histÓria da evoluÇÃo do consumo de energia pelo
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HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE
ENERGIA PELO HOMEM.
UMA PEQUENA CONTEXTUALIZAÇÃO.
MILTON MATOS ROLIM – Prof. Dr.
Coordenador do Curso de Física - FAFOPA
Coordenador de Pesquisa – CTAraripe
SEMINÁRIO DE HISTÓRIA - FAFOPA.
13 de Junho de 2012.
O QUE É A HIPÓTESE GAIA.
Para a Grécia Antiga a Terra era Gaia, uma Deusa viva, a “Mãe terra”.
A Hipótese de Gaia, começou a ser apresentada em 1969 (LOVELOCK; GIFFEN, 1969).
A Teoria afirma que a biosfera do planeta é capaz de gerar, manter e regular as suas próprias condições de meio-ambiente.
Isto é, propõe que é a vida da Terra que cria as condições para a sua própria sobrevivência, e não o contrário, como as teorias tradicionais sugerem.
Por esta visão fica claro que devemos ter cuidado com as alterações do meio ambiente. Não sabemos qual o limite de adaptação da natureza às mudanças, nem o seu resultado.
O QUE É ENERGIA.
Definir energia não é algo trivial, e alguns autores chegam a argumentar que "a ciência não é capaz de definir energia, ao menos como um conceito independente".
Energia do grego (έν dentro, εργον trabalho, obra), dentro do trabalho.
Atualmente a teoria mais aceita é que tudo que existe é constituído de energia.
É bem difundido - não só em senso comum - que energia associa-se geralmente à capacidade de produzir um trabalho ou realizar uma ação.
USO DA ENERGIA
Transmissão
Informação
HISTÓRIA DA ENERGIA
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
O homem nômade, utilizava a energia proveniente da
força muscular.
O uso do fogo, foi o primeiro avanço tecnológico (?),
bem como os utensílios para caça e pesca.
HISTÓRIA DA ENERGIA
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
Com a utilização de animais de tração a potência
disponível aumenta, no mínimo quatro vezes .
Com a sedentarização o homem aproveita o
excedente de energia armazenável oriundo da
agricultura e desenvolve atividades de olaria,
artesanato da cerâmica e outros artefatos.
HISTÓRIA DA ENERGIA
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
No IV milênio antes de Cristo emergem um conjunto
de focos civilizatórios. No Crescente fértil: cultura
irrigada de cereais; início da ordenação dos recursos
naturais; produção calculada de bens de consumo e
primeiros Estados.
HISTÓRIA DA ENERGIA
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
Mais tarde o aproveitamento dos ventos com a
navegação marítima, que atingiu o seu ápice com o
povo fenício no segundo milênio antes de Cristo.
HISTÓRIA DA ENERGIA
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
Entre os séculos VI e V a.C.: parafuso, polia, rodas
dentadas e as engrenagens. Isto auxiliou na
construção de máquinas de guerra e aparelhos de
elevação de cargas em portos e minas.
HISTÓRIA DA ENERGIA
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
Mais tarde: mós para trituração de minerais, para
cereais, máquinas e prensas para fabricar azeite e
vinho. A mão-de-obra escrava continua essencial.
Em Atenas na Grécia a mão-de-obra escrava
correspondia a 80% da população.
HISTÓRIA DA ENERGIA
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
Na época da Grécia clássica (século V até o IV a.C.)
já há dificuldades em suprir as principais cidades
gregas com alimentos e lenha do próprio território e
ocorre forte expansão marítima para o transporte de
cereais, madeiras, etc.
HISTÓRIA DA ENERGIA
O período de 31 a.C. a 410 d.C. marca o domínio
romano que ainda dependia do trabalho escravo.
Foi utilizada madeira em escala industrial,
especialmente na fundição de metais para a
produção de armas.
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
HISTÓRIA DA ENERGIA
Desmatamento da Península Ibérica. Depois as
fundições foram mudadas para os países nórdicos
onde a madeira ainda era abundante.
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
HISTÓRIA DA ENERGIA
Crescente Fértil - Jardim
do Eden Genesis.2(10-14)
DO NEOLÍTICO ATÉ AS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
Nem mais Crescente.
Nem mais Fértil.
HISTÓRIA DA ENERGIA
A IDADE MÉDIA NA EUROPA
A escravidão seria substituída por uma nova ordem
social – a servidão.
Existia dependência da agricultura. O feudo
constituía a unidade de produção. A
descentralização foi completa.
Assim produtores e consumidores passaram a fazer
parte do mesmo grupo. Cada consumidor feudal
teria de ser autosuficiente.
Com o fim do Império Romano no ano 410 d.C. inicia
o feudalismo que duraria 1400 anos.
HISTÓRIA DA ENERGIA
A IDADE MÉDIA NA EUROPA
Os servos passaram a ser pressionados além da
resistência, fazendo-os fugirem para as cidades.
Após o feudalismo clássico que durou em torno de
700 anos, ocorreram as Cruzadas, o que ocasionou
um sensível aumento no comércio.
A lenha e o carvão vegetal eram intensamente
utilizados, para cocção de alimentos e padarias,
aquecimento, olarias, forjas, manufatura de vidros,
madeira para marcenaria, construções e estaleiros.
HISTÓRIA DA ENERGIA
A IDADE MÉDIA NA EUROPA
Tal era a devastação florestal, também para
expansão das áreas de agricultura, que a Europa
teve sérias dificuldades com o suprimento de
madeira e lenha. Em vastas áreas as florestas
acabaram-se.
Os moinhos representaram uma proto-
industrialização e o início dos empreendimentos
capitalistas energéticos.
A partir do século IX inicia-se um forte crescimento
populacional, renovam-se as áreas urbanas,
favorecido pela expansão da fronteira agrícola e da
produção agropecuária.
HISTÓRIA DA ENERGIA
A IDADE MÉDIA NA EUROPA
Nos séculos iniciais do segundo milênio d.C.
principia uma mudança básica nos sistemas
econômicos com a ampliação na navegação
marítma pelo transporte de alto rendimento
Introdução nas fundições dos altos fornos operando
a 1150°C na combinação ferro-carbono no início do
século XIV e as caravelas com leme de pôpa no
transporte marítimo.
HISTÓRIA DA ENERGIA
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Os últimos baluartes do feudalismo na Europa
foram derrubados com a Revolução Francesa, que
acontecia ao mesmo tempo em que nascia a
Revolução Industrial no século XVIII.
Deve ser entendida como o coroamento de um
grande avanço científico que se iniciou com o
Renascimento, onde grandes gênios impulsionaram
a ciência incorporando o método científico.
Com a ampla utilização do conhecimento científico
foi possível ter início a fabricação dos bens de
produção e consumo em escala industrial.
HISTÓRIA DA ENERGIA
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Houve um grande urbanização com o deslocamento
de mão-de-obra do setor primário para o setor
secundário, ou seja, de bens manufaturados e em
menor escala para o terciário ou de serviços.
No início do século XVII a Inglaterra dependia da
importação de madeira de outros países e viu-se na
contingência de reciclar-se, passando a usar o
carvão mineral ao invés do vegetal.
No decorrer do século XIX atingiu grande parte do
continente europeu e dos EUA. As fontes principais
eram a lenha, o carvão mineral e posteriormente a
eletricidade no final do século XIX.
HISTÓRIA DA ENERGIA
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Em meados do século XX passa a ser usado em
larga escala o mais versátil dos combustíveis
fósseis, o petróleo.
A concentração da população nos centros urbanos
adquire um ritmo sem precedentes. Em 1800 a
população do mundo era de 1 bilhão de habitantes e
apenas 2,5 % vivendo no meio urbano.
Em 1900 11 cidades excediam 1 milhão de
habitantes. Em 1950 passou para 75, em 1978 para
191 e em 1985 existiam 273 cidades com mais de 1
milhão de habitantes no mundo.
HISTÓRIA DO PETRÓLEO
Ford T, fabricado de 1908 a 1927, com vendas de
mais de 16 milhões de unidades.
CENTRALIZAÇÃO DO RECURSO ENERGÉTICO
A Lei da Energia de 1935 na Alemanha favorecia a
centralização da economia elétrica.
(Eckardt et al.1985)
O Comunismo é a soma do poder soviético com a
eletrificação. (Lênin)
O processo de concentração tornou-se a fórmula unitária
capitalista-fascista-comunista-social democrata e o
requisito principal das sociedades industrializadas,
independente de sua cor.
(Redes de Poder, Hughes, 1983).
RESUMINDO: não é o mercado que determina a escolha
dos recursos naturais, mas sim a escolha dos recursos
naturais que determina o mercado.
ENERGIA FÓSSIL – Hermann Scheer
As reservas de petróleo podem estar esgotadas já em
2035.
Estourarão cada vez mais conflitos pelo acesso a energia
fóssil e serão mais cruentos.
Quanto ao gás, poderia se esgotar antes de 2040.
No que tange a hulha, as jazidas podem se esgotar antes
de 2100.
Já o Urânio duraria até meados de 2030, se mantido o
mesmo consumo anual até lá.
Se a humanidade chegar ao ponto de intercessão entre
as curvas do consumo fóssil e do limite de
sustentabilidade ambiental, os danos serão irreparáveis.
DESAFIOS DOS BIOCOMBUSTÍVEIS
• Competição com outros usos do óleo
de mamona e outros óleos vegetais.
Em 2009 o óleo de mamona e o de
soja estavam na casa de R$ 2,70,
segundo a EMBRAPA.
• Competição com os móveis.
• Competição com os alimentos incluindo
o açúcar.
• Competição com o papel.
• Novos usos dos resíduos orgânicos.
QUESTIONAMENTOS DOS BIOCOMBUSTÍVEIS
(Monbiot, G.: http://www.stopogm.net/node/178).
A cana de açúcar no Brasil está tomando habitats preciosos
(Ex:cerrado). A soja corta cada vez mais na floresta
amazônica.
O presidente Bush acabou de assinar com o presidente Lula
(2007) um acordo sobre biocombustíveis. É provável que
tudo piore bastante.
O preço do milho dobrou desde o princípio do ano passado
(2006). O preço do trigo atingiu o máximo dos últimos dez
anos, enquanto que as reservas globais dos dois cereais
desceram para o valor mais baixo dos últimos 25 anos.
AQUECIMENTO GLOBAL E BIOCOMBUSTÍVEIS
O milho utilizado nos EUA, para produzir etanol,
alimentaria 240 milhões de pessoas. (15 bilhões?)
QUESTIONAMENTOS DOS BIOCOMBUSTÍVEIS
(Monbiot, G.: http://www.stopogm.net/node/178).
Os governos que usam
biocombustíveis para lidar com o
aquecimento global sabem que é
pior a emenda que o soneto.
As Nações Unidas estimam que
98% da floresta tropical da
Indonésia estará degradada ou
destruída em 2022.
Biodiesel de óleo de palma emite
DEZ VEZES mais CO2, que o
diesel convencional.
VANTAGEM DOS NÃO COMBUSTÍVEIS
FONTES
COMBUSTÍVEIS
FONTES
NÃO COMBUSTÍVEIS
C + O2 ===> CO2 + Calor
2H2 + O2 ===> 2H2O + Calor
S + O2 ===> SO2 + Calor
ENERGIA ENERGIA
Segundo Naum Fraidenraich, produzir moléculas
complexas de extraordinária qualidade para submetê-las
depois ao processo mais destrutivo que existe em termos
de utilização (queima) e um crime cientifico.
VANTAGENS DA ENERGIA SOLAR
Segundo Ricardo Rüther da UFSC, na mesma área
utilizada para plantar cana, ou para coletores solares, os
coletores solares forneceriam energia para um carro
elétrico se deslocar cerca de 214 vezes a distância
percorrida pelo carro movido a etanol. (0,47% da área
com solar)
0,50%
MITO DA ENERGIA SOLAR CARA
R$ 15,18/ton -> 19,70
R$ 6,90/ton -> 9,00
3) GNC 27,80
4) GLP 33,28
Curva de aprendizagem planta solar.
ESCOLHA A SE FAZER.
OPÇÃO 1: Plantar 300.000 ha de eucalipto. Conforme
reunião do dia 01/12/11 na SDEC.
O eucalipto produz 14,4 MWh/ha.ano e a usina solar
produz 812,5 MWh/ha.ano.
Ou seja, o eucalipto ocupa aproximadamente 56,5 vezes
a área ocupada pela usina solar para mesma produção
de energia.
Pólo Gesseiro do Araripe tem aproximadamente
700.000 ha (plantar eucalipto em 43% da área total do
pólo gesseiro).
Eliminar a biodiversidade da Caatinga nestes 300.000 ha,
além de outros problemas da monocultura do eucalipto.
ESCOLHA A SE FAZER.
OPÇÃO 2: 5.310 ha (1,77%) de coletores solares.
Preservar 294.690 ha (98,23%), para outros usos.
Possibilidade de implantação em menor tempo, se
assim for necessário.
2,0%
98,0%
TRÊS BARREIRAS A VENCER.
1 Conhecimento: Para mudar paradigmas a primeira
barreira é a do conhecimento. É preciso entender o que
precisa ser mudado.
2 Ganância: O status quo sempre tende a ser mantido.
E para não mudá-lo vantagens podem ser oferecidas,
como prestígio e lucro fácil.
3 Medo: Mesmo quando as barreiras anteriores são
superadas, é preciso superar o medo (que é natural) da
reação daqueles que sucumbiram nas duas barreiras
anteriores e terão interesses pessoais contrariados.
OBRIGADO!
http://araripesolarsustentavel.wordpress.com
“A coisa mais indispensável a um homem é
reconhecer o uso que deve fazer do seu
próprio conhecimento”. (Platão)