hipóteses de inelegibilidade

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A inelegibilidade consiste na falta de capacidade eleitoral passiva. De acordo com a sua natureza, pode ser classificada como absoluta ou relativa. A inelegibilidade absoluta está relacionada a características pessoais, atingindo todos os cargos eletivos e não podendo ser afastada por meio da desincompatibilização. Por seu caráter excepcional, apenas a própria Constituição pode prever tais hipóteses, como faz em relação aos inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e aos analfabetos. CF/88 , Art. 14 , - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. As inelegibilidades relativas em razão do cargo e em razão de parentesco estão relacionadas à chefia do Poder Executivo, podendo ser afastadas mediante desincompatibilização. CF/88 - Art. 14 . (...) - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Além de tais hipóteses, a Constituição impõe restrições aos militares e determina a criação, por lei complementar, de outros casos de inelegibilidade . CF/88 , Art.14 , 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Destacamos) Por esta razão é que não está correto afirmar que as causas de inelegibilidade previstas na Constituição Federal constituem numerus clausus. Referência: NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional . São Paulo: Editora Método, 2009, 3ª ed. P. 508.

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hipóteses

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Page 1: Hipóteses de Inelegibilidade

A inelegibilidade consiste na falta de capacidade eleitoral passiva. De acordo com a sua

natureza, pode ser classificada como absoluta ou relativa.

A inelegibilidade absoluta está relacionada a características pessoais, atingindo todos os

cargos eletivos e não podendo ser afastada por meio da desincompatibilização. Por seu caráter

excepcional, apenas a própria Constituiçãopode prever tais hipóteses, como faz em relação

aos inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e aos analfabetos. CF/88, Art. 14, 4º - São

inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

As inelegibilidades relativas em razão do cargo e em razão de parentesco estão relacionadas

à chefia do Poder Executivo, podendo ser afastadas mediante desincompatibilização. CF/88 -

Art. 14 . (...)

6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado

e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses

antes do pleito.

7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos

ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de

Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos

seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Além de tais hipóteses, a Constituição impõe restrições aos militares e determina a criação,

por lei complementar, de outros casos de inelegibilidade . CF/88, Art.14, 9º Lei

complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade   e os prazos de sua cessação, a fim

de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada

vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do

poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração

direta ou indireta. (Destacamos)

Por esta razão é que não está correto afirmar que as causas de inelegibilidade previstas

na Constituição Federal constituem numerus clausus.

Referência:

NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional . São Paulo: Editora Método, 2009, 3ª ed. P. 508.

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São duas as espécies de inelegibilidade: as absolutas e as relativas.

Inelegibilidades Absolutas

Page 2: Hipóteses de Inelegibilidade

Consistem no impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo e

independem de qualquer condição para que se verifiquem. Esta

espécie refere-se à determinada característica da pessoa que

pretende pleitear algum mandato eletivo, e não ao pleito ou mesmo

ao cargo pretendido. De acordo com os ensinamentos de Alexandre

de Moraes[4] a inelegibilidade absoluta “é excepcional e somente

pode ser estabelecida, taxativamente, pela própria Constituição

Federal”, isso ocorre em virtude de constituírem uma restrição à

direitos políticos. Desta forma, de acordo com o § 4º do artigo

constitucional 14, configuram-se o como portadores de inelegibilidade

absoluta no ordenamento jurídico pátrio, os inalistáveis e os

analfabetos.

Art. 14, § 4º - CF/88. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

São inalistáveis aqueles que não podem votar: os estrangeiros, os

conscritos durante o serviço militar obrigatório, os menores de 16

anos e os presos condenados.

Art. 14, § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,

durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

Inelegibilidades Relativas

Por sua vez as inelegibilidades relativas podem ser determinadas

tanto pela Constituição Federal quanto por lei complementar.

Em relação à inelegibilidade relativa coloca Alexandre Moraes[5] que

não estão relacionadas a característica pessoal do pretenso

candidato, e sim constituem restrições à elegibilidade para certos

pleitos eleitorais e determinados mandatos, em razão de situações

especiais existentes, no momento da eleição, em relação ao cidadão.

Outra característica a ser ressaltada é o fato de que elas são válidas

apenas para os candidatos a cargos eletivos do Poder Executivo, ou

Page 3: Hipóteses de Inelegibilidade

seja, para Presidente da República, Governadores, Prefeitos e seus

Vices.

As hipóteses de inelegibilidade previstas na Constituição Federal no

artigo 14, § 4° a 7°, são de aplicabilidade imediata e eficácia plena.

Desta forma, não precisam de lei complementar posterior com a

finalidade de regularizá-las. Desse modo, dispensam a elaboração de

lei complementar, prevista no § 9° do referido artigo para que possam

incidir.

Ressalte-se, no entanto, que não existe impedimento que lei

complementar posterior estabeleça outras hipóteses de

inelegibilidade relativas, conforme vimos no parágrafo 9 do artigo 14,

que autoriza a regulamentação de outros casos de inelegibilidade,

assim como prazos de vigência e cessação, com o fim de proteção

aos valores do regime democrático.

No entanto, é fundamental a compreensão de que eventuais normas

que possam vir a ser criadas para disciplinar outros casos de

inelegibilidades não poderão alterar as regras já expressas pelos

parágrafos do artigo 14. As novas normas poderão somente inserir

novos casos, mantendo os existentes intactos, uma vez que são

vistos como normas de eficácia plena e aplicação imediata.

A Constituição é una e rígida, portanto apenas através de emenda à

constituição, desconsiderando-se, nesse caso, os direitos políticos

como garantias e direitos fundamentais, é que poderão ser

modificadas as hipóteses de inelegibilidades disciplinadas no texto

constitucional. Façamos uma breve analise dos parágrafos 5º, 6º e 7º

do artigo constitucional 14, parágrafos estes que tratam

especificamente das inelegibilidades relativas.

Inelegibilidade por reeleição

Da análise do § 5º do art. 14 da Constituição, podemos depreender

que os portadores de mandato eletivo para cargo executivo são

Page 4: Hipóteses de Inelegibilidade

inelegíveis apenas para um 3º mandato consecutivo para um mesmo

cargo, na mesma circunscrição em período subseqüente. Assim,

poderiam ser eleitos para um 3º mandato, desde que haja um lapso

temporal de pelo menos um período eletivo.

Art. 14, § 5º- CF/88 - O Presidente da República, os Governadores de

Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido,

ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um

único período subseqüente.

Desincompatibilização

Conforme o disposto na Constituição Federal, no parágrafo 6º do art.

14, para que possam concorrer a outros cargos, o Presidente da

República, os Governadores dos estados membros, e os Prefeitos,

devem renunciar aos respectivos mandatos no prazo de seis meses

antes do pleito eleitoral que pretendem disputar.

Art. 14, § 6º - CF/88. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente

da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os

Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses

antes do pleito.

No entanto, a regra constitucional estabelecida pelo parágrafo em

tela não atinge os vices, que podem concorrer a outros cargos sem a

necessidade de desincompatibilização. Contudo, se o vice

efetivamente exerceu o cargo, ou seja, se ele substituiu o Chefe do

Executivo em suas funções nos seis meses anteriores ao pleito, ele se

torna inelegível para outros cargos, podendo se candidatar apenas

para o cargo do qual era vice.

Inelegibilidade Reflexa

O instituto da inelegibilidade reflexa esta contemplado no parágrafo

7º do artigo 14 da Constituição. Segundo ele, ficam inelegíveis na

mesma circunscrição o cônjuge, ficando ai compreendidos os

Page 5: Hipóteses de Inelegibilidade

companheiros de união estável, assim como os parentes

consangüíneos até o 2º grau ou parentes oriundos do casamento,

como irmãos da esposa ou sogros. Da mesma forma são inelegíveis

os parentes cujos laços tenham sido estabelecidos por adoção,

ressalte-se que este item abarca também os filhos de união diversa

da 2ª esposa ou companheira.

Art. 14, § 7º - CF/88. São inelegíveis, no território de jurisdição do

titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o

segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de

Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou

de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao

pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Ressalte-se que a regra é pertinente também aos vices, ou seja,

aqueles que substituíram os Chefes do Executivo também tem seus

cônjuges, parentes consangüíneos e afins até 2º grau ou por adoção,

inelegíveis nas mesmas circunstancias do detentor do mandato que

substituiu.

A esposa do Presidente da República não pode candidatar-se a

nenhum cargo eletivo em nenhuma circunscrição, uma vez que a

posição do Presidente da República é nacional, ou seja, a

circunscrição é o país. No entanto, a esposa de um prefeito, ainda

que seja de uma capital, pode se candidatar ao cargo de Governadora

do mesmo estado-membro, uma vez que a circunscrição do prefeito é

apenas o município, não abarcando a circunscrição estadual.

Contudo, o inverso não se sustenta, pois a circunscrição estadual

abrange a circunscrição municipal, assim a esposa do Governador do

Estado não pode se candidatar a cargo eletivo no estado.

Existem exceções para as regras de inelegibilidade supra estudadas,

ou seja, situações específicas que afastam a inelegibilidade reflexa.

São elas:

Page 6: Hipóteses de Inelegibilidade

· A renúncia do portador de mandato eletivo de cargo de chefia do

Poder Executivo afasta a inelegibilidade reflexa;

· O parente de portador de mandato eletivo de cargo de chefia do

Poder Executivo, quando já era detentor de mandato eletivo antes

que o Chefe do Executivo assumisse e opta-se por tentar a reeleição,

também tem a hipótese de inelegibilidade reflexa afastada;

· A inelegibilidade do cônjuge e do parente por afinidade é afastada

na hipótese de rompimento da sociedade conjugal através de divorcio

ou separação de fato do titular do cargo executivo antes do período

eleitoral.

Segundo entendimento do STF e TSE é vedado o 3º mandato eleitoral

consecutivo, ainda que haja divórcio, para membros de uma mesma

família na mesma circunscrição.

[1] Disponível em:

http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/3899776/recurso-eleitoral-

rel-7766-rn-tre-rn

[2] Disponível em:

http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/3994950/filiacao-

partidaria-refp-recurso-eleitoral-64-to-tre-to

[3] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. Pág. 239

[4] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. Pág. 240

[5] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. Pág. 240