hipertrofia cardíaca em atletas de futebol: aspectos ... · sistema cardiovascular andré sansonio...

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Universidade Federal de Pernambuco UFPE Centro Acadêmico de Vitória CAV Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Atividade Física e Plasticidade Fenotípica PPGNAFPF Hipertrofia cardíaca em atletas de futebol: aspectos clínicos envolvidos no processo da plasticidade do sistema cardiovascular André Sansonio de Morais Vitória de Santo Antão, 2016

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Page 1: Hipertrofia cardíaca em atletas de futebol: aspectos ... · sistema cardiovascular André Sansonio de Morais Vitória de Santo Antão, 2016 . Universidade Federal de Pernambuco –

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Centro Acadêmico de Vitória – CAV Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Atividade Física e Plasticidade Fenotípica –PPGNAFPF

Hipertrofia cardíaca em atletas de futebol: aspectos clínicos envolvidos no processo da plasticidade do

sistema cardiovascular

André Sansonio de Morais

Vitória de Santo Antão, 2016

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Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Centro Acadêmico de Vitória – CAV Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Atividade Física e Plasticidade Fenotípica –PPGNAFPF

Hipertrofia cardíaca em atletas de futebol: aspectos clínicos envolvidos no processo da plasticidade do

sistema cardiovascular

André Sansonio de Morais

Orientador: Adriano Eduardo Lima-Silva

Co-orientador: Ary Gomes Filho

Vitória de Santo Antão, 2016

Dissertação apresentada -Graduaçã ção em Fatores Ambientais Moduladores da Plasticidade Fenotípica, para a obtenção .

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Catalogação na Fonte

Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV.

Bibliotecária Ana Ligia Feliciano dos Santos, CRB4: 2005

M827h Morais, André Sansonio de.

Hipertrofia cardíaca em atletas de futebol: aspectos clínicos envolvidos no processo da plasticidade do sistema cardiovascular / André Sansonio de Morais. - 2016. 5 53 folhas: il., Graf., Tab.

Orientador: Adriano Eduardo Lima Silva. Co-orientador: Ary Gomes Filho. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Programa de -Graduação em Nutrição, Atividade Física e Plasticidade Fenotípica, 2016. Inclui referências e apêndice.

1. Cardiomegalia. 2. Hipertrofia Ventricular Esquerda. 3. Atletas. I. Silva, Adriano Eduardo Lima (Orientador). II. Gomes Filho, Ary (Co-orientador). III. Título.

611.1 CDD(23 ed.) BIBCAV/UFPE-051/2016

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FOLHA DE APROVAÇÃO

André Sansonio de Morais

Hipertrofia cardíaca em atletas de futebol: aspectos clínicos envolvidos no processo da plasticidade do sistema cardiovascular

Federal de Pernambuco, como parte das exigênc -Graduaç Nutrição, Atividade Física e Plasticidade Fenotípica para a obtençã .

Aprovada em: 01/03/2016

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Tony Meireles (Externo) – UFPE

______________________________________________

Prof. Dr. João Henrique da Costa Silva (interno) – UFPE/CAV

______________________________________________

Prof. Dr. Marcelus Brito de Almeida (Externo) – UFPE/CAV

______________________________________________

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Pedro e Elita, pelo constante incentivo no caminho do conhecimento.

Aos meus filhos Matheus e Lucas, que esta obra também lhes represente um

incentivo, dando continuidade à obra de seus avós.

A minha esposa Ana Paula, por seu apoio em todos os momentos de nossa

caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus mestres, pelo acolhimento na Instituição, transmissão de conhecimento e

embasamento para a realização desta obra.

Ao Hospital Dom Helder Câmara/IMIP, que permitiu a execução de parte deste

trabalho em seu laboratório de Ecocardiografia e, em especial, ao Superintendente

Dr. Audes Feitosa pelo irrestrito apoio.

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SUMÁRIO

1. 1. Apresentação...................................................................................................

13

1.1 h f q “ ”............. 14

1.2 Indução de respostas adaptativas do sistema cardiovascular...... 16

1.3 A análise ecocardiográfica............................................................

17

1.4 A Miocardiopatia Hipertrófica........................................................

20

2. Objetivos gerais e específicos....................................................................... 23 3. Hipóteses.......................................................................................................... 24

4. Materiais e Métodos........................................................................................ 25

5. Resultados....................................................................................................... 28

6. Considerações finais...................................................................................... 47

7. Referências ..................................................................................................... 48

Apêndice............................................................................................................... Termo de consentimento livre e esclarecido.....................................

52

52

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Eq ……..........................................................

18

Quadro 2.. Parâmetros de normalidade para massa e índice de massa do ventrículo esquerdo…....…………………………………………......................

18

Quadro 3. Padrões de geometria do ventrículo esquerdo............................ 19

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LISTA DE TABELAS DO ARTIGO ORIGINAL

Table 1. Characteristics of the groups...........................................................

33

Table 2. Comparison of the left ventricle end-diastolic diameter and j f w h …………………………….....................

35

Table 3. Comparison of the left ventricular mass and left ventricular mass índex between the groups.............................................................................

34 36

Table 4. Comparation of the left ventricle setpal wall, posterior wall and relative wall thickness between the groups...................................................

35 38

Table 5. Comparation of the right chambers between the groups ............... 384040

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LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO ORIGINAL

Figure 1. Comparation of left atrium diameter between the groups...................

34

Figure 2. Comparation of left ventricle end-diastolic diameter between the groups.................................................................................................................

41 36

Figure 3. Comparation of left ventricular mass index between the groups........ 437

Figure 4. Comparation of left ventricle septal wall thickness between the groups..................................................................................................................

42 39

Figure 5. Comparation of left ventricle posterior wall thickness between the groups.................................................................................................................

42 39

43

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

AE – Átrio esquerdo

Ao – Raiz da aorta

ASC – Área de superfície corporal

BSA – Body surface area

DDVE – Diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo

DNA – Ácido desoxirribonucleico

DP – Desvio padrão da média

ER – Espessura relativa das paredes do ventrículo esquerdo

FA - Grupo feminino atleta

FC – Frequência cardíaca

FE – Fração de ejeção do ventrículo esquerdo

FM – Grupo feminino não atleta

Kcal - Quilocalorias

Km - Quilômetros

HVE – Hipertrofia ventricular esquerda

IMIP – Instituto Materno Infantil de Pernambuco

IMVE – Índice de massa do ventrículo esquerdo

MA - Grupo masculino atleta

MN - Grupo masculino não atleta

MVE – Massa do ventrículo esquerdo

PPVE – Espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo

SIV – Espessura da parede septal do ventrículo esquerdo

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

VE – Ventrículo esquerdo

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RESUMO

As atividades desenvolvidas no treinamento para o futebol profissional são propícias para

sobrecarregar o sistema cardiovascular. As modificações fisiológicas no padrão fenotípico

cardíaco, experimentadas em atletas, são reconhecidas popularmente como “coração do

atleta”. Na população feminina, este padrão é pouco conhecido pela escassez de trabalhos

com grupos de indivíduos desta modalidade e gênero, e as comparações destes padrões

adaptativos morfológicos e funcionais cardíacos entre os gêneros são desconhecidas no

futebol. Métodos: essa dissertação foi dividida em seis capítulos. No primeiro capítulo,

Apresentação, contextualizamos o nível crescente de exigência nos treinamentos para a

prática de futebol profissional em ambos os gêneros caracterizando essa prática esportiva

como de potencial para sobrecarregar o sistema cardiovascular. Realizamos uma revisão

abrangente da literatura dividindo-a em: A hipertrofia ventricular esquerda e o “coração do

atleta”; Indução de respostas adaptativas do sistema cardiovascular; A análise

ecocardiográfica e A miocardiopatia hipertrófica. O segundo capítulo, descreve, dentre os

Objetivos gerais, a comparação das respostas adaptativas cardíacas de jogadores de futebol

profissional entre os gêneros masculino e feminino. São apresentados também os objetivos

específicos do trabalho. O terceiro capítulo engloba as Hipóteses que norteiam a pesquisa. O

quarto capítulo, intitulado Materiais e Métodos, descreve o desenho da pesquisa realizada, em corte transversal, no laboratório de ecocardiografia do Hospital Dom Helder Camara/IMIP-PE, com atletas profissionais de futebol e não-atletas voluntários de ambos os gêneros. Avaliamos medidas antropométricas e variáveis ecocardiográficas da morfologia e função cardíaca. Este capítulo descreve também como a análise estatística foi realizada. O quinto capítulo Resultados, é apresentado em forma de Artigo

original, intitulado “Comparing the magnitude of cardiac hypertrophy between genders

in professional soccer players” onde demonstramos que os atletas de ambos os gêneros

apresentaram aumento significativo do átrio esquerdo (MA: 1,88±0,12 x MN:1,68±0,43 e FA:

1,88±0,20 x FN:1,79±0,18 cm/m2), do índice de massa ventricular esquerda (MA:

121,65±20,23 x MN:99,84±13,80 e FA: 91,77±22,05 x FN:72,28±10,46 g/m2), diâmetro

diastólico final do ventrículo esquerdo (MA: 2,81±0,26 x MN:2,55±0,66 e FA: 2,86±0,25 x

FN:2,74±0,22 cm/m2), da espessura do septo interventricular (MA: 0,45±0,04 x

MN:0,40±0,11 e FA: 0,47±0,06 x FN:0,41±0,04 cm/m2) e da parede posterior do ventrículo

esquerdo (MA: 0,43±0,04 x MN:0,39±0,10 e FA: 0,44±0,06 x FN:0,39±0,04 cm/m2) em

relação aos controles (p<o,o5). No sexto capítulo, Considerações finais, concluímos que os

atletas de futebol experimentam um fenômeno adaptativo caracterizado por um padrão de

remodelamento das câmaras cardíacas esquerdas semelhante em ambos os gêneros,

representado por aumento tanto do diâmetro do átrio quanto do ventrículo esquerdo, o qual

apresenta um padrão próprio e balanceado de hipertrofia, com componentes concêntrico e

excêntrico, e esta adaptação se faz com a mesma magnitude entre os gêneros. O

conhecimento desse padrão de alteração pode ser útil no diagnóstico diferencial entre

patologias cardíacas.

Palavras-chave: Hipertrofia ventricular; Coração de atleta; Ecocardiograma

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ABSTRACT

The activities developed in training for professional soccer are conducive to overload the

cardiovascular system. The physiological changes in cardiac phenotypic standard,

experienced in athletes, are recognized popularly as "athlete's heart". In the female

population, this pattern is less known due to few studies with this type and gender of

individuals, and comparisons of these morphological and functional cardiac adaptive patterns

between genders are unknown. Methods: this dissertation was divided into six chapters. In

the first chapter, Presentation, we contextualize the growing level of demand in training for

the practice of professional soccer in both genders characterizing this sports practice as

potential to overload the cardiovascular system. In the second chapter we conducted a

comprehensive review of the literature dividing it into: Left ventricular hypertrophy and

"athlete's heart"; Induction of adaptive responses cardovascular system; Echocardiographic

analysis and the Hypertrophic cardiomyopathy. The second chapter describes, among the

General objectives, the comparison of cardiac adaptive responses of professional soccer

players among males and females. Also presents the Specific objectives of the work. The

third chapter includes the Hypothesis that guide the search, The fourth chapter, entitled

Materials and Methods, describes the design of the survey, conducted in cross-section in the

echocardiography laboratory of the Dom Helder Camara Hospital/IMIP-PE, with professional

athletes soccer and volunteers non-athletes of both genders. We evaluated anthropometric

measurements and echocardiographic variable morphology and cardiac function. This chapter

also describes the statistical analysis performed. The fith chapter, Results, presented in the

form of original article, entitled "Comparing the magnitude of cardiac hypertrophy

between genders in professional soccer players" where demonstrated that athletes of both

genders showed significant enlargement of the left atrium (MA: 1.88 ± 0.12 vs MN: 1.68 ±

0.43 and FA: 1.88 ± 0.20 vs. FN: 1.79 ± 0.18 cm/m2), the left ventricular mass index (MA:

121.65 ± 20.23 vs. MN: 99.84 ± 13.80 and FA: 91.77 ± 22.05 vs. FN: 72.28 ± 10.46 cm/m2),

end-diastolic diameter of the left ventricle (MA: 2.81 ± 0.26 vs MN: 2.55 ± 0.66 and FA: 2.86

± 0.25 vs FN: 2.74 ± 0 22 cm/m2), the septal thickness (MA: 0.45 ± 0.04 vs MN: 0.40 ± 0.11

and FA: 0.47 ± 0.06 vs FN: 0.41 ± 0.04 cm/m2) and posterior wall thickness of the left

ventricle (MA: 0.43 ± 0.04 vs. MN: 0.39 ± 0.10 and FA: 0.44 ± 0.06 vs FN: 0.39 ± 0.04

cm/m2). compared to controls (p <o,o5). In the sixth chapter, Final considerations, we

conclude that the soccer players experience an adaptive phenomenon characterized by a

remodeling pattern of the left cardiac chambers similar in both genders, represented by

increase in both the atrium diameters as the left ventricle, which shows an own pattern and

balanced hypertrophy with concentric and eccentric components, and this adaptation is made

with the same magnitude between genders. Knowing this pattern of change can be useful in

the differential diagnosis of cardiac pathologies.

Keywords: Ventricular hypertrophy; Athlete's heart; Echocardiogram

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APRESENTAÇÃO

O futebol é a modalidade esportiva mais popular no mundo, praticado tanto por

homens quanto por mulheres (STØLEN T et al., 2005), pode ser praticado de maneira

recreativa ou em nível profissional em ambos os gêneros. A intensidade do jogo de futebol de

alto nível, exigida no profissionalismo, faz com que os atletas sejam submetidos a sessões de

treinamento cada vez mais intensas, tanto nas equipes masculinas quanto as femininas.

Durante um jogo, os futebolistas podem apresentar frequências cardíacas entre 80 e 90% na

frequência cardíaca (FC) máxima (STØLEN T et al., 2005). Os homens chegam a atingir um

dispêndio energético entre 1500 a 1600 quilocalorias (kcal), enquanto as mulheres entre 1200

a 1300 kcal (EKLBON, 1986). Os homens chegam a percorrer em uma partida de futebol

aproximadamente 12 quilômetros (Km) e as mulheres 10,3 Km. Além disso, durante uma

partida de futebol as jogadoras podem atingir frequência cardíaca média (FCM) equivalente a

87% da frequência cardíaca máxima, e pico de FC equivalente a 97% da FC máxima

(KRUSTRUP, P et al., 2005). A demanda crescente de treinamento e a necessidade de se

atingir o melhor desempenho põe o atleta profissional em situação de sobrecarga evidente, e

as atividades desenvolvidas no futebol podem, por tanto, ser consideradas de alta intensidade.

Percebe-se que o nível de exigência para o melhor desempenho da prática futebolística

é bastante semelhante entre os gêneros. É possível que os padrões de resposta adaptativa

cardíaca sejam também semelhantes entre os gêneros. Por ser uma modalidade esportiva que

combina tanto exercícios de força quanto de resistência, ou componentes anaeróbios e

aeróbios, é possível que haja um padrão próprio de adaptação cardíaca nos jogadores de alto

rendimento. E, mais além, o reconhecimento desse padrão de adaptação pode ser útil na

distinção entre outros estados patológicos.

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A hipertrofia ventricular esquerda e o “coração do atleta”

As cargas de treinamento impostas aos atletas são importante estímulo para

modificações fenotípicas em diversos sistemas orgânicos, dos quais o mais visível é o sistema

osteomuscular. De forma semelhante, o sistema cardiovascular também experimenta

adaptações às quais são necessárias para manter o débito cardíaco, preservando o fluxo

sanguíneo e, consequentemente, a demanda metabólica exigida. Algumas modificações do

padrão morfológico e funcional cardíaco já são conhecidas e estudadas há mais de cem anos e

denominadas popularmente como “coração do atleta” (MARON BJ; PELLICCIA A, 2006).

A primeira descrição destas alterações é creditada a Henschen, em 1899, o qual após

exame físico e cuidadosa percussão sobre o tórax de atletas foi capaz de perceber alargamento

da área cardíaca (HENSCHEN S, 1899). As modificações fenotípicas que caracterizam o

coração do atleta devem, a princípio, ser consideradas como adaptações fisiológicas e normais

ao exercício físico, sendo transitórias e sem repercussões negativas para a saúde (RIBEIRO JP

et al., 2006; OLIVEIRA RB et al., 2009). No entanto existe uma lacuna na literatura sobre em

qual momento tais adaptações passariam a ser prejudiciais à função cardíaca.

Enquanto alguns autores descrevem que, ao contrário das hipertrofias patológicas, as

alterações adaptativas da hipertrofia do atleta não evoluem para miocardiopatia dilatada ou

insuficiência cardíaca (PLUIM BM et al., 2000; FAGARD RH, 1997), outros consideram que

a sobrecarga de treinamento imposta de forma contínua e excessiva ao coração possa ser

capaz de deteriorar sua função gerando insuficiência cardíaca (ROST R, 1997). Dados

recentes correlacionaram hipertrofia ventricular esquerda (HVE) em atletas de futebol com

regurgitações na valva mitral. Esses atletas tinham um maior diâmetro diastólico final do

ventrículo esquerdo (DDVE), menor espessura relativa da parede do ventrículo esquerdo (ER),

com maior prevalência de regurgitação mitral em relação aos indivíduos controles, 45.8% x

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8.5% respectivamente (HAMBURGER RF et al., 2013). Tais achados sugerem que a HVE

experimentada pelos atletas profissionais possa determinar graus distintos de disfunções

valvares, indicando que em algum momento da história natural do atleta as respostas dos

mecanismos adaptativos passem a ser patológica.

Por outro lado, um estudo realizado na Itália com atletas olímpicos demonstrou não

haver deterioração da função ventricular esquerda ou ocorrência de eventos cardiovasculares

durante um período extenso (8,6±3,0 anos) de treinamento intensivo (PELLICCIA A et al.,

2010).

Na esfera clínica, em grupo de indivíduos não atletas, evidências demonstram que a

HVE representa um importante fator de risco cardiovascular, independentemente da

hipertensão arterial sistêmica, uma de suas principais causas (KANNEL WB et al., 1969;

LEVY D et al., 1990).

Não sendo específica da classe atleta profissional, a hipertrofia ventricular já se

encontra presente precocemente e em níveis menores de exigência quanto ao rendimento e o

período de treinamento. Alterações já foram encontradas em crianças e adolescentes após dois

anos de prática esportiva na frequência de até três horas por semana, as quais praticavam

basquete, natação, futebol americano, esportes de luta ou tênis (BINNETOGLU FK et al.,

2014).

Dadas evidências controversas no que se refere à possibilidade das alterações

fisiológicas do coração do atleta vir a desenvolver cardiopatias, e a precocidade com que tais

alterações se iniciam, cabe acompanhamento periódico desses atletas no sentido de

diagnosticar eventuais patologias cardíacas induzidas pelo treinamento e intervir quando

necessário.

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Indução de respostas adaptativas do sistema cardiovascular

Adaptações cardiovasculares ao exercício têm sido sistematicamente definidas e

diferem no que diz respeito ao tipo de condicionamento: treinamento de resistência (por vezes

também descrito como aeróbio); e treinamento de força (também referido como anaeróbio)

(MARON BJ et al., 2005). Alguns esportes combinam os dois modelos de treinamento. A

maioria das modalidades de atletismo, em certa medida combinam resistência e força como

modos de condicionamento físico, e alterações fisiológicas relacionadas ao treinamento

representam um conjunto complexo de mecanismos centrais e periféricos que operam a

estrutura, metabolismo e níveis de regulamentação (MARON BJ, PELLICCIA A, 2006).

Na esfera clínica, classicamente há duas formas de estímulos capazes de promover

estresse crônico na musculatura miocárdica: as sobrecargas de pressão (como na hipertensão

arterial sistêmica e estenose valvar aórtica) e as sobrecargas de volume (como nas

insuficiências valvares). O padrão de hipertrofia está diretamente relacionado ao tipo de

estímulo, sendo o padrão concêntrico resultante da sobrecarga de pressão e o padrão

excêntrico por sobrecarga volumétrica (PLUIM BM et al., 2000). No padrão concêntrico há

um aumento na massa ventricular com predomínio de espessamento muscular em relação ao

diâmetro intracavitário, e no padrão excêntrico o aumento de massa ocorre com predomínio

do aumento das dimensões intracavitárias, com menor expressão do espessamento miocárdico.

Na hipertrofia fisiológica do atleta, o estímulo passa a ser semelhante ao apresentado nas

patologias clássicas. O que deve definir qual o padrão de geometria ventricular apresentado

durante o remodelamento são as características inerentes a cada atividade esportiva, ou seja,

se predomínio de atividades físicas que conduzam a uma sobrecarga de volume ou de pressão.

Os exercícios isométricos ou estáticos envolvem tensão muscular contra resistência

com pouco movimento, refletindo num aumento de pressão intracavitária cardíaca e a

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consequente hipertrofia de padrão concêntrico. Os exercícios isotônicos, respondem por

vasodilatação profunda do sistema muscular esquelético, que promove aumento do retorno

venoso ao coração com consequente sobrecarga de volume resultando no padrão excêntrico

de hipertrofia (PLUIM BM et al., 2000; ZAK R, 1984).

Estudos em ratos têm demonstrado que a hipertrofia patológica e fisiológica também

possuem base estrutural e molecular diferente (KAPLAN ML et al., 1994; IEMITSU M et al.,

2001; MCMULLEN JR et al., 2003). Num modelo cirúrgico proposto com bandagem da

aorta e um modelo de treinamento com natação, resultaram em um aumento similar na massa

cardíaca, no entanto com características histológicas e moleculares distintas. Em resposta ao

insulto patológico fibroblastos e matriz proteica extracelular se acumulam de modo

desproporcional e excessivo. Isso leva a uma rigidez mecânica que pode contribuir para a

disfunção diastólica, a qual pode progredir para uma disfunção sistólica (BROWER GL et al.,

2006). No modelo proposto na qual a intervenção foi exercício físico não foi encontrado tais

alterações. O modelo de hipertrofia cardíaca patológica frequentemente também está

associado com uma maior liberação de peptídeo natriurético atrial e peptídeo natriurético

cerebral, e ativação de genes que regulam proteínas contráteis (MCMULLEN JR et al., 2007).

Identificação de genes importantes para a hipertrofia no coração do atleta poderia oferecer

novas estratégias para tratar a insuficiência cardíaca (JULIE R et al., 2007).

A análise ecocardiográfica

Durante avaliação ecocardiográfica e análise quantitativa do ventrículo esquerdo (VE),

o ecocardiografista define o chamado padrão de geometria do ventrículo. Atualmente, existem

quatro tipos: normal, remodelamento concêntrico, hipertrofia concêntrica e hipertrofia

excêntrica.

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Para determinar qual o padrão de geometria do VE, o primeiro passo é determinar se

há hipertrofia. A Fórmula Anatômica ou de Devereux (Quadro 1) é a mais recomendada para

o cálculo da massa miocárdica (FERREIRA FILHO, 2012). Mas, a avaliação simples da

massa ventricular não é uma variável adequada para comparações, já que os indivíduos com

maior área de superfície corporal têm uma tendência para maiores valores também de massa

ventricular. O índice de massa ventricular esquerda (IMVE) corrige essa desproporção

dividindo o valor da massa ventricular pela área de superfície corporal do indivíduo. Portanto,

é considerado portador de hipertrofia ventricular esquerda os indivíduos com IMVE maior

que 115g/m2 no sexo masculino e maior que 95g/m

2 no sexo feminino (Quadro 2) (LANG

RM et al., 2005).

Quadro 1: Equação de Deveroux.

VE: ventrículo esquerdo. ES: espessura da parede septal do VE. EPP: espessura da parede

posterior do VE. DDVE: diâmetro diastólico final do VE. Adaptação LANG RM et al., 2005.

Quadro 2: Parâmetros de normalidade para massa e índice de massa do ventrículo esquerdo.

Convenção da ASE valores normais

Sexo MVE IMVE

Masculino ≤ 224g ≤115g/m2

Feminino ≤162g ≤95g/m2

ASE: Sociedade Americana de Ecocardiografia; MVE- massa ventricular esquerda; IMVE-

índice de massa ventricular esquerda. Adaptado de LANG RM et al., 2005

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Estando o IMVE aumentado, para determinar o padrão de hipertrofia, se concêntrico

ou excêntrico, avalia-se a espessura relativa da parede do VE (ER): se menor que 0,42 o

padrão é excêntrico, se o valor for maior que este apresentado a HVE é dita de padrão

concêntrico. Não havendo hipertrofia, da mesma forma avalia-se a ER, se <0,42 o padrão será

normal, se maior que este o padrão de geometria do VE será remodelamento concêntrico

(Quadro 3).

Quadro 3: Padrões de geometria do ventrículo esquerdo

Padrões de geometria ventricular esquerda

Padrões IMVE ER Normal <normal <0,42

Remodelamento concêntrico

<normal >0,42

Hipertrofia excêntrica

>normal <0,42

Hipertrofia concêntrica

>normal >0,42

IMVE: índice de massa do ventrículo esquerdo. ER: espessura relativa das paredes do

ventrículo esquerdo. Adaptado de FERREIRA FILHO, 2012.

Os padrões de HVE observados ao exame ecocardiográfico, seja concêntrico ou

excêntrico, parecem estar diretamente associados ao tipo de condicionamento desenvolvido.

O reconhecimento do padrão fenotípico e sua apresentação ao exame ecocardiográfico podem

ser úteis na avaliação global do grau de hipertrofia e distinção entre outros estados

patológicos. Quando a hipertrofia muscular cardíaca atinge espessura do septo

interventricular e/ou parede posterior do ventrículo esquerdo entre 1,3 e 1,5 cm, isso

representa uma “zona cinzenta” entre o que seria uma adaptação fisiológica e o padrão

apresentado na miocardiopatia hipertrófica leve (EFSTATHIOS DP et al., 2012). Uma vez

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que a miocardiopatia hipertrófica é a principal causa de morte súbita na população atleta

abaixo dos 30 anos de idade (MARON BJ et al., 1980; CANTWELL JD, 1984; MARON BJ

et al., 1986; EPSTEIN et al., 1986; VAN CAMP SP, 1988; SADANIANTZ A et al., 1990),

características ou quaisquer variáveis presentes na história clínica, exame físico ou em

métodos diagnósticos que sejam capazes de diferenciar esta entidade da hipertrofia fisiológica

são de extremo valor científico e social. Para tanto, vários parâmetros laboratoriais e

ecocardiográficos têm sido estudados para tentar discriminar estas entidades quando na “zona

cinzenta”. Reconhecer, por tanto, o padrão característico de adaptação e apresentação

cardíaca fenotípica induzida pelo treinamento em cada modalidade pode ter sua utilidade na

distinção entre a hipertrofia do atleta e àquelas de etiologia patológica.

A Miocardiopatia Hipertrófica

Alguns atletas desenvolvem um padrão de hipertrofia ventricular que deve ser

prontamente diferenciado de outras causas patológicas de hipertrofia, dentre as quais a

miocardiopatia hipertrófica (CASELLI S et al., 2014). Esta se destaca por seu potencial de

risco, onde na maioria das vezes o primeiro evento/sintoma já cursa como morte súbita, e sua

característica à apresentação ecocardiográfica, a qual pode ser em última análise confundida

com o “coração do atleta”.

É uma patologia hereditária e autossômica dominante em mais da metade dos casos.

Nas formas familiares é possível determinar a mutação em até 82% dos indivíduos. Nos casos

restantes, não se tem a etiologia definida, podendo ainda ser ocasionada por outras mutações

genéticas ainda não reconhecidas (PASCALE R et al,. 2003; GREAVES et al., 1987). Já

foram identificados cerca de 10 genes que codificam o sarcômero cardíaco (MARIAN AJ,

ROBERTS R., 2001; SEIDMAN JG, SEIDMAN C, 2001); também alterações no DNA

mitocondrial (MARIAN AJ, ROBERTS R., 2001) e identificadas mais de 270 mutações,

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21

sendo mais da metade destas ocorrendo nos genes da cadeia pesada da beta-miosina cardíaca,

da proteína C de ligação à miosina e da troponina T (MARIAN AJ, ROBERTS R, 2001;

SEIDMAN JG, SEIDMAN C, 2001; PASCALE R et al., 2003).

De caráter silencioso, a miocardiopatia hipertrófica pode se associar com arritmias

cardíacas graves, as quais costumam se manifestar como morte súbita logo no primeiro

episódio, frequentemente após esforço físico. Uma vez diagnosticado um indivíduo, o

rastreamento de toda a família deve ser iniciado, justificado pelo potencial de letalidade da

patologia.

A prevalência populacional geral é de cerca de 0,2% a 0,5% entre cardiopatas (HADA

Y et al., 1987; MARON BJ et al., 1995). Na população geral, estima-se que a mortalidade

esteja entre 0,5 a 1% (MCKENNA W et al., 1982; SPIRITO P et al., 1989; MARON BJ et al.,

1999). Exibe uma predominância no sexo masculino em relação ao sexo feminino. O risco de

morte súbita é diretamente proporcional ao grau de hipertrofia ventricular esquerda

(BRONZATTO HA et al., 2001).

A característica clássica desta entidade é a hipertrofia ventricular esquerda, sem

dilatação ventricular, na ausência de qualquer outra doença cardíaca ou sistêmica que possa

levar à hipertrofia miocárdica (MARON BJ, 1997). Pode ocorrer dilatação ventricular, em

cerca de 10% dos casos, quando diagnosticado em fase avançada da doença (SPIRITO P et al.,

1987). Portanto, observamos que o padrão de geometria clássico fenotípico cardíaco é uma

hipertrofia ventricular concêntrica, o mesmo padrão observado na hipertrofia fisiológica de

atletas das modalidades desportivas do tipo predominantemente resistido (ou anaeróbio). De

modo que, certamente, em algum momento será inevitável ocorrência de dúvidas quanto ao

diagnóstico etiológico em determinados indivíduos, ou seja, indivíduos com apresentações

fenotípicas que, exclusivamente ao Ecocardiograma, seriam comuns tanto ao padrão

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concêntrico da miocardiopatia hipertrófica quanto ao padrão da hipertrofia fisiológica do

atleta.

Um exemplo clássico dessa “janela” é estabelecido quando, durante a investigação

cardiovascular, nos deparamos com um atleta no qual o coração encontra-se hipertrofiado e

apresentando espessura miocárdica entre 1,3 e 1,5cm ao exame Ecocardiográfico. Neste

momento uma grande dúvida é lançada: será que tal padrão fenotípico é consequente às

adaptações fisiológicas impostas pelo exercício ou, numa análise mais cuidadosa, será que na

verdade trata-se de um portador de miocardiopatia hipertrófica? Se por um lado, numa óptica

mais conservadora, fosse investido em rastreamento genético, os custos de tal intervenção se

elevariam bastante, por outro lado, a falha em diagnosticar um caso de miocardiopatia

hipertrófica colocaria o atleta em situação de grave risco de morte súbita durante a prática

esportiva.

O reconhecimento de padrões geométricos, ou apresentações fenotípicas cardíacas ao

Ecocardiograma, reconhecidos por categorias de Esportes torna-se uma ferramenta de

extremo valor no diagnóstico da hipertrofia do atleta. Sendo o futebol uma atividade esportiva

com componente misto, de resistência e força (ou aeróbio e anaeróbio), é possível que o

padrão geométrico do ventrículo esquerdo, nos portadores de hipertrofia cardíaca fisiológica,

possa ser prontamente diferenciado da miocardiopatia hipertrófica, a qual responde por um

padrão clássico de hipertrofia concêntrica com grandes aumentos em espessura das paredes do

miocárdio.

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23

OBJETIVOS

Objetivo geral:

Comparar as modificações apresentadas sobre o fenótipo cardíaco de atletas de futebol

profissional entre os dois gêneros por meio da ecocardiografia.

Objetivos específicos:

Avaliar qual o padrão de hipertrofia ventricular esquerda apresentada nos atletas,

utilizando grupo controle não atleta como referência, e verificar se estas características são

semelhantes entre os gêneros.

Especificar se o grau de hipertrofia encontrado na população atleta feminina é da

mesma proporção àquelas apresentadas no masculino.

Verificar se o conhecimento do padrão de adaptação fisiológico cardíaco apresentado

nos atletas de futebol tem utilidade clínica na avaliação pré-participação esportiva.

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HIPÓTESES

O padrão de resposta adaptativa cardíaca apresentada nos atletas profissionais de

futebol é uma hipertrofia ventricular esquerda do tipo excêntrico e semelhante entre os

gêneros.

As proporções dos fenômenos adaptativos cardíacos apresentados nos atletas são mais

pronunciadas no gênero masculino.

O conhecimento do padrão de hipertrofia ventricular pode ser útil na diferenciação

com outros achados patológicos.

.

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25

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra

O presente estudo foi realizado em corte transversal. Participaram do estudo 83

voluntários, 42 atletas, sendo estes 20 do sexo masculino (MA) e 22 do sexo feminino (FA), e

41 não atletas, destes 19 do sexo masculino (MN) e 22 do sexo feminino (FN). Os atletas de

futebol tinham como requisitos carga horária de treinamento de aproximadamente 20 horas

semanais, serem assintomáticos e estarem na pré-temporada dos torneios profissionais.

Doenças pré-existentes como hipertensão arterial e outras cardiopatias foram excludentes do

estudo. O grupo não-atleta foi constituído por indivíduos que praticavam não mais que

2h/semana de exercício físico e que nunca desempenharam atividade esportiva competitiva

profissional.

Os indivíduos foram conduzidos ao Hospital Dom Helder Câmara/IMIP, ao

laboratório de Ecocardiografia, onde foram submetidos, além do exame ecocardiográfico, à

aferição da estatura e peso corporal. Todos os participantes receberam e assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética da

Universidade Federal de Pernambuco segundo parecer nº 67226 CAAE

03293612.3.0000.5208.

Exame Ecocardiográfico

O exame Ecocardiográfico ou Ecodopplercardiograma Bidimensional com Doppler a

cores foi realizado com o equipamento - General Eletric, série Vívid I. Para análise e

caracterização funcional e padrão de geometria ventricular, todos os exames foram realizados

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pelo mesmo investigador especialista em cardiologia e ecocardiografia. Todas as variáveis

foram obtidas a partir dos cortes paraesternal (eixo longitudinal e transversal) e apical quatro

e cinco câmaras. Foram avaliadas as seguintes variáveis ecocardiográficas: diâmetro do átrio

esquerdo (AE), espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo (PPVE), espessura do

septo interventricular (SIV), diâmetro da raiz de aorta (Ao), diâmetros diastólico e sistólico do

ventrículo esquerdo (DDVE e DSVE). Os volumes sistólicos e diastólicos finais (VSF, VDF),

volume de ejeção (VE) e fração de ejeção (FE) foram obtidos pelo método de Teichholz. A

massa ventricular esquerda foi analisada seguindo as especificações da American Society of

Echocardiography (LANG B, et al. 2005) e aplicando-se a fórmula de Devereux. Os

parâmetros de normalidade seguiram às recomendações da Sociedade Americana de

Ecocardiografia (ASE).

Análise estatística

Os resultados das variáveis verificadas ao exame ecocardiográfico foram expressos

como média ± DP. Os valores encontrados foram submetidos ao teste de normalidade de

Shapiro-Wilk. Um valor de p<0,05 foi considerado como significativo. Para comparar os

grupos de atletas com os respectivos grupos controles, tendo gêneros e treinamento como

fatores, foi utilizado o Anova two way. Para análise dos dados foi utilizado o softwar SPSS,

versão 20.0 (SPSS Inc. CHICAGO, ILLINOIS). As proporções de HVE apresentadas entre os

grupos foram calculadas a partir de cálculo simples de percentagem.

A fim de corrigir as diferenças alométricas entres os indivíduos, os valores dos

diâmetros e volumes intracavitários cardíacos foram relativizados, embora variáveis como

peso ou altura isoladamente pudessem ser utilizados para essa correção alométrica, a área de

superfície corporal (ASC) é a mais estabelecida para aplicação em grupos populacionais. Em

nosso estudo, realizamos a correção alométrica utilizando a ASC calculada a partir da fórmula

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de DuBois, por ser a de mais ampla utilização nos estudos com ecocardiografia. Obtivemos,

assim, os resultados finais tanto em valor absoluto quanto em valores corrigidos para a área de

superfície corporal. Essa correção se faz essencial uma vez que se pretende comparar

estruturas de indivíduos de gêneros distintos, com evidente predomínio de estatura e peso do

grupo masculino sobre o feminino.

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RESULTADOS

Original investigation

Comparing the magnitude of cardiac hypertrophy between genders in professional

soccer players

André Sansonio de Morais1, Adriano Eduardo Lima-Silva

1, Ary Gomes Filho

2

1Sports Science Research Group, Department of Physical Education and Sports Science CAV,

Federal University of Pernambuco, Brazil.

2 Center for Physical Education and Sports - Federal University of Pernambuco.

Running title: cardiac hyperthrophy, athlete’s heart, left ventricular hyperthrophy

Address for correspondence:

Adriano E. Lima-Silva

Sports Science Research Group, Department of Physical Education and Sports Science,

Academic Center of Vitoria, Federal University of Pernambuco.

Alto do Reservatorio street, Bela Vista, Vitoria de Santo Antão, Pernambuco, Brazil.

ZIP CODE: 55608680.

Phone/fax number: +55 8135233351. E-mail address: [email protected]

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ABSTRACT

The morphological adaptation of the heart with training is popularly recognized as "athlete's

heart". This phenomenon is less known in woman athletes, and comparison between genders

for morphological and functional cardiac adaptation in soccer players are unknown. Purpose:

To compare the structure and cardiac function between male and female professional soccer

players using counter partners untrained as control. Methods: the study enrolled 83

participants, being 20 male athletes (MA) and 22 female athletes (FA), and their respective

controls (19 and 22 male and female non-athletes individuals, MN and FN, respectively). The

participants underwent anthropometric measurements and echocardiography. Results:

Compared to their respective controls, athletes of both genders showed significant

enlargement (p<0.05) of the left atrium (MA: 1.88 ± 0.12 vs MN: 1.68 ± 0.43 and FA: 1.88 ±

0.20 vs. FN: 1.79 ± 0.18 cm/m2), left ventricular mass index (MA: 121.65 ± 20.23 vs. MN:

99.84 ± 13.80 and FA: 91.77 ± 22.05 vs. FN: 72.28 ± 10.46 cm/m2), end-diastolic diameter of

the left ventricle (MA: 2.81 ± 0.26 vs MN: 2.55 ± 0.66 and FA: 2.86 ± 0.25 vs FN: 2.74 ± 0

22 cm/m2), septal thickness (MA: 0.45 ± 0.04 vs MN: 0.40 ± 0.11 and FA: 0.47 ± 0.06 vs FN:

0.41 ± 0.04 cm/m2) and posterior wall thickness of the left ventricle (MA: 0.43 ± 0.04 vs.

MN: 0.39 ± 0.10 and FA: 0.44 ± 0.06 vs FN: 0.39 ± 0.04 cm/m2). Conclusion: Female

professional soccer athletes experience an adaptive phenomenon similar to male athletes,

which is characterized by a similar cardiac enlargement in both left atrium and ventricle. A

balanced hypertrophy with concentric and eccentric components were identified for both male

and female soccer players.

KEY WORDS: left ventricular hypertrophy, athletic’s heart, echocardiography.

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INTRODUCTION

Soccer is one of the most popular sport around the world. Initially practiced by men,

only a few decades the women's football class entered in the professional circuit. It has been

estimated that women's soccer has over 26 million members worldwide (18). The increased

requirement to reach the best physical condition conduces to an overload on the

cardiovascular system. During one match, elite-level soccer players travel about 10 km at an

average intensity close to the anaerobic threshold, what represents 80-90% of maximal heart

rate (13, 23). The energy expenditure during a match has been described to be a little bit lower

in women than in men (1200-1300 vs. 1500-1600 kcal, respectively) (5), with women cover a

slightly lower distance throughout the game (10.3 vs. 12 km, respectively) (13), but both can

reach running speeds above 25 km.h-1

several times during the match (27). This data suggest

that although slightly lower energy demanding and distance covered in women, the relative

match intensity and the current level of training has become similar between genders over the

years.

It is important to point out that soccer training sessions are characterized by high-

intensity, intermittent bouts, interspersed with spins, jumps and kicks, with sudden stops and

rapid accelerations (5). Therefore, football training represents a mix component of resistance,

strength, aerobic and anaerobic training, which can carry to a particular heart adaptive

response. These morphological and functional cardiac adaptations have been studied over a

hundred year and are popularly called "athlete's heart" (17). The phenotypic changes that

characterize the athlete's heart syndrome should be regarded as normal physiological

adaptations to exercise training, being transient and without negative repercussions for health

(19, 21).

While largely studied in male athletes, there are only few studies with female

athletes considering training-induced morphologic and functional cardiac adaptions (10), and

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preliminary data suggest that the physiological remodeling experienced by female athletes are

quantitatively inferior to those found in male athletes (4, 7, 9, 20, 24, 28). It is also important

to note that physiological remodeling of heart may be easily confused with diseases,

especially with the hypertrophic cardiomyopathy (HC), which is a major cause of sudden

death in an athlete population under 30 years of age (3, 6, 15, 16, 22, 26). Recognition of

phenotypic standard in female soccer players may be useful to quantify the overall

hypertrophy degree and to distinguish it from HC. When the cardiac muscle hypertrophy

reaches wall thickness of the left ventricle between 1.3 and 1.6 cm, this could be considered a

"gray area" between what would be a physiological adaptation or a light HC (11). Thus,

identifying differences in training-induced heart adaptations between male and female soccer

players might be useful in distinguishing between the heart’ athlete and those of pathological

etiology.

Therefore, the objective of this study was to quantify the magnitude and pattern of

cardiac hypertrophy in women's professional soccer players and to compare to those observed

in men soccer players. Corresponding non-athletes, untrained groups matched by age and with

no historical of previous professional training were used as control.

METHODS

Participants

Participated in this cross-sectional study, 83 volunteers, being 20 males and 22

females’ professional regional soccer players, and 19 males and 22 females’ non-athletes. The

soccer players trained about 20 hours a week and were in the preseason of the main

tournament. The non-athletes group consisted of individuals who practiced no more than 2

hours per week of physical exercise and had never played professionally competitive sport

activity. Pre-existing conditions like high blood pressure and other heart diseases were

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considered exclusion factor in the study. One male of the non-athlete group was excluded

because it was identified high blood pressure in the pre-assessment. All participants received

and signed the free and informed consent. This study was approved by the Ethics Committee

of the Federal University of Pernambuco.

Echocardiography

The echocardiographic examination with color doppler was performed with a

machine General Electric, Vivid I series for analysis and functional characterization and

pattern of ventricular geometry. The same investigator who was specialist in cardiology and

echocardiography performed all exams. All variables were obtained from the parasternal long

and short axias in apical 4 e 5 chambers view. The following echocardiographic variables

were analyzed: diameter of the left atrium (LA), posterior wall thickness of the left ventricle

(PWLV), septal thickness of the left ventricle (SLV), diameter of the aortic root (Ao), systolic

and diastolic diameters of the left ventricle (LVSD and LVDD). The left ventricular ejection

fraction (EF) were obtained by Teichholz method (25). Left ventricular mass was analyzed

following the specifications of the American Society of Echocardiography and applying the

Devereux formula (14). The normal parameters followed the recommendations of the

American Society of Echocardiography (ASE), and the presence of left ventricular

hypertrophy was considered in those who experienced left ventricular mass index (LVMI)

greater than 115 g/m2 in males and greater than 95g/m2 in women (14). To adjust the

morphological differences among individuals, diameters and myocardial thickness were

corrected to the body surface area (BSA).

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Statistical analysis

The results were expressed as mean ± SD. A Shapiro-Wilk test was used to test the

normality of the data. A two-way ANOVA with gender and training level as factors was used

to assess differences. Data analysis was performed using the SPSS software, version 20.0

(SPSS Inc. CHICAGO, ILLINOIS). A p value < 0.05 was considered as statistically

significant.

RESULTS

The groups were of similar age, but the males were taller and heavier compared to

female (p < 0.05) in both athletes and non-athletes groups (table 1). The left ventricular

hypertrophy was more frequent among athletes (55% in male and 50% in female) when

compared to non-athletes (10 and 5%, respectively).

Table 1. Characteristics of the groups.

Men Women

Non athletes Athletes Non athletes Athletes P value

n=20 n=19 n =21 n=21

Gender 0.226

Age 22.9 3.6 25.2 3.8 22.73.4 23.34.5 Training 0.099

(years) Gender*Training 0.345

Gender 0.001†

Weight 73.09.1 77.07.5 58.512.8 62.78.5 Training 0.061

(Kg) Gender*Training 0.955

Gender 0.001†

Height 175.07.3 178.78.5 164.18.3 166.48.9 Training 0.105

(cm) Gender*Training 0.968

Values are mean ± SD. † Significantly different between the groups. Gender*Training

represents the interaction in gender and training level.

André
Stamp
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34

The male groups showed higher (p < 0.05) aortic root diameters (male athletes: 3.28

± 0.32 cm; male non-athletes: 3.16 ± 0.20 cm), when compared to the female groups (2.86 ±

0.27 and 2.76 ± 0.25 cm, respectively), but there was no difference between the athlete and

non-athletes groups (p > 0.05). The gender differences for aortic root diameters disappeared

when normalized by BSA.

The men groups also presented larger left atrium (male athletes: 3.65 ± 0.25 cm;

male non-athletes: 3.32 ± 0.24 cm) compared to the female groups (3.16 ± 0.31 and 2.90 ±

0.22 cm, respectively). The left atrium was also larger in athletes than in non-athletes for both

genders (p < 0.05). However, while gender differences disappeared when left atrium diameter

normalized by BSA (p > 0.05), the training effects remained (Figure 1).

Figure 1: Comparison of left atrium (LA) diameter (relative to body surface area) between

the groups. # Significantly different between non-athletes and athletes.

The end-diastolic diameter was higher in male than female (p < 0.05) and in athletes

than non-athletes (p < 0.05), but there was no interaction gender vs training (p > 0.05, table

2). The gender differences for end-diastolic diameter of the left ventricle disappeared when

normalized by BSA and athletes remained with higher values even when normalized by BSA

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(figure 2). The left ventricular ejection fraction was slightly reduced in athletes compared to

non-athletes (p < 0.05), regardless of gender (Table 2).

Ventricular mass and left ventricular mass index were both higher (p < 0.05) in male

than in female and in athletes than in non-athletes (Table 3 and figure 3).

Table 2. Comparison of the left ventricle end-diastolic diameter and ventricular ejection

fraction between the groups.

Men Women

Non athletes Athletes Non athletes Athletes P value

Gender 0.001†

LVDD 5.050.37 5.460.34 4.440.33 4.800.28

Training 0.001†

(cm) Gender*Training 0.713

Gender 0.158

LVDD/BSA 2.550.66 2.810.26 2.740.22 2.860.25 Training 0.030†

(cm/m2) Gender*Training 0.379

Gender 0.726

EF 65.424.71 63.005.41 64.865.20 62.823.67 Training 0.037†

(%) Gender*Training 0.859

Values are mean ± SD. LVDD=left ventricle end-diastolic diameter. BSA=body surface area.

EF= left ventricular ejection fraction. † Significantly different between the groups.

Gender*Training represents the interaction in gender and training level.

André
Stamp
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36

Figure 2. Comparison of left ventricle end-diastolic diameter (LVDD) between the groups

(relative to body surface area). # Significantly different between non-athletes and athletes.

Table 3. Comparison of the left ventricular mass and ventricular mass index between the

groups.

Men Women

Non athletes Athletes Non athletes Athletes

P value

Gender 0.001†

Mass 187.0026.00 237.2040.01 116.1422.78 162.9126.49 Training 0.001†

(g) Gender*Training 0.793

Gender 0.001†

LVMI 99.8413.80 121.6520.23 72.2810.46 91.7722.05 Training 0.001†

(g/m2) Gender*Training 0.764

Values are mean ± SD. LVMI=left ventricular mass index. † Significantly different between

the groups. Gender*Training represents the interaction in gender and training level.

André
Stamp
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37

Figure 3. Comparison of left ventricular mass index (LVIM) between the groups.

# Significantly different between non-athletes and athletes. * Significantly difference between

men and women.

The septal wall thickness and posterior wall of left ventricle were higher in male

than female (p < 0.05) and in athletes than non-athletes (p < 0.05), but there was no

interaction gender vs training (p > 0.05, table 4). The gender differences disappeared when

normalized by BSA, but athletes remained with higher values for both even when normalized

by BSA (figure 4 and 5). The relative wall thickness of the left ventricle showed no

significant difference between genders, but was significantly higher in athletes than non-

athletes groups (table 4).

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Table 4. Comparison of left ventricle septal wall, posterior wall and relative wall thickness

between the groups.

Men Women

Non athletes Athletes Non athletes Athletes

P value

Gender 0.001†

LVSW 0.780.08 0.870.07 0.670.06 0.790.09 Training 0.001†

(cm) Gender*Training 0.222

Gender 0.001†

LVPW 0.780.06 0.850.09 0.640.07 0.740.08 Training 0.001†

(cm) Gender*Training 0.393

Gender 0.549

RWT 0.310.04 0.320.03 0.300.03 0.320.04 Training 0.034†

Gender*Training 0.347

Values are mean ± SD. LVSW=left ventricle septal wall thickness. LVPW= left ventricle

posterior wall thickness. † Significantly different between the groups. Gender*Training

represents the interaction in gender and training level

André
Stamp
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39

Figure 4: Comparison of left ventricle septal wall thickness (relative to body surface area).

between the groups. # Significantly different between non-athletes and athletes.

Figure 5. Comparison of left ventricle posterior wall thickness (relative to body surface area)

between the groups. # Significantly different between non-athletes and athletes.

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40

Regarding the right chambers, both atrium and ventricle had greater absolute values

in male than in female and in athletes than non- athletes, but this difference became non-

significant after correction to BSA (Table 5).

Table 5. Comparison of right chambers between the groups.

Men Women

Non athletes Athletes Non athlete Athletes

P value

Gender 0.001†

RA 4.260.54 4.740.61 3.290.49 4.000.51

Training 0.001†

(cm) Gender*Training 0.354

Gender 0.076

RA/BSA 2.050.79 2.430.25 2.040.34 1.920.96 Training 0.368

(cm/m2) Gender*Training 0.097

Gender 0.001†

RV 3.910.53 4.010.38 3.060.47 3.380.43 Training 0.047†

(cm) Gender*Training 0.316

Gender 0.118

RV/BSA 1.880.74 2.060.20 1.900.33 1.630.83 Training 0.729

(cm/m2) Gender*Training 0.090

Values are mean ± SD. RA=right atrium diameter. RV=right ventricle diameter.

BSA=body surface area. † Significantly different between the groups. Gender*Training

represents the interaction in gender and training level.

André
Stamp
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41

DISCUSSION

Professional soccer players experience an increasing training demand. Due to poor

data in literature with female soccer athletes, the consequences of the training and the

comparisons in this type of sport between the genders are unknown. The overload the

cardiovascular system is evident, once in our sample ~ 50% of male and female athletes had

left ventricular hypertrophy. Previous data suggest that the physiological remodeling

experienced by female athletes are quantitatively inferior to those found in the male (4, 7, 9,

20, 24, 28), which could be explained by the smaller body surface area that usually occurs in

the female gender (1).

In our study, the female athletes showed adaptations in cardiac morphology similar

to those experienced in males, i.e., left ventricular hypertrophy as well as enlargement of the

left atrium. Our data show that the same difference between the values of mass and left

ventricular mass index observed between athletes and non-male athletes in males is

maintained in females (Figure 1). The difference between athletes and non-athletes were also

similar across the genders for magnitude of increase in intracavitary left chambers and

myocardial wall thickness (Figures 2-5).

Although the increase in linear measurements of the right chambers were observed

in absolute terms, when corrected to body surface area, the statistical significance was missed.

This has been observed By Hoogsteen et al. in 2003 whom observed morphological

adaptations in the heart of endurance athletes (marathoners), strength (sprinters), and

sedentary, where large right ventricular volumes were found, but no there was no significant

difference when values were adjusted to body surface area (12).

Studies of a large meta-analysis showed that the left ventricular ejection fraction at

rest is usually normal between athletes (8). Our study points to a mild decrease in left

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ventricular ejection fraction. Similar results have been documented in a study involving 147

cyclists where these athletes had left ventricular ejection fraction ≤ 52% at rest (2). The

importance of these findings for the understanding of exercise physiology and differentiation

between the athlete's remodeling and pathological states lack accurate explanations and

represent an area of great scientific interest (1). Our analysis was performed at rest using the

Teichholz method. It is likely that this result represent only one myocardial reserve pattern

than a state of ventricular dysfunction.

Literature features four classic patterns for left ventricular: normal pattern;

concentric remodeling; concentric hypertrophy and eccentric hypertrophy. Although the

classic pattern of ventricular remodeling presented by soccer athletes practicing published

elsewhere is the pattern of eccentric hypertrophy, our data provide additional information that

the typical pattern of cardiac phenotypic response in soccer is a mixed component of

hypertrophy: concentric and eccentric. Respecting the recommended by the Guidelines, all of

our athletes with left ventricular hypertrophy and relative wall thickness of the left ventricle

lower than 0.42, would all be classified as eccentric pattern of hypertrophy. However, we

cannot rule out that the data show significantly increase in diameter of the ventricular

chamber as in myocardial wall thickness, with a significantly increase in RWT in athlete

group compared to non-athlete in both genders. Although no athletes has presented STLV or

PWLV with values above the limits, increased RWT suggests concentricity component in the

adaptive phenomenon. A mixed pattern of ventricular hypertrophy, with concentric and

eccentric components, seems more plausible in soccer due the characteristics of this modality,

with aerobic component such as jogging and rest, and anaerobic component such as sprints

and jumps. These two energy systems, anaerobic and aerobic, are exhaustively trained during

a season. The knowledge of the specific pattern of hypertrophy presented by soccer players

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may be useful in distinguishing with other disease states, especially hypertrophic

cardiomyopathy.

In conclusion, our data show that cardiac adaptive changes experienced in

professional soccer athlete are represented by a proportional increase in both intracavitary

diameter of the atrium and left ventricle as well as the thickness of the myocardium, and such

modifications are shown with the same magnitude between genders.

ACKNOWLEDGMENTS

The authors thank the Dom Helder Camara Hospital / IMIP Brazil for providing the

echocardiography laboratory.

CONFLICT OF INTEREST

No financial support was received.

The authors declare no conflict of interest.

The results of this study do not constitute endorsement by the American College of Sports

Medicine.

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47

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossos dados comprovam que as atletas profissionais de futebol experimentam

alterações adaptativas cardíacas reconhecidas como hipertrofia ventricular esquerda, e tais

adaptações são de magnitudes semelhantes àquelas evidenciadas na população atleta

masculina.

O padrão de hipertrofia ventricular esquerda apresentado pelos atletas em nossa

casuística foi uma hipertrofia balanceada, com componente concêntrico e excêntrico. Um

padrão misto de hipertrofia ventricular parece mais plausível no futebol conhecendo-se as

características próprias a essa modalidade, com componente aeróbio e anaeróbio.

O conhecimento dos padrões de remodelamento ventricular ao exame

ecocardiográfico nas hipertrofias ventriculares (coração do atleta) nas diferentes modalidades

esportivas, e especificamente no futebol, pode ser útil na diferenciação com outros estados

patológicos, particularmente a cardiomiopatia hipertrófica, a qual responde como a principal

causa de morte súbita relacionada ao esporte na população jovem.

Tais adaptações cardíacas não são restritas ao ventrículo esquerdo, mas também ao

átrio esquerdo e possivelmente às câmaras direitas (o que foi demonstrado em valores

absolutos em nossos dados, porém não significativos após correção alométrica). Estudos

posteriores, englobando morfologia e dinâmica das câmaras direitas podem elucidar detalhes

do envolvimento destas no fenômeno adaptativo cardíaco próprio do atleta.

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52

APÊNDICE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

“HIPERTROFIA CARDÍACA EM ATLETAS DE FUTEBOL: ASPECTOS CLÍNICOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE PLASTICIDADE DO SISTEMA

CARDIOVASCULAR”.

Eu, __________________________________________________________, assino abaixo, dou o

meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa

supracitado sob a responsabilidade do pesquisador André Sansonio de Morais médico

cardiologista do Hospital Dom Helder Câmara/IMIP e mestrando do programa de pós-graduação

em Nutrição, Atividade física e Plasticidade Fenotípica da UFPE-CAV, sob a supervisão do

professor e doutor Ary Gomes Filho, professor da Universidade Federal de Pernambuco.

Assinado este Termo de Consentimento, estou ciente de que:

O objetivo da pesquisa é determinar o grau de hipertrofia cardíaca experimentado por atletas

profissionais de futebol nos gêneros masculino e feminino. Desta forma, estou disponível para

responder a questões aplicadas pelo pesquisador no que se refere ao condicionamento físico e

treinamento, bem como disponibilizo os dados numéricos referentes aos exames de

ecocardiografia e eletrocardiografia a serem realizados.

Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre minha

participação na pesquisa. Se eu tiver questões adicionais no decorrer deste estudo ou sobre os

meus direitos como participante poderei dirigi-las ao pesquisador André Sansonio de Morais ,

através do telefone (81) 99245592 ou email [email protected].

Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, sem nenhuma

forma de prejuízo a realização dos exames.

Os pesquisadores se comprometem a preservar minha identidade e privacidade e asseguram-me a

confidencialidade dos dados e informações coletadas, garantindo que os resultados obtidos serão

utilizados apenas para alcançar os objetivos da pesquisa, incluindo sua publicação na literatura

científica especializada.

Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de

Pernambuco localizado na Av da Engenharia s/n- 1 andar, sala 4, Cidade Universitária, Recife-PE,

CEP50740-600, Tel 2126 8588, para informações sobre aspectos éticos ou dúvidas que surgirem

durante ou após o estudo.

1. ___________________________________________________________________ Voluntário:_________________________________________________________

Documento de Identificação:___________________________

2. ___________________________________________

Pesquisador______________________________________________________

Documento de Identificação:__________________________________________

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53

3._____________________________________________________

Testemunha 1_____________________________________________________

Documento de Identificação__________________________

4._____________________________________________________________

Testemunha2___________________________________________________

Documento de identificação________________________________________

Vitória de Santo Antão, ____ de _____________ de 20 ____.