histoplasmose · resumo a histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico...

43
IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE BIOMEDICINA KARINE BRUCATT DA SILVA PIRES HISTOPLASMOSE RIO DE JANEIRO 2017

Upload: others

Post on 21-Feb-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE BIOMEDICINA

KARINE BRUCATT DA SILVA PIRES

HISTOPLASMOSE

RIO DE JANEIRO

2017

Page 2: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

KARINE BRUCATT DA SILVA PIRES

HISTOPLASMOSE

ORIENTADOR (A): Jorgenilce Sales

RIO DE JANEIRO

2017

Trabalho de conclusão de curso

apresentada ao IBMR – Laureate

International Universities como

requisito parcial para a obtenção do

Grau de Bacharel em biomedicina em

2017.

Page 3: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

KARINE BRUCATT DA SILVA PIRES

HISTOPLASMOSE

.

Aprovada em 14 de novembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr. Alan Carneiro

IBMR - Laureate International Universities

_____________________________________________

Prof. Dr. Arnaldo Couto

IBMR - Laureate International Universities

Trabalho de conclusão de curso

apresentada ao IBMR – Laureate

International Universities como

requisito parcial para a obtenção

do Grau de Bacharel em

Biomedicina em 2017.

Page 4: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus,

minha mãe, irmã e madrinha por serem

primordiais na minha vida e por terem me

ajudado a prosseguir com a graduação.

Page 5: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me concedido a vida e me dado forças para chegar

até aqui.

Agradeço aos meus pais, especificamente a minha mãe, pela boa educação que se propuseram

a me dar e por me incentivarem a crescer na vida. A vocês meus sinceros agradecimentos e

gratidão por tudo que fizeram de melhor para mim.

De forma especial agradeço a minha tia e madrinha Dagmar Esteves, por realizar o meu

sonho, por estar ao meu lado sempre que precisei e que sem ela na minha vida eu nada seria.

Um agradecimento ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) por ter me concedido uma bolsa de iniciação cientifica na Fundação Oswaldo Cruz.

A toda minha família por todo amor e carinho, por me encorajar nos momentos de angustias

em que pensei em desistir de tudo e pelos momentos de alegria em toda a minha vida.

À minha orientadora durante a iniciação cientifica (IC) na Fiocruz, Drª Rosely Maria

Zancopé, grande pesquisadora que me proporcionou essa monografia dando-me

conhecimento sobre o assunto em questão, por me acolher nos momentos em que precisei, por

todos os ensinamentos, pela cordialidade, paciência, por toda a dedicação que teve com esse

trabalho me explicando nos momentos de dúvida e pela sua atenção.

À minha orientadora e professora durante a preparação do trabalho de conclusão de curso

Jorgenilce Sales, por me auxiliar sempre que foi preciso sendo amigável, atenciosa e por me

estimular a fazer sempre o melhor não duvidando da minha capacidade.

Ao meu co-orientador durante minha IC, Marcos Almeida, que no decorrer desse tempo se

propôs a me ensinar sendo bastante paciente e amigável nos vários momentos que necessitei

de sua ajuda.

Ao pessoal do laboratório de Micologia do setor de Imunodiagnóstico, do Instituto Nacional

de Infectologia Evandro Chagas: Dr. Mauro Muniz, Drª Claudia Vera Pizzini, Dr. Leonardo

Barbedo, Luã Cardoso, Fernando Almeida e Vanessa por estarem sempre presentes me

Page 6: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

auxiliando nos momentos de dúvidas, agradeço por tudo que aprendi com vocês e por me

proporcionarem momentos felizes durante a minha IC.

Aos meus amigos da faculdade Natália Cassilhas, Fernanda Silveira, Michely Moraes, Luís

Felipe, Elisabeth Pereira, Élida de Souza e Claudio Coelho pela paciência que tiveram comigo

nesse processo, pela amizade de cada um e por me ajudarem a ser uma pessoa melhor me

trazendo conhecimento de coisas que eu não tinha.

Aos meus professores e coordenadores do IBMR que tiveram importância na minha formação

profissional.

Page 7: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

RESUMO

A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma

capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após a realização de uma

autopsia de um paciente nativo do Panamá que apresentava hepatoesplenomegalia. As

principais fontes de infecção são locais como grutas, cavernas, galinheiros, árvores ocas,

construções antigas ou abandonadas e áreas rurais. A histoplasmose é a micose endêmica

mais comum nos Estados Unidos, atingindo em maior número indivíduos HIV positivos.

Atualmente a histoplasmose apresenta distribuição mundial, com a maior prevalência nas

regiões temperadas e tropicais. Este fungo possui inúmeros fatores de virulência que lhe

conferem resistência para sobreviver a diferentes condições ambientais. A infecção humana se

dá pela via respiratória, onde ocorre a inalação dos microconídios de H. capsulatum presentes

no meio ambiente. Estes conídios alcançam os alvéolos pulmonares e induzem uma resposta

inflamatória por parte do hospedeiro. Em imunocomprometidos, essa infecção primária

assume quadro progressivo podendo levar a fatalidade. O diagnóstico da histoplasmose é

clínico-epidemiológico e laboratorial. O isolamento de H. capsulatum em meios de cultura

específicos é padrão ouro no diagnóstico laboratorial, porém requer maior demanda de tempo.

O histopatológico oferece agilidade no diagnóstico, no entanto possui sensibilidade menor

que 50%. Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura científica

comparando as metodologias tradicionais e alternativas no diagnóstico imunológico da

histoplasmose baseado na detecção de antígenos e anticorpos específicos. A revisão literária

incluiu artigos originais e utilizou como seleção as plataformas de consulta PubMed, Scielo,

Google acadêmico e também livros de editoras nacionais e internacionais. O

imunodiagnóstico é de grande importância no diagnóstico laboratorial da histoplasmose, pois

apresentam sensibilidade superior a 90% e detectam de forma indireta a existência do

patógeno no hospedeiro. O diagnóstico imunológico tem sido usado rotineiramente auxiliando

no diagnóstico da histoplasmose. Técnicas moleculares como PCR, têm sido utilizadas

recentemente como alternativa de um diagnóstico rápido para a histoplasmose, porém

apresenta baixa sensibilidade quando aplicado diretamente a amostras clínicas.

Palavras-chave: Histoplasma capsulatum, histoplasmose, diagnóstico, sorologia

Page 8: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

ABSTRACT

Histoplasmosis is a systemic disease caused by the dimorphic fungus Histoplasma

capsulatum, first described in 1905 by Darling after performing an autopsy on a native patient

from Panama who had hepatosplenomegaly. The main sources of infection are sites such as

caves, caves, chicken coops, hollow trees, old or abandoned buildings and rural areas.

Histoplasmosis is the most common endemic mycosis in the United States, reaching more

HIV-positive individuals. The histoplasmosis is currently distributed worldwide, with the

highest prevalence in temperate and tropical regions. This fungus has numerous virulence

factors that give it resistance to survive different environmental conditions. The human

infection occurs through the respiratory pathway, where the inhalation of H. capsulatum

microconidia present in the environment occurs. These conidia reach the pulmonary alveoli

and induce an inflammatory response on the part of the host. In immunocompromised

patients, this primary infection is progressive and can lead to fatality. The diagnosis of

histoplasmosis is clinical-epidemiological and laboratory. Isolation of H. capsulatum in

specific culture media is a gold standard in laboratory diagnosis, but requires a greater time

demand. The histopathology offers agility in diagnosis; however, it has a sensitivity of less

than 50%. This study aims to conduct a review of scientific literature comparing traditional

and alternative methodologies in the immunological diagnosis of histoplasmosis based on the

detection of antigens and specific antibodies. The literary review included original articles and

used as a selection the consultation platforms PubMed, Scielo, Google academic as well as

books of national and international publishers. Immunodiagnosis is of great importance in the

laboratory diagnosis of histoplasmosis, since they have sensitivity greater than 90% and

indirectly detect the existence of the pathogen in the host. Immunological diagnosis has been

routinely used to aid in the diagnosis of histoplasmosis. Molecular techniques such as PCR

have recently been used as an alternative to a rapid diagnosis for histoplasmosis, but it

presents low sensitivity when applied directly to clinical samples.

Keywords: Histoplasma capsulatum, histoplasmosis, diagnosis, serology.

Page 9: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1: Diferenciação celular de Histoplasma capsulatum. .......................................... 19

Ilustração 2: Distribuição geográfica de H. capsulatum var. Capsulatum (roxo) e H.

capsulatum var. Duboisii (área sombreada). Os círculos indicam o número de casos

publicados de histoplasmose autóctone associada à AIDS. A maioria dos casos africanos foi

observada fora da África........................................................................................................... 20

Ilustração 3: Distribuição da histoplasmose no Brasil, conforme indicado pela positividade

do teste cutâneo de histoplasmina.. .......................................................................................... 21

Ilustração 4: Ciclo biológico do fungo Histoplasma capsulatum no hospedeiro.. ................ 23

Ilustração 5: Radiografia do tórax de paciente do sexo masculino com histoplasmose

pulmonar aguda, com múltiplos nódulos pulmonares, resultante da grande quantidade de

conídios presentes em galinheiro. ............................................................................................. 24

Ilustração 6: Radiografia do tórax de paciente com histoplasmose pulmonar crônica, sendo

visível cavitações e perda de volume no pulmão direito. ......................................................... 25

Ilustração 7: A. Paciente antes do início do tratamento; B. Paciente após o tratamento com

anfotericina B/itraconazol......................................................................................................... 27

Ilustração 8: Histoplasma capsulatum. A. aspecto macromorfológico em ágar batata

dextrose, comprovando colônia algodonosa branca e ao lado micromorfologicamente

mostrando hifas e os macroconídios tuberculados em lactofenol azul de algodão; B. forma

leveduriforme a 35°C em ágar-BHI comprovando colônias de aspectos úmidos de coloração

branco-amarelada e ao lado micromorfologicamente mostrando estrutura leveduriforme com

brotamento em lactofenol azul de algodão. .............................................................................. 29

Ilustração 9: Aspecto histopatológico de amostra da medula óssea, mostrando leveduras de

Histoplasma capsulatum corados pela prata. ........................................................................... 31

Ilustração 10: Teste de Imunodifusão dupla com presença das precipitinas H e M. O orifício

central é destinado a histoplasmina (extrato antigênico obtido em laboratório da fase

miceliana de H. capsulatum). Os números 1 e 4 são destinados para o soro padrão que é um

controle positivo comercializado. Os números 2,3,5 e 6 são destinados para o soro teste

(amostras). Considera-se reação positiva (soro reagente) quando houver a presença de linhas

de precipitação com identidade total com o soro padrão.......................................................... 34

Page 10: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

LISTA DE ABREVIAÇÕES

AC Anticorpo

AG Antígeno

PH Potencial de hidrogênio

AIDS Síndrome da Imunodeficiência humana

HIV Vírus da Imunodeficiência humana

TARV Terapia Antirretroviral

ELISA Enzyme-linked immunosorbent assay (Ensaio imunoenzimático)

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

RIA Radioimunoensaio

TNF-α Tumor Necrosis Factor alpha (Fator de Necrose Tumoral alfa)

ROS Espécies reativas de oxigênio

RNS Espécies reativas de nitrogênio

HD Histoplasmose disseminada

LCR Líquido cefalorraquidiano

LBA Lavado broncoalveolar

KOH Hidróxido de potássio

HE Hematoxilina eosina

PAS Ácido periódico de Schiff

ITS Regiões espaçadoras intergênicas

ID Imunodifusão Dupla

RFC Reação de Fixação do Complemento

HMIN Antígeno histoplasmina

Page 11: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

Sumário

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 15

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 15

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 15

3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 16

4. DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................... 17

4.1 HISTÓRIA DO AGENTE ETIOLÓGICO .................................................................... 17

4.2 HISTOPLASMA CAPSULATUM ................................................................................ 18

4.3 EPIDEMIOLOGIA ......................................................................................................... 19

4.4 FATORES DE VIRULÊNCIA ....................................................................................... 21

4.5 PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ........................................................ 23

4.6 TRATAMENTO ............................................................................................................. 26

4.7 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ............................................................................. 28

4.7.1 DIAGNÓSTICO MICOLÓGICO ........................................................................... 28

4.7.2 DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO ............................................................... 30

4.7.3 DIAGNÓSTICO MOLECULAR ............................................................................ 31

4.7.4 IMUNODIAGNÓSTICO ........................................................................................ 33

5. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 37

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 38

Page 12: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

12

1. INTRODUÇÃO

A histoplasmose é uma micose sistêmica causada pelo fungo dimórfico

Histoplasma capsulatum, um ascomiceto que se aloja em solos úmidos, fartos de

excrementos de aves e morcegos com alto teor de nitrogênio que tornam o pH do solo

ácido. Os nutrientes provenientes das fezes acoplados a condições ambientais de

temperatura, umidade e pH favoráveis, compõem o nicho ecológico deste fungo. As

principais fontes de infecção para H. capsulatum são grutas, galinheiros, árvores ocas,

porões de casas, sótãos, construções inacabadas ou antigas e áreas rurais (LONDERO;

WANKE, 1988).

Atualmente a histoplasmose está presente mundialmente, porém apresenta maior

prevalência na América do Norte, mais especificamente na região centro-oeste dos

Estados Unidos, ao longo dos vales dos Rios Mississipi e Ohio. Na América Central, em

países como México, Guatemala, Nicarágua, Panamá. Na América do Sul, países como

o Brasil, Argentina, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Peru, também são endêmicos. Alguns

casos esporádicos diagnosticados com histoplasmose foram relatados na África, Ásia e

Europa (ROSSINI, 2006; SIMÃO; BORGES, 2009).

A ocorrência de histoplasmose no Brasil é relativamente comum e se atribui

pela observação de casos clínicos nativos, seja em casos isolados ou sob a forma de

microepidemias(CHANG et al., 2007). A infecção humana ocorre após a entrada de H.

capsulatum no hospedeiro onde os microconídios infectantes são inalados junto com

pequenos fragmentos de hifas, que ao alcançarem os alvéolos pulmonares são

fagocitados por fagolisossomos. Ao entrar em contato com a temperatura corporal entre

36,5°C e 37°C, H. capsulatum atinge sua forma leveduriforme que se multiplica e

desloca-se até os linfonodos onde ganham acesso a corrente sanguínea podendo migrar

para outros órgãos (CONCES, 1996).

As manifestações clínicas dos pacientes com histoplasmose podem variar de

doença assintomática à disseminada grave, dependendo da quantidade de inóculo,

virulência da cepa e de fatores predisponentes do hospedeiro (GOODWIN; DES PREZ,

1978; SATHAPATAYAVONGS et al., 1983; KAUFFMAN, 2007). No final do século

XX, houve um aumento significativo da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

(AIDS), síndrome essa causada pela infecção do vírus da imunodeficiência humana

Page 13: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

13

(HIV) responsável por infectar componentes do sistema imunológico, como células T

CD4+, células dendríticas e macrófagos, levando a imunodepressão do sistema de defesa

do organismo humano. Indivíduos infectados que não fazem o uso da terapia

antirretroviral (TARV) podem cursar com um estado grave de comprometimento do

sistema imunológico, abrindo portas para a instalação de doenças oportunistas (COSTA,

2010).

A histoplasmose aparece como primeira manifestação de AIDS de 50% a 75%

em HIV positivos e em pacientes com contagem de CD4 abaixo de 150

células/mm3(WHEAT, 1994; KAUFFMAN, 2007; GÓMEZ, 2011). Os sintomas de

pacientes com histoplasmose nem sempre são bem definidos, uma vez que se assemelha

com os de outras doenças como gripes, pneumonia, tuberculose. Por este motivo, a

detecção rápida da histoplasmose é essencial para a definição do diagnóstico e

tratamento adequado tanto em pacientes imunodeprimidos como em imunocompetentes

(CASOTTI et al., 2006).

O isolamento e identificação do fungo é padrão ouro para confirmação do

diagnóstico através de procedimentos microbiológicos, porém o cultivo de H.

capsulatum é bastante demorado. Técnicas imunológicas podem fornecer um

diagnóstico rápido e presuntivo de infecções agudas, na sua fase inicial ou crônicas.

Dentre as principais técnicas sorológicas utilizadas para detecção de anticorpos da

histoplasmose podemos destacar a imunodifusão dupla em gel e reação de fixação do

complemento, apontados como testes de referência quando usadas conjuntamente.

Porém estas metodologias apresentam limitações no que diz respeito ao diagnóstico da

forma disseminada da histoplasmose, podendo apresentar resultados falso-negativos e

reações cruzadas com outros patógenos (GUIMARÃES et al., 2006).

Foi demonstrado que ensaios imunoenzimáticos, tais como Western blot e

ELISA apresentaram bom rendimento para detecção de anticorpos na histoplasmose

(PIZZINI et al., 1999).

A detecção do antígeno em fluidos corporais para diagnóstico da histoplasmose

disseminada pode ser mais efetivo do que métodos que visam detecção de anticorpos

(KLOTZ et al., 1986). A técnica de Radioimunoensaio (RIA) é bastante eficaz na

identificação do antígeno polissacáride e demonstra alta sensibilidade em pacientes com

HIV e histoplasmose disseminada. Um Elisa de inibição (inh- ELISA) é uma técnica de

Page 14: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

14

diagnóstico onde utiliza-se anticorpos monoclonais e que apresenta percentuais de

sensibilidade e especificidade que variam de acordo com a forma clínica da doença,

empregado em amostras de urina de pacientes (GOMEZ et al., 1997; 1999).

Métodos moleculares vem sendo descritos visando aplicação no diagnóstico da

histoplasmose. Reação em cadeia da polimerase (PCR) tendo como alvo o gene do

antígeno M de H. capsulatum já foi descrito e demonstrou uma sensibilidade de 70% e

especificidade de 100%. Recentemente foi desenvolvido um Nested real time PCR

utilizando a região do DNAr e também regiões específicas como o gene que codifica a

proteína Hc100 (100kDa) onde a sensibilidade variou de 33 a 77% (GUEDES HL et

al., 2003; BRILHANTE et al., 2016; MURAOSA et al., 2016).

Page 15: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

15

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Realizar uma revisão de literatura científica comparando metodologias

tradicionais e alternativas para o imunodiagnóstico da histoplasmose.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Revisar informações gerais sobre a histoplasmose: o agente etiológico,

epidemiologia, fatores de virulência, a patogenia, as manifestações clínicas, tratamento;

Pesquisar sobre o diagnóstico micológico, histopatológico, diagnóstico

molecular com enfoque no sorodiagnóstico baseado na detecção de antígenos e

anticorpos;

Comparar o emprego das metodologias moleculares baseadas em proteínas

utilizadas para detecção indireta de Histoplasma capsulatum no hospedeiro.

Page 16: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

16

3. METODOLOGIA

A revisão literária incluiu artigos originais e utilizou como seleção as seguintes

plataformas de consulta: PubMed (Public Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online), Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e Google acadêmico.

Foram utilizados também livros de editoras nacionais e internacionais.

Os descritores utilizados para a busca de artigos foram: “histoplasma

capsulatum”, “micoses sistêmicas”, “infecções fúngicas”, “diagnóstico de

histoplasmose”, “sorologia para histoplasmose” na língua portuguesa e diagnosis of

histoplasmosis”, “immunodiagnostic of histoplasmosis”, na língua inglesa.

A seleção dos mesmos buscou citações referentes aos últimos 20 anos (1997 –

2017).

Page 17: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

17

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 HISTÓRIA DO AGENTE ETIOLÓGICO

A histoplasmose foi primeiramente descrita no ano de 1905 por Samuel Taylor

Darling, patologista americano, que ao realizar a autopsia em um paciente negro de 27

anos, carpinteiro nativo do Panamá que apresentava anemia, leucopenia, febre e

hepatoesplenomegalia, Darling encontrou dentro de macrófagos alveolares parasitas

intracelulares com corpos ovais de aproximadamente 3 µm de diâmetro. O parasita

recebeu o nome de Histoplasma capsulatum baseado na presença no mesmo no interior

de histiócitos (DARLING; ZONE, 1909).Darling sempre procurava em suas necropsias

casos suspeitos de leishmanioses, dando-lhe preferência a doentes que haviam falecido

com quadro de leucopenia, febre e hepatoesplenomegalia. Três anos depois, Darling

relatou mais dois casos fatais da nova doença que envolvia um paciente chinês que

residia há 15 anos no Panamá e um negro martinicano. Pela semelhança com as

características da leishmaniose visceral, o agente etiológico da histoplasmose foi

incorretamente classificado como um protozoário encapsulado chamado de Histoplasma

capsulatum (GOODWIN; PREZ, 1978).

Em Berlim no ano de 1912, o patologista e infectologista brasileiro Henrique da

Rocha Lima revendo o material de Darling chegou à conclusão que o processo era

micótico demonstrando a natureza fúngica da histoplasmose. Somente em 1934, H.

capsulatum foi corretamente identificado como fungo de dimorfismo térmico por De

Monbreum que produziu infecções experimentais em animais de laboratório (De

MONBREUM, 1934). Em 1949, Emmons realizou o primeiro isolamento de H.

capsulatum através de amostras de solo recolhidas de tocas de ratos com histoplasmose

(POND, 1949).

Page 18: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

18

4.2 HISTOPLASMA CAPSULATUM

A histoplasmose é uma micose sistêmica causada pelo fungo dimórfico

Histoplasma capsulatum, que apresenta duas variedades: var. capsulatum e var.

duboisii, que são infectantes a indivíduos imunodeprimidos e imunocompetentes

(LACAZ et al., 2002).Taxonomicamente, H. capsulatum é um eucarioto pertencente ao

Reino Fungi e encontra-se na divisão (filo) Ascomycota, Classe Eurotiomycetes, Ordem

Onygenales, Família Ajellomycetaceae, Gênero Histoplasma, Espécie Histoplasma

capsulatum (KASUGA et al., 2003).

H. capsulatum é um fungo saprófita e solos contaminados com fezes de aves e

morcegos servem como reservatório para o mesmo. As fezes desses animais são

formadas por fontes de compostos nitrogenados, que são nutrientes necessários para o

crescimento desse fungo. Histoplasma capsulatum pode ser encontrado em ocos de

árvores, construções abandonadas e inacabadas, cavernas e grutas habitadas por

morcegos (AIDÉ, 2009; ZANCOPÉ-OLIVEIRA; TAVARES; MUNIZ, 2005).

O fungo H. capsulatum apresenta-se sob duas formas, miceliana e

leveduriforme. Em forma de micélio ou também chamada filamentosa, cresce em uma

temperatura de 25°C, é composto de hifas hialinas, septadas e ramificadas, que

produzem microconídios geralmente esféricos, medindo de 2-4 µm (infectantes ao

homem) e macroconídios que medem em torno de 8-20 µm (podem ou não ser

tuberculados). Na forma parasitária ou em cultivo a 37ºC, o fungo é encontrado sob a

forma leveduriforme, que são estruturas unibrotantes e arredondadas, medindo de 2-5

µm de diâmetro (Ilustração 1) (ZANCOPÉ-OLIVEIRA et al., 2013).

Page 19: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

19

Ilustração 1: Diferenciação celular de Histoplasma capsulatum. A) Cultivo da fase leveduriforme do

fungo por 72h à 37°C, aspecto microscópico de levedura unibrotante. B) Cultivo da fase de transição de

levedura para micélio por 48h à 25°C, aspecto microscópico de algumas hifas hialinas septadas em

formação. C) Cultivo da fase filamentosa do fungo por 96h à 25°C, aspecto microscópico de hifas

hialinas septadas e presença de microconídios e dos macroconídios tuberculados (Fonte: Cortesia de

MARCOS DE ABREU ALMEIDA).

4.3 EPIDEMIOLOGIA

A histoplasmose possui maior prevalência em zonas tropicais e temperadas. Essa

micose sistêmica é amplamente distribuída no continente americano, mais

especificamente na região centro-oeste dos Estados Unidos, onde estão localizados os

vales dos Rios Mississipi e Ohio e na região dos Grandes Lagos. Na América do Sul, os

países da Argentina, Venezuela, Equador, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Brasil

possuem alta incidência da doença. Países da América Central como México, Panamá,

Guatemala, Honduras e Nicarágua também apresentam alta predominância da doença.

Parte do continente africano é acometida com casos esporádicos de histoplasmose,

sendo a espécie Histoplasma duboisii responsável pela infecção. Poucos casos

reportados na Ásia e Europa conforme na ilustração 2, são referentes a indivíduos que

viajaram para áreas endêmicas e se infectaram com H. capsulatum regressando com a

doença latente para suas residências(COLOMBO et al., 2011; PANACKAL et al.,

2002).

Page 20: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

20

Ilustração 2: Distribuição geográfica de H. capsulatum var. Capsulatum (roxo) e H. capsulatum var.

Duboisii (área sombreada). Os círculos indicam o número de casos publicados de histoplasmose

autóctone associada ou não à AIDS. A maioria dos casos africanos foi observada fora da África

(WHEAT, LAWRENCE J. et al., 2016).

No Brasil, as epidemias de histoplasmose ocorrem em áreas endêmicas e não-

endêmicas de acordo com a exposição a locais contaminados com H. capsulatum. As

microepidemias no país estão relacionadas a grupos de indivíduos que foram infectados

após visitas a grutas habitadas por morcegos, galinheiros ou pombais (ROSSINI, 2006).

Em oito estados brasileiros já foram registradas 26 microepidemias em um curto espaço

de tempo, são eles: Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba, Rio de

Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo (AIDÉ, 2009).

Pesquisas recentes revelaram a ocorrência de histoplasmose em outros estados,

como do Maranhão e Piauí, o que remete a existência de microfocos também nessas

regiões do país (FILHO et al., 2009). A real prevalência da doença no Brasil é

subestimada pela falta de métodos diagnósticos mais eficazes, associada a não

notificação dos casos constatados da doença aos órgãos de saúde. As áreas em que o

índice de histoplasmose é endêmico estão localizadas entre as regiões centro-oeste e

sudeste e isto se deve pelo fato dessas regiões apresentarem condições favoráveis para o

crescimento fúngico associadas ao clima moderado com umidade constante (Ilustração

3).Numerosos inquéritos epidemiológicos realizados no Brasil, através da reatividade

Page 21: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

21

intradérmica àhistoplasmina, demonstraram expressivos índices de positividade da

infecção nas diferentes regiões do país (GUIMARÃES et al., 2006).

Ilustração 3: Distribuição da histoplasmose no Brasil, conforme indicado pela positividade do teste

cutâneo de histoplasmina. No Brasil, as áreas endêmicas estão localizadas entre a região centro-oeste e

sudeste, onde a prevalência gira em torno de 4.4 – 63% e 3.0 – 93,2%, respectivamente. Geralmente as

condições ambientais presentes em áreas de alta endemicidade são um clima moderado com umidade

constante (Adaptado de GUIMARÃES et al., 2006).

4.4 FATORES DE VIRULÊNCIA

O H. capsulatum apresenta diversos fatores de virulência que favorecem a

adesão fúngica, colonização, disseminação e habilidade para sobreviver a ambientes

desfavoráveis driblando os mecanismos de defesa do sistema imunológico do

hospedeiro (KUROKAWA et al., 1998). Um dos principais fatores de virulência de H.

capsulatum é o dimorfismo, um aspecto considerável na patogênese da doença, visto

que a forma filamentosa é a que garante a infecção e a forma leveduriforme a que

parasita o homem causando a doença (NEMECEK, 2006).

A expressão de vários genes específicos da fase leveduriforme de H.

capsulatum tem relação com a virulência fúngica, em resposta a altas temperaturas e

Page 22: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

22

outras condições adversas; genes relacionados à transição de fases do desenvolvimento

e a presença de uma estrutura polissacarídica na parede celular, composta por

galactomananasα -1,3 glucana, β -1,3 glucano, quitina, proteínas e lipídeos. A fase de

transição do fungo estimulada pela temperatura pode alterar a biossíntese de glucanos,

ou seja, a síntese do α-1,3 glucano é uma particularidade própria da fase leveduriforme

de H. capsulatum. Esta estrutura interfere na ativação das células do sistema imune o

que permite sua permanência dentro dos fagolisossomos e está diretamente ligado à

virulência das cepas (RIBEIRO, 2012). Em parte, o β -1,3 glucano que é prevalente na

fase filamentosa atuam na organização de mediadores inflamatórios (TNF-α) e no

recrutamento de leucócitos (KUROKAWA et al., 1998). O galactomanano está

localizado na parte externa da parede celular, sendo considerado um polissacarídeo

antigênico desse fungo (HOLBROOK; RAPPLEYE, 2008). Algumas cepas de H.

capsulatum, possuem melanina aderidas a parede celular. Esse pigmento fúngico auxilia

na proteção do fungo contra fatores ambientas como intensas temperaturas, mecanismos

de defesa do sistema imune do hospedeiro e tratamento com antimicrobianos. Por

ventura, este mesmo pigmento interfere na ação de antifúngicos, reduzindo a

sensibilidade de H. capsulatum a drogas como a anfotericina B e a caspofungina(DUIN;

CASADEVALL; NOSANCHUK, 2002).

Outro fator de virulência de extrema importância que envolve alguns fungos

patogênicos, incluindo H. capsulatum, é a capacidade de tolerar a espécies reativas de

oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS). Isso ocorre devido a uma enzima chamada catalase

que decompõem H2O2 (peróxido de hidrogênio) em H2O e O2,que é encontrada em

todos os organismos aeróbicos e funciona como uma proteção a mecanismos oxidativos

do hospedeiro (MARESCA; KOBAYASHI, 2000). Sendo assim, H. capsulatum,

quando fagocitado por macrófagos, poderia secretar a catalase no interior dos

fagolisossomos impedindo a oxidação das suas estruturas fúngicas, escapando de uma

lise celular.

O gene yps-3 é encontrado especialmente na fase leveduriforme de H.

capsulatum. Atualmente, alguns estudos proteômicos obtiveram achados de uma

proteína codificada (YPS3p) encontrada tanto como constituinte da parede da célula

fúngica como uma molécula secretada. Embora a função exata dessa proteína ainda for

desconhecida, ela tem sido associada com a virulência de algumas cepas visto que o

Page 23: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

23

silenciamento deste gene diminui a virulência in vitro e durante a infecção murina.

(BOHSE; WOODS, 2005; RAPPLEYE; ENGLE; GOLDMAN, 2004).

4.5 PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A infecção humana ocorre através da via respiratória, onde os esporos

infectantes inalados pelo hospedeiro alcançam os alvéolos pulmonares, induzindo a uma

estimulação de resposta inflamatória por parte do hospedeiro como observado na

ilustração4. Macrófagos e células reticuloendoteliais do local, fagocitam os conídios e

leveduras onde os mesmos podem sobreviver dentro de estruturas chamadas

fagolisossomos (GILDEA et al., 2005). As leveduras de H. capsulatum quando se

encontram no interior de macrófagos, elas se multiplicam e deslocam-se até os

linfonodos hílares e mediastinais atingindo a circulação sanguínea podendo obter acesso

para outros órgãos como baço, fígado, medula óssea entre outros (CONCES, 1996). A

manifestação clínica da histoplasmose vai desde infecção assintomática a disseminação

hematogênica (GOODWIN, 1978).

Ilustração 4: Ciclo biológico do fungo Histoplasma capsulatum no hospedeiro. (A) Aves e morcegos

deixam suas excretas em solo onde ocorre o crescimento fúngico; (B) O homem inala os microconídios

infectantes presentes no ambiente; (C) após a inalação, ocorre à transição da fase filamentosa para

leveduriforme nos alvéolos pulmonares, forma esta que parasita o homem causando a doença; macrófagos

fagocitam as leveduras de H. capsulatum (adaptado de MURRAY et al., 2006).

Page 24: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

24

O desenvolvimento de infecção assintomática ou sintomática na histoplasmose é

diretamente dependente do estado de competência imunológica do hospedeiro, da

virulência da cepa infectante e da carga parasitária adquirida (COLOMBO et al.,

2011).A grande maioria dos pacientes expostos a H. capsulatum permanecem

assintomáticos ou desenvolvem apenas sintomas leves, que nunca são reconhecidos

como sendo devidos à esta doença.

A histoplasmose pulmonar aguda é evidente após incubação de um período de

14 dias, e são caracterizadas por febre, calafrios, dispnéia e tosse. Radiografias do tórax

geralmente demonstram opacidades irregulares bilaterais difusas com hilar visível e

adenopatia mediastinal (Ilustração 5) (BUXTON et al., 2002).

Ilustração 5: Radiografia do tórax de paciente do sexo masculino com histoplasmose pulmonar aguda,

com múltiplos nódulos pulmonares, resultante da grande quantidade de conídios presentes em

galinheiro(FERREIRA; BORGES, 2009).

A infecção pulmonar crônica desenvolve-se geralmente em indivíduos que já

possuem uma doença pulmonar adjacente, em especial indivíduos tabagistas com mais

de 50 anos de idade (FERREIRA; BORGES, 2009). Os sintomas mais comuns são

febre, tosse produtiva, dor retroesternal, suores noturnos, perda de peso, mas

normalmente se repetem em crises de exacerbação, acompanhadas de agravamento

radiográfico.As radiografias de tórax mostram infiltrados irregulares, na maioria das

vezes nos lobos superiores que eventualmente consolidam progresso a áreas que se

assemelham a cavitação representando a inflamação circundante bolhas pré-

Page 25: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

25

existentes(KENNEDY; LIMPER, 2007). De muitas maneiras, a síndrome se assemelha

a uma tuberculose pulmonar (Ilustração 6).

Ilustração 6: Radiografia do tórax de paciente com histoplasmose pulmonar crônica, sendo visível

cavitações e perda de volume no pulmão direito (FERREIRA; BORGES, 2009).

A histoplasmose disseminada (HD) ocorre especialmente em indivíduos HIV

positivos, porém um estudo de caso recente no leste da Índia identificou uma mulher de

35 anos de idade imunocompetente que apresentou linfadenopatia generalizada com

quatro meses de duração. A mesma foi clinicamente diagnosticada com linfoma Não

Hodgkin erradamente. O médico cirurgião responsável fez uma biópsia excepcional de

um linfonodo. Seções histopatológicas apresentaram tecido repleto de histiócitos

aumentados com citoplasma repletos de H. capsulatum e células inflamatórias no

mesmo local(REPORT, 2017).

Os sintomas de HD são os de uma infecção grave com febre, sudorese, cansaço,

hemorragia intestinal e conjuntamente hepatoesplenomegalia, hipertrofia ganglionar e

ulcerações das mucosas(WHEAT, LAWRENCE J. et al., 2016).Exames laboratoriais

geralmente apontam anemia, trombocitopenia, leucopenia e o aumento das enzimas

hepáticas e bilirrubina(KAUFFMAN, 2007). É considerada a forma clínica mais grave

da histoplasmose, em que a multiplicação do fungo não só acontece nos pulmões, mas

também em órgãos extrapulmonares (KNOX; HAGE, 2010).

Page 26: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

26

4.6 TRATAMENTO

Em indivíduos saudáveis a histoplasmose normalmente não necessita de

tratamento posto que o próprio sistema imunológico do hospedeiro é capaz de combater

o agente etiológico desta infecção.As principais exceções são indivíduos saudáveis com

exposição recente a um sítio contaminado com o organismo, em que o tratamento

profilático com antifúngicos mais fracos como o fluconazol, também utilizado no

tratamento geralmente é recomendado para encurtar a duração da doença e prevenir a

ocorrência rara de histoplasmose disseminada. Por outro lado, a histoplasmose na

maioria dos indivíduos imunodeprimidos é de forma progressiva e o tratamento sempre

é recomendado (SATHAPATAYAVONGS et al., 1983; MYINT et al., 2014).

A escolha do tratamento correto depende do estado imunológico do paciente e

da gravidade em que se encontra a doença. O H. capsulatum é vulnerável a diversos

antifúngicos, como a anfotericina B, itraconazol e fluconazol. Atualmente a anfotericina

B é a droga mais eficaz no tratamento desta doença, principalmente nos casos

disseminados. O fluconazol tem se apresentado menos eficaz no tratamento da

histoplasmose em pacientes com AIDS e geralmente só é utilizado como terapia

alternativa quando o paciente demonstra intolerância ao mesmo ou apresenta doença

renal (WHEAT, JOSEPH, 1995; WHEAT, L JOSEPH et al., 2007).

Maior parte dos pacientes com histoplasmose pulmonar aguda não necessita de

tratamento antifúngico, uma vez que é uma infecção moderada e a recuperação ocorre

no prazo de quatro a sete semanas após o início dos sintomas. Aqueles que manifestam

sintomas por longo tempo devem ser tratados com itraconazol (200mg) uma ou duas

vezes por dia, durante seis a doze semanas. O tratamento da forma pulmonar crônica é

fundamental por ser uma doença de curso progressivo e fatal, onde se deve fazer o uso

deitraconazol (200 mg) com acompanhamento cuidadoso para a detecção de recidivas.

A anfotericina B só é administrada em pacientes que necessitam de internação ou são

inaptos de absorver o itraconazol por via oral (WHEAT, JOE et al., 2017; WHEAT, L

JOSEPH et al., 2007).

Um relato de caso envolvendo um paciente do sexo masculino com 27 anos de

idade nativo de Parintins, Amazonas, com quadro de histoplasmose disseminada

cutânea, confirmada pelo exame histopatológico, tinha sorologia positiva para HIV há

Page 27: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

27

seis meses e não fazia TARV. O mesmo apresentava sintomas como mal-estar geral,

perda ponderal, linfoadenomegalia axial e lesões cutâneas (Ilustração7A). A contagem

de linfócitos T CD4+ era 42 células/mm

3e a carga viral 153.024 cópias RNA/ml, o que

confirmou o diagnóstico de AIDS. O paciente foi tratado inicialmente com anfotericina

B (dose de 0,5g) e TARV (zidovudina 600mg/dia, lamivudina 300mg/dia e efavirenz

600mg/dia), apresentando boa resposta terapêutica. Após a alta hospitalar e regressão

das manifestações cutâneas, a anfotericina B foi substituída por itraconazol

(200mg/dia), por via oral, durante 30 dias; logo após, a dose foi diminuída para

100mg/dia. As manifestações cutâneas regrediram e meses depois o paciente

interrompeu, voluntariamente, o tratamento antifúngico (Ilustração7B). Nesse momento,

a contagem de células TCD4+

era 434 células/mm3 e a carga viral do HIV-1

indetectável. O estudo demonstrou a eficácia da anfotericina B/ itraconazol associada à

TARV em aidéticos que apresentam histoplasmose disseminada cutânea(TALHARI;

RIBEIRO-RODRIGUES, 2011).

Ilustração 7: A. Paciente antes do início do tratamento; B. Paciente após o tratamento com anfotericina

B/itraconazol ( Adaptado de TALHARI; RIBEIRO-RODRIGUES, 2011).

Page 28: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

28

4.7 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico da histoplasmose é estabelecido através da avaliação clínica (que

engloba os sintomas da doença), epidemiológica, radiológica e laboratorial. Ainda que

as manifestações clínicas sejam bem definidas, o diagnóstico dessa doença não pode ser

só fundamentado com base nos aspectos clínicos e radiológicos uma vez que existe uma

sobreposição considerável da histoplasmose com outras infecções sistêmicas. Desse

modo, o diagnóstico definitivo da histoplasmose deve ser confirmado através das

técnicas laboratoriais como as técnicas micológicas, histopatológicas, moleculares e

imunológicas (GUIMARÃES et al., 2006; AKRAM; KOIRALA, 2017).

4.7.1 DIAGNÓSTICO MICOLÓGICO

O diagnóstico definitivo da histoplasmose requer o isolamento do fungo H.

capsulatum em meios de cultura específicos ou a visualização de formas leveduriformes

do fungo em materiais biológicos (GUIMARÃES et al., 2006).O material a fresco

usado no exame direto são tratados com hidróxido de potássio (KOH) a 10% e podem

ser corados pela hematoxilina-eosina (HE) ou por impregnação pela prata, porém tem

pouco valor pois se trata de um parasita com pequenas dimensões e de difícil

diferenciação (SIDRIN; ROCHA, 2004).

Considerado padrão ouro no diagnóstico da histoplasmose, a obtenção de cultura

fúngica de Histoplasma capsulatum é um procedimento que demanda tempo mínimo de

quatro semanas para crescimento em meio de cultura específico, sendo ainda necessária

a conversão da fase miceliana do fungo para a leveduriforme, aumentando o tempo para

diagnóstico definitivo. As amostras devem ser cultivadas a 37° podendo ser utilizados

para o cultivo meios como ágar batata, ágar-Sabourad dextrose (acrescido ou não de

clorofenicol e cicloeximida) ou ágar BHI (ágar-infusão cérebro-coração). Quando

incubados a 25°C as colônias do fungo são inicialmente lisas, mas com o tempo tornam-

se filamentosas algodonosas e acastanhadas. Microscopicamente são observadas finas

hifas hialinas, septadas e ramificadas compostas de microconídios e macroconídios

(tuberculados) (Ilustração8A). A conversão da forma filamentosa para a forma

leveduriforme é necessária para a confirmação do diagnóstico, pois essas estruturas

Page 29: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

29

podem ser confundidas com estruturas de outros fungos saprófitas dos gêneros

Chrysosporium e Sepedonium (WANKE; LAZÉRA, 2004). A transformação para a fase

leveduriforme pode ocorrer quando a cultura de H. capsulatum é incubada a 35-37°C

(semelhante à temperatura corporal humana), formando colônias de coloração branca a

marrom de superfície lisa e textura cremosa. Porém a conversão não acontece

facilmente, necessitando de nutrientes especiais dependendo das características

fisiológicas de cada cepa. Microscopicamente observam-se pequenas leveduras

redondas ou unibrotantes (Ilustração 8B). É interessante ressaltar que o manuseio das

culturas de H. capsulatum é um procedimento considerado de risco para quem os

manipula, e devem ser realizados em laboratórios com nível de biossegurança 3

(GUIMARÃES et al., 2006).

Ilustração 8: Histoplasma capsulatum. A. forma filamentosa a 25ºC, aspecto macromorfológico em ágar

batata dextrose, comprovando colônia algodonosa branca e ao lado micromorfologicamente mostrando

hifas e os macroconídios tuberculados em lactofenol azul de algodão; B. forma leveduriforme a 35°C em

ágar-BHI comprovando colônias de aspectos úmidos de coloração branco-amarelada e ao lado

micromorfologicamente mostrando estrutura leveduriforme com brotamento em lactofenol azul de

algodão (GUIMARÃES et al., 2006).

Page 30: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

30

4.7.2 DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO

O estudo histopatológico é feito através da visualização das leveduras de H.

capsulatum dentro de células do sistema imune como macrófagos ou monócitos e

também fora delas. As amostras biológicas mais empregadas para o exame direto são:

escarro, líquido cefalorraquidiano (LCR), lavado broncoalveolar (LBA), aspirado de

medula óssea e biópsias.

As leveduras aparecem como um corpúsculo ligeiramente basofílico, esférico ou

ovalado, cercadas por um halo claro delimitado por uma parede celular fina. Os cortes

histológicos de vários tipos de tecidos (pulmão, linfonodo, medula óssea e fígado)

revela a presença de granulomas, com ou sem necrose de caseosa (degeneração onde o

tecido se transforma em matéria seca e amorfa), em indivíduos imunocompetentes, ao

mesmo tempo em que indivíduos imunocomprometidos a presença de granulomas

frouxo, agregados linfo-histiocitários (de macrófagos inativos) ou somente infiltrado

mononuclear difuso é frequentemente encontrado (AIDÉ, 2009).

A colheita histológica deve ser realizada da seguinte maneira: em caso de

biópsias deve-se colocar a amostra entre duas gazes estéreis umedecidas com água

destilada ou soro fisiológico, acondicionando em recipiente estéril para transporte. O

processamento é caracterizado pelo corte histológico em pequenos fragmentos seguido

de maceração. Em aspirados como de medula óssea e lavado broncoalveolar ou escarro,

deve ser feito o armazenamento do material em tubo estéril e imediatamente realizar o

exame direto a fresco após a coloração (GUARNER; BRANDT, 2011).

A técnica de coloração comumente usada na rotina laboratorial é a hematoxilina-

eosina (HE), porém não permite a visualização das leveduras pequenas minúsculas,

sendo assim, necessário o uso de colorações mais específicas como a prata (Gomori

metenamina ou Grocott) e PAS (ácido periódico de Schiff) que permitem uma melhor

visualização fúngica. A prata metenamina Gomori é considerada melhor técnica de

coloração porque oferece bom contraste e frequentemente cora células fúngicas que são

resistentes ao PAS (Ilustração 9) (WHEAT, L JOSEPH et al., 2016).

Page 31: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

31

Ilustração 9: Aspecto histopatológico de amostra da medula óssea, mostrando leveduras de Histoplasma

capsulatum corados pela prata (adaptado de KAUFFMAN, 2009).

Dificuldades de interpretação no exame histopatológico podem acontecer devido

ao fato da estrutura das leveduras de H. capsulatum serem similares as de outros

patógenos como Candida glabrata, Penicillium marneffei, Pneumocystis jirovecii,

Cryptococcus neoformans, Toxoplasma gondii e Leishmania donovani, levando a

resultado falso-positivos(AZAR; HAGE, 2017). Desta forma, é interessante estar

familiarizado com a morfologia destes agentes patogênicos e com suas características de

coloração por diferentes métodos (GUIMARÃES et al., 2006).

4.7.3 DIAGNÓSTICO MOLECULAR

Com o objetivo de melhorar o diagnóstico da histoplasmose, novas técnicas

moleculares têm sido utilizadas na detecção e sequenciamento de DNA e RNA e estão

dando suporte aos métodos tradicionais oferecendo uma maior rapidez assim como

sensibilidade e especificidade no diagnóstico da histoplasmose (PRACTICE; DIAL,

2007). A técnica de PCR é uma técnica segura na qual ocorre à rápida degradação do

patógeno por meio da extração do material genético, limitando o risco de contaminações

laboratoriais permitindo um diagnóstico precoce antes da cultura se tornar positiva.

Apesar de oferecer vantagens, essa técnica não substitui a obtenção do isolamento do

agente etiológico, mas acrescenta muito ao conjunto de métodos

diagnósticos(BUITRAGO et al., 2006). Diferentes alvos moleculares têm sido

Page 32: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

32

utilizados nas reações de PCR para o reconhecimento de Histoplasma capsulatum. O

mais utilizado recentemente é feito através de DNA ribossomal (DNAr), que apresenta

uma série repetitiva de três regiões gênicas (18S, 5.8S e 28S) e duas regiões espaçadores

intergênicas (ITS). As regiões ITS estão localizadas entre as regiões gênicas 18S e 28S,

apresentam níveis de variações medianas, o que a torna apropriável para a identificação

de gênero e/ou espécie, particularmente na revelação de polimorfismos do agente em

questão(JIANG et al., 2000).

A utilização do DNAr na identificação de H. capsulatum é devido a alta

sensibilidade que ele apresenta, posto que várias copias estão presentes no genoma.

Entretanto, altas taxas de resultados falso-positivos foram encontradas ao utilizar a

região 18S do RNAr como finalidade, o que sugere a utilização de uma nova região alvo

complementar no intuito de obter uma técnica de PCR com alta especificidade(BIALEK

et al., 2002). Estudos recentes têm avaliado técnicas como Nested PCR para o

reconhecimento de H. capsulatum utilizando a região do DNAr e também regiões

específicas como o gene que codifica a proteína Hc100 (100kDa), proteína esta

fundamental para a supervivência de H. capsulatum na célula humana e o gene que

codifica o antígeno M (glicoproteína fúngica que ativa a resposta imune humoral e

celular no hospedeiro humano) de H. capsulatum. Desse modo, a busca por novas

sequências alvo é fundamental para que se consiga uma técnica molecular de alta

especificidade e sensibilidade auxiliando no diagnóstico rápido e seguro da

histoplasmose(AZAR; HAGE, 2017).

Page 33: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

33

4.7.4 IMUNODIAGNÓSTICO

O imunodiagnóstico da histoplasmose baseia-se na identificação indireta da

infecção por H. capsulatum, por meio da detecção de antígenos e/ou anticorpos

específicos em fluidos orgânicos (ZANCOPÉ-OLIVEIRA et al., 2013).

O principal complexo antigênico usado para fins diagnósticos na histoplasmose

é a histoplasmina, um filtrado de cultura na forma filamentosa crescido em meio

sintético de H. capsulatum. Os principais componentes desse complexo são as

glicoproteínas H e M consideradas espécie-específicas no diagnóstico da histoplasmose

e o antígeno C, o qual foi caracterizado como uma galactomanana responsável pelas

reações cruzadas compartilhadas pelos principais fungos dimórficos (ZANCOPÉ-

OLIVEIRA et al., 1994; GUIMARÃES et al., 2011). Vale ressaltar que o teste cutâneo

com histoplasmina é somente usado em investigação epidemiológica e nunca para se

diagnosticar a doença. O teste é dado como positivo caso no local da inoculação ocorra

a formação de uma pápula ou nódulo medindo mais que 5 milímetros de diâmetro, a

leitura deve ser realizada 48 e 72 horas após a aplicação do antígeno (AIDÉ, 2009).

Os testes sorológicos direcionados para diagnóstico da histoplasmose propiciam

a obtenção de resultado com maior rapidez, sendo extremamente uteis quando

comparados com o tempo necessário para a obtenção da cultura. Grande parte dos

ensaios sorológicos apresentam sensibilidade superior a 90% e são fundamentais para

diagnosticar infecções agudas, na sua fase inicial e infecções disseminadas (ALMEIDA

et al., 2016).

As reações de imunodifusão dupla em gel (ID) e fixação do complemento (RFC)

são apontadas como metodologias empregadas para a detecção de anticorpos de

Histoplasma capsulatum e quando usadas conjuntamente apresentam alta especificidade

e sensibilidade (GUIMARÃES et al., 2006).A RFC fundamenta-se na capacidade de

complexos antígeno-anticorpo se fixarem e inativar moléculas de complemento

presentes no soro, seguidos por um sistema indicador composto de hemácias de carneiro

revestidas de anticorpos anti-hemácias usado para revelar se houve ou não o consumo

do sistema complemento pelo imunocomplexo que está sendo pesquisado.Na presença

de complemento, a ligação desses anticorpos a membrana dos eritrócitos recruta

moléculas do complemento resultando em hemólise positivando o teste. Na ausência de

Page 34: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

34

complemento ativo (ou livre), a ligação dos anticorpos na membrana dos eritrócitos não

ocasiona qualquer alteração, pois as mesmas são dependentes do complemento o que

torna o teste negativo. A RFC nos últimos anos vem sendo menos utilizada em

laboratórios, devido ao surgimento técnicas mais práticas, sensíveis e automatizadas

como a de Imunodifusão dupla em gel(AKRAM; KOIRALA, 2017).

A ID é um teste qualitativo que está apoiado na detecção de anticorpos

produzidos contra o antígeno H e M de H. capsulatum que apresenta sensibilidade de

70% e 100% de especificidade. Por oferecer valores de sensibilidade e especificidade

relativamente satisfatórios, ser de fácil execução e baixo custo este teste tornou-se

utilizado por muitos laboratórios. A linha H usualmente coexiste com a linha M, no

entanto, frequentemente a linha M se apresenta como única. A linha H geralmente

aparece depois da linha M, e está presente no soro de pacientes com histoplasmose

ativa, e em alguns casos persiste por um a dois anos após a recuperação (Ilustração 10)

(WHEAT, JOSEPH; HAGE, 2001). Anticorpos anti-M são desencadeados na

histoplasmose aguda ou crônica e em parte dos indivíduos sensibilizados após o teste

cutâneo com histoplasmina (KAUFFMAN, 2007). As precipitinas aparecem após a

exposição de 3 a 5 semanas e após o surgimento dos anticorpos fixadores do

complemento (ZANCOPÉ-OLIVEIRA et al., 1994).

Ilustração 10: Teste de Imunodifusão dupla com presença das precipitinas H e M. O orifício central é

destinado a histoplasmina (extrato antigênico obtido em laboratório da fase miceliana de H. capsulatum).

Os números 1 e 4 são destinados para o soro padrão que é um controle positivo comercializado. Os

números 2,3,5 e 6 são destinados para o soro teste (amostras). Considera-se reação positiva (soro

reagente) quando houver a presença de linhas de precipitação com identidade total com o soro padrão

(FONTE: cortesia de CLAUDIA VERA PIZZINI).

HM

Page 35: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

35

Contudo, estes testes apresentam limitações, pois anticorpos anti-histoplasma

podem ocasionar reação cruzada em pacientes que possuem outros tipos de infecções

sistêmicas fúngicas como blastomicose, coccidioiodomicose, aspergilose e

paracoccidioidomicose.

Testes de aglutinação em partícula de látex foram desenvolvidos para

diagnosticar histoplasmose com o intuito de eliminar reações cruzadas e elevar a

sensibilidade, porém apresenta resultado falso-positivo em pacientes com tuberculose

(DISALVO; CORBETT, 1976; LAND; FOXWORTH; SMITH, 1978; GUIMARÃES

etal., 2006). Neste teste, as partículas de látex recobertas com anticorpos específicos

anti-polissacáride capsular de Histoplasma capsulatum reagem com o antígeno presente

na amostra provocando uma reação de aglutinação proporcional à concentração de

antígenos existentes.

A técnica de Western Blot (WB) tem sido utilizada com sucesso para o

diagnóstico da histoplasmose. Estudos demonstram que quando o antígeno

histoplasmina purificado e deglicosilado (pt-HMIN) é empregado nesta técnica,

apresenta alta especificidade e melhora na sensibilidade (PIZZINI et al., 1999). Por

essa razão, tem-se recomendado a associação das técnicas de Imunodifusão dupla em

gel e Western blot para o diagnóstico da histoplasmose nas fases agudas da doença e

disseminadas graves (ALMEIDA et al., 2016). Na técnica de WB as proteínas são

separadas por eletroforese em gel de poliacrilamida. A eletroforese proporciona a

migração de partículas carregadas (as proteínas) em um solvente condutor, sob a

influência de um campo elétrico. Ao final da eletroforese, as proteínas separadas no gel

são transferidas para uma membrana de nitrocelulose. A membrana passa a conter,

então, a impressão ou cópia das proteínas separadas durante a eletroforese. A partir de

então, o procedimento para a detecção de anticorpos segue o protocolo de um ensaio

imunoenzimático convencional, ou seja, incuba-se as fitas com o soro suspeito por uma

hora em tampão de incubação a temperatura ambiente, seguida de 3 lavagens com

tampão especifico. Incuba-se as fitas com anticorpo secundário conjugado a uma

enzima, realiza-se novamente as três lavangens e ao fim é aplicado o substrato da reação

para visualização das bandas.

Page 36: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

36

A detecção antigênica em fluidos corporais é constantemente utilizada para se

diagnosticar a histoplasmose na fase aguda da infecção e fazer o acompanhamento de

pacientes que apresentam a forma disseminada da doença (WHEAT, L JOSEPH et al.,

2016).

Um método amplamente utilizado é o Radioimunoensaio (RIA) que pode ser

realizado em espécimes clínicos como urina e soro, com base na detecção de um

antígeno polissacarídeo de H. capsulatum empregando soro de coelho policlonal. Neste

teste, ocorre a competição do antígeno a ser detectado na amostra com o antígeno

radiomarcado pelos receptores da molécula de anticorpos fixados na fase sólida em uma

única etapa, seguido de lavangens e leitura. O RIA tem sido particularmente efetivo,

demonstrando sensibilidade de 92% em pacientes com HIV e histoplasmose

disseminada, uma vez que os títulos de anticorpos estão escassos ou baixos para

acompanhamento do paciente. Em geral, os pacientes com histoplasmose disseminada

possuem altos níveis de antígenos para Histoplasma capsulatum, além de ser importante

para o diagnóstico, é vantajoso para monitoração do tratamento.O antígeno é menos

detectável nas formas pulmonar aguda e crônica da histoplasmose (WHEAT;

KAUFFMAN, 2003).

Outro método para detecção de antígenos é um Elisa de inibição (inh- ELISA),

onde a placa é sensibilizada com antígeno de 70 kDa de interesse e ao mesmo tempo a

amostra do paciente a ser analisada é adicionada em tubo estéril contendo os anticorpos

monoclonais direcionados contra a mesma proteína. Após a incubação de ambos,

ocorrendo presença de antígenos na amostra será formado do complexo AG-AC, e

consequentemente quando esta solução for adicionada a placa não ocorrerá ligação com

o antígeno que se encontra aderido a placa logo, o material será perdido quando forem

realizadas as lavagens, então quando o conjugado e o substrato forem adicionados não

ocorrerá reação, porém a resposta para essa amostra será positiva. O inh-ELISA é um

bom método para diagnóstico quando utilizado em urina de pacientes com a forma

pulmonar aguda e crônica da doença, apresentando sensibilidade de 71,4% e

especificidade entre 86 e 98% (AZAR; HAGE, 2017).

Page 37: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

37

5. CONCLUSÃO

O isolamento de Histoplasma capsulatum em cultura e a identificação da

levedura no histopatológico são padrões ouro no diagnóstico da histoplasmose, porém,

conforme já foi descrito, as colônias fúngicas crescem lentamente, além de que este

fungo apresenta uma micromorfologia muito semelhante à de outros patógenos quando

em parasitismo, o que leva a uma dificuldade na obtenção do diagnóstico definitivo.

Infecções fúngicas sistêmicas como a histoplasmose, tem sido uma grande ameaça nas

últimas décadas principalmente com o aumento do número de pacientes

imunocomprometidos, decorrentes do uso de drogas imunossupressoras, infecção pelo

HIV e terapia pós transplante. Por esse motivo, as dificuldades referentes ao diagnóstico

laboratorial de micoses sistêmicas, induzem aos médicos uma estratégia de terapia

empírica, levando a uma falha no tratamento da doença estabelecida proporcionando um

maior custo no tratamento desses pacientes. Em casos como a forma disseminada da

doença, o diagnóstico pode ocorrer de forma tardia após óbito do paciente. Deste modo

o diagnóstico imunológico pode auxiliar fornecendo resultados de forma mais rápida e

precisa. Na histoplasmose, o imunodiagnóstico tem sido usado rotineiramente

auxiliando no diagnóstico dessa infecção. Os métodos moleculares apesar de oferecer

vantagens não substituem a cultura fúngica, mas completam todo o conjunto de métodos

diagnósticos.

Dada à importância do assunto, quando se trata de saúde pública no Brasil, a

ideia de um diagnóstico rápido e preciso como o do imunodiagnóstico para a

histoplasmose, deve ser levado em consideração relacionando-se as seguintes

vantagens:

Relação à exposição do laboratorista a agentes nocivos à saúde;

A agilidade na obtenção de resultados prevenindo o agravo da doença e

facilitando o tratamento precoce de pacientes com HD;

Monitoramento do tratamento e detecção dos casos de recidivas;

Possibilidade de automatização, para que sejam realizados em órgãos

públicos de saúde no Brasil.

Page 38: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

38

6. REFERÊNCIAS

AIDÉ, M. A. Chapter 4--histoplasmosis. o al asil i o p molo ia p li a a o

oficial da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisilogia, v. 35, n. 11, p. 1145–51,

2009. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20011851>.

AKRAM, S. M.; KOIRALA, J. Histoplasmose. StatPearls Publishing, 2017.

ARTICLE, C. Detection of imported histoplasmosis in serum of HIV-infected patients

using a real-time PCR-based assay. p. 665–668, 2006.

AZAR, M. M.; HAGE, C. A. Laboratory diagnostics for Histoplasmosis. Journal of

Clinical Microbiology, n. March, p. JCM.02430-16, 2017. Disponível em:

<http://jcm.asm.org/lookup/doi/10.1128/JCM.02430-16>.

BATANGHARI, J. W.; DEEPE, G. S.; Di CERA, E.; GOLDMAN, W. E. Histoplasma

acquisition of calcium and expression of CBP1 during intracellular

parasitism.DepartmentofMolecularMicrobiology, v. 27, n. 3, p. 531–539, 1998.

BIALEK, R. et al. Evaluation of Two Nested PCR Assays for Detection of Histoplasma

capsulatum DNA in Human Tissue. v. 40, n. 5, p. 1644–1647, 2002.

BOHSE, M. L.; WOODS, J. P. Surface localization of the Yps3p protein of

Histoplasma capsulatum. Eukaryotic Cell, v. 4, n. 4, p. 685–693, 2005.

BRILHANTE, R. S. N. et al. RYP1 gene as a target for molecular diagnosis of

histoplasmosis. Journal of Microbiological Methods, v. 130, p. 112–114, 2016.

Disponível em: <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0167701216302561>.

BUXTON, J. A. et al. Outbreak of histoplasmosis in a school party that visited a cave in

Belize: role of antigen testing in diagnosis. Journal of Travel Medicine, v. 9, p. 48–50,

2002.

CHANG, M. R. et al. STUDY OF 30 CASES OF HISTOPLASMOSIS OBSERVED IN

MATO GROSSO DO SUL STATE , BRAZIL. v. 49, n. 1, p. 37–39, 2007.

Page 39: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

39

COLOMBO, A. L. et al.Epidemiology of endemic systemic fungal infections in Latin

America. Medical Mycology, n. November, p. 1–14, 2011.

DARLING, B. Y. S. T.; ZONE, C. The morphology of the parasite (histo- plasma

capsulatum) and the lesions of histoplasmosis, 1 a fatal disease of tropical america. 2.

1904.

DUIN, D. VAN; CASADEVALL, A.; NOSANCHUK, J. D. Reduces Their

Susceptibilities to Amphotericin B and Caspofungin. v. 46, n. 11, p. 3394–3400, 2002.

GILDEA, L. A. et al. Human Dendritic Cell Activity against Histoplasma capsulatum Is

Mediated via Phagolysosomal Fusion Human Dendritic Cell Activity against

Histoplasma capsulatum Is Mediated via Phagolysosomal Fusion. v. 73, n. 10, p. 6803–

6811, 2005.

GOMEZ, B. L. et al.Development of a novel antigen detection test for histoplasmosis.

Journal of Clinical Microbiology, v. 35, n. 10, p. 2618–2622, 1997.

GOODWIN, R. A.; PREZ, R. M. D. E. S. State of the Art. v. 117, 1978.

GUARNER, J.; BRANDT, M. E. Histopathologic Diagnosis of Fungal Infections in the

21st Century. Clinical Microbiology Reviews, v. 24, n. 2, p. 247–280, 2011.

GUEDES, HL.; GUIMARÃES A. J.; MUNIZ, M. M.; PIZZINI, C. V.; HAMILTON,

A. J.; PERALTA, J. M.; DEEPE, G. S.; ZANCOPÉ-OLIVEIRA, R. M. PCR assay for

identification of histoplasma capsulatum based on the nucleotide sequence of the M

antigen.Journal of Clinical Microbiology, v. 41, n. 2, p. 535–539, 2003.

GUIMARÃES, A. J.; NOSANCHUK, J. D.; ZANCOPÉ-OLIVEIRA, R. M. Diagnosis

of histoplasmosis. Brazilian Journal of Microbiology, v. 37, n. 1, p. 1–13, 2006.

GUIMARÃES, A. J.; CERQUEIRA, M. D.; NOSANCHUK, J. D. Surface architecture

of Histoplasma capsulatum. Frontiers in Microbiology, v. 2, n. 225, 2011.

HEINER, D. C. Diagnosis of histoplasmosis using precipitin reaction in agar gel.

Pediatric, v. 22, p. 617-27, 1958.

HOLBROOK, E. D.; RAPPLEYE, C. A. Histoplasma capsulatum pathogenesis :

making a lifestyle switch. p. 318–324, 2008.

Page 40: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

40

JIANG, B. et al. Typing of Histoplasma capsulatum Isolates Based on Nucleotide

Sequence Variation in the Internal Transcribed Spacer Regions of rRNA Genes. v. 38,

n. 1, p. 241–245, 2000.

KASUGA, T. et al. Phylogeography of the fungal pathogen Histoplasma capsulatum.

Molecular Ecology, v. 12, n. 12, p. 3383–3401, 2003.

KAUFFMAN, C. A. Histoplasmosis: A clinical and laboratory update. Clinical

Microbiology Reviews, v. 20, n. 1, p. 115–132, 2007.

KENNEDY, C. C.; LIMPER, A. H. Redefining the Clinical Spectrum of Chronic

Pulmonary Histoplasmosis. Medicine, v. 86, n. 4, p. 252–258, 2007. Disponível em:

<http://content.wkhealth.com/linkback/openurl?sid=WKPTLP:landingpage&an=00005

792-200707000-00008>.

KNOX, K. S.; HAGE, C. A. Histoplasmosis. Proceedings of the American Thoracic

Society, v. 7, n. 3, p. 169–172, 2010. Disponível em:

<http://pats.atsjournals.org/cgi/doi/10.1513/pats.200907-069AL>.

MARESCA, B.; KOBAYASHI, G. S. Dimorphism in Histoplasma capsulatum and

Blastomyces dermatitidis. Contrib Microbiol, v. 5, p. 201–216, 2000. Disponível em:

<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&dopt=Ci

tation&list_uids=10863674>.

MURAOSA, Y. et al. Detection of Histoplasma capsulatum from clinical specimens by

cycling probe-based real-time PCR and nested real-time PCR. Medical Mycology, v. 54,

n. 4, p. 433–8, 2016. Disponível em:

<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26705837>.

MYINT, T. et al. Histoplasmosis in Patients With Human Immunodeficiency Virus /

Acquired Immunodeficiency Syndrome ( HIV / AIDS ) Multicenter Study of Outcomes

and Factors Associated With Relapse. v. 93, n. 1, p. 11–18, 2014.

NEMECEK, J. C. Global Control of Dimorphism and Virulence in Fungi. Science, v.

312, n. 5773, p. 583–588, 2006.

Page 41: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

41

PANACKAL, A. A. et al. Fungal Infections among Returning Travelers. Clinical

Infectious Diseases, v. 35, n. 9, p. 1088–1095, 2002. Disponível em:

<https://academic.oup.com/cid/article-lookup/doi/10.1086/344061>.

PIZZINI, C. V et al. Evaluation of a western blot test in an outbreak of acute pulmonary

histoplasmosis. Clinical and diagnostic laboratory immunology, v. 6, n. 1, p. 20–3,

1999. Disponível em:

<http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=95654&tool=pmcentrez&r

endertype=abstract>.

POND, M. A. Public Health Reports. v. 64, n. 28, 1949.

PRACTICE, S. A.; DIAL, S. M. Veterinary clinics. v. 37, p. 373–392, 2007.

RAPPLEYE, C. A.; ENGLE, J. T.; GOLDMAN, W. E. RNA interference in

Histoplasma capsulatum demonstrates a role for α-(1,3)-glucan in virulence. Molecular

Microbiology, v. 53, n. 1, p. 153–165, 2004.

REPORT, C. Case Report Role of fine ‑ needle aspiration cytology in diagnosis of

disseminated histoplasmosis in an immunocompetent patient : A case report. p. 156–

158, 2017.

ROSSINI, T. F. HISTOPLASMOSE CLÁSSICA : REVISÃO * CLASSIC

HSITOPLASMOSIS : REVIEW. v. 38, n. 4, p. 275–279, 2006.

SEBGHATI, T. S.; ENGLE, J. T.; GOLDMAN, W. E. Intracellular parasitism by

Histoplasma capsulatum: fungal virulence and calcium dependence.Science, v. 290, n.

5495, p. 1368-1372, 2000.

SIMÃO, M.; BORGES, A. S. Histoplasmose. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical, v. 42, n. 2, p. 192–198, 2009.

TALHARI, C.; RIBEIRO-RODRIGUES, R. Histoplasmosis-associated immune

reconstitution. p. 168–172, 2011.

WHEAT, J. Endemic Mycoses in AIDS : a Clinical Review. v. 8, n. 1, p. 146–159,

1995.

Page 42: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

42

WHEAT, J. et al. Practice Guidelines for the Management of Patients with

Histoplasmosis. n. September, p. 688–695, 2017.

WHEAT, L. J. et al. Clinical Practice Guidelines for the Management of Patients with

Histoplasmosis : 2007 Update by the Infectious Diseases Society of America. v. 45,

2007.

WHEAT, L. J. et al. Histoplasmosis. Infectious Disease Clinics of North America, v. 30,

n. 1, p. 207–227, 2016.

ZANCOPE-OLIVEIRA, R.M.; BRAGG, S.L.; REISS, E.; PERALTA, J.M.

Immunochemical analysis of the H and M glycoproteins from Histoplasma

capsulatum.Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology, v. 1, n. 5, p. 563–568,

1994.

ZANCOPÉ-OLIVEIRA, R. M.; TAVARES, P. M. E. S.; MUNIZ, M. D. M. Genetic

diversity of Histoplasma capsulatum strains in Brazil. FEMS Immunology and Medical

Microbiology, v. 45, n. 3, p. 443–449, 2005.

ZANCOPÉ-OLIVEIRA, R.M.; MUNIZ, M.; WANKE, B. Histoplasmose. Dinâmica

das doenças infecciosas e parasitárias. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan; 2ª edição.

2013.

Page 43: HISTOPLASMOSE · RESUMO A histoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo fungo dimórfico chamado Histoplasma capsulatum, descrita pela primeira vez em 1905 por Darling, após

43