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IDADE MÉDIA 2 história geral apostila 02 História Geral - Apostila 02 Estrutura interna de um feudo. Os filhos mais jovens tornavam-se cavaleiros andantes, em busca de aventura e, talvez, um casamento com uma princesa herdeira de um feudo qualquer. A instituição da cavalaria medieval foi bastante influenciada pelos preceitos da Igreja, tendo como princípios a defesa da Igreja, das mulheres, dos fracos e das viúvas. As guerras no mundo feudal eram muito comuns obrigando os homens a defenderem-se em castelos fortificados. Os servos (Laboratores) : Compunham a base da sociedade feudal e formavam a grande maioria da população. Habitavam os feudos sendo presos à terra. Esse grupo social era fortemente explorado pelos senhores na medida em que estavam obrigados a pagar inúmeros impostos dentre os quais se destacavam a corveia (trabalho gratuito nas terras do senhor), a talha (entrega de parte da produção), as banalidades (pagamento pelo uso de equipamentos como moinho, forno, oficinas, etc), as prestações (alojamento e hospedagem) e a capitação (pagamento por cada membro da família). Havia também um reduzido número de escravos domésticos. O Clero (Oratores): A Igreja permaneceu como principal instituição remanescente do Império Romano, tornando-se a principal organização medieval. Os membros da Igreja se hierarquizaram formando o clero que se subdividia em clero regular do latim regulus (regra, ordem), O trabalho dos monges no interior das abadias. composto pelos monges submetidos a ordens religiosas dentro dos mosteiros onde tinham como principais atividades orar e trabalhar. Dentre as ordens religiosas medievais destacam-se os Beneditinos, ordem fundada por São Bento no século IV d.C. desempenhou importante papel na preservação do conhecimento da antigüidade com a compilação de documentos e na cristianização dos povos bárbaros. Os franciscanos, cujo fundador São Francisco dedicou- se a um modelo de vida pobre e humilde como forma de aproximar-se de Jesus Cristo. A ordem Dominicana fundada por São Domingos destacou-se pelos seus grandes doutores, os membros mais ilustres são os filósofos escolásticos Santo Alberto Magno e São Tomás de Aquino. Tiveram também muitos inquisidores em suas fileiras. Houve muitas outras ordens monásticas tais como os cistercienses, os cluniacenses e os agostinianos. O clero secular, do latim séculus ( mundo), era composto pelos clérigos que estavam ligados as pessoas comuns no “mundo” fortemente hierarquizado se estruturava em párocos, bispos, arcebispos, cardeais e papa. O REINO FRANCO Ainda no século V d.C. os francos haviam assimilado a cultura romana, pois eram os principais fornecedores de mercenários para o exército do Império. Em 481d.C. Clóvis, neto de Meroveu, tornou-se chefe dos francos sálios e converteu-se ao cristianismo em 496. Este rei lançou-se em guerras de conquista logrando unir os francos sálios e ripuários até sua morte em 511 quando já se havia estabelecido em Paris. Seus descendentes continuaram as conquistas da dinastia merovíngea de modo que em 550 toda a Gália e uma parte da Germânia formavam um único domínio o Regnum Francorum (Reino Franco). A partir de 639, os reis merovíngeos tornaram-se fracos (“reis indolentes”) transferiram gradativamente a

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história geralapostila 02

História Geral - Apostila 02

Estrutura interna de um feudo.

Os filhos mais jovens tornavam-se cavaleiros andantes, em busca de aventura e, talvez, um casamento com uma princesa herdeira de um feudo qualquer. A instituição da cavalaria medieval foi bastante influenciada pelos preceitos da Igreja, tendo como princípios a defesa da Igreja, das mulheres, dos fracos e das viúvas.

As guerras no mundo feudal eram muito comuns obrigando os homens a defenderem-se em castelos fortificados.

Os servos (Laboratores): Compunham a base da sociedade feudal e formavam a grande maioria da população. Habitavam os feudos sendo presos à terra. Esse grupo social era fortemente explorado pelos senhores na medida em que estavam obrigados a pagar inúmeros impostos dentre os quais se destacavam a corveia (trabalho gratuito nas terras do senhor), a talha (entrega de parte da produção), as banalidades (pagamento pelo uso de equipamentos como moinho, forno, oficinas, etc), as prestações (alojamento e hospedagem) e a capitação (pagamento por cada membro da família). Havia também um reduzido número de escravos domésticos.

O Clero (Oratores): A Igreja permaneceu como principal instituição remanescente do Império Romano, tornando-se a principal organização medieval. Os membros da Igreja se hierarquizaram formando o clero que se subdividia em clero regular do latim regulus (regra, ordem),

O trabalho dos monges no interior das abadias.

composto pelos monges submetidos a ordens religiosas dentro dos mosteiros onde tinham como principais atividades orar e trabalhar.Dentre as ordens religiosas medievais destacam-se os Beneditinos, ordem fundada por São Bento no século IV d.C. desempenhou importante papel na preservação do conhecimento da antigüidade com a compilação de documentos e na cristianização dos povos bárbaros.Os franciscanos, cujo fundador São Francisco dedicou-se a um modelo de vida pobre e humilde como forma de aproximar-se de Jesus Cristo.A ordem Dominicana fundada por São Domingos destacou-se pelos seus grandes doutores, os membros mais ilustres são os filósofos escolásticos Santo Alberto Magno e São Tomás de Aquino. Tiveram também muitos inquisidores em suas fileiras.Houve muitas outras ordens monásticas tais como os cistercienses, os cluniacenses e os agostinianos.O clero secular, do latim séculus ( mundo), era composto pelos clérigos que estavam ligados as pessoas comuns no “mundo” fortemente hierarquizado se estruturava em párocos, bispos, arcebispos, cardeais e papa.

O REINO FRANCOAinda no século V d.C. os francos haviam assimilado a cultura romana, pois eram os principais fornecedores de mercenários para o exército do Império. Em 481d.C. Clóvis, neto de Meroveu, tornou-se chefe dos francos sálios e converteu-se ao cristianismo em 496. Este rei lançou-se em guerras de conquista logrando unir os francos sálios e ripuários até sua morte em 511 quando já se havia estabelecido em Paris. Seus descendentes continuaram as conquistas da dinastia merovíngea de modo que em 550 toda a Gália e uma parte da Germânia formavam um único domínio o Regnum Francorum (Reino Franco).A partir de 639, os reis merovíngeos tornaram-se fracos (“reis indolentes”) transferiram gradativamente a

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3História Geral - Apostila 02

autoridade para os Prefeitos do Paço (ou mordomos do palácio). Este cargo tornou-se hereditário e chegou a incorporar a própria autoridade do monarca.Carlos Martel, homem ativo e enérgico, destacou-se na prefeitura. Abafou rebeliões internas e deteve em 732, na célebre Batalha de Poitiers, a invasão dos mouros que tentavam invadir a Europa continental cristã, vindos da Península Ibérica.Carlos Martel tornou-se o salvador da cristandade obtendo grande prestígio junto ao Papa. Ainda assim, com todos esses méritos a seu favor, Martel não tomou para sí o título de rei. Entretanto, seu sucessor, Pepino, o Breve, não hesitou, tomou o título e a coroa dando início à dinastia Carolíngea em 751 d.C.Pepino continuou a tradição de defesa cristã quando expulsou os lombardos do Exarcado de Revena e doou suas terras à Igreja constituindo-se assim o Patrimônio de São Pedro ou Estado Pontifício do qual o Vaticano é hoje o último resquício. O Papa Estevão II o sagrou Rei pela graça de Deus no ano de 754 d.C.

Reinos Germânicos no início da alta Idade Média.

Em 773, Carlos Magno salvou Roma de outra ameaça lombarda. Agradecido, o Papa o aclamou Patrício Romano, tornando-o nobre e estreitando ainda mais os laços entre o Reino Franco e a Igreja. Nos 25 anos seguintes Carlos Magno travou muitas guerras de conquista que repercutiram numa enorme expansão territorial do Reino Franco.No Natal de 800 d.C. o Papa Leão III, enxergando as vantagens da Igreja em unir-se a um soberano tão poderoso, coroou Carlos Magno Imperador do Sacro Império Romano. O Sacro Império significou a restauração parcial do antigo Império Romano do Ocidente.

O território do Império Carolíngeo significou a reunificação de grande parte do território do Império Romano do ocidente

Carlos Magno dividiu seu Império em inúmeras unidades político-administrativas dirigidas pela aristocracia rural e guerreira. Havia os Condados governados pelos condes, os ducados (duques) e as Marcas (margraves ou marqueses).Para fiscalizar a aplicação das ordens reais conforme as Leis Capitulares nessas unidades imperiais nomeava os missidominici (funcionários). Os vassalos reuniam-se em Assembléia Anual (Mallus) para deliberar com o Rei. Essa organização do Império Carolíngeo ajudou a estruturar o feudalismo francês que vinha se formando desde os primórdios do Reino Franco.Luís, o Piedoso, foi nomeado seu sucessor em 814 d.C. Em 843, os filhos de Luís dividiram o Império entre si pelo Tratado de Verdum. Carlos, o Calvo, ficou com a Gália, Lo-tário com o centro do Império (Lotaríngia) e Luís, o Germânico, com a Germânia.A divisão do Império provocou seu enfraquecimento, o que repercutiu em novas invasões bárbaras (sarracenos, magiares e normandos) no século IX, que possibilitaram o fortalecimento da autonomia dos senhores feudais locais sobre o poder real. Deste modo percebe-se que o feudalis-mo se caracterizou por uma constante luta travada na Idade Média entre os particularismos locais (descentralização) e o poder monárquico (centralização).

A divisão do Império Carolíngeo pelo Tratado de Verdun.

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História Geral - Apostila 02

Divididas pelo tratado de Verdun, as partes tomaram rumos diversos. Na germânia surgiu pelas mãos do Imperador Oto I e do Papa João XII em 962 o Sacro Império Romano Germânico que anexou também as terras da Lotaríngea.A dinastia carolíngea se extinguiu na França em 987 quando Hugo Capeto, conde de Paris iniciou a dinastia capetíngea que possibilitou o início da centralização do poder na França durante a Baixa Idade Média.

A AÇÃO DA IGREJAA alfabetização e o ensino foram monopólio da Igreja que, através da compilação de documentos antigos dentro dos mosteiros (iluminuras) preservaram grande parte do saber da antiguidade. As escolas se dividiam em paroquiais e abaciais. Ora, não se pode negar que o exercício do poder pela Igreja teve tanto maior êxito quanto passou pelo domínio do saber.Na medida em que evangelizou a população, a Igreja, enquanto instituição poderosa, introjetou uma visão de mundo teocêntrica que possibilitou seu domínio tanto sobre assuntos religiosos como sobre assuntos da esfera laica. Disso resultou que o homem medieval tinha uma relação cotidiana muito próxima da religião. Para fazer valer sua autoridade a Igreja utilizou-se de inúmeros instrumentos de coerção.A excomunhão foi aplicada tanto às pessoas comuns como os príncipes e reis que se indispussem com o Papa. Impedidos de receber os sacramentos, os excomungados eram considerados mortos para Cristo e ficavam impedidos de se relacionar com outros cristãos. Através da interdição suspendia-se os cultos e fechava-se as igrejas do feudo cujo senhor excomungado não se arrependia da falta cometida. A Inquisição, criada em 1183, se configurou numa das mais terríveis formas de violência praticadas na Idade Média e Moderna. O Papa Inocêncio III (1198-1216) estabeleceu definitivamente a pena de morte contra os hereges. Sua dedicação militar às cruzadas determinou a cruzada que mas-sacrou os albigenses no sul da França em 1209. As execuções em massa desta cruzada superaram todas as medidas repressivas anteriores e estabelece ram a Inquisição oficialmente como a instituição cultural do terror em nome da fé.

Mulheres queimadas como feiticeiras na Alemanha.

A Inquisição foi uma demonstração de força de uma instituição que estava entrando em decadência devido às transformações globais da Baixa Idade Média. Um dos sintomas que ameaçavam a hegemonia da Igreja era a proliferação das heresias que distavam dos dogmas eclesiásticos oficiais, pois estes não passavam de altas elaborações teológicas concebidas pelo alto e erudito clero sendo de difícil entendimento por um camponês analfabeto.Dentre as principais heresias destaca-se a dos valdenses, criada por Pedro Valdo que pregava a pobreza e humildade para a Igreja e a igualdade de todos homens entre si. Os albigenses (cátaros) receberam esse nome

Gravura medieval com mulher seduzida pelo diabo.

devido à cidade de Albi sua maior concentração no sul da França. Negavam totalmente a instituição e os membros da Igreja Católica.As mulheres eram muito perseguidas como feiticeiras na Idade Média e Moderna, isso se deve ao fato delas serem as detentoras do conhecimento do poder curativo das plantas. Eram as curandeiras e parteiras que muitas vezes eram acusadas de feitiçaria.Os grandes senhores feudais tinham suas guerras moderadas pela Igreja através da Pax Dei (Paz de Deus) que estabelecia lugares neutros nos quais a guerra não era permitida e a Treuga Dei (Trégua de Deus) que estabelecia os dias do ano em que a guerra deveria ser suspensa: dias santos, domingos, quaresma.A Igreja também interferia diretamente na vida das pessoas comuns através do monopólio da regulação civil: nascimento, casamento e óbito. Também enterferia na vida econômica proibindo a prática da usura (cobrar juros).

A QUESTÃO DAS INVESTIDURAS

Devido seu grande poder a Igreja acabou por chocar-se com o poder dos reis e imperadores medievais, o maior desses conflitos ficou conhecido por questão das investiduras.Como vimos, a Igreja detinha grande poder cultural, político, social e econômico, e, uma das razões desse grande poder deve-se ao extenso clero formado por milhares de padres e bispos que trabalhavam para a Igreja por toda a Europa.Os membros do clero eram ordenados ou investidos