia da Educação. v. I n° 1 São Paulo: Faculdade de Educação, 1993, p. 165-177. CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa/Rio de janeiro: Difel/Bertrand, 1988. _____________. A aventura do livro: do leitor ao navegador. Trad. Reginaldo de Moraes. São Paulo: Editora UNESP/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999. _____________. À beira da falésia: a história entre certezas e inquietações. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Ed. Universidade /UFRGS,2002. DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette: mídia, cultural e revolução. Trad. Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 109-172. ECO, Umberto e SEBEOK, T.A. (orgs.). O signo de três. São Paulo: Perspectiva,1991. FREIRE, Ana Paula Lima. O livro didático de história e a luta pela terra no Brasil (1980-1999). São Cristóvão: São Cristóvão (SE), Monografia (Graduação em História) – Departamento de História, Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de Sergipe, 2000. MALUF, Marina. Ruídos da memória. São Paulo: Sciliano. 1995, p. 29. MUNAKATA, Kazumi. Produzindo livros didáticos e paradidáticos. São Paulo. 218 f. Tese (Doutorado em História e Filosofia da Educação). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 1997. p. 84. OLIVEIRA, Luiz Eduardo. A legislação pombalina sobre o ensino de línguas: suas implicações na educação brasileira(1757-1827). Maceió:EDUFAL, 2010. SANTOS, Elissandra Silva. Livraria Regina: nota sobre a aventura do livro em Aracaju (1918-1976). Monografia de conclusão de curso. São Cristóvão, 2004.

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