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HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS GERAL

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HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

GERAL

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1 Introdução

A grande maioria dos acidentes poderia ser evitada; porém, quando eles ocorrem,alguns conhecimentos simples podem diminuir o sofrimento, evitar complicações futurase até mesmo salvar vidas. Os primeiros socorros são procedimentos que na maioria dasvezes salvam e/ou diminuem o sofrimento do acidentado.

A bordo de uma embarcação sempre existe a possibilidade de nos depararmoscom situações de emergência, em que seja necessária a nossa atuação para salvar umapessoa ou para evitar que o seu estado piore após um acidente.

Alguns acidentes são mais comuns de ocorrer a bordo do que em terra, tais como:quedas por escorregões no convés, batidas com a cabeça, queimaduras em motores,choques elétricos, insolação, enjôo, etc. Esses acidentes podem ter por conseqüênciasfraturas, queimaduras, sangramentos, além da necessidade de transportar corretamenteo acidentado para outro local mais apropriado a bordo.

1.1 Conceito de primeiros socorros

Os primeiros socorros são atendimentos básicos e simples dados à vítima no localdo acidente ou próximo a este. O fundamental é saber que, em situações de emergência,deve-se manter a calma e ter em mente que a prestação de primeiros socorros não excluia importância de um médico. Além disso, certifique-se de que há condições seguras obastante para a prestação do socorro sem riscos para você. Não se esqueça de que umatendimento de emergência mal feito pode comprometer ainda mais a saúde davítima.

Quando devemos prestar socorro?

Sempre que a vítima não esteja em condições de cuidar de si própria.

Materiais básicos de Primeiros Socorros

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Quais são as primeiras atitudes?

É comum, ao presenciarmos um acidente, depararmos com cenas de sofrimento,nervosismo, pânico, pessoas inconscientes e outras situações que exigem providênciasimediatas. Quando não estivermos sozinhos, devemos pedir e aceitar a colaboração deoutras pessoas, sendo importante que a liderança seja exercida pela pessoa que apresentarmaior conhecimento e experiência. Se essa pessoa de maior experiência e conhecimentofor você, solicite a ajuda das demais pessoas, com calma e firmeza, demonstrando a cadauma o que deve ser feito, de forma rápida e precisa. Apesar da gravidade da situaçãodevemos agir com calma, evitando o pânico.

Atenção

Deixar de prestar socorro significa não dar nenhuma assistência à vítima. A pessoaque chama por socorro especializado, por exemplo, já está prestando e providenciandosocorro. Qualquer pessoa que deixe de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendofazê-lo, estará cometendo o crime de omissão de socorro, mesmo que não seja a causadorado evento. A omissão de socorro e a falta de atendimento eficiente de primeiros socorrossão os principais motivos de mortes e danos irreversíveis nas vítimas de acidentes detrânsito. Os momentos seguintes a um acidente, principalmente as duas primeiras horas,são os mais importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das pessoasferidas. Todos os seres humanos são possuidores de um forte espírito de solidariedade eé este sentimento que nos impulsiona para tentar ajudar as pessoas em dificuldades.Nestes trágicos momentos, após os acidentes, muitas vezes entre a vida e a morte, asvítimas são totalmente dependentes do auxílio de terceiros. Acontece que somente oespírito de solidariedade não basta. Para que possamos prestar um socorro de emergênciacorreto e eficiente, precisamos dominar as técnicas de primeiros socorros. Algumas pessoaspensam que na hora de emergência não terão coragem ou habilidade suficiente, mas issonão deve ser motivo para deixar de aprender as técnicas, porque nunca sabemos quandoteremos que utilizá-las.

Socorrista: É como chamamos o profissional em atendimento de emergência.Portanto, uma pessoa que possui apenas o curso básico de Primeiros Socorros não deveser chamado de Socorrista e sim de atendente de emergência. Devemos, sempre quepossível, preferir o atendimento destes socorristas e paramédicos, que contam comformação adequada e equipamentos especiais.

Atendimento Especializado: Na maioria das cidades e rodovias importantes épossível acionar o atendimento especializado, que chega ao local do acidente de trânsitoem poucos minutos.

Dicas:

• transmita confiança, tranqüilidade, alívio e segurança aos acidentados queestiverem conscientes, informando que o auxílio já está a caminho.

• aja rapidamente, porém dentro dos seus limites.• use os conhecimentos básicos de primeiros socorros.• às vezes, é preciso saber improvisar.

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1.2 Transporte de um acidentado

A remoção ou movimentação de um acidentado deve ser feita com um máximo decuidado, a fim de não agravar as lesões existentes. Antes da remoção da vítima, deve-setomar as seguintes providências:

• se houver suspeita de fraturas no pescoço e nas costas, evite mover a pessoa.;• para puxá-la para um local seguro, mova-a de costas, no sentido do comprimento

com o auxílio de um casaco ou cobertor;• para erguê-la, você e mais duas pessoas devem apoiar todo o corpo e colocá-la

numa tábua ou maca, lembrando que a maca é o melhor jeito de se transportaruma vítima. Se precisar improvisar uma maca, use pedaços de madeira,amarrando cobertores ou paletós;

• apóie sempre a cabeça, impedindo-a de cair para trás;• na presença de hemorragia abundante, a movimentação da vítima pode levar

rapidamente ao estado de choque;• se houver parada respiratória, inicie imediatamente a respiração boca-a-boca e

faça massagem cardíaca;• imobilize todos os pontos suspeitos de fratura;• se houver suspeita de fraturas, amarre os pés do acidentado e o erga em posição

horizontal, como um só bloco, levando-o até a maca;• no caso de uma pessoa inconsciente, mas sem evidência de fraturas, duas

pessoas bastam para o levantamento e o transporte; e• lembre-se sempre de não fazer movimentos bruscos.

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Atenção• movimente o acidentado o menos possível;• evite arrancadas bruscas ou paradas súbitas durante o transporte;• o transporte deve ser feito sempre em baixa velocidade, por ser mais seguro e

mais cômodo para a vítima; e• não interrompa, sob nenhum pretexto, a respiração artificial ou a massagem

cardíaca, se estas forem necessárias. Nem mesmo durante o transporte.

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2 Afogamento

2.1 Procedimentos em caso de afogamento

No caso de afogamento:

• não perder tempo tentando retirar água dos pulmões da vítima;• checar imediatamente os sinais vitais (análise primária);• não havendo respiração ou pulso, iniciar as técnicas de ressuscitação

imediatamente;• mantenha a vítima aquecida;• ministre o oxigênio;• trate o estado de choque;• informar ao médico se o afogamento ocorreu em água doce, salgada ou piscina; e• não tente resgatar ninguém da água, se você não for treinado para isso. Apenas

jogue algum material flutuante para a vítima agarrar e chame por socorroespecializado (salva-vidas).

Dicas

Todos os anos são numerosos os casos de pessoas que se envolvem em situaçõesperigosas. Neste sentido, conhecer a praia é saber como aproveitá-la melhor, diminuindoo risco de acidentes. As praias muitas vezes oferecem riscos imperceptíveis aos banhistas,passíveis de causar acidentes que com freqüência podem ser fatais.

Observe as informações que se seguem e acima de tudo, tenha mais segurança nobanho de mar.

As correntezas nas praias podem ser paralelas (Corrente Lateral ou Valão) ouperpendiculares à areia (Corrente de Retorno ou Vala). Essas correntes são causadas pordepressões no fundo da areia do mar e podem ser bem fortes nos dias em que as ondasestão mais volumosas, quando as Correntes de Retorno fluem para trás da arrebentação.Esses locais devem ser sumariamente evitados.

Em lugares onde existe Corrente de Retorno, a coloração da água é mais escuradevido à profundidade do local, e as ondas não quebram, dando a falsa impressão deáguas calmas. PERIGO CORRENTEZA.

Situações de emergência em águas profundas tornam tudo mais difícil: desde reagire chamar por socorro até a chegada do socorrista. No mar a profundidade da água ésempre um perigo, pois ao perder o apoio dos pés, passamos a depender de nossashabilidades em natação, ficamos muito mais expostos à ação das correntes e das ondas,sendo facilmente dominados por elas.

Evite acidentes! Respeite seus limites, respeitando a natureza e osprofissionais da praia

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Qualquer obstáculo presente na praia, seja um píer, destroço, rocha submersa etc,representa um alvo contra o qual podemos nos chocar e nos ferir.

A ação das ondas nas proximidades desses obstáculos escava buracos e formaCorrentes de Retorno mais fortes, em direção ao mar, tornando estas áreas ainda maisperigosas.

A presença de desembocaduras de rios, lagos etc. apresenta uma ameaça para obanho, pois o encontro dessas embocaduras com o mar modificam as ondas, correntes etambém o relevo da praia tornado-os imprevisíveis e perigosos.

Tenha cuidado também com embarcações, pois estes canais são geralmente zonasde tráfego intenso. Esses lugares devem ser evitados.

Se sentir alguma correnteza no lugar onde você estiver tomando seu banho, deveevitar esse lugar.

Observe o mar antes de entrar na água. Se tiver alguma dúvida em relação aolugar onde tomar seu banho, procure um salva-vidas ou freqüentador habitual da praia.

2.2 Procedimentos de massagem cardíaca

Enquanto o ajudante enche os pulmões, soprando adequadamente para insuflá-los, pressione o peito a intervalos curtos de tempo, até que o coração volte a bater.

Esta seqüência deve ser feita da seguinte forma: se você estiver sozinho, faça doissopros para cada quinze pressões no coração; se houver alguém o ajudando, faça umsopro para cada cinco pressões.

Observar o nível de consciência

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Desobstruir as vias aérias

Observar a respiração

Verificação de pulso carotídeo

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2.3 Choque elétrico

A passagem de corrente elétrica pelo corpo pode produzir um formigamento ouuma leve contração dos músculos, ou ainda uma sensação dolorosa. Choques maisintensos podem lesar músculos ou paralisar o coração. Podem paralisar também arespiração e, nesse caso, se o acidentado não for socorrido dentro de poucos minutos, amorte sobrevêm.

A intensidade do choque depende dos seguintes fatores:• valor da tensão;• área de contato do corpo com o componente eletrificado;• pressão com que é feito o contato; e• umidade existente na superfície do contato.

Atenção

O que torna perigoso o choque elétrico é a intensidade da corrente que passaatravés do corpo. Esta intensidade pode ser tão pequena como da ordem de miliamperes.Basta porém ultrapassar 50 miliamperes para que se torne mortal.

O percurso da corrente é também importante. As correntes mais perigosas são asque atravessam o corpo de mão para mão, do pescoço ou da mão para o pé, sendo amais importante a que passa da cabeça para os pés.

A intensidade da corrente aumenta enormemente se os pés estiverem molhados,se a mão estiver suada ou úmida.

O que acontece

O choque elétrico, geralmente causadopor altas descargas, é sempre grave, podendocausar distúrbios na circulação sanguínea e,em casos extremos, levar à paradacardiorrespiratória.

Na pele podem aparecer duaspequenas áreas de queimaduras (geralmentede 3º grau) - a de entrada e de saída dacorrente elétrica.

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2.3.1 Procedimentos em caso de choque elétrico

• desligue o aparelho da tomada ou a chave geral;• se tiver que usar as mãos para remover uma pessoa, envolva-as em jornal ou

um saco de papel; e• empurre ou puxe a vítima para longe da fonte de eletricidade com um objeto

seco, não-condutor de corrente, como um cabo de vassoura, tábua, corda seca,cadeira de madeira ou bastão de borracha.

O que fazer

• se houver parada cardiorrespiratória, aplique a ressuscitação;• cubra as queimaduras com uma gaze ou com um pano bem limpo;• se a pessoa estiver consciente, deite-a de costas, com as pernas elevadas. Se

estiver inconsciente, deite-a de lado;• se necessário, cubra a pessoa com um cobertor e mantenha-a calma; e• procure ajuda médica imediatamente.

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2.3.2 Procedimentos de massagem cardíaca e respiração boca a boca

Com a pessoa no chão, coloque uma mão sobre a outra e localize a extremidadeinferior do osso vertical que está no centro do peito (o chamado osso esterno).

Ao mesmo tempo, uma outra pessoa deve aplicar respiração boca a boca, firmandoa cabeça da pessoa e fechando as narinas com o indicador e o polegar, mantendo oqueixo levantado para esticar o pescoço.

Enquanto o ajudante encheos pulmões, soprandoadequadamente parainsuflá-los, pressione o peitoa intervalos curtos detempo, até que o coraçãovolte a bater.

Esta seqüência deveser feita da seguinte forma:se você estiver sozinho, façadois sopros para cadaquinze pressões no coração;se houver alguém oajudando, faça um sopropara cada cinco pressões.

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3 Fraturas, luxações e entorses

3.1 Fratura

É a quebra de um osso causada por uma pancada muito forte, uma queda ouesmagamento.

Há dois tipos de fraturas: as fechadas, e as expostas, quando o osso fere eatravessa a pele. As fraturas expostas exigem cuidados especiais, portanto, cubra o localcom um pano limpo ou gaze e procure socorro imediato.

3.2 Tipos de fraturas

Existem dois tipos: a fechada e a exposta

Fratura fechada: quando ocorre a quebra de osso e , apesar do choque, a pelepermanece intacta, sem rompimento.

Sinais indicadores:• dor ou grande sensibilidade em um osso ou articulação;• incapacidade de movimentar a parte afetada, além do adormecimento ou

formigamento da região; e• inchaço e pele arroxeada, acompanhado de deformação aparente do membro

machucado.

Fratura exposta: quando o osso quebrado sai do lugar, rompendo a pele e deixandoexposta uma de suas partes. Este tipo de fratura pode causar infecção.

Sinais indicadores:• os mesmos da fratura fechada;• sangramentos; e• ferimento de pele.

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No caso de fratura exposta proteja o ferimento e controle o seu sangramento antesde imobilizar a região afetada.

Tome os seguintes cuidados:• coloque gaze, lenço ou pano limpo sobre o ferimento;• firme este curativo usando um cinto, uma gravata ou uma tira de pano;• estanque a hemorragia, se for o caso.• deite o doente;• coloque uma tala sem tentar colocar o membro em posição natural; e• transporte o doente, só após a imobilização.

Uma atadura pode ser usada para imobilização de fratura, para conterprovisoriamente uma parte do corpo ou manter um curativo. Na falta de ataduras, usetiras de um lençol, guardanapos, panos, etc.

Tome os seguintes cuidados ao imobilizar uma fratura:• a região afetada deve estar limpa;• os músculos relaxados;• comece da extremidade para o centro: nos membros superiores, no sentido da

mão para o braço; nos membros inferiores comece pelo pé;• envolva sempre da esquerda para a direita; e• não aperte em demasia para não interferir com a circulação sanguínea.

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Atenção

• Não movimente a vítima até imobilizar o local atingido.• Não dê qualquer alimento ao ferido, nem mesmo água• Solicite assistência médica; enquanto isso, mantenha a pessoa calma e aquecida.• Verifique se o ferimento não interrompeu a circulação sanguínea.• Imobilize o osso ou articulação atingida com uma tala.• Mantenha o local afetado em nível mais elevado que o resto docorpo e aplique

compressas de gelo para diminuir o inchaço, a dor e a progressão do hematoma.• Só use a tipóia se o braço ferido puder ser flexionado sem dor ou se já estiver

dobrado.

Entorse

É a torção de uma articulação, com lesão dos ligamentos (estrutura que sustentaas articulações). Os cuidados ao imobilizar são semelhantes aos de uma fratura.

Luxação

É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal naarticulação. Os primeiros socorros na imobilização são também semelhantes aos da fraturafechada. Lembre-se de que não se deve fazer massagens na região, nem tentar recolocaro osso no lugar.

Contusão

É uma área afetada por uma pancada ou queda sem ferimento externo. Podeapresentar sinais semelhantes aos indicadores de uma fratura fechada. Se o local estiverarroxeado, é sinal de que houve hemorragia sob a pele (hematoma).

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Classificaçao dos tipos de fratura:

COMPRESSÃO

PATOLÓGICA

LONGITUDINAL ESPIRAL

ESGOTAMENTOOBLÍQUA

EM GALHO VERDE

COMINUTIVA TRANSVERSASIMPLES COMPOSTA

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3.3 Técnicas para imobilização de membros fraturados

Amarre delicadamente o membro machucado (braços ou pernas) a uma superfície,como uma tábua, revista dobrada, vassoura ou outro objeto qualquer.

Use tiras de pano, ataduras ou cintos, sem apertar muito para não dificultar acirculação sanguínea.

Utilize um pedaço grande de tecido com as pontas presas ao redor do pescoço.Isto serve para sustentar um braço em casos de fratura de punho, antebraço, cotovelo,costelas ou clavícula.

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4 Corpo estranho

4.1 O que acontece

Em função de um balanço mais forte da embarcação, acidentalmente, uma pessoapode vir a introduzir objetos nas cavidades do corpo, em especial no nariz, boca e ouvidos.Estes objetos são, na maioria das vezes, pequenas peças de eqipamentos, moedas,bolinhas de papel e grampos. Se houver asfixia, a vítima apresentará pele azulada erespiração difícil ou ausente.

4.2 No ouvido

Não tente retirar objetos profundamente introduzidos, nem coloque nenhuminstrumento no canal auditivo.

Não bata na cabeça para que o objeto saia, a não ser que se trate de um insetovivo.

Pingue algumas gotas de óleo mineral morno (vire a cabeça para que o óleo e oobjeto possam escorrer para fora), e procure ajuda médica especializada imediatamente.

4.3 Nos olhos

Não deixe a vítima esfregar ou apertar os olhos, pinguealgumas gotas de soro fisiológico ou de água morna no olhoatingido. Se isso não resolver, cubra os 2 olhos comcompressas de gaze, sem apertar, e procure um médico.

Se o objeto estiver cravado no olho, não tente retirá-lo,cubra-os e procure ajuda médica. Se não for possível fecharos olhos, cubra-os com um cone de papel grosso (por exemplo,um copo) e procure ajuda médica imediata.

4.4 No nariz

Instrua a vítima para respirar somente pela boca, orientando-a a assoar o nariz.

Não introduza nenhum instrumento nas narinas para retirar o objeto. Se ele nãosair, procure auxílio médico.

4.5 Objetos engolidos

Nunca tente puxar o objeto da garganta ou abrir a boca para examinar o seu interior.

Deixe a pessoa tossir com força, este é o recurso mais eficiente quando não háasfixia.

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Se o objeto tem arestas ou pontas e a pessoa reclamar de dor, procure um médico.

Se a pessoa não consegue tossir com força, falar ou chorar, é sinal de que o objetoestá obstruindo as vias respiratórias, o que significa que há asfixia.

4.6 Procedimentos

Aplique a chamada “manobra de Heimlich”. Fique de pé ao lado e ligeiramenteatrás da vítima.

A cabeça da pessoa deve estar mais baixa que o peito. Em seguida, dê 4 pancadasfortes no meio das costas, rapidamente, com a mão fechada. A sua outra mão deveapoiar o peito do paciente.

Se o paciente continuar asfixiado, fique de pé, atrás, com seusbraços ao redor da cintura da pessoa. Coloque a sua mão fechada como polegar para dentro contra o abdômen da vítima, ligeiramente acimado umbigo e abaixo do limite das costelas. Agarre firmemente o pulsocom a outra mão e exerça um rápido puxão para cima. Repita, senecessário, 4 vezes numa seqüência rápida.

Procure auxílio médico.

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5 Parada cardiorrespiratória

5.1 Conceito

Vários são os acidentes que provocam uma parada da respiração: asfixia,afogamento, intoxicação por medicamentos ou monóxido de carbono, sufocamento, choqueelétrico. Se as funções respiratórias não forem restabelecidas dentro de 3 a 5 minutos, asatividades cerebrais cessarão totalmente, ocasionando a morte.

Assim sendo, a manutenção da oxigenação dos tecidos à custa da respiração artificialtem possibilitado a recuperação de muitas pessoas.

5.2 Sintomas de uma parada cardiorrespiratória

Alguns sinais de que houve parada respiratória são a ausência de respiração(expansão do tórax) e a dilatação das pupilas. Em decorrência da gravidade de um acidente,pode acontecer a parada cardiorrespiratória, levando a vítima a apresentar, além daausência de respiração e pulsação, inconsciência, pele fria e pálida, lábios e unhas azulados.

Sinais de que houve parada cardíaca:

• pulso ausente;• insuficiência respiratória;• dilatação nas pupilas dos olhos;• perda da consciência;• cianose (coloração arroxeada da pele e lábios);• ausência de batimentos cardíacos

5.3 Esquema da ressuscitação cardiorrespiratória básica

• colocar a vítima deitada de costas em uma superfície rígida;• apoiar a metade inferior da palma da mão no terço inferior do osso esterno e

colocar a outra mão por cima da primeira (os dedos e o restante da palma damão devem encostar no tórax da vítima);

• esticar os braços e comprimir verticalmente o tórax do acidentado;• fazer regularmente compressões curtas e fortes (cerca de 60 por minuto); e• concomitantemente, associar a respiração artificial, seguindo um ritmo de cinco

compressões para cada respiração aplicada.

Técnica de massagem cardíaca

Nos casos de parada cardíaca e respiratória iniciar a reanimação cardiopulmonar -massagem cardíaca e respiração artificial. Se tiver apenas um socorrista, este deveráaplicar após cada 15 compressões cardíacas, 2 insuflações de ar boca a boca,alternadamente, até que chegue outra pessoa para auxiliá-lo ou até que a vítima se reanime.

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Nos casos em que houver dois socorristas, fazer 5 compressões cardíacas, e umainsuflação de ar boca a boca, alternadamente até que seja providenciada assistênciamédica ou até que a vítima se reanime.

Se o ferido estiver de bruços e houver suspeita de fraturas, mova-o, rolando ocorpo todo de uma só vez, colocando-o de costas no chão.

Faça isso sempre com o auxílio de mais duas ou três pessoas, para não virar oudobrar as costas ou pescoço, evitando assim lesar a medula quando houver vértebrasquebradas. Verifique então se há alguma coisa no interior da boca que impeça a respiração.

.Enquanto o ajudante enche os pulmões, soprando adequadamente para insuflá-los, pressione o peito a intervalos curtos de tempo, até que o coração volte a bater.

Esta seqüência deve ser feita da seguinte forma: se você estiver sozinho, faça doissopros para cada quinze pressões no coração; se houver alguém ajudando, faça umsopro para cada cinco pressões.

Atenção:

Este é o socorro mais urgente e importante que você deverá aplicar parasalvar uma pessoa

O que não fazer

Não dê nada à vítima para comer, beber ou cheirar, na intenção de reanimá-la.

Só aplique os procedimentos descritos se tiver certeza de que o coração não estábatendo

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6 Hemorragia

O controle da hemorragia deve ser feito imediatamente, pois uma hemorragiaabundante e não controlada pode causar morte em 3 a 5 minutos.

6.1 Conceito

A hemorragia externa é a perda de sangue ao rompimento de um vaso sanguíneo(veia ou artéria). Quando uma artéria é atingida, o perigo é maior. Nesse caso, o sangueé vermelho vivo e sai em jatos rápidos e fortes.

Quando as veias são atingidas, o sangue é vermelho escuro, e sai de forma lentae contínua. A hemorragia interna é o resultado de um ferimento profundo com lesão deórgãos internos.

6.2 Procedimentos de primeiros socorros em caso de hemorragia

• procure manter o local que sangra em plano mais elevado que o coração;• pressione firmemente o local por cerca de 10 minutos, comprimindo com um

pano limpo dobrado ou com uma das mãos. Se o corte for extenso, aproxime asbordas abertas com os dedos e mantenha-as unidas. Ainda, caso o sangramentonão cesse, pressione com mais firmeza por mais 10 minutos;

• quando parar de sangrar, cubra o ferimento com uma gaze e prenda-a com umaatadura firme, mas que permita a circulação do sangue; e

• se o sangramento persistir através do curativo, ponha novas ataduras, sem retiraras anteriores, evitando a remoção de eventuais coágulos.

Observação: Quando houver sangramentos intensos nos membros e a compressãonão for suficiente para estancá-los, comprima a artéria ou a veia responsável pelosangramento contra o osso, impedindo a passagem de sangue para a região afetada

O que não se deve fazer

Não se deve tentar retirar corpos estranhos dos ferimentos;

Não se deve aplicar substâncias como pó de café ou qualquer outro produto.

6.3 Sangramentos internos

Como verificar e o que fazer

Acidentes graves, sobretudo com a presença de fraturas,podem causar sangramentos internos.

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A hemorragia interna pode levar rapidamente ao estado de choque e, por isso, asituação deve ser acompanhada e controlada com muita atenção para os sinais externos:pulso fraco e acelerado, pele fria e pálida, mucosas dos olhos e da boca brancas, mãos ededos arroxeados pela diminuição da irrigação sanguínea, sede, tontura e inconsciência.

Não dê alimentos à vítima nem a aqueça demais com cobertores.

Peça auxílio médico imediato.

6.4 Sangramentos nasais

O que fazer

Incline a cabeça da pessoa para frente, sentada, evitando que o sangue vá para agarganta e seja engolido, provocando náuseas.

Comprima a narina que sangra e aplique compressas frias no local.

Depois de alguns minutos, afrouxe a pressão vagarosamente e não assoe o nariz.

Se a hemorragia persistir, volte a comprimir a narina e procure socorro médico.

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6.5 Hemorragia externa

Ocorre quando parte do nosso corpo se fere, rompendo vasos que perdem sanguegeralmente através de cortes profundo, fraturas expostas e amputações.

Torniquetes - o que fazer

O torniquete deve ser aplicado apenas em casos extremos e como último recursoquando não há a parada do sangramento. Veja como:

• amarre um pano limpo ligeiramente acima do ferimento, enrolando-o firmementeduas vezes. Amarre-o com um nó simples;

• em seguida, amarre um bastão sobre o nó do tecido. Torça o bastão até estancaro sangramento. Firme o bastão com as pontas livres da tira de tecido;

• marque o horário em que foi aplicado o torniquete;• procure socorro médico imediato; e• desaperte-o gradualmente a cada 10 ou 15 minutos, para manter a circulação do

membro afetado.

Membro amputado

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7 Queimaduras

7.1 Classificação das queimaduras

As queimaduras podem ser classificadas quanto ao seu grau e sua extensão.

• 1º grau: pele vermelha na área queimada – vermelhidão, dor intensa e inchaço.

• 2º grau: formação de bolhas – dor mais intensa – áreas de tecido exposto (bolhasque se rompem) – queimaduras de 1º grau ao redor.

• 3º grau: necrose de tecidos com áreas que variam do branco pálido ao marromescuro – perda da sensibilidade nas áreas necrosadas, há pouca ou nenhumador – exposição de camadas mais profundas do tecido – queimaduras de 1º e 2ºgraus ao redor.

Atenção: Se as roupas também estiverem em chamas, não deixe a pessoa correr.Se necessário, derrube-a no chão e cubra-a com um tecido como cobertor, tapete oucasaco, ou faça-a rolar no chão. Em seguida, procure auxílio médico imediatamente.

7.2 Procedimentos

O que não fazer

• não toque a área afetada;• nunca fure as bolhas;• não tente retirar pedaços de roupa grudados na pele. Se necessário, recorte em

volta da roupa que está sobre a região afetada;• não use manteiga, pomada, creme dental ou qualquer outro produto doméstico

sobre a queimadura;• não cubra a queimadura com algodão; e• não use gelo ou água gelada para resfriar a região.

O que fazer

• se a queimadura for de pouca extensão, resfrie o local com água friaimediatamente;

• seque o local delicadamente com um pano limpo ou chumaços de gaze;• cubra o ferimento com compressas de gaze;• em queimaduras de 2º grau, aplique água fria e cubra a área afetada com

compressas de gaze embebida em vaselina estéril;• mantenha a região queimada mais elevada do que o resto do corpo, para diminuir

o inchaço;• dê bastante líquido para a pessoa ingerir e, se houver muita dor, um analgésico; e• se a queimadura for extensa ou de 3º grau, procure um médico imediatamente.

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Queimadura de 1º Grau

Queimadura de 2º Grau

Queimadura de 3º Grau

Queimaduras por agente químico: causadas por ácidos, soda cáustica e outrassubstâncias químicas que têm ação cáustica, isto é, queimam ou carbonizam os tecidosorgânicos

O que fazer

• como as queimaduras químicas são sempre graves, retire as roupas da vítimarapidamente, tendo o cuidado de não queimar as próprias mãos;

• lave o local com água corrente por 10 minutos (se forem os olhos, 15 minutos),enxugue delicadamente e cubra com um curativo limpo e seco; e

• procure ajuda médica imediata.

Queimadura térmica: causada por líquidos quentes, fogo, vapor e raios solares.

• deite a vítima;• refresque a pele com compressas frias;• coloque a cabeça e o tórax da vítima mais baixos que o restante do corpo;• se a vítima estiver consciente, faça-a beber muito liquido: água, chá e suco de

frutas, exceto bebidas alcoólicas, mantendo-a na sombra, em local fresco eventilado;

• cubra o local da queimadura com pano limpo e úmido; e• Procure ajuda médica.

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8 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)

As DST são causadas por vírus, bactérias e parasitas. Os vírus são causadores deuma grande parte das DST, como verrugas genitais, herpes genital, hepatite B e a infecçãopelo HIV (o vírus da Aids). As bactérias causam doenças como a gonorréia, a clamídia, ocancro mole e a sífilis. Escabiose (sarna), tricomoníase e piolho púbico (chato) são DSTcausadas por parasitas.

8.1 Definições das principais doenças

Como se manifestam as DST?

As DST se manifestam em forma de corrimentos (uretrais no homem e vaginais namulher), feridas e verrugas.

Corrimento - É uma secreção ou líquido, que pode ter cores, odores e consistênciasvariadas, que sai do pênis ou da vagina.

Os corrimentos não se manifestam da mesma forma em homens e mulheres. Algunscorrimentos são mais visíveis no homem, como por exemplo, a gonorréia. Outros como atricomoníase se manifestam de forma mais intensa na mulher.

Entretanto, mesmo sem a presença de manifestações, as pessoas portadoras deDST estão transmitindo a doença. Para interromper a cadeia de transmissão é necessárioque o tratamento seja dado não apenas para a pessoa infectada, mas também para seusparceiros ou parceiras.

A cadeia de transmissão só é interrompida quando a pessoa portadora de DST eos parceiros são tratados e passam a usar camisinha de forma correta em todas as suasrelações sexuais.

As DST são transmitidas principalmente pela via sexual. Todavia, existem DSTcomo a sífilis e a hepatite B, que a exemplo do HIV podem ser transmitidas por sangueinfectado e da mulher grávida infectada para o filho (durante a gestação, parto ou pelaamamentação).

As DST, principalmente aquelas em forma de feridas, aumentam o risco detransmissão do vírus da AIDS.

O condiloma pode predispor ao câncer de colo de útero na mulher e do pênis nohomem.

A sífilis pode evoluir para cegueira ou doenças neurológicas. Pode ser transmitidaao feto durante a gravidez, causando no bebê deformidades ósseas, surdez, retardamentomental. Também podem ocorrer abortamento ou morte do bebê.

Na mulher, a gonorréia não tratada adequadamente pode causar esterilidade e atéa morte.

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Por outro lado, algumas DST não tratadas na mulher grávida se estendem tambémà criança, que pode ser contaminada dentro do útero, pelo sangue da mãe, ou durante oparto.

A AIDS pode ser transmitida da mãe para o bebê, ainda no útero, na hora do partoou pela amamentação.

A gonorréia pode passar para a criança durante o parto, causando no bebê umadoença chamada oftalmia gonocócica que, se não tratada corretamente, pode levar àcegueira.

O controle pré-natal (exames que toda mulher grávida deve fazer) pode prevenir asconseqüências das DST e de outras doenças na mulher e no bebê.

Como agir em caso de suspeita de DST?

Gonorréia

No homem: de dois a 5 dias depois da infecção aparece um corrimento amarelo emal cheiroso (pus) que suja a cueca e provoca muito ardor ao urinar.

De cada 10 mulheres que têm gonorréia, 7 não têm sintomas. Este é o maiorproblema da gonorréia na mulher, porque, ao não sentir nada, ela não se trata, podendovir a ter complicações, além de passar a gonorréia para seus parceiros sexuais. Quandoa mulher com gonorréia tem sintomas, eles são parecidos com os do homem: corrimentoamarelo (pus) que suja a calcinha e às vezes muito ardor para urinar. A gonorréia éconhecida também como “quentura” ou “esquentamento”.

Úlceras genitais

São feridas que aparecem no lugar onde o germe causador da doença penetrou:pênis, vagina, grandes lábios, região anal, boca, etc. Algumas dessas lesões podem terinicialmente aspecto de pequenas bolhas e a pessoa pode ter uma ou várias lesões detamanho e duração variados, que podem ou não causar dor.

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Não se pode ter certeza sobre qual ou quais doenças causaram a ferida na pessoa.A sífilis, o herpes genital e o cancro mole são algumas das doenças que se manifestamdesta forma. Não é raro ocorrer uma associação de mais de um tipo de germe causandoa ferida; sua identificação só pode ser feita com exames específicos.

Sífilis

É uma DST causada por uma bactéria (Treponema pallidum) que é capaz de infectarqualquer órgão ou tecido.

O agente causador da sífilis entra no organismo através de pequenas lesões napele ou mucosas ou pela corrente sanguínea.

Cancro duro

Cancro duro é a primeira fase da sífilis, é a ferida que aparece nos órgãos genitaisde 10 a 30 dias depois do contágio (pelo contato sexual). A ferida da sífilis não dói, nãocoça, não arde e às vezes pode aparecer também dentro da boca por causa do sexo oral(é como uma afta que não dói). Essa ferida desaparece sozinha depois de aproximadamente10 dias, mas a doença continua a progredir e pode ser transmitida.

Sintomas das sífilis

Na primeira fase, a sífilis aparece como uma ferida (no ânus, na vulva, na boca, nopênis) que não arde, não dói, não tem pus, não sangra, não cheira mal, porém é muitocontagiosa. A ferida desaparece sozinha depois de aproximadamente 10 dias, mas issonão quer dizer que a pessoa se curou da sífilis, e sim que a doença passou para o sangue.Depois de 2 a 3 meses que a ferida desapareceu, aparecem manchas avermelhadas emtoda a pele, principalmente na palma da mão e na planta do pé; pode ocorrer queda docabelo. Se a sífilis não for tratada, depois de alguns anos pode afetar o cérebro, o coraçãoe outros órgãos.

Exame de sangue para a sífilis

Existe e é chamado de VDRL. Este exame é muito fácil de ser feito e está disponívelna maioria dos centros de saúde de forma gratuita.

Sífilis congênita

Quando a mulher grávida tiver sífilis e não for tratada adequadamente, pode infectaro bebê causando-lhe a sífilis congênita, que pode trazer as seguintes conseqüências:cegueira, problemas ósseos, retardamento mental, pneumonia, feridas no corpo, dentesdeformados. A maior parte dos abortamentos espontâneos (quando a gestante perde obebê e não sabe a causa) são provocados por sífilis na gravidez.

Herpes genital

O herpes genital é uma das DST mais comuns. O contágio se dá nas relaçõessexuais desprotegidas (quando não se usa a camisinha). O herpes começa com umacoceira, seguida de ardor nos órgãos genitais; depois aparecem pequenas bolhas, que

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estouram e se transformam em feridinhas, que doem bastante e demoram de 10 a 15 diaspara desaparecer sozinhas. Somem e, depois de algum um tempo, que varia de pessoapara pessoa, voltam novamente, principalmente se a pessoa passar por um desgasteemocional ou físico, dormindo pouco, se expondo muito ao sol, se alimentando de formainadequada. Ainda não existe um medicamento capaz de curar o herpes.

Quem tem herpes pode pegar AIDS?

Sim, principalmente porque o herpes, depois de provocar coceira, ardência e oaparecimento de pequenas bolhas, provoca feridas na vagina ou no pênis. Essas feridinhassão verdadeiras portas abertas para entrada do HIV.

Cancro mole

É uma DST que aparece como uma ou mais feridas no pênis, no ânus ou na vulva.Essas feridas são muito dolorosas, têm muito pus, cheiram mal e sangram com facilidade;podem aparecer também gânglios (ínguas) na virilha muito inflamados e por onde podevazar pus.

É um tipo de DST que aparece nos genitais causado pelo Papiloma Vírus Humano(HPV), que pode se transmitir durante qualquer tipo de contato sexual. As verrugas quecrescem em torno dos órgãos genitais e ânus são geralmente indolores, podendo causarcoceira e sangramento quando se tenta arrancá-las.

Sintomas do condiloma ou crista de galo

Também chamado de Condiloma Acuminado ou “crista de galo” é uma DST queaparece como uma ou mais verrugas nos genitais, que não doem mas podem, na mulher,crescer muito durante a gravidez. Essa doença tem relação com o aparecimento edesenvolvimento do câncer do útero.

Como curar o condiloma ou crista de galo?

Só o médico pode diagnosticar e prescrever o tratamento correto. Quando se faztratamento por conta própria, aplicando diferentes substâncias, pode ser muito perigosopois essas substâncias são, em sua maioria, cáusticas, podendo provocar queimaduras eferidas graves.

Complicações: na mulher as verrugas não tratadas podem causar câncer de colode útero. Nas mulheres grávidas as verrugas crescem muito se espalhando rapidamentepor toda vulva e períneo, podendo causar obstrução do canal do parto.

Quais são os cuidados quando se está doente?

Manter a higiene local, cuidando para não coçar a região afetada, o que iriadisseminar estas lesões para outras partes do corpo.

Não se deve cortar as verrugas ou fazer qualquer tratamento por conta própria. Sóaceite tratamento prescrito por médico.

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AIDS

O surgimento da AIDS, na década de 1980, renovou o interesse da medicina pelasdoenças sexualmente transmissíveis, que voltaram a ser uma das principais questões desaúde pública. Tais enfermidades, como a sífilis, a gonorréia e o cancro mole, são difundidasde pessoa para pessoa pelo contato sexual.

Doenças sexualmente transmissíveis são aquelas que se contraem principalmentepor contato sexual. Essas enfermidades eram antes chamadas venéreas, denominaçãoderivada de Vênus, a deusa do amor na mitologia romana. São provocadas pela infecçãopor diferentes tipos de microrganismos, tais como bactérias (gonorréia, sífilis, linfogranulomavenéreo, cancro mole etc.), vírus (herpes genital, AIDS) ou mesmo protozoários(tricomoníase).

O contágio das doenças sexualmente transmissíveis se dá também por outras vias.Algumas, como a sífilis e a AIDS, podem ser transmitidas de mãe para filho durante agestação, por uma transfusão de sangue infectado ou pelo uso de seringas hipodérmicasnão esterilizadas. Em geral, afetam de início os órgãos genitais, os sistemas reprodutor eurinário, a boca, o ânus e o reto. Podem, entretanto, com a permanência do microrganismo,atacar vários órgãos e sistemas.

A mais grave das doenças sexualmente transmissíveis até o aparecimento da AIDSfoi a sífilis, causada por uma bactéria do grupo dos espiroquetas, o Treponema pallidum.O contágio ocorre por via direta, pelo contato entre mucosas ou pela epiderme. O tratamentose faz com base na administração de penicilina e de outros agentes antibióticos.

Modernamente, entre as doenças sexualmente transmissíveis, só a AIDS (siglainglesa de “síndrome da imunodeficiência adquirida”) é fatal, mesmo com tratamento.Detectada no final da década de 1970, logo passou a constituir uma das maiores ameaçasà saúde pública. A infecção é provocada pela contaminação do sangue por fluidos humanosque contenham o retrovírus HIV (sigla inglesa de “vírus da imunodeficiência humana”).Com a destruição do sistema imunológico, o organismo fica exposto a outras infecções,chamadas oportunistas, que acabam por provocar a morte do paciente.

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Não existe vacina contra as doenças sexualmente transmissíveis, de modo que aprevenção consiste basicamente em evitar o contágio.

Muitas vezes, a pessoa infectada por vírus ou bactériascausadores dessas doenças não apresenta sintomas epode contaminar parceiros sexuais sem mesmo saberque está doente. Assim, as principais medidaspreventivas consistem em evitar práticas sexuaispromíscuas, mesmo com parceiros aparentementelimpos e saudáveis, e usar preservativoscorretamente.

A mulher só deve engravidar e amamentardepois de comprovar sua condição de não-infectada,para não contaminar o bebê. O doador de sanguedeve ter resultados negativos para sífilis e AIDS ehepatite. Recomenda-se o emprego exclusivo deseringas e agulhas descartáveis e, no caso demédicos e enfermeiros que cuidam de portadores desífilis e AIDS, o uso de luvas para manipular sanguee demais secreções do paciente.

8.2 Formas de prevenção das doenças

• evitar a atividade sexual; caso não seja possível, usar camisinhas em todas asrelações sexuais para diminuir os riscos de transmissão;

• realizar tratamento médico para evitar a contaminação de outras pessoas e orisco de infectar-se pelo vírus da AIDS;

• comunicar às pessoas com quem teve relação sexual e orientá-las para queprocurem também um serviço de saúde, mesmo que elas não apresentemsintomas;

• seguir corretamente as recomendações médicas até a cura completa para evitarcomplicações, inclusive novas DST; e

• evitar a automedicação e as sugestões de tratamentos dadas por leigos. Aautomedicação e os tratamentos incorretos podem dificultar a cura, pois:

• fazem surgir bactérias resistentes aos antibióticos; e• mudam a aparência da doença, dando uma falsa idéia de cura e dificultando o

exame médico.

Paciente não curado, embora não aparente mais a doença, ainda estará infectandoseus parceiros, e a doença continua traiçoeiramente dentro do corpo.

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9 Drogas

Incluímos nesse capítulo todas as substâncias queprovocam alterações sensoriais ou emocionais com potencialrisco de dependência e posteriores prejuízos psicossociais.Não é novidade que o homem gosta de auto-induzir estadosde consciência diferentes dos comumente experimentadosno dia-a-dia. A novidade é a massificação desse fenômeno.Pelas modificações sociais após a revolução industrial, peloavanço tecnológico das comunicações permitindo asinterações culturais e pela substituição dos valores morais, aatual sociedade vive um momento único da história: a daadição em massa.

O número de alcoólatras no Brasil é medido aos milhões. O consumo brasileiro deanfetaminas ilegais é dos maiores do mundo. A facilidade de se obter medicamentos quecausam dependência física ou psicológica é total, permitindo que multidões de dependentesvivam silenciosamente em nosso meio sem que os percebamos.Os motivos que levam uma pessoa a se drogar são inúmeros e diversificados. Uma pessoapode drogar-se pelo desespero de uma doença incurável ou pela futilidade da ociosidade.Bases genéticas podem influir no desejo por efeitos psíquicos, com também fatores sociais,culturais e econômicos podem exercer a mesma influência negativa, prejudicando quem éou está fragilizado por um motivo qualquer.

Um erro muito comum é achar que as drogas causam os transtornos psiquiátricoscomo a esquizofrenia ou a ansiedade. Os pacientes psiquiátricos freqüentemente abusamde drogas, mas nada disso causa sua doença, pode no máximo agravá-la ou precipitá-la.Os transtornos psiquiátricos não devem ser confundidos com os transtornos mentaiscausados pelas drogas, como a síndrome de Korsakow do alcoolismo, as psicoses dacocaína ou a síndrome amotivacional da maconha. Estes problemas são causados pelasdrogas.

9.1 Principais dependências químicas

Maconha

A planta Cannabis sativa originária da Índia contém a substância delta-9-tetrahidrocanabinol (D-9-THC), o principal elemento ativo da maconha, dentre outros 60menos potentes da mesma planta. A maconha é a segunda droga mais consumida entreos jovens nas principais cidades do Brasil, perdendo apenas para o álcool. Essa pesquisanão considerou o cigarro nem o café como drogas psicoativas

Efeito

O efeito da maconha é percebido aproximadamente 20 minutos depois de começara ser fumada, e dura de duas a quatro horas aproximadamente. O efeito da maconhaaumenta a sensibilidade aos estímulos externos melhorando a apreciação da música e da

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arte. O principal efeito relatado é a tranqüilização.Em níveis muito altos pode provocar alucinaçõesou delírios com reações comportamentaisindevidas como agitação e agressividade. O usoprolongado leva a um comportamentocaracterizado pela não persistência numa atividadeque requeira atenção constante (SíndromeAmotivacional).

Efeitos sobre o organismo

Os diversos sistemas do corpo (muscular,nervoso, endócrino, imunológico, etc) se comunicam atravésde moléculas chamadas receptores localizados nas membranasdas células. A maconha possui receptores espalhados pelo corpo,que são responsáveis pelos efeitos psicológicos e corporais. A anandamida é a substâncianatural produzida no organismo que regula a atividade dos receptores onde o D-9-THCtambém se liga provocando os efeitos artificiais. No sistema nervoso os principais locaisde ligação estão nos núcleos da base, por isso talvez exista o efeito de prejuízo da memóriade fixação, uma vez que estas áreas estão relacionadas a essa função. No sistemaimunológico, o D-9-THC prejudica a produção de células de defesa no baço, linfonodos,medula óssea, timo. Alguns estudos com usuários pesados de maconha encontrou maiorpropensão a contrair infecções, contudo este resultado não foi confirmado em outrostrabalhos. No sistema cardiovascular a maconha provoca aceleração do batimento cardíaco,diminuição da pressão arterial ao levantar-se, podendo provocar desmaios. Também diminuia capacidade de coagulação do sangue (diminuindo a agregação plaquetária).

Cocaína

Breve histórico

A substância conhecida como cocaína é extraída da planta Erythroxylon cocaoriginária da Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. Era usada pelas tribos Incas há mais de2.000 anos. Esses povos mascavam a folha da planta para ter maior vigor para ascaminhadas pelas montanhas, hábitos ainda hoje praticados pelas populações locais debaixa renda. A aplicação médica da cocaína foi possível após o isolamento do princípioativo da folha (o cloridrato de cocaína) na segunda metade do século passado. Foi usadacomo anestésico local, porém seu efeito euforizante começou a trazer problemas. Freud,que experimentou seu uso psiquiátrico, abandonou-a após sérias conseqüênciasrelacionadas ao uso da cocaína enfrentados por pacientes e amigos. A vantagemfarmacológica da cocaína foi superada por outras substâncias que não apresentavam osmesmos efeitos euforizantes. Assim, ela acabou deixando de ser uma opção médica,sendo banida como droga ilegal no começo deste século. A partir dos anos 60 o uso ilegalrecrudesceu. Desde então foram sintetizadas novas formas de apresentação com absorçãomais veloz que induzem mais rapidamente à dependência.

Efeitos

As disposiçôes físicas como a fadiga, a fome, a sede, o apetite sexual, o sono, etcsão regidos por atividades neuronais, que por sua vez funcionam à base de transmissãode substâncias químicas. A cocaína é uma substância que altera o funcionamento do

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cérebro, provocando efeitos considerados agradáveis e prazeirosos ou euforizantes emquem experimenta, ao menos nas primeiras vezes. Além desses efeitos há outros comoelevação da pressão arterial e paralização da respiração, a maior responsável pela mortena overdose.

Prejuízos causados

Dependência psicológica inicialmente e química conforme o uso. Admite-se de umamaneira geral que a cocaína inalada não cause dependência química, mas alguns médicosacreditam que cause. A dependência química ocorre com a cocaína injetável e com ocrack. A dependência psicológica não pode ser desprezada, pois ela é sentida pelo viciadocom tanta força quanto a dependência física, causando modificações no comportamentoque podem ter conseqüências igualmente graves.

Tratamento

A cocaína cada vez que é tomada é completamente eliminadapelo próprio organismo em algumas horas. O que normalmente sefaz é esperar que isto aconteça espontaneamente quando alguémestá sob seu efeito; este procedimento é conhecido comodesintoxicação. É comum ocorrerem certos problemas médicosnesse período como agitação, insônia, depressão, perda doapetite, fadiga. Esses e outros sintomas podem requerer umacomplementação medicamentosa até que a fase mais difícilpasse, o que não significa que o remédio esteja tratando adependência ou desintoxicando o paciente.

Dependência a sedativos

São numerosas as medicações que provocam sedação, mas aqui trataremos apenasdos benzodiazepínicos. Essas medicações fizeram muito sucesso na década de sessentaassim que foram introduzidas no mercado, porque são mais seguras que os fenobarbitais,até então empregados, dentre outras finalidades, para induzir o sono. Os benzodiazepínicossão medicações eficientes que alcançam a finalidade terapêutica na maioria dos pacientes.Dentre todas as medicações oferecidas no mercado atualmente, este grupo é dos queoferece maior segurança quanto ao risco de intoxicação por doses elevadas. Seus efeitoscolaterais são poucos e as interações com outras medicações não oferecem maioresproblemas, exceto quando se trata de outras medicações sedativas ou o álcool. Adependência a um benzodiazepínico é menos grave que a dependência a um barbitúricoe nem se compara à da morfina ou das drogas ilegais como cocaína e heroína. Talvez detodas as dependências químicas esta seja a menos prejudicial, até menos que o cigarro,pois este provoca câncer. Qual seria então o problema dos benzodiazepínicos ?

Essa questão é complexa e envolve vários aspectos independentes. É muito comumverificarmos abusos com esses remédios em pessoas com transtornos de personalidade.O uso de benzodiazepínicos é socialmente aceito e legalmente permitido, isso significamuito menos barreiras ao abuso, assim como ocorre com o álcool. Pessoas tensas quenão estabelecem relações de confiança com os médicos, ou que possuam algum distúrbiode ansiedade e preferem se automedicar, são fortes candidatos a se tornar dependentes.Pessoas com história de abuso de drogas ilegais também devem ficar atentas.

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O primeiro passo para a dependência é o alívio da ansiedade, ao contrário dasdrogas ilegais que o indivíduo procura por prazer, esta é procurada para aliviar o desprazer.Enquanto a origem da ansiedade não for detectada e tratada, esta pessoa será passívelde abusar dos benzodiazepínicos. Caso a pessoa sofra algum transtorno de ansiedade,precisará do remédio sob supervisão. Se estiver ansiosa por problemas pessoais, essesdevem ser abordados e se preciso realizar uma psicoterapia. Mas para que ninguém seanime a abusar desses tranqüilizantes.

Alcoolismo

É difícil estabelecer critérios gerais que diferenciemquem bebe muito de quem é alcoólatra. Não é possívelestabelecer um valor numérico como a quantidade deálcool ingerido porque cada pessoa tem um metabolismodiferente, o que é muito para uns é pouco para outros evice-versa. Atualmente os critérios usados para definiralcoolismo se baseiam no prejuízo social e pessoalsofridos por quem abusa das bebidas alcoólicas ou nosurgimento de sinais de abstinência/dependência pelainterrupção da bebida. A abstinência é a falta que oorganismo sente do álcool depois de um tempoprolongado de uso em doses não pequenas. Quando umindivíduo apresenta sinais de abstinência ele estádependente de álcool, ou seja, quando o álcool éeliminado, o corpo se ressente e esta pessoa passa mal,precisando de novas doses para se “normalizar”.

Algumas vezes até após internações o paciente não se convence de que é alcoólatra,culpando a mulher, o governo, o patrão, pelos seus excessos de bebida. Enquanto fornegada sua condição de dependente do álcool, o paciente seguirá bebendo e seprejudicando

Uso nocivo ou abusivo

Caracteriza-se por uma ingestão de bebida alcoólica que causa algum tipo de prejuízopara a pessoa. Pode ser físico, mental, familiar, profissional ou social.

Fatores de risco

Parece haver forte associação entre o distúrbio depressivo e o alcoolismo, além deoutros distúrbios psiquiátricos. O baixo nível social, levando ao uso de destilados de baixaqualidade, poderia favorecer, em tese, o aparecimento da dependência. Porém, o fatorque parece não só ser o de maior risco, mas o grande precursor da doença, é o genético.

Intoxicação aguda

É a condição que ocorre após a ingestão de bebidas alcoólicas. É conhecida comos mais variados nomes: embriaguez, bebedeira e outros. O grau de intoxicação dependedo tipo e da quantidade de bebida ingerida, da condição física da pessoa, da rapidez daingestão, entre outras. As alterações observadas na pessoa alcoolizada se relacionam aonível de álcool no sangue.

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Por vezes, esse quadro é acompanhado de um esquecimento dos fatos ocorridosdurante a embriaguez (“blackout”). Outros indivíduos ficam embriagados com dosesmuito pequenas de álcool. Este quadro é denominado intoxicação patológica ouidiossincrática.

Síndrome de dependência (alcoolismo propriamente dito)

Nesta situação a bebida alcoólica se torna uma prioridade para o indivíduo, emdetrimento de outras atividades cotidianas. Caracteriza-se por um desejo descontroladode consumir bebidas alcoólicas. O indivíduo também perde o controle do consumo.

Fases do alcoolismo

Primeira fase

Na primeira fase, não ocorre dependência física, apenas dependência emocional.Inicia-se na primeira vez em que se bebe (lembrando de um fator fundamental: apredisposição orgânica). O primeiro sintoma afeta o desenvolvimento emocional, tornandoa pessoa pouco tolerante. Geralmente essa fase ocorre na adolescência, o que faz comque esse sintoma passe despercebido, pois é confundido com infantilidade outemperamento forte. Nessa fase bebe-se pouco e socialmente, não há problemas físicos.

Segunda fase

Na segunda fase, o organismo modifica-se. Tem-se a tolerância aumentada. Nãohá problemas físicos e ainda não há dependência física.

Terceira fase

A terceira fase é caracterizada pelo começo da dependência física, além daemocional. O beber torna-se um problema. Vários problemas emocionais surgem, comoproblemas familiares e de relacionamento. Há o início da síndrome de abstinência, podehaver internações. Há poucas expectativas de recuperação física.

Quarta fase

Na última fase, inicia-se a atrofia do cérebro. Há problemas físicos e emocionaisextremos. Muitas vezes, nesse ponto, o alcoólatra é confundido com o psicótico maníaco-depressivo.

Sinais de abstinência

A abstinência é a falta que o organismo sente do álcool depoisde um tempo prolongado, sem ingeri-lo. Como já concluímos, quandoum indivíduo apresenta sinais de abstinência, ele é consideradodependente de álcool.

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Outras síndromes ligadas ao alcoolismo

Alucinose alcoólica

A alucinose alcoólica é uma síndrome caracterizada por intensas alucinações comaudição de vozes na terceira pessoa ofendendo o paciente.

Delírio de ciúme

Essa síndrome se caracteriza por uma crença delirante de que o parceiro(a) cometetraição. Essa crença assume proporções fantásticas, chegando a se pensar em traiçãoaté mesmo com os próprios filhos. O paciente cria as situações mais inusitadas em seusdelírios nas quais gestos comuns do parceiro passam a ter significados ocultos.

Procedimentos para tratamento

No mundo inteiro o que apresenta os melhoresresultados é a Associação dos Alcoólicos Anônimos (AAA),mais do que qualquer forma isolada de psicoterapia ou controlefarmacológico. Como não existe remédio que tire a vontadede beber, alguns médicos usam uma medicação que bloqueiaa metabolização do álcool, provocando efeitos danosos napessoa que bebe após tomar essa medicação, o dissulfiram.É importante não esquecer que um distúrbio psiquiátrico debase pode estar levando o paciente à bebida, como adepressão, a fobia social e outros transtornos, por isso ainvestigação de outras possíveis causas deve ser feitarotineiramente pelo psiquiatra.

O uso de bebidas alcoólicas é tão antiga quanto a própria humanidade. Bebermoderada e esporadicamente é parte dos hábitos de várias sociedades. Determinar olimite entre o beber social, o uso abusivo ou nocivo de álcool e o alcoolismo (síndrome dedependência do álcool) é por vezes difícil, pois esses limites são tênues, variam de pessoapara pessoa e de cultura para cultura.

Atualmente os critérios usados para definir alcoolismo se baseiam no prejuízo sociale pessoal sofrido por quem abusa das bebidas alcoólicas ou no surgimento de sinais deabstinência/dependência pela interrupção da bebida. Assim sendo, o alcoolismo écaracterizado pelo vício em álcool etílico (etanol).

Embora existam definições comportamentais e socioeconômicas de alcoolismo,em um contexto médico alcoolismo é uma doença crônica em que o alcoólatra deseja econsome o álcool sem saciedade.

Com o consumo contínuo do álcool, o alcoolista desenvolve a tolerância,caracterizada pela necessidade de consumir quantidades crescentes de álcool paraobtenção de efeitos que, originalmente, eram obtidos com doses mais baixas. Com oindivíduo mais tolerante aos efeitos intoxicantes da substância, a doença dá os primeirossintomas e sinais de dependência física do álcool etílico.

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Os indivíduos que bebem excessivamente sem demonstrar sinais de dependênciasão considerados apenas como fazendo uso abusivo de álcool. Desse modo, é importanteque saibamos de algumas definições sobre o consumo de bebidas alcoólicas.

Cirrose hepática

O alcoolismo associado à má nutrição é, na maioria das vezes, responsável peloaparecimento dessa enfermidade, que pode ser fatal. A cirrose é uma doença do fígadoque se caracteriza por três fatores básicos:

• destruição das células hepáticas;• formação de tecidos cicatriciais; e• deficiência regenerativa celular.

Na cirrose hepática, a superfície do fígado apresenta uma nodularidade difusa quereflete a interação da regeneração nodular com a formação de cicatrizes. Ao microscópio,podem-se observar nódulos de tamanhos variáveis aprisionados em tecido fibroso.

Em outras palavras, a cirrose consiste na necrose (morte celular) das célulashepáticas, acompanhada da formação de cicatrizes e, mais tarde, da regeneração departe dessas células hepáticas. Ocorre um aumento difuso do tecido conjuntivo do fígado,comumente associado a mais necrose e regeneração das células hepáticas. Odesenvolvimento dessas novas células acaba por alterar a estrutura do fígado e determinaruma constituição em nódulos, que dá um aspecto granular ao órgão.