histÓria das relaÇÕes internacionais

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HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. § 1º. Objecto e método I. Objecto da História das Relações Internacionais. Constitui objecto do curso o estudo da História das Relações Internacionais. Importa, em primeiro lugar, proceder à fixação do conceito e do conteúdo desta disciplina. Podemos apresentar uma primeira definição de História das Relações Internacionais como a disciplina jurídica que tem por objecto o estudo da teoria e da prática histórica das relações internacionais. Um aspecto que sempre devemos ter em vista prende-se com a inserção da História das Relações Internacionais num curso de Direito. Deste modo, a nossa preocupação prende-se com uma abordagem jurídica para o tema. Estudamos a História das Relações Internacionais nas suas ligações com a história do direito internacional. Parte da História do direito e, portanto, História especial do direito, o estudo histórico das relações internacionais não pode ser desenquadrado da dogmática jurídica, nem compreendida sem uma referência constante à História geral do direito. II. Delimitação perante disciplinas afins. A distinção entre a História das Relações Internacionais e disciplinas próximas pode constituir uma tarefa difícil. Assim, a História Diplomática, a História do Direito Internacional Público e a História Política Internacional são necessariamente afins e complementares e a sua distinção recíproca tem um certo carácter arbitrário. Para que a disciplina tenha um cunho formativo, a preocupação vai centrar-se no estudo dos conceitos e temas à luz dos quais foi sendo entendida a teoria das relações internacionais. Neste sentido, mais do que uma história política das relações internacionais, propomo-nos apresentar a evolução histórica das teorias das relações internacionais, que desenvolvemos em paralelo com a própria evolução da sociedade política europeia. A definição do objecto da História das Relações Internacionais exige o estudo conjugado da filosofia jurídica e política, da história do direito internacional e da história política europeia. Deste modo, a História das Relações Internacionais torna-se também uma disciplina da dogmática jurídica, votada a

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HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. § 1º. Objecto e método I. Objecto da História das Relações Internacionais. Constitui objecto do curso o estudo da História das Relações Internacionais. Importa, em primeiro lugar, proceder à fixação do conceito e do conteúdo desta disciplina. Podemos apresentar uma primeira definição de História das Relações Internacionais como a disciplina jurídica que tem por objecto o estudo da teoria e da prática histórica das relações internacionais.

Um aspecto que sempre devemos ter em vista prende-se com a inserção da História das Relações Internacionais num curso de Direito. Deste modo, a nossa preocupação prende-se com uma abordagem jurídica para o tema. Estudamos a História das Relações Internacionais nas suas ligações com a história do direito internacional.

Parte da História do direito e, portanto, História especial do direito, o estudo histórico das relações internacionais não pode ser desenquadrado da dogmática jurídica, nem compreendida sem uma referência constante à História geral do direito.

II. Delimitação perante disciplinas afins. A distinção entre a História das Relações Internacionais e disciplinas próximas pode constituir uma tarefa difícil. Assim, a História Diplomática, a História do Direito Internacional Público e a História Política Internacional são necessariamente afins e complementares e a sua distinção recíproca tem um certo carácter arbitrário.

Para que a disciplina tenha um cunho formativo, a preocupação vai centrar-se no estudo dos conceitos e temas à luz dos quais foi sendo entendida a teoria das relações internacionais. Neste sentido, mais do que uma história política das relações internacionais, propomo-nos apresentar a evolução histórica das teorias das relações internacionais, que desenvolvemos em paralelo com a própria evolução da sociedade política europeia.

A definição do objecto da História das Relações Internacionais exige o estudo conjugado da filosofia jurídica e política, da história do direito internacional e da história política europeia. Deste modo, a História das Relações Internacionais torna-se também uma disciplina da dogmática jurídica, votada a explicar a formação histórica dos conceitos e institutos que actualmente suportam as relações internacionais.

Assim, enquanto que a História do Direito Internacional Público tem como objecto de estudo a dogmática de um ramo específico do direito, a História das Relações Internacionais

preocupa-se em comparar esse estudo dogmático com a história política, cultural, económica e social.A História das Relações Internacionais assenta metodologicamente numa dúvida permanente quanto ao alcance e à motivação dos dados normativos e das construções doutrinárias - isto é, compreende que em face da falta de autenticidade do Estado seja necessário empreender o estudo da relação entre os elementos normativos - os tratados, as leis, as declarações de intenções - e a dogmática jurídica, com a sua prática efectiva. Também neste sentido, descrevendo a distância que vai entre o direito internacional e o nascimento de uma ciência do direito internacional, com Grócio.

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Integramos neste estudo a participação de Portugal na História das Relações Internacionais ou, dito de outro modo, estudamos esta disciplina em função dos autores portugueses e da participação portuguesa nessa evolução histórica.

III. Método. A História das Relações Internacionais sugere um campo de actuação mais vasto do que a história do direito internacional, superando algumas das dificuldades teóricas que podemos associar à formação histórica do conceito de direito internacional. Uma longa discussão histórica debate se o conceito de direito internacional é apenas próprio da experiência cristã do Estado e das relações internacionais.

Contudo, podemos pensar na existência de relações internacionais a propósito de povos e de Estados que não conhecem o direito internacional e que baseiam as suas relações em puras situações de facto: guerra, conquista, domínio, escravidão.

O critério adoptado é claro: o direito não se confunde com a ciência do direito; assim, o facto de faltar uma reflexão intencional e crítica sobre o direito, não significa a inexistência de ordem jurídica. A história do direito internacional também não deve ser confundida com a história da ciência do direito internacional, isto é, da emergência de uma teoria e de uma dogmática específica relativamente aos problemas de relacionamento internacional dos Estados e dos povos.

Perante a impossibilidade de uma história mundial das relações internacionais, concentramo-nos na história europeia. Pelo seu interesse formativo, estudamos o nascimento da Europa moderna e as etapas de formação do mundo contemporâneo.

Para usarmos a expressão de um dos mais célebres internacionalistas de final do ancien régime, a génese do direito das gentes europeu (Martens) pode associar-se a uma reflexão intencional sobre os mecanismos das relações internacionais, isto é, do aparecimento de uma literatura específica, seja pelo prisma da teologia, da política, ou do direito.

Dividimos a exposição nas seguintes partes: Primeira parte: o nascimento do mundo moderno, de Vestefália a Viena (1648 a 1815); Segunda parte: a hegemonia europeia, do Tratado de Viena à Sociedade das Nações (1815-1918);

Terceira parte: a tragédia da guerra e os caminhos da paz, da Sociedade das Nações aos nossos dias (1918 em diante). A propósito de cada uma destas épocas estudamos, sucessivamente: A \ Os conceitos fundamentais e os seus tratadistas; B \ A apreciação teórica, jurídica e política, das relações internacionais.

A divisão em partes obedece apenas a considerações de índole pedagógica. As datas têm carácter marcadamente simbólico e traduzem a necessidade de periodificar o ensino. Adicionalmente, têm a vantagem de nos permitir identificar conceitos e características marcantes de certa época ou de autores em concreto.

Contudo, é necessário notar, desde já, a importância atribuída aos tratadistas anteriores a Vestefália, que preparam metodologicamente e explicam as suas disposições, conceitos e técnicas.

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Considerando que o método de estudos compreende a existência de aulas práticas, devem elas ser dedicadas ao estudo de autores (juristas, políticos, diplomatas, filósofos) e instrumentos de direito internacional (tratados, convenções, concordatas ...) cujo conteúdo formativo seja considerado mais relevante. Como elementos de avaliação, os alunos são convidados à realização de trabalhos de investigação sobre estas temáticas. A metodologia da investigação e da apresentação destes elementos será definida de modo geral.

IV. Referências bibliográficas. Como simples guia bibliográfico, podemos indicar neste lugar as principais obras básicas para o estudo da História das Relações Internacionais. Principal bibliografia portuguesa. Pedro Soares Martínez, História Diplomática de Portugal, s.l., Verbo, 1986; José Calvet de Magalhães, Breve História Diplomática de Portugal, 2ª., Mem Martins, Europa- América, 1990; Eduardo Vera-Cruz Pinto, Apontamentos de história das relações

internacionais, Lisboa, AAFDL, 1998; Jorge Borges de Macedo, História Diplomática Portuguesa. Constantes e Linhas de Força. Estudo de Geopolítica, s. l., Instituto de Defesa Nacional, 1987; Eduardo Brazão, História Diplomática de Portugal, 2 vols., Lisboa, Livraria Rodrigues, 1932-1933; Luís Soares de Oliveira, História Diplomática. O Período Europeu. 1580-1917, Lisboa, Pedro Ferreira, 1994; António Vianna, Introdução aos Apontamentos para a Historia Diplomatica Contemporanea. 1789-1815, Lisboa, 1907 e 1922. Como auxiliares de estudo, podem recomendar-se a História da Europa, de João Ameal, e a História de Portugal, de Joaquim Veríssimo Serrão. Principal bibliografia estrangeira. Podemos apontar como principal bibliografia recomendada, a completar com as indicações de cada capítulo, as seguintes obras: Pierre Renouvin, Histoire des relations

internacionales, 8 vols., Paris, 1953-1958; Pierre Renouvin / Jean-Baptiste Duroselle, Introduction à l’histoire des relations internacionales, 4ª ed., Paris, Armand Collin, 1991; Henri Kissinger,Diplomacia, Lisboa, Gradiva, 1996. Como obras de síntese, podem ver-se: A. Truyol y Serra, História do Direito Internacional Público, Lisboa, INP, 1996; Séverine Pacteau e François-Charles Mougel, Histoire des relations internationales (1815-1993), 4ª ed., Paris, PUF, 1988; Henri Legohérel, Histoire du droit international public, Paris, PUF, 1996.

Nas colectâneas dos Cours de l’Académie de Droit International, de Haia, podem ser encontrados valiosos estudos históricos, nomeadamente de Korf (1923), Nippold (1924), Le Fur (1932), Guggenheim (1958) e Dupuis (1989). As obras clássicas de história do direito internacional (v.g., de Nys, Nussbaum, Rommen, Pillet, Pradelle) são mencionadas mais abaixo. Para a história diplomática e o direito diplomático, v. J. Droz, Histoire diplomatique de

1648 à 1918, Paris, Dalloz, 1972; K. Hamilton e R. Langhorne, The Practice of Diplomacy, London, Routledge, 1994. Auxiliares de estudo. Como auxiliares para o estudo da História das relações internacionais, podem aconselhar-se as seguintes obras de consulta e de recolha de fontes: Visconde de Santarém, Corpo diplomatico portuguez, I, Paris, 1846; Borges de Castro, Collecção de tratados, convenções e actos publicos celebrados entre a Coroa de Portugal e as mais potencias, desde 1640 até ao presente, Lisboa, 1856-8; Nova Collecção de tratados, convenções, contratos e actos publicos, 15 tomos, Lisboa, 1891-1921; J. F. Júdice Bicker, Supplemento à collecção dos tratados ..., 22 tomos, Lisboa, 1872-9; Academia Real das Ciências de Lisboa, Corpo diplomatico portuguez, 16 vols., Lisboa, 1862-9; Eduardo Brazão, Collecção das concordatas estabelecidas entre Portugal e a Santa Sé desde 1238 a

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1940, Lisboa, 1941. Recolhas de fontes histórico-jurídicas internacionais encontram-se publicadas desde o século XVIII. Podemos destacar, como obra pioneira, a de G. W. Leibniz, Codex Iuris Gentium Diplomaticus, Hanoverae, Ammonii, 1693. Depois, as publicações de dois huguenotes expatriados, T. Bernard (1658-1718), Recueil des Traités de Paix, 4 vols., Haia, 1700, e de Jean Dumont (ou Du Mont, 1666-1727), Corps universal diplomatique du droit des gens, Amesterdão e Haia, P. Brunnel, 1726 e 1731 (obra continuada por Jean Barbeyrac (1674-1744) e Jean Rousset de Missy (1688-1762). Em especial, reencontramos o fundador do direito das gentes da Europa, De Martens (1765-1821), com o seu Recueil des principaux traités, publicado inicialmente entre 1791 e 1801 (Götingen, Jean Christian Dietrich), e depois continuado por outros até ao século XX. Modernamente, v. a colecção das Fontes Historiae Iuris Gentium, dirigidas por W. Grewe.

Para o estudo da teoria das relações internacionais, em síntese, v. José Adelino Maltez, Relações Internacionais, Cascais, Principia, 2002 e Adriano Moreira, Teoria das Relações Internacionais, Coimbra, Almedina, 1997. Para o direito internacional na época actual, v. André Gonçalves Pereira / Fausto de Quadros, Manuel de Direito Internacional Público, 3.ª, Coimbra, Almedina, 1995.

V. Programa. Cap. 1.º Direito das gentes. I. Ciência do direito das gentes. A Segunda Escolástica.

Cultores portugueses.

O jusracionalismo.

Direito público universal.

O ensino do direito das gentes na Universidade.

II. Fundamentos do direito das gentes. Consentimento de todos como fundamento do direito das gentes. Consentimento da maioria ou de uma maioria qualificada como fundamento do direito das gentes. Os Estados como sujeitos de direito das gentes. III. Fontes do direito das gentes. Fontes e causa.

O costume.

O direito convencional.

Relações entre o direito das gentes e o direito nacional.

Cap. 2.º Sujeitos do direito das gentes. I. Os Estados.

A formação do conceito de Estado.

Evolução.

As instituições do Estado.

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Os Estados não cristãos e a relação com Estados cristãos.

Os súbditos do Estado; nacionalidade.

Os estrangeiros. Expulsão e extradição.

II. Os Estados soberanos. A soberania.

A evolução do conceito de soberania.

Estados não soberanos.

Reconhecimento internacional: dos Estados; das formas de governo; dos governos.

O direito dos povos a disporem de si próprios.

Extinção dos Estados.

Estados vassalos e protectorados.

Associações de Estados: federações e confederações.

III. Os Estados na comunidade internacional. A personalidade de direito internacional. Consequências: igualdade, títulos e hierarquia; dignidade. Jurisdição: sobre os nacionais no estrangeiro; sobre os estrangeiros no território nacional. Responsabilidade internacional dos Estados. IV. O território e as fronteiras dos Estados. Conceito de território; tipos de território. O conceito de fronteira.

A evolução das fronteiras.

Territórios e domínios hídricos: rios; lagos; canais; golfos e baías; estreitos.

Restrições à independência territorial.

Supremacia pessoal e supremacia territorial.

Aquisição, transmissão e perda do território.

O mar e o problema da liberdade dos mares.

Jurisdição sobre o mar.

Capítulo 3º. Apreciação política das relações internacionais. I. A razão de Estado. A literatura política e o tema da razão de Estado.

Razão de Estado e razão natural.

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A razão de Estado católica.

A razão de Estado e os homens de Estado.

Mercantilismo e razão de Estado.

II. Os factores de grandeza, conservação e decadência dos Estados. Os factores de grandeza, conservação e decadência dos Estados. A grandeza, a conservação e a decadência de Portugal. III. A mentira e a dissimulação honesta nas relações internacionais. A verdade.

O segredo.

Os mistérios de Estado.

A dissimulação honesta. Espiões e agentes secretos. Cap. 4.º Guerra. I. Composição dos diferendos internacionais. O tema da paz.

A composição amigável: negociação, bons ofícios e mediação. Arbitragem.

A composição não amigável: retorsão; represálias; bloqueios; intervenção.

A paz perpétua.

II. Guerra. Características gerais.

Tipos de guerras e suas causas.

Guerra justa.

Partes na guerra.

III. Condução da guerra. Declaração; comunicação; efeitos.

A guerra e o território.

A guerra e as pessoas.

Mortos e feridos. Prisioneiros e reféns.

Ocupação, requisição, utilização e destruição de coisas do inimigo.

Assaltos, cercos e bombardeamentos.

Condução da guerra no mar.

Arte da guerra.

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IV. Relações entre os beligerantes. Tipos de relação não beligerante.

Passaportes, salvo-condutos, salvaguardas.

Capitulação, tréguas e armistício.

Responsabilidade pelos danos.

V. Relações com os não beligerantes. Conceito de neutralidade.

Evolução da doutrina.

Portugal e a neutralidade.

VI. Intervenção. Intervenção e ingerência.

Dever de não intervenção.

Direito de intervenção.

VII. O comércio internacional e os seus obstáculos. Pirataria.

Corso.

Privilégios dos comerciantes estrangeiros.

Navegação internacional.

Aproveitamento do mar: navegação; pesca; exploração de recursos.

Cap. 5.º Relações diplomáticas. I. Diplomacia. Desenvolvimento das concepções diplomáticas.

O secretário de Estado.

Tipos e classes de enviados diplomáticos.

Embaixadores.

Ministros plenipotenciários, residentes e encarregados de negócios. Cônsules.

II. As relações diplomáticas. Letras de crença, credenciais, plenos poderes, passaportes.

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O envio de mais do que um legado; passagem por Estado terceiro.

Recepção do enviado diplomático: modo e solenidade; recusa.

Privilégios; inviolabilidade; extraterritorialidade.

Cessação de funções: cumprimento de mandato; termo do mandato; chamamento; expulsão. III. As negociações internacionais. O desenvolvimento da ideia de negociação internacional: conceito; partes; finalidade; bons ofícios e mediação.

Negociações bilaterais.

Negociações multilaterais: conferências e congressos.

Dinâmica: declarações; notificações; protestos; renúncia.

IV. Os tratados internacionais. Conceito, objecto e forma. Partes; o poder de negociar e concluir tratados. Consentimento; assinatura e ratificação. Troca das ratificações. Reservas. Entrada em vigor.

Intervenção de terceiros: intervenção; acessão; adesão.

Cessação dos tratados: termo; denúncia; alteração das circunstâncias; resolução.

Renovação e confirmação dos tratados. Interpretação. V. Conteúdo dos tratados. Tratados internacionais na Idade Moderna.

Aliança e amizade.

Garantia e protecção.

Tratados comerciais.

Tratados em matérias alfandegárias e aduaneiras.

BIBLIOGRAFIA Referências bibliográficas. Como simples guia bibliográfico, podemos indicar neste lugar as principais obras básicas para o estudo da História das Relações Internacionais. Principal bibliografia portuguesa. Pedro Soares Martínez, História Diplomática de Portugal, s.l., Verbo, 1986; José Calvet de Magalhães, Breve História Diplomática de Portugal, 2ª., Mem Martins, Europa- América, 1990; Eduardo Vera-Cruz Pinto, Apontamentos de história das relações

internacionais, Lisboa, AAFDL, 1998; Jorge Borges de Macedo, História Diplomática Portuguesa. Constantes e Linhas de Força. Estudo de Geopolítica, s. l., Instituto de Defesa

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Nacional, 1987; Eduardo Brazão, História Diplomática de Portugal, 2 vols., Lisboa, Livraria Rodrigues, 1932-1933; Luís Soares de Oliveira, História Diplomática. O Período Europeu. 1580-1917, Lisboa, Pedro Ferreira, 1994; António Vianna, Introdução aos Apontamentos para a Historia Diplomatica Contemporanea. 1789-1815, Lisboa, 1907 e 1922. Como auxiliares de estudo, podem recomendar-se a História da Europa, de João Ameal, e a História de Portugal, de Joaquim Veríssimo Serrão. Principal bibliografia estrangeira. Podemos apontar como principal bibliografia recomendada, a completar com as indicações de cada capítulo, as seguintes obras: Pierre Renouvin, Histoire des relations internacionales, 8 vols., Paris, 1953-1958; Pierre Renouvin / Jean-Baptiste Duroselle, Introduction à l’histoire des relations internacionales, 4ª ed., Paris, Armand Collin, 1991; Henri Kissinger,Diplomacia, Lisboa, Gradiva, 1996. Como obras de síntese, podem ver-se: A. Truyol y Serra, História do Direito Internacional Público, Lisboa, INP, 1996; Séverine Pacteau e François-Charles Mougel, Histoire des relations internationales (1815-1993), 4ª ed., Paris, PUF, 1988; Henri Legohérel, Histoire du droit international public, Paris, PUF, 1996.

Nas colectâneas dos Cours de l’Académie de Droit International, de Haia, podem ser encontrados valiosos estudos históricos, nomeadamente de Korf (1923), Nippold (1924), Le Fur (1932), Guggenheim (1958) e Dupuis (1989). As obras clássicas de história do direito internacional (v.g., de Nys, Nussbaum, Rommen, Pillet, Pradelle) são mencionadas mais abaixo. Para a história diplomática e o direito diplomático, v. J. Droz, Histoire diplomatique de

1648 à 1918, Paris, Dalloz, 1972; K. Hamilton e R. Langhorne, The Practice of Diplomacy, London, Routledge, 1994. Auxiliares de estudo. Como auxiliares para o estudo da História das relações internacionais, podem aconselhar-se as seguintes obras de consulta e de recolha de fontes: Visconde de Santarém, Corpo diplomatico portuguez, I, Paris, 1846; Borges de Castro, Collecção de tratados, convenções e actos publicos celebrados entre a Coroa de Portugal e as mais potencias, desde 1640 até ao presente, Lisboa, 1856-8; Nova Collecção de tratados, convenções, contratos e actos publicos, 15 tomos, Lisboa, 1891-1921; J. F. Júdice Bicker, Supplemento à collecção dos tratados ..., 22 tomos, Lisboa, 1872-9; Academia Real das Ciências de Lisboa, Corpo diplomatico portuguez, 16 vols., Lisboa, 1862-9; Eduardo Brazão, Collecção das concordatas estabelecidas entre Portugal e a Santa Sé desde 1238 a

1940, Lisboa, 1941. Recolhas de fontes histórico-jurídicas internacionais encontram-se publicadas desde o século XVIII. Podemos destacar, como obra pioneira, a de G. W. Leibniz, Codex Iuris Gentium Diplomaticus, Hanoverae, Ammonii, 1693. Depois, as publicações de dois huguenotes expatriados, T. Bernard (1658-1718), Recueil des Traités de Paix, 4 vols., Haia, 1700, e de Jean Dumont (ou Du Mont, 1666-1727), Corps universal diplomatique du droit des gens, Amesterdão e Haia, P. Brunnel, 1726 e 1731 (obra continuada por Jean Barbeyrac (1674-1744) e Jean Rousset de Missy (1688-1762). Em especial, reencontramos o fundador do direito das gentes da Europa, De Martens (1765-1821), com o seu Recueil des principaux traités, publicado inicialmente entre 1791 e 1801 (Götingen, Jean Christian Dietrich), e depois continuado por outros até ao século XX. Modernamente, v. a colecção das Fontes Historiae Iuris Gentium, dirigidas por W. Grewe.

Para o estudo da teoria das relações internacionais, em síntese, v. José Adelino Maltez, Relações Internacionais, Cascais, Principia, 2002 e Adriano Moreira, Teoria das Relações

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Internacionais, Coimbra, Almedina, 1997. Para o direito internacional na época actual, v. André Gonçalves Pereira / Fausto de Quadros, Manuel de Direito Internacional Público, 3.ª, Coimbra, Almedina, 1995.