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WINSTON ADAM CAMARGO Hipersensibilidade Dentinária: Diagnóstico e Tratamento PORTO 2011

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Page 1: Hipersensibilidade Dentinária: Diagnóstico e Tratamento · A hipersensibilidade dentinária é definida como uma resposta exacerbada a um estímulo ... Figura 2 - Caso severo de

WINSTON ADAM CAMARGO

Hipersensibilidade Dentinária: Diagnóstico e Tratamento

PORTO

2011

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WINSTON ADAM CAMARGO

Hipersensibilidade Dentinária: Diagnóstico e Tratamento

Dissertação apresentada à Faculdade de

Medicina Dentária da Universidade do Porto em

conclusão do curso de Mestrado Integrado em

Medicina Dentária.

Área de concentração: Periodontologia

Orientador: Prof. Doutor José António Pereira

PORTO

2011

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DEDICATÓRIA

A Kelly, minha namorada, minha melhor amiga, companheira de todas as horas, a pessoa que

sempre me incentivou, que comigo sonha, faz planos, divide e conquista. Tenho um orgulho

imenso em ter você como minha namorada.

A minha mãe Iris, minha irmã Gabrielle, meu pai Washington e padrasto Rubens que durante

todos esses anos me deram todo o suporte possível, proporcionando-me através do carinho e

amor, refúgio, orientação e incentivo para seguir em frente, superando os desafios da vida.

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AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, na pessoa de seu director,

Professor Doutor Afonso Manuel Pinhão Ferreira.

Ao Professor Doutor José António Pereira pela confiança em mim depositada, atenção, ajuda e

amizade em todos os momentos.

A todos os Docentes e funcionários que me acolheram de forma extraordinária desde o primeiro

dia de aula.

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RESUMO

A hipersensibilidade dentinária, característica da exposição dos túbulos dentinários, é

uma das mais frequentes queixas encontradas na actividade clínica médico dentária,

apresentando-se como um dos problemas mais dolorosos e resistentes ao tratamento, assim, o seu

entendimento, resolução e possível prevenção tornaram-se um dos maiores desafios encontrados

pelo clínico e seus pacientes.

A hipersensibilidade dentinária é definida como uma resposta exacerbada a um estímulo

sensorial não nocivo (térmico, táctil, químico ou osmóticos) que desencadeia dor sem provocar

alterações patológicas no complexo dentino-pulpar. O resultado do estímulo provocado pode

variar entre uma dor ligeira até uma dor extrema, podendo implicar nos hábitos alimentares e de

higiene bucal do paciente.

A principal causa da hipersensibilidade dentinária é a exposição da dentina e

consequentemente dos túbulos dentinários presentes em toda a sua extensão. Esta exposição

geralmente é causada por dois processos: perda de esmalte resultante de erosão, abrasão, atrição

e abfração; e perda de tecido periodontal de suporte (cemento e ligamento periodontal),

proveniente de doença periodontal.

Muitos tratamentos têm sido propostos, mas nenhum universalmente aceito ou

altamente confiável foi identificado. Quando um paciente apresenta sintomas que podem ser

atribuídos a hipersensibilidade dentinária, um exame clínico completo deve ser realizado para

descartar outras possíveis causas antes de fazer um diagnóstico e iniciar tratamento.

Dependendo do diagnóstico, uma combinação de instrução de higiene oral, uso de

dessensibilizantes “caseiros”, e tratamento clínico profissional pode ser requerido para o

tratamento do problema.

Palavras-chave: Hipersensibilidade dentinária, dentina sensível, diagnóstico, tratamento, agentes

dessensibilizantes dentinários.

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ABSTRACT

Dentine hypersensitivity is characterized by the exposure of dentinal tubules and it is

one of the most common complaints encountered in clinical dentistry, presenting itself as one of

the most painful and resistant to treatment, so its understanding, resolution and prevention is one

of the biggest challenges faced by dentists and their patients.

Dentine hypersensitivity is defined as an exaggerated response to a sensory stimulus

(thermal, tactile, chemical or osmotic), which triggers pain without causing pathological changes

in the dentin-pulp complex. The result of the stimulus evoked may vary from mild to extreme

pain which can interfere in the dietary habits and oral hygiene of the patient.

The main cause of dentine hypersensitivity is the exposure of the dentine and in

consequence the dental tubules present in its entire surface. This exposure is usually caused by

two processes: enamel loss resulted from dental erosion, abrasion, attrition and abfraction, and

loss of periodontal tissue support due to periodontal disease.

Many treatments have been proposed but no universally accepted or highly reliable

desensitizing agent or treatment has been identified. When a patient presents with symptoms that

may be attributed to dentine hypersensitivity, a thorough clinical examination should be carried

out to rule out other likely causes before making a diagnosis and embarking on treatment.

Depending on the identified cause, a combination of individual oral health behaviour

instructions, use of self-care products, and professional treatment may be required to manage the

problem.

Keywords: Dentin hypersensitivity, dentin sensitivity, diagnosis, treatment, dentin desensitizing

agents

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Abrasão dentária resultado de vigorosa escovagem (36) .............................................. 14

Figura 2 - Caso severo de erosão e atrição dentária (38) .............................................................. 14

Figura 3 - Forças laterais criam tensão cervical e compressão (37) .............................................. 15

Figura 4 - Teorias da sensibilidade dentinária (15) ...................................................................... 17

Figura 5 - Representação da teoria da hidrodinâmica mostrando a saída do fluido dentinário da

polpa em resultado a um estímulo frio. (10) ................................................................................. 19

Figura 6 - Representação da teoria da hidrodinâmica mostrando o movimento do fluido

dentinário em direcção a polpa em resultado a um estímulo quente (10) ...................................... 19

Figura 7 - Teste de sensibilidade através de jacto de ar sobre a recessão gengival ...................... 23

Figura 8 - Teste de sensibilidade através da sonda exploradora no sentido disto-mesial. ............ 23

Figura 9 - Esquema ilustrativo da escala analógica da dor (parte da frente) (19) .......................... 24

Figura 10 - Esquema ilustrativo da escala analógica da dor (parte de trás) (19) ............................ 24

Figura 11 - Algoritmo para diagnóstico e tratamento da hipersensibilidade dentinária

preconizado pelo Canadian Advisory Board on Dentin Hipersensitivity (26) 6 ............................. 26

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LISTA DE TABELAS

Tabela I - MeSH (Medic Subject Headings) 2 ............................................................................ 12

Tabela II - Etiologia e Factores associados com a HD (23) .......................................................... 16

Tabela III - Resumo dos estudos tipo questionário de prevalência de hipersensibilidade

dentinária. Adaptação de adaptada de Rees (1) e Gillian & Orchardson (23) 1 ............................... 21

Tabela IV - Resumo dos estudos clínicos de prevalência de hipersensibilidade dentinária.

Adaptação de adaptada de Rees (1) e Gillian & Orchardson (23) .................................................. 21

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ca(OH)2 Hidróxido de Cálcio

Ca+ Ião de Cálcio

CO2 Dióxido de Carbono

DVD Descritor Verbal Desagradável

DVI Descritor Verbal Intensivo

EVA Escala Visual Analógica

HD Hipersensibilidade Dentinária

K+ Ião de Potássio

LASER Nd:YAG Laser de Alumínio Ítrio Garnet Dopados com Neodímio

LASER Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation

MESH Medic Subject Headings

pH Potencial Hidrogeniônico

SDR Sensibilidade Dentinária Radicular

SnF2 Fluoreto de Estanho

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10

2 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 12

3 HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA CERVICAL ................................................ 13

3.1 DEFINIÇÃO ..................................................................................................... 13

3.2 ETIOLOGIA ..................................................................................................... 13

3.2.1 MECANISMO DA DOR ....................................................................... 17

3.3 PREVALÊNCIA ............................................................................................... 20

3.4 DIAGNÓSTICO ............................................................................................... 22

3.5 TRATAMENTO ............................................................................................... 27

4 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 33

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 34

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1 INTRODUÇÃO

Actualmente a clínica dentária tem proporcionado uma diminuição na perda dentária

resultado de processos cariosos, porém, o prolongamento da “vida” dentária tem resultado em

um aumento na ocorrência de lesões cervicais não-cariosas. A hipersensibilidade dentinária,

característica da exposição dentinária em lesões cervicais, tem sido relatada como um problema

comum entre os adultos, apresentando-se na clínica dentária como um dos problemas mais

dolorosos e de difícil tratamento. (1-4)

A procura por novos métodos de tratamento da hipersensibilidade dentinária é resultado

do crescente interesse dos médicos dentistas que data desde os últimos 150 anos. (5) E o crescente

número de publicações reafirma esse interesse. (6)

De acordo com a literatura, a hipersensibilidade dentinária é definida com uma dor

aguda e de curta duração, causada pela dentina exposta, em resposta a estímulos mecânicos,

químicos, térmicos ou osmóticos, e que não pode ser caracterizada como nenhuma outra

alteração ou doença dentária. O estímulo provocado pode variar entre um pequeno desconforto

até dor extrema. (7) Neste caso, o desconforto pode interferir nos hábitos de alimentação e higiene

oral do paciente.

A principal etiologia da hipersensibilidade dentinária é a exposição dos túbulos

dentinários ao meio oral. Essa condição permite a movimentação do fluido dentinário no interior

dos túbulos, resultado de estímulos aplicados sobre a dentina exposta, gerando dor. (8)

Esta exposição geralmente é causada por dois processos: perda de esmalte resultante de

erosão, abrasão, atrição e abfração; e perda de cemento, proveniente de doença periodontal. (3;6;9-

14)

Microscopicamente, os factores relacionados a hipersensibilidade dentinária incluem o

número, diâmetro e a abertura dos túbulos dentinários. Na dentina sensível, o número de túbulos

por unidade de área chega a ser oito vezes maior que o encontrado em dentina não-sensível. Já o

diâmetro dos mesmos é duas vezes maior na dentina sensível. (15)

Na prática clínica, torna-se difícil realizar um diagnóstico preciso ao observar para o

aspecto clínico da lesão, pois invariavelmente mais de um agente etiológico pode estar associado

a sua progressão. (6;7;16-18)

A necessidade individual de tratamento depende da etiologia, do nível de dor do

paciente, extensão e profundidade da lesão. Segundo a literatura, os tratamentos podem ser

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classificados de acordo com as suas características físicas ou químicas ou mesmo de acordo com

o seu modo de acção: 1) precipitação de proteínas; 2) obliteração dos túbulos dentinários; 3)

selamento dos túbulos dentinários; 4) combinação de vários tratamentos. (2;4;11;13;19-22)

Em uma época em que cada vez mais pessoas ainda possuem seus próprios dentes e o

tratamento de lesões cervicais mostra os resultados mais frustrantes principalmente devido à

constante recidiva, este trabalho teve como objectivo revisar a literatura referente a

hipersensibilidade dentinária, enfatizando no seu diagnóstico e tratamento.

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2 MATERIAIS E MÉTODOS

O mecanismo de busca utilizado para este trabalho de revisão incluiu pesquisa em

banco de dados – PUBMED (Fevereiro 2011) e selecção de artigos através de metodologia

booleana.

Para o inicio da pesquisa foram seleccionados as palavras-chave (Tabela I) objectivando

o englobamento dos termos mais utilizados referente a hipersensibilidade dentinária e os artigos

foram obtidos através de sistema electrónico de busca com os seguintes descritores de assunto:

MeSH (Medic Subject Headings)

Dentin Sensitivity

• ET – Etiology

• DI –Diagnosis

• PC – Prevention & control

• TH - Therapy Dentin Desensitizing Agents

• AD – Administration & Dosage

• TU - Therapeutic use Tabela I - MeSH (Medic Subject Headings)

Após a selecção dos termos, os mesmos foram organizados numa metodologia booleana

seguindo a fórmula abaixo:

("Dentin Sensitivity/diagnosis"[Mesh] OR "Dentin Sensitivity/prevention and

control"[Mesh] OR "Dentin Sensitivity/therapy"[Mesh]) OR ("Dentin Desensitizing

Agents/administration and dosage"[Mesh] OR "Dentin Desensitizing Agents/therapeutic

use"[Mesh]).

Foram excluídos os artigos que não estivessem na língua portuguesa, inglesa ou

espanhola e que não fossem de acesso gratuito através dos convénios da Biblioteca da Faculdade

de Medicina Dentária da Universidade do Porto.

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3 HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA CERVICAL

3.1 DEFINIÇÃO

A hipersensibilidade dentinária é caracterizada pela presença de dentina exposta e por

uma dor aguda e de curta duração, normalmente resultado de um estímulo térmico, táctil,

osmótico ou químico, e que não pode ser atribuída à nenhuma outra patologia ou alteração

dentária. (3;14;23-26) Vários termos tem sido utilizado para esta condição, por exemplo,

sensibilidade dentinária, sensibilidade dentária, hipersensibilidade da dentina, sensibilidade da

raiz e hipersensibilidade dentária. (7) Nesta revisão de literatura o termo preferido foi

hipersensibilidade dentinária.

3.2 ETIOLOGIA

A etiologia da hipersensibilidade dentinária é multifactorial e não totalmente

compreendida, embora tenha sido demonstrada por vários investigadores, que a estrutura de

dentina na área sensível é alterada, contendo um número maior de túbulos dentinários com um

maior diâmetro tubular em comparação com dentes sem sintomatologia. (1;3;6;7;9;11-13;18;23;27-29)

Estas observações parecem ser coerentes com a teoria hidrodinâmica de Brännströn (8), a qual

sugere que a HD ocorre devido a mudanças hidrodinâmicas do fluido dentinário, activando

mecanicamente os nervos situados no interior dos túbulos dentinários ou na periferia da polpa

dentária, quando a dentina está exposta ao meio oral e com os túbulos abertos.

Uma série de revisões (2;3;6;7;9;11-13;16;21-23;26;27;29-35) ao longo dos últimos 20 anos

apresentaram um grau de informação que pode ser útil ao médico dentista. Estas revisões

indicam que a exposição da dentina pode ser resultado de um dos seguintes processos:

1. Remoção do esmalte que recobre a coroa do dente;

Esta remoção ocorre principalmente por 4 factores:

a. Abrasão: Resultado de uma vigorosa escavação com um dentífrico abrasivo; (Fig.

1) (7;27)

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Figura 1 Abrasão dentária resultado de vigorosa escovagem (36)

b. Atrição: Perda de estrutura dentária através do contacto dentário proporcionado

pela mastigação e bruxismo; (Fig. 2) (37)

c. Erosão: é a dissolução química da estrutura dental devido a um ambiente

excessivamente ácido. Fontes de ácido podem ser profissionais, medicamentos,

devido a doenças (bulimia, regurgitação gástrica) e/ou dieta ácida (por exemplo,

refrigerantes, frutas); (Fig. 2) (27)

Figura 2 Caso severo de erosão e atrição dentária (38)

d. Abfração: Mais recentemente, o termo abfração foi adicionado à lista de

factores(23), a lesão é geralmente em forma de cunha, resultado de forças de flexão

que podem interromper a estrutura normal do esmalte e da dentina subjacente por

fadiga cíclica levando a trincas, lascas e rupturas. (23;37)

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Figura 3 Forças laterais criam tensão cervical e compressão, como indicado nas setas. Secção ampliada demonstra a

perda de ligação química entre os cristais de hidroxiapatita do esmalte e a dentina. (37)

Novas investigações sobre os processos mecânicos e químicos do desgaste dentário

indicaram que a abrasão e a erosão ácida podem agravar a perda de esmalte. Estudos detalhados

in vitro e in situ têm mostrado que o processo mecânico de escovagem utilizando apenas uma

escova dentária não tem efeito mensurável sobre o esmalte, e que a escovagem dos dentes com

dentífrico contribui pouco, ou nada, a perda de esmalte durante uma vida inteira de uso. (7) Em

contrapartida, o processo de erosão química de alimentos e bebidas ácidas pode resultar em

significante desgaste dos dentes e da exposição da dentina sobre qualquer aspecto da superfície

do dente. (1;7;11;14) É importante ressaltar que a exposição da dentina que resulta da perda de

esmalte em locais predispostos a hipersensibilidade dentinária, ou seja, na área cervical, acredita-

se que resultam da erosão ácida da dieta, em combinação com a escovagem dos dentes. (14;24)

Estudos mecânicos in vitro demonstraram que a exposição do esmalte a ácidos extrínsecos

resulta numa perda directa da superfície mineral, bem como no amolecimento da superfície do

esmalte, (14;23) e que este tecido de superfície frágil e amolecida pode ser facilmente removido

por baixo níveis de força física. (39)

2. Exposição da superfície radicular, devido à perda de cemento.

A exposição radicular pode ser resultado de uma recessão gengival com o aumento da

idade, doença periodontal crónica, cirurgia periodontal, trauma crónico de hábitos parafuncionais

ou pode ser resultado de um acto iatrogénico por parte do médico dentista, por exemplo, a

restauração inadequada da região cervical de um dente ou movimentação ortodontica. (11;24;39-41)

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Uma via importante através do qual a dentina pode-se tornar exposta é a recessão

gengival. Escovagem exagerada e técnica inadequada têm sido associadas com dano gengival e

recessão através de forças mecânicas. (7) Por outro lado, a doença periodontal e condições

periodontais relacionadas, juntamente com os tratamentos cirúrgicos e não-cirúrgicos, têm sido

associados a danos no tecido periodontal e perda de tecido gengival através de processos de

degradação biológica. (24) Uma vez que a recessão gengival ocorre, independente da causa, o

cemento que recobre a superfície da dentina é removido facilmente, seja por forças físicas e/ou

químicas, expondo a dentina. (7;40)

Todos estes mecanismos, isoladamente ou em combinação, podem induzir a remoção do

esmalte. (11;13;14;17;24;26;39;40) Estes factores etiológicos e predisponentes estão resumidos na Tabela

II.

Etiologia e Factores associados com a HD

Perda de esmalte

Desnudação do cemento

Recessão gengival

Atrição

Abrasão

Abfração

Erosão (intrínseca e extrínseca)

Má-oclusão

Fenestração

Doença periodontal e o resultado do seu tratamento

Cirurgia periodontal

Hábitos parafuncionais do paciente

Iatrogenia por parte do médico dentista Tabela II - Etiologia e Factores associados com a HD (23)

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3.2.1 MECANISMO DA DOR

Entre os numerosos estímulos que podem produzir uma resposta dolorosa quando

aplicados à dentina, encontram-se os que se relacionam à prática clínica, tais como jactos de ar

ou água frios, contacto mecânico pelo uso de sonda exploratória ou broca, e desidratação com

algodão não-absorvente. (7;11;13)

Com o entendimento da estrutura do complexo dentina-polpa, três mecanismos podem

explicar a sensibilidade dentinária: (1) a dentina contém terminações nervosas que respondem

quando ela é estimulada; (2) os odontoblastos servem como receptores e ligam-se aos nervos

pulpares; (3) a natureza tubular da dentina permite o movimento de líquido dentro do túbulo,

quando o estímulo é aplicado - um movimento registado pelas terminações nervosas livres da

polpa próximo à dentina (Fig. 4). (15)

Figura 4 Teorias da sensibilidade dentinária. A sugere que a dentina é directamente inervada. B sugere que os odontoblastos agem como receptores. C sugere que os receptores estao na polpa e sao estimulados pelo movimento de fluído nos túbulos

dentinários.(15)

Não se discute que a polpa seja bem-inervada, especialmente abaixo dos odontoblastos

(o plexo de Raschkow). É certo, também, que alguns nervos penetram em uma curta distância

dentro de alguns túbulos nos dentes dos seres humanos. A questão é se tais nervos intratubulares

são envolvidos na sensibilidade dentinária. Não há evidências de nervos na dentina externa,

supostamente a mais sensível. Os estudos desenvolvidos mostram que o plexo de Raschkow e os

nervos intratubulares, logo após a erupção dente, não iniciam sozinhos a inervação, contudo os

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dentes recém-erupcionados são sensíveis. Além disso, a aplicação de anestésico local ou nitrato

de prata (precipitante de proteína) a dentina exposta não elimina a sensibilidade dentinária, e

agentes farmacológicos que causam dor, quando aplicados na pele, não provocam a mesma dor,

se aplicados na dentina. (15)

As características estruturais dos nervos intratubulares, especialmente o conteúdo de

mitocôndria e numerosas microvesículas, podem sugerir que tais nervos, de algum modo,

controlam a actividade dos odontoblastos, em vez de monitorar uma mudança no meio ambiente.

A razão para tal suposição é que características semelhantes são encontradas na sinapse (isto é, a

metade transmissora do complexo sináptico), mas foi relatado que algumas terminações nervosas

sensitivas livres na mucosa oral também possuem mitocôndrias e vesículas no seu axoplasma

terminal. Actualmente, pode-se considerar, apenas, que existem alguns nervos dentro de uns

tantos túbulos na dentina interna, mas que a sensibilidade dentinária, como um todo, não

depende somente da estimulação dessas terminações nervosas. (15)

O segundo possível mecanismo, para explicar a sensibilidade dentinária, considera o

odontoblasto uma célula receptora. Esse conceito foi considerado abandonado e reconsiderado

por muitas razões. No passado, demonstrou-se que, como o odontoblasto se origina da crista

neural, ele retém uma capacidade de transdução e propagação de um impulso. O que faltou foi a

demonstração de uma relação sináptica entre o odontoblasto e os nervos pulpares. Também

influenciou contra esse conceito o facto de o potencial de membrana dos odontoblastos medido

in vitro ser muito baixo para permitir a transdução, e o anestésico local e precipitantes da

proteína anularem a sensibilidade. Quando se considerou que o processo odontoblástico,

provavelmente, não se estende muito além da terça parte da espessura da dentina, tal explicação

para a sensibilidade dentinária foi amplamente abandonada. A possibilidade de o processo

odontoblástico estender-se até a junção amelodentinária e a demonstração das junções do tipo

gap entre os odontoblastos (e possivelmente entre os odontoblastos e os nervos pulpares),

associadas ao conhecimento de que tais junções permitem a ligação electrónica, ressuscitaram o

interesse no papel directo do odontoblasto na sensibilidade dentinária. (6;7;15;27)

O terceiro, a teoria hidrodinâmica é hoje aceite como o mecanismo pelo qual ocorre

hipersensibilidade dentinária, e sugere que a hipersensibilidade é o resultado do fluxo de fluido

nos túbulos da dentina. A maioria dos estímulos dolorosos induzidos, em especial os estímulos

de frio e por evaporação, causam uma saída de fluido de dentina (Fig. 5), enquanto estímulos de

calor provocam um deslocamento do fluido em direcção a polpa dentária (Fig. 6). (1;6;7;11-13;21;27)

Isso resulta em uma mudança de pressão em toda a dentina que activa as fibras nervosas intra-

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dentárias, através de uma resposta dos mecanorreceptores, para causar dor. Além disso, o

movimento de fluidos nos túbulos pode causar uma descarga eléctrica, conhecida como

"potencial em cadeia", que pode contribuir através da estimulação eléctrica de uma resposta

nervosa. (7) Em contraste, o calor provoca um recuo relativamente lento de fluido da dentina, e as

mudanças de pressão resultante activam as fibras nervosas de forma menos agressiva, consistente

com o facto de que o calor é geralmente um estímulo menos problemático do que frio. (40)

Figura 5 Representação da teoria da hidrodinâmica mostrando a saída do fluido dentinário da polpa em resultado a um

estímulo frio. (10)

Figura 6 Representação da teoria da hidrodinâmica mostrando o movimento do fluido dentinário em direcção a polpa em

resultado a um estímulo quente (10)

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O mecanismo hidrodinâmico exige que os túbulos dentinários estejam abertos na

superfície da dentina até a polpa. Microscopia electrónica de varredura e estudos com penetração

de corante em dentes decíduos exfoliados, com áreas de dentina exposta clinicamente

caracterizadas como "sensíveis" e "não sensíveis", demonstraram que os túbulos dentinários são

em maior número (oito vezes), de maior diâmetro (duas vezes), e estão abertos nos dentes

"sensíveis", enquanto nos dentes considerados "não-sensíveis", os túbulos dentinários são em

menor número, de menor diâmetro, e normalmente estão bloqueados na superfície da dentina. (1;14) Como a taxa de fluxo de fluido dentinário através dos túbulos de dentina é proporcional à

quarta potência do raio do túbulo, é altamente provável que a diferença no diâmetro tubular entre

os dentes "sensíveis" e "não-sensíveis" é de relevância clínica para o tratamento da

hipersensibilidade dentinária. (3;40) Curiosamente, foi também reportado que o número e o

diâmetro dos túbulos dentinários aumentam a partir da superfície externa da dentina através da

junção interna com a polpa, o que sugere que a hipersensibilidade dentinária pode piorar

progressivamente quando a dentina é exposta através do desgaste dos dentes. (3;6;40)

A dentina é naturalmente protegida, e os túbulos dentinários são obstruídos por uma

camada conhecida como "smear layer", que compreende componentes de proteína e os depósitos

de fosfato de cálcio provenientes da saliva. Para a hipersensibilidade dentinária ocorrer, a dentina

deve tornar-se exposta (um processo chamado de "localização da lesão") e os túbulos dentinários

devem estar abertos e permeáveis até a polpa (um processo chamado de "iniciação lesão"). (40;41)

3.3 PREVALÊNCIA

A hipersensibilidade dentinária pode estar presente logo na adolescência, mas é mais

tipicamente encontrada na população adulta. (29) Estudos sobre a prevalência de

hipersensibilidade dentinária relatam uma ampla diferença, variando de 4-57% em indivíduos

tratados em clínica dentária generalista. (1;5;10;24;29;41) Estas variações foram atribuídas a uma série

de factores, incluindo a metodologia de avaliação ou diagnóstico, população investigada,

factores comportamentais, como hábitos de higiene bucal e ingestão de alimentos e bebidas

ácidas. Também foi relatado que o nível de percepção da HD varia entre os diferentes

profissionais, sendo que os higienistas percebem quase o dobro dos níveis percebidos pelos

médicos dentistas. (23) Especialistas sugerem que os questionários a paciente superestimam a

prevalência de hipersensibilidade dentinária (Tabela III), enquanto exames clínicos

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21

cuidadosamente realizados por dentistas calibrados apresentaram consistentemente baixas taxas

de prevalência. (5;7;18;23;40) No entanto, um resumo dos recentes estudos mostrou uma ampla gama

de valores de prevalência (4-74%) para estudos utilizando diagnóstico clínico. (42) No entanto há

poucos estudos publicados sobre a prevalência ou a incidência de hipersensibilidade após a

terapia periodontal. (23;40;43) Geralmente, os indivíduos com queixa de sensibilidade dentinária

radicular (SDR), como resultado da doença periodontal e/ou seus tratamentos apresentaram na

região valores mais elevados de prevalência, variando de 60-98% (Tabela IV), dependendo do

tipo de avaliação realizada. (7;23;34;40;43)

Autores País Local Tipo N Prevalência(%)

Irwin & McCusker Reino Unido Clínica privada Questionário 250 57

Chabanski et al. Reino Unido Universidade Questionário 507 84 Gillam et al. Reino Unido Clínica privada Questionário 277 52

Gillam et al. Reino Unido Coréia Clínica privada Questionário 557 52 (UK)

55.4 (Coréia) Claydon et al. Reino Unido Clínica privada Questionário 228 50 Tabela III - Resumo dos estudos tipo questionário de prevalência de hipersensibilidade dentinária. Adaptação de adaptada de Rees (1) e Gillian & Orchardson (23)

Autores País Local Tipo N Prevalência(%)

Jensen EUA Universidade Clínico 3000 30 Graf & Galasse Suíça Clínica privada Clínico 351 15 Flynn et al. Escócia Universidade Clínico 369 18 Orchardson & Collins Escócia Universidade Clínico 109 74 Fischer et al. Brasil Universidade Clínico 635 17 Lussi et al Suíça Comunidade Clínico 391 34.8 Chen et al. EUA Universidade Clínico 184 50 Chabanski et al. Reino Unido Universidade Clínico 51 73 Duncan et al. EUA Clínica privada Clínico 764 53 Liu et al. Taiwan Universidade Clínico 780 32 Verzak et al. Jugoslávia Universidade Clínico 40 52.5 Rees Reino Unido Clínica privada Clínico 3593 3.8 Taani & Awartani Arábia Saudita Universidade Clínico 302 52.6 Taani & Awartani Arábia Saudita Clínica privada Clínico 144 42.4 Taani & Awartani Arábia Saudita Universidade Clínico 151 60.3 Rees & Addy Reino Unido Clínica privada Clínico 4841 4.1 Rees Hong Kong Clínica privada Clínico 226 67.7 Tabela IV - Resumo dos estudos clínicos de prevalência de hipersensibilidade dentinária. Adaptação de adaptada de Rees (1) e Gillian & Orchardson (23)

Page 23: Hipersensibilidade Dentinária: Diagnóstico e Tratamento · A hipersensibilidade dentinária é definida como uma resposta exacerbada a um estímulo ... Figura 2 - Caso severo de

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Há evidencias de uma ligeira maior incidência de hipersensibilidade dentinária em

mulheres do que em homens, o que pode ser reflexo da higiene oral, cuidado maior com a saúde

e as práticas alimentares. A maior parte dos doentes estão na faixa etária dos 20-49 anos, com

pico de prevalência entre 30-39 anos. (3;6;7;40;41) Redução dos níveis de hipersensibilidade

dentinária em indivíduos mais velhos é mais provável, como resultado de processos de reparação

que diminui a permeabilidade e reduz a condutividade hidráulica, como a formação de dentina

secundária. (3;6;29) A região cervical da face bucal dos dentes permanentes são as mais

comummente afectadas, e os estudos indicam que os pré-molares e os molares apresentavam

maior sensibilidade, sendo assim os dentes posteriores apresentam maior hipersensibilidade

dentinária. (10;18;41) Essa distribuição de HD é muito consistente com a predilecção pelas áreas

com maior prevalência de recessão gengival. Mais uma vez, isto sugere que a recessão gengival

é a principal causa da exposição da dentina e um dos principais factores predisponentes para a

hipersensibilidade dentinária. (3;7;14;41;42)

3.4 DIAGNÓSTICO

O tratamento clínico da hipersensibilidade dentinária é baseado em um correcto

diagnóstico considerando a gravidade, localização e extensão da sua condição, a eliminação de

outras possíveis causas, a eliminação da dor e a prevenção de sua causa. Isto envolve

aconselhamento sobre práticas de higiene oral ao paciente (tipo de escova dentária e dureza das

cerdas, a escovagem antes ou após as refeições), alimentação (frequência de consumo de

alimentos e bebidas ácidas) e outros hábitos nocivos. (13;26;44)

Uma anamnese correcta, associada a um exame clínico e radiográfico minucioso,

permite a diferenciação da hipersensibilidade dentinária de outras patologias que afectam os

dentes. O correcto diagnóstico é extremamente importante, pois o diagnóstico pode ser

confundido pela presença de cáries incipientes, restaurações em mau estado de conservação ou

realizadas recentemente, trincas ou fracturas dentárias e/ou dentes com processos inflamatórios

da polpa reversíveis ou irreversíveis. (10;16) A sensibilidade dentinária após a realização de

branqueamento dentário é o efeito adverso mais comum quando realizado em dentes vitais,

resultado da penetração dos agentes branqueadores nos túbulos dentinários e consequentemente

na câmara pulpar, originando uma possível pulpite reversível. (13) Tomando estes factores em

consideração, é necessário excluir outras formas de dor ou sensibilidade dentária.

Page 24: Hipersensibilidade Dentinária: Diagnóstico e Tratamento · A hipersensibilidade dentinária é definida como uma resposta exacerbada a um estímulo ... Figura 2 - Caso severo de

23

Para obter um diagnóstico conclusivo da hipersensibilidade dentinária, em primeiro

lugar deve-se avaliar, investigar e comparar cuidadosamente os dentes envolvidos e adjacentes, a

fim de eliminar outras possíveis causas de dor, evitando assim uma possível confusão que

resultará num diagnóstico errado. Uma boa história clínica é essencial e as perguntas feitas pelo

médico dentista podem ajudar na colheita de importantes informações que irão ajudar no

tratamento. (23;26;32)

Tradicionalmente, os médicos dentistas têm utilizado uma sonda exploratória ou jactos

de ar de uma seringa (Fig. 7), aplicando-os sobre a superfície exposta da dentina para provocar

uma resposta do paciente. (45) Estímulo táctil com o uso de uma sonda exploradora é o método

mais fácil, rápido e preciso para identificar as áreas com suspeita de hipersensibilidade

dentinária. (44) O método consiste em tocar a região cervical do dente onde encontra-se a dentina

exposta com uma sonda a partir da face distal em direcção a face mesial, examinando todos os

dentes na área em que o paciente refere dor (Fig. 8). (46)

Figura 7 Teste de sensibilidade através de jacto de ar sobre a recessão gengival

Figura 8 Teste de sensibilidade através da sonda exploradora no sentido disto-mesial.

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A quantificação da dor pode ser estabelecida através de diferentes métodos verbais e

não-verbais na sensibilidade dentinária. Porém uma das razões que torna difícil a mensuração da

dor é a sua subjectividade já que a dor é descrita como uma experiência subjectiva e

multidimensional. (19) Os métodos que podem ser utilizados incluem:

1. Escala visual analógica (EVA): Consiste em uma escala de 10 cm de comprimento sendo

seus extremos marcados por “nenhuma dor” e “dor insuportável” na parte da frente (Fig. 9).

Na parte de trás, uma régua milimétrica de 10 cm, é acoplada à escala, sendo esta régua não

visível pelo paciente (Fig. 10). (13;26;47)

Figura 9 Esquema ilustrativo da escala analógica da dor (parte da frente) (19)

Figura 10 Esquema ilustrativo da escala analógica da dor (parte de trás) (19)

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O paciente indica a intensidade de dor ou desconforto que sentiu após o estímulo, correndo a

escala em direcção ao extremo da linha, puxando-a na forma similar a um êmbolo.

2. Descritores verbais intensivos (DVI) e descritores verbais desagradáveis (DVD).

Dentre estes, os descritores verbais oferecem uma restrita escolha de palavras, sendo

insuficiente para determinar com precisão a experiência relatada pelo paciente. Porém estudos

confirmam que tanto as técnicas verbais quanto as não-verbais podem ser usadas para quantificar

a dor, não sendo encontrado diferença estatística significativa entre os sistemas. (19)

O componente emocional pode estar associada com a sensibilidade dolorosa e a

regressão da sintomatologia pode ocorrer sem qualquer tratamento ou com o uso de placebos. A

cura espontânea pode ocorrer pelo processo natural de remineralização na cavidade oral, que

promove a oclusão tubular natural da dentina (13), e a dor pode retornar por causa da remoção de

smear layer por alimentos e bebidas ácidas (7;11;16), explicando a característica cíclica da

hipersensibilidade dentinária. (23)

Para facilitar o diagnóstico diferencial, o Canadian Advisory Board on Dentin

Hipersensitivity criou um documento (Fig. 11) que actualmente é referência mundial sendo

recomendado por vários autores. (2-4;6;12;13;21;23;32;48;49)

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Figura 11 Algoritmo para diagnóstico e tratamento da hipersensibilidade dentinária preconizado pelo Canadian Advisory Board on Dentin Hipersensitivity (26)

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3.5 TRATAMENTO

Existe uma quantidade surpreendentemente de opções de tratamento da

hipersensibilidade dentinária. Agentes químicos ou físicos são utilizados para dessensibilizar o

nervo ou cobrir os túbulos dentinários expostos. A forma mais comum de tratamento é a

aplicação tópica de produtos tanto por um dentista ou pelo paciente em sua casa, pois todos os

tratamentos disponíveis actualmente parecem ter uma determinada efectividade. (2;12;13;22;25;29;50;51)

As propriedades ideais para um agente dessensibilizante são:

• Não irritar a polpa;

• Ser relativamente fácil de aplicar;

• Não provocar dor durante a aplicação;

• Possuir uma acção rápida;

• Ser eficaz e permanente;

• Não deve descolorir o dente.

Geralmente, as respostas do paciente são muito subjectivas e, portanto, o resultado do

tratamento é muito dependente do limiar de dor do indivíduo. (27)

O papel do biofilme dentário

Enquanto há muitos factores que podem contribuir para a hipersensibilidade dentinária,

o acumulo de biofilme dentário é normalmente citado como uns dos factores mais importante. (27;34;42) O acumulo de biofilme na superfície das raízes pode resultar na desmineralização das

estruturas dentárias, o que pode estar associado com a abertura dos orifícios dos túbulos

dentinários. Estudos têm reportado que os pacientes que mantém bons níveis de controlo de

biofilme dentário são os que menos reportam sofrer de hipersensibilidade dentinária. Por outro

lado, os pacientes que têm uma significante parte da raiz coberta por biofilme dentário reportam

maior prevalência de HD. (3;6;7;24;34;40)

Apesar destes achados, a influência do biofilme dentário na hipersensibilidade

dentinária ainda é controversa. Curiosamente muitos pacientes com recessão gengival possuem

uma pequena quantidade de biofilme, e mesmo assim reporta sensibilidade.

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Dessensibilização do nervo

Nitrato de potássio

O Nitrato de potássio é normalmente associado a dentífricos ou colutórios. (21) Vários

estudos têm demonstrado a eficácia do nitrato de potássio no tratamento da hipersensibilidade

dentinária, quando utilizado por no mínimo 2 semanas, (13) porém uma revisão sistemática

publicada no Cochrane Database encontrou que não há evidências claras que suportam o uso de

dentífricos contendo potássio no tratamento da HD. (3;6;20;22)

O mecanismo de acção do nitrato de potássio ainda não é totalmente conhecido, embora

tem sido proposto que seja devido a um efeito oxidante ou bloqueio dos túbulos por

cristalização, entretanto nenhuma das teorias foi comprovada. (32) O efeito do nitrato de potássio

no fluxo de fluidos dentinários tem sido relatado como mínimo, mesmo em concentrações de

30%. Muitos autores relataram que a explicação mais provável para a diminuição da HD é que os

iões de potássio são os componentes activos e que o nitrato de potássio reduz a actividade

sensorial do nervo dentinário devido à actividade despolarizante do ião K+. (13;22;32;49) Esta

hipótese é baseada em experimentos com animais, porém esta teoria nunca foi confirmada em

dentes humanos intactos. (13;21;22;29)

Cobertura ou obliteração dos túbulos dentinários

Hidróxido de cálcio

Vários estudos têm relatado a efectividade do hidróxido de cálcio no tratamento da

hipersensibilidade dentinária. (2;6;19) O seu modo de acção é através da oclusão dos túbulos

dentinários com a ligação de radicais de proteínas soltas pelos iões de cálcio (2) e aumentando a

mineralização da dentina exposta. Apesar de sua eficácia ser imediata, a acção do Ca(OH)2

diminui rapidamente exigindo múltiplas aplicações para manter a sua efectividade. (23) Uma

característica negativa relatada do hidróxido de cálcio é a sua irritação aos tecidos gengivais. (23)

Fosfopeptídeos de caseína

Produtos relativamente novos no mercado, compostos por fosfopeptídeos de caseína e

associados a dentífricos, têm sido utilizados no controlo da hipersensibilidade dentinária. Apesar

de possuir diversos relatos na internet, não há estudos de referência publicados sobre a sua

eficácia no combate a hipersensibilidade dentinária. (3;6;23)

Page 30: Hipersensibilidade Dentinária: Diagnóstico e Tratamento · A hipersensibilidade dentinária é definida como uma resposta exacerbada a um estímulo ... Figura 2 - Caso severo de

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Fluoreto de sódio

Muitos estudos clínicos demonstram que o tratamento de superfícies de raiz exposta

com dentífrico com flúor e soluções concentradas de flúor é muito eficiente no tratamento da

hipersensibilidade dentinária. A melhoria parece ser devido a um aumento na resistência da

dentina à desmineralização e a promoção de remineralização (6;21;22), porém autores sugerem que

a dessensibilização seria resultado da precipitação de compostos de flúor que poderia reduzir a

HD através da oclusão dos túbulos dentinários. (3;13;29;32)

Monofluorfosfato de sódio

Dentífricos contendo monofluorfosfato de sódio tem-se mostrado eficaz no tratamento

de hipersensibilidade dentinária. (22) O mecanismo de acção do monofluorfosfato de sódio ainda

não esta claro. (9) Não parece agir por oclusão dos túbulos dentinários pois estudos de

microscopia electrónica de varredura não demonstraram qualquer alteração visual na superfície

de dentina tratada com o monofluorfosfato de sódio, (9) e qualquer oclusão dos túbulos que pode

ocorrer, não parece ser permanente. (21)

Fluoreto de estanho

O fluoreto de estanho tanto em solução aquosa ou glicerinada em gel de

carboximetilcelulose é eficaz no controlo da hipersensibilidade dentinária. (22) O modo de acção

parece ser através da indução de um alto conteúdo de minerais que cria uma barreira calcificada

bloqueando as aberturas tubulares na superfície dentinária, (13) porém é necessário o uso do SnF2

por no mínimo 4 semanas para obter um resultado satisfatório. (13;22)

Iontoforese com flúor

Iontoforese é uma técnica que utiliza uma baixa corrente galvânica para acelerar as

trocas e precipitações de Ca+ com fluoreto em gel, sendo também sugerido para a obliteração dos

túbulos dentinários. (3;13;21) Está técnica utiliza o fluoreto de sódio através de uma cureta especial

com uma baixa corrente eléctrica para minimizar a hipersensibilidade dentinária. Duas ou três

sessões com duração de 4 minutos são necessárias para eliminar ou reduzir a hipersensibilidade

dentinária por um período de 2 a 6 meses. (3;6;50)

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Formaldeído e Glutaraldeído

O formaldeído e o glutaraldeído actuam através fixação das proteínas salivares nos

túbulos dentinários, formando uma barreira e reduzindo hipersensibilidade dentinária. (6;13;25;43)

No entanto, este efeito tem sido questionado pois várias formulações obtiveram pouco ou

nenhum efeito sobre a hipersensibilidade dentinária. (6;10;20) Pelo facto destes agentes serem

fortes fixadores de tecidos, eles devem ser utilizados com extrema cautela para garantir que eles

não entrarão em contacto com os tecidos gengivais. (6)

Arginina e Carbonato de Cálcio

A saliva desempenha um papel natural na redução da hipersensibilidade dentinária

através do transporte de cálcio e fosfato nos túbulos dentinários para induzir a obliteração dos

mesmos e formando uma camada protectora superficial de glicoproteína salivar com cálcio e

fosfato. Porque o pH alcalino favorece esses processos, factores salivares que mantêm o pH

levemente alcalino in vivo têm sido sugeridos para favorecer a oclusão dos túbulos dentinários. (11;12;52)

Arginina e o carbonato de cálcio agem em conjunto para acelerar os mecanismos

naturais de oclusão dos túbulos por depósito de um material semelhante a dentina, contendo

cálcio e fosfato dentro dos túbulos dentinários para formar um tampão e uma camada protectora

na superfície da dentina. Além disso, estudos de condutividade hidráulica tem demonstrado que a

oclusão obtida com os dentífricos contendo arginina a 8% resultam na redução do fluxo de fluido

dentinário e inibição do mecanismo hidrodinâmico. (30;33;51;53;54)

Seladores dentinários

Resinas e adesivos

O uso racional das resinas e adesivos dentinários tem como objectivo vedar os túbulos

dentinários e evitar a propagação da dor até as fibras nervosas da polpa. (2;3;20;29;49) Esta técnica

tem sido propagada por muitos anos como um meio de efectivo da HD, sendo utilizada em casos

de hipersensibilidade dentinária localizada depois que outras formas de tratamentos falharam. (2;13;25;29) Em geral, os resultados são positivos, mas os problemas surgem quando o sistema

adesivo é degradado, resultando em exposição dos túbulos. Esta técnica é geralmente reservada

Page 32: Hipersensibilidade Dentinária: Diagnóstico e Tratamento · A hipersensibilidade dentinária é definida como uma resposta exacerbada a um estímulo ... Figura 2 - Caso severo de

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para casos específicos e com hipersensibilidade dentinária localizada e não em casos de HD

generalizada. (20;21;32;49)

Lasers

Tanto o laser Nd:YAG como o de dióxido de carbono tem sido estudados no tratamento

da hipersensibilidade dentinária. Ambos os tratamentos confiam sua capacidade de obliterar

túbulos dentinários através da coagulação e obliteração de proteínas dentinárias no fluído

dentinário ou alteração da actividade das fibras nervosas. (2;13;21) O laser Nd:YAG tem sido

utilizado em conjunto com o verniz de fluoreto de sódio, com resultados promissores mostrando

oclusão de até 90% dos túbulos dentinários através desta terapia combinada. (3;25;55) A irradiação

de laser CO2 e fluoreto de estanho em gel também tem demonstrado ser efectivo na indução da

oclusão dos túbulos dentinários por até 6 meses após o tratamento. (3;56;57)

Vários estudos clínicos utilizando apenas o laser como tratamento da HD demonstraram

resultados variando entre 5 e 100%, no entanto quando associados a compostos fluoretados os

resultados foram positivos no controlo da HD. (13;21;47) Porém, estudos adicionais são necessários

para demonstrar a utilidade e a segurança destes procedimentos. (2;25)

Combinação de agentes dessensibilizantes e fluoretos

Porque alguns dentífricos eficazes no tratamento da hipersensibilidade dentinária (como

os que contêm nitrato de potássio) não eram fluoretados, pessoas que necessitavam de alívio da

sensibilidade dentinária e protecção contra a cárie dentária necessitavam utilizar dois produtos

para atender as suas expectativas. Deste modo, foram realizados estudos clínicos controlados

foram realizados para determinar a eficácia do nitrato de potássio como agente dessensibilizante

em dentífricos contendo flúor (21;22), os seus resultados permitiram a concessão de status de

categoria 1 a combinação de 5% de nitrato de potássio a dentífricos fluoretados pela instituição

Food and Drug Administration dos Estados Unidos, indicando que eles eram não somente

seguros, mas também efectivos. (6;11;22)

Materiais restauradores

O uso de materiais restauradores é geralmente uma solução invasiva para o problema da

hipersensibilidade. Os materiais normalmente utilizados incluem as restaurações em resina

composta e ionómero de vidro. Essa abordagem é geralmente reservada para situações onde

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houve perda significativa da estrutura cervical do dente ou como um último recurso para os

dentes que não respondem a outros tratamentos menos invasivos. (2;3;11;13;29)

Cirurgia periodontal

Existem inúmeros procedimentos cirúrgicos de tecido mole, que podem ser realizados

para a cobertura de raiz exposta, incluindo deslocamento lateral do retalho, enxerto gengival

livre, enxerto de tecido conjuntivo e retalhos posicionados coronariamente. Todos estes

procedimentos têm como objectivo o recobrimento radicular e consequentemente a eliminação

dos túbulos dentinários expostos. Pelo facto de se tratar de um procedimento cirúrgico, o mesmo

deve requerer um planeamento cuidadoso e uma completa compreensão do defeito anatómico a

ser tratado. Em geral, os procedimentos cirúrgicos periodontais são realizados apenas por

especialistas, não sendo uma prática corriqueira na clínica dentária generalista. (2;3;29;58)

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4 CONCLUSÃO

Considerando o levantamento bibliográfico realizado, pode-se concluir:

1. A hipersensibilidade dentinária é uma experiência sensorial desagradável

manifestada pelo organismo humano, cuja causa principal é a exposição dos túbulos dentinários,

condição que permite a movimentação do fluido dentinário, gerando dor.

2. Muitas informações publicadas que determinam a prevalência da HD geram

dúvidas quanto à metodologia empregada. Porém, a maioria dos estudos apontam os pré-molares

como os dentes mais sensíveis e a terceira década de vida como a de maior prevalência de HD.

3. O método mais fácil, rápido e preciso para o diagnóstico de áreas com

hipersensibilidade dentinária é através do uso da sonda exploradora, encostando-a na área

sensível e movimentando-a no sentido disto-mesial. O uso de uma escala visual da dor colabora

para um diagnóstico mais eficaz.

4. Após um correcto diagnóstico, eliminando outras possíveis causas da dor, é

necessário estabelecer um protocolo de tratamento. Uma combinação de instrução de higiene

oral, uso de dessensibilizantes “caseiros”, e tratamento clínico profissional pode ser requerido

para o tratamento da HD, mas o facto mais importante é que esse protocolo deve seguir da forma

menos invasiva com a utilização de dentífricos dessensibilizante até procedimentos restauradores

ou cirúrgicos.

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