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História da Música Brasileira II CMU 323 Módulo III O nacionalismo romântico Prof. Diósnio Machado Neto

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Page 1: História da Música Brasileira II CMU 323 Módulo III O nacionalismo romântico Prof. Diósnio Machado Neto

História da Música Brasileira IICMU 323

Módulo III

O nacionalismo romântico

Prof. Diósnio Machado Neto

Page 2: História da Música Brasileira II CMU 323 Módulo III O nacionalismo romântico Prof. Diósnio Machado Neto

Revoluções• Modificações estruturais na sociedade brasileira

– Questão da escravatura• 1850 – proibição do tráfico negreiro• 1871 – lei do Ventre Livre

– Imigração de trabalhadores europeus, norte-americanos e asiáticos acatólicos.– Quebra do regime do padroado

• Recrudescimento da postura ultamontana do clero brasileiro (o catolicismo romanizado, clerical, individual, que defendem a autoridade absoluta do Papa em matéria de fé e disciplina), na década de 1870

– Oposição à política liberal e regalista da monarquia– Igreja sofre ataques da burocracia estatal e das elites políticas e intelectuais, em grande parte secularizadas e anticlericais

» Machado de Assis – “morre um padre, nasce um artista”• Questão Religiosa

– o mais grave confronto ocorrido entre Igreja e Estado em toda a história brasileira» De um lado, a intransigência ultramontana dos bispos D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, de Pernambuco, e D.

Antônio de Macedo Costa, do Pará, empenhados na restauração da disciplina eclesiástica e na reorganização das irmandades religiosas, a fim de livrá-las da insidiosa infiltração maçônica. De outro lado, os maçons, o anticlericalismo dos liberais, os jansenistas (os homens já nasciam predestinados ao céu ou ao inferno, nada podendo mudar esse destino) e o debilitado regime monárquico

– Frustrados os esforços legais e diplomáticos do governo imperial para impor sua soberana vontade, contrária à discriminação dos maçons pela Igreja Católica, ambos os bispos, depois de acusados de violar a Constituição e o Código Criminal, receberam em 1874 a sentença de prisão.

– Proclamação da República – 1889

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Nacionalismo musical• O nativismo

– Em um cenário político conturbado - abolição da escravatura e proclamação da República - em que predominavam discursos nacionalistas, o sentimento nativista inflamou músicos e artistas, que passaram a compor a partir de motivos folclóricos e populares, nascendo, assim, uma nova estética: o nacionalismo musical.

– De certo modo, o despertar do sentimento nativista não é algo compartimentado na obra de um grupo de compositores. Ele faz parte de um processo que partiu do ideário de Gonçalves de Magalhães, passou pelo movimento da Ópera Nacional, pelo indianismo com música italiana de Carlos Gomes e seguiu um caminho paralelo na música de salão, mais próxima ao popular e afins com o folclorismo

• O indianismo de Carlo Gomes é um processo paralelo ao folclorismo nascente no final da década de 1860.

• O próprio Carlos Gomes escreveu uma peça, em 1857, baseada em ritmos negros “A cayumba”.

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Folclorismo e a música de salão• A busca pela identidade nacional

– Era uma manifestação patriótica do nacionalismo romântico, um protesto contra as formas autoritárias do classicismo acadêmico.

• A arte folclórica não era apenas pitoresca, mas moral e politicamente libertadora• A produção de música inspirada em música folclórica atinge todas as formas da música romântica

– Chopin dá uma elaboração mais complexa. Ele utiliza fragmentos de melodias, ritmos nacionais combinados dentro de sua ampla imaginação poética.

– Chopin transforma a música de salão em campo para suas experimentações de linguagem.

• Música de salão– Paralelamente a busca pelo elemento folclórico, existia uma adessão à música de salão, que

vinha se desenvolvendo desde a década de 1830– A importação de ritmos e sua simbiose com o nacional foi um movimento lento, porém

constante. • Forma-se um espaço ambíguo, pois enquanto artistas buscavam o elemento de identidade

nacional via folclore, a burguesia hostilizava a cultura popular como símbolo do atraso que estava imerso o país

• Adessão de um modelo de desenvolvimento e progresso, representado pela cultura francesa. Músicas da moda parisiense

– Esses novos ritmos chegavam com os pianistas estrangeiros• Gottshalk é um dos compositores mais destacados desse nacionalismo.

– Sua música aproveitava muito dos ritmos negros de seu país. – Dentro da história da música americana, Gottshalk figura ao lado de Scott Joplin.

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Polcas, mazurcas, tangos...• 1870

– A música de salão esteve presente na sociedade desde a década de 1830• A quadrilha e a modinha foram antecedentes dessa prática dominante na sociedade brasileira da segunda metade do século XX

– A música de salão, especialmente para piano, prolonga sua predominância até a década de 1920.– Compositores semi-eruditos como Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth– Prática de composição dos compositores amadores

– O auge da música de bandas• Inúmeras corporações espalham-se pelo país

• Ritmos– Polca

• Originária da Boêmia, a primeira apresentação no Brasil foi em 1845. – Inúmeras derivações: polca-lundu; polca-tango; polca-fado etc

• Tornou-se uma mania, ganhou as ruas e se tornou um dos gêneros populares mais apreciados. Sua melodia saltitante tornou-a o ritmo mais popular das danças de salão

– Sociedade Constante Polca

– Tango Brasileiro• Gênero derivado da havanera, foi adaptado por Henrique Alves de Mesquita na peça “O jovem Telêmaco”, dando-lhe o nome

de Tango– Em 1863, o francês Lucien Boucquet cunhou o termo– O primeiro tango brasileiro foi “Olhos matadores” de Henrique Alves de Mesquita, de 1871– Em 1872, escreveu o tango Ali-Babá, muito elogiado por Machado de Assis

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Ritmos derivados • O sincretismo

– Os ritmos das danças se confundiam. Maxixes que eram denominado de tangos, polcas com dobrados, etc.

• Polca

• Tango

• Maxixe

• Lundú

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Brasílio Itiberê da Cunha (1846 – 1913)

• A primeira peça considerada com o espírito do folclorismo nacionalista é “A sertaneja” de Brasílio Itiberê da Cunha– Nasceu em Paranaguá e ingressou na Faculdade de Direito de São

Paulo• O ambiente da faculdade estimulou essa veia nacionalista e popular

– Os saraus litero-musicais. Pequenos grupos seresteiros– Formam-se grandes poetas nacionalistas, como José de Alencar e João

Cardoso de Menezes e Souza (Barão de Paranapiacaba).

• “Balaio, meu bem, balaio”– “A seresteira”, de 1869, está baseada nessa tradicional canção

folclórica– Sua obra é essencialmente pianística

• Escreveu noturnos, rapsódias, estudos etc. • Tradição musical romântica européia

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Alexandre Levy• São Paulo

– Nesse mesmo ambiente paulistano de Brasílio Itiberê emerge um dos principais nomes da música brasileira romântica: Alexandre Levy

• Nasce em uma casa de músicos. Seu irmão, Luiz Levy foi um excelente pianista.– Na loja de seu pai, que se tornou um importante ponto de encontro de músicos e artistas de São Paulo,

Alexandre Levy fez muitos amigos e conheceu a nascente produção nacionalista, como a primeira edição de Sertaneja, de Brasílio Itiberê, que executou em concerto aos doze anos.

• Desenvolve intensa carreira como músico e fomentador cultural• Funda dois clubes que se sucedem: Haydn e o Mendelssohn• Segundo Mário de Andrade, em Levy já está formado o “estado-de-consciência coletiva nacionalista;

ela seria ampliada pela obra de Alberto Nepomuceno.– Estudos na Europa

• Esteve em Milão. Em Paris, estudou harmonia com Émile Durand.– Durante sua permanência na capital francesa, Levy se interessou pelas diversas formas orquestrais e compôs a peça Andante

Romantique, que depois foi incorporada à Sinfonia em Mi Menor, e Variações sobre um tema brasileiro, da qual se destaca a melodia Vem cá, bitú

• Estilo musical romântico europeu – Apesar de seu estilo próprio, sua música deixa transparecer sua admiração por Schumann– Uso de elementos populares em uma música de roupagem germânica– Em tango-brasileiro, apesar de um ritmo híbrido, da habanera caribenha, existe todo um clima

brasileiro– Sua principal criação é a Suíte Brasileira (que se ombreia com os quartetos)– O Samba foi um estrondoso sucesso. Nele Levy demonstra todo o seu conhecimento técnico e

atualização da linguagem harmônica (grande instabilidade) e contrapontística.